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Guia do Professor

Encontros
Português, 10.º ano
Unidade 0 · Diagnóstico e Projeto de Leitura
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Nota: As atividades iniciais de diagnose apresentadas nesta e nas próximas páginas (pp. 14-21) têm como base as Metas Curriculares de Português do Ensino Básico – 9.º ano.

Educação Literária
MC Metas Curriculares de Português do Ensino Básico – 9.º ano
EL20.2. Identificar temas, ideias principais, pontos de vista e universos de referência, justificando.
EL20.3. Reconhecer e caracterizar elementos constitutivos da narrativa (estrutura; ação e episódios; personagens, narrador da 1.ª e da 3.ª pessoas; contextos espacial e temporal).
EL20.4. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL20.6. Identificar processos da construção ficcional relativos à ordem cronológica dos factos narrados e à sua ordenação na narrativa.
EL20.7. Identificar e reconhecer o valor dos recursos expressivos já estudados e, ainda, dos seguintes: anáfora, símbolo, alegoria e sinédoque.

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1. O texto tem como função apresentar uma breve sinopse da ação narrada na obra Os livros que devoraram o meu pai. Trata-se de um texto de carácter apelativo, com a finalidade de
apresentar a obra e estimular a sua aquisição/leitura.
2. O excerto é constituído por uma ação principal, protagonizada pelo narrador, em que este se senta no cadeirão e “entra” na história do romance Fahrenheit 451, interagindo com algumas
personagens desta obra e com Raskolnikov (ll. 1-2, 20-43), e por uma ação secundária, constituída pelo resumo do enredo de Fahrenheit 451 (ll. 2-19).
2.1. As duas ações são articuladas por meio de um processo de encaixe.
3. Quanto à ação principal, o narrador é participante (autodiegético), intervindo na história narrada como personagem (“De repente, atrás de mim, ouvi um barulho.”, l. 29); quanto à ação
secundária, é não participante (heterodiegético), não intervindo na história narrada como personagem (“Os bombeiros, nesse universo criado por Ray Bradbury (o autor), não servem para
apagar fogos.”, ll. 4-5).
4. a. No excerto, está presente a metáfora, que realça a importância adquirida pelos livros na vida de alguns homens, a ponto de estes se tornarem numa espécie de biblioteca andante.
b. Neste excerto, está presente a metáfora, que realça a incapacidade de reação (verbal) por parte do narrador ao ser confrontado com a ordem de Raskolnikov.
5. A obra Fahrenheit 451 poderá ser encarada, por um lado, como uma censura ao desinteresse pelos livros (destruição dos livros por meio do fogo) e, por outro lado, como uma apologia dos
livros e das bibliotecas (leitura dos livros, às escondidas; ato de decorar os livros pelos dissidentes).

Fahrenheit 451 (1953)


• Romance escrito por Ray Bradbury (1920-2012) e publicado pela primeira vez em 1953
• Título: alusão à temperatura (em graus Fahrenheit) da combustão do papel (equivalente a 233 graus Celsius)
• Enredo: um governo totalitário proíbe qualquer tipo de leitura – a leitura deixa de ser uma forma de aquisição de conhecimento e as pessoas só têm acesso à informação através da
televisão
• Intencionalidade: crítica à sociedade, nomeadamente à forma como a televisão destrói o interesse pela leitura
• Obra pertencente à lista do Plano Nacional de Leitura para o Ensino Secundário

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Leitura
MC Metas Curriculares de Português do Ensino Básico – 9.º ano
L9.2. Explicitar temas e ideias principais, justificando.
L9.3. Identificar pontos de vista […], justificando.
L9.4. Reconhecer a forma como o texto está estruturado, atribuindo títulos a partes e subpartes.
L9.5. Analisar relações intratextuais: semelhança, oposição, parte – todo, causa – consequência, genérico – específico.

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1. No texto desenvolve-se o tema da leitura – focando a distinção entre os “bons” e os “maus“ romances e o processo de desenvolvimento do gosto literário desde a infância até à fase
de maturação.
2. O texto pode ser dividido em três partes:
• diferença entre o “bom” romance e o “mau” romance (ll. 1- 34);
• evolução do gosto literário do autor (ll. 35-50);
• educação do gosto literário dos alunos pelo pedagogo (ll. 51-53).
3. Para o autor, os “maus” romances são caracterizados pela falta de originalidade, pelo carácter estereotipado, pela exploração de sentimentos e emoções sensacionalistas, pela
sujeição aos gostos do público/mercado e pela simplificação/mentira; os “bons” romances, por outro lado, são marcados pela complexidade/verdade e pela reação à literatura que
se limita a reproduzir “formas” pré-estabelecidas.
4.1. O autor refere-se aos adultos que tinham legitimidade para avaliar os seus gostos literários – nomeadamente os professores.
5.1. d. Na linha 33 especificam-se dois tipos de romances: os “bons” (apresentados em primeiro lugar) e os “maus” (apresentados em segundo lugar). A expressão “os segundos” refere-se aos
romances que são apresentados em segundo lugar.
5.2. b. Neste parágrafo estabelecem-se as seguintes relações de oposição:
• entre a literatura infantil (Bibliothèque Verte) e a literatura destinada aos adultos (Guerra e Paz);
• entre os “bons” romances (Doutor Jivago) e os “maus” romances (coleção Harlequin).

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Gramática
MC Metas Curriculares de Português do Ensino Básico – 9.º ano
G24.1. Identificar processos fonológicos de inserção (prótese, epêntese e paragoge), supressão (aférese, síncope e apócope) e alteração de segmentos (redução vocálica, assimilação,
dissimilação, metátese).
G25.1. Sistematizar as regras de utilização do pronome pessoal em adjacência verbal em todas as situações.
G25.2. Consolidar o conhecimento de todas as funções sintáticas.
G25.3. Identificar orações substantivas relativas.
G25.4. Dividir e classificar orações.
G26.1. Identificar neologismos […].

1. “cafetaria e restaurante da incubadora do Parque Tecnológico de Óbidos” – modificador apositivo do nome; “a rede internacional de bookcrossing” – complemento direto; “num espaço
público” – complemento oblíquo; “em cidades, países ou até mesmo continentes diferentes” – modificador (do grupo verbal); “Todos os amantes da leitura” – sujeito; “por outro leitor” – com-
plemento agente da passiva.
2. “No bookcrossing deixam-se livros num espaço público” – oração subordinante; “para que sejam encontrados por outros leitores” – oração subordinada adverbial final; “que continuarão
a cadeia” – oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
3. “Quem for um amante da leitura”.
4. bookcrossing – trata-se de um neologismo pois é uma palavra que ainda é sentida como nova pela comunidade.
5. a. Os que aderem ao bookcrossing partilham-nos.
b. Quem adere ao bookcrossing costuma lê-los.
c. Os amantes da leitura conhecê-la-ão.
d. Há quem não o conheça.
6. c.

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Escrita
MC Metas Curriculares de Português do Ensino Básico – 9.º ano
E13.1. Consolidar os procedimentos de planificação de texto já adquiridos.
E14.1. Ordenar e hierarquizar a informação, tendo em vista a continuidade de sentido, a progressão temática e a coerência global do texto.
E14.4. Diversificar o vocabulário e as estruturas sintáticas.
E14.5. Consolidar as regras de uso de sinais de pontuação para delimitar constituintes de frase e para veicular valores discursivos.
E17.1. Escrever textos argumentativos com a tomada de uma posição; a apresentação de razões que a justifiquem, com argumentos que diminuam a força das ideias contrárias; e uma
conclusão coerente.
E17.2. Escrever textos de argumentação contrária a outros propostos pelo professor.
E19.1. Reformular o texto de forma adequada, mobilizando os conhecimentos de revisão de texto já adquiridos.

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Oralidade
MC Metas Curriculares de Português do Ensino Básico – 9.º ano
O1.1. Identificar o tema e explicitar o assunto.
O1.2. Identificar os tópicos.
O2.1. Identificar ideias-chave.
O3.1. Retomar, precisar ou resumir ideias, para facilitar a interação.
O3.2. Estabelecer relações com outros conhecimentos.
O3.3. Debater e justificar ideias e opiniões.
O3.4. Considerar pontos de vista contrários e reformular posições.

Vídeo
Reportagem “Óbidos – Vila Literária” [6 min 51 s]

1.1. a. 4.; b. 1.; c. 3.; d. 7.; e. 6.; f. 5.; g. 2.


1.2.1. c.
1.2.2. a.
1.2.3. a.

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1.2.4. b.
1.3. O tema da reportagem são as livrarias existentes na Vila Literária de Óbidos.
1.4. Ao longo da reportagem são abordados os seguintes tópicos: Óbidos como Vila Literária (apresentação); livraria Histórias com Bicho, livraria da Igreja de São Tiago, livraria do Mercado
Biológico de Óbidos; restantes livrarias; Óbidos como Vila Literária (síntese/conclusão).

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PL Encontram-se disponíveis materiais de apoio ao Projeto de Leitura nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor (versão impressa).

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Nota: De acordo com o Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Secundário, a articulação do Projeto de Leitura com a Oralidade e a Escrita far-se-á mediante a concretiza-
ção de atividades inerentes a estes domínios. Nesse sentido, apresentam-se quatro propostas de trabalho: mesa-redonda, reflexão/debate, leitura em voz alta e blogue.
Podem ainda ser exploradas várias formas de relacionamento com o domínio da Leitura, nomeadamente a proposta de obras que pertençam a alguns dos géneros a estudar nesse domínio
(por exemplo, relatos de viagem).

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Atividade 1 – Mesa-redonda
Educação Literária | Oralidade | Leitura
MC
EL15.1. Reconhecer valores culturais, éticos e estéticos manifestados nos textos.
EL15.2. Valorizar uma obra enquanto objeto simbólico, no plano do imaginário individual e coletivo.
EL15.3. Expressar pontos de vista suscitados pelos textos lidos, fundamentando.
EL15.4. Fazer apresentações orais (5 a 7 minutos) sobre obras […].
EL15.6. Ler uma ou duas obras do Projeto de Leitura relacionando-a(s) com conteúdos programáticos de diferentes domínios.
O4.1. Respeitar o princípio de cortesia: formas de tratamento e registos de língua.
O4.2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.
O5.2. Produzir textos seguindo tópicos elaborados autonomamente.
O5.3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.
L7.6. Explicitar, em textos apresentados em diversos suportes, marcas dos seguintes géneros: relato de viagem […].

Nota: A apresentação da obra lida poderá ter como base uma atividade de síntese oral (p. 46).

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Atividade 2 – Reflexão / Debate
Educação Literária | Oralidade
MC
EL15.6. Ler uma ou duas obras do Projeto de Leitura relacionando-a(s) com conteúdos programáticos de diferentes domínios.
O4.1. Respeitar o princípio de cortesia: formas de tratamento e registos de língua.
O4.2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.

Atividade 3 – Leitura em voz alta


Educação Literária
MC
EL14.1. Ler expressivamente em voz alta textos literários, após preparação da leitura.
EL15.6. Ler uma ou duas obras do Projeto de Leitura relacionando-a(s) com conteúdos programáticos de diferentes domínios.

Atividade 4 – Blogue
Educação Literária | Escrita
MC
EL15.6. Ler uma ou duas obras do Projeto de Leitura relacionando-a(s) com conteúdos programáticos de diferentes domínios.
E12.3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização
adequada de conectores.
E12.4. Mobilizar adequadamente recursos da língua: uso correto do registo de língua, vocabulário adequado ao tema, correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na pontuação.
E12.6. Explorar as virtualidades das tecnologias de informação na produção, na revisão e na edição do texto.
E13.1. Pautar a escrita do texto por gestos recorrentes de revisão e aperfeiçoamento, tendo em vista a qualidade do produto final.

PPT
Referências bibliográficas
Elementos paratextuais

Unidade 1 · Compreender e produzir géneros textuais


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Leitura
MC
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.

Maria Antónia Coutinho


(acoutinho@fcsh.unl.pt)
Professora Associada na FCSH/NOVA e investigadora do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (CLUNL). Doutorada em Linguística, especialidade Teoria do Texto, tem
publicado artigos e orientado teses de mestrado e de doutoramento nesta mesma área.

Nota: Nesta unidade, são apresentadas propostas de trabalho que visam a compreensão e produção dos géneros textuais cujo estudo se encontra preconizado no Programa e Metas
Curriculares de Português do Ensino Secundário, nomeadamente:
• Compreensão do oral: reportagem, documentário, anúncio publicitário;
• Expressão oral: síntese, apreciação crítica;
• Leitura: relato de viagem, artigo de divulgação científica, exposição sobre um tema, apreciação crítica;
• Escrita: síntese, exposição sobre um tema, apreciação crítica.

A unidade surge estruturada em vários momentos:


• Contextualização, em que se apresenta a noção de género textual;
• Corpo da unidade, constituído por quatro subunidades (em que se trabalha a compreensão – oral e escrita – e se consolidam conteúdos gramaticais aprendidos no Ensino Básico),
intercaladas com fichas de Informação e Aplicação (em que se foca a expressão oral e escrita):
Subunidade 1: Anúncio publicitário (compreensão do oral) e relato de viagem (leitura);
Subunidade 2: Apreciação crítica (leitura);
Informação e Aplicação: Apreciação crítica (expressão oral e escrita);
Subunidade 3: Reportagem (compreensão do oral) e artigo de divulgação científica (leitura);
Informação e Aplicação: Síntese (expressão oral e escrita).
Subunidade 4: Documentário (compreensão do oral) e exposição sobre um tema (leitura);
Informação e Aplicação: Exposição sobre um tema (escrita).

3
• Síntese da unidade, em que se sistematizam as características específicas dos géneros textuais trabalhados ao longo da unidade;
• Teste formativo, em que se testam conteúdos abordados ao longo da unidade.
Esta unidade poderá ser abordada de duas formas distintas:
• autonomamente, como um todo e de forma sequencial, fornecendo ao aluno, no início do ano letivo, as ferramentas necessárias para trabalhar a oralidade, a leitura e a escrita
durante o resto do ano;
• integrando as suas subunidades nas restantes unidades – nesse sentido, são apresentadas, no Guia do Professor, remissões para atividades e textos abordados nas Unidades 2 a 7.

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1.1. a. email, notícia, entrevista, reportagem, documentário, romance, banda desenhada, biografia, autobiografia, anúncio publicitário, blogue, debate, discurso político.
b. Produtor textual e respetivo papel social; papel social do recetor textual; circunstância (tempo e espaço), intencionalidade.
c. Estrutura do texto; recursos gramaticais e não verbais que estabelecem e identificam a estrutura do texto.
d. Familiar, quotidiana, religiosa, política, partidária, comercial, jornalística, empresarial, publicitária, escolar, académica, científica, literária, jurídica…
e. Épocas caracterizadas pela reprodução de modelos (cf. sonetos de Camões, Os Lusíadas) vs. épocas de inovação (cf. Romantismo).
f. Desenvolvimento pessoal (em termos sociais, profissionais e culturais); fruição do património estético, ético, simbólico e cultural.

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Oralidade
MC
O1.1. Identificar o tema dominante […].
O1.2. Explicitar a estrutura do texto.
O1.4. Fazer inferências.
O1.5. Distinguir diferentes intenções comunicativas.
O1.6. Verificar a adequação e a expressividade dos recursos verbais e não verbais.
O1.7. Explicitar, em função do texto, marcas dos seguintes géneros: […] anúncio publicitário.

Vídeos
“Viagens com autores” [0 min 31 s]
“Como organizar uma mochila para trekking” [3 min]

1.1. b. Agência de viagens: Nomad.pt.


Marca de equipamento The North Face.
c. Potenciais consumidores do serviço publicitado.
e. Divulgar diretamente um serviço (viagem), incitando ao consumo.
f. Divulgar indiretamente um serviço (viagem) e produtos desportivos, incitando ao consumo.
i. Viagens Pinto Lopes.
j. Mochila para trekking (caminhada longa e difícil por terrenos acidentados e montanhosos, feita com intuito recreativo).
l. Instruções para organizar uma mochila para trekking.
m. Anúncio estruturado em dois momentos:
1. Enumeração de três pormenores apelativos relacionados com características de cidades (destinos de viagem), formulados como perguntas (“Sabia que…?”);
2. Reação às perguntas/publicitação do serviço (Viagens Pinto Lopes).
n. Anúncio estruturado em quatro momentos:
1. Autoapresentação do locutor;
2. Enumeração de instruções sobre a forma de arrumação da mochila;
3. Sistematização de instruções (checklist);
4. Apresentação do logótipo das marcas/entidades envolvidas (Nomad.pt, The North Face, Parque Nacional da Peneda-Gerês).
o. Variação entre a entoação interrogativa (interrogações retóricas) e a entoação declarativa (resposta final).
p. Entoação declarativa/persuasiva (tom instrucional); uso de verbos na 1.ª pessoa do plural do presente do indicativo (“vamos tentar”, “vamos pensar”, “vamos evitar”, “ajustamos”);
neologismos com sentido técnico (“trekking”).
q. Oralidade.
s. Apresentador (Tiago Salazar): entoação interrogativa (interrogações) e declarativa (reação às questões); pausas ligeiras entre questões; ritmo pausado; postura estática; olhar frontal
(direto para a câmara).
u. Imagens em movimento, relacionadas com as perguntas; música ambiente, imprimindo ritmo e dinamismo.
v. Imagens em movimento: articulação entre duas situações diferentes (explicação/instrução – grande plano do apresentador; caminhada/trekking, em várias fases do dia, em cenário mon-
tanhoso – Parque Nacional da Peneda-Gerês); articulação entre momentos com locução e momentos com música, imprimindo ritmo e dinamismo.
1.2. Anúncio publicitário A: Relativa eficácia argumentativa, que resulta da estratégia discursiva utilizada (“Sabia que…? São estas e muitas outras histórias que tenho para lhe contar numa
viagem Pinto Lopes”) e da articulação entre as imagens selecionadas e o texto oral.
Anúncio publicitário B: Grande eficácia comunicativa, que resulta não da publicidade direta aos produtos (é veiculada mais ou menos subliminarmente, através das imagens da roupa e
equipamento dos caminhantes, sugerindo sensações de bem-estar e segurança), mas do poder sugestivo, que resulta do tom didático/instrucional (“dicas” para organizar uma mochila
para trekking).
2. Carácter apelativo (tempos e modos verbais, entoação, neologismos); multimodalidade (conjugação de diferentes linguagens e recursos expressivos, verbais e não verbais); eficácia
comunicativa e poder sugestivo.

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Leitura
MC
L7.1. Identificar o tema dominante, justificando.
L7.2. Fazer inferências, fundamentando.
L7.3. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
L7.5. Relacionar aspetos paratextuais com o conteúdo do texto.
L7.6. Explicitar, em textos apresentados em diversos suportes, marcas dos seguintes géneros: relato de viagem […].

Bárbara Assis Pacheco (1973)


•A
 rtista plástica portuguesa, desenvolve trabalho nas áreas da pintura, ilustração e fotografia

4
• Formação académica em Arquitetura
1.1. Representação de plantas e aves exóticas, associadas à Índia (pau de canela, cardamomo, anis, malagueta, cravinho, raiz de gengibre, vagem de baunilha, etc.).

PPT
Ilustração de Bárbara Assis Pacheco

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3.1.
1.º parágrafo:
• informação significativa: embarque em avião, a 30 de novembro, rumo à Índia, em viagem;
• tema: viagem à Índia;
2.º parágrafo:
• informação significativa: características emblemáticas da Índia;
• tema: Índia;
3.º parágrafo:
• informação significativa: consequências psicológicas da chegada a uma cidade desconhecida a meio da noite;
• tema: viagem;
4.º parágrafo:
• informação significativa: sensações causadas por certos lugares em contexto de viagem; sensações causadas pela chegada a Veneza, numa noite de novembro;
• tema: viagem a Veneza;
5.º parágrafo:
• informação significativa: sensações causadas pela chegada a Bombaim; características da cidade e dos habitantes de Bombaim; confronto entre as dificuldades inerentes a uma viagem
à Índia na época de Camões e as facilidades associadas às viagens atuais ao mesmo local;
• tema: viagem a Bombaim.

Pág. 35
3.1.1. Existência de um tema predominante (viagem a Bombaim), a que se associam os restantes temas (tema da viagem; tema da Índia; tema de Bombaim; tema de Veneza).
Encadeamento lógico dos tópicos: relato do momento da partida para a Índia, a que se chegará durante a noite → reflexão sobre a Índia → reflexão sobre as sensações causadas pela
chegada a um local desconhecido durante a noite → exemplificação (viagem a Veneza) → chegada a Bombaim → reflexão sobre as sensações causadas pela chegada a Bombaim durante
a noite → caracterização da realidade observada no momento da chegada (ambiente e habitantes).
4.1. Exemplo:
Excerto narrativo:
• “Despachada a bagagem dita de porão, embarcámos aos trinta dias de novembro […]” (l. 1);
• marcas: pretérito perfeito simples (“embarcámos”), localizador temporal que marca a passagem do tempo (“aos trinta dias de novembro”).
Excerto descritivo:
• “Além da tripulação […] governação do Estado […]” (ll. 3-5);
• marcas: pretérito imperfeito do indicativo (“éramos”, “entravam”), predomínio de adjetivos (“limpa”, “antigos”, “atuais”) e nomes (“tripulação”, “passageiros”, “gente”, “moradores”).
5. Discurso pessoal (prevalência da primeira pessoa):
• formas verbais: “embarcámos” (l. 1), “éramos” (l. 3), “reparo” (l. 20), “Suspeito” (l. 23), “senti” (l. 33);
• pronomes: “[alerta-]me” (l. 19), “mim” (l. 21), “me” (l. 22);
• determinantes: “nossos” (l. 28).
6. Nota: Décadas da Ásia
• Livros em que se narram os feitos dos portugueses na Índia
• Cada livro reúne os acontecimentos relativos a períodos de dez anos
• Autores: João de Barros (livros I a IV) e Diogo do Couto (livros IV a XII)
6.1. Recurso utilizado para citar palavras de um texto alheio e para marcar a intertextualidade entre as duas obras.
7. Variedade de temas; discurso pessoal (prevalência da 1.ª pessoa); dimensões narrativa e descritiva; multimodalidade (diversidade de recursos).

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Leitura
MC
L7.2. Fazer inferências, fundamentando.
L7.3. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
L7.4. Explicitar o sentido global do texto, fundamentando.
L7.5. Relacionar aspetos paratextuais com o conteúdo do texto.
L7.6. Explicitar, em textos apresentados em diversos suportes, marcas dos seguintes géneros: relato de viagem […] e apreciação crítica.

1.1. Marcas de género específicas:


• variedade de temas: viagem a Goa, Goa (tradições, cultura), reflexão autobiográfica;
• discurso pessoal (prevalência da 1.ª pessoa): “Vim carregado” (ll. 11-12), “Trouxe comigo” (l. 22), “tornei-me mais atento” (l. 23);
• dimensões narrativa e descritiva:
– dimensão narrativa: “Trouxe comigo um bloco” (l. 22);
– dimensão descritiva: “Quem regressa de uma terra tão diversa traz fragmentos de caras, casas, ruas, cheiros, quartos, uma carga de imagens” (ll. 8-10).
1.2. Acentuar o contraste existente entre a forma como a Índia era encarada pelos portugueses das Descobertas aquando do seu regresso à pátria e a forma como este país é encarado
atualmente, por quem daí regressa.
1.3. Recursos expressivos:
• adjetivação anteposta: “estonteante exuberância” (l. 3), “infindável memória” (l. 24), “incansável murmúrio” (l. 24) – valor subjetivo/conotativo, realçando o ponto de vista do autor;
• advérbio com valor modal “confusamente” (l. 22) – sugestão da dificuldade em registar por escrito a riqueza da realidade observada;
• enumeração: “nomes, imagens, atributos dos deuses” (l. 5); “caras, casas, ruas, cheiros, quartos” (l. 9) – realce da diversidade/variedade e da quantidade de elementos da realidade observada;
• neologismo estilístico: “alfândega-roleta” (l. 10) – sugestão da probabilidade de manter na memória ou de esquecer a realidade apreendida.

5
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1.4. Título: sugestão temática e sonora (cf. aliteração e uso do verbo onomatopaico) da forma como a riqueza cultural da Índia (resultante de contactos culturais diversos) é percecionada
individualmente.
Ilustração da capa: motivos que remetem para a cultura oriental, sugerindo duas imagens distintas (monumento arquitetónico e adorno feminino para a cabeça).

Pág. 39
3.1. Elementos paratextuais:
• género de texto: “Crítica” (sinónimo de apreciação crítica);
• título do texto: “Outra Índia”;
• autor do texto: “Gustavo Rubim”;
• data de publicação do texto: 15-02-2012;
• objeto de apreciação crítica: O Murmúrio do Mundo: A Índia Revisitada;
• classificação: cinco estrelas;
• citação retirada da própria apreciação crítica.
Corpo da apreciação crítica:
• introdução: apresentação do objeto de análise (1.º parágrafo);
• desenvolvimento: descrição e apreciação do objeto de análise, seguindo uma ordem lógica: assunto (2.º, 3.º e 4.º parágrafos), intertextualidade com outras obras (5.º e 6.º parágrafos),
ilustrações (6.º parágrafo);
• conclusão: importância/valor da obra (7.º parágrafo).
4.1. a. Qualidade literária.
d. Adequação do tema/assunto tratado (leveza, elegância, imaginação, inteligência).
f. Prosa clássica, bem medida (bem escrita).
h. Rigor dos dados culturais e políticos transmitidos (cf. memória do império colonial português).
j. Realismo (cf. descrições de monumentos e de espetáculos).
l. Recurso constante à intertextualidade, citando obras e autores, nem sempre obedecendo às regras formais de citação (identificação da obra e do autor citado).
m. Ilustrações.
5. a. A prosa de Almeida Faria veicula os valores culturais e éticos na medida certa.
b. As ilustrações de Bárbara Assis Pacheco não são meras ilustrações, pois retratam de forma pormenorizada e atenta a cultura indiana, sendo também elas uma forma de arte. (Nota: cf.
ilustração da p. 33)
c. Viajar implica o confronto com outras culturas, que têm a sua história, e a consciencialização de que o presente é resultado do passado (passado esse que, neste caso, surge representado
por Michiel Sweerts).
6. Recurso à intertextualidade, não cumprindo as regras convencionais de citação (citação direta de um texto alheio, sem identificação do autor e da obra).
7. Apresentação crítica em que o autor (especialista em literatura) manifesta uma opinião muito favorável relativamente ao objeto de apreciação (livro O Murmúrio do Mundo: A Índia
Revisitada) a nível temático, estilístico e ideológico.

Gramática
MC
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.

1. a. Sujeito.
b. Predicado.
c. Predicativo do sujeito.
d. Sujeito.
e. Predicado.
f. Complemento oblíquo.
g. Modificador restritivo do nome.
h. Sujeito.
i. Predicado.
j. Complemento oblíquo.
1.1. Bárbara Assis Pacheco, que também fez a viagem – sujeito; que também fez a viagem – modificador apositivo do nome (que – sujeito; fez a viagem – predicado; a viagem – complemento
direto); ilustra estas páginas de maneira perfeita – predicado; estas páginas – complemento direto; de maneira perfeita – modificador (do grupo verbal); perfeita – modificador restritivo do
nome.

Sugestão:
Encontra-se disponível, no Caderno de Atividades (pp. 42-44), uma ficha de Leitura | Gramática com base na apreciação crítica “Um compêndio do coração”.

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Oralidade | Escrita
MC
O3.1. Pesquisar e selecionar informação.
O3.2. Planificar o texto oral, elaborando tópicos de suporte à intervenção.
O4.2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.
O5.3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.
O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: […] apreciação crítica.
O6.2. Respeitar as marcas de género do texto a produzir.
O6.3. Respeitar as seguintes extensões temporais: […] apreciação crítica – 2 a 4 minutos.
E10.1. Pesquisar informação pertinente.
E10.2. Elaborar planos: a) estabelecer objetivos; b) pesquisar e selecionar informação pertinente; c) definir tópicos e organizá-los de acordo com o género de texto a produzir.
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: […] apreciação crítica.
E12.1. Respeitar o tema.
E12.2. Mobilizar informação adequada ao tema.
E12.3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização
adequada de conectores.

6
E12.4. Mobilizar adequadamente recursos da língua: uso correto do registo de língua, vocabulário adequado ao tema, correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na pontuação.
E13.1. Pautar a escrita do texto por gestos recorrentes de revisão e aperfeiçoamento, tendo em vista a qualidade do produto final.

Pág. 41
Exercícios
1.1.
Nota: Informação sobre a instalação feita em Buenos Aires, em 2011, ano em que esta cidade foi a Capital Mundial do Livro:
• espiral de seis pisos, com 28 metros de altura;
• livros que constituem a torre: clássicos da literatura, dicionários, best-sellers, livros de divulgação, etc.; percorrendo todas as línguas;
• livros doados por embaixadas e associações de 52 países;
• objetivo da artista: “unir todas as raças através do livro e recordar a mítica Torre de Babel, com mais de 4 mil anos”.

PDF
Exemplos de instalações artísticas, que poderão constituir o objeto da apreciação crítica solicitada, e Guiões de produção de apreciação crítica (oral e escrita) disponíveis nos Recursos
do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Sugestão:
Encontra-se disponível, no Caderno de Atividades (pp. 68-69), um exercício de Escrita de apreciação crítica de um filme pertencente ao Plano Nacional de Cinema.

Pág. 42
Oralidade
MC
O1.1. Identificar o tema dominante […].
O1.2. Explicitar a estrutura do texto.
O1.7. Explicitar, em função do texto, marcas dos seguintes géneros: reportagem […].

Vídeo
Reportagem “Palácio de Mafra tem a maior coleção de livros proibidos pela Inquisição” [6 min 6 s]

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Grelha de análise de reportagem disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

2. Biblioteca do Palácio de Mafra; tema geral, aglutinador, que engloba os restantes subtemas (livros proibidos, ação dos morcegos, etc.).
2.1. e., c., a., b., f., d., g.
3.1. a. 1., 2., 4., 5.
b. 3., 7.
c. 6.
3.2. Pontos de vista de Teresa Amaral:
• ponto de vista pessoal (marcado pela 1.ª pessoa do singular): “eu penso”;
• ponto de vista do grupo em que Teresa Amaral se inclui: “temos”.
Ponto de vista da locutora:
• ponto de vista impessoal (marcado pela 3.ª pessoa do singular): “precisa”.
4. Sim. Trata-se de informação escolhida com critério e fundamentada em função da intenção comunicativa em causa (proporcionar ao espectador a análise e interpretação de factos relati-
vos à biblioteca do Palácio Nacional de Mafra, aos livros proibidos nela guardados e à conservação dos livros).
5. Variedade de temas, multiplicidade de intervenientes e pontos de vista (alternância da 1.ª e da 3.ª pessoas), informação seletiva, relação entre o todo e as partes.

Pág. 43
Leitura
MC
L7.1. Identificar o tema dominante, justificando.
L7.2. Fazer inferências, fundamentando.
L7.6. Explicitar, em textos apresentados em diversos suportes, marcas dos seguintes géneros: […] artigo de divulgação científica […].
L9.2. Analisar a função de diferentes suportes em contextos específicos de leitura.

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Grelha de análise de artigo de divulgação científica disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 44
2. Divulgação de dados relativos aos hábitos de morcegos nectarívoros – nomeadamente a emissão de uma “frequência modulada” que é refletida por determinadas plantas tropicais.
Nota: A informação apresentada nas linhas 1 e 2 tem uma função de resumo, explicitando o assunto do texto.
3.1.
1.ª parte (ll. 1-35):
• A espécie de morcegos Glossophaga commissarisi é nectarívora, sorvendo o mel das flores de Mucuna holtonii, durante a noite.
• Ao contrário dos morcegos insectívoros, os morcegos nectarívoros emitem uma frequência modulada, que lhes permite conhecer a localização das flores em causa.
2.ª parte (ll. 36-58):
• Dado que os morcegos são polinizadores muito eficazes, as plantas moldaram as suas flores de modo a serem ouvidas, atraindo estes animais.

Pág. 45
3.2. a. Relação genérico-específico
1.º par.: informação de carácter geral, apresentada de forma simples e apelativa; 2.º par.: especificação/complexificação da informação apresentada no 1.º par. (com recurso a vocabulário
técnico).

7
b. Relação genérico-específico
3.º par.: informação de carácter geral, relativa a todos os morcegos, independentemente da espécie; 4.º par.: particularização, especificando a informação relativamente aos morcegos
nectarívoros.
c. Relação de causa-efeito, baseada numa lógica temporal (entre as três primeiras frases).
4. Exemplos:
a. “Os morcegos utilizam o som de alta frequência como instrumento de voo.” (l. 24).
b. “utilizam” (l. 24), “emitem” (l. 25), “alimenta-se” (l. 28).
c. “o biólogo italiano Lazzaro Spallanzani foi ridicularizado por sugerir […]” (ll. 51-52).
d. “concluiu” (l. 42), “percorrem” (l. 43), “foi ridicularizado” (l. 51).
e. “Glossophaga commissarisi” (l. 11), “frequência modulada” (l. 31), “nectarívoro” (l. 35).
5.1. Recursos para citar:
• citação direta, através de aspas (“Porque os morcegos são os polinizadores mais eficazes”, l. 38);
• citação indireta ou paráfrase (“Lazzaro Spallanzani foi ridicularizado por sugerir que os morcegos utilizavam os ouvidos para se orientarem no escuro”, ll. 51-53);
• utilização de verbos introdutores do discurso reproduzido (“explica”, l. 38; “sugerir”, l. 52).
Recursos para identificar as fontes:
• identificação da pessoa citada (Ralph Simon, Nathan Muchhala, Lazzaro Spallanzani).
6. A natureza tem a capacidade de se moldar a novas situações (as plantas moldaram as suas flores para captarem a atenção dos morcegos).
7.1. Revista impressa: facilmente consultável (não necessita de tecnologia nem de acesso à internet); sugestão de credibilidade/fiabilidade da informação apresentada.
Página online: acessibilidade dependente de tecnologia e de recurso à internet; predomínio da multimodalidade (articulação do texto escrito com imagens em movimento e com mate-
riais áudio e vídeo – cf. hiperligação no final do artigo).
8. Carácter expositivo, informação seletiva, hierarquização das ideias, explicitação das fontes, rigor e objetividade.

Gramática
MC
G18.4. Identificar orações subordinadas.
1.1. Exemplos:
a. “enquanto os beija-flores depositam o pólen recolhido num raio de cerca de duzentos metros” (ll. 43-44).
b. “Porque os morcegos são os polinizadores mais eficazes” (l. 38).
c. “para captar a atenção dos morcegos nectarívoros” (ll. 22-23).
d. “tal como fazem os beija-flores e as abelhas” (ll. 16-17).
e. “que […] as plantas moldaram as flores” (ll. 54-56).
f. “que se abrem durante a noite” (ll. 6-7).
k. “a que os cientistas chamam de frequência modulada” (ll. 30-31).
1.2. Exemplos:
Or. sub. adverbial condicional: Se os morcegos não contribuíssem para a polinização, a desflorestação seria maior.
Or. sub. adverbial concessiva: Ainda que tivesse razão, Lazzaro Spallanzani foi ridicularizado.
Or. sub. adverbial consecutiva: Algumas flores moldaram-se de tal modo que os morcegos as ouvem.
Or. sub. substantiva relativa: Quem conhece bem os morcegos sabe que eles contribuem para a polinização.
Nota: Encontra-se uma proposta de síntese escrita do artigo “A chamada da flor”, na p. 47.

Pág. 46
Oralidade | Escrita
MC
O3.2. Planificar o texto oral, elaborando tópicos de suporte à intervenção.
O4.2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.
O5.3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.
O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese […].
O6.2. Respeitar as marcas de género do texto a produzir.
O6.3. Respeitar as seguintes extensões temporais: síntese – 1 a 3 minutos […].
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: síntese […].
E12.4. Mobilizar adequadamente recursos da língua: uso correto do registo de língua, vocabulário adequado ao tema, correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na pontuação.
E13.1. Pautar a escrita do texto por gestos recorrentes de revisão e aperfeiçoamento, tendo em vista a qualidade do produto final.

Pág. 47
1. Nota: As ideias-chave das duas partes do texto encontram-se sintetizadas na p. 44, Guia do Professor, exercício 3.1.

PDF
Exemplos de artigos de divulgação científica, que poderão constituir o objeto da síntese solicitada, e Guiões de produção de síntese (oral e escrita) disponíveis nos Recursos do Pro-
jeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Sugestão:
Encontra-se disponível, no Caderno de Atividades (pp. 62-63), um exercício de Escrita de síntese de um excerto de diário de bordo.

Pág. 48
Oralidade
MC
O1.3. Distinguir informação subjetiva de informação objetiva.
O1.4. Fazer inferências.
O1.7. Explicitar, em função do texto, marcas dos seguintes géneros: […] documentário […].
O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: […] apreciação crítica.

Vídeo
Excerto do documentário “Grandes Portugueses – Infante D. Henrique” [4 min 12 s]

8
PDF
Grelha de análise de documentário disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

2.1. Embarcações portuguesas; caravela latina; instrumentos de navegação; Escola de Sagres.


2.2. Comparações:
• “balestilha” – “espécie de cabide” (analogia);
• “quadrante” – “tábua de cortar queijo” (analogia);
• Escola de Sagres – escolas / local (oposição); escola / estilo de pintura (analogia);
•m  aestro / diretor de orquestra – Infante D. Henrique (analogia);
• “Sala de aula” / “convés das caravelas” (analogia e oposição).
2.2.1. Associação entre objetos e situações provavelmente desconhecidos (antigos/anacrónicos) e situações e objetos atuais, conhecidos de todos.
2.3. Articulação entre os dois aspetos:
• cobertura de um tema: Escola de Sagres;
• apresentação de uma perspetiva pessoal sobre esse tema: atribuição de grande importância às inovações técnicas dos portugueses e à Escola de Sagres.
3.1. Exemplo:
Registo objetivo: “Com a inovação de duas velas latinas triangulares, a caravela consegue navegar à bolina” (3.ª pessoa).
Registo subjetivo: “Eu, neste momento, sei onde é que estou: olho, vejo Lagos, estou ao largo de Lagos” (1.ª pessoa).
3.2. Movimentação dos braços, franzir das sobrancelhas, entoação expressiva, olhar direcionado para a câmara.

Pág. 49
Leitura
MC
L7.1. Identificar o tema dominante, justificando.
L7.2. Fazer inferências, fundamentando.
L7.3. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
L7.6. Explicitar, em textos apresentados em diversos suportes, marcas dos seguintes géneros: […] exposição sobre um tema […].
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.

