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Associação Ibero-Americana de Pesquisadores da Comunicação


XV Congresso IBERCOM, Universidade Católica Portuguesa, Lisboa, 16 a 18 de novembro de 2017

O PESO NA MÍDIA: estratégias de resistência à gordofobia1

THE WEIGHT IN THE MEDIA: resistance strategies to fatphobia


Agnes de Sousa Arruda Rocco2
Jorge Miklos3

Resumo: Os meios de comunicação hegemônicos são responsáveis pela criação,


manutenção e reforço de muitos estereótipos. Entre tantos exemplos, um deles vem,
apenas agora, à tona: o das pessoas socialmente consideradas gordas, que de tão
enraizado, é ignorado. Por isso, este trabalho desvela esses processos de
esteriotipização e apresenta o grupo Voz das Gordas, que como outros, luta contra
o discurso dos meios de massa, principalmente os eletrônicos, a partir da
comunicação para a cidadania.

Palavras-Chave: Gordofobia. Mediatização. Comunicação Cidadã.

Introdução
É sabido que os meios de comunicação hegemônicos criam, reforçam e mantém estereótipos
dos mais diversos, sejam eles culturais, raciais, de beleza, de classe, entre outros. Morin
(2002) aponta detalhadamente como se dão os processos de transformação, pelos media, de
algo que é autêntico, arquetípico, em estereótipo, ou seja, como se materializa o conceito de
simulacro midiático apresentado por Baudrillard (1991).

Nesse sentido, ao falar sobre o ethos midiatizado, Sodré (2002) explica que a sociedade como
um todo assimila e reproduz os valores da indústria cultural e da comunicação de massa,
interferindo em suas relações. O pensamento do autor tem continuidade em Baitello (2005),
que reflete a respeito da Era da Iconofagia. Ao afirmar que devoramos as imagens que nos
devoram, o autor nos leva a refletir sobre quem serve quem: os media servem aos homens ou
vice-versa?

1
Trabalho apresentado à DTI – 3 - Comunicação e Cidadania do XV Congresso IBERCOM, Faculdade de
Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, Lisboa, 16 a 18 de novembro de 2017.
2
Professora e coordenadora dos cursos de Design Gráfico, Jornalismo e Publicidade e Propaganda da
Universidade de Mogi das Cruzes. Doutoranda com bolsa CAPES-PROSUP na Universidade Paulista. E-mail:
agnesarruda@gmail.com.
3
Pós-doutor pela UFRJ; Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Midiática
da Universidade Paulista. E-mail: jorgemiklos@gmail.com.

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Assim, aquilo que está enraizado na cultura dos media passa, em consequência, a estar
enraizado na cultura humana, e a tal criação, reforço e manutenção de estereótipos, tem
apresentado graves consequências, somente de fato perceptíveis após a assimilação social dos
meios de massa, especialmente os eletrônicos, na segunda metade do século XX e primeira
década do século XXI.

Apenas para citar como exemplo de fácil compreensão, fala-se aqui do negro do gênero
masculino sempre retratado como bandido, segurança ou motorista de bacana, ou do gênero
feminino que sempre aparece em filmes, seriados e novelas como a empregada doméstica ou
extremamente sensualizada. Não bastasse todo contexto histórico envolvido, essas formas de
representação contribuem para que a população afro-brasileira seja maioria nas favelas e
periferias do mundo todo, e no Brasil, a que apresenta os piores índices sociais (SOUZA,
2014).

Hoje, no entanto, após anos de discussão e ativismo, essas representações são facilmente
identificadas e amplamente discutidas pelos grupos, sejam eles diretamente relacionados às
causas negras ou não. Isso não significa que não exista esse tipo de preconceito, mas o fato de
o tema estar em pauta contribui para a lenta desconstrução de conceitos históricos, sociais e
mediáticos tão negativos.

A grande questão é que não somente os negros sofrem com essa segregação, mas uma série
de outros grupos. No entanto, em muitos casos – na maioria deles, essa estigmatização é vista
como tudo, menos como preconceito, e ao não dar nome aos bois de fato, inventando
eufemismos para tratar do assunto, o tema não se torna palpável para a discussão social,
contribuindo para a manutenção do estigma.

