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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO - UFMA

CAMPUS VII – CODÓ


CURSO DE CIÊNCIAS NATURAIS/BIOLOGIA

MARIANA REIS DE SOUSA

RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E ENSINO DE CIÊNCIAS

CODÓ – MA
2017
MARIANA REIS DE SOUSA

RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E ENSINO DE CIÊNCIAS

Pré-projeto de Trabalho de Conclusão de


Curso (TCC) apresentado ao Colegiado
do Curso de Licenciatura Interdisciplinar
em Ciências Naturais/Biologia como
pré-requisito para a realização de
pesquisa, sob orientação do Prof. Dr.
Francisco Waldílio da Silva Sousa.

CODÓ – MA
2017
SUMÁRIO

1. JUSTIFICATIVA------------------------------------------------------------------------4
2. OBJETIVOS -----------------------------------------------------------------------------5
3. METODOLOGIA -----------------------------------------------------------------------6
4. REFERENCIAL TEÓRICO -----------------------------------------------------------6
5. CRONOGRAMA------------------------------------------------------------------------7
6. REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------------------- 8
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1. JUSTIFICATIVA

O Brasil se caracteriza especialmente por sua diversidade cultural. Convivem


neste país, vários povos, cada um com seus conhecimentos, seus costumes, suas
crenças, sua religião, enfim, é um território miscigenado e plural. São diversas as etnias
aqui presentes desde os tempos pré-cabralinos. Então, não há como caracterizar
adequadamente este país sem levar em consideração essa mistura de culturas.
A abordagem de questões relacionadas à “raça” e etnia revelam-se na atualidade
um desafio aos educadores e às políticas educacionais como um todo. Neste projeto
propomos uma investigação acerca do papel do ensino de ciências 1 na valorização da
pluralidade étnica e no fomento a reflexões sobre as relações étnico-raciais, nessa
perspectiva, Verrangia (2014, p. 3) observa que “tais relações assimétricas são
essenciais ao processo de alienação que serve à manutenção das estruturas sociais”, que
se revelam segregacionistas e estigmatizantes. O autor em tela ainda registra que,

As práticas escolares que negam, inferiorizam ou marginalizam a diversidade


étnico-racial são também resultado da própria história da instituição escolar
na sociedade brasileira, marcada pela escravidão, hierarquias raciais e ideias
sobre a miscigenação (VERRANGIA, 2014, p. 3).

A relevância deste projeto, revela-se na possibilidade de contribuir para a


desconstrução de ideias e práticas racistas/preconceituosas e para a valorização da
pluralidade cultural e étnica que marca as sociedades humanas. A construção de
conhecimentos novos essa o objeto estudo pode auxiliar na atuação de docentes e na
organização do trabalho pedagógico de instituições de ensino, tendo em vista a
construção de uma sociedade mais tolerante, respeitosa, onde a dignidade humana seja
enfatizada, como um valor ético fundante.
O projeto propõe uma pesquisa de cunho quanti-qualitativa realizadas com parte
da comunidade escolar que compõe o Centro de Ensino Paulo Freire situado na cidade
de Timbiras/MA. Serão analisadas práticas docentes, representações de discentes e
ainda a abordagem da temática pelo material didático que a referida escola dispõe.

1
Verrangia e Silva (2010, p. 707) compreendem Ensino de Ciências como “[...] práticas escolares
dedicadas a ensinos e aprendizagens de conhecimentos científicos produzidos no âmbito das Ciências
Naturais. No sistema de ensino formal, estas ciências são tratadas sob a forma de disciplinas, a saber:
Ciências e/ou Ciências Naturais, no ensino fundamental; Biologia, Física e Química, no ensino médio e
em algumas escolas privadas no ensino fundamental.
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Os processos de ensino e aprendizagem são tarefa árduas e complexas. Ensinar


