Webpage Screenshot compartilhar baixar .zip report errar or denunciar abuso doações
更多 创建博客 登录
Valter Pomar
sexta-feira, 29 de maio de 2020
Valter Pomar
As origens e desafios atuais do Programa Democrático e
Popular
Arquivo do blog
Roteiro da aula "As origens e desa ios atuais do
▼ 2020 (37)
Programa Democrá tico e Popular" ► Julho (4)
29 de maio, 19h00 ► Junho (8)
▼ Maio (4)
As origens e desafios
Me foi solicitado que falasse com você s sobre as origens atuais do Programa
Democráti...
e desa ios ATUAIS do programa democrá tico e popular.
Resolução Política
A questã o que me proponho a discutir é : porque alguns O tempo corre a nosso
falam de “programa socialista”, de “estraté gia socialista”, favor?
E ainda: porque para alguns estes termos querem dizer ► Março (6)
livro publicado por Lenin, intitulado “Duas tá ticas da ► 2016 (136)
Nã o vou falar do conteú do do livro, vou falar do tı́tulo. ► 2014 (185)
termo estraté gia ainda nã o havia se generalizado como ► 2011 (143)
https://archive.vn/xj2y8#selection-425.1-425.63 1/25
09/07/2020 Valter Pomar: As origens e desafios atuais do Programa Democrático e Popular
ocorreu em 1917) um nome que ele mesmo dizia ser 关注者( 513
horroroso, uma fó rmula algé brica: DITADURA 人) 下一步
DEMOCRATICO REVOLUCIONARIA DO PROLETARIADO
E DO CAMPESINATO.
Lenin defendia, para horror dos mencheviques, que o
proletariado poderia cumprir um papel hiper ativo numa
revoluçã o DEMOCRATICA, ou seja, NUMA REVOLUÇAO
DEMOCRATICO BURGUESA. Por que? Porque ele achava
que, fazendo isto, o proletariado estaria radicalizando e
acelerando o processo, tornando mais fá cil a etapa
seguinte, a luta pelo socialismo.
Neste exemplo que eu dei já ica claro de que
problemá tica surgiu o termo democrá tico popular:
revoluçã o democrá tica... revoluçã o democrá tico-
popular... revoluçã o socialista.
Lenin poderia ter dito: duas tá ticas, uma conduz a uma
revoluçã o democrá tico burguesa, outra conduz a uma
revoluçã o democrá tico popular. 关注
Mas atençã o: nesse momento, Lenin imagina o seguinte
cená rio: os operá rios vã o apoiar o campesinato, farã o
uma revoluçã o democrá tica hiper radical, mas em algum
momento a aliança vai se romper, os antigos camponeses
continuarã o defendendo o capitalismo e os operá rios
defenderã o o socialismo.
Neste caso, portanto, a revoluçã o democrá tico-popular é
uma coisa e a revoluçã o socialista é outra coisa.
Agora vamos dar um salto de 12 anos, vamos para 1917.
Nas Teses de Abril e em outros textos, Lenin vai defender
algo FORMALMENTE parecido com o que ele defendeu
em 1905, mas há uma mudança fundamental.
Em 1905 ele defende que o proletariado apoie o
campesinato para radicalizar a revoluçã o burguesa, para
tornar mais rá pida a passagem para uma segunda etapa,
onde se dará a realizaçã o das demandas socialistas do
proletariado.
Em 1917 ele defende que o proletariado SE apoie no
campesinato para realizar uma revoluçã o socialista, que
vai atender as demandas democrá ticas do campesinato.
Nã o nos importa aqui discutir os detalhes do problema,
mas apenas atentar para que nesse momento ressurge a
noçã o do democrá tico-popular, agora como duas coisas
simultâ neas:
-continua sendo uma modalidade de revoluçã o
democrá tico-burguesa
-mas agora é uma revoluçã o democrá tico-burguesa que
se dá como PARTE de uma revoluçã o socialista
Neste caso, portanto, a revoluçã o democrá tico-popular e
a revoluçã o socialista fazem parte do mesmo processo.
Nã o sã o a mesma coisa, mas també m nã o sã o coisas
distintas no tempo e no espaço.
Agora vamos dar mais um salto no tempo e vamos até
1920, no II Congresso da Internacional Comunista.