Pág. 50
2.1. a. Os portugueses dirigem-se para o local onde nasce a luz, para a origem, a fonte de conhecimento.
b. A viagem não é linear, mas apresenta um percurso inicialmente descendente (até ao Cabo das Tormentas), depois ascendente; o cabo simboliza a separação; a passagem do cabo, a união
(superação da separação).
c. O meio do caminho (Cabo das Tormentas) simboliza o ponto mais inferior do percurso (inferno); a partir daí o percurso será em direção ao ponto superior (paraíso).
d. O regresso é marcado pelo desembarque na ilha (recompensa proporcionada aos portugueses por terem unido duas partes do mundo).
3. Carácter demonstrativo: a informação é explicada gradualmente (passo a passo), de forma evidente e convincente, com abundância de exemplos (que funcionam como provas/
evidências).
Concisão: cada ideia é apresentada de forma breve, clara e sucinta, predominando a informação essencial.
4.1. Conectores mais relevantes:
• “No entanto” (l. 13) – relação de oposição/contraste entre a direção tomada e o percurso efetuado;
• “ainda” (l. 25) – relação de associação/adição entre a importância dos três primeiros aspetos referidos e o último (regresso).
4.2.1. “assim, essa direção representava já a origem” (l. 9)
(Nota: deítico que demarca o espaço do texto – o determinante remete para uma informação apresentada anteriormente); “Ocorre-me A Divina Comédia” (ll. 26-27).
5. Carácter demonstrativo, elucidação evidente do tema (fundamentação das ideias), concisão e objetividade, valor expressivo das formas linguísticas (deíticos, conectores…).

Pág. 51
Gramática
MC
G18.2. Dividir e classificar orações.
G18.3. Identificar orações coordenadas.
G18.4. Identificar orações subordinadas.
G18.5. Identificar oração subordinante.

1. a. A viagem portuguesa ruma em direção à luz.


b. A viagem começa voltada a sul.
c. Os navegadores faziam-no em templos voltados eles mesmos para oriente.
d. os nautas regressaram à pátria.
2. a. para onde nasce a luz – oração subordinada substantiva relativa.
b. quando rezavam – oração subordinada adverbial temporal.
c. depois que o transpusemos – oração subordinada adverbial temporal.
d. que separa – oração subordinada adjetiva relativa restritiva; e une – oração coordenada copulativa.

Oralidade
MC
O1.4. Fazer inferências.
O4.1. Respeitar o princípio de cortesia: formas de tratamento e registos de língua.
O4.2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.

Vídeo
“Diogo Infante: a entrega generosa do ator” [2 min 21s]

1.1. Ponto de partida para a reflexão: noção de clássicos para Diogo Infante (textos dramáticos);
• textos imortais (“bons”, “ricos”, “intensos”);
• peças muito ricas do ponto de vista emocional.

9
Outros tópicos para reflexão:
• textos marcados por valores estéticos, culturais, éticos;
• textos com qualidade literária reconhecida socialmente (por investigadores, críticos literários, outros escritores, leitores comuns);
• formas de consagração dos clássicos: prémios literários (ex.: Prémio Nobel da Literatura, Prémio Camões), aceitação da crítica literária, introdução nos programas curriculares.

Pág. 52
Escrita
MC
E10.1. Pesquisar informação pertinente.
E10.2. Elaborar planos: a) estabelecer objetivos; b) pesquisar e selecionar informação pertinente; c) definir tópicos e organizá-los de acordo com o género de texto a produzir.
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: […] exposição sobre um tema […].
E12.1. Respeitar o tema.
E12.2. Mobilizar informação adequada ao tema.
E12.3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização
adequada de conectores.
E12.4. Mobilizar adequadamente recursos da língua: uso correto do registo de língua, vocabulário adequado ao tema, correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na pontuação.
E12.5. Observar os princípios do trabalho intelectual: identificação das fontes utilizadas; cumprimento das normas de citação; uso de notas de rodapé; elaboração da bibliografia.
E12.6. Explorar as virtualidades das tecnologias de informação na produção, na revisão e na edição do texto.
E13.1. Pautar a escrita do texto por gestos recorrentes de revisão e aperfeiçoamento, tendo em vista a qualidade do produto final.

Pág. 53
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Referências bibliográficas

PDF
Guião de produção de exposição sobre um tema disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Exercícios
1. Sugestão de tópicos a abordar:
• Viagem como forma de produção e de transmissão do conhecimento:
– viagem(ns) como contexto propiciador do contacto com outras pessoas e culturas e, consequentemente, com o conhecimento por elas produzido;
– viagem(ns) como meio de contacto com o outro como forma de partilha / transmissão de conhecimento e construção de novo conhecimento, em conjunto;
–exemplos históricos: expansão ultramarina (conhecimento técnico, náutico, geográfico, cultural), viagens espaciais (conhecimento astronómico).
• Viagem como forma de autoconhecimento, de formação pessoal (ex.: inter-rail) e de tolerância relativamente ao outro.

Pág. 54
PPT
Compreender e produzir géneros textuais – Síntese da unidade
Nota: Ao longo do manual, apresentam-se propostas de compreensão e produção de textos dos géneros textuais introduzidos nesta unidade.
Anúncio publicitário (Oralidade)
• “Cantarinhas dos Namorados”, p. 76
• “Venha ao Teatro de Metro”, p. 204
• “Queijo Pastor”, p. 236
Relato de viagem (Leitura)
• “Relato de viagem a Santiago de Compostela”, p. 81
Apreciação crítica
• “De São Jorge ao Pico” (fotografia), p. 59 (Escrita)
• “Ai ondas, que eu vim veer” (versão musical), p. 65 (Escrita)
• “Se eu podesse desamar” (versão musical), p. 90 (Oralidade)
• “A vitória do quarto cavaleiro: o cerco de Lisboa de 1384”, p. 130 (Leitura)
• “Farsa de Inês Pereira: 1969/2002”, p. 159 (Escrita)
• “Camões e a tença”, Sophia de Mello Breyner Andresen (versão musicada), p. 281 (Oralidade)
• “Crónicas da Terra Ardente”, Fausto, p. 350 (Escrita)
• “Por favor, leiam estes discos”, p. 354 (Leitura)
Reportagem
• “Óbidos – Vila Literária”, p. 20 (Oralidade)
• “Apetitoso? Mas vai tudo para o lixo…”, pp. 136-137 (Leitura)
• “Os Lusíadas em BD e em mirandês”, p. 301 (Oralidade)
• “Decorar Os Lusíadas”, p. 319 (Oralidade)
Artigo de divulgação científica
• “Dama com um segredo”, pp. 221-222 (Leitura)
• “Novo código descoberto na Mona Lisa”, p. 259 (Leitura)
Síntese
• “Cantigas trovadorescas galego-portuguesas”, pp. 62-63 (Oralidade)
• “Dia dos namorados, uma lenda com tradição”, pp. 75-76 (Oralidade)
• “Cantigas de escárnio e maldizer”, p. 96 (Oralidade)
• “Crónica medieval” e “Crítica documental e histórica em Fernão Lopes”, pp. 114-115 (Escrita)
• “Quem foi Gil Vicente?”, pp. 148-149 (Escrita)
• “Ser pícaro”, p. 173 (Oralidade)
• “A mulher renascentista e a beleza”, p. 224 (Escrita)
• “O desconcerto”, p. 251 (Escrita)
• “Um novo olhar sobre Da Vinci”, p. 261 (Escrita)

10
• “Um tema dominante: Armas e Letras”, p. 291 (Escrita)
• “O heroísmo n’ Os Lusíadas”, p. 318 (Escrita)

Pág. 55
Documentário (Oralidade)
• “Códice Calixtino (Caminho de Santiago)”, p. 81
• “Batalha de Aljubarrota”, p. 123
• “A Mulher em Gil Vicente”, p. 159
• “Baraka”, p. 253
• “Camões pelo Mundo”, p. 288
• “Grandes Livros – Os Lusíadas”, pp. 297-298
Exposição sobre um tema (Leitura)
• “Cantigas trovadorescas galego-portuguesas”, p. 62
• “Os autores [das cantigas galego-portuguesas]”, p. 64
• “A música” [das cantigas galego-portuguesas], pp. 64-65
• “Universo das cantigas de amigo” e “Paralelismo e refrão”, p. 66
• “Cantigas de amor galego-portuguesas” e “Características das cantigas de amor”, p. 88
• “Cantigas de escárnio e maldizer” e “Valor documental”, p. 96
• “Vida e obra de Fernão Lopes”, pp. 112-113
• “Crónica medieval” e “Crítica documental e histórica em Fernão Lopes”, p. 114
• “Visão da realidade histórica em Fernão Lopes”, pp. 115-116
• “O cerco de Lisboa”, p. 126, Guia do Professor [áudio]
• “Um tempo de prosperidade” e “A sociedade na época de Gil Vicente”, pp. 146-147
• “Quem foi Gil Vicente?”, pp. 148-149
• “O teatro vicentino”, p. 149
• “Características da farsa”, p. 150
• “A dimensão satírica da obra vicentina”, p. 183
• “Tema e estrutura do Auto da Feira”, p. 186
• “Europa do Renascimento (sécs. XIV-XVI)”, pp. 212-213
• “Vida de Camões”, p. 214
• “Obra de Camões” e “Valor simbólico de Camões”, p. 215
• “Influências da lírica camoniana”, p. 216
• “Lenda da Gruta de Camões”, p. 237, Guia do Professor [áudio]
• “O género epopeia”, p. 264
• “Os Lusíadas – natureza da obra”, pp. 264-265
• “Espírito antiépico [em Os Lusíadas]”, pp. 266-267
• “Um tema dominante: Armas e Letras”, p. 291
• “O heroísmo n’ Os Lusíadas”, p. 318
• “Os naufrágios nos séculos XVI e XVII” e “Os relatos de naufrágio”, pp. 332-333
• “História Trágico-Marítima”, p. 334
• “Valor documental e literário”, p. 334
• “Modelo narrativo dos relatos de naufrágio”, p. 335

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Grelhas de análise e guiões de produção dos vários géneros textuais estudados disponíveis nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 56
Nota: Este teste segue, dentro do possível, a estrutura da última edição (2014) do exame nacional de Português, considerando o objeto de estudo desta unidade. Assim, é constituído
por três grupos:
• Grupo I (100 pontos) – em que se avaliam conhecimentos e capacidades de Leitura e de Escrita através de itens de construção (avaliando-se apenas conteúdos de 10.º ano relativos à
unidade em causa);
• Grupo II (50 pontos) – em que se avaliam capacidades de Leitura e de Gramática, através de itens de seleção;
• Grupo III (50 pontos) – em que se avaliam conhecimentos e capacidades de Escrita, por meio de uma resposta extensa.
Visa-se, assim, que o aluno treine a resolução de testes com uma estrutura semelhante à dos exames.

PPT
Compreender e produzir géneros textuais – Correção do teste formativo

Pág. 57
GRUPO I
1. Este texto pertence ao género textual relato de viagem, sendo marcado pelo discurso pessoal (“Sigo”, l. 2; “Quero”, l. 5; “posso”, l. 5 ; “me”, l. 7 – marcas da 1.ª pessoa) e pela dimensão
descritiva (“O seu azul é o azul esmaltado dos Açores nos dias límpidos.”, l. 16).
2. O tema predominante do excerto é a viagem – o autor descreve um percurso de automóvel por si realizado no interior de uma ilha, intercalando a descrição do meio envolvente com
reflexões de carácter pessoal, suscitadas pela realidade percecionada durante a viagem.
3. Duas das metáforas presentes no texto são as seguintes: “O homem que teve a ideia de bordar as estradas com estas plantas devia ter uma estátua na ilha.” (ll. 14-15), em que se realça a
quantidade, a beleza e a graciosidade das hortenses existentes nas bermas das estradas da ilha; “O automóvel voa” (l. 24), em que o autor acentua não a velocidade do automóvel, mas o
pouco tempo que tem para apreciar a beleza e variedade do meio natural e social com que se depara ao longo do percurso.
4. As raparigas vão à fonte não só para cumprir uma tarefa doméstica (ir buscar água), mas também com a finalidade de se encontrarem com os namorados e de aí se demorarem a
namorar.
5. O título As Ilhas Desconhecidas remete para um conjunto de ilhas de extrema beleza paisagística. Embora, teoricamente, a beleza destas ilhas seja reconhecida por todos, estas são
“desconhecidas” até ao momento em que são visitadas e apreciadas “ao vivo” – só então se tornam verdadeiramente “conhecidas”.

11
Pág. 58
GRUPO II
1.1. a.
1.2. d.
1.3. b.
1.4. b.
1.5. c.
1.6. d.

Pág. 59
1.7. d.
2.1. a. 8.; b. 5.; c. 1.; d. 3.; e. 7.

GRUPO III
Marcada pelo forte contraste entre o verde da vegetação, o azul do mar, o branco das nuvens e o castanho da terra, a fotografia De São Jorge ao Pico, da autoria de Pedro Vasconcelos,
traduz, de forma exímia, o carácter telúrico e vital das ilhas açorianas.
Através da objetiva da câmara fotográfica e considerando a existência de vários planos, Pedro Vasconcelos capta uma imagem de extrema beleza, tão característica da paisagem
natural do arquipélago dos Açores: em primeiro plano, uma estrada bordeada de pedras e hortenses serpenteia por entre os terrenos verdejantes, rumo à vastidão oceânica; ao fundo,
eleva-se o cume altivo da ilha do Pico, perfurando as nuvens e desafiando os céus.
A qualidade técnica da fotografia não se limita, no entanto, à seleção da realidade captada e representada, passando também pela escolha do ângulo adotado (de cima para baixo,
tendo em conta um foco vertical) e pelo aproveitamento da luz natural.
Em suma, a fotografia De São Jorge ao Pico resulta de uma forte articulação entre a sensibilidade do fotógrafo e o domínio das técnicas fotográficas. É esta sábia combinação que confere
o carácter telúrico e vital à imagem representada na fotografia e que consegue sugerir a sensação de plenitude e de tranquilidade associadas às paisagens açorianas.
(209 palavras)

Unidade 2 · Poesia trovadoresca


Pág. 62
Leitura | Oralidade | Educação Literária
MC
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
O5.1. Produzir textos seguindo tópicos fornecidos.
O5.3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.
O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese […].
O6.2. Respeitar as marcas de género do texto a produzir.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

Sugestão:
Base de dados online Cantigas Medievais Galego-Portuguesas, http://cantigas.fcsh.unl.pt/index.asp
[Consult. 25-10-2014]

Esta base de dados disponibiliza:


• a totalidade das cantigas medievais presentes nos cancioneiros galego-portugueses;
• as imagens dos manuscritos;
• a música (quer a medieval, quer as versões ou composições originais contemporâneas que tomam como ponto de partida os textos das cantigas medievais);
• informação sucinta sobre os autores, as personagens e os lugares referidos nas cantigas;
• a “Arte de Trovar” (tratado de poética trovadoresca que abre o Cancioneiro da Biblioteca Nacional).

Pág. 63
1.1. a. Entre finais do século XII e meados do século XIV/época do nascimento das nacionalidades ibéricas e da Reconquista Cristã.
b. Reinos de Leão e Galiza, reino de Portugal, reino de Castela.
c. Arte dos trovadores provençais.
d. Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Biblioteca Nacional, Cancioneiro da Vaticana.
e. Cantigas de Santa Maria.

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Guião de produção de síntese oral disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 64
Leitura | Educação Literária | Escrita
MC
L7.1. Identificar o tema dominante, justificando.
L7.2. Fazer inferências, fundamentando.
EL15.7. Analisar recriações de obras literárias do Programa, com recurso a diferentes linguagens (por exemplo, música […]), estabelecendo comparações pertinentes.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: […] apreciação crítica.

Pág. 65
2.1. a. … Afonso X e D. Dinis.
b. … os trovadores (reis, filhos de reis, nobres, clérigos) e os jograis (oriundos das classes populares).
c.… os segundos, ao contrário dos primeiros, receberem proveitos (pagamento) pelo seu trabalho.
Nota: A habitual distinção entre trovadores (que compõem) e jograis (que executam/interpretam) não se aplica a todos os casos; exemplo disso é Martim Codax, jogral galego que terá
composto pelo menos sete cantigas de amigo.

12
d. … há autores cuja biografia é relativamente bem conhecida, ao passo que de outros muito pouco se sabe.

2.2.
Áudio
Versão musical de “Ai ondas, que eu vim veer”, por Helena Afonso, José Peixoto, Manuel Pedro, O Som de Martim Codax (Faixa 6), Lisboa, Unisys, 1986 [1 min 36 s]

2.2.1. O sujeito poético (voz feminina) dirige-se às ondas e pergunta-lhes, com ansiedade, porque se demora o seu namorado.
Sugestão de outros aspetos a abordar:
• as ondas encontram-se personificadas, assumindo o papel de confidente do sujeito poético;
• o amigo (namorado) está ausente, tendo, provavelmente, partido por mar (cf. contexto histórico-político – ausência dos homens, que partiam ao serviço do rei e da defesa da pátria).

2.2.2. Tópicos possíveis:


• melodia associada à época medieval;
• ritmo melancólico, marcado pela repetição e pela simetria (cf. estrutura paralelística da cantiga).

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Guião de produção de apreciação crítica disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

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Leitura | Educação Literária
MC
L8.2. Elaborar tópicos que sistematizem as ideias-chave do texto, organizando-os sequencialmente.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

3. Ideias-chave do texto “Universo das cantigas de amigo”


• género autóctone;
• origem: tradição da canção em voz feminina;
• universo recriado: universo feminino – corpo erotizado da mulher; vivência quotidiana e popular; sentimentos amorosos variados (alegria, tristeza, saudade, ira); presença de interlo-
cutoras da donzela (mãe, irmãs, amigas);
• contexto de produção e transmissão mais comum: compostas e cantadas por um homem.

Ideias-chave do texto “Paralelismo e refrão”


• estrutura estrófica e rítmica que aproxima a poesia da música;
• jogo de simetrias, com predomínio da repetição (presença de dois coros que cantam alternadamente);
• processo do leixa-pren;
• refrão como elemento sintática e semanticamente independente da estrofe, mas com grande valor imagético.

Pág. 67
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais, […] e universos de referência, justificando.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe (dístico […]); d) paralelismo (cantigas de amigo); e) refrão.

PPT
Poesia trovadoresca – Cantigas de amigo: Texto analisado

Pág. 68
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL14.7. Estabelecer relações de sentido: a) entre as diversas partes constitutivas de um texto; b) entre características e pontos de vista das personagens.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe (dístico […]); d) paralelismo (cantigas de amigo); e) refrão.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

Edward Burne-Jones (1833-1898)


• Artista e designer inglês, representante maior da segunda geração de Pré-Rafaelitas
• Fascinado pela Idade Média e pelos grandes mestres italianos
• Evoca, em muitas das suas obras, temas bíblicos e da mitologia greco-latina

1. Sugestão:
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A propósito da dupla faceta de D. Dinis (“O Lavrador” e “O Poeta”) e da designação “Pinhal do Rei”, poderá ser lido e analisado o poema “D. Dinis” (in Mensagem, Fernando Pessoa). Este
poema encontra-se disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor, na secção Materiais de Apoio (versão impressa).

Está disponível no CD áudio a leitura expressiva desta cantiga, que serve de base à ficha de Informação e Aplicação sobre “Leitura em voz alta” (p. 72).

2. Sugestão:
PL A propósito da representação literária da Natureza em diferentes culturas e da importância que determinados elementos naturais podem assumir enquanto motivos estéticos, pode
ser lido e analisado o poema “Os viajantes da noite murmuram o teu nome” (in O Meu Coração é Árabe, org. Adalberto Alves), transcrito na p. 84.

13
Pág. 69
3.1. Primeira parte – vv. 1-12: o sujeito poético interpela a natureza, porque o amigo/namorado demora a chegar ao encontro.
Segunda parte – vv. 13-24: as flores do verde pino, personificadas, respondem ao sujeito poético, tranquilizando-o.
4.1. Primeiro interlocutor: rapariga; saudosa do amigo, ansiosa por saber notícias dele (vv. 1-6) e zangada por pensar que ele lhe mentiu (vv. 7-12).
Segundo interlocutor: flores do verde pino; natureza humanizada, amiga, confidente e tranquilizadora (vv. 13-24).
4.2. Personificação – atribuição de estatuto humano à natureza, contribuindo para acentuar a sua função de confidente e de entidade tranquilizadora.
Apóstrofe – interpelação e presentificação da natureza.
5.1. Ponto de vista da “amiga”: namorado ausente (vv. 2, 4) e mentiroso (vv. 8, 11).
Ponto de vista da natureza: bem de saúde (vv. 14, 17) e leal (vv. 20, 23).
6. Técnica paralelística:
• simetria e repetição (par de dísticos como unidade rítmica; repetição do conteúdo da estrofe ímpar pela estrofe par; alternância da rima em i e a).
• processo do leixa-pren: não se verifica do segundo par (vv. 7-12) para o terceiro par de estrofes (vv. 13-18).
7. Sugestão:
Está disponível no CD áudio a leitura expressiva desta cantiga, que é usada nos exercícios da ficha de Informação e Aplicação sobre “Leitura em voz alta” (p. 73).
7.1. a. “E ai Deus, se verra cedo!”
b. “Se vistes meu amigo,”
c. “Se vistes meu amado,”

Pág. 70
Leitura | Gramática
MC
L7.1. Identificar o tema dominante, justificando.
L7.2. Fazer inferências, fundamentando.
L7.4. Explicitar o sentido global do texto, fundamentando.
L7.5. Relacionar aspetos paratextuais com o conteúdo do texto.
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.

Pág. 71
2.1. c. Embora também se refira ao Pinhal de Leiria (subtema), ao Tremelgo (simples referência) e à espécie “Pinus Pinaster Aiton” (simples referência, sendo neste caso a expressão usada
para mencionar não a espécie mas um exemplar concreto da espécie – o pinheiro caído), a ideia principal do texto (tema) é a queda do pinheiro-bravo.
2.2 c. Na primeira parte do artigo foca-se um aspeto particular do texto, de modo subjetivo e cativante, por forma a captar a atenção do leitor.
2.3. b. A imagem ilustra o aspeto mais relevante do texto – o pinheiro caído – permitindo visualizar a imponência do acontecimento.
2.4. c. É atribuída à água do ribeiro a característica humana da fala (murmurar).
2.5 d. O autor da citação é Carlos Franquinho (l. 8), o único interveniente referido até ao momento.
2.6. a. O autor refere-se, de forma metafórica, à extrema longevidade do pinhal (plantado pelo rei D. Dinis e ainda existente), constituído por árvores seculares, que resistiram ao tempo e que,
por meio dele, se tornaram paulatinamente mais fortes.
2.7. c. A citação complementa o sentido da afirmação anterior – explicando que, mesmo que não fossem derrubadas pela tempestade, as árvores acabariam por ser cortadas e a sua lenha
vendida.
3. a. 5, b. 7, c. 7, d. 1, e. 6.

Pág. 72
Educação Literária
MC
EL14.1. Ler expressivamente em voz alta textos literários, após preparação da leitura.

Ana Celeste Ferreira (1981)


Formada em Canto Lírico e especializada em Teatro Musical, é também bacharel em Comunicação Social. Desenvolve desde 1994 trabalho performativo enquanto cantora, atriz, diseur
de poesia e locutora. Desde 2001, orienta formação de Canto e de Técnica Vocal Falada em diversas instituições e é consultora vocal de profissionais de voz.

Pág. 73
Exercícios
1.1. Sugestão:
O trabalho de preparação da leitura poderá ser antecedido da exploração do sentido global do poema, tendo em conta os seguintes aspetos.
Caracterização temática:
• sujeito poético – voz feminina (donzela), que interpela as ondas do mar, perguntando-lhes pelo “amigo” ausente;
• interlocutor do sujeito poético – natureza amiga e confidente (ondas do mar de Vigo);
• sentimentos expressos pelo sujeito poético – amor, saudade, ansiedade, desespero (metaforizado no “mar levado”) – gradação de sentimentos ao longo da cantiga.
Caracterização formal:
• paralelismo (repetição e simetria; processo do leixa-pren);
• refrão (que realça a ideia de saudade, sentimento culturalmente associado ao povo português).

Pág. 74
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe (dístico […]); d) paralelismo (cantigas de amigo); e) refrão.

Edward Burne-Jones
Ver informação na p. 68.

14
3.1. ”bela” (vv. 3, 6, 9, 12), “dona virgo” (v. 8), “dona d’algo” (v. 11).
3.2. Sofrimento, desolação.
4.1. Símbolo de amor, compromisso, união, fidelidade; prenúncio de separação.
5. c.

Pág. 75
Gramática
MC
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.
1.1. a. a., d.; b. b., c.
1.2. a. Modificador restritivo do nome.
b. Modificador apositivo do nome.

Leitura | Oralidade
MC
L7.4. Explicitar o sentido global do texto, fundamentando.
O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese […].
O6.2. Respeitar as marcas de género do texto a produzir.
O6.3. Respeitar as seguintes extensões temporais: síntese – 1 a 3 minutos […].
O1.3. Distinguir informação subjetiva de informação objetiva.
O1.5. Distinguir diferentes intenções comunicativas.
O1.6. Verificar a adequação e a expressividade dos recursos verbais e não verbais.
O1.7. Explicitar, em função do texto, marcas dos seguintes géneros: […] anúncio publicitário.

Pág. 76
1.2. Ideias-chave:
• Existência de um bispo chamado Valentim que, contrariando as ordens do imperador, continuou a celebrar casamentos, sendo por isso condenado à morte;
• Oferta de flores e de bilhetes a Valentim encarcerado, por anónimos, como sinal de consideração pela sua atitude;
• Existência de uma relação entre Valentim e a filha do carcereiro, que levou ao envio de uma carta de Valentim à sua amada, com a assinatura “do seu Valentim” (= namorado);
• “Cantarinha dos namorados” como prenda oferecida pelo dia de São Valentim, em Guimarães, e associada a uma tradição segundo a qual a “cantarinha” simbolizava um pedido de
casamento.

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Guião de produção de síntese oral disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Vídeo
Anúncio publicitário “Cantarinhas dos Namorados”, da Olaria Oficina, produzido por Hugo Manuel Correia, no âmbito da Capital Europeia da Cultura, Guimarães 2012 [2 min 0 s]

2.1. b. Presente do indicativo (1.ª pessoa do singular). c. Apresentar-se/Informar. d. Bela Alves explica a origem da “cantarinha”. f. Narrar/relatar um acontecimento passado. g. Bela Alves
explica como se faz uma “cantarinha”. h. Presente do indicativo (1.ª pessoa do singular). j. Bela Alves faz publicidade à “cantarinha”. k. Presente do indicativo (3.ª pessoa do singular). l. Inci-
tar à compra. m. Anúncio publicitário (com prevalência da vertente institucional – divulgação e preservação de tradições populares –, mas a que não é alheia uma vertente comercial –
promoção das “cantarinhas” produzidas na olaria Oficina). n. Carácter apelativo (entoação), multimodalidade (conjugação de diferentes linguagens e recursos expressivos, verbais e não
verbais), eficácia comunicativa, poder sugestivo.

Pág. 77
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais […].
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe (dístico […]); e) refrão.

Henri Matisse (1869-1954)


• Pintor, desenhador e escultor francês
• Figura fundamental (em conjunto com Picasso) da pintura europeia do século XX
• Atribuiu grande importância à cor

1. Descrição da pintura:
• Fundo azul (ar/céu) e verde (terra);
• Cinco figuras em tom de vermelho (masculinas e femininas) dançam em roda (movimento helicoidal), sugerindo um ritmo algo frenético.
Possíveis pontos de vista: inovação; indecoro (nus), comunhão homem/natureza, naturalidade e fluidez da dança, etc.
(Tópicos adaptados de Matisse, Barcelona, Globus, 1994 [p. 25])

Pág. 78
3. a. … as amigas à dança.
b. … pelas formas de conjuntivo com valor exortativo (“Bailemos”, vv. 1, 7, 14).
c. … cúmplices na expressão do amor e da alegria exteriorizada no/pelo baile.
d. … a sua beleza (“como nós, velidas”, v. 3, “como nós, louçanas”, v. 9; “quem bem parecer como nós parecemos”, v. 15).
e. … o ser bela e o estar apaixonada / ter namorado (“se amigo amar”, vv. 4, 10, 16).
f. … semelhança, pois ambas se caracterizam pela beleza e remetem para a alegria e o vigor juvenis/primaveris – a alegria da natureza primaveril é associada à alegria das jovens, expressa
pela dança e pelo amor.
g. … rural e primaveril, convidativo ao amor e à exteriorização de sentimentos.

15
h. … a existência do movimento e do equilíbrio entre os extremos.
Nota: “[…] o três equivale à rivalidade (o dois) ultrapassada; exprime um mistério de ultrapassagem, de síntese, de reunião, de união, de resolução.”
(Jean Chevalier, Alain Gheerbrant, Dicionário dos Símbolos, Lisboa, Teorema, 1994 [p. 656])
i. … o amor / a sedução amorosa / um ritual de pujança / fecundidade.
Nota: “A dança é celebração, a dança é linguagem. Linguagem para aquém da palavra: as danças nupciais das aves demonstram isto; linguagem para além da palavra: porque quando as
palavras já não são suficientes, surge a dança.
O que será esta febre, capaz de se apoderar de qualquer criatura e agitá-la até ao frenesim, senão a manifestação, muitas vezes explosiva, do instinto de vida, que apenas aspira a rejeitar
toda a dualidade do temporal para reencontrar de uma só vez a unidade primeira em que corpos e almas, criador e criação, visível e invisível se encontram e se fundem, fora do tempo,
num só êxtase? A dança proclama e celebra a identificação com o imperecível.” (Op. cit. [p. 253])
j. … do amor.
4. Realce da incitação ao encontro, à dança e à celebração do amor por todas as donzelas enamoradas.
5.1. “se amigo amar / […] / verra bailar” (vv. 4 e 6, 10 e 12, 16 e 18).
Nota: Trata-se de um refrão intercalar (sendo que um dos versos que o constitui aparece no interior da estrofe/copla).
5.2. d.

Gramática
MC
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.
1. Exemplos:
a. Amigas, bailai sob as avelaneiras.
b. As amigas e restantes raparigas bailam sob as avelaneiras.
c. Solicita-se que baileis sob as avelaneiras.
d. Bailai sob as avelaneiras durante todo o dia.
e. Bailai sob as avelaneiras, floridas e formosas.
f. Bailai sob as floridas e formosas avelaneiras.

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Oralidade
MC
O1.2. Explicitar a estrutura do texto.
O1.3. Distinguir informação subjetiva de informação objetiva.
O1.4. Fazer inferências.
O1.5. Distinguir diferentes intenções comunicativas.
O1.6. Verificar a adequação e a expressividade dos recursos verbais e não verbais.

Vídeo
Excerto do programa “Entre Nós” (RTP2) com entrevista a Pedro Caldeira Cabral

1.1. b. Aproximação da entrevistadora relativamente à câmara.


c. Apresentação do programa, da personalidade entrevistada e do tema a abordar.
e. Agradecimento ao entrevistado pela participação no programa.
f. Introdução do subtema a desenvolver – a cítola medieval.
g. Planos gerais da entrevistadora e do entrevistado; grandes planos do entrevistado (quando este está a falar).
i. Etimologia da palavra cítola.
j. Funções da cítola.
k. Documentos que dão origem ao repertório da música medieval profana (cantigas de D. Dinis, Martim Codax, Afonso X; material chegado de Itália, França, Provença).
l. Origem e evolução da cítola.
m. Características da cítola.
2.1. Informação subjetiva: “portanto, eu estou convicto […] este instrumento.” Informação objetiva: restante texto.
2.1.1. “estou convicto de que” (expressão que marca a crença naquilo que se encara como facto); “seria” (condicional, com valor hipotético).

Sugestão:
Encontra-se disponível, no Caderno de Atividades (pp. 45-47), um exercício de Leitura | Gramática com base no texto “Jordi Savall: quando a música é só estética, acaba-se em
Auschwitz”.

Pág. 80
Educação Literária | Oralidade
MC
EL14.1. Ler expressivamente em voz alta textos literários, após preparação da leitura.
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais, […] e universos de referência, justificando.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe ([…] quadra […]); c) rima (emparelhada, […] interpolada); e) refrão.
EL15.4. Fazer apresentações orais (5 a 7 minutos) sobre obras, partes de obras ou tópicos do Programa.

Paulo Ferreira (1911-1999)


• Pintor, ilustrador, decorador, cenógrafo e figurinista
• Manteve colaboração regular em diversos jornais e revistas
• Em 1948, integrou a equipa de artistas-decoradores do Museu de Arte Popular

2. Linhas de leitura:
• Tema e assunto:
– Tema: amor (tema amoroso metaforizado pelo baile e entrelaçado com o motivo religioso);
– Assunto: o sujeito poético convida as amigas a bailarem em San Simon de Val de Prados, enquanto as mães acendem velas e fazem promessas.
• Espaço medieval e circunstância representados: contexto de romaria / peregrinação a San Simon de Val de Prados (local de peregrinação).

16
• Motivações das figuras:
– mães: peregrinação e devoção;
– filhas: bailar diante dos namorados;
– amigos: apreciar a beleza e a graciosidade das “meninhas”.
•A  utocaracterização: beleza física (“fremosas”, v. 9; “de bon parecer”, v. 15), orgulho e exibição da beleza física (“fremosas [en] cós”, v. 9), alegria motivada pela expectativa do baile.
• Valor simbólico do baile: convite ao amor (exposição das formas do corpo feminino), sedução, namoro.
• Estrutura estrófica: três estrofes (coplas), constituídas por uma quadra e um refrão com dois versos.
• Estrutura rimática: rima interpolada e emparelhada nas quadras e emparelhada no refrão (abbaCC / deedCC / fggfCC).

Pág. 81
Oralidade | Leitura
MC
O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese […].
O6.2. Respeitar as marcas de género do texto a produzir.
O6.3. Respeitar as seguintes extensões temporais: síntese – 1 a 3 minutos […].
L7.6. Explicitar, em textos apresentados em diversos suportes, marcas dos seguintes géneros: relato de viagem […].

Vídeo
Excerto do documentário “Códice Calixtino (Caminho de Santiago)”

1.1. a. Espetacularidade das cerimónias, ao nível litúrgico e musical.


b. Milagres de Santiago; trasladação do corpo do santo de Jerusalém para Compostela.
c. Condições/características do caminho; perigos inerentes ao percurso (exploração comercial); rota das povoações/itinerários; conselhos práticos.
2. Marcas específicas do género relato de viagem:
• variedade de temas: viagem (ll. 1-5, 9-19, 28-31), festa (ll. 6-8), autorreflexão (ll. 20-24), hospitalidade (ll. 25-28);
• discurso pessoal (prevalência da 1.ª pessoa): “faço” (l. 12), “Comprei” (l. 13), “ia-me” (l. 13), “Oiço” (l. 17), etc.;
• dimensão narrativa: relato de acontecimentos passados, relacionados com o percurso realizado (“Comprei o Diário de Galicia”, l. 13 – cf. pretérito perfeito simples; “Oiço ao longe”, l. 17
– cf. presente histórico);
• dimensão descritiva: apresentação das características da realidade observada ao longo do percurso (“Há foguetes, colchas e bandeiras (galega e espanhola) nas janelas; gaitas de foles
e gigantones nas ruas.”, ll. 6-7).

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Grelhas de análise de documentário e relato de viagem disponíveis nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 82
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.7. Estabelecer relações de sentido: b) entre características e pontos de vista das personagens.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe (dístico […]); d) paralelismo (cantigas de amigo); e) refrão.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

William-Adolphe Bouguereau (1825-1905)


• Professor e pintor académico francês
• Insere-se numa corrente eclética que combina elementos do Neoclassicismo e do Romantismo
• P ara além do retrato, dedicou-se a temas mitológicos, alegóricos, históricos e religiosos

1.1. Fecundação, crescimento das espécies, maternidade.

Pág. 83
3.1. a. … porque se demorou ela na fonte.
b. … a sua demora se deveu ao facto de os veados terem turvado a água.
c. … a filha de mentira e demonstrando que conhece a verdadeira razão da demora (o encontro com o amigo).
3.2. Acentuação do carácter dialogado da cantiga e da presença de dois interlocutores com diferentes papéis (a mãe e a filha).
4.1. a. Sítio dos encontros amorosos.
b. Amigo / Namorado.
4.2. Resposta simbólica – remetendo para o encontro com o amigo.
5. Cantiga paralelística:
• constituída por três pares de dísticos, seguidos de refrão;
• o segundo dístico repete a ideia do primeiro, alterando apenas a palavra rimante;
• rima que alterna em i (estrofes ímpares – “velida”, “fria”, “volviam”, “amigo”, “rio”) e a (estrofes pares – “louçana”, “fontana”, “áugua”, “amado”, “alto”).
5.1. Cinco dísticos iniciais: os parênteses podem ser interpretados como delimitando um aparte (sugerindo que a filha se recusa a dizer a verdade à mãe).
Último dístico: a ausência dos parênteses sugere que a informação é, finalmente, revelada/confessada à mãe.
6.1. Papéis da mãe:
• confidente, conselheira, conivente/cúmplice do amor confessado pela filha (“Ai madre, ben vos digo”, “Non chegou, madr’, o meu amigo”);
• responsável pelo exercício de autoridade, vigilante, controladora, a quem a filha tem de prestar contas pelos seus atos (“Digades, filha, mia filha velida”); no contexto social da época,
a mãe exerce a autoridade familiar, pois o pai/chefe de família está ausente, tendo ido combater os mouros. Tais condições sociais favorecem a importância adquirida pela mulher na
época em causa.
Nota: O drama sentimental da donzela surge enquadrado pelo mesmo contexto social – o amigo está ausente, encontrando-se ao serviço da defesa do país.

Sugestão:
Encontra-se disponível, no Caderno de Atividades (pp. 66-67), um exercício de Escrita de apreciação crítica da pintura Lavadouro (na mata), de José Malhoa.

17
Pág. 84
Escrita | Educação Literária
MC
E12.1. Respeitar o tema.
E12.2. Mobilizar informação adequada ao tema.
E12.3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização
adequada de conectores.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais, pontos de vista e universos de referência, justificando.
EL15.1. Reconhecer valores culturais, éticos e estéticos manifestados nos textos.
EL15.2. Valorizar uma obra enquanto objeto simbólico, no plano do imaginário individual e coletivo.
EL15.5. Escrever exposições (entre 120 e 150 palavras) sobre temas respeitantes às obras estudadas, seguindo tópicos fornecidos.
1.2. “Fitei intensamente a lua”: ao olhar para a lua, o sujeito poético recorda o ser amado, exprimindo saudade em relação à felicidade passada motivada pela relação amorosa, caracte-
rizada pela sensualidade e pela plenitude.
“Os viajantes da noite murmuram o teu nome”: o sujeito poético refere-se aos efeitos que a beleza do ser amado provoca nos “viajantes da noite” e na natureza.
2. Tópicos a abordar:
• Diferentes papéis da natureza:
– cantigas de amigo: papel de amiga e confidente humanizada, que ouve e consola/tranquiliza a amiga (“– Ai flores, ai flores do verde pino”, “Ondas do mar de Vigo”); valor simbólico –
alegria, beleza e viço juvenis (“avelaneiras frolidas” – “Bailemos nós ja todas tres, ai amigas”); adversário responsável pela ausência do amigo, que partiu por mar, ao serviço do rei (mar
– “Ondas do mar de Vigo”);
– poemas luso-árabes: poder evocativo (a lua leva à recordação do ser amado); valor simbólico (amor, saudade, desejo, sedução).
• E lemento natural com valor simbólico comum:
– fonte (origem da vida, fecundação, fertilidade).
• Elementos da natureza específicos de cada cultura:
· cantigas de amigo: flores do pinheiro, avelaneiras (árvores cultivadas em solo português);
· poesia árabe: “almíscar”, “areias do deserto”.

