Você está na página 1de 107

SEJAM BEM-VINDOS À UMA DAS MAIS

FASCINANTES MATÉRIAS DO CURSO!


ASPECTOS E BASES FÍSICAS DA
RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA

Prof. Esp. Matheus Carneiro de Souza


CRTR: 03014-N
e-mail: professormatheusouza@gmail.com
CONCEITO
A ressonância nuclear magnética é uma das
principais modalidades de diagnóstico por
imagem.

O motivo para tal relevância está atrelado à


diversos fatores que influenciam na sua
escolha.
MAS POR QUÊ A RESSONÂNCIA
MAGNÉTICA?
JUSTIFICATIVA
Além da ampla diversidade de indicações
patológicas, um outro fator de extrema
importância está na compreensão e
entendimento de alguns conceitos da própria
física.

Podemos adiantar portanto que, a RNM não


utiliza radiação ionizante.
FATORES HISTÓRICOS
A RNM teve inicio clínico na década de 80
(1982~), entretanto já na década de 50 físicos
já observavam e desenvolviam métodos
capazes de mensurar o magnetismo nuclear.

A análise biológica (pesquisa com ratos)


experimental ocorreu em 1970.
FATORES HISTÓRICOS
Conforme dito anteriormente, a ressonância
magnética foi estudada e desenvolvida nos
seres humanos na década de 80.

No Brasil, difundiu-se ao meio clínico na


década de 90 e ainda avança em larga escala.
MEDIÇÃO DO MAGNETISMO NUCLEAR
(PRÊMIO NOBEL – 1952)
Félix Bloch Edward Purcell
FATORES HISTÓRICOS
Diversos foram os colaboradores e é difícil
determinar apenas um descobridor da
modalidade.

Os estudos foram ampliados em diferentes


países até o desenvolvimento dos
equipamentos atuais.
NOMES EXPRESIVOS
Paul Christian Lauterbur;

Peter Mansfield;

Gilbert Ling;
NOMES EXPRESSIVOS
CONCEITO FÍSICO
Ressonância, em seu termo físico, traduz
como um fenômeno cujo um sistema
vibratório externo conduz outro sistema
(organismo) a oscilar na mesma frequência,
sendo ressoantes portanto.

É uma troca de energia entre ondas


eletromagnéticas e o tecido biológico.
ONDA ELETROMAGNÉTICA
Quando falamos a respeito de onda
eletromagnética logo nos vem na lembrança
os feixes de raios-x, correto?

Tanto os feixes de raios x quanto o que


chamamos de pulsos de radiofrequência são
energias em movimento.
MAS QUAL A DIFERENÇA ENTRE AS ONDAS ELETROMAGNÉTICAS
DOS RAIOS-X E AS ONDAS ELETROMAGNÉTICAS DOS PULSOS DE
RADIOFREQUÊNCIA DA RESSONÂNCIA???
FREQUÊNCIA E COMPRIMENTO DE ONDA
ILUSTRATIVO
CONCEITO FÍSICO
No nosso cotidiano, podemos encontrar
alguns exemplos de ressonância.

Um dos mais clássicos é o próprio som que


ouvimos do rádio. Neste caso, uma estação
emite ondas em determinada faixa de
frequência e quando ajustamos o aparelho na
mesma faixa é possível ouvir o sinal.
EXEMPLO DO NOSSO COTIDIANO
BIOFÍSICA DA RESSONÂNCIA
Sabemos portanto, que existe uma interação
entre: campo magnético, pulsos de
radiofrequência e nosso tecido biológico.

Essa interação, evidentemente ocorre a nível


atômico/protônico.
BIOFÍSICA DA RESSONÂNCIA
Sem muito mistério, qual átomo/próton
estaria disponível em grande escala para esta
interação?

Curiosamente, este próton além de abundante


detém características magnéticas (comporta-
se como um imã).
HIDROGÊNIO
HIDROGÊNIO
Cerca de 75% da massa elementar do universo
está composta por este próton.

Em nosso organismo não poderia ser diferente.

Portanto, suas propriedades (sensibilidade)


magnéticas e sua abundância são essenciais
para o fenômeno da ressonância magnética.
COEFICIENTE DE SENSIBILIDADE
O EQUIPAMENTO DE RM
Os principais componentes físicos internos da
ressonância são: magneto principal, bobinas
de gradiente e de radiofrequência e o
processador matemático de imagens.