Neste Congresso houve uma comissã o que debateu a
Questã o Colonial e coube a Lenin apresentar o relató rio
da comissã o para o plená ria do Congresso.
https://archive.vn/xj2y8#selection-425.1-425.63 2/25
09/07/2020 Valter Pomar: As origens e desafios atuais do Programa Democrático e Popular
https://archive.vn/xj2y8#selection-425.1-425.63 8/25
09/07/2020 Valter Pomar: As origens e desafios atuais do Programa Democrático e Popular
https://archive.vn/xj2y8#selection-425.1-425.63 13/25
09/07/2020 Valter Pomar: As origens e desafios atuais do Programa Democrático e Popular
https://archive.vn/xj2y8#selection-425.1-425.63 15/25
09/07/2020 Valter Pomar: As origens e desafios atuais do Programa Democrático e Popular
As Democracias Populares da
Europa Oriental
Eugene Reale, 1947, do PCI
Poderemos admitir que uma nova constituição dos povos,
um novo regime social, seja um dos resultados da última
guerra? Estaremos, hoje, ante uma nova concepção de Estado,
ante uma forma nova de democracia? No conflito entre o regime
capitalista e o regime socialista do mundo contemporâneo pode,
até certo ponto, apresentar-se uma terceira forma, que não
tenha o caráter peculiar nem de um nem de outro, mas
represente historicamente uma expressão própria, uma solução
particular, um fato bem diferenciado e individualizado?
A essas perguntas, que muitos escritores e figuras políticas
tem apresentado e que interessa a camadas cada vez mais
amplas de estudiosos, devemos responder que uma tal
eventualidade não é apenas possível, mas diremos quase
natural, desde que se tenha a consciência da inelutabilidade do
desenvolvimento histórico; não apenas possível mas lógico,
desde que se tenha a compreensão do conceito de progresso,
para o qual nada se pode fossilizar em fórmulas fixas e
imutáveis.
Depois da primeira guerra mundial, a revolução dos
operários e camponeses na Rússia representou a rutura violenta
com o velho mundo capitalista, e o regime comunista significou
exatamente o contrário do regime burgues. Dada a tese,
colocava-se a sua antítese: desenvolvida até o último grau a
crise da sociedade capitalista, concretizava-se o fim de seu
superamento — o bolchevismo.
A revolução bolchevique foi a grande conquista dos tempos
modernos, no sentido em que significou a libertação definitiva
do trabalho em relação ao capital e a sua organização por si
mesmo e de modo autônomo. Assim como a revolução francesa
tinha realizada a liquidação do mundo feudal, a revolução
bolchevique realizava a liquidação da sociedade capitalista.
O grande processo histórico que teve início em 1917, com a
Revolução soviética, está longe de ter-se encerrado e o seu
desenvolvimento foge, por isso, a uma análise definitiva.
Ao contrário, aquele processo histórico que teve início em
1789, com a Revolução Francesa concluiu seu ciclo e oferece
suficiente perspectiva para uma análise completa.
Também ali foi aberta uma voragem no seio da velha
sociedade europeia, uma nova, radical e temerária afirmação
ideológica, que libertou o homem das peias dos privilégios
feudais e ofereceu um novo conceito do cidadão, em
contraposição às velhas fórmulas de uma sociedade erguida
sobre a desigualdade e os privilégios.
Também ali, se desenvolveu num processo ininterrupto de
guerras para a afirmação desses princípios, numa série
alternada de progressos e retrocessos, de revoluções e reações
internas, de aventuras ditatoriais e de empresas
contrarrevolucionárias por parte da Europa coligada.
Como a União Soviética de hoje, a França exportava, então,
com as bandeiras do Diretório e com as águias napoleônicas,
um princípio novo que seria o germe de toda a história futura.
Quando aqueles capítulos se encerraram, quando o déspota
corso terminou a sua parte, o quadro que se apresentou —
vencido ou vencedor que ele tinha sido — foi de todo novo: a
estrutura social da Europa estava completamente transformada.
https://archive.vn/xj2y8#selection-425.1-425.63 16/25
09/07/2020 Valter Pomar: As origens e desafios atuais do Programa Democrático e Popular
Realizou-se, através do grande contraste entre o princípio do
absolutismo e o princípio revolucionário, uma terceira forma de
regime dos povos que não tem o caráter peculiar de um ou de
outros desses extremos, mas é e quer ser uma expressão
histórica própria.
