O documento discute a possibilidade de ação rescisória para rescindir sentença baseada em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo STF. A doutrina apoia tal possibilidade nos termos dos artigos 525 do CPC. O prazo para ação rescisória é de 2 anos a partir da decisão do STF, desde que não ultrapasse 5 anos. A jurisprudência também permite ação rescisória nestes casos.
O documento discute a possibilidade de ação rescisória para rescindir sentença baseada em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo STF. A doutrina apoia tal possibilidade nos termos dos artigos 525 do CPC. O prazo para ação rescisória é de 2 anos a partir da decisão do STF, desde que não ultrapasse 5 anos. A jurisprudência também permite ação rescisória nestes casos.
O documento discute a possibilidade de ação rescisória para rescindir sentença baseada em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo STF. A doutrina apoia tal possibilidade nos termos dos artigos 525 do CPC. O prazo para ação rescisória é de 2 anos a partir da decisão do STF, desde que não ultrapasse 5 anos. A jurisprudência também permite ação rescisória nestes casos.
- Cabimento de ação rescisória em face de sentença/acórdão
na qual houve condenação do reclamante ao pagamento de honorários sucumbenciais, tendo por fundamento a decisão do STF sobre o tema. Incidência do art. 525, §§12 a 15 do CPC.
3. Doutrina:
Consoante se fundamentou na decisão acima, cabível a ação
rescisória para rescindir sentença condenatória que tenha por base lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo STF. As regras do art. 525, §§12 a 15, do CPC, subsidiam a utilização do instrumento processual para tanto. Destacam-se lições doutrinárias a respeito:
Sempre foi controvertida a doutrina quanto à situação de haver
certa decisão sobre a qual pese autoridade de coisa julgada, decidida com base em lei que, posteriormente, seja tida como inconstitucional, pelo controle concentrado ou difuso, pelo supremo Tribunal Federal. Hoje, a lei disciplina expressamente esta situação quando a decisão rescindenda é título executivo (art. 525, §§12 a 15 do CPC e art. 535, §§5º e 8º). O CPC/15 trata da possibilidade de rescisória também quando a lei for declarada inconstitucional pelo STF em controle difuso. Entretanto, a rescindibilidade abrange quaisquer sentenças, não só as que se consubstanciam em título executivo. Desde, é claro, que não tenha havido modulação. Cogita-se, aqui, da possibilidade de tal sentença ser rescindida com base na alegação de violação à norma jurídica, quando a lei aplicada tenha sido, posteriormente, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta de inconstitucionalidade. Como observamos, esta questão só se coloca se o STF não tiver declarado que a sua decisão, naquele caso, deve produzir efeitos ex nunc. Se esta declaração tiver ocorrido, o problema não se põe (art. 27 da Lei 9.868/99). [...] O prazo para ação rescisória com base na declaração de inconstitucionalidade da lei em que se fundamenta a decisão rescindenda é de dois anos, a contar da decisão da ADI, desde que o prazo total não ultrapasse cinco anos, conforme já fizemos referência no Capítulo 3, item 3.1.2.4., aos arts. 525, § 15 e 535 § 8º. (ARRUDA ALVIM, Teresa. Ação Rescisória e Querella Nullitatis: Semelhanças e Diferenças. 2ª Ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020. pp. 311-312)
Quanto ao prazo para ajuizamento da ação rescisória,
apontam-se, ainda, as seguintes considerações a respeito:
O §15 do art. 525 e o § 8º do art. 535 do CPC prescrevem uma