Assim, este trabalho apresenta um grupo estigmatizado pelos media e, em consequência,


socialmente, que começa agora a despertar para o sofrimento que isso causa: o grupo das
pessoas percebidas como gordas. Ao se dar conta de que de fato existe a gordofobia, assim
como existe uma resistência ao tratar sobre o tema, a articulação comunicacional desse grupo
aparece com a tentativa de escancarar aos olhos de quem puder ver o que de fato acontece

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nesse contexto. Antes, no entanto, de entrar em detalhes, é preciso colocar alguns pingos nos
is; e é isso que vamos fazer.

Mas afinal, o que é gordofobia?


O Ministério da Saúde aponta que, no Brasil, 53,8% da população está acima do peso, e que
18,9% das pessoas estão obesas. São cerca de 70 milhões de pessoas nessas condições, um
aumento de aproximadamente 30% nos últimos 10 anos (VIGITEL, 2017). Já dados
apresentados em levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde – OMS, afirmam
que 360 milhões de pessoas latino-americanas e caribenhas apresentam quadro de sobrepeso.
Isso representa 58% da população desses países (ONU; PAHO, 2017).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia - SBEM, a obesidade se caracteriza


pelo acúmulo excessivo de gordura no corpo, e é calculada pelo índice de massa corporal -
IMC, fórmula que tira uma média dividindo o peso da pessoa por sua altura elevada ao
quadrado. De acordo com a OMS, uma pessoa com peso considerado normal é aquela que
tem o resultado dessa equação entre 18,5 e 24,9. Obesa é a pessoa que tem seu IMC maior
que 30. Se o resultado estiver entre os 25 e os 29,9 é considerado sobrepeso e, se for maior
que 40, obesidade grave (SBEM, 2017).

Apesar de essa fórmula ser reconhecida e adotada inclusive pelos órgãos internacionais de
saúde, ela tem sido questionada até mesmo pela própria comunidade médica. Isso porque seu
resultado não diferencia, a partir do peso, o quanto se tem de gordura, de músculo, de ossos
ou órgãos no corpo, apresentando quadros equivocados quando se trata da diversidade física
dos seres humanos (SILVA, 2016). Nessa perspectiva, a própria OMS oferece em seu site
uma série de fórmulas, mapas, recomendações e tabelas para relativizar o cálculo do IMC
(OMS, 2017). No entanto, considerando a variedade dos casos, o cálculo do IMC ainda
continua sendo o sistema padrão global para apontar a obesidade em seus mais diferentes
graus.

Essa padronização gera deturpações em um sistema que, inclusive, reconhece que a


obesidade em si não é uma doença, mas na verdade um “fator de risco para uma série de
doenças” (SBEM, 2017). Isso significa que a pessoa obesa “tem mais propensão a

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desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2” (idem),


mas não que necessariamente virá a desenvolver essas doenças; ela pode ter uma vida longa e
feliz sem nenhum desses agravantes, assim como uma pessoa magra pode sofrer um ataque
cardíaco fulminante sem precedentes.

Outra questão está relacionada com o fato de que as formas físicas e as consequentes
representações visuais das pessoas obesas – considerando o cálculo do IMC – também podem
variar... E muito. Um fisiculturista, por exemplo, cheio de músculos pelo corpo, tem um IMC
alto, acima dos 40, o que, pela fórmula internacional, o enquadraria medicamente como
obeso, mas socialmente ele não é visto assim. Ao se referir a alguém com essas
características, são usados adjetivos como forte ou musculoso; até mesmo se diz que essa
pessoa está em forma, mas nunca gorda; palavra que, segundo o dicionário, é substantivo
sinônimo de obeso, mas também, adjetivo para “excesso de tecido adiposo, corpulento,
obeso, rolho” (MICHAELIS, 2017).

Quando se pensa em uma pessoa gorda, dificilmente surge à mente um fisiculturista


(exemplo supramencionado); uma pessoa musculosa ou em forma, mas sim alguém que
acumula gordura pelo corpo, que apresenta certo grau de flacidez e que certamente deveria se
submeter a algum tipo de procedimento para perder peso, seja uma simples dieta ou um algo
mais invasivo, como a cirurgia bariátrica. Percebe-se, com isso, que socialmente, embora a
palavra gordo possa ser considerada sinônimo de obeso, ela obviamente não tem essa
aplicação no léxico popular. Falar que uma pessoa é gorda significa algo diferente do fato de
seu IMC estar acima dos números considerados normais pela OMS; significa, de fato, que ela
não é aceita pela forma física que apresenta. Há, nesse momento, a materialização do
processo que recentemente foi denominado de gordofobia.

