Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2
Organizadores
Antônio Campos
Cláudia Cordeiro
2ª edição
Ampliada, revista e atualizada
Inclui índices onomástico e de títulos e primeiros versos
Recife, 2010
3
Copyright dos textos© dos autores
Copyright da edição© 2010 Carpe Diem - Edições e Produções
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida, nem apropriada ou estocada em
sistema de banco de dados, sem a expressa autorização da Editora.
Organização
Antônio Campos | Cláudia Cordeiro
Editoria
Antônio Campos
Fotos
Assis Lima
Impressão
Gráfica Santa Marta
P452 Pernambuco, terra da Poesia: um painel da poesia pernambucana dos sécu-
los XVI ao XXI./ organizadores: Antônio Campos, Cláudia Cordeiro.
2. ed. rev. e atual. - Recife: Carpe Diem Edições e Produções Ltda,
2010.
757 p.
ISBN 978-85-62648-09-0
Inclui índice onomástico.
4
Epígrafes
Clarice Lispector
(In Clarice fotobiografia, 2009)
5
6
TECENDO A MANHÃ
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
7
8
Orientações Prévias
1. Convenções
* Escritores(as) cujos dados e poemas foram enviados espe-
cialmente para esta antologia por eles(as) próprios(as) ou
seus espólios e outros contatos.
** Escritores(as) nascidos(as) em Pernambuco.
2. Referências bibliográficas
As referências bibliográficas completas encontram-se ao
final do volume. Tivemos acesso a obras raras do acervo
da Biblioteca Pública Estadual e destacamos a importância,
para este trabalho, das seguintes fontes:
9
Academia Brasileira de Letras: <http://www.academia.org.br>
Biblioteca Nacional: <http://www.bn.br/>
Fundação Casa de Rui Barbosa: <http://www.casaruibarbosa.
gov.br>
Fundação Joaquim Nabuco. Coordenadoria de Documentos
Textuais:
<http://www.fundaj.gov.br/docs/indoc/dotex/doctex.html>
Instituto Maximiano Campos: <http://www.imcbr.org.br>
Interpoética: <http://www.interpoetica.com>
Itaú Cultural. Panorama Poesia e Crônica:
<http://www.itaucultural.org.br/>
Plataforma para Poesia. Sítio Virtual Pernambucano da Poesia
Contemporânea em Língua Portuguesa:
<http://www.plataforma.paraapoesia.nom.br/paglinks2.
htm>
3. Ortografia
A ortografia dos poemas foi mantida de acordo com a
2ª tiragem impressa da obra (2006) e os originais dos novos
poetas desta edição.
10
SUMÁRIO
1
1
Francisco Ferreira Barreto (1790-1851)**
Anacreôntica, 67
Soneto, 69
12
Joanna Tiburtina da Silva Lins (±1860-1905)**
Meus sonhos, 94
A virtude, 95
1
3
Mario Melo (1884-1959)**
Sonhando, 114
Ausente, 115
14
Joaquim Cardozo (1897-1978)**
Chuva de caju, 136
Canção para os que nunca irão nascer, 137
1
5
Solano Trindade (1908-1974)**
Foi assim..., 163
Tem gente com fome, 167
16
Tomás Seixas (1916-1993)**
Colhidos da sombra: A bailarina, 190
Acontece, 191
Sonata à Lílian ou As sombras no espelho (exc.), 192
1
7
César Leal (1924)*
O sonâmbulo, 219
Cidade ou Cidadela?, 220
18
Carlos Pena Filho (1930-1960)**
A Solidão e sua porta, 245
Soneto do desmantelo azul, 246
1
9
Sebastião Uchoa Leite (1935-2003)**
Corações insensíveis, 267
Drácula, 268
20
Lenilde Freitas (1939)
Mulher, 292
Aquário, 293
2
1
Suzana Brindeiro Geyerhahn (1942-1996)* **
Recife, 319
Mes rapports avec Rimbaud, 320
22
Everardo Norões (1944)*
A música..., 351
A construção, 352
2
3
José Rodrigues de Paiva (1945)
Jardins suspensos, 374
Canção, 376
24
José Mário Rodrigues (1947)* **
A cidade, 402
Lamento, 403
2
5
Fernando Monteiro (1949)* **
Grafito I, 425
Grafito II, 426
26
Cícero Melo (1952)*
A terceira pele, 448
Os mortos, 449
2
7
Erickson Luna (1958-2007)* **
Epitáfio para um burocrata, 472
Do moço e do bêbado, 473
28
Marcelo Pereira (1964)* **
Demasiado humano, mas sem piedade, 491
Uma charada tropical, 492
2
9
Malungo – José Carlos Farias da Silva (1969)* **
Deuses sonoros, 517
Harpas, 518
Bibliografia, 707
Agenda, 719
30
* Dados e poemas fornecidos ao Instituto Maximiano Campos
(IMC), pelo(a) autor(a) ou seus espólios e contatos, especial-
mente para esta antologia conforme documentação arquivada
no acervo literário do Instituto, no anos de 2005 e 2010.
** Escritores(as) nascidos(as) em Pernambuco.
3
1
32
Apresentação
Pernambuco em Antologias
Antônio Campos*
33
da obra, ou escritores e críticos a comentá-la, citando des-
conhecer autores nela revelados. É uma forma de termos
conosco a história de Pernambuco de uma maneira mais
clara e sublime, através da Arte Poética.
Como em todos os escritos poéticos, esses trajetos não
se desenrolam de maneira uniforme. Cada poeta e cada
poema têm suas próprias características, assim como avalia-
ções, julgamentos e encantamentos singulares – reservados
aos leitores desta coletânea. Uma estética sucede-se à outra,
assim como um juízo a outro. A história da Arte Poética está
longe de formar um todo homogêneo e unânime. Assim,
acreditamos que a principal tarefa da poesia tem sido, atra-
vés dos séculos, falar das verdades que habitam em cada
homem, em cada escritor, de uma forma atemporal e que
possibilita ao próprio homem se reconhecer, independen-
temente da época. Concordo com Ferreira Gullar que diz:
“Pretendo que a poesia tenha a virtude de, em meio ao so-
frimento e ao desamparo, acender uma luz qualquer, uma
luz que não nos é dada, que não desce dos céus, mas que
nasce das mãos e do espírito dos homens.”, pois a poesia é
isso. É a verdade absoluta em cada um de nós.
O sucesso de Pernambuco, terra da poesia despertou em
mim o interesse de produzir outro livro. Desta vez, volta-
do à área da ficção. O outro volume da coleção é Panorâ-
mica do conto em Pernambuco, fruto da minha parceria com
o escritor Cyl Gallindo. A obra, cuja produção demandou
a leitura detalhada de mais de 500 textos em livros, re-
vistas, internet e até mesmo em acervos pessoais cedidos
pelos próprios autores, resultou em uma síntese do que
há de melhor na literatura de contos.
Nessa coletânea de contos, tivemos prazerosas des-
cobertas, desde a inédita Margarida Cantarelli até o ex-
governador de Pernambuco Barbosa Lima Sobrinho; na
extensão do conceito de pernambucanidade, incluímos
34
Graciliano Ramos, visto que morou em Buíque durante
boa parte de sua infância, assim como a ucraniana Clarice
Lispector, que se dizia recifense por ter morado no Recife
quando criança e onde realizou os estudos primários. Essas
inserções são possíveis, porque, a partir da primeira obra,
adotamos o critério de “Domicílio Literário”, que trans-
cende ao do simples registro biográfico da naturalidade.
Histórias da infância, amizades, aventuras e grandes
amores são narrados por escritores como Amílcar Dória
Matos (recém-falecido), Benito Araújo, Fátima Quintas,
Gilberto Freyre, Luzilá Gonçalves, Raimundo Carrero e
tantos outros não menos importantes que estes antes ci-
tados. Como afirmou Gallindo, “as coletâneas são como
as publicações de obras completas de autores vivos: ficam
sempre incompletas”, mas acredito piamente que fizemos
um belo trabalho.
Lançada a antologia de contos, era chegado o momento
de voltar a atenção para a publicação de uma antologia de
crônicas. Desta feita, a parceria na organização seria com
o professor Luiz Carlos Monteiro. A antologia Cronistas de
Pernambuco reflete um esforço literário de forte expressivi-
dade cultural, no sentido de trazer a lume escritores de pe-
ríodos diferenciados da vida e da história pernambucanas.
São autores de variada origem e tendência profissional e
artística, do século XIX até os dias atuais. A importância
dessa contribuição cultural evidencia-se pelo registro lite-
rário que tais autores empreenderam na forma da crôni-
ca, reunindo pequenos ou grandes acontecimentos, fatos e
eventos cotidianos que a notícia de jornal não pode expri-
mir com a poesia e a sutilidade que a crônica requer.
O mundo, cada vez mais individualista e fragmentado,
precisa unir-se, e uma antologia é uma tentativa de união.
João Cabral de Melo Neto mostra que a reunião de diver-
sos cantos é a responsável por uma grande manhã:
35
“Um galo sozinho não tece uma manhã
ele precisará sempre de outros galos.
(...) para que a manhã, desde uma teia tênue
se vá tecendo, entre todos os galos.”
O sociólogo Renato Carneiro Campos, em um ensaio
intitulado Joaquim Nabuco: um agitador de ideias, afirma que,
se tivesse que escolher um Estado, na Federação, para re-
presentar D. Quixote, este Estado seria Pernambuco, pois
“Não lhe faltam magreza, loucura e sonho para tanto”.
Realmente, Renato tinha razão. Pernambuco, com suas
revoluções falhadas e seus movimentos libertários abafados
a ferro e a fogo, é uma espécie de D. Quixote da Federação.
Em virtude dos seus ideais republicanos, manifestados em
1817, quando foi proclamada a República de Pernambuco,
e em 1824, quando se desenrolou a Confederação do Equa-
dor, o território da antiga Província de Pernambuco perdeu
as Comarcas das Alagoas e a do São Francisco. Contudo, Per-
nambuco resistiu e nunca deixou de sonhar e de fazer arte.
Certa vez, Alceu Amoroso Lima disse que, quando o
Brasil está em crise, se volta para cá, para a região cortada
pelo Rio São Francisco, que é conhecido como o “Rio da
Integração Nacional”.
Que o sol de Pernambuco e a força de sua poesia e
de seus ideais libertários, forjados na luta de gerações,
acendam uma luz no meio da escuridão e nos mostre o
verdadeiro caminho da nação brasileira. A série Pernam-
buco em Antologias é exatamente isso. É um meio de mos-
trar ao Brasil e ao mundo o valor desta terra iluminada,
tanto pelo sol estampado em nossa bandeira, quanto no
valor histórico, cultural e intelectual do nosso povo. Além
de ser uma homenagem sincera que prestamos ao nosso
Estado e a cada um dos pernambucanos.
36
Prefácio
Nova colheita da poesia da terra
37
dade de expressão na vitrina do tempo presente, para todos
que, por interesses de pesquisa, análise, estudo ou simples
prazer estético, se movam em direção à arte literária no Es-
tado. No entanto, é preciso observar que o Pernambuco, terra
da poesia preserva, nesta segunda edição, o seu caráter docu-
mental e histórico, mais inclusivo que seletivo, mais exposi-
ção que análise, imprimindo, na linha do tempo, o percurso
da poesia através de quatro séculos.
É fácil constatar que essa mesma identidade permite à
obra mais facilmente pontuar-se nas mais diversas áreas da
leitura e do conhecimento, seja enquanto fonte, nas páginas
de monografias, dissertações e teses – a exemplo, das teses
de douramento de Isabel de Andrade Moliterno, “Imagens,
reverberações na poesia de Alberto da Cunha Melo: uma lei-
tura estilística”, defendida em 2008, na Universidade de São
Paulo, e a de Marcos D‟Morais Cunha, “A poesia da Geração
65”, defendida neste ano de 2010, na Faculdade de Letras
da Universidade do Porto – seja em jornais, revistas e uma
variada gama de publicações também e especialmente do
mundo eletrônico, onde verbetes e poemas são largamente
utilizados numa teia que se amplia e se enriquece e ultrapas-
sa as fronteiras dos “quatro pontos cardeais do mapa brasi-
leiro”, conforme previsto por Gilberto Mendonça Teles.
Essa repercussão de caráter externo incide na construção
de uma história da própria obra que se adensa com os novos
fatos que constrói, como a inserção de novo item no volume
a sua Fortuna Crítica, guardando as presenças na primeira
edição de dois grandes representantes da literatura brasilei-
ra, os poetas e críticos literários Gilberto Mendonça Teles e
Hildeberto Barbosa Filho. No que se refere à sua tessitura,
abriga-se, aqui, o registro da participação do poeta, jorna-
lista e sociólogo Alberto da Cunha Melo, que se incumbiu,
na primeira edição, da difícil tarefa de resgatar a estrutura
de palavras, versos e estrofes de poemas coletados em obras
raras do setor de mesmo nome da Biblioteca Pública Es-
38
tadual. O poeta morreu em 13 de outubro de 2007, mas,
além de sua presença poética, indispensável, resguarda-se
aqui o registro de sua participação na elaboração do volu-
me. É, em nome desse único ausente da nossa convivência,
que urge registrar e agradecer a todos que se somaram à
construção da obra na primeira edição, Raimundo Gade-
lha, editor; Helena M. Uchara, coordenação editorial; Leila
Teixeira, assessoria técnico-administrativa; Isabel de Andra-
de Moliterno, revisão; Ninon Tásia da Silva Alves, auxiliar
de pesquisa; Luiz Arrais, projeto gráfico; Elisa M. B. Torres,
editoração eletrônica; Assis Lima, fotos; Elisa M. B. Torres e
Nádia Reinig Moreira; nomes que fundam, neste parágrafo,
nossa diretriz de repercussão e exemplo.
Enriquecendo o caráter de abrangência, revelam-se, nes-
ta edição, mais 12 poetas, dois deles de grande representa-
ção para a história da literatura pernambucana: Ulisses Lins
de Albuquerque (1889-1979) e Alcides Lopes de Siqueira
(1901-1977), situados no início do século XX, além de inau-
gurar a homenagem ao poeta compositor e folclorista Zé
Dantas (1921-1962), em nome dos que se notabilizaram
através do cancioneiro popular. Eles se somam aos poetas
Job Patriota, Lourival Batista e Zeto, a linhagem poética in-
crustada no Sertão do Pajeú, que se projeta hoje na inclusão
de uma das maiores lideranças literárias do sertão, o poeta
Dedé Monteiro (primeiro lugar do 4º Prêmio Internacional
Poesia ao Vídeo 2010) e se estende para Ésio Rafael, com
sua relevante atuação na vida da poesia do repente, até o
ponto final da coletânea representada pelo poeta Antonio
Marinho. A tradição poética se eleva na presença da grande
poetisa pernambucana Maria do Carmo Campello de Melo,
contemporânea e amiga de Celina de Holanda Cavalcanti,
atuações inesquecíveis da vida cultural do Estado. A nova
presença de Suzana Brindeiro Geyerhahn resgata a convi-
vência distante com a poesia da Geração 65, que se alteia
aqui, graças ao contato do professor e poeta Luiz Carlos
39
Monteiro, com a poesia de um de seus maiores incentivado-
res o poeta Galdstone Vieira Belo, citado em diversas fontes
sobre essa geração. Colheu-se também a poesia dos mais
contemporâneos, Tadeu Alencar, Ivan Marinho, Múcio de
Lima e Góes e Antônio Campos, o parceiro organizador
desta obra, que revela a poesia que o acompanha entre suas
diversas atuações na área literária, seja como articulista, en-
saísta e conferencista.
Enriquecem-se também os verbetes com atualizações,
mas se mantém a formatação original em nome do perfil
histórico, elo didático entre a exemplificação do texto poéti-
co e o compromisso informativo da obra. Há que se agrade-
cer a todos que colaboraram com o envio de suas atualiza-
ções e novas informações, especialmente aos poetas Marcos
Cordeiro e Myriam Brindeiro.
É preciso recordar que o critério de “domicílio literá-
rio”, legado pelo grande mestre, poeta e crítico César Leal,
utilizado desde a primeira edição, representa o suporte teó-
rico para a inserção de poetas que não nasceram em Per-
nambuco, mas cuja produção literária e atuação no mundo
cultural do Estado se revestem de significativa notoriedade.
Seguindo a objetividade de um “painel” e obedecendo ao
critério documental investido no caráter histórico, a obra
exibe o transcurso de diversos estilos e gerações, como a de
65, que, lançada por César Leal, recebeu dele o incentivo e
registra presença decisiva na literatura brasileira.
Amparados na natureza primeva da vida literária per-
nambucana, berço de nosso nativismo literário há 409 anos,
Prosopopeia (1601), esta edição homenageia a ficcionista Cla-
rice Lispector, que destinou a poesia que escreveria a suas
personagens, como em Joanna, de Perto do coração selvagem
(1943), numa verdadeira poética do narrar, como pontua Ná-
dia Batella Gotlib, em Clarice, uma vida que se conta (2009, p.
196), com anuência de críticos como Sérgio Milliet, Antonio
Candido e Massaud Moisés; lembrando a Geografia funda-
40
dora da escritora Clarice, na nossa Terra da poesia, tão bem
fundamentada por Antônio Campos em seu artigo do livro
Diálogos contemporâneos (2010, p. 35). Foi em Pernambuco
que a menina Clarice definiria seu destino de escritora em
língua portuguesa e daria os primeiros passos em sua poéti-
ca de ficção. Portanto, a homenagem transcende ao caráter
cronológico dos 90 anos de seu nascimento, e registra a sua
definitiva presença em nossa literatura, devidamente inse-
rida nas páginas da edição 2010 da Panorâmica do conto em
Pernambuco, organizada por Antônio Campos e Cyl Gallin-
do. Pequeno fragmento de texto de Clarice Lispector é uma
das nossas epígrafes, que se une à permanência do poema
“Tecendo a manhã”, de João Cabral de Melo Neto, inseri-
do na primeira edição, em função de um dado histórico:
também comemoramos, neste ano de 2010, os 90 anos de
nascimento do poeta de Educação pela pedra.
Mais se alargam os horizontes, mais se conscientiza a na-
cionalidade da urgência de muitos outros painéis, panora-
mas e antologias da literatura brasileira, que precisam ser
editados, não apenas para a preservação do presente, mas
também, para o resgate e perpetuação do nosso passado
literário, conforme a lição de Antonio Joaquim de Mello, na
nossa epígrafe. Cultua-se, aqui, essa lição ao modo de outra
que estes versos de João Cabral de Melo Neto nos ensinam:
“(..) se encorpando em tela, entre todos,/ se erguendo tenda,
onde entrem todos,/ se entretendendo para todos, no toldo”
desta segunda edição do Pernambuco, terra da poesia, colheita
da poesia da terra, no celeiro dos nomes de todos poetas e
dos construtores desta segunda edição nesta homenagem:
Adelmar Tavares; Andréia Caroline Pereira de Oliveira;
Alberto da Cunha Melo; Alcides Lopes de Siqueira; Almir
Castro Barros; Alvacir Raposo; Ana Maria César; Ângelo
Monteiro; Anna Alexandrina Cavalcanti D‟Albuquerque;
Antônio Campos; Antonio de Campos; Antonio Marinho;
Ariano Suassuna; Arnaldo Tobias; Ascenso Ferreira; Assis
41
Lima; Audálio Alves; Austro Costa; Bartyra Soares; Bastos
Tigre; Benedito Cunha Melo; Bento Teixeira; Carlos Morei-
ra; Carlos Pena Filho; Carneiro Vilela; Celina de Holanda;
Celso Mesquita; César Leal; Chicão – Francisco José Trin-
dade Barrêto; Cícero Melo; Cida Pedrosa; Clélia Silveira;
Cloves Marques; Cyl Gallindo; Deborah Brennand; Dedé
Monteiro – José Rufino da Costa Neto; Delmo Montenegro;
Demóstenes de Olinda; Deolindo Tavares; Dione Barreto;
Domingos Alexandre; Edmir Domingues; Edson Régis;
Eduardo Diógenes; Eduardo Martins; Edwiges de Sá Perei-
ra; Elizabeth Hazin; Emília Leitão Guerra; Erickson Luna;
Esdras Farias; Ésio Rafael; Esman Dias; Eugênia Menezes;
Eugênio Coimbra Jr.; Everardo Norões; Faria Neves Sobri-
nho; Fátima Ferreira; Fernando Monteiro; Flávio Chaves;
Francisca Izidora Gonçalves da Rocha; Francisco Altino de
Araújo; Francisco Bandeira de Mello; Francisco Espinhara;
Francisco Ferreira Barreto; Frei Caneca; Geraldino Brasil;
Gilberto Freyre; Gladstone Vieira Belo; Helder Camara
[Dom]; Homero do Rêgo Barros; Isac Santos; Ivan Mari-
nho; Ivanildo Vila Nova; Jaci Bezerra; Jairo Lima; Janice
Japiassu; Joanna Tiburtina da Silva Lins; João Cabral de
Melo Neto; João Nepomuceno da Silva Portella; Joaquim
Cardozo; Job Patriota; Jorge Wanderley; José Almino; José
Carlos Targino; José Mário Rodrigues; José Rodrigues de
Paiva; Juhareiz Correya; Leila Teixeira; Lenilde Freitas;
Lourdes Nicácio; Lourdes Sarmento; Lourival Batista; Luci-
la Nogueira; Lúcio Ferreira; Luis Manoel Siqueira; Luiz Al-
ves Pinto; Luiz Carlos Duarte; Luiz Carlos Monteiro; Maciel
Monteiro; Malungo – José Carlos Farias da Silva; Manuel
Bandeira; Manuel de Souza Magalhães; Marcelo Mário de
Melo; Marcelo Pereira; Márcia Maia; Marco Polo Guimarães;
Marcos Cordeiro; Marcos D‟Morais; Marcus Accioly; Maria
da Paz Ribeiro Dantas; Maria de Lourdes Hortas; Maria
do Carmo Barreto Campello de Melo; Maria Heraclia de
Azevedo; Marilena de Castro; Mário Hélio; Mario Melo;
42
Maurício Motta; Mauro Mota; Mauro Salles; Maximiano
Campos; Medeiros e Albuquerque; Micheliny Verunschk;
Montez Magno; Múcio Leão; Múcio de Lima Góes; Myriam
Brindeiro; Natividade Saldanha; Nelson Saldanha; Nor-
ma Baracho Araújo; Odile Vital César Cantinho; Olegário
Mariano; Olímpio Bonald Neto; Orismar Rodrigues; Orley
Mesquita; Patrícia Lima; Paulino de Andrade; Paulo Ban-
deira da Cruz; Paulo Bruscky; Paulo Caldas; Paulo Cardoso;
Paulo de Arruda; Paulo Gustavo; Pedro Américo de Farias;
Pedro Xisto; Pietro Wagner; Potiguar Matos; Rita Joanna de
Souza; S.R. Tuppan; Sebastião Uchoa Leite; Sebastião Vila
Nova; Sérgio Moacir de Albuquerque; Sérgio Bernardo; Se-
verino Filgueira; Silvana Menezes; Solano Trindade; Suzana
Brindeiro Geyerhahn; Tadeu Alencar; Tarcísio Meira César;
Tarcísio Regueira; Targélia Barreto de Meneses; Tereza Te-
nório; Tobias Barreto; Tomás Seixas; Ulisses Lins de Albu-
querque; Vanildo Bezerra; Vernaide Wanderley; Vicente do
Rego Monteiro; Vital Corrêa de Araújo; Vitoriano Palhares;
Waldemar Cordeiro; Waldemar Lopes; Waldimir Maia Lei-
te; Walter Cabral de Moura; Weydson Barros Leal; William
Ferrer Coelho; Wilson Araújo; Zé Dantas – José de Souza
Dantas Filho; Zeto – José Antônio do Nascimento Filho.
43
44
Bento Teixeira
(± 1550-1600)
PROSOPOPÉIA
[fragmentos]
DESCRIP –
ção do Recife de Paranambuco.
XVII
PERA A parte do Sul, onde a pequena,
Vrsa, se vé de guardas rodeada,
Onde o Ceo luminoso, mais serena,
Tem sua influyção, & temperada.
Iunto da noua Lusitania ordena,
A natureza, mãy bem atentada,
Hum porto tam quieto, & tam seguro,
Que pera as curuas Naos serue de muro.
XVIII
He este porto tal, por esta posta,
Huma cinta de pedra, inculta, & viua,
Ao longo da soberba, & larga costa,
Onde quebra Neptuno a furia esquiua.
Antre a praya, & pedra descomposta,
O estanhado elemento se diriua,
Com tanta mansidão, que huma fateyxa,
Basta ter à fatal Argos anneyxa.
45
XIX
Em o meyo desta obra alpestre, & dura,
Huma boca rompeo o Mar inchado,
Qua na lingoa dos barbaros escura,
Paranambuco, de todos he chamado.
De Para, na que he Mar, Puca rotura
Feyta com furia desse Mar Salgado,
Que sem no deriuar, commetter mingoa,
Coua do Mar se chama em nossa lingoa
XX
Pera entrada da barra, á parte esquerda,
Està huma lagem grande, & espaçosa,
Que de Pyratas fora total perda,
Se huma torre tiuera sumptuosa.
Mas quem por seus seruiços bõs não herda,
Desgosta de fazer cousa lustrosa,
Que a condição do Rey que não he franco,
O vassallo faz ser nas obras manco.
XXI
Sendo os Deoses á lagem já chegados,
Estando o vento em calma, o Mar quieto,
Depois de estarem todos sossegados,
Per mandado do Rey, & per decreto.
Proteu no Ceo, cos olhos enleuados,
Como que inuistigava alto secreto,
Com voz bem entoada, & bom meneyo,
Ao profundo silencio, larga o freyo.
46
CANTO DE PROTEU
XXII
Pellos ares retumbe o graue accento,
De minha rouca voz, confusa, & lenta,
Qual toruão espantoso, & violento,
De repentina, & horrida tormenta.
Ao Rio de Acheronte turbulento,
Que em sulphureas burbulhas arrebenta,
Passe com tal vigor, que imprima espanto,
Em Minos riguroso, & Radamantho.
XXIII
De lanças, & descudos encantados,
Não tratarey em numerosa Rima,
Mas de Barões Ilustres afamados,
Mais que quantos a Musa nam sublima.
Seus heroycos feytos extremados,
Affinarão a dissoante prima,
Que não he muyto tam gentil subjeyto,
Supplir com seus quilates meu defeyto.
XXIV
Não quero no meu Canto alguma ajuda,
Das noue moradoras de Parnaso,
Nem material tam alta quer que alluda,
Nada ao essencial deste meu caso.
Porque dado que a forma se me muda,
Em falar a verdade, serey raso,
Que assim cõuem fazello, quem escreue
Se á justiça quer dar o que se deue.
47
Rita Joanna de Souza
(1696-1718)**
48
(In Pernambucanas illustres, 1879, p. 96)
49
(In Pernambucanas illustres, 1879, p. 97)
50
(In Pernambucanas illustres, 1879, p. 98)
51
(In Pernambucanas illustres, 1879, p. 99)
52
(In Pernambucanas illustres, 1879, p. 100)
53
(In Pernambucanas illustres, 1879, primeira capa)
54
Manuel de Souza Magalhães
(1744-1800)**
SONETO (1)
55
OUTRO (1)
(1) Por ocasião das festas dos casamentos dos Infantes de Portugal e
Espanha em 1784, as quais se celebraram em Pernambuco no mes-
mo ano, e no dia aniversário do natalício da Rainha D. Maria IV,
sendo Governador José César de Menezes, e Bispo D. Diogo.
56
Luiz Alves Pinto
(± 1745 – ± 1815)**
57
De perfídia e ambição não vista fúria.
Por toda a Grécia as novas se espalharam,
Que impelidas à vergonhosa fuga,
Do rei Troante as tropas mais soberbas
Corriam derrotadas e confusas.
Soube que o Valeroso Florisbelo
O escudo embraça; a grande espada empunha
Vence e despoja dos vitais alentos
Dessa Grécia a fortíssima coluna.
Celauro rompe com a cavalaria
Todo o exército; mas com mais fortuna.
Eles repetiram as tristes ânsias
Em que o império desse Rei flutua.
Excelsa glória os coroa, e de mim longe
O apoucá-la em vozes diminutas;
Apenas em períodos mui breves
Minha idéia a catástrofe debuxa:
E havendo original, é desacerto
Fiar-se nas idéias da pintura.
(Vozes) Vivam os nossos generais, etc.
58
João Nepomuceno da Silva Portella
(1766-1810)**
ENCÔMIO DE REPETIÇÃO
Bendita sejas,
Ó doce Bárbara,
Ó virgem cândida,
Mártir fortíssima!
Destes louvores
Tu és mui digna;
Ouve benigna
Nossos clamores.
Cântico
Quando gravaste
No duro mármore
Do lenho Lenho sacro
O sinal místico
Ao Pai irado
Então confessas,
Que a lei professas
Do Deus chagado...
Ardendo em ira
O cego Idólatra,
Do peito exala
Furor terrífico
59
A ser feroz
No seu delírio
Do teu martírio
Primeiro algoz.
Do Pai tirano
Fugindo tímida,
Que contra ti
Se lança pérfido
Para livrar-te,
Com mais brandura,
A pedra dura
Por si se parte
Ao Juiz fero
Da lei gentílica
Rival te acusa,
Cruel, indômito.
Já rio tormento
A aguda dor
Obra o rigor
Sanguinolento.
Às mãos entregue
De algozes ímpios,
Cruéis açoites
Te deram rígidos:
Mas tudo isto
Mais te declara
Esposa cara
De Jesus Cristo
Correndo o sangue
Das chagas horridas,
Da prisão triste
Nas trevas lançam-te.
60
Para animar-te
Deus piedoso,
Divino Esposo,
Vem consolar-te.
Contigo sendo
De graça pródigo,
As tuas chagas
Cura benéfico.
Mas o tirano,
Com seu prestígio,
Nega o prodígio
Do Soberano
Do teu pudor O
casto lírio, Que
da pureza
Rebenta florido,
Pretende a fúria
De Monstros duros
De olhos impuros
Sinta a injúria.
A Deus oraste
Com fervor íntimo:
As tuas súplicas
61
Atende provido.
De claridade
A estola pura
Cobre a candura
Da virgindade.
Da tua vida
Já vais, ó Bárbara,
Dar por Jesus
Os passos últimos.
O Juiz forte,
Sem mais detença,
Deu a sentença
Da tua morte.
Rebenta vivo
O sangue tépido!...
Da impiedade
Fenece a vítima.
Voas contente
Com Deos a estar,
E a descansar
Eternamente.
Lá de Deus Alto
Ao trono fúlgido
62
Dirige as nossas
Súplicas fervidas.
Pois de louvores
Tu és mui digno
Ouve, benigna
Nossos clamores.
63
Frei Caneca
(1779-1825)**
DÉCIMAS
Se amor vive além da morte,
Eterno o meu há-de ser:
Se amor dura só na vida
Hei de amar-te até morrer.
GLOSA
Que um peito, Anália, sensível,
Desses teus olhos ferido
Não te caia aos pés rendido,
Me parece um impossível.
Antes só tenho por crível
Que todo a ti se transporte,
E te reste amor tão forte,
Em teu serviço jocundo,
Que te ame além do mundo
Se amor vive além da morte.
64
E se posso hoje prever
Os sucessos do futuro,
Entre os fogos de amor puro
Eterno o meu há de ser.
Em ambas suposições
Não és de mim separada;
Que me estás amalgamada
Da mente nas sensações;
E pois modificações
Só por si não pode ser,
Hás de eterna em mim vier,
Se eu tenho uma alma imortal;
Ou se ela é material,
Hei de amar-te até morrer.
65
ENTRE MARÍLIA E A PÁTRIA
A medonha catadura Da
morte fria e cruel, Do
rosto só muda a cor Da
pátria ao filho infiel.
66
Francisco Ferreira Barreto
(1790-1851)**
ANACREÔNTICA
Vem escutar-me
Oh! Lilia! Vem!
O amor, que eu tenho,
De amor provém.
Nize é formosa
Márcia também:
Tanta beleza
Não me entretém.
Outras contemplo,
Mil graças têm;
Mas eu às outras
Não quero bem.
Jove tratou-te
Só com desdém.
Melhor, não deves
Nada a ninguém.
67
Juntem-se todas,
Tudo me deem:
Desprezo tudo,
Que as outras têm.
68
SONETO
69
Natividade Saldanha
(1796-1830)**
SONETO
70
AOS FILHOS DA PÁTRIA
71
Maciel Monteiro
(1804-1869)**
UM SONHO
Ao embarque e partida de uma Senhora.
72
Esvaiu-se a visão, qual nuvem áurea
ao bafejar da vespertina aragem;
se aos olhos eu perdia a imagem sua,
no meu peito eu achava a sua imagem.
73
INSPIRAÇÃO SÚBITA
A Rosina Stoltz em uma representação da “Favorita”.
74
Mistério augusto que do Eterno ao fiat
surgiste, qual visão que atrai, fascina;
se da mulher teu corpo veste a forma,
arde no gênio tua chama divina.
75
Tobias Barreto
(1839-1889)
EU AMO O GÊNIO
76
A ESCRAVIDÃO
77
Vitoriano Palhares
(1840-1890)**
NEGRO ADEUS
78
CANTANDO
79
Carneiro Vilela
(1846-1913)**
NINHO DE CONDOR
80
Ou desça sobre si das túrbidas alturas,
Ao embate feroz das nuvens em torturas,
Por entre o ribombar de rábidos trovões,
O raio que estaleja em lívidos clarões;
Nada, nada o perturba: em seu longo passeio
Sorri do vendaval surgindo-lhe do meio.
81
SERENATA
82
Mas não tardes! Vem depressa!
Já murcha do cálix a flor.
Pousa a pálida cabeça.
Dos meus seios no calor.
83
Francisco Altino de Araújo
(1849–)**
A UMA MENINA
84
Francisca Izidora Gonçalves da Rocha
(1855-1918)**
CENA CAMPESTRE
85
Rosa habitava ali, por entre as selvas,
– Rosinha, a fada desses prados belos...
Saia de chita, cabeção de rendas
E um cravo branco oculto entre os cabelos.
86
Sob os galhos flexíveis dos salgueiros
Cantava a juriti canções saudosas...
Juntava a voz ao murmurar da fonte
E ao ciciar d‟aragem sobre as rosas.
87
ILHA DE CORAL
88
Soltas as tranças perfumando a brisa,
E o peito em ondas d‟infantil prazer,
Como a gazela do deserto Assírio
Inocente e gazil sempre a correr...
....................................................................................
89
Anna Alexandrina Cavalcanti
D‟Albuquerque
(1860–)**
O NEGRO
90
O negro, qual carvalho secular, Levanta
o busto forte e vigoroso, Ampara a fraca
irmã no braço hercúleo,
Conchega-a ao peito com desvelo ansioso.
91
E além, entre as brumas do horizonte,
Um ponto luminoso vai surgindo,
É a civilização, que altiva e ousada,
Nas trevas da ignorância avança rindo.
92
O QUE MAIS QUERES?
93
Joanna Tiburtina da Silva Lins
(± 1860-1905)**
MEUS SONHOS
“Se o futuro atirar-me algumas palmas
As palmas do cantor são todas tuas.”
94
A VIRTUDE
95
Maria Heraclia de Azevedo
(± 1860–)**
(Fragmentos)
CETICISMO
NOITES DA POETISA
96
CONFIDÊNCIAS
97
Medeiros e Albuquerque
(1867-1934)**
ARTISTAS
98
17 DE NOVEMBRO DE 1889
(Por ocasião da partida de D. Pedro II)
99
possa encontrar indômito soldado
que lhe venha por ti dar-nos combate.
100
Faria Neves Sobrinho
(1872-1927)**
O RIO
10
1
CEGO DE AMOR
102
Demóstenes de Olinda
(1873-1900)**
NOIVA MÍSTICA
10
3
CROMO
104
Paulo de Arruda
(1873-1900)**
DESESPERO
10
5
COVARDIA
106
Targélia Barreto de Meneses
(1879-1909)**
SONETO
A Venâncio Filho
10
7
VIOLETAS
108
Bastos Tigre
(1882-1957)**
SINTAXE FEMININA
10
9
ARGUMENTO DE DEFESA
110
Emília Leitão Guerra
(1883-1966)**
AMO-TE
11
1
SE EU PUDESSE VOAR
112
Da ausência o vero amor frustrou o intento;
O espaço não nos pode separar,
Estou contigo pelo pensamento,
Mesmo sem asas, mesmo sem voar.
11
3
Mario Melo
(1884-1959)**
SONHANDO
114
AUSENTE
11
5
Edwiges de Sá Pereira
(1885-1959)**
PELA NOITE
116
A UMA ESTRELA
11
7
Manuel Bandeira
(1886-1968)**
ARTE DE AMAR
118
PROFUNDAMENTE
11
9
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
– Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo. Profundamente.
120
Paulino de Andrade
(1886–)**
OLINDA
12
1
A EMOÇÃO
122
Adelmar Tavares
(1888-1963)**
A CIDADE DE RECIFE
12
3
TROVAS
124
Ulisses Lins de Albuquerque
(1889-1979)**
A SERIEMA
12
5
CONCEIÇÃO
126
Esdras Farias
(1889-1955)**
12
7
PARA VOCÊ MESMO, ESDRAS
128
Olegário Mariano
(1889-1958)**
ARREPENDIMENTO
12
9
AS ALMAS DAS CIGARRAS
130
Ascenso Ferreira
(1895-1965)**
NOTURNO
Sozinho, de noite,
nas ruas desertas
do velho Recife
que atrás do arruado
moderno ficou...
criança de novo
eu sinto que sou:
O rio soturno
tremendo de frio,
com os dentes batendo
nas pedras do cais,
tomado de susto
sem poder falar...
o rio tem coisas
para me contar:
13
1
Das casas fechadas e
mal-assombradas
com as caras tisnadas
que o incêndio queimou
pelas janelas esburacadas
eu sinto, tremendo,
que um olho de fogo
medonho me olhou:
Sozinho, de noite,
nas ruas desertas
do velho Recife
que atrás do arruado
moderno ficou...
criança de novo
eu sinto que sou:
132
TREM DE ALAGOAS
O sino bate,
o condutor apita o apito,
Solta o trem de ferro um grito,
põe-se logo a caminhar…
Mergulham mocambos,
nos mangues molhados,
moleques, mulatos,
vêm vê-lo passar.
– Adeus !
– Adeus !
Mangueiras, coqueiros,
cajueiros em flor,
cajueiros com frutos
já bons de chupar...
Mangabas maduras,
mamões amarelos,
mamões amarelos,
13
3
que amostram molengos
as mamas macias
pra a gente mamar
Na boca da mata
há furnas incríveis
que em coisas terríveis
nos fazem pensar:
Danou-se ! Se move, se
arqueia, faz onda... Que
nada ! É um partido já
bom de cortar...
134
– Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Cana caiana,
cana roxa,
cana fita,
cada qual a mais bonita,
todas boas de chupar...
13
5
Joaquim Cardozo
(1897-1978)**
CHUVA DE CAJU
1936
136
CANÇÃO PARA OS QUE NUNCA IRÃO NASCER
13
7
No espaço reflexo e no tempo inverso – PT
É o operador que realiza:
A passagem do Eléctron ao Pósitron – C
O operador C atua em forma esférica.
Quando o espaço-tempo marcha para o futuro,
Seguindo a esfera, o espaço-tempo, por trás,
Pelo passado vem voltando.
138
Mesmo no esplendor de longínquos universos,
Través a voz do rádio, esta canção
Ouvirás; longínqua e inesperada;
Ouvirás através das ondas hertzianas
que irão além dos quazais.
13
9
Múcio Leão
(1898-1969)**
AS LUAS
140
OS PAÍSES INEXISTENTES
14
1
E tu hás de repousar a cabeça no meu peito,
Deslumbrada pelos meus países inexistentes.
142
Austro Costa
(1899-1953)**
14
3
O CANTO DO CISNE
144
Vanildo Bezerra
(1899-1988)**
QUIXOTE MORTO
14
5
TELEVISÃO
146
Vicente do Rego Monteiro
(1899-1970)**
CARNAVAL FREVO
Um guarda-chuva
Dois guarda-chuvas
Cem guarda-chuvas
Girando
como piões
se entrechocando
dançam
E os pés
gotas
ressaltantes
estalam
marulham
sobre o chão
14
7
POEMA 100% NACIONAL
148
Gilberto Freyre
(1900-1987)**
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
de outro Brasil que vem aí
mais tropical
mais fraternal
mais brasileiro.
O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados
terá as cores das produções e dos trabalhos.
Os homens desse Brasil em vez das cores das
[três raças
terão as cores das profissões e regiões.
As mulheres do Brasil em vez das cores boreais
terão as cores variamente tropicais.
Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero
[o Brasil,
todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor
o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e
[o semibranco.
Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil
lenhador
lavrador
pescador
vaqueiro
14
9
marinheiro
funileiro
carpinteiro
contanto que seja digno do governo do Brasil
que tenha olhos para ver pelo Brasil,
ouvidos para ouvir pelo Brasil
coragem de morrer pelo Brasil
ânimo de viver pelo Brasil
mãos para agir pelo Brasil
mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e
[novo dos Brasis
mãos de engenheiro que lidem com ingresias
[e tratores europeus e
norte-americanos a serviço do Brasil
mãos sem anéis (que os anéis não deixam o homem
[criar nem trabalhar).
mãos livres
mãos criadoras
mãos fraternais de todas as cores
mãos desiguais que trabalham por um Brasil
[sem Azeredos,
sem Irineus
sem Maurícios de Lacerda.
Sem mãos de jogadores
nem de especuladores nem de mistificadores.
Mãos todas de trabalhadores,
pretas, brancas, pardas, roxas, morenas,
de artistas
de escritores
de operários
de lavradores
de pastores
de mães criando filhos
de pais ensinando meninos
150
de padres benzendo afilhados
de mestres guiando aprendizes
de irmãos ajudando irmãos mais moços
de lavadeiras lavando
de pedreiros edificando
de doutores curando
de cozinheiras cozinhando
de vaqueiros tirando leite de vacas chamadas
[comadres dos homens.
Mãos brasileiras
brancas, morenas, pretas, pardas, roxas
tropicais
sindicais
fraternais.
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
desse Brasil que vem aí.
15
1
SILÊNCIO EM APIPUCOS
As mangueiras
o telhado velho
o pátio branco
as sombras da tarde cansada
até o fantasma da judia rica
tudo esta à espera do romance começado
152
Alcides Lopes de Siqueira
(1901-1977)**
PANTALEÃO
Quero rever um a um
os meus amigos de infância
e os sítios onde brinquei:
o pátio da casa grande,
lagoa, ilhas, cacimbas,
veredas por onde andei.
15
3
Queridos entes anônimos,
pequenos seres tão caros
ao vê-los quanta emoção...
É como se eu apanhasse
pedaços da minha vida
que andassem soltos no chão...
154
De noite neste terreiro,
quando era noite de lua,
eu vinha me acomodar,
junto ao velho calumbi
e ouvia atento as histórias,
que ele sabia contar...
15
5
Fazenda velha querida,
ó como estás diferente
cadê o povo daqui?
Cadê os teus moradores?
Cadê os teus vaqueiros
do tempo em que aqui vivi?
Sertânia, 1954.
156
TEIA DE PENÉLOPE
15
7
Pedro Xisto
(1901–)**
no orvalho da face
agora um toque de sol
– instante do sangue
manga semi-aberta
de quimono: leque e mão
chamam primavera
primavera volta
(só eu sou do sonho ao sol)
primavera em volta
chuvinhas viviam:
fios fibrilas vidrilhos
titilam tilintam
precoce abandono
de folhas ao sol e ao solo
recolhe-as o outono
158
venha astro magnânimo:
na terra as celestes eras
penhasco e crisântemo
as sós sepulturas
caídas: ai! descaem púrpuras:
as folhas caducas
cá jerusalém
(tem o pó que o tempo tem)
lá jesus: além…
invertido amor
de fogo vivo a mar morto
o castigo-mor
nada sobrenada
branco e branco sobre branco
nada sobra nada
aves no ar se encantam?
e pelo espaço astronautas?
(anjos nos arcanos)
15
9
Eugênio Coimbra Jr.
(1905-1972)**
POBRE AMOR
160
DOIS SONETOS DE ABRIL
I
Tépido sol de abril, céu azulado
Com nuvens brancas, natureza viva.
E o vento rodopiando na lasciva
Folhagem deste parque abandonado.
II
Agora, neste abril, olhos fechados.
Mãos sobre o peito – derradeira imagem.
Foram-se outros abris na vã miragem
De outros abris felizes, sossegados.
16
1
Sempre voltaste quando no abandono
Te achavas só. Apagaram-se os círios
E agora não vens mais que eterno é o sono.
Não sei como viver o mês de maio.
Se é o mês das flores, mandar-te-ei dois lírios
Tão brancos quanto o teu último desmaio.
162
Solano Trindade
(1908-1974)**
FOI ASSIM...
Recife
Rua Direita
fundo das Águas Verdes
das mulheres perdidas
aí eu nasci
Recife
“Pontos” de facão cumprido
piano tocando valsa
pregões de negros nas praças
operários cigarreiros
soldado do 49.
Recife
“Jacaré sessenta”
“Uma vez só”
“Minha velha”
“Ostra chegada agora”
Recife
“Chora menino
pra comprar pitomba”
“O homem da bassoura
vai simbora”.
16
3
Recife
Greve no porto
Conflito na rua do Imperador.
Foi assim...
Recife
Charanga fazendo retreta
festejando minha roupa nova
no pátio do Terço embandeirado
Recife
Presépio de avencas
cheiro de canela
pastorinhas leves
menino Deus de pernas para cima
puríssimas canções.
Recife
Natal em Afogados
com bumba-meu-boi
e chegança
Recife
Campina de Bode
procissão dos Martírios
senhor de lindos cachos
carregado por pretos
de capa preta
Recife
festa do Poço
música bandeira
primeiro amor
164
Foi assim...
Recife
mamãe fazendo manguzá
papai batendo sola
Recife
pamonha
cuscuz e
angu Recife
cachaça boa
com “Maria Rachada”
um doce caju.
Recife
Capibaribe
“Chapéu de sol”
Toureiro de Santo Antônio
Recife
Negro Umbelino
rico pra burro
dono do bairro
de São José
Recife
frevo
serenata
melhor carnaval do mundo
16
5
melhor cidade da terra
melhor cantinho de céu
pra não perder a saudade.
166
TEM GENTE COM FOME
Piiiii!
Estação de Caxias,
de novo a correr,
de novo a dizer:
tem gente com fome,
tem gente com fome,
tem gente com fome...
Vigário Geral,
Lucas, Cordovil,
Brás de Pina,
Penha Circular,
Estação da Penha,
Olaria,
Ramos
Bonsucesso,
Carlos Chagas,
Triagem, Mauá,
trem sujo da Leopoldina,
correndo correndo,
parece dizer:
tem gente com fome,
tem gente com fome,
tem gente com fome...
16
7
Tantas caras tristes,
querendo chegar,
em algum destino,
em algum lugar...
Só nas estações,
quando vai parando,
lentamente,
começa a dizer:
se tem gente com fome,
dai de comer...
se tem gente com fome,
dai de comer...
se tem gente com fome,
dai de comer...
(In Tem gente com fome e outros poemas. Antologia poética, p.7-8)
168
Helder Camara [Dom]
(1909-1999)
ainda há
o agitar dos ramos,
movidos pelo vento...
No silêncio das águas
ainda há
o marulho das vagas
ou o cantar da correnteza
atravessando as pedras...
No silêncio dos céus,
ainda há
o palpitar das estrelas carregado
de mensagens. Aprende que não
basta falar para atingires o
silêncio... Enquanto os cuidados
te agitam ainda não penetraste
na área do grande silêncio.
E aí, somente aí,
se escuta a voz de Deus.
16
9
ATÉ O FIM
170
Benedito Cunha Melo
(1911-1981)* **
MAIO
17
1
TROVAS
172
Mauro Mota
(1911-1984)* **
HUMILDADE
17
3
MORTE SUCESSIVA
174
a mãe, a mulher, as rosas
na jarra azul abrindo,
os ponteiros
como uma pinça
extraindo
as horas felizes do relógio da sala,
não se foram sós, foram levando a tua vida fugitiva.
17
5
Waldemar Cordeiro
(1911-1992)* **
PRÓLOGO
176
SONETO
A meu pai
17
7
Waldemar Lopes
(1911-2006)**
LIÇÃO ANTIGA
178
SONETO DA VIDA E DA MORTE
17
9
Lourival Batista
(1915-1992)**
180
Tu surgiste do primeiro
poder perfeito e profundo.
Pra seres mãe do segundo,
foste esposa do terceiro.
