Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nº1/1998
Nº3/2009
Catalogação Recomendada
AUTORES
Professor Doutor Florentino Serranheira
Professor Doutor António Sousa Uva
EDITOR
ACT - Autoridade para as Condições do Trabalho
Lisboa, fevereiro de 2015
A Ordem dos Enfermeiros (OE) recebeu-nos na sua sede em Lisboa tendo sido
acordada uma colaboração, e indicado seu representante no estudo o Prof.
Doutor Enfº Vitor Rodrigues.
Por fim, em meados de 2013, fomos de novo contactados pela ACT que nos
informou da necessidade de reformular alguns elementos do projeto para se
1
proceder à elaboração do protocolo de colaboração entre a ACT e a ENSP. Em
dezembro de 2013 (quatro anos depois) foram concretizados os elementos
formais entre as duas instituições para que este estudo fosse regularizado.
2
Índice
Publicação 1 ................................................................................................. 13
Publicação 2 ................................................................................................. 31
Publicação 3 ................................................................................................. 59
Bibliografia .................................................................................................... 81
Anexo ........................................................................................................... 85
Resumo ........................................................................................................ 93
Résumé ........................................................................................................ 95
Abstract......................................................................................................... 97
3
4
O estudo da frequência de lesões musculoesqueléticas
relacionadas com o trabalho e das lombalgias em
Enfermeiro(a)s
5
menos uma região anatómica. Essa sintomatologia, em 15,8% dos casos, é
acompanhada de sintomas simultaneamente na região lombar, região cervical
e ombros (Trinkoff; Lipscomb et al., 2002).
Para além das limitações físicas que determinam, as LMELT causam vários
constrangimentos, designadamente (i) diminuição da qualidade de vida, (ii)
diversas repercussões sociais e mentais com custos intangíveis (Marras;
Karwowsky, 2006) e com uma prevalência ao longo da vida de 40 a 80%
(Edlich; Winters et al., 2004). Há também registos, como já foi referido, a (iii)
importantes períodos de ausência ao trabalho por motivo de doença
(absentismo-doença).
6
porque existem exposições frequentes, entre outros, a exigências relativas ao
tipo de doentes e ao número de profissionais, assim como o trabalho noturno
e/ou por turnos (Engkvist, 2004; Garg, 2006; Hess; Kincl, 2006).
7
Quadro 1 – Estudos da frequência de sintomas musculoesqueléticos em Enfermeiros
8
Os principais fatores de risco de LMELT a nível da coluna vertebral (Beeck;
Prevent, 2000) sistematizam-se no Quadro 2, em função do contributo para a
sua matriz etiológica.
...........................
Monotonia +/0
Pressão temporal +/0
Controlo/latitude decisional +/0
Psicossociais (incluindo os Suporte social +++
organizacionais) Insatisfação profissional +++
.................................
9
A existência de um episódio agudo de lombalgia (ou de lombociatalgia) é
considerada como possível entre 60 a 80% da população sendo todavia entre
os enfermeiros, essa probabilidade superior (até 90%), e no período ativo da
sua vida profissional (Smedley et al., 1995; Knibbe; Friele, 1996).
10
Assim, pretendeu-se, de alguma forma, acrescentar conhecimento relativo à
frequência daquela sintomatologia em enfermeiro(a)s na perspetiva de, com
base no estudo dessas situações de trabalho, desenvolver (ou incrementar)
medidas tendentes ao seu controlo, reduzindo (ou evitando), dessa forma, os
custos, tangíveis e intangíveis, que podem causar.
O estudo teve a duração de oito meses, tendo decorrido entre Julho de 2010 e
Fevereiro de 2011, período em que a OE colocou (e manteve) um apelo à
participação no estudo no seu portal da internet.
11
(Kuorinka et al., 1987), tendo sido utilizado a versão por nós adaptada em
Portugal (Serranheira; Uva; Lopes, 2008).
12
Publicação 1
13
14
Risco e Fatores de Risco Individuais de LMELT em Enfermeiros
Resumo
Tais resultados revelam que os enfermeiros mais jovens, que apresentam mais
queixas musculoesqueléticas resultantes da sua atividade profissional, estão
15
mais implicados, por exemplo, na mobilização de doentes, na alimentação dos
doentes e na administração de fármacos, atividades consideradas fisicamente
exigentes.
16
1. Introdução
17
mulheres apresentam mais queixas musculoesqueléticas na região cervical
(Jensen, Ryholt, Burr, Villadsen, & Christensen, 2002; Solidaki et al., 2010), nos
ombros (Morken et al., 2000), nos punhos e mãos (Wijnhoven, De Vet, &
Picavet, 2006), nas zonas dorsal (Wijnhoven, et al., 2006) e lombar (Leijon &
Mulder, 2009), assim como na maioria de todas as outras zonas anatómicas
(Kamaleri, Natvig, Ihlebaek, Benth, & Bruusgaard, 2008), ainda que outros
estudos (Aasa, Barnekow-Bergkvist, Aengquist, & Brulin, 2005)contrariem, em
parte, essas conclusões, pelo menos em relação às queixas lombares.
2. População e métodos
18
Os respondentes que aceitaram o convite deixaram o seu endereço de e-mail
na página da Web do “survey monkey platform questionnaire”, tendo
posteriormente recebido um link para responderem ao questionário online. O
período de resposta durou cerca de 8 meses, até Fevereiro de 2011.
A análise estatística dos dados foi efetuada com recurso ao software Statistical
Package for Social Sciences (SPSS) versão PASW Statistics 17®.
19
Para avaliar se a prevalência dos sintomas depende do género, idade e Índice
de Massa Corporal (IMC) recorreu-se ao Teste de Independência do Qui-
quadrado. Considerou-se uma probabilidade de erro de tipo I (α) de 0,05 em
todas as análises inferenciais.
3. Resultados
20
Os enfermeiros que participaram neste estudo trabalham em média 40 horas
semanais, principalmente em hospitais ou centros de saúde e não se observam
diferenças significativas relativamente aos dois sexos.
21
Tabela 2 – Casos de queixas por zona anatómica - enfermeiros hospitalares
A análise das diferenças das queixas por sexo e por idade revela que essas
diferenças são patentes na sintomatologia dorsal e cervical. As queixas
localizadas à região dorsal, por oposição às queixas cervicais, são mais
frequentes nas idades mais jovens (Tabela 3), o que pode estar relacionado
com as exigências da atividade de trabalho.
22
A análise dos mesmos resultados, mas em enfermeiros que desempenham
funções em hospitais, é mais preocupante (Tabela 4), na medida em que se
evidencia um elevado número de enfermeiros jovens (idade inferior a 40 anos)
com queixas musculoesqueléticas.
4. Discussão e conclusões
23
com as distribuições da população alvo, tal se possa dever ao acaso. De facto
a adesão, voluntária, ao preenchimento do questionário pode estar relacionada
com muitos fatores de natureza individual que estiveram na base dessa
adesão, por exemplo, os que mais valorizam esses aspetos ou os sintomáticos.
