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Sumário

1. Laser ...................................................................................................................................... 2
2. Radiação eletromagnética..................................................................................................... 2
3. Amplificação por emissão estimulada de radiação ............................................................... 3
4. Características da luz laser .................................................................................................... 3
5. Constituição do sistema laser ............................................................................................... 4
6. Modo de emissão temporal da luz laser ............................................................................... 5
7. Modo pulsado ....................................................................................................................... 6
8. Métodos para obter modulação interna da luz laser............................................................ 6
9. Dosimetria da luz laser .......................................................................................................... 7
10. Interação luz laser com os tecidos .................................................................................... 8
11. Efeito terapêutico.............................................................................................................. 9
12. LASER NÃO ABLATIVO ..................................................................................................... 10
13. LASER ABLATIVO.............................................................................................................. 11
14. CO² fracionado ................................................................................................................ 12
15. Fracionado de Érbio Yag .................................................................................................. 16
16. Indicações do LASER Fracionado ablativo ....................................................................... 17
17. Efeitos colaterais ........................................................................................................ 18
18. Número de sessões ......................................................................................................... 18
19. Reações no pós-tratamento ............................................................................................ 19
20. Complicações .................................................................................................................. 19
21. Orientações para o pós-procedimento: .......................................................................... 22
22. Reação da pele após a aplicação do LASER ..................................................................... 23
23. Recomendações pós tratamento .................................................................................... 23
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 24
LASER FRACIONADO

1. Laser

A definição LASER é um acrónimo de “Light Amplification by Stimulated


Emission of Radiation” que quer dizer: “amplificação da luz por emissão
estimulada de radiação”. Em termos práticos, chamamos laser a certos
dispositivos que geram radiação eletromagnética (REM) com características
próprias. Luz e radiação são aqui usadas de forma indistinta.

2. Radiação eletromagnética

A radiação eletromagnética é uma onda que se propaga no espaço,


resultante da interação de campos eléctricos e magnéticos.

Classifica-se de acordo com o comprimento de onda (Δ), que é a


distância entre 2 cristas consecutivas da onda. A frequência (ν) é o número de
ondas por unidade de tempo ou contidas na unidade de comprimento. A unidade
elementar de REM é o fotão. De acordo com a mecânica quântica este é
simultaneamente onda e partícula. O espectro eletromagnético é constituído por
radiação de vários comprimentos de onda: raios gama, raios X, ultravioletas, luz
visível, infravermelhos, micro-ondas e ondas de rádio. Têm aplicações práticas
muito diversas.

Chama-se luz à parte de radiação que é percebida pelo olho


humano. Os lasers podem emitir radiações de todas as frequências.

Voltando à palavra LASER, o significado de L = luz = REM e ASER,


“amplificação por emissão estimulada de radiação” que é o processo pelo qual
esta forma de luz é gerada.

Figura 1 - o campo eletromagnético

Fonte: http://www.if.ufrgs.br/oei/stars/espectro.htm

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LASER FRACIONADO

3. Amplificação por emissão estimulada de radiação

Em 1917, Einstein desenvolve a teoria quântica e deste modo lança


os fundamentos da invenção do laser ao propor o conceito de emissão
estimulada.

De acordo com a mecânica quântica, os átomos encontram-se de


forma preferencial no estado fundamental que é o estado de menor energia e
por isso o mais estável. Quando o átomo recebe um fóton (= energia) passa a
um estado excitado, instável e tende a emiti-lo o mais depressa possível para
regressar novamente ao seu estado estável. A emissão estimulada baseia-se
neste facto: se uma população de átomos for transportada para estados
excitados, de energia superior “inversão da população”, esses fótons serão
emitidos espontaneamente. Como aos fótons iniciais fornecidos a partir duma
fonte externa de energia se juntam os reemitidos pelos átomos adjacentes, gera-
se um efeito de cascata em que esses fótons estimulam os átomos vizinhos—
“amplificação da radiação”.

Os fótons reemitidos são idênticos aos fótons estimulantes o que


significa que têm o mesmo comprimento de onda, polarização, direção de
propagação e estão em fase uns com os outros.

