CARTILHA

ANIMAIS UTILIZADOS
COMO TRAÇÃO
COMISSÃO DE DEFESA DOS DIREITOS DOS ANIMAIS DA OAB-CE
 CARTILHA

ANIMAIS UTILIZADOS
COMO TRAÇÃO

COORDENAÇÃO:
COMISSÃO DE DEFESA DOS DIREITOS DOS ANIMAIS DA OAB-CE
ANIMAIS USADOS COMO TRAÇÃO – UMA VISÃO
ULTRAPASSADA E PERIGOSA
Na antiguidade a carroça movida por força animal foi o meio
de transporte mais utilizado para os deslocamentos de pes-
soas e de cargas de um lugar a outro. No entanto, ainda hoje,
apesar dos avanços em termos de meios de transportes, ani-
mais continuam a ser explorados para o uso da tração de
veículos, causando dor e sofrimento extremos a estes seres.
Lamentavelmente a legislação existente que visa proteger e
resguardar o bem estar dos animais explorados para esse
fim ainda é precária e ineficaz, bem como a fiscalização que
é praticamente inexistente.
Não só a vida desses animais, como também a de passagei-
ros das carroças e a dos condutores de veículos motores
está sempre em risco, principalmente nas rodovias e gran-
des centros, onde os veículos de tração não acompanham
mais a urbanização. Acidentes desse tipo são cada vez mais
frequentes, causando muitas vezes a morte de animais e de
seres humanos.

3
 O QUE DIZ A LEI
A Lei de crimes ambientais (Lei Federal 9.605/1998), prin-
cipal lei usada em defesa dos animais, determina como cri-
me contra a fauna: “Art. 32 - Praticar ato de abuso, maus-
tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três
meses a um ano, e multa. § 1º. Incorre nas mesmas penas
quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo,
ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existi-
rem recursos alternativos. § 2º. A pena é aumentada de um
sexto a um terço, se ocorre morte do animal.”
Também o Decreto-Lei Federal 24.645/1934 aponta casos
de maus tratos. O artigo 3º aponta alguns exemplos desse
crime:
Art. 3º - Consideram-se maus tratos:
III - obrigar animais a trabalhos excessivos ou superiores às
suas forças e a todo ato que resulte em sofrimento para deles
obter esforços que, razoavelmente, não se lhes possam exigir
senão com castigo;
IV - golpear, ferir ou mutilar, voluntariamente, qualquer
órgão ou tecido de economia, exceto a castração, só para
animais domésticos, ou operações outras praticadas em
benefício exclusivo do animal e as exigidas para defesa do
homem, ou interesse da ciência;
XII - descer ladeiras com veículos de tração animal sem
utilização das respectivas travas, cujo uso é obrigatório;

4 5
 XIV - conduzir veículo de tração animal, dirigido por
condutor sentado, sem que o mesmo tenha boleia fixa
e arreios apropriados, com tesouras, pontas de guia e
retranca;
XVI - fazer viajar um animal a pé, mais de 10 quilômetros,
sem lhe dar descanso, ou trabalhar mais de 6 horas
contínuas sem lhe dar água e alimento;
PORQUE SUBSTITUIR A CARROÇA POR OUTROS
VEÍCULOS
Em alguns Estados e Municípios do país, inclusive capitais
do Nordeste Brasileiro, leis que proíbem a utilização de
animais como tração estão sendo promulgadas. Fortaleza,
como a quinta capital do País nada ainda foi feito.
Os benefícios da substituição do uso animal são muitos:
a) libertar os animais da exploração, como o uso contínuo do
animal dia e noite por carroceiros diferentes, falta de cuida-
dos como dar ao animal água e sombra devido ao nosso sol
escaldante, além dos maus-tratos que são óbvios e às vistas
de quem faça questão de perceber;
b) melhorar a qualidade de vida e de trabalho dos carrocei-
ros, já que um veículo apropriado para a coleta é mais econô-
mico, permite coletar uma quantidade maior de material e
em tempo menor, permitir a adequação do veículo às condi-
ções do trânsito, já que a carroça não consegue acompanhar
o fluxo normal do tráfego atual dos grandes centros;
c) evitar acidentes no trânsito de Fortaleza e solicitação dos
órgãos e entidades municipais para solução de problemas,
uma vez que muitas destas carroças são guiadas por meno-
res de idade, que não fariam jus sequer a carteira de moto-
rista.
6 7
COMO DENUNCIAR
Existem diversas formas de denunciar
1. Comparecer a Delegacia de Polícia Civil mais próxima de
sua casa. Registrar o Boletim de Ocorrência e solicitar da
autoridade policial que seja feito o Termo Circunstanciado
de Ocorrência – TCO. Leve os nomes das testemunhas que
presenciaram ou tomaram conhecimento do crime de maus
tratos. É importante lembrar que a denúncia de maus-tratos
é legitimada pelo Art. 32, da Lei Federal n.º 9.605 de 1998
(Lei de Crimes Ambientais).
2. Procurar o MINISTÉRIO PÚBLICO de sua cidade e regis-
trar a denúncia.
3. O IBAMA pode ser acionado através dos seguintes telefo-
nes: IBAMA – Linha Verde 0800.618080 – para todo o país;
SETOR DE DEFESA DA FAUNA – 3254.3083; DENÚNCIAS
AMBIENTAIS: 0800.2752233 – (de segunda a sexta-feira);
SISTEMA DE OUVIDORIA DO ESADO – 155 – (ligação gratui-
ta); POLÍCIA AMBIENTAL – 3101.3545; SOCIEDADE PROTE-
TORA AMBIENTAL DO ESTADO – 98833-0283.
4. POLÍCIA MILITAR: 190.
5. ÓRGÃOS VOLÚNTÁRIOS DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS de
sua cidade;
6. AGEFIS: 3487-8532 (segunda a sexta 24h e sab/dom 6 as
19h)
7. OUVIDORIA AGEFIS – 34848032 (segunda a sexta das 8 as
 17h) e por email: ouvidoria.agefis@fortaleza.ce.gov.br
Se houver recusa por parte de qualquer dos órgãos da segu-
rança em tomar as providências na denúncia de maus tratos
contra os animais, você deve procurar a CONTROLADORIA
GERAL DE DISCIPLINA DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚ-
BLICA - CGDOS (3101.5028) e o Ministério Público de sua
cidade.
Muitos destes carroceiros, além de se utilizar do ani-
mal durante o dia, emprestam o animal para outra pes-
soa à noite extrapolando as condições físicas frágeis.
Alem disso, não levam água nem comida para o animal o dia
inteiro e, na hora do descanso do humano, amarram em ple-
no sol com sede e com fome.

“A compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade

de caráter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel
com animais não pode ser um bom homem”

Shopenhauer

8 9
CARTILHA | ANIMAIS UTILIZADOS COMO TRAÇÃO
Coordenação:
Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da OAB-CE

Projeto Gráfico:
Ludovica Duarte