Nesse sentido é possível (e até muito provável) que existam vieses
relacionados com essa metodologia.
24
Tabela 5 – Prevalência de queixas musculoesqueléticas em enfermeiros
25
também aquela a que correspondem, por norma, as maiores exigências no
contexto deste grupo de prestadores de cuidados de saúde, o que poderá
contribuir para um desequilíbrio entre as solicitações (do trabalho) e as
capacidades (físicas).
26
Bibliografia
27
conditions among nurses after the adoption of a computerized order
communication system. Int Arch Occup Environ Health, 77(5), 363-367.
doi: 10.1007/s00420-004-0509-2
Kamaleri, Y., Natvig, B., Ihlebaek, C. M., Benth, J. S., & Bruusgaard, D.
(2008). Number of pain sites is associated with demographic, lifestyle,
and health-related factors in the general population. European Journal of
Pain, 12(6), 742-748.
Lagerstrom, M., Wenemark, M., Hagberg, M., & Hjelm, E. W. (1995).
Occupational and individual factors related to musculoskeletal symptoms
in five body regions among Swedish nursing personnel. Int Arch Occup
Environ Health, 68(1), 27-35.
Leijon, O., & Mulder, M. (2009). Prevalence of low back pain and
concurrent psychological distress over a 16-year period. Occupational
and Environmental Medicine, 66(2), 137-139.
Lipscomb, J., Trinkoff, A., Brady, B., & Geiger-Brown, J. (2004). Health
care system changes and reported musculoskeletal disorders among
registered nurses. Am J Public Health, 94(8), 1431-1435. doi: 94/8/1431
[pii]
Morken, T., Moen, B., Riise, T., Bergum, O., Bua, L., Hauge, S. H. V.,
Pedersen, S. (2000). Prevalence of musculoskeletal symptoms among
aluminium workers. Occupational Medicine, 50(6), 414-421.
Naidoo, S., Kromhout, H., London, L., Naidoo, R., & Burdorf, A. (2009).
Musculoskeletal pain in women working in small‐scale agriculture in
South Africa. American Journal of Industrial Medicine, 52(3), 202-209.
Palmer, K., Smith, G., Kellingray, S. & Cooper, C. (1999). Repeatibility
and validity of an upper limb and neck discomfort questionnaire: the
utility of the standardized Nordic questionnaire. Occupational Medicine,
49(3), 171-175.
Serranheira, F., Cotrim, T., Rodrigues, V., Nunes, C., & Sousa-Uva, A.
(2012). Nurses’ working tasks and MSDs back symptoms: results from a
national survey. Work: A Journal of Prevention, Assessment and
Rehabilitation, 41, 2449-2451.
28
Serranheira, F., Pereira, M., Santos, C., & Cabrita, M. (2003). Auto-
referência de sintomas de lesões músculo-esqueléticas ligadas ao
trabalho (LMELT) numa grande empresa em Portugal. Revista
Portuguesa de Saúde Pública, 2, 37-48.
Serranheira, F., Uva, A., & Sousa, P. (2010). Ergonomia hospitalar e
segurança do doente: mais convergências que divergências. Revista
Portuguesa de Saúde Pública, Vol Temático(10), 58-73.
Smith, D. R., Wei, N., Kang, L., & Wang, R. S. (2004). Musculoskeletal
disorders among professional nurses in mainland China. Journal of
Professional Nursing, 20(6), 390-395.
Solidaki, E., Chatzi, L., Bitsios, P., Markatzi, I., Plana, E., Castro, F., . . .
Kogevinas, M. (2010). Work-related and psychological determinants of
multisite musculoskeletal pain. Scandinavian journal of work,
environment & health, 36(1), 54-61.
Trinkoff, A. M., Lipscomb, J. A., Geiger-Brown, J., & Brady, B. (2002).
Musculoskeletal problems of the neck, shoulder, and back and functional
consequences in nurses. Am J Ind Med, 41(3), 170-178. doi:
10.1002/ajim.10048 [pii]
Uva, A. (2006; 2010). Diagnóstico e Gestão do Risco em Saúde
Ocupacional (Vol. Estudos 17). Lisboa: ACT - Autoridade para as
Condições de Trabalho.
Van der Grinten, M. P., & Smitt, P. (1992). Development of a practical
method for measuring body part discomfort. Advances in industrial
ergonomics and safety, 4, 311-318.
Vincent, H. H. (1995). Back pain in the working population: prevalence
rates in Dutch trades and professions. Ergonomics, 38(6), 1283-1298.
Wahlström, J. (2005). Ergonomics, musculoskeletal disorders and
computer work. Occupational Medicine, 55(3), 168.
Widanarko, B., Legg, S., Stevenson, M., Devereux, J., Eng, A.,
Mannetje, A., McLean, D. (2011). Prevalence of musculoskeletal
symptoms in relation to gender, age, and occupational/industrial group.
International Journal of Industrial Ergonomics.
29
Wijnhoven, H. A. H., De Vet, H. C. W., & Picavet, H. S. J. (2006).
Prevalence of musculoskeletal disorders is systematically higher in
women than in men. The Clinical journal of pain, 22(8), 717.
30
Publicação 2
31
32
Lesões Musculoesqueléticas Ligadas ao Trabalho (LMELT) em
enfermeiros portugueses:
“ossos do ofício” ou doenças relacionadas com o trabalho?
a;e b;c
concepção, recolha, tratamento e análise de resultados e redação do manuscrito; revisão do manuscrito;
d
análise estatística dos resultados.
Resumo
*
Corresponding author. E-mail: serranheira@ensp.unl.pt
33
33% é superior a 6 episódios anuais). A relação entre as tarefas e as queixas é
significativa (p<0,05), entre outros, com: (i) a administração de medicamentos,
o posicionamento mobilização e transferência do doente e os sintomas nos
punhos e mãos (χ2=9,089; p=0,028; χ2=8,337; p=0,040; χ2=9,599; p=0,022;
χ2=9,399; p=0,024 respetivamente) e (ii) a higiene no leito e os sintomas
localizados aos ombros, cotovelos e punhos/mãos (χ2=8,853; p=0,031;
χ2=8,317; p= 0,040 e χ2=9,599; p=0,022 respetivamente).
34
Work related musculoskeletal disorders (WRMSD) in Portuguese nurses:
"part of the job" or work-related diseases?
Abstract
Associations between typical work tasks and complaints were found significant
(p<0.05) with (i) drug administration, positioning, mobilization and patient
transfer and hand-fist symptoms (χ2=9,089; p=0,028; χ2=8,337; p=0,040;
χ2=9,599; p=0,022; χ2=9,399; p=0,024 respectively) and with (ii) bed hygiene
and shoulder, elbow and hand-fist symptoms (χ2=8,853; p=0,031; 8,317;
p=0,040; 9,599; p=0,022 respectively).