A palavra não existe no dicionário (MICHAELIS, 2017b) e se trata de um neologismo que


faz alusão àquilo que, em psiquiatria, é definido como “um medo persistente e irracional de
um objeto, atividade ou situação específica que resulta em um desejo incoercível de evitar o
objeto, atividade ou situação temida” (HOLLANDER; SIMEON, 2004, p. 46). No entanto, as
subdivisões catalogadas das fobias não abrangem o que significa esse termo que começa a ser
amplamente utilizado no léxico popular. Fobia, no vocabulário médico, enquadra-se dentro

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dos transtornos de ansiedade, e pode aparecer de forma generalizada ou específica, subdivida


em tipo animal, tipo ambiente natural, tipo sangue-injeção-ferimentos, tipo situacional ou
outro tipo, quando o medo é causado por estímulos como “medo de se asfixiar, vomitar ou
contrair uma doença; fobia de ‘espaço’ [...] e, em crianças, medo de sons altos ou
personagens em trajes de fantasia” (HOLLANDER; SIMEON, 2004, p. 51). Dessa forma,
stricto sensu, gordofobia não seria uma subdivisão dessa patologia, mas apenas um termo que
se apropria do dicionário médico para denominar outra coisa, no caso, o preconceito e a
consequente discriminação da pessoa socialmente considerada gorda (não obesa – de acordo
com as classificações de IMC).

No Michaelis, o verbete preconceito ganha, além de suas amplamente conhecidas definições


como “conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos necessários sobre um
determinado assunto” (MICHAELIS, 2017c), outra definição, essa sociológica, para “atitude
emocionalmente condicionada, baseada em crença, opinião ou generalização, determinando
simpatia ou antipatia para com indivíduos ou grupos” (idem). Nesse sentido, conceitua-se
gordofobia não como uma fobia em si, mas como um comportamento social, fundamentado
no preconceito contra alguém que subjetivamente foi denominado como gordo.

Socialmente, a pessoa gorda é considerada uma desviante; ou seja, ela tem uma anomia
(DURKHEIM, 1999), o que significa que de alguma forma ela se desvia do comportamento
considerado normal pela sociedade. Assim, pela definição, e considerando que de fato existe
um padrão para a imagem corporal na sociedade contemporânea, principalmente em relação
ao corpo feminino, é natural que essa mesma sociedade relacione a forma gorda à anomia.

Apesar do conceito original de anomia ser de Durkheim, um sociólogo, este trabalho se


apropria da visão de Velho (1985) sobre o tema, que considera desvio e divergência em uma
perspectiva antropológica, contrapondo em partes o conceito de Durkheim. Isso porque para
Durkheim, a anomia se dá a partir de “uma oposição entre o sistema social e o indivíduo”
(VELHO, 1985, p. 15). No entanto, para Velho, essa definição gera interpretações
equivocadas, uma vez que não se pode distinguir o indivíduo da sociedade na qual ele está
inserido, nem mesmo considerar a sociedade sem seus indivíduos.

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O autor afirma que “Os conceitos de ‘inadaptado’ ou ‘desviante’ estão amarrados a uma
visão estática e pouco complexa da vida sociocultural” (VELHO, 1985, p. 21) e que por isso,
na verdade,
[...] não existem desviantes em si mesmos, mas sim uma relação entre atores
(indivíduos, grupos) que acusam outros atores de estarem consciente ou
inconscientemente quebrando, com seu comportamento, limites e valores de
determinada situação sociocultural. [...] Quero dizer que os grupos sociais criam o
desvio ao estabelecer as regras cuja infração constitui desvio e ao aplica-las a
pessoas particulares, marcando-as como outsiders. Sob tal ponto de vista, o desvio
não é uma qualidade do ato que a pessoa faz, mas sim a conseqüência da aplicação
por outrem de regras e sanções ao transgressor’.” (VELHO, 1985, p. 23-24).