4. Características da luz laser

Ao contrário da luz solar e da luz incandescente que são caóticas


e emitem radiação em todas as direções e de todo o espectro de comprimento
de onda, a luz laser tem características diferentes:

I. Coerente: as ondas estão em fase no tempo e no espaço;


II. Monocromática: têm o mesmo comprimento de onda (luz pura, da
mesma cor);
III. Colimada: as ondas têm a mesma direção, a luz é paralela, não
divergente, estreita, concentrada, 1 mm de diâmetro;
IV. É uma luz de alta intensidade.

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LASER FRACIONADO

Pelo fato de ser monocromática pode atuar intensamente com


certas substâncias e pouco com outras e como é emitida na forma de um feixe
altamente colimado, pode ser direcionada com grande precisão para distâncias
significativas pelo que é utilizada de forma rotineira nos satélites para medir
distâncias (exemplo: mede com exatidão distâncias entre a terra e a lua).

Além disso, a luz laser pode ser coletada por uma lente e focada
num pequeno círculo o que permite aumentar significativamente a energia por
unidade de superfície.

5. Constituição do sistema laser

O sistema laser é composto por três componentes essenciais


(Figura 2):

1) Meio laser;

2) Fonte de energia;

3) Espelhos refletores.

O meio laser está dentro de uma cavidade óptica. É o meio ativo


onde se dá a emissão estimulada de radiação. A inversão da população do meio
laser faz-se por um sistema denominado bombagem. A energia inicial é fornecida
a partir duma fonte externa que pode ser a corrente eléctrica, a luz de uma
lâmpada de flash ou outro laser.

Deste modo a luz é amplificada e os fótons emitidos saltam de cá


para lá dentro da cavidade. Esta tem em ambas as extremidades dois espelhos
refletores em que um deles é totalmente refletor. O outro é parcialmente refletor
e tem um orifício central por onde passa uma pequena parte da luz gerada no
seu interior [1-6]. O raio de luz pode sair de forma contínua ou pulsada.

Depois deste ponto a luz pode passar através de:

A. braços articulados com espelhos refletores (Ex: laser CO2);

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B. Fibras ópticas (Ex: laser argon, corantes, alexandrite, Nd:YAG). As


fibras ópticas são tubos de vidro muito finos, totalmente refletores que
transportam a luz a grande velocidade. A peça de mão permite o manuseamento
do feixe laser pelo utilizador.

Figura 2 - Constituição do sistema de laser.

Fonte: https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1344425747mc091b.pdf

6. Modo de emissão temporal da luz laser

Quanto ao modo de emissão temporal da luz, os lasers podem ser:

I. Contínuos: emitem radiação de forma contínua, com mais de 1 segundo


de duração: Ex: CO2, árgon (Figura 6);

II. . Pulsados: emitem radiação em pulsos regulares.

Esses impulsos podem ter maior ou menor duração. A Taxa de


repetição é o número de impulsos emitidos por segundo e mede-se em Hertz.
Pode ser: muito baixa: menos de 1 impulso por segundo ou muito alta: 109
impulsos por segundo.

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Os lasers pulsados podem ter pulsos tão rápidos (10-12 segundos)


que parecem ser contínuos e neste caso fala-se em laser pseudocontínuo. O
meio laser é bombeado com uma fonte pulsada que pode ser uma lâmpada de
flash ou outro laser pulsado (Ex: vapor de cobre, crípton, excímeros). Ao
contrário, os pulsos podem ser muito longos da ordem dos milisegundos (1 ms
= 10-3 s): Ex: laser pulsado de corantes, díodo, rubi, alexandrite e Nd:YAG de
pulso longo.

Os lasers iónicos como o árgon e crípton existem em versão


pulsada quase-contínua e em versão contínua.

Os lasers Nd:YAG também existem nas versões contínua, pulso


longo e Q-switched.

7. Modo pulsado

Existem dois métodos para obter luz pulsada:

I. Através de um modulador externo: o laser é emitido de forma contínua,


mas tem um interruptor externo que só deixa sair a luz da cavidade óptica
durante curtos intervalos de tempo. Exemplo de um laser contínuo modelado é
o laser de CO2, quando a funcionar em modo pulsado.

II. Através de um modulador interno que liga e desliga o próprio processo


de emissão laser.