35
temporal organization and in equipment’s could prevent WRMSD. Our
descriptive study aims to evidence the elevated prevalence of WRMSD in RN
and the certainty to develop occupational prevention programs in hospitals.
36
1. Introdução
37
“trabalhador médio” (18), figura que, de facto, não existe em nenhuma situação
concreta de trabalho.
38
na Ordem dos Enfermeiros. Pretende-se, dessa forma, despertar a atenção da
comunidade científica para a necessidade de desenvolvimento de mais
investigação em tal domínio contribuindo assim para uma mais eficaz gestão
de tais riscos profissionais (21).
2. População e métodos
O presente estudo foi feito com a colaboração da Ordem dos Enfermeiros (OE).
Foi dirigido a todos os enfermeiros portugueses aí inscritos (n=62.566). O
estudo teve a duração de 8 meses, tendo decorrido entre Julho de 2010 e
Fevereiro de 2011, período em que a OE colocou (e manteve) um apelo à
participação no estudo no seu portal da internet. A participação individual foi
voluntária. Após acesso ao banner da OE, com a informação sobre o estudo,
existia um redireccionamento (link) para uma página da Web da Escola
Nacional de Saúde Pública (ENSP) onde cada enfermeiro colocou o seu
endereço pessoal de email, constituindo a base da participação no estudo (um
endereço válido correspondeu a uma inscrição). De seguida foi enviado para
cada endereço de email um link de acesso ao questionário do estudo no
“survey monkey platform questionnaire”. O link permitiu a resposta única, no
momento, ou faseada de cada respondente, de acordo com a sua decisão
pessoal. Garantiu-se, desde sempre, a salvaguarda de dados pessoais e não
existiu acesso a informação que permitisse identificar o respondente,
respeitando dessa forma o seu anonimato.
39
normalizadas, para a identificação das queixas ou sintomas
musculoesqueléticos em grupos profissionais (29). Tem sido amplamente
utilizado para avaliar a presença de sintomas do foro musculoesquelético
ligados à atividade de trabalho, destacando-se, entre outros e a título de
exemplo, o estudo realizado em enfermeiros chineses (30).
3. Resultados
40
Autónomas (4,1% na Madeira e 2,7% nos Açores). Entre os respondentes 0,7%
(n=14) não referiram a região onde trabalhavam.
41
49,75%
50%
45%
40%
35%
25,89%
30%
23,68%
25% 19,07%
20%
11,28% 11,00%
15%
10% 5,51%
2,77% 1,50%
5%
0%
Raquis Membro Superior Membro Inferior
42
14% 12,76%
12,38%
12% 10,70%
10%
7,15%
8%
5,51%
6%
3,13% 3,13%
4%
1,26% 1,40%
2%
0%
Ombro Cotovelo Punho/Mão
30%
25%
18,97%
20%
14,98% 15,65%
14,00%
15% 13,01% 12,98%
8,82% 9,77%
10%
6,20% 6,23%
5%
0%
a
a
A
a
ad
ad
di
di
er
ev
6
<=
>=
od
El
M
a
e
a
i
ad
i
nc
nc
e
ad
sid
uê
uê
sid
eq
en
eq
en
Fr
Fr
t
In
t
In
43
Se forem analisados em detalhe os sintomas a nível do membro superior
constata-se, igualmente, uma frequência da intensidade “moderada” nos
diversos segmentos anatómicos, bem como uma referência à existência de
queixas com frequência superior a seis vezes por dia que atinge cerca de dois
terços dos enfermeiros portadores dessa sintomatologia (Figura 4).
67,44%
70%
61,10% 62,16%
57,96% 56,05%
60% 56,15%
30%
20%
10%
0%
Intensidade Intensidade Frequência <=5 Frequência >=6
Moderada Elevada dia dia
44
Trab. Informatizado
10,29%
Higiene WC Proc. Invasivos
9,28%
6,92%
7,48%
4,11% 9,56%
Levante s/mec Av. TA, Glicemia
7,59%
7,24%
Tranf/transp doente 8,09% Apoio Domicilio
45
20,40% 25,12%
Trab. Inform.
30,16% 10,86%
Proc. Invas
26,99% 13,25%
Trat.Ferid
17,83% 24,04%
Adm. Med
17,15% 25,14%
Av. TA, Gl
15,02% 3,13%
Apoio Dom
Cuid.Higiene 24,49% 7,52%
PoucoFrequente Frequente
46
Trab.depé
Braços elev.
Inclin.tronco
Rodartronco
Rep. Braços
Rep. Dedos
Forçamão
Carg. 1-4kg
C..> 4-10kg
C. >10-20Kg
Carg. >20kg
Legenda: Trabalho de pé, Braços elevados acima da altura dos ombros, Inclinação do tronco, Rotação do tronco,
Repetitividade dos braços, Repetitividade dos dedos, Aplicação de força com a mão, Mobilização de carga entre 1 e 4
kg, Mobilização de carga superior a 4kg e inferior ou igual a 10kg, Mobilização de carga superior a 10kg e inferior ou
igual a 20kg, Mobilização de carga superior a 20kg.
Figura 7: Perceção dos enfermeiros sobre a relação entre a sintomatologia e as tarefas de enfermagem
47
Observam-se associações, por vezes significativas, entre as variáveis
individuais (31), a presença de sintomas a nível da coluna vertebral (11) e a
nível dos membros superiores (Tabela 1) com as tarefas típicas de
enfermagem, ainda que no caso do levante com meios mecânicos as relações
sejam protetoras.
Tabela 1: Relação entre os sintomas musculoesqueléticos dos enfermeiros nos últimos 12 meses a nível do membro
superior e algumas das principais tarefas (Qui-quadrado)
Sintomatologia: χ2(3); p
Tarefas
Ombro Cotovelo Punho/Mão
Trabalho Informatizado 2,489; 0,477 8,176*; 0,043 2,112; 0,549
48
posicionamento e/ou mobilização do doente (χ2=8,337; p=0,040), as
transferências (χ2=9,399; p=0,024) e o levante sem meios mecânicos
(χ2=8,455; p=0,037) são igualmente tarefas com substantivas exigências a
nível dos punhos e mãos e, como tal, com relações significativas com a
presença de queixas musculoesqueléticas.
A higiene no leito é, nos respondentes, a tarefa com maiores exigências a nível
dos membros superiores e isso é evidente pela relação estatística significativa
em todas as regiões: o ombro (χ2=8,853; p=0,031), o cotovelo (χ2=8,317;
p=0,040) e o punho mão (χ2=9,599; p=0,022).
4. Discussão
49
é, os enfermeiros que participaram voluntariamente no estudo podem ser
maioritariamente os mais queixosos por serem aqueles que apresentavam uma
motivação acrescida de resposta, de uma forma geral, as diferenças
observadas, relativamente a outros estudos nesse grupo de profissionais de
saúde, não são evidentes, destacando-se a prevalência de sintomatologia da
coluna vertebral, nos últimos 12 meses (Tabela 2). Para as referências
sintomáticas relativas aos últimos 7 dias constata-se uma maior amplitude de
variação entre os estudos que, no essencial, apresentam valores de menor
frequência em relação aos encontrados nos últimos 12 meses.
