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SOUSA-PB
2007
RESUMO
Se o homem é, como dizem os cultos, um ser em construção, tanto do ponto de vista cultural
quanto do ponto de vista histórico e genealógico, o que dizer então de um adolescente?
Alguém que vive em meio a dúvidas, escolhas e sabores. Nesse estudo, remeteremos nossos
olhares aos adolescentes que não se acham adolescentes, porque pularam essa etapa da vida
para poder encarar as responsabilidades que a gravidez os trouxe, nos deteremos em outros
que não sabem o que fazer quando o assunto é gravidez. Na verdade, em quase que todos as
análises perceberemos que numa situação grave como é a de uma adolescente a espera de um
bebê, todos os envolvidos sofrem devido aos transtornos do inesperado: as adolescentes
grávidas sofrem por que modificam suas formas anatômicas e se vêem impedidas de exercer
determinadas atividades escolares, esportivas, ou outras tantas apropriadas ao seu
desenvolvimento social e econômico, para poder se dedicar à tarefa sublime, porém, difícil de
ser mãe, sofrem os familiares porque oneram suas despesas ou necessitam abrir mão de um
espaço geográfico e emocional para a acolhida do novo membro, sofre a sociedade, pois nem
todos dispõem de uma família que lhe acolha ou que lhe possa agregar valores morais e
éticos. Entre as grávidas atendidas na Clínica Pe. Costa e no Hospital Menino Jesus no ano de
2006, 65 eram adolescentes. Partindo do princípio de que estas meninas freqüentaram ou
freqüentam a escola podemos afirmar com convicção que ou não estão sendo devidamente
orientadas, ou estão evadidas do convívio escolar e familiar. Cabe a sociedade responder por
tal comportamento numa análise dos motivos que levam um indivíduo a não pensar na
responsabilidade que é ter e cuidar de outro, mais ainda, quando este indivíduo é quase uma
criança indefesa a espera de outra, muitas vezes ela própria gerada nas mesmas circunstâncias,
num círculo vicioso que parece não ter fim, posto que, apesar deste estudo ser realizado no
município pequeno como o de Uiraúna - PB há um eco de resposta em muitos outros lugares
do Brasil.
If the man is, as they say the cults, a to be in construction, so much of the cultural point of
view how much of the historical and genealogical point of view, what saying then of an
adolescent? Somebody that lives amid doubts, choices and flavors. In that study, we will send
our glances to the adolescents that are not adolescents, because they jumped that stage of the
life to face the responsibilities that the pregnancy brought them, we will stop in others that
don't know what to do when the subject is pregnancy. Actually, in almost that all the analyses
will notice that in a serious situation as it is the one of an adolescent a baby's wait, all
involved they suffer them due to the upset of the unexpected: why the pregnant adolescents
suffer they modify your anatomical forms and one see impeded of exercising certain activities
school, sporting, or other so many appropriate to your social and economical development, to
dedicate to the sublime task, however, difficult to be mother, they suffer the relatives because
they burden your expenses or they need to give up a geographical and emotional space for the
welcome of the new member, it suffers the society, because nor all have a family that
welcomes him/her or that can join him/her moral and ethical values. Among the pregnant
assisted at Clinic Foot's clinic. Costa and in the Hospital Menino Jesus in the year of 2006, 65
were adolescent. Leaving of the beginning that these girls frequented or they frequent the
school we can affirm with conviction that or they are not being guided properly, or they are
avoided of the school and family conviviality. The society fits to answer stiller for such a
behavior in an analysis of the reasons that you/they take an individual to not to think in the
responsibility that is to have and to take care of other, when this individual is almost a
defenseless child the wait of other, a lot of times her own generated in the same
circumstances, in a vicious circle that seems not to have end, position that, in spite of this
study to be accomplished in the small municipal district as the one of Uiraúna - PB there is an
answer echo in many other places of Brazil.
Desse modo, podemos afirmar que as facilidades de acesso à informação sexual não tem
garantido maior proteção contra doenças sexualmente transmissíveis e nem contra a gravidez
nas adolescentes (ALTMANN, 2001). Lembra-nos fortemente a mesma dificuldade que as
pessoas preconceituosas têm a respeito da cor, da condição social de outrem ou ainda do
sotaque regional de alunos que se encolhem de vergonha no fundo da sala de aula e não abrem
a boca para pronunciar corretamente as palavras por puro medo de ser ridicularizado. A
adolescência é mesmo uma fase difícil (CORRÊA, 1988). Todos tentam ser sempre melhores,
maiores, mais espertos, mais bonitos, mais fortes ou mais poderosos que alguém. Não se
apreciam do modo que são. Rejeitam por vezes apropria imagem que a eles parecer ser
distorcida como num espelho de grau. Essa insegurança de parecer inferior ao outro, seja em
que categoria for, os leva a não pensar nas conseqüências de seus atos e os tornam
imediatistas, querendo o que não podem, fazendo o que não devem.
