BORDE, Andréa de Lacerda Pessôa et al. SL-55 VAZIOS DO CENTRO: VAZIOS DA
CIDADE? VAZIOS DO PLANEJAMENTO?. Anais ENANPUR, v. 15, n. 1, 2013.
Segundo Borde (2013), os vazios urbanos são consequências da hierarquia
socioeconômica, a qual a degradação dos espaços públicos e das edificações existentes ocorrem devido a evacuação dos antigos moradores que em sua maioria são de segmentos de mais baixa renda. A promulgação do Estatuto das Cidades viabilizou a criação de instrumentos urbanísticos capazes de atuar sobre os imóveis vazios bem como o Plano de Reabilitação dos Centros Urbanos (2003). (BORDE, 2013, p.1). A reabilitação urbana desses centros, tal como concebida neste Plano, contribuiria para minimizar a segregação social e espacial, facultando a todos o direito à cidade, à economia e à vida urbana. (BORDE, 2013, p.1). Os vazios do centro são, portanto, vazios produzidos aos níveis social, econômico, simbólico e físico. (BORDE, 2013, p.1). Conforme Borde (2013), a movimentação econômica existente em determinada área pode ser afetada pelo planejamento da cidade, provocado tanto por órgãos públicos como privados, quando o intuito do a revitalizar induz a retirada de uma população que e habitava aquele lugar. As intervenções urbanas e as reabilitações arquitetônicas nos vazios encontrados nos centros das cidades buscam trazer novas características e usos para o espaço. Em consequência ao passo que antigos vazios vão ganhando novos usos, aparecem novos com outras atribuições. P.2 Segundo Borde (2013), vão surgindo novos usos e características para os vazios urbanos encontrados nos centros das cidades Evidencia-se o potencial para intensificação de uso habitacional diversificado e de alocação de atividades complementares, com perspectivas mais duradouras para a recuperação, preservação e integração urbana dessa área central. (BORDE, 2013, p.2). As intervenções pontuais recentes e os indicativos da ação pública para reabilitação têm apontado para a implementação de formas mais privatistas de operação urbana, que acabam por intensificar processos de gentrificação e exclusão social. (BORDE, 2013, p.2).
Os vazios do centro tornam-se um desafio para o planejamento da cidade, com o intuito
de integrá-lo às práticas projetuais a a possibilidade de uma cidade mais integrada. As políticas públicas voltadas para o patrimônio cultural não se dialogam com as políticas urbanas e com as habitacionais, dessa forma na concepção de projetos urbanos não ocorre uma contemplação das áreas como um todo, e consequentemente assim não respeitando as identidades culturais, particularidades no que tange a habitação e sociedade. P.2 O ciclo do esvaziamento trata-se da consequência dos fatores que provocam surgimento dos vazios no centro sem que sejam solucionados os seus problemas diretamente na sua fonte. Dentre tais adversidades tem-se como exemplo as casas sem pessoas, enquanto existem cidadãos sem moradia, além de edificações subaproveitadas. P.2 Os vazios do centro apontam não apenas para questões relativas aos núcleos originais, à área central de negócios ou ao centro antigo, que lhes fazem limite, mas à cidade e à articulação entre eles, (...). (BORDE, 2013, p.2). Eles evidenciam que alguma coisa está fora da ordem na maneira como estes centros têm sido enfocados e que é preciso reverter o quadro de esgotamento das formas de pensar, conceber, propor e planejar essas áreas. (BORDE, 2013, p.2). Os vazios do centro por se constituírem um dos elementos de dinamismo e inércia na paisagem desta área na qual as formas atuais da vida urbana convivem com o passado. (BORDE, 2013, p.2).