50
Os resultados deste estudo permitem considerar que as relações entre
sintomas e tarefas de enfermagem são bem patentes revelando um conjunto
de sintomas musculoesqueléticos ligados ao trabalho, de entre os quais se
destacam as regiões anatómicas dos punhos e mãos, com relações
significativas com cinco tarefas (administração de medicamentos, higiene no
leito, posicionamento e mobilização do doente, transferência do doente e
levante sem meios mecânicos) frequentemente realizadas pelos enfermeiros e,
em particular, com a utilização frequente de repetitividade e, também
frequentemente, com aplicações de força.
51
doente) ocupam quase um quarto do tempo de trabalho (2 horas diárias por
enfermeiro) o que, considerando a atividade real de trabalho, pode ser
encarado como uma atividade física intensa ou de elevada exigência neste
grupo de profissionais de saúde e com as repercussões a nível de
sintomatologia musculoesquelética observadas. Tratam-se, de facto, de valores
muito expressivos de frequência de sintomas em prestadores de cuidados de
saúde que importa ter em consideração, qualquer que seja a perspetiva de
gestão desses riscos.
5. Conclusões
52
Observam-se diversas associações estatisticamente significativas (p<0,05)
entre as tarefas mais frequentes de enfermagem e a presença de sintomas de
LMELT, destacando-se a administração de medicamentos, o posicionamento
mobilização e transferência do doente e os sintomas nos punhos/mãos
(χ2=9,089; p=0,028; χ2=8,337; p=0,040; χ2=9,599; p=0,022; χ2=9,399; p=0,024
respetivamente), assim como a higiene no leito e os sintomas a nível dos
ombros, cotovelos e punhos/mãos (χ2=8,853; p=0,031; χ2=8,317; p=0,040;
χ2=9,599; p=0,022 respetivamente).
De uma forma geral, julga-se possível afirmar que as queixas dos enfermeiros
em Portugal não são particularmente distintas de outros países, tal como as
suas tarefas também não se consideram diferentes.
53
elevada prevalência de sintomas de LMELT em enfermeiros (11), o que estará
por certo associado às exigências colocadas no exercício da sua atividade
profissional.
54
a prevenção das LMELT e contribuir, igualmente, para a melhoria das
situações de trabalho dos enfermeiros.
Bibliografia
55
10. Fonseca R, Serranheira F. Sintomatologia músculo-esquelética auto-
referida por enfermeiros em meio hospitalar. Revista Portuguesa de
Saúde Pública. 2006;Volume Temático(Saúde Ocupacional):37-44.
11. Serranheira F, Cotrim T, Rodrigues V, Nunes C, Sousa-Uva A. Nurses’
working tasks and MSDs back symptoms: results from a national survey.
Work: A Journal of Prevention, Assessment and Rehabilitation.
2012;41:2449-51.
12. Serranheira F, Uva A, Sousa P. Ergonomia hospitalar e segurança do
doente: mais convergências que divergências. Revista Portuguesa de
Saúde Pública. 2010;Vol Temático(10):58-73.
13. Serranheira F, Uva A. Avaliação do risco de Lesões Músculo-
esqueléticas: será que estamos a avaliar o que queremos avaliar? Saúde
& Trabalho. 2009;7:69-88.
14. Cail F, Aptel M, Franchi P. Les troubles musculosquelettiques du membre
supérieur - guide pour les préventuers. Paris: INRS; 2000.
15. Lagerstrom M, Hansson T, Hagberg M. Work-related low-back problems in
nursing. Scand J Work Environ Health. 1998 Dec;24(6):449-64.
16. Bernard B, editor. Musculoskeletal disorders and workplace factors: a
critical review of epidemiologic evidence for work-related musculoskeletal
disorders of the neck, upper extremity and low back. Cincinnati: NIOSH;
1997.
17. N.R.C./I.O.M. (The National Research Council)/(Institute of Occupational
Medicine) - Musculoskeletal disorders and the workplace: low back and
upper extremities. Washington, DC: National Academy Press; 2001.
18. Uva AS, ed. lit. Trabalhadores saudáveis e seguros em locais de trabalho
saudáveis e seguros. Lisboa: Petrica Editores; 2011.
19. Hagberg M, Violante F, Bonfiglioli R, Descatha A, Gold J, Evanoff B, et al.
Prevention of musculoskeletal disorders in workers: classification and
health surveillance - statements of the Scientific Committee on
Musculoskeletal Disorders of the International Commission on
Occupational Health. BMC Musculoskeletal Disorders. 2012;13(1):109.
20. Punnett L, Wegman DH. Work-related musculoskeletal disorders: the
epidemiologic evidence and the debate. J Electromyogr Kinesiol. 2004
Feb;14(1):13-23.
56
21. Uva A. Diagnóstico e Gestão do Risco em Saúde Ocupacional. Lisboa:
ACT - Autoridade para as Condições de Trabalho; 2006; 2010.
22. Serranheira F, Uva A, Lopes F. Lesões músculo-esqueléticas e trabalho:
alguns métodos de avaliação do risco Avulso C, editor. Lisboa: Sociedade
Portuguesa de Medicina do Trabalho; 2008.
23. Kuorinka I, Jonsson B, Kilbom A, Vinterberg H, Biering-Sørensen F,
Andersson G, et al. Standardised Nordic questionnaires for the analysis of
musculoskeletal symptoms. Applied Ergonomics. 1987;18(3):233-7.
24. Fonseca R, Serranheira F. Sintomatologia músculo-esquelética auto-
referida por enfermeiros em meio hospitalar. Revista Portuguesa de
Saúde Pública. 2006;Volume Temático:37-44.
25. Serranheira F, Pereira M, Santos C, Cabrita M. Auto-referência de
sintomas de lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT)
numa grande empresa em Portugal. Revista Portuguesa de Saúde
Pública. 2003;2:37-48.
26. Serranheira F. Lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho: que
métodos de avaliação do risco? [Doutoramento]. Lisboa: Universidade
Nova de Lisboa; 2007.
27. Serranheira F, Uva A. WRULMSDs risk assessment: different tools,
different results! What are we measuring? Medicina y Seguridad del
Trabajo. 2008;LIV(212):35-44.
28. Serranheira F, Uva A, Espirito-Santo J. Estratégia de avaliação do risco
de lesões músculo-esqueléticas dos membros superiores ligadas ao
trabalho aplicada na indústria de abate e desmancha de carne em
Portugal. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. 2009;34(119):58-66.
29. Crawford JO. The Nordic Musculoskeletal Questionnaire. Occupational
Medicine. 2007;57(4):300-1.
