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Resumo
Com o presente artigo pretende analisar-se os principais elementos
de uma futura revisão do sistema de tributação das pessoas coletivas no
âmbito da Reforma Tributária em curso em Angola. Considerando que
uma reforma duradoura e adequada depende da correta consideração das
diversas condicionantes relativas à tributação dos lucros das empresas,
é, nesta sede, efetuado um levantamento e análise das melhores práticas
internacionais a este respeito e principais critérios de decisão, assim se
recolhendo e adaptando os casos de sucesso à situação específica do país.
Não obstante a análise levada a cabo, o presente artigo pretende
ser, mais do que um ponto de chegada com soluções finais, um elemento
dinamizador das discussões a este respeito, fomentando o necessário e
enriquecedor debate que nesta fase se pretende.
que se dê, com esta revisão, especial atenção a este tema, nomeadamente
no sentido de o compatibilizar com a lógica do novo sistema de tributação
dos rendimentos das empresas;
8 – Revisão do regime simplificado para empresas de menor dimen-
são: considerando os objetivos inerentes à Reforma, de alargamento da
base tributável e de inclusão no sistema formal do elevado número de
empresas informais, é essencial desenvolver um regime cujas obrigações
sejam adequadas à estrutura menos complexa dos contribuintes;
9 – Concretização do regime de mais e menos-valias: não obstante
existirem já regras sobre mais e menos-valias em Angola, haverá que
densificar os regimes fiscais aplicáveis à realização deste tipo de rendi-
mentos, nomeadamente através da possibilidade do seu reinvestimento
no negócio, mantendo os ganhos no processo produtivo;
10 – Alargamento da política de preços de transferência: sobre esta
questão, deve também garantir-se que, após a sua expressa inclusão no
Estatuto dos Grandes Contribuintes, sejam levadas a cabo as alterações
e adequações necessárias e decorrentes da experiência recolhida na
aplicação do regime, de forma a efetivar o controlo de operações entre
entidades relacionadas, em particular no caso de operações entre entidades
residentes e entidades não residentes;
11 – Estudo do regime de subcapitalização: tendo em conta as possi-
bilidades de planeamento fiscal existentes em torno da utilização de juros
– nomeadamente entre entidades relacionadas, em que a concessão de
crédito pode ser facilitada por via das relações especiais existentes entre
as entidades – e a pretensão de que as empresas se capitalizem por via
de capitais próprios e não tanto por dívida, é crucial ponderar a adoção
de regimes de subcapitalização ou regimes afins, como é, aliás, regra
na grande maioria dos países com sistemas fiscais mais desenvolvidos;
12 – Simplificação dos pagamentos provisórios: atentando agora às
questões inerentes à simplificação do imposto, é crucial garantir a redução
das obrigações dos contribuintes, nomeadamente ao nível do pagamento
do imposto, sem, contudo, prejudicar a correta aplicação do mesmo ou
prejudicar a sua eficácia;
13 – Revisão do regime de retenção na fonte: numa perspetiva de
simplificação, mas também numa perspetiva de garantia de arrecadação,
é crucial desenvolver o sistema de retenções na fonte, partindo da disci-
plina contida no código do imposto industrial e estudando um eventual
alargamento da mesma e revisão das taxas de retenção;
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6. Conclusões
Não obstante os elementos aqui apresentados não serem estanques,
devendo ser devidamente ponderados, quer quanto à sua oportunidade
quer quanto à sua adequação à realidade angolana, assim se avaliando as
corretas opções para o desenvolvimento da economia angolana, estas são
algumas das considerações que quisemos trazer à discussão, esperando
ter salientado a extrema importância de uma reforma estrutural do sis-
tema tributário angolano, de modo a podermos acompanhar o progresso
mundial e podermos desenvolver e diversificar a nossa economia da
forma mais produtiva possível, para bem da nossa nação e de todos os
cidadãos, na direção de uma Angola cada vez mais transparente, mais
justa e economicamente mais estável.
Bibliografia
MACHADO, Jónatas E. M., COSTA, Paulo Nogueira da, e MACAIA, Osvaldo – Direito
Fiscal Angolano – segundo a Reforma de 2014, Coimbra Editora, Coimbra, 2015.
PROJECTO EXECUTIVO PARA A REFORMA TRIBUTÁRIA – Legislação elementar,
2.ª edição, Casa das Ideias – Divisão Editorial, Luanda, 2014.
SALDANHA SANCHES, J. L., e TABORDA DA GAMA, João – Manual de Direito
Fiscal Angolano, Wolters Kluwer/Coimbra Editora, Coimbra, 2010.
XAVIER, Alberto – Direito Tributário Internacional, 2.ª edição atualizada, Almedina,
Coimbra, 2011.