Você está na página 1de 60

Professor Philippe Vieira Saldanha

CRBM3- 8380
Especialista em Biomedicina Estética

Membro da SBBME
Biomédico RT na Clínica Penchel
Graduação Biomedicina (FUMEC)
Habilitação em Análises Clínicas (Exército Brasileiro)
Especialização em Biomedicina Estética (NEPUGA BH)
PRINCÍPIOS DO
TRATAMENTO COM LUZ
História do Laser
 O princípio do laser foi descrito por Albert
Einstein já no início do século XX, porém, só se
tornou um sistema útil do ponto de vista
comercial, nos anos 60.
 Em 1913 o dinamarquês Niels Bohr apresentou
seu modelo de átomo, onde os elétrons orbitam o
núcleo em níveis bem determinados
 Em 1925, Erwin Schrödinger e Werner
Heisenberg modificaram a forma de se
interpretar o modelo de átomo de Bohr
postulando que os elétrons são particulas que
apresentam propriedades de ondas
 Nos anos 50, o americano Charles Townes criou MASER
(amplificação de micro-ondas por emissão estimulada de radiação),
um dispositivo baseado no princípio de Einstein e ganhou o Nobel
da Física em 1964.

 Em 1965, Goldman publicou artigos sobre o laser de rubi em


tatuagens e lesões pigmentadas.

 Em 1970 surgiu o laser de argônio para lesões vasculares.

 Por volta de 1980 publicou-se o importante conceito da


fototermólise seletiva.

 Após seu desenvolvimento e aprimoramento, o laser possibilitou um


grande avanço nos procedimentos médicos e revolucionou técnicas
terapêuticas. O primeiro relato do uso do laser em medicina foi na
área de oftalmologia.
http://veja.abril.com.br/060110/popup_especial3.html
http://veja.abril.com.br/060110/popup_especial2.html
LUZ - FÓTONS
• Radiação eletromagnética: Onda que se auto-propaga no espaço
resultante da interação de campos magnéticos e elétricos

• Fótons (ondas-partículas) – energia eletromagnética


não ionizante
Espectro Electromagnético

Comprimento de
onda
Frequência 3000 THz 30 THz 300 GHz 3 GHz 30 MHz 3 KHz
300 KHz
MACRO EFEITOS IONIZAÇÃO EXCITAÇÃO ELECTRÔNICA VIBRAÇÃO MOLECULAR

Adaptado de: VELEZ M. Y COLS. BOL. CDL 1988


O que é Emissão estimulada de radiação?

 É uma espécie de clonagem em nível atômico,


em que um fóton (menor fração de luz) ao
interagir com um átomo excitado produz outro
fóton que é seu gêmeo idêntico, tem a mesma
cor, oscilam em fase e caminham na mesma
direção, como atletas de nado sincronizado.
 Repetindo-se esse processo muitas vezes, obtém-
se um feixe de luz extremamente pura, intensa e
unidirecional.
COMPONENTES ESSENCIAIS DO LASER:
 Meio gasoso, líquido ou sólido que pode ser
excitado a emitir luz laser por emissão estimulada
 Uma fonte de energia para excitar o meio
 Espelhos no final do laser, formando a “cavidade”
 Sistema de entrega
LASER
LIGHT AMPLIFICATION BY STIMULATED EMISSION OF RADIATION

Características na emissão dos fótons


• Monocromaticidade Determina quais biomoléculas absorverão
(interação fotobiológica)
• Colimação Fótons são emitidos paralelamente – mantém a potência
(output)
• Coerência Picos das ondas são emitidas com coerência temporal e
espacial
PROPRIEDADES DO LASER
 Monocromático
 Coerente

 Alta intensidade

 Feixes colimados
COERÊNCIA

Karu T. Low-Power Laser Therapy. 2003


COERÊNCIA
 Coerência- Os raios caminham paralelos na
mesma direção no tempo e espaço
LASER X LUZ BRANCA
Monocromaticidade
A luz emitida por um LASER é composta por fótons em apenas uma
frequência  monocromático. A luz branca ao contrário do LASER é
composta por componentes de várias frequências  policromático.

Unidirecionalidade
Os fótons que compõem o LASER caminham paralelamente entre si, ou
seja, sem se dispersarem, ao contrário da luz branca que se propaga
aleatoriamente. Esta propriedade é responsável pela elevada potência
do feixe de LASER em relação à luz branca.

