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Os Aliados e as Forças do Eixo

Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00


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Quando Adolf Hitler invadiu a Polônia, alegando que a Alemanha
necessitava de "espaço vital", estava iniciando o Segundo Conflito
Mundial. De um lado, estavam os "Aliados": França, Inglaterra e
Estados Unidos. Do lado oposto, Itália, Alemanha e Japão
formavam as "Forças do Eixo". Os dois grupos lutaram (com a
posterior entrada de outras nações, inclusive os Estados Unidos da
América) durante o período entre 1939-1945, levando o mundo a
uma devastação que até então nenhuma outra guerra tinha
provocado.

Após a sua entrada no conflito, os norte-americanos procuram uma


aproximação com o Brasil, porque necessitavam instalar ou
melhorar as bases aéreas do Nordeste brasileiro.

Havia uma grande preocupação dos norte-americanos em


demonstrar aos brasileiros que a sua presença naquela região do
País era apenas para ganhar a guerra. Nada de conquista
territorial.

Em Natal, contudo, havia adeptos das "Forças do Eixo". Em outubro


de 1942, ocorreu um fato tragicômico: a Rádio Educadora de Natal
colocou no ar uma marcha militar alemã e, logo em seguida, o hino
nacional alemão. A transmissão provocou protesto de grande parte
da população e a emissora foi fechada, sendo reaberta dois dias
depois.

Apesar de oficialmente neutro, o Brasil vai aos poucos se


aproximando da causa dos "Aliados", e se afastando das "Forças do
Eixo". Essa situação se reflete em Natal, com a maioria da
população torcendo pela vitória dos "Aliados".

Em dezembro de 1941, chega a Natal o Esquadrão de


Patrulhamento da Marinha dos Estados Unidos, como nove
aeronaves e o avião auxiliar "Clemson". Pouco depois, chegavam os
fuzileiros navais. Em 1942 eram duzentos homens.

O almirante Ary parreiras, enviado para construir a Base Naval do


Natal, demonstra, na opinião de Cascudo, "força realizados,
obstinação, ditadura da honestidade, mítica do sacrifício
silencioso, discreto e diário".

Os norte-americanos, por sua vez, constróem "Parnamirim Field",


uma verdadeira megabase, durante o período de guerra.

Em termos de forças terrestres, desde 12 de junho de 1941, Natal


contava com o 16 RI, criado aproveitando os efetivos do 29 BC e do
II BC de Minas Gerais.

Segundo Tarcísio Medeiros, "no dia 11 de outubro, o general


Gustavo Cordeiro de Farias assumia o comando da 2ª Brigada de
Infantaria (...) A aviação unificada desde 18 de janeiro com a
criação do Ministério da Aeronáutica, possuindo o campo de
Parnamirim, estabeleceu a sede da 2ª Zona Aérea, cujo comando,
confiado ao brigadeiro Eduardo Gomes, impulsionou o primeiro
grupo de aviões que partia, policiando os ares (...) e os comboios
marítimos, num serviço assíduo de cobertura e vigilância".

O Brasil Entra na Guerra


Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
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No último dia da Terceira Conferência de Ministros Estrangeiros,
em 28 de janeiro de 1941, realizada no Rio de Janeiro, o Brasil
rompeu as relações com as Forças do Eixo.

Passando alguns meses, no dia 22 de agosto de 1942, o Brasil


declarou guerra à Alemanha e à Itália.

O avanço das "Tropas do Eixo", lideradas por Rommel, no


continente africano, colocou em perigo a navegação do Atlântico,
da costa brasileira, como também de todo o continente americano.
Teria sido por causa desse risco que o Brasil cedeu bases militares
no litoral do Nordeste para servir de apoio às operações militares
que seriam desenvolvidas na África. E entrou na guerra.

Natal, por sinal, já vivia um clima de guerra, inclusive com


blecautes diários. Contava também com os serviços da Cruz
Vermelha, Legião Brasileira de Assistência, Defesa Civil, e ainda
abrigos antiaéreos familiares e públicos.
Numa síntese, disse Câmara Cascudo: "Ao redor do campo, Natal,
tabuleiros e praias, foi organizada e dispostas a defesa militar,
munições, matérias-primas em tonelagem astronômica. Exército,
Marinha, Aeronáutica, ergueram as barreiras defensivas, diárias e
contínuas.

Dois Presidentes na
"Conferência de Natal"
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
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Quando o presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt
se encontrava em Marrocos, solicitou ao almirante Jonas Ingram
para marcar um encontro com Getúlio Vargas, presidente do
Brasil, na Cidade do Natal.

Acertada a reunião, todas as providências foram tomadas em


sigilo.

O presidente Getúlio Vargas chegou em Natal no dia 27 de janeiro


de 1943, acompanhado de sua comitiva. Ficou alojado no Dstróier
Jouett. Na manhã do outro dia, dois aviões trouxeram o presidente
dos Estados Unidos, Roosevelt, e sua comitiva.