8. Métodos para obter modulação interna da luz laser.

Existem quatro métodos para obter modulação interna da luz laser


que por sua vez dá origem a quatro tipos de emissão de luz pulsada:

a. laser pulsado relaxado;

b. Q-switching;

c. Cavity dumping;

d. Mode-locking:

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LASER FRACIONADO

Laser pulsado relaxado: consiste em ligar e desligar o sistema de


bombeamento do meio ativo do laser. Emite pulsos longos de baixa energia. Ex:
laser de rubi, o bombeamento por lâmpada de flash é ligado periodicamente.

Q-switched: Baseia-se na presença de obturadores foto-ópticos que


acumulam a energia e a libertam toda duma vez. Deste modo a energia
armazenada sai como uma explosão. Estes lasers permitem pulsos curtos de
alta energia da ordem dos nano segundos: ns 10-9 s. Ex: laser Q-switched
alexandrite, rubi, Nd:YAG.

Cavity dumping: a energia, ou seja, a radiação produzida, é


armazenada em cavidade fechada, a cavidade óptica, que abre periodicamente
deixando sair toda a radiação. Também produz impulsos curtos, mas de menor
energia que o laser Q-switched.

Mode-locking: os fótons estão agrupados em “modos” e parte deles é


emitida quando bate no espelho semi-refletor gerando impulsos muito curtos. Os
outros dão outra volta à cavidade até se reiniciar o processo. Ex: laser de díodo.

9. Dosimetria da luz laser

– Energia E (Joules): quantidade de fotões.

– Energia do fotão: E = h v (h = constante de Planck).

– Tempo de exposição, duração do pulso t = s.

– Tamanho do spot (cm2). – Frequência ou taxa de repetição (Hertz):


número de ciclos por segundo.

– Potência P (W: J/s): fluxo de fotões, é a quantidade de energia fornecida


por uma fonte por unidade de tempo.

– Energia (J) = potência (W) x tempo (s).

• Irradiância ou densidade de potência: mede a potência da radiação


eletromagnética por unidade de área. Na prática, corresponde à intensidade da
luz. Irradiância = Potência de saída do laser (W) W/cm2 Tamanho do spot (cm2)

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• Fluência ou densidade de energia: é a energia fornecida por unidade de


área num determinado período de tempo. Fluência = Potência de saída do laser
(W) X duração de pulso (s) J/cm2 Tamanho do spot (cm2). Tanto o comprimento
de onda da luz laser como a fluência dependem do meio ativo do laser. Variações
na densidade de potência e no tempo de exposição condicionam diferentes
efeitos nos tecidos.

10. Interação luz laser com os tecidos

Quando a radiação é absorvida pelo tecido biológico, o efeito


provocado pode ser:

a. Efeito fototérmico: a alta energia laser absorvida pelos tecidos pode


gerar calor que causa a destruição do tecido: Ex: laser CO2.

b. Fotodisrupção: uma onda de choque, cuja vibração causa explosão e


fragmentação do tecido alvo; efeito mecanoacústico e fotoacústico: ex: laser Q-
switched.

c. Fotoablação: rotura direta das ligações moleculares por fotões


ultravioleta de alta energia: ex: laser excímeros (ultravioletas).

d. Ablação induzida por plasma ablação através da ionização das


moléculas e dos átomos quando se obtém a formação de plasma: ex: Nd:YAG.

e. Efeito fotoquímico: terapêutica fotodinâmica (PDT) ou foto


quimioterapia. Baseia-se na administração de uma substância
fotossensibilizante, que é captada seletivamente por células tumorais (ou outras)
e que, sob a ação de uma fonte de luz de determinadas características, origina
produtos tóxicos que lesam as células neoplásicas, induzindo a sua morte. Essa
fonte de luz pode ser laser.

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LASER FRACIONADO

11. Efeito terapêutico

O efeito terapêutico do laser varia em função de:

1) comprimento de onda;

2) duração do impulso,

3) tamanho, tipo e profundidade do alvo;

4) interação entre a luz emitida pelo laser e o alvo determinado.

Os principais alvos do laser médico são:

1) pigmento natural,

2) pigmento externo;

3) água intracelular;

4) aminoácidos e ácidos nucleicos.

Aos pigmentos naturais e externos chamam-se cromóforos. O cromóforo


é um grupo de átomos que dá cor a uma substância e absorve luz com um
comprimento de onda específico no espectro do visível.