De Ti nasceu o Cordeiro
na gruta em pobre recanto,
e os animais por encanto
não te causaram empecilho.
Filha do Pai, Mãe do Filho,
Esposa do Espírito Santo.
18
1
PAGANDO MOTES
(fragmentos)
182
Sua vida inda está boa
A minha é que está ruim
A sua está no princípio
A minha está bem no fim
Estou perto de estar longe
De quem está perto de mim
18
3
Odile Vital César Cantinho
(1915)* **
RIO DA SAUDADE
184
AXIOMA
18
5
Celina de Holanda
(1915-1999)* **
VIAGENS DE CELINA
186
(mal entendido sonho)
essa tensão
em teus olhos
tombados sobre a mesa.
OS AMIGOS
Os amigos chegam, ponho a mesa.
Branca, estendida a esperança.
Às sombras
rogo o ensejo do contraste
equilíbrio de opostos
necessário
ao claro, para a imagem.
Ó, a tristeza
de sermos o que somos e não
como queriam que fôssemos os que
amamos.
Os amigos chegam,
venham de onde vierem, ponho a mesa.
18
7
ELEGIAS PARA O PADRE ROMANO ZUFFEREY
PRIMEIRA ELEGIA
Um homem passou em minha vida
com a alegria de suas bem-aventuranças.
Seu nome era Romano Zufferey.
SEGUNDA ELEGIA
Esta lágrima é de outro,
rio vazante de enchentes,
poça d‟água
desviada do azul
e o sal das vagas.
É operária
e se mistura à minha
pobreza (desigual)
na casa, a terra,
o filho e o amado
que nos falta.
Cai sobre o corpo
estático, vazio
188
do amigo
que não se negava
a qualquer lágrima.
18
9
Tomás Seixas
(1916-1993)**
COLHIDOS DA SOMBRA
A BAILARINA
O teu silêncio que procura distâncias,
E te apoias de leve – no chão como se o ar te faltasse
Que distâncias percorrestes?
E o teu suor, superfície de rosa
Quem te ensinou?
Tuas mãos e os saltimbancos
Quanto tempo em conúbio
Com eles vivestes
Alada.
O chão teclado e o teu esqueleto
Tua álgebra feita de pés e mãos
E o segredo de formas nunca vistas que revelas
Crias e num instante aniquilas
Tua criação.
Por que não voas
Irmã?
190
ACONTECE
A PANTERA
“A incessante notícia de uma luta
com as panteras bruscas do invisível.”
[Paulo Mendes Campos]
Tudo é assim
Acontece
Acontece uma coisa e depois outra
Acontece o dia primeiro da Criação
Acontece o primeiro homem e acontece
[a primeira mulher
Acontece depois Caim
Acontece o tempo
Acontece o medo e acontece a esperança
Acontece o que em ti, e em mim, é receio
Acontece uma lua nova, uma flor, um morto
[pela madrugada
Em cada fração de um segundo acontecem
[séculos, milênios
Acontece uma luta, permanente e invisível
[contra o invisível
Acontece.
19
1
SONATA À LÍLIAN OU AS SOMBRAS NO ESPELHO
(Fragmento)
192
de grande importância.
E todas essas pessoas insistiam
em dizer que eu estava muito melhor.
E aquelas visitas e aquelas palavras
eram para mim um tormento.
E houve muitos risos e muitas palavras
alegres e tinidos de copos de cristal na
mesa da sala de jantar.
Mas no meio de tanta alegria
eu me sentia inexplicavelmente assustado
e me esquecia dos variados presentes que
haviam me dado.
E era como se tivesse vivido
já outra vida e houvesse conhecido também
outra morte.
E de antemão conhecia já todas as dores
e todos os disfarces.
19
3
Carlos Moreira
(1918)
AÇUCENA
194
SONETO DO TÉDIO
19
5
Deolindo Tavares
(1918-1942)**
AUSÊNCIA
Para Eliza, minha mãe
196
e teus lábios pronunciando palavras de júbilo,
e tua voz soando na minha voz,
e meu corpo, meu espírito e meus sentidos
se reintegrarão neste instante na tua memória para
[a eternidade.
19
7
O POETA
198
Homero do Rêgo Barros
(1919)* **
VER O RECIFE
19
9
O SOL
200
Clélia Silveira
(1920)**
Maria,
voltei a fazer poesia.
Regressei ao país do sonho,
saí do pesadelo da realidade.
Regressei à juventude
certa da força do meu sangue
e da capacidade
de renascer das próprias cinzas.
20
1
EDIFÍCIO APAGADO
O tempo passa
e, implacável, apaga
as luzes do corpo:
as pernas, trôpegas;
os olhos cegos;
órgãos retirados
nos blocos cirúrgicos.
Substituídos pelas próteses da angústia.
Os passantes apagaram as luzes
em todos os pavimentos
deixando na escuridão
o edifício do corpo.
202
João Cabral de Melo Neto
(1920-1999)**
I / PAISAGEM DO CAPIBARIBE
§ A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.
§ Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.
20
3
§ Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.
Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.
§ Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.
§ Abre-se em flores
pobres e negras
como negros.
Abre-se numa flora
suja e mais mendiga
como são os mendigos negros.
Abre-se em mangues
de folhas duras e crespos
como um negro.
204
§ E jamais o vi ferver
(como ferve
o pão que fermenta).
Em silêncio,
o rio carrega sua fecundidade pobre,
grávido de terra negra.
§ Em silêncio se dá:
em capas de terra negra,
em botinas ou luvas de terra negra
para o pé ou a mão
que mergulha.
20
5
§ Algo da estagnação
dos palácios cariados,
comidos
de mofo e erva-de-passarinho.
Algo da estagnação
das árvores obesas
pingando os mil açúcares
das salas de jantar pernambucanas,
por onde se veio arrastando.
§ (É nelas,
mas de costas para o rio,
que “as grandes famílias espirituais” da cidade
chocam os ovos gordos
de sua prosa.
Na paz redonda das cozinhas,
ei-las a revolver viciosamente
seus caldeirões
de preguiça viscosa.)
§ Aquele rio
saltou alegre em alguma parte?
Foi canção ou fonte
em alguma parte?
Por que então seus olhos
vinham pintados de azul
nos mapas?
...........................................................................
206
IV/DISCURSO DO CAPIBARIBE
§ Aquele rio
está na memória
como um cão vivo
dentro de uma sala.
Como um cão vivo
dentro de um bolso.
Como um cão vivo
debaixo dos lençóis,
debaixo da camisa,
da pele.
§ O que vive
incomoda de vida
o silêncio, o sono, o corpo
que sonhou cortar-se
roupas de nuvens.
O que vive choca,
tem dentes, arestas, é espesso.
O que vive é espesso
como um cão, um homem,
como aquele rio.
20
7
§ Como todo o real
é espesso.
Aquele rio
é espesso e real.
Como uma maçã
é espessa.
Como um cachorro
é mais espesso do que uma maçã.
Como é mais espesso
o sangue do cachorro
do que o próprio cachorro.
Como é mais espesso
um homem
do que um sangue de um cachorro.
Como é muito mais espesso
o sangue de um homem
do que um sonho de um homem.
§ Espesso
como uma maçã é espessa.
Como uma maçã
é muito mais espessa
se um homem a come
do que se um homem a vê.
Como é ainda mais espessa
se a fome a come.
Como é ainda muito mais espessa
se não a pode comer
a fome que a vê.
208
§ Aquele rio
é espesso
como o real mais espesso.
Espesso
por sua paisagem espessa,
onde a fome
estende seus batalhões de secretas
e íntimas formigas.
§ E espesso
por sua fábula espessa;
pelo fluir
de suas geleias de terra;
ao parir
suas ilhas negras de terra.
20
9
§ Espesso,
porque é mais espessa
a vida que se luta
cada dia,
o dia que se adquire
cada dia
(como uma ave que vai
segundo conquistando
seu voo).
210
FÁBULA DE UM ARQUITETO
2
Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até refechar o homem: na capela útero,
com confortos de matriz, outra vez feto.
21
1
Potiguar Matos
(1921)**
212
V
A relva macia
de suaves tons intemporais
verde de mar
castanhos e morenos tropicais
negros da noite
abissal e devorante…
Do fundo vale nascem
névoas de sonho
a relva é tapete oriental
mitos se renovam
em carne viva
cantam canções de amor e morte…
Nos seus mistérios azulescidos
e fatais
ser vegetal e puro estou perdido
criança regressando ao ventre mãe
a solidão e paz do mundo.
21
3
Zé Dantas –
José de Sousa Dantas Filho
(1923-1966)**
ACAUÃ
Acauã, acauã
Vive cantando
Durante o tempo do verão
No silêncio das tarde agoirando
Chamando a seca pro sertão
Chamando a seca pro sertão
Acauã, acauã
Teu canto é penoso e faz medo
Te cala acauã
Que é pra chuva voltar cedo
Que é pra chuva voltar cedo
Toda noite no sertão
Canta o joão-corta-pau
A coruja, mãe da lua O
peitica e o bacurau Na
alegria do inverno
Canta sapo, jia e rã
Mas na tristeza da seca
Só se ouve acauã
Acauã, acauã...
214
A VOLTA DA ASA BRANCA
21
5
Edson Régis
(1923-1966)**
COMPOSIÇÕES
I
Não terei a pressa
que aniquila o verso.
Na manhã presente
a flor talvez não seja
como anunciaram.
Esta é a palavra de
límpida fonte, precisa
como o sábado, nítida
e leve
como pura lágrima,
lenta, rolando
pela face:
liga teu verso
a ti mesmo
que ao céu noturno
será mais puro,
embora um mistério.
216
II
Agora que é noite
e resta apenas uma estrada
o silêncio é cultivado
até a aurora.
Na fria areia
o primitivo gesto
do poeta dorme
Asas lhe faltam,
à terra está preso.
Noite de ferro
pesa nos seus braços.
o poeta entrega-se
aos seus hábitos
e prepara uma fuga
– um novo reino
entre a vida e a morte.
21
7
AUSÊNCIA
218
César Leal
(1924)*
O SONÂMBULO
Os mistérios do céu
refletidos nas vagas
devolvem ao mar os nimbos
na luz dissolvidos,
a noite é um losango,
o sono é vertical,
a morte, a luz de um
sonho adormecido.
No seio da linguagem
por um astro
– vesti-lo em brumas
quando despertado,
ter sempre um ar de vivo,
se dormindo,
de morto, sempre um ar
quando acordado.
As sombras do ciclone
são árvores oblíquas,
vozes adormecidas
dentro de mim carrego,
na terra não há curvas
nem vulcões nem abismos:
– o círculo do horizonte é infinito e cego.
21
9
CIDADE OU CIDADELA?
A Luciano Siqueira
220
A morte segue os nossos passos,
não escolhe a vida que rebenta,
chega veloz, nasce nas armas,
suprime a luz: morte violenta.
22
1
William Ferrer Coelho
(1924-2006)*
SIMUN
Sou a saudade
relembrando você,
nauta dos mares distantes
e dos silêncios atlânticos.
Sou a saudade dos festejos
do frenesi das ondas
e dos encantos das noites enluaradas.
Sou saudade, sim.
Sou o simun que sopra nas tardes
do sáfaro deserto.
Confesso –
sou apenas a saudade.
222
PROPOSTA
22
3
Maria do Carmo Barreto Campello
de Melo
(1924-2008)*
DEPOIMENTO
I
Agora
devo só esperar que as coisas aconteçam
anti-ser anti-sendo
e surpreendendo o avesso das coisas:
o som silente do grito
estrangulado na garganta e
o anti-sol
desta manhã nasce/morrendo.
Difícil, amigo
é ser poeta nestes tempos
e nesta hora em que devo esperar
que as coisas aconteçam e
escrevo sobre a água um poema de amor
que não lerás.
224
II
22
5
III
Meu espanto
e este som branco e mudo
que se evola de mim e me redime.
Mas que denúncia assumirei se me sustenho em
andaimes de vidro
e não sou senão o ressoar
do que sangra no mundo
e pede aos céus vingança?
Amigo,
somos combatentes derrotados de outras lutas
presos na armadilha fatal que nos armaram
e no entanto sabes
que o mel da ternura corre em nossa boca.
226
plantada no chão de mim
que me fiz grito
para rasgar
as impurezas de um tempo que se esgarça.
22
7
DO SER EXPECTANTE
Percebes
de repente
uma estranheza
no convívio do teu cotidiano:
alguma coisa que antes não
– está sendo agora.
Chegas a duvidar de ti mesmo
e da tua própria existência
talvez do cenário onde cumpres um esdrúxulo papel
que não te havias reservado.
A máquina
Homem-do-Ano
senta-se à mesa da Vida servida por homens-robôs
com o anúncio da realizada profecia:
“E a máquina se fez
e habitou entre nós”.
228
Percebes:
neste contexto és inviável
e só te resta depor o sonho e erguer como um mastro
um rosto lívido ante um mundo onde sempre
[serás minoria.
Por vezes
um ramo verde se insinua no vão da tua porta
e dos teus pensamentos. Mas não te iludas
é um simples presente da vida
uma de suas misericórdias.
22
9
alvo
reflexo
somatório
mítico expectador.
230
Waldimir Maia Leite
(1925-2010)* **
OFÍCIO DO SEMEADOR
Terra e lavrador,
Fruírem, ao mesmo e único instante,
O jorrar do líquido semear.
23
1
Enquanto o fruto cresce,
Cuidará, o lavrador, de coibir
O também crescer de ervas
Daninhas, ao derredor.
Ao ciclo vegetativo de nove luas,
O homem colherá sonoro fruto,
Da semente que semeou,
Em terra fértil de corpo horizontal.
Um dia
(já cansado lavrador)
ao homem faltará, dentro da noite,
nova semente a semear;
enquanto terra fértil
a mulher não mais será,
ao declínio do sol de amar.
232
OFÍCIO DA BUSCA
23
3
Geraldino Brasil
(1926-1996)*
O leve pássaro
arisco e tímido
e sempre lírico,
tem morte trágica
no dente áspero
do gato bárbaro.
Já nasceu bárbaro,
o gato. O pássaro
tem seu fim áspero,
– ele que é tímido –
em morte trágica
que come o lírico.
Pássaro lírico
sempre é do bárbaro
gato de trágica
mente no pássaro.
Nunca foi tímido
seu dente áspero.
234
Seu punhal áspero
gosta do lírico
sabor do tímido.
O gato bárbaro,
seu sonho: um pássaro
em morte trágica.
Vive da trágica
desgraça o áspero;
vive do lírico
tímido pássaro
o cruel bárbaro
que come o tímido.
Olhando o tímido
que voa, a trágica
língua do bárbaro
se molha e é áspero
o olhar ao lírico
passar do pássaro.
23
5
DESCONVERSA
236
Edmir Domingues
(1927-2001)**
23
7
Quanto haverá de prêmio após a lida
A quem não se curvou, a quem foi forte?
Ou é pura ilusão do Mundo, a vida?
Ou o sono sem fim, nirvana, a morte?
Sonho a se esvanecer, fumaça breve
Que o vento mais sutil num sopro leve?
238
SONETO
23
9
Ariano Suassuna
(1927)
A INFÂNCIA
(Com mote de Maximiano Campos)
240
A ACAUHAN – A MALHADA ONÇA
(Com mote de Janice Japiassu)
(1980)
(In Poemas, 1999, p.191)
24
1
Deborah Brennand
(1927)**
NO BOSQUE
e tu continuas alheio...
242
MAÇÃS NEGRAS
24
3
Job Patriota
(1929-1992)* **
244
Carlos Pena Filho
(1930-1960)**
24
5
SONETO DO DESMANTELO AZUL
246
Audálio Alves
(1930-1999)**
O ÓRFÃO DE BELÉM
Movem-se os sinos
E se ergue o canto
– a voz do ferro
se une à do povo –:
Nasceste tanto,
morreste tanto,
e ainda pobre
nasces de novo.
Hoje renovas
o teu caminho
e eu já te espero
no ano que vem:
depois dos Magos,
do pão, do vinho,
– depois da morte,
depois do além.
Menino pobre,
Deus peregrino,
do homem ao céu
os ares cantam:
– Já quando eu velho,
serás menino
24
7
de mãos vazias
que ao Céu levantam-se.
Movem-se os sinos
e se ergue o canto
– a voz de ferro
se une à do povo –:
Nasceste tanto,
morreste tanto,
e ainda pobre
nasces de novo.
248
GEOGRAFIA DO CAMPO SOBERANO
24
9
Lúcio Ferreira
(1930)***
DÚVIDAS
O arco da imagem
num salto olímpico:
a graça
a goiva
a gravidade
Finado tempo
cobro da tarde
Pires de cinza em minha volta
Olhar
sem safra
Sei, sim
de minhas dúvidas
20 de abril de 2005
250
CONSTRUÇÃO
Penetro a forma
conservo
o teto
Gero meu jeito
fujo das redes das fronteiras
salto no primeiro orvalho
E no espaço
de meus sólidos
meus verões
construo
Visto o sereno das sombras
bebo na bilha da lua.
Janeiro de 2005
25
1
Mauro Salles
(1932)* **
RECIFE
O vento é do Pina
ou de Boa Viagem
a luz vem de longe
da velha cachoeira
Os rostos se explicam
Nassau ou Luanda
Recife, cheguei
mas não me demoro
Não vou nem ter tempo para tomar sorvete
no Gemba
nem chupar manga no Espinheiro
ou apanhar cajus na Piedade
252
Naquela casa de praia
de grande varanda aberta
armei soldados de chumbo
comi siri, caranguejo
cavalas e guaiamuns
e vi meu rio Tomé pegando fogo
querendo salvar Geni
tão bonita no meio do incêndio
Recife, perdoa
se não vou ter tempo de ver o peixe-boi
do Largo do Amorin
O carro me leva
pela Imbiribeira
que já não tem mais viveiros de tainhas
mas ainda tem a Rua Motocolombó
que os cariocas não sabem dizer
25
3
Tanta pena de voltar pra
minha casa no Rio tão
longe da minha terra
sem ter botado um calção
ido ao cinema
passeado em Caxangá
na Torre ou em Beberibe
Beberibe está cada vez
mais longe de Copacabana
o vento é do Pina
ou de Boa Viagem
Mas de onde virá
A minha saudade?
254
MUDANÇA
Retire, um a um
cada tijolo
derrube o muro
remova os alicerces
da construção
Supere as amarras
do passado
lance o último olhar
ao que existia
e foi meta e conquista
na paisagem
E espere confiante
a volta das flores
25
5
Olímpio Bonald Neto
(1932)* **
AMOR ULTRAMILÊNIO
256
Soneto RECICLADO de Olímpio Bonald Neto
(50 ANOS DEPOIS: Entre Fev 51 e Dez 04)
25
7
Nelson Saldanha
(1933)* **
ANIMULA
258
TEMPO, INSTANTE, CORAÇÃO
25
9
Montez Magno
(1934)* **
A FORMA RESPLANDENTE
15 de dezembro de 2002
260
OS GIRASSÓIS DE VAN GOGH
31 de março de 2002
26
1
Cyl Gallindo
(1935)* **
COMÍCIOS ÍNTIMOS
Para Ênio Silveira
Plantam-se ainda
olhos e bocas
de fuzis
nas esquinas
e nasce o medo
e eu passo
cautelosamente
e vou fazer Comícios
dentro do meu quarto.
262
plantados à porta soldados
e uma voz:
– Ordem superior!
Plantam-se ainda
vigília
com olhos e ouvidos
dos melhores amigos
e nasce o medo
e eu paro e
sigilosamente
vou fazer Comícios
dentro de mim mesmo.
26
3
SER CRIANÇA EM NOITE DE NATAL
Brasília, 1986
264
Orley Mesquita
(1935-2006)*
CAFÉ CONCERTO
26
5
DESEJO
Um perfume qualquer
Oriental e noturno.
Uma lua vulgar
Antiga e sem história.
Ruínas a sangrar
Nos lençóis da aurora,
Teu corpo a refluir
Nas falésias do instinto.
O prazer de trincar
O teu fruto maduro
E saciar meu desejo
De sonho e eternidade.
266
Sebastião Uchoa Leite
(1935-2003)**
CORAÇÕES INSENSÍVEIS
26
7
DRÁCULA
268
Francisco Bandeira de Mello
(1936)* **
O EQUILIBRISTA
26
9
O ADVENTO DA FLOR
4 de abril de 1954
270
Esman Dias
(1937)*
FUSÃO
A Carmen Brito
27
1
ALUVIÃO
A Irma Chaves
272
Falo como quem vai a julgamento
sem esperar o indulto do seu tempo.
27
3
Myriam Brindeiro
(1937)* **
AMA (DOR) AS
nas artimanhas
a rasteira
para muitas quedas
e a ânsia
de sair
para o mundo sonhado
nos espelhos
os truques
da face e do pecado
enquanto a cama gira
e o som toca
Ave Maria
274
(H) INOCÊNCIA
(poema pascal em sete dores)
a visão apocalíptica
no sol ficou encravada
a cada giro que dá
mostra a face apavorada
no pão o pó a semente
no vinho o sangue a uva
a benção santa consente
tantas graças como chuva
27
5
nenhuma flor aparece os
frutos estão no altar
incenso queima e aquece
fumaça solta no ar
276
Severino Filgueira
(1937)
PASSEIO
Muros e grades
nas cores em tecidos
sobre relva e ponte
orgânicas dos sentidos.
27
7
SEGURO
278
Jorge Wanderley
(1938-1999)**
MATINÊ
27
9
CORTA
está ficando mais e mais difícil
coitados dos diretores
cotados dos roteiristas
das estrelas já não gravamos os nomes
CORTA
não era o vizinho fantasmal
só um toque ao acaso
nada além disso ainda
CORTA
uma barata
passeia no carpete pardo do cinema
indiferente ao som e à imagem
deve estar voltando das compras
gorda
automática
também já viu todos os filmes
CORTA PARA RUA
SOL E QUE FIZ DA MINHA VIDA
280
POEMA
Para Rosalie e Carlos Lima
28
1
Arnaldo Tobias
(1939-2002)**
S.O.S./BRASIL 6
282
SEM TÍTULO
em suma:
uma palafita
é o esqueleto
e o féretro
do seu arquiteto.
28
3
Eugênia Menezes
(1939)*
SONHO DE PEDRA
284
Pareces surpreso e assustado pelo despertar.
Trazes peixes tomados da barragem para que eu
[os prepare
o que fazemos juntos na copa do juazeiro do atalho.
Tuas mãos, agora vazias de ofertas, apenas tuas mãos
se multiplicam em quatro
e se pretendem, bravas,
fortalecidas pelos umbus e alumiadas pelos peixes.
28
5
GÊNESE
286
seu útero que não concebe
anjos ou demônios
mas povoa com a condição
do nada, nosso continente.
(Poema inédito)
28
7
Janice Japiassu
(1939)*
É simples e natural
Clara, fecunda, viçosa
Alimenta a vida
E é muito cheirosa
E, para os seus amantes,
Prazerosa
A Mentira é obscura
Gritante, repetitiva
E é também multimídia
Cheia de artefatos
De intrigas
Palavrosa
Redundante Sem
clareza
Só se constrói nos vazios E
se alimenta de medos
Jamais perceberá a beleza
De um arabesco
Ou de um algarismo
288
Igual a si mesmo
Ou do riso
Quando é preciso
Ou do sexo
Sem ser explícito
28
9
AMOR DE ÁGUAS DE SEDA
Aí ardemos de encanto
Enquanto toca um violino
Tomamos dois copos d‟água
Como se fossem dois vinhos
290
Eu sou o Sol, ele a Terra
Entre nós passeia a Lua
E um grande manto de estrelas
Protege da noite escura
Esse namoro encantado
De risos, rimas e sedas
E tanta delicadeza!
29
1
Lenilde Freitas
(1939)
MULHER
Escolheram-me rainha e
com doçura de fada
puseram em minha cabeça
uma coroa – enferrujada
292
AQUÁRIO
29
3
Paulo Cardoso
(1939-2002)**
DA VIAGEM
294
RECIFE ANTIGO E NOVO
Recife se renova
e permanece antigo
coberto com o manto do mistérios
tecido pelos anjos
e bordado pelas ninfas.
De Olinda a Candeias
e do Cais do Porto aos canaviais
Recife antigo será sempre novo.
29
5
Maria da Paz Ribeiro Dantas
(1940)*
VISITA
Os habitantes perderam-se
longínquos
num parque de águas.
No meio da noite
a casa
corrói-se em insônia:
espera.
Ausente a menina
brinca de esconde-esconde
atrás do banquinho.
(a máquina de brincar
fotografa a infância
impregnada nos móveis).
A casa
sozinha no meio da noite
corrói-se em insônia:
espera.
296
CIGANO DO AR
Para João Cabral de Melo Neto
Sem teto
Sem terra
Sem ponto a marcar
– O Cigano do ar!
A agulha do instante
O tempo agorante
O vivo de mim.
29
7
Maria de Lourdes Hortas
(1940)*
NOTURNO
Pediria ao poeta
Que trouxesse o vinho
E depois a doçura do instante antigo
Para lembrar que a vida pode ser
O farfalhar de folhas
Uma fuga de pássaro
Canto longínquo
Grito
Piscar de estrela
Soluço:
Esta chuva que escuto
Sobre o telhado.
298
INTERPRETAÇÃO DAS RUÍNAS
29
9
Houve núpcias secretas
Rosas de lume abertas
No leito clandestino
Do feno ou dos trigais.
300
EPÍLOGO
30
1
Paulo Bandeira da Cruz
(1940-1993)**
SONETO DE CHANG
302
O EVANGELHO CONSOANTE
JOÃO DA SILVEIRA SEVERINO
(fragmento)
POEMA INTRODUÇÃO
1. Naquele tempo disse João
da Silveira Severino
aos homens feitos de barro
pelas mãos de Vitalino:
– Os raios de soda cáustica
do amargo sol nordestino
roeram os ossos de Deus
e as pernas do meu destino.
E andando léguas de sola
com alpercatas de rabicho
rezei as rezas da escola
com ter de carrapicho.
30
3
3. Ando a pé, mas a minhalma
continua galopando
no oculto cavalo baio;
preto na sua estrutura
de alcatrão e breu, nervura,
de alumínio e para-raios.
Cavalo, cavalo-baio,
De origem pernambucana,
feito de açúcar mascavo
corcel de cana-caiana.
POEMA EXPLICAÇÃO
4. Minha sombra em seu caminho
pratica um ser de verdade
e outro ser em desalinho.
Até que o sol feche a sombra
com sua chave de linho,
deixarei que a sombra fique
que um coxo parte é sozinho
304
SEQUÊNCIA
5. Entrarei ao Altar de Deus
sabendo que Cristo não
será mais pronunciado
nem julgado pelas cinzas,
rei que era – coroado –,
um Lampião, na Caatinga.
Porque
já existe um ser, no Nordeste,
posto no altar da restinga
crucificado, num cacto:
– Braços abertos à tarde,
mãos moldadas em Carpina,
pés atados em Correntes,
rosto pintado em Vertentes,
corpo entalhado em Olinda,
(no Alto da Sé, em Olinda).
30
5
7. Entrarei no Altar de Deus
com a minhalma engomada
meu verso passado a limpo
minha palavra lavrada
meu silêncio construído
com o impuro branco do nada
com a solidão povoada
e a fé me foi testada.
GRADUAL
9. O domingo principia
onde o gado se inicia:
– Na roupagem do vaqueiro
no avental da ventania
no ferro em brasa ferrando
as cores da liturgia.
306
10. Não há altar, laje ou mesa,
equacionada na ceia,
forrada de aparição;
sangue expurgado de Cristo
nas artéria da injeção,
mil baionetas caladas
nas faces do sacristão,
papel crepom, casimira,
aguapé, terebintina
e castiçais de agrião.
30
7
DA CONFISSÃO
14. Confesso que sou de barro
confesso que sou humano
confesso que no meu peito
bate um coração de pano.
Confesso que ponho o céu
na cabeça quando ando
pela vida sem chapéu.
Confesso que sou Arcanjo
primo de São Gabriel
(porém Arcanjo e Vaqueiro)
tocando fogo no gado pelos
campos de papel. Confesso
que tenho ovelhas
evangelho nas orelhas
curral de rosas de mel.
DA ORAÇÃO
15. Pai Nosso que estás vestido
com minha roupa de dor
fio de invisível tecido
ou a linha do Equador.
308
.......................................................
DA COMUNHÃO
19. Batata, inhame, cuscuz,
carne-de-sol, macaxeira,
louvado seja Jesus
repartido pela Feira.
Feira de Tracunhaém
Feira de Caruaru
feiras de barro – fronteiras –
da argila de cada um.
Cará, angu, jerimum,
de segunda à sexta-feira
minha morte se alimenta
minha vida fica em jejum.
.......................................................
CRUCIFICAÇÃO E RESSUREIÇÃO
41. Em vez de crucificado
entre o bom e o Mau ladrão
Cristo de Fazenda Nova
é só de imaginação.
Laranjas-cravo de gelo
coágulos de flor na mão,
Cristo de Fazenda Nova
é só a reencarnação.
30
9
Com sua força inaudita,
Jesus explode, na cripta,
e sai voando do chão.
EPÍLOGO
42. No dia seguinte João
da Silveira Severino vê,
Jesus tomando cerveja
com o dinheiro do
cachê.
Mesmo assim ele acredita:
– A moça que tem na vista
só enxerga a um palmo do chão,
mas tem dois olhos na alma
abismos, como se fossem,
os próprios olhos de João.
310
Ana Maria César
(1941)* **
SEM FORMALIDADE
Me despeço de mim
em noite esdrúxula.
Inúteis tacapes na soleira do tempo
impedem o retorno de caracóis visguentos.
Nas paredes circulares do poço
marcas de dores e orgias
vividas e consumidas
em tempo de vinha e de vinho.
A última colheita
se decompõe no terreiro
enquanto as sementes
no limo úmido do porão
desmentem previsões macabras
de um cataclismo final.
Me despeço de mim
em noite esdrúxula
e parto.
31
1
O RIO DA INSENSATEZ
312
Chicão
(1941)**
PECADOR E JUSTO
Pecador e justo
Noite e dia
Fantasia e realidade
Vida e morte
Em mim se unem
E não mais as distingo.
Permaneço
Onde estou Pelo
que sou: Anjo e
demônio. Se
tiver sede
Mitigarei minha sede
Na fonte mais próxima
E o meu suor darei
Pela comida que saciar minha fome
Pela camisa
Pelo agasalho
Pelo abraço
Pelo abrigo
Pelo amigo
Pela necessidade primeira
Que chegar em mim.
26 de junho de 1968.
31
3
NATAL
314
Maximiano Campos
(1941-1998)**
O FILHO
A Eduardo e Antônio Campos
26 de junho de 1968
31
5
APELO AO QUIXOTE
Segura a espada
larga o escudo,
pois medo não é proteção.
Permite que o Sol bata na poeira
e o vento leve o sujo
do aço que te cobre.
Na loucura, só na loucura,
estarás liberto. O teu mito
é Sol, liberdade e céu aberto.
24 de abril de 1966.
316
Tarcísio Meira César
(1941-1988)
31
7
HIROSHIMA MEU AMOR
318
Suzana Brindeiro Geyerhahn
(1942-1996)* **
RECIFE
Adeus cabelo
cacheado Tardes
de chão molhado
Maresia
e Capibaribe.
31
9
MÊS RAPPORTS AVEC RIMBAUD
Também me exilei
Numa Harrar mas doméstica
De cassarolas e
(mais uma vez a casa
com os poemas abertos
santuários como cruzes contra vampiros,
contra panelas e cobertores imundos.
Sugada por estas correntes
da nutrição e do eterno retorno
de panelas e trouxas de roupa
sujas/limpas, limpas/sujas,
estes pares de oposição
elementares e viscosos
dentro desta ordem inexorável
em que nascem e morrem
mães e avós
mais ou menos anedóticas
aí onde uma mulher opera
com duas simples mãos
o salto natura/cultura)
sujeiras.
Numa África de comércios,
e centavos e matrimônio.
320
Alberto da Cunha Melo
(1942-2007)* **
32
1
DUAL
Epígrafe um
Epígrafe dois
“O homem
que quisesse viver em sabedoria e paz deveria
adaptar-se à augusta ordem dos fenômenos da
natureza e viver na natureza com a natureza”.
(Lao-Tsé)
a hemorragia interna,
que enverniza por dentro,
inferniza por dentro
a palavra estado;
e pela insegurança
de comprar na esquina,
a estas horas da noite,
uma ampola de coramina;
o mais, o mosto,
o gás de uma montanha
de laranjas apodrecidas;
e pelo pouco,
o bago disputado
em soluços nos calabouços;
32
3
ou seja: o “se Deus quiser”,
o “volto amanhã”,
o “cuide dos meninos”;
e pelo eterno,
que não data as cartas,
atravessa ileso as eleições de novembro
e não toma conhaques contra o inverno;
que reúne
todos os alvos em um céu
e dá precisão ao meu tiro;
e pela multiplicidade,
que me parte em pedaços
fáceis de controlar
pelos deuses descalços;
324
o imediato
e ingente sentir
não digital;
a condenação à luz
que enlouquece uma estrela;
e pelo acaso,
o tropeçar nos alarmes
e o esmagar as rãs
que circundam o cárcere;
a esmurrar-se no banho
para não masturbar-se;
e por Zorba, cuja dança adensava
a quantidade de sangue
nas extremidades dos servos;
algo parecido
com carne liberada
ou Santa Tereza anunciando
32
5
maiôs Poésie na TV;
e, pelo bem,
algo mais metafísico,
mais Jesus de prata
escondido na blusa.
326
MORTO PELA SOBRIEDADE
32
7
e inexplicável
humildade de Deus;
328
Ângelo Monteiro
(1942)
OS PONTOS CARDEAIS
Não conheço os pontos cardeais
nasci sem os pontos cardeais
vivo sem os pontos cardeais
e morro sem os pontos cardeais.
32
9
O VICE DEUS
330
Todos se julgam felizes
Porque a metade lhes exige menos que o todo.
Mas por não querer ser metade de nada
Resolvi me passar por Vice Deus.
Sim, por Vice Deus. De uma vez que ninguém
[até agora
Alcançou este título no mundo.
E como Deus não dorme, segundo o adágio,
Contento-me em ser apenas o seu vice
Embora saiba que não possa haver alguém
Que venha a atingir, em qualquer tempo,
[o seu poder.
Não importa! É uma forma que encontrei
De estar mais perto Dele.
Como sou inteiramente Vice Deus
Pelo menos não o serei pela metade.
E já que Deus não tem metade
Dou graças a Ele, que não é pela metade,
Por todos os séculos dos séculos,
Amém.
33
1
Sérgio Bernardo
(1942)* **
Ah, o La Caruña
por que carregaste por mares de ferro
e ancoradouros anêmicos
a ambição agrária?
E tu rio Elba
quantas vezes fizeste alvo o sonho guerrilheiro?
Por que não refletiste os olhos de seda escarlate
no homem do terceiro mundo?
332
APIPUCOS, CASA 77
Do primeiro andar
o ouro refletido
nas vidraças
pelos cachos do flamboyant
Assim,
foi a floricultura
de Dolores Salgado.
33
3
José Carlos Targino
(1943)**
334
Desço à hora da floração do mar,
sem ar, pelos sagrados domínios da madrugada.
Sempre andei errante e queixoso.
na escuridão, pouso das gralhas salteadoras
e do orvalho cantante.
E emudeceria se visse minha amada
no verde patamar,
como menina flamante coroada pelas nuvens,
como outrora
na sinagoga do rio, antigo domínio do eterno.
Mas hoje ando feliz, o dorso domado.
Então ela disse: “Sou imaginária agora
antes que a terra estremeça e morra,
ou eu mesma possa morrer na visão do amado”.
33
5
A LUZ IMÓVEL
336
Marcus Accioly
(1943)* **
A TERRA
O SERTÃO
A – O Sertão principia
Depois que acaba a terra,
Ou, sendo mais exato,
Onde começa a pedra.
E segue o Sertão-Alto:
Pajeú, Moxotó,
Onde termina o mundo
E então começa o sol.
Ou desce o Sertão-Baixo
Do rio São Francisco,
Que ostenta uma paisagem
De pássaros e bichos.
33
7
E quando as águas descem
Das cabeceiras curvas,
A pedra ressuscita
Lavrada pelas chuvas.
338
TREINO DE SOMBRA
12
33
9
(deus é o homem que almoça e depois janta
o próprio homem) deus é o menos fraco
(deus é a semente de onde vem a planta
e a planta de onde vem o doce bago
e o bago de onde vem outra semente)
deus é o que vem atrás e vem na frente
13
340
feito Caim eu fui um lavrador
por isso sei dos frutos que ofereço
com minhas mãos feridas (fui pastor
como Abel e por isso Te Mereço
nesta ovelha onde sofro a mesma dor
do sacrifício) busco o Teu Começo
onde o meu fim (meu meio) onde o meu pó
fechado em saco e dado à boca um nó
34
1
Orismar Rodrigues
(1943-2007)**
APELO
Para Maria Teresa da Costa Lima
Ressuscita-me ainda
há tempo. Salva-me
do calvário que o
tempo
condenou-me a viver.
Ressuscita-me
enquanto guardo
aquele sonho antigo
e essa clara manhã
que o vento deixou
depois de devastar-me a casa.
342
Ressuscita-me, pois,
enquanto vela
ainda arde no castiçal de prata
e divido o leito
com velhos fantasmas.
34
3
OUTONO
Barcos no Capibaribe,
sol branco num céu cinzento.
Os pescadores lançam as redes.
Os peixes que arrecadarem
iluminarão suas mesas.
344
Cloves Marques
(1944)*
PONTE EM HAICAI
Ramalhete à ponte.
Foram tantas travessias,
Que não há quem conte.
Na ponte vazia,
vai seguindo a solidão
de noite e de dia.
34
5
CRUZ EM HAICAI
As nuvens ao vento
seguem escapando à cruz
com muito talento.
Na tarde nublada,
um prédio crucificado
por não fazer nada.
346
Domingos Alexandre
(1944)* **
BRUXELAS
A Esman Dias
34
7
que embora exposto à dor e ao abandono
se recusava a abandonar o dono.
E eu, desterrado e, ali, vagando a esmo,
carregando esse espectro de mim mesmo,
caminhava sob a garoa fria
que doía nos ossos e feria
com as pontas dos dedos o meu rosto
aumentando-me a chaga do desgosto
numa Bruxelas para sempre hostil,
a centenas de léguas do Brasil.
348
nos envolve segundo por segundo.
Mesmo assim ele arrosta a chuva fria
de uma cidade estúpida e sombria
desemborca seu barco, enfuna as velas
e se perde na noite de Bruxelas.
Poema inédito.
34
9
TARDE EM ITAMARACÁ
350
Everardo Norões
(1944)*
A MÚSICA...
Vejo-a
pelos canteiros da casa,
na nitidez dos bordados
de minha mãe,
no brilhar de tua íris
quando os deuses descem
para beber a insensatez
das águas.
Depois,
transforma-se em seios,
goiabas,
espigas.
E nua, adormece,
enquanto a lua brinca
entre meus dedos
e as lagartixas passeiam
pelas pedras do pátio...
35
1
A CONSTRUÇÃO
352
Jaci Bezerra
(1944)
35
3
UM DIA, CAPITÃO, CONTAREI ESSA HISTÓRIA
354
Lourdes Sarmento
(1944)* **
CANTO DE CRISTAIS
A palavra é o fogo
é o cio da vida
é o vômito da minha dor
submersa
é a memória do canto
que sopra brisa
e mandalas.
Se alguém perguntar
meu destino
entreguem meu canto
quem o entender
agoniza como eu.
35
5
OBSERVAÇÃO
O retrato move-se
na sala
observa a paisagem
sob a lua azul
observa o azul
consumindo as hortênsias
dos jardins
O retrato move-se
na moldura de prata
observa as serpentes
e os demônios
observa a filha
despertando o azul do poema
O retrato imóvel
observa o pouso das estrelas
adormece nas mãos azuis
do Infinito
356
Marcelo Mário de Melo
(1944)* **
PÓ & EMA
PÓ & EMA
A Wilson Araujo de Souza – WAS
Folha seca.
Aramado.
Só esquema.
Siso só
sem pó
nem ema
de ré
amarrado
a-amado
a cisão no
ensejo
travo
no desejo.
Pó e Ema:
porejando
sonho
marejando
saga.
Pó e Ema:
emanando luz
poemando
a vida.
35
7
MACROLOVE
Nem pretendo só
inserir o meu disquete
no seu drive.
Desejo ser
janela
ajuda
documento mestre
atalho
ícone principal
entre os seus programas favoritos.
358
Mantenha sempre aberta
a sua caixa de entrada
que eu saberei clicar com jeito
o seu mouse
e penetrar nos seus periféricos
ajustando
a minha barra de ferramentas
aos contornos
da sua área de trabalho.
35
9
Marcos Cordeiro
(1944)* **
A CABRA DO MOXOTÓ
A cabra do Moxotó
quando berra é ela só.
Que pede a cabra no berro,
é chuva, fartura ou é sol?
Não será, talvez, o verde
que o sol quente abocanhou?
ou ainda a esperança
que a seca avara matou?
360
CHORE BAHIA MÍSERA!
Na terra da liberdade!
teu sangue é redenção!
36
1
Cante Pernambuco bravo
teu sangue, teu coração!
Cante Pernambuco altivo
teu nome – Libertação!
362
Sebastião Vila Nova
(1944)
CLAVE OCULTA
36
3
ANOTAÇÕES A OESTE DE ALDEBARÃ
364
Almir Castro Barros
(1945)* **
ESCORADOS NA TARDE
Rebuscavam os dias
Onde fosse o vento
Ou ensaiado jardim e extinto ninho
No ombro fraturado de esquecida estátua.
Alguns
Lembravam a solidão e sua brasa
Ou quando fartos de tudo
Se aventuravam
Em caminho de sustos sobre cordilheiras.
36
5
CINZAS
Em inclemente sol
Desperdiçando peregrinos;
Ou ouro ressurgido
De baça lâmpada sobre invernos
Para deixar salgueiros como faunos
Em festa.
366
Ivanildo Vila Nova
(1945)**
MOTE EM DECASSÍLABO
36
7
Palmares permaneceu indene
Em Osenga e Guaraiguaçu
Jundía, Subupira e Carapu
Tabocas, Macacos e Aqualtene
Andálaquituche, Acotirene
Cãfúxi e Curiva ninguém há de
Esquecer tanta força de vontade
De uma raça que escrava ainda rola
Só com outro Zumbi o Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade
368
Mesmo após o decreto da Princesa
Há algemas correntes e grilhões
As mucamas, senzalas e porões
E o racismo ofendendo a natureza
Entre brancos e negros com certeza
Nunca houve nem há essa igualdade
Preconceitos ainda é realidade
No emprego, na rua, na escola
Só com outro Zumbi o Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade
36
9
Eu vejo tanta beleza
Num pássaro tão pequenino
Vai ao mato catar talo
Abre o bico canto um hino
Penera as asas e voa
Deus é quem marca o destino
370
Jairo Lima
(1945)**
clara senhora
atenta aos cristais que eriçam espumas
no torso oblíquo das marés encarnadas em lumbre
clara senhora
senhora clara
senhora clara
37
1
queimam e explodem as águas
névoas se fazem nuvens, que se fazem teto, que se
[fazem água
(In Livro das árias e das horas & Pequeno livro das nuvens, 2000, p. 46)
372
o porto da tua hora
37
3
José Rodrigues de Paiva
(1945)
JARDINS SUSPENSOS
374
Canções de ouro e de névoa,
de águas passageiras,
como flores levadas
por correntes ligeiras.
37
5
CANÇÃO
Violam os violões
a noite inviolável
ou vibram os violinos
à diurna luz vibrátil?
376
Violam os violões
a noite inviolável
e vibram os violinos
à diurna luz vibrátil...
37
7
Paulo Caldas
(1945)* **
CÍRCULO AMOROSO
Vou estar em ti
E nos teus ouvidos, minha voz
Entoará todas as canções.
Ao teu sentimento, meus versos
Comporão todos os poemas, E
sentirás meu beijo no desejo
De todos os casais.
Vou estar em ti
E transpirando a ternura dos risos infantis
Vou te espreitar nas areias do litoral
378
Te acordar ao apito das embarcações
Umedecer teus pés na grama dos parques
Vou estar em ti
Na indiferença do estranho que passa em tua rua
No incômodo das lâmpadas acesas
Na indiscrição dos homens que te olham
No balanço da folhagem tropical
No pingar intermitente da neblina
Na corola das flores mais comuns
No horizonte do mar em tua frente
Nos becos, nos copos, nos bêbados, nos bares
Nas bordas das piscinas, nos ônibus, nas fichas,
Nos orelhões, nos soldados, nos muros, nos vídeos.
Nos alimentos, nos líquidos, no asfalto, nos livros,
Nos quintais, nos hospitais e nos velórios
Na mão das crianças, no voo dos morcegos,
No suor da tua fronte
Vou estar em ti
37
9
O SOL ALÉM DA MINHA RUA
380
Vital Corrêa de Araújo
(1945)* **
38
1
OPERA APERTA
(LICOR AO LUAR)
I
Nos luares que moram em teu olhar mergulho
das areias no meio-dia brusco procuro o suor
das vogais, os ossos do sim após e destinos
cruzados ou torres além de mim emoldurações
de muro, represas temporais pássaros
circunflexos amamentando o fim exótico das
últimas engrenagens de mim.
II
Licores de catástrofes bebes
no leito das últimas noites
entre náufragos semens o cais do gozo unges
com sais dissolutos e cálices sem culpa
próspera a retórica do intestino
à sombra de abutres escandes
sigilo de pedra para o pudico nome.
382
Wilson Araújo (Was)
(1945)*
humildade
cuja dignidade
mítica
e épica
habita uma américa
ibérica,
homérica e...
bíblica, recebe a
dura mas bela
missão de ser
ouvidor da rua
do brasil real
contra o brasil
oficial
da rua do ouvidor.
eis o sebastianista,
monarquista
e, ao modo de arraes, socialista.
38
3
ENGENHO D‟UCHOA
o poema é um réptil
s.u.l.
dicção víbora
jiboia
no úmido
índice
do medo
e no semiárido da paranoia
dicção víbora
causa o primeiro
impacto
na ficção vida
ao emitir
a expressão
mais compacta
de veneno:
como DEUS
é bem servido!
ficção vida
em dicção
de obra
em dobra
de cobra
que vibra
em víbora
e pica
o cisne
de outrora
na aurora
da fonte
384
sob a ponte
d‟uchoa.
uchoa:
sujeito
na espreita
do objeto
poético
estica
a língua-
víbora
e envenena
a língua
que vigora.
engenho
d‟uchoa:
nicho-obra
em obra
de cobra
criada
na espreita
e escuta com cicuta
para por
no que for
expor
a voz lírica
da exaltação
ao (do)
poeta
uchoa leite
não é (leit)
motivo
para deleite:
poeta-escorpião
38
5
encalacrado
na espreita
do horóscopo
abre a tampa
(para o tempo)
sobre o nó
(cego?)
de víboras,
vibra
a lavra
o desassossego
no livro:
minha pátria
é minha língua
ofídica.
386
Gladstone Vieira Belo
(1946)* **
POSTAL ROMÂNTICO
Diante de estrelas
e nebulosas, excitada, Meliena
descumpre regras. Declama
Rimbaud, em voz suave,
manipula dados
e desbarata cartas,
se contorcendo,
espécie de inevitável trapaça.
Delírio tremendo
das vogais liberto,
contidos soluços,
gozo infinito.
38
7
LATITUDE URBANDA
Mistério e fermentação
nas águas fecundantes,
que circundam
tão límpido espaço,
aliciando a esperança
e os nautas.
Ígneas colunas
demarcam porto e abrigo,
limites de densas reverberações,
sutilíssimo bailado.
Transparente é a sua
arquitetura, que se ergue
entrelaçada pelas linhas
infinitas de esplêndido
crepúsculo, oceânica e
duradoura miragem.
388
DISCURSO SEMIÓTICO
O signo, somente
o signo, nada mais
do que o signo.
Ele e os seus aparatos.
O signo múltiplo,
mas inviolável.
Somente o signo,
lâmina cortante,
enquanto diálogo e soma,
que se incrustam
em manuscritos velhos,
forma lapidar de segredos,
estranhas cintilações,
que se multiplicam
nesse lento contato
com o papel, lento
e torturante.
Irremediável sonata
amplificada por movimentos
que sufocam o interior
da exausta paisagem,
uma erma campina,
descrita em romances e bulas,
pergaminhos e cantos de ninar.
Mágico signo,
que prefigura e comove,
evocando em pausas
longas, quando reponta
estridente.