PDF
Guião de produção de exposição sobre um tema disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 85
Gramática
MC
G17.1. Referir e caracterizar as principais etapas de formação do português.
G17.2. Reconhecer o elenco das principais línguas românicas.

Pág. 87
Exercícios
1. a. Português moderno.
b. Português antigo.
c. Português clássico.
d. Português antigo.
e. Português clássico.
f. Português antigo.

No Caderno de Atividades, apresentam-se mais exercícios sobre este conteúdo.

Pág. 88
Leitura | Educação Literária
MC
L7.4. Explicitar o sentido global do texto, fundamentando.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

1.1. Exemplo:
Género da poesia trovadoresca de feição aristocrática, em que o sujeito poético corresponde a uma voz masculina, que se dirige à dama / “senhor”, elogiando-a e prestando-lhe vassala-
gem amorosa, de acordo com as regras do amor cortês, de influência provençal.
Nota: Das cantigas referidas no segundo texto, ver “Quer’ eu en maneira de proençal”, na p. 94, e a cantiga “Da mia senhor, que eu servi”.

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Cantiga “Da mia senhor, que eu servi” disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 89
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais, […] e universos de referência, justificando.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: […] e) refrão.

PPT
Poesia trovadoresca – Cantigas de amor: Texto analisado

18
Pág. 90
Educação Literária | Oralidade
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais, […] e universos de referência, justificando.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: […] e) refrão.
EL15.7. Analisar recriações de obras literárias do Programa, com recurso a diferentes linguagens (por exemplo, música […]), estabelecendo comparações pertinentes.
O5.2. Produzir textos seguindo tópicos elaborados autonomamente.
O5.3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.
O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: […] apreciação crítica.

Áudio
Canção “Se eu podesse desamar”, de Xurxo Romaní e Koichi Tanehashi, no disco D’escarnho e maldizer, 2009 [5 min 35 s]

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Guião de produção de apreciação crítica oral disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

1.1. Possíveis tópicos a abordar (articulando a descrição do objeto e o comentário crítico):


• tom melancólico e ritmo lento, em consonância com as ideias expressas (sofrimento amoroso);
• pronúncia galega (cf. carácter galego-português da poesia trovadoresca, marcante para as duas culturas);
• articulação entre a música medieval e instrumentos musicais modernos (eletroacústicos).

Pág. 91
2.1. Não poder desamar a sua “senhor”, que o despreza.
2.2. Fazer a sua “senhor” sofrer como ele sofre.
2.3. Infeliz, devido ao amor não correspondido e à indiferença da dama (“coita de amor”); algum comprazimento no queixume plangente do sofrimento amoroso.
3. Características da relação amorosa:
• vassalagem amorosa (submissão do sujeito poético à “senhor”; distância respeitosa do trovador em relação à “senhor”, cuja identidade não é revelada);
• indiferença da “senhor”, que provoca a “coita de amor” no sujeito poético.
4.1. “desamar”/ “desamou” (vv. 1, 2), “buscar”/ “buscou” (vv. 3, 4), “coita dar”/ “coita deu” (vv. 6, 7; 13, 14; 20, 21; 27, 28), “enganar”/ “enganou” (vv. 8, 9), “desejar”/ “desejou” (vv. 10, 11), “desam-
par”/ “desamparou” (vv. 15, 16), “destorvar”/ “destorvou” (vv. 17, 18), “preguntar”/ “preguntou” (vv. 22, 23), “cuidar”/ “cuidou” (vv. 24, 25).
4.2. Efeito de superlativização do sentimento amoroso (em contraste com a indiferença da “senhor”); criação de um tom plangente/melancólico, que confere à cantiga uma monotonia
expressiva.
5.1. Realidade:
• versos relativos ao sofrimento do sujeito poético, provocado pela indiferença da “senhor”;
• tempos e modos verbais: presente do indicativo, com valor atual (“posso”); pretérito perfeito simples do indicativo, geralmente acompanhado do advérbio “sempre” ou “nunca”, que remete
para um passado durativo, que se prolonga até ao presente (“sempre desamou”, “nunca preguntou”).
Desejo:
• versos em que se expressa o desejo de atenuação da “coita de amor” e de “vingança” em relação à “senhor”;
• tempos e modos verbais: pretérito imperfeito do conjuntivo (“podesse”, “ousasse”) e condicional (“vingaria”, “dormiria”) integrados em orações condicionais com valor de irrealidade.
5.2. Refrão com variantes:
• estrofes 1 e 3: pretérito imperfeito do conjuntivo e condicional (irrealidade/desejo);
• estrofes 2 e 4: presente e pretérito perfeito simples do indicativo – realidade (passado e presente).

Gramática
MC
G18.3. Identificar orações coordenadas.
G18.4. Identificar orações subordinadas.

1.1. Exemplos:
a. “Se eu podesse desamar [a quem me sempre desamou]” (vv. 1-2); b. “porque nom poss’eu coita dar,/ a quem me sempre coita deu.” (vv. 13-14); c. “a quem me sempre desamou” (v. 2);
d. “pois ela nunca em mim cuidou” (v. 25); e. “E por esto lazeiro eu” (v. 26).
Nota: Nas frases apresentadas nas alíneas a. e b., o complemento do verbo é uma oração.
1.2. Orações que se referem à “senhor” sob a forma de perífrase, sem a identificarem explicitamente.

Pág. 92
Educação Literária | Oralidade
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais […].
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
O5.1. Produzir textos seguindo tópicos fornecidos.
O5.3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.

Óscar Almeida (1951)


• Artista plástico português, dedicado à pintura e ao desenho
• Características da sua pintura: cubismo; articulação entre o figurativo e o abstrato

Pág. 93
3. b. “sabem loar / sas senhores” (vv. 7-8).
c. “trobam no tempo da frol / e nom em outro” (vv. 3-4).

19
Nota: A este respeito poderá ser referida a relação entre o amor do poeta e a natureza primaveril (o que se tornou um lugar comum na poesia provençal).
d. “quand’a frol sazom / á, e nom ante” (vv. 10-11).
e. “os que trobam e que s’alegrar / vam eno tempo que tem a color / a frol consigu’” (vv. 13-15).
f. “nom / am tam gram coita no seu coraçom / [qual m’eu]” (vv. 4-5).
3.1. Expressão do contraste entre o amor cortês cantado pelos poetas provençais (imitação servil e convencional) e a autenticidade amorosa enquanto inspiração poética (“coita de
amor” autêntica do sujeito poético); crítica à convencionalidade e ao artificialismo da poesia provençal; recusa da imitação servil.
3.2. Amor / “coita de amor”.
4.1. Conteúdo de cada estrofe: reiteração e gradação do conteúdo das estrofes anteriores – superlativização da “coita de amor” do sujeito poético, em oposição ao convencionalismo da
poesia provençal.
5.1. a. Dimensão crítica.
b. Dimensão crítica.
c. Dimensão lírica.
5.1.1. Crítica ao convencionalismo do amor cortês, apesar da pretensa assunção de autenticidade amorosa enquanto fonte de inspiração poética.
5.2. Sim – reflexão sobre duas formas distintas de compor poesia;
• uma baseada no convencionalismo e na imitação servil (cantigas de amor de matriz provençal);
• outra baseada na expressão autêntica da “coita de amor” (cantigas de amor produzidas pelo sujeito poético, representante dos trovadores galego-portugueses).

Pág. 94
Educação Literária | Escrita
MC
EL15.1. Reconhecer valores culturais, éticos e estéticos manifestados nos textos.
EL15.6. Ler uma ou duas obras do Projeto de Leitura relacionando-a(s) com conteúdos programáticos de diferentes domínios.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.
E12.1. Respeitar o tema.
E12.2. Mobilizar informação adequada ao tema.
E12.4. Mobilizar adequadamente recursos da língua: uso correto do registo de língua, vocabulário adequado ao tema, correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na pontuação.

1.1. Tópicos a abordar:


• género da cantiga: cantiga de amor (sujeito poético: trovador/voz masculina; caracterização temática: panegírico da “senhor”);
• intenção do sujeito poético: compor uma cantiga de amor à maneira dos poetas provençais/elogio/louvor da senhora, segundo o modelo provençal;
• assunto: retrato convencional e idealizado da mulher amada; representação da “senhor” como modelo de beleza e virtude, que a todas excede;
• características/qualidades da figura representada:
– físicas: beleza (“fremosura”); riso bonito;
– morais e sociais: valor (“prez”), bondade, sociabilidade/afabílidade (“comunal”), sensatez (“bom sém”), sabe falar;
• recursos expressivos ao serviço da idealização da figura representada: enumeração (acumulação de qualidades), comparação (“riir melhor/que outra molher”, vv. 17-18), hipérbole
com valor de síntese no final das estrofes (vv. 6-7, 14, 21);
• relação com cantiga “Proençaes soem mui bem trobar”:
– complementaridade: ambas contribuem para a definição de uma arte poética de D. Dinis;
– oposição (retrato de matriz provençal, marcado pela convencionalidade e pelo artificialismo).

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Guião de produção de exposição sobre um tema disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 95
2.1. Dulcineia descrita por Dom Quixote (Miguel de Cervantes):
• retrato convencional e idealizado da mulher amada (superlativização de qualidades físicas (“formosura”), morais e sociais (“discrição”, “donaire”, “honestidade”);
• inacessibilidade/relação de vassalagem amorosa.
Nota: retrato em que se verifica a convencionalidade de matriz provençal presente nas cantigas de amor.

“Receita de mulher” (Vinicius de Moraes)


• traços associados à representação da mulher e ao ideal de beleza feminina
– beleza física (vv. 1-2, 7, 12, 18);
– graciosidade (“Qualquer coisa de dança”, v. 4);
– leveza; carácter etéreo/imaterial (vv. 6, 8);
– superioridade/inacessibilidade (vv. 4, 19);
– magnanimidade (v. 7);
– sensualidade (vv. 9-11; 13-18);
– poder de sedução/mistério e imprevisibilidade (vv. 20-24).
Nota: Análise crítica/irónica/parodística do retrato convencional e idealizado da mulher.

Sugestões:
• Declamação do poema integral “Receita de mulher”, pelo poeta, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=KCKN7-IF9ms
• Intertextualidade com algumas subunidades da unidade 5. Luís de Camões, Rimas relacionadas com o ideal de beleza renascentista e com a atividade de Leitura | Oralidade da p. 227.

Pág. 96
Leitura | Oralidade | Educação Literária
MC
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
O5.3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.
O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese […].
O6.2. Respeitar as marcas de género do texto a produzir.
O6.3. Respeitar as seguintes extensões temporais: síntese – 1 a 3 minutos […].
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

20
1. Ideias-chave:
• Semelhanças:
– cantigas em que se “diz mal” de alguém;
– carácter satírico (sátira pessoalizada, dirigida a alguém em concreto);
– recurso ao riso;
– variedade temática (comportamentos quotidianos, políticos);
– valor documental (conhecimento da Idade Média);
– em termos formais, predomínio das cantigas de mestria (sem refrão).
• Diferenças:
– Cantigas de maldizer: crítica direta e ostensiva;
– Cantigas de escárnio: crítica subtil (recorrendo a palavras com duplos sentidos).

Pág. 97
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais […] e universos de referência, justificando.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: […] e) refrão.

PPT
Poesia trovadoresca – Cantigas de escárnio: Texto analisado

Pág. 98
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar […] universos de referência, justificando.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

Pág. 99
3. b. Cantiga de maldizer (crítica direta e ostensiva, em que se refere o nome da pessoa visada).
e. “eu sei” (vv. 1, 10, 19); “soõ certão” (v. 4); “son verdadeiro” (v. 13).
f. “a meu cuidar” (v. 5).
g. Ridicularizar/censurar o comportamento de deserção na guerra de um cavaleiro cobarde; moralizar costumes; provocar o riso.
h. Ridicularizar o comportamento do jogral Lopo (que canta sem ter jeito para tal); provocar o riso.
i. Comparação, que confere visualismo à situação representada, remetendo para o universo da vida rural (vv. 6, 15, 24); trocadilho (Tenreiro – nome próprio) / tenreiro – adjetivo); expres-
sões populares, que provocam o riso (“alçou rab’”, vv. 8, 17, 26).
k. Comentário crítico a um acontecimento histórico e político: comportamento dos cavaleiros na guerra de Granada (deserção, cobardia de vassalos nobres).
l. Comentário crítico a um acontecimento cultural: comportamento do jogral, que canta sem ter jeito para tal.
n. Cantiga de refrão.

Gramática
MC
G18.3. Identificar orações coordenadas.

1. a. Oração coordenada adversativa.


b. Orações coordenadas copulativas (coordenação binária).
c. Oração coordenada explicativa.
d. Orações coordenadas disjuntivas (coordenação binária).
e. Oração coordenada conclusiva.
2.1. Exemplos:
a. Na casa do infanção, o jogral Lopo terá cantado mal ou terá sido bem-sucedido?
b. O jogral Lopo cantou mal na casa do infanção, logo foi castigado.
c. Na casa do infanção, o jogral Lopo cantou mal, mas ninguém se importou.

Pág. 100
Gramática
MC
G17.3. Explicitar processos fonológicos que ocorrem na evolução do português.

Pág. 101
Exercícios
1. a. Apócope, sonorização.
b. Síncope, epêntese.
c. Apócope, apócope, síncope, contração (crase).
d. Apócope, apócope.
e. Apócope, síncope, sonorização.
f. Apócope, epêntese.
g. Apócope, palatalização, síncope.
h. Apócope, prótese, síncope.

21
i. Apócope, apócope, palatalização.
j. Síncope, contração (crase).
k. Metátese, sonorização.
l. Apócope, sonorização, síncope.

No Caderno de Atividades, apresentam-se mais exercícios sobre este conteúdo.

Pág. 102
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais […], justificando.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL14.9. Identificar […] os recursos expressivos mencionados no Programa.

Rogelio Egusquiza (1845-1915)


• Pintor e escultor espanhol do século XIX
• Temas predominantes: temas históricos e retratos

1.1. Descrição: Tristão e Isolda jazem mortos, num ambiente natural; Isolda encontra-se deitada sobre Tristão.
Interpretação: representação de um amor trágico que culmina com a morte de ambos os elementos do casal; Isolda parece ter-se deixado morrer sobre o peito de Tristão.
1.2. Tristeza, angústia, sofrimento (motivados pela morte); calma, tranquilidade (motivadas pela expressão serena de Isolda).
Nota: De acordo com Graça Videira Lopes, a sátira desenvolvida na cantiga “Roi Queimado morreu com amor” poderá ter sido propiciada por uma cantiga de Rui Queimado, na qual este
trovador, por amor da sua senhor, lhe diz que se arrepende da sua anterior decisão de querer morrer (“Direi-vos que mi aveo, mia senhor”).

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Cantiga “Direi-vos que mi aveo, mia senhor” disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 103
3. Estrutura tripartida:
• primeira parte (vv. 1-7): apresentação da situação satirizada (ao não ser correspondido amorosamente e para mostrar que era bom trovador, Roi Queimado disse que morria por amor,
mas ressuscitou);
• segunda parte (vv. 8-21): explicitação da situação apresentada, com base na ridicularização (o trovador fingia reiteradamente a morte de amor nas suas cantigas, julgando que o fazia com
mestria, mas fazendo-o com pouca qualidade);
• terceira parte (vv. 22-24): remate da cantiga com a formulação irónica de um desejo por parte do sujeito poético (se pudesse viver e morrer constantemente, não temeria a morte).
4.1. Objetos da crítica:
• ridicularização/denúncia da falta de dotes poéticos do trovador Roi Queimado (que expressa a morte de amor “em seus cantares”, feitos “por se meter por mais trobador” e porque “cuida
que faz i maestria”);
• paródia das regras do amor cortês de matriz provençal (artificialismo/fingimento da “coita amorosa” e da morte por amor).
4.2. Ironia e hipérbole.
4.3. Irreverência – alusão a um exemplo bíblico com intenção jocosa (morte de Jesus Cristo e sua ressurreição, três dias depois).
Comicidade – paródia do “cliché” da morte de amor com recurso ao cómico (o trovador disse que morria e afinal ressuscitou).
5. Sátira/paródia às regras do amor cortês.

Leitura | Oralidade
MC
L9.1. Exprimir pontos de vista suscitados por leituras diversas, fundamentando.
O5.3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.

1.1. Possíveis tópicos a abordar:


• dimensão psicológica (“pieguice”, “estado de alma”, motivo poético/literário) vs. dimensão física (diagnóstico clínico com sintomas identificados);
• casamentos duradouros em que os elementos do casal se apoiam mutuamente: morte quase simultânea dos dois elementos do casal;
• sintomas do sofrimento amoroso e da morte de amor como mecanismo do corpo para lidar com o stress emocional.

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Para a preparação/dinamização da atividade, encontram-se disponíveis os poemas “Se é doce no recente, ameno estio”, de Bocage, e “blues da morte de amor”, de Vasco Graça Moura,
nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 104
PPT
Poesia trovadoresca – Síntese da unidade

Pág. 106
Nota: Este teste segue, dentro do possível, a estrutura da última edição (2014) do exame nacional de Português, considerando o objeto de avaliação (10.º ano, Poesia trovadoresca). Assim,
é constituído por três grupos :
• Grupo I (100 pontos) – em que se avaliam conhecimentos e capacidades de Educação Literária e de Escrita através de itens de construção (avaliando-se apenas conteúdos de 10.º ano
relativos à unidade em causa);
• Grupo II (50 pontos) – em que se avaliam capacidades de Leitura e de Gramática, através de itens de seleção e de construção;
• Grupo III (50 pontos) – em que se avaliam conhecimentos e capacidades de Escrita (integrando conhecimentos de Educação Literária), por meio de uma resposta extensa.
Visa-se, assim, que o aluno treine a resolução de testes com uma estrutura semelhante à dos exames.

22
PPT
Poesia trovadoresca – Correção do teste formativo

Pág. 107
GRUPO I
1. Esta composição poética é uma cantiga de amigo, pois a voz que nela se exprime é feminina, correspondendo a uma donzela que se refere ao seu “amigo”.
2. A primeira parte é constituída pelas primeiras quatro estrofes – nelas o sujeito poético evoca um passado que se prolongou no tempo (cf. pretérito imperfeito), marcado pelo canto
das aves. A segunda parte corresponde às quatro últimas estrofes, em que o sujeito poético refere um momento específico do passado – o momento em que o “amigo” cortou os ramos
das árvores e secou as fontes (cf. pretérito perfeito simples).
3. “Todalas aves do mundo d’amor diziam: / do meu amor e do voss’em ment’aviam” (vv. 7-8) – nesta personificação realça-se o valor simbólico da natureza, testemunha e cúmplice do
amor entre a donzela e o amigo.
4. Entre o sujeito poético e a natureza estabelece-se uma relação de cumplicidade – o sujeito poético evoca um passado harmonioso, estando a natureza (o canto das aves) em conso-
nância com o seu estado de alma (a alegria de amar).
5. Os atos de cortar os ramos e de secar as fontes poderão simbolizar o fim da relação amorosa (privadas de água e de local onde pousem, as aves deixam de cantar).
6. Esta composição poética é uma cantiga paralelística, caracterizando-se pela repetição e pela simetria: as estrofes pares repetem as estrofes ímpares, alterando-se apenas a palavra que
rima (por um sinónimo); recorre-se ao leixa-pren como processo de articulação entre estrofes. A cantiga é composta por dísticos, seguidos de refrão, e a rima alterna em i (estrofes ímpares)
e a (estrofes pares).

Pág. 108
GRUPO II
1.1. b.
1.2. c.
1.3. b.
1.4. d.

Pág. 109
1.5. c.
1.6. a.
1.7. b.
2.1.1. que atualmente se encontra na Biblioteca Nacional da Rússia – modificador apositivo do nome; por Mateo Plateario – complemento agente da passiva.
2.1.2. Futuro composto do indicativo (forma passiva).

GRUPO III
O sofrimento amoroso é um tema nuclear na poesia trovadoresca, estando presente em composições poéticas de diferentes géneros.
Nas cantigas de amigo, o sofrimento amoroso surge como uma das características psicológicas das donzelas enamoradas, que, confrontadas com a ausência do amigo (namorado),
confidenciam o seu amor, frequentemente articulado com a saudade, a ansiedade e o desespero, às amigas, às mães ou à própria Natureza (“Ai flores, ai flores do verde pino”, “Ondas do
mar de Vigo”, “Non chegou, madr’, o meu amigo”).
Nas cantigas de amor, por outro lado, o sofrimento amoroso é expresso pelo próprio trovador, que, ao não ser correspondido pela “senhor” a quem presta vassalagem amorosa, é vota-
do a uma “coita de amor” intensa, suscetível de culminar na “morte de amor”. A cantiga “Se eu podesse desamar”, de matriz provençal, é paradigmática nesse sentido.
Finalmente, nas cantigas de escárnio e maldizer, o sofrimento amoroso característico do amor cortês passa a ser alvo de ridicularização. A título exemplificativo, recorde-se a cantiga
“Roi Queimado morreu com amor”, em que se satiriza, precisamente, o código do amor cortês e os excessos da vassalagem amorosa presentes nas composições poéticas dos trovadores
provençais.
Em síntese, poder-se-á afirmar que a forma como o tema do sofrimento amoroso é abordado na lírica trovadoresca é condicionada pelo género literário adotado: se, nas cantigas de
amigo, surge associado à “coita de amor” da donzela, nas restantes cantigas, é encarado como um motivo poético, sendo fonte de inspiração (cantigas de amor) e alvo de ridicularização
(cantigas de escárnio e maldizer).
(254 palavras)

Unidade 3 • Fernão Lopes, Crónica de D. João I


Pág. 112
Leitura | Educação Literária | Escrita
MC
L7.2. Fazer inferências, fundamentando.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

Joaquim Martins Correia (1910-1999)


• Artista plástico português (escultura, desenho, ilustração, pintura)
• Representado em várias coleções (Museu do Chiado, Museu Soares dos Reis, Museu José Malhoa, etc.)
• Algumas esculturas: Camões (Goa), Garcia de Orta (Lisboa), D. Pedro V (Lisboa)

Estátua de Fernão Lopes (1969)


• Escultura em granito
• Faz parte de um conjunto de figuras da literatura portuguesa especialmente esculpidas para o jardim da Biblioteca Nacional

Pág. 113
1.1.1. b.
1.1.2. c.
1.1.3. d.
1.1.4. a.
1.1.5. c.
1.1.6. a.

23
Pág. 114
Leitura | Escrita | Educação Literária
MC
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: síntese […].
E12.3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização
adequada de conectores.
E12.4. Mobilizar adequadamente recursos da língua: uso correto do registo de língua, vocabulário adequado ao tema, correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na pontuação.
E13.1. Pautar a escrita do texto por gestos recorrentes de revisão e aperfeiçoamento, tendo em vista a qualidade do produto final.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

2. Crónica medieval
• Inicialmente: “registava acontecimentos históricos por ordem cronológica” (ll. 3-4);
• Alta Idade Média: “começa a ser conformada por uma perspetiva individual que lhe confere uma dimensão interpretativa e, eventualmente, estética, como acontece com as obras de Fernão
Lopes.” (ll. 6-8).
A crítica documental e histórica em Fernão Lopes
• Obra de Fernão Lopes: “faz a compilação de memórias anteriores” (l. 2); “resulta de uma investigação original e crítica” (l. 3);
• Fontes: “a correspondência diplomática, os diplomas legais, os capítulos das Cortes […], os cartórios das igrejas e lápides de sepulturas ” (ll. 8-10);
• Metodologia: “submeter a uma revisão metódica todos os relatos […] notando as suas contradições e inverosimilhanças, e decidindo-se, à falta de documento, pela versão que julga ‘mais
chegada à razão’” (ll. 14-16);
• Conclusão: Fernão Lopes – “primeiro […] dos historiadores portugueses” (ll. 17-18).

Pág. 115
2.1. Annabela Rita define a crónica enquanto conceito suscetível de evolução ao longo da Idade Média; se, no início, remetia para o registo de acontecimentos históricos por ordem
cronológica, na Alta Idade Média a crónica é já caracterizada por uma dimensão interpretativa e mesmo estética (como é o caso das crónicas de Fernão Lopes).
O texto de António José Saraiva e Óscar Lopes corrobora a mesma ideia. Para estes autores, a obra de Fernão Lopes resulta não da mera compilação de materiais, mas de uma investigação
original e crítica, fundamentada em fontes documentais variadas e pautada pela análise e revisão crítica de todos os materiais consultados. Por esta razão, Fernão Lopes é considerado o
primeiro historiador português.
(116 palavras)

PDF
Guião de produção de síntese escrita disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Leitura | Educação Literária


MC
L7.2. Fazer inferências, fundamentando.
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

Nuno Gonçalves (séc. XV)


• Pintor português
• Provavelmente, pintor régio de D. Afonso V
• Possível autor dos Painéis de São Vicente

Painéis de São Vicente (c. 1470)


• Obra-prima da pintura portuguesa do século XV, é composta por seis painéis
• De estilo poderosamente realista, faz uma representação de toda a sociedade, atravessando a nobreza, o clero e o povo

Pág. 116
3.1.
a. Feitos de cavalaria, torneios, aventuras de reis/grandes senhores, intrigas palacianas.
b. Corte real/senhorial, convento, grupo social aristocrático/governante.
c. Bodas, amores, intrigas, conspirações palacianas.
d. Mesteirais.
e. Camponeses.
f. Influência dos populares na vitória contra os castelhanos.
g. Revolução popular que eleva ao trono D. João I.

Pág. 117
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.3. Identificar […] ideias principais, […] e universos de referência, justificando.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

PPT
Fernão Lopes, Crónica de D. João I – Texto analisado

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Pág. 118
Educação Literária | Leitura
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais, pontos de vista e universos de referência, justificando.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL15.2. Valorizar uma obra enquanto objeto simbólico, no plano do imaginário individual e coletivo.
L7.2. Fazer inferências, fundamentando.
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.

1.1. Crise de 1383-1385:


• Crise dinástica provocada pela morte de D. Fernando (sem filho varão legítimo, tem apenas uma filha legítima, D. Beatriz, casada com o rei de Castela – perda da independência, caso
o trono lhe fosse concedido);
• Aclamação do Mestre de Avis, filho ilegítimo de D. Pedro, como rei de Portugal.

Pág. 121
3.1. Sequência:
• Movimentação: Álvaro Pais sai com os seus homens e grita pela cidade que é necessário acudir ao Mestre, por ele ser filho de D. Pedro;
• Concentração: O povo junta-se a Álvaro Pais e avança em direção ao paço;
• Manifestação: O povo chega ao paço e prepara-se para entrar no edifício;
• Aclamação: Convencido pelos que o rodeiam, o Mestre dirige-se à janela e mostra-se ao povo, sendo por ele aclamado;
• Dispersão: O Mestre sai do paço e convence o povo a dispersar. O Mestre atravessa a cidade e dirige-se ao Paço do Almirante.
3.1.1. Construção da narrativa com base em dois ritmos distintos:
• Movimentação → Concentração → Manifestação → Aclamação: ritmo crescente até ao momento da aclamação (em que se atinge o clímax), marcado simultaneamente pelo aumento da
dramaticidade (curiosidade e solidariedade iniciais → emoção e efusividade finais) e pela concentração espacial (ruas → paço → janela).
• Dispersão: ritmo decrescente, no momento da dispersão (anticlímax).
3.2. Identificação dos atores individuais e coletivos:
• Movimentação: Pajem do Mestre, Álvaro Pais (atores individuais), povo (ator coletivo);
• Concentração: Álvaro Pais, pajem do Mestre (atores individuais), aliados de Álvaro Pais, povo (atores coletivos);
• Manifestação: povo (ator coletivo), Álvaro Pais (ator individual);
• Aclamação: povo (ator coletivo), Mestre, Álvaro Pais (atores individuais);
• Dispersão: Mestre (ator individual), povo (ator coletivo).
Caracterização dos atores:
• Povo: atitudes progressivamente mais efusivas/emocionadas; comportamentos precipitados (concentração) e carecentes de reflexão/moderação (manifestação) – mesmo após combina-
ção prévia, há momentos de descontrolo; empenho na defesa do Mestre;
• Álvaro Pais, seus aliados e pajem do Mestre: empenhamento na defesa do Mestre;
• Mestre: comportamento ponderado/refletido; atitude dialogante; capacidade de liderança (dispersão).
3.3. Relação espaços físicos/atores:
• ruas da cidade de Lisboa – espaços abertos, públicos, frequentados pelo povo e pelos atores individuais que interagem com o povo (Álvaro Pais, Mestre);
• palácio – espaço fechado, privado, de acesso condicionado frequentado pelos nobres/detentores do poder e do governo (Mestre, Álvaro Pais);
• janela do palácio – espaço integrado no palácio, em que o Mestre se mostra e é aclamado pelo povo.

Pág. 122
4.1.
a. 4.
b. 1.
c. 2.
d. 5.
e. 3.
f. 7.
g. 6.
5. a. Posição subtil do narrador: cumprimento do papel de historiador:
• registo de acontecimentos históricos/factuais (objetividade);
• análise crítica / interpretativa dos acontecimentos narrados / compreensão da importância dos fatores psicológicos nos fenómenos históricos (subjetividade) – cf. sentimento de
crise nacional gerado pela iminência da perda da independência (subjacente à pretensa morte do Mestre de Avis);
b. Carga política do episódio (parcialidade): criação de uma atmosfera favorável à aclamação do Mestre de Avis como rei de Portugal; legitimação de uma dinastia nacional, embora por
via bastarda.

Pág. 123
Gramática
MC
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.

1. a. O povo – sujeito; percorreu a cidade precipitadamente – predicado; a cidade – complemento direto; precipitadamente – modificador (do grupo verbal).
b. Senhor – vocativo; permaneceremos aqui – predicado; aqui – predicativo do sujeito.
c. Anoiteceu – predicado.
d. Dizem que o Mestre entrou no palácio ao anoitecer – predicado; que o Mestre entrou no palácio ao anoitecer
– complemento direto; o Mestre – sujeito; entrou no palácio ao anoitecer – predicado; no palácio – complemento oblíquo; ao anoitecer – modificador (do grupo verbal).
1.1. a. Sujeito simples.
b. Sujeito nulo subentendido.

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c. Sujeito nulo expletivo.
d. Sujeito nulo indeterminado (subordinante); sujeito simples (subordinada).
2. Exemplos:
a. Álvaro Pais e o povo acorreram ao Mestre durante o dia.
b. – Mestre, vinde à janela!
c. O Mestre foi defendido pelo povo naquela época.

Oralidade | Escrita
MC
O1.3. Distinguir informação subjetiva de informação objetiva.
O2.1. Tomar notas, organizando-as.
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: […] exposição sobre um tema […].
E12.2. Mobilizar informação adequada ao tema.
E12.5. Observar os princípios do trabalho intelectual: identificação das fontes utilizadas […].

Vídeo
Documentário “Batalha de Aljubarrota” [6 min 58 s]

PDF
Grelha de análise de documentário e Guião de produção de exposição sobre um tema disponíveis nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão im-
pressa).

1.1. a. Preocupação com a perda da independência e de influência política face ao favorecimento de várias famílias exiladas oriundas de Castela e da Galiza. b. Domínio das casas reais
peninsulares por parte da Casa Real de Trastâmara (Castela), através de relações matrimoniais (Juan I de Castela precipita este plano ao casar-se com D. Beatriz, ligação interpretada, em
Portugal, como uma tentativa de anexação). c. Pretendentes ao trono: D. Beatriz – partido de D. Leonor Teles e dos que defendem a manutenção do statu quo; D. João, Mestre de Avis –
partido dos filhos segundos e dos filhos bastardos, sem possibilidade de afirmação na cena política portuguesa; D. João de Castro – partido dos que não se reveem em nenhum dos
partidos anteriores.

Sugestão:
Encontra-se disponível, no Caderno de Atividades (pp. 48-50), uma ficha de Leitura | Gramática com base na apreciação crítica intitulada “Aljubarrota”.

Pág. 124
Gramática
MC
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.

Pág. 125
Exercícios
1.1. c.
1.2. b.
1.3. c.
2.1. O povo – sujeito simples; considerou o Conde Andeiro traidor – predicado; o conde Andeiro – complemento direto; traidor – predicativo do complemento direto.
2.2. O conde Andeiro foi considerado traidor pelo povo.
2.2.1. O Conde Andeiro – sujeito simples; foi considerado traidor pelo povo – predicado; traidor – predicativo do sujeito; pelo povo – complemento agente da passiva.

No Caderno de Atividades, apresentam-se mais exercícios sobre este conteúdo.

Pág. 126
Educação Literária | Oralidade
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar […] ideias principais […], justificando.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
O1.4. Fazer inferências.

1.1. a. V; b. V; c. F – Lisboa tem importância para D. João de Avis por motivos económicos. Ou Lisboa tem importância para Juan I por motivos políticos; d. V; e. F – O rei inglês mostra-se
renitente em ajudar, mas acaba por fazê-lo. f. V.

“O Cerco de Lisboa”
Transcrição do texto
Numa tentativa de normalizar a situação e assegurar o trono da sua mulher, Juan I de Castela entra em Portugal e ocupa a cidade de Santarém, obrigando a rainha de Portugal, D.
Leonor Teles Menezes, pouco capaz de travar a resistência, a abdicar da regência do reino, exilando-a para um convento.
A resistência portuguesa e o exército castelhano encontram-se pela primeira vez a 6 de abril de 1384, na Batalha dos Atoleiros. Nuno Álvares Pereira soma mais uma vitória para a fação
de Avis, mas o confronto nada resolve. Depois da derrota na Batalha dos Atoleiros, Juan I de Castela retira para Lisboa, cerca a capital e com o auxílio da sua marinha bloqueia o porto da
cidade e controla o Tejo. O cerco era uma séria ameaça à causa de D. João de Avis, uma vez que sem Lisboa, sem o seu comércio e o dinheiro dele afluente, pouco poderia ser feito contra
Castela. Por seu turno, Juan I precisava de Lisboa por motivos de ordem política, uma vez que nem ele, nem a sua mulher haviam sido coroados e, sem esta importante cerimónia, eram
apenas pretendentes à coroa.
O passo seguinte do futuro rei de Portugal foi ver a sua posição reconhecida além-fronteiras. D. João de Avis pede auxílio militar ao rei Ricardo II de Inglaterra, um rapaz de 17 anos,
controlado pelo seu regente e tio, João de Gaunt, Duque de Lencastre, que inicialmente se mostra reticente em aceder ao pedido de ajuda, mas por fim envia para Portugal cerca de
600 archeiros, homens com experiência de combate.

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Bloqueada por terra e pelo rio, a cidade perde as esperanças de ser libertada pelo exército de D. João de Avis, demasiado pequeno para arriscar um confronto direto com os castelhanos.
Cercada e passando fome, Lisboa passa um mau bocado, mas não se rende, resistindo sempre, com uma bravura que espanta, liderada por D. João de Avis. Cerca de quatro meses depois
do início do cerco, uma epidemia de peste negra surge no exército castelhano, forçando Juan I a retirar para Castela a 3 de setembro. Lisboa pode finalmente respirar de alívio.
http://m.dnoticias.pt/impressa/revista/193624/194399-historia [Consult. 20-10-2014, adapt. e com supressões]

Pág. 129
2.1. Estrutura do texto (organização interna):
• Introdução (ll. 1-7) – contextualização do episódio a narrar na estrutura global da obra (cf. referência ao episódio anteriormente relatado e síntese do assunto desenvolvido no capítu-
lo); preparativos face à iminência do cerco, atitudes dos intervenientes;
• Desenvolvimento (ll. 8-85) – relato pormenorizado dos acontecimentos relativos à preparação do cerco;
• Conclusão (ll. 86-91) – comentário apreciativo dos acontecimentos relatados, com destaque para a atitude de solidariedade e para a coragem dos intervenientes.
3.1. a. Abastecimento de pão, carne (recolhida das lezírias e preservada em sal) e outros mantimentos.
b. Fortificação dos muros; construção de caramanchões de madeira nas torres; apetrechamento das torres com armas; distribuição da guarda dos muros pelos nobres e burgueses.
c. Manutenção de 12 portas abertas durante o dia, guardadas por soldados; distribuição da guarda noturna de algumas portas.
d. Construção de duas cercas de estacas; montagem do acampamento junto a uma das cercas; construção de um muro exterior ao acampamento.
4.1. Mestre de Avis: diligente relativamente à organização da defesa da cidade, com capacidade tática (antecipação dos movimentos do adversário), de liderança e de motivação (repar-
tição da guarda dos muros e das portas por homens de valor e de confiança).
4.2. a. Lavradores – classe social caracterizada por diferentes pontos de vista (a favor dos portugueses vs. a favor dos castelhanos) e atitudes (coragem / empenho na defesa da cidade vs.
cobardia / fuga).
b. Nobres, burgueses e soldados (besteiros e homens de armas) – caracterizados pelo empenho ativo na defesa da cidade (responsabilidade pela guarda de muros e de portas da
cidade).
c. Raparigas do povo – contribuição na preparação da defesa (recolha de pedras), articulada com a alegria do canto, sugerindo um clima de solidariedade, confiança e bem-estar.
5.1. a., b. “que havees ouvido” (l. 3); “sabee” (l. 8); “leedes” (l. 50).
c. “Esta é Lixboa prezada […] qual derom ao Bispo,” (ll. 69-74).
d., f. “Ó que fremosa cousa era de veer!” (l. 86).
e. “De triinta e oito portas […] cometer neuũ erro.” (ll. 43-48).
g.“lanças e dardos e beestas de torno, e doutras maneiras com grande avondança de muitos viratões” (ll. 21-22).
h. comparação entre os portugueses e os filhos de Israel da época do profeta Neemias (ll. 76-79).

Pág. 130
Leitura
MC
L7.4. Explicitar o sentido global do texto, fundamentando.
L7.6. Explicitar, em textos apresentados em diversos suportes, marcas dos seguintes géneros: […] apreciação crítica.

1.1. a. Monografia (obra acerca de um só assunto) sobre o cerco de Lisboa de 1384:


• análise bem documentada;
• título que alude à peste;
• seleção iconográfica profusa e de qualidade;
• inclusão de plantas da autoria de A. Vieira da Silva, mapas e esquemas interpretativos do autor.
b. Comentário crítico de carácter apreciativo: qualidade do autor (encarado como grande especialista da “medievalidade da capital portuguesa”, l. 9) e da obra:
• “uma esmerada análise da documentação conhecida”, ll. 9-10 (cf. adjetivo anteposto);
• “uma narrativa rigorosa mas muito acessível”, ll. 11-12 (cf. adjetivo no grau superlativo absoluto analítico);
• “O título da obra é muito sugestivo”, l. 15 (cf. adjetivo no grau superlativo absoluto analítico);
• “Uma cuidada e profusa seleção iconográfica”, l. 19 (cf. dupla adjetivação, anteposta ao nome);
• elemento não verbal: apreciação da obra como muito boa (4 estrelas).
1.2. a. e b. Estrutura característica do género textual apreciação crítica constituída por:
• título da obra sobre a qual incide a apreciação;
• identificação do autor e do ano em que a obra foi publicada;
• identificação do recenseador/crítico;
• atribuição de classificação (estrelas);
• corpo da crítica:
– apresentação da obra, por meio de uma breve contextualização do tema (ll. 1-7);
– explicitação das características do livro, em articulação com comentários críticos, partindo de aspetos de ordem temática para aspetos de ordem icónica e icónico-verbal (imagens,
plantas, mapas, esquemas interpretativos).

