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TURISMO COMO ESTRATÉGIA DE

(DES) ENVOLVIMENTO RURAL EM REGIÃO


ATINGIDA PELA MINERAÇÃO

Samanta Borges Pereira1


Carlos Alberto Máximo Pimenta2
Viviane Guimarães Pereira3

Resumo
Este artigo trata do tema do turismo em região atingida pela
mineração, tendo em vista que o processo de implantação das
mineradoras exige estratégias de minimização dos desmantelamentos
sociais, econômicos e ambientais resultantes. Objetiva-se
compreender, a partir da percepção dos (das) agricultores (as)
familiares dos municípios de Alvorada de Minas, Conceição do Mato
Dentro e Dom Joaquim, o interesse no desenvolvimento do turismo em
suas comunidades, identificando os riscos, os entraves, os potenciais e
os benefícios advindos a partir do desenvolvimento da atividade. O
resultado aponta para a necessidade de cautela diante de propostas de
desenvolvimento do turismo no espaço rural. Estas devem ser
pautadas na valorização dos aspectos naturais, da cultura e da
atividade produtiva das comunidades rurais e contar com a

Recebimento: 4/11/2016 • Aceite: 28/12/2016


1
Mestranda em Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade na Universidade Federal de
Itajubá (UNIFEI), Itajubá, MG, Brasil. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES). E-mail: samantaborges81@gmail.com
2
Doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC/SP). Professor da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), Itajubá, MG, Brasil.
E-mail: carlospimenta@unifei.edu.br
3
Doutora em Administração na linha de Desenvolvimento, Gestão Social e Ambiente
pela Universidade Federal de Lavras. Professora da Universidade Federal de Itajubá,
Itajubá, MG, Brasil. E-mail: vgpereira@yahoo.com.br
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participação ativa da comunidade local em todas as etapas do


desenvolvimento: da estruturação do produto ao controle dos
resultados advindos da atividade.

Palavras-chave: Turismo; Turismo rural; Região atingida pela


mineração; Desenvolvimento local; Desenvolvimento rural

TOURISM AS RURAL DEVELOPMENT AND


ENVELOPMENT STRATEGY IN REGION AFFECTED
BY MINING

Abstract
This study discusses the tourism theme in a region affected by mining,
considering that the implementation of mining requires strategies to
minimize the social, economic and environmental dismantlement. The
goal is to comprehend the farmers’ interest from Alvorada de Minas,
Conceição do Mato Dentro and Dom Joaquim, to develop tourism in
their communities, identifying risks, barriers, potential and benefits
from the development of tourism. The results indicate the need for
caution in the face of tourism development proposals in rural areas.
Proposals must be guided by the enhancement of natural and cultural
aspects and the appreciation of the productive activity of rural
communities. Projects must have the active participation of the local
community in all stages of development: from the structure of the
product to the control of the results arising from the activity.

Keywords: Tourism; Rural tourism; Region affected by mining; Local


development; Rural development

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Introdução
Este artigo trata do tema do turismo direcionado à agricultura
familiar em região atingida pela mineração, enquanto fator de
desenvolvimento rural sustentável, tendo em vista que o processo de
destruição inerente à implantação das mineradoras exige estratégias
de minimização dos desmantelamentos sociais, econômicos e
ambientais resultantes.
Parte-se dos princípios do desenvolvimento local e do turismo
sustentável que implica, antes de seu planejamento e desenvolvimento,
a participação ativa da comunidade receptora, explicitando suas
demandas e seus receios, representando a equanimidade entre o poder
público, o mercado, o turista e a comunidade.
Questiona-se a idealização de uma indústria do turismo, na
condição de mercado corporativo gerador de emprego e renda, em
detrimento de outros fatores como a preservação/degradação
ambiental, a ilusão de progresso, a descaracterização do tipo de vida e
trabalho e os choques culturais. Evidencia-se a valorização de outras
reflexões sobre o papel do turismo no desenvolvimento, da perspectiva
da preservação das relações socioculturais e ambientais, dos aspectos
genuínos do ambiente rural, da autonomia e independência do (da)
agricultor (a) e do fortalecimento do saber local.
Essas evidências colocam no centro das preocupações a
seguinte pergunta: as famílias agricultoras possuem interesse em
construir, implementar e gerir os planos de turismo conjuntamente, ou
em detrimento, de suas atividades tradicionais? A pergunta se
desdobra na seguinte problematização: o turismo nas comunidades
rurais da região pode se configurar como mais uma forma de geração
autônoma de renda, corroborando as novas configurações da
agricultura familiar como atividade plural.
Dentro desse quadro, objetiva-se compreender, a partir da
percepção dos (as) agricultores (as), o interesse no desenvolvimento do
turismo em sua região, identificando os riscos, os entraves, os
potenciais e os benefícios da atividade do turismo para as comunidades
rurais.
Do ponto de vista metodológico, registra-se que a pesquisa4 foi
executada na região de Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro

4
Projeto de pesquisa nº 2308011772201544 realizado pelo Núcleo Travessia - Núcleo de
Pesquisa, Extensão e Apoio à Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural da
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) com o apoio da Cáritas Brasileira Regional
Minas Gerais e o Ministério Público de Minas Gerais.