A França havia afirmado os princípios imortais dos direitos
do homem e a Europa embora os tendo combatido, e
combatendo-os, acabou por assimilá-los. "A Grécia mesmo
derrotada triunfou sobre seus ferozes vencedores".
Era natural que esse processo fosse mais evidente,
sobretudo nas zonas de maior atrito e desgaste, naqueles países
onde mais violenta se desenvolveu a luta, onde mais viva se
manifestou a contenda.
Nos países colocados nos limites da nação iniciadora e
irradiadora, na Itália e na Alemanha, o processo de reação-
assimilação foi mais imediato e veloz, abrindo caminho a novas
combinações políticas e a novas formas ideológicas que,
revividas nas grandes revoluções de 1848, tornaram-se
irresistíveis afirmações populares.
Hoje, graças ao impulso que havia animado aquela primeira
orientação, o princípio democrático triunfante é uma conquista
definitiva, reconhecida em todo o mundo. O processo se renova
atualmente nos países colocados nas proximidades da nova
grande nação iniciadora e irradiadora — a URSS.
A nova Europa, que nasce das ruínas da segunda guerra
mundial mostra, nos países onde foi maior o atrito entre as duas
formas opostas de organização social, os sinais já visíveis e
individualizados de uma profunda transformação de estrutura
política e econômica.
Nasce uma nova forma constitucional, uma nova organização
do Estado, que já superou as velhas formas de organização
capitalista, mas que não é, pelo menos na acepção estrita da
palavra, uma verdadeira e exata organização socialista ou
comunista da sociedade.
Na Polônia, Checoslováquia, Iugoslávia, Bulgária e em geral
em toda a Europa centro e sul-oriental está se processando uma
experiencia nova: estes países assumem agora a sua grande
função mediadora entre a civilização de tipo nitidamente
capitalista e a civilização de tipo soviético.
Esses países se erguiam sobre uma estrutura semi-feudal e,
por vezes, realmente semibárbara, incapazes de resistir às
pressões externas, porque estavam internamente desunidos,
arruinados, carcomidos, apodrecidos.
Às fronteiras da nação socialmente mais evoluída do mundo
se extendia ainda, antes da última guerra uma grande faixa de
países atrasados, fundados sobre uma economia anacrônica e
mantidos nessas condições para constituir um cinturão de
segurança, uma barreira contra a União Soviética.
Sociedades como essas, nas quais dominava a grande
propriedade latifundiária de origem feudal, rebeldes a todo o
progresso, surdas a qualquer voz de renovação, não podiam ser
senão sociedades em dissolução.
Em cada um desses países, com efeito, uma cadeia de
interes- ses oprimia o povo e toda a nação estava subjugada por
essa cadeia.
Daí o equilíbrio instável sobre o qual se erguiam os próprios
agrupamentos nacionais; uma vez arrebentada aquela cadeia,
todas as relações sociais estariam convulsionadas.
O Exemplo da Polônia e seus Vizinhos
Pensemos, por exemplo, na Polônia de antes de 1939.
O latifundiário polaco, tipo social bem próximo do junker
prussiano, era o verdadeiro senhor do Estado e toda a
https://archive.vn/xj2y8#selection-425.1-425.63 17/25
09/07/2020 Valter Pomar: As origens e desafios atuais do Programa Democrático e Popular
organização política do país só existia em função da defesa de
seus privilégios. Nesses setores, onde não penetrava a
influencia direta do grande proprietário polaco, intervinham dois
de seus naturais aliados, o clero católico atrasado, ávido e
reacionário, e o grande capital financeiro estrangeiro.
O regime de Pilsudski, inicialmente, e o de seus sucessores,
depois, não foi senão a expressão dessa coalizão.
A odiosa política de opressão das minorias, o
antissemitismo, o fanatismo nacionalista e, naturalmente, o
caráter antissoviético de todas as iniciativas diplomáticas do
governo, estavam a serviço dessa mesma coalizão.
Pensemos na Albânia do rei Zogú, completamente submetida
a Mussolini, mesmo antes da ocupação armada fascista;
pensemos na Iugoslávia de Stojadinovich, de Alexandre e do
Príncipe Paulo. Ali os antagonismos étnicos eram
artificiosamente exasperados até o fanatismo em benefício de
uma restrita classe dirigente da monarquia de grandes
proprietários sérvios, que apoiavam a monarquia e, por sua
vez, obtinham a força e a autoridade.