Sugestão:
Esta atividade poderá ser complementada com um trabalho de análise comparativa sobre apreciações críticas de outras obras relacionadas com o mesmo tema.
Ex.: Júlia Nery, Crónica de Brites, Sextante, 2010; José Saramago, História do Cerco de Lisboa, Porto Editora, 2014 (obra referente ao cerco de 1147)

Pág. 131
PDF
Grelha de análise de apreciação crítica disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Educação Literária | Oralidade


MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar […] ideias principais […], justificando.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL15.5. Escrever exposições (entre 120 e 150 palavras) sobre temas respeitantes às obras estudadas, seguindo tópicos fornecidos.

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Jean Froissart (1333-1405)
• Cronista medieval francês
• Viajou por diversos países, com a finalidade de escrever a história das guerras da sua época
• A crise de 1383-1385 encontra-se relatada no Livro III das suas Crónicas

1.1. Possíveis privações: falta de cuidados médicos (originados por ferimentos ou por doenças); falta de alimentos e de água potável.

Pág. 134
2. Introdução (ll. 2-10) – apresentação do contexto histórico em que se situam os acontecimentos relatados; articulação com a informação apresentada no capítulo anterior.
Desenvolvimento (ll. 11-81) – apresentação, de forma rigorosa e pormenorizada, dos acontecimentos relativos à falta de alimentos na cidade, durante o cerco.
Conclusão (ll. 82-94) – comentário final do cronista, focando a situação trágica da cidade durante o cerco.
3.1. e. ll. 1-19; c. ll. 20-36; a. ll. 37-60; b. ll. 61-69; d. ll. 70-72; f. ll. 78-81.
4. Povo – comportamentos diversificados, que evidenciam o agravamento da miséria e do estado anímico:
• procura empenhada de alimentos, colocando a vida em risco;
• defesa da cidade, ultrapassando a fraqueza humana e revelando um esforço sobrenatural;
• luta pela sobrevivência, procurando comida de forma degradante e bebendo água até à morte, e pedindo esmola pela cidade;
• pedido de ajuda a Deus, face à situação de desespero reinante;
• choro (de pais e mães) – constatação do sofrimento dos filhos.
Mestre – dificuldade em gerir a difícil situação vivida dentro da cidade:
• sofrimento pela incapacidade de socorrer a população;
• comportamento de emergência, face à situação extrema em que a cidade se encontra – expulsão dos que não têm mantimentos para se alimentar (forma de atenuar o sofrimento da
restante população).
5. a. Objetividade presente no rigor da pormenorização, com valor descritivo e informativo (ex.: pormenores de carácter económico – ll. 37-39; realismo descritivo relativo à luta pela
sobrevivência – ll. 46-53).
b. Subjetividade presente na apreciação crítica e emotiva dos factos relatados (ex.: interrogações retóricas – ll. 34-36, 90-91; frase exclamativa na interpelação final às gerações vindouras
– ll. 91-93).
c. Planos gerais: focalização da cidade e dos atores coletivos que nela intervêm (ll. 1-5, 61).
d. Planos de pormenor: incidência em grupos de personagens e/ou em situações particulares – ex.: procura de grãos de trigo, por “homeẽs e moços” (ll. 42-45).
e. Recursos expressivos:
• comparação: “mester de o multiplicar como fez Jesu Cristo aos pães” (ll. 18-19) – concretização e exemplificação, em tom hiperbólico;
• enumeração: “Das carnes, […] ũa dobra” (ll. 46-50) – pormenorização, de forma gradativa (gradação descendente);
• personificação: “Toda a cidade era dada a nojo” (l. 61) – intensificação do estado anímico predominante.
f. Vocabulário relacionado com os atos de ver (“veede”, l. 63) e ouvir (“ouvistes”, l. 2, “ouvirees”, l. 94).
g. Recursos expressivos (interpelação do leitor):
• interrogação retórica: “Pera que é dizer mais de taes falecimentos?” (l. 82) – incitação do leitor à reflexão;
• apóstrofe: “Ó geeraçom que depois veo […] de taes padecimentos!” (ll. 91-93).
h. Outros recursos (interpelação do leitor):
• frase imperativa: “Ora esguardae como se fossees presente” (l. 90);
• interjeição: “Ó” (l. 91).
5.1. Título:
• adequado, com função de síntese do conteúdo temático do capítulo;
• expressivo, contemplando quer os factos objetivos ocorridos durante o cerco (falta de mantimentos), quer as consequências psicológicas e sociais que decorrem desse facto (sofrimento
da população).

Gramática
MC
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.

1. a. Fernão Lopes – sujeito; é a figura mais importante da literatura portuguesa medieval – predicado. b. Fernão Lopes – vocativo; sois considerado pelos críticos literários o mais importante
cronista medieval – predicado. c. Fernão Lopes – sujeito; é o maior cronista da literatura portuguesa medieval – predicado; certamente – modificador (da frase). d. Todos – sujeito; têm Fer-
não Lopes como o maior cronista medieval – predicado. e. Fernão Lopes – sujeito; é conhecido de todos – predicado.
1.1. a. a figura mais importante da literatura portuguesa medieval – predicativo do sujeito. b. pelos críticos literários – complemento agente da passiva; o mais importante cronista
medieval – predicativo do sujeito. c. o maior cronista da literatura portuguesa medieval – predicativo do sujeito. d. Fernão Lopes – complemento direto; como o maior cronista medieval
– predicativo do complemento direto. e. de todos – complemento agente da passiva.

Pág. 135
2. Exemplos: a. Há quem apelide Fernão Lopes de primeiro historiador português. b. Sagraram Fernão Lopes um grande cronista. c. O rei constituiu Fernão Lopes cronista-mor do reino. d. O
povo aclamou o Mestre de Avis rei de Portugal.

Pág. 136
Escrita | Educação Literária
MC
E12.1. Respeitar o tema.
E12.2. Mobilizar informação adequada ao tema.
EL15.1. Reconhecer valores culturais, éticos […] manifestados nos textos.
EL15.3. Expressar pontos de vista suscitados pelos textos lidos, fundamentando.
EL15.6. Ler uma ou duas obras do Projeto de Leitura relacionando-a(s) com conteúdos programáticos de diferentes domínios.

1.1. Valores culturais e éticos apresentados no texto:


• valor ético: denúncia das condições de vida do povo (miséria, epidemia, insalubridade);
• valor cultural: valorização da função recreativa e social dos torneios (promoção das relações sociais – convivência e união entre pobres e ricos; reforço da identidade cultural de Ingla-
terra na época medieval).

28
Leitura | Oralidade
MC
L9.1. Exprimir pontos de vista suscitados por leituras diversas, fundamentando.
O4.1. Respeitar o princípio de cortesia: formas de tratamento e registos de língua.
O4.2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.

1.1. Possíveis tópicos a abordar:


Causas do desperdício alimentar:
• aspeto exterior (cf. informação apresentada por Isabel Soares);
• deterioração (cf. prazo de validade);
• confeção em quantidades exageradas;
• ausência de recurso a formas de confeção de sobras.
Consequências do desperdício alimentar:
• sobrecarga do processo de recolha de lixo; insalubridade; doenças;
• sobrecarga financeira (gastos desnecessários).
Medidas concretas, em casa:
• aquisição de produtos de forma racional (tendo em conta os hábitos de consumo e os prazos de validade);
• conservação adequada dos produtos (frigorífico, despensa…);
• confeção de produtos em quantidades adequadas;
• invenção de novas receitas a partir de produtos já confecionados;
• compostagem.
Outras medidas:
• criação de associações e empresas que redistribuam por famílias carenciadas os bens alimentares que se encontram na iminência de ser desperdiçados;
• promoção de ações de voluntariado que incentivem a redistribuição desses produtos;
• criação de empresas no setor agroalimentar que encarem o desperdício como subproduto ou como matéria-prima (ex.: sumos, purés, snacks a partir de “fruta feia”).

Pág. 139
PPT
Fernão Lopes, Crónica de D. João I – Síntese da unidade

Pág. 140
Nota: Este teste segue, dentro do possível, a estrutura da última edição (2014) do exame nacional de Português, considerando o objeto de avaliação (10.º ano, Crónica de D. João I, de Fernão
Lopes). Assim, é constituído por três grupos :
• Grupo I (100 pontos) – em que se avaliam conhecimentos e capacidades de Educação Literária e de Escrita através de itens de construção (avaliando-se apenas conteúdos de 10.º ano
relativos à unidade em causa);
• Grupo II (50 pontos) – em que se avaliam capacidades de Leitura e de Gramática, através de itens de seleção e de construção;
• Grupo III (50 pontos) – em que se avaliam conhecimentos e capacidades de Escrita (integrando conhecimentos e capacidades de Leitura), por meio de uma resposta extensa.
Visa-se, assim, que o aluno treine a resolução de testes com uma estrutura semelhante à dos exames.

PPT
Fernão Lopes, Crónica de D. João I – Correção do teste formativo

GRUPO I
1. Os acontecimentos relatados no capítulo referem-se ao cerco de que Lisboa foi alvo por parte do rei de Castela, em 1384. Trata-se, pois, de um acontecimento referente à crise política
de 1383-1385, que culminaria com a aclamação do Mestre de Avis como rei de Portugal, em 1385.
2. Para preparar a defesa do cerco, procedeu-se à recolha e à preservação de mantimentos (pão, carne e outros); para além disso, repararam-se os muros da cidade e as torres foram cober-
tas por caramanchões e apetrechadas com armas variadas; a sua guarda foi confiada a membros da nobreza.
3. A população que vivia nos arredores da cidade é caracterizada por atitudes diversas: muitos lavradores dirigem-se para dentro das muralhas, aí procurando proteção; outras pessoas
dirigiram-se para sul (Palmela e Setúbal); finalmente, houve quem fosse para as vilas que tinham tomado o partido de Castela.
4. Neste parágrafo, a enumeração evidencia a quantidade e variedade de armas existentes nas torres, vindas de origens diversificadas (armas da cidade, de senhores e de capitães). Sugere-
-se, com este recurso expressivo, que, devido ao empenho coletivo, a cidade estava bem preparada para o cerco iminente e confiante relativamente ao sucesso da defesa.
5. A afirmação da consciência coletiva está presente na atitude heroica da população, que se prepara para o cerco de forma empenhada e valorosa, consciente da sua responsabilidade na
luta pela manutenção da independência.

Pág. 142
GRUPO II
1.1. d.
1.2. b.
1.3. b.

Pág. 143
1.4. a.
1.5. c.
1.6. a.
1.7. b.
2.1.
a. Predicativo do complemento direto.
b. Predicado.
c. Complemento oblíquo.

29
Grupo III
Fernão Lopes caracteriza-se por ser, simultaneamente, um historiador e um cronista.
Com efeito, ao ser designado por D. Duarte como cronista do reino, Fernão Lopes ficou responsável pela redação das Crónicas de D. Pedro I, D. Fernando e D. João I. As suas crónicas, no
entanto, não se restringiam à simples compilação de acontecimentos históricos por ordem cronológica – pelo contrário, nelas se traduz a articulação entre a consulta de fontes e a inves-
tigação original e crítica, associada a uma visão global e integradora de várias perspetivas e a uma dimensão fortemente interpretativa e estética. Trata-se, pois, de crónicas que refletem
não só “o historiador de méritos excecionais”, como também o “verdadeiro narrador artista, preocupado com a beleza da forma e não apenas com a verdade do conteúdo” (Lindley Cintra, 1994,
p. 575).
Em termos de conteúdo, a qualidade de Fernão Lopes é visível, no caso da Crónica de D. João I, no modo como os atores individuais e coletivos são encarados ao longo da narrativa: o
cronista realça a atuação não apenas de atores individuais (com destaque, naturalmente, para o Mestre de Avis) mas também a atuação da própria população, que age como um todo,
consciente da importância das suas liberdades e responsabilidades face à necessidade de manutenção da independência. Ao nível da forma, a prosa cronística de Fernão Lopes destaca-se,
essencialmente, pelo coloquialismo – presente, por exemplo, nas constantes interpelações ao leitor, pelo visualismo e pelo dinamismo – não podendo aqui deixar de ser referida a impor-
tância dada ao rigor e à plasticidade da pormenorização, bem como ao uso expressivo de figuras como a comparação ou a enumeração.
Por estas razões, Fernão Lopes pode ser cumulativamente encarado como o primeiro grande cronista e o primeiro grande historiador português.
(284 palavras)

Unidade 4 · Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira


Pág. 146
Leitura | Educação Literária
MC
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
L8.2. Elaborar tópicos que sistematizem as ideias-chave do texto, organizando-os sequencialmente.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

António de Holanda (c. 1480/1500 – c. 1571)


• Miniaturista e iluminador de destacada importância na corte de D. Manuel, provavelmente nascido nos Países Baixos
• Principais obras: iluminuras do Livro de Horas de D. Manuel, da Genealogia dos Reis de Portugal e da Genealogia dos Condes da Feira

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1.1. a. Desenvolvimento da economia com base na expansão ultramarina; procura de lucro no Oriente por parte das classes sociais mais elevadas; clima de prosperidade.
b. Expansão ultramarina com novos domínios geográficos (São Jorge da Mina, cabo da Boa Esperança, Índia, Brasil); estatuto mediador de Portugal entre a Europa e o Novo Mundo.
c. Hipocrisia social.
d. Devassidão em privado.
e. Diminuição da fé.
f. Desvario lisboeta.

Pág. 148
Leitura | Educação Literária | Escrita
MC
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
L8.2. Elaborar tópicos que sistematizem as ideias-chave do texto, organizando-os sequencialmente.
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: síntese […].
E12.3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização
adequada de conectores.
E13.1. Pautar a escrita do texto por gestos recorrentes de revisão e aperfeiçoamento, tendo em vista a qualidade do produto final.

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A propósito da obra Dom Duardos
“[…] Trata-se de uma tragicomédia na qual Gil Vicente retrata com inigualável mestria a condição humana, as nossas inquietações, as nossas “misérias”, a eterna viagem que é a busca de nós
mesmos e que encontra a sua génese no nosso destino incontornável: o amor. Alguns críticos, como Dâmaso Alonso, consideram-na “uma das obras poeticamente mais belas da literatura
em língua castelhana”.
Esta é a história de D. Duardos, cavaleiro andante, filho do rei de Inglaterra, que se dirige a Constantinopla para exigir justiça sobre assuntos de vida e morte. Aí encontrará a infanta Flérida e
o amor. Só então se inicia a verdadeira viagem deste herói, uma viagem pelos sentimentos dos amantes até ao mais profundo conhecimento de si próprios. […]”
http://www.teatro-dmaria.pt/pt/calendario/tragicomedia-de-d-duardos-gil-vicente/ [Consult. 06-12-2014]
2.1. Exemplo:
Segundo o autor do texto, a dificuldade em elaborar a biografia de Gil Vicente começa, desde logo, na possível, mas não confirmada, identificação do poeta com o ourives da mesma época.
Gil Vicente esteve ao serviço da corte de D. Leonor (tendo escrito várias peças a seu pedido), de D. Manuel I e de D. João III.
As obras vicentinas foram compiladas postumamente por dois dos seus filhos, embora apresentem uma divisão diferente da que o dramaturgo teria proposto. Também a Inquisição terá tido
um papel determinante na divulgação da obra vicentina, já que foi responsável pela supressão de algumas peças do autor.
Ainda relativamente à obra de Gil Vicente, o autor do texto salienta o interesse documental das personagens vicentinas, realçando a vida interior de algumas figuras femininas, como Inês
Pereira ou a princesa Flérida.
(136 palavras)

Pág. 150
Leitura | Educação Literária
MC
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

3.1. a. V – “Gil Vicente não foi […] o criador do teatro português; mas foi com ele que este abandonou o estado larvar, embrionário, em que vegetava desde o século XII, para assumir enfim uma
existência literária.” – “O teatro vicentino”, ll. 12-14.

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b. V – “A nível temático, a farsa privilegia a problematização da luta entre forças opostas, do relacionamento humano, familiar e amoroso, da oposição dos valores tradicionais e convencionais
a valores individuais e pessoais”; “de natureza cómica.” – “Características da farsa”, ll. 14-18, l. 2.
c. F – “é possível dividir a ação em três partes: exposição, na qual se apresenta Inês, insatisfeita com a vida de solteira, mas que recusa um pretendente por ser rústico e simples; conflito, que
mostra Inês a aceitar um outro pretendente com quem casa, vindo, posteriormente, a arrepender-se; e desfecho, no qual Inês aceita o primeiro pretendente, ao reconhecer as vantagens de se
casar com ele.” – “Farsa de Inês Pereira – estrutura interna e externa”, ll. 1-6.

Pág. 151
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar […] ideias principais, […] e universos de referência, justificando.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL14.11. Reconhecer e caracterizar textos quanto ao género literário: […] farsa.

PPT
Gil Vicente – Farsa de Inês Pereira – Texto analisado

Pág. 152
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL14.11. Reconhecer e caracterizar textos quanto ao género literário: […] farsa.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

PPT
Frontispício do Auto de Inês Pereira

Nota: A obra em estudo pode ser designada como Auto de Inês Pereira ou Farsa de Inês Pereira. De facto, a farsa é também um auto, na medida em que este era o nome dado a qualquer
peça de teatro na Idade Média.

1.1. Escudeiro: pertencente à nobreza, com bom parecer.


Inês Pereira: mulher jovem.
Relação entre o Escudeiro e Inês Pereira: relação de proximidade (personagens voltadas uma para a outra).
Lianor Vaz: mulher adulta, vestida de forma cerimoniosa (as roupas sugerem contacto social).
Mãe: mulher adulta, vestida de forma mais simples (as roupas sugerem uma vida circunscrita ao espaço da casa).
Relações entre personagens: proximidade entre o Escudeiro e Inês Pereira, por um lado, e entre Lianor Vaz e a Mãe, por outro lado.
1.2. Farsa representada em 1523 ao rei D. João III; farsa produzida como resposta de Gil Vicente à acusação de que era alvo (falta de originalidade).
1.3. O mote pretende mostrar que nem sempre o que vale mais é o mais conveniente. Neste caso, a docilidade do burro parece ser preferível à força do cavalo.
Nota: Esta edição segue a Copilaçam de todalas obras de Gil Vicente, 1562 – Livro quarto.

Pág. 154
3.1. O descontentamento de Inês é motivado por circunstâncias diversas:
aborrecimento e enfado devido ao trabalho que está a fazer (vv. 5-9); cansaço (vv. 7, 21); confinamento constante ao espaço da casa (vv. 10-11, 17-18); impossibilidade de se divertir como o
fazem as raparigas da sua idade (vv. 23-25).
3.2. Exemplos:
A enumeração (vv. 5-7) e a interrogação retórica (vv. 14-16) reforçam a expressão de indignação e revolta da personagem, insatisfeita com a sua situação. A comparação com objetos esque-
cidos e sem préstimo pretende destacar o absurdo da sua situação (vv. 10-13).
4.1. A Mãe reage de forma irónica e até um pouco agressiva (vv. 37-43, 47); desconfiada relativamente ao facto de a filha ter realizado as tarefas de que estava incumbida (vv. 37-40).
5.1. Argumentos de Inês: deseja sair do seu “cativeiro”; considera que a vida de solteira “é mais que morta” e que, sendo ela dedicada (“aguçosa”), não será difícil arranjar casamento.
Argumentos da Mãe: com fama de preguiçosa, Inês não conseguirá arranjar marido; a moça não se deve apressar, pois rapidamente será confrontada com o casamento e com a ma-
ternidade.
6. Caracterização de Inês:
• insatisfeita com a vida de solteira;
• desejosa de uma mudança que lhe permita sair do seu “cativeiro”;
• ansiosa pelo casamento para que consiga atingir os seus objetivos.

Gramática
MC
G18.2. Dividir e classificar orações.
G18.4. Identificar orações subordinadas.
G18.5. Identificar oração subordinante.

1. a. Estou fechada nesta casa – oração subordinante; como uma panela sem asa – oração subordinada adverbial comparativa.
b. A senhora permite – oração subordinante; que eu vá à janela – oração subordinada substantiva completiva.
c. Não tenhas pressa – oração subordinante; porque antes da Páscoa vêm os ramos – oração subordinada adverbial causal.
d. Quando menos esperares – oração subordinada adverbial temporal; terás marido e filhos – oração subordinante.
e. O Diabo me leve – oração subordinante; se eu continuar a bordar – oração subordinada adverbial condicional.
1.1. Exemplos:
c. Não tenhas pressa, porquanto / uma vez que / já que / dado que antes da Páscoa vêm os Ramos.
e. O Diabo me leve, caso eu continue a bordar.

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Pág. 155
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL14.11. Reconhecer e caracterizar textos quanto ao género literário: […] farsa.

François Clouet (c. 1510-1572)


• Pintor francês, sucedeu ao pai, em 1541, como pintor da corte de Francisco I
• É considerado o maior pintor e desenhista francês da segunda metade do século XVI e um dos maiores nomes da Escola de Fontainebleau
• Notabilizou-se como retratista, pintor de nus e de temas históricos e mitológicos

1.1. Uma mulher velha entrega a uma jovem uma carta e parece estar a segredar-lhe alguma coisa. Provável relação de cumplicidade entre ambas (a mulher mais velha é uma alcovitei-
ra que intermedeia encontros amorosos e íntimos, cobrando por tal função).

Pág. 158
3.1. Ataque inesperado por parte de um clérigo.
3.2. Contradições do relato evidenciadas pela Mãe: Lianor diz que vem pálida devido ao susto, mas a Mãe discorda, dizendo que ela está corada (v. 3); Lianor argumenta não ter conse-
guido defender-se, mas a Mãe nota a ausência de marcas de luta / defesa (vv. 64-65).
Contradição do relato evidenciada pela própria Lianor: identificação do local onde a ação se terá passado – Lianor diz, inicialmente, que fora atacada “ao redor da minha vinha” (v. 11)
e depois refere que o ataque se deu no “olival” (v. 63).
3.3. Dimensão satírica através da crítica à sociedade quinhentista (luxúria e devassidão do clero) e à personagem alcoviteira (mentira, falsidade, leviandade); criação de efeito de comici-
dade, marcado pelo cómico de linguagem (vv. 58-59) e pelo cómico de carácter (vv. 2-3).
4.1. Inicialmente, Inês mostra-se ansiosa por casar e idealista relativamente ao tipo de homem com quem pretende casar (ainda que seja pobre, terá de ser “avisado” e “discreto”); depois de
ler a carta do seu pretendente, deixa de estar interessada, já que o considera rústico, simplório e desajustado às suas expectativas.
4.2. Réplicas que realçam a insensatez (ao recusar o casamento proposto) e o idealismo de Inês.
4.2.1. Provérbios e ditos populares:
• “Ou seja sapo ou sapinho, / ou marido ou maridinho, / tenho o que houver mister.” (vv. 159-161);
• “Mata o cavalo de sela, / e bom é o asno que me leva.” (vv. 164-165);
• “No Chão do Couce, / quem não puder andar choute.” (vv. 166-167);
• “Mais quero eu quem m’adore, / que quem faça com que chore.” (vv. 168-169).
Valor persuasivo: argumentos da sabedoria popular, que se baseia na experiência; neste contexto, pretendem evidenciar a vantagem do pragmatismo em detrimento da visão idealista
que Inês assume relativamente ao casamento.
Relação com o argumento da peça: 2.º e 4.º provérbios – valor idêntico ao veiculado pelo mote “Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube”.
5. a. Pêro Marques: rústico e ridículo (ponto de vista de Inês), simples; Inês: trocista, desdenhosa.
b. Relação entre Pêro Marques e Inês marcada pela assimetria (ele tenta agradar-lhe, penteando-se antes de a ver; ela troça da sua tentativa, mostrando desdém).
c. Oposição entre o carácter das duas personagens (simplicidade vs. pretensiosismo).
d. Preparação da entrada em cena de uma nova personagem.
6.1. Oposição de interesses: Inês pretende um marido que seja “avisado”, discreto, que saiba tocar e cantar para ter uma vida alegre e livre; a sua Mãe pretende que a filha case com um
homem que seja rico, bom marido e que a trate bem.
Diferentes conceções de vida (casamento): para Inês, o casamento é sinónimo de libertação; para a Mãe, o casamento é sinónimo de segurança e amparo.

Gramática
MC
G18.2. Dividir e classificar orações.
G18.4. Identificar orações subordinadas.
G18.5. Identificar oração subordinante.

1. a. Lianor estava tão rouca – oração subordinante; que não conseguiu falar – oração subordinada adverbial consecutiva.
b. A Mãe de Inês aprovava este casamento – oração subordinante; tal como Lianor – oração subordinada adverbial comparativa.
c. Inês quer um noivo discreto – oração subordinante; ainda que seja pobre – oração subordinada adverbial concessiva.
d. Lianor entregou a carta de Pêro a Inês – oração subordinante; para que ela a lesse – oração subordinada adverbial final.
2. Exemplos:
a. Lianor não estava arranhada porque / visto que / uma vez que tinha as unhas cortadas. | Como / Porque / Visto que tinha as unhas cortadas, Lianor não estava arranhada. b. Inês não
gostou da carta de Pêro, embora / ainda que aceitasse a sua visita. | Embora / Ainda que aceitasse a visita de Pêro, Inês não gostou da carta dele. c. A carta de Pêro era tão / de tal forma
simples que Inês se riu das suas palavras.

Pág. 159
Oralidade | Escrita | Educação Literária
MC
O1.4. Fazer inferências.
O1.5. Distinguir diferentes intenções comunicativas.
O1.6. Verificar a adequação e a expressividade dos recursos verbais e não verbais.
O2.1. Tomar notas, organizando-as.
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: […] apreciação crítica.
E12.1. Respeitar o tema.
E12.2. Mobilizar informação adequada ao tema.
E12.3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização
adequada de conectores.
E13.1. Pautar a escrita do texto por gestos recorrentes de revisão e aperfeiçoamento, tendo em vista a qualidade do produto final.
EL15.7. Analisar recriações de obras literárias do Programa, com recurso a diferentes linguagens (por exemplo, música, teatro, cinema, adaptações a séries de TV), estabelecendo com-
parações pertinentes.

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Vídeo
Excerto do documentário “A Mulher em Gil Vicente”, do programa Memórias do Teatro [2 min e 50 s]
2.1. b., a., d., e., c.
3. a. e b. Interpretação fiel ao texto vicentino, sem adaptação da linguagem à época atual. c. Representação expressiva, feita dentro dos moldes convencionais/tradicionais. f. Cenários que
refletem uma visão mais moderna e conceptual do texto vicentino, mantendo, no entanto, a sua essencialidade (confinamento da mulher ao espaço casa). g. Trajes que se coadunam com a
época representada. h. Figurinos coincidentes com a época representada, embora apresentados com uma maior liberdade interpretativa.

Pág. 160
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL14.11. Reconhecer e caracterizar textos quanto ao género literário: […] farsa.

Pág. 162
2.1. Pêro Marques: simplicidade, rusticidade. Criação de um efeito cómico: tentativa de observância das convenções sociais associadas à situação em causa.
2.2. Pêro Marques: desajeitado, simples e rústico, desconhece as convenções sociais básicas como sentar-se numa cadeira (vv. 16-18) ou oferecer um presente (vv. 41-60); atencioso e
delicado em relação a Inês (vv. 41-44); honesto e respeitador, preocupa-se com a reputação e a segurança de Inês (vv. 61-79, 103-105).
2.3. a. cómico de situação:
• momento em que Pêro se senta ao contrário na cadeira, ficando de costas para Inês e para a Mãe, com quem está a falar (vv. 15-19);
• momento em que Pêro procura as peras que trouxe para oferecer a Inês, mas não as encontra (vv. 41-60).
b. cómico de linguagem: confusão entre “mor gado” e “morgado” (vv. 26-27).
2.4. Aspetos em que a afirmação se adequa à personagem Pêro Marques:
• tipo folclórico (mais do que tipo social), que tem como função gerar o cómico, devido ao seu carácter;
• personagem caracterizada pela ignorância, simplicidade e ingenuidade;
• personagem que põe em causa a ordem estabelecida – cf. seriedade e decência, visível na preocupação com a segurança e a reputação de Inês.
3.1. Caracterização depreciativa/pejorativa de Pêro Marques:
• palerma desajeitado (vv. 17-18);
• homem tão sério que chega a ser ingénuo (vv. 67, 71-74).
3.2. Características psicológicas de Inês:
• insensível e cruel, por troçar da falta de jeito e da simplicidade de Pêro;
• leviana e pretensiosa, por considerar que Pêro é antiquado quando não se aproveita do facto de estar sozinho com ela.

Pág. 163
4.1. Preocupação com o tipo de noivo e o tipo de vida que a filha deseja (vv. 135-138); valorização da importância de casar com alguém que garanta a segurança e uma vida estável (vv. 137-
138, 143).
4.2. A qualidade que Inês mais valoriza no marido é a discrição (qualidade de quem tem cuidado a falar e a agir, seguindo as convenções sociais).
4.2.1. Censura da conceção de vida idealizada pela filha; aconselhamento com base em expressões de cariz popular e de carácter sentencioso (vv. 137-138, 144).

Gramática
MC
G17.3. Explicitar processos fonológicos que ocorrem na evolução do português.

1. a. Paragoge.
b. Aférese.
c. Assimilação.
d. Apócope.
e. Redução vocálica.

Oralidade | Educação Literária


MC
O4.2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL15.3. Expressar pontos de vista suscitados pelos textos lidos, fundamentando.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

2. a. Autenticidade em termos de carácter (simplicidade, honestidade, ingenuidade); inconsciência, inocência.


b. Inquietação relativamente à dicotomia verdade/aparência; consciência da existência de hipocrisia na sociedade.
c. Desajustamento; alvo fácil de ridicularização.
d. Ajustamento às convenções sociais (“cuidais que são, e não são”).

Pág. 164
Gramática
MC
G19.1. Identificar arcaísmos.
G19.2. Identificar neologismos.
G19.3. Reconhecer o campo semântico de uma palavra.
G19.4. Explicitar constituintes de campos lexicais.
G19.6. Identificar processos irregulares de formação de palavras.

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Pág. 165
Exercícios
1. “al” (outra coisa; outra pessoa), “siquaes” (porventura), “entonces” (então).
2.1. Canto/dança (“tanger”, “viola”, “cantiguinha”, “bailar”, “tanger”); alimentação (“coma”, “pão”, “cebola”, “farinha”, “comer”, “boleima”, “água”).
2.2. Exemplo: Alimento feito de massa de farinha de cereais, ou de milho, cozida em forno; sustento; alimento essencial; seara ou conjunto de searas; pão ázimo; pão de forma; pão de leite;
pão de queijo; pão integral; pão ralado; pão seco; pão sem sal; a pão e laranja(s); pão, pão, queijo, queijo; amassar o pão com o suor do rosto; pôr a pão e água; tirar o pão a alguém.
3. a. Acrónimo (Light Amplification Stimulated Emission of Radiation) e empréstimo.
b. Extensão semântica.
c. Empréstimo.
d. Truncação (otorrinolaringologista).
e. Sigla (Compact Disk Read) e empréstimo.
f. Acrónimo (Imposto sobre o Valor Acrescentado).
No Caderno de Atividades, apresentam-se mais exercícios sobre este conteúdo.

Pág. 166
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL14.11. Reconhecer e caracterizar textos quanto ao género literário: […] farsa.

1.2. Escudeiro: carácter galanteador (tocador de viola, versejador), ainda que pobre.

Pág. 171
3. 1.ª parte: diálogo entre os judeus casamenteiros e Inês acerca do pretendente a marido (vv. 1-75). 2.ª parte: entrada do Escudeiro em cena; contacto entre este e Inês Pereira e decisão
de Inês de casar com ele (vv. 76-273). 3.ª parte: casamento entre Inês e Brás da Mata (vv. 274-347).
4.1. a. Interação desarticulada (referem-se um ao outro como se um deles estivesse ausente; deixam de se dirigir a Inês para discutirem sobre quem deve falar).
b. Recurso a linguagem popular, marcada por termos grosseiros (vv. 11-13), a jogos de palavras (vv. 5, 24-25, 30-31) e a linguagem hiperbólica (vv. 6-8), por vezes ao serviço da bajulação
de Inês (vv. 39-40).
c. Tendência para um discurso redundante e muitas vezes desprovido de informação relevante (cf. referências às dificuldades que tiveram em satisfazer o pedido de Inês – músico
Badajoz e músico Vilhacastim).
5.1. a. O Escudeiro revela-se hipócrita, dissimulado, trocista (troça de Inês Pereira quando não é ouvido por esta e elogia-a mais tarde).
b. O Escudeiro revela-se vaidoso, egocêntrico, pretensioso (vv. 156-164), dissimulado (vv. 12-15).
c. O Escudeiro revela-se pobre, tirano/déspota, violento (vv. 185-188).
5.1.1. Exemplo:
• Cómico de linguagem: “Moça de vila será ela / com sinalzinho postiço, / e sarnosa no toutiço, / como burra de Castela.” (vv. 85-88).
• Cómico de carácter: “E se me vires mentir, / gabando-me de privado, / está tudo dissimulado, / ou sai-te pera fora a rir.” (vv. 112-115).
5.1.2. Metáfora: “fresca rosa” (v. 130); hipérbole: “vossa fermosura […] é tal que, de ventura, / outra tal não s’acontece” (vv. 144-146).
Recursos que realçam o carácter adulador do Escudeiro, que tenta cativar Inês através de um discurso elogioso, embora, antes, tenha desdenhado dela.

Pág. 172
6.1. a. F (vv. 129-151); b. V; c. F (vv. 166-169, 183-191, 196-200); d. F (vv. 170-173, 179-182); e. V; f. V; g. V; h. F (vv. 255-259, 265-266); i. F (vv. 303, 306); j. V.
7.1. Encontro entre Inês e Brás da Mata e o projeto de libertação de Inês:
• Inês encarava o casamento como a única forma de se libertar do “cativeiro” da vida de solteira;
• a jovem pretendia casar com um homem “avisado”, discreto, com as características típicas de um homem do corte;
• Brás da Mata parece corresponder às exigências de Inês, aparentando ser o meio de emancipação e de ascensão social.

Gramática
MC
G19.4. Explicitar constituintes de campos lexicais.

1.1. Ideal de mulher.


1.2. “fresca rosa”, “despejo”, “mui graciosa donzela”, “discrição”, “fermosura”.

Pág. 173
Oralidade | Educação Literária
MC
O1.3. Distinguir informação subjetiva de informação objetiva.
O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese […].
O6.3. Respeitar as seguintes extensões temporais: síntese – 1 a 3 minutos […].
EL15.6. Ler uma ou duas obras do Projeto de Leitura relacionando-a(s) com conteúdos programáticos de diferentes domínios.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

Áudio
Programa radiofónico Lugares comuns – “Ser pícaro” [1 min 32 s]

 “Ser Pícaro”
Transcrição do programa radiofónico
De uma pessoa maliciosa, ardilosa, astuta, esperta, mas também de alguém pouco honesto, que vive de expedientes, diz-se que é um pícaro. O adjetivo “pícaro” vem do castelhano e
designava inicialmente as personagens das narrativas picarescas espanholas como o célebre Lazarilho de Tormes. Estas eram personagens sem recursos e que usavam todo o tipo de

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artimanhas para conseguir sobreviver. Quanto à origem do termo, “pícaro”, começaram a chamar pícaros aos soldados espanhóis que regressavam das campanhas militares em França e,
nomeadamente, da região da Picardia. Ora, estes soldados, desmobilizados, ficavam entregues à sua sorte e sem recursos. Socorriam-se, então, de todo o tipo de esquemas para consegui-
rem sobreviver. E daí se passar a chamar “pícaro” a alguém ardiloso, astuto e desonesto, que vive de expedientes.

1.1. Pícaro:
• origem da palavra – da região da Picardia;
• palavra castelhana que designava personagens de narrativas picarescas – personagens sem recursos, que viviam de artimanhas;
• alguém malicioso, esperto, ardiloso, que vive de expedientes desonestos;
• anti-herói, marcado por um percurso de vida difícil.

PDF
Guião de produção de síntese oral disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

2.1. Escudeiros:
• vaidosos, altivos/presunçosos e bem vestidos;
• pobres, sem dinheiro para comer.

Pág. 174
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL14.11. Reconhecer e caracterizar textos quanto ao género literário: […] farsa […].

1.1. Relação conflituosa, sugerida pela divergência de opiniões e por aquilo que parece ser o arrependimento do noivo.

Pág. 176
2.1. c., e., f., a., d., b.

Pág. 177
3.1. a. Em casa da Mãe, fechada.
b. Bordado e canto.
c. Insatisfeita com a vida, lamentando-se da sua sorte.
d. Renega o que está a fazer, queixa-se de estar fechada e promete que conseguirá forma de sair do seu “cativeiro”, preferencialmente, casando.
e. Homem “avisado”, de boas maneiras, tocador de viola e versejador, que lhe proporcione uma vida com diversão.
f. Em sua casa (que lhe foi dada pela mãe, aquando do casamento), fechada.
g. Bordado e canto.
h. Insatisfeita com a vida, lamentando-se da sua sorte.
i. Renega o que está a fazer, queixa-se de estar fechada e espera conseguir sair do “cativeiro” em que se encontra depois de casada, arrependendo-se da decisão que tomou.
j. Homem insensível e tirano, que quer mantê-la presa, não permitindo que ela saia de casa ou olhe pela janela.
4.1. Morte do Escudeiro – Brás da Mata foi morto por um pastor, quando tentava fugir de uma batalha, em Arzila.
4.2. Antítese. Realce da oposição de sentimentos provocados pela morte do Escudeiro no Moço (tristeza, por ficar desamparado) e em Inês (alegria, por se libertar do casamento que a
aprisionava).
5.1. O conceito de “libertação” alterou-se para Inês:
• inicialmente: sinónimo de casamento com um homem da corte;
• após o casamento: consciência de que o casamento pode ser sinónimo de cativeiro, subjugação;
• após a notícia da morte de Brás: opção por um “muito manso marido” como forma de emancipação / libertação.

Oralidade
MC
O2.1. Tomar notas, organizando-as.
O2.2. Registar em tópicos, sequencialmente, a informação relevante.