38
9
Antonio de Campos
(1946)**
390
OUTRAS JURAS
39
1
José Almino
(1946)**
O copo de rum
afaga,
dentro de mim,
a timidez inquieta
dessa esperança
392
PARA MAXIMIANO CAMPOS
39
3
Há nos homens daqui, a franca risada,
o amor do desterro,
o medo adoidado,
a mágoa vazia, memória travada,
os olhos esquecidos
nos homens de lá.
394
Sérgio Moacir de Albuquerque
(1946-2008)* **
( I I I)
Às vezes pegava minha flauta
como Anphion sobre o deserto
e descobria riachos
nascendo por trás dos muros
ou no teto
39
5
sonorizado
aterrorizado
ante uma possível guerra
fugindo de uma morte mitológica
mensagens esparsas
de conversas cotidianas
consultando nuvens
em busca de possíveis cogumelos
passando os dedos
em tuas coxas firmes
afastando a angústia
em teu sexo caliente
analisando teus sonhos
dos assassinos
da produção em massa
e do lucro
396
dos destrutores
do equilíbrio das florestas
e dos peixes
dos homens – cifrões
39
7
Então eles se perdiam naquele amoroso delírio sob a luz
inventiva dos candelabros. Estariam num pequeno restau-
rante. Canções eslavas violinadas percorriam o gostoso
murmúrio ambiente. Aos poucos floresciam sonhos acalen-
tados pelo vinho. Então ele desejava que fosse eterna aque-
la momentânea paz aquecida, cariciosa, acendendo olhos.
398
Atravessávamos iluminados arcos pontais, cantando e
dançando. Nosso caminhar noturno despertava novos re-
flexos, superfície de águas coloridas, sequencias de telas
abstratas em rápidas mutações.)
...................................como um rio.
embebedar-se
recitar poemas
quebrar copos.
39
9
Celso Mesquita
(1947)* **
400
A VELHA METÁFORA
40
1
José Mário Rodrigues
(1947)* **
A CIDADE
402
LAMENTO
40
3
Lourdes Nicácio
(1947)* **
CANÇÃO DA FLORESTA
Abri urgente
o portal dos campos!
Contemplai águas,
pastos, sol, rebanhos;
escutai, do vento, a vida,
o verde canto,
porque no seio da floresta
há ritmo santo.
Acolhei , amigos,
o voo das andorinhas,
seiva dos lírios,
dádivas permanentes;
da oficina natural, a eternidade
ou estações que se elaboram
a todo instante.
404
O LAVRADOR E O TEMPLO
Há tantas safras
de estrelas nesta vida;
tantos espaços
ou troncos da verdade.
Sê mais que um servo
desse plantio de luz:
lavra, em ti,
a mansidão, a paz.
40
5
Luiz Carlos Duarte
(1947)**
POEMA AMARELO
406
LIVRO DE FRANCISCA
(Fragmento)
POEMA PREPARATÓRIO
Dormir, dormir profundamente e mais:
Da memória arrancar todos os sonhos:
(Os cactos de prata reluzentes,
Os vaqueiros-fantasmas-transparentes,
Os mangues e cajus vitrificados),
Tomar todos os vícios como o lodo
Que se acrescenta às pedras. E acordar.
40
7
Por que fazer-me poema sem acaso?
Por que, então, arrancar-me da garganta
E atirar-me no branco deste espaço?
408
Ésio Rafael
(1948)* **
CHEIO DE VIDAS...
Lúcido
Eu vi Erickson Luna
Exposto ao caos que lhe teme
Eis
O homem de Oriana Fallaci
Um mote Completo
atemporal Indecente
Visão máxima dos afagos sociais
Logo
Veio-me de chofre Israel somente
Mil vezes
No cenário externo do “Parque”
No teatro da rua do Hospício?
Eu vi
Tragando um cigarro amigo
Erickson Lunar...
40
9
AS MÃOS
A Lia de Itamaracá
410
Marco Polo Guimarães
(1948)* **
DUAS PAISAGENS
41
1
esta cidade se limita;
a chuva a prende em barras finas
e intransponíveis, em barras michas
e frias; prisão que a descolore
toda; esta cidade na chuva
torna-se contrátil, ostra viva
fechada; pequena, cubículo,
o homem a habita aos pedaços e
por etapas, tateando cego,
temendo abismos, correndo riscos
na rua riscada de finitos;
esta cidade que empaca, fica
implástica, imóvel, impossível;
submersa, mantém o homem
entre paredes, galochas e capas
contido; se cessa, se cerra,
se cerca, se caça, se embaça
numa dura cerração líquida
que a liquida, ínfima; caracol
sem saída; paralelepípedo
derretido; vento oleoso;
serpenteante serpente de pano
enlameado; em farrapos, a
cidade nem mais é; é só
uma caricatura anônima grafada a
carvão no muro de um terreno
baldio, onde ratazanas escondem
restos de sombras manchadas de giz.
412
BLUE
A Cida Pedrosa
41
3
Pedro Américo de Farias
(1948)* **
IMPROPÉRIOS
414
PARALELEPÍPEDRO
canto pedregoso
em terça rima
41
5
Vernaide Wanderley
(1948)*
AFAGOS DE PABLO
Pablo tentou fugir ao chamado da graça
– castigo venal derrubando o destino.
416
EM RESPEITO AOS QUE RETORNAM
Voltar,
quando o portão é rosto amigo,
as avencas um tempo que cresceu
ou quando mangas já derramaram
resinas nas rosa que ficou.
Voltar,
sempre poder voltar,
por mais que essa distância
seja um sol de muitas léguas
ou espinhos que brotaram.
Voltar,
presa apenas no mormaço
de árvores abertas em leques,
voltar para reconstruir lugares
com o brilho que se trouxe.
41
7
Bartyra Soares
(1949)* **
DESAFIO
418
Quem se julgará no direito de dissipar o silêncio
que sempre vem depois das grandes revelações?
E quando tudo for aquiescência quem ousará
dizer não?
41
9
PERSISTÊNCIA
420
Dedé Monteiro –
José Rufino da Costa Neto
(1949)* **
SEM MAMÃE
42
1
FIM DE FEIRA
422
a filhinha do mendigo
sentada a seus pés, num beco,
comendo um pão doce seco
diz: papai, coma comigo.
e o velho pensa consigo
meu deus, mudai sua sina
pra que minha pequenina
não sofra o que eu sofro agora
ria a filha, o velho chora
depois que a feira termina.
um pedinte se levanta
da beira de uma calçada
chupando uma manga espada
pra servir de almoço e janta
um boi de carro se espanta
se o motorista buzina
um velho fecha a cantina
um cachorro arrasta um osso
e o pobre “assavessa” o bolso
depois que a feira termina
um camponês se engana
chega atrasado na feira
não compra mais macaxeira,
nem batata, nem banana
empurra a cara na cana
pra esquecer a ruína,
arroz, feijão, margarina,
açúcar, óleo, salada,
regressa e não leva nada
depois que a feira termina
42
3
no açougue da cidade
das cinco e meia em diante
não tem um pé de marchante
mas mosca tem com vontade
um faxineiro abre a grade
tira uma mangueira fina
rodo, pano, creolina,
deixa tudo uma beleza
mas só começa a limpeza
depois que a feira termina
e o dono da miudeza
já tendo fechado a mala
escuta o rapaz que fala
do outro lado da mesa:
– meu senhor, por gentileza,
o senhor tem brilhantina?
ele diz com voz ferina:
– aqui na mala ainda tem
mas eu não vendo a ninguém
depois que a feira termina
um jumento estropiado,
magro que só a desgraça,
quando vê que a feira passa
vai pra frente do mercado
o endereço ao danado
eu não sei quem diabo ensina
eu só sei que baixa a crina
entre as cinco e as cinco e meia
lancha, almoço, janta e ceia
depois que a feira termina.
424
Fernando Monteiro
(1949)* **
GRAFITO I
42
5
GRAFITO II
Herculamum e Pompeii
sob lava em onda
e pó de pedra-pome,
após uma noite
e tudo acabar: cidades
do sono, gêmeas do
abandono, irmãs que
visitamos com receio
de sermos nós a
acordar.
426
Maurício Motta
(1949)* **
A HIPNOTIZADORA FRANCESA
42
7
GOLPE DE ESTADO
Berço profundo
de desejosos céus
e sonhos ascéticos
notícias de golpe
guerrilhas ao norte
árvores, braços, balas
articulações ao leste
e o sentimento
crucificado de Deus.
428
Paulo Bruscky
(1949)* **
42
9
430
Tereza Tenório
(1949)* **
FACE AMADA
43
1
AMOR
432
Alvacir Raposo
(1950)*
XLI
43
3
XLII
434
Lucila Nogueira
(1950)*
43
5
SENTIMENTO SÚBITO
A Cícero Belmar, Marina Nogueira e Eduardo Diógenes
436
e você não entendeu nos intervalos de linguagem
o meu jeito pelo avesso de cantar um blue
sinal vermelho
rostos vazios
caminhei coberta de sargaços na avenida
como um insignificante alfinete atraído por um ímã
e perdi o sono perambulando nos telhados
à procura das palavras mais precisas
quando finalmente descobri que o que importa mesmo
[sempre está implícito
43
7
e agora
eu só quero que você ouça minha voz subterrânea
ecoando muito além de toda superfície
mesmo que em mim nada esteja a salvo
quero que observe com perplexidade como eu
[tenho estilo
e a melancolia dos meus olhos claros
atravessa nervosamente o cosmos como um neutrino
argila submarina de abalos sísmicos na manhã de uma
[rua vazia de domingo
438
nem a minha estranha fuga automática daquele mun
[do cor-de-rosa entre penhascos
sentinela do nada
eu vou telefonar
depois a gente se fala
agora eu não posso acordar
entenda que eu carrego a saudade das aves migratórias
que sobrevoam os alpinistas do círculo polar
43
9
Elizabeth Hazin
(1951)**
RECIFE
Uma cidade
mais-que-perfeita
nasce de onde
(de que é feita)?
de rio e tempo
(ou de memória)
de chuva e sal
(alguma lágrima)
de luz e bares
(tristeza clara)
de seus poetas
(uns tantos versos) :
440
soneto das tempestades
44
1
Juhareiz Correya
(1951)**
PASSAGEM NA PONTE
442
com os instantes contados por um sistema canalha,
dando graças ao seguro de todos os dias,
estúpida promessa,
para que os porcos não lhes cortem as cabeças.
Vocês têm famílias, posses e silêncios horríveis
para cultivar e multiplicar a vida inteira.
(e nada como palavras, só palavras, que tão
[aéreas soam,
como as que eu te ofereço, irmão,
dispara jato mais veloz no sangue do coração).
vocês não ouvem nada, eu sei,
e nada têm para dizes também.
igualmente motorizados dentro da cidade das horas
vocês não dispõem de tempo,
vocês pensam que aceleram sua própria sorte,
vocês sabem apenas que nós somos inúteis,
[jamais necessários.
no passeio da ponte sou eu quem falo
e aqui me acendo, me dou e me escangalho
aqui sou poeta, oferta, passagem.
44
3
CANÇÃO PARA VICTOR JARA
“o canto tem sentidos
quando palpita nas velas
de quem morrerá cantando
as verdades verdadeiras”
(Victor Jara)
444
Márcia Maia
(1951)* **
44
5
todos dormem e eu aflita
me debruço no terraço
buscando abandono lasso
que a saudade ressuscita
na lembrança inaudita
que fere qual estilhaço
:
seja a palavra enfim dita
aquém e além deste espaço.
446
decomposição
as moscas zunem.
um cheiro acre-adocicado
de decomposição.
44
7
Cícero Melo
(1952)*
A TERCEIRA PELE
448
OS MORTOS
44
9
Marilena de Castro
(1952)*
A RODA DA VIDA
Folhas
Bonecas
Velocípedes
450
Corria no sítio, sentia-me um passarinho
Desejava abraçar raios de sol
E pisar nas sombras dos meus passos
E na brincadeira de roda
“o pinhão entrou na roda, ó pinhão.
Roda pinhão, bambeia pinhão”
A roda do pinhão
pinhão da roda
A vida roda
45
1
Bamboleia
Cai
452
O SILÊNCIO DAS PEDRAS
45
3
Eduardo Diógenes
(1954)* **
O NÃO DO SIM
454
E O DEPOIS EU CONTO
que instante
a poesia
aqui esteve
sentada à mesa?
tão rápida foi
sua passagem
que a tornou
mais paisagem
de letras e palavras
que outra qualquer
pintura
maior de alma.
quantos elmos
em metal,
a espada do verso
feriu,
antes dos Quixotes,
pois o verbo mente
mas, Cervantes e Quevedo
não se forjam
em bigorna
de ferro comum.
é dor maior
de alegrias incomuns
é tão nascer
como ser um,
tal o meu filho
olhar para mim
e saber ;
sem poesia
este aqui é um morto.
E o depois
eu conto.
45
5
Dione Barreto
(1955)*
O COMPROMISSO
Para Cida Nogueira
não é muito
mas este é o meu compromisso com a felicidade.
456
ASSOMBRAÇÃO
para a minha avó Vitorina Barreto de Oliveira
aos 6 anos
tinha medo das almas do outro mundo
aos 10
as almas eram tão familiares
que temê-las de fato
era uma obrigação hierárquica
aos 14
já não acreditava em almas
mas, à falta de medo mais digno
conservei-as
aos 20
vi a primeira e única assombração da minha vida
e não era assombração
pior: era alma de fato
aos 30
convivo razoavelmente
com todas as coisas deste mundo
ou quase
agora
as almas que assombram
já não são as mesmas
– vestem-se melhor em seus disfarces-
e dentro de mim
ai de mim!
esta esquecida inocência
45
7
Walter Cabral de Moura
(1955)*
DE SEMPRE
458
disse-me:
– Toma. Vou emprestar-te.
–?
– A antologia poética organizada aqui.
–!!
45
9
DESEJO NO ARRECIFE
A Jomard Muniz de Britto
460
Tarcísio Regueira
(1956)* **
NÉON
Eles piscam
Como nos chamassem para a cumplicidade.
46
1
MARIA, JOSÉ, JESUS
A mulher olhava
para aquela triste manjedoura.
Não havia vacas,
só ratos.
Não havia estrelas,
só a luz giratória da polícia.
Não havia reis,
só homem alheios a tudo.
462
Tadeu Alencar
(1963)*
ÁLBUM DE FAMÍLIA
46
3
LORDE JIM
Em meio ao turbilhão,
Ao naufrágio sem remédio
Da infância e do degredo,
Um velho marujo
Tateia o convés do horizonte –
Último pedido de sua alma aflita –
Vislumbrando nas revoltas nuvens
O imperecível olhar de um amigo.
Desde então passou a alimentar a certeza
De que raiaria a aurora polar –
Que amaina os ventos, que adoça os mares -.
E a apressá-la, correu o marujo a enfunar as velas,
A enrijecer as cordas, a lançar carvão na caldeira.
Estava tão certo do amigo quanto da aurora.
E a borrasca, como cruel atrativo, cedeu ao sono,
E o leme, desgovernado, enlouquecido,
Roubou ao sono um cardume de estrelas,
Que comandaria, dos céus, a penosa e
[contrafeita travessia.
464
LÁPIDE
46
5
ZETO –
José Antônio do Nascimento Filho
(1956-2002)* **
MEU AMIGO
466
NO BATENTE DE PAU DO CASARÃO
(Tema de Dedé Monteiro)
46
7
Luiz Carlos Monteiro
(1957)**
POEMA-FALÁCIA
Encontrei-a de súbito
ontem
na rua em que mora
e nesse instante abrupto
que a vi
a que vi era outra
nesse instante de ontem
onde foi
perfeito, meu equilíbrio
de imaginário navio
à deriva
ininterrupto, alado
sem sobressaltos, couraça
e não-brusco:
Falácia
– Que vem
e que passa.
468
POEMA SERTANIENSE
OU NAS RUAS DA VELHA CIDADE
Rua Velha
velha igreja
última bênção
Final
46
9
Paulo Gustavo
(1957)* **
SONETO DA TRANSFIGURAÇÃO
470
MÃE
47
1
Erickson Luna
(1958-2007)* **
Faz da gravata
a força
a fina veste
á tua mortalha
e teu birô
o teu esquife
Do gabinete ao túmulo
vade retro burocrata!
472
DO MOÇO E DO BÊBADO
A Fernando Pessoa
I
Por vezes vejo-me
em todo e a olho nu
na intimidade
do estar a sós comigo
e assim sem ter com quem
não fazer nada
tudo ao redor
parece retardante
II
É quando um moço
que há em mim levanta
me torna em parte
e brada apaixonando:
“não vês que a história
abre pernas à tua frente
toma-a que é fêmea
e lha fecunda co‟algum sangue
seu ventre é fértil
e ela amante insaciável
vive nos povos
a partir revoluções”
III
já outro o escuta
em rir indisfarçado
não se levanta
a embriagues não lho permite
a voz que é rouca
47
3
entrecortada por soluços
chega aos ouvidos
do poeta que reflete:
“vai
abraça-a firme
e sorve o vinho do seu romance
esconde o rosto
entre os seus seios rijos
e enlouquece
ao sabor das suas ancas
morrendo em êxtase
talvez me compreendas
e ao perigo das paixões
em quantos leitos
tem deitado a vil rameira
a quanta cria abandonando
gerações
e no entanto
seu cantar é se sereia”
IV
e já ouço passos
abro os olhos pro redor
alguém por perto
quem estava dentro
lá se esconde
e já sou eu
que não querendo conversar
lembro O Poeta
“sempre uma coisa
tão inútil quanto a outra”
talvez por isso
e é mesmo
eu não me desespere
embora saiba toda espera vã
474
Flávio Chaves
(1958)**
47
5
enchendo de melodia as paredes cegas da paisagem
[excitada
onde geme côncava labareda de meu corpo e
[não adormeces
Um terço de favos conduz o orgasmo de nossa prece
habito hóstia e vinho na litúrgica viagem
e o espelho afoito espalha fascínio na passarela
onde a pupila aflita dilata em frenesi o sol
[e a lua
Arcanjos imaginários desfilam no sono das ruas
bailando no vértice do ar enfurecido
que o meu corpo ao penetrar no teu e tu em mim
desenha notas e claves no átrio da partitura
[ensandecida
flamejante por um anjo que reza:
um canto de amor assim nunca se viu
[na terra
476
A ALMA COMO TESTEMUNHA
47
7
Francisco Espinhara
(1960-2007)* **
NATUREZA MORTA
A Francisco Espinhara
478
BLACK SABBATH
47
9
Luis Manoel Siqueira
(1960)* **
BOLSA DE VALORES
Um caminho no sertão
vale uma avenida
e um cavalo, mesmo velho,
um caminhão.
Um banho de enxurrada
vale, assim, a própria vida
num açude ou corredeira pelo chão.
Um chocalho de ovelha
vale um sino
e uma casa, mesmo velha,
a solidão.
480
PLANOS DE JOÃO MAURICIO DE
NASSAU-SIEGEN AO PISAR EM TERRA FIRME
48
1
Eduardo Martins
(1962)* **
O LADO ABERTO
Em teu silêncio-livro
O lado aberto se espalha
Em lados de mil ladrilhos
De sítios de mudas caras
482
GEOGRAFIA DO MAL
Recife, diluidora
Dos meus sonhos
Tens água suficiente
Para afogar-me.
48
3
Isac Santos
(1962)*
CÂNTICO
Rosa se foi
com seu canto.
Rosa e a rede,
rosa e a casa,
rosa e a graça.
Rosa filha
rosa terra,
rosa mãe.
Mãe de todas as rosas.
Mãe.
484
REINCIDENTE
48
5
Cida Pedrosa
(1963)* **
a lágrima tatuada
curva a curva
tragédia a tragédia
rio de sombra
destroços noturnos
cicatrizes encharcadas
erosões do tempo
486
luaredo
a cidade
morre aos meus pés
o mar
e as sereias carpideiras
entoam canções de despedida
o sol
coadjuvante agora
desta trama proibida
abandona a cena e não vê a atriz
que no camarim espera
vestida de amaranto
ela vem
esvoaçante e lúdica
tal qual princesa de muralhas
a terra
é picadeiro
e os homens se desarmam
em seus segredos de coxias
a urbe
se rende ao luar
e uma palheta de sonhos
muda o rosa do mar
e devolve prata a cidade
48
7
Weydson Barros Leal
(1963)* **
I – O Rio
No Recife,
desde criança aprende-se o rio
olhando-o nos olhos,
vencendo-o sobre seu dorso,
tocando-o das varandas de suas pontes.
No Recife,
cada ponte é um rito,
uma música, uma bandeira,
é a costura que seca
os seus úmidos tecidos.
No Recife,
uma ponte não é só um caminho,
um alcançar a outra margem.
Seu corpo é o abraço que damos no rio,
é a volta do laço sobre a dança do rio,
é a batalha que vence
a fronteira da água.
488
II – A Ponte
Esta ponte não se curva
ante o império do rio:
são braços de ferro
que se erguem como incêndios
De longe,
a ausência do arco
une um lado a outro lado:
trança de espelhos
que no espaço se inscreve.
48
9
QUADRO
Os pés, as mãos,
as pernas, os braços,
a inflexão dos passos,
a boca – o beijo – as curvas dos lábios,
o nariz, as orelhas, os arcos
das sobrancelhas,
a nuca, as costas, o pescoço,
cada milímetro do rosto,
o colo, os dedos, as unhas,
o cabelo, as coxas, o pêlo,
os cílios, os olhos em que me vejo,
as reentrâncias da pele – as dunas
do que descrevem
o riso, os dentes, a língua,
a voz – os sons – a saliva,
a palavra que seduz,
os ombros, o tronco, os joelhos,
o desenho contra a luz,
a altura, o perfil, a cintura
da mais bela criatura
que Deus, para provar a beleza, criou.
Mulher ou pintura – quem sabe –, mas carne
[do mesmo amor.
490
Marcelo Pereira
(1964)* **
A pena de espinhos
sangra a página em branco
e enfrenta a dor e a traição da palavra
para nos libertar.
49
1
UMA CHARADA TROPICAL
Por dentro
sem porta de entrada
como quem guarda
um mistério
líquido, mineral
traz vida no ventre
feto, placenta
que ao outro
alimenta
e se estende
como cabelos de palha canavial
sobre o corpo
em cachos de brinco
fantasias de carnaval
de baixo
do alto a queda
é mais intensa
que o mergulho
um meteoro
(– e não a maçã de newton – embora as duas tragam
[a semente)
Fruto
492
Ivan Marinho
(1965)*
FRAGMENTO DO ACASO
E menos se vê no mundo
E no mundo só se vê.
Entérica alegria
Buscando a rima vazia
De não ser, só parecer.
49
3
ALBERTO DA CUNHA MELO
Condenação e sacerdócio
Fazem de alguns homens Deus,
Onipresentes nas veias
Do universo ateu.
Santificam heresias
Em planos da divindade
E apesar de altos voos
Só do chão cavam verdade.
E até parecem gratos
Da condenação de ver,
Assim como a assumir
Um sacerdotal dever De
levar fogo ao trono
Fazendo acordar do sono
As colônias do poder.
494
POESIA IV
49
5
Mário Hélio
(1965)*
SINESTESIAS
496
II – PRIMEIRA CANÇÃO SINESTÉSICA PARA MARIANA
49
7
KATORGA
498
só eu fiquei com a minha sombra dura+
como a pedra que sobrou, como os duros
comungam com os concretos puros+
como? em segredo, co+a+gula a amargura+
como posso ser feliz à procura
dos mortos amontoados nos monturos
onde dormem paliúros, tisanuros
que a vida sem piedade enclausura?
o medo é o que me restou de ternura+
a vida acre+dita seus rumos e muros
e nós (os mais sós) sonhamos no escuro.
49
9
Fátima Ferreira
(1965)**
CALEIDOSCÓPIO
500
FRAGMENTOS DA PÁTRIA
50
1
Marcos D‟Morais
(1966)* **
502
ATRACAR
A César Leal
50
3
Silvana Menezes
(1967)*
504
as andorinhas sobrevoam o mar dos Milagres num
[fim de tarde de
abril, meu coração em dia de agonia
Pelas correrias da vida, sem seguranças de chegada,
Preso, saltitando em mim, se acalma
Olhando a paisagem consagrada, sagrada,
Aquele balé me encanta
Saio caminhando fascinada pela imagem sublime
Atravesso a praça em construção. E paro o dia.
Observo as aves de arribação
Enquanto o vento divino sopra as águas
Olhando a minha direita vejo o sol me sorrindo
[numa tela de
encantadora beleza de cores
A desejar-me um até amanhã imponente, certeiro
Inebriada, olho para o mar e uma andorinha solta
Voa rente as ondas finas. Senti inspiração intraduzível
Como se entre ela e o mar, estivesse eu
Leve como o vento
aquecida de amor e calmaria.
50
5
Antônio Campos
(1968)* **
REINO DO VERDE
506
Em cada passada, uma poça d‟água.
A terra querendo prender o homem:
guarda o rastro da sua caminhada.
50
7
O ANIVERSÁRIO
508
A ESPERA
50
9
S.R. Tuppan
(1969)* **
VIDA
510
Vou contar a história sem delonga
Que é pro olho abrir ao Universo
O brilhar o brinquedo a bondade
E viver com tal fraternidade
Acabando o desprezo pelas gentes
Dos que não e que só e nunca irmãos
A beleza é um livro de veludo
Tomo tudo em uma aguardente
Quero corpo areia incandescente
O amor é o fogo que incendeia
Sem calor não se chega ao céu sensato
É um fato o mistério das sereias
Só não vê quem não quer ou nunca pôde
Só pode quem quer tendo vontade
Vou abrindo a idade a idéia
A cadeia é a brutalidade
A aranha sempre tece a sua teia
Salve o germe com mais fertilidade
51
1
CAMINHOS MISTERIOSOS
512
Múcio de Lima Góes
(1969)* **
escrevo torto
por linhas certas.
51
3
INSENSAÇÃO
Incenso aceso;
meu peso, penso,
não vem de agora.
Ontens de mim
carregados de tempo
voam por aí vidafora.
Futuro? Adeus.
Pertenço a outro momento,
onde invisível transfiguro.
514
NAU FRÁGIL
quando amar
não tem siso
n
a
u
f
r
a
g
a
r
é preciso
perca
a noção
do perigo,
faça
do relento
o seu abrigo:
kamicase-se
comigo.
de que
me adianta
saber
se há vida
em marte
quando
já tive
51
5
a sorte de
saber que
há vida em
morte
516
Malungo
(1969)* **
DEUSES SONOROS
Emboladores envenenados
tiram fogo do chão.
Coqueiros digitais,
caboclos fumegantes.
Antenas azougadas,
quilombos, lama:
caótica cidade.
Maracatus ao molho:
garçons e alfaias surdas.
Ganzás em oitavas:
tenores em canto livre.
Dj’s se conectando
com a frequência do céu.
Leões encantados
introduzem o groove.
Cânticos de guitarras:
cangaceiros ao pôr do sol.
02/12/2004
51
7
HARPAS
Nas esquinas,
trombetas e clarins.
Frevos e maracatus
deslizando no aroma do som.
Infernos e primaveras:
urubus cantarolam nos jardins.
Dragões insossos
brilham dentro do freezer.
Sereias soçaites:
de tamanco e ganzá.
Serpentes mergulham
em nuvens azuis.
Jesus aterrissa leve
no Campo do Jiquiá.
05/05/2004
518
Micheliny Verunschk
(1972)* **
ESFINGE
51
9
TRÓIA
Toda saudade
Repousa nas palavras,
Tem cheiro de pinho
E ossos muito brancos.
Todas as saudades
São velas arreadas
Dos mastros dos batéis,
Última visão da chama apagando,
Canção de helenas nuas
Perdidas nos lábios de ílion.
Em tudo,
O teu nome de pedra,
Saudade,
Cadela morta.
520
Pietro Wagner
(1972)**
AVES
52
1
pedras de dias claros, pedras
levaram seus nomes aos profetas
levaram seus dias ao acaso
e pedras e astros,
que eram, tão sangue são as terras,
tão barcos os barcos,
tão poucos os metais e as estrelas,
que pássaro e terra pousaram
522
para deixar a noite cobrei todas as casas com a cor e
[as horas da
eternidade.
52
3
ANUÁRIO 2
LOGOFANIA
e os mastros e as esferas
e todos os meses do ano te esperam
524
Delmo Montenegro
(1974)* **
O CÃO LINGÜÍSTICO
o cão lingüístico ou
a fundição de pelos S/A
socado pelos marchands
ou o grande espartilho cósmico
interagindo com as assemblages
do teu focinho de romance a óleo
que jorra dinheiro verdes
como um girassol
no plexo-sutra-em-si de 100 seios
de Shiva sonhando na madrugada cármica
o cão algébrico ou
música barroca na histeria de Newton
poemas com microtons
entre acadêmicos de frottage outro
crayon ou néon neolítico entre nós
as obras-primas do acaso
52
5
non-music: eyeliner
526
o que resta
sol-scelsi: rigor-nada
I-Ching
: paráfrase-vento
mutations
52
7
olho-cárdio-prenome
: fossa abissal
silêncio
construto-carne
que sator-opera-rotas
olho-
ilíaco
-tempestade
: casa do homem
I-Ching
: paráfrase-vento
528
metástase-ichbinlicht
-vômito
-dies irae
fragmenta
sol-scelsi: rigor-nada
52
9
geografia
: não-lugar
apartamento-deus-caos
530
homem-húmus
músculo-délfico
: via-láctea
músculo-artrópode-estrela
: liber vulgata
músculo-flor:
carcicoma-ouvido
nada
53
1
non-music: eyeliner
cadáver-homem-ouvido
pós-som
acaso
532
Antonio Marinho
(1987)* **
TRISTEZA NOTURNA
53
3
SEM PALAVRAS
534
Notas Biobibliográficas
53
5
Obras do autor: Descantes (1907); Trovas de trovadores
(1910); Luz dos meus olhos, Miriam (1912); A poesia das
violas (1921); Noite cheia de estrelas (1925); A linda men-
tira (1926); Poesias (1929); Trovas (coleção dos poemas
de amor) (1931); O caminho enluarado (1932); A luz
do altar (1934); Poesias escolhidas (1946); Um ramo de
cantigas (1955).
536
Assuntos Culturais da Fundarpe – Fundação do Patri-
mônio Histórico e Artístico de Pernambuco (1979 a
1980 e l987 a l989) – e o cargo de Diretor do Arquivo
Público Estadual de Pernambuco (1988). Na virada do
século, foi incluído nas antologias de edição nacional,
Os cem melhores poetas brasileiros do século (2001) e 100
Anos de poesia – Um panorama da poesia brasileira no sécu-
lo XX. Mesmo avesso aos prêmios de poesia, nos quais
nunca se inscreveu, sua obra Meditação sob os Lajedos
(2002) obteve o quarto lugar da primeira versão do
“Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira”,
em vista da metodologia desse prêmio, cujos títulos
são votados por júri nacional. O mesmo ocorrendo
com o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de
Letras, em 2007, cuja inscrição não é feita pelo autor.
No livro Yacala (1999), Alfredo Bosi coloca a sua obra
à altura das dos poetas, Jorge de Lima, Carlos Pena
Filho e João Cabral de Melo Neto. No posfácio da
mesma obra, Bruno Tolentino informa que “Alberto
da Cunha Melo não só confirma sua reconhecida es-
tatura de poeta maior em nosso idioma, mas inscreve-
se definitivamente entre os grandes, os maiores vates
de nosso tempo em qualquer língua que eu conheça”.
Em 1968, na antologia Agenda poética do Recife, orga-
nizada por Cyl Gallindo, Joaquim Cardozo assim já o
apresentava: “há uma dor no poema, há uma carta,
uma comunicação para os outros, quaisquer outros;
nele a poesia existe como um „para sempre‟”. Grande
admirador da poesia do repente, publicou duas re-
portagens biográficas sobre os dois nomes definitivos
desse gênero: Jó Patriota e Louro do Pajeú. O espólio
do poeta encontra-se sob os cuidados da inventariante
Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo, a viúva do
poeta, a quem ele dedicou o livro Clau (1992) que foi
relançado em Braille pela Biblioteca Pública Estadual
de Pernambuco, na primeira homenagem que o es-
critor recebeu após sua morte, durante as atividades
53
7
da IV Festa Literária Internacional de Pernambuco.
Em 2009, a Companhia Editora de Pernambuco pu-
blicou Marco Zero, uma seleta de crônicas da coluna
(2000-2007) de mesmo nome, editada pelo poeta e
publicada na revista Continente Multicultural, da mes-
ma editora. O poeta não viveu o suficiente para ver
realizado o seu grande sonho: a publicação de Benedi-
to Cunha Melo, Poesia seleta (2009), coletânea da poesia
do pai, organizada por ele. A edição foi viabilizada
pelo amigo, poeta e ficcionista da Geração 65, José
Luiz de Almeida Melo. Alberto da Cunha Melo é de-
tentor de uma fortuna crítica considerável e, na área
acadêmica, já possui vários trabalhos monográficos,
destacando-se Faces da Resistência na Poesia de Alberto da
Cunha Melo (Fafire, 2002), de Cláudia Cordeiro, a dis-
sertação Metapoesia e profecia em Alberto da Cunha Melo
(UFPB,2005), mestrado de Norma Maria Godoy Fa-
ria, e a tese Imagens, reverberações na poesia de Alberto da
Cunha Melo: uma abordagem estilística do texto (USP,
2007), de Isabel de Andrade Moliterno. No endereço
virtual do poeta – www.albertocmelo.com – é possível ob-
ter informações mais detalhadas.
Obras do autor: Círculo cósmico (1966); Oração pelo
poema (1967); Publicação do corpo (1974); Dez poemas
políticos (1979): Noticiário (1979); Poemas à mão Livre
(1981); Soma dos sumos (1983); Poemas anteriores (1989);
Clau (1992); Carne de terceira com poemas à mão livre
(1996); Yacala (1999); Yacala (com prefácio de Alfredo
Bosi, 2000); Um certo Louro do Pajeú (2001, reporta-
gem biográfica); Um certo Jó (2002, reportagem bio-
gráfica); Meditação sob os lajedos (2002); Dois caminhos
e uma oração (2003), O cão de olhos amarelos & Outros
poemas inéditos (2006); Marco zero (2009, prosa).
538
primário em Sertânia continuou os seus estudos no
Ginásio Pernambucano do Recife. Seguindo para a
Bahia, formou-se em Medicina pela tradicional Es-
cola de Medicina da Bahia, em 1927. Exímio sone-
tista, dominava com mestria e competência a arte da
poesia. Com apurado domínio técnico das formas de
versos fixos ou livres, legou-nos uma notável obra. Foi
prefeito de Sertânia em 1937 e deputado estadual em
diversas legislaturas. Escritor dos mais profícuos, fez
parte da Sobrames – secção de Pernambuco. Fez parte
do Movimento Armorial, liderado pelo escritor Aria-
no Suassuna. Alcides Lopes de Siqueira é antologiado
no Dicionário do Folclore Nacional de Luís da Câmara
Cascudo, no Roteiro de Velhos e Grandes Cantadores de
Luiz Wilson, no Dicionário biobibliográfico de poetas per-
nambucanos (1993) de Lamartine Morais e no Novo
dicionário de Aurélio Buarque de Holanda (2009). Este
verbete deve-se à sugestão e envio de dados de Mar-
cos Cordeiro, poeta pernambucano que também faz
parte desta coletânea.
Obras do autor: Abelhas e rosas (1934); No tempo de
abadá (1961); Espelho de três faces (1985); O mundo per-
dido e outras histórias sertanejas (s.d.).
53
9
balho literário – o quase abstrato e assimétrico – para
atingir um verso de estranha ressonância e, por conse-
quência, contemporâneo de qualquer época”. César
Leal (1999) afirma: “Sua poesia apresenta influências
que o aproximam dos poetas espanhóis e italianos da
modernidade: G. Ungaretti, Eugenio Montale, Salva-
tores Quasimodo, Juan Ramon Jimenez.”
Obras do autor: Estações da viagem (1975); Os cães
da sina (1979); Ritmo dos nus (1992); O lugar da alma
(1998).
540
Realizou estudos da língua francesa na Alliance Fran-
çaise du Brésil. É membro efetivo da Academia de
Letras e Artes do Nordeste Brasileiro (ALANB) e da
União Brasileira de Escritores (UBE-PE). É sócia ho-
norária da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores
(Sobrames). Foi outorgada com as medalhas:
Centená- rio da Academia Pernambucana de Letras;
Sesquicentená- rio da Biblioteca Pública do Estado de
Pernambuco. E rece- beu os prêmios literários: Vânia
Souto Carvalho – APL,
1994; Dulce Chacon – APL, 1997; Amaro Quintas de
História de Pernambuco, da Academia Pernambuca-
na de Letras, pelo seu livro A faculdade sitiada (2009).
Obras da autora: Lira e César. Juiz de Caruaru (1981,
ensaio biográfico); Gênesis (1984, crônicas); A bala e
a mitra (1994, ensaio histórico); 50 Anos do Senac em
Pernambuco (1996, história); O tom azul (1997, roman-
ce); Versos voláteis (1998); Habemus Panem. Memórias
de uma época (2000, prosa); No limiar do tempo (2005);
A faculdade sitiada (2009).
542
pecialista em Direito Empresarial, Eleitoral, Público
e do Entretenimento. É sócio partner da Campos Ad-
vogados empresa associada à Noronha Advogados,
com atuação em diversos países. Maximiano Campos
e seu tio Renato Carneiro Campos exerceram gran-
de influência na sua vida literária e possibilitaram,
desde a infância, a sua incursão no mundo dos livros
e a convivência com autores pernambucanos de di-
versas tendências, do grande mestre Gilberto Freyre,
então já consagrado internacionalmente, aos das ge-
rações emergentes à época, especialmente a Geração
65, à qual pertencia seu pai. À densidade desse lega-
do cultural somou-se a sua vocação nata pelo mundo
literário especialmente a arte poética que sempre o
acompanhou em seu intenso convívio social. Antes de
lançar o seu primeiro livro exclusivamente de poe-
sia, Portal de sonhos (2008), uma bela e bem cuidada
edição, Antônio Campos já lançara cinco livros seus
e mais a primeira edição desta coletânea Pernambu-
co, terra da poesia. Um painel da poesia pernambu-
cana dos séculos XVI ao XXI (2005), organizada em
parceria com Cláudia Cordeiro. Essa iniciativa veio
a consagrá-lo como um dos mais argutos pensadores
da literatura no Estado, pois há mais de três déca-
das não se reunia, em um único exemplar, um painel
de cinco séculos. A seguir, investe na edição do Pa-
norâmica do conto em Pernambuco (2007), em parceria
com Cyl Gallindo, que agora aparece em 2ª edição.
Antônio Campos faz parte de diversas organizações
sociais. À pertinência desta coletânea, destacamos:
Academia Pernambucana de Letras (posse em 2008)
e Academia de Artes e Letras de Pernambuco (posse
em 2007). É articulista do Jornal do Brasil, RJ, cola-
borador de jornais pernambucanos e conferencista.
Em 16 de março deste 2010, concluiu seu discurso na
Academia Sueca de Letras com a síntese da causa que
advoga: “Diálogo é a palavra-chave do mundo con-
54
3
temporâneo: entre artes, etnias, religiões, culturas”.
Impossível, no entanto, separar o poeta e escritor de
um dos mais atuantes empresários culturais brasilei-
ros, seja como editor ou como produtor internacional
de eventos, a exemplo da Fliporto – Festa Literária In-
ternacional de Pernambuco. A intensidade das ações
voltadas para a valorização da cultura brasileira, com
ênfase na literatura, tem raízes muito fundas: Com a
morte prematura do pai (1998), passou a editar todas
as obras dele, inclusive as inéditas, e o Instituto Ma-
ximiano Campos (IMC) – fundado em 2002 – passa
a ser o depositário do acervo literário e artístico do
escritor Maximiano Campos. Surge, assim, o editor
Antônio Campos, atualmente à frente da Carpe Diem
Edições e Produções e sócio de diversas editoras de
circuito nacional. Concomitantemente, Antônio trata
de intensificar o produto literário fomentando a vei-
culação das obras através do meio digital: em 2003,
Antônio lança a primeira versão do IMC na Internet
www.imcbr.org.br, com edição de Cláudia Cordeiro;
em 2008, veicula através da Fliporto Digital o projeto
MIX LEITOR D, primeiro leitor eletrônico de livros
com tecnologia de software 100% nacional e patente
requerida no segmento de e-readers no Brasil, que,
neste 2010, já é um produto lançado com absoluto
êxito no mercado nacional. Vale ressaltar que o Ins-
tituto Maximiano Campos (IMC) é uma sociedade
civil voltada para a valorização da cultura brasilei-
ra, especialmente dos valores literários, com ampla
atuação em Pernambuco e na região nordestina. Já
apoiou a publicação de mais de 100 livros de diversos
autores, e revigora a literatura emergente no Estado
através de concursos, apoio a lançamentos de livros e
outras atividades culturais. Antônio Campos é cofun-
dador do Instituto de Direito Privado da Faculdade
de Direito do Recife; Membro e Sócio Benemérito da
UBE-PE; Conselheiro da AIP; Palestrante Honorário
544
da Escola Ruy Antunes da OAB-PE, na cadeira de Di-
reito Eleitoral; foi Conselheiro Titular da 1ª Câmara
do 2º Conselho de Contribuintes da Receita Federal;
autor de artigos jurídicos e literários publicados em
periódicos, revistas e jornais; detentor da comenda
“Dom Quixote” da revista Cidadania e Justiça. “A ex-
pansão internacional das empresas nacionais tem de
estar acompanhada por uma diplomacia cultural, que
deve mostrar o melhor da arte e da produção inte-
lectual brasileiras”, a frase não representa apenas um
recorte de um discurso (Academia Sueca, 2010), mas
uma práxis que pode ser exemplificada por toda a
atuação cultural de Antônio Campos, mas principal-
mente enquanto curador da Festa Literária Interna-
cional de Pernambuco, um evento que já se inseriu
definitivamente no calendário cultural do país. A tra-
jetória desse empreendedorismo cultural remete-nos
às fontes da atuação de uma das personalidades mais
fortes da história política brasileira, o seu avô Miguel
Arraes, cujo vigor está implícito na atuação também
de seu irmão Eduardo Campos, governador de Per-
nambuco, e de sua mãe, Ana Lúcia Arraes de Alencar.
A poesia não está longe desse contexto, ela está ínsita
no ser, na inquietude, é princípio, Antônio Campos é
poeta. A principal fonte deste verbete é a Panorâmica
do conto em Pernambuco, que Cyl Gallindo redigiu para
a segunda edição, 2010.
Obras do autor: Mensagens (2002); Pense S.A. (2002);
O grande portal (2003); Direito eleitoral – Eleições 2004
(2004); A arte de advogar (2004); Viver é resistir (2005);
Pernambuco, terra da poesia, Coletânea, em parceria
com Cláudia Cordeiro, (2005); Território da palavra
(2006); Panorâmica do conto em Pernambuco, em parce-
ria com Cyl Gallindo, (2007); Portal de sonhos, poesias,
(2008). [Em]Canto – A voz do poema – leitura de Antônio
Campos, poesia CD, (s.d.); Diálogos culturais no mundo
pós-moderno, realizado em Estocolmo, março, 2010,
54
5
(2010); Clarice Lispector – uma geografia fundadora,
palestra proferida na APL, quando da comemoração
do Dia Internacional da Mulher, 25.03.2010; (2010);
A reinvenção do livro, conferência proferida na UBE-
PE, em comemoração do Dia Internacional do Livro,
23.04.2010, (2010); Diálogos contemporâneos (2010).
546
to da Fliporto em Brasília, encantou uma plateia sele-
ta, que o aplaudiu com entusiasmo. Além de ter sido
publicado por jornais e revistas locais, foi também
divulgado pela imprensa nacional e internacional. É
estudante de Direito. Reside no Recife e faz recitais
por todo o Brasil. Na Internet, vê-se que Marinho se
prepara para investir no mundo virtual, seu endere-
ço, http://www.antoniomarinho.com/ (2010), anuncia
seu sítio virtual em desenvolvimento.
Obras do autor: Nascimento (2003).
54
7
brasileira. Aposenta-se como professor em 1994. Em
1970, lança, no Recife, o concerto “Três Séculos de
Música Nordestina – do Barroco ao Armorial”, com
uma exposição de gravura, pintura e escultura. Foi
Secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, no
Governo Miguel Arraes (1994-1998). Em 2000, tor-
nou-se Membro da Academia Paraibana de Letras e
Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (2000). Foi eleito para a Aca-
demia Brasileira de Letras em 3 de agosto de 1989 e
recebido em 9 de agosto de 1990. Em 1999, a Editora
Universitária da UFPE publica seu livro de poesia,
Poemas, com seleção e notas de Carlos Newton Júnior,
que, no prefácio, esclarece: “Encontra-se reunida,
neste volume, a parte mais significativa da produção
poética de Ariano Suassuna. Do ponto de vista quan-
titativo, a edição corresponde a mais da metade dos
originais datilografados aos quais tivemos acesso –
que representam, segundo o autor, quase todo o seu
trabalho em poesia”.
Obras do autor: Teatro: Uma mulher vestida de sol
(1947); Cantam as harpas de Sião (ou o Desertor de prin-
cesa) (1948); Os homens de barro (1949); Auto de João da
Cruz (1950); Torturas de um coração (1951): O arco deso-
lado (1952); O castigo da soberba (1953); O rico avaren-
to (1954); O auto da Compadecida (1955); O casamento
suspeitoso (1957); O santo e a porca (1957); O homem da
vaca e o poder da fortuna (1958); A pena e a lei (1959);
A farsa da boa preguiça (1960); A caseira e a Catarina
(1962). Romance d’A pedra do reino (1971); Príncipe
do sangue do vai-e-volta (1971), O movimento armorial
(1974). Iniciação à estética, teoria literária (1975, ensaio
didático). Poemas (1999).
548
à Geração 65 e atuou intensamente na vida literá-
ria do Recife, onde morreu em 2002. Seu livro Po-
mar (1979) foi a fonte de criação das Edições Pirata,
editora alternativa que publicou mais de 300 títulos
de autores locais e nacionais. A iniciativa foi lidera-
da por intelectuais que, como ele, trabalhavam na
Fundação Joaquim Nabuco. Entre eles, destacam-se:
Alberto da Cunha Melo, Eugênia Menezes, Jaci Be-
zerra e Myriam Brindeiro. Editou, de 1981 a 1995,
o jornal alternativo Pró-Texto. Publicou, na impren-
sa pernambucana, vários poemas dentro da linha do
“Poema Processo”, alguns reunidos no livro póstumo
Singular e plural (2003), pelas Edições Mauritexstadt,
numa iniciativa do Instituto Maximiano Campos, que
financiou a edição. Pertenceu à União Brasileira de
Escritores (UBE-PE). E exerceu grande influência li-
terária sobre a geração de Escritores Independentes.
Obras do autor: Pomar (1979); Passaporte (1981); Nu
relato (1983); Tenda proibida (1987); O ditador e outros
contos (1981, contos); Quem sou eu? (1981, prosa); O
gavião e a coruja e o ratinho órfão (2002, prosa); Singu-
lar e plural (2003).
54
9
escrever para os periódicos Mauriceia, Revista do Nor-
te, Revista de Pernambuco, A Pilhéria, Revista da Cidade
e Revista de Antropofagia. Nessa mesma época, passa a
frequentar o “cenáculo” do Café Lafayette e se une a
um grupo de intelectuais que influenciaria sua obra
definitivamente. Nesse grupo, destacam-se: Benedito
Monteiro, Joaquim Cardozo, Osório Borba e Luís Jar-
dim. Participou, em 1926, do I Congresso Regionalista
do Nordeste e, em 1934, do Congresso Afro-Brasileiro,
ambos realizados no Recife. Seu primeiro livro de poe-
sia, Catimbó, foi lançado em 1927. Na década de 1940,
realizou conferências e estudos sobre divertimentos
populares do Nordeste. Participou da campanha pre-
sidencial de Juscelino Kubitschek, em 1955. Em 1959,
lançou no Recife o álbum duplo de discos 64 Poemas
escolhidos e 3 historietas pernambucanas. Foram publica-
dos postumamente, em 1986, O maracatu, presépios e
pastoris e O bumba meu boi: ensaios folclóricos, em livro
organizado por Roberto Benjamin. A poesia de Ascen-
so Ferreira filia-se à primeira geração do Modernismo.
Manuel Bandeira, em Apresentação da poesia brasileira
(1954, p. 162), registra: “os poemas de Ascenso são ver-
dadeiras rapsódias do Nordeste, nas quais se espelha
amoravelmente a alma ora brincalhona, ora pungen-
temente nostálgica das populações dos engenhos”.