Também ali, a monarquia era completamente dependente,
no plano internacional, das grandes potencias ocidentais
(França, Grã-Bretanha e por alguns momentos, Itália e
Alemanha), que, através da organização monárquica,
controlavam a vida econômica e política da nação.
Faltava, em suma, em cada um desses países, uma
verdadeira unidade popular e um governo que fosse a
expressão da vontade do povo.
Eram regimes camuflados com os ouropéis da falsa
democracia, por vezes abertamente ditatoriais, fascistas, ou
filo-fascistas.
A igreja católica na Polônia, a igreja ortodoxa na Iugoslávia,
participavam desse sistema de interesses, e, especialmente
sobre as camadas rurais e as camadas mais atrasadas do
proletariado urbano, desenvolviam sua ação narcotizante da
vontade e das aspirações das grandes massas populares.
A natural aliança entre operários e camponeses, base
fundamental da unidade popular, era assim dificultada e mesmo
virtualmente impedida.
As consequências desse sistema são bem conhecidas. Ao
primeiro choque dos grandes interesses em oposição a velha
estrutura se esboroou. Habituados a enganar o próprio povo
com fórmulas vazias, com vãs declarações nacionalistas, com a
ostentação de uma força insubsistente, os governos fascistas e
filo-fascistas da Europa centro e sul-oriental foram varridos em
poucos dias por um inimigo aguerrido, que conhecia bem a falta
de preparação política e militar daquelas nações.
Após inútil derramamento de sangue (quem não se recorda
da carga de cavalaria polaca contra as divisões couraçadas
alemãs nas planícies abertas do Vístula?) os povos tiveram que
sofrer todos os horrores da ocupação nazista, todas as
consequências extremas da criminosa política de suas velhas
classes dirigentes.
Dois Fatos Novos
Mas através da guerra dois fatos novos se concretizaram:
1. — Foi afinal destruída aquela rede de interesses e de cumplicidades
que envilecia aqueles povos.
2. — Apresentou-se afinal a oportunidade de realizar, através da
resistência à opressão hitlerista e da luta contra os colaboracionistas,
aquela guerra verdadeiramente nacional, na qual as grandes massas
populares conquistaram consciência de sua própria força e de seus
interesses próprios.
https://archive.vn/xj2y8#selection-425.1-425.63 18/25
09/07/2020 Valter Pomar: As origens e desafios atuais do Programa Democrático e Popular
Sobre esses dois fatos históricos, de fundamental
importância, se firmaram as bases dessa nova forma de regime
político que se chama democracia popular.
E, de fato, um novo mundo nasce das ruínas da segunda
guerra mundial.
Ali, onde se quebraram as ondas mais terríveis da
tempestade; ali, onde se combateu a guerra mais
sanguinolenta; ali, onde o exército hitlerista se encontrou com
os exércitos soviéticos e se despedaçou; ali se realiza hoje
aquela nova forma política que provavelmente está destinada a
ter, durante muito tempo, uma profunda repercussão sobre a
história europeia.
Um problema fundamental se apresentou a esses povos após
a libertação: seria possível voltar aos regimes de falsa
democracia parlamentar com os quais essas nações se tinham
governado, com os insucessos que eram de todos conhecidos e
sentidos antes do segundo conflito mundial?
Os regimes que haviam surgido após a primeira guerra
mundial e que representavam o verdadeiro cordão sanitário
com o qual as potencias ocidentais pretendiam assediar a União
Soviética, não podiam ser restaurados, nem correspondiam de
nenhuma maneira aos interesses daquelas populações.
De outro lado, a própria guerra, com seus longos anos de
luta contra o invasor nazista, em vez de refrear tinha
despertado o sentimento nacional, a consciência da
individualidade dos povos.
Todo o povo tem necessidade de uma forma constitucional
própria, que corresponde às suas exigências específicas, que se
adapte às suas condições particulares e, dessa maneira, não era
possível adotar uma organização social nascida em diferente
clima histórico, imposta em meio àquela comoção social que foi
a Revolução de Outubro, amadurecida e elaborada através de
um longo e profundo processo revolucionário.
A democracia popular, como nova concepção do Estado,
como novo sistema político de nosso tempo, nasce da falencia
das velhas castas dirigentes e da velha estrutura reacionária, do
espírito das guerrilhas, da experiencia da luta contra o opressor
hitleriano e o colaboracionismo interno, do reforçamento da
consciência nacional das populações.