Os cromóforos da pele são a oxihemoglobina e desoxihemoglobina,


melanina, carotenos, água e proteínas. As proteínas e a água não são
absorvidas no espectro do visível e teoricamente não deviam chamar-se
cromóforos, mas na prática são moléculas orgânicas que absorvem REM, por
isso fala-se em cromóforos de uma forma geral, mesmo que absorvam os UV ou
os infravermelhos[1-8]. A maioria das moléculas orgânicas absorvem muito os
UV pela forte absorção das proteínas nesta área do espectro. A oxihemoglobina
tem um pico de absorção entre os 490 nm e os 595 nm que corresponde ao
verde e ao amarelo. A desoxihemoglobina aos 770 nm. A metahemoglobina que
resulta da transformação da hemoglobina após aquecimento sanguíneo tem uma
absorção preferencial aos 1.000 nm[9]. A melanina tem uma absorção muito
larga no espectro óptico, mas que diminui lentamente dos UV aos
infravermelhos. É máxima por volta dos 530 nm. A absorção da água predomina

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para comprimentos de onda superiores a 800 nm. Não há nenhum comprimento


de onda que permita atingir um cromóforo de forma completamente específica.
A janela óptica escolhida é apenas a mais seletiva possível para o tecido alvo.
Daí a importância dos sistemas de arrefecimento que arrefecem a epiderme e a
derme superficial e deste modo reforçam a seletividade da ação térmica ao nível
de um alvo mais profundo.

12. LASER NÃO ABLATIVO

As técnicas de rejuvenescimento não ablativo preservam a integridade da


epiderme estimulando a produção de colágeno na derme. São indicados para o
rejuvenescimento e na profilaxia do envelhecimento cutâneo.

A absorção da luz pela água provoca um efeito fototérmico e


consequentemente a resposta inflamatória que estimula a atividade fibroblástica
(SADICK, 2003). Os efeitos de deposição e remodelação de colágeno,
provocados por métodos não ablativos, não são tão evidentes quanto aqueles
observados em abordagens mais destrutivas, ablativas. Por tanto, o método não
ablativo é indicado para aqueles pacientes que não querem perder qualquer
período de suas atividades rotineiras, mas ao mesmo tempo desejam melhorar
a qualidade da pele fotodanificada (MAIO, 2017).

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13. LASER ABLATIVO

Os lasers ablativos vaporizam e destroem por fototermólise a epiderme e


a derme superficial.

Figura 3 - aplicação do laser ablativo.

Fonte: https://www.researchgate.net/figure

O cromóforo-alvo deste tipo de laser é a água intracelular da epiderme


e a água extracelular da derme.

Atuam também em um nível cutâneo mais profundo, pois a lesão térmica


variável resultante da sua utilização induz a retração e a remodelação do
colágeno e a neoformação de fibras de colágeno e elásticas. Os lasers usados
para este efeito são os lasers de CO2 e o laser Erbium, de preferência de modo
pulsado.

Este Sistema de tratamento destrói de forma programada e sucessiva as


várias camadas de pele desde a epiderme até a derme. Podendo ser indicados
para a cicatrizes de acne, rejuvenescimento fácil, entre outras funções (BEYLOT,
2008).

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14. CO² fracionado

O laser de CO2 é produzido a partir de dióxido de Carbono (CO²) +


Nitrogênio (N²), apresenta um comprimento de onda de 10.600nm e opera na
porção invisível do espectro eletromagnético, utilizando como cromóforo-alvo é
a água e devido a isso tem o seu comprimento de onda de curta profundidade.

Figura 4- Sistema de produção do LASER de CO² no ressonador.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Laser_de_di%C3%B3xido_de_carbono

O LASER de CO² utiliza-se de um sistema de espelhamento diferente dos


outros modelos de LASER, para orientar o feixe produzido no ressonador,
mantendo a colimação e a coerência do LASER, os espelhos mantem-se em
posições estratégicas dentro de um tubo com cotovelos, conforme imagem
abaixo:

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LASER FRACIONADO

Figura 5 - Sistema de espelhamento do laser fracionado

Fonte: https://subauae.wordpress.com/page/3/

A ablação do CO2 fica entre 50-100 um, sendo o dano térmico entre 50-
150 um (BADIN, 2002). Segundo Maia (2015) quando o Laser de CO2 incide
sobre a pele, a epiderme é rapidamente vaporizada a 100ºC, sendo que, o
colágeno sobre encolhimento de suas estruturas fibrilares entre 60-70ºC.
Recentemente, em meados de 2004, devido à tecnologia da melhorada de
fracionalização do laser de CO2, ele passou se ser muito utilizado nos
tratamentos pela laserterapia.