“Modo
 de vida cortês”
Transcrição dos textos gravados
A abundância de situações dramáticas vicentinas em torno do enamoramento e do casamento trazia para a cena, naturalmente, uma presença correspondente de figuras femininas,
na medida em que a cultura de corte, nas suas mais diversas formas de expressão, desde a poética à gestualidade, à arte dos comportamentos refinados (por exemplo, saber falar, como
e quando, saber rir, etc.), estava polarizada em torno da problemática do sentimento amoroso, que implicava o processo de enamoramento e as consequências dele; e nisto a mulher era
central. Ora o teatro vicentino era parte integrante dessa cultura de corte e, por isso, compartilhava das respetivas modalidades diversos pontos de vista, ideias, modos de linguagem. Bas-
tará lembrar como em todos os casos em que Gil Vicente representa a atuação do homem que procura seduzir uma mulher encontramos essa linguagem, essa terminologia, esse modelo
comportamental frequentemente trabalhado nos “cancioneiros” ou nos tratados de cortesania da época.
Jorge Osório, “Solteiras e Casadas em Gil Vicente”, in Península: Revista de Estudos Ibéricos, n.º 2, 2005 [p. 116]

A cultura cortês, mal assimilada, sucumbe no confronto com a cultura popular e a moça acaba por assumir a sua verdadeira condição. Inês não evoluiria – ou não evoluiria da mesma
forma – se o seu caminho não se tivesse cruzado com o do Escudeiro que, atraiçoando as suas quimeras, a fez cair na realidade e despertou nela um secreto desejo de vingança, de que a
união com Pêro Marques será o instrumento. Depois de experimentar o cavalo que derruba, Inês preferir-lhe-á o asno que a leve em segurança aonde ela quiser.
Cristina Almeida Ribeiro, Inês, Lisboa, Quimera, 1991 [p. 176]

1.1. a. “poética”, “gestualidade”, “arte dos comportamentos refinados”, “polarizada em torno da problemática do sentimento amoroso”. b. “saber falar, como e quando, saber rir, etc.”
c. “cultura cortês”. d. “cultura popular”. e. “verdadeira condição”.
2. Possíveis tópicos a abordar:

35
Modo de vida popular:
• Representado pela personagem Pêro Marques
• Valores (século XVI): ruralidade, rusticidade, simplicidade, autenticidade, trabalho
Modo de vida cortês:
• Representado pela personagem Escudeiro
• Valores (século XVI): ambiente cortesão, “discrição”, culto da aparência, dissimulação

Pág. 178
Gramática
MC
G17.4. Identificar étimos de palavras.
G17.5. Reconhecer valores semânticos de palavras considerando o respetivo étimo.
G17.6. Relacionar significados de palavras divergentes.
G17.7. Identificar palavras convergentes.

Exercícios
1. a. atriu.
b. clave.
c. parabola.
1.1. a. átrio.
b. clave.
c. parábola.
2. a. Palavras divergentes.
b. Palavras convergentes.
c. Palavras divergentes.
d. Palavras convergentes.
3. a. mácula – mancha que é visível em algo ou desonra (em sentido figurado); mágoa – dor, amargura.
Em ambas as palavras está presente o sentido de marca que é deixada por algo concreto ou por um desgosto ou tristeza vivenciados.
b. óculo – instrumento composto de lente para auxílio da vista; olho – cada um dos dois órgãos da visão.
Em ambas as palavras está presente o ato de ver.
c. íntegro – algo inteiro ou alguém honrado; inteiro – algo completo, intacto.
Em ambas as palavras está presente o sentido de exatidão/completude.

Sugestões:
No Caderno de Atividades, apresentam-se mais exercícios sobre este conteúdo.
Encontra-se também disponível, no Caderno de Atividades (pp. 51-53), uma ficha de Leitura | Gramática com base no texto “Os Bisturi, 7 amigos que queriam muito fazer teatro”.

Pág. 179
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
O1.4. Fazer inferências.

Barros de Estremoz
• Manifestações artísticas de cariz popular, em que se retrata a cultura, hábitos e costumes alentejanos
• Temas predominantes: trabalhos e vida do campo, profissões e ofícios, ocupações domésticas, cenas do quotidiano

1.1. Imagem que representa, de forma metafórica, a cegueira do amor.


1.2. Relação de analogia entre a escultura O amor é cego e Pêro Marques (personagem marcada pela ingenuidade relativamente ao amor e a Inês).

Pág. 182
3.1. Entusiasmada com a sua recente situação, Inês finge-se triste e enfadada, como se anuncia na didascália inicial (“ela finge-se muito anojada”).
3.2. Propor novo casamento a Inês, agora com Pêro Marques.
4.1. Valorização da experiência em detrimento do saber livresco (não experienciado), referindo-se à sua própria situação: a experiência vivenciada revelou-lhe o engano dos seus ideais.
4.2. Aceitação de Pêro Marques como marido (que a trata bem), ainda que este não tenha o estatuto social pretendido; integração, no próprio discurso, de argumentos com valor prover-
bial, semelhantes aos da Mãe (vv. 33-36).
5.1. Atitude: galanteio e sedução. Intenção crítica: denúncia da devassidão/luxúria do clero.

Pág. 183
6.1. Pêro Marques leva Inês Pereira ao encontro do amante (Ermitão), pensando ingenuamente que ela vai à ermida em romaria. Não só a leva às costas e carrega duas pedras, como
também canta uma canção, a pedido de Inês, em que se assume como homem traído (“marido cuco”, v. 187).

7. Síntese de conto
Transcrição do texto gravado
Uma mulher engana o marido com um “abade”. O marido desconfia de alguma coisa mas é tão estúpido que a mulher consegue tranquilizá-lo sem dificuldade. Leva-o ao abade, que,
naturalmente, nega tudo e ela diz- lhe: “Agora, tu és Domingos Ovelha, com o corno retorcido por trás da orelha.” Regressam a casa e a mulher repara que pelo caminho há lousas, pedras
achatadas que eram aquecidas no forno para cozer sobre elas as “bôlas” de cereais. Ela pega em duas lousas e o marido instala-a sobre as suas costas. Mas o homem espanta-se de que ela
pese tanto. E ela responde-lhe em dialeto a imitar o galego popular: “Ai, Domingos, isto são tchi coussas. Tu levas-me a mim e eu levo as loussas.”
Paul Teyssier, Gil Vicente – O autor e a obra, Lisboa, ICLP, 1982 [p. 37]

36
7.1. O conto popular:
•m  otivo da sua utilização por Gil Vicente: coloca em relevo a estupidez e a ingenuidade do marido retratado, que, maltratado, ainda carrega às costas a mulher; através dele, o dramaturgo
estabelece uma relação entre o marido e Pêro Marques, também ingénuo, enganado pela mulher;
• relação com o provérbio: terminando o conto e também a farsa com Inês às costas do marido, é inevitável a ligação desta cena com o provérbio que serviu de mote à farsa; efetivamente,
Inês consegue livrar-se de um “cavalo” que a derrubava e consegue um “asno” que a carrega – metafórica e literalmente.
8. Aspetos temáticos: denúncia do adultério e da devassidão do clero.
Aspetos linguísticos: recurso à metáfora (“Marido cuco”, v. 187; “Sempre fostes percebido / Pera cervo”, vv. 192-193) e à ironia (“Bem sabedes vós, marido, quanto vos amo” – vv. 197-198;
“Pois assim se fazem as cousas”, vv. 186, 189, 196, 203).

Gramática
MC
G17.5. Reconhecer valores semânticos de palavras considerando o respetivo étimo.
G19.6. Identificar processos irregulares de formação de palavras.
G19.7. Analisar o significado de palavras considerando o processo de formação.

1.1. Arriba, ribada, ribanceira, Ribatejo, Ribamar.


1.2. Arriba: ad- + ripam (palavra derivada por prefixação, no latim – para a margem; para lugar superior) > costa alta e escarpada; ribada: ripa + -ada (palavra derivada por sufixação)
> costa alta e escarpada; ribanceira: ribança + -eira (palavra derivada por sufixação) > riba elevada e íngreme; Ribatejo: simplificação e contração de riba de Tejo > por cima do Tejo;
Ribamar: simplificação e contração de riba de mar > por cima do mar (os locais que inicialmente receberam esta designação encontram-se em pontos elevados que dominam o mar).
2. Exemplo:
a. Campo, plantação, gado, terra, cultivo, enxada, etc.
b. Parte externa do órgão do ouvido, ouvido; ter orelhas de burro, fazer orelhas moucas, levar nas orelhas, ter as orelhas quentes, quando um burro fala, o outro baixa as orelhas…
3. a. Empréstimo (vocábulo com origem castelhana). b. Truncação (vocábulo que resulta da supressão de parte da palavra “demónio”).

Pág. 184
Leitura | Oralidade
MC
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
L9.1. Exprimir pontos de vista suscitados por leituras diversas, fundamentando.
O3.2. Planificar o texto oral, elaborando tópicos de suporte à intervenção.
O4.1. Respeitar o princípio de cortesia: formas de tratamento e registos de língua.
O4.2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.

1. Possíveis aspetos a abordar:


• Mediação dos relacionamentos pelas novas tecnologias: SMS, email, redes sociais, etc. – que não criam necessariamente proximidade entre as pessoas
• Condicionamento dos relacionamentos pelo ritmo e estilo de vida impostos pela sociedade moderna: pressão para se ser bem-sucedido profissionalmente
• Egocentrismo/egoísmo, falta de tolerância e pouca resistência às adversidades, que podem ditar o fracasso dos relacionamentos
• Importância do relacionamento amoroso:
– fonte de estabilidade afetiva
– meio para o autoconhecimento
– forma de realização pessoal

Sugestão:
No final do guião de análise do Auto da Feira (p. 204), encontra-se uma proposta de Oralidade, que integra duas atividades:
• apreciação crítica oral do anúncio publicitário “Venha ao Teatro de Metro”;
• reflexão/debate sobre a importância do teatro na sociedade contemporânea.

Pág. 185
PPT
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira – Síntese da unidade

Pág. 186
Leitura | Educação Literária
MC
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
L8.2. Elaborar tópicos que sistematizem as ideias-chave do texto, organizando-os sequencialmente.
EL.16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

Johannes Lingelbach (1622-1674)


• Pintor de origem alemã, recebeu provavelmente a sua formação artística em Amesterdão
• Notabilizou-se pela pintura de grandes paisagens e cenários humanos movimentados
• Principais obras: Batalha da ponte Milvian, Cidade flamenga sitiada por soldados espanhóis, entre outras

1.1. Tópicos (organizados sequencialmente):


• Auto da Feira como obra em que se criticam os vícios da Igreja de Roma (corrupção e dissolução de costumes), tendo em conta o contexto histórico (Saque de Roma, em 1527).
• Estrutura interna da obra: divisão em três momentos, de acordo com um movimento ascensional: superstição e imoralidade clerical; religiosidade popular; exaltação divina.

Pág. 187
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar […] ideias principais, […] e universos de referência, justificando.

37
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL14.11. Reconhecer e caracterizar textos quanto ao género literário: […] auto […].

PPT
Gil Vicente, Auto da Feira – Texto analisado

Pág. 188
Educação Literária | Escrita | Oralidade
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL14.7. Estabelecer relações de sentido: a) entre as diversas partes constitutivas de um texto; b) entre características e pontos de vista das personagens.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL14.11. Reconhecer e caracterizar textos quanto ao género literário: […] auto […].
EL15.1. Reconhecer valores culturais, éticos e estéticos manifestados nos textos.
EL15.5. Escrever exposições (entre 120 e 150 palavras) sobre temas respeitantes às obras estudadas, seguindo tópicos fornecidos.
EL15.6. Ler uma ou duas obras do Projeto de Leitura relacionando-a(s) com conteúdos programáticos de diferentes domínios.
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: […] exposição sobre um tema […].
E12.1. Respeitar o tema.
E12.3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização
adequada de conectores.
E12.4. Mobilizar adequadamente recursos da língua: uso correto do registo de língua, vocabulário adequado ao tema, correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na pontuação.
O4.1. Respeitar o princípio de cortesia: formas de tratamento e registos de língua.
O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese e apreciação crítica.

1. Funções da alegoria:
• função didática – explicação/clarificação de uma entidade abstrata;
• função moralizante – intuito moral/moralizador.
2. Sugestões:
Considerando a estruturação das atividades de exploração do Auto, apresentadas nas páginas 201 a 204, sugere-se que seja feita uma leitura tripartida da peça, de acordo com os três mo-
mentos dramáticos considerados:
• Superstição e imoralidade clerical [vv. 1-510];

Pág. 189
• Religiosidade popular [vv. 511-782];
• Exaltação divina [vv. 783-981].
Os conteúdos gramaticais referentes a esta unidade encontram-se apresentados em fichas de Informação e Aplicação nas seguintes páginas:
• Lexicologia, pp. 164-165;
• Etimologia, p. 178.

Pág. 201
I. Superstição e imoralidade clerical
1.1. a. Astrologia. O termo astronomia (v. 11) que surge no auto refere-se aqui ao campo da astrologia. b. Esclarecer os ouvintes sobre o que é verdadeiro na astrologia (vv. 14-15). c. A
astrologia era um tema que andava “mui maneira” (v. 12), mas era mal sabida e necessitava de um esclarecimento (vv. 16, 31-34); a crença infundada nos astros deveria ser substituída
pela fé cristã.

Pág. 202
2.1. Explicitação da verdade e denúncia da mentira de forma fundamentada, com base na desmistificação das crenças da época:
• crença de que os astros nos controlam desde o nascimento (vv. 52-54);
• crença no poder dos signos (vv. 57-61);
• crença de que a morte é definida pela divindade do Tempo (vv. 62-66), etc.
2.1.1. a. ironia vv. 36-42 – desvalorização do conhecimento científico facilmente observável. b. cómico de linguagem vv. 82-86 – denúncia do comportamento do clero, com base no trocadi-
lho (crescer/minguar). c. cómico de situação vv. 48-51 – crítica à crença de que os astros influenciam o comportamento humano com base num exemplo de uma atitude caricata.
3.1. Pedido a Deus que lhe envie um Anjo (vv. 211-212); justificação do pedido dizendo que receia que os compradores sejam de má índole e negoceiem com o Diabo (vv. 213-217).
3.2. a. Bens vendidos/trocados:
• Tempo / Serafim: troca as virtudes por bens que os compradores tragam (vv. 186-190); vende “remédios, especialmente / contra fortunas ou adversidades” (vv. 191-192), “conselhos maduros”
(v. 194), “amor e rezão, / justiça e verdade, a paz desejada” (vv. 196-197), “o temor de Deus” (v. 200);
• Diabo: vende bens insignificantes (vv. 276-278), enganos e situações/atitudes que causam a perdição (vv. 288-290, 313-320, 333, 337, 343).
b. Sociedade em geral (vv. 198-201, 215-216, 258-263, 283-284, 301-305, 331-335); membros do clero (vv. 219-222, 331-335) e os que têm poder para governar (vv. 227-232).
c. Críticas apontadas:
• Tempo: banalização dos valores cristãos que são debatidos, mas não colocados em prática (vv. 198-199); falta de temor divino (vv. 200-201); prevalência dos valores profanos e demo-
níacos (vv. 215-216);
• Serafim: crise de valores e os comportamentos desregrados dos membros do clero (vv. 219-222); demagogia dos poderosos e dos governadores que não temem a ira divina (vv. 227-232);
• Diabo: crise de valores e corrupção da sociedade (vv. 238-240); falta de honra (vv. 258-263, 283-284); ganância desmedida (vv. 301-305); feitiçaria popular (vv. 313-315); imoralidade e falsi-
dade do clero (vv. 331-344).

4.1. Representação concreta e humana da Igreja Católica Apostólica Romana; por extensão, todos os representantes da Igreja (padres, frades, bispos, freiras, etc.) cujas falhas se preten-
dem corporizar.
4.2. Verdade como algo desprovido de interesse e utilidade (vv. 385-386) e que apenas traz “canseiras” (v. 401).
4.3. Recusa de compra dos bens do Diabo (vv. 417-421); arrependimento em relação aos males anteriormente comprados ao Diabo, pois estes só lhe causaram dissabores (vv. 422-433);
vontade de redenção.

38
4.4. Relação entre Roma e o Diabo:
• relação de grande proximidade e cumplicidade (vv. 350-351);
• relação antiga baseada em trocas comerciais (vv. 414-415, 421-422-431).
5.1. Discurso bajulador, marcado pelo tom elogioso (vv. 437-441).
5.2. Mentira, crueldade, maldade.
5.3. Tentativa de negociação junto do Serafim, oferecendo “estações” (v. 457), “perdões” (v. 459) e “jubileus” (v. 473).
6.1. a. Atribuição aos outros das culpas pelo que faz; ofensa a Deus (vv. 497-501); b. Oferta de um espelho (vv. 487-491) – símbolo da verdadeira imagem de Roma (espelhamento dos
defeitos; necessidade de se recompor). c. Mudança de comportamento (reaproximação de Deus), sob pena de se perder (vv. 495-496, 505-506).
6.2. O Diabo tem a última palavra em relação a Roma, o que poderá indiciar que a mudança ambicionada por Roma não se verificará.
6.3. Roma (entidade concreta) representa toda a Igreja (entidade abstrata).

Pág. 203
7.1. Venda dos valores divinos em troca de bens materiais; ganância, que leva à opressão dos bons e à dignificação dos maus; receção de indulgências a troco de favores.
7.2. Relação de analogia entre as duas situações (Dante critica a simonia dos homens da Igreja, da mesma forma que o Tempo e Mercúrio criticam Roma pelos mesmos atos).
II. Religiosidade popular
1.1. a. Vender as mulheres. b. Agressividade, destemperamento, impaciência da esposa. c. Passividade, incompetência. d. Proposta de troca de mulheres, por Amâncio. e. Incumprimento do
acordo, pois Diniz acaba por não querer Branca, dada a sua agressividade.
2.1. Descontentamento, devido aos defeitos do marido (preguiçoso, comilão, trapalhão, repugnante).
2.2. Fuga do Diabo, após ter tentado vender mercadoria a Marta e esta ter reagido de forma mansa e virtuosa, invocando o nome de Deus e revelando as suas virtudes.

Pág. 204
3.1. Mulheres simples e ingénuas que procuram divertir-se numa feira comum e que não compreendem o tipo de feira em que se encontram (vv. 732-734, 737, 740-743, 746-748, 753,
774-777).
3.2. Crítica à sociedade:
• as coisas que o Serafim tem para venda não interessam aos compradores (vv. 756-758); o tempo em que vivem é um tempo de pessoas “negligentes”, cujas “almas são doentes” (vv. 760-
763); a corrupção das almas é tal que quem está condenado já não pode ser mais “torto nem aleijado” (v. 768).
4. Parte do auto marcada pela religiosidade popular, que se caracteriza pela convivência dos dois polos (bem/mal, pecado/virtude, sagrado/profano, materialismo/espiritualismo) e que de-
nuncia a crise religiosa:
• mal/pecado/materialismo: desejo de trocar de cônjuge (acorrência à feira pelos maridos com o objetivo de feirar as mulheres; desvalorização do marido, por Branca);
• bem/virtude/espiritualismo: virtude e mansidão de Marta, ao interpelar o Diabo;
• sagrado vs. profano: ida das mulheres à tenda do Diabo e invocação espontânea de Deus.
III. Exaltação divina
1.1. Preocupação com o motivo que terá levado as moças à feira; aviso às raparigas de que aquela é uma “feira dos céus” (v. 784), pelo que não devem fazer nada que ofenda a Deus.
1.2. Ingenuidade, autenticidade:
• perguntas feitas a Serafim acerca da essência de Deus e do céu;
• compreensão literal das respostas de Serafim, que, por vezes, os conduz a conclusões ingénuas.
2.1. Abordagem galanteadora dos rapazes, com recurso a:
• nomeações respeitosas (“Menina”, v. 840; “Senhora”, vv. 874, 881, 905, 941); apóstrofes elogiosas (“Vós rosa do amarelo”, v. 833; “meus olhos”, v. 843; “Minha vida”, v. 848; “alma minha,/
minha alma”, vv. 868-869; “minha estrela”, v. 915); expressões com carácter bajulador (vv. 841-842; 858-859; 919-921; 940-941).
Reação das raparigas marcada pela:
• indiferença e ligeira agressividade; impaciência perante a insistência dos mancebos em comprar-lhes mercadorias; ironia nas suas respostas aos rapazes, quando compreendem que estes
não desistem.
3.1. Diversão e devoção religiosa (vv. 961-973).
3.2. Não – atitudes compatíveis com os valores religiosos:
• trata-se de moças simples e ingénuas que se instalam na feira apenas para descansar e merendar, não pretendendo negociar bens espirituais;
• objetivo da ida é louvável e virtuoso (devoção à Virgem Maria, na data que celebra o nascimento de Cristo, dançando em sua honra).
3.3. Verdade de Mercúrio: a crença nas superstições e na astrologia é errada e infundada, não apresentando credibilidade e baseando-se em suposições; a crença certa é a crença em Deus;
a crença infundada nos astros deveria ser substituída pela crença cristã. Cena final da obra: devoção à Virgem Maria e a Jesus, no dia em que se comemora o seu nascimento – celebração da
fé cristã.
4. Exemplo:
O Auto da Feira é considerado uma “moralidade vicentina de fundo religioso” (Maria João Almeida, Op. cit.).
Inicialmente, assiste-se à condenação de vidas que têm por base a superstição, alheada da fé cristã. Realça-se a denúncia da crença que, aparentemente, existe em Deus, por parte dos
homens, crença essa que se revela frágil, dado que está dependente da troca consciente de favores que garantirão o perdão e a vida eterna.
Depois, é-nos mostrada uma crença em Deus que obedece a um ato voluntário, consciente, percebendo-se que o acesso a um estádio superior é conseguido pela simplicidade, pela
certeza de que as virtudes não se compram nem trocam e pela verdadeira fé cristã.
Assim, após um início que apresenta um conceito dúbio de fé, o auto termina com o canto em honra do culto mariano, exaltando-se a Virgem Maria e Jesus Cristo na época natalícia.
(144 palavras)

Vídeo
Anúncio publicitário “Venha ao Teatro de Metro”, realizado por Hugo Miguel Sousa, no âmbito da cadeira de Metodologias e Análise de Imagem, no ano letivo de 2008/2009 (Universidade
Lusófona) [1 min 52 s]

5.1. Apreciação crítica do anúncio:


• situação representada: atriz que, já vestida e maquilhada de acordo com a personagem que vai representar, se dirige para o teatro de metro; possível valor simbólico da situação: proxi-
midade entre a vida representada no teatro e a vida real; intenção comunicativa: promover hábitos de ida ao teatro e de utilização do metropolitano de Lisboa como meio de transporte.
5.2. Importância do teatro na sociedade contemporânea: permanência da função lúdica, didática e moralizante; representação de ações, sentimentos, motivações humanas; forma artística
privilegiada para estabelecer um efeito de verosimilhança com o real, em que se conjugam várias linguagens (palavra, gesto/movimento, som/música, luz/cor); promoção da interação entre
o emissor/ator e o recetor/espectador.

Pág. 205
PPT
Gil Vicente, Auto da Feira – Síntese da unidade

39
Pág. 206
Nota: Este teste segue, dentro do possível, a estrutura da última edição
(2014) do exame nacional de Português, considerando o objeto de avaliação (10.º ano, Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira ou Auto da Feira). Assim, é constituído por três grupos :
• Grupo I (100 pontos) – em que se avaliam conhecimentos e capacidades de Educação Literária e de Escrita através de itens de construção (avaliando-se apenas conteúdos de 10.º ano
relativos à unidade em causa);
• Grupo II (50 pontos) – em que se avaliam capacidades de Leitura e de Gramática, através de itens de seleção e de construção;
• Grupo III (50 pontos) – em que se avaliam conhecimentos e capacidades de Escrita (integrando conhecimentos e capacidades de Educação Literária), por meio de uma resposta extensa.
Visa-se, assim, que o aluno treine a resolução de testes com uma estrutura semelhante à dos exames.

PPT
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira – Correção do teste formativo
Gil Vicente, Auto da Feira – Correção do teste formativo

GRUPO I
Texto A
1. O excerto apresentado situa-se na última parte da obra e corresponde ao momento que sucede à chegada da notícia da morte do Escudeiro. Depois de o saber, Lianor Vaz visita Inês
e volta a sugerir-lhe um encontro com Pêro Marques.
2. Inês “finge” que sofre pela morte do marido (v. 2); com o decorrer da conversa, mostra que a ideia de um novo casamento não lhe desagrada (vv. 12-13). Depois da sugestão de Lianor,
que volta a indicar-lhe Pêro Marques, revela o quanto aprendeu com a experiência do casamento com Brás da Mata (vv. 22-24) e decide aceitar Pêro Marques (vv. 28-34).
Apesar de aconselhar Inês a aceitar a sua nova condição, Lianor Vaz mostra a sua verdadeira natureza de alcoviteira, sugerindo que case com Pêro Marques (vv. 11, 17-19).
Assim, ambas se comportam de forma falsa e hipócrita, acabando por revelar aquilo que efetivamente pensam.
3. Nestes versos está presente a ironia. Através dela realça-se o carácter dissimulado de Inês, que finge estar muito abalada com a morte de Brás, salientando as boas qualidades que ele
supostamente tinha (“discreto”, “sabido”, “amigo”), quando ela própria tinha experimentado o seu carácter tirano. Assim, oculta aquilo que verdadeiramente viveu, evitando ser criticada
pela decisão de ter casado com ele.
4. Neste monólogo, é visível a evolução de Inês. Brás da Mata, parecendo, de início, o marido ideal, depressa se tornou no “cavalo folão”. Inês aprendeu com a experiência e compreende
agora que é preferível um marido que, não sendo “avisado”, “se tenha por ditoso / de cada vez que [a] veja.” (vv. 30-31).
5. As duas personagens materializam a sátira que o autor faz à ambição desmedida da época, ao desejo de ascender socialmente, comportando-se de forma incorreta e hipócrita (vv. 6, 8-9),
e à atividade de alcovitar, em que não se olhava a meios para arranjar casamentos (vv. 10-11, 18-20).

Pág. 207
GRUPO I
Texto B
1. O excerto apresentado situa-se na segunda parte da obra, correspondendo ao momento em que a feira é visitada por dois casais e em que as esposas dialogam com o Serafim.
2. Branca e Marta são mulheres simples e ingénuas que tentam comprar alguns objetos comuns do dia a dia na feira, não se apercebendo de que se trata de uma feira diferente.
Branca, apesar da simplicidade e da ingenuidade, parece conhecer bem a alma, o comportamento e o carácter humanos, porque, após perceber o que se comercializa naquela feira,
mostra a Serafim que a mercadoria dele não terá compradores, pois na época em que vivem todos estão maculados e ninguém deseja virtudes.
3. Branca e Marta esperavam encontrar outro tipo de feira e, perante a comercialização de mercadorias que não querem adquirir, decidem sair. Branca dirige-se ao Serafim uma última vez
para lhe dizer que os homens não estão interessados em obter virtudes.
4. Através destas mulheres, nomeadamente Branca, é feita uma crítica à sociedade: a “consciência”, as “virtudes” e o “amor de Deus” são bens que não interessam aos homens e que ficarão
por vender; a época em que vivem está repleta de pessoas desinteressadas na salvação e as suas “almas são doentes” (v. 39); a sociedade está de tal forma corrupta que a correção dos vícios
só ocorrerá perante a ameaça da condenação.
5. A alegoria surge representada quer nas personagens Serafim e Tempo (entidades abstratas) quer na natureza da feira em que se baseia toda a ação dramática e que aqui surge concretiza-
da em expressões como: “Consciência quereis comprar, / de que vistais vossa alma?” (vv. 6-7) e “Esta feira é chamada / das virtudes em seus tratos” (vv. 20-21).

Pág. 209
GRUPO II
1.1. c.; 1.2. a.; 1.3. c.; 1.4. d.; 1.5. b.;
1.6. a.; 1.7. b.
2.1. a. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva. b. Oração subordinada substantiva completiva. c. Oração subordinada adverbial final.

GRUPO III
O tópico do “mundo às avessas” remete para um mundo em que a ordem não é respeitada, um mundo desarmonioso cujo sistema de valores e princípios se encontra virado do
avesso. É, portanto, um mundo gerador de críticas e, até, alvo de paródia.
O “mundo às avessas” é visível nas obras vicentinas estudadas, já que o dramaturgo apresenta situações que desafiavam os costumes e os valores instituídos.
[Hipótese A]
Na Farsa de Inês Pereira assistimos à subversão do casamento: a rapariga esperta e decidida une-se a um homem simples, ingénuo, respeitador, mas tal união é rapidamente maculada
com a relação extraconjugal de Inês com o ermitão. Desvirtua-se o valor matrimonial e os votos feitos pelos membros do clero.
[Hipótese B]
No Auto da Feira apresenta-se um mundo cujos princípios estão em extinção: uma sociedade que substituiu a crença cristã pela astrologia, uma feira em que se trocam virtudes como
se fossem bens materiais; dois casais que, considerando-se malcasados, desejam o que o outro tem e sugerem trocar de esposas. Nestes casos, a incoerência e a desordem são de tal forma
comuns que não geram espanto.
Atualmente, o mundo ainda está às avessas, sendo frequentes situações em que se revela a hipocrisia, a sede de poder, o desrespeito pelo outro, a falta de solidariedade, a ganância… O
desejo de ascender conduz à inversão dos valores e promove o efémero e, principalmente, o dispensável. Cada vez mais, a sociedade tem melhores condições de vida e mais ferramentas para
tornar o mundo melhor e mais justo, mas, paradoxalmente, há cada vez mais pessoas isoladas e ignoradas.
Assim, a imagem do mundo às avessas que Gil Vicente tão bem retratou não é exclusiva do século XVI, pois atualmente também assistimos à subversão de valores, recompensando-se e
penalizando-se injustamente.
(Hipótese A: 223 palavras)
(Hipótese B: 240 palavras)

40
Unidade 5 · Luís de Camões, Rimas
Pág. 212
Leitura | Educação Literária | Oralidade
MC
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
L8.2. Elaborar tópicos que sistematizem as ideias-chave do texto, organizando-os sequencialmente.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

Miguel Ângelo (1475-1564)


• Escultor, pintor, arquiteto e poeta italiano renascentista
• Principais obras: Pietà (escultura), David (escultura), Baco (escultura), tetos da Capela Sistina (pintura), O Juízo Final (pintura)

David (1501-1504)
• Tema bíblico (Antigo Testamento): David foi um pastor que, armado apenas com uma funda, conseguiu vencer em duelo o gigante Golias, derrotando assim os filisteus e dando a vitória
ao exército de Israel
• A sua história foi um dos temas mais representados no Renascimento; em Miguel Ângelo, adquire um significado especial, exaltando a liberdade contra a tirania
• A estatura de David era tão grande que, para conseguirem tirar a estátua do atelier onde foi feita, tiveram de demolir uma das paredes

Pág. 213
1.1. b. Causas do aparecimento do Renascimento em Itália – interesse pela arte e cultura da Antiguidade Clássica; acolhimento de intelectuais promotores da cultura grega (ll. 4-14)
c. Formas de divulgação do movimento renascentista – línguas italiana, latina e grega; publicação de livros em série (ll. 15-21)
d. Classicismo como uma das características essenciais do movimento renascentista (ll. 22-28)
f. Papel da Itália na divulgação da arte renascentista – criação dos princípios gerais do movimento; promoção da renovação cultural e artística (ll. 42-46)
g. Síntese das características do Renascimento – reinvenção das formas artísticas, com base numa perspetiva naturalista e humanista (ll. 47-51)
h. Explicitação das características do Classicismo – recuperação de temas e figuras mitológicos; gosto pela harmonia e simetria; entendimento do corpo humano como medida da arte
(ll. 52-60)

Pág. 214
Leitura | Educação Literária | Oralidade
MC
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.
O1.4. Fazer inferências.

William Blake (1757-1827)


• Poeta, tipógrafo e pintor inglês
• Temas predominantes: religião, misticismo, retratos

Pág. 215
2.1. Entendimento de Camões como:
•h omem propenso às paixões amorosas (“amores impossíveis”, “amadas ilustres”);
• autor de poesia lírica (Rimas), de uma narrativa épica (Os Lusíadas), de obras dramáticas (Enfatriões, Filodemo, El-Rei Seleuco) e de cartas;
• ser humano exposto às vicissitudes da vida militar (perda de um olho no norte de África), social (fama de boémio e rufião; desterro; pobreza; não reconhecimento do seu valor pelos
contemporâneos) e amorosa (“desgostos amorosos”);
• em síntese: símbolo de um país humilhado; poeta-maldito (perseguido pelo Destino, incompreendido pelos contemporâneos, malsucedido na vida amorosa, reduzido à miséria).
3. Poema em que se destaca a incompreensão de que Camões foi alvo pelos contemporâneos (que não o respeitam, roubando as suas ideias, palavras, imagens, metáforas, temas,
motivos), em oposição ao reconhecimento do seu valor poético pelas gerações vindouras.

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Este poema encontra-se disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de apoio (versão impressa).

Pág. 216
Leitura | Educação Literária
MC
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
L8.2. Elaborar tópicos que sistematizem as ideias-chave do texto, organizando-os sequencialmente.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

Giorgio Vasari (1511-1574)


• Pintor, arquiteto e escritor italiano
• Alguns temas: retratos de artistas, cenas religiosas

Seis Poetas Toscanos (1544)


• Retrato de grupo, em que se reconhecem seis grandes poetas e filósofos dos séculos XIII e XIV em debate literário: Petrarca e Dante, à frente; atrás, Boccaccio, Guido Cavalcanti, Cino de Pistoia e
Guittone d’Arezzo

Pág. 217
4.1. a. Medida velha – cinco sílabas métricas (redondilha menor) ou sete sílabas métricas (redondilha maior).
b. Vilancete, cantiga, esparsa, trova.
c. Temas tradicionais e populares (amor, saudade, beleza da mulher, contacto com a natureza, ida à fonte), ambiente cortesão (“cousas de folgar”, futilidades, humor).

41
d. Medida nova – decassílabo heroico (de acentuação nas 6.ª e 10.ª sílabas) ou sáfico (nas 4.ª, 8.ª e 10.ª); verso hexassílabo.
e. Soneto, canção, sextina, écloga, elegia, ode.
f. Amor platónico, saudade, destino, beleza suprema, mudança, desconcerto do mundo, elogio dos heróis, ensinamentos morais, sociais e filosóficos, mulher vista à luz do petrarquismo
e do dantismo, sensualidade, experiência da vida.
g. Platão, Petrarca, Dante.
h. Análise da vida interior; caracterização da realidade do seu tempo; busca do dimensionamento do homem universal.

Pág. 218
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais, pontos de vista e universos de referência, justificando.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe ([…] terceto, oitava); b) métrica (redondilha maior […]); c) rima (emparelhada, […] interpolada).
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

PPT
Luís de Camões, Rimas – Texto analisado: redondilha

Pág. 219
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais, pontos de vista e universos de referência, justificando.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe ([…] terceto, […] oitava); b) métrica (decassílabo) […].
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL14.10. Identificar características do soneto.

PPT

Luís de Camões, Rimas – Texto analisado: soneto

PL Intertextualidade com o retrato de Laura, “Pel’aura em fios de ouro era esparzido” de Petrarca.
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Este poema encontra-se disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de apoio (versão impressa).

Pág. 220
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe ([…] terceto, quadra […]); b) métrica ([…] decassílabo) […].
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL14.10. Identificar características do soneto.

Leonardo da Vinci (1452-1519)


• Grande artista do Renascimento italiano
• Principais obras: S. Jerónimo, A Adoração dos Reis Magos, A Última Ceia, Mona Lisa
• Inventor multifacetado, interessando-se pela Arquitetura, pela Engenharia e pela Ciência

1.1. Tranquilidade / serenidade, recato, comedimento, sobriedade, seriedade, altivez.

Pág. 221
3. Versos 1 a 10 – descrição da mu‑lher amada:
• apresentação geral (vv. 1-2);
• aspetos físicos e psicológicos/morais (vv. 3-8);
• síntese da descrição (vv. 9-10).
Versos 10 a 14 – efeitos exercidos pela mulher amada no sujeito poético: rendição amorosa; alegria no comedimento.
“enfim” (v. 10) – advérbio conectivo que marca a relação de causa-efeito que se estabelece entre as duas partes do poema.
4. Características físicas: lábios vermelhos e dentes claros (“rubis e perlas”, v. 3), cabelos louros e pele clara (“ouro e neve”, v. 4), faces rosadas (“cor-de-rosa”, v. 4).
Características psicológicas / morais: serenidade/tranquilidade (v. 1), alegria (v. 1), moderação/comedimento (v. 5), graciosidade (v. 5), naturalidade (v. 6), sensatez (vv. 6-8), suavidade/
encanto (v. 10).
4.1. Descrição feita com base em metáforas convencionais, de influência petrarquista (“rubis e perlas”, “ouro e neve”, “cor-de-rosa”); metáfora com função sintetizadora: “armas” (características
da mulher amada que levam o sujeito poético a render-se ao amor).
4.2. Sim. Base do retrato: enumerações convencionais/estereotipadas do petrarquismo: físicas (lábios, dentes, faces, cabelos, tom de pele) e psicológicas (equilíbrio, serenidade).
Retrato idealizado, que remete para um carácter superior, de beleza celestial.
5. Soneto constituído por duas quadras e dois tercetos; versos decassilábicos (Le|da| se|re|ni|da|de| de|lei|to[sa]); esquema rimático abba / abba / cde / cde.

Leitura
MC
L7.2. Fazer inferências, fundamentando.
L7.6. Explicitar, em textos apresentados em diversos suportes, marcas dos seguintes géneros: […] artigo de divulgação científica […].

42
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Grelha de análise de artigo de divulgação científica disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

PL A este propósito poderá ser referida a obra A Tábua de Flandres, de Arturo Pérez-Reverte, em que se aborda o trabalho de restauro de uma pintura da escola flamenga, século
XV, da autoria de Van Huys.

Pág. 222
2.1. b.
2.2. d.
2.3. d.
2.4. d.
2.5. a.
2.6. b.

Pág. 223
Educação Literária | Oralidade
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.7. Estabelecer relações de sentido a) entre as diversas partes constitutivas de um texto […].
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese […].

John Waterhouse (1849-1917)


• Pintor neoclássico e pré-rafaelita do Reino Unido
• Temas predominantes: figuras femininas da literatura e da mitologia

1.1. Circe: feiticeira que vive na ilha de Era e que transforma em animais todos os que entram no seu território. Transforma os companheiros de Ulisses em porcos, sendo este o único que
lhe escapa e consegue resistir aos seus feitiços maléficos.
Exemplos de obras em que esta figura está presente: Odisseia de Homero, Ulisses de James Joyce, Contos de Ezra Pound, etc.

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Guião de produção de síntese oral disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

3.1. “um riso” → “brando e honesto / quási forçado”; brandura, recato


• “um gesto” → “doce e humilde”, “de qualquer alegria duvidoso”; doçura, comedimento
• “um despejo” → “quieto e vergonhoso”; simplicidade, recato
• “um repouso” → “gravíssimo e modesto”; calma, humildade
• “ũa […] bondade” → “pura”, “manifesto / indício da alma, limpo e gracioso”; generosidade
• “um […] ousar” → “encolhido”; timidez
• “ũa brandura” → suavidade
• “um medo” → “sem ter culpa”; temor, inocência
• “um ar” → “ sereno”; serenidade
• “um sofrimento” → “longo e obediente”; paciência, resignação
3.2. Relação de oposição/contraste entre:
• o elemento enumerado e a qualidade que o caracteriza (ex.: “encolhido ousar”, v. 9, “um medo sem ter culpa”, v. 10);
• as duas qualidades que caracterizam o mesmo elemento (ex.: “riso […] honesto / quási forçado”, vv. 2-3).
Nota: A oposição é marcada pelo oxímoro (recurso expressivo não contemplado no Programa).