Em outras palavras, com o exposto, pode-se dizer que o grupo cria o gordo. Fica claro, então,
que a questão da gordofobia não está de fato no corpo da pessoa considerada gorda, mas sim
nas pessoas que se incomodam com a imagem desse corpo a partir de um bios midiático, que
incentiva esse preconceito e discriminação.

Quais as consequências da gordofobia?


A insatisfação corporal é uma realidade não somente para quem sofre de sobrepeso e
obesidade, mas também para aqueles que, apesar de não integrarem esse quadro, temem por
sua imagem corporal. De acordo com levantamento feito Laus (2012), a insatisfação com o
corpo atinge 77% da população brasileira, entre crianças, jovens, adultos e idosos (sendo que,
conforme apresentado, 17% dessa mesma população é considerada obesa).

A partir da insatisfação corporal as pessoas desenvolvem doenças – crônicas, inclusive – para


ficarem de acordo com aquilo que acreditam ser o padrão ideal de beleza para o corpo. Essas
doenças são conhecidas por transtornos alimentares. Tratam-se de “transtornos psiquiátricos
que afetam, em sua maioria, adolescentes e adultos jovens do sexo feminino, podem levar a
grandes prejuízos biológicos e psicológicos e ao aumento de morbidade e mortalidade”
(CORDÁS; SALZANO, 2011, p. 5).

Os três principais transtornos do gênero são a Anorexia Nervosa, na qual a pessoa perde
muito peso por conta de uma dieta extremamente restritiva em busca sempre de uma magreza

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quase inalcançável; a Bulimia Nervosa, estado no qual a pessoa sente uma fome intensa,
come compulsivamente e depois auto induz seu vômito para que aquele alimento não seja
processado pelo organismo, e por fim, o Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica, no
qual se come intensamente, ocasionando a obesidade, mas sem uma consequente reação
restritiva ou purgatória (CORDÁS; SALZANO, 2001). Há ainda os Transtornos Alimentares
Não Especificados, que de acordo com os autores consistem em uma variação combinada dos
três diagnósticos apresentados, bem como o Transtorno Dismórfico Corporal, no qual a
pessoa não reconhece a sua forma física refletida no espelho, fazendo uma imagem
completamente diferente de si e, com isso, se submetendo a procedimentos radicais para
alterar seu corpo (MORIYAMA, 2003) e, mais recentemente diagnosticado, está a Ortorexia
Nervosa, que é “o comportamento obsessivo patológico caracterizado pela fixação por saúde
alimentar” (MARTINS et al, 2011).

De acordo com o Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de


Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
– AMBULIM, a estimativa é a de que a Anorexia Nervosa acometerá até 4% das mulheres de
todo o mundo; a Bulimia 4,2% e Compulsão Alimentar 2,5%. “Cumpre salientar que a
Anorexia Nervosa é uma doença grave, com risco de mortalidade em torno de 5 a 15% dos
casos” (AMBULIM, 2017). No Brasil, especificamente no estado de São Paulo, balanço da
Secretaria Estadual de Saúde aponta que, a cada dois dias, uma pessoa é internada com
Anorexia ou Bulimia nos hospitais do SUS (UOL, 2013).

Além dessas doenças, há ainda a já diagnosticada Anorexia Alcoólica “um distúrbio


alimentar caracterizado pela ingestão de bebidas alcoólicas no lugar de alimentos para evitar
a ingestão de calorias e emagrecer” (ZANIN, 2017), e casos extremos como o de mulheres
que procuram drogas como a cocaína e o crack, ignorando seus efeitos neurológicos
devastadores, para perder peso. Outro fator que também chama a atenção, mas que tem pouca
repercussão midiática considerando que se tratam de drogas lícitas, são de pessoas que
sofrem de sérios transtornos causados pelos remédios para emagrecer. Isso porque entre os
principais medicamentos receitados para esse fim estão a sibutramina, o orlistat, a
fluoexetina, a setralina e a bupropiona. Esses medicamentos atuam como inibidores de
apetite, saciadores e inibidores da absorção de gorduras. Seus efeitos colaterais se