E, como vemos, uma solução que nasce concretamente da
própria natureza dos acontecimentos, das novas exigências
provocadas pelas transformações sociais que a guerra operou.
Duas Definições sobre as Novas Democracias
Na sua ordem do dia, aos exércitos soviéticos, a 1.° de Maio
de 1946, Stalin declarava:
"O enfraquecimento e a liquidação das
principais forças do fascismo e da opressão
mundial, conduziram a profundas
transformações na vida política dos povos do
mundo, a um notável desenvolvimento do
movimento democrático dos povos.
Amadurecidas pela experiencia da guerra, as
massas populares compreenderam que não se
pode confiar o destino do Estado a dirigentes
reacionários, que apenas procuram atingir
objetivos estreitos de egoismo de classe, em
contraste com os interesses do povo.
Precisamente por isso, os povos que não
querem viver nas condições que tinham vivido
até então, tomam os destinos de seus Estados
nas próprias mãos, edificam uma ordem
democrática- e dirigem uma luta ativa contra as
https://archive.vn/xj2y8#selection-425.1-425.63 19/25
09/07/2020 Valter Pomar: As origens e desafios atuais do Programa Democrático e Popular
forças da reação, contra os incendiários de uma
nova guerra."
E Molotov, em seu discurso pronunciado por ocasião da
celebração do 28.° aniversário da Revolução de Outubro,
declarou:
"Em uma série de países europeus realizaram-
se reformas sociais de grande vulto, com a
liquidação dos restos do poderio territorial e
feudal e a transferência da posse da terra aos
camponeses não proprietários, o que liquidou a
capacidade de resistência de que dispunham
anteriormente as forças reacionárias fascistas e
estimulou o renascimento do movimento
democrático e socialista nesses mesmos
países."
A "Democracia Popular" é uma forma de regime político no
qual o povo exerce, não apenas em aparência, mas na realidade
e numa ampla medida, o poder governamental e
administrativo. A eliminação da instituição monárquica é uma
das primeiras realizações dessa nova democracia. Eliminado
esse centro, em torno do qual se aglomeravam todos os restos
de um sistema baseado na desigualdade econômica, as novas
repúblicas populares puderam romper a unidade das forças
reacionárias. Completado o confisco ou expropriação das
grandes propriedades territoriais, divididos os latifúndios entre
os camponeses necessitados de terra, liquidadas as uniões
monopolistas do capital, nacionalizadas as grandes indústrias e
os bancos, postos sob a direção estatal os transportes ainda sob
o controle das grandes empresas privadas, as novas repúblicas
populares puderam deixar intacta, sem perigo, a propriedade
privada, média e pequena, puderam fazer subsistir todas as
outras formas de economia capitalista.
Não se pode, assim, falar de economia socialista ou
sovietizada, mas sim de uma economia de fundamentos sociais,
de uma economia profundamente democrática, de um
programa de saneamento e de renovação nacional, como é
compreendida em muitos países capitalistas e, também, por
partidos não socialistas, programa tanto mais indispensável e
urgente naquela zona europeia, quanto mais ela tinha ficado
para trás no caminho do progresso, devido aos obstáculos
opostos pelos velhos regimes reacionários.
Liberdade dos Indivíduos e dos Grupos
Originada na luta pela libertação, a democracia popular
tutela a liberdade dos indivíduos e dos grupos, como o maior
dos bens, como conquista própria de sua formação histórica e à
qual não seria possível renunciar sem desnaturar-se, como
premissa indispensável a todo o progresso ulterior. A liberdade
de consciência é o principio regulador das relações entre o
Estado e as várias confissões nacionais. Na Polônia e em muitos
outros países, as propriedades pertencentes às comunidades
religiosas, embora muito grandes, ficaram isentas de confisco
ou expropriação. Segundo as regras de toda a sã e viril
concepção de liberdade, a liberdade da Igreja tem seus justos
limites no livre exercício da religião.
O estado leigo, zeloso de suas atribuições, intervém contra
toda tentativa de intromissão da Igreja no campo estritamente
político.