Pág. 224
3.3. Prevalência do ideal de beleza feminina petrarquista (graça, recato, serenidade, sintetizada como “celeste fermosura”, v. 12).
Nota: Retrato baseado também em elementos com grande nível de abstração (ideologia platónica):
• escassez de características físicas;
• predominância de qualidades psicológicas/morais.
4. Função conclusiva (chave de ouro): síntese da descrição feita (“celeste fermosura”, v. 12) e explicitação do efeito exercido pela mulher amada no sujeito poético – transformação do seu
“pensamento” – fascínio (análogo ao da feiticeira Circe), amor (“mágico veneno”, v. 13).
Valoração da figura de Circe (cuja conotação é positiva, neste soneto –mulher amada, que fascina o sujeito poético).
5. 1.ª parte (vv. 1-11): representação da mulher amada (qualidades morais / psicológicas).
2.ª parte (vv. 12-14): apresentação dos efeitos provocados pela mulher amada no sujeito poético.

Gramática
MC
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.

1.1. Determinante artigo indefinido, nome comum, adjetivo qualificativo, conjunção coordenativa copulativa, adjetivo qualificativo.
1.2. Modificador restritivo do nome.

Escrita
MC
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: síntese […].

1. c. Ideias-chave: grande importância atribuída pela mulher renascentista:


• à beleza física (pintura do cabelo) e à moda (adornos de ourivesaria);

43
• ao cultivo das capacidades intelectuais;
• à participação nas belas-artes.
d. Exemplo:
Umberto Eco salienta a extrema importância dada pela mulher renascentista quer à beleza física (com destaque para a pintura dos cabelos) e à moda (associada aos adornos de ourivesaria)
quer às capacidades intelectuais e à participação nas belas-artes.

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Guião de produção de síntese escrita disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 225
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe ([…] terceto, oitava […]); b) métrica (redondilha menor […]); c) rima (emparelhada, […] inter-
polada).
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

Lima de Freitas (1927-1998)


• Pintor, desenhador e escritor, inicialmente enquadrado no movimento neorrealista
• Evolução para uma obra marcada por um aprofundado estudo da mitologia portuguesa e universal
• Trabalhos a destacar: ilustrações das obras Dom Quixote (Miguel de Cervantes), Rimas e Os Lusíadas (Luís de Camões), O Bobo (Alexandre Herculano)

1. “Aquela cativa”: condição de escrava; imagem: mulher exótica, com ar melancólico.

Sugestão:
• audição da versão musicada por José Afonso das “Endechas a Bárbora Escrava”, interpretada por Sérgio Godinho
• exploração das emoções suscitadas pela música
(Música em consonância com a letra: tom melancólico, sugerindo a tranquilidade e a calma na vivência do amor.)

Pág. 226
3.1. Características físicas: beleza (v. 8), rosto invulgar (v. 13), olhos e cabelo negro (vv. 14-15, 21), figura exótica (v. 31).
Características psicológicas: graciosidade (v. 17), doçura (v. 26), serenidade (v. 29), sensatez (v. 30).
Características sociais: escrava (“cativa”).
3.1.1. Valorização da beleza de Bárbora, em detrimento da beleza da Natureza:
• recurso à comparação para superlativar a beleza de Bárbora face à beleza da Natureza (vv. 9-12);
• recurso à hipérbole para realçar o carácter exótico da beleza de Bárbora (vv. 26-28).
3.2. Submissão amorosa: amor (vv. 1-4), fascínio (vv. 5-8), tranquilidade (v. 14), refreio da dor (vv. 33-36).
4.1. Aquele – demonstrativo que remete para alguém distante do enunciador; este – demonstrativo que remete para algo próximo do enunciador.
Alteração de “Aquela” por “Esta” – sugere a aproximação sentimental entre o sujeito poético e a mulher acabada de descrever.
5. Relação dicotómica:
• transgressão do cânone petrarquista em relação aos aspetos físicos (mulher de pele clara e cabelos loiros – cf. “Leda serenidade deleitosa”, “Ondados fios d’ouro reluzente”);
• influência do cânone petrarquista em relação aos aspetos psicológicos (graça, serenidade, sensatez; cf. “Um mover d’olhos, brando e piadoso”).
6. Composição poética em que se explora a dimensão fónica e semântica das palavras:
• polissemia: cativo(a) (prisioneiro / escravo; seduzido / atraído);
• jogo de palavras / trocadilho
– “cativa” / “cativo”;
– “cativa” (escrava, a nível social) / “Senhora” (dominadora no amor);
– “vivo” (vivo apaixonado por ela) / “viva” (viva independentemente do seu amor);
– Bárbora (antropónimo) / bárbora (adjetivo, com o sentido de desumano, cruel).
7. Estrutura estrófica: cinco oitavas;
• estrutura métrica: redondilha menor (A|que|la| ca|ti[va]);
• estrutura rimática: rima interpolada e emparelhada (abba / cddc).
8. Aspetos temáticos: semelhanças – representação da mulher amada, tendo em conta aspetos físicos, psicológicos e sociais; diferenças – descrição global vs. focalização de uma carac-
terística física (com repercussões psicológicas) da mulher amada: os olhos verdes (tema da poesia medieval peninsular);
• Aspetos formais: semelhanças – medida velha (redondilha menor); diferenças – trovas / vilancete.
• Aspetos estilísticos: semelhanças – exploração do aspeto fónico e semântico das palavras (cf., neste segundo poema, “verdes” / “vedes”); diferenças – tom melancólico (“Aquela cativa”)
vs. associação entre um tom sério e um tom jocoso (“Minina dos olhos verdes”).

Pág. 227
Leitura | Oralidade
MC
L9.1. Exprimir pontos de vista suscitados por leituras diversas, fundamentando.
O3.2. Planificar o texto oral, elaborando tópicos de suporte à intervenção.

1.1. Possíveis aspetos a debater:


• perspetiva sincrónica: beleza como ideal condicionado por fatores de ordem cultural e individual (cf. beleza de Esther “aos olhos de um asiático, europeu ou africano”);
• perspetiva diacrónica: alteração do ideal de beleza através dos tempos – cf. artes plásticas, literatura (poesia trovadoresca, lírica camoniana), publicidade;
• padrões de beleza incutidos pelos meios de comunicação social – padronização/manipulação de gostos, de formas de ver o mundo e de comportamentos;
• beleza natural vs. beleza artificial;
• beleza exterior vs. beleza interior;
• beleza e autoestima…

44
Sugestão:
A propósito deste artigo jornalístico, poderá ser consultado o site de Esther Honig – http://www.estherhonig.com/#!before-after-/cvkn –, onde se apresenta um vídeo que reflete sobre
os resultados do estudo realizado: Esther Honig: Before & After – Beauty Standards around the World

Pág. 228
Educação Literária | Oralidade
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a a) estrofe ([…] quadra, oitava); b) métrica […].
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL15.7. Analisar recriações de obras literárias do Programa, com recurso a diferentes linguagens (por exemplo, música […]), estabelecendo comparações pertinentes.
O1.4. Fazer inferências.

Sandro Botticelli (1445-1510)


• Pintor renascentista italiano
• Temas predominantes: cenas mitológicas, retratos
• Interveniente na pintura dos frescos da Capela Sistina

Áudio
Canção “Verdes são os campos”, de José Afonso [2 min 14 s]

1.1. Calma, tranquilidade.


3. a. Semelhança ao nível da cor (verde) e do encanto;
b. Origem (essencial) da própria verdura/da tonalidade verde do campo; “alimento” para o gado (campos verdes); alimento para a alma do sujeito poético (olhos verdes).
3.1. Recursos expressivos:
• a póstrofe ao campo, às ovelhas e ao gado (vv. 5, 7, 13) – interpelação direta dos elementos da Natureza que surgem associados aos olhos verdes;
• comparação (vv. 1-4) – realce da semelhança entre a cor e o encanto dos olhos da amada e a cor e o encanto da Natureza;
• metáfora (vv. 17-20) – os olhos/a beleza da amada são causa da beleza/abundância da Natureza; é ela que distribui essas “graças” pela Natureza.
• aliteração e assonância de sons nasais – tranquilidade transmitida pela Natureza e pelo amor.
4. Elogio dos olhos da amada, comparando a sua cor à verdura e ao encanto do campo em que o gado pasta.
5. Género – Cantiga:
• composição poética constituída por um mote (4 versos), em que se apresenta o tema dos olhos verdes, e por duas voltas (8 versos), em que se desenvolve o tema; o último verso do mote
(“do meu coração”) repete-se integralmente no final das voltas;
• redondilha menor (Ver|des| são |os| cam[pos]).

Pág. 229
6. Tema usado em medida nova (e não apenas nas redondilhas); subversão do cânone petrarquista (optando-se não só por referir a cor dos olhos, como também pela escolha da cor
verde – e não preta, como fez Petrarca).

Gramática
MC
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.

1. a. os campos – sujeito; Verdes são – predicado; verdes – predicativo do sujeito.


b. Ovelhas, – vocativo; de ervas vos mantendes – predicado; vos – complemento direto; de ervas – complemento oblíquo.
1.1. a. Os campos são verdes.
b. Ovelhas, mantendes-vos de ervas.

Sugestão:
Encontra-se disponível, no Caderno de Atividades (pp. 70-71), um exercício de Escrita de exposição sobre o tema do ideal de beleza feminina.

Pág. 230
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

Maurits Cornelis Escher (1898-1972)


• Artista gráfico holandês (xilogravura, litografia)
• Temas representados: construções impossíveis, construções geométricas, infinito, metamorfoses

1. Estrada de terra batida enlameada, com pegadas, marcas de pneus e uma poça de água, em que surge espelhada uma floresta, numa noite de lua cheia.
1.1. Duas possibilidades de perspetivação: estrada de terra batida com poça de água ou reflexo da vegetação e do céu espelhados na água.

Pág. 231
3.1. a. 1-10; b. “castanheiros” → “sombra”, “verdes”; c. “ribeiros” → “manso caminhar”, “donde toda a tristeza se desterra”; d. “mar” → “rouco som”; e. “terra” → “estranha”; f. “esconder do sol pelos
outeiros”; g. “recolher dos gados derradeiros”; h. “nuvens” → “branda guerra”; i. “enfim, tudo o que a rara natureza […] nos ofrece”; j. 9-14; k. “me está […] magoando”, “tudo m’ enoja e m’ avorre-
ce”, “estou passando / nas mores alegrias, mor tristeza”; l. “me”, “estou passando”.
3.2. Anáfora (“Sem ti”, “sem ti”), antítese (“alegrias”/”tristeza”), uso expressivo dos verbos enojar e avorrecer.

45
4.1. Estrutura interna:
• vv. 1-8 – descrição da Natureza e expressão do sentimento de tristeza por parte do sujeito poético;
• vv. 9-11 – apresentação do motivo da tristeza do sujeito poético / oposição passado (felicidade) / presente (sofrimento);
• vv. 12-14 – expressão da saudade e da tristeza do sujeito poético; Natureza como reflexo do estado de alma (Natureza bela mas irrelevante, devido ao sofrimento e às saudades da
mulher amada).
5. Aspetos temáticos:
• ”A fermosura desta fresca serra” – representação da natureza segundo o topos do locus amoenus; Natureza como reflexo do estado de alma; idealização da natureza (quadras).
• “Alegres campos, verdes arvoredos” – representação idealizada da Natureza segundo o topos do locus amoenus; Natureza como reflexo do estado de alma (tercetos); Natureza personi-
ficada como interlocutora do sujeito poético.
Sugestão: Poderá ser feita uma breve reflexão sobre as sugestões bucólicas presentes nos sonetos, como preparação para a poesia de Alberto Caeiro – cf. atividade de Oralidade, p. 236)
Aspetos estilísticos:
• “A fermosura desta fresca serra” – descrição com base na enumeração paralelística de grupos nominais; adjetivação anteposta (“fresca serra”, “verdes castanheiros”, “rouco som”, “estranha
terra”…), personificação (“manso caminhar destes ribeiros”), metáfora (“donde toda a tristeza se desterra”).
• “Alegres campos, verdes arvoredos” – interpelação da Natureza (cf. apóstrofe), feita com base na enumeração paralelística de grupos nominais; adjetivação abundante (frequentemente
anteposta); personificação dos elementos da Natureza (cf. apóstrofe); sugestão do carácter cíclico da Natureza, por meio da metáfora (semear lembranças, regar com lágrimas, nascerem
saudades).
6. “A fermosura…”: abba / abba / cde / dec. “Alegres campos…”: abba / abba / cde / cde.

Pág. 232
Gramática
MC
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.

Pág. 233
Exercícios
1. a. do Pedro.
b. dos alunos.
c. de Escher.
d. do desenho.
e. dos alunos.
2. c. (porta de casa).
3. a. Todos – sujeito; elogiaram a alegria da Maria em receber os amigos – predicado; a alegria da Maria em receber os amigos – complemento direto; da Maria – complemento do nome;
em receber os amigos – complemento do nome (os amigos – complemento direto de receber).
b. Os convidados – sujeito; abraçaram a Maria calorosamente – predicado; a Maria – complemento direto; calorosamente – modificador (do grupo verbal).
c. A Maria – sujeito; foi abraçada pelos convidados calorosamente – predicado; pelos convidados – complemento agente da passiva; calorosamente – modificador (do grupo verbal).
d. O abraço à Maria – sujeito; à Maria – complemento do nome; foi caloroso – predicado; caloroso – predicativo do sujeito.

No Caderno de Atividades, apresentam-se mais exercícios sobre este conteúdo.

Pág. 234
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais, pontos de vista e universos de referência, justificando.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

Francesco Michetti (1851-1929)


• Pintor e fotógrafo italiano
• Temas predominantes: paisagens/ambientes campestres

1. Composições poéticas em que o sujeito poético é uma donzela e em que se abordam temas variados, relacionados com o amor, tendo como universo de referência o ambiente doméstico
feminino.
1.1. Universo feminino; tema do amor.

Pág. 235
3.1. Mote: tema do amor (paixão amorosa desencadeada no sujeito poético pela beleza da pastora).
4.1. Pastores: “causa de mil males” (v. 19); “alguns […] seu mal vão mostrando” (vv. 25-26).
Natureza: vales – “não se ouvem nos vales / senão seus louvores.” (vv. 20-21); flores – “morrem de enveja” (v. 35); “água” – “faz […] parar a corrente” (vv. 41-42).
Sujeito poético: “perco-me por ela” (vv. 3, 10, 17, 31, 38, 45); “sei morrer por ela” (v. 24).
4.2. Hipérbole (vv. 6-7, 8-9, 11-14, 15-16, 19-21, 35, 36-37, 41-42).
Personificação do amor (vv. 4-5), do nascer do dia (vv. 8-9), das flores (v. 35) e da água (vv. 43-44).
Antítese (“abrasa”/ “neve”, v. 6; “céu” / “terra”, v. 15).
4.3. Voltas: fascínio provocado pela pastora da serra nos pastores, na Natureza, no amor e no próprio sujeito poético.
5.1. a. – 1.; b. – 4.; c. – 5.; d. –3.; e. – 7.; f. – 6.; g. – 2.

Gramática
MC
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.
G18.2. Dividir e classificar orações.
G18.4. Identificar orações subordinadas.
G18.5. Identificar oração subordinante.

46
1.1. a. Complemento direto.
b. Modificador restritivo do nome.
c. Complemento do nome.
d. Predicativo do complemento direto.
e. Modificador apositivo do nome.
f. Modificador restritivo do nome.
1.2. e. Os olhos da pastora fascinam toda a gente – oração subordinante; que são belos – oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
f. Todas as pastoras são belas – oração subordinante; que conheço – oração subordinada adjetiva relativa restritiva.

Pág. 236
Oralidade
MC
O1.2. Explicitar a estrutura do texto.
O1.4. Fazer inferências.
O1.5. Distinguir diferentes intenções comunicativas.
O1.6. Verificar a adequação e a expressividade dos recursos verbais e não verbais.
O1.7. Explicitar, em função do texto, marcas dos seguintes géneros: […] anúncio publicitário.

Vídeo
Anúncio publicitário “Queijo Pastor” [0 min 50 s]
Nota: Dado que o enfoque da atividade recai sobre a análise de um anúncio publicitário, o poema de Caeiro é analisado apenas em termos literais, sem se ter em conta a complexidade
temática e ideológica que lhe é inerente. Tal análise será feita no 12.º ano de escolaridade.

2. a. primeira parte: locução do poema “O Guardador de Rebanhos”, em articulação com uma sequência de imagens associadas ao universo pastoril; segunda parte: apresentação do
slogan (“Pastor. Queijos de Portugal”), em articulação com a imagem dos produtos em causa.
b. analogia e complementaridade: pastorícia como universo de referência (valor simbólico: naturalidade, simplicidade, autenticidade, comunhão com a natureza); predomínio do ponto de
vista do pastor (sujeito poético, no poema de Caeiro; protagonista, no anúncio publicitário).
c. causa-efeito: rebanho (ovelhas em ambiente natural) → queijo (produto natural); semelhança: rebanhos criados em várias zonas de Portugal (montanhosas e planas)/“queijos de Portu-
gal” (= das várias zonas de Portugal).
d. universo de referência (pastorícia) conotado com a natureza, a autenticidade, a tranquilidade própria do campo (em oposição à azáfama da cidade), a nacionalidade portuguesa; recurso
a imagens bucólicas, de grande beleza, e música de fundo tranquila, adequada às imagens; recurso a um poema da literatura portuguesa de reconhecido valor, subordinado ao mesmo tema;
locução do poema por uma voz masculina (sugerindo o próprio pastor), com um ritmo calmo adequado às imagens apresentadas (calma/tranquilidade do rebanho e do pastor); criação de
suspense (interrupção da locução e suspensão da imagem e da música ambiente) antes da apresentação do final do poema e da divulgação do produto a publicitar; apresentação do produ-
to num momento-chave, depois de se ter criado uma atmosfera favorável à receção do produto…

Pág. 237
Educação Literária | Oralidade
MC
EL14.1. Ler expressivamente em voz alta textos literários, após preparação da leitura.
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.
O2.2. Registar em tópicos, sequencialmente, a informação relevante.

Francisco Augusto Metrass (1825-1861)


• Pintor português da época romântica
• Temas predominantes: temas históricos

1. “Lenda da Gruta de Camões”


Transcrição do texto
O poeta Luís de Camões vivia em Macau numa espécie de desterro, provocado por invejas e inimizades em Portugal. As intrigas obrigaram-no também a deixar aquela terra, tendo embarcado
como prisioneiro na famosa Nau de Prata, nos finais de 1557. Luís de Camões despediu-se da famosa gruta de Patane, em Macau, que tinha escutado o eco dos seus sonhos e do seu desespero,
e apresentou-se ao capitão da Nau de Prata. Interrogado sobre o papel enrolado que levava na mão, Camões respondeu que era toda a sua fortuna e que talvez fosse aquela a sua herança para
todos os Portugueses. Tratava-se da epopeia Os Lusíadas que contava a história do seu povo e que, segundo a lenda, terá sido escrita naquela gruta. Escritos com toda a alma e toda a saudade
de português, injustamente privado da pátria, aqueles versos eram o maior de todos os seus tesouros e os únicos companheiros do seu infortúnio. Da amurada da nau, estava Camões a despe-
dir-se da gruta, quando ouviu uma voz de mulher que o interrogava sobre a sua tristeza. Era uma nativa de Patane, que o conhecia, e em quem ele nunca tinha reparado, apesar da sua extrema
beleza. Tin-Nam-Men era o nome da nativa que, na sua língua, significava Porta da Terra do Sul – a Porta do Paraíso. Tin-Nam-Men tinha observado Camões, durante muito tempo, sem nunca
se atrever a falar-lhe até àquele dia. Perdidamente apaixonada por Camões, tinha-o seguido até ao barco. Partindo com o poeta, conta a lenda que, na Nau de Prata, nasceu mais uma relação
amorosa na vida já tão romanesca de Luís de Camões, até ao trágico dia em que uma tempestade irrompeu nos mares do Sul. Como a Nau de Prata estava condenada a afundar-se, embarcaram
as mulheres num batel e os homens salvaram-se a nado. Camões, de braço no ar, segurando Os Lusíadas, nadou até terra, mas o barco onde seguia a linda Tin-Nam-Men foi engolido pelas on-
das. Foi à bela Dinamene, como o poeta lhe chamou, que Camões terá dedicado os seus belos sonetos “Alma minha gentil, que te partiste…” e também “Ah! Minha Dinamene! Assim deixaste”.
in Infopédia, Porto Editora [Consult. 31-07-2014]

1.1. Camões e Tin-Nam-Men na gruta de Patane (Macau).


Representação de Camões como poeta (a escrever Os Lusíadas), como homem (com Dinamene ao lado) e como militar (com a espada aos pés).
Representação de Tin-Nam-Men como nativa, com ar sereno e submisso.
3.1. “cá” – “na terra” (v. 4), “de cá” (v. 13); valor simbólico: vida.“lá” – “no Céu”, “no assento etéreo” (v. 5), “onde subiste” (v. 5); valor simbólico: morte.
3.2. Antítese (“repousa lá no Céu”, v. 3 / “viva eu cá na terra”, v. 4) – marca a oposição entre a Terra (vida) e o Céu (morte).
Eufemismo (“te partiste / tão cedo desta vida”, vv. 1-2; “repousa lá no Céu eternamente”, v. 3; “lá no assento etéreo, onde subiste”, v. 5, “que teus anos encurtou”, v. 12) – atenuação da morte
(precoce).
3.3. Interpelação da sua amada, já falecida, pedindo-lhe que não se esqueça dele e que rogue a Deus que o leve rapidamente para junto dela.
4.1. a. morte; b. A Divina Comédia; c. Terra; d. Lua; e. hipótese.

47
Nota: O modelo geocêntrico apresenta a Terra como o centro do Universo, baseando-se nas observações realizadas pelo homem no seu dia a dia: a Terra parece imóvel e todos os astros
observáveis (Lua, Mercúrio, Vénus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno e estrelas) parecem girar em seu redor. Este modelo foi dado como certo até ao século XV.
4.2. Intertextualidade:
• aspetos formais: soneto
• aspetos temáticos: morte, Paraíso (cf. semelhanças temáticas e lexicais entre os vv. 1 e 2).

Pág. 239
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL14.10. Identificar características do soneto.

Nadir Afonso (1920-2013)


• Arquiteto e pintor português modernista, surrealista e abstracionista
• Pioneiro da arte cinética em Portugal
• Alguns temas: paisagens rurais e citadinas, elementos geométricos

1. Possíveis tópicos a abordar:


• oposição razão/sentimentos (metaforizados pela palavra “coração”);
• comportamentos pouco racionais/contraditórios gerados pelo predomínio dos sentimentos (em relação à razão).

3.1. Sintomas que revelam sentimentos contraditórios, originados pela contemplação da mulher amada.
3.1.1. Antítese: “ardor” / “frio” (v. 2), “choro” / “rio” (v. 3), “mundo todo” / “nada” (v. 4), “abarco” / “aperto” (v. 4), “fogo” / “rio” (v. 6), “espero” / “desconfio” (v. 7), “desvario” / “acerto” (v. 8), “terra” /
“Céu” (v. 9), “nũ’hora” / “mil anos” (v. 10).
Anáfora e estrutura paralelística (vv. 7-8).
Hipérbole: “da alma um fogo me sai, da vista um rio” (v. 6), “nũ’ hora acho mil anos” (v. 10).
3.2. Ter visto a mulher amada.
3.2.1. Destacar a diversidade de efeitos contraditórios face à única causa desses mesmos efeitos (vários efeitos / uma única causa).
4. d.
5. Soneto composto por duas quadras e dois tercetos; versos decassilábicos (Tan|to| de| meu es|ta|do| me a|cho in|cer[to]); esquema rimático (abba / abba / cde / cde).

PL Intertextualidade com o soneto “Nem tenho paz nem como fazer guerra”, de Petrarca

 DF
P
Este poema encontra-se disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de apoio (versão impressa).

Pág. 240
Educação Literária
MC
EL14.10. Identificar características do soneto.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

Pág. 241
Educação Literária | Oralidade
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.7. Estabelecer relações de sentido a) entre as diversas partes constitutivas de um texto […].
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
EL14.10. Identificar características do soneto.
EL15.3. Expressar pontos de vista suscitados pelos textos lidos, fundamentando.
O5.1. Produzir textos seguindo tópicos fornecidos.

Carlos Calvet (1928-2014)


• Arquiteto, pintor e artista plástico português
• Temas predominantes: naturezas-mortas, formas geométricas, figuração conotada com a Arte Pop

Sugestão:
• audição da versão musicada do poema pelo grupo Pólo Norte
• exploração das emoções suscitadas pela música

1. Definição objetiva: sentimento que predispõe a desejar o bem de alguém; sentimento de afeto ou extrema dedicação; apego; sentimento que nos impele para o objeto dos nossos dese-
jos; atração; paixão; afeto; inclinação; relação amorosa; objeto da afeição; adoração; veneração; devoção.
3.1. Definições baseadas:
• numa relação de oposição semântica (apresentando-se duas características contraditórias);
• numa estrutura idêntica em termos sintáticos – sujeito (simples ou nulo subentendido) + verbo ser + predicativo do sujeito (geralmente constituído por determinante artigo indefinido, nome
ou infinitivo substantivado e modificador restritivo do nome);
• em recursos expressivos idênticos – anáfora (“é”), metáfora (“fogo”, “ferida”, “contentamento”, “dor”…) e oxímoro (“arde sem se ver”, “dor que desatina sem doer”, “contentamento descontente”…).
3.2. Mostrar a impossibilidade de definir satisfatoriamente o conceito de amor, tendo em conta o seu carácter contraditório.
4.1. Estabelecimento de uma relação de oposição entre o carácter contraditório do amor e o facto de, mesmo assim, este sentimento ser procurado pelos seres humanos.
4.2. Sugestão da perplexidade do sujeito poético face ao facto de o amor ser procurado pelas pessoas apesar do seu carácter contraditório.
4.3. Personificação do amor.

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5. Primeira parte (vv. 1-11): apresentação de definições subjetivas do conceito de amor.
Segunda parte (vv. 12-14): constatação de que o amor é um sentimento contraditório mas que, ainda assim, é procurado pelas pessoas.

Pág. 242
7.1. a. é ter lealdade com quem nos mata.
b. É o vencedor servir a quem vence.
c. Mas como pode seu favor causar amizade nos corações humanos, se o mesmo Amor é tão contrário a si?

Escrita | Educação Literária


MC
E12.1. Respeitar o tema.
E12.2. Mobilizar informação adequada ao tema.
EL15.5. Escrever exposições (entre 120 e 150 palavras) sobre temas respeitantes às obras estudadas, seguindo tópicos fornecidos.

1. Tópicos e exemplos possíveis:


Formas de relacionamento entre o sujeito poético e a mulher amada:
• amor platónico / distanciamento –idealização da mulher amada, entendida como ser superior e inatingível (“Leda serenidade deleitosa”, “Um mover d’olhos”);
• amor experienciado / proximidade (“Aquela cativa”).
Efeitos e sentimentos associados ao amor:
• paixão, fascínio (“Um mover d’olhos”);
• saudade (“Alma minha gentil”);
• sofrimento devido à ausência da mulher amada (“Um mover d’olhos”) e à saudade (“Alma minha gentil, que te partiste”, “Alegres campos, verdes arvoredos”).
Característica definitória:
• sentimento contraditório (“Amor é fogo que arde sem se ver”), que provoca sintomas contrários e inexplicáveis à luz da razão (“Tanto de meu estado me acho incerto”).

PDF
Guião de produção de exposição sobre um tema disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 243
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.

Miguel Ângelo
Ver informação na p. 212.

PDF
Intertextualidade com o capítulo 3 do Livro de Job, da Bíblia Sagrada, que se encontra disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão im-
pressa).

1. autos – o próprio; bios – vida; grafia – escrita.


Autobiográfico: relativo à descrição da própria vida e à autorrepresentação.
3. a. um voto de morte/desaparecimento.
b. escuridão, falta de luz; iminência do fim; aparecimento de monstros; ar chovendo sangue (violência, morte, terror geral); cataclismos (estranheza entre mãe e filho).
c. assiste aos fenómenos apocalípticos, num misto de pasmo e de horror.
d. o carácter funesto do dia em que nasceu.
e. um ser votado a um sofrimento e a uma desgraça excecionais.
f. léxico com sentido negativo, associado à morte, destruição e sofrimento (“moura”, “pereça”, “padeça”, “escureça”, “monstros”, “sangue”…) e de recursos expressivos como o pleonasmo
(“moura e pereça”, v. 1), a apóstrofe (“Ó gente temerosa”, v. 12) e a hipérbole (vv. 13-14).
g. nele o sujeito poético se autorrepresenta individualmente como alguém marcado pela desgraça.
4. Presente do conjuntivo, exprimindo o desejo (“moura”, “pereça”, “queira”, “torne”, “padeça”, “falte”, “escureça”…) e o conselho (“espantes”).
5. Proximidade afetiva entre o sujeito poético e o dia referido.

Sugestão:
Encontra-se disponível, no Caderno de Atividades (pp. 54-56), uma ficha de Leitura | Gramática com base no texto “Camões na prisão”.

Pág. 244
Educação Literária
MC
EL14.1. Ler expressivamente em voz alta textos literários, após preparação da leitura.
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL14.7. Estabelecer relações de sentido a) entre as diversas partes constitutivas de um texto […].
G19.7. Analisar o significado de palavras considerando o processo de formação.

Gaspar David Friedrich (1774-1840)


• Pintor, desenhador e escultor alemão da época romântica
• Temas predominantes: paisagens (atmosfera nostálgica, com brumas)

1.1.1. Fortuna:
• personificação do acaso/da sorte (boa ou má), que acompanha os seres humanos durante a vida;
• divindade mutável, que encarna o imprevisto e o inesperado da existência humana;
• tende a ser representada com uma cornucópia de abundância ou com um leme (pois dirige a existência humana).

49
Pág. 245
3.1. a. vv. 1-4.
b. “Erros meus”.
c. “má fortuna”.
d. “amor ardente”.
e. “perdição”.
f. vv. 5-12.
g. “Errei todo o discurso de meus anos”.
h. “dei causa [a] que a Fortuna castigasse / as minhas mal fundadas esperanças”.
i. “De amor não vi senão breves enganos”.
j. vv. 13-14.
k. “quem tanto pudesse que fartasse / este meu duro génio de vinganças!”.
4. Soneto em que o sujeito poético reflete/medita acerca do seu sofrimento e da sua desgraça (“perdição”); culpabilização do Destino (“má fortuna”), em conjunto com a liberdade individual
(“erros meus”) e com o amor.

Pág. 246
Oralidade | Educação Literária
MC
O1.6. Verificar a adequação e a expressividade dos recursos verbais e não verbais.
O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: […] apreciação crítica.
EL14.1. Ler expressivamente em voz alta textos literários, após preparação da leitura.
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL15.7. Analisar recriações de obras literárias do Programa, com recurso a diferentes linguagens […], estabelecendo comparações pertinentes.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

Vídeo
Declamação encenada do poema “Erros meus, má fortuna, amor ardente”, pelo ator João Reis [00 min 59 s]

1. Exemplo:
a. Ritmo fluente e tom melancólico (sugerindo a atitude introspetiva e a lamentação);
b. Expressão facial e movimentação em consonância com o tom melancólico e meditativo (ex.: passagem das mãos pela cabeça, fixação do olhar no fogo);
c. Cenário envolvente: fogo (primeiro plano), sugerindo o “amor ardente”; ambiente natural (plano de fundo).

PDF
Guião de produção de apreciação crítica oral disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

2.1. Autorrepresentação do sujeito poético:


• “Erros meus, má fortuna, amor ardente”: infelicidade / sofrimento, devido a uma conjura por parte dos erros, da fortuna e do amor;
• “Eu cantei já, e agora vou chorando”: infelicidade / sofrimento presente, em oposição com a felicidade passada (metaforizada pelo canto);
• “De que me serve fugir”: infelicidade permanente, por trazer consigo o seu próprio desgosto, de que não pretende livrar-se.
Culpabilização do Destino / Fortuna e/ou liberdade individual:
• “Erros meus”: culpabilização do Destino / Fortuna (“má fortuna”) e da liberdade individual (“erros meus”);
• “Eu cantei já”: maior culpabilização do Destino (“Fortuna injusta”) do que da liberdade individual (“erros”);
• “De que me serve fugir”: maior atribuição de culpa à liberdade individual, embora também esteja presente a responsabilização do Destino (“não posso ser contente, / pois que pude ser
nacido”).

Pág. 247
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais, pontos de vista e universos de referência, justificando.
EL14.7. Estabelecer relações de sentido a) entre as diversas partes constitutivas de um texto […].
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a) estrofe; b) métrica; c) rima.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

Hieronymus Bosch (c. 1450-1516)


• Pintor e gravador holandês
• Temas predominantes: cenas de pecado e de tentação, figuras complexas e caricaturais

As Tentações de Santo Antão (c. 1500)


• Retábulo em que se representa um mundo demoníaco, dominado pelo pecado e pela culpa;
• Dividido em três painéis, a imagem apresentada corresponde a um pormenor do painel esquerdo do retábulo (ascensão e queda de santo Antão), em que o Santo é amparado por dois
clérigos e por um leigo;
• Integra a exposição permanente do Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa).

 DF
P
Reprodução do painel As Tentações de santo Antão, Hieronymus Bosch
Poderá encontrar mais informação sobre esta obra no sítio do Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa)
http://www.museudearteantiga.pt/pt-PT/exposicao%20permanente/obras%20referencia/ContentDetail.aspx?id=214

1.1. Amparo de um homem (santo Antão) por três outros homens (dois religiosos e um leigo, de vermelho).
Leitura de uma carta por três figuras grotescas, sob uma ponte.

50
Patinagem de uma outra figura também grotesca, em direção à ponte, com uma carta no bico.
1.2. Exemplo: Tom disfórico (associado a valores negativos) e satírico – sugerindo, de forma mordaz e inquietante, um mundo às avessas, caracterizado pelo mal.

Pág. 248
3.1. Mundo injusto e arbitrário (ao contrário dos outros, que não foram castigados pelo mal que fizeram, o sujeito poético foi penalizado pelo seu mau comportamento).
4.1. Contraste de nível geral, entre as consequências dos atos dos bons (penalização) e dos maus (recompensa).
Contraste de nível pessoal, entre as consequências dos seus maus atos (penalização) e as dos maus atos dos outros (recompensa).
4.2. Antítese (“os bons” / “os maus”, “tormentos” / “contentamentos”, “bem” / “mal”); jogo de palavras (“desconcerto do mundo” / “mundo concertado”).
5.1. Fundo melancólico: sentimentos manifestados pelo sujeito poético (tristeza, desencanto face à arbitrariedade e injustiça com que o mundo age). Tom satírico: intencionalidade
crítica.
5.2. Esparsa constituída por uma décima; versos em redondilha maior (Os| bons| vi| sem|pre| pa|ssar); rima emparelhada, interpolada e cruzada (abaabcddcd).
6. Desconcerto do mundo – contradição entre o que deve ser e o que é o mundo (penalização dos bons e recompensa dos maus; arbitrariedade com que o mau comportamento do
sujeito poético foi penalizado).
6.1. Entre o poema camoniano e a pintura de Bosch estabelece-se uma relação de analogia: em ambos se representa o tema do mundo às avessas / desconcerto do mundo.

Gramática
MC
G19.4. Explicitar constituintes de campos lexicais.
G19.5. Relacionar a construção de campos lexicais com o tema dominante do texto e com a respetiva intencionalidade comunicativa.

1.1. Bem: “bons”, “contentamentos”, “bem”, “concertado”; Mal: “desconcerto”, “maus”, “tormentos”, “mal”.
1.2. Construção da oposição entre o bem e o mal; marcação linguística da arbitrariedade por que o mundo se rege.

Escrita | Educação Literária


MC
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: […] exposição sobre um tema […].
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

1.1. Tópicos a abordar (relativamente ao primeiro item):


• “Os bons vi sempre passar”: contradição entre o que deve ser e o que é o mundo (tipo de atos a recompensar e a punição / recompensa; justiça na recompensa / punição);
• Farsa de Inês Pereira: crise de valores – traição feminina, numa sociedade varonil, em que o poder masculino é dominante (destruição da autoridade, do poder tradicional); comporta-
mento dos frades e dos ermitões em desacordo com os ideais por eles defendidos.
• Auto da Feira: transgressão dos valores morais da sociedade; crítica às principais autoridades religiosas.

 DF
P
Guião de produção de exposição sobre um tema disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 249
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.7. Estabelecer relações de sentido a) entre as diversas partes constitutivas de um texto […].
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

Thomas Cole (1801-1848)


• Pintor inglês associado ao Romantismo
• Tema predominante: paisagens

1.1. Exemplo: Situações em que os criminosos/infratores não são punidos (ex.: latrocínios, assassínios, adultérios) e em que os que têm uma vida “limpa” são perseguidos e veem nega-
dos os seus direitos.
Nota: A expansão ultramarina proporcionava enormes contrastes entre ricos e pobres e dava oportunidades aos aventureiros sem escrúpulos (cf. Auto da Índia, Gil Vicente).

Pág. 250
Educação Literária
3.1. Tipos de mudança:
• mudança no mundo natural: mudança cíclica, natural, positiva;
• mudança no mundo humano: mudança instável e arbitrária, negativa, associada ao desconcerto do mundo.
3.2. vv. 12-14 – Causas do desconcerto: experiência humana dominada pela maldade, o caos e os conflitos (e não pela lógica/razão); superficialidade que parece dominar este mundo
“tão confuso”.
4.1. Desconcerto do mundo: valores que se relacionam com o acaso e com a passividade/resignação humana face ao destino (Fortuna, Caso, Tempo e Sorte).
Fortalecimento da alma: valores morais e racionais (Verdade, Amor, Razão, Merecimento).
5. “Correm turvas as águas deste rio” – refere-se que o desconcerto do mundo é tal que até parece que Deus se esqueceu dele.
“Verdade, Amor, Razão, Merecimento” – valoriza-se explicitamente a fé cristã (v. 14), confrontando-se a ordem racional e cristã do mundo com o desconcerto vivenciado no quotidiano;
no último terceto, retoma-se a ideia do v. 8 de que haverá resoluções superiores que escapam aos humanos e que poderão dar sentido às aparentes contradições do mundo.

Gramática
MC
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.
G18.4. Identificar orações subordinadas.

51
1. 1. a.; 2. d.; 3. h.; 4. f.; 5. i; 6. b.
2.1. b.
2.2. c.
3. a. o mundo, não; porém/todavia anda tão confuso […].
b. o mundo, não; e anda tão confuso […].

Pág. 251
Escrita
MC
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: síntese […].