30. Smith DR, Wei N, Kang L, Wang RS. Musculoskeletal disorders among
professional nurses in mainland China. Journal of Professional Nursing.
2004;20(6):390-5.
31. Serranheira F, Cotrim T, Rodrigues V, Nunes C, Uva AS. Risco e fatores
de risco individuais de LMELT em enfermeiros. In: Soares CG, Teixeira
AP, C. J, editors. Riscos, Segurança e Sustentabilidade. Lisboa: Edições
Salamandra; 2012. p. 1085-97.
57
32. Schneider E, Irastorza X, Copsey S, Verjans M, Eeckelaert L, Broeck V.
OSH in figures: Work-related musculoskeletal disorders in the EU—Facts
and figures. Luxembourg: European Agency for Safety and Health at
Work. 2010.
33. Lusted MJ, Carrasco CL, Mandryk JA, Healey S. Self reported symptoms
in the neck and upper limbs in nurses. Applied Ergonomics. 1996
Dec;27(6):381-7.
34. Estryn-Behar M. [Ergonomics and occupational health (III). The case of
hospital staff]. Rev Enferm. 1996 Oct;19(218):57-62.
35. Pottier M, Estryn-Behar M. [Ergonomics and nursing work]. Soins. 1981
Jun 20;26(12):5-14.
36. Jensen RC. Back injuries among nursing personnel related to exposure.
Applied Occupational and Environmental Hygiene. 1990;5(1):38-45.
37. Lagerstrom M, Wenemark M, Hagberg M, Hjelm EW. Occupational and
individual factors related to musculoskeletal symptoms in five body regions
among Swedish nursing personnel. Int Arch Occup Environ Health.
1995;68(1):27-35.
38. Engels JA, van der Gulden JW, Senden TF, van't Hof B. Work related risk
factors for musculoskeletal complaints in the nursing profession: results of
a questionnaire survey. Occup Environ Med. 1996 Sep;53(9):636-41.
39. Ando S, Ono Y, Shimaoka M, Hiruta S, Hattori Y, Hori F, et al.
Associations of self estimated workloads with musculoskeletal symptoms
among hospital nurses. Occup Environ Med. 2000 Mar;57(3):211-6.
40. Faria M, Uva A. Diagnóstico e prevenção das doenças profissionais:
algumas reflexões. Jornal da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa.
1988;10(CL:9):360-71.
58
Publicação 3
59
60
Lombalgias e trabalho hospitalar em enfermeiro(a)s
Resumo
61
Palavras-chave: LER/DORT; Lombalgias; Enfermeiros; Hospitais; Saúde
Ocupacional; Ergonomia.
Abstract
62
INTRODUÇÃO
63
Adicionalmente as tarefas da enfermagem são, muitas vezes, realizadas em
espaços inadequados de trabalho, que apresentam frequentemente
disposições incorretas e ineficazes dos equipamentos e meios técnicos e sob
pressão temporal, e em regimes de trabalho por turnos, designadamente o
trabalho noturno. Pode ainda existir escassez de enfermeiros para o trabalho a
efetuar o que frequentemente comporta uma carga de trabalho acrescida.
MÉTODOS
64
Portugal em diversos trabalhos de investigação1,12-15. Desenvolve-se em quatro
dimensões com diversas questões que pretendem fazer a caracterização:
65
(iv) do estado de saúde - através de onze questões sobre a atividade física,
hábitos tabágicos, alcoólicos, café e hobbies, a presença de doença
anterior, medicação prescrita, tratamento, reabilitação e consultas
médicas no ano anterior e caracterização do estado de saúde.
A análise estatística dos dados foi efetuada com recurso ao software Statistical
Package for Social Sciences (SPSS) versão PASW Statistics 17.
RESULTADOS
66
Quadro 1: – Prevalência de lombalgias em estudos realizados anteriormente
Prevalência de
Estudo
Sintomas na
região lombar (%)
Lagerstrom et al. (1995) 56
Engels et al. (1996) 34
Ando et al. (2000) 54.7
Alexopoulos (2003) 75
Trinkoff et al. (2002) 47
Smith et al. (2004) 56
Trinkoff et al. (2004) 32
Fonseca e Serranheira (2006) 65
Neste estudo (2012) 60.9
Dos enfermeiros com lombalgias presentes nos últimos 12 meses cerca de 2/3
(64,8%) refere a presença de sintomatologia “6 ou mais vezes por dia” e
relativamente à caracterização do grau de intensidade dessas dores (ou
incómodo) 45,8% dos enfermeiros refere que os sintomas são intensos ou
muito intensos (Figura 1).
Figura 1: Número de vezes por dia que os enfermeiros sofrem de dores (ou incómodo) na
região lombar presentes nos últimos 12 meses e grau de intensidade com que as descrevem.
67
O teste de independência do Qui-quadrado revelou que a presença de
lombalgias é independente do gênero (χ2 =2,37; p =0,123), da idade (χ2 = 3,86;
p = 0,27) e do IMC dos enfermeiros (χ2 = 1,663; p = 0,197), mas é dependente
da sua categoria profissional (χ2 = 18,86; p = 0,001) (Figura2). Tal poderá
relacionar-se com a atividade profissional, já que as funções mais exigentes
para a coluna lombar na prestação de cuidados estão mais próximas da
categoria profissional de “enfermeiro”.
Figura 2: Distribuição percentual de lombalgias por género (gráfico a); IMC (Gráfico b); idade
(Gráfico c) e categoria profissional (Gráfico d).
68
higiene e o posicionamento e mobilização de doentes na cama, a transferência
e transporte de doentes e a medição da tensão arterial e da glicemia. Os
cuidados de higiene e conforto na cama é a única tarefa que aumenta a
probabilidade de lombalgias sempre que seja realizada mais do que 2 vezes
por dia e não somente apenas em mais de 10 vezes ao dia (Quadro 2).
Quadro 2: – Impacte das atividades de trabalho nos sintomas de LMELT na região lombar em
enfermeiros cujo trabalho é desempenhado em contexto hospitalar (N=1396).