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relacionam, respectivamente, com taquicardia, insônia, ansiedade e depressão; insônia,


taquicardia, tontura, enjoo, depressão ou diarreia e distúrbios gastrointestinais indesejados
como a diarreia e a anemia. (FRAZÃO, 2017). Apesar dos efeitos colaterais, esses
medicamentos são facilmente acessados, seja com receita médica, seja no mercado paralelo,
fazendo com que casos como o de Carolina Moura, de 23 anos, que saltou do 11º andar de
um prédio, em 2015, após sofrer de alucinações causadas pela sibutramina (MESTRE, 2016),
também se tornem comuns. Apesar de o uso desses medicamentos ter começado a ser
questionado pela comunidade médica (NACCARATO; DE OLIVEIRA, 2014), o lobby da
indústria se fez mais forte e as suas vendas, infelizmente, ainda não foram interrompidas.

O peso na mídia
A gordofobia, tal como se compreende como fenômeno para este trabalho, tem sua origem e
aprofundamento no próprio bios midiático, a partir do momento em que, com os meios
eletrônicos, especialmente com os meios que transmitem imagens, a transposição do concreto
para o virtual se tornou uma questão de ordem. O corpo, que já vinha sofrendo ataques
sistemáticos desde a Idade Média, passou a ser o principal alvo desse processo, com a
obsessão por transformá-lo em imagem. A lógica da não-coisa (Flusser, 2008) se expandiu
também para o não-corpo, mas apagar um corpo de peso se demonstrou não ser tão simples
assim, gerando então o processo de gordofobia.

O processo de apagamento do corpo socialmente considerado gordo a partir da mediatização


se dá das mais diversas formas; das mais sutis às mais agressivas. Os modelos mediáticos
apresentados para essas pessoas cumprem alguns propósitos, como por exemplo, entre outras
representações:
1. Servir de alívio cômico à história, utilizando suas características físicas como ponto
de humor, como Amy Gorda, personagem de Rebel Wilson em A Escolha Perfeita
(imagem 1) ou, pior ainda, a caracterização de Martin Lawrence em Vovó... Zona
(imagem 2) ou de Vera Holtz como a Dona Redonda, de Saramandaia (imagem 3).
2. Servir de estepe para o personagem principal, como conselheiro, melhor amigo,
aliado, como Dorota, personagem de Zuzanna Szadkowski, de Gossip Girl (imagem
4).

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3. Ser apresentado como feio, repulsivo, patético, como o personagem de Jameson Moss
em A Mentira (imagem 5).

Imagem 1: Amy Gorda, de A Escolha Perfeita.

Fonte: Whitehead, 2016.

Imagem 2: Martin Lawrence e sua caracterização em Vovó... Zona.

Fonte: ADOROCINEMA, 2017.

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Imagem 3: A atriz brasileira Vera Holtz recebendo sua maquiagem de gorda em para
interpretar Dona Redonda na novela Saramandaia.

Fonte: Astuto, 2013.

Imagem 4: A criada Dorota, de Gossip Girl.

Fonte: Lowry, 2015.

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Imagem 5: Jameson Moss interpreta um adolescente que não consegue namorar em A


Mentira.

Fonte: Hotflick, 2017.

É difícil, no entanto, uma pessoa socialmente considerada gorda aparecer como personagem
principal, modelo a ser seguido. Não raro, é possível ver que, para ser bem-sucedido, o
personagem socialmente considerado gordo precisa passar por uma transformação que inclui,
claro o processo de emagrecimento, como Monica Geller, do seriado de sucesso
internacional, Friends.

Imagem 6: Monica Geller é uma das seis integrantes do grupo Friends, que só foi aceita de
verdade após passar por uma transformação que inclui o emagrecimento.

Fonte: Magoga, 2016.