Um dos elementos mais importantes para o


exame são as denominadas “bobinas de
radiofrequência”.
EQUIPAMENTO (EXTERNAMENTE)
EQUIPAMENTO (INTERNAMENTE)
MAGNETO PRINCIPAL
O magneto têm como função alinhar os
prótons de hidrogênio que se comportam
como imãs (são atraídos).

Sem essa magnetização, a troca de energia


não acontece de forma ordenada. Outro fator
importante é que potência do campo também
influencia no tempo de aquisição das imagens.
TIPOS DE MAGNETOS
No mercado, existem três diferentes tipos de
magnetos: os permanentes, resistivos e super
condutores.

A diferença entre eles está relacionado ao eixo


de disposição, limite de campo (tesla) e
principalmente o custo.
RESSONÂNCIA DE CAMPO ABERTO
(PERMANENTES)
BOBINAS DE GRADIENTE
Bobinas de gradiente são potentes o suficiente
para ocasionar variações no campo magnético.

Detém outras funções elementares como


seleção de corte por exemplo.

São 3 bobinas dispostas pelo magneto,


denominadas em X,Y e Z.
BOBINA DE GRADIENTE X SELECIONA
CORTES EM SAGITAL
Z

X
BOBINA DE GRADIENTE Y SELECIONA
CORTES EM CORONAL
Z

X
BOBINA DE GRADIENTE Z SELECIONA
CORTES EM AXIAL
Z

X
“SPIN NUCLEAR”
Os prótons de hidrogênio, naturalmente,
detém o que chamamos de spin.

Spin significa que o próton gira em torno do


seu próprio eixo.
PRÓTONS E CAMPO MAGNÉTICO
Quando estes prótons que detém giros em seu
próprio eixo (spin natural) são submetidos à
campos magnéticos potentes, suas
características modificam.

Aliado à pulsos de radiofrequência, estes


“spins” apresentam o que chamamos de
movimento de precessão.
SPIN NATURAL E DISTRIBUIÇÃO DOS
PRÓTONS
PRÓTONS E CAMPO MAGNÉTICO
MOVIMENTO DE PRECESSÃO
O movimento de precessão pode ser
entendido como um “cambaleio” de um peão
em movimento.

Exemplificando, ao lançarmos um peão, a


parte final de rotação é o movimento de
precessão.
SPIN NATURAL E PRECESSÃO
MOVIMENTO DE PRECESSÃO
EQUAÇÃO DE LARMOR
A equação de Larmor expressa
numericamente o movimento de precessão.

W= Frequência de precessão, B0 =
magnetização inicial e y= razão giromagnética.
EQUAÇÃO DE LARMOR
Para que haja ressonância, é necessário
aplicar o pulso de radiofrequência na mesma
frequência de Larmor.

Isso ocorre no que chamamos de


magnetização transversal (mais a frente).
“EU VOU EQUALIZAR VOCÊ, NUMA
FREQUÊNCIA QUE SÓ A GENTE SABE...”
PRÓTONS E CAMPO MAGNÉTICO
Durante a magnetização, ocorre o que
chamamos de equilíbrio dinâmico.

Significa que os prótons mais energizados se


deslocam para o lado oposto ao da
magnetização e vice e versa.
EQUILIBRIO DINÂMICO
PULSOS DE RADIOFREQUÊNCIA
Para haver ressonância, um dos principais fatores
está atrelado aos pulsos de radiofrequência.

A diferenciação tecidual por exemplo, está


intimamente relacionada com as características
destes pulsos.

Estes pulsos podem ser de 90º e até invertidos á


180º.
PULSOS DE RADIOFREQUÊNCIA
Os pulsos são geralmente emitidos pela
bobina interna, ou também chamada de
bobina de corpo.

A captação do sinal é feita pelas bobinas de


recepção (mais detalhes á frente).
PULSOS DE RADIOFREQUÊNCIA
PULSOS DE RADIOFREQUÊNCIA
PULSOS DE RADIOFREQUÊNCIA
Em resumo, podemos dizer que os pulsos de
radiofrequência detém 2 funções básicas:

“Jogar” os prótons de hidrogênio para a


magnetização transversal e fazer com que
estes prótons precessem na mesma
orientação transversal.
BIOFÍSICA DA RM
Quando as ondas de RF oscilam na mesma
frequência que os movimentos de precessão,
podemos dizer que estes elementos estão em
ressonância portanto.