Antes dessa tecnologia, o laser CO2 era utilizado no modo varredura


contínuo e sua aplicação causava muitas complicações pertinentes a lesão:
hiperpigmentação por até 8 semanas, podendo também apresentar
hipopigmentação devido a ablação dos melanócitos; longo tempo de
recuperação; risco de infecção aumentado; eritema persistente; pele sensível;
formação de telangiectasias faciais e tornavam o uso do CO2 inviável.

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LASER FRACIONADO

Figura 6 - CO2 Fracionado no modo varredura e contínuo na


primeira imagem e fracionado na segunda imagem.

Fonte: co2fracioando.com.br

No modo fracionado, apenas frações da pele são submetidas aos feixes


de luz e, desse modo, há diminuição da lesão térmica a cada procedimento,
facilitando a cicatrização do tecido. Com isso, têm-se: pós-procedimento menos
intenso e mais curto, menor risco de efeitos colaterais, porém os resultados são
mais discretos, apesar de continuarem a ser efetivos na produção de colágeno
(CHAN, 2010).

Outro estudo de Manstein et al. (2004) introduz o conceito de fototermólise


fracionada, através de zonas de tratamento na epiderme e/ou derme que deixava
também algumas áreas intactas, em forma de grade. Essas áreas intactas entre
as regiões de tratamento acarretam em reepitelização mais rápida, que leva
cerca de cinco dias, e menor risco de cicatrizes inestéticas e discromias.

A utilização do laser de CO2 causa um grande encolhimento do colágeno


na zona do dano térmico, o que promove o estímulo para a formação de um novo
colágeno. E também em virtude de um alto efeito térmico, o laser CO2 apresenta
um alto poder de hemostasia (BADIN, 2002).

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LASER FRACIONADO

O meio de rejuvenescimento facial com o laser de CO2 processa-se de


três modos:

• Remoção da pele fotoenvelhecida,


• Retração das fibras colágenas e ao longo prazo,
• Estimulação de formação de neocolágenos (MAIA, 2015).

Os estudos de Badin (2002) também classificaram a interação tecidual


realizada pelo laser CO2 observando as seguintes características:

• A 1ª passada remove a epiderme.

•. As 2ª e 3ª passadas fazem com que o colágeno se encolha; é produzido


um efeito térmico controlado.

• passadas sucessivas terão pouco efeito ablativo devido à falta do


cromóforo (água), trazendo efeitos térmicos cumulativos, impossíveis de
previsão e controle.

• Efeito ablativo menor e térmico maior.

• Efeito hemostático, podendo ser usado para corte.

• estimula a formação de pigmento.

• apresenta efeito térmico cumulativo.

O remodelamento da superfície da pele, conhecido como resurfacing, se


refere a remoção da epiderme e derme superficial sem abranger para os anexos
cutâneos, como as glândulas sebáceas, folículos pilosos e ductos sudoríparos),
que então ocasiona a regeneração da pele e a produção do colágeno.

Existem inúmeros procedimentos que buscam essa forma de tratamento,


porém a laserterapia pelo Laser de CO2 sempre foi altamente apontada para
esse tipo de técnica. O CO2 tem maior qualificação para o resurfacing total pelo
risco de delimitação entre área tratada e não tratada (JORDAN, 2000).

O laser de CO2 é indicado para o tratamento de rugas mais moderadas e


profundas, devido ao seu efeito de encolhimento da pele e maior remodelagem
de colágeno. Sua indicação ainda leva em conta outros fatores importantes,

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LASER FRACIONADO

como a presença de mancha e vasos, pois o uso do CO2, devido a uma alta
mudança na textura e estrutura da pele, deve ser indicado em face total por
excelência, reservando outro tipo de lasers para áreas parciais com menores
alterações de envelhecimento (BADIN, 2002).

No início da década de 2000, iniciaram-se os primeiros estudos em torno


do fracionamento dos feixes de laser para reduzir os danos causados ao laser
ablativo não fracionado.