1. Seleção crítica das ideias-chave:


Desconcerto como:
• tema fundamental da lírica camoniana associado ao tema do amor;
• resultante do antagonismo entre experiência e teoria;
• necessidade de racionalização / análise face à desordem da vida:·amor: carácter contraditório e ambíguo, que aponta para a desagregação e não para a conciliação da teoria e da expe-
riência;
• possibilidade de falibilidade do espírito (ilusão, esquecimento).
Exemplo de síntese:
De acordo com Maria Vitalina Leal de Matos, o desconcerto é um tema central da lírica camoniana, que surge associado à incapacidade de viver um amor ideal e de harmonizar a razão e o
desejo – isto é, de conciliar a experiência e a teoria.
O desconcerto resulta, na perspetiva desta autora, da necessidade de encontrar a razão, mesmo que se esteja sujeito à desordem da vida. Assim, o amor é uma realidade contraditória e
ambígua, que conduz à desagregação e não à conciliação entre teoria e experiência.
A autora destaca ainda o facto de o próprio espírito poder ser falível, devido à ilusão e ao esquecimento.
(106 palavras)

 DF
P
Guião de produção de síntese escrita disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 252
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.7. Estabelecer relações de sentido a) […] entre as diversas partes constitutivas de um texto.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

Vincent Van Gogh (1853-1890)


• Pintor pós-impressionista holandês
• Alguns temas: cenas da vida campestre, natureza (girassóis, pessegueiros), retratos, autorretratos

1. Exemplos:
Objetos – desgaste, obsolescência, destruição.
Natureza – existência cíclica, rejuvenescimento.
Pessoas – crescimento, envelhecimento (que culmina na morte), alteração de hábitos, de perfil psicológico, de características físicas.
3.1. Mudança como lei universal (processo contínuo, aplicável a todas as formas de realidade).
3.2. Anáfora (“Muda(m)-se”) e enumeração paralelística (vv. 1 e 2): realce do carácter universal e contínuo da mudança (aplicável ao tempo e aos seres humanos).
4.1. Reforço da ideia defendida, v. 5: retoma do tema da mudança contínua, por meio das palavras “novidades” e “continuamente”.
Destaque do carácter negativo da mudança – vv. 6-8: explicação das consequências nefastas das mudanças (que geram um mal cuja dor não pode ser superada).
4.2. Tempo passado – bem (ainda que associado às “mágoas”); tempo presente – mal.
4.3. Reflexão do sujeito poético, pautada pelo pessimismo, pelo desengano e pela desilusão.
5.1. Mudança da natureza: natural, cíclica e positiva; mudança humana – irreversível, instável e negativa.
5.2. Mudança de sentimentos e de perspetiva face à vida: o “doce canto” (metáfora da alegria) transforma-se em “choro” (metáfora da tristeza, do pessimismo e da consciência da fini-
tude).

Pág. 253
6. Mudança como entidade que tudo rege (incluindo o próprio processo de mudança).
7. a. Presente do indicativo, com valor genérico (“mudam-se”, “vemos”, “ficam”); 1.ª pessoa do plural, com valor genérico (“[nós] vemos”); quantificador universal (“todo”); advérbios com
valor temporal (“sempre”, “continuamente” ). b. Pronome pessoal de 1.ª pessoa (“mim”).
Nota: O valor genérico é uma propriedade dos enunciados que está presente quando se estabelece uma relação de predicação relativa a uma classe de entidades (ex.: As pessoas mu-
dam. Tudo muda.) ou de situações (ex.: Mudar é natural.).

Oralidade
MC
O1.1. Identificar o tema dominante, justificando.
O1.4. Fazer inferências.
O1.6. Verificar a adequação e expressividade dos recursos […] não verbais.
O1.7. Explicitar, em função do texto, marcas dos seguintes géneros: […] documentário […].

Vídeo
Excerto do documentário Baraka, de Ron Fricke [5 min 10 s]

52
1.1.1. Apesar de não ter linguagem verbal, apresenta:
• variedade de temas;
• proximidade com o real;
• informação seletiva e representativa (ilustração de uma perspetiva sobre o assunto em causa).
1.1.2. Identificação das cenas representadas:
• azáfama citadina / pulsação humana nas atividades diárias (trânsito, movimentação dos peões em locais exteriores; movimentação dos utilizadores do comboio, numa estação de com-
boios, na plataforma e no comboio);
• industrialização / produção em série.
Análise das cenas representadas:
• vivência humana do tempo;
• consequências da passagem do tempo: transformações de ordem social e individual (prevalência do social vs. anulação do individual; alienação).
Recursos não verbais utilizados:
• imagem em movimento: filmagem de cenas espontâneas / autênticas, em câmara rápida;
• som: música ambiente, que parece ser unicamente ritmo / percussão.
Possível valor expressivo:
• sugestão da universalidade do comportamento humano (independentemente da cultura, da língua, do país).
1.1.3. Exemplo: Relação de oposição: no soneto, tudo muda, até a própria mudança; no documentário, sugere-se a ideia de repetição mecânica (apesar do movimento contínuo).

Pág. 254
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

Lima de Freitas
Ver informação na p. 225.

1.1. Sião: pátria, local de felicidade e de contacto com Deus (“cântico ao Senhor”); Babilónia: terra de cativeiro, local de sofrimento (“choro”) e da impossibilidade de contacto com Deus.

Pág. 255
3.1. Sofrimento atual em oposição à felicidade passada; sentimento de não pertença ao local em que se encontra.
3.2. Babilónia: exílio, dor, confusão, pecado; Sião: céu, felicidade passada; tempo irremediavelmente perdido.
4. a. vv. 3-5.
b. vv. 11-15.
c. vv. 16-20.
d. vv. 21-23.
e. vv. 26-30.
f. vv. 31-40.
5.1. Aspeto comum aos dois poemas: mudança associada à passagem inexorável do tempo.
Aspetos dissemelhantes:
• “Antre tamanhas mudanças”: associação da mudança à incerteza relativamente ao futuro e ao desengano;
• “Tudo é foi”: mudança como fenómeno universal (aplicável a todos os seres) e permanente (aplicável a todo o tempo, passado e presente), associado à efemeridade da vida e à iminência da
morte.

Pág. 256
PPT
Luís de Camões, Rimas – Síntese da unidade

Pág. 258
Nota: Este teste segue, dentro do possível, a estrutura da última edição (2014) do exame nacional de Português, considerando o objeto de avaliação (10.º ano, unidade Luís de Camões,
Rimas). Assim, é constituído por três grupos:
• Grupo I (100 pontos) – em que se avaliam conhecimentos e capacidades de Educação Literária e de Escrita através de itens de construção (avaliando-se apenas conteúdos de 10.º ano
relativos à unidade em causa);
• Grupo II (50 pontos) – em que se avaliam capacidades de Leitura e de Gramática, através de itens de seleção e de construção;
• Grupo III (50 pontos) – em que se avaliam conhecimentos e capacidades de Escrita, por meio de uma resposta extensa.
Visa-se, assim, que o aluno treine a resolução de testes com uma estrutura semelhante à dos exames.

PPT
Luís de Camões, Rimas – Correção do teste formativo

GRUPO I
1. No texto aborda-se o tema da representação da amada, tendo como assunto a descrição da mulher sob influência petrarquista, expressando, de seguida, os seus sentimentos em
relação a ela.
2. Fisicamente, a figura representada é descrita como bela (“Presença bela, angélica figura”, v. 1), com faces rosadas (“gesto […] de rosas semeado”, v. 3) e olhos negros (“olhos, onde tem
feito tal mistura / em cristal branco o preto marchetado”, vv. 5-6). Em termos psicológicos, refere-se a alegria (“gesto alegre”, v. 3), a suavidade, o recato e a graciosidade (“brandura, aviso e
graça”, v. 9).
3. A figura representada exerce no sujeito poético um efeito de fascínio e de encantamento irresistíveis.
4. A comparação acentua o efeito encantatório provocado pela beleza da mulher amada no sujeito poético – efeito esse que é comparável ao fascínio exercido pelas sereias.
5. O texto é um soneto, sendo constituído por catorze versos decassilábicos (Pre/sen/ça/ be/la an/gé/li/ca/ fi/gu[ra]), distribuídos por duas quadras e dois tercetos. O esquema rimático é
abba / abba / cde / dce.

53
Pág. 260
GRUPO II
1.1. b.
1.2. d.
1.3. b.
1.4. d.
1.5. b.
1.6. c.
1.7. b.

Pág. 261
2. a. 7; b. 8; c. 3; d. 5; e. 4.

GRUPO III
João Miguel Salvador apresenta o Método de Amplificação de Camadas, desenvolvido por Pascal Cotte – segundo o autor esta é uma técnica que permite conhecer o que foi pintado
nos quadros antes de se chegar à versão final. Graças a este método, descobriu-se que Da Vinci pintava várias versões do mesmo quadro. Exemplo disso é a obra Dama com Arminho, que
inicialmente foi pintada com um fundo azul e sem o arminho.
(71 palavras)

Unidade 6 · Luís de Camões, Os Lusíadas


Pág. 264
Leitura | Educação Literária
MC
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
L8.2. Elaborar tópicos que sistematizem as ideias-chave do texto, organizando-os sequencialmente.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL14.11. Reconhecer e caracterizar textos quanto ao género literário: epopeia […].
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

Pág. 265
1.1. Tema – acontecimento memorável e extraordinário, com interesse nacional ou universal; visão heroica do mundo; representação de um passado mítico; presente como resultado do
passado mítico; passado mítico projetado no futuro; herói que pretende escapar à sua condição humana e impor-se como um ser superior.
Estilo – embelezamento da ação narrada com artifícios poéticos (função referencial e poética da linguagem).
1.2. a. “feitos grandiosos”, l. 14.
b. Proposição, invocação, narração (nota: as epopeias clássicas não continham dedicatória).
c. Começo da narrativa in media re; recurso às profecias anunciadoras do futuro.
d. Predomínio do tom épico (mas admitindo uma certa variedade estilística – episódios líricos ou bucólicos).
e. Objetivo pedagógico da obra.
f. Veracidade (“tema histórico, real”); rivalidade com os deuses.

Pág. 266
Leitura | Educação Literária
MC
L7.2. Fazer inferências […].
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929)


• Pintor da escola naturalista e realista, oriundo de uma família de artistas: o pai também era pintor e o irmão, Rafael Bordalo Pinheiro, tornou-se famoso como caricaturista e ceramista
• Integrou o “Grupo do Leão” com Ramalho Ortigão, Teófilo Braga, Eça de Queirós e Antero de Quental, que pretendia renovar a estética artística do país
• Foi um dos principais autores-modelo adotados como bandeira nacional

Pág. 268
2.1. a. Desabafos no final do Canto I (“bicho da terra tão pequeno”).
b. Horror perante a doença e a morte.
c. Momentos de balanço no final dos Cantos VII e X (desalento face à indiferença dos contemporâneos em relação ao canto; vícios da sociedade contemporânea).
d. Indisciplina e corrupção.
e. Abandono de praças (entendido como debandada).
f. Iminência de problemas na sucessão ao trono.
g. Ambivalência das coisas (dimensão positiva vs. dimensão negativa).

Pág. 270
Nota: A expressão pode ser utilizada de duas formas:
• “in media re” (= a meio dos acontecimentos); Ex.: A narração é iniciada “in media re”;
• “in medias res” (= para o meio dos acontecimentos). Ex.: A narração é lançada “in medias res”.

Pág. 272
Educação Literária
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

6.1. Textos constituídos por uma interpelação à musa (invocação) e pela explicitação do assunto que irá ser abordado na obra (proposição).
54
Pág. 273
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais, pontos de vista e universos de referência, justificando.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe ([…] oitava); b) métrica ([…]decassílabo); c) rima (emparelhada, cruzada […]) […].
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

PPT
Luís de Camões, Os Lusíadas – Texto analisado

Pág. 274
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar […] ideias principais, […] justificando.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

1.1. Lusíadas – descendentes de Luso ou dos lusos.


Lusos – povo que teria ocupado a parte mais ocidental da Península Ibérica.
1.2. Relação de intertextualidade / imitação:
• Aeneadae – o povo de Eneias / os Romanos;
• Lusiadae – o povo de Luso / os Portugueses.

Pág. 275
3. Proposição – estâncias 1-3, apresentação do assunto da epopeia (proposta de canto dos feitos dos portugueses).
Invocação – estâncias 4-5, pedido de inspiração poética às ninfas do Tejo.
3.1. a. Feitos dos navegadores portugueses (est. 1).
b. Feitos dos reis que promoveram a ampliação do império e a divulgação da fé cristã no norte de África.
c. Feitos dos que, pelas suas obras, se tornaram imortais.
d. “Se a tanto me ajudar o engenho e arte”.
e. Inspiração poética para conseguir cantar em tom épico os feitos grandiosos do povo português.

Pág. 276
4.1. Matéria épica: viagem (est. 1) e feitos históricos (História de Portugal – est. 2).
4.2. Epopeia Os Lusíadas: constituída por matéria épica que atesta acontecimentos reais/verdadeiros, em que se destaca um herói coletivo (povo português);
Epopeias clássicas (Ilíada, Odisseia e Eneida): constituídas por matéria épica ficcional, em que se destaca um herói individual.
5.1. Apelo: esquecimento dos heróis míticos e históricos da Antiguidade clássica (Ulisses, Eneias, Alexandre, Trajano).
Causa: valor náutico e bélico dos portugueses.
5.2. Salientar a superioridade dos portugueses relativamente aos heróis clássicos (devido ao seu “valor mais alto” – est. 3, v. 8) e aos próprios deuses (“a quem Neptuno e Marte obedeceram”
– est. 3, v. 6), iniciando o processo de mitificação do herói de Os Lusíadas.
5.2.1. Recursos ao serviço da mitificação do herói:
• hipérbole – enaltecimento do valor dos portugueses, nomeadamente em termos bélicos e náuticos (est. 1, vv. 5-6, est. 3, v. 6);
• metonímia (“peito ilustre Lusitano”, est. 3, v. 5) – realce do carácter coletivo do herói enaltecido.
6.1. Poesia lírica: “verso humilde” (est. 4, v. 3); “agreste avena ou frauta ruda” (est. 5, v. 2).
Epopeia: “som alto e sublimado”, “estilo grandíloco e corrente” (est. 4, vv. 5-6); “tuba canora e belicosa” (est. 5, v. 3).
Nota: A este propósito, poderão recordar-se os sonetos e as redondilhas de Camões estudados na Unidade 5.
6.2. O estilo grandioso, solene, eloquente confere sublimidade ao canto, encontrando-se em consonância com o assunto em causa.

Gramática
MC
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.

1.1. [Eu] espalharei por toda a parte as armas e os barões assinalados […], e também as memórias gloriosas daqueles reis e aqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte liber-
tando, cantando.
1.2. Anástrofe – cria efeitos rítmicos e rimáticos específicos; coloca em posição inicial, de destaque, a matéria épica (assunto da epopeia).
2.1. Tágides: “Tágides minhas” (est. 4, v. 1).
2.1.1. Apóstrofe – realce da figura interpelada (Tágides) e da relação de proximidade existente entre esta e o poeta (“minhas”).

Pág. 277
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar […] ideias principais, […] justificando.
EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

José de Guimarães (1939)


• Artista plástico português de arte contemporânea

55
• Fontes de inspiração: literatura portuguesa (Os Lusíadas), mundo etnográfico africano
• Ver também Retrato de Camões (1981), p. 279

1.1. Possível simbolismo dos elementos representados:


• figura da direita: Camões (coroa de louros – poesia; quadrado com cruz – perda do olho);
• figura da esquerda: D. Sebastião (coroa – realeza);
• mão azul: pedido a D. Sebastião;
• barco, peixes e fundo azul: alusão ao mar e à viagem de Vasco da Gama;
• elemento central: pernas e seios femininos – Ilha dos Amores;
• espadas: feitos guerreiros;
• duas figuras coroadas: monarcas anteriores;
• cinco triângulos: Cinco Quinas (bandeira de Portugal);
• outros rostos, no canto superior direito: povo anónimo.

Pág. 279
Retrato de Camões (1981)
• Representação de Camões, tendo em conta os símbolos e o substrato cultural que lhe estão associados:
– coroa de louros (poeta de reconhecido valor)
– espada (vertente militar)
– pala no olho (perda do olho)

Pág. 280
3.1. Defensor da liberdade e da independência nacionais (est. 6, vv. 1-2); continuador da expansão da religião cristã (est. 6, vv. 3-4); rei temido pelos mouros (est. 6, v. 5); prodígio fixado pelo
destino (est. 6, vv. 6-8); detentor de uma ascendência ilustre e cristã (est. 7); detentor de um império grandioso (est. 8).
3.2. Recursos expressivos que acentuam o tom elogioso:
• anáfora (“E vós”/”Vós”) – forma de tratamento reverente (imposta pelos preceitos retóricos);
• apóstrofe, construída com base na metáfora – “ó bem nascida segurança […] Cristandade” (est. 6, vv. 1-4); “ó novo temor […] parte grande” (est. 6, vv. 5-8); “tenro e novo ramo […] cha-
mada“ (est. 7, vv. 1-4); “poderoso Rei […] deixa derradeiro” (est. 8, vv. 1-4).
4.1. Pedido de que se digne a olhar para Os Lusíadas – obra patriótica que lhe é dedicada.
4.2. “pátrios feitos valerosos” (est. 9, v. 7).
4.3. Feitos de D. Nun’ Álvares Pereira, Egas Moniz, D. Fuas Roupinho, Doze de Inglaterra, Vasco da Gama (est. 12), D. Afonso Henriques, D. João I, D. João II, Afonso III, Afonso IV, Afonso V
(est. 13), Duarte Pacheco Pereira, D. Francisco de Almeida, D. Lourenço de Almeida, D. Afonso de Albuquerque, D. João de Castro e todos os que atingiram a imortalidade pelos seus feitos
(est. 14).
5.1. Estâncias 11 e 12.
5.2. Comparação que põe em destaque a oposição entre a veracidade dos feitos sublimes dos portugueses e a fantasia dos feitos dos heróis clássicos.
6.1. a.

Pág. 281
Oralidade | Educação Literária
MC
O3.2. Planificar o texto oral, elaborando tópicos de suporte à intervenção.
O4.2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.
O5.1. Produzir textos, seguindo tópicos fornecidos.
O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: […] apreciação crítica.
O6.3. Respeitar as seguintes extensões temporais: […] apreciação crítica – 2 a 4 minutos.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

José Malhoa (1855-1933)


• Pintor e desenhador português que se aproximou da corrente impressionista
• Temas predominantes: temas populares / rústicos, quadros bucólicos
• Algumas obras: Os Bêbados (1907), O Fado (1910), Praia das Maçãs (1918), Outono (1919)

Áudio
Versão musicada por José Mário Branco do poema “Camões e a tença”, do disco A Noite, 1985 [4 min 27 s]
Nota: Relativamente ao poema, a versão musicada apresenta uma variante no final da segunda estrofe: “A quem ousou seu ser inteiramente“ / “A quem ousou mais ser que a outra gente”.

1.1. O sujeito poético interpela diretamente Camões, refletindo subjetivamente sobre a sua vida passada e presente e sobre a forma como este é aceite pelos seus contemporâneos:
• referência à tença anual paga por D. Sebastião ao poeta, na sequência da publicação de Os Lusíadas;
• alusão ao soneto “Erros meus, má Fortuna, amor ardente”, em que Camões apresenta o seu percurso de vida (ver p. 244);
• referência à insensibilidade e à incompreensão dos portugueses relativamente ao valor Poético de Camões.
1.2. Exemplo:
• Descrição sintética do objeto: 1.ª estrofe: cantada em coro, por vozes masculinas; 2.ª estrofe: acrescento de um instrumento musical (sopro); 3.ª estrofe – cantada por solista, com novo
instrumento musical (teclas); 4.ª e 5.ª estrofes – cantadas em coro, com variedade de instrumentos e vozes e com sobreposição de versos de estrofes anteriores.
• Comentário crítico: tom tendencialmente melancólico e progressivamente mais intenso e veemente – sugerindo a indignação e a denúncia de uma situação percecionada como injusta.

Pág. 282
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar […] pontos de vista […] justificando.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

56
Pág. 283
3.1. Falsidade; oposição entre a aparência manifestada pelos atos (“recado […] de amigos”) e os pensamentos (“veneno”, “pensamentos eram de inimigos”, est. 105, vv. 2-3).
3.2. Interjeição “Ó!” (repetição anafórica) e frase exclamativa – sugestão de admiração e de perplexidade perante a constatação da fragilidade da vida humana, exposta aos perigos envol-
ventes e às situações encaradas como seguras.
Interrogação retórica – acentuação da perplexidade face à fraqueza humana perante a realidade circundante.
4.1. Repetição anafórica e hiperbolizante do quantificador “tanto”, associado ao paralelismo da construção frásica (est. 106, vv. 1-4).
4.2. “a gente” (nome coletivo), “tanto” (quantificador existencial), “um fraco humano”, “um bicho da terra” (grupo nominal no singular, introduzido pelo determinante artigo indefinido
“um”).
5. Fragilidade da vida humana/carácter trágico da condição humana.
“bicho da terra” – metáfora que realça o carácter terreno / mortal / efémero, a pequenez e a fraqueza da vida humana (em oposição à força dos perigos envolventes).

Gramática
MC
G17.3. Explicitar processos fonológicos que ocorrem na evolução do português.
1. a. 5.; b. 5.; c. 4.; d. 1.

Escrita | Educação Literária


MC
E12.3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização
adequada de conectores.
EL15.1. Reconhecer valores culturais, éticos e estéticos manifestados nos textos.
EL15.5. Escrever exposições (entre 120 e 150 palavras) sobre temas respeitantes às obras estudadas, seguindo tópicos fornecidos.
EL15.6. Ler uma ou duas obras do Projeto de Leitura relacionando-a(s) com conteúdos programáticos de diferentes domínios.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

1.1. a. Fragilidade da vida humana face à realidade circundante.


b. Capacidade de superação dos limites; heroísmo.
c. Condições de vida e perigos associados à selva amazónica.
d. Ambição humana como causa:
• da troca de uma vida mediana (ou com dificuldades financeiras) por uma vida rodeada de perigos mas com a expectativa de enriquecimento;
• do oportunismo, da especulação e da exploração dos mais fracos.
e. Insatisfação humana.
f. Capacidade de superação dos limites e de domínio do desconhecido; insatisfação humana como força motriz da descoberta e do progresso; humanização / civilização como causa
da insatisfação humana; ausência do autoconhecimento como causa da insatisfação humana (o Homem aumenta progressivamente os seus conhecimentos acerca do universo mas
esquece-se de si próprio).

PL
No âmbito do projeto de leitura e, especificamente, da obra A Selva, de Ferreira de Castro, poderá ainda ser visionada a longa-metragem luso-hispano-brasileira A Selva, realizada por
Leonel Vieira (2002).

PDF
Guião de produção de exposição sobre um tema disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Sugestão:
Para complementar a apresentação deste poema de Carlos Drummond de Andrade, poderá ser usado o vídeo com a respetiva declamação por Zélia Duncan, disponível na internet.

Pág. 285
Pieter Brueghel, O Velho (1525?-1569)
• Considerado um dos maiores pintores flamengos do século XVI, oriundo dos Países Baixos
• Tornou-se mestre da Guilda, a corporação de pintores de Antuérpia, em 1551
• Principais obras: Provérbios Flamengos, A Parábola dos Cegos, A Dança do Camponês, etc.

Pág. 286
Gramática
MC
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.

Pág. 287
Exercícios
1. a. de grandes feitos.
b. ao que o rodeava.
c. do percurso a seguir.
2. a.
2.1. b. de raciocinar.
c. com o lixo espacial que viu.
d. ao espírito que os movia.
3. 1. c.; 2. b.; 3. f.; 4. g.; 5. e.; 6. d.; 7. g.; 8. g.; 9. d.; 10. f.
4. “À volta da terra” – modificador (do grupo verbal); “que a tripulação […] viveu” – modificador restritivo do nome; “mais uma prova disso” – predicativo do sujeito; “que vivem na ISS” – modi-
ficador restritivo do nome; “da emergência” – complemento do nome.
4.1. Exemplo: Os astronautas estão receosos da situação.

No Caderno de Atividades, apresentam-se mais exercícios sobre este conteúdo.

57
Pág. 288
Educação Literária | Oralidade | Leitura
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar […] pontos de vista […] justificando.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
O1.4. Fazer inferências.
L8.2. Elaborar tópicos que sistematizem as ideias-chave do texto, organizando-os sequencialmente.

Almada Negreiros (1893-1970)


• Artista plástico (pintura a óleo, tapeçaria, gravura, pintura mural, caricatura, mosaico, azulejo, vitral) e escritor (romance, poesia, teatro, ensaio) pertencente à primeira geração de mo-
dernistas portugueses

Vídeo
Documentário “Camões pelo Mundo”
de Inês Fonseca Santos [1 min 38 s]

1.1. b., c.

Pág. 290
3.1. Qualquer pessoa que tenha sentimentos nobres faz por igualar ou vencer as façanhas dos antepassados; o ter conhecimento de feitos sublimes por meio de um escritor incita à
produção de grandes feitos.
4.1. Exemplos de Aquiles e de Milcíades:
• ao chegar ao sepulcro de Aquiles, Alexandre Magno chorou, por sentir inveja de quem tinha cantado as façanhas deste herói;
• ao deparar-se com as vitórias de Milcíades expostas publicamente, Temístocles sentiu inveja.
4.2. Referência que tem como finalidade estabelecer uma relação de oposição entre o caso português e a Antiguidade clássica (apoio a Virgílio por parte de Otávio), introduzindo um novo
argumento: os artistas devem ser apoiados pelos poderosos.
4.3. Censuras:
• os portugueses são bravos e destemidos, mas incultos (est. 95, vv. 1-4, est. 97, vv. 1-4);
• a falta de cultura leva à desvalorização da arte, nomeadamente literária (“verso e rima”);
• a ausência de quem divulgue literariamente os feitos heroicos levará ao desaparecimento dos heróis (est. 98, vv. 1-4);
• os portugueses são dominados pela austeridade, rudeza e falta de “engenho”.
5.1. e.
5.2. a. Est. 95, vv.1-4, est. 97, vv. 1-4. b. Est. 97, vv. 5-8. c. Est. 98, vv. 1-4. d. Est. 98, vv. 5-8.
5.3. Alusão feita com intuito argumentativo – estabelecer a oposição entre os heróis da Antiguidade clássica (valerosos e cultos) e os guerreiros portugueses (capazes de grandes feitos,
mas incultos).
6.1. Exemplos:
• crítica implícita ao facto de nem Gama nem os seus descendentes e/ou compatriotas valorizarem a poesia;
• valorização da importância que a poesia tem na divulgação dos feitos ilustres (e, consequentemente, do estatuto do poeta e da poesia).
6.2. Est. 100, vv. 1-4 – ironia à falta de apoio na promoção de Os Lusíadas – obra de interesse nacional.
Exortação final: necessidade de levar a cabo feitos valerosos, não obstante a falta de divulgação / valorização dos mesmos.
7. Reflexões do poeta: surgem na sequência do relato da História de Portugal feito por Gama ao rei de Melinde e da sua viagem à Índia – poesia como meio que possibilita a divulgação dos
feitos heroicos e, consequentemente, a imortalidade; crítica a Vasco da Gama e à sua “estirpe” (palavra com dois sentidos: descendentes de Gama ou portugueses) pelo desprezo / pela in-
diferença relativamente às artes e às letras.

Pág. 291
8.1. Conciliação das armas e das letras:
• tema dominante d’Os Lusíadas;
• topos de influência clássica que ganha atualidade no contexto histórico-cultural do século XVI;
• topos presente em expressões lapidares (“Nũa mão sempre a espada e noutra a pena”, “Nem me falta na vida honesto estudo, / Com longa experiência misturado, / Nem engenho, que aqui
vereis presente”);
– topos desenvolvido no final do Canto V: exposto sob a forma de crítica aos portugueses (contraste entre os portugueses e os povos que valorizam o herói letrado);
– a ssociado ao tema do valor do canto (canto como difusor e perpetuador da fama).

António Soares (1894-1978)


• Desenhador, figurinista, cenógrafo e pintor
• Dedica-se ao retrato da burguesia, mas procura também contribuir para o movimento modernista

Pág. 292
Gramática
MC
G18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.

1. a. “Cipiões”, “Césares”, “Alexandros”, “Augustos” – plural.


b. “Virgílios”, “Homeros”, “Eneias” (“Pios Eneias”), “Aquiles” (“Aquiles feros”) – plural.
1.1. Destaque das qualidades que notabilizaram as pessoas em causa (feitos guerreiros ou valor artístico) e não das pessoas enquanto entidades únicas e individuais.
2. a. Camões – sujeito; estava desiludido com os contemporâneos – predicado; desiludido com os contemporâneos – predicativo do sujeito; com os contemporâneos – complemento do
adjetivo.
b. Os heróis antigos – sujeito; estavam interessados nas artes e nas letras – predicado; antigos – modificador restritivo do nome; interessados nas artes e nas letras – predicativo do sujeito;
nas artes e nas letras – complemento do adjetivo.
c. Sujeito (nulo) subentendido; fiquei contente por ter lido Os Lusíadas – predicado; por ter lido Os Lusíadas – complemento do adjetivo; Os Lusíadas – complemento direto de ter lido.

58
Oralidade | Educação Literária
MC
O4.1. Respeitar o princípio de cortesia: formas de tratamento e registos de língua.
O5.3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.
EL15.2. Valorizar uma obra enquanto objeto simbólico, no plano do imaginário individual e coletivo.
EL15.3. Expressar pontos de vista suscitados pelos textos lidos, fundamentando.

1. Possíveis tópicos a abordar:


Desvalorização / indiferença do valor poético camoniano, que resulta do desprezo dos contemporâneos pelas artes e pelas letras.
Vs.
Projeção da epopeia Os Lusíadas:
• grande projeção, já no século XVI (cf. data da primeira tradução inglesa);
• imagem da capa das diferentes edições: reflexo da forma como a obra é encarada nas várias edições, enquanto objeto simbólico:
· edições inglesa e espanhola: tónica colocada na viagem;
· edição francesa: tónica colocada na história de Portugal;
· edições italiana, alemã e inglesa: tónica colocada no próprio processo de escrita; valorização da poesia.

Pág. 293
Educação Literária
MC
EL14.1. Ler expressivamente em voz alta textos literários, após preparação da leitura.
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais, pontos de vista e universos de referência, justificando.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

1.1. Sujeito poético:


• desabafa com o papel as “sem-razões” (desconcerto pessoal) da sua vida (tom de confidência);
• culpa o Destino como responsável pela sua dor;
• percurso de vida acidentado: exílio da pátria; perigos passados no mar e no serviço militar; errância.
Nota: Duplo sentido da palavra “pena” – objeto de escrita; dor.
1.2. Exemplos:
• “Erros meus, má fortuna, amor ardente” (p. 244);
• “Eu cantei já, e agora vou chorando” (p. 246);
• “O dia em que eu nasci, moura e pereça” (p. 243).

Pág. 296
3.1. Reflexões do poeta:
• relação com os Cantos VI e VII: analogia entre as dificuldades inerentes à viagem de Vasco da Gama (com destaque para a tempestade que antecede a chegada à Índia) e o percurso de
vida do poeta (“caminho tão árduo, longo e vário” – Est. 78, v. 4) – balanço de vida / queixa dos infortúnios pessoais;
• relação com Canto VIII: invocação das ninfas do Tejo e do Mondego – pedido de inspiração.
4.1. “Ninfas do Tejo e do Mondego” (apóstrofe); “Vosso favor invoco”; “se não me ajudais”.
5.1. a. Est. 78, vv. 1-2, 4-6.
b. Est. 78, vv. 5-8.
c. Est. 79.
d. Est. 79, v. 3, est. 80, v. 2.
e. Est. 80, vv. 1-2.
f. Est. 80, vv. 3-4.
g. Est. 80, vv. 5-8.
h. Est. 81, vv. 3-8.
5.2. Marcação da sucessão de vivências negativas; realce da quantidade e variedade de dificuldades e obstáculos que se lhe deparam.
6.1. Desprezo dos poderosos pelos artistas; denúncia da incapacidade dos poderosos em reconhecer o valor dos artistas na preservação e na glorificação da memória nacional.
6.2. Não serão cantados:
• os ambiciosos (est. 84);
• os que apenas pretendem satisfazer os próprios vícios e desejos (est. 85, vv. 1-2);
• os dissimulados (est. 85, vv. 3-4);
• os bajuladores do rei e exploradores do povo (est. 85, vv. 4-8; est. 86);
• os desonestos / ladrões (est. 86, vv. 5-8).
Serão cantados: os que arriscarem e perderem a vida por Deus e pelo Rei (est. 87).
Nota: Questões e tópicos de resposta relativos às questões 4.1. a 6.1. elaborados com base no Exame Nacional do Ensino Secundário de 2006.

Pág. 297
Oralidade | Leitura
MC
O1.4. Fazer inferências.
O1.5. Distinguir diferentes intenções comunicativas.
O2.2. Registar em tópicos, sequencialmente, a informação relevante.
L7.2. Fazer inferências, fundamentando.
L7.4. Explicitar o sentido global do texto, fundamentando.
L7.5. Relacionar aspetos paratextuais com o conteúdo do texto.

59
Vídeo
Excerto do documentário Grandes livros – “Os Lusíadas” [2 min 58 s]

1.1. Tópicos:
• 10 de junho – dia de Portugal; Camões – poeta oficial da pátria / símbolo nacional; obra mais emblemática: Os Lusíadas.
• obra Os Lusíadas:
– peça central no projeto de construção da identidade nacional; nacionalismo anacrónico;
– bandeira de regimes variados / opostos: democracia / fascismo, liberais / legitimistas, propaganda republicana / reação monárquica a essa propaganda, Primeira República / Estado Novo;
– obra-prima da literatura mundial: canto de exaltação / canto de crise.

Pág. 298
2.1. b. Eugénio de Andrade (poeta).
c. Telespectadores da RTP2 / consumidores de internet.
d. Leitores da revista Camões.
e. Televisão, internet.
f. Revista especializada (literatura).
g. Transmitir informação documentada sobre a obra Os Lusíadas.
h. Homenagear Camões / contribuir para o reconhecimento do valor da poesia e da figura de Camões.
i. Apresentação de informação relativa à forma como Camões e Os Lusíadas são encarados a nível nacional (aproveitamento político) e internacional (poeta de reconhecido valor; obra-
-prima).
j. Crítica, por parte de Eugénio de Andrade, ao aproveitamento político-estatal da figura de Camões por uma pátria que não reconhece o seu valor poético e que o encara com indiferença.

Pág. 299
Gramática
MC
G17.8. Reconhecer a distribuição geográfica do português no mundo: português europeu; português não europeu.
G17.9. Reconhecer a distribuição geográfica dos principais crioulos de base portuguesa.

Pág. 300
Sugestão:
Acerca do mirandês, poderá ser consultado o seguinte sítio:
Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa (ALCM)
http://www.nialdelaboubielha.com/index.php/16-novidades/164-associacon-de-la-lhengua-i-cultura-mirandesa-alcm

Pág. 301
Exercícios
MC
L7.2. Fazer inferências, fundamentando.
O1.4. Fazer inferências.

1.1. Carácter global do português:


• língua oficial de vários países;
• língua que está na base de crioulos indo-europeus, malaio-portugueses e sino-portugueses;
• língua em constante expansão (sobretudo com os Descobrimentos portugueses), divulgada pelos artistas lusófonos;
• língua usada em negócios.

Vídeo
Reportagem Os Lusíadas em BD e traduzidos para mirandês, SIC Notícias [2 min 26 s]

2.1. a. Valorização da epopeia – tradução em mirandês, mantendo a rima, a métrica, a acentuação e a musicalidade do poema; reedição da obra em banda desenhada, com base em
ilustrações de qualidade, fiéis ao sentido do texto original. b. Valorização da língua mirandesa – reconhecimento do seu estatuto de língua oficial; reconhecimento do seu valor cultural;
convicção no seu interesse comercial.

Sugestões:
No Caderno de Atividades, apresentam-se mais exercícios sobre este conteúdo.
Encontra-se também disponível, no Caderno de Atividades (pp. 64-65), um exercício de Escrita de síntese do artigo jornalístico “Timor-Leste: Feira do Livro da CPLP”.

Pág. 302
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar […] pontos de vista […] justificando.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

1.1. Dicotomia do ouro:


• características positivas: “paz”, “Agrado a doutos”, “ virtudes”;
• características nefastas: “guerra”, “Agrado […] a rudes”, “vícios”, “Torço as leis”.
1.2. Uma análise mais profunda dos versos mostra que todas as frases têm uma vertente negativa:
• “Faço a paz” – a paz é comprada apenas pelo poder do ouro e não pela vontade dos homens;
• “Agrado a doutos” – mesmo os mais esclarecidos se deixam corromper;
• “Gero […] virtudes” – as pessoas aparentam ser virtuosas, apenas pelo poder do ouro.
1.3. Antítese.

60
Pág. 303
3.1. Perspetiva do poeta:
• o dinheiro exerce o seu poder sobre ricos e pobres;
• ninguém escapa à influência vil do dinheiro;
• nem mesmo o próprio poeta está imune (recurso ao pronome pessoal, na 1.ª pessoa do plural, “nos”).
3.2. Exemplos:
• o rei da Trácia matou Polidoro para ficar com um tesouro;
• a filha de Acrísio foi seduzida por Júpiter, que se havia transformado em “chuva d’ouro”;
• Tarpeia entregou a sua “alta torre” aos inimigos para obter dinheiro.
4.1. a. Causa da rendição de fortalezas.
c. Transformação de nobres em pessoas vis.
d. Promoção da deslealdade.
f. Deturpação da justiça e da consciência dos homens.
g. Deturpação da ciência.
i. Manipulação dos textos e das leis.
j. Transformação da igualdade em tirania.
k. Corrupção dos que estão mais perto de Deus.
4.2. a. Anáfora – intensificação do carácter nocivo que o dinheiro exerce sobre as pessoas.
b. Personificação – atribuição de uma característica humana ao dinheiro (capacidade de interpretação), com a finalidade de realçar o seu sentido negativo.
c. Antítese – realce da capacidade que o dinheiro tem de alterar as pessoas, levando-as a tornarem-se no contrário do que eram.
5. Todos os que fizeram votos de dedicação a Deus (padres, monges, frades, etc.).
5.1. “Até” (est. 99, v. 5) – intensificação do poder do ouro, ao qual nem os homens mais próximos de Deus resistem.
5.2. Ironia.

Pág. 304
Gramática
MC
G19.3. Reconhecer o campo semântico de uma palavra.
G19.5. Relacionar a construção de campos lexicais com o tema dominante do texto e com a respetiva intencionalidade comunicativa.

1.1. Exemplos:
• ter dinheiro como milho: ter muito dinheiro;
• nadar em dinheiro: ser muito rico;
• tempo é dinheiro: o tempo é precioso;
• dinheiro de sardinhas: pouco dinheiro, que se gasta facilmente…
1.2. Sugestão: corrupção, traição, ambição, vilania, avareza, desonra…

Oralidade | Educação Literária


MC
O4.2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.
O5.1. Produzir textos seguindo tópicos fornecidos.
O5.3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.
EL15.1. Reconhecer valores culturais, éticos e estéticos manifestados nos textos.
EL15.4. Fazer apresentações orais (5 a 7 minutos) sobre obras, partes de obras ou tópicos do Programa.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

1.1. Críticas ao homem branco:


• falso e hipócrita (ll. 2-3);
• corrupto e materialista (ll. 3-6);
• traidor e vil (ll. 9-11);
• ganancioso (ll. 12-13).
Relação do homem branco com o dinheiro: o dinheiro exerce um poder quase divino sobre o homem, que:
• perde a alegria, a honra, a consciência tranquila, a felicidade, a família, a saúde;
• se torna fisicamente dependente do dinheiro, ganancioso e desconfiado.
1.2. Tópicos para a planificação:
• visão camoniana – o dinheiro exerce um poder corruptivo sobre os homens, influenciando mesmo os mais virtuosos;
• visão de Tuiavii – o dinheiro manipula os homens, pois estes veem-no como um Deus, que tudo controla;
• atualidade – as perspetivas dos autores mantêm-se atuais: a corrupção e o poder que o dinheiro exerce sobre a humanidade são uma preocupação global.