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Com o exemplo de Monica Geller, fica claro perceber que os modelos positivos de corpo
mediaticamente aceitos são exatamente o contrário daquilo que socialmente se considera
como gordo. Dessa forma, com o bios midiatizado, a sociedade repete esses padrões fora dos
limites já quase invisíveis dos meios eletrônicos/virtuais, mas na concretude de carne. O
socialmente considerado gordo não passa na catraca do ônibus, não cabe na poltrona do
cinema e não encontra com a facilidade de simplesmente ir ao shopping, uma básica calça
jeans para comprar. Ele é publicamente insultado por sua forma física e constantemente alvo
de piadas. Com o pretexto de estar fazendo ‘só uma brincadeira’, a sociedade mediatizada
faz, então, com que quem sofre gordofobia se suprima, se anule. Ele não veste roupas
chamativas, ou com estampa, ou com cores, não sai de casa e tem sérios problemas em se
relacionar com os outros. Na mesma lógica de que, se a palavra não existe no dicionário, a
coisa em si também não existe, se a pessoa socialmente considerada gorda não se mostra,
logo, ela também não deve ser mostrada, a não ser que ela se modifique, como o caso de
Kelly Osbourne, que depois de seu emagrecimento, virou it girl4 e apresentadora de programa
de moda na televisão.

4
Em tradução livre, it girl significa “garota ícone”. O termo apareceu com força na metade dos anos 2000 para
designar meninas criadoras de tendência, com seu estilo e vestuário únicos. A maioria delas migrou para a
internet criando os blogs de moda e iniciando o processo de influência digital. (GSHOW, 2013).

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Imagem 7: Kelly Osbourn deixou de ser a filha problemática e rizível de Ozzy Osbourne
quando passou por um intenso processo de emagrecimento, o que rendeu a ela o título de
ícone de moda.

Fonte: Vírgula, 2013.

Imagem 8: Quadrinho ilustra o tratamento diferente dado a pessoas consideradas magras e a


pessoas consideradas gordas quando ambas mantêm o mesmo comportamento.

Fonte: Angelou, 2017.

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Imagem 9: Meme retirado do filme Se Beber Não Case, de 2009, em que o personagem Alan
é hostilizado simplesmente por ser considerado gordo.

Fonte: Gerador Memes, 2017.

Cabe ainda ressaltar que, historicamente, as mulheres são mais afetadas que os homens com
esse policiamento ideológico do corpo a partir do momento em que o monoteísmo, com sua
divindade masculina etérea/imaterial e patriarcal se tornou o sistema de ideias vigente. Esse
sistema tira da terra, da natureza, tudo aquilo que é sagrado e, conforme já mencionado,
transforma o corpo concreto no local de pecado. Sendo a mulher a analogia da mãe terra,
aquela que gera, que provê, essa se tornou a bruxa, a vilã, a responsável pela queda do
paraíso, por todos os males do mundo5. No que diz respeito à gordofobia, cabe dizer que,
como forma de purificação do corpo, uma das penitências mais utilizadas durante a Idade
Média foi o jejum auto imposto, gerando inclusive uma legião de “santas jejuadoras”
glorificadas por sua obstinação e disciplina no propósito ascético de privação corporal da
comida e do que ela gera em consequência (CORDAS; WEINBERG, 2006).

5
Essa afirmação, que será devidamente apresentada na tese, desenvolvendo a hipótese, é vista em uma série de
autores. Eisler (1989) e Sicuteri (1985) apresentam, no entanto, esse processo intrinsicamente relacionado ao
imaginário e suas consequências sociais, sendo especialmente relevantes à tese.

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Esse processo, cruel por si só, é ainda mais doloroso considerando que o corpo feminino,
centro das discussões sobre beleza, magreza e afins, é aquele que tem mais dificuldade em se
tornar a imagem técnica hoje tão almejada. Isso porque é a mulher, não o homem, que dá
testemunhos corporais contínuos de sua existência. A mulher menstrua, engravida,
amamenta... Seus hormônios e a sua neurologia, sua condição biológica como um todo, torna
o processo de apagamento do corpo muito mais cruel, e daí vem o sofrimento; afinal, em uma
sociedade na qual, com motivos diferentes, mas que ainda hoje jejum e autoflagelo (cirurgias
plásticas e demais procedimentos estéticos) são considerados metáfora de santidade e
purificação, se você não se submete a esses procedimentos e não mortifica seu corpo, você é
considerado impuro.

Voz das Gordas


Com todo o exposto, percebe-se que uma das coisas mais difíceis no processo de
desconstrução do pensamento hegemônico relacionado à gordofobia é justamente identificar
onde ele se encontra e como ele (retro)age sobre o social. É nesse sentido que age o Voz das
Gordas, uma página no Facebook que publica conteúdo anti-gordofóbico para mais de 20 mil
pessoas de todo o Brasil e também em outros países da América Latina6
(facebook.com/VozdasGordas). Ela é administrada por seis mulheres, sendo quatro do estado
de São Paulo e duas do estado do Rio de Janeiro. A página surgiu como uma derivação de um
grupo, também no Facebook, homônimo. Hoje o grupo foi desativado e a página se mantém.