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e Dom Joaquim, atingida pela mineração após incursão pela empresa


Anglo American, uma vez que a região procura formas de se
reorganizar, na tentativa de minimizar os impactos da devastação
sofrida pela prática da atividade minerária.
Utilizou-se de questionário semiestruturado, com questões
abertas, que levantaram informações sobre os aspectos culturais como
a presença de festas típicas, grupos culturais, artistas e artesãos e
outros potenciais turísticos, tais como atrativos naturais e
arquitetônicos, sem perder a centralidade da proposta - o interesse no
desenvolvimento de atividades de turismo pelas famílias agricultoras.
Foram definidas 31 comunidades rurais, divididas em 19
regiões e contempladas com 55 entrevistas, realizadas em dezembro de
2015 e fevereiro de 2016. O universo dos pesquisados teve a
abrangência territorial dos três municípios. A escolha das
comunidades se deu em reunião realizada em Conceição do Mato
Dentro, com a presença dos agentes de desenvolvimento local que
contribuíram indicação das comunidades, levando em consideração as
regiões de maior: integração produtiva, agricultores que possuem
canais de venda com o comércio e os diversos mercados existentes;
produtividade, unidades familiares de agricultores com maior
produção; unidades familiares, concentração de agricultores familiares
em atividade; impacto com a presença da mineração, comunidades que
sofrem com os efeitos da exploração da atividade minerária.
A primeira etapa de aplicação dos questionários correspondeu
à fase-teste do instrumento de coleta. A coleta dos dados foi realizada
em dezembro de 2015, em 12 comunidades de Conceição do Mato
Dentro: Água Quente, Capitão Felizardo, Costa Sena, Cubas,
Goiabeiras, Itacolomi, Paraoninhas, Passa Sete, Rio Preto, Sapo,
Tabuleiro e Três Barras, totalizando 17 entrevistas.
A segunda etapa de entrevistas aconteceu em fevereiro de
2016, quando 38 famílias foram entrevistadas. Em (a.) Alvorada de
Minas foram visitadas 07 comunidades, quais sejam: Descoberto,
Fazenda da Ponte, Lapinha, Maria, Morro dos Monteiros, Ribeirão
Santana e Ribeirão de Tráz, totalizando 11 entrevistas; (b.) Em
Conceição do Mato Dentro foram visitadas mais 06 comunidades, quais
sejam Brejaúba, Córregos, Ouro Fino, Santo Antônio do Cruzeiro,
Socorro e Tapera, totalizando 14 entrevistas; (c.) Em Dom Joaquim
foram visitadas outras 06 comunidades, quais sejam: Machado,
Quilombo Cachoeira, São João, São João da Ilha, Serra e Sesmaria,
totalizando 13 entrevistas.
Utilizou-se como critério de análise dos dados o
entrecruzamento das falas extraídas das entrevistas com a teoria

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privilegiada, o que corroborou para a identificação dos pontos e


contrapontos das informações levantadas em campo. A partir disso, as
falas dos entrevistados foram categorizadas, a partir da percepção de
quanto mais ou menos interessados eles estão em assumir o papel de
condução do processo de desenvolvimento do turismo em suas
comunidades.
A proposta teórica do texto, com diálogos diversos no campo do
turismo e da cultura, caminha para pensar o desenvolvimento local
(DOWBOR, 2010) e a sustentabilidade (SACHS, 2004) como
ferramentas de participação dos agricultores familiares e das
comunidades na condução dos seus próprios destinos, no sentido
político de formatação de modos de geração de renda, de experiência
com atividade turística e de autonomia dos agricultores e comunidades
frente ao turismo empresarial.
Em três perspectivas, distintas e complementares, se busca a
compreensão desse processo. A primeira traz o conceito de turismo,
extraído do Ministério do Turismo, e suas implicações no campo do
tema ‘desenvolvimento’, enfatizando dimensões do local e da
sustentabilidade. A segunda, apresenta discussões sobre o turismo
rural, no campo da cultura, como uma tática de manutenção da
diversidade. A terceira, de base empírica, explicita as percepções dos
agricultores sobre o turismo naquelas regiões e estabelecem as bases
para esta proposição.