Pág. 305
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar […] pontos de vista […] justificando.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

1.1. Ilha paradisíaca, flora exótica e verdejante, habitada por belas mulheres, local de “sonho” para os navegadores aportarem…

Pág. 307
3.1. a. Movimentação/deslocação da ilha através das ondas, acompanhando a armada (est. 52);
b. Imobilização da ilha no momento em que esta é avistada pelos nautas (est. 53).
4.1. Ao desembarcarem na ilha, os nautas decidem fazer uma caçada; a visão das ninfas, a correrem por entre os arvoredos, surpreende-os, já que esperavam outro tipo de “presas”.
4.2. Metáfora.

61
5.1. Destaque da estratégia de sedução das ninfas, mais interessadas em prolongarem a perseguição do que na fuga propriamente dita.
6.1. Locus amoenus – descrição de uma paisagem idílica, com denso arvoredo e vegetação verdejante, ao som do suave correr da água; ambiente propício à vivência do amor.
6.2. Paisagem propícia ao amor, provocando no Homem uma sensação de comunhão com a Natureza – é o que acontece com os nautas. Ambiente ideal para celebrar o amor.
7.1. b.

Gramática
MC
G18.3. Identificar orações coordenadas.

1. a. Oração coordenada adversativa.


b. Oração coordenada explicativa.
c. Oração coordenada conclusiva.
d. Oração coordenada disjuntiva.
e. Oração coordenada copulativa.
2.1. a. 2; b. 1; c. 2; d. 1.

Sugestão:
Encontra-se disponível, no Caderno de Atividades (pp. 57-58), uma ficha de Leitura | Gramática com base no texto “Manoel de Oliveira filma esta semana O Velho do Restelo”.

Pág. 308
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar […] pontos de vista […] justificando.
EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a a) estrofe ([…] oitava); b) métrica ([…] decassílabo); c) rima (emparelhada, cruzada […]) […].
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

Henri Rousseau (1844-1910)


• Pintor francês do Pós-Impressionismo e grande representante da arte naïf
• Conhecido por Le Douanier, pintava apenas nas horas vagas
• Principais obras: O Sonho, Cigana a Dormir, Encantadora de Serpentes

Pág. 310
3.1. A recompensa destes heróis ainda está por vir e será a memória dos seus feitos através da História: “Com fama grande e nome alto e subido.” (est. 88, v. 8).
4.1. Todos os que desejam alcançar a fama.
4.2. Apóstrofe.
4.3. b. cobiça; c. ambição desmedida; d. tirania; f. defesa das leis de Cristo; g. coragem para defender a pátria dos inimigos; h. obediência e lealdade ao rei.
4.4. Modo imperativo (“Despertai”, “ponde”, “dai”, “[vos] vesti”), com o intuito de exortar os destinatários a renunciarem ou a darem provas daquilo a que o poeta os aconselha.
5.1. Aqueles que seguirem os conselhos do poeta:
• contribuirão para o fortalecimento do reino;
• receberão a recompensa merecida;
• estarão sempre ao lado do seu monarca, enquanto conselheiros e guerreiros;
• deixarão para sempre os seus nomes na memória de outros, ou seja, serão imortalizados.
6.1. Ilha dos Amores: prémio merecido daqueles que pelo “trabalho imenso” e pelas “obras valerosas” são dignos de todas as “honras” e “triunfos” e de se tornarem “imortais”.
6.2. Funções:
• estética: recurso usado para adornar a realidade e embelezar aquilo que é narrado (est. 89, vv. 1-4);
• valorativa: aqueles que conseguem ultrapassar os seus limites tornam-se divinos (est. 91, vv. 1-4).
6.3. O povo português assume-se como herói coletivo da epopeia camoniana. O estatuto de herói é recompensado através da Ilha dos Amores – acessível apenas aos que:
• se superaram enquanto humanos, ao protagonizarem feitos gloriosos (est. 88);
• ajudaram a espalhar a fé cristã por outras terras (est. 94);
• contribuíram para a dilatação do império português (est. 94);
• ultrapassaram barreiras que outros consideravam intransponíveis;
• combateram as adversidades que vinham quer do Homem quer dos que são superiores ao Homem (est. 90).
Por terem alcançado tudo isto, os nautas portugueses foram merecedores da Ilha dos Amores – o grande símbolo da mitificação do herói.
7. a. Oitava.
b. Versos decassilábicos (E/ fa/reis/ cla/ro o/ rei/ que/ tan/to a/mais).
c. Esquema rimático: abababcc. Rima cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos.
8.1. Exemplo:
Texto 1 – Ilha dos Amores como mitificação do herói e valorização do verdadeiro amor.
Texto 2 – Ilha dos Amores como recompensa e forma de mitificação do herói, resultante da superação dos limites humanos.

Pág. 311
Gramática
MC
G18.2. […] classificar orações.
G18.4. Identificar orações subordinadas.

1.1. Oração subordinada substantiva: e. que a honra deve ser merecida.


Oração subordinada adverbial: a. que encantavam os marinheiros; f. Se os homens forem justos e leais.
Oração subordinada adjetiva: b. que os nautas receberam; c. que dominava os homens; d. que ambicionarem a fama; g. que Vénus criou; h. que forem recebidos na Ilha.
1.1.1. c., g.: orações subordinadas adjetivas relativas explicativas; b., d., h.: orações subordinadas adjetivas relativas restritivas.

62
Pág. 312
Escrita | Educação Literária
MC
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: […] exposição sobre um tema […].
E12.3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização
adequada de conectores.
EL15.1. Reconhecer valores culturais, éticos e estéticos manifestados nos textos.
EL15.5. Escrever exposições (entre 120 e 150 palavras) sobre temas respeitantes às obras estudadas, seguindo tópicos fornecidos.
EL16.2. Comparar diferentes textos, no que diz respeito a temas, ideias e valores.

1.1. Consequências de uma vida “em trânsito para lado nenhum”: a total inutilidade dos poderes assim exercidos, que de nada servem porque “tudo é fugaz”.
1.2. Possíveis tópicos a abordar:
• fama enquanto sinónimo de imortalidade, memória, prevalência através da História, conquistada graças a feitos gloriosos;
• fama enquanto sinónimo de reconhecimento fugaz;
• fama e poder como desejos do ser humano; todos desejam atingir a imortalidade ou o reconhecimento.

PDF
Guião de produção de exposição sobre um tema disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 313
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

1. Máquina do Mundo: excerto localizado na parte final da Narração, na Ilha dos Amores, após a invocação a Calíope e antes das profecias de Tétis acerca do futuro dos portugueses.

Pág. 315
Gustave Doré (1832-1883)
• Pintor, escultor e muito produtivo ilustrador francês
• Ilustrou mais de cem obras-primas da literatura universal, entre as quais A Bíblia, A Divina Comédia de Dante, D. Quixote de Cervantes e Fábulas de La Fontaine

Pág. 316
3.1. Tétis dá a Gama a possibilidade de aceder ao conhecimento interdito aos restantes mortais – processo de divinização e de mitificação do herói.

Pág. 317
4.1. Quatro elementos da região elemental: est. 80, vv. 1-4
Empíreo: ests. 81-82
Primeiro móbil: est. 85
Céu áqueo ou cristalino: est. 86
Firmamento: ests. 87-88
Saturno: est. 89, vv. 1-2
Júpiter: est. 89, v. 3
Marte: est. 89, v. 4
Sol: est. 89, v. 5
Vénus: est. 89, v. 6
Mercúrio: est. 89, v. 7
Lua: est. 89, v. 8
Terra: ests. 90-91
Nota: O modelo geocêntrico encontra-se também representado no soneto “Esta alma tão gentil que assim nos parte”, de Petrarca [p. 237].

5.1. Função meramente estética; explicitação que vai ao encontro do reforço da fé cristã preconizada na epopeia – Deus como única entidade divina e superior.
5.2. Enumeração (“eu, Saturno e Jano, / Júpiter, Juno”) – sugestão da quantidade das entidades mitológicas que embelezam Os Lusíadas, tendo uma função exclusivamente estética.
Anástrofe (ordem normal: Aqui só estão Divos verdadeiros; fingidos de engano mortal e cego) – criação de efeitos rítmicos e rimáticos adequados à epopeia, pondo em evidência o local e as
características elevadas daqueles que lhe podem aceder.

Gramática
MC
G18.2. […] classificar orações.
G18.4. Identificar orações subordinadas.

1. a. 5; b. 6; c. 5; d. 2; e. 1; f. 4; g. 3; h. 6.
1.1. a. Apesar de terem passado por grandes privações, os nautas atingiram a imortalidade.
b. Embora tenham passado por grandes privações, os nautas atingiram a imortalidade.

Pág. 318
Escrita
MC
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: síntese […].

63
1.1. Exemplo:
Seleção crítica das ideias-chave:
• heroísmo relacionado com a coragem e com as virtudes militares – característica dos portugueses vs. modelo do herói culto (sem concretização entre os portugueses);
• consequência: heroísmo como conceito abstrato em Os Lusíadas; modelo global (ao nível intelectual, moral, da ação; sem realização prática, não obstante a exaltação do povo português
no início da obra (“peito ilustre lusitano”);
• conclusão: Os Lusíadas como poema, por um lado, épico, que atesta a euforia renascentista (exaltação das proezas dos portugueses), e, por outro, antiépico, marcado pelo ceticismo e pela
amargura.
Síntese:
Maria Vitalina Leal de Matos foca a questão do heroísmo em Os Lusíadas.
Contrapondo os heróis corajosos e militares aos heróis cultos, a autora conclui que os segundos, ao contrário dos primeiros, não existem entre os portugueses. Assim sendo, na epopeia
Os Lusíadas, apresenta-se o heroísmo como conceito abstrato – o heroísmo é aqui entendido como modelo global, mas sem realização prática. De facto, a exaltação inicial dos portugueses
é paulatinamente substituída por um tom cético e amargurado, passando a caracterizar-se o povo como inculto, ingrato, egoísta, corrupto e explorador dos mais fracos.
Consequentemente, segundo a autora, Os Lusíadas podem ser lidos como poema simultaneamente épico – na medida em que atesta a euforia renascentista – e antiépico – já que é
também marcado pelo ceticismo e pela amargura.
(126 palavras)

PDF
Guião de produção de síntese escrita disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

Pág. 319
Educação Literária | Oralidade
MC
EL14.1. Ler expressivamente em voz alta textos literários, após preparação da leitura.
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar […] pontos de vista […] justificando.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.
O1.2. Explicitar a estrutura do texto.
O2.1. Tomar notas, organizando-as.
O2.2. Registar em tópicos, sequencialmente, a informação relevante.

António Ramalho (1858-1916)


• Pintor português, discípulo de Silva Porto
• Autor de quadros de temática realista, nomeadamente paisagens marítimas e retratos
• Principais obras: O Lanterneiro, Camões lendo Os Lusíadas a D. Sebastião, etc.

Vídeo
Reportagem Decorar Os Lusíadas, SIC Notícias [3 min 31 s]

1.1. a. Tema da obra – grande história de coragem e de vida.; c. Leitura integral dos Cantos I a IX pelo ator; intervenção do público na apresentação do Canto X.; d. Exercício físico (nata-
ção, ioga ou pilates, ginásio ou caminhada).; e. Integração, no texto camoniano, de referências à atualidade (ex.: Troika).

Sugestão: Será interessante explorar com os alunos a possível justificação para o ator não dizer sozinho o Canto X:
• envolvimento da população enquanto participante ativo na epopeia;
• devolução/retorno da obra aos portugueses, os verdadeiros heróis cantados na epopeia.

Pág. 321
2.1. Desencanto de Camões:
• lamento devido ao desinteresse dos portugueses relativamente ao que escreve;
• desilusão ao perceber que o seu canto se destina a gente que não o valoriza;
• deceção ao constatar que a pátria está dominada pela “cobiça” e “vil tristeza” (est. 145, vv. 7 e 8).
2.2. Repetição – “Nô mais, […], nô mais” (est. 145, v. 1) a destacar o seu cansaço relativamente à indiferença dos contemporâneos; apóstrofe – “Musa” (est. 145, v. 1), interpelação a
Calíope, em tom de desalento e confidência; adjetivação expressiva – dupla “surda e endurecida” (est. 145, v. 4) e tripla anteposta “austera, apagada e vil” (est. 145, v. 8), ao serviço da
caracterização dos portugueses que não valorizam a sua arte e da pátria no momento em que escreve.
3.1. e., d., b., c., a., f.
4.1. O poeta dirige-se com modéstia e humildade ao rei, colocando-se num plano inferior.
4.2. Autocaracterização:
• capacidade de articulação entre a teoria (“honesto estudo”) e a prática (“longa experiência”);
• articulação entre as armas (“braço às armas feito”) e as letras (“mente às Musas dada”).
4.3. Pedidos do poeta:
• que D. Sebastião o aceite;
• que D. Sebastião prossiga a grandiosa obra do povo português.

Pág. 322
Oralidade | Leitura
MC
O4.1. Respeitar o princípio de cortesia: formas de tratamento e registos de língua.
O4.2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.
L7.4. Explicitar o sentido global do texto, fundamentando.
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.

1.1. Visa-se o modo como o futebol é encarado na nossa sociedade: este desporto é elevado à categoria de espetáculo e manifestação artística.

64
Pág. 323
3. Perspetiva camoniana:
• caracterização dos portugueses como “gente surda e endurecida”;
• consciência da desvalorização do trabalho dos artistas;
• desencanto e desilusão face à decadência cultural do país.
Sociedade contemporânea:
• falta de apoios financeiros para o desenvolvimento de atividades culturais;
• fraca participação dos portugueses em atividades culturais;
• desinteresse generalizado em relação à maioria das artes.
Atualidade das reflexões de Camões:
• valorização insuficiente dos artistas pela população em geral e pelos governantes em particular.

Pág. 324
PPT
Luís de Camões, Os Lusíadas – Síntese da unidade

Pág. 327
Nota: Este teste segue, dentro do possível, a estrutura da última edição (2014) do exame nacional de Português, considerando o objeto de avaliação (10.º ano, Luís de Camões, Os Lusía-
das). Assim, é constituído por três grupos:
• Grupo I (100 pontos) – em que se avaliam conhecimentos e capacidades de Educação Literária e de Escrita através de itens de construção (avaliando-se apenas conteúdos de 10.º ano
relativos à unidade em causa);
• Grupo II (50 pontos) – em que se avaliam capacidades de Leitura e de Gramática, através de itens de seleção e de construção;
• Grupo III (50 pontos) – em que se avaliam conhecimentos e capacidades de Escrita (integrando conhecimentos de Educação Literária), por meio de uma resposta extensa.
Visa-se, assim, que o aluno treine a resolução de testes com uma estrutura semelhante à dos exames.

PPT
Luís de Camões, Os Lusíadas – Correção do teste formativo

GRUPO I
1. O excerto integra-se na narração de Os Lusíadas, no plano das reflexões do poeta. Trata-se de uma passagem da invocação que o poeta faz às musas, no final do Canto VII, pedindo-
-lhes, uma vez mais, que lhe concedam a inspiração para prosseguir com a sua obra (est. 83, vv. 1-3).
2. O poeta refere, ironicamente, que a indiferença dos portugueses relativamente a quem os canta é um mau exemplo para os escritores vindouros.
3. O poeta revela desânimo e desalento face à indiferença demonstrada pelos portugueses relativamente a quem os canta.
4. O poeta recusa-se a cantar aqueles que pretendem colocar os interesses pessoais (contrários às leis divinas e humanas) à frente do bem comum do rei e os ambiciosos que pretendem
subir a cargos elevados para satisfazer os seus vícios.
5. As apóstrofes (“Ninfas”, est. 82 e 84) estão ao serviço da invocação que o poeta faz às musas e destacam o seu estatuto de interlocutor e confidente do poeta.
6. A estância 84 é uma oitava composta em versos decassilábicos (Nem / crei/ais/ Nin/fas,/ não,/ que/ fa/ma/ de[sse]).

Pág. 328
GRUPO II
1.1. b.

Pág. 329
1.2. d.
1.3. b.
1.4. d.
1.5. c.
1.6. c.
1.7. a.
2.1. Complemento do nome.
2.2. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
2.3. Coordenação assindética.

GRUPO III
Os Lusíadas são uma obra que se caracteriza, simultaneamente, pelo espírito épico e pelo espírito antiépico.
O espírito épico está presente no imaginário d’Os Lusíadas. Seguindo as regras da epopeia, esta obra renascentista foca a exaltação dos feitos grandiosos de um povo (nomeadamente
as conquistas guerreiras e náuticas dos portugueses), feitos esses que se caracterizam como memoráveis e extraordinários. A viagem de Vasco da Gama à Índia, ação principal da obra, é
exemplo disso mesmo.
Por outro lado, Os Lusíadas não deixam de evidenciar um certo espírito antiépico, que passa não só pelas palavras do Velho do Restelo, como também pelas reflexões que o poeta
faz a propósito dos acontecimentos narrados, geralmente em final de canto. Assim, ora reflete sobre a fragilidade da vida humana, encarando-se o ser humano como “bicho da terra tão
pequeno” (Canto I), ora tece considerações sobre o desprezo que os portugueses, não obstante a sua ousadia e as suas qualidades guerreiras, votam às artes e às letras (Canto V), ora, num
momento de invocação às Ninfas, se queixa dos infortúnios que tem vivido e apresenta critérios de seleção dos que merecem ser cantados (Canto VII). No final do Canto VIII, o poeta tece
algumas considerações sobre o poder do dinheiro e sobre a sua influência negativa na sociedade; mais adiante, no Canto IX, dá alguns conselhos àqueles que querem ver o seu nome
imortalizado; por fim, no final da obra, reflete sobre a decadência da pátria.
Este carácter ambivalente de Os Lusíadas – pautado pela oscilação entre o tom épico e o tom antiépico – não só atribui um carácter de inovação à obra, distanciando-a das epo-
peias clássicas em que se inspira, como também lhe confere um tom de universalidade e de intemporalidade.
(287 palavras)

65
Unidade 7 · História Trágico-Marítima
Pág. 332
Leitura
MC
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
L8.2. Elaborar tópicos que sistematizem as ideias-chave do texto, organizando-os sequencialmente.

Pág. 333
Graça Morais (1948)
• Pintora, cenógrafa e ilustradora portuguesa
• Agraciada com o grau Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1997)
• Temáticas principais: retratos de mulheres, representações de brinquedos, temas ligados à lavoura e à vida campestre

Uma História Trágico-Marítima (2005)


• Uma das pinturas centrais da exposição “Os Olhos Azuis do Mar”, que abriu oficialmente o Centro de Artes de Sines, em novembro de 2005
Poderá ser consultada informação sobre esta pintora no sítio do Centro de Arte Contemporânea – Graça Morais: http://centroartegracamorais.cm-braganca.pt/PageGen.aspx

1.1. a. Crise socioeconómica, com reflexos ao nível da gestão das rotas marítimas.
b. Mau estado de manutenção das naus; pressa com que se armavam as naus; imperícia dos pilotos; sobrecarga das naus; indiferença pelas normas que regulavam os períodos e as
rotas favoráveis; incapacidade de defesa relativamente aos ataques dos corsários.
c. Causas dos naufrágios; situações psicológicas dos tripulantes.
d. Emotiva (dramatismo dos acontecimentos narrados); sociológica (necessidade de saber notícias de familiares ou amigos); didática (ensinamentos transmitidos aos futuros marinheiros).

Pág. 334
Leitura | Educação Literária
L7.2 Fazer inferências […].
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
EL16.1. Reconhecer a contextualização histórico-literária nos casos previstos no Programa.

Livro de Lisuarte de Abreu [Livro das Armadas], 1563


• Códice com a relação ilustrada das armadas da Índia, desde Vasco da Gama (1497) até D. Jorge de Sousa (1563)
• Conteúdo: diários de viagem, lista de governadores e vice-reis da Índia, representação das armadas

2. Contexto de produção dos relatos:


• publicados entre 1552 e 1602, após os naufrágios;
• escritos por sobreviventes ou por indivíduos com alguma cultura que ouviram o relato dos acontecimentos feito por sobreviventes.
Contexto de circulação dos relatos:
• inicialmente: publicados em folhetos avulsos e divulgados após os naufrágios;
• século XVIII: compilados por Bernardo Gomes de Brito, em dois volumes, publicados em 1735 e 1736;
• atualmente: originais dispersos por várias bibliotecas nacionais e estrangeiras.
2.1. Valor documental: caracterização do contexto sociocultural da época. Valor literário: representação do perfil dos navegadores portugueses do século XVI de forma original, com
base na articulação entre os níveis da diegese (história) e do discurso (expressão/relato da história).

Pág. 335
3.1. Relatos de naufrágios como textos caracterizados:
• pela adoção de um modelo já existente, que leva a que tenham características comuns, ao nível do tema, da estrutura e do estilo;
• pela apresentação de características específicas, distintas das do modelo por que se regem (daí, por exemplo, a existência de uma variante).
3.2. Variante alternativa (na medida em que inclui um ataque de um corsário – ver p. 343).

Pág. 337
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais […] e universos de referência, justificando.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos mencionados no Programa.

PPT
História Trágico-Marítima – Texto analisado

Pág. 338
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais, pontos de vista e universos de referência, justificando.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL16.2. Comparar diferentes textos no que diz respeito a temas, ideias e valores.

William Turner (1775-1851)


• Pintor romântico inglês

66
• Focado em estudos sobre cor e luz
• Temas predominantes: paisagens românticas

1. Semelhanças entre o poema e o espírito dos Descobrimentos:


• universo de referência: navegação, viagem;
• atitudes humanas: gosto pela viagem; ousadia; ânsia de descoberta do desconhecido; aceitação e fruição do carácter incerto da vida.

Pág. 340
3.1. a. Reinado de D. João III; regência de D. Catarina (menoridade de D. Sebastião); divisão do Brasil em capitanias.
b. Colonização em África, na Ásia e no Brasil (expedições militares de carácter repressivo); revolta das tribos indígenas nas capitanias do Brasil.
c. Missionação pela Companhia de Jesus no Brasil.
3.2. Chefe militar de uma capitania, que cumpre os seus deveres de forma moralmente correta e militarmente bem-sucedida:
• espírito de abnegação (coloca os interesses da Coroa à frente dos interesses pessoais; não demonstra ambição de riqueza);
• espírito guerreiro, mesmo com poucas condições materiais;
• esforço e perseverança na conquista e na pacificação do território;
• zelo pelo bem-estar material e mental dos que de si dependem (soldados, escravos).
3.3. Dar a conhecer o carácter nobre e ilustre de Jorge de Albuquerque e da sua ascendência, no seio do contexto histórico em que se enquadra – construção da figura do protagonista
individual, cuja personalidade será determinante no decorrer dos acontecimentos.
4.1. Pontos de vista diversos:
• Jorge de Albuquerque – desvaloriza o incidente, mantendo a intenção de viajar na nau “Santo António”;
• alguns amigos de Jorge de Albuquerque – valorizam o incidente (tentam dissuadir o amigo de viajar na nau em causa), encarando-o como um sinal premonitório de desgraça.
5.1. a., c.
5.1.1. a. ll. 48-53, 57-59.
c. ll. 54-56.

Pág. 341
Gramática
MC
G18.2. Dividir e classificar orações.
G18.4. Identificar orações subordinadas.
G18.5. Identificar oração subordinante.

1.1. a. Alcançada a mercê real – oração subordinada adverbial temporal (não finita participial); Duarte Coelho transferiu-se para o Brasil – oração subordinante.
b. Duarte Coelho dirigiu-se à metrópole – oração subordinante; a fim de angariar novos colonos – oração subordinada adverbial final (não finita infinitiva);
c. Tornada a nau ao porto da vila – oração subordinada adverbial temporal (não finita participial); foi examinada por oficiais – oração subordinante.
d. Ainda que a nau estivesse em mau estado – oração subordinada adverbial concessiva (finita); Duarte Coelho decidiu partir – oração subordinante.
e. O vento tornara-se tão contrário – oração subordinante; que a nau mareava mal – oração subordinada adverbial consecutiva (finita).
f. Caso os ventos fossem favoráveis – oração subordinada adverbial condicional (finita); a nau marearia melhor – oração subordinante.

Leitura | Oralidade
MC
L9.1. Exprimir pontos de vista suscitados por leituras diversas, fundamentando.
O5.2. Produzir textos seguindo tópicos elaborados autonomamente.
O5.3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.

Sugestão:
Encontra-se disponível, no Caderno de Atividades (pp. 72-73), um exercício de Escrita de exposição sobre o tema da insatisfação humana.

Pág. 343
Educação Literária
MC
EL14.2. Ler textos literários de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar temas, ideias principais, pontos de vista e universos de referência, justificando.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.

1. Captura por corsários – determinação do fracasso da viagem (saque das mercadorias de valor vindas do ultramar).

Pág. 345
William Turner
Ver informação na p. 338.

3.1. Disparidade de forças ao nível da nau e do número de combatentes:


• portugueses: nau despreparada para a guerra (pouca artilharia e munições); poucos combatentes dispostos a lutar;
• corsários franceses: nau bem artilhada; número elevado de combatentes.
3.1.1. Evidenciar o valor guerreiro dos portugueses, mesmo com condições adversas.
3.2. Perfil psicológico de Jorge de Albuquerque: coragem, firmeza, patriotismo, capacidade de liderança, determinação; perfil em consonância com o espírito inicialmente apresentado.
4.1. Atitude de cortesia, que denuncia o reconhecimento do valor guerreiro e temerário do seu antagonista.
5.1. Não – cf. atitude cavalheiresca do capitão dos corsários; descrição valorativa da nau dos inimigos.

Gramática
MC
18.1. Identificar funções sintáticas indicadas no Programa.
18.2. Identificar orações subordinadas.

67
1. indignados – modificador apositivo do nome.
o piloto e o mestre – complemento direto.
a que – complemento oblíquo.
da nau – complemento oblíquo.
esta – sujeito.
que combatiam – modificador restritivo do nome.

Pág. 346
2. a. O piloto, o mestre e alguns marinheiros pediram-lhes que consentissem enfim na rendição. b. O piloto, o mestre e alguns marinheiros pediram-no ao fidalgo e aos que o ajudavam. c. O
piloto, o mestre e alguns marinheiros pediram-lho.
2.1. a. Complemento indireto. b. Complemento direto. c. Complemento direto e complemento indireto.
3. a. Navegando eles em demanda das ilhas. b. vendo-os assim determinados. c. para o carregarem a ele com toda a culpa. d. Ouvindo isto. e. temendo-se de Jorge Coelho.
3.1. a. Quando eles navegavam em demanda das ilhas, alcançou-os uma nau. b. Os outros, porque/quando os viam assim determinados, deram com as velas em baixo. c. Responderam-lhes que
só Jorge de Albuquerque fizera tudo, para que o carregassem a ele com toda a culpa. d. Quando ouviu isto, dirigiu-se o capitão dos Franceses a Jorge de Albuquerque Coelho. e. O capitão francês,
uma vez que se temia de Jorge Coelho, fechava-o de noite num camarote.
3.2. a. Tempo. b. Causa / Tempo. c. Finalidade. d. Tempo. e. Causa.

Leitura | Oralidade
MC
L8.1. Selecionar criteriosamente informação relevante.
L9.1. Exprimir pontos de vista suscitados por leituras diversas, fundamentando.
O3.1. Pesquisar e selecionar informação.
O3.2. Planificar o texto oral, elaborando tópicos de suporte à intervenção.

1.1. Dados pesquisados:


Causas possíveis da cópia ilegal:
• acesso gratuito a informação atualizada e variada;
• facilidade em executar a cópia;
• elevado preço de jogos, filmes, álbuns de música, livros, jogos de vídeo.
Consequências possíveis da cópia ilegal:
• nível pessoal: punição legal (devido à violação dos direitos de autor); danos no computador;
• nível económico: crise nas indústrias da cultura (setor musical, cinematográfico, editorial), por falta de receitas;
• nível social: perda de valores/desvalorização da honestidade e da integridade.
Causas possíveis do plágio em trabalhos escolares:
• desconhecimento dos princípios do trabalho intelectual (identificação das fontes utilizadas; cumprimento das normas de citação; elaboração de bibliografia);
• princípio do facilitismo, que gera a ausência de esforço pessoal.
Medidas possíveis:
• rever a legislação e propor alterações ao sistema de direitos de autor, penalizando os infratores (ex.: coima, corte do acesso à internet);
• sensibilizar os infratores de que a cópia ilegal é um crime punível por lei e moralmente reprovável (trata-se de roubo);
• promover a divulgação dos princípios do trabalho intelectual.

Sugestão:
Encontra-se disponível, no Caderno de Atividades (pp. 59-60), uma ficha de Leitura | Gramática com base no texto “Fernão Mendes Pinto, o irredutível português”.

Pág. 347
Educação Literária | Oralidade
MC
EL14.1. Ler expressivamente em voz alta textos literários, após preparação da leitura.
EL14.2. Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI.
EL14.3. Identificar […] ideias principais, pontos de vista e universos de referência, justificando.
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando.
EL14.5. Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.
EL15.4. Fazer apresentações orais (5 a 7 minutos) sobre […] partes de obras […] do Programa.
O5.1. Produzir textos seguindo tópicos fornecidos.
O5.3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1952)


•Artista plástica portuguesa, naturalizada francesa, muito conhecida internacionalmente
• Obra: pintura, cenografia, tapeçaria, vitral, ilustração
• Características estéticas: articulação entre cores e formas; tendência para as composições abstratas

Poderá ser consultada informação sobre esta pintora no sítio da Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva: http://fasvs.pt

1. Semelhanças ao nível do universo de referência:


• representação de um naufrágio iminente, em alto-mar, originado por uma tempestade;
• representação das consequências do naufrágio: morte de seres humanos (homens, mulheres, crianças);
• expressão do sofrimento/desespero humano motivado pela consciência da proximidade da morte.

Pág. 350
3. a. Momento final da obra, correspondente ao regresso (chegada a salvo dos sobreviventes e seu repatriamento).
b. Navegação sem condições e sem esperança de sobrevivência (clímax do desespero, provocado pela destruição do leme e pela fome extrema); aproximação de terra e pedido de auxílio
a várias embarcações; chegada dos sobreviventes a terra, romaria de Jorge de Albuquerque e diálogo final deste com o primo.

68
c. Atitudes das personagens face aos acontecimentos:
• Jorge de Albuquerque: solidariedade, fraternidade, capacidade de motivação e de liderança (apesar do desânimo sentido em certos momentos), sentido de justiça (recompensa aos
que o ajudam), vivência da fé cristã;
• restante tripulação da nau “Santo António”: desespero (capaz de levar ao canibalismo ou ao suicídio), sem capacidade de discernimento (vontade de lutar com os companheiros);
• tripulação das primeiras embarcações a quem é pedido auxílio: indiferença face ao pedido de auxílio, falta de compaixão humana;
• tripulação da última embarcação a quem é pedido auxílio: solidariedade e prestabilidade.
d. Jorge de Albuquerque:
• enumeração: “tinha ainda o cuidado de prover a tudo, e o de comandar, consolar, animar os homens, comunicar o seu fogo” (ll. 3-4);
• adjetivação: “Tão são lhes parecia e tão bem-disposto, tão prazenteiro, tão forte continuador dos seus trabalhos” (ll. 8-9);
• realce da capacidade de motivação e de liderança.
e. Confere vivacidade e verosimilhança ao relato; contribui para a caracterização dos aspetos negativos dos Descobrimentos (sofrimento e privações passados pelos marinheiros nas
viagens ultramarinas).
f. Excerto como reflexo de duas vertentes dos Descobrimentos:
• privações e perigos passados em alto-mar (dimensão antiépica); chegada à pátria e repatriamento – consecução do objetivo (dimensão épica).
• Os Lusíadas – perigos da viagem de Vasco da Gama à Índia (ex.: Adamastor, escorbuto, tempestade, etc.); reflexão sobre a fragilidade da vida humana (final do Canto I); chegada dos
portugueses à Índia; recompensa pelo seu sucesso e regresso à pátria (dimensão épica).

Oralidade | Escrita
MC
O1.4. Fazer inferências.
E11.1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: […] apreciação crítica.
E12.3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização
adequada de conectores.

1.1.1. Exemplo:
Temas relacionados com o Oriente (“terra ardente”), a viagem, o mar e com questões do quotidiano, marcadas pela subjetividade (“crónicas”).
1.1.2. Exemplo:
Imagem em que sobressai o fundo azul – sugestão do mar e da viagem; efeito de contraste relativamente ao título (cor fria), remetendo, possivelmente, para a introspeção melancólica (e
não para a expressão de sentimentos efusivos).
De destacar também o amontoado de elementos na parte inferior da imagem, que parecem ser pedaços de madeira carbonizada, relacionando-se com o título do álbum e sugerindo a
ideia de decadência.

Áudio
Excertos de canções do disco Crónicas da Terra Ardente, de Fausto.

Pág. 351
2.1. “A tua presença” – alheamento/ausência, em articulação com a saudade (da pátria).
“Na ponta do cabo” – viagem / perigos da viagem (referência à iminência de um naufrágio provocado pelas rochas de um cabo).
Sugestão: Poderá ser referido o contraste temático das duas composições, relacionando-as com o sofrimento associado aos Descobrimentos (mais passivo e interior em “A tua presença”,
mais ativo e físico em “Na ponta do cabo”).
2.2. Descrição sucinta do álbum/comentário crítico:
• duplo CD (20 canções), constituído por letras e músicas de Fausto Bordalo Dias baseadas/inspiradas nos relatos da História Trágico-Marítima;
• temática da diáspora portuguesa (idêntica às dos álbuns Por Este Rio Acima e Em Busca das Montanhas Azuis);
• elevada densidade narrativa e musical;
• tom dramático;
• ritmo e instrumentos da música tradicional portuguesa;
• expressão de sentimentos humanos universais (medo, incerteza, desencanto, alienação depois de uma experiência dolorosa).
Ver exemplo de apreciação crítica do álbum, p. 354.

Pág. 352
PPT
História Trágico-Marítima – Síntese da unidade

Pág. 353
Nota: Este teste segue, dentro do possível, a estrutura da última edição (2014) do exame nacional de Português, considerando o objeto de avaliação (10.º ano, História Trágico-Marítima,
Capítulo V). Assim, é constituído por três grupos :
• Grupo I (100 pontos) – em que se avaliam conhecimentos e capacidades de Educação Literária e de Escrita através de itens de construção (avaliando-se apenas conteúdos de 10.º ano
relativos à unidade em causa);
• Grupo II (50 pontos) – em que se avaliam capacidades de Leitura e de Gramática, através de itens de seleção e de construção;
• Grupo III (50 pontos) – em que se avaliam conhecimentos e capacidades de Escrita (integrando conhecimentos e capacidades de Educação Literária), por meio de uma resposta extensa.
Visa-se, assim, que o aluno treine a resolução de testes com uma estrutura semelhante à dos exames.

PPT
História Trágico-Marítima – Correção do teste formativo

GRUPO I
1. Devido à tempestade, foram arrebatados o mastro grande e o mastro da mezena e os respetivos aparelhos. Para além disso, a tempestade provocou ainda a morte de um dos corsários
franceses e ferimentos em diversos tripulantes portugueses, levando ainda a que os sobreviventes pensassem que iriam morrer afogados.
2. Na segunda frase do texto, a enumeração confere visualismo ao acontecimento narrado, realçando, por meio da concretização/exemplificação, os danos materiais provocados pela
tempestade.
3. Jorge de Albuquerque revela-se um capitão determinado, com capacidade de liderança (“Mandou o Albuquerque alguém à coberta”, l. 8). Para além disso, apesar da situação de perigo em
que se encontra, mostra-se preocupado com os membros da sua tripulação, transmitindo-lhes ânimo e motivação (“Jorge de Albuquerque, apesar de tudo, consolava os tristes, afirmando-lhes
a esperança de se saírem daquilo.”, ll. 11-12).

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4. Durante a tempestade, os marinheiros revelam-se “desgraçados” e conscientes da iminência da morte – ainda assim, continuam a dar à bomba ininterruptamente. Terminada a procela,
reagem de forma positiva e determinada, tentando minimizar os danos provocados pela tempestade.
5. O texto pode ser dividido em duas partes lógicas. Na primeira parte (dois primeiros parágrafos), descreve-se a tempestade bem como os danos por ela provocados. Na segunda parte
(terceiro e quarto parágrafos), destaca-se o final da tempestade e a reação dos marinheiros no sentido de prosseguirem viagem.

Pág. 355
GRUPO II
1.1. c.; 1.2. c.; 1.3. a.; 1.4. c.; 1.5. c.; 1.6. b.; 1.7. b.
2.1. a. Editado o álbum Crónicas da Terra Ardente – oração subordinada adverbial temporal (não finita participial); comprei-o de imediato – oração subordinante.
b. Comprei o último álbum de Fausto – oração subordinante; para o ouvir atentamente – oração subordinada adverbial final (não finita infinitiva).
c. A não ser que não tenha tempo – oração subordinada condicional (finita); lerei as letras do álbum ainda hoje – oração subordinante.

GRUPO III
Apesar de terem sido produzidos em épocas aproximadas, Os Lusíadas e a História Trágico-Marítima abordam de diferentes formas a temática dos Descobrimentos.
Em Os Lusíadas, os Descobrimentos são perspetivados de forma dicotómica – privilegiando-se quer a sua dimensão épica quer a sua vertente antiépica. Assim, como epopeia que são,
Os Lusíadas exaltam o povo português, divulgando os seus feitos grandiosos e apresentando uma visão heroica do mundo – nesse sentido, a viagem de Vasco da Gama é encarada como
um acontecimento de inestimável importância, representativo do valor dos portugueses. No entanto, nesta obra perpassa também um espírito de desencanto e descrença relativamente
às ações humanas. A prová-lo está o discurso do Velho do Restelo, no momento da partida das naus, ou as reflexões que o poeta faz, pejadas de desencanto e deceção, a propósito dos
acontecimentos narrados.
Na História Trágico-Marítima apresenta-se, sobretudo, o reverso dos Descobrimentos. Embora nesta compilação também sejam apresentados relatos de viagens bem-sucedidas, nela
predominam relatos de tempestades, de naufrágios e de ataques de corsários. No caso do capítulo V (“As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho”) evidenciam-se, sobretudo, os
perigos e o sofrimento associados às viagens ultramarinas.
Em síntese, ainda que ambas as obras abordem os Descobrimentos a partir de um ponto de vista dicotómico – ambas representando o anverso e o reverso da situação, as aventuras e as
desventuras –, em Os Lusíadas destaca-se a vertente épica da diáspora, ao passo que na História Trágico-Marítima prepondera a vertente antiépica do fenómeno.
(243 palavras)

Síntese Informativa
Pág. 368
Nota: Embora não esteja previsto nas Metas Curriculares de Português o estudo de verbos transitivos-predicativos, considera-se fundamental a explicação das suas características, uma
vez que estes selecionam o predicativo do complemento direto, função sintática de estudo obrigatório no 10.º ano.

Pág. 373
Nota: De acordo com as Metas Curriculares de Português do Ensino Básico, os alunos devem saber identificar o sujeito subentendido e o sujeito indeterminado.
Considera-se importante explicitar a noção de sujeito expletivo que ocorre em frases com verbos impessoais.

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