regra especial de contagem de prazo para a ação rescisória, no caso de a decisão rescindenda estar em desarmonia com a orientação do Supremo Tribunal Federal em tema de jurisdição constitucional – decisão essa considerada aqui como decisão paradigma. [...] A decisão do Supremo Tribunal Federal deve ter sido proferida após o trânsito em julgado da decisão rescindenda. A desarmonia entre a decisão rescindenda e o Supremo Tribunal Federal revela-se, assim, depois da coisa julgada. Se essa desarmonia é congênita – a decisão rescindenda transitou em julgado já em dissonância com a orientação do Supremo Tribunal Federal -, o caso é mais simples e dispensa ação rescisória: a obrigação reconhecida na sentença é considerada inexigível, sendo possível que, em impugnação ao cumprimento de sentença, alegar essa inexigibilidade (art. 525, §§ 12 e 14, e art. 535, §§ 5º e 7º). A distinção é plenamente justificável. É preciso dar mais proteção à coisa julgada que surgiu em um momento anterior à decisão do Supremo Tribunal Federal. Sobre o assunto, ocorreu um fato curioso. O STF, ainda no período da vacatio do CPC-2015, teve de enfrentar esse tema e chegou à conclusão idêntico, valendo-se do regramento do CPC-2015, como mais um argumento decisório: se a decisão do STF é posterior à coisa julgada, o caso é de ação rescisória. Mais um exemplo de eficácia persuasiva do CPC-2015 no seu período de vacância. O prazo para o ajuizamento dessa ação rescisória conta-se a partir do trânsito em julgado da decisão do Supremo Tribunal Federal . Há, aqui, uma regra especial para o início da contagem do prazo: em vez de começar a fluir da data em que a decisão rescindenda transitou em julgado, o prazo começa a correr da data em que a decisão paradigma transitou em julgado (DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. V. 3 . 15 Ed. Salvador: Editora Juspodium, 2018. pp. 546/553) 4. Discussão
Atendidas as considerações doutrinárias a respeito, conclui-se
não haver discordância quanto à possibilidade de ajuizamento da ação rescisória para rescindir título executivo fundado em lei ou ato normativo declarado inconstitucional pelo STF.
Para tanto, aplica-se a sistemática apregoada pelos §§ do art.
525 do CPC.
Observa-se, ainda, que o prazo decadencial para ajuizamento
da ação deve ser contado a partir do trânsito em julgado da decisão proferida pelo STF, em controle concentrado ou difuso.
Há que se considerar, ainda, que eventual modulação dos
efeitos da decisão proferida por aquela corte pode alterar o marco inicial do prazo decadencial, ou até mesmo inviabilizar a hipótese de ação rescisória, no caso de os efeitos da Lei inconstitucional serem temporalmente preservados para regrar as relações jurídicas anteriores.
Sobre o tema, destaca-se a jurisprudência das cortes
superiores:
[...]
IV. As teses com efeito vinculante e eficácia erga
omnes , fixadas pelo STF, tanto em julgamento de ação de controle concentrado de constitucionalidade, como em controle difuso, em sistemática de repercussão geral, geram efeito rescisório em relação às decisões judiciais supervenientes, ou seja, as proferidas após a fixação da tese pelo STF, caso em que é preciso a interposição de recurso próprio, inclusive embargos de declaração, para aplicação da tese (Tema RG/STF 360 - RE 611503, Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, Relator p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 20/08/2018, DJe-053 de 19/03/2019; ED- AgReg-Rcl 15724, Red. Min. Alexandre de Moraes, DJE 151, de 17/06/2020 e AgR, Relator: Min. Alexandre de Moraes, Primeira Turma, julgado em 15/04/2020, DJe-118 de 13/05/2020), sob pena de formação de coisa julgada inconstitucional. Para as decisões com trânsito em julgado anteriores ao julgamento pelo Supremo Tribunal, o efeito rescisório deve ser aplicado pela ação rescisória, nos termos do § 15 do art. 525, para as execuções entre particulares, e art. 535, § 8º, do CPC, para as execuções contra a Fazenda Pública. Inteligência das teses firmadas nos Temas 360 e 733 da Tabela de Repercussão Geral. V. O efeito vinculante e a eficácia erga omnes também se aplicam às hipóteses de medidas cautelares decididas pelo Plenário do STF em ações de controle de constitucionalidade, nos