Da mesma forma que durante a guerra de guerrilhas,
aqueles padres que foram encontrados de armas na mão contra
o povo, haviam sido tratados, da mesma maneira que todos os
outros colaboracionistas, segundo as leis de guerra, assim hoje
aquela parte do clero que colaborou com o opressor nazista e
https://archive.vn/xj2y8#selection-425.1-425.63 20/25
09/07/2020 Valter Pomar: As origens e desafios atuais do Programa Democrático e Popular
pretendia continuar a servir-se de seus meios espirituais para
sabotar a obra do governo, foi colocada em condições de não
causar dano. Mas, felizmente, a maior parte do clero colocou-se
ao lado do povo na luta contra o invasor e, hoje,
completamente livre no exercício de sua atividade religiosa,
observa lealmente seus deveres para com o Estado.
São estes critérios, reguladores das relações entre o Estado
e a Igreja, critérios de legislação Socialista?
Não é necessária uma longa argumentação para demonstrar
que estas normas não cabem no âmbito das reformas
especificamente socialista, mas são antes conquistas de direito
constitucional moderno, comuns a todos os Estados democratas
e, por isso, pertencem tanto à democracia socialista como à
clássica democracia liberal, tendo sido por esta última
codificadas, não só na conhecida fórmula cavouriana, como
naquele livro valioso de Montalembert, "A Igreja livre no Estado
livre".
A política religiosa que hoje vem se desenvolvendo nas
novas repúblicas populares da Europa centro e sul-oriental é,
antes, sob certos aspectos, ainda menos avançada e radical do
que a política religiosa desenvolvida em relação à Igreja
Nacional do Estado Frances, durante a grande Revolução e logo
após.
Na Polônia, por exemplo, um milhão de hectares de bens
eclesiásticos ficaram isentos do confisco ou expropriação,
enquanto que na França, durante a Revolução de 89, junto aos
bens dos emigrados foram confiscados as propriedades
religiosas. Na Itália, sob o governo da Direita, foi promulgada a
lei sobre o eixo Eclesiástico: e no entanto o Estado de Saboia
não era na verdade nenhum Estado Socialista...
Na nova forma constitucional das democracias populares, o
poder executivo é emanação direta do povo.
Isto quer dizer que os novos Estados surgidos desta guerra
na Europa centro e sul-oriental, não são organizações políticas
no velho sentido burgues, isto é, uma democracia formal e
parlamentar na qual o povo elege as câmaras e estas se limitam
a discutir e a promulgar as leis, enquanto o poder executivo,
dependente na realidade unicamente da camarilha das forças
reacionárias no poder, as aplica a seu talante e conveniência.
Nenhuma Separação de Poderes
Nas Repúblicas Populares não há nenhuma separação entre
poder legislativo e poder executivo; o povo participa
diretamente da administração do Estado e da cousa pública,
através dos representantes por ele eleitos e ante ele
diretamente responsáveis. A burocracia parasitária, dependente
unicamente do poder constituído, surda às necessidades e
aspiração do povo, foi eliminada.
Toda a vida econômica, a vida artística, a vida cultural,
existem em função e a serviço do povo.
Os comites populares na Iugoslávia, os Comites nacionais na
Checoslováquia, os comitês da frente patriótica da Bulgária, os
comitês de Libertação Nacional na Albânia, representam todas
as categorias de trabalhadores, operários e camponeses
artesãos, técnicos e intelectuais, exercem o controle direto e
garantem a execução da vontade popular. Um novo despertar
político e econômico é o grande fato novo que se realiza nesta
radical transformação do conceito de Estado e das relações
sociais.
O governo não é mais, para as massas populares, qualquer
cousa de estranho e de outros interesses, mas o seu próprio
governo, o governo da maioria, a expressão do próprio povo. As
velhas classes dominantes desaparecem, os obstáculos são
https://archive.vn/xj2y8#selection-425.1-425.63 21/25
09/07/2020 Valter Pomar: As origens e desafios atuais do Programa Democrático e Popular
removidos, a vida política é aberta à participação dos melhores,
na livre ascensão dos valores humanos. Um marco no caminho
dos povos foi atingido.
Parece evidente, mesmo ao mais superficial observador, que
esta profunda transformação que se realizou e continua a
realizar-se, não é somente uma pura e simples restauração dos
princípios democráticos nos países onde a influencia fascista, ou
a macaqueação filo-fascista, os haviam desnaturado.
Os princípios democráticos, tomados na habitual acepção
burguesa da palavra, não seriam suficientes para explicar a
profunda renovação que esta guerra, tão nitidamente
influenciada por motivos ideológicos novos, havia operado
naquela zona europeia.