De forma prática, são muitas as causas que levam a adolescente a engravidar entre as
mais comuns podemos citar a utilização inadequada de métodos anticoncepcionais devido a
fatores de ordem econômica – algumas meninas não se dão bem com determinados tipos de
pílulas distribuídas nos postos de saúde - outras preferem fazer uso de uma tabelinha que nem
sempre é seguida do modo como deveria ser e tem baixo índice de segurança, outras ainda
preferem nem pensar no assunto pois o ambiente familiar em que vive não permitie esse tipo
de privacidade, enfim, falar sobre sexo nas família ainda é um tabu (BRASIL, 2002).
Uma vez constatada a gravidez, se a família da adolescente for capaz de acolher o novo
fato com harmonia, respeito e colaboração, esta gravidez tem maior probabilidade de ser
levada a frente normalmente e sem grandes transtornos. Porém, havendo rejeição, conflitos
traumáticos de relacionamento, punições atrozes e incompreensão, a adolescente poderá
sentir-se profundamente só nesta experiência difícil e desconhecida, e incorrerá no risco de
procurar abortar, sair de casa, ou ainda, submeter-se a toda sorte de atitudes que, acredita,
resolverão seu problema (ALTMANN, 2001). O bem-estar afetivo da adolescente grávida é
muito importante para si própria, para o desenvolvimento da gravidez e para a vida do bebê.
A adolescente grávida, principalmente a solteira que não se planejou para esse evento, precisa
encarar sua gravidez a partir do valor da vida que nela habita, precisa sentir segurança e apoio
necessários para seu conforto afetivo
Como a família é o grupo social no qual cada elemento pode se expressar com
intimidade e espontaneidade, todo o período gestacional e pós-gestacional implica numa
necessidade de afeição, a falta de afeto ou a não expressão de bons sentimentos geram a
indiferença e a violênicia entre os membros, e, a chegada de um novo membro na família
pode ser visto tanto como uma nova fonte de amor como, quanto como um obstáculo ao
exercício de atividades desta família (CORRÊA, et all, 2001). A adolescente grávida sem
apoio familiar tende a esconder a gravidez, iniciando tardiamente o pré-natal (BRASIL,
2006). A comunicação inadequada promove péssimos resultados entre seus integrantes,
especialmente aos filhos pequenos ou adolescentes. Numa família é de fundamental
importância o bem-estar emocional, todos devem nutrir-se ou comungar-se de situações
afetivas prazerosas: ternura, confiança, respeito, cumplicidade, solidariedade e muito respeito.
Há quem diga que o respeito é a base para todo e qualquer relacionamento, seja ele de
amizade, de trabalho ou de caráter familiar . Dessa maneira, o contexto familiar pode
influenciar grandemente no comportamento dos adolescentes, tomemos por exemplo o
universo de nossas entrevistadas onde observa-se claramente o descontentamento em relação
ao lar ou aos membros que o gestam, padrastos, madrastas, pais, mães, tios e avós, exatamente
nessa ordem. O que para nós significa dizer que ao engravidarem, essas meninas estão
procurando escapar ou fugir de um ambiente inóspito, agressivo, desamoroso, infeliz. Onde
não o reconhecem como seu, sem se darem conta dos muitos outros problemas que terão de
enfrentar para poder cuidar de uma criança (BRASIL, 2006).
Importante se faz, portanto, discutir como as identidades culturais são produzidas nas
práticas sociais através de um processo de produção da diferença e, mais particularmente,
como podem ser apresentadas/representadas (as identidades e as diferenças) nos materiais
pedagógicos (BRASIL, 2002). Sabemos que todo processo e toda dinâmica de formação de
identidades refere-se à existência de um outro - que não sou eu; que é diferente de mim - o
que torna a identidade e a qualidade do outro, componentes necessariamente inseparáveis.
Assim, a identidade só fará sentido numa cadeia discursiva de diferenças e a diferença cultural
– que a que nos individualiza perante os outros - dependerá de inúmeros processos de
exclusão, de vigilância de fronteiras, de estratégias de divisão que, em última análise, definem
hierarquias, escalas valorativas, sistemas de categorização.