Obras do autor: Catimbó (1918); Cana Caiana (1939);
Poesias (com prefácio de Manuel Bandeira, 1951);
Poemas, 1922/1953 (1953); Xenhenhém (1953); Catimbó
e outros poemas (1963); Eu voltarei ao sol de primavera
(1985); O maracatu, presépios e pastoris (1986, ensaios);
O bumba meu boi: ensaios folclóricos (1986, ensaios).
550
1972. Fez o curso médio, no Ginásio Pernambucano.
Em 1955, bacharelou-se pela Faculdade de Direito
do Recife e em Línguas Neolatinas pela Universida-
de Católica de Pernambuco. Exerceu o magistério e
a advocacia, sendo assistente Jurídico do Ministério
do Trabalho. Pertenceu à Geração de 50, da poesia
pernambucana, com os poetas Mauro Mota, Carlos
Pena Filho, Edmir Domingues, Geraldo Valença e ou-
tros não menos importantes. Estreou na vida literária
em 1954 com o livro de poemas Caminhos do silên-
cio. O seu segundo livro, Alicerces da solidão (1959), já
merecia boa acolhida da crítica. E Canto agrário, de
1962, que contou com comentários do crítico francês
Armand Guilbert. Iniciou o Movimento Espectralista,
designação atribuída pelo poeta pernambucano Joa-
quim Cardozo ao sincretismo poético integral, movi-
mento de repercussão nacional. Na vida profissional,
exerceu vários cargos de direção em entidades cultu-
rais, tendo sido o idealizador e primeiro supervisor
do “Espaço Pasárgada” (1986) e diretor de Assuntos
Culturais da Fundarpe. Prefaciando o livro Canto por
enquanto (1982), Joaquim Cardozo afirma: “O que
sinto e vejo, porém, nos magníficos poemas de Audá-
lio Alves, poeta pernambucano, nascido no baixo ser-
tão de Pesqueira, é a comunicação deslumbrada desse
halo poético que envolve certas coisas do Nordeste,
do litoral sobretudo.”
Obras do autor: Caminhos do silêncio (1954); Alicerces da
solidão (1959); Olhar dá sede (1961); Canto agrário (1962);
Romanceiro do canto soberano (1966); Canto da matéria
viva (1971); Espaço migrante (1982); Canto por enquanto
(1982); O dia amanhece em minhas mãos (1987).
55
1
e morreu num desastre de ônibus, a 29 de outubro
de 1953, aos 54 anos. Adotou o pseudônimo literário
de Austro Costa. Foi um dos poetas mais lidos e ad-
mirados do seu tempo. Ingressou na Academia Per-
nambucana de Letras em 1949, tendo como patrono
Natividade Saldanha e fundada por Gervásio Fiora-
vanti, em 1901.
Obras do autor: Mulheres e rosas (1922); Vida e sonho
(1945); O monóculo (1950).
552
Obras da autora: Enigma (1976); Sombras consolidadas
(1980); O primeiro quadrante (1985); No rosto do tempo
(1987); Da permanência e da temporalidade. Um tempo
de Catende (1987, ensaio); Veredictos (1995), Estrela em
trânsito (1997); Arquitetura da luz (2004); Oferendas
(2007); Silêncio das velas vivas (2009, contos).
55
3
na (1942, teatro); Recitália (1943); Aconteceu ou podia ter
acontecido (1944); Cancionário (1946); Conceitos e precei-
tos (1946); Musa gaiata (1949); Sol de inverno (1955).
554
Obras do autor: Folhas secas (1939, trovas); Versos diver-
sos (1948, sonetos e trovas); Nuvens de pó (1949, sone-
tos e trovas); Da morte, folhas secas e outras trovas (1954);
Perfis (1954, trovas satíricas); Canto de cisne (1980, tro-
vas); Benedito Cunha Melo. Poesia seleta (2009).
55
5
é indiscutível. Pernambuco orgulha-se de ter sido o
motivo do primeiro canto da Literatura Brasileira. É
esse fato que nos fez publicar, na grafia original da
época, os fragmentos dessa obra, firmando assim o
registro histórico e seu caráter documental, funda-
mento primeiro deste nosso trabalho.
Obra do autor: Prosopopeia (1601).
556
CARLOS Souto PENA FILHO (1930-1960)**
Poeta, jornalista, crítico literário e bacharel em Di-
reito, nasceu no Recife, a 17 de maio de 1929, e fa-
leceu em um desastre automobilístico em 1 de julho
de 1960, aos 31 anos de idade. Filho dos portugueses
Carlos Souto Pena (comerciante) e de Laurinda Souto
Pena (do Lar), fez o curso primário em Portugal e se-
cundário no Colégio Nóbrega do Recife. A Faculdade
de Direito do Recife, onde concluiu seu bacharelado,
ostenta, em seus jardins, um busto do poeta. Alber-
to da Cunha Melo, no verbete da Antologia didática
de poetas pernambucanos (1988, v. 1, p. 79), esclarece
sobre a poética do autor do “Soneto do desmantelo
azul”: “Há quem acredite que Carlos Pena Filho, por
ter morrido tão moço, não teve tempo para criar a
obra importante a que estaria destinado, por talento
e capacidade de trabalho. Mas essa é uma posição re-
lativista que, hoje, com a consagração do público e da
crítica, perde muito de sua capacidade de argumen-
tação. O certo é que Carlos Pena deixou uma obra
de surpreendente atualidade, dando continuidade
à renovação do soneto, iniciada por Carlos Moreira,
e enriquecendo a poesia pernambucana e brasileira
com imagens estranhamente líricas, sem esquecer
homens, terras e mares pernambucanos. A Geração
de 65, além da influência nítida de João Cabral de
Melo Neto, revela a sombra leve e delicada da poesia
de Carlos Pena Filho, na obra de alguns de seus me-
lhores nomes. No prefácio que escreveu para o Livro
geral, última obra (reunião dos livros anteriores) de
Pena, informa o escritor Ariano Suassuna: “Literaria-
mente, seu maior dom talvez fosse, segundo ressaltou,
certa vez, César Leal, a elegância e a pureza do verso.
Quanto à poesia, segundo declarou certa vez o pró-
prio poeta, em conferência na Faculdade de Filosofia
de Pernambuco, sentia-se ele um tanto perplexo en-
tre duas linhas mestras de sua poesia, a formalista e a
55
7
regionalista. A síntese dar-se-ia inevitavelmente, não
interrompesse a morte, de modo tão brutal e prema-
turo, o leve e puro som de sua voz”.
Obras do autor: O tempo da busca (1952); Memórias do
boi Serapião (1956); Livro geral [incluindo Cinco aparições,
Dez sonetos escuros, A vertigem lúcida, Poemas sem data, O
tempo da busca e Guia prático da cidade do Recife] (1959).
558
gias ao padre Romano Zufferey, que Celina publicou em
1985, celebrizam a poetisa que sempre será. Entre os
anos de 1979 a 1984, atuou intensamente nas Edições
Pirata, movimento editorial pernambucano. Celina
morreu no Recife, PE, em 3 de junho de 1999, mas
sua poesia continua a encantar as novas gerações, ela
é a sua presença eternizada em todos que contaram
com o privilégio de sua convivência. O livro Viagens
gerais, lançado em 1995, é sua obra mais completa,
reunindo todos os livros publicados até aquele ano e
ainda os inéditos Afago e faca e Tarefas de Nigiam.
Obras da autora: O espelho e a rosa (1970); A mão extre-
ma (1976); Sobre esta cidade de rios (1979); Roda d’água
(1981); As viagens (1984); Pantorra, o engenho (1990);
Viagens gerais (1995).
55
9
de Federal de Pernambuco, onde fundou o Progra-
ma de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em
Letras. Antes de implantar os cursos pós-graduados,
visitou várias Universidades norte-americanas, sendo
o primeiro poeta da língua portuguesa a gravar seus
poemas, ao vivo, para a Biblioteca de Poesia da Uni-
versidade de Harvard. Conselheiro titular da Fundaj
(1980-1988), como representante do MinC. Por in-
dicação de Celso Furtado, o presidente José Sarney
nomeou-o para o Conselho Federal de Cultura e, em
seguida, para o Conselho Superior de Liberdade de
Criação e Expressão do Ministério da Justiça. Inte-
grou, no governo de Itamar Franco, o Grupo dos 17,
da Comissão Nacional do Cinema (1993-1994). Pu-
blicou, em 2004, o capítulo sobre o Recife em História
da literatura da América Latina (“Recife as Cultural Cen-
ter”), obra monumental: três volumes, escrita por 209
scholars do mundo inteiro. No Diario de Pernambuco
e em Estudos Universitários lançou o Grupo chamado
Geração 65, além de outras gerações, por isso é pos-
sível ver seu nome inserido entre os dessas gerações,
mas, conforme o próprio César, sua poesia não se en-
caixa nos parâmetros de nenhuma delas, nem na de
65 nem nas anteriores. Tem vinte e um livros publica-
dos, entre os quais Tempo e vida na terra (1998), Dimen-
sões temporais na poesia e outros ensaios, em dois volumes
(2004), ambos pela Imago, do Rio de Janeiro. É “Ca-
valiere” da Ordem do Mérito da República da Itália.
De 2000 até agora, participou de dez antologias, sen-
do três no exterior: Literatura portuguesa e brasileira
contemporânea (editada pela Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, 2000); Literatura brasileira
(Editora Universitária, Lisboa, 2000); Antologia de la
poesia brasileña (Ediciónes Laiovento, Espanha, 2001,
509p.); 100 Anos de poesia – um panorama da poesia bra-
sileira no século XX (2002). Tem cerca de 220 ensaios
publicados no Brasil e no exterior em suplementos
560
literários e revistas de cultura. Foi sob a orientação de
César Leal que imprimimos, neste painel, o conceito
de “domicílio literário”, o fundamento teórico da in-
serção de poetas nascidos em outros Estados, como
ele, mas profundamente vinculados à literatura e à
vida cultural pernambucana.
Obras do autor: Invenções da noite menor (1957); Ro-
mance do Pantaju (1962); O triunfo das águas (1968); Os
cavaleiros de Júpiter (1968, crítica de poesia e teoria da li-
teratura); Introdução ao estudo da poesia de Camões (1975,
ensaio); Literatura: a palavra como forma de ação (1978,
ensaio); Jornal do verão (1969); Ursa Maior (1969); A
quinta estação (1972); Tambor cósmico (1978); Os heróis
(1983/1997); Constelações (1986); Entre o leão e o tigre
(1987, ensaios); A oriental safira (1992); O arranha-céu
(1994); Alturas (1997); Invenções da noite menor (Ed. co-
memorativa dos 40 anos de estreia, 1997); Quatro poe-
mas e quatro estudos (1998); Tempo e vida na terra (1998).
Dimensões temporais na poesia e outros ensaios (2005).
56
1
cendência, qualquer que seja o nome que se dê a ela ou
o conceito que dela se tenha.”
Obra do autor: Construção do dia (1980); Vide-versos
(1980); Liberdade, Vide Versos. Fragmentos, Disfarces,
Diagnósticos, (1988); A casa e o mundo (2009).
56
3
livro Poema anteriores (1981), e “Uma estranha bele-
za: entrevista com o poeta Alberto da Cunha Melo”,
publicado na Cronos: Revista de Pós-Graduação em
Ciências Sociais da UFRN (2004/2005), seja pela in-
ternet, através da edição, entre outros, do sítio virtual
oficial do autor – www.albertocmelo.com. Em outubro
de 2003, lançou, na USP, seu ensaio Faces da resistência
na poesia de Alberto da Cunha Melo. Obteve, em 1985,
o primeiro lugar do Prêmio de Ensaio Mauro Mota
(UBE-PE), juntamente com a professora Sônia Prieto,
pelo ensaio “Mauro Mota: uma poética da recorda-
ção”. Algumas vezes, aventura-se na arte poética e
tem alguns poemas inéditos. No ano de 2005, foi
selecionada para a antologia Marcas do tempo VII, p.
37-38, como resultado da classificação do seu poema
“Assalto à alegria”, no concurso literário da Biblioteca
Pública Municipal “Prof. Gerson Alfio De Marco”, SP.
Organizou, com Antônio Campos, a coletânea Per-
nambuco, terra da poesia. Um painel da poesia pernam-
bucana dos séculos XVI ao XXI (2005), lançada no
dia 1º de dezembro, na Livraria Cultura, PE. Dentre
as várias palestras que já realizou, destacam-se as dez
realizadas – oito delas em universidades do Estado
de S. Paulo – pelo seu projeto Vozes Pernambucanas
(2006), que obteve patrocínio do Instituto Maximiano
Campos (IMC), e ainda na Fafire, entidade de ensino
superior comprometida com o estudo e a divulgação
da arte literária pernambucana. Como artista plásti-
ca, realizou várias exposições e dirigiu a Escolinha de
Arte Garibaldi Brasil no Sesc/AC – 1980/1981, quan-
do manteve intercâmbio cultural com a Escolinha de
Arte de Varsóvia. Foi coordenadora de planejamen-
to da Diretoria de Assuntos Culturais da Fundarpe
(1987/1988), enquanto Técnica em Atividades Cul-
turais daquele órgão (1987/2000). Foi revisora, mídia
e tráfego da agência Gruponove. Em 2004, organizou
e editou o CD Plataforma para a Poesia, vol. 0, “Poe-
564
mas Indispensáveis”, com apresentação de Deonísio
da Silva. É editora do sítio virtual Plataforma para a
Poesia e Trilhas Literárias, on-line há 10 anos, que é, na
verdade, o núcleo virtual de um projeto maior de sen-
sibilização de leitores para a arte poética, através de
sua veiculação em diversas mídias. Em 2007, criou e
organizou o I Prêmio Internacional Poesia ao Vídeo,
patrocinado pela Fliporto, que se encontra em sua
quarta edição. É coordenadora da Fliporto Digital há
quatro anos. Sua parceria em diversos projetos com
o escritor, advogado e poeta Antônio Campos – que
se firma hoje como um raro mecenas da cultura per-
nambucana – é fruto da afinidade com a arte poética
e com o empenho em divulgar e valorizar a cultura
pernambucana. Cláudia Cordeiro é inventariante do
espólio de Alberto da Cunha Melo (1942-2007), que
deixou sua vontade expressa em testamento para ela
e empenha-se, atualmente, em compilar toda a obra
editada e inédita do poeta.
Obras da organizadora: Faces da resistência na poesia de
Alberto da Cunha Melo (2003); Pernambuco, terra da poe-
sia. Um painel da poesia pernambucana dos séculos
XVI ao XXI (2005 e, segunda tiragem, 2006).
56
5
CLOVES MARQUES da Silva (1944)*
Poeta e engenheiro, nasceu em Delmiro Gouveia, AL,
em 10 de setembro de 1944. Reside no Recife desde
1966 e faz parte da Academia de Letras e Artes do
Nordeste Brasileiro; Academia Recifense de Letras;
União Brasileira de Escritores – Seção Pernambuco,
Academia de Artes e Letras de Pernambuco. Ressalta-
se em sua literatura a poesia do haicai.
Obras do autor: Pra não morrer de amor (1990); É eter-
no, mas é preciso (1992, poemas); Crônicas do encontro
(1994); Umaremu, instantâneos do Natal (2001); Haicai
ao Recife (2002); Máscara em Haicai (2005); 365 Hai-
cais de sol e chuva (2006).
566
Pernambuco (2007), em parceria com Antônio Campos.
Já participou de 29 antologias e tem vários textos seus
traduzidos para o alemão, francês e espanhol. Perten-
ce à Academia de Letras do Brasil, Academia de Le-
tras e Arte do Nordeste Brasileiro, União Brasileira de
Escritores (UBE-PE) e, em 2009, foi eleito membro da
Academia Pernambucana de Letras. Seu mais recente
livro, Intimidade da palavra (2010), reúne seus ensaios
e revelam a convivência e a familiaridade com a obra
e a vida de grandes nomes de nossa literatura a exem-
plo de Manuel Bandeira e Euclides da Cunha e com a
vida cultural e literária de Pernambuco.
Obras do autor: A conservação do grito-gesto (1971); Os
movimentos (1996); Poemas escolhidos (1999). Contos:
As galinhas do coronel (1974); Um morto coberto de razão
(1985); Quanto pesa a alma de um homem. Quanto pesa
a alma de uma mulher (1994); Cadeira de Dinah (1999);
Milagre no jardim da casa-grande (2003), A intimidade da
palavra (2010, ensaios).
56
7
DEDÉ MONTEIRO [José Rufino da Costa Neto]
(1949)**
Poeta e professor, José Rufino da Costa Neto adotou
o pseudônimo literário de Dedé Monteiro. Nasceu no
Sítio Barro Branco da Tabira (Tabira, PE), a 13 de se-
tembro de 1949. Em 1969, Dedé Monteiro concluiu
o curso de contabilidade na Escola Monsenhor Pinto
de Campos, em Afogados da Ingazeira, PE. Em 1974,
concluiu o curso de Letras na Faculdade de Forma-
ção de Professores, em Arcoverde, PE, e o curso supe-
rior de Educação Física, no Recife, dedicando-se ao
magistério desde 1972. No Dicionário biobibliográfico
de poetas pernambucanos (1993, p. 93), o organizador
Lamartine Moraes anota: “Dedé Monteiro dedicou-
se à poesia e, como matuto autêntico, explorou com
maestria a literatura de cordel, desafiando motes. Diz
o professor José Rabelo Vasconcelos: “Realizava-se
a prova de Português do vestibular na Faculdade de
Formação de Professores de Arcoverde. Fazia eu parte
da equipe de professores que aplicava a prova e que
deveria corrigir a redação. O tema sorteado fora “A
Paz”. Poucos minutos depois de distribuídos os tes-
tes, um dos candidatos se levanta e faz a entrega da
redação. Surpreende-me a rapidez com que o traba-
lho fora feito. A surpresa foi maior porque ele fora
redigido em versos. E não era para menos, pois é sa-
bida, nos tempos em que vivemos, a dificuldade que
a redação oferece aos vestibulandos, mesmo quando
feita em prosa. O candidato a fizera com incrível ra-
pidez e em versos. O futuro professor José Rufino da
Costa Neto não era senão, o poeta Dedé Monteiro”.
Lamartine anota ainda que até aquela data (1993)
Dedé Monteiro só publicara o livro Retalhos do Pajeú,
mas nossas pesquisas levaram-se ao Meu quarto baú de
rimas, lançado em 2010, com 250 poemas inéditos,
conforme registra Marcello Patriota no sítio virtual
“www.itapetim.net - O Ventre Imortal da Poesia”.
568
Obras do autor: Retalhos do Pajeú (s.d.); Meu quarto baú
de rimas (2010).
56
9
DEOLINDO TAVARES (1918-1942)**
Poeta, jornalista, músico e desenhista, nasceu no Reci-
fe, a 21 de dezembro de 1918, e morreu precocemen-
te, aos 24 anos de idade, no dia 6 de maio de 1942.
Estudou no Ginásio Pernambucano e chegou a cursar
o primeiro ano da Faculdade de Direito do Recife. De-
dicando-se à imprensa, desempenhou a função de re-
dator do Diario de Pernambuco. Colaborou com os jor-
nais: Diário da Manhã, Renovação e Caderno Acadêmico.
Sua obra poética foi publicada postumamente na an-
tologia Autores e livros (1945) e em uma edição crítica
de Fausto Cunha, em 1955, com o título de Poesias de
Deolindo Tavares, reeditada pela Fundação do Patrimô-
nio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe),
em 1988, na gestão do secretário de Cultura Maximia-
no Campos, com prefácio de Alberto da Cunha Melo,
que registra: “Sua pessoa e sua obra, após relermos os
depoimentos dos seus contemporâneos, em especial
Gilberto Freyre e João Cabral de Melo Neto, pare-
ceram-nos impregnadas daquela „sabedoria da inse-
gurança‟ de que nos fala Allan Watts, em memorável
livro do mesmo título”. Fausto Cunha atestou: “Deo-
lindo era poeta porque não podia ser outra coisa, é o
testemunho dos amigos. Eu diria em outras palavras:
era poeta porque em seu mundo só havia poesia”.
Obra do autor: Poesias de Deolindo Tavares (1955).
570
alternativos de divulgação da poesia, fez sua primeira
exposição de pôster-poema, no Recife, no ano de 1983,
sob o título Poesia, uma paixão que se expõe.
Obras publicadas: Círculo vazio (1973); Feitiço do silên-
cio (1984); Do amor e suas perversidades
(1990); Desiguais (1995).
57
1
destaque entre os de sua geração. Os livros que se se-
guiram ao de estreia: Corcel de espumas, Cidade submer-
sa e O domador de palavras, foram premiados por ór-
gãos ou entidades de cultura estaduais ou municipais.
Além da advocacia, Edmir Domingues foi juiz do Tri-
bunal Regional Eleitoral, de que fora, antes, um dos
seus diretores. Entre os prêmios que obteve, citam-se
o “Prêmio Mário de Andrade”, SP, 1954; “Prêmio Vâ-
nia Lobo de Carvalho”, Recife, 1954; e “Prêmio Oton
Bezerra”, da Academia Pernambucana de Letras.
Obras do autor: A rua do vento norte (1952); Corcel de
espumas (1960); Cidade submersa e outros poemas (1972);
O domador de palavras (1987); Universo fechado ou O
construtor de catedrais (1996, poemas reunidos).
572
marcou a sua posição na história da Literatura Brasi-
leira, e pouquíssimos, nas suas respectivas cidades ou
Estados, terão tido a influência que teve este homem
prático e objetivo na vida comum.”
Obras do autor: O deserto e os números (1949); As condi-
ções ambientes e O deserto e os números (1971).
57
3
Recife através da internet. Atualmente está estudan-
do a obra do poeta Alberto da Cunha Melo, que será
tema da sua dissertação de doutorado e organiza o
seu livro de poesia A palavra falta. Participou das co-
letâneas: Poesia viva do Recife (1996); Marginal Recife:
coletânea poética III (2004); Pernambuco, terra da poesia
(2005) e Iluminuras (2006). No ano de 1985, em par-
ceria com Cida Pedrosa, publicou seu primeiro livro,
Restos do fim (Poeira dos gozos). Atualmente prepara a
edição do livro A palavra falta.
Obras do autor: Restos do fim (1985); Procissão da pala-
vra (1986), Bandeira: uma poética de múltiplos espa-
ços (2003, ensaio) e O lado aberto (2004).
574
rios jornais do país a exemplo do Suplemento Cultura
de O Estado de São Paulo e do Caderno de Cultura do
Jornal do Commercio. Nesse período, publica seus traba-
lhos na revista Pórtico, do Departamento de Letras da
Universidade Federal Pernambuco, 1985; na Encontro,
do Gabinete Português de Leitura, Recife (1987); e na
Flegeton, revista da Academia de Letras da Bahia, Sal-
vador (1988). Seus poemas também são publicados em
revistas no exterior a exemplo de: “Os rios infernais” (5
poemas) in Cadernos de Literatura, nº 14, Coimbra, 1983;
“Regresso” e “Helesponto”, in Plaza, nº 13, Revista de
Literatura do Department of Romance Languages and
Literatures, Massachusetts: Harvard University, 1987,
e, posteriormente, “Quatro Poemas” (traduzidos para
o dinamarquês) in Banana Split, 6, Copenhagen, Dina-
marca, 1993. Na década de 1990, representa o Brasil
ao lado de José Paulo Paes, Sebastião Uchoa Leite e
Haroldo de Campos, no Festival Internacional de Poe-
sia (Copenhagen, Dinamarca, 1997) e, no mesmo ano,
participa, em Salvador, do programa Com a Palavra, o
Escritor – criado pela Universidade Federal da Bahia
e Fundação Casa de Jorge Amado – em que o escritor
é apresentado por um crítico, e responde às perguntas
da plateia. Em 2007, Elizabeth participou, em Brasí-
lia, da Bric-a-Brac, Exposição Coletiva de Poemas, na
Caixa Cultural, e no ano seguinte veio ao Recife para,
em conjunto com o poeta Davino Sena, na sala Calous-
te Gulbenkian, da Fundação Joaquim Nabuco, recitar
os poemas do livro Lêgo & Davinovich – escrito pelos
dois e que é um canto e uma declaração de amor à sua
cidade natal. É autora também de literatura infantil.
Foi diplomada em Letras em 1977 e recebeu Menção
Honrosa do Prêmio Fernando Chináglia (1977); Cre-
fisul, Jornal de Letras (1981), e o Prêmio Nacional de
Poesia Jorge de Lima (1981). Foi professora de Litera-
tura da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é
professora da Unversidade de Brasília UnB.
57
5
Obras da autora: Poesias (1974); Verso e reverso (1980);
Casa de vidro (1982); Arco-íris (1983); Espelho meu
(1985); O arqueiro e a lua (1994); Martu (2. ed. aumen-
tada, 2006); Lêgo & Davinovich (2006); Poesia para
crianças (2009).
576
blicou seus poemas em livro, que hoje se encontram
em inúmeras páginas da Internet. Participou das se-
guintes antologias: Movimento de escritores independen-
tes de Pernambuco – 1980/1988 (2000); Marginal Recife:
coletânea poética (2001); Pernambuco, terra da poesia.
Um painel da poesia pernambucana dos séculos XVI
ao XXI (2005); Recife/Nantes: um olhar transatlântico
(2007). Em 2006, com o poeta Francisco Espinhara,
também falecido em 2007, publicou o livro de poemas
Claros desígnios. Sobre ele, o artista plástico, poeta e
cronista, Ivan Marinho, anota no sítio virtual Interpoé-
tica: “Resguardado pelo senso de humor e presença
de espírito, bem como pelo prazer de manter-se lú-
cido e “sociável”, mesmo depois de homéricas farras,
o amigo-irmão – como se expressou para comigo no
posfácio do Anti-horário – revelava em seus poemas
a dor da convivência contemporânea, assumindo os
paliativos viciosos, mas sem desistir dos Claros desíg-
nios de quem se põe para além do “poder que se es-
tabelece sobre a ignorância”, como dizia em tom de
indignação: “(...) A tal sorte a mim me cabe lamentar
o pouco-a-pouco/ A morte tarda dos longevos/ Sorrir
da vida e a que ela se presta/ Tão mais intenso quanto
perto o fim// Os vícios tragam-me depressa/ À parte a
rebeldia que me torna em jovem”.
Obra do autor: Do moço e do bêbado (2004); Claros de-
sígnios (2006).
57
7
de ti que ainda choras”, “De conformidade comigo”,
“Para você mesmo. Esdras” (uma auto-advertência),
entre outros. Viveu humildemente e humildemente
morreu. No trigésimo aniversário do seu falecimen-
to, o jornalista Leduar de Assis Rocha escreveu: “No
Jornal do Recife, conheci Esdras Farias, magro, alto,
anguloso, com uma bizarra de Quixote nordestino a
investir contra os moinhos de vento da própria fan-
tasia de poeta, que foi dos que bem podiam ser lidos
e sentidos”. Muito de sua obra ficou disperso em jor-
nais, revistas e almanaque.
Obra do autor: Caderno de um descrente (1950, sonetos).
578
cantadores no Recife, pela Fundarpe. Sempre atuante
no universo da poesia pernambucana, em sua mais
representativa tradição, foi agraciado com Título de
Cidadão da Cidade de São José do Egito, pelos servi-
ços prestados à cidade, através da cultura popular, e
o Título Adido Cultural do Sertão (Petrolina, PE), no
Governo Fernando Bezerra Coelho.
57
9
por Almir Castro Barros; Poesia pernambucana moderna
(1999), organizado por César Leal; Estação Recife – co-
letânea poética 1 (2003), organizado por Everardo No-
rões, José Carlos Targino e Pedro Américo de Farias;
Imagem passa palavra (Porto: Identidades, 2004); tem-
se empenhado em traduzir para o inglês certa parce-
la da nossa poesia contemporânea, representada por,
dentre outros, poemas de Alberto da Cunha Melo, Cé-
sar Leal e Everardo Norões. Coordena o Colóquio Cecí-
lia Meireles, conclave anual de caráter interdisciplinar
voltado para o estudo da criação poética.
580
antologias, sendo as mais recentes: 46 Poetas, sempre
(2002) e Corpo lunar (2002). Ainda na área literária,
publicou: Cartas Marianas (1999, em parceria com
Maria Pereira de Albuquerque) e Histórias do meio do
mundo (2003, em parceria com Vileni Garcia, Mila
Cerqueira e Maria Pereira de Albuquerque). Obras
da autora em prosa poética: Terra arada (1980); Re-
construção da lembrança (1981); O canto da minha memó-
ria (1990, ilustrações de Romero de Andrade Lima,
Menção Honrosa do Prêmio Vânia Souto Carvalho,
da Academia Pernambucana de Letras 1991); Equívo-
cos do cotidiano (1992).
58
1
poemas no jornal argelino EI Moudjahid, na revista
Poesia Sempre, da Fundação da Biblioteca Nacional,
Rio de Janeiro; no jornal Correio das Artes, de João
Pessoa, PE, na antologia de poetas pernambucanos 46
Poetas, sempre, na página da internet Nave da Palavra,
no livro Imagem passa palavra (Edição Identidades,
Porto, Portugal, 2004). Publica regularmente artigos
e ensaios em jornais e revistas especializadas: Diario de
Pernambuco, Jornal do Commercio, Gazeta Mercantil, Fo-
lha de S.Paulo, revista Continente Multicultural. Obteve
o Prêmio Literário Cidade do Recife (1998). É editor
da Obra poética de Mauro Mota (Recife, Ensol, 2004)
e organizador da Obra completa de Joaquim Cardozo
(Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2009). Na área teatral,
é coautor das peças Auto das portas do céu e Nascimento
da bandeira, de Ronaldo Correia de Brito. Foi tradutor
(português – francês) da coletânea Nantes Recife. Um
olhar transatlântico (2007), na qual também se encon-
tram seus poemas.
Obras do autor: Poemas argelinos (1981) e Poemas
(1999); Nas entrelinhas do mundo (2002); A rua do Padre
Inglês (2006); Retábulo de Jerônimo Bosch (2008).
582
e „Estrophes‟, 1911, nos seis títulos impessoais muito
ao gosto parnasiano, os demais indicam a tendência,
já referida, à melancolia e mesmo à hipocondria.”
Obras do autor: Quimeras (1890, poemas); O hidrófobo
(1896, contos); Morbus (1898, romance); Estrophes (1911,
poemas); Pôr do sol (1920, poemas); Sol posto (1923, poe-
mas); Crepúsculo (1924, poemas); Poesias (1925); Noite
(1935, poemas); Poesias (1949, obra póstuma).
58
3
do adentro (1974), representante do Brasil no Festival
de Karlov-Vary (RDA); Saideira (1980), representante
do Brasil no Festival de Varsóvia, Cultura Marginal
Brasileira; Leilão sem pena – Prêmio de Melhor Ro-
teiro no Festival de Cinema de Aracaju (1981), entre
outros. Prêmios literários: O rei póstumo (1975), Prê-
mio Othon Bezerra de Mello da Academia Pernam-
bucana de Letras, em 1976; Brennand (ensaio crítico),
Prêmio Santa Rosa, da Funarte (1987); Ecométrica,
Prêmio Nacional da UBERJ; Aspades, ETs Etc (1997,
romance), considerada a “melhor obra de ficção, em
língua portuguesa”, daquele ano. A cabeça no fundo
do entulho (1998), Prêmio Bravo! De Literatura, em
1999. Armada América (1993), um dos cinco finalistas,
na segunda edição do Prêmio Brasil-Telecom (2004).
O jornal Rascunho, de Curitiba, iniciou, no mês de
julho de 2005, a publicação, em capítulos mensais, do
romance inédito de Fernando Monteiro intitulado O
inglês do Cemitério dos Ingleses. Como crítico de arte, foi
curador de várias galerias, além de apresentador da
“Exposição Francisco Brennand”, na Staatliche Kuns-
thalle, em Berlim (1993). Tem colaborado nas revis-
tas Bravo, Colóquio das Letras (Portugal), Continente
Multicultural, Estudos Universitários (UFPE), Encontro
(GPL - PE), revista Etcetera, de Curitiba; e nos jornais
Diario de Pernambuco e Jornal do Commercio, PE; e O
Tempo, MG. Tem uma coluna fixa (intitulada “Fora de
Sequência”), como articulista, no jornal Rascunho, de
Curitiba, desde o ano de 2000.
Obras do autor: O rei póstumo (1975); Leilão sem pena
(1980); Aspades, ETs Etc (1997, romance); Ecométrica
(1982); A cabeça no fundo do entulho (1998; A múmia do
rosto dourado do Rio de Janeiro (2001, romance); O grau
Graumann (2002, romance); Armada América (2003,
contos), As confissões de Lúcio (2006, romance), O nome
de um hamster (2008, literatura infantil), Vi uma foto de
Anna Akhmátova (2009, poesia).
584
FLÁVIO Ricardo CHAVES Gomes (1958)**
Escritor, poeta, produtor cultural, publicitário e jor-
nalista, é pernambucano de Carpina, filho de José
Gomes Júnior e de Maria de Lourdes Chaves Gomes.
Sua carreira literária foi marcada pelo seu primeiro
livro de poesia, Digitais de um coração, de 1983, ao
qual se seguiriam mais cinco títulos no mesmo gêne-
ro. Criou e executou vários projetos culturais com o
objetivo de difundir e incentivar a arte pernambuca-
na, entre eles, destaca-se a Caminhada Poética Brasi-
leira, por três anos consecutivos, movimento que reu-
niu pelas ruas históricas do Recife os maiores nomes
da poesia nacional. É filiado à União Brasileira de
Escritores (UBE-PE), onde exerceu o cargo de presi-
dente nos biênios 1995-1996, 1997-1998, 1999-2000
e 2001-2002. Em sua gestão, dinamizou as atividades
da UBE, tendo como principais realizações: cons-
trução da sede da Entidade, hoje instalada na rua
de Santana, 202; criação da biblioteca, que já con-
ta com acervo de mais de 4.000 volumes; realização
do I Congresso Nacional de Escritores; promoção de
concursos literários em âmbito local e nacional, entre
outras. Pertence às Academias: de Letras e Artes do
Nordeste Brasileiro; de Artes e Letras de Pernambu-
co, Cadeira nº 34; Recifense de Letras, Cadeira nº 36;
Pernambucana de Letras, Cadeira nº 13. Participou
de várias antologias, entre elas, destacam-se: Álbum
do Recife. 450 anos de Fundação da Cidade do Recife
(1987); Poésie du Brésil, edição bilingue da Vericuetos,
Chemins, Paris, 1997, tendo proferido a palestra “O
tempo e a filosofia da alma no universo da poética”,
na ocasião do lançamento, na Casa da América Lati-
na, Paris, em 1º de janeiro de 1997. Obteve diversos
prêmios, entre eles, destacam-se os concedidos pela
Academia Pernambucana de Letras: Prêmio Nanie de
Siqueira Santos, 1992 e 1994, Prêmio Lira e César,
1998, e o Prêmio de Poesia Cidade do Recife, 1998.
58
5
Obras do autor: Digitais de um coração (1983); Ofício de
existir (1985); Vocabulário das sombras (1990); Alvoroço
do invisível (1992); Aragem do subterrâneo (1994).; Terri-
tório da lembrança (1999); Memorial da distância (2002);
Canção de vento e mar (2005); Porto dos vitrais (2006).
586
textos em prosa, Distrações e lembranças. Tradutora exí-
mia, Francisca Izidora traduziu poemas de Ossian, La
chaumiêre indienne, de B. de Saint-Pierre, poemas de
Byron, inclusive o Matifred, e de Campoamor, entre
outros. Durante anos, manteve no jornal A Victoria, de
propriedade de seu irmão, o deputado Gonçalves da
Rocha, uma coluna de crônicas, „Ao Correr da Pena‟.
[...] Uma fotografia conservada no acervo da Funda-
ção Joaquim Nabuco mostra-nos uma jovem de belos
traços e olhar sonhador.” Artigos vários nos jornais
citados, entre os anos de 1879 e 1918, nas cidades de
Vitória e do Recife.
Obras da autora: Ursula Garcia (1905), folheto publi-
cado e depositado na Seção de Obras Raras da Biblio-
teca Pública Estadual, no Recife).
58
7
numa poesia muito inventiva, equilibrada sobre um
feixe de tensões. Escasso em obras (publicadas), mas
denso em toda a sua produção, é Bandeira de Mello
um dos mais representativos poetas pernambucanos.
Une o desprezo ao meramente ornamental à eficácia
expressiva, e a recusa ao experimento inconsequen-
te e gratuito a uma espécie de dialética morfológico-
sintática (...)”. Participou de várias antologias, entre
elas, A novíssima poesia brasileira (1962); Urbanismo na
literatura (1987); Álbum do Recife (1987); Poésie do Brésil
(1997), edição bilíngue; Poemas de sal e sol. Antologia
de poetas nordestinos e contemporâneos (1999); e Amor nos
trópicos (2000). Recebeu os prêmios de poesia da revis-
ta A Cigarra, RJ, em 1954 e 1955; do Jornal de Letras,
RJ, 1955, e do Estado de Pernambuco, 1955. É presi-
dente do Conselho Deliberativo do Instituto Frei Ca-
neca. Membro da UBE-PE. Em 1998, foi eleito para a
Academia Pernambucana de Letras.
Obras do autor: O pássaro Narciso (1959), Prêmio
de Poesia do Estado de Pernambuco; A máquina de
Orfeu e o Sol amargo (1961); Poemas didáticos (1968);
Convergências. Cadernos de Procura I (1994, crônicas
e ensaios); Através da vidraça. Cadernos de Procura II
(1997, crônicas e ensaios); Livro de sonetos (1999); Baú
de espelhos (2000).
588
jornais alternativos Arrebeat, O Meretriz e edita o Líte-
ro Pessimista. Do Interpoética, www.interpoetica.com,
núcelo virtual de base da sua geração, as informações
pertinentes a sua vivência cultural: “Espinhara, ape-
sar do pessimismo que lhe era peculiar, era afeito a
mobilizações, reuniões e movimentos para edição
e divulgação da arte. Foi o organizador, durante 10
anos do Natal dos Poetas Pernambucanos, festa que
aglutinava toda a cena alternativa do Recife que se
confraternizava em espaços populares, com grandes
recitais e música. Em julho de 2006, lançou o livro
Bacantes, organizado pelo Interpoética, firmando um
etilo próprio de escrever pequenos contos, já inicia-
do no livro Sangue ruim. Junto com Luna, foi o poeta
homenageado do V Festival Recifense de Literatura.
Deixou um acervo inédito de poesia e um livro in-
fantil intitulado A menina e o cururu. Chico Espinhara
era um romântico por natureza, teve musas reais e
imaginárias. Morreu como viveu: poeta, apenas poe-
ta, produzindo e divulgando Poesia”. Participou das
seguintes coletâneas: Revista Arrecifes (1985); Poesia
viva do Recife (1996); Marginal Recife: coletânea poética
I (2001); Pernambuco, terra da poesia (2005).
Obras do autor: Vida transparente (1981); A batalha
pelo poema (1984); Teje preso, seu rapaz! (1987); Dose
dupla (1994); Movimento de escritores independentes de
Pernambuco. 1980/1988 (2000, história). Sangue ruim
(2005); Bacantes (2006); Claros desígnios (2006).
58
9
o periódico “Relator Verdadeiro” de breve duração.
Esteve algum tempo fora do Brasil, em face de algu-
mas decepções políticas. Conforme Massaud Moisés:
“Sua poesia, formal e tematicamente, pertence ao
Arcadismo, mas traz certas notas como a melancolia,
que prenunciam o Romantismo (...).”
Obras do autor: Obras profanas e religiosas (1874), co-
lecionadas por Antonio Joaquim de Mello, com pre-
fácio crítico.
590
nar a uma freira; Tratado de Eloquência (1823), em três
partes; Sermão sobre a oração (1823); Sermão na Socieda-
de de Aclamação de D. Pedro de Alcântara (1823); Polêmica
partidária (1823); Cartas de Pítia a Damião (1823); Typhis
Pernambucano (1823-1824, jornal, 28 números).
59
1
a Deus, através do poema “Pequeno pedido em noite
de Natal”, um dia propício para morrer. Assim, não
seria o „desmancha-prazeres das quintas e das sextas-
feiras dos casamentos das minhas netas‟; da parada
de 7 de Setembro; das noites dos festejos de São João;
dos amantes dos sábados, as terças de Carnaval. Ge-
raldino saiu pedindo e pedindo. E, finalmente, supli-
ca: „Nem nos dias da ilusão/ do Ano Novo, nas festas
dos congraçamentos, pelo menos/ até Reis. Não gos-
taria que o Ano Novo dos companheiros/ recomeças-
se com mágoas, não por mim seja.‟ Geraldino Brasil
morreu no dia 7 de janeiro no Recife em um domingo
ensolarado. Partiu feliz e grato a Deus por seu pedido
ter sido plenamente atendido.” Neste ano de 2010,
a obra de Geraldino projeta novas luzes no cenário
literário pernambucano com o lançamento dos livros
Antologia Poética, Geraldino Brasil (Prêmio concedido
pelo Sistema de Incentivo à Cultura da Prefeitura do
Recife, organizada por Beatriz Brenner); A intocável
beleza do fogo (publicação concedida pela CEPE).
Obras do autor: Alvorada (1947); Presença da ausência
(1952); Coração (1956); Poemas insólitos e desesperados
(1972); Cidade do não (1979); Sonetos de sol (1979); Poe-
mas (1982), traduzido na Colômbia; Todos os dias, todas
as horas (1972); Bem súbito (1986); Todos os dias, todas as
horas e novos poemas (1989); O fazedor de manhãs (1990);
Não haverá anoitecer (1991); Livro de sextinas (1992); 52
Sextinas (1993); Praça dos namorados (1993); Sextinas
múltiplas (1994); Um soneto de sol para Cézanne (1994);
Rosas no ar (1994); Sextinas de sol (1995); 15 Poemas de
Walt Whitman (s.d.); Poemas desentranhados das prosas de
Dostoiévski, Euclides da Cunha, Guimarães Rosa e Fernan-
do Monteiro (s.d.); Poemas útiles (2003); Poemas de ler sem
tempo (2003); Antologia poética, Geraldino Brasil (2010);
A intocável beleza do fogo (2010).
592
GILBERTO de Melo FREYRE (1900-1987)**
Cientista social, ensaísta, conferencista, ficcionista,
pintor e poeta, Gilberto Freyre nasceu no Recife, PE,
em 15 de março de 1900, e faleceu nessa capital per-
nambucana em 18 de julho de 1987. Era filho de Al-
fredo Freyre, educador, juiz de Direito e catedrático de
Economia Política na Faculdade de Direito do Recife,
e de Francisca de Mello Freyre. Sua formação iniciou-
se no Colégio Americano Gilreath, no Recife, ao oito
anos de idade, onde conclui, em 1917, o bacharelado
em Ciências e Letras. Viaja para os Estados Unidos
onde conclui o bacharelado em Artes, na Universida-
de de Baylor, em 1920. Em 1922, defende tese para o
grau de M.A. (Magister Artium ou Master of Arts) na
Universidade de Colúmbia intitulada Social life in Bra-
zil in the middle of the 19th Century, publicada em Bal-
timore pela Hispanic American Historical Review. Segue
para a Europa, onde convive com personalidades hoje
celebrizadas do mundo das Artes, e conhece os movi-
mentos de vanguarda: o Expressionismo alemão e o
Imagismo inglês. Retorna ao Brasil em 1923. Organi-
za, em 1925, o livro comemorativo do primeiro cen-
tenário de fundação do Diario de Pernambuco: Livro do
Nordeste, onde foi publicado pela primeira vez o poema
modernista de Manuel Bandeira “Evocação do Reci-
fe”, escrito a seu pedido. Em 1926, lança o “Manifesto
Regionalista”, lido no Primeiro Congresso Brasileiro
de Regionalismo, no Recife, representando, conforme
Gilberto Mendonça Teles (ver Vanguardas europeias e
modernismo brasileiro, 1983, p. 344), o primeiro do gê-
nero. Foi publicado em vários jornais, mas, na íntegra,
só em1952, pela editora Região, no Recife. Em 1948,
o então deputado federal Gilberto Freyre defende em
discurso na Câmara dos Deputados a criação de um
instituto de pesquisas com o nome de Joaquim Na-
buco. A ideia obteve pleno êxito e, em 1949, é criado
o Instituto Joaquim Nabuco, hoje Fundação Joaquim
59
3
Nabuco. Foi nessa instituição que um grupo de inte-
lectuais, formado, entre outros, por Alberto da Cunha
Melo, Eugênia Menezes, Jaci Bezerra e Myrian Brin-
deiro, criou a editora alternativa Pirata, pela qual Gil-
berto Freyre publicaria, em 1980, Poesia reunida, sua
mais completa obra poética, onde se incluem poemas
do Talvez poesia (1962) e outros inéditos. Mas o “Mes-
tre de Apipucos”, como carinhosamente se costuma
chamá-lo, por ter fixado residência no bairro de Api-
pucos, no Recife, internacionalizou-se definitivamen-
te, nas páginas das Letras mundiais, com a obra Casa-
grande & senzala: formação da família brasileira sob o regi-
me de economia patriarcal (1933) que, juntamente com
Sobrados e mucambos (1936) e Ordem e progresso (1959),
a consagrada trilogia sobre o patriarcado brasileiro,
redefiniu diversos conceitos sobre a formação da nos-
sa sociedade, conta hoje com numerosas edições em
diversos idiomas. Publicou apenas três livros de poe-
mas: Talvez poesia (1962); Gilberto poeta: algumas con-
fissões (1980); Poesia reunida (1980), e os citamos aqui
para destacá-los das demais obras científicas ou em
prosa de ficção, que constituem a maioria da obra do
autor. O seu biógrafo Edson Nery da Fonseca, estudio-
so e analista da obra gilbertiana, afirma: “Em seus tra-
balhos científicos, Gilberto Freyre nunca se limitou a
descrever ou reproduzir passivamente o conhecimen-
to conquistado em outros saberes. Sempre foi movido
pelo ânimo criador ou recriador do escritor, buscando
a evocação, a sugestão, a alusão e a epifania. [...] o
talento do escritor Gilberto Freyre, implícito em sua
obra ensaística, transitando entre o erotismo, o liris-
mo e o amor pelas formas e cores brasileiras.” Estas e
mais declarações e informações encontram-se no sítio
virtual editado pela Fundação Gilberto Freyre, criada
e administrada pelo seu filho, Fernando Freyre, que
faleceu no Recife, PE, em 2005. Neste ano de 2010,
registram-se os 110 de nascimento de Gilberto Freyre,
594
e foi ele o escritor homenageado da Festa Literária de
Paraty, quando foi lançada a coletânea Em torno de Joa-
quim Nabuco, pela A Girafa Editora. Trata-se de uma
reunião de seus artigos sobre outro grande nome da
vida brasileira, Joaquim Nabuco. O prefaciador Edson
Nery da Fonseca informa: “como estudioso da socie-
dade patriarcal no Brasil – sua formação, seu apogeu
e sua desintegração – Gilberto Freyre estava prepara-
do como poucos para entender o drama pessoal de
Joaquim Nabuco, adversário da instituição dentro da
qual nascera e fora criado e figura de transição entre a
Monarquia e a República”.
Obras do autor (livros publicados no Brasil): Casa-
grande & senzala: formação da família brasileira sob o
regime de economia patriarcal (1933); Artigos de jor-
nal (1934); Guia prático, histórico e sentimental da cidade
do Recife. Ilustrado por Luís Jardim (1934); Nordeste:
aspectos da influência da cana sobre a vida e a paisa-
gem do nordeste do Brasil (1937); Conferências na Eu-
ropa (1938); Assucar: algumas receitas de doces e bo-
los dos engenhos do Nordeste (1939); Olinda: 2º Guia
prático, histórico e sentimental de cidade brasileira.