Coerência
No LASER os fótons emitidos estão em fase entre si, ou seja, eles estão
em sincronismo. Isso não ocorre na luz branca (frequências diferentes).
NA PRÁTICA
 Luz pode ser absorvida, transmitida, refletida
ou dispersa
 4-7% de reflexão
 Diferença de refração entre ar e extrato córneo
 93-96% entra na pele – absorvido ou disperso
 depende da concentração de cromóforos
 Transmissão- Refere-se a passagem de luz
através do tecido sem que ocorra alterações no
mesmo ou nas propriedades da luz
 Reflexão- Luz que é repelida na superfície da pele
(epiderme) sem penetrar o tecido (4-7%)
Quanto mais espessa a pele maior a reflexão
A pele seca, desidratada reflete mais a luz do
laser do que a pele hidratada, sendo a perda de
energia maior na pele seca.
Dispersão Ocorre após haver penetração da luz no
tecido e deve-se á sua estrutura heterogênea.
Variação no tamanho de partículas e o índice de
refração entre as diversas partes do tecido vão
determinar a quantidade de dispersão.

Reduz rapidamente a fluência de energia que fica


disponível para absorção do cromóforo-alvo

Limita a profundidade/ resulta em radiação de área


maior do que a prevista

COLÁGENO
ABSORÇÃO

 É indispensável para que aconteça alteração no


tecido.
A intensidade de luz de um comprimento de onda
em particular será transmitida ao tecido
dependendo da intensidade inicial, profundidade
de penetração e seletividade do alvo ao
comprimento de onda.
CROMÓFORO
Cromóforo (um grupo de átomos que confere cor a uma
substância e absorve um comprimento de onda
específico)

Alvo do laser

Cromóforos cutâneos: água, melanina,


hemoglobina
FOTOTERMÓLISE SELETIVA
 Teoria desenvolvida em 1980 por Anderson e
Parrish, diz que a destruição seletiva de
CROMÓFOROS da pele (melanina, hemoglobina,
água) ocorre quando se utiliza um Laser que
emita Luz com comprimentos de onda bem
absorvidos por esses cromóforos e duração de
pulso rápido o suficiente para limitar o dano
térmico, protegendo o tecido adjacente ao alvo
INTERAÇÕES TÉRMICAS
FOTOTERMÓLISE SELETIVA
 Aumento de temperatura
 Desnaturação de estruturas essenciais na célula
 DNA, RNA e membranas celulares
 Perda de função- coagulação térmica
 Necrose celular e se dispersar – queimadura
TEMPO DE RELAXAMENTO TÉRMICO
 O processo pelo qual o calor difunde no tecido é
definido como relaxamento térmico

 O TRT = tempo requerido para que o tecido aquecido


perca metade do seu calor.

 A chave é ablar mais rápido do que o calor é


conduzido aos tecidos adjacentes.

 Duração de pulso igual ou pouco menor que o TRT


MODO CONTÍNUO

 Feixe de luz contínuo


 Duração de exposição longa

 Dano não seletivo


 CO2
 Argon
MODO PULSADO

 Alta energia
 Pulsos ultra-curtos
 Q-switched ruby, alexandrite e Nd:Yag
 Q-switched: liberação de energia
armazenada em estouros de altíssima energia

 Intervalos “longos”
• Pulsed Dye Laser

 Milissegundo a nanossegundo
 Expressos em Hertz
 Melhores para fototermólise seletiva
PROFUNDIDADE DE PENETRAÇÃO

Quanto maior O COMPRIMENTO DE ONDA do


LASER  maior será a profundidade , desse laser
Transformação da luz em calor
Perda de energia e penetração
 A penetração da luz no tecido depende do comprimento da onda
e da energia e tambem da perda de energia devida a:
 Espalhamento (até 600 nm)
 Absorção ( melanina e oxihemoglobina)

SCATTER
Parâmetros
Luz

Fóton

Comprimento de onda

Cromóforo
FLUÊNCIA (J/CM2)
 Também denominada Densidade de Energia (DE)
 É a quantidade de energia que está sendo
depositada por unidade de área no tecido alvo em
um pulso simples.
Baixa X Alta Potência

Laser de baixa potência = laser terapêutico


 Operam em potências na faixa de miliwats (mw) e
a irradiação emitida não é térmica, o que significa
que seus efeitos biológicos não são causados por
calor perceptível ou lesão celular e sim, por efeitos
fotofísicos, fotoquímicos e fotomecânicos nas
células dos tecidos irradiados.
 Encontram-se entre o comp de onda . visível e o
I.V.