Dentro dos costumes tradicionais conhecidos estão os dos ritos de passagem que se dá
por volta dos nove anos de idade entre os nativos não totalmente inseridos nos costumes
ocidentais. Meninos e as meninas são preparados para ensinamentos repassados pelos mais
velhos, são conselhos, dietas, superstições, que lhes servirão para toda a existência para
andar na mata sem fazer barulho, escolher os melhores lugares para nadar, pescar, etc.
(ALMEIDA, 2005). Nessas sociedades, quando a puberdade se principia tantos os meninos
quanto às meninas são preparados para as mudanças que estão ocorrendo com o seu corpo,
assim os ritos de passagem se estabelecem: furam a orelha, recebem responsabilidades
dentro do grupo, raspam o corpo, recolhem-se por semanas para os ensinamentos mais
íntimos – como ser boa mãe e boa esposa, como se cuidar durante o período da
menstruação, entre outros assuntos (ALMEIDA, 2005).
Esse discurso pode parecer repetitivo, inglório ou piegas aos olhos dos que se
acostumaram em ver e fazer de conta que o problema de nossas meninas e meninos com
infância perdida seja o motivo da violência em nossa sociedade e das notas vergonhosas dos
exames de avaliação nacionais realizados no último semestre, onde se constatou a inaptidão
de quase todos os alunos da rede pública do Ensino Fundamental para a resolução de questões
básicas de Português e Matemática (FNDE/BRASIL, 2007). O que comemorar diante de um
quadro desses? Os nossos ritos de passagem foram esquecidos em alguma gaveta do
fenômeno midiático da globalização, nossos valores familiares, éticos e humanísticos
ausentaram-se pela própria falta de herança e de sistematização à multiplicidade sexual e de
gênero em nossa cultura. Nesse contexto, a escola possui importância fundamental na
educação das crianças e dos adolescentes, pois normalmente, serve como uma continuação ou
complementação da educação recebida no âmbito familiar, possibilitando conhecimentos não
só acadêmicos, como também orientações quanto ao próprio desenvolvimento da cidadania no
jovem (BRASIL, 2002). É fundamental que tanto a família quanto a escola assumam a
responsabilidade de formar e informar às jovens para que consolidem uma visão positiva da
própria sexualidade e tornem-se capazes para tomadas de decisões maduras e responsáveis.
Quando considerada dentro do contexto cultural, a família deve ser vista como uma
entidade na qual, seus membros possuem alguns interesses comuns especialmente o de
proteção ao outro em ações que vão desde a não aceitação do trabalho ou da exploração
infantil, a luta pela escolaridade e ascensão social. Geralmente nos referimos nas políticas
sociais à saúde posto que deva ser esse o principal tesouro de um ser humano, mas DELORS
(2005), em suas perspectivas para o século XXI propõe que a saúde deve ser uma
conseqüência da qualidade de vida dos indivíduos que por sua vez só é atingida, graças ao
bom desempenho educativo do país ou da região onde mora. Assim, saúde e educação são
sinônimos de qualidade de vida e esta por conseguinte é uma extensão do bom gerenciamento
do poder público em suas políticas voltadas para as ações familiares, sejam elas de caráter
educativo, preventivo ou assistencial. Não nos reportaremos aqui a analisar tais caracteres, o
que interessa de fato são ações concretas que visem à modificação do atual quadro de penúria
em que vivem muitos dos nossos jovens. Recomenda-se, pois, de acordo com as propostas
sociais para um mundo melhor, (DELORS, 2005): a promoção da igualdade de gêneros, a
harmonia, a estabilidade e o bem-estar das famílias, uma legislação voltada para a família na
qual seja incorporada mecanismos de prevenção que impeça a violência, a discriminação e a
exploração dos membros, com estaque para a segurança das mulheres além de uma
distribuição eqüitativa dos serviços de saúde, em especial os da saúde reprodutiva, materno-
infantil, atenção primária às criança, é preciso também promover a paternidade responsável,
promover a educação sexual e o planejamento familiar, controlar as doenças sexualmente
transmissíveis, reduzir a incidência do aborto e a gravidez na adolescência, no que permitira
melhores índices de desenvolvimento social e econômico em toda a nossa sociedade.
REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS
BRASIL, UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância. Situação Mundial da
Infância Mulheres e Crianças: O Duplo Dividendo da Igualdade de Gênero. Tradução e
Edição: B&C Revisão de Textos, SP. Brasília, DF -. 2007
MEIRA, Luís B. Sexos: aquilo que os pais não falaram para os filhos – João Pessoa 2002.
Editora Universitária.