Ilustrado por Manuel Bandeira (1939); O mundo que o
português criou: aspectos das relações sociaes e de cul-
tura do Brasil com Portugal e as colônias portuguesas
(1940); Um engenheiro francês no Brasil (1940); Região
e tradição (1941); Ingleses (1942); Problemas brasileiros
de antropologia (1943); Na Bahia em 1943 (1944); Perfil
de Euclydes e outros perfis (1944); Sociologia: introdu-
ção ao estudo dos seus princípios (1945); Interpreta-
ção do Brasil: aspectos da formação social brasileira
como processo de amalgamento de raças e culturas
(1947); Ingleses no Brasil: aspectos da influência bri-
tânica sobre a vida, a paisagem e a cultura do Bra-
sil (1948); Quase política: 9 discursos e 1conferência
mandados publicar por um grupo de amigos (1950);
Aventura e rotina: sugestões de uma viagem a procura
59
5
das constantes portuguêsas de caráter e ação (1953);
Ordem e progresso: processo de desintegração das so-
ciedades patriarcal e semipatriarcal no Brasil sob o
regime de trabalho livre, aspectos de um quase meio
século de transição do trabalho escravo para o traba-
lho livre e da monarquia para a república (1959); A
propósito de frades: sugestões em torno da influência de
religiosos de São Francisco e de outras ordens sobre
o desenvolvimento de modernas civilizações cristãs,
especialmente das hispânicas nos trópicos (1959); O
velho Félix e suas “memórias de um Cavalcanti” (1959);
Uma política transnacional de cultura para o Brasil de
hoje (1960); Arte, ciência e trópico: em torno de alguns
problemas de sociologia da arte (1962); Talvez poesia
(1962); Vida, forma e cor (1962); O escravo nos anúncios
de jornais brasileiros do século XIX: tentativa de interpre-
tação antropológica, através de anúncios de jornais,
de característicos de personalidade e de deformações
de corpo de negros ou mestiços, fugidos ou expostos
à venda, como escravos, no Brasil do século passado
(1963); Dona Sinhá e o filho padre: seminovela (1964);
Retalhos de jornais velhos (1964); Vida social no Brasil nos
meados do século XIX (1964); 6 Conferências em busca de
um leitor (1965); O Recife, sim! Recife, não! (1967); Bra-
sis, Brasil e Brasília: sugestões em torno de problemas
brasileiros de unidade e diversidade e das relações
de alguns deles com problemas gerais de pluralismo
étnico e cultural (1968); Como e porque sou e não sou so-
ciólogo (1968); Oliveira Lima, Don Quixote gordo (1968);
Nós e a Europa germânica: em torno de alguns aspec-
tos das relações do Brasil com a cultura germânica
no decorrer do século XIX (1971); Novo mundo nos
trópicos (1971); Seleta para jovens (1971); A condição hu-
mana e outros temas (1972); Além do apenas moderno: su-
gestões em torno de possíveis futuros do homem, em
geral, e do homem brasileiro, em particular (1973);
O brasileiro entre os outros hispanos: afinidades e possí-
596
veis futuros nas suas interrelações (1975); A presença
do açúcar na formação brasileira (1975); Tempo morto e
outros tempos: trechos de um diário de adolescência e
primeira mocidade, 1915-1930 (1975); Obra escolhida:
Casa-grande & senzala, Nordeste e Novo mundo nos
trópicos (1977); O outro amor do Dr. Paulo: seminovela,
continuação de Dona Sinhá e o filho padre (1977);
Alhos e bugalhos: ensaios sobre temas contraditórios,
de Joyce a cachaça (1978); Arte & Ferro: em torno de
portões, varandas e grades do Recife Velho (1978);
Cartas do próprio punho sobre pessoas e coisas do Brasil e do
estrangeiro (1978); Contribuição para uma sociologia da
biografia: o exemplo de Luís de Albuquerque, gover-
nador de Mato Grosso, no fim do século XVII (1978);
Prefácios desgarrados (1978); Heróis e vilões no romance
brasileiro: em torno das projeções de tipos socioantro-
pológicos em personagens de romances nacionais do
século XIX e do atual (1979); Oh de casa! Em torno da
casa brasileira e de sua projeção sobre um tipo nacional de
homem (1979); Pessoas, coisas & animais (1979); Tempo
de aprendiz: artigos publicados em jornais na adoles-
cência e na primeira mocidade do autor, 1918 a 1926
(1979); Gilberto poeta: algumas confissões (1980); Poe-
sia reunida (1980); Casa-grande & senzala em quadrinhos
(1981) Desenhos (1981); Rurbanização: que é? (1982);
Apipucos: que há num nome? (1983); Médicos, doentes
e contextos sociais: uma abordagem sociológica (1983);
Homens, engenharias e rumos sociais: em torno das rela-
ções entre homens de hoje, sobretudo os brasileiros,
e as três engenharias indispensáveis a políticas de de-
senvolvimento e segurança, por um lado, e por outro
lado, a ajustamentos a espaços e a tempos, a enge-
nharia física, a humana e a social, considerando-se,
inclusive, o desafio, a essas engenharias, das selvas do
Brasil, em particular, das amazônicas (1987); Modos
de homem & modas de mulher (1987); Ferro e civilização
no Brasil (1988); Bahia e baianos (1990); Discursos par-
59
7
lamentares (1994); Novas conferências em busca de leitores
(1995); Antecipações (2001); Casa-grande & senzala: for-
mação da família brasileira sob o regime de economia
patriarcal (2002), edição crítica; Americanidade e latini-
dade da América Latina e outros temas afins (2003); China
tropical e outros escritos sobre a influência do Oriente na
cultura luso-tropical (2003); Palavras repatriadas (2003);
Três histórias mais ou menos inventadas (2003). Em torno
de Joaquim Nabuco (2010).
598
nida Guararapes. Publicou livro de poemas quando
ainda morava em Garanhuns, A face despida, com pre-
fácio de Erasmo Vilela. Seu nome está entre os poe-
tas participantes da Lírica (1967), histórica coletânea
lançada no Recife por Eloi-Editor. Exerceu também
o cargo de assessor de imprensa do antigo Institu-
to Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, na época
em que Mauro Mota dirigia aquele órgão, posterior-
mente transformado em Fundação. É hoje um dos
membros da diretoria da Sociedade Eça de Queiroz,
presidida pelo escritor Dagoberto Carvalho Junior.
Faz parte do Condomínio Acionário dos Diários e
Emissoras Associados, instituído pelo jornalista Assis
Chateaubriand, tendo viajado, em missão jornalísti-
ca, aos Estados Unidos, Inglaterra, França, Venezuela
e Portugal, acompanhando, em várias idas a Lisboa,
o desenrolar do processo revolucionário que eclodiu
em abril de 1974.
Obra do autor: A face despida (1965).
59
9
os poemas são encontrados em meio a suas medita-
ções em prosa. Sua obra foi traduzida para inúmeros
idiomas e sobre ele existem mais de 352 títulos publi-
cados em vários países.
Obras do autor: Revolução dentro da paz (1968); Um
olhar sobre a cidade (1976); Mil razões para viver (1978);
Nossa Senhora no meu caminho (1981); Em tuas mãos, Se-
nhor (1986); Quem não precisa de conversão? (1987); Uto-
pias peregrinas (1993); Palavras e reflexões (1995); Rosas
para meu Deus (1996); Família, missão de amor (1996).
600
bucanos (1987); Mensagens para um mundo em conflito
(1986); Nova colheita de trovas (1987); Nas asas do tempo
(1989); Gilberto Freyre, agora e sempre (1987); Caderno
de pensamentos (1990, prosa); Seleções poéticas (1991).
60
1
e Amigos do Livro Scortecci/Flipoços (2010). Foi ven-
cedor do Festival Jaci Bezerra de Poesia do Centro de
Estudo Superiores de Maceió (2007) e obteve Menção
Honrosa no Prêmio Bandepe – Valor Pernambucano.
Seu livro Anti-horário (2000) – prefácio de Alberto da
Cunha Melo e posfácio de Erickson Luna foi Prêmio
revelação no Festival Nacional de Arte Alternativa
(1993). Dono de uma linguagem clara, rara e de uma
ironia inteligente, acrescentou às informações que
enviou para esta coletânea: “Mais profícuo na vida
que nas artes, é pai de Ivan, Gabriela, Ruan, Gabriel,
Rafael e aguarda o nascimento de Luíza ou Miguel”.
Obra do autor: Anti-horário (2000).
602
Rocha. Graduou-se em Ciências Sociais pela Univer-
sidade Federal de Pernambuco. Publicou os seus pri-
meiros poemas no Diario de Pernambuco, em 1966, por
intermédio do poeta e crítico César Leal. Foi um dos
líderes do grupo que criou as Edições Pirata. A peça
teatral, O galo, faz parte da Coleção Prêmios, do XIII
Concurso Nacional de Dramaturgia 81/82, do Minis-
tério da Cultura/Instituto Nacional de Artes Cênicas,
RJ. Organizou as antologias Álbum do Recife, poesias e
artes plásticas, com Sylvia Pontual (Recife, Prefeitura
da Cidade do Recife, 1987), e o Livro dos repentes. Con-
gressos de Cantadores do Recife (Fundação do Patrimônio
Histórico e Artístico de Pernambuco, 1990).
Obras do autor: Romances. Poesia. (1968); Lavradouro
(1973); A onda construída (1973); Inventário do fundo do
poço (1979); Os pastos da minha lembrança (1980, contos);
Signo de estrelas (1981); Emílío Madeira, o Galo (1982, no-
vela); Livro de Olinda (1982); Auto da renovação (1983, tea-
tro); Livro das incandescências (1985); O galo (1982, tea-
tro); Comarca da memória (1994); Linha d’água (2007).
60
3
piassu e Jacira Silva Japiassu, mas reside neste Estado
desde 1941. Faz parte da Geração 65 de escritores
pernambucanos e participou de várias antologias. Na
mais recente, Retratos. A poesia feminina contemporânea
em Pernambuco (2004) informa: “Atualmente escrevo
poemas, faço ilustrações e edito meus próprios poe-
mas”. Sobre ela, Ariano Suassuna pronuncia-se assim:
“Sinto-me de tal modo identificado com ela, que, fa-
lar sobre o seu trabalho criador em Poesia é quase
como falar sobre o meu. Já cheguei a dizer-lhe um
dia, afetuosamente, meio sério e meio brincando, que
o que ela tinha feito era me liquidar como Poeta. Ela
está realizando, de tal forma, a Poesia com que eu
sonhava, que excedeu meus sonhos e eu nada mais
tenho a dizer nesse campo.” [ver Antologia didática de
poetas pernambucanos, vol. 1, 1988, p. 167]. Janice tem
inéditos: O dardo e pasto; As andanças do divino. Partici-
pa da Estação Recife. Coletânea poética 1 (2003).
Obras da autora: Canto amargo (1970); Sete cadernos
de amor e de guerra (1970); As veredas da alegria (1970);
As quatro estações da lua nova (1985); O circo dos astros
(1995); Com todas as letras (1997); Tarô (2000); A paixão
segundo Madalena (2001); ContraCanto (2001).
604
em Pernambuco, filha de um pobre e honrado artista
(...). Dotada pela natureza de inteligência, de imagi-
nação e de sentimentalismo, (...) quase sempre se nota
em suas poesias uma queixa contra o impossível que
lhe privava de cultivar os gênios, contra a sorte que a
obrigava a permanecer em uma esfera, bem diferente
da que desejara. Para prova do que dissemos, leiamos
a seguinte poesia, que intitulou – “Meus Sonhos” –
nome que deu a um belíssimo volume de versos, pu-
blicado em 1870. É ela dedicada a seu pai”. Colaborou
no jornal recifense Madressilva, entre os anos de 1869
a 1870, onde foi editado seu livro de poemas, Meus
sonhos, ao qual se refere Henrique Capitolino Pereira.
Obra da autora: Meus sonhos (1870).
60
5
definitivamente, nas páginas da literatura brasileira.
Obras do autor: Poesia: Considerações sobre o poeta dor-
mindo (1941, prosa); Pedra do sono (1942); Os três mala-
mados (1943); O engenheiro (1945); Psicologia da compo-
sição com a fábula de Anfion e Antiode (1947); O cão sem
plumas (1950); Juan Miró (1952, prosa); A Geração de
45 (1952, depoimento); Poemas reunidos (1954); O Rio
ou Relação da viagem que faz o Capibaribe de sua nascente
à cidade do Recife (1954); Pregão turístico (1955); Poesia
e composição / A inspiração e o trabalho de arte (1956,
prosa); Duas águas (1956); Da função moderna da poesia
(1957); Aniki Bobó (1958); Quaderna (1960); Dois par-
lamentos (1961); Terceira feira (1961); Poemas escolhidos
(1963); Antologia poética (1965); Morte e vida severi-
na (1965); Morte e vida severina e outros poemas em voz
alta (1966); A educação pela pedra (1966); Funeral de um
lavrador (1967); Poesias completas 1940-1965 (1968);
Museu de tudo (1975); A escola das facas (1980); Poesia
crítica (1982, antologia); Auto do frade (1983); Agrestes
(1985); Poesia completa (1986); Crime na Calle Relator
(1987); Museu de tudo e depois (1988); Sevilha andando
(1989); Primeiros poemas (1990); J.C.M.N.: os melhores
poemas (1994, org. Antonio Carlos Secchin); Obra com-
pleta (1995, organizada por Marly de Oliveira); Entre
o sertão e Sevilha (1997); Serial e antes (1997); A educa-
ção pela pedra e depois (1997); Prosa (1998).
606
ceu na cidade do Recife, em 1756 e foram seus pais
Antonio da Silva Portella, e sua mulher D. Manoela
do Rosário. (...). Sentou pra voluntário de soldado no
Regimento de Infantaria da cidade de Olinda, em 18
de julho de 1782, declarando ter 16 anos). Faleceu
em 19 de maio de 1810, atuando como funcionário
na Secretária do Governo, no expediente das ordens,
e detalhes do serviço militar. Era João Nepomuceno
da Silva Portella, de pequena estatura, e seco, mais
alvo que moreno, vivo e expressivo em seus discursos,
e movimentos; homem de costumes irrepreensíveis,
querido, e respeitado geralmente. As Musas lhe em-
balaram o berço, mas infelizmente as suas numerosas
poesias, entre as quais alguns dramas, e elogios exce-
lentes, todas se perderam. Só podemos recolher há
muitos anos os seguintes versos à Santa Bárbara, que
lhe pediram para serem cantados, como o foram, em
uma novena na Igreja de São Pedro.”
60
7
Obras do autor: Prelúdio e elegia de uma despedida
(1952); De uma noite de festa (1971); Poesias completas
(1971); Os anjos e os demônios de Deus (1973); Antônio
Conselheiro (1975); Um livro aceso e nove canções sombrias
(1981); Obra completa (2009).
608
Brasileira na DERJ, e traduziu na íntegra os Sonetos,
O rei Lear e, para a montagem de Àmir Haddad, em
1997, Noite de reis, de Shakespeare. Publicou também
tradução integral da Lírica, de Dante. Entre os textos
de tradução de poesia publicados, há duas antologias
de poesia de língua inglesa, poemas de Lawrence
Durrell e Jorge Luís Borges. Por muito tempo, fez do
Rio de Janeiro seu domicílio literário, o que o fez ser
incluído na antologia 41 Poetas do Rio (1998), orga-
nizada por Moacyr Félix. Mas foi no Recife, quando
vinculado ao grupo O Gráfico Amador, que estreou
com o livro, Gesta e outros poemas, em 1960, e, a seguir,
publicou Adiamentos, em 1970, pela UFPE.
Obras do autor: Gesta e outros poemas (1960); Adiamen-
tos (1974); A casa navega (1975); Coração à parte (1979);
Mesa/musa (1980-1985); A foto fatal e poemas anteriores
(1986); Anjo novo (1987); Homenagem (1992); Manias
de agora (1995); Antologia poética (2001).
60
9
2003, foi nomeado presidente da Casa. É membro do
Conselho Consultivo do projeto “Poetas na Biblioteca”,
do Memorial da América Latina. Vem colaborando no
teatro e no cinema. Para o teatro, ele traduziu Le bour-
geois gentilhomme and l’impromptu de Versailles, de Molière,
Closer, de Patrick Marber, Who’s afraid of Virginia Woolf?,
de Edward Albee, e Wit, peça de Margaret Edson, sen-
do que as duas últimas lhe valeram o Prêmio IBEU de
Teatro para a categoria tradutor relativo à temporada
teatral carioca de 2000. Suas mais recentes traduções
para o teatro, Doll’s house, de Ibsen, The proof, de David
Auburn, I love you, you’re perfect, now change!, de Joe Di
Pietro (texto e letras) e Jimmy Roberts (música), estrea-
das em 2002, e Noises off, de Michael Frayn, em 2003.
Compôs, com Caetano Veloso, a música-tema da peça
Lisbela e o prisioneiro, dirigida por Guel Arraes. Para o
cinema, colaborou na adaptação de Bella Donna, diri-
gido por Fábio Barreto. Desde 1985, vem colaborando
com artigos, contos e poemas nos principais jornais e
revistas do país; publicou três livros de poesia, o pri-
meiro, no Recife: De viva voz (1982); Maneira de dizer
(1991); em São Paulo, indicado para o prêmio Jabuti
1991, Bolsa Vitae de Literatura 1992, e o terceiro, A
estrela fria, foi publicado pela Companhia das Letras,
neste ano de 2010. Em colaboração com Ana Pessoa,
publicou o estudo Meu caro Rui, meu caro Nabuco (1999).
Em 2002, organizou Melhores poemas de Ribeiro Couto.
Traduziu Os pecados dos pais, de Lawrence Block (2002),
e publicou, com Ana Pessoa, Joaquim Nabuco: o dever
da política (2002).
Obras do autor: De viva voz (1982); Maneira de dizer
(1991); O motor da luz (1994, novela); O Baixo Gávea,
diário de um morador (1996, novela), A estrela fria (2010).
610
Jaboatão que, conforme o historiador Tadeu Rocha,
representou o impulso definitivo para a formação da
Geração 65 de escritores pernambucanos. Seu primei-
ro livro, Lírica, foi publicado em 1968, por Elói Editor.
Participou de várias antologias, a mais recente, 46 Poe-
tas, sempre (2002), organizada por Almir Castro Barros,
também poeta dessa Geração. Mais recentemente, or-
ganizou, como Everardo Norões e Pedro Américo de
Farias, a Estação Recife. Coletânea poética 1 (2003).
Obras do autor: Lírica (1968); Sortilégios (1973); Êx-
tase (1983).
61
1
Obras do autor: A estação dos ventos (1973); Os moti-
vos (1975); Declaração da eterna brevidade (1979); Para
exorcizar a ilusão (1979); Respiração do absoluto ou Ar da
solidão (1983); O eterno de todo dia (1987); Os motivos da
eterna brevidade (1990); Trem de nuvens (1997); As réde-
as da solidão (1993); Alicerces de ventania (2003).
612
de Hermilo Borba Filho: “Recebe-o agora: Poetas dos
Palmares. No primeiro instante, parece-me que sou
fulminado por um raio: revejo-me todo ali, no pre-
fácio de Juhareiz. E eu, que realizei ou pensei reali-
zar uma enorme catarse em Um cavalheiro da segunda
decadência, esgotando Palmares, verifico, ao mesmo
tempo com uma grande dor, que Palmares é a minha
marca para toda a vida”. Fundou, no Recife, PE, em
1980, a revista Poesia, que circulou até o número 10
(1983). Organizou e publicou as antologias poéticas
Poetas dos Palmares (1973/1987/2002) e Poesia viva do
Recife (1996). Em parceria com o poeta Hector Pelli-
zzi, publicou o livro América indignada. Em 2007, pu-
blicou, em parceria com seu filho José Terra, Poesia
do mesmo sangue (2007). Seus poemas fazem parte
de diversas coletâneas, entre elas: Poetas de Palmares
(1973/1987/2002); Poesia viva do Recife (1996/2009);
Pernambuco, terra da poesia (2005). É autor do cordel
Um doido e a maldição da lucidez (1975).
Obras do autor: Coletânea de poemas sem títulos
(1971); Americanto amar América (1975): O amor é uma
canção proibida (1979); A clara história de Preta, o futu-
ro presidente do Brasil (1982, novela); Coração Portátil
(1984 – 1999); Poesia do mesmo sangue (2007).
61
3
Atualmente, reside no Recife. É sócia das seguintes
entidades: União Brasileira de Escritores (SP); Clube
de Poesia (SP); União Brasileira de Escritores (PE).
Conquistou os seguintes prêmios: Emílio Moura de
Poesia (MG); Augusto dos Anjos (PB); Jorge de Lima
(AL); Arriete Vilela (AL); Nestlé de Poesia. Morou nos
Estados Unidos de 1986 a 1987.
Obras da autora: Desvios (1987); Esboço de Eva (1987);
Cercanias (1988); Espaço neutro (1991); Tributos (1994);
Grãos na eira (2001) e A corsa no campo (2010).
614
Honrosa no concurso de poesia Edmir Domingues da
Academia Pernambucana de Letras, em 2007.
Obras da autora: Cantos da ordem do Sol (1985); Rit-
mo das águas vivas (1992); O Rio, Canabrava e os homens
(1994, contos); Almeida Cunha (1996, ensaio); Ocultos
na paisagem (1998); Os dois mundos de Madalena (1999,
romance): João Suassuna de Melo Sobrinho. Um educador
exemplar (1999, biografia); O lavrador e o templo (2009).
61
5
205 poetas de todo o Norte e Nordeste do Brasil, em
parceria com Beatriz Alcântara. Sobre Lourdes Sar-
mento, encontram-se verbetes na Enciclopédia de litera-
tura brasileira (2001); no Dicionário bibliográfico de poetas
pernambucanos (1993); no Dicionário crítico de escritoras
brasileiras (2002); Peuples et poèmes (2003, França/Por-
tugal). Seu livro El tiempo de las ofrendas (2007) foi edi-
tado pela Alejo, em Lima. A edição de “50 Poemas
Escolhidos pelo Autor”, da Coleção Nacional, nº 43,
foi publicada no Rio de Janeiro, em 2009.
Obras da autora: Poemas do despertar (1965); Explosão
das manhãs (1973); Pequena história da telefonia em Per-
nambuco (1980, pesquisa); Primórdios da comunicação
(1981, pesquisa); Janela (1984); A palavra e as circuns-
tâncias (1985, ensaio); Tatuagens da solidão (1991); Se-
dução da arte em Vera Bastos (1993, ensaio biográfico);
Alcides Lopes: nas estações do tempo (1994, biografia);
José de Souza Alencar. Alex: o artesão de palavras (1998,
biografia); Amor nos trópicos (2000, org.); Águas dos tró-
picos (2000, org.); Olhos de tigre (2001), Fauna e flora
nos trópicos (2002, org.); Guardiã das horas (2003); A
poesia é eterna (2003); 7 Cartas e uma confissão de amor
(2004, prosa e verso); El tiempo de las ofrendas (2007).
616
todo o país. Louro foi casado com Helena Marinho, fi-
lha do violeiro Antônio Marinho, também de São José
do Egito. Publicou vários folhetos que versam sobre a
vida de Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves, entre
outros. Foi objeto de estudo através de uma monogra-
fia feita pelo professor e poeta Aleixo Leite Filho, cujo
título é Louro do Pajeú, o rei dos trocadilhos. Louro é o au-
têntico representante da cultura nordestina, que teve
a sua origem marcada remotamente pelos árabes que
dominaram a Península Ibérica. A resposta na ponta
da língua, a presença de espírito, o raciocínio rápido,
tudo lembra os árabes que improvisavam versos no de-
serto. Lourival Batista é nome obrigatório em todos
os estudos sobre os violeiros repentistas do nordeste
brasileiro”. A reportagem biográfica, Um certo Louro do
Pajeú (2002), de Alberto da Cunha Melo, faz jus a esse
ícone da poesia repente.
61
7
baixada do Brasil em Lisboa, também em março desse
ano. Sobre este último, foi defendida a dissertação A
moderna lírica mitológica de Lucila Nogueira por Adriane
Ester Hoffmann, na PUC-RS. Imilce encontra-se tra-
duzido para o francês por Claire Benedetti, tradutora
de Florbela Espanca, Teixeira de Pascoaes e Antero de
Quental. Está incluída na Antologia de Poetas Brasileños
editada em Madrid, em 2007, pela Huerga y Fierro
Editores e na Anthologie Poétique Nantes Recife, édi-
tion de la Maison de la Poésie de Nantes com a Prefei-
tura do Recife, no mesmo ano. Seu poema Rua do Lima
está publicado na Colômbia e no Panamá, antologia
Las palabras pueden: los escritores y la infancia (2007);
publicado, na mesma altura, o conto Luz vermelha na
calle Paraguai, no México, nº 105, revista Blanco Mó-
vil. Seu livro Saudade de Inês de Castro foi publicado em
2008 pelas Éditions Lusophone, Paris. Como ensaís-
ta, tem publicados A lenda de Fernando Pessoa, premia-
do pelo Gabinete Português de Leitura do Recife, em
1985, e Ideologia e forma literária em Carlos Drummond
de Andrade, sua dissertação de mestrado já em quarta
edição. Em 2010, publicou sua tese de doutorado, O
cordão encarnado, sobre os livros O cão sem plumas e Morte
e vida severina, de João Cabral de Melo Neto. Publicou
vários verbetes na Biblos enciclopédia verbo das literaturas
de língua portuguesa, além de artigos nas revistas Coló-
quio/Letras (Lisboa), Cadernos de Literatura (Coimbra) e
Poesia e Crítica (Brasília). Escreve sistematicamente pa-
lestras e artigos sobre literatura brasileira, portuguesa,
africana, francesa, de língua espanhola e de língua in-
glesa, que publica em revistas impressas e on-line, além
de blogues e outras páginas da web.
Obras da autora: Almenara (1979); Peito aberto (1983);
Quasar (1987); A dama de Alicante (1990); Livro do desen-
canto (1991); Ainadamar (1996); Ilaiana (1997-2000, 2.
ed.); Zinganares (1998, Lisboa); Imilce (1999-2000 2.
ed.); Amaya (2001); Ideologia e forma literária em Carlos
618
Drummond de Andrade (2002, ensaio, 3. ed.); A quarta
forma do delírio (2002, 1. ed e 2. ed.); Refletores (2002);
Bastidores (2002); Desespero blue (2003); A lenda de Fer-
nando Pessoa (2003, ensaio); Estocolmo (2004-2005, 2.
ed.); Mar camoniano (2005); Saudade de Inês de Castro
(2005, poema e antologia de ensaios); Poesia em Me-
dellin (2006); Poesia em Caracas (2007); Poesia em Hava-
na (2007); Mundo mágico: Colômbia (2007, tradução);
A musa roubada (2007, org. e tradução); Poesia reunida
de Deborah Brennand (2007, org.); Legado (2007, org.);
Trilhas da diáspora (2008, org.); Casta Maladiva (2009);
Tabasco (2009); A geração Orpheu (2009, org.); O cor-
dão encarnado (2010, ensaio); e tem no prelo O livro
dos trinta anos (Poesia), Os melhores poemas de Mário de
Sá-Carneiro (Editora Global) e Pseudonímia e literatura
(Editora Universitária da UFPE, ensaios).
61
9
LUIS MANOEL Paes SIQUEIRA (1960)* **
Ficcionista e poeta, nasceu em Garanhuns, PE, em
1960 e começou a publicar pequenos contos no su-
plemento infantil do Diario de Pernambuco, em 1968.
É geólogo, com mestrado em Geociências. Em 1992,
conquistou Menção Honrosa do Prêmio Othon Be-
zerra de Mello da Academia Pernambucana de Letras
pelo seu romance O leão e a baronesa.
Obras do autor: A cidade da luz azul (1979, romance);
A última valsa (1980); A cidade da luz azul (1979); A
última valsa (1980); Jamais houve trevas (1981, novela);
Miguel, o gato (1982); Adeus (1984, romance); O leão e
a baronesa (1992); A estória do cavaleiro perdido (2003);
A idade da pedra (2004).
620
LUIZ CARLOS DUARTE (1947)* **
Poeta pernambucano do Recife, onde nasceu no dia
3 de janeiro de 1947. Pertence à Geração 65 de escri-
tores pernambucanos e publicou seus primeiros poe-
mas no Suplemento Literário do Diario de Pernambu-
co, quando contava com apenas 18 anos de idade. Em
1972, publicou seu primeiro livro de poemas, Árvore
urbana e com ele conquistou o Prêmio Fernando Chi-
naglia, da União Brasileira de Escritores, secção do
Rio de Janeiro.
Obras do autor: Árvore urbana (1972); Inventário das ho-
ras (1981); Roteiro da Febre Minotauro e Outros Poemas &
Memorial da Luz e do Mormaço; Livro de Francisca (s.d.)
62
1
(2005); Para ler Maximiano Campos (2008); Prêmio Ma-
ximiano Campos nas suas versões 2, 3 e 4 (2008); Musa
fragmentada, a poética de Carlos Pena Filho (2009).
622
do Brasil. Teve boa atuação diplomática e tornou-se
notório pelos serviços contra os moedeiros falsos de
Lisboa no Brasil, o que lhe valeu o título de 2º Barão
de Itamaracá. Estava a serviço do Brasil quando ali fa-
leceu. Seus restos mortais foram trasladados para Per-
nambuco em 1870 e encerrados em 1872 no mauso-
léu que a Câmara Municipal do Recife mandou erigir
no cemitério do Senhor Bom Jesus da Redenção em
Santo Amaro.” Ainda nas páginas da ABL, registra-se
a “feição romântica de sua obra antes mesmo de se
achar definido no Brasil o Romantismo”. E mais: “O
poeta original caracterizou-se por ser quase um im-
provisador. Deixava poesias em álbuns de senhoras,
em mãos de amigos, esparsas. A sua melhor produção
literária é representada pelas poesias lírico-amorosas,
mas nada publicou além da tese de medicina, em
francês, e algumas poesias e discursos parlamenta-
res, entre os quais se destaca o que pronunciou em
10 de junho de 1851 acerca da abolição do tráfico ne-
gro, e isso revela duplo aspecto pouco conhecido de
Maciel Monteiro: o orador e o abolicionista. Palavras
suas: “sempre detestei a escravidão; a minha nature-
za como que se revolta à sombra de qualquer jugo”;
“sempre me reputei abolicionista”. A fortuna crítica
de Maciel Monteiro tem sofrido altos e baixos. Para
Sílvio Romero, é um importante poeta de transição e
um dos predecessores do lirismo hugoano; para José
Veríssimo, uma simples lenda. Foi reabilitado na sua
justa medida por José Aderaldo Castelo.”
Obras do autor: Dissertation sur la nature, les symptô-
mes de l’inflammation de l’arachnoïde et son rapport avec
l’encephalite (1829); Poesias, sob a direção de João Ba-
tista Regueira Costa e Alfredo de Carvalho (1905);
Discurso por ocasião da fundação da Sociedade de
Medicina Pernambucana (4.4.1841), in: Anais de me-
dicina pernambucana. Anais do parlamento brasileiro, de
1834 a 1853; Poesias (1962).
62
3
MALUNGO [José Carlos Farias da Silva] (1969)* **
Poeta alternativo e recitador, nasceu no Recife em 10
de maio de 1969. Escreve desde 1985 e obteve o pri-
meiro lugar do Concurso de Poesia de Jardim Atlânti-
co, em 1997, e o primeiro lugar do Concurso de Poesia
da Biblioteca Popular de Afogados, em 2000. Publica
o fanzine De cara com a poesia, em parceria com o poeta
Bruno Candéas. Participa intensamente da cena cultu-
ral pernambucana e seus poemas foram inseridos nas
seguintes antologias: Marginal Recife: coletânea poética
(2001); Pernambuco, terra da poesia (2005). Através dos
fanzines, seja como colaborador ou editor tem reali-
zado um significativo trabalho de divulgação poética:
Boca Suja (SP); Panorama da Palavra (RJ); Escrevo o
que Quero (RJ); A Goiaba (RJ); O Capital (SE), Meya
Palavra (CE); O Patusco (CE), Portas Para Poesia e Pro-
sa (MG); Lítero Pessimista (PE); Chalopa (PE); Frente
e Verso(PE); Caos(PE); Poesia Descalça (PE).
Obras do autor: O terceiro olho usa lente de contato
(2000), Filé 1,99 (em parceria) (2003).
624
RJ, e por fim Clavadel, Suíça, onde se demorou de
junho de 1913 a outubro de 1914. Em Clavadel, teve
como companheiro de sanatório o poeta Paul Eluard.
Sua vida poderia ter sido breve, face às lesões que tinha
nos pulmões, mas viveu até os 82 anos, deixando um
legado definitivo para a Literatura Brasileira, princi-
palmente em sua fase renovadora como pioneiro da
revolução modernista, depois da sua fase Simbolista.
Nas páginas virtuais da ABL, estas anotações são fun-
damentais para compreensão da sua obra: “Ao lado
de „sonetos que não passam de pastiches parnasianos‟,
segundo o próprio Bandeira, nele figura o famoso
poema “Os sapos”, sátira ao Parnasianismo, que veio
a ser declamado, três anos depois, durante a Semana
de Arte Moderna, pela voz de Ronald de Carvalho.
Antecipador de um novo espírito na poesia brasileira,
Bandeira foi cognominado, por Mário de Andrade,
de „São João Batista do Modernismo‟.” Sua participa-
ção no movimento modernista de 1922 se deu através
das revistas Klaxon, Antropofagia, Lanterna Verde, Terra
Roxa e A Revista e não através dos eventos da Sema-
na de Arte Moderna, dos quais não participou. Ainda
nas páginas da ABL, encontramos: “Em 1927, viajou
ao Norte do Brasil, até Belém, parando em Salvador,
Recife, Paraíba, Natal, Fortaleza e São Luís do Mara-
nhão. De 1928 a 1929, permaneceu no Recife como
fiscal de bancas examinadora de preparatórios. Em
1935, foi nomeado inspetor de ensino secundário; em
1938, professor de Literatura Universal no Externato
do Colégio Pedro II; em 1942, professor de Litera-
turas Hispano-Americanas na Faculdade Nacional de
Filosofia, sendo aposentado por lei especial do Con-
gresso em 1956. A partir de 1938, tornou-se membro
do Conselho Consultivo do Departamento do Patri-
mônio Histórico e Artístico Nacional e, em 1942, foi
eleito membro da Sociedade Felipe d‟Oliveira. Rece-
beu o prêmio da Sociedade Felipe d‟Oliveira por con-
62
5
junto de obra (1937) e o prêmio de poesia do Instituto
Brasileiro de Educação e Cultura, também por con-
junto de obra (1946). (...) Como crítico de literatura
e historiador literário, revelou sempre uma paixão de
humanista. Consagrou-se pelo estudo sobre as Cartas
chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga, pelo esboço bio-
gráfico de Gonçalves Dias, além de ter organizado vá-
rias antologias de poetas brasileiros e publicado o es-
tudo Apresentação da poesia brasileira (1946). Em 1954,
publicou o Itinerário de Pasárgada, onde, além de suas
memórias, expõe todo o seu conhecimento sobre for-
mas e técnicas de poesia, o processo da sua aprendi-
zagem literária e as sutilezas da criação poética. Sua
obra foi reunida nos volumes Poesia e prosa, Aguilar
(1958), contendo numerosos estudos críticos e biográ-
ficos.” A obra de Manuel Bandeira compreende livros
em verso em prosa e didáticos com destaque para as
suas antologias críticas. Neste ano de 2005, o Institu-
to Maximiano Campos editou o CD A vida que valeu
“a pena e a dor de ser vivida”, com poemas de Manuel
Bandeira interpretados por um dos especialistas bra-
sileiros em sua obra, Edson Nery da Fonseca.
Obras do autor: Poesias, reunindo A cinza das horas,
Carnaval, O ritmo dissoluto (1924); Libertinagem (1930);
Estrela da manhã (1936); Crônicas da província do Brasil
(1936, prosa); Poesias escolhidas (1937); Antologia dos
poetas brasileiros da fase romântica (1937, antologia);
Guia de Ouro Preto (1938, prosa); Antologia dos poetas
brasileiros da fase parnasiana (1938, antologia); Poesias
completas, reunindo as obras anteriores e mais Lira
dos cinquent’anos (1940); Noções de história das literatu-
ras (1940, prosa); Autoria das Cartas chilenas, separata
da Revista do Brasil (1940, prosa); Obras poéticas de
Gonçalves Dias (1944, antologia); Apresentação da poesia
brasileira (1946, prosa); Antologia dos poetas brasileiros
bissextos contemporâneos (1946, antologia); Poesias com-
pletas, 4ª edição, acrescida de Belo belo (1948); Rimas
626
de José Albano (1948, antologia); Literatura hispano-
americana (1949, prosa); Poesias completas, 6ª edição,
acrescida de Opus 10 (1954); Poemas traduzidos (1945);
Mafuá do malungo, versos de circunstância (1948);
Gonçalves Dias, biografia (1952, prosa); Itinerário de
Pasárgada (1954, prosa); De poetas e de poesia (1954,
prosa); 50 Poemas escolhidos pelo autor (1955); Obras
poéticas (1956); A flauta de papel (1957, prosa); Prosa,
reunindo obras anteriores e mais Ensaios literários, crí-
tica de artes e epistolário (1958, prosa); Mário de Andra-
de, cartas a Manuel Bandeira (1958, antologia). Alum-
bramentos (1960); Estrela da tarde (1960); Andorinha,
andorinha, crônicas (1966, prosa); Os reis vagabundos e
mais 50 crônicas (1966, prosa); Colóquio unilateralmen-
te sentimental, crônica (1968, prosa).
62
7
na Memória do Clero Pernambucano, do Pe. Lino do
Monte Carmelo), “Noites clementinas” (tradução) e a
obra póstuma O monte de Mirra.
628
Caderno C. Começou a militar na poesia na déca-
da de 1980 participando ao lado dos poetas Manoel
Constantino e Henrique Amaral de recitais em bares
do Recife como Depois do Escuro, De Vento em Popa,
Moreno Vídeo Bar, Sushi. Fez parte dos varais de poe-
sia no Centro de Artes e Comunicação da UFPE. Pro-
duziu o projeto de requalificação do Mural Batalha
dos Guararapes, de Francisco Brennand, localizado
na Rua das Flores, no Recife/PE, e o vídeo Raimun-
do Carrero – Caçador de Assombrações, dirigido por
Clara Angélica. É autor do roteiro da minissérie Sol
a pino (inédito), que serviu de argumento para a mi-
nissérie Cruzamentos urbanos, veiculada na TV Jornal,
SBT, em 2007. Organizou o livro O delicado abismo da
loucura, de Raimundo Carrero, em 2005, e é ideali-
zador e curador do projeto Círculo de Leituras, que
tem como objetivo levar escritores para conversarem
diretamente com o público e que foi realizado duran-
te o Festival de Inverno de Garanhuns/PE (2006) e
na Festa da Renascença de Pesqueira/PE (2008). Tem
inéditos os ensaios: O Sísifo pernambucano – Raimundo
Carrero na imprensa brasileira, A guerrilha pop da Mundo
Livre S/A na trincheira da Indústria Cultural e A batalha
nacionalista de Francisco Brennand em terras da Várzea do
Capibaribe, a partir de um longo depoimento inédito
do artista sobre o mural da Rua das Flores. É autor
do frevo “La Bombonilha”, em parceria com Cláu-
dio Almeida, que musicou também o poema “Allegro
Flutuante”, de seu primeiro livro de poesia: Tatuagem
(2006), publicado pela Edições Bagaço, com apoio do
Instituto Maximiano Campos. Participa das seguintes
coletâneas: Invenção Recife, Coletânea poética I (2004);
Pernambuco, terra da poesia (2005); Antologia das águas
em verso e prosa (2007).
Obras do autor: As aventuras de Aua-u-zitô (2003, in-
fantil); Tatuagem (2006).
62
9
MARCIA de Souza Leão MAIA (1951)* **
Médica, escritora, poeta, vive no Recife, onde nasceu.
“Durante algum tempo dediquei-me à medicina e
aos três filhos, enquanto minha poesia, secretamen-
te, hibernava. E incomodava. Não resistindo aos seus
apelos, voltei à lida poética, fazendo parte de alguns
grupos de literatura da internet.” – registrou a poeta
em nota para a primeira edição desta coletânea. Foi
publicada na revista Poesia Sempre, nº 15, da Fundação
Biblioteca Nacional, em novembro de 2001, e no Li-
vro da Tribo (2004 e 2005). Em 2002, seu livro Espelhos
foi premiado no 3º Concurso Blocos de Poesia. Par-
ticipou das antologias Poetrix (2002), Escritas (2004)
e Dedo de moça – uma antologia das escritoras suicidas
(2009). Seu livro Cotidiana e virtual geometria (2008) foi
vencedor do Prêmio Violeta Branca Menescal (Ma-
naus, 2007). Seu livro Onde a Minha Rolleyflex?, ainda
inédito, obteve o Prêmio Eugênio Coimbra (Recife,
2008). Edita os blogues Tábua de Marés e Mudança de
Ventos. É presença marcante no mundo virtual.
Obras da autora: Espelhos (2003); Um tolo desejo de azul
(2003); Olhares/Miradas (2004); Em queda livre (2005);
Cotidiana e virtual geometria (2008).
630
década de 1970 fez parte do grupo Ave Sangria, que
misturava rock com ritmos regionais. Em 1999, César
Leal, na antologia, Poesia pernambucana moderna, re-
gistra: “o fato de ser compositor e autor de letras de
música não o impede de escrever uma poesia clara,
moderna, sem concessões aos velhos metros român-
ticos, que tanto agradam aos admiradores de Víctor
Hugo e seus seguidores no Brasil. (...) Seu último li-
vro, Palavra clara, é um dos mais fortes no âmbito da
poesia neste final de século.” Foi editor do Caderno
de Cultura do Jornal do Commercio e um dos diretores
da revista Continente Multicultural. Atualmente é Su-
perintendente de Produção Editorial da Companhia
Editora de Pernambuco, CEPE.
Obras do autor: Vôo subterrâneo (1986); Narrativas
(1992, contos); Memorial (1996, memórias); Brilho
(1996); Palavra clara (1998); A superfície do silêncio
(2002); Caligrafias (2003); Sax áspero (2007); Corpoin-
teiro (2008).
63
1
(1989); Onde o coração! (1987, contos); Romançal Pa-
ranambuco (1995); Nação Paranambuco (1996, teatro);
Capibaribe do sol (2003, teatro); O lamento das acauãs
(2005, teatro).
632
dos Críticos de Artes, e o Prêmio Olavo Bilac, con-
cedido pela Academia Brasileira de Letras, também
por Narciso. A crítica Nelly Novaes Coelho afirmou
sobre o poeta: “Pertencendo ao grupo de escritores
e artistas nordestinos que, dos anos 60 para cá, tem
mergulhado nas raízes populares, de origem ibero-
lusitana, latentes nos Romanceiros e Cancioneiros,
na Literatura de Cordel e nas Cantorias, na Música,
nas Gravuras e Esculturas primitivas, Marcus Accioly
é dos poetas que hoje tentam recuperar a poesia em
sua natureza primitiva: a palavra que nasceu do canto
e se perpetua na voz popular”. Exerceu vários cargos
públicos e é presidente do Conselho Estadual de Cul-
tura do Estado de Pernambuco.
Obras do autor: Cancioneiro (1968); Nordestinados
(1971); Xilografia (1974, poema gravado por José
Costa Leite); Sísifo (1976); Poética. Pré-Manifesto ou
Anteprojeto do Realismo-Épico (1977); Íxion (1978);
Ó(de) Itabira (1980); Guriatã: um cordel para meni-
no (1980); Narciso (1984); Para(ti)nação (1986); Érato
(1990); O jogo dos bichos (1990); Latinomérica (2001).
63
3
pintor e ficcionista pernambucano). Mantém e edita
o <www.joaquimcardozo.com>. Seus primeiros livros
de poesia foram publicados pelas Edições Pirata, mo-
vimento editorial pernambucano do qual participou
ativamente. Tem poemas e textos em prosa publica-
dos em vários jornais e revistas de cultura do Recife
e de outros Estados. Participa das coletâneas: Palavra
de mulher (1979); Álbum do Recife (1976); A cor da onda
por dentro (198l); Poesia viva do Recife. (1996); Vericuetos:
chemins scabreux – Revue litteraire bilingue (1997);
Corpo lunar; Antologia poética (2002); Estação Recife
III, (2004); Pernambuco, terra da poesia (2005).
Obras da autora: Sol de fretas (1979); Ilusão em pedra
(1981); O mito e a ciência na poesia de Joaquim Cardozo
(1984, ensaio); Luiz Jardim: ficção e vida (1988, ensaio).
634
MARIA DO CARMO BARRETO CAMPELLO DE
MELO (1924-2008)
Nasceu no Recife, PE, em 21 de julho de 1924, e fa-
leceu no dia 23 de julho de 2008, também no Recife.
Figura entre as mais importantes poetisas pernambu-
canas contemporâneas. Passou a infância no engenho
da Torre, cujo terreno deu origem ao atual bairro da
Torre, no Recife. Filha do jurista e professor Francisco
Barreto Campelo e de Lilia Araújo Barreto Campello.
Bacharel em Letras Clássicas e Licenciada em Didática
de Letras Clássicas pela Faculdade de Filosofia do Re-
cife, e pós-graduada com os Cursos de Especialização e
de Aperfeiçoamento em Literatura e Língua Portugue-
sa, pela UFPE. Na década de 60, trabalhou no Jornal
do Commercio, onde era responsável por uma coluna de
página inteira, intitulada “Nossa Página”, dedicada à
arte e a temas gerais. Foi professora de Língua Portu-
guesa e Língua Latina e funcionária da antiga Sude-
ne, onde se aposentou. Integrou a Academia Pernam-
bucana de Letras, onde ocupou a Cadeira nº 29, que
tem como patrono Padre Gomes Pacheco, e acadêmica
emérita da Academia Pernambucana de Artes e Le-
tras. Sempre atuante na vida literária pernambucana,
aos 80 anos, a poetisa mantinha uma vida intelectual
ativa e participava de projetos como o da Associação
Arte Vida e fazia parte da Comissão de Linguística da
Academia Pernambucana de Letras. Em 2003, afirmou
que não mais escreveria, mas, no Natal de 2007, Maria
do Carmo Barreto Campello de Melo compôs um po-
ema especialmente para essa data.
Obras da autora: Música do silêncio - 1º Momento: Os
símbolos; 2º Momento: Os sobreviventes (1968); Mú-
sica do silêncio - 3º Momento: Ciclo da solidão (1971);
Música do silêncio - 4º Momento: O tempo reinventado
(1972); VerdeVida: o tempo simultâneo; Música do si-
lêncio - 5º Momento: As circunstâncias (1976); Ser em
trânsito (1979); Miradouro (1982); Partitura sem som
63
5
(1983); De adeus e borboletas (1985); Retrato abstrato
(1990); Solidão compartilhada (1994); Visitação da vida
(2000); A consoada (2003).
636
sidade Católica de Pernambuco, mestre em Histó-
ria pela Universidade Federal de Pernambuco, com
dissertação sobre a obra de Gilberto Freyre (1994) e
doutor em História pela Universidade de Salamanca
(2005). Editou pela Record os famosos Relatórios que
revelaram Graciliano Ramos como escritor, quando
era Prefeito de Palmeira dos Índios, em Alagoas. Em
1984, ganhou o primeiro lugar no Concurso Nacio-
nal de Poesia Carlos Pena Filho, promovido pelo Bar
Savoy, com “As oito faces do poema”, e a esse se su-
cederam outros prêmios pelos seus trabalhos mono-
gráficos. A partir de 1983, passa a colaborar, no Jornal
do Commercio, do Recife, e mantém a coluna Rodapé,
de crítica literária, nas páginas do Commercio Cultu-
ral, editadas pelo poeta e jornalista Alberto da Cunha
Melo. Foi editor do Suplemento Cultural do Diário
Oficial (1995-2000). Foi também editor das revistas
Pasárgada e Continente Multicultural, criadas a partir
de seus projetos editoriais. Em 2003, assumiu o cargo
de diretor da Editora Massangana, da Fundação Joa-
quim Nabuco, que exerce até hoje.
Obras do autor: Livrório/Opuszero (1985); Recife me-
lhor do que Paris; João Carlos Paes Mendonça; vida, ideias
e negócios (2004); Cícero Dias – uma vida pela pintura
(2002); No Planalto, com a Imprensa (2010).
63
7
Obras do autor: Aspectos da história (1933, ensaio);
Síntese cronológica de Pernambuco (1934, história); Den-
tro da história (1935, ensaio); Como vi Portugal (1937,
ensaio); Guerra dos Mascates (1940, ensaio).
638
Educação de Pernambuco. Desde os anos universitá-
rios colaborava na imprensa. Foi secretário, redator-
chefe e diretor do Diario de Pernambuco; colaborador
literário do Correio da Manhã, do Diário de Notícias e
do Jornal de Letras do Rio de Janeiro. De 1956 a 1971,
foi diretor executivo do Instituto Joaquim Nabuco de
Pesquisas Sociais; diretor do Arquivo Público de Per-
nambuco, de 1973 até 1983; membro do Seminário
de Tropicologia da Universidade Federal de Pernam-
buco e da Fundação Joaquim Nabuco. Foi membro
do Conselho Federal de Cultura de Pernambuco e do
Conselho Federal de Cultura. Recebeu o Prêmio Ola-
vo Bilac da Academia Brasileira de Letras e o Prêmio
da Academia Pernambucana de Letras por suas Ele-
gias (1952); o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do
Livro, e o Prêmio PEN Clube do Brasil, pelo livro de
poesias Itinerário (1975). Há três antologias publica-
das com sua obra: Antologia poética (1968); Antologia em
verso e prosa (1982) e, em 2001, a edição mais comple-
ta de sua obra poética: Mauro Mota, poesia, organizada
por Everardo Norões e Sônia Lessa Norões. Solidário
e fraterno, marcou sua presença em todos que com
ele conviveram e já tem seu nome definitivamente in-
crustado nas páginas da Literatura Brasileira.