As autoridades brasileiras sediadas em Natal não foram informadas


das ilustres presenças e a segurança dos dois americanos, causando
um mal-estar.

O governante potiguar Rafael Fernandes foi convidado para


comparecer à base sozinho. Chegando lá é que soube da novidade.
Depois, Getúlio Vargas e Roosevelt, acompanhados de Rafael
Fernandes, cumpriram um programa de inspeções: base de
hidroaviões, Parnamirim e os quartéis brasileiros do exército e da
aeronáutica.

À noite, Vargas e Roosevelt participaram da "Conferência de Natal"


que, segundo Clyde Smith Junior, "girou em torno de interesses
mútuos e laços de amizades entre seus países, a prevenção de um
possível e perigoso ataque dirigido de Dakar para o hemisfério
ocidental, e o apoio do Brasil aos objetivos de guerra de Roosevelt.
No dia seguinte, Roosevelt. No dia seguinte. Roosevelt voou para
Trinidad e Vargas voltou ao Rio acompanhado pelo almirante
Ingram e pelo general Wash".

Ao que parece, Roosevelt teria "pedido" ao presidente Vargas, o


envio de tropas brasileiras para o "front" na Europa e o estadista
gaúcho "concordou".

A reunião, portanto, não foi apenas um encontro cordial de amigos


para conversar futilidades. Nela, ficou acertado o envio de tropas
brasileiras para o "front".

Influência Americana e Mudança


dos Costumes
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
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A presença norte-americana em Natal mudou os hábitos de uma
pequena cidade nordestina.

Lenine Pinto relata que "dos bares vazava a música das Wurlitzers,
das lojas o burburinho de consumidores ávidos e, quando as ruas
esvaziavam-se, acendiam-se os salões de bailes, fluíam fantasias
(...) Naquele tempo as festas sucediam-se freneticamente,
dançava-se freneticamente, amava-se freneticamente".

A Cidade do Natal modificou-se de maneira muito significativa com


a presença do grande número de militares estrangeiros aqui
sediados. Do entrosamento entre americanos e jovens natalenses
resultaram alguns casamentos. O drama das jovens, não só
natalenses, mas nordestinas que não tiveram os seus romances
com jovens americanos referendados pelo casamento, é descrito
pelo poeta Mauro Mota no seu "Boletim Sentimental da Guerra no
Recife", através dos versos:

"Meninas, tristes meninas,


de mão em mão hoje andais.
Sois autênticas heroínas
da guerra, sem ter rivais.
Lutastes na frente interna
com bravura e destemor.
À vitória aliada destes
o sangue do vosso amor.

Ingênuas meninas grávidas,


o que é que fôstes fazer?
Apertai bem os vestidos
pra família não saber.
Que os indiscretos vizinhos
vos percam também de vista.
Saístes do pediatra
para o ginecologista".

Surgiram associações recreativas como, por exemplo, os "Clubes


50". Tanto o Aéro Clube como igualmente o "Clube Hípico", foram
alugados com o objetivo de realizar bailes. A finalidade principal,
certamente, era promover uma maior integração dos militares
norte-americanos com a população natalense. Houve, por causa
disso, uma invasão de ritmos estrangeiros: "rumba", "conga",
"bolero".

As moças passaram a agir com mais autonomia e, conforme relata


Lenine Pinto, "tendo incorporado modos e modismos americanos,
algumas aproveitaram para alongar o passo: começaram a fumar
(por ser o Chesterfield um cigarro "fraquinho", era a desculpa); a
bebericar "Cube Libre" (com a Coca-Cola inocentando a mistura de
rum) e a pegar os primeiros "foguinhos".

Natal perdia aos poucos suas características de cidade pequena,


com seus habitantes levando uma vida modesta e tranqüila.
Tomando inclusive um aspecto cosmopolita, com a passagem, pela
cidade, de pessoas de outras nacionalidades, com direito a figuras
importantes: D. Francis J. Spellman (arcebispo de Nova York),
Bernard (príncipe da Holanda), Higinio Morringo (presidente do
Paraguai), Sra. Franklin D. Roosevelt (esposa do presidente dos
Estados Unidos), Sr. Noel Cherles (embaixador do Reino Unido no
Brasil) etc.

Os preços aumentaram por causa da injeção de dólares na


economia local.
A influência norte-americana se fez sentir também na linguagem,
com a introdução de algumas palavras e expressões inglesas,
exemplificadas por Clyde Smith Junior: "change money" (troque
dinheiro), "drink beer" (beba cerveja), "give me a cigarrette" (dê-
me um cigarro), "blackout" (blecaute) etc.

Outro fato lembrado pelo mesmos autor: "de uma cidade pequena
e desconhecida, passou a ser conhecida por milhões de americanos
e outros aliados".

Durante a guerra. Natal cresceu muito, aumentando


consideravelmente a sua população.

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