ciências, assim como qualquer outra disciplina, requer que o professor reflita sobre as
suas práticas pedagógicas e sobre a própria sociedade o qual está inserido e, exige,
ainda, que tais profissionais estejam em contínua formação, afim de que obtenham
resultados satisfatórios, isto é, que os alunos reconstruam as suas ideias ou as
reformulem, apropriando-se, deste modo, do conhecimento.
O ensino de ciências não deve ser conteudista, isto é, não é concebível que o
professor se limite somente em repassar o que está escrito nos livros. Faz-se
extremamente necessário que o profissional docente esteja sempre atento e informado
do que ocorre com seus alunos, no que tange à vida social deste. As questões e
problemas relacionados aos conceitos de raça e etnia podem e devem ser trabalhados
pelo professor de ciências, dada a especificidade desta pesquisa e o curso o qual esta se
insere, enfatizamos o professor de Biologia.
Algumas questões podem auxiliar na problematização desta pesquisa, tais como:
que contribuições o ensino de ciências em geral e o de biologia em específico podem
fornecer nas discussões acerca das relações étnico-raciais? Ao contemplar conteúdos
relacionados a genética, evolução, melanina, hereditariedade entre outros, os materiais
didáticos realizam uma interface com as questões referentes à raça e etnia? Quais as
práticas docentes e práticas pedagógicas desenvolvidas no Centro de Ensino Paulo
Freire de Timbiras/MA podem estar contribuindo à abordagem sobre raças/etnias?
Verrangia e Silva (2010, p. 710), registram que “é importante ressaltar que a
escola é um ambiente privilegiado para a promoção de relações étnico-raciais positivas
em virtude da marcante diversidade em seu interior”, nesse sentido, é responsabilidade
do professor e da escola, com a participação da família, promover o respeito à
diversidade, em todos os âmbitos, especialmente no que tange as relações étnico-raciais,
e é também dever, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) inserir essa
temática nos conteúdos de ciências, almejando, como já registramos, a desconstrução de
práticas, ideias, e concepções racistas, segregacionistas, portanto preconceituosas.

2. OBJETIVOS
2.1. Analisar as contribuições do ensino de ciências à abordagem da temática
“relações étnico-raciais”.
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2.2. Verificar como os livros didáticos de Biologia do Ensino Médio adotados pelo
Centro de Ensino Paulo Freire de Timbiras/MA aborda as questões étnico-
raciais.

2.3. Conhecer práticas docentes e práticas pedagógicas desenvolvidas no Centro de


Ensino Paulo Freire de Timbiras/MA pertinentes à temática raças/etnias.

3. METODOLOGIA

O trabalho a ser desenvolvido trata-se de um estudo monográfico, cujos


procedimentos metodológicos compreendem, pesquisa bibliográfica, entrevista,
aplicação de questionário, além da observação. Esta pesquisa compatibilizará elementos
quantitativos e qualitativos, este primeiro quando por exemplo “traduz” em números as
opiniões, informações e outros dados produzidos ou “achados” para serem classificados
e analisados. As técnicas estatísticas também são importantes subsídios numa
abordagem de natureza quanti. A qualidade na pesquisa refere-se à interpretação dos
fenômenos e a atribuição de significados a estes, ou seja, trabalha-se com dados não
quantificáveis, visto que adentramos no campo das subjetividades.

4. REFERENCIAL TEÓRICO

O conhecimento científico e os saberes sobre a ciência são importantes para que


os sujeitos possam posicionarem-se de forma autônoma e crítica frente a diversas
questões as quais lidam cotidianamente (MARTINS, 2005, p. 61). Os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) propõem que os estudantes do ensino fundamental, para
tornarem-se cidadãos, devem ser capazes de “[...] conhecer e valorizar a pluralidade do
patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e
nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais,
de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e
sociais (BRASIL, 1998, p. 7).
As escolas em geral e, em específico, o Ensino de Ciências, indubitavelmente
“deve contribuir para a formação de cidadãos e cidadãs que vivenciem e procurem
produzir relações sociais éticas” (VERRANGIA; SILVA, 2010, p. 709). Nessa
perspectiva, assim assevera Gomes (2012, p. 102),
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Descolonizar os currículos é mais um desafio para a educação escolar. Muito


já denunciamos sobre a rigidez das grades curriculares, o empobrecimento do
caráter conteudista dos currículos, a necessidade de diálogo entre escola,
currículo e realidade social, a necessidade de formar professores e
professoras reflexivos e sobre as culturas negadas e silenciadas nos currículos