Obras do autor: Elegias (1952); A tecelã (1956); Os epi-
táfios (1959); Capitão de fandango (1960, crônica); O
galo e o cata-vento (1962); Canto ao meio (1964); O pátio
vermelho: crônica de uma pensão de estudantes (1968,
crônica); Poemas inéditos (1970); Itinerário (1975); Per-
nambucânia ou cantos da comarca e da memória (1979); Pe-
mambucânia dois (1980); Mauro Mota, poesia (2001). An-
tologia poética (1968); Antologia em verso e prosa (1982).
63
9
como diretor de Jornalismo e diretor de Programa-
ção, do planejamento da inauguração e dos primeiros
tempos da TV Globo. Trabalhou 12 anos com Rober-
to Marinho. Na política, foi fiel à herança de seu pai,
Apolônio Salles, duas vezes ministro da Agricultura
de Getúlio Vargas e iniciador do primeiro grande
projeto brasileiro de energia hidrelétrica, a Usina de
Paulo Afonso, no rio São Francisco: em 1961-1962,
foi Secretário do Conselho de Ministro presidido pelo
primeiro-ministro Tancredo Neves, que foi colega de
seu pai, como ministro da Justiça, no segundo gover-
no de Getúlio Vargas; e em 1984-1985 coordenou a
campanha de Tancredo Neves como candidato à pre-
sidência da República. Atualmente Mauro Salles diri-
ge sua empresa Interamericana Ltda. – Engenharia
de Negócio, especializada em fusões, incorporações e
projetos especiais de empresas, e é vice-presidente do
Conselho da Publics Salles Norton, a terceira agência
de propaganda no mercado brasileiro, sucessora da
Mauro Salles Publicidade, que ele fundou em 1966.
640
literários em diversas categorias. Deu novo impulso
à publicação de obras de relevância cultural com a
publicação, dentre outras, da poesia de Deolindo Ta-
vares e de Ascenso Ferreira, além de outras iniciativas
em diversas áreas. O Instituto Maximiano Campos,
criado em 2002, pelo escritor e advogado, Antônio
Campos, seu filho, com a finalidade primeira de pre-
servar a memória desse autor e sua obra, tem publica-
do várias reedições de seus livros e também originais
inéditos, destacando-se a novela Os cassacos (2003) e
toda a sua obra poética que o autor não publicou em
vida; “compondo, na área da ficção, um expressivo
mural da vida nordestina, ou melhor, da vida huma-
na, através deste pedaço de Brasil que é o Nordeste”,
como registra Antônio Campos, nas páginas virtuais
do IMC: <www.imcbr.org.br>. E prossegue com es-
tas referências: “Admirado e respeitado por intelec-
tuais do porte de Gilberto Freyre, Ariano Suassuna,
José Cândido de Carvalho, César Leal, Mauro Mota,
Raimundo Carrero, Ângelo Monteiro, dentre outros,
Maximiano legou à sua terra um precioso acervo
cultural (sua obra e sua biblioteca – que são os em-
briões formadores do próprio IMC) e uma memória
(os testemunhos dos seus companheiros de geração)
capazes, por si, de solidificarem toda uma história de
vida dedicada ao amor pelas artes e, em especial, pela
literatura. Detentor da Medalha do Mérito da Funda-
ção Joaquim Nabuco por „relevantes serviços presta-
dos à Cultura Brasileira‟ e da Medalha Rodrigo Melo
Franco de Andrade „por relevantes serviços prestados
ao Patrimônio Artístico e Histórico Brasileiro‟.” O
Pernambuco, terra da poesia é fruto de um homem que
se renova constantemente na memória dos pernam-
bucanos, portanto, “de um escritor devotado inteira-
mente ao seu ofício, de um legítimo defensor da sua
classe, do advogado e do homem público que jamais
sucumbiu aos convites nocivos e mesquinhos, enfim,
64
1
do poeta que, certa vez, escreveu que „tudo é velho
e novo e só o tempo não tem idade. O homem car-
regará as lembranças do seu passado mas será sem-
pre novo mesmo contra a sua vontade‟. Livre em sua
angústia e fiel à sua vocação valeu-se da pena para
conjugar a loucura imaginosa e, graças a ela, tornou-
se imortal.”, conforme conclui Antônio Campos. A
quarta edição de seu primeiro romance Sem lei nem
rei, foi publicada em 2008, pela Escrituras, SP.
Obras do autor: Sem lei nem rei (1968 - 2008, roman-
ce); As emboscadas da sorte (1971, contos); As sentenças
do tempo (1972, contos); As feras mortas (1975, contos);
O major Façanha (1975, novela); A loucura imaginosa
(1985, novela); A memória revoltada (1994, novela); O la-
vrador do tempo (2002, poesia); Cartas aos amigos (2002,
ensaios); Do amor e outras loucuras (2003, poesia); Os
cassacos (2003, novela); Na estrada (2004, contos).
642
1880, acompanhou o pai em viagem para a Europa.
Em Lisboa, foi matriculado na Escola Acadêmica, e
ali permaneceu até 1884. De volta ao Rio de Janeiro,
fez um curso de História Natural com Emílio Goeldi e
foi aluno particular de Sílvio Romero. Trabalhou ini-
cialmente como professor primário adjunto, entran-
do em contato com os escritores e poetas da época,
como Paula Ney e Pardal Mallet. Estreou na literatura
em 1889 com os livros de poesia Pecados e canções da
decadência, em que revelou conhecimento da estéti-
ca simbolista, como testemunha a sua “Proclamação
decadente”. Em 1888, estava no jornal Novidades, ao
lado de Alcindo Guanabara. Embora tivesse entu-
siasmo pela ideia abolicionista, não tomou parte na
propaganda. Fazia parte do grupo republicano. Nas
vésperas da proclamação da República, foi a São Pau-
lo em missão junto a Glicério e Campos Sales. Com
a vitória da República, foi nomeado, pelo ministro
Aristides Lobo, secretário do Ministério do Interior
e, em 1892, por Benjamin Constant, vice-diretor do
Ginásio Nacional. Foi professor da Escola de Belas
Artes (desde 1890), vogal e presidente do Conserva-
tório Dramático (1890-1892) e professor das escolas
de 2º grau (1890-1897). Simultaneamente às ativida-
des de funcionário público, exercia as de jornalista.
Durante o período florianista, dirigiu O Fígaro. Foi
nesse jornal que teve ocasião de denunciar a deposi-
ção que se tramava em Pernambuco do governador
Barbosa Lima. Em 1894, foi eleito deputado federal
por Pernambuco. Medeiros estreou na Câmara con-
seguindo a votação para lei dos direitos autorais. Em
1897, foi nomeado diretor-geral da Instrução Pública
do Distrito Federal. Estando na oposição a Prudente
de Moraes, foi forçado a pedir asilo à Embaixada do
Chile. Demitido do cargo, foi aos tribunais defender
seus direitos e obteve a reintegração. Voltou também
à Câmara dos Deputados, formando nas fileiras de
64
3
oposição a Hermes da Fonseca. Durante o quatriênio
militar (1912-1916), foi viver em Paris. De volta ao
Brasil, defendeu a entrada do Brasil na guerra que
devastava a Europa, em campanha que contribuiu
para o rompimento de relações do Brasil com a Ale-
manha. Suas conferências se tornaram famosas no
Rio de Janeiro. Ocupou a secretaria-geral da ABL de
1899 a 1917. Foi autor da primeira reforma ortográ-
fica ali promovida. Foi quem respondeu a Graça Ara-
nha, quando do rompimento deste com a Academia.
Por ocasião da campanha da Aliança Liberal, esteve
ao lado do governo Washington Luís. Vitoriosa a re-
volução de 30, refugiou-se na Embaixada do Peru. De
1930 a 1934, dedicou-se às atividades de colaborador
diário da Gazeta de São Paulo e de outros jornais do
Rio de Janeiro e às suas múltiplas atividades na Aca-
demia, onde fazia parte da Comissão do Dicionário e
era redator da Revista. Empenhou-se nos debates en-
tão travados em torno da simplificação da ortografia.
Era um grande defensor da ideia da simplificação, e
seu último artigo na Gazeta de São Paulo, publicado
no dia de sua morte, versou sobre esse assunto. Na
imprensa, escreveu também sob os pseudônimos Ar-
mando Quevedo, Atásius Noll, J. dos Santos, Max,
Rifiúfio Singapura.”
Obras do autor: Pecados (1889); Canções da decadência
(1889); Um homem prático (1898, contos); Mãe tapuia
(1900, contos); Poesias 1893-1901 (1904); Contos esco-
lhidos (1907); Em voz alta (1909, ensaios); O escânda-
lo (1910, teatro); O silêncio é de ouro (1912, ensaios);
Pontos de vista (1913, ensaios); Literatura alheia (1914,
ensaios); O regime presidencial no Brasil (1914, políti-
ca); Marta (1920, romance); Páginas de crítica (1920,
ensaios); Mistério, em colaboração (1921, romance); O
hipnotismo (1921, ensaio); Fim (1922); Graves e fúteis
(1922, ensaios); Teatro meu... e dos outros (1923); O as-
sassinato do general (1926, contos); Poemas sem versos
644
(1924); Por alheias terras... (1931, memória); O umbigo
de Adão (1932, contos); Parlamentarismo e presidencialis-
mo (1932, política); Se eu fosse Sherlock Holmes (1932,
contos); Laura (1933, romance); Quando eu falava de
amor (1933); Minha vida da infância à mocidade 1867-
1893 (1933, memória); Minha vida da mocidade à ve-
lhice 1893-1934 (1934, memória); Surpresas (1934,
contos); Homens e coisas da Academia (1934, ensaios);
Quando eu era vivo... Memórias 1867 a 1934 (1942, edi-
ção póstuma).
64
5
edição da Panorâmica do conto em Pernambuco (2010),
integrante da coleção Pernambuco em antologias.
Obras do autor: Floemas (1978); Narkosis (1979, 1981);
Pequenos sucessos (1981); Dentro da caixa, cinza (1980);
As estações visionárias (1962-1970); Diwân de Casa Forte
(1992).
646
posto de Consumo (1926); presidente da Comissão
do Teatro do Ministério da Educação (1939); profes-
sor do curso de Jornalismo da Faculdade de Filosofia
da Universidade do Brasil. Na Academia Brasileira
de Letras, foi segundo-secretário (1936); primeiro-
secretário (1937, 1938); secretário-geral (1942, 1943,
1946 e 1948) e presidente (1944). Organizou inúme-
ras publicações, notadamente a obra crítica de João
Ribeiro: Estudos críticos, 1º vol. (1934); Crítica, vol. I
Clássicos e românticos brasileiros (1952); vol. IX Os mo-
dernos (1952); vol. II Poetas. Parnasianismo e simbolismo
(1957); vol. III Autores de ficção (1959); vol. IV Críticos e
ensaístas (1959); vol. V Filólogos (1961); vol. VI Historia-
dores (1961); João Ribeiro, 2º vol. da obra que começou
a ser publicada em 1934 (1962). Em 1960, proferiu
uma série de três conferências no Instituto Histórico
e Geográfico Brasileiro, sob o título O pensamento de
João Ribeiro (publicadas na Revista do Instituto, vol.
248, julho-setembro de 1961).”
Obras do autor: Ensaios contemporâneos (1923, en-
saios); Tesouro recôndito (1926); A promessa inútil e outros
contos (1928, contos); No fim do caminho (1930, roman-
ce); Prêmio de pureza (1931, contos); Castigada (1934,
romance); Os países inexistentes (1941); Poesias (1949);
Emoção e harmonia (1952 ensaios); Salvador de Mendon-
ça (1952, ensaio biobibliográfico); João Ribeiro (1954,
ensaio biobibliográfico); José de Alencar (1955; ensaio
biobibliográfico).
64
7
légio, fazendo uso de um tom satírico que arrancava
sempre um sorriso dos leitores. Com o surgimento da
internet, montou um blog onde passou a postar sua
poesia e cativar leitores. Em 2008, conseguiu lançar
seu primeiro livro pela editora pernambucana Nossa
Livraria, chamado O avesso e o verso. Embalado pela
boa aceitação do primeiro trabalho, em 2009, lançou
Grãos ao alto! a convite da editora mineira A Árvore dos
Poemas. Seu terceiro livro, Incensos, insônias, silêncios e
outros sons, será também editado pela Nossa Livraria.
Obras do autor: O avesso e o verso (2008); Grãos ao alto
(2009); Incensos, insônias, silêncios e outros sons (2010).
648
Obras da autora: Clave provisória (1979 / 1983, poe-
sias e partituras); Coceira no ouvido (1982); Cisco no olho
(1983); Caixinha com os dois livros (2003); Capelinha de
melão (1993).
64
9
cheia de entusiasmo pela pátria e repleta de desalen-
tos por sua posicão e por sua origem; era quase negro
e filho de um padre. Os preconceitos do seu tempo
fizeram-no sofrer por isso e por suas ideias liberais”.
Obras do autor: Poemas oferecidos aos amigos e amantes
do Brasil (1822); Discurso sobre tolerância (1826); Poesias
(1875).
650
da Academia Recifense de Letras, da União Brasilei-
ra de Trovadores. Sócia honorária da Sociedade de
Médicos Escritores (Sobrames), Grupo Literário Ce-
lina de Holanda e artista plástica cadastrada na Arte
Maior desde 1996.
Obras da autora: Poemas (1979); Poemas (1980); Horas
extras (1982, contos); O máximo de amor possível (1986,
contos); Hecatombe da vitória (1988, ensaios); Louvação
a Hermilo Borba Filho (1994, ensaio); Reflexões (1995,
pensamentos filosóficos); Thargélia Barreto de Mene-
zes (1996, panegírico); Histórias da carochinha em sete
versões diferentes (1996, contos); Vila Cantinho (1996,
ensaio); Madrugada (1997, crônicas); O rio que sonha
ser lago (1998); A lapinha e outras fábulas (2001, fábu-
las); Crônica brincantes (2004, crônicas); Shalom Miriam
(2004, ensaio).
65
1
secundário e censor de teatro. Representou o Brasil,
em 1918, como secretário de embaixada, na Missão
Melo Franco. Foi deputado e participou da Assem-
bleia Constituinte que elaborou a Carta de 1934. Em
1937, ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputa-
dos. Foi ministro plenipotenciário nos Centenários
de Portugal, em 1940; delegado da Academia Brasi-
leira na Conferência Interacadêmica de Lisboa para
o Acordo Ortográfico de 1945; embaixador do Brasil
em Portugal em 1953-1954. Exerceu o cargo de ofi-
cial do 4º Ofício de Registro de Imóveis, no Rio de
Janeiro, tendo sido antes tabelião de Notas. Em con-
curso promovido pela revista Fon-Fon, em 1938, Ole-
gário Mariano foi eleito, pelos intelectuais de todo o
Brasil, Príncipe dos Poetas Brasileiros, em substitui-
ção a Alberto de Oliveira, detentor do título depois
da morte de Olavo Bilac o primeiro a obtê-lo. Além
da obra poética iniciada em livro em 1911, e enfeixa-
da nos dois volumes de Toda uma vida de poesia (1957),
publicados pela José Olympio, Olegário Mariano pu-
blicou durante anos, nas revistas Careta e Para Todos,
sob o pseudônimo de João da Avenida, uma seção
de crônicas mundanas em versos humorísticos, mais
tarde reunidas em dois livros: Bataclan e Vida caixa de
brinquedos. Sua poesia lírica é simples, de fundo ro-
mântico, pertinente à fase do sincretismo parnasia-
no-simbolista de transição para o Modernismo. Ficou
conhecido como o „poeta das cigarras‟, por causa de
um de seus temas prediletos”.
Obras do autor: Angelus (1911); Sonetos (1921); Evan-
gelho da sombra e do silêncio (1913); Água corrente, com
uma carta prefácio de Olavo Bilac (1917); Últimas ci-
garras (1920); Castelos na areia (1922); Cidade maravi-
lhosa (1923, prosa); Bataclan (1927, crônicas em verso);
Canto da minha terra (1931); Destino (1931); Poemas de
amor e de saudade (1932); Teatro (1932); Antologia de tra-
dutores (1932); Poesias escolhidas (1932); O amor na poesia
652
brasileira (1933); Vida caixa de brinquedos, crônicas em
verso (1933); O enamorado da vida, com prefácio de Jú-
lio Dantas (1937); Abolição da escravatura e os homens do
norte, conferência (1939); Em louvor da língua portugue-
sa (1940, ensaio); A vida que já vivi (1945, memórias):
Quando vem baixando o crepúsculo (1945); Cantigas de
encurtar caminho (1949); Tangará conta histórias (1953,
poesia infantil); Toda uma vida de poesia (1957).
65
3
das Organizações de Festivais Folclóricos” da Unesco,
foi presidente da Fundação de Cultura da Cidade do
Recife, entre 1994-1995, e representou as instituições
literárias de Pernambuco no Conselho da Lei de In-
centivo à Cultura do Governo do Estado de Pernam-
buco, de 1995 a 1996; vice-presidente da Comissão
Nacional de Folclore. É professor universitário, fun-
dador da Funeso e do Curso de Turismo da Unicap.
De 1997 a 2000, foi consultor de cultura da cidade
de Olinda. É pintor com várias exposições e obras
em coleções particulares. É detentor da Comenda da
Ordem dos Guararapes, do Estado de Pernambuco e
de vários prêmios literários, entre os quais o de Con-
tos, conferido pela Secretaria de Educação e Cultura
do Estado de Pernambuco, em 1957; o de Poesia, da
União Brasileira de Escritores, UBE-PE, em 1966; o
de Ensaio, da Academia Pernambucana de Letras, em
1976, e o de Antropologia Cultural, da Fundação Joa-
quim Nabuco, em 1990. Participou de 11 antologias
poéticas, entre elas: Violão de rua II (1963); Poética olin-
dense (1981); Presença poética do Recife (1983); Poetas da
rua do Imperador (1986); Álbum do Recife (1987); Poésie
du Brésil (bilíngue, Paris), (1997); Mormaço e sargaço. I
Antologia de poetas nordestinos e contemporâneos (1998);
Poemas de sal e sol. II Antologia de poetas nordestinos e
contemporâneos (1999) e Antologia de poetas nordestinos.
Ano 2000, estas três últimas organizadas e editadas
por Benito Araújo (ED-micro).
Obras do autor: Um negro volta ao mangue (1957, con-
tos); Dura e breve história da Ilha do Maruim (1961);
Palco e palanque (1963 e 1988, antropologia cultural);
Tríptico (1965); Os bacamarteiros (1965, antropologia
cultural); O homem que devia ter morrido há três anos
(1966, contos); Que é turismo? (1973, ensaio); Hinapino
(1974); Estudo de cor na zona da Mata Sul pernambucana
(1975); Introdução ao estudo do turismo (1975, ensaio);
Bacamarte, pólvora e povo (1976, antropologia cultu-
654
ral), Cantoria (1980); Balada bacamarteira no alto do
Bom Jesus (1983); Cultura, turismo e tempo: a fruição do
intangível (1983, ensaio); Praxis Amandi (1984); Uma
noite no castelo (1985, contos); O livro da poesia (1990);
A loba e os faisões (1992, contos); Seresta em tempo de caju
(1996, contos); Gigantes e foliões de Pernambuco (1992,
antropologia cultural); Modernismo e integralismo. A
Ideologia dos anos trinta (1996, antropologia cultural).
65
5
das águas, a designer carioca Suzette Kischinev lançou
uma coleção de joias, no Rio de Janeiro. O Serviço
Social do Comércio (Sesc), Departamento Regional
em Pernambuco, como parte do seu projeto Poetas
em Casa, apresentou no seu teatro, em Santo Amaro,
o espetáculo dramatizado com poemas do Navegador
do tempo, sob a direção de Célio Pontes. O maestro e
professor de Música da Universidade Federal de Per-
nambuco (UFPE) Henrique Lins compôs Canções de
Câmara com os poemas dos livros Navegador do tempo
e Ritual de sonhos. Algumas dessas canções fazem parte
do programa curricular exigido no Curso de Bacha-
relado em Canto, da UFPE. Foi diretor do Sindicato
dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco. “César
Leal, na quarta capa do livro referido, registra: Oris-
mar Rodrigues é um poeta que o Recife devia conhe-
cer melhor. Um acentuado lirismo reflete-se em seus
poemas através de imagens, alegorias e símbolos,
onde podemos identificar uma honradez própria de
quem leva a sério a difícil arte de escrever poemas”.
Sua morte, em 20 de outubro de 2007, comoveu o
mundo cultural pernambucano e teve grande reper-
cussão na imprensa local.
Obras do autor: Destino das águas (1987); Navegador
do tempo (1993); Ritual dos sonhos (1997); Poemas do
oriente e outros reinos (2002); Antologia poética (2004).
656
parte do Conselho Cultura do Estado. Anco Márcio,
no Interpoética, informa: “E seus versos tinham, assim
como sua prosa falada, a capacidade de nos paralisar.
Poucos foram seus poemas publicados. Nos anos 60,
publicou no primeiro e único número da revista Cla-
ve. Ainda nesta mesma década, em 1967, lançou um
livro intitulado Orley, que trazia “Oito fragmentos do
livro da fera”. Em 1979, saiu um volume que escreve-
ra também nos anos 60: O vocábulo das horas. Por fim,
em 1981, Poemas em preto e branco. Afora esses quatro
pequenos volumes, teve alguns versos publicados em
antologias, revistas literárias e jornais da terra”.
Obras do autor: Orley (1967); Vocábulo das horas (1979);
Poemas em preto e branco (1981).
65
7
(Tempo Brasileiro) e no exterior (Revista Colóquio/
Letras. Portugal; La Burbuja, Espanha). Fez incursões
no desenho e na pintura. Participou do 21º Salão de
Pintura do Museu do Estado de Pernambuco (Recife,
setembro de 1962). Prêmios: Othon Bezerra de Melo
(Academia Pernambucana de Letras-Poesia, 1975);
Menção Honrosa do Prêmio Manuel Bandeira, do
Governo do Estado de Pernambuco Poesia (1978); I
Concurso Fontana de Poesia (Rio de Janeiro. 1982);
1º Prêmio do I Concurso Interno de Contos do Cete-
pe (Recife, 1982); 4º lugar do II Prêmio Scortecci de
Poesia (São Paulo. 1983).
Obras publicadas: Ato de desesperança (1960); Sonetos
(1964); Itinerário do boi além do campo (1975); O evange-
lho consoante João da Silveira Severino (1981).
658
Visual (Espanha, 1992), entre outras. Organizou várias
exposições, entre as quais: Poesia Viva (Brasil, 1977);
1º (Ra(u)dio Arte Show, Brasil, 1979); 1ª e 2ª Exposição
Internacional de Poemas Visuais em Outdoor-Artdoor (Bra-
sil, 1981-1982). Alguns dos seus trabalhos foram pu-
blicados em: lnternational Poetry (E.U.A.), Oggi Poesia
Domani (Itália), Ville (E.UA.), Março (México, El Mago
(Espanha); Apsiom (Alemanha); Kaldron (E.U.A.); Qua-
derni di Nuovo Ruolo (Itália), Ovum (Uruguai); lnter-
media (E.U.A.), Doc(k)s (França), Soft Art Press (Suíça),
Ephemera (Holanda); Cisoria Arte (Venezuela); Art Con-
temporary (Canadá.); A Point of View Visual Poetry: the
90’s Anthology, Edition D. Bulatov (Rússia, 1998); Poe-
sia Totale: 1897-1997, Org. Sarenco e E. Mascelloni,
Adriano Parise Editare (Itália, 1998).
Obras do autor: Alto retrato (1981); Teste poético (1982);
A comunicação nas estradas (1986); Abelardo de todas
as horas (1988, ensaio biográfico); Voz poética (1997,
antologia); Vida, arte, palavra: perfis de Luís Jardim
(1998, ensaio biográfico); Marchas de procissão (1998,
pesquisa); Espetáculos populares de Pernambuco (1998,
livro/CD, pesquisa); Vicente do Rego Monteiro: poeta.
tipógrafo, pintor (2004, ensaio biobibliográfico).
65
9
PAULO CARDOSO Dias (1939-2002)**
Poeta nascido em São José do Egito, sertão de per-
nambuco, radicou-se no Recife, desde adolescente e
faleceu em 2002. Foi membro da Academia de Le-
tras e Artes do Nordeste Brasileiro e da Academia
Recifense de Letras da qual foi presidente. Sócio da
União Brasileira de Escritores UBE-PE, fez parte de
sua diretoria. Tem onze livros publicados. Obteve os
seguintes prêmios: Prêmio Nanie Siqueira Campos,
da APL-1995, com o livro As veias da noite (1993); com
A pedra dos oráculos (1996) obteve Menção Honrosa no
Prêmio Lira e César, da APL (1997). Participou de di-
versas antologias poéticas nacionais e internacionais
e teve poemas publicados em revistas e jornais de vá-
rios pontos do território nacional. Foi homenageado
pelo Governo do Estado de Pernambuco (Secretaria
de Educação e Esportes e Biblioteca Pública Estadual
Presidente Castello Branco) através do Projeto Escri-
tores Vivos de Pernambuco, vol. 4.
Obras do autor: Árvores sem sol (1964); Poemas e salva
de versos (1992); As veias da noite (1993); Fronteira de
dois chãos (1995); A pedra dos oráculos (1996).
660
Fundação Joaquim Nabuco e sócio da Consultexto.
Organizou a antologia Meio-dia eterno, do poeta per-
nambucano Austro Costa, editada pela Fundação do
Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco. Par-
ticipa de várias antologias poéticas pernambucanas.
Obras do autor: Queda para o alto (1979); Quando tudo
era brinquedo (1981, poesia infantil); Pausa para o invi-
sível (1982, contos); A redenção do acaso (1984); O que te
trai, o que te cala (1992); Aleluia no caos (1995); O poder
da noite (2004).
66
1
ficação em sua turma, recebeu como prêmio uma via-
gem à Europa. Fez outros cursos superiores no estran-
geiro. Foi brilhante advogado, chegou a assessorar
Secretarias de Estado, em São Paulo. Foi encarregado
do Serviço Especial de ligação cultural do Governo
do Estado com o Ministério das Relações Exteriores
e com o Corpo Diplomático Estrangeiro. Participou
de várias comissões culturais. Sendo adido cultural de
diversos países, lecionou Língua e Literatura Brasilei-
ra na Universidade de Toronto. Tornou-se ativo inte-
grante da literatura de vanguarda, escrevendo para
antologias e revistas. Publicou vários poemas que
serviram de tema para apresentações artísticas, bem
como espetáculos de “total environment”: computa-
dores e outros meios eletrônicos, leitura coral, coreo-
grafia, artes plásticas, luz e som, não só no Brasil, mas
ainda no Canadá e nos Estados Unidos.
Obras do autor: Haikais & concretos (1960); Oito hai-
kais de Pedro Xisto (1960); Poesia em situação (1960);
Acht haikais de Pedro Xisto (1962, com música de‟ H.
J. Koellreutter); Caderno de aplicação (1966); Bahia
vogaláxia (1966, poema semiótico); Bahia logogramas
(1966, poemas visuais); Guimarães Rosa em três dimen-
sões (1970, teoria e crítica).
662
sar Leal, encarte da Revista Estudos Universitários.
É organizador, juntamente com Delmo Montenegro,
dos três volumes da antologia de poesia Invenção Re-
cife (2004). Tem inédito o livro Vozes da ilha, ao qual
pertencem os poemas aqui publicados.
Obras do autor: Liturgia dos nomes (1988).
66
3
po. 12 Poemas de outubro (s.d.); Da história americana
(prosa, s.d.); Considerações à margem de um humanismo
(ensaio, s.d.); História: o problema da natureza (en-
saio, s.d.); Gilberto Freyre, historiador (ensaio, s.d.); Cul-
tura luso-brasileira e ecumenismo (ensaio, s.d.); Atuali-
dade dos estudos históricos (ensaio s.d); Em torno de uma
teoria do simbolismo (ensaio, s.d); O diário, uma aventura
da liberdade (ensaio s.d); Gente pernambucana (ensaio,
s.d); Gilberto Freyre: presença definitiva (1998).
664
nal Aurora em 1849, diz o seguinte, acerca desta poe-
tisa: „Nasceu em Olinda da província de Pernambuco,
filha do Dr. João Mendes Teixeira. Tornou-se insigne
em literatura, filosofia racional, história e belas artes.
Publicou obras interessantes, que recomendaram seu
nome à posteridade, e morreu em 1719 com 24 anos
incompletos.” No entanto, a pesquisadora Eliane
Vasconcellos, em verbete do livro Escritoras brasileiras
do século XIX (2000, p. 45), abre o volume com essa
poetisa do século XVII, discutindo as 18 obras pes-
quisadas: “Chega a ser inquietante o que lemos em
obras realmente importantes como as de Ferdinand
Denis, Varnhagen e Joaquim Norberto, para citar os
estudiosos mais ilustres, numa lista de 18 autores que
trataram de Rita Joana de Sousa. Cada um procurou
passar adiante os mesmos dados lidos nas obras pre-
cedentes, as quais, por sua vez, nada documentaram,
além da notícia de uma „„jovem escritora” sem obra.
Portanto, depois de lançado o primeiro grão de uma
lenda em solo fértil, passou-se, a partir daí, à pará-
frase, à imaginação de dados para suprir lacunas das
fontes iniciais, como acontece com Joaquim Manuel
de Macedo e Inês Sabino.”. É interessante ler as no-
tas pertinentes e toda a discussão que Rita Joanna de
Souza consegue despertar. A pesquisadora chegou a
1734, com a obra Portugal ilustrado pelo sexo feminino,
do português Diogo Manuel Alves de Azevedo e daí
traça o percurso de todo o seu estudo pelas obras raras
pesquisadas. Tudo para finalmente concluir e anuir
com uma citação de Domingos Carvalho da Silva, en-
contrada no livro Vozes femininas da poesia brasileira, de
1959: “é um nome apenas, mas pode simbolizar o de
muitas poetisas ignoradas cuja voz alegrou os salões
coloniais das casas grandes.” No Pernambuco, terra
da poesia, com sua “visão panorâmica”, ou, para usar
uma definição mais técnica, com uma pesquisa mais
extensiva que compreensiva, concede a essa polêmica
66
5
sete páginas fotografadas do livro de Henrique Capi-
tolino Pereira de Mello, no setor de Obras Raras da
Biblioteca Pública Estadual de Pernambuco, neste ano
de 2005, por três motivos básicos: o primeiro para ex-
por a questão e lembrar que a pesquisadora Eliane
Vasconcellos não esgotou a sua busca, uma vez que
não localizou a obra Teatro heroíno, de Damião Fróis
Pereira, citado, conforme ela própria, “pela maioria
dos biógrafos consultados”. O segundo motivo é para
anuir, em parte, com a homenagem de Domingos
Carvalho da Silva, que, através da poetisa em questão,
lembra todas aquelas ignoradas em face das contin-
gências históricas brasileiras; a terceira, para home-
nagear todos os pesquisadores que se dedicam a revi-
talizar o passado das nossas Letras. Motivos bastantes
para acreditarmos que fazendo parte apenas do ima-
ginário ou tendo existido com todas as qualidades a
ela atribuídas, Rita Joanna de Souza merece a nota, a
anotação e o interesse de todos nós.
666
oficinas Lítero-Corporais no Recife e Região Metro-
politana e no Interior de Pernambuco e da Paraíba.
Aparece em vídeos e documentários televisivos. Possui
inéditos os livros de poemas Atinguassu e Burusssu.
66
7
de Internacional e da Universidade Lusófona, ambas
em Lisboa. Em 1988, nomeado pelo então Ministro
da Cultura, Celso Furtado, foi o delegado oficial do
Brasil no I Congresso Internacional de Arte e Cultura
Popular, realizado em Gorizia, Itália. É como soció-
logo que vem publicando livros e artigos acadêmicos
no Brasil, nos Estados Unidos, na Áustria, Inglaterra
e Suíça. É autor de vários livros de Sociologia, abran-
gendo a Arte e a Cultura. Sua obra Introdução à so-
ciologia transformou-se num sucesso editorial. Como
poeta, estreou em livro, com Teoria completa dos dias e
das noites (1979).
668
Os poemas de Murais da morte integram a bibliografia
de sua Pós-Graduação em Religião da Universidade
Federal de Juiz de Fora, MG. Como pintor, realiza
individual na Galeria de Tiago Amorim, e foi assessor
de artes plásticas da Fundarpe. De volta ao Brasil, ca-
sou-se com a também escritora Lucila Nogueira, com
quem viveu quase trinta anos. Da união, tiveram três
filhas. A Fliporto de 2008 homenageou Sérgio com
Painel, do qual participaram, além de Lucila e as fi-
lhas Marina, Natália e Almenara, os escritores Lucilo
Varejão Neto, José Mário Rodrigues, Ângelo Montei-
ro e Cyl Gallindo. Este verbete faz parte da segunda
edição da Panorâmica do conto em Pernambuco (2010),
integrante da coleção Pernambuco em antologias.
Obras do autor: Murais da morte (1968, poesia, ilustra-
do por Vicente do Rego Monteiro); Irene (1975, roman-
ce); Sinfonia (1990, poesia); Cantos da definitiva primave-
ra (1998, poesia). Deixou inéditos romances, novelas e
poemas e uma monografia sobre Osman Lins.
66
9
amigos (não os tem mais porque não quer, pois é um
sujeito bom e verdadeiro), outra parte está irreme-
diavelmente perdida nos botequins de beira de estra-
das, nos caminhos da praia de Pau Amarelo. Há um
absoluto desleixo pelo que faz. É um perdulário da
poesia, como se tivesse consciência de que ela dele
transborda, imensa e numerosa. Como se nenhum
poema fizesse falta à sua obra, e esta não precisasse
ser assinada e, muito menos, publicada. Concorre aos
concursos de poesia, não para ganhar nome, e sim di-
nheiro, porque não tem qualquer fonte de renda. São
seus amigos que batem à máquina os seus poemas,
reunindo-os em livros e, às vezes, como já aconteceu
comigo, levam-no para inscrevê-la”.
Obras do autor: Aposentos do sonho, in Quíntuplo (1974),
Iniciação à fábula (1979), Qualquerum (1998).
670
voltadas para a problemática social, em particular
a integração do negro à sociedade. Fundou a Fren-
te Negra Pernambucana, com Barros Mulato, pintor
primitivista de grande significação na vida do poeta
e o escritor Vicente Lima. Antes de se transferir para
o Rio de Janeiro, onde fixou residência no Município
de Duque de Caxias, o poeta negro esteve na Bahia,
no Rio Grande do Sul, em Belo Horizonte e São Pau-
lo. Nesta última cidade implantou um polo do Teatro
Popular Brasileiro, cuja fundação ocorreu no Rio, em
1950, juntamente com Edison Carneiro e sua esposa
Margarida Trindade. Solano Trindade publicou seus
primeiros trabalhos no Recife, por volta de 1930. O
livro Poemas de uma vida simples, publicado em 1944,
foi a sua primeira obra. Voltou a editar em 1958, em
comemoração dos seus 50 anos, quando lançou Seis
tempos de poesia. Em 1961, foi a vez de Cantares ao meu
povo, seu último trabalho publicado em vida. Tal livro
mereceu uma segunda edição em 1981, pela Editora
Brasiliense. Em 2008, a Fliporto reverenciou os 100
anos de nascimento do poeta com um painel especial
liderado pela sua filha Raquel Trindade. O livro Poe-
mas antológicos de Solano Trindade (2008) é uma das
mais recentes coletâneas da poesia do autor.
Obras do autor: Poemas de uma vida simples (1944); Seis
tempos de poesia (1958); Cantares do meu povo (1961);
Tem gente com fome e outros poemas (1988).
67
1
cou Estações do segredo em 1980, pelas Edições Pirata,
Recife, e o reeditou, em 1989, pelas Edições Taurus-
Timbre, Rio de Janeiro, com o título Estações em se-
gredo. Sobre sua poesia, escreveu Mauro Gama “(...)
o novo destes poemas não é o postiço, não vem de
segunda mão, pela Penguin Books ou pela Varig. A
autora trabalha com importações ou contrabando de
imagens, sabores, tintas, tendências. Se sente no seu
texto, isso sim, uma busca do novo ao mesmo tempo
dela própria e da nossa vasta realidade.”
672
Autor de artigos em jornais do Estado. Procurador da
Fazenda Nacional, desde 1993, ex-Procurador Geral
Adjunto da Fazenda Nacional, em Brasília, e desde
2007, com o início do Governo Eduardo Campos,
Procurador Geral do Estado. Membro do Instituto
Cultural do Vale do Cariri, no Crato, no qual irá to-
mar posse na recém-criada cadeira Miguel Arraes de
Alencar. Tem grande interesse em genealogia, através
do qual desenvolveu pesquisa sobre os seus ancestrais,
como Bárbara Pereira de Alencar, heroína da Revo-
lução Pernambucana de 1817 e da Confederação do
Equador, em 1824.
67
3
TARGÉLIA BARRETO DE MENESES (1879-
1909)**
Poetisa, contista e musicista, nasceu no Barro, Reci-
fe, PE, em 1879, e morreu aos 30 anos no seu sexto
parto, deixando cinco filhos. Filha do filósofo, advo-
gado, professor e orador sergipano, Tobias Barreto.
Sua obra se encontra dispersa em jornais recifenses
e de Aracaju, para onde migraram dois de seus ir-
mãos, após a morte do pai. Essa referência e outras
importantes se encontram no verbete redigido pela
escritora e biógrafa pernambucana Luzilá Gonçalves
Ferreira, no livro Escritores brasileiros do século XIX,
volume II (2004). Na página 882, registra-se: “Com
exceção de um conto, de feição moderna, publicado,
postumamente, num jornal de Recife, em 1910, a
maior parte do legado acessível da escritora são sone-
tos compostos à moda parnasiana. Estes poemas, por
um lado, atestam uma preocupação séria, quer pela
feição poética delicada e sensível, quer pelo cuidado
constante com a temática, a forma e o vocabulário,
uma demonstração da cultura literária que a poetisa
soube herdar do pai; e, por outro lado, denunciam
um espírito levemente irônico, às vezes zombeteiro,
de uma mulher que se dirige aos homens com um
olhar lúcido e bem-humorado. Targélia Barreto de
Meneses se revela uma observadora da natureza e do
coração humano, que se coloca inteira nos poemas
que compôs.”
674
União Brasileira de Escritores (UBE-PE). Detentora
do Prêmio de Poesia Dramatizada da Fundação de
Cultura Cidade do Recife em 1992, foi considerada
Autora do Ano de 1999 pela Editora Universum de
Trento, Itália. Foi colaboradora de jornais e revistas
oficiais e alternativos, nacionais e estrangeiros, par-
ticipa de antologias poéticas na França, Itália e Por-
tugal, esta última comemorativa dos quinhentos anos
de descoberta do Brasil da Revista Semestral de Cultu-
ra ANTO, nº 3, Primavera, Edições Tâmega, 1998,
Amarante. Foi homenageada pelo Projeto Poesia 96
da Secretaria de Cultura de São Paulo. Foi diretora de
Cultura e Eventos da União Brasileira de Escritores de
Pernambuco, e é sócia das seções do Rio de Janeiro e
de São Paulo da UBE, além do Sindicato de Escritores
do Rio de Janeiro, da IWA - International Writers and
Artists Association de Bluffton, USA, da Academia de
Letras e Artes do Nordeste, onde ocupa a Cadeira nº
21, e da Internacional de Literatura e Artes e Socie-
dade dos Poetas Vivos. Foi advogada e integrante de
movimentos contra a violência. Atualmente, devido a
problemas de saúde, encontra-se afastada do meio li-
terário. A musa roubada (2007), coletânea de seus poe-
mas organizada por Lucila Nogueira e Wellington de
Melo, é o seu mais recente livro publicado pela Com-
panhia Editora de Pernambuco, CEPE.
Obras da autora: Parábola (1970); O círculo e a pirâmi-
de (1976); Mandala (1980); Poemaceso (1985); Noturno
selvagem (1991); Corpo da terra (1994); Fábula do abismo
(1996); A casa que dorme (2002); A musa roubada (2007).
67
5
Brasileira de Letras e pai de Targélia Barreto de Me-
neses, pernambucana, também incluída neste painel.
Nas páginas virtuais da ABL, <http://www.academia.
org.br/imortais/cads/38/tobias.htm>, citam-se anota-
ções do excelente biógrafo de Tobias Barreto, Ermes
Lima, que, em parte, transcrevemos aqui: “Aprendeu
as primeiras letras com o professor Manuel Joaquim
de Oliveira Campos. Estudou latim com o padre Do-
mingos Quirino, dedicando-se com tal aproveitamen-
to que, em breve, iria ensinar a matéria em Itabaia-
na. Em 1861 seguiu para a Bahia com a intenção de
frequentar um seminário mas, sem vocação firme,
desistiu de imediato. Sem ter prestado exames pre-
paratórios voltou à sua vila donde sairá com desti-
no a Pernambuco. Em 1854 e 1865 o jovem Tobias,
para sobreviver, deu aulas particulares de diversas
matérias. Na ocasião prestou concurso para a cadeira
de latim no Ginásio Pernambucano, sem conseguir,
contudo, a desejada nomeação. Em 1867 disputou a
vaga de Filosofia no referido estabelecimento. Ven-
ceu o prélio em primeiro lugar, mas é preterido mais
uma vez por outro candidato. Para ocupar o tempo,
entrega-se com afinco à leitura dos evolucionistas es-
trangeiros, sobretudo o alemão Ernest Haeckel que
se tornaria um dos mais famosos cientistas da época
com seus livros Os Enigmas do Universo e As Ma-
ravilhas da Vida. No campo das produções poéticas
passou Tobias a competir com o poeta baiano Antô-
nio de Castro Alves, a quem superava, contudo, no
lastro cultural. O fato de ser mestiço prejudicou-lhe
a vida amorosa numa época cheia de preconceitos,
conforme testemunho de Sílvio Romero. Na oratória
Tobias se revelava um mestre, qualquer que fosse o
tema escolhido para debate. O estudo da Filosofia
empolgava o sergipano que nos jornais universitários
publicou “Tomás de Aquino”, “Teologia e Teodiceia
não são ciências”, “Jules Simon”, etc. Ainda antes de
676
concluir o curso de Direito casou-se com a filha de
um coronel do interior, proprietário de engenhos no
município de Escada. Eleito para a Assembleia Pro-
vincial não conseguiu progredir na política local. De-
dicou vários anos a aprofundar-se no estudo do ale-
mão, para poder ler no original alguns dos ensaístas
germânicos, à frente deles Ernest Haeckel e Ludwig
Büchner”. Conta Hermes Lima, em sua magnífica
biografia de Tobias, que ele “para irritar o burguês,
com uma nota mais ostensiva de superioridade, abria
frequentemente seu luminoso leque de pavão: o ger-
manismo”. Foi em alemão que Tobias redigiu o jor-
nal Deutscher kampfer (O lutador alemão). Mais tarde
sairiam de sua pena os Estudos alemães. A residência
em Escada durou cerca de dez anos. Ao voltar ao Re-
cife, aos escassos proventos que recebia juntaram-se
os problemas de saúde que acabaram por impedi-lo
de sair de casa. Tentou uma viagem à Europa para
restabelecer-se fisicamente. Faltavam-lhe os recursos
financeiros para isso. No Recife, abriram-se subs-
crições para ajudá-lo a custear-lhe as despesas. Em
1889, estava praticamente desesperado. Uma semana
antes de morrer, enviou uma carta a Sílvio Romero
solicitando, angustiosamente, que lhe enviasse o di-
nheiro das contribuições que haviam sido feitas até
19 de junho daquele ano. Dias mais tarde falecia, em
27 de junho de 1889, hospedado na casa de um ami-
go. A obra de Tobias é de significativo valor, levan-
do em conta que o professor sergipano não chegou
a conhecer a capital do Império. Hermes Lima, ao
comentar o refúgio de Tobias Barreto em Escada, es-
clareceu: “Em Escada, além de publicar o Fundamento
do direito de punir, erige o germanismo em caminho de
cultura. É onde aprofunda seu Haeckel, onde elabora
sua posição filosófica, onde traça as coordenadas da
revolução espiritual que viria a deflagrar-se no país”.
Suas Obras completas, editadas pelo Instituto Nacional
67
7
do Livro em 1926-1927, incluem os seguintes títulos:
Ensaios e estudos de filosofia e crítica; Brasilien, wie es ist;
Ensaio de pré-história da literatura alemã, Filosofia e crí-
tica, Estudos alemães; Dias e noites, Polêmicas; Discursos;
Menores e loucos; Questões vigentes, Vários escritos.
678
parnasiana, como a maioria dos poetas da sua época,
logo se filiou a uma estética própria, cuja prosódia e
sintaxe se encontravam no falar e pensar do “homem
do nordeste”, porém livre de qualquer traço caricatu-
ral tão comum à maioria dos poetas ditos “matutos”.
Apesar de sua origem sertaneja, sua poesia é erudita e
mesmo refletindo um profundo traço telúrico e fami-
liar, alcança a reflexão e emoção da poética universal.
Sobre a obra de Ulisses Lins, muitos escritores e críti-
cos deram os depoimentos que enriquecem sobrema-
neira a sua fortuna crítica. Entre eles, podemos citar:
Luís Jardim, Adonias Filho, Eneida, Samuel Duarte,
José Condé, Geraldo de Freitas, Franklin de Sales,
J.C.Oliveira Torres, Alcântara Silveira, Manuel Dié-
gues Júnior, Aloysio da Carvalho Filho, Mauro Mota,
Sérgio Millet, Múcio Leão, Joaquim Pimenta, Edna
Savaget, Francisco de Assis Barbosa, Odilon Nestor,
Paulo Ronai, Mario Melo, Menotti Del Picchia, Esdras
Farias, Antônio Carlos Vilaça, José Américo de Almei-
da, entre outros. Eleito em 1938 para a Academia Per-
nambucana de Letras, o sertaniense Ulisses Lins de
Albuquerque ocupou a Cadeira nº 1, cujo patrono é
Bento Teixeira Pinto. Antes de Ulisses Lins a Cadeira
nº 1 foi ocupada por Barbosa Viana em 1901 e Zeferi-
no Galvão em 1920. O atual ocupante da Cadeira nº
1 é o escritor olindense Olímpio Bonald Neto. Ulisses
Lins de Albuquerque, historiador, memorialista, poe-
ta, “contador de estórias” e romancista.
Obras do autor: Pedúculos – versos (1910); Ao sol do sertão
(1922); Mestres e discípulos – Sonetos e perfis (1927, org.);
Fogo e cinza (1938); Exaltação à poesia sertaneja (1938.
Discurso de posse na Academia Pernambucana de Le-
tras.); Um sertanejo e o sertão (s.d., memórias); Moxotó
brabo (1938, ensaio histórico, sociológico e folclórico);
Sol poente (s.d.); E a noite vem (s.d.); Três ribeiras (s.d.,
memórias); Chico Dandin (s.d., romance); O boi de ouro
e outras estórias (s.d.); Quadras de outras quadras (s.d.).
67
9
VANILDO Campos BEZERRA Cavalcanti (1899-
1989)**
Poeta, ficcionista e dramaturgo, nasceu no Recife, PE,
a 12 de agosto de 1919. Bacharelou-se em advoca-
cia pela Faculdade de Direito do Recife. Pertenceu à
Academia Pernambucana de Letras, Cadeira nº 36, e
à Academia Olindense de Letras, além do Instituto
Histórico de Olinda e do Instituto Arqueológico, His-
tórico e Geográfico Pernambucano. Faleceu no Reci-
fe em 1989, aos 70 anos de idade. Iniciou sua vida
literária escrevendo em prosa e em versos. Escreveu
poemas, contos e peças teatrais. Seus contos ficaram
esparsos em antologias e revistas literárias. Dedicou-
se profissionalmente ao jornalismo.
Obras do autor: O violino encantado (s.d.); Aprendiz bis-
sexto (s.d.); Recife do Corpo Santo (s.d.); Olinda do salva-
dor do mundo (s.d., ensaio histórico).