Nível de
Atividades Classes significância Odds Ratio I.C. (Odds Ratio)
Trabalho Informatizado
0,225
0-1 vezes por dia*
Procedimentos Invasivos 2-5 vezes por dia 0,09 1, 30 0,96 1,75
(Entubação, algaliação e punções venosas) 6-10 vezes por dia 0,19 1,29 0,88 1,88
mais de 10 vezes por dia 0** 2,15 1,43 3,23
Tratamento de Feridas 0,677
0-1 vezes por dia*
Administração de Medicamentação 2-5 vezes por dia 1,88 1,31 0,88 1,96
6-10 vezes por dia 0,17 1,68 1,1 2,58
mais de 10 vezes por dia 0,002 1,86 1,26 2,73
0-1 vezes por dia*
Medição da Tensão arterial, Glicémia e outros 2-5 vezes por dia 0,61 1,1 0,75 1,62
6-10 vezes por dia 0,15 1,35 0,9 2,03
mais de 10 vezes por dia 0,015 1,6 1,09 2,33
Apoio Domiciliário 0,188
69
A regressão logística permitiu também determinar qual o impacte de algumas
características do trabalho na probabilidade de ter sintomas de LMELT na
região lombar nos enfermeiros cujo trabalho é desempenhado em contexto
hospitalar. As características do trabalho analisadas foram: o tipo de trabalho
(fixo ou por turnos); se tem segundo emprego; o número de pausas de trabalho
por dia; o número de horas de trabalho por semana e o tipo de serviço onde
trabalha. Apenas o tipo de trabalho e o tipo de serviço revelaram ter um efeito
estatisticamente significativo, sendo que o trabalho por turnos aumenta a
probabilidade de lombalgias relativamente ao trabalho em horário regular
(p=0,022; OR = 1,32) e os serviços com trabalho de enfermaria dominante
relativamente aos serviços sem trabalho de enfermaria (p=0,024; OR = 1,52)
(Quadro 3).
Nível de Odds
Características do Trabalho Classe I.C. (Odds Ratio)
Significância Ratio
Fixo*
Tipo de Trabalho
Turnos 0,022 1,32 1,04 1,67
Segundo Emprego 0,692
Nº de pausas de Trabalho 0,223
Nº de Horas de Trabalho por semana 0,227
DISCUSSÃO
70
lombar nos últimos 12 meses, a maioria refere sentir dores moderadas (42%)
ou dores intensas (35,2%) e mais de 10 vezes ao dia (42%). Tal frequência
adquire uma grande importância para a saúde e bem-estar dos enfermeiros e
implicará por certo consequências na qualidade da prestação de cuidados de
saúde aos doentes, assim como no absentismo/doença e até no abandono
precoce da profissão, bem como o elevado prejuízo que essas lesões poderão
causar na saúde e bem-estar destes profissionais. Tal determina a
necessidade de minimizar a frequência dessa sintomatologia.
71
exigências organizacionais sobre a repetitividade da atividade no processo de
desenvolvimento de sintomatologia de LER/DORT na zona lombar.
A alimentação dos doentes é uma tarefa que só tem impacte nos sintomas de
LMELT quando realizada 2-5 vezes por dia e mais de 10 vezes por dia, não se
observando este impacte em 6-10 vezes por dia. Estes resultados
possivelmente poderão estar a ser influenciados por outras variáveis que os
possam justificar (variáveis de confundimento).
72
CONCLUSÕES
73
capacidades e limitações dos enfermeiros, prevenindo as LER/DORT neste
grupo profissional.
Referências
74
psychosocial factors--based on logbook registrations. Appl Ergon. 2009
Jul;40(4):569-76.
11. Kuorinka I, Jonsson B, Kilbom A, Vinterberg H, Biering-Sørensen F,
Andersson G, et al. Standardised Nordic questionnaires for the analysis of
musculoskeletal symptoms. Applied Ergonomics. 1987;18(3):233-7.
12. Serranheira F, Pereira M, Santos C, Cabrita M. Auto-referência de
sintomas de lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT)
numa grande empresa em Portugal. Revista Portuguesa de Saúde
Pública. 2003;2:37-48.
13. Serranheira F, Uva A, Espirito-Santo J. Risco de LMEMSLT em
actividades de abate e desmancha de carnes. Saúde & Trabalho.
2007;6:43-61.
14. Serranheira F, Uva A, Lopes F. Lesões músculo-esqueléticas e trabalho:
alguns métodos de avaliação do risco. Cadernos Avulso 5. Lisboa:
Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho; 2008.
15. Serranheira F, Uva A, Espirito-Santo J. Estratégia de avaliação do risco
de lesões músculo-esqueléticas dos membros superiores ligadas ao
trabalho aplicada na indústria de abate e desmancha de carne em
Portugal. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. 2009;34(119):58-66.
16. Engels JA, van der Gulden JW, Senden TF, van't Hof B. Work related risk
factors for musculoskeletal complaints in the nursing profession: results of
a questionnaire survey. Occup Environ Med. 1996 Sep;53(9):636-41.
17. Trinkoff AM, Lipscomb JA, Geiger-Brown J, Brady B. Musculoskeletal
problems of the neck, shoulder, and back and functional consequences in
nurses. Am J Ind Med. 2002 Mar;41(3):170-8.
18. Smith DR, Wei N, Kang L, Wang RS. Musculoskeletal disorders among
professional nurses in mainland China. J Prof Nurs. 2004 Nov-
Dec;20(6):390-5.
19. Lipscomb J, Trinkoff A, Brady B, Geiger-Brown J. Health care system
changes and reported musculoskeletal disorders among registered
nurses. Am J Public Health. 2004 Aug;94(8):1431-5.
20. Lagerstrom M, Hansson T, Hagberg M. Work-related low-back problems in
nursing. Scand J Work Environ Health. 1998 Dec;24(6):449-64.
75
21. Smith DR, Ohmura K, Yamagata Z, Minai J. Musculoskeletal disorders
among female nurses in a rural Japanese hospital. Nurs Health Sci. 2003
Sep;5(3):185-8.
22. Serranheira F, Cotrim T, Rodrigues V, Nunes C, Sousa-Uva A. Nurses’
working tasks and MSDs back symptoms: results from a national survey.
Work: A Journal of Prevention, Assessment and Rehabilitation.
2012;41:2449-51.
23. Sousa-Uva A. Diagnóstico e gestão do risco em Saúde Ocupacional.
Lisboa: ACT; 2010.
76
Notas finais
77
“empoderamento”) dos trabalhadores, designadamente através de uma
abordagem participativa (Serranheira, Sousa-Uva et al. 2012).
78
Recomendações para estudos futuros nesta linha de
investigação
79
prática profissional dos enfermeiros, informação que se considera essencial
para uma linha de investigação de LMELT em enfermeiros de Portugal.
80
Bibliografia
– ALEXOPOULOS, E.C,; BURDORF, A.; KALOKERINOU, A. - Risk factors for
musculoskeletal disorders among nursing personnel in Greek hospitals. Int
Arch Occup Environ Health. 2003;76(4):289-94.
– ANDO, S.; ONO, Y.; SHIMAOKA, M.; HIRUTA, S.; HATTORI, Y.; HORI, F.,
et al. - Associations of self estimated workloads with musculoskeletal
symptoms among hospital nurses. Occup Environ Med. 2000 Mar;
57(3):211-6.
– BEECK, R.; PREVENT, V. – Research on work related low back disorders.
Brussels: Institute of Occupational Safety and Health – European Agency for
Safety and Health at Work, 2000.
– BOS, E. et al. – The effects of occupational interventions on reduction of
musculoskeletal symptoms in the nursing profession. Ergonomics. 2006; 49:
706-723.
– BYRNS, G. et al. – Risk factors for work-related low back pain in registered
nurses, and potential obstacles in using mechanical lifting devices. Journal
of Occupational and Environmental Hygiene.2004; 1(1): 11-21.