termos do art. 11, § 1º, da Lei nº 9.868/1999. VI. Sob esse enfoque, adota-se o entendimento de que a fixação de tese com efeito vinculante e eficácia erga omnes pelo STF, tanto em ação de controle concentrado de constitucionalidade quanto em controle difuso , em sistemática de repercussão geral, gera efeito rescisório: (a) para os processos em curso, pela interposição de recurso próprio, inclusive embargos de declaração (Tema RG/STF 360 - RE 611503, Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, Relator p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 20/08/2018, DJe-053 de 19/03/2019. Vide: ED-AgReg-Rcl 15724, Red. Min. Alexandre de Moraes, DJE 151, de 17/06/2020 e AgR, Relator: Min. Alexandre de Moraes, Primeira Turma, julgado em 15/04/2020, DJe-118 de 13/05/2020) ; (b) para os processos em fase de execução, pela arguição de inexigibilidade da obrigação, por embargos à execução, impugnação ou exceção de pré- executividade, se a decisão transitou em julgado após a fixação da tese pelo STF, na forma dos arts. 525, §§ 12 e 14, 535, §§ 5º e 7º do CPC/2015 (com seus correspondentes do CPC/1973: art. 741, parágrafo único, do CPC, do art. 475-L, § 1º ), e 884, § 5º, da CLT; ou (c) mediante propositura de ação rescisória, se a decisão transitou em julgado antes da fixação da tese pelo STF (§ 15 do art. 525 e § 8º do art. 535 do CPC/2015) . VII. No caso dos autos , a Reclamante ajuizou reclamação trabalhista, pretendendo a condenação do Reclamado ao pagamento de parcelas trabalhistas . Em sentença, afastou-se a arguição de incompetência da Justiça do Trabalho, " ante a ausência de demonstração cabal da existência de regime jurídico próprio ". Ao analisar o recurso ordinário interposto pelo Reclamado, o Tribunal Regional manteve o entendimento quanto à competência da Justiça do Trabalho, contrariando a interpretação conforme, fixada pelo STF. O agravo de instrumento em recurso de revista do Reclamado foi conhecido e desprovido, operando-se o trânsito em julgado em 25/02/2016 , ou seja, após o julgamento, pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, da medida cautelar na ADI nº 3.395/MC (Rel. Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 05/04/2006 , DJ 10/11/2006). Em fase de execução de sentença, o Juízo de Primeiro Grau e a Corte Regional rejeitaram novamente a arguição de incompetência da Justiça do Trabalho para julgar o presente feito, sob o fundamento da imutabilidade da coisa julgada. VIII. Assim sendo, adotando-se o fator cronológico objetivo previsto no Tema nº 360 da Tabela de Repercussão Geral ( trânsito em julgado após a decisão do STF ), há de se declarar a inexigibilidade da obrigação fundada em sentença exequenda que deixou de aplicar entendimento do STF. Ao afastar do caso concreto a incidência do 535, §§ 5º e 7º, do CPC e do art. 884, § 5º, da CLT, a Corte Regional decidiu em desconformidade com o entendimento sedimentado nos Temas nº 360 e 733 da Tabela de Repercussão Geral do STF, violando, desse modo, o art. 114, I, da CF, com a interpretação conforme atribuída pela ADI nº 3.395/DF. IX. Não viola a garantia da coisa julgada o reconhecimento da eficácia rescisória quando a decisão tenha descumprido precedente do STF, julgando contrariamente à tese firmada pelo seu Plenário, pois os dispositivos do art. 535, § 5º, do CPC, bem como o do § 5º do art. 884 da CLT, já declarados constitucionais (ADI 2.418, Relator Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 04/05/2016, DJe-243 de 17/11/2016), " buscam harmonizar a garantia da coisa julgada com o primado da Constituição, agregando ao sistema processual brasileiro, um mecanismo com eficácia rescisória de sentenças revestidas de vício de inconstitucionalidade qualificado ". X. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento" (RR-1485- 35.2013.5.22.0101, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 09/10/2020).