680
son Figueiredo e Sylvia Pontual organizaram o exem-
plar Vicente do Rego Monteiro. Poeta, tipógrafo, pintor,
inclusive com obras inéditas. Participou ativamente
da Escola de Paris e era notável tradutor, além de lhe
ser auferido o crédito de primeiro poeta gráfico bra-
sileiro. Excepcionalmente citamos também as obras
publicadas em língua estrangeira.
Obras do autor: Quelques visages de Paris (1925); Poe-
mas de bolso (1941); Mobiliário interior da poesia (1941);
A chacum as marotte (1943); Litanies à la France com-
battante (1944); Canevas (1946); Le petit cirque (1948);
Chants de fer (1950); Beau sexe (1950); Complainte
dês Tisserands (1950); Concrétion (1952); Cartomancie
(1952); Vers sur verre (Seghers Editor, 1953); Mon onde
était trop courte pour toi (1956); Broussais – La charité
(1960); Chiromancie (1961); Vicente do Rego Monteiro.
Poeta, tipógrafo, pintor (2005).
68
1
Coimbra Júnior-PE; Escrita, SP; Academia Pernam-
bucana de Letras, Édson Régis, do Pen Clube, PE. Pu-
blicou 6 livros e tem inéditas várias coletâneas: Flauta
de pássaro; Escuras; Oiatribe; Simulacro; Falo; Palpo a
quimera e o tremor, Frases da lua e Lance de búzios, além
de uma de ensaios e conferências literários. Está re-
presentado em cerca de 50 antologias poéticas, entre
as quais, Recife Recity (1977), Scortecci de Poesia (SP,
1982), International Poetry (Universidade do Colora-
do, USA, 1982), 50 Poetas do Recife (1982), Agenda
84/85, Recife, Guia Poético da Cidade do Natal, RN,
Revista Poesia (1983). O poeta da Rua do Imperador,
Vital Corrêa, fundou o jornal O Fandango, com o seu
amigo e poeta Iran Gama. Vários dos seus poemas
foram publicados em revistas nacionais e internacio-
nais, destacando-se La Burbuja, Pliego de Murmurios
y Nirvana Populi, Espanha; The Poetry, USA; Inéditos,
MG; Encontro, Recife; Presença e Correio das Artes, PB;
Nação Cariri, CE e Contexto, RN.
Obras do autor: Título provisório (1978); Poemas com
endereço (1980); A cimitarra e o lume (1981); Burocracial
(1983); Cesta pernambucana (1986); Coração de areia
(1994); 50 Poemas escolhidos pelo autor (2004).
682
fluminense Fagundes Varela. Diz Sílvio Romero que
“A contribuição de Vitoriano Palhares para a poesia
romântica brasileira é desdenhável”, mas conseguiu
conquistar, com a sua poesia, grande popularidade,
embora e lamentavelmente seja esquecido nos dias
atuais. Vitoriano Palhares é o Patrono da Cadeira nº
16, da Academia Pernambucana de Letras.
Obras do autor: Mocidade e tristeza (1867); Centelhas
(1870); Peregrinas (1870); As vítimas (1868, drama);
Drama do século (1867, drama em 4 atos).
68
3
Pernambucana de Letras, da Associação de Imprensa
de Pernambuco, da Academia Brasiliense de Letras e
sócio da UBE-PE. Participou de diversas antologias:
Antologia dos poetas pernambucanos. Fernando de Oli-
veira Mata, Recife, 1945; na Coletânea de poetas per-
nambucanos. Oliveira e Silva, Rio de Janeiro, 1951; e
na Antologia dos poetas bissextos contemporâneos. Manuel
Bandeira, Rio de Janeiro, 1965 (segunda edição) e
1967 (terceira edição). Poemas seus também figuram
em várias outras coletâneas publicadas em Pernam-
buco e noutros pontos do País. O “Soneto da vida e
da morte” inserido neste painel literário surpreendeu
o próprio autor que dele não se recordava. Encon-
tramo-lo em Escritores vivos de Pernambuco (2001), na
página 201, em meio à “Saudação de José Nivaldo”
para Waldemar Lopes, da qual transcrevemos o se-
guinte excerto: “Há poucos meses, com o olho direito
tamponado, após intervenção cirúrgica, e sem quase
nada enxergar pelo olho esquerdo, ainda na antes-
sala do Centro Cirúrgico, Waldemar pediu papel e
caneta para, com a luz da inteligência, tocada pelo
sentimento que os homens guardam no seu segredo,
escrever mais um belo soneto que intitulou “Soneto
da vida e da morte (..)”.
Obras do autor: Legenda (1929); Sonetos do tempo per-
dido (1971, Prêmio do PENClube do Brasil); Inventá-
rio do tempo (1974); Os pássaros da noite (1974); Sonetos
de despedida (1976); Sonetos do natal (1977); Elegia para
Joaquim Cardozo (1979); O jogo inocente (1979); Memó-
ria do tempo (1981); Sonetos de Portugal (1993, 1994,
1995); Amado Fontes: A linha da vida, o perfil da obra
(1995, prosa); Ruben Gueiros, O São João Batista da
“Mística Ibgeana” (1995, prosa); Bandeira-Estrela Per-
manente no céu de Pasárgada (1996, prosa); As dádivas
do crepúsculo (1996); A flor medieval (1996); Sombras da
tarde (1999); Cinza de estrelas (2001).
684
WALDIMIR MAIA LEITE (1925-2010)* **
Poeta e jornalista, nasceu em Garanhuns, PE, em
1925 e faleceu no Recife em 1 de julho de 2010. Foi
redator do Diario de Pernambuco desde 15 de janeiro
de 1949, onde exerceu os cargos de subsecretário e
chefe de reportagem. Foi também colunista semanal,
na página “Opinião”. Iniciou atividades jornalísticas
em 1943, no Diário de Garanhuns. No jornal O Ginásio,
do Colégio Diocesano de Garanhuns, publicou, em
1942, tradução que fez de poemas de Victor Hugo.
No Recife, foi repórter do Diário da Manhã e Jornal Pe-
queno. A partir do ano de 1946, torna-se membro da
Academia Pernambucana de Letras, Cadeira nº 38, e
de outras instituições culturais congêneres do Brasil.
Em 1979, recebeu o Prêmio Recife Humanidades, de
contos. Publicou os livros Ofício da busca (e outros ofí-
cios), poesia, capa de Francisco Brennand; Terra mo-
lhada, crônicas líricas; e Quatro poemas de outono, poe-
sia, inspirados em visitas Europeias. Sua poesia, além
de musicada, foi vertida para o inglês, francês alemão
e coreano. Na Alemanha, versão produzida por Curt
Meyer, o maior tradutor e introdutor de obras brasi-
leiras, naquele país. Participou, como convidado, de
encontros culturais internacionais. Gravou o LP Wal-
dimir Maia Leite: a voz da poesia (crônicas e poemas li-
dos pelo autor, com fundo musical de baladas de Cho-
pin e sonatas de Beethoven) lançado pela Fundação
Joaquim Nabuco, dentro do Projeto Memória Fono-
gráfica. Poemas em monumentos públicos do Recife e
Garanhuns. O da “Gaivota Karina”, na orla marítima
de Candeias (Jaboatão dos Guararapes) esculpido em
12 metros de altura, hoje atração turística. Comendas
de reconhecimento cultural de Portugal e Fundação
Joaquim Nabuco. Títulos de Cidadão do Recife, Ja-
boatão dos Guararapes e Saloá. Outros livros publi-
cados: O viajante das palavras (crônicas líricas); Meio
século na pracinha do Diario (crônicas e relatos de seus
68
5
50 anos no Diario de Pernambuco). Estas informações
constam nos originais enviados pelo escritor direta-
mente para a primeira edição (2005) deste painel.
686
de Pernambuco, recebendo o Prêmio Mauro Mota,
publicado pela Fundarpe/Cepe. Em 1991, O ópio e o
sal recebeu o Prêmio Jorge de Lima no Concurso Li-
terário da União Brasileira de Escritores/Rio de Ja-
neiro. Em 1994, publicou, através de Massao Ohno
Editor, em São Paulo, Os círculos imprecisos. Em maio
de 1997, publicou, a convite da Editora Bagaço, o li-
vro de poemas A música da luz, lançado na 13ª Feira
Internacional do Livro de Pernambuco. Participou,
em junho de 1997, como poeta convidado, ao lado
de Ferreira Gullar, do VII Festival Internacional de
Poesia em Medellin, na Colômbia, com 60 poetas de
38 países. Ainda em 1997, escreveu a biografia do ar-
tista plástico Francisco Brennand, publicada através
do Ministério da Cultura do Brasil, no livro Brennand.
Tem inúmeros poemas e ensaios sobre literatura e ar-
tes plásticas publicados em jornais, revistas, livros e
catálogos de exposições no Brasil. É colaborador da
revista Poesia Sempre, da Biblioteca Nacional, e da re-
vista Continente Multicultural. Em 1999, lançou pela
editora Topbooks, do Rio de Janeiro, o livro de poe-
mas Os ritmos do fogo, apresentações de Ivan Junquei-
ra e Ferreira Gullar. Em 2003, produziu, escreveu e
publicou o livro Brennand, desenhos, analisando a obra
em desenho do artista pernambucano. Em 2005, es-
creveu a biografia do escultor Abelardo da Hora.
Obras do autor: O aedo (1989); O ópio e o sal (1990);
Os císculos imprecisos (1994); A música da luz (1997); Os
ritmos do fogo (1999).
68
7
ra de Escritores (UBE-PE). É sócio correspondente
da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, sócio
honorário da Sociedade Brasileira de Médicos Escri-
tores-PE, Presidente Emérito da Academia de Letras
e Artes do Nordeste Brasileiro e da União Brasileira
de Escritores (UBE-PE). Participou da antologia bi-
língue, Poésie du Brésil, publicada em 1997.
Obras do autor: Poemas na noite (1986); Poemas verti-
cais (1995); 10 Contos - um real (1996); Histórias que me
contaram (2000); Poemas outonais (2002).
688
seguintes informações: “Em 1938, ensaiava suas pri-
meiras composições e escrevia crônicas sobre folclore
para a Revista Formação, do Colégio Americano Ba-
tista, do Recife. Cerca de nove anos depois conheceu
Luiz Gonzaga, de quem se tornou parceiro. Em 1949,
formou-se em Medicina no Recife e no ano seguinte
foi para o Rio de Janeiro especializar-se em obstetrí-
cia. Já formado em Medicina, reunia-se com poetas
populares nos bares dos bairros da Boa Viagem e no
Morro da Conceição, levando um gravador para re-
gistrar a produção musical e literária daqueles artistas
desconhecidos. Sua carreira de compositor teve im-
pulso a partir de 1947, quando conheceu no Grande
Hotel, no Recife, o cantor e compositor Luiz Gonzaga,
que se encontrava em temporada”. De Baião dos dois:
Zedantas e Luiz Gonzaga (2007) anota-se: “Sua primei-
ra gravação „Vem Morena‟ saiu em janeiro de 1950, e
Zé Dantas pôde assim sentir a emoção de uma música
sua em disco. Na época fazia o programa No Mundo
do Baião juntamente com Luiz Gonzaga e Humberto
Teixeira, onde contavam estórias e cantavam músicas
sertanejas.” Essas duas fontes são unânimes quanto
pontuam os grandes sucessos do compositor e poeta.
Pernambuco, terra da poesia procura, através desta refe-
rência, homenagear todos os poetas que rumaram da
letra para a canção popular.
68
9
690
Fortuna Crítica
691
692
Prefácio à primeira edição
Cartografia poética de Pernambuco
Hildeberto Barbosa Filho
693
diversos objetivos em função da perspectiva do projeto.
Seja didática, seja histórica, seja meramente documental,
a coletânea é inclusiva e firma no registro de dados e na
presença deste ou daquele autor o seu compromisso infor-
mativo, a sua razão ontológica. Seu campo de cobertura
descortina-se, assim, bem mais elástico, bem mais flexível,
podendo, por isto mesmo, tocar em variados ângulos do
fenômeno cultural e literário.
Pernambuco, terra da poesia enquadra-se perfeitamente
dentro desta classificação. A epígrafe, com os versos cabra-
linos, como que antecipa a tessitura solidária do todo, se
erguendo toldo e tenda onde caibam todos se entretenden-
do na configuração do canto sinfônico e plural da poesia
e da terra. Por outro lado, o título, embora aparentemente
não possa sugerir, encaixa-se coesa e coerentemente com
esta ideia. Pernambuco, terra da poesia não deve ser lido no
que pode remeter para a noção de exclusivismo poético
ou de ufanismo literário, mas, principalmente, pela clave
da força poética que contamina, em todos as geografias
(litoral, agreste, sertão, caatinga, mata seca e mata úmi-
da, como diria Marcus Accioly) a alma da terra e do povo.
O próprio Manuel Bandeira, um dos ícones que integra
esta reunião, afirma que “a poesia está em tudo”. Se está
em tudo, está em todos, e está em todos como experiên-
cia seminal da vida. Está nos maiores, nos medianos, nos
menores, com toda sua surpreendente maleabilidade de
caminhos e de dicções. É preciso, portanto, ler o “terra da
poesia” na sua acepção descritiva, inclusiva, e não naquele
sentido cartográfico e seletivo ou como tola exclusividade
soberba. Não existe, quero crer, sentido axiológico no títu-
lo com suas múltiplas implicações catafóricas.
Atento a este apelo epistemológico, o espectro poético
procura ser o mais vasto e o mais diferenciado possível,
pois vai do século XVI, com a figura histórica e pioneira
de Bento Teixeira, aliás presente em grafia original num
694
breve recorte de seu épico, passando pelas vozes barrocas,
árcades, românticas, parnasianas, simbolistas, modernis-
tas até as vanguardas mais emergentes e os investimentos
pós-modernos. O vigor da forma fixa se confronta com
as linhagens alternativas de uma poesia experimental ao
mesmo tempo em que a tradição oral e popular cerra
fileira ao lado da modernidade e erudição de uma alta
percussão lírica. O critério diacrônico, que se distende do
mais antigo ao mais atual, costura, noutro sentido, a plu-
ralidade de expressão verbal e espelha – diria quase dida-
ticamente – todas as vertentes poéticas que se cristaliza-
ram em Pernambuco. Se o leitor pode deparar os nomes
mais conhecidos, pois que sua práxis poética transcende
os limites provincianos (Manuel Bandeira, Joaquim Car-
dozo, Mauro Mota, Carlos Pena Filho), encontra também
figuras esquecidas e quase desconhecidas (Rita Joana
de Souza e Targélia Barreto de Meneses, filha de Tobias
Barreto) assim como autores ainda em pleno processo de
criação (Mário Hélio, Micheliny Verunschk, Delmo Mon-
tenegro e Pietro Wagner).
O exemplo notável da chamada “Geração 65” marca
presença decisiva nesta obra, ratificando, em certo senti-
do, a capacidade de reinvenção da melhor tradição poéti-
ca de Pernambuco, com nomes de reputação consolidada,
a começar com César Leal, que, embora não pertença a
essa geração, tem o nome a ela vinculado, uma vez que
foi ele quem a lançou e seu maior incentivador, durante
muitos anos. Somam-se: Alberto da Cunha Melo (obser-
ve-se o antológico poema “Dual”), Jaci Bezerra, Marcus
Accioly, Ângelo Monteiro, Lucila Nogueira, Almir Castro
Barros, José Carlos Targino, Marco Polo Guimarães, Jani-
ce Japiassu, Eugênia Menezes, Myriam Brindeiro, Tereza
Tenório, Sebastião Vila Nova e tantos outros.
Como se vê, o objetivo do “painel” é rigorosamente
documental. A obra, em suas linhas gerais, fornece uma
695
visão das posturas estéticas, tanto no que concerne à suces-
sividade das gerações, com toda sua tipologia, quanto no
que diz respeito às tonalidades do lirismo e suas implica-
ções técnico-literárias, estilísticas e temático-ideológicas.
Utilizássemos o quadro proposto por Pedro Lyra, em
Sincretismo: a poesia da geração 60, assim como seus pa-
radigmas líricos, poderíamos estabelecer algumas curio-
sas correlações de ordem analítica, exegética e apreciati-
va. Excluindo os que já se foram e que, de um modo ou de
outro, acham-se relativamente contextualizados no âmbito
da história literária, por exemplo, um Olegário Mariano,
um Medeiros e Albuquerque, um Ascenso Ferreira, um
Mauro Mota, um Deolindo Tavares, um Austro Costa, um
Solano Trindade, um Audálio Alves, entre outros, diria
que determinados poetas, sobretudo os que nascem nos
anos 70/80, como Pietro Wagner, Delmo Montenegro e
Antonio Marinho, transitam entre o emergente e o novo,
tendo na rebeldia estética o foco central de motivação.
Percebe-se, noutra latitude estética, a maturidade domi-
nante em fase de plena confirmação naqueles que fazem
a já referida “Geração 65”, assim como posso pensar num
clássico como César Leal e num canônico como Waldemar
Lopes, este, um artífice inigualável do soneto.
A linha discursiva predomina, sobremaneira com a he-
rança lírica, sedimentada na temática amorosa, erótica,
telúrica, existencial, cotidiana e metafísica, numa mostra
polifônica que noticia, na unidade do sentimento poéti-
co, a diversidade de realizações. A velada sensualidade de
uns sabe coexistir com a sensualidade palpável de outros
assim como a nota filosófica e mítica de certas expressões
não chegam a abafar a sintaxe lúdica e despachada que al-
guns poetas trilham sem preconceitos. Pensássemos numa
caracterização de estilos, teríamos o que Erich Auerbach
denomina de estilo mesclado, pois aparece de tudo um
696
pouco: o grave, o leve, o formal, o popular, o erudito, o
coloquial, o fragmentário, o alternativo etc. Outra nota
forte reside na pesquisa metalinguística muito peculiar ao
gosto de certas vozes modernas que, para além de contor-
nar as virtualidades estésicas do real, transformam o poe-
ma em matéria de pura reflexão poética. O sopro épico e a
vertente social e participante comparecem na linguagem
de alguns autores, da mesma maneira que a excepcionali-
dade de um discurso verbivocovisual, comprometido em
primeira instância com os artefatos do significante, tam-
bém é contemplada nas páginas deste mosaico literário.
O fluxo cronológico faz convergir, portanto, para a
vastidão do seu estuário, as diferenças dos seus afluentes
estéticos. E com isto ganham a cultura e a literatura per-
nambucanas. Ganham principalmente os historiadores e
os críticos literários que, na tarefa de pensarem sistemati-
camente sobre a produção literária de uma região e sobre
obras e autores individuais, podem ter, neste “painel”, um
ponto de partida referencial.
Para o historiador há como que um sinal sistêmico
a preanunciar uma possível ordem cronológica e, nesta
ordem cronológica, a composição material de certas ten-
dências, de certas características, de certas posições. A
personalidade do inventor, do mestre e do diluidor, ainda
para me valer das categorias de Pound, assim como dos
ícones e dos epígonos, maiores e menores, medianos e
modelares são perfeitamente relacionais, inclusivas, com-
plementares dentro da organização histórica. E esta reu-
nião, como já dei a atender, é muito mais de fundo histó-
rico do que propriamente de natureza crítica. É obra de
referência, enciclopédica, propedêutica.
Ao crítico literário será de extrema utilidade, pois nela
se apresentam, com pequenas mostras – é verdade – as
poéticas individuais, com seu registro estilístico particu-
697
lar, uma que outra eleição temática e, de certa maneira,
algo da índole e da visão que permeiam a sensibilidade e
a percepção poéticas. Dois poemas podem parecer muito
pouco, mas não se deve esquecer que a marca do poeta,
isto é, suas raízes ideativas, imagéticas e melódicas, não
raro se inscreve nos limites de um só verso. Isto sem que
se faça alusão aos tópicos mínimos, porém essenciais, dos
verbetes relacionados, que funcionam como uma espécie
de banco de dados indispensáveis ao pesquisador.
Mas não somente aos estudiosos da fenomenologia
literária um trabalho deste porte pode interessar. Penso
ainda nas instituições, bibliotecas, arquivos, acervos, en-
fim, em todo espaço de guarida pública do patrimônio
cultural e da memória poética. Penso também no profes-
sor, no estudante, no leitor comum e no público em ge-
ral que frequenta as páginas estéticas sem o compromisso
mais urgente com as instâncias cognitivas e pedagógicas,
porém com aquele sentimento de que a poesia é sobre-
tudo experiência de mundo, emoção da vida, descoberta
e revelação existenciais, epifania cotidiana. Ora, um pa-
norama como este também pode servir como iniciação.
Como rito de iniciação à poesia da terra e também inicia-
ção ritual à terra da poesia.
698
A Terra da Poesia
Gilberto Mendonça Teles
699
forma de textos selecionados dominou a nossa pré-histó-
ria literária. Era a moda crítica de termos como parnaso,
florilégio, crestomatia, tesouro, relíquia, panorama, seleta, painel
e antologia. A crítica da época está cheia desses termos que
dão bem a ideia da importância do tipo de livro necessá-
rio no momento em que o Brasil, recém-independente,
não dispunha ainda das obras de seus primeiros escrito-
res, mas precisava urgentemente falar deles, divulgá-los.
A antologia foi o recurso metonímico apropriado para
a representação: para uma amostragem, uma seleção de
textos que, na opinião do crítico e do incipiente histo-
riador, havia de melhor em cada escritor que passava a
compor o quadro da cultura nacional. E tinha, além do
propósito da divulgação, uma finalidade particularmente
didática: por intermédio dela ensinava-se a ler e a escre-
ver e, algumas vezes, difundiam-se noções de cultura e de
composição literária. Foi por aí que se fez grande parte
do nosso ensino e se formaram as primeiras gerações de
nossos escritores. A antologia chega aos nossos dias para
oferecer o que há de melhor ou de mais significativo nas
obras de uma literatura – nacional ou regional, de época
ou de geração e, até, de um único escritor, como se tem
verificado atualmente nas principais editoras do país.
Entre os vários aspectos relevantes de um painel literá-
rio como este, competentemente estruturado por Antônio
Campos e Cláudia Cordeiro, é preciso dar realce a dois:
um interno, de linguagem; e outro externo, de repercus-
são e exemplo. É preciso chamar a atenção, em primei-
ro lugar, para o critério que norteou o caráter censitário
da coletânea, para a filosofia (explicita ou não), para o
perfil lógico, da cronologia ou da agrupação temática.
Percebe-se, para além disso, a interferência de critérios
sutis, psicológicos e analógicos, de gosto, de estilo e de
conhecimento estético-literário. Enfim, tudo isso que faz
700
desses textos organizados desta ou daquela forma a mais
preciosa representação da produção cultural de uma re-
gião do Brasil.
E, em segundo lugar (na direção do que fizemos em
1964 com o volume A poesia em Goiás), é fora de dúvida o
belo exemplo de emulação que este livro dará à investi-
gação literária regional, estimulando-a na direção de um
futuro painel da literatura brasileira, onde serão vistos,
num mesmo nível de observação, todas as formas e va-
lores genuinamente regionais, evitando-se, deste modo,
a visão estrábica dos historiadores e críticos literários do
Rio de Janeiro e São Paulo. Neste sentido, Pernambuco
fala para o Brasil e a “Terra da Poesia” se desdobrará pe-
los quatro pontos cardeais do mapa brasileiros.
701
702
NOTAS DA ORGANIZADORA
CLÁUDIA CORDEIRO
(1ª edição)
703
Contamos ainda com o Setor de Obras Raras, da Bi-
blioteca Pública do Estado de Pernambuco, onde tivemos
o privilégio de fazer nossas pesquisas em busca de poetas e
poetisas escondidos pela poeira do tempo. Contamos com
a juventude e entusiasmo, competência e disposição para
a empreitada de duas jovens, Leila Teixeira e Ninon Tásia
da Silva Alves, cuja convivência nos ensina a acreditar, cada
dia mais, no futuro das nossas Letras. Com amigos muito
especiais, como Rui Ribeiro, Divaldo Pereira Franco e Er-
melinda Ferreira, que não nos faltaram com o melhor dos
incentivos, e José Nêumanne, que abriu caminhos para a
editoração desta obra. Contamos com o empenho seguro
da mestra em Filologia e doutoranda da Universidade de
São Paulo (USP), Isabel de Andrade Moliterno, na revisão
e atualização ortográfica de muitas destas páginas. Com
Alberto da Cunha Melo e suas informações decisivas em
muitos momentos desta nossa empreitada. Com o profis-
sional das Artes Gráficas, Luiz Arrais, editor de Arte de
uma das melhores revistas pernambucanas de cultura do
país, a Continente Multicultural. Contamos também com a
gentileza dos poetas e poetisas participantes, ou seus es-
pólios, que cederam os direitos autorais de seus poemas
para este trabalho. E, finalmente, com a determinação do
Instituto Maximiano Campos, na pessoa de Antônio Cam-
pos, seu Presidente, que resolutamente vem acendendo,
nas páginas da Literatura Brasileira, as luzes da grande
obra do ficcionista e poeta Maximiano Campos e de mui-
tos outros, firmando, agora, através deste trabalho, todos
os propósitos de divulgação e promoção da cultura per-
nambucana, especialmente a literária. Nesta obra, portan-
to, pomos em prática a lição cabralina: “Um galo sozinho
não tece uma manhã”. A todos, muito obrigados.
Para facilitar a consulta aos textos, nomes e dados,
deste livro, é importante observar:
704
1. Além do sumário, em ordem cronológica, encontram-se,
após a transcrição dos textos, o índice onomástico e o de
títulos ou primeiros versos. Estes últimos referem-se apenas
àqueles poemas que não traziam título, e não os primeiros
versos de todos os poemas aqui transcritos.
2. 75 Poetas ou seus respectivos espólios enviaram a seleção de
seus próprios poemas e dados biobibliográficos, diretamen-
te para o IMC. Essa documentação, em CD ou disquete e
impressa, se encontra à disposição dos pesquisadores, nos
arquivos do IMC. Esse fato levou-nos a, em muitos momen-
tos, prescindir das indicações das obras, abaixo de cada poe-
ma, muitos deles inéditos, passando aquela documentação,
cedida pelo(a) próprio(a) autor(a), a ser referência bastante
para este trabalho. Quando os poetas fizeram as indicações
bibliográficas, elas foram transcritas no todo ou em parte.
3. Para facilitar pesquisas futuras, convencionamos colocar um
asterisco após nome e data de cada autor, indicando o envio
daquela documentação para o IMC. Os dois asteriscos se-
guintes referem-se à naturalidade pernambucana.
4. Nas notas biobibliográficas, optamos por listar todas as obras
(livros) e não apenas as de poesia, com título e data. Após a
data (entre parênteses) de cada obra, fizemos o registro de
gênero, apenas quando a obra não era de poesia. No entan-
to, quando as obras, em sua extensa maioria, não eram de
poesia, optamos por registrá-las, antecipadamente, no cor-
po do verbete, a fim de destacá-las, como no caso do escri-
tor Gilberto Freyre. Quanto à participação em antologias ou
em livros editados em conjunto, só foram feitos registros, no
corpo do verbete, e, apenas, quando a relevância e a clareza
da informação assim permitiram.
5. Do meio eletrônico foram referências importantes para este
trabalho os seguintes sítios virtuais:
Academia Brasileira de Letras <http://www.academia.org.br/
Biblioteca Nacional<http://www.bn.br/fbn/bibsemfronteiras/
Fundação Casa de Rui Barbosa <http://www.casaruibarbosa.gov.br/
Fundação Joaquim Nabuco. Coordenadoria de Documentos Textuais
<http://ww.fundaj.gov.br/docs/indoc/dotex/doctex.html
Instituto Maximiano Campos <http://www.institutomaxcampos.org.br/
Itaú Cultural. Panorama Poesia e Crônica
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia/poesia/home/
705
Quando redigíamos estas notas, pelo correio eletrônico,
notícias contínuas do universo poético pernambucano e na-
cional faziam-nos crer, mais ainda, que muito há que se fa-
zer, que muitos outros painéis, panoramas, antologias e ou-
tras pesquisas históricas precisam ser editados, não apenas
para a preservação do presente, mas também para o resgate
e perpetuação do passado literário brasileiro, conforme a
lição de Antonio Joaquim de Mello, na nossa epígrafe.
O Instituto Maximiano Campos, Antônio Campos e sua
equipe, contratada especialmente para este trabalho, fize-
ram a sua parte, reunindo nesta “visão panorâmica” 161
poetas, 128 nascidos neste Estado e 33 que fizeram dele seu
domicílio literário, neste ano de 2005, em que a Literatura
Brasileira comemora os 40 anos da Geração 65, e os 50
anos do primeiro título de poesia, Alvorada (1955), do gran-
de poeta e mestre Gilberto Mendonça Teles; tudo a exatos
404 anos da primeira expressão de nosso nativismo literá-
rio, Prosopopeia (1601), poema épico de Bento Teixeira.
706
BIBLIOGRAFIA
OBRAS RARAS
LEMOS, Mariano. História Geral da Literatura Pernambuca-
na. Poetas da Academia Pernambucana de Letras. Séculos XVI a
XX. Recife: Academia Pernambucana de Letras, 1955.
LIMA, Joaquim Inácio de Lima. Biografias de Joaquim Inácio
de Lima. Recife: Typ. de Manoel Figueirôa de Faria & Filho,
1895.
MELLO, Antonio Joaquim. Biografias de Alguns Poetas e Ho-
mens Illustres da Província de Pernambuco. Recife: Typogra-
phia Universal, 1856.
MELLO, Henrique Capitolino Pereira. Pernambucanas Illus-
tres. Recife: Typographia Mercantil, 1879. 182 p.
MORAES FILHO, MELLO. Parnaso Brazileiro. Século XVI-
XIX. 1840-1880. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1885.
NEVES SOBRINHO, Faria. Poesias. Rio de Janeiro: Pongetti,
1949.
707
BEZERRA, Jaci (org.). Geração 65: olLivro dos trinta anos. Re-
cife: Massangana, 1997.
BEZERRA, Jaci; TENÓRIO, Tereza (org.). Treze poetas da Ge-
ração 65. 30 Anos. Recife: FUNDARPE, 1995.
BEZERRA, Jaci; PONTUAL, Sylvia (org.) Álbum do Recife. Re-
cife: Prefeitura da Cidade do Recife, [1987?]. 450 anos da cidade
do Recife.
BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São
Paulo: Cultrix, 2006.
BRUSCKY, Paulo (org.). Voz poética: Ascenso Ferreira, Gilberto
Freyre, João Cabral de Melo Neto, Joaquim Cardoso, Manuel
Bandeira, Mauro Mota, Olegário Mariano (por eles mesmos).
Recife: CEPE/UFPE, 1997. Encarte do CD de mesmo nome.
CAMPOS, Antonio de (org.). Natal pernambucano. Recife: Ba-
gaço, 1992.
CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: (mo-
mentos decisivos). 6. ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981, v. 1,
(1750-1836).
CORDEIRO, Cláudia. Faces da resistência na poesia de Alber-
to da Cunha Melo: Geração 65 da literatura pernambucana: en-
saio. Recife: Bagaço, 2003.
CORREYA, Juhareiz. Poesia viva do Recife: 100 poetas vivem,
amam e eternizam a cidade. Recife: CEPE, 1996. Homenagem
aos 459 anos da cidade do Recife.
COUTINHO, Afrânio. SOUSA, J. Galante. Enciclopédia de li-
teratura brasileira. São Paulo: Global, 200., 2 v.
COUTINHO, Edilberto (org.). Presença poética do Recife: an-
tologia crítica. 2. ed. Recife: CEPE, 1977.
ELÓI (org.). Geração & Gerações. Recife: Elói, 1968.
. Geração & Gerações. Recife: Elói, 1969.
FÊLIX, Moacyr (org.). 41 poetas do Rio. Rio de Janeiro: FU-
NARTE, 1998.
GALLINDO, Cyl (org.). Agenda poética do Recife: antologia
dos novíssimos. Rio de Janeiro: Coordenada, 1968.
708
GONÇALVES, Luzilá (org.). Em busca de Thargélia: poesia es-
crita por mulheres em Pernambuco no segundo oitocentismo
(1870-1920). Recife: FUNDARPE, 1996.
. Naufrágio & Prosopopea: Afonso Luiz Piloto e Bento
Teyxeyra. Recife: UFPE, 2001.
GONÇALVES, Magaly Trindade; AQUINO, Zélia Thomaz de;
SILVA, Zina Bellodi. Antologia de antologias: 101 poetas brasi-
leiros “revisitados”. São Paulo: Musa, 1997.
HOLANDA, Sergio Buarque. Poetas brasileiros da fase colo-
nial. São Paulo: Perspectiva, 1979.
LEAL, César (org.). Poesia pernambucana moderna: breve an-
tologia. Recife: UFPE, 1999. Separata da revista Estudos Uni-
versitários.
LEMOS, Mariano. História geral da literatura pernambucana:
antologia: poetas da Academia: (Séculos XVI-XX). Recife: Aca-
demia Pernambucana de Letras, 1955.
MATOS, Cremilda Aquino de; RAFAEL, Ésio; SILVA, Izabel Ma-
ria Martins da. Antologia didática de poetas pernambucanos:
do pós-guerra à década de 80. Recife: Liber, 1988.
MELO, Alberto da Cunha. Um certo Louro do Pajeú. Natal:
EDUFRN, 2001.
. Um certo Jó. Recife: Uzina Cultural, 2002
MELO, Alberto da Cunha et al. Quíntuplo. Recife: Aquário,
1974.
MOISÉS, Massaud; PAES, José Paulo (org.). Pequeno dicionário
de literatura brasileira: biográfico, crítico e bibliográfico. São
Paulo: Cultrix, 1980.
MONTENEGRO, Delmo; WAGNER, Pietro (org.). Invenção
Recife: coletânea poética 1. Recife: Fundação de Cultura Cida-
de do Recife, 2004.
MORAIS, Lamartine. Dicionário biobibliográfico de poetas
pernambucanos. Recife: FUNDARPE, 1993.
MUZARTE, Zahidé Lupinacci (org.). Escritoras brasileiras do
século XIX. 2ª ed. Florianópolis: Mulheres; Santa Cruz do Sul:
EDUNISC, 2000.
709
. Escritoras brasileiras do século XIX. 2 ed. Florianópo-
lis: Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004.
NORÕES, Everardo; TARGINO, José Carlos; FARIAS, Pedro
Américo (org.). Estação Recife: coletânea poética 1. Recife: Fun-
dação de Cultura Cidade do Recife, 2003.
. Estação Recife: coletânea poética 2. Recife: Fundação de
Cultura Cidade do Recife, 2004.
OLIVEIRA, Dulcinéa de; NEREIDA, Nize; SILVA, Oliveira e;
MATOS, Potiguar. Poesia Sempre. Recife: Assessoria Editorial
do Nordeste, 1985. v. 2.
OLIVEIRA, Eraldo Gomes de (org.). Escritores vivos de Per-
nambuco. Recife: CEPE, 1997. Correspondente ao período de
abril de 1993 a dezembro de 1994.
. Escritores vivos de Pernambuco. Recife: CEPE, 2001.
Correspondente aos anos de 1996 e 1998.
ROCHA, Tadeu. Geografia poética do Recife. Roteiros do Reci-
fe: (Olinda Guararapes). 3ª ed. Recife: Gráfica Ipanema, 1967.
p. 131-140.
ROMERO, Sílvio, 1851-1914. BARRETO, Luiz Antonio (org.).
Compêndio de história da literatura brasileira: (com a colabo-
ração de João Ribeiro). Rio de Janeiro: Imago, 1994.
PINTO, José Nêumanne (org.). Os cem melhores poetas brasi-
leiros do século. São Paulo: Geração, 2001.
PEDROSA, Cida; MIRÓ; JORDÃO, Valmir (org.). Marginal Re-
cife: coletânea poética 1. Recife: Fundação de Cultura Cidade
do Recife, 2002.
. Marginal Recife: coletânea poética 2. Recife: Fundação
de Cultura Cidade do Recife, 2003.
. Marginal Recife: coletânea poética 3. Recife: Fundação
de Cultura Cidade do Recife, 2004.
RAFAEL, Ésio; SILVA, Izabel Maria Martins (org.). Antologia
didática de poetas pernambucanos: do pós-guerra a década de
80. Recife: Governo de Pernambuco, Secretaria de Educação,
Departamento de Cultura, 1988.
ROCHA, Edileusa da (org.). Corpo lunar: antologia poética. Re-
cife: Prefeitura da Cidade do Recife, 2002. 72 p.
710
RODRIGUES, Claufe; MAIA, Alexandra (org.). 100 anos de po-
esia: um panorama da poesia brasileira no século XX. Rio de
Janeiro: O Verso, 2001. 2. v.
SIQUEIRA, Angélica Santos (org.). Retratos: a poesia feminina
contemporânea em Pernambuco. Recife: Bagaço, 2004.
TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda européia e modernis-
mo brasileiro: apresentação dos principais poemas, manifestos,
prefácios e conferências vanguardistas, de 1957 a 1972. 7ª ed.
Petrópolis: Vozes, 1983.
711
BEZERRA, Jaci. Livro das incandescências. Recife: Pirata,
1985.
. Cadernos de poesias. Recife: FUNDARPE, 1995.
BRASIL, Geraldino. Sextinas de sol. Recife: [S.n.], 1995. 90 p.
. Antologia poética.. Recife: Bagaço, 2010.
BRENNAND, Deborah. Pomar de sombras. Recife: Universitá-
ria/UFPE, 1995. 112p.
. Maçãs negras. Recife: Bagaço, 2001. 78 p.
BRUSCKY, Paulo et al. (org.). Vicente do Rego Monteiro: poeta
tipógrafo pintor. Recife: CEPE, 2004.
CAMARA, Dom Helder. O deserto é fértil. Rio de Janeiro: Civi-
lização Brasileira, 1983.
. Um olhar sobre a cidade. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1976.
CAMPOS, Antônio. Portal de Sonhos, poemas. São Paulo: Es-
crituras, 2008.
CAMPOS, Antonio de. Feito no coração. Recife: Bagaço, 1999.
. Palavra de ordem. Recife: Bagaço, 1988.
. Crítica da razão vivida e outros poemas. Recife: Pirata,
1982.
CAMPOS, Maximiano. Lavrador do tempo: poesias. Recife: Ba-
gaço, 2002.
CARDOSO, Paulo. Vigília. Recife: do Autor, 2000. 81 p.
. Cactos e corais. Recife: do Autor, 2000. 69p.
CARDOZO, Joaquim. Um livro aceso e nove canções sombrias.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.
CAVALCANTI, Vanildo Bezerra. Aprendiz bissexto. Recife: Pi-
rata, 1983.
, Memorial da distância. Recife: Fundação de Cultura Ci-
dade do Recife, 2002.
, Território da lembrança. Recife: Bagaço, 1999. Prêmio
Lira e César, 1998, da Academia Pernambucana de Letras.
712
CÉSAR, Ana Maria. O tom azul ou a inconsistente permanên-
cia do amor. Recife: Bagaço, 1997. 108 p.
CÉSAR, Tarcísio Meira. O espelho em que terminas. Brasília:
ARX, 1986.
CHAVES, Flávio. Vocabulário das sombras. Recife: Inojosa,
1990. 120 p.
. Território da lembrança. Recife: Bagaço, 1999.
. Memorial da distância. Recife: Fundação de Cultura Ci-
dade do Recife, 2002. 64 p.
CHICÃO. Construção do dia. São Paulo: Soma, 1980.
CORDEIRO, Waldemar. Salão de sombras. Recife: Fundação de
Cultura Cidade do Recife, 1992.
CORREYA, Juhareiz; PELLIZZI, Hector. América indignada.
São Paulo: Panamérica, 1986.
CRUZ, Paulo Bandeira da. O evangelho consoante João da
Silveira Severino: (e outros poemas menores). Recife: Pirata,
1981.
DIÓGENES, Eduardo. Malabarismo crônico. Recife: Pirata,
1980.
D‟MORAIS, Marcos. Recife Porto. Recife: Universitária/UFPE,
2004.
DOMINGUES, Edmir. Lusbelino. Recife: Bagaço, 1996.
. O Domador de palavras. Rio de Janeiro: Tempo Brasi-
leiro, 1987.
. Universo fechado ou o construtor de catedrais. Recife:
Bagaço, 1996. 508 p.
DUARTE, Luiz Carlos. O inventário das horas. Recife: CEPE,
1981. (col. Recife, v. 22.)
ESPINHARA, Francisco. Bacantes. Recife: edição do autor,
2010.
. Claros Desígnios. Recife: edição do autor, 2006, em par-
ceria com Erickson Luna.
FAUSTINO, Urhacy; MICCOLLIS, Leila (orgs.). Saciedade dos
poetas vivos. Rio de Janeiro: Blocos, 1995, vários autores.
713
FERREIRA, Ascenso. Eu voltarei ao sol da primavera. Recife:
Massangana, 1985. Organizado por Jessiva Sabino.
FERREIRA, Fátima. Colagem dos gestos. Olinda: Independen-
te, 1985.
. Dedetização: dia de festa. Olinda: Art. e Projetos, 1981.
32 p.
. Asas de sangue. Olinda: Americanto, 1982. Tradução de
Héctor Pellizzi.
FERRETTI, Mundicarmo. Zedantas e Luiz Gonzaga. Recife:
CEPE, 2007.
GALLINDO, Cyl. A intimidade da palavra. Recife: Bagaço,
2010.
GEYERHAHN, Suzana Brindeiro. Estações em segredo. Rio de
Janeiro: Livrarias Taurus-Timbres Editores, 1989.
GLAUCO, Guimarães (org.). Arnaldo Tobias: singular & plural.
Recife: Mauritzstadt, 2003.
GÓES, Múcio de Lima. Grãos ao alto. Minas Gerais: A Árvore
dos Poemas, 2009.
GUIMARÃES, Luis Carlos. A lua no espelho. Natal: Clima,
1993.
GUIMARÃES, Marco Polo. A superfície do silêncio. Recife: Ba-
gaço, 2002.
HÉLIO, Mário. Livrório/Opus zero. Recife: Fundação de Cultu-
ra Cidade do Recife, 1986.
HOLANDA, Celina. Viagens gerais. Recife: FUNDARPE –
CEPE, 1994. 370 p.
HORTAS, Maria de Lourdes. Fonte de pássaros. Recife: Pacífi-
ca, 1999.
LEAL, César. Tempo e vida na Terra. Rio de Janeiro: Imago,
1998.
LEÃO, Múcio. Faria Neves Sobrinho: poesias. Rio de Janeiro:
Irmãos Pongetti, 1949.
LIMA, Jairo. Livro das árias e das horas & Pequeno livro das
nuvens. São Paulo: Iluminuras, 2000.
714
LOPES, Waldemar. Cinza de estrelas. Recife: Livro de Amigos,
2001.
LUNA, Erickson. Do moço e do bêbado. Recife: ed. do autor,
2005.
MAIA, Márcia. Espelhos. Recife: Livro Rápido, 2003.
MAGNO, Montez. Câmara escura. Poesias, 1988-2001. Recife:
M&M, 2002.
MELO, Alberto da Cunha et al. Quíntuplo. Recife: Aquário,
1974.
, Dois caminhos e uma oração. São Paulo: A Girafa Edi-
tora, 2003.
, O cão de olhos amarelos e outros poemas inéditos. São
Paulo: A Girafa Editora, 2006.
, Marco Zero: Crônica. Recife: CEPE, 2009.
MELO, Benedito Cunha. Poesia seleta. Recife: Bagaço, 2009.
MELLO, Francisco Bandeira de. Baú de espelhos. Recife: Uni-
versitária/UFPE, 2000. 393 p.
MESQUITA, Celso. Cadernos de poesia. Geração 65. Recife:
FUNDARPE, 1997.
MONTEIRO, Ângelo. Os olhos da vigília. Lisboa: Aríon, 2001.
MONTEIRO, Fernando. Leitão Sem Pena. Recife: Pirata, 1980.
MONTEIRO, Luiz Carlos. Poemas. Recife: UFPE, 2003. p. 41,
61.
MOTA, Mauro. Obra poética. Recife: Ensol, 2001. Organização
e revisão de Everardo Norões e Sônia Lessa Norões.
MOTTA, Maurício. Curral da fala. Poesia. Recife: Ensol, 2003.
68 p.
NOGUEIRA, Lucila. A Dama de Alicante. Rio de Janeiro: Ofi-
cina do Livro, 1990.
. Desespero blue. Recife: Bagaço, 2003.
. Estocolmo. Recife: do Autor, 2004.
. Mar camoniano. Olinda: LivroRápido, 2005.
715
NOVA, Ivanildo Vila. De repente 30 anos de repente. Olinda:
1993.
PAIVA, José Rodrigues. Eros no verão. Recife: Pirata, 1983.
PENA FILHO, Carlos. Livro geral. Poemas. Recife: 1999. Orga-
nização e seleção de textos de Tânia Carneiro Leão.
POLO, Marco. Vôo subterrâneo. Recife: Bagaço, 1986.
RAPOSO, Alvacir. Sonetos. Recife: Bagaço, 1999. 91 p.
. Os tambores. Recife: Bagaço, 2000. 97 p.
REGIS, Edson. As condições ambientes, o deserto e os núme-
ros. Recife: Imprensa Universitária, 1971.
RODRIGUES, Orismar. Ritual de sonhos. Poemas. Recife:
EBGE, 1997.
SALDANHA, Nelson. Livro de sonetos. Recife: Pirata, 1982.
SALDANHA, Nelson. A relva e o calendário. Recife: Fundação
de Cultura Cidade do Recife, 1990. p. 18.
SALLES, Mauro. A poesia é necessária? Recife: UBE, 2004.
SANTOS, Isac. Entre uma tarde e outra. Recife: Comunicarte,
1996.
SEIXAS, Tomás. Sonata à Lílian ou as sombras no espelho. Re-
cife: CEPE, 1984.
SIQUEIRA, Clélia. Poemas crepusculares. Recife: Bagaço,
1998. 119 p.
SUASSUNA, Ariano. Poemas. Recife: Universitária/UFPE, 1999,
269 p. Seleção, organização e notas de Carlos Newton Júnior.
TARGINO, José Carlos. Poemas de José Carlos Targino. Recife:
Eloi Editor, 1968. (Coleção Lírica).
TAVARES, Deolindo. Poesias. Recife: FUNDARPE, 1988. Prefá-
cio de Alberto da Cunha Melo.
TENÓRIO, Terêza; BEZERRA, Jaci. Treze poetas da Geração
65: 30 anos. Recife: FUNDARPE, 1995.
TRINDADE, Solano. Tem gente com fome e outros poemas:
antologia poética. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial da Cidade
do Rio de Janeiro, 1988. Centenário da Abolição.
716
REVISTAS E OUTRAS FONTES
CLAVE: caderno de poesia. Recife: Tipografia Marista, n. 1, ano
I, 1965.
CONTINENTE MULTICULTURAL. Recife: CEPE, nº 57, ano
V, 2005.
CONTINENTE MULTICULTURAL. Agenda 2005. Recife:
CEPE, 2005.
RITMO, AMOR E LUTA NOS CANTARES DE SOLANO
TRINDADE (1908-1974)**. Um elogio à liberdade. Recife:
FUNDARPE, fevereiro de 1988. Folheto em comemoração aos
80 anos da morte de Solano Trindade. Organização e notas de
Inaldete Pinheiro de Andrade.
LETRAS E ARTES. Recife: nº 12, dezembro 2003.
LETRAS E ARTES. Recife: Bagaço, nº 13, 2004.
POESIA: uma revista da gente com o sentimento do mundo.
Recife: Nordestal, nº 9, ano III, abril 1983.