15. Fracionado de Érbio Yag

O laser fracionado de érbio é produzido a partir de cristal de ítrio, alumínio


e granada (YAG) dotado de íons érbio que são excitados por lâmpada de flash,
emitindo um feixe de laser no comprimento de onda de 2.940nm.

O uso do laser Erbium de ponteira YAG aponta-se como uma alternativa


mais branda e segura que o laser de CO2, apesar de apresentar resultados mais
discretos (ROSS, 2001).

A energia lançada pelo laser de Erbium tem como cromóforo a água, pois
é disseminada em um comprimento de onda de 2.940 nm, que se aproxima do
ápice de absorção da água, e isto significa que a energia que o laser emite é
altamente absorvida pela água presente na pele, vaporizando a epiderme e
deixando um pequeno dano térmico residual (MAIA, 2015).

Após a técnica de fracionamento desse laser, a concentração de energia


distribuída em microcolunas, alcançando penetração superior ao LASER não-
fracionado (Érbium Glass – 1550nm), guardando uma ampla área próxima de
tecido intacto, o que acelera a cicatrização e diminui o downtime (tempo de
recuperação do paciente). Essa interação térmica produz bioestimulação dos
tecidos, que acarreta a contração discreta das fibras de colágeno por um
intervalo de 14 dias após o tratamento.

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LASER FRACIONADO

Segundo os estudos atuais, o colágeno modificado termicamente estimula


formação do tecido conectivo. Isso pode ser observado microscopicamente com
a formação de novo colágeno, e o metabolismo de ácido hialurônico são
influenciados no nível molecular, melhorando a capacidade de retenção de água
pela pele (MAIA, 2015).

Outro estudo realizado por Dierickx (2008), mostra que o laser de Erbium
tem penetração e efeito térmico menor. Isso ocorre, porque o Erbium tem maior
afinidade por água do que o CO2 e, quando disparado em um tempo de 0,25 ms,
não causa coagulação do tecido, fazendo até que ocorra sangramento durante
o procedimento, e também não há contração da pele ou ela ocorre muito
discretamente. Com o pulso de 5ms, há a coagulação do tecido em zonas ao
redor das microcolunas de ablação, que acrescenta ao Erbium 2940 nm a
capacidade de causar coagulação no tecido, além da contração da pele, embora
inferior à do CO2.

Com relação ao fracionamento, a utilização de pulso mais longo, causou


uma melhora acentuada da pele, com apenas um tratamento (LAPIDOTH, 2008),
portanto, quanto maior o comprimento de onda, maior a profundidade da lesão
e por consequência, maior efetividade.

16. Indicações do LASER Fracionado ablativo

De acordo com MAIA (2015), laser fracionado de CO² e de Érbium é


indicado para:

• Fotoenvelhecimento,
• Cicatrizes de acne,
• Cicatrize atrófica,
• Rugas finas a médicas,
• Poiquilodermia,
• Discromias.

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LASER FRACIONADO

17. Efeitos colaterais

Maia (2015) lista seus efeitos colaterais do LASER Fracionado ablativo,


como:

• Hiperpigmentação,
• Hipopigmentação,
• Acne,
• Cicatrizes inestéticas
• Cicatrizes hipertróficas e queloides.

18. Número de sessões

O número de sessões varia de acordo com a necessidade clínica de cada


paciente, podendo variar de uma a quatro sessões, com intervalos de quatro
semanas ou mais, de acordo com a característica tecidual, caso após 4 semanas
a pele ainda se apresente com hipersensibilidade, ou apresentando
características inflamatórias, recomenda-se aguardar o tecido se normalizar para
a próxima aplicação.

Importante salientar que diferentemente do CO² fracionado, o Er: YAG


pode causar sangramento quando atinge a derme, já que a energia do liberada
por esse LASER não coagula os vasos sanguíneos, mas a ocorrência é rara
(MAIA, 2015). Caso ocorra, tenha cuidado com hiperpigmentações, já que o ferro
contido nas hemácias pode sofrer oxidação.