Laser de alta potência


Operam acima de 1W com efeitos de aquecimento local
do tecido promovendo corte, vaporização e ablação.
LEI DE ARNDT-SCHULTZ
Efeito dose-dependente dos tecidos biológicos
– Dose baixas a médias – fotobioestimulação
– Doses altas – fotobioinibição - dano térmico - lise

http://www.laserpartner.org/lasp/web/en/2002/0054.htm
Emissão do laser em alta energia é absorvida e transformada em calor,
1- Fototérmico Laser CO2
causando coagulação ou vaporização do tecido

2- Fotodisrupção ou Onda de choque, cuja vibração causa explosão e fragmentação do tecido


Laser switched
Fotomecânica alvo

laser excímer
3- Fotoquímico Ruptura da ligações moleculares pela UV de alta energia (Cirurgia na
córnea)

4- Fotobiomodulação luz emitida em baixa potencia é utilizada para modulação celula Laser, LEDS

5- Ablação induzida pelo induz ionização das moléculas e/ou átomos para formar o plasma Nd:YAG
plasma

Terapia fotodinâmica (PTD) ou fotoquimioterapia. Administração de


uma substância fotossensibilizantes que é captada seletivamente por
8- Fotoquímico Laser, LEDS
células tumorais ou outras que sob ação da luz origina produtos tóxicos
que lesam as células neoplásicas ou na acne

7- Fototermólise combinação do λ e duração de pulso geram efeito no tecido-alvo gerando


Laser, LIP
seletiva calor
Efeito Fotomecânico
Luz
Pulso curto
Energia alta

Efeito utilizado
Tempos carateristícos Ionisação no tratamento:
fototérmolise Formação de plasma -das tatuagens
- dos calcúlos renais
- dos implantes
Pressão externa Diferença de pressão alta
de cristalino

Local fechado
Geração de uma
onda de choque

Destruição das moléculas Expulsão dos resíduos


alvos em partes pequenas pelo organismo
Efeito Fotoquímico o Fotodinâmico
Aplicação de
substancia química

Luz Formação
Pulso longo
Potência baixa de porfirinas
Reação fotodinâmica
Porfirinas endogénas activas
• Efeito utilizado no
Células Aparecimento de tratamento:
membranas Oxigênio singlet - com ALA,
-Acne
Destruição das
moléculas alvos
- de alguns tipos
de cancer etc...
O Efeito Fototérmico
As Etapas

Luz
(comprimento de onda,
Fluência, duração)

Reflexão
Espalhamento Transformação da
Absorção Luz em calor

Volume primário
Difusão Transferência do
Tempos carateristícos calor

Volume secundário
Suceptibilidade Processo de
dos tecidos Modificação/destruição

Danos térmicos ( tipo, volume)


LASERTERAPIA, LEDs e LIP

Dosagem ou Energia da luz  Joules (J)

Energia (J) = potência (Watts) x tempo


(segundos)

1 a 8J  fotoativação / biomodulação / efeito


terapêutico

> 10J  fotoinibição / destruição

Muita energia  libera sinalizadores  fotoinibição

Potência  Energia emitida em 1 segundo

Fluência  Densidade da energia (J/cm²)


Comentários e fórmulas Unidad Unidade Uso em
Parâmetros Sinônimo relevantes e (SI) (Tradic.) fototerapia

λ λ = c/v ; E=hv m nm 300-10.600nm


Pulso (taxa
de repetição) No. de pulso / seg Hz Hz 0 (cw) -5000Hz
Duração de Tempo de duração a qual
pulso* luz é emitida pelo laser s ms 1-500ms
Tempo de duração a qual
Intervalo luz não é emitida pelo
interpulso* laser s ms 1-500ms
Tempo total Soma da duração de pulso
de ciclo* e intervalo (interpulso) s ms 1-1000ms
Potência (P) Saída P = E / tempo (W=J/s) W mW 10-3 - 10-1 W
Intensidade Densidade de potência 10-2 – 100
(I) / Irradiância I=P/A W/m2 W/cm2 W/cm2
Tempo de
irradiação s s 1-3000s
D = P x tempo de
Fluência / Densidade irradiação / A (J=Ws)
Dose (D) de energia D= Energia (J)/A(cm2) J/m2 J/cm2 10-2 - 102J/cm2
λ = compr. de onda; c= velocidade da luz; f = frequência; E = energia; h=constante de Planck; A Área irradiada; J = Joule.
* Parâmetros utilizados em laser pulsado

Schindl et al ., 2001. Low-Intensity Laser Therapy


Variáveis físicas do laser:
 Comprimento de onda (nm).
 Densidade de potência (irradiância ou intensidade – W/ cm2).
 Densidade de energia (fluência ou dose – J/ cm2).
 Energias por ponto de aplicação (joules).
 Energia total sobre a área tratada (joules).
 Tempo de irradiação (segundos).
 Áreas do feixe (redondo, elíptico em cm2) e divergência do feixe.
 Tipo de emissão: contínua ou pulsada.
 Taxa de repetição (pulsos/s) e duração do pulso (milissegundos).
.
MELANÓCITOS E FOTOTIPOS
 Melanócitos – células dendríticas – originam a partir da crista neuronal
 Derme e epiderme (5-10%)
 Função: produção de melanina (pigmento cutâneo)
 Biossíntese – ocorre em melanossomas – precursor a L-tirosina