Ressonância Magnética significa que o


magnetismo e movimentação dos prótons
estão coincidentes aos pulsos de RF.
DIREÇÃO/EIXO DA MAGNETIZAÇÃO
Um dos fatores para obtenção de ressonância
é a magnetização transversal (Mxy) que ocorre
após uma magnetização longitudinal (Mo).

Isso só ocorre, devido ao pulso de 90º


aplicado.
DIREÇÃO/EIXO DA MAGNETIZAÇÃO
PROCESSOS DE RELAXAÇÃO
Durante a energização dos prótons e o
equilíbrio dinâmico, ocorre a recuperação e o
decaimento de cada próton de hidrogênio
envolvido.

Também chamado de “tempo de


relaxamento”, vamos buscar compreender
como funciona estes tempos e suas
características nas imagens.
PROCESSOS DE RELAXAÇÃO
Em outras palavras, podemos resumidamente
dizer que o processo de liberação de energia
(T2) e retorno ao estado de magnetização
inicial (T1) é denominado como tempo de
relaxamento.
PROCESSOS DE RELAXAÇÃO
Cada tecido apresentam características
específicas mediante os pulsos aplicados.

Em cada ponderação, vamos avaliar o aspecto


na imagem e nessa compreensão podemos
avaliar e reconhecer a anatomia e as
patologias.
FATORES INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS
Os parâmetros conhecidos como T1 e T2 podem ser
chamados de parâmetros intrínsecos (não
modificamos).

Os valores de números de TR e TE sim são


extrínsecos (passíveis de modificações).

É fundamental a escolha destes parâmetros de


maneira correta (TR e TE) para uma imagem
predominantemente ponderada em T1 e T2.
PROCESSOS DE RELAXAÇÃO
TIPOS DE RELAXAMENTO
Didaticamente, vamos abordar 2 principais
tempos de relaxamentos:

T1;

T2;
T1
Denominado como tempo de relaxamento 1,
representa o tempo necessário para que os
prótons (spins) retornem à 63% da sua
magnetização inicial longitudinal.

Ou seja, obtemos uma imagem em T1 na


recuperação dos prótons de hidrogênio.
T1
A medida que a excitação é perdida, a
magnetização longitudinal é recuperada.

T1 ocorre entre os spins nucleares e o


ambiente. Ou seja, há uma liberação de
energia proveniente dos prótons para o
ambiente (spin lattice relaxation).
T1
T1
T1
ASPECTO DA IMAGEM NA PONDERAÇÃO T1
DESCONTRAÇÃO
T2
Também denominado como decaimento T2.

Ocorre na interação entre os núcleos


(spin/spin) e não entre os spins e o meio
externo como no T1.
T2
Tempo necessário para que os prótons percam
63% do sinal de magnetização.

Ou em outras palavras e literaturas, tempo


necessário para que 37% da magnetização
transversal permaneça.
T2
T2
ASPECTO DA IMAGEM NA PONDERAÇÃO T2
EM RESUMO
T1 é o tempo de relaxamento que leva à
recuperação (63%) da magnetização longitudinal
em virtude da dissipação da energia para o espaço.

T2 é a perda (decaimento) dos 63 % (permanência


dos 37%) da magnetização transversal resultante
de interações entre os campos magnéticos dos
núcleos adjacentes (spin/spin).
MAGNETIZAÇÃO LONGITUDINAL X
TRANSVERSAL
DIFERENÇAS FÍSICAS ENTRE T1 E T2
Um fator importante é que o T1 é o tempo de
recuperação, o T2 é o tempo de decaimento.

Ou seja, a obtenção de ambos tempos


dificilmente ocorre num mesmo valor
numérico de tempo (minutos/segundos).
DIFERENÇAS NAS IMAGENS ENTRE T1 E T2

Cada tecido responde de maneira específica e


isso é traduzido nas imagens.

Um dos exemplos mais clássicos é o líquido


comum (líquor cerebral) que em T2 apresenta-
se hiperintenso (mais claro), quanto em T1
apresenta-se hipointenso (mais escuro).
DIFERENÇAS NAS IMAGENS ENTRE T1 E T2
TEMPOS DE REPETIÇÃO E ECO
Ao falarmos sobre os tempos de relaxamento
citados a cima, devemos compreender que os
tempos de repetições e eco de cada um destes
pulsos de radiofrequência são diferentes.