Turismo como estratégia de (des) envolvimento rural


Pensar as questões ligadas ao tema turismo impõe explicitar
vertentes conceituais, as quais vão desde o envolvimento do receptor
enquanto agente primeiro de seu desenvolvimento e o envolvimento do
turista na vivência do cotidiano visitado até à sua caracterização
enquanto estratégia de desenvolvimento econômico. Esta abrangência
coloca em evidência a diversidade cultural e as idealizações de
sustentabilidade e de desenvolvimento. Este trabalho orienta-se a
partir deste questionamento: de quais perspectivas o turismo pode
inviabilizar práticas caracterizadas como de desenvolvimento e
sustentáveis?
O turismo rural, da perspectiva da constituição de um
segmento que visa atender aos interesses do turista que deseja viver
experiências genuínas no meio rural, está comprometido com o
desenvolvimento de atividades relacionadas à produção agropecuária,
valorizando produtos e serviços com a finalidade de resgatar e

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promover o patrimônio cultural e natural da comunidade receptora


(BRASIL, 2010).
Ressalta-se que pelo Brasil, há registros de uma série de casos
em que o poder político local, na ânsia de aumentar a arrecadação ou
de resolver demandas pontuais, tem permitido projetos turísticos sem
os necessários estudos de impacto e sem a imprescindível participação
da comunidade, fazendo com que o lugar torne-se propício para que o
capital “travestido de turismo rapidamente descaracterize o tipo de
trabalho e de vida, cause a desestruturação cultural, a agressão
ambiental e uma paisagem degradada distante do imaginário do
turista” (ALMEIDA, 2004, p.2).
O poder público deve atuar para tornar possível o
fortalecimento das comunidades locais, a fim de assumir o papel de
agentes de seu próprio desenvolvimento socioeconômico. O
planejamento turístico sustentável configura-se aquele em que “a
comunidade deixa de ser a parte consultada pelos técnicos e passa a
ser o agente de seu próprio planejamento, ou seja, está descobrindo
suas potencialidades e colocando-as a favor de seu próprio destino”
(MERIGUE, 2007, p. 9).
Necessário diferenciar o que vem a ser turismo rural e turismo
no espaço rural. No espaço rural ocorrem muitas práticas de lazer,
esportivas ou de ócio citadinos, alheias ao meio em que estão inseridas
e que são denominadas, por alguns autores, como turismo no espaço
rural. O turismo rural é um recorte do turismo no espaço rural e
reserva-se às práticas de atividades relacionadas à vida rural, sua
economia e sua cultura (BRASIL, 2010).
Lanzarini (2009, p. 9) afirma que a atividade turística é
“ambígua, pois ao mesmo tempo em que promove riquezas, empregos,
melhoria de vida [...] também produz pobreza, exclusão social e
fragmentação do espaço”. Para que se diminuam as chances da
segunda opção, a participação da comunidade é condição sine qua non
para que a atividade aconteça, desde a sua idealização e implantação,
bem como na gestão dos planos de turismo para que se promova
geração de renda e consequente melhoria de vida para as populações
locais envolvidas.
A promoção da autonomia das comunidades, processo
motivador para que a população se organize para gerir a atividade
turística de forma participativa, cria um ambiente favorável à
manutenção das características rurais da região, utilizando os recursos
locais e os conhecimentos derivados do saber das populações,
valorizando-os.

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Há que se ter cuidado para que melhorias adquiridas com o


desenvolvimento do turismo nas comunidades rurais, como possíveis
ganhos de renda, melhorias de infraestrutura e geração de ocupações,
possam causar a falsa ilusão de melhoria ampla das condições de vida,
criando uma espécie de dependência do turista para garantir a renda
das famílias (BRASIL, 2010).
As características básicas do turismo rural abrangem aspectos
de manutenção das práticas produtivas tradicionais, dos recursos
naturais, das características arquitetônicas e dos elementos e
estruturas tradicionais, tendo em vista que são estes os interesses dos
turistas que procuram por este segmento. Em se tratando de
agricultores familiares, identifica-se a possibilidade da prática do
Turismo Rural na Agricultura Familiar (TRAF) definido como uma

atividade turística que ocorre no âmbito da


unidade de produção dos agricultores
familiares que mantêm as atividades
econômicas típicas da agricultura familiar,
dispostos a valorizar, respeitar e compartilhar
seu modo de vida, o patrimônio cultural e
natural, ofertando produtos e serviços de
qualidade e proporcionando bem estar aos
envolvidos (BRASIL, 2010, p. 21).

A manutenção das atividades produtivas tradicionais da


propriedade e/ou das práticas e costumes relacionados a essas
atividades garante o não abandono destas em virtude do sucesso
conseguido com o turismo. A preservação dos mananciais, do solo,
preservação ou recuperação da flora e da fauna nativas, inclusive dos
aspectos paisagísticos, asseguram a proteção ambiental. O respeito aos
elementos e estruturas tradicionais, às manifestações folclóricas,
culinária, produção artesanal, técnicas construtivas, celebrações,
valores, modos de vida e ideais das comunidades rurais, além de
elementos que referendem