A transformação verificada no países colocados nas
proximidades das fronteiras do grande Estado Socialista e
libertados pelo exército vermelho, leva em si o germe da maior
das revoluções dos tempos modernos, compreendida como nova
concepção das relações sociais, e daí surgirem formas que
também podem ser transitórias como liquidação teórica das
concepções burguesas e como a defesa permanente de algumas
determinadas conquistas da humanidade.
Trata-se agora de um tipo especial que já superou a era da
burguesia como concepção e como modo de viver. Trata-se de
uma forma especial de democracia, que se desenvolve das
premissas gerais do socialismo.
O Socialismo na Etapa Atual
O Socialismo é, na atual etapa, o positivo do processo
histórico.
Através da crítica socialista do sistema burgues, dissolveu-se
aquele aglomerado de formas sociais do capitalismo, que a
Revolução Francesa havia deixado.
Não se trata, pois, de restauração de princípios democráticos
burgueses, mas de afirmação de princípios democráticos
socialistas.
A nova corrente, que irrompe na história contemporânea,
não é mais a Revolução de 89, é a Revolução de nosso século, a
Revolução socialista.
Indubitavelmente, esta guerra operou uma transformação
geral, a que não se subtraiu nenhuma das nações que dela
tenha participado.
O Estado Socialista, que num processo de ordenação
revolucionária tinha durante três decenios elaborado e superado
algumas das suas manifestações originárias, pôde ulteriormente
aperfeiçoar a sua forma política. A União Soviética, que deu ao
Ocidente a contribuição de suas energias frescas e novas, e que
com essa contribuição pôde salvá-lo do retorno à barbárie
medieval, abriu-se nesse mesmo tempo, cada vez mais, ao
Ocidente, assimilando aquilo que a civilização do ocidente havia
independentemente conquistado nesses anos, no campo da
ciência e do progresso humanos.
Por sua parte, mesmo as grandes nações capitalistas não
podem subtrair-se à atração das grandes conquistas sociais da
União Soviética.
A História, de resto, é toda baseada sobre essa troca de
força e de valores, sobre essa perpétua relação do deve e
haver, somente no qual e através do qual a humanidade pode
avançar.
Um mundo em decomposição, uma artificiosa barreira criada
pela reação desapareceu para sempre no fluxo desta guerra.
As novas democracias populares representam como que
uma ponte lançada entre duas épocas: a época capitalista e a
época socialista.
https://archive.vn/xj2y8#selection-425.1-425.63 22/25
09/07/2020 Valter Pomar: As origens e desafios atuais do Programa Democrático e Popular
É portanto uma grande experiencia de renovação social,
destinada a ter uma repercussão profundíssima na história do
mundo.
Uma experiencia fundada sobre a libertação, sobre o
trabalho, sobre a justiça social: eis o que se está realizando por
trás daquilo que Mister Churchill, chamou de "cortina de ferro".
Qual a etapa mais recente deste processo todo?
Em 1978, no mesmo PC da China, se adotou um
programa de Reformas e Abertura.
E qual a conclusã o que se chegou?
Fallad-. Las cuatro modernizaciones implicarán la
introducción de capitales extranjeros en China, y esto
dará lugar inevitablemente a las inversiones privadas.
¿No conducirá esto a un capitalismo miniaturizado?
Deng. Al fin y al cabo, la política que seguimos en
nuestra construcción sigue siendo la de apoyarnos en
nuestros propios esfuerzos como recurso principal y
procurar ayuda exterior como recurso auxiliar, política
elaborada en su tiempo por el Presidente Mao. Por
más amplia que sea la apertura al exterior y por
elevada que sea la suma de capitales extranjeros que
entren en China, éstos ocuparán un porcentaje
insignificante y no afectarán a nuestro sistema
socialista de propiedad social. La absorción de fondos
y tecnologías del exterior e incluso la construcción de
fábricas en China por parte de países extranjeros
podrán servirnos como factor complementario para
desarrollar nuestras fuerzas productivas socialistas.
Por supuesto, es posible que con esto se introduzcan
en el país ciertas cosas decadentes propias del
capitalismo, y de esto tenemos clara conciencia, pero
no es nada temible.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Publicar Visualizar
https://archive.vn/xj2y8#selection-425.1-425.63 24/25
09/07/2020 Valter Pomar: As origens e desafios atuais do Programa Democrático e Popular
https://archive.vn/xj2y8#selection-425.1-425.63 25/25