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LASER FRACIONADO

19. Reações no pós-tratamento

Reações que acontecem no pós-tratamento:

• Logo depois a pele é coberta de uma leve camada branqueada

reproduzindo os impactos

• No primeiro dia um aspecto bronzeado e sentindo um forte calor que

pode incomodar (pulverizar água termal)

• Do segundo ao quinto dia a pele descama como depois de um

bronzeado (período de afastamento social)

• Depois do sexto dia pode começar a se maquiar

• De 15 dias a 3 semanas pós-tratamento aparece uma melhoria

importante

• De um a seis meses pós-tratamento sumiço das rugas e melhoria da

elasticidade da pele

20. Complicações

Quanto mais agressivo for seu tratamento, quanto maior for o fototipo
(avalie a indicação de LASER Fracionado em fototipos acima de IV) e quanto
mais tempo o processo inflamatório se estender, o risco de intercorrências será
maior.

• Infecção

• Áreas de demarcação

• Eritema persistente e hipersensibilidade

• Erro no espaçamento e fluência

• Hiperpigmentação pós inflamatórios

• Hipocromia

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LASER FRACIONADO

Figura 7 - Infecção causada por maus hábitos de higiene nos pós


laser.

Fonte: dermatogy.br

Figura 8 - Eritema persistente e hipersensibilidade

Fonte: dermatogy.br

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LASER FRACIONADO

Figura 9 - Linhas de dermacação e hiperpigmentação pós


inflamatórios.

Fonte: dermatogy.br

Durante o procedimento

Durante a aplicação do LASER Fracionado o paciente vai sentir dor


moderada:

• Anestesia tópica iniciar de uma a duas horas antes do procedimento,


de acordo com a indicação da bula.
• Realizar a correta limpeza da pele, evitando álcool para não desidratar
a pele e interferir na absorção do LASER, já que seu cromóforo alvo é
a água.

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LASER FRACIONADO

21. Orientações para o pós-procedimento:

A recomendação que você deve fazer ao seu paciente no pós-


procedimento, se refere aos cuidados com a pele lesionada:

• O paciente deve ser mantido em sala bem resfriada sob observação

• Uso de jato frio para aliviar a dor

• Compressas com solução salina para limpeza, caso haja pontos de


sangramento

• LASER de baixa potência Vermelho ou Infravermelho para estimular início


de cicatrização, redução de edema e analgesia.

• Uso de creme cicatrizante até a completa reepitelização, caso tenha


alguma ardência ao aplica-lo, suspenda e volte a aplicar apenas quando
as crostas se formarem nos pontos de lesão.

• Água termal livremente, podendo-se recomendar que coloque na


geladeira para oferecer maior alívio;

• Não se expor ao sol

• Evitar fontes de calor (banho quente, panelas, forno, carro exposto ao sol,
secador de cabelo, etc.)

• Filtro solar físico fica liberado após 24hs

• Filtro químico fica liberado após a formação de crostas nos pontos de


lesão, em geral após 72h.

• Evite associar cosméticos e ácidos do pós-tratamento imediato até


reepitelização completa, pois há risco de hiper reações no tecido, alergias
e caso o produto tenha cor, há risco de pigmentação.

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LASER FRACIONADO

22. Reação da pele após a aplicação do LASER

• Logo depois a pele é coberta de uma leve camada branqueada


reproduzindo os impactos
• No primeiro dia um aspecto bronzeado e sentindo um forte calor que
pode incomodar (pulverizar água termal)
• Do segundo ao quinto dia a pele descama como depois de um
bronzeado (período de afastamento social)
• Depois do sexto dia pode começar a se maquiar
• De 15 dias a 3 semanas pós-tratamento aparece uma melhoria
importante
• De um a seis meses pós-tratamento sumiço das rugas e melhoria da
elasticidade da pele

23. Recomendações pós tratamento

Um mês antes do procedimento (preparo da pele) com home care:

• Uso de filtro solar – FPS acima de 30 e PPD acima de 20.


• Hidratação da pele – adequar a secreção de sebo e a desidratação
tecidual
• Orientar quanto ao risco de hiperpigmentação caso a pele esteja
bronzeada
• Orientar ingesta adequada de água para uma boa atuação do LASER
Fracionado
• Uso de ativos clareadores tópicos (Caso haja risco de
hiperpigmentação pós-inflamatória) e via oral (caso queira
potencializar o bloqueio de produção de melanina)
• Três dias antes do procedimento:
• Uso de antiviral para prevenção de herpes simples na face
• Interromper uso de ácidos 3 dias antes da aplicação do LASER.

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LASER FRACIONADO

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