Ressalte-se que o acórdão paradigma do TST, acima
colacionado, destaca três hipóteses de efeitos rescisórios, a depender do momento em que a sentença, fundada em lei inconstitucional, foi proferida:
1) Processos em curso:
O questionamento da matéria inconstitucional deve se dar
pela interposição de recurso próprio, inclusive embargos de declaração;
2) Processos em fase de execução
Pela arguição de inexigibilidade da obrigação, por embargos
à execução, impugnação ou exceção de pré-executividade, se a decisão que se fundou em lei inconstitucional transitou em julgado após a fixação da tese pelo STF, na forma dos arts. 525, §§ 12 e 14, e 884, § 5º, da CLT;
Destaque-se a possibilidade de alegação em embargos à
execução, pelo art. 884 da CLT.
Com efeito, o STF estabeleceu tese por ocasião do
julgamento do Tema de repercussão geral 360 - STF - RE 611503, reconhecendo que a alegação de inexigibilidade do título pode se dar mediante a via de embargos de execução, na hipótese de a sentença exequenda ser posterior ao trânsito em julgado da declaração de inconstitucionalidade:
São constitucionais as disposições normativas do
parágrafo único do art. 741 do CPC, do § 1ºdo art. 475-L, ambos do CPC/73, bem como os correspondentes dispositivos do CPC/15, o art.525, § 1º, III e §§ 12 e 14, o art. 535, § 5º. São dispositivos que, buscando harmonizar a garantia da coisa julgada com o primado da Constituição, vieram agregar ao sistema processual brasileiro um mecanismo com eficácia rescisória de sentenças revestidas de vício de inconstitucionalidade qualificado, assim caracterizado nas hipóteses em que (a) a sentença exequenda esteja fundada em norma reconhecidamente inconstitucional, seja por aplicar norma inconstitucional, seja por aplicar norma em situação ou com um sentido inconstitucionais; ou (b) a sentença exequenda tenha deixado de aplicar norma reconhecidamente constitucional; e (c) desde que, em qualquer dos casos, o reconhecimento dessa constitucionalidade ou a inconstitucionalidade tenha decorrido de julgamento do STF realizado em data anterior ao trânsito em julgado da sentença exequenda.
(RE 611503 - Repercussão Geral – Mérito - Órgão
julgador: Tribunal Pleno - Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI - Redator(a) do acórdão: Min. EDSON FACHIN - Julgamento: 20/08/2018 - Publicação: 19/03/2019)
Nesse sentido, o seguinte julgado:
[...]
3 - Encontram-se exaustivamente declinados no acórdão
embargado os fundamentos pelos quais o agravo de instrumento não reunia condições de provimento, valendo destacar os seguintes trechos: "Contudo, no caso concreto, o trânsito em julgado do título executivo ocorreu após os julgamentos do STF sobre a licitude da terceirização, e, diante desse contexto, o TRT declarou a inexigibilidade do título executivo, com base nos artigos 884, § 5º, da CLT, e 525, § 12, do CPC, assentando que ' o julgamento proferido pelo STF ressalvou os processos nos quais tenha operado a coisa julgada na data do referido julgamento (30/08/2018), o que não é o caso dos autos, pois o trânsito em julgado do presente feito ocorreu em 01/03/2019'. Esse posicionamento está em conformidade com os seguintes julgados proferidos por esta Corte Superior: (...)" (fls. 1545-1546). Concluiu-se, assim, que " não há falar em ofensa literal e direta ao artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição da República nos moldes exigidos no artigo 896, § 2º, da CLT" (fl. 1550).
4 - Desse modo, não se constata omissão no julgado capaz de
justificar a oposição dos presentes embargos de declaração.
(ED-AIRR-11479-55.2017.5.03.0011, 6ª Turma, Relatora Ministra
Katia Magalhaes Arruda, DEJT 24/09/2021).
3) Ação rescisória,
No caso de a decisão transitar em julgado antes da fixação da
tese pelo STF (§ 15 do art. 525 e § 8º do art. 535 do CPC/2015), estando o processo em fase de execução ou não.
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