– CLEMES, S.; HASLAM, C.; HASLAM, R.- What constitutes effective manual
handling training? A systematic review. Occupational medicine. 2010; 60(2):
101-107.
– DARAISEH, N. et al. – Musculoskeletal outcomes in multiple body regions
and work effects among nurses : the effects of stressful and stimulating
working conditions. Ergonomics. 2003; 46: 1178-1199.
– DAYNARD, D. et al. – Biomechanical analysis of peak and cumulative spinal
loads during simulated patient-handling activities: a substudy of a
randomized controlled trial to prevent lift and transfer injury of health care
workers. Applied Ergonomics. 2001; 32: 199-214.
– EDLICH, R.; WINTERS, K.; HUDSON, M.; BRITT, L.; LONG III, W. -
Prevention of disabling back injuries in nurses by the use of mechanical
patient lift systems. Journal of long-term effects of medical implants. 2004;
14(6).
– ENGELS, J.A.; van DER GULDEN, J.W.; SENDEN, T.F.; VAN'T HOF, B. -
Work related risk factors for musculoskeletal complaints in the nursing
81
profession: results of a questionnaire survey. Occup Environ Med. 1996
Sep;53(9):636-41.
– ENGKVIST, I. – The accident process preceding back injuries among
Australian nurses. Safety Science. 2004; 42: 221-235.
– ESTRYN-BEHAR, M.; KAMINSKI, M.; PEIGNE, E. – Strenuous working
conditions and musculoskeletal disorders among female hospital workers.
International Archives of Occupational and Environmental Health. 1990; 62:
47-57.
– GARG, A. – Prevention of injuries in nursing homes and hospitals. Paper
presented at the IEA 2006 Congress Meeting Diversity in Ergonomics.
Maastricht, 2006.
– GURGUEIRA, G.P.; ALEXANDRE, N.M.C.; FILHO, H.R.C. - Prevalência de
sintomas músculo-esqueléticos em trabalhadoras de enfermagem. Revista
Latino-Americana de Enfermagem. 2003;11:608-13.
– HESS, J.; KINCL, L. – Evaluation of Manual Patient Transfer Techniques by
a single care provider to establish best practices. Paper presented at the IEA
2006 Congress Meeting Diversity in Ergonomics. Maastricht, 2006.
– HIGNETT, S. - Intervention strategies to reduce musculoskeletal injuries
associated with handling patients: a systematic review. Occupational and
Environmental Medicine. 2003; 60(9):e6-e6.
– JANG, R. et al. – Biomechanical evaluation of nursing tasks in a hospital
setting. Ergonomics. 2007; 50(11): 1835-1855.
– KARWOWSKY, W. et al. – Self-evaluation of biomechanical tasks demands,
work environment and perceived risk of injury by nurses: a field study.
Occupational Ergonomics. 2005; 5: 13-27.
– KJELLBERG, K.; LAGERSTROM, M.; HAGBERG, M. - Work technique of
nurses in patient transfer tasks and associations with personal factors.
Scandinavian journal of work, environment & health. 2003; 468-477.
– KLEIN, B.; JENSON, R.; SANDSTROM, L. – Assessment of worker’s
compensation claims for back strains/sprains. Journal of Occupational
Medicine. 1984; 26: 443-448.
– KNIBBE, J.; FRIELE, R. – Prevalence of back pain and characteristics of the
physical workload of community nurses. Ergonomics. 1996; 39: 186-198.
82
– KUORINKA, I.; JONSSON, B.; KILBOM, A.; VINTERBERG, H.; BIERING-
SØRENSEN, F.; ANDERSSON, G.et al. - Standardised Nordic
questionnaires for the analysis of musculoskeletal symptoms. Applied
Ergonomics. 1987;18(3):233-7.
– LAGERSTROM, M.; WENEMARK, M.; HAGBERG, M.; HJELM, E.W. -
Occupational and individual factors related to musculoskeletal symptoms in
five body regions among Swedish nursing personnel. Int Arch Occup
Environ Health. 1995;68(1):27-35.
– LIPSCOMB, J. et al. – Health care system changes and reported
musculoskeletal disorders among registered nurses. American Journal of
Public Health. 2004; 94(8): 1431-1436.
– LUSTED, M.J.; CARRASCO, C.L.; MANDRYK, J.A.; HEALEY, S. - Self
reported symptoms in the neck and upper limbs in nurses. Applied
Ergonomics. 1996 Dec;27(6):381-7.
– MARRAS, W.; KARWOWSKI, W. - The Occupational Ergonomics
Handbook. New York: CRC Press, Inc., 2006.
– OWEN, B. D. - The magnitude of low-back problem in nursing. Western
Journal of Nursing Research.1989; 11(2): 234-242.
– PHEASANT, S.; STUBBS, D. - Back pain in nurses: epidemiology and risk
assessment. Applied ergonomics. 1992.
– ROSÁRIO, F.; SERRANHEIRA, F. – Sintomatologia musculoesquelética
auto-referida por enfermeiros em meio hospitalar. Revista Portuguesa de
Saúde Pública. 2006; Volume Temático nº6: 37-44.
– SERRANHEIRA, F.; UVA, A.; LOPES, F. – Lesões músculo-esqueléticas e
trabalho: alguns métodos de avaliação do risco. Lisboa: Sociedade
Portuguesa de Medicina do Trabalho, 2008. (Cadernos Avulso nº5), 178 pp.
– SERRANHEIRA, S.; COTRIM, T.; RODRIGUES, V.; NUNES, C.; SOUSA-
UVA, A. - Lesões musculoesqueléticas ligadas ao trabalho em enfermeiros
portugueses: «ossos do ofício» ou doenças relacionadas com o
trabalho? Revista Portuguesa de Saúde Pública. 2012; 30(2): 193-203.
– SERRANHEIRA, F.; SOUSA-UVA, M.; SOUSA-UVA, A. - Lombalgias e
trabalho hospitalar em enfermeiro(a)s. Revista Brasileira de Medicina do
Trabalho. 2012; 10(2): 80-87.
83
– SERRANHEIRA, S.; COTRIM, T.; RODRIGUES, V.; NUNES, C.; SOUSA-
UVA, A. - Risco e Factores de risco individuais de LMELT em
enfermeiros In: Riscos, Segurança e Sustentabilidade, 2012. Editado por:
C. Guedes Soares, A. P. Teixeira, C. Jacinto (Eds.). 1085-
1097. Lisboa: Edições Salamandra. ISBN:978-972-689-247-2.
– SHELERUD, R. – Epidemiology of occupational low back pain. Occupational
Medicine: State of the Arts Reviews. 1998; 13: 1-22.
– SHEREHIY, B.; KARWOWSKY, W.; MAREK, T. – Risk factors for work-
related musculoskeletal disorders in the nursing profession: a review.