717
718
AGENDA
Alvacir Raposo
Endereço Postal: Rua Cel. João Batista do Rego Barros, 195,
Apipucos, 52071-350 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 34412388
E-mail: asrf@elogica.com.br
Ângelo Monteiro
Endereço Postal: Rua José Bonifácio, 1356, ap. 1004, Torre,
50710-000 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32260274
E-mail: a.monteiro7@uol.com.br
719
Antônio Campos
Endereço Postal: Rua do Chacon, 335, Casa Forte,
52061-400 - Recife/PE
Fone: 81 - 32675787
E-mail: camposad@camposadvogados.com.br
Antonio Marinho
Endereço Postal: Rua Diógenes Sampaio, 80, Várzea
509080-250 - Recie/PE
Fone: 81 - 32696866 - 96622137
E-mail: marinhosje@gmail.com
Ariano Suassuna
Endereço Postal: Rua do Chacon, 328, Casa Forte,
52061-400 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32684057
E-mail: anobregas@uol.com.br
Bartyra Soares
Endereço Postal: Rua Dr. Arlindo Santos Maciel, 137, ap. 101,
Piedade, 54400-015 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 33416779
E-mail: bartyra@fisepe.pe.gov.br
Celina de Holanda
Contato: Ana Regina Cavalcanti Sobreira / Andréa Mota
Endereço Postal: Rua Betânia, 10, ap. 102, Derby,
52010-170 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32233002 / 34636662
E-mail: anares2001@yahoo.com.br / amo@hotlink.com.br
Celso Mesquita
Endereço Postal: Rua dos Palmares, 79, ap. 1502, Santo Amaro,
50100-060 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32234609
César Leal
Endereço Postal: Rua das Pernambucanas, 194, ap. 803, Graças,
52011-010 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 34219817 / 32219187
E-mail: cleal@nlink.com.br
720
Chicão - Francisco José Trindade Barrêtto
Endereço Postal: Rua dos Navegantes, 2409, ap. 2301,
Boa Viagem, 51020-011 - Recife/PE
Fone: 81 - 99487240
Cícero Melo
Endereço Postal: Rua Princesa Isabel, 83, ap. 1101, Boa Vista,
50050-450 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32224572
E-mail: cnacimento@uol.com.br
Cida Pedrosa
Endereço Postal: Rua da Hora, 593, ap. 33, bloco “B”,
Espinheiro, 52020-010 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32214556 / 32328137
E-mail: cidapedrosapoesia@yahoo.com.br
Cloves Marques
Endereço Postal: Rua Conde de Irajá, 520, ap. 402,
Torre, 50710-310 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32276848 / 32279714
E-mail: clovesms@terra.com.br
Cyl Gallindo
Endereço Postal: Av. Boa Viagem, 5858, ap. 602, Boa Viagem,
51030-000 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 34621975
Deborah Brennand
Endereço Postal: Propriedade Santos Cosme e Damião, s/n,
Várzea, 50740-970 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32712466 / (fax) 32714814
E-mail: brennand@brennand.com.br
Delmo Montenegro
Endereço Postal: Rua Napoleão Teixeira de Macedo, 45,
ap. 101, Afogados, 50770-540 - Recife/PE
E-mail: rimbaudgraphis@aol.com
721
Dione Barreto
Endereço Postal: Rua Henrique Dias, 609, Derby, 50010-100 -
Recife/PE
Fone residencial: 81 - 34213266
E-mail: dione@fundaj.gov.br
Domingos Alexandre
Endereço Postal: Pça. Domingos Geovanete, 51, ap. 1301,
Torre, 50710-440 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 34466161
Eduardo Martins
Endereço Postal: Av. Sete de setembro, 2095,
ap. 201, bloco “H”, Nova Porto Velho, 78900-000 -
Porto Velho/RO
Fone residencial: 61 - 2120710
E-mail: eduardom@unir.br / prad@unir.br
Esman Dias
Endereço Postal: Rua Gonçalves Maia, 1000, ap. 202, Boa Vista,
50070-000 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32216831
Fone comercial: 81 - 21268785 (Depto. de Letras, UFPE)
Fone celular: 81 - 88236505
E-mail: esman_dias2003@yahoo.com
Eugênia Menezes
Endereço Postal: Rua Luís Guimarães, 565, Casa Forte,
52061-160 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32680903
Everardo Norões
Endereço Postal: Rua do Afeto, 50, Florestas Verdes, 52171-140
Recife/PE
Fone residencial: 81 - 34425479
E-mail: esnoroes@uol.com.br
722
Fátima Ferreira
Endereço Postal: Rua Frei Afonso Maria, 319, Amaro Branco,
53120-170 - Olinda/PE
Fone celular: 81 - 92629265
Fernando Monteiro
Endereço Postal: Rua Pe. Carapuceiro, 537, ap. 202-A,
Boa Vista, 51020-280 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 33252655
E-mail: fernandomonteiro@superig.com.br
Flávio Chaves
Endereço Postal: Av. Boa Viagem, 4530, ap. 2101, Boa Viagem,
51021-000 - Recife/PE
Fone: 81 - 91521017
E-mail: flaviochavesdp@aol.com
Geraldino Brasil
Contato: Beatriz Brenner
Endereço Postal: Rua Elvira Carreira de Oliveira, 20,
Ilha do Leite, 50070-470 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 3535.0354
E-mail: beatrizen@hotmail.com
Gilberto Freyre
Contato: Gilberto Freyre Neto
Endereço Postal: Rua Dois Irmãos, 414, Apipucos, 52171-010 -
Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32686807
Endereço Virtual: www.fgf.org,br
E-mail: gfn@fgf.org.br
Isac Santos
Endereço Postal: Rua Hildelfonso Marinho de Araújo, 45,
ap. 104, Casa Caiada, 53130-680 - Olinda/PE
Fone residencial: 81 - 34327190 / 99617054
723
Ivanildo Vila Nova
Endereço Postal: Rua Rodrigues Alves, 1400, Bela Vista,
58101-290 - Campina Grande/PB
Fone residencial: 81 - 37221166 (Caruaru) / 99592365
Jaci Bezerra
Endereço Postal: Rua Amapá, 51, ap. 1001,
Espinheiro, 52050-390 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32412638
Janice Japiassu
Endereço Postal: Rua Guaporanga, 30, ap. 401, Ilha do Recife,
50750-570 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32282862
E-mail: paulo_japiassu@hotmail.com
José Almino
E-mail: almino@rb.gov.br
Lourdes Nicácio
Endereço Postal: Rua Conde D,eu, 64, ap. 501,
Boa Vista, 50050-470 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32224469 / 30823570
E-mail: lourdesnicacio@ig.com.br
Lourdes Sarmento
Endereço Postal: Rua dos Navegantes, 2563, ap. 602,
Boa Viagem, 51020-011 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 33261629 / 33261265
E-mail: lourdessarmento@terra.com.br
Lourival Batista
Contato: Bia Marinho
Endereço Postal: Rua Diógenes Sampaio, 80, Várzea
509080-250 - Recie/PE
Fone: 81 - 32696866
724
Lucila Nogueira
Endereço Postal: Rua Professor Júlio Ferreira de Melo, 474,
ap. 601, Boa Viagem, 51020-230 - Recife/PE
E-mail: lucnog1@gmail.com
Lúcio Ferreira
Endereço Postal: Rua Ambrósio Machado, 111,
Iputinga, 50670-010 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32713656
E-mail: núbia.ferreira@caixa.gov.br / nbferreira@nlink.com.br
Malungo
Endereço Postal: Rua 86, quadra 64, bloco 07, ap. 206,
Maranguape I, 53441-320 - Paulista/PE
Fone celular: 81 - 91090204
E-mail: poetamalungo@bol.com.br
poetamalungo@yahoo.com.br
Márcia Maia
Endereço Postal: Rua Desembargador Martins Pereira, 24,
ap. 202, Aflitos, 52050-220 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 34272015
E-mail: marciamaia@uol.com.br
Blogs: http://www.tabuademares.blogger.com.br /
http://www.mudancadeventos.blogger.com.br
725
Marco Polo Guimarães
Endereço Postal: Rua Professora Eneida Rabelo, 215, ap. 304
Candeias - 54440-310 - Jaboatão dos Guararapes/PE
Fone residencial: 81 - 4106.0348
E-mail: marcopolo@continentemulticultural.com.br
Marcos Cordeiro
Endereço Postal: Rua Prudente de Morais, 231, Carmo,
53020-140 - Olinda/PE
Fone residencial: 81 - 34290995 -92152003
E-mail: moxoto@hotmail.com
Marcos D‟Morais
E-mail: marcosrecifeporto@hotmail.com
Marcus Accioly
Endereço Postal: Rua Elesbão de Castro, 157, cobertura,
Bairro Novo, 53030-210 - Olinda/PE
Fone residencial: 81 - 34237658
Marilena de Castro
Endereço Postal: Rua Engenheiro Sampaio, 255, ap. 301,
Rosarinho, 52040-020 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32432561
E-mail: rcarrero@bol.com.br
Mário Hélio
Endereço Postal: Rua Santos Elias, 109, ap. 1102, Espinheiro,
52020-090 - Recife/ PE
Fone comercial: 81 - 34415900
E-mail: mariohelio@gmail.com
726
Maurício Motta
Endereço Postal: Av. Dezessete de Agosto, 1869, Casa Forte,
52061-900 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32680211
Mauro Mota
Contato: Marly Mota
Endereço Postal: Av. Dezessete de Agosto, 1869, ap. 1002-A,
Casa Forte, 52061-900 - Recife/PE
E-mail: emota03@bol.com.br
Maximiano Campos
Contato: Antônio Campos
Endereço Postal: Rua do Chacon, 335, Casa Forte, 52061-400 -
Recife/PE (Instituto Maximiano Campos - IMC)
Fone: 81 - 32675787
E-mail: camposad@camposadvogados.com.br
Micheliny Verunschk
E-mail: verunschk@hotmail.com
Montez Magno
Endereço Postal: Av. Dezessete de Agosto, 1991, Casa Forte,
52061-540 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32685967
Myriam Brindeiro
Endereço Postal: Rua Capitão Sampaio Xavier, 253, ap. 1401,
Rosarinho, 52050-210 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 34264565
E-mail: myriambrindeiro@gmail.com
Nelson Saldanha
Endereço Postal: Rua Pe. Anchieta, 473, ap. 602, Madalena,
50710-310 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32285307
E-mail: nelsonsaldanha@bol.com.br
727
Odile Vital César Cantinho
Endereço Postal: Rua do Espinheiro, 201, ap. 402, Espinheiro,
52020-020 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 34262958
E-mail: ismael.gouveia@fastmodem.com.br
icgouveia@ig.com.br
Paulo Bruscky
Endereço Postal: Rua do Sossego, 246, ap. 22,
Boa Vista, 50050-080 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32314960
E-mail: pbruscky@bol.com.br
Paulo Caldas
Endereço Postal: Rua Guedes Pereira, 77, ap. 901, Parnamirim,
52060-150 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32673320 / 32664167
Pietro Wagner
Endereço Postal: Rua Gomes Pacheco, 465, ap. 1003,
Espinheiro, 52021-060 - Recife/PE
Fone comercial: 81 - 34299723
Fone celular: 81 - 99353931
E-mail: pwlima@yahoo.com.br
S.R. Tuppan
E-mail: srtuppan@yahoo.com.br
Sergio Albuquerque
Endereço Postal: Rua Professor Júlio Ferreira de Melo, 474,
ap. 601, Boa Viagem, 51020-230 - Recife/PE
E-mail: luc.nog@terra.com.br
728
Sérgio Bernardo
Endereço Postal: Rua Papa Capim, 96, 3º Etapa, Rio Doce,
53070-140 - Olinda/PE
Severino Filgueira
Endereço Postal: Rua Ágata, 135, Pau Amarelo,
53429-620 - Paulista/PE
Fone residencial: 81 - 34365872
Silvana Menezes
Endereço Postal: Rua 4 de Outubro, 481, Ouro Preto - Jatobá,
53370-001 - Olinda/PE
Fone residencial: 81 - 34294729
E-mail: silvanamenezes@cclf.org.br
Tarcisio Regueira
Endereço Postal: Av. Mario Melo, 165, ap. 306, Santo Amaro,
50040-010 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32322949
E-mail: tarcisio@hotlink.com.br
Tereza Tenório
Endereço Postal: Rua Rui Calaça, 85, ap. 1001, Espinheiro,
52000-020 - Recife/PE
E-mail: novethal@aol.com
Vernaide Wanderley
Endereço Postal: Rua Esmeraldino Bandeira, 375, ap. 701,
Graças, 52011-090 - Recife/PE
Fone residencial: 81 - 32416920
E-mail: vernaide@uol.com.br
729
Waldemar Cordeiro
Contato: Marcos Cordeiro
Endereço Postal: Rua Prudente de Morais, 231, Carmo,
53020-140 - Olinda/PE
Fone residencial: 81 – 34290995 -92152003
E-mail: moxoto@hotmail.com
730
Índice de Títulos e Primeiros Versos
731
A Terra - O Sertão, 337
A Terra da Poesia, 699
A uma estrela, 117
A uma Maria qualquer, 201
A uma menina, 84
A velha metáfora, 401
A Verdade é como uma flor, 288
A verdade e sua sombra, 288
A vida é assim, querida: de hora em hora, 115
A virtude, 95
A volta da Asa Branca, 215
Abri urgente, 404
Acauã, 214
Acauã, acauã, 214
Acontece, 191
Açucena, 194
Adeus cabelo, 319
Adeus! Já nada tenho que dizer-te, 78
Afagos de Pablo, 416
Ágil mármor das águas turbulento sêmen conturba, 381
Agora todos mortos vão dormindo, 449
Agora/ devo só esperar que as coisas aconteçam, 224
Ah, o La Caruña, 332
ainda há, 169
Alberto da Cunha Melo, 494
Álbum de família, 463
Aluvião, 272
AMA (DOR) AS, 274
Amor de águas de seda, 290
Amor ultramilênio, 256
Amor, 432
Amo-te, 111
Anacreôntica, 67
Anda o silêncio perturbando tudo, 116
Andeja, airosa, arisca, ei-la, a seriema, 125
Animula, 258
Anotações a oeste de Aldebarã, 364
Antes das cidades existiam poetas, 502
Antes destes teus símbolos submersos, 502
732
Anuário 2 Logofania, 524
aos 6 anos, 457
Aos filhos da pátria, 71
Aos que me querem como eles; Elogio da mulher pobre;, 186
Apelo ao Quixote, 316
Apelo, 342
Apipucos, casa 77, 333
Aquário, 293
Aquele rio, 207
Aqui morava um Rei quando eu menino, 241
Argumento de defesa, 110
Arrependimento, 129
Arte de amar, 118
Artistas, 98
as águas de tua hora, 371
As águas estão quietas, 350
As almas das cigarras, 130
As andorinhas, 505
As cigarras morreram... Todavia, 130
As luas, 140
As mãos, 410
As mãos do Mestre Vitalino, 410
Às vezes pegava minha flauta, 395
assim que foram feitas as horas, 521
Assombração, 457
Astro brihante, majestosa lua, 97
Até o fim, 170
Atracar, 503
Atravessarei o tempo, vencerei a distância, 196
Ausência, 196
Ausência, 218
Ausente, 115
Aves, 521
Axioma, 185
Barcos no Capibaribe, 344
Basta, Senhor! O bárbaro castigo, 105
Bate a porta da limusine, 267
Bendita sejas, 59
Berço profundo, 428
733
Bernburg, amarga lembrança, 332
Black Sabbath, 479
Blue, 413
Bolsa de valores, 480
Bruxelas, 347
Café concerto, 265
Cai o silêncio escuro. Em pólos da alma, 179
Caíram sobre o mar, 374
Caleidoscópio, 500
Caminhos misteriosos, 512
Canção invertida para Mariana, 496
Canção da floresta, 404
Canção para os que nunca irão nascer, 137
Canção para Victor Jara, 444
Canção, 376
Cantando, 79
Cantar o amor que passa além da vida, 256
Cântico, 484
Canto de cristais, 355
Canto de Proteu, 47
Canto dos emigrantes, 321
Cantos da definitiva primavera, 395
Capibaribe, meu rio, 143
Capibaribe, meu rio/espelho do meu olhar, 143
Carnaval frevo, 147
Carrego nos ombros meus instrumentos, 233
Cartografia poética de Pernambuco, 693
Cego de amor, 102
Cena campestre, 85
Ceticismo, 96
Cheio de vidas, 409
Chore Bahia mísera!, 361
Chore Bahia mísera/pelo sangue de José Inácio!, 361
Chuva de caju, 136
Cidade ou cidadela?, 220
Cigano do ar, 297
Cinzas, 366
Círculo amoroso, 378
Clave oculta, 363
734
Colhidos da sombra: A bailarina; Acontece, 190
Com Eric Clapton, um branco, 413
Com pouco faço meu sonho, 481
Com seus pássaros, 321
Comícios íntimos, 262
como desenhar a lágrima, 486
Como te chamas, pequena chuva inconstante e breve, 136
Como uma lâmina percorro teu pescoço fino, 512
Composições I e II, 216
Conceição, 126
Confidências, 97
Construção, 251
Corações insensíveis, 267
Covardia, 106
Cromo, 104
Cruz em haicai, 346
D Rita Joanna de Souza - Pernambucanas Ilustres, 48
Da viagem, 294
De braúna foi feito este batente, 467
17 de Novembro de 1889, 99
de onde assisto aqui, 454
De sempre, 458
Décimas, 64
Decomposição, 447
Deitado agora como um som que cala, 258
Demasiado humano, mas sem piedade, 491
Depoimento, 224
depois do teu nome já todos os nomes te dizem, 524
Desafio, 418
Desce a noite sombria do horizonte, 90
Desconversa, 236
Descripção do Recife de Paranambuco, 45
Desejo, 266
Desejo no arrecife, 460
Desespero, 105
Deste amor torturado e sem ventura, 129
Deuses sonoros, 517
Diante de estrelas, 387
dicção víbora, 384
735
Discurso do Capibaribe, 207
Discurso semiótico, 389
Disse alguém, por maldade ou por intriga, 110
Disse-me que amava em mim a estrela, 432
Do Gosto para o desgosto, 182
Do moço e do bêbado, 473
Do ser expectante, 228
Dois sonetos de abril, 161
Dormem! Sozinha e assustada e trêmula, 96
Dormir, dormir profundamente e mais, 407
Dos arcos da ponte te contemplo, 284
Dos caminhos de ir e voltar, 445
Dou-te o meu coração cheio de enlevos, 93
Drácula, 268
Dual, 322
Duas paisagens, 411
Dúvidas, 250
E eu galguei o alcantil tendo-a em meus braços, 239
E frio ele contamina, 314
É noite de São João Toda cidade, 434
E o depois eu conto, 455
E se inda houver amor, 435
E se inda houver amor eu me apresento, 435
É sempre o mesmo leito pedregoso, 101
Edifício apagado, 202
Eis meus sonhos gentis, eis minhas horas, 94
Ela cantava, sua voz dizia, 79
Ela foi-se! E com ela foi minh‟alma, 72
Ela me vem assim: esquiva… dúbia… estranha…, 122
Ele é tão delicado!, 290
Ele se desfez do paletó de nuvem, 416
Elegias para o padre Romano Zufferey, 188
Eles piscam, 461
Elogio da mulher pobre, 186
Em dia destes (muito breve), 237
Em dourados salões, ao som da orquestra, 85
Em meio ao turbilhão, 464
Em meio às paredes de um quarto sombrio, 533
Em respeito aos que retornam, 417
736
Em sua tenda de cedar, 231
Em teus olhos de pausa, tempo e espera, 195
Em vão tentais nos ocultar a chama, 107
Emboladores envenenados, 517
Empresta-me o teu éter, 503
Encômio de repetição, 59
Encontrei-a de súbito, 468
Engenho d‟Uchoa, 384
Então eles se perdiam naquele amoroso delírio, 398
Então pintei de azul os meus sapatos, 246
Entre a napa e o espelho, 251
Entre as filas de verde um homem vem e vai, 178
Entre Marília e a pátria, 66
Entre Marília e a pátria/Coloquei meu coração, 66
Entre os sangues da guitarra, 363
Entre um casario e outro, 388
Epílogo, 301
Epitáfio para um burocrata, 472
Era a Face Amada A amargura, 431
Erúpvias vias dúbias, 425
Escolheram-me rainha, 292
Escorados na tarde, 365
Escrevi mil e uma fantasias, 534
Escurecia e o dia era tão frio, 347
Esfinge, 519
Essa tarde durou uma açucena, 194
Esses teus seios pulados, 244
Esta cidade que se alarga, 411
Esta lágrima é de outro, 188
Esta espera é pássaro ferido, 509
Este canário, estes cajás, a tarde, 406
estou aqui, no meio da ponte, 442
esvoaço janela adentro, 268
Eu amo o gênio, 76
Eu amo o gênio, cujo raio esplêndido, 76
Eu cismo: contemplo a aurora, 104
Eu ouço as vozes, 149
Eu pego da curva do sossego, 510
737
Eu te respeito, 186
Eu te vejo chorar Não imaginas, 127
Eu vejo tanta beleza, 370
Fábula de um arquiteto, 211
Face amada, 431
Falo com lábios vermelhos, 242
Falo do que não falo quando falo, 272
Farejo em meu passado um momento perdido, 463
Faz da gravata, 472
Fazenda velha querida, 153
Feliz de ti que ainda choras, 127
Fez lembrar-me a voz do grilo, 172
Fiéis vassalos, tenha hoje Albânia, 52
Filhos da Pátria, jovens brasileiros, 71
Fim de feira, 422
Foi assim, 163
Foi quando morri Apareceu-me um anjo, 458
Folha seca, 357
Folhas/Bonecas/Velocípedes, 450
Fora melhor a ausência e não ter visto, 218
Fragmento do acaso, 493
Fragmentos da Pátria, 501
Fusão, 271
Gênese, 286
Gênio! Gênio! inda mais! Supremo esforço, 74
Geografia do campo soberano, 249
Geografia do mal, 483
Gesto de sol e grega alvenaria, 302
Golpe de Estado, 428
Grafito I, 425
Grafito II, 426
Há de vibrar teu corpo em claridade, 433
Há muito o que adorar, 339
Há nos homens daqui uma tristeza, 393
há uma hora exata a morte esguia, 498
Hai Ku & Tanka (Waka), 158
Harpas, 518
HEI de lembrar-me sempre de ti, 192
Herculamum e Pompeii, 426
738
(H) INOCÊNCIA (poema pascal em sete dores), 275
Hiroschima meu amor, 318
Hoje é o dia em que o filho, a toda hora, 421
Homenagem à Virgem Maria, 180
Houve passos nas pedras, 299
Humildade, 173
Humildade, 383
Ilha de coral, 88
Impropérios, 414
Incenso aceso, 514
Insensação, 514
Inspiração súbita, 74
Interpretação das ruínas, 299
Jardins suspensos, 374
Katorga, 498
Lá nas plagas de flores e harmonias, 88
Lá se foi Maria da Penha, 403
Lamento, 403
Lápide, 465
Latitude urbana, 388
Leio: “Meu bem não passa-se um só dia, 109
Lição antiga, 178
Livro de Francisca, 407
Lord Jim, 464
luaredo, 487
Lúcido, 409
Maçãs negras, 243
Macrolove, 358
Madre, não é assim que justificamos os mortos, 336
Mãe – dicionário de afeto, 471
Mãe, 471
Maio, 171
Mais uma vez, bato a sua porta, 485
Maria, 201
Maria, José, Jesus, 462
Mariana, quem foi, que vaga-lume, 497
Matinê, 279
Me despeço de mim, 311
739
Meia-noite e meia a lua, 364
Mes rapports avec Rimbaud, 320
Meu amigo, 460
Meus sonhos, 94
Mil amores cantei Fáceis amores, 144
Minha terra tem palmeiras, 501
Minha ventura única na terra, 102
Minh‟alma se feriu na rocha nua, 453
morrerei cantando, Victor Jara, 444
Morte sucessiva, 174
MORTO PELA SEGURANÇA, 322
Mote em decassílabo, 367
Movem-se os sinos, 247
Mudança, 255
Mulher, 292
Muros e grades, 277
Na madrugada esquisita, 244
Na modulada canção que agora canto, 137
Na terra não existiu semelhante canto, 475
Não as juras de amor, 391
Não conheço os pontos cardeais, 329
Não deixes que a tua, 316
Não quero ser para você, 358
Não resta tinta sobre tinta, 278
Não serei de outro, 186
não sou poeta de pátrias e pátios, 414
Não tenhas medo, 174
Não terei a pressa, 216
Não vim pra ficar, 297
Não, não pares, 170
Naquele tempo disse João, 303
Nas esquinas, 518
Nas ruas da velha cidade, 469
Nas ruas de Hiroshima ainda rodam, 318
nasci pedro, assim me encaixo, 415
Natal, 314
Natureza morta, 478
Naufrágio, 515
Negro adeus, 78
740
Nem te sonhava mais, pássaro de fogo, 212
Néon, 461
Neste dia de aniversário, 508
Ninho de Condor, 80
No alto, a paisagem verde-escura e acidentada, 121
No batente de pau do casarão, 467
No bosque, 242
no orvalho da face, 158
No rastro da verdade iniciada, 353
No Recife, 488
No silêncio das árvores, 169
No vasto panorama que aprecio, 294
Noites da poetisa, 96
Noiva mística, 103
non-music: eyeliner, 526
Nos luares que moram em teu olhar, 382
Noturno, 131
Noturno, 298
Nova colheita da poesia da terra, 37
Num canto de jardim fez o seu bosque, 470
Numa clara visão de céus escampos, 171
O advento da flor, 270
O amor em mim está maduro, 293
O amor mal correspondido, 57
O aniversário, 508
O arco da imagem, 250
O canto do cisne, 144
O cão lingüístico, 525
O cão sem plumas, 203
O compromisso, 456
O equilibrista, 269
O Evangelho consoante João da Silveira Severino, 303
O filho, 315
O fio de cobre de tua voz, 420
O gênio da raça castanha, 383
O lado aberto, 482
O lado aberto te esconde, 482
O lavrador e o templo, 405
O leve pássaro, 234
741
o lixo atapeta o chão, 422
O meu país é a lembrança, 353
O nada dizer sob os risos, os erros, 400
O não do sim, 454
O negro, 90
O nosso Arão exulta de alegria!, 56
O órfão de Belém, 247
O outro Brasil que vem aí, 149
O peso do sentir, a glória de viver, 261
O poeta, quando jovem (Lendo Augusto dos Anjos), 257
O poeta, 198
o porto de tua hora, 373
O que até hoje me tem dado a vida, 128
O que haverá de urgente?, 301
O que mais queres?, 93
O retrato move-se, 356
O rio, 101
O rio da insensatez, 312
O rio da minha infância, 184
O rosto dessa gente me esmaga, 392
O Sertão principia, 337
O signo, somente, 389
O silêncio das pedras, 453
O sino bate, 133
O sol, 200
O sol além da minha rua, 380
O Sol é um grande artista, na verdade, 200
O sonâmbulo, 219
O tempo passa, 202
O teu silêncio que procura distâncias, 190
O trono da minha terra é verde, 506
O vento é do Pina, 252
O vice Deus, 330
Observação, 356
Ofício da busca, 233
Ofício do semeador, 231
Olho e vejo a praça:, 262
Olinda, 121
Onde as presas do tempo, 355
742
Onde dispor o silêncio, 265
Opera aperta (Alvo pudico alvo), 381
Opera aperta (Licor ao luar), 382
Os amigos chegam, ponho a mesa, 187
Os amigos, 187
Os girassóis de Van Gogh, 261
Os habitantes perderam-se, 296
Os mistérios do céu, 219
Os mortos, 449
Os países inexistentes, 141
Os pés, as mãos, 490
Os pontos cardeais, 329
Os prazeres da vida se extinguem, 95
Os últimos passantes, como tudo, 145
Outono, 344
Outras juras, 391
Outro, 56
Paço do cume dos olhos, 427
Pagando motes, 182
Paisagem do Capibaribe, 203
Pantaleão, 153
Para Ênio Silveira, 262
Para Maximiano Campos, 393
Para nós um operário nasceu, 390
Para você mesmo, Esdras, 128
Paralelepípedro, 415
Parco rio da insensatez, 312
Passagem na ponte, 442
Passeio, 277
Pátria do meu amor! Recife linda, 123
Pecador e justo, 313
Pediria ao poeta, 298
Pela noite, 116
Pelas sarças de luz da imensa altura, 103
Pellos ares retumbe o grave accento, 47
Pelo que bem pareça, 283
Percebes, 228
PERA A parte do Sul, onde a pequena, 45
Pergunta ao céu azul por que é tão belo, 84
743
Pernambuco em antologias, 33
Persistência, 420
Pisando a terra com garbo, 330
Perto ou longe no mar de Dor vagando, 257
Plana, no tempo as faces submersas, 270
Planos de João Mauricio de Nassau-siegne, 481
Pó & Ema, 357
Pobre amor, 160
Pobre rei a morrer, da velha raça, 99
Poema, 281
Poema 100% nacional, 148
Poema amarelo, 406
Poema-falácia, 468
Poema em auto-relevo, 513
Poema sertaniense ou nas ruas da velha cidade, 469
Poesia IV, 495
Ponte em haicai, 345
Por dentro, 492
Por detrás da poeira, a solidão, 352
Por mais divino o menino de Maria se guarde, 390
Por uma tarde, em Rússia, à fonte ia, 317
porque você nada sabe da insônia, 436
Postal romântico, 387
poucas coisas são de valia neste mundo:, 456
Primeira elegia, 188
Primeira cancão para Mariana, 497
Procuro a carne da palavra adusta, 448
Profundamente, 119
Prólogo, 176
Proposta, 223
Qu‟importam lágrimas de saudade infinda, 96
Quadro, 490
quando amar, 515
Quando cessou a campanha, ela disse, 334
Quando mais nada resistir que valha, 245
Quando não é chuva, 282
Quando ontem adormeci, 119
Quando os teus olhos fito e leio neles quanto, 111
Que a voz do poeta nunca se levante, 173
744
que instante, 455
Que seja assim, 315
Quem se atreverá a ferir as begônias, 418
Queres partir comigo para países muito distantes, 141
Queria ver o mar Pediu que não chovesse, 236
Quero escrever meus versos, 504
Quisera ser o sol, 223
Quixote morto, 145
Rebouças e José do Patrocínio, 367
Rebuscavam os dias, 365
Recife, 163
Recife, 252
Recife, 319
Recife, 440
Recife antigo e novo, 295
Recife das serenatas, 295
Recife, diluidora, 483
Recife, essa doença, 392
Reincidente, 485
Reino do verde, 506
Ressuscita-me, 342
Retire, um a um, 255
Revolver cinza é não vexar, 366
Rio da saudade, 184
Rios e mar formam tuas ilhas, 220
Rosa se foi, 484
SOS Brasil, 282
Santo Anjo do Senhor, 271
Se Amor quisesse me emprestar as asas, 112
Se amor vive além da morte, 64
Sê como o templo natural, 405
Se Deus é quem deixa o mundo, 77
Se eu morrer amanhã, há de ter sido, 281
Se eu não vivera tão empobrecido, 55
Se eu pudesse voar, 112
Se eu tivesse algum dia essa ventura, 114
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma, 118
Se um sentimento cada flor resume, 108
Se, no seio da pátria carinhosa, 70
745
Segunda elegia, 188
Seguro, 278
Selvática fazenda, hoje sagrada, 126
Sem formalidade, 311
Sem lei nem Rei, me vi arremessado, 240
Sem mamãe, 421
Sem palavras, 534
Sem pedir licença, 351
Sem seu ninho o condor nos cumes da montanha, 80
Sem título, 283
Sempre a espreitá-lo a morte que não cansa, 177
Senhora, eu não conheço a frase almiscarada, 98
Senhora, vou contar-vos um segredo, 160
Sentimento súbito, 436
Ser criança em noite de Natal, 264
Serenata, 82
Sextina da vida breve, 237
Sextina do gato bárbaro, 234
Silêncio em Apipucos, 152
Simun, 222
Sinestesias, 496
Sintaxe feminina, 109
Sobre a população desta amarga cidade, 140
Sofri que só Foi, 500
Sombra que adoro, e temo, e osculo, e odeio, 106
Sonata à Lílian ou As sombras no espelho, 192
Soneto da vida e da Morte, 179
Soneto das tempestades, 441
Soneto da transfiguração, 470
Soneto de Chang, 302
Soneto do desmantelo azul, 246
Soneto do entardecer, em Rússia, 317
Soneto do tédio, 195
Soneto reciclado de Olímpio Bonald Neto, 257
Soneto, 55
Soneto, 69
Soneto, 70
Soneto, 107
Soneto, 177
746
Soneto, 239
Sonhando, 114
Sonhei com o teu quintal, 243
Sonho de pedra, 284
Sou a saudade, 222
Sou a semente que se biparte, 185
sou como Deus, 513
Sou mais pobre do que Job, 198
Sou neto das tempestades, 441
Sozinho, de noite, 131
Surge Capibaribe, que serpeja, 69
Talvez existam olhos, 333
Também me exilei, 320
Tantas vezes a fadiga se desmancha, 264
Tarde em Itamaracá, 350
te recebo em mim pela porta do mundo, 286
Teia de Penélope, 157
Televisão, 146
Tem gente com fome, 167
Tempo, instante, coração, 259
Tenho minha calma consumida, 146
Tépido sol de abril, céu azulado, 161
Tocávamos clarinete na corda bamba, 269
Toda saudade, 520
Todavia, um cérebro demente, 260
Traz teu encanto, 519
Treino de sombra, 339
Trem de Alagoas, 133
Trem sujo da Leopoldina, 167
Tristeza Noturna, 533
Tróia, 520
Trovas, – cantiga do povo, 124
Trovas, 124
Trovas, 172
Tu, ó Virgem soberana, 180
Tudo é assim, 191
Tudo o que digo a ela é o oposto, 496
Um caminho no sertão, 480
Um dia, Capitão, contarei essa história, 354
747
Um guarda-chuva, 147
Um homem passou em minha vida, 188
Um pecador sem vaidade, 491
Um perfume qualquer, 266
Um sonho, 72
Uma canção de amor para Violeta, 475
Uma charada tropical, 492
Uma cidade, 440
Uma cidade não morre de vez, 402
Uma voz, duas vozes, 334
Usaria ao falar de Sibonei, 176
Várias vezes ele e ela, 279
vejo esses olhos, 274
Vem escutar-me, 67
Vem, não tardes, vem depressa, 82
Venhas, por onde quer que venhas, 249
Ver o Recife, para mim, é como, 199
Ver o Recife, 199
Viagens de Celina, 186
Vida, 510
Violam os violões, 376
Violetas, 108
Visita, 296
Visual poema, 429
Voltar, 417
Vou estar em ti, 378
748
Índice Onomástico
749
Ascenso Ferreira (1895- Carneiro Vilela (1846-
1965)** 14, 41, 131, 1913)** 12, 42, 80,
132, 549, 550, 641, 558
647, 696 Celina de Holanda (1915-
Assis Lima 39, 42 1999)* ** 16, 42, 186,
Audálio Alves (1930-1999)** 558, 559, 561, 601,
19, 42, 247, 550, 551, 651
696 Celso Mesquita (1947)* **
Austro Costa (1899-1953)** 24, 42, 400, 559
15, 42, 143, 551, 552, César Leal (1924)* 18, 40,
600, 661, 696 42, 219, 503, 536, 540,
557, 559, 561, 569,
580, 598, 603, 630,
631, 632, 641, 656,
B 663, 678, 695, 696
Bartyra Soares (1949)* ** Chicão – Francisco José Trin-
25, 42, 418, 552 dade Barrêtto (1941)**
Bastos Tigre (1882-1957)** 21, 42, 313, 561
13, 42, 109, 110, 553 Cícero Melo (1952)* 27, 42,
Benedito Cunha Melo 448, 562
(1911-1981)* ** 16, Cida Pedrosa (1963)* ** 28,
42, 171, 538, 554, 555 42, 413, 486, 562, 574
Bento Teixeira ( ± 1550- Clarice Lispector 40, 41
1600) 11, 42, 45, 555, Cláudia Cordeiro 11, 30,
664, 679, 694, 706 43, 537, 538, 543, 544,
545, 563, 565, 693,
700, 703, 706
Clélia Silveira (1920)** 17,
C 42, 201, 565
Carlos Moreira (1918)** 17, Cloves Marques (1944)* 22,
42, 194, 556, 557 42, 345, 566
Carlos Pena Filho (1930- Cyl Gallindo (1935)* ** 19,
1960)** 19, 42, 245, 37, 41, 42, 262, 537,
536, 537, 546, 551, 543, 545, 561, 566,
556, 557, 598, 622, 638, 668, 669, 703
637, 695
750
D Edwiges de Sá Pereira (1885-
1959)** 14, 42, 116,
Deborah Brennand (1927)**
574
18, 42, 242, 567, 619
Elisa M. B. Torres 39
Dedé Monteiro – José Ru-
Elizabeth Hazin (1951)**
fino da Costa Neto
26, 42, 440, 574
(1949)** 25, 42, 421,
Emília Leitão Guerra (1883-
467, 568
1966)** 13, 42, 111,
Delmo Montenegro (1974)*
576
** 30, 42, 525, 569,
Erich Auerbach 696
663, 695, 696
Erickson Luna (1958-2007)*
Demóstenes de Olinda
** 28, 42, 409, 472,
(1873-1900)** 13, 42,
576, 589, 602
103, 569
Ermelinda Ferreira 704
Deolindo Tavares (1918-
Esdras Farias (1889-1955)**
1942)** 17, 42, 196,
14, 42, 127, 128, 577,
570, 641, 696
578, 679
Dione Barreto (1955)* 27,
Ésio Rafael (1948)* ** 25,
42, 456, 570
42, 409, 578
Divaldo Pereira Franco 704
Esman Dias (1937)* 20, 42,
Domingos Alexandre
271, 347, 579
(1944)* ** 22, 42,
Eugênia Menezes (1939)*
347, 571
20, 42, 284, 549, 580,
594, 695
Eugênio Coimbra Jr. (1905-
E 1972)** 15, 42, 160,
162, 540, 581, 630,
Edmir Domingues (1927- 662, 682
2001)** 18, 42, 237, Everardo Norões (1944)*
551, 571, 572, 615, 23, 42, 351, 579, 580,
619, 631 581, 611, 639
Edson Régis (1923-1966)** Ezra Pound 693, 697
17, 42, 216, 572, 682
Eduardo Diógenes (1954)*
** 27, 42, 436, 454,
573
Eduardo Martins (1962)* **
28, 42, 482, 573
751
F Gilberto Freyre (1900-
1987)** 15, 42, 149,
Faria Neves Sobrinho (1872-
151, 543, 570, 593,
1927)** 13, 42, 101,
594, 595, 601, 637,
102, 582
641, 648, 663, 664,
Fátima Ferreira (1965)**
668, 699, 705
29, 42, 500, 583
Gilberto Mendonça Teles
Fernando Monteiro (1949)*
30, 37, 38, 593, 699,
** 26, 42, 425, 583,
703, 706
584, 592
Gladstone Vieira Belo
Flávio Chaves (1958)** 28,
(1946)* ** 24, 42,
42, 475, 585
387, 598
Francisca Izidora Gonçalves
da Rocha (1855-
1918)** 12, 42, 85,
586, 587 H
Francisco Altino de Araújo
(1849–)** 12, 42, 84, Helder Camara [Dom]
587 (1909-1999) 16, 42,
Francisco Bandeira de Mello 169, 599
(1936)* ** 20, 42, Helena M. Uchara 39
269, 587, 588 Hildeberto Barbosa Filho
Francisco Espinhara (1960- 30, 38, 693, 698, 703
2007)* ** 28, 42, 478, Homero do Rêgo Barros
577, 588, 589 (1919)* ** 17, 42,
Francisco Ferreira Barreto 199, 600
(1790-1851)** 12, 42,
67, 589
Frei Caneca (1779-1825)** I
11, 42, 64, 65, 66, 220,
588, 590 Inez Fornari 703
Isabel de Andrade Moliterno
38, 39, 704
Isac Santos (1962)* 28, 42,
G 484, 601
Geraldino Brasil (1926- Ivanildo Vila Nova (1945)**
1996)* 18, 42, 234, 23, 42, 367, 578, 602
591, 592 Ivan Marinho (1965)* 29,
42, 493, 577, 601
752
J José Mário Rodrigues
(1947)* ** 25, 42,
Jaci Bezerra (1944) 23, 42,
402, 598, 611, 669
353, 354, 549, 566,
José Rodrigues de Paiva
578, 594, 598, 602,
(1945) 24, 42, 374,
674, 695
612
Jairo Lima (1945)** 23, 42,
José Rufino da Costa Neto
371, 603
42
Janice Japiassu (1939)* 18,
Juhareiz Correya (1951)**
20, 42, 241, 288, 603,
26, 42, 442, 612, 613,
604, 695
647
Joanna Tiburtina da Silva
Lins (±1860-1905)**
13, 42, 94, 604
João Cabral de Melo Neto L
(1920-1999)** 7, 17,
41, 42, 203, 211, 272, Leila Teixeira 39, 42, 704
297, 537, 557, 570, Lenilde Freitas (1939) 21,
605, 607, 618 42, 292, 613
João Nepomuceno da Silva Lourdes Nicácio (1947)* **
Portella (1766-1810)** 25, 42, 404, 614
11, 42, 59, 606, 607 Lourdes Sarmento (1944)*
Joaquim Cardozo (1897- ** 23, 42, 355, 615,
1978)** 15, 42, 136, 616, 703
537, 550, 551, 566, Lourival Batista (1915-
582, 611, 633, 634, 1992)** 16, 42, 180,
668, 684, 695 546, 616, 617
Job Patriota (1929-1992)* ** Lucila Nogueira (1950)* 26,
18, 42, 198, 244, 546, 42, 435, 617, 618, 636,
608 669, 675, 695
Jorge Wanderley (1938- Lúcio Ferreira (1930)* **
1999)** 20, 42, 279, 19, 42, 250, 619
573, 608 Luis Manoel Siqueira
José Almino (1946)* ** 24, (1960)* ** 28, 42, 480
42, 392, 579, 609 Luiz Alves Pinto (± 1745 –
José Carlos Targino (1943)** ± 1815)** 11, 42, 57,
22, 42, 334, 336, 580, 620
598, 610, 695 Luiz Arrais 39
753
Luiz Carlos Duarte (1947)** Marcos D‟Morais (1966)* **
25, 42, 406, 621 29, 38, 42, 502, 632
Luiz Carlos Monteiro Marcus Accioly (1943)* **
(1957)** 27, 37, 42, 22, 42, 337, 598, 632,
468, 621 633, 694, 695
Maria da Paz Ribeiro Dantas
(1940)* 21, 42, 296,
633
M Maria de Lourdes Hortas
Maciel Monteiro (1804- (1940)* 21, 42, 298,
1869)** 12, 42, 72, 634
73, 75, 622, 623 Maria do Carmo Barreto
Malungo – José Carlos Campello de Melo
Farias da Silva (1969)* (1924-2008)** 18, 42,
** 30, 42, 517, 624 224, 552, 635
Manuel Bandeira (1886- Maria Heraclia de Azevedo
1968)** 14, 42, 118, (±1860–)** 13, 42,
550, 567, 593, 595, 96, 636
607, 614, 617, 624, Marilena de Castro (1952)*
626, 627, 658, 684, 27, 42, 450, 636
694, 695 Mário Hélio (1965)* 29, 42,
Manuel de Souza Magalhães 496, 636, 695
(1744- 1800)** 11, Mario Melo (1884-1959)**
42, 55, 627 14, 42, 114, 637, 679
Marcelo Mário de Melo Massaud Moisés 40
(1944)* ** 23, 42, Maurício Motta (1949)* **
357, 628 26, 43, 427, 566, 638
Marcelo Pereira (1964)* ** Mauro Mota (1911-1984)* **
29, 42, 491, 628 16, 43, 173, 175, 256,
Márcia Maia (1951)* ** 26, 540, 551, 559, 564,
42, 445, 630 582, 599, 638, 639,
Marco Polo Guimarães 641, 663, 668, 679,
(1948)* ** 25, 42, 686, 687, 695, 696
411, 598, 630, 695 Mauro Salles (1932)* ** 19,
Marcos Cordeiro (1944)* ** 43, 252, 639, 640
23, 40, 42, 360, 539,
631
754
Maximiano Campos (1941- O
1998)** 18, 21, 24,
Odile Vital César Cantinho
43, 240, 315, 393, 542,
(1915)* ** 16, 43,
543, 544, 570, 598,
184, 650
622, 640, 668, 686, 704
Olegário Mariano (1889-
Medeiros e Albuquerque
1958)** 14, 43, 129,
(1867-1934)** 13, 43,
130, 651, 652, 696
98, 100, 642, 696
Olímpio Bonald Neto
Micheliny Verunschk (1972)*
(1932)* ** 19, 43,
** 30, 43, 519, 645,
256, 257, 653, 679
695
Orismar Rodrigues (1943-
Montez Magno (1934)* **
2007)** 22, 43, 342,
19, 43, 260, 645
655, 656
Múcio de Lima Góes (1969)*
Orley Mesquita (1935-
** 29, 43, 513, 647
2006)* 19, 43, 265,
Múcio Leão (1898-1969)**
579, 656
15, 43, 140, 142, 646,
679
Myriam Brindeiro (1937)* **
20, 40, 43, 274, 549, P
648, 695
Patrícia Lima 43
Paulino de Andrade
(1886–)** 14, 43,
N 121, 657
Paulo Bandeira da Cruz
Nádia Batella Gotlib 40
(1940-1993)** 21, 43,
Nádia Reinig Moreira 39
302, 657
Natividade Saldanha (1796-
Paulo Bruscky (1949)* **
1830)** 12, 43, 70,
26, 43, 429, 658, 680
552, 649
Paulo Caldas (1945)* ** 24,
Nelson Saldanha (1933)* **
43, 378, 659
19, 43, 258, 650
Paulo Cardoso (1939-
Ninon Tásia da Silva Alves
2002)** 21, 43, 294,
39, 704
660
Norma Baracho Araújo 43
Paulo de Arruda (1873-
1900)** 13, 43, 105,
660
755
Paulo Gustavo (1957)* ** Sérgio Moacir de Albuquer-
28, 43, 470, 660 que (1946-2008)* **
Pedro Américo de Farias 24, 43, 395, 566, 598,
(1948)* ** 25, 43, 668
414, 580, 611, 661 Severino Filgueira (1937)
Pedro Vicente Costa Sobrin- 20, 43, 277, 669
ho 703 Silvana Menezes (1967)*
Pedro Xisto (1901-1987)** 29, 43, 504, 670
15, 43, 158, 661, 662 Solano Trindade (1908-
Pietro Wagner (1972)* ** 1974)** 16, 43, 163,
30, 43, 521, 662, 695, 166, 601, 670, 671,
696 696
Potiguar Matos (1921- S.R. Tuppan (1969)* ** 29,
1996)** 17, 43, 212, 43, 510, 666
663 Suzana Brindeiro Geyer-
hahn (1942-1996)* **
22, 43, 319, 671
R
Raimundo Gadelha 39
T
Rita Joana de Souza 695
Rita Joanna de Souza (1696- Tadeu Alencar (1963)* 27,
1718)** 11, 43, 48, 43, 463, 672
664, 665, 666 Tarcísio Meira César (1941-
Rui Ribeiro 704 1988) 21, 43, 317,
566, 598, 673
Tarcísio Regueira (1956)* **
27, 43, 461, 673
S Targélia Barreto de Meneses
Sebastião Uchoa Leite (1879-1909)** 13, 43,
(1935-2003)** 20, 43, 107, 674, 676, 695
267, 575, 667 Tereza Tenório (1949)* **
Sebastião Vila Nova (1944) 26, 43, 431, 674, 695
23, 43, 363, 667, 695 Tobias Barreto (1839-1889)
Sérgio Bernardo (1942)* ** 12, 43, 76, 367, 674,
22, 43, 332, 669 675, 676, 677, 682,
Sérgio Milliet 40 695
756
Tomás Seixas (1916-1993)** Waldemar Lopes (1911-
17, 43, 190, 392, 678 2006)** 16, 43, 178,
T. S. Eliot 693 683, 684, 696
Waldimir Maia Leite (1925-
2010)* ** 18, 43,
231, 685
U Walter Cabral de Moura
Ulisses Lins de Albuquerque (1955)* 27, 43, 458,
(1889-1979)** 14, 39, 686
43, 125, 678, 679 Weydson Barros Leal
Urbano Lima 182, 183 (1963)* ** 28, 43,
488, 686
William Ferrer Coelho
(1924-2006)* 18, 43,
V 222, 687
Vanildo Bezerra (1899- Wilson Araújo de Souza
1989)** 15, 43, 145, (WAS) (1945)* 24,
680 43, 383, 688, 730
Vernaide Wanderley (1948)*
25, 43, 416, 580, 680
Vicente do Rego Monteiro Z
(1899-1970)** 15, 43,
147, 148, 659, 669, 680, Zé Dantas – José de Sousa
681 Dantas Filho (1921-
Vital Corrêa de Araújo 1962)** 17, 39, 43,
(1945)* ** 24, 43, 381, 214, 688, 689
681 Zeto – José Antônio do
Vitoriano Palhares (1840- Nascimento Filho
1890)** 12, 43, 78, (1956-2002)* ** 27,
682, 683 43, 466, 546, 689
W
Waldemar Cordeiro (1911-
1992)* ** 16, 43, 176,
683
757
Este livro foi composto e editado eletronicamente na fonte New Baskerville,
com tiragem de 1.500 exemplares.
Impressão em papel Chamois Fine Dunas, 67g/m², para o miolo e
Triplex, 250g/m², para a capa.
Produzido pela Gráfica Santa Marta.
João Pessoa, Brasil, outubro de 2010.
759