Todas as administradoras da Voz das Gordas relatam terem sofrido gordofobia e juntas
criaram o Coletivo Anti-Gordofobia, com a ideia inicial de ajudar na desconstrução do
preconceito contra as pessoas consideradas gordas, bem como lutar pelos direitos dessas
pessoas. O grupo online, e posteriormente a página, contribuíram para a difusão das ideias do
Coletivo, assim como informações que contribuíssem para que as criadoras alcançassem seus
objetos, dando também representatividade ao grupo em questão.

No Voz das Gordas não há produção própria, mas sim uma curadoria e consequente
reprodução de conteúdo retirado de sites e blogs da Internet, artigos científicos, revistas, entre

6
Consulta realizada em 14 de setembro de 2017; dados fornecidos por uma das administrados da página,
Danieli, em entrevista realizada especificamente para este trabalho via inbox no Facebook (anexo 1).

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outros. Entre as postagens há fotografias, memes7, vídeos, matérias jornalísticas, relatos e


assim por diante, todos relacionados à vivência de pessoas socialmente consideradas gordas.

Após 3 anos de página, as postagens que mais geram repercussão são aquelas que, de alguma
forma, apresentam conteúdo que permite a identificação com as experiências do público
seguidor. Há, no entanto, aqueles que nos comentários das postagens praticam a gordofobia.
As administradoras explicam que, quando sentem abertura, tentam argumentar e desconstruir
o pensamento gordofóbico, mas quando percebem que o teor do comentário é ofensivo e sem
argumentação elas o deletam por não acreditarem que eles possam de alguma forma
contribuir com a causa.

Além da página, o Voz das Gordas participa de rodas de conversa e debates sobre o tema,
bem como pratica ativismo no mundo concreto, com colagem de lambe-lambe8 nos muros
das cidades.

Imagem 10: Print de uma das postagens do Voz das Gordas que estimula o body positive,
movimento relacionado à aceitação do próprio corpo.

Fonte: Voz das Gordas, 2017.

7
Na linguagem da internet, meme é um conteúdo que geralmente se apresenta em forma de imagem estática ou
gif, de caráter humorístico e muitas vezes utilizando o sarcasmo, e que tem alto poder de compartilhamento,
tornando-se viral.
8
Lambe-lambe são pôsteres e cartazes artísticos, de propaganda ou manifesto, colados em espaços públicos no
contexto urbano. Recebem esse nome justamente pelo processo de aplicação, no qual é necessário embeber o
papel em cola líquida.

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Imagem 11: Post mais popular do Voz das Gordas até hoje, mostra a atleta Elisa Casanova,
integrante da equipe de polo aquático da Itália. Publicações como essa contribuem para a
desconstrução da ideia de que a pessoa considerada gorda não pode ser atleta ou é
preguiçosa, por exemplo. Até 16/09/2017, esta postagem estava com 555 compartilhamentos
e mais de 2 mil curtidas/reações.

Imagem 12: Fanzine do Coletivo Anti-Gordofobia, movimento que deu origem ao grupo e,
depois, à página Voz das Gordas.

Fonte: Voz das Gordas, 2015.

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Imagem 13: Cartaz lambe-lambe com mensagem anti-gordofóbica.

Fonte: Voz das Gordas, 2014.

Comunicação e resiliência
O imaginário mediático contemporâneo ergue os sólidos muros que servem de suportes
midiáticos da sedação, da formação de uma mentalidade submissa, da colonização do
biotempo, da monetização dos espaços - agora virtualizados e sem limites -, da iconofagia, da
mediosfera, do simulacro, da colonização do espírito, da espetacularização da vida, do
excesso da informação e da escassez da comunicação. Em suas superfícies estão estampados
cartazes que anunciam o fundamentalismo, a intolerância religiosa, a mercantilização do
sagrado, a idolatria do mercado, o preconceito racial, a supercifialidade, a identidade
fomentada pelo consumo, a comunidade organizada pelo estado e pelo mercado, do
apagamento do corpo, da gordofobia, da homofobia, da etnofobia. Esses cartazes são os fios
que tecem uma rede de sentido e de significados que sustentam o imaginário do Homo
sapiens globalizado.