Munanga (2005, p. 52) observa que “[...] o conteúdo da raça é social e político.
Se para o biólogo molecular ou o geneticista humano a raça não existe, ela existe na
cabeça dos racistas e de suas vítimas”. A própria ciência, até meados do século XX,
contribui para legitimar concepções que hierarquizavam seres humanos, em raças
superiores e inferiores, a partir de interpretações equivocadas amparadas pelo chamado
darwinismo social.

O problema fundamental não está na raça, que é uma classificação


pseudocientífica rejeitada pelos próprios cientistas da área biológica. O nó do
problema está no racismo que hierarquiza, desumaniza e justifica a
discriminação existente (MUNANGA, 2005, p. 52).

No que se refere ao emprego de conceitos como raça e etnia, Munanga e Gomes


(2006, p. 176-177), registram que é mais apropriada a ideia de “etnia” visto que esta,
“não emprega o sentido biológico, atribuído à raça, o que colabora para superação da
ideia de que a humanidade se divide em raças superiores e raças inferiores”.
No Brasil o advento das leis 10.639/2003 e 11.645/2008 que instituem a
obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana e afro-brasileira e indígena,
reforçam o papel das redes oficiais de ensino e da sociedade no geral, como construtores
de representações valorativas de tais matizes étnico-raciais constitutiva da sociedade
brasileira, que, historicamente foram e vem sendo discriminadas, preconceituadas,
estigmatizadas e rotuladas em nosso país.

5. CRONOGRAMA
ATIVIDADES Ago Set Out Nov Dez

Levantamento bibliográfico sobre o objeto X


de estudo.
Classificação de livros, artigos científicos, X X
revistas, textos e outros.
Leitura e fichamento teórico baseada nos X X
autores pesquisados
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Pesquisa de Campo; Aplicação de X X X


questionário; realização de entrevista;
Observações.
Análise dos dados partindo das X X X X
informações coletadas. Elaboração da
monografia.
Defesa da monografia X

6. REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição Federal/ 1988. Brasília: Senado, 2013.


________, MEC. Lei de Diretrizes e Base da Educação. Brasília, 1996.
________, MEC. Parâmetros curriculares nacionais: introdução. Brasília, 1997.
________. Lei nº. 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Brasília, DF, 2003. Não paginado.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm>. Acesso
em: 21 jun. 2016.
GOMES, Nilma Lino. Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos
currículos. Currículo sem Fronteiras, v.12, n.1, pp. 98-109, Jan/Abr 2012.
MARTINS, Andre Ferrer Pinto. Ensino de ciências: desafios à formação de professores.
Revista Educação em Questão, v. 23, n. 9, p. 53-65, maio/ago. 2005.
MUNANGA, Kabengele. Algumas considerações sobre “raça”, ação afirmativa e
identidade negra no Brasil: fundamentos antropológicos. REVISTA USP, São Paulo,
n.68, p. 46-57, dezembro/fevereiro 2005-2006.
MUNANGA, Kabengele; GOMES Nilma Lino. O negro no Brasil de hoje. Coleção
para entender, São Paulo: Global, 2006.
VERRANGIA, Douglas; SILVA, Petronilha. Cidadania, relações étnico-raciais e
educação: desafios e potencialidades do ensino de Ciências. Educação e Pesquisa, São
Paulo, v. 36, n.3, p. 705-718, set./dez. 2010.
VERRANGIA, Douglas. Educação científica e diversidade étnico-racial: o ensino e a
pesquisa em foco. Interacções. Nº. 31, pp. 2-27, 2014.

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