Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ÉTICA E RACIONALIDADE EM
SÓCRATES
O texto é uma resposta ao filósofo do direito Hans Kelsen, qual afirma que há
contradição em Sócrates ao afirmar uma racionalidade e a crença em oráculos, daimónions e
sonhos proféticos. Desse modo, o objetivo do texto é demonstrar que não há contradição, e
que na verdade, a teologia de Sócrates decorre de sua ética e o meio de obtenção do
conhecimento dos sígnos divinos é a racionalidade.
Para sócrates, é impossível que os deuses descuidem tanto do controle, pois assim diz
Dinucci acerca da crença do filósofo:
De fato, para Sócrates, estando os deuses incluídos em sua concepção segundo a qual
não há senão uma fonte de desejos, a racional (o que faz com que a tese da
impossibilidade da akrasía se aplique tanto aos deuses quanto aos homens), tais
acontecimentos não se dariam de forma alguma no mundo dos deuses, pois guerras,
inimizades e coisas deste tipo são possíveis tão somente num mundo onde, dada a
ignorância de seus habitantes, a justiça não impere. (DINUCCI, 2010, p. 59).
Os deuses sendo bons e sábios não poderiam agir de tal forma, pois que, quando se
conhece a definição de virtude age-se de forma justa necessariamente, pois, como dito acima
há uma relação entre conhecimento e virtude, de modo que a ignorância está vinculada à
injustiça, ao mal. Além do mais, os valores são objetivos, assim, não poderiam os deuses ter
um código moral e os humanos outro, pois a ética é acessível por meio do autoexame, como
algo inato, tanto aos deuses, quanto aos seres humanos.
Desse modo fica claro que a crença socrática em sonhos proféticos e oráculos não vai
de encontro com o critério racional, mas a crença no Daimónion poderia ferir esse critério?
Dinicci principia sua resposta analisando o termo que se apresenta como um substantivo em
elipse, qual significa Sígno Divino. Em seguida, apresenta as ocasiões nas quais esses signos
se manifestam a Sócrates:
Nessas duas ocasiões, Sócrates possui razões para acreditar nos signos divinos, visto
que, como vimos acima, os deuses não podem mentir, pois são perfeitamente justos e sábios.
Mesmo nas ocasiões em que Sócrates não possui razões imediatas para fazer ou não fazer
algo, ele pode confiar nos signos divinos, pois a natureza da virtude assim exige.