A despeito do grande poder de produção, armazenamento e circulação de estereótipos


socioculturais da mídia hegemônica, na medida em que as sociedades são arenas de conflitos

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e disputas, onde há poder hegemônico há também resistência. Os atores sociais subalternos


adquirem consciência bem como a capacidade de contestarem o poder hegemônico com o
objetivo de reivindicar o direito de se auto representar a partir de seus próprios valores. Trata-
se de um inequívoco processo social de conflito e negociação. A vida social está assentada
nessa intermitente interação de hegemonia e contra-hegemonia. De vez que uma
característica distintiva da mente humana é a capacidade de imaginar o futuro, a esperança é
um ingrediente fundamental no apoio à ação com vistas a um objetivo. Assim, para
desmantelar o imaginário mediático que serve de suporte à gordofobia é preciso imaginar
algo mais poderoso.

Sob o viés desta pesquisa, isso significa que a comunicação social deve possibilitar o
desenvolvimento da identidade, o desenvolvimento corporal e espiritual, a capacidade de
relacionar-se, a competência de aprender e a ética da solidariedade. Essa ecologia propicia a
resistência às pretensões do poder e dominação e fortalecimento da democracia, a
responsabilidade pelo entorno e por si mesmo.

Para os sistemas social, econômico, político, cultural e comunicacional contemporâneo, é


interessante que sejamos monotemáticos, unilaterais, maniqueístas e unidimensionais. Porém,
cada ser humano carrega a herança de sua história pessoal e de sua memória coletiva.
Contrariando o desejo dessa ordem hegemônica, somos seres poliédricos, plurais, diversos,
complexos e indeterminados.

Dentro dessas contradições cresce uma consciência coletiva que anseia por liberdade e
democracia. O novo emerge. A expansão da catástrofe, da barbárie e da brutalidade não é
suficiente para aniquilar a esperança, pois na história da humanidade cada ato de destruição
encontrou sua resposta num ato de criação. Todo gesto de destruição abre a possibilidade
latente de resiliência que aponta para um potencial utópico, como dimensão do real gerando
forças de construção e de acolhida do novo.

Considerações finais
O preconceito contra os socialmente considerados gordos, mantido e amplificado pelos
media, é real e, como visto, tem levado as pessoas até a morte. Apesar disso, o tema está tão

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enraizado socialmente que é ignorado. Falar sobre ele abertamente é urgente, a fim de uma
desconstrução do discurso que penetra o imaginário social já tomado pelos media, em busca
de reencontro com o corpo e consigo mesmo. No entanto, sendo a gordofobia um preconceito
velado, as pessoas o reconhecem, mas ao fazerem piada e criarem eufemismos para o tema, o
reforçam, em uma direta relação com o ethos midiatizado. O que era para ficar nas telas dos
media retroage sobre o contexto social, e o corpo, início, meio e fim do processo de
comunicação, padece. Há, no entanto, uma luz no fim do túnel. Alguns grupos identificaram
esse preconceito e começaram a lutar contra suas causas a fim de reduzir seus efeitos, indo
contra o pensamento hegemônico mediático e praticando a comunicação cidadã. Ao se auto
representar e criar discussões a respeito do tema, eles começam a desconstruir o discurso
padronizado, em um movimento de inclusão e respeito à diversidade. Presumir
automaticamente que o gordo é preguiçoso, incapaz e desleixado é regra na sociedade
contemporânea, mesmo que muito magro nunca tenha pisado em uma academia de ginástica.
Se a gordofobia pode até matar, espera-se que este trabalho tenha, ao menos, trazido
condições de desvelar esse preconceito, bem como para apontar que sua construção está
diretamente relacionada aos media, e que as ações comunicacionais dos grupos de resistência,
auxiliem na construção de um discurso que questione o imaginário mediático dominante.

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Anexo 1 – Print da entrevista concedida pelo Voz das Gordas à autora no dia 15/09/2017 via
inbox no Facebook.

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