Ergonomia: An international Journal of Ergonomics and Human Factors.
2004; 26: 19-48.
– SMEDLEY, J. et al. – Manual handling activities and risks of low back pain in
nurses. Occupational Environmental Medicine, 1995; 52: 160-163.
– SMITH, D.R.; CHOE, M.A.; JEON, M.Y.; CHAE, Y.R.; AN, G.J.; JEONG, J.S.
- Epidemiology of musculoskeletal symptoms among Korean hospital
nurses. Int J Occup Saf Ergon. 2005;11(4):431-40.
– TINUBU, B.M.; MBADA, C.E.; OYEYEMI, A.L.; FABUNMI, A.A. - Work-
related musculoskeletal disorders among nurses in Ibadan, South-west
Nigeria: a cross-sectional survey. BMC Musculoskelet Disord. 2010;11:12.
– TRINKOFF, A.M.; BRADY, B.; NIELSEN, K. - Workplace prevention and
musculoskeletal injuries in nurses. J Nurs Adm. 2003;33(3):153-8.
– TRINKOFF, A.M,; LIPSCOMB, J.A.; GEIGER-BROWN, J.; BRADY, B. -
Musculoskeletal problems of the neck, shoulder, and back and functional
consequences in nurses. Am J Ind Med. 2002;41(3):170-8.
– UVA A. Diagnóstico e Gestão do Risco em Saúde Ocupacional. Lisboa:
ACT - Autoridade para as Condições de Trabalho; 2010.
– WICKER, P. – Manual handling in the perioperative environment. British
Journal of Perioperative Nursing. 2000; 10(5): 255-259.
– WARMING, S.; PRECHT, D.H.; SUADICANI, P.; EBBEHOJ, N.E. -
Musculoskeletal complaints among nurses related to patient handling tasks
and psychosocial factors based on logbook registrations. Appl Ergon.
2009;40(4):569-76.
84
Anexo
85
86
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculo-
esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT) em Enfermeira(o)s
Regras de preenchimento:
87
A – Caracterização sócio-demográfica Dia Mês Ano
4. Categoria profissional
11.3. Outro_____________________________________________
88
B – Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho
Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao seu
estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No
caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual,
de acordo com as escalas que se seguem, assinalando um círculo à volta do número
correspondente:
Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes
Ex.:Frequência: Sentiu as queixas 2 ou 3 vezes por ano – 1 2 3 4
89
Para responder por toda(o)s a(o)s Se respondeu “SIM” passe às
Enfermeira(o)s seguintes questões:
Teve algum problema durante os últimos 12 meses Os sintomas referidos estão
Nos últimos 12 meses,
(FADIGA, DESCONFORTO, DOR, EDEMA), que estivesse presentes (ou estiveram
esteve impedido de realizar
presente pelo menos 4 dias seguidos? Se sim, refira qual a presentes) pelo menos 4
o seu trabalho normal
sua intensidade, assinalando-a com um círculo (ver exemplo diasdurante os últimos 7
devido a esse problema?
apresentado no cimo do questionário). dias?
57-SIM, direito
Intensidade: 1 2 3 4
Frequência: 1 2 3 4
60- SIM
59- SIM
58-SIM, esquerdo Quantos dias? _____
TORNOZELO / PÉ Intensidade: 1 2 3 4
Frequência: 1 2 3 4
90
C – Caracterização da situação de trabalho e relação com os
sintomas
1 – Classifique as tarefas descritas de acordo com a sua frequência durante um dia de
trabalho, utilizando a seguinte chave:
ASSINALE COM UM CÍRCULO O NÚMERO DA SUA ESCOLHA, EM FUNÇÃO DA SEGUINTE CHAVE:
1 – 0 – 1 VEZ POR DIA ............................ 8 – NÃO SABE
2 – 2 A 5 VEZES POR DIA ...................................... 9 – NÃO SE APLICA
3 – 6 A 10 VEZES POR DIA ....................................
4 – MAIS DE 10 VEZES POR DIA ..............................
91
2 – Em média quantas pausas tem ao longo do turno de trabalho? _______ (nº de
pausas);
3– Que tarefa considera mais difícil?
3.1 – Porquê? ________________________________________________________
92
Resumo
As Lesões Musculoesqueléticas Ligadas ao Trabalho (LMELT) constituem um
importante problema de saúde designadamente nos próprios profissionais de
saúde.
93
94
Résumé
Les troubles musculosquelettiques (TMS) sont un problème majeur de santé,
en particulier parmi les professionnels de la santé. Nous avons mené une étude
nationale de caractérisation des symptômes et douleurs des troubles
musculosquelettiques liés au travail, du point de vue de leur prévention, parmi
les infirmières portugaises. Les infirmières portugaises ont été invitées à remplir
un questionnaire dans un environnement web incluant quatre dimensions: (i)
caractérisation sociodémographique, (ii) identification des symptômes
musculosquelettiques dans quinze régions anatomiques, (iii) identification des
tâches et leur relation avec les symptômes de TMS et (iv) caractérisation de
l'état de santé. L'étude a eu lieu entre Juillet 2010 et Février 2011, et a été
menée en collaboration avec l'Ordre des Infirmières et Infirmiers du Portugal.
La relation entre les tâches et les plaintes est significative (p<0,05), entre
autres, pour les activités suivantes: (i) administration de médicaments,
positionnement, transfert et mobilisation du patient, et symptômes dans les
poignets et les mains (χ2=9,089 , p =0,028 , χ2=8,337, p=0,040 , χ2= 9,599 ,
p=0,022 , χ2=9,399 , p=0,024 respectivement) et ( ii ) hygiène dans le lit et
symptômes localisés aux épaules, coudes et poignets/mains (χ2=8,853,
p=0,031; χ2=8,317, p=0,040 et χ2=9,599 , p=0,022 respectivement).
L’étude révèle une prévalence élevée de TMS parmi les infirmières portugaises
et la nécessité de développer des programmes de prévention. Pour cette
prévention, l’intervention sur les locaux, dans les processus, dans l'organisation
temporelle et sur les équipements peuvent constituer des mesures adéquates
de gestion de ces risques professionnels.
95
96
Abstract
Work-related musculoskeletal disorders (WRMSD) are a worldwide health
problem, particularly among health care professionals. A nationwide study was
carried out to characterize work-related musculoskeletal symptoms among
Portuguese registered nurses (RN - Nursing Board of Portugal), in order to
establish a baseline methodology to manage/prevent WRMSD.
Associations between typical work tasks and complaints were found significant
(p<0.05) for (i) drug administration, positioning, mobilization and patient transfer
and hand-fist symptoms (χ2=9,089; p=0,028; χ2=8,337; p=0,040; χ2=9,599;
p=0,022; χ2=9,399; p=0,024 respectively), and for (ii) bed hygiene and shoulder,
elbow and hand-fist symptoms (χ2=8,853; p=0,031; 8,317; p=0,040; 9,599;
p=0,022 respectively).
97