Tempo de repetições é o número de vezes que


são aplicados os pulsos.
TEMPOS DE REPETIÇÃO E ECO
Tempo de eco é o intervalo entre cada pulso
de radiofrequência aplicado (tempo de
repetição TR).

Segue exemplo demonstrativo em próximo


slide.
ILUSTRATIVO
TEMPOS DE REPETIÇÃO E ECO
Em T1, temos tempos de repetição e eco baixos. TR=
500 á 800 TE= até 30.

Em T2 o TR deve ser acima de 1500 (ms) e o TE maior


que 30 (ms) (mais longos, portanto).

Em DP (densidade de prótons), o TR deve ser acima de


1500 (ms) e o TE abaixo de 30 (ms).

* Valores aproximados.
TEMPOS DE REPETIÇÃO E ECO
TR controla para que o grau de ponderação
permaneça em T1. Para isso, o TR deve ser
curto.

TE controla a ponderação T2. Para isso, o TE


tem de ser longo.
SINAL DE RM
Após toda a magnetização, movimentos de
precessão coincidentes na frequência dos
pulsos de radiofrequência, são captados sinais
através do que chamamos de bobinas
receptoras.
BOBINAS RECEPTORAS
As bobinas podem ser compreendidas como
uma antena.

Aquela mesmo que ajustamos para melhor


captação do sinal das TV’s antigas.

Quanto mais ajustada a anatomia regional,


melhor a qualidade de imagem (relação sinal
ruído RSR).
ANTENAS
“ANTENAS” BOBINAS DA RESSONÂNCIA
DEMONSTRATIVO
ALGUNS PARÂMETROS
Abordaremos alguns parâmetros de
manipulação básicos para qualidade de
imagem e tempo de exame diretamente do
software do equipamento.

Sabemos que ambos ganhos são quase


antagônicos, o ideal portanto é buscar um
equilíbrio.
EQUILIBRIO
PARÂMETROS PRINCIPAIS
Vários são os fatores que influenciam para
ganho de tempo e também de qualidade de
imagem.

De maneira simplificada e introdutória,


abordaremos 2 (dois) parâmetros importantes
sobre ganha do tempo e qualidade de
imagem: voxel size e nex.
VOXEL SIZE
Definido como tamanho de voxel, tal
parâmetro têm bastante influência na RSR e
no tempo da série.

Quanto menor o tamanho do voxel size maior


a qualidade de imagem.
VOXEL SIZE
Da mesma forma, quando aumentamos o
voxel size ganhamos em tempo de exame.

Se buscarmos a simetria dos tamanhos


elevamos ainda mais o tempo de série.
ÍCONE VOXEL SIZE
QUANDO AUMENTAMOS O VOXEL SIZE
COMPARATIVO DE TEMPO
ANTES DEPOIS
NEX
O número de exposições (NEX) é um fator
importante de escolha para diminuição do
tempo de série por exemplo.

Vale lembrar é claro, que sua diminuição pode


afetar na relação sinal ruído.
NEX
Não diferente, ao aumentarmos seu valor,
perdemos mais tempo e ganhamos em
relação sinal ruído.

Neste parâmetro, vale destacar que após uma


determinada quantidade, a elevação não
promove ganho de RSR significativo.
ÍCONE NEX
AO DIMINUIRMOS
COMPARATIVO DE TEMPO
OUTROS PARÂMETROS
Existem outros parâmetros que também
influenciam no tempo de exame.

Como por exemplo o tamanho do campo de


visão (FOV) e o número de cortes.

A espessura de corte influencia na qualidade


de imagem.
FOV E NÚMERO DE CORTES
O FOV (field of view) traduz o campo de visão
que, quanto maior, mais demanda de tempo
necessita para captação de sinal dos prótons
de hidrogênio.

Da mesma maneira pensamos a respeito do


número de cortes. Quanto maior o número
mais tempo de série.
ALGUMAS UNIDADES DE MEDIDA
Campo magnético – TESLA.

Frequência – HERTZ.

Limite de amplitude de campo magnético –


GAUSS (falaremos melhor a respeito na aula
sobre segurança).
MUITO OBRIGADO!

Você também pode gostar