Tipos de Melanina
Eumelanina – insolúvel a solventes e fortemente associadas a proteínas por ligações
covalentes – participam de reações redox, interagindo com espécies reativas de oxigênio,
radicais livres e outras oxido reduções
Protegem células basais da epiderme dos efeitos nocivos da radiação UV (menos
propensos a queimaduras solares e câncer de pele)

Feomelanina– fotolábel (degradada quando expostas à radiação UV, sendo os produtos


espécies reativas de oxigênio, intensificando efeitos deletérios da radiação.
Classificação de Tipo de Pele
(FITZPATRICK)
TIPO III: Pele menos clara, QUEIMA TIPO IV: Pele morena clara, BRONZEIA com
moderadamente, BRONZEIA moderadamente facilidade, QUEIMA pouco

TIPO II: Pele clara, sempre QUEIMA TIPO V: Pele morena escura, raramente
e algumas vezes BRONZEIA QUEIMA, sempre BRONZEIA

TIPO I: Pele muito clara,


sempre QUEIMA, nunca BRONZEIA TIPO VI: Pele negra, nunca
QUEIMA, sempre BRONZEIA
FOTOTIPOS E RESPOSTAS À EXPOSIÇÃO SOLAR

Cor do Tonalidade
Fototipo Sardas Eritema Bronzeado
cabelo da pele
0 Branca Albina Não Constante Não
I Vermelho Creme Muitas Constante Não
II Loiro Clara Muitas Constante Muito leve
Leve a
III a Loiro Clara Algumas Frequente
escuro
Castanho- Leve a
III b Média Algumas Frequente
claro escuro
Castanha/
IV Média Não Raro Escuro
preto
Castanha/ Muito
V Média Não Excepcional
preto escuro
VI Negra Negra Não Não Negro
Pele bronzeada
Apresenta maior acúmulo de melanina
na junção dermo-epidérmica

Usar fluências menores,


tempo de exposição maior,
resfriamento, spots maiores
que não condensam tanto a
energia

TADOKORO ET AL. MECHANISMS OF SKIN TANNING IN DIFFERENT RACIAL/ETHNIC GROUPS IN RESPONSE TO ULTRAVIOLET RADIATION. J INVEST DERMATOL 124:1326-1332, 2005
Adaptado de: Suzuki et al. Surg Cosmet Dermatol 2011;3(3):193-6.
Equipamentos de Biossegurança
Tipos de Laser
 Laser de CO2
 10600nm
 Cromóforo: água
 Resurfacing
 Cirurgia: corte e hemostasia
 Érbio: YAG
 Q-switched
 2940nm
 Cromóforo: água
 Penetra menos do que o CO2
(menos dano térmico adjacente)
 Resurfacing
 Cirurgia: corte
 Laser de Argônio
 488 a 514nm (6 comprimentos de
onda)
 Uso de filtros
 Cromóforos: melanina e hemoglobina
 Distúrbios vasculares e pigmentares
 Oftalmo-fotocoagulação retina
 Laser de Rubi
 694nm
 Modo Q-switched
 Cromóforo: melanina
 Absorção discreta pela hemoglobina
 Lesões pigmentares epidérmicas, dérmicas
e tatuagem
 Laser de Alexandrita
 755nm
 Depilação
 Lesões pigmentadas
LASER DIODO

Comprimento de onda: 620 a 900n (800/810 nm)


Cromóforo: Melanina
Tratamento: epilação e lesões vasculares

Soprano Light Sheer Milesman


 Dye Laser
 585 e 595nm
 Cromóforo: hemoglobina
 Lesões vasculares
 Cicatrizes e estrias recentes
 Nd: YAG
 1064nm
 Lesões vasculares
 Rejuvenescimento
 Modo Q-switched
 Lesões pigmentadas
 Tatuagens
BIBLIOGRAFIA

 Bolognia
 Fisioterapia dermatofuncional – Fabio Borges
 Fitzpatrick – Dermatology in General Medicine
 Basics of lasers application to dermatology. Arch.
Dermatol. Res. (2008) (Suppl. 1): S21-S30
 Lasers in Dermatology: Four decades of progress.
Jaad, 2003, 49 (1)- 1-34.
 http://www.portaleducacao.com.br/estetica/artigos/24
659/historico-do-desenvolvimento-do-laser#ixzz3SaB
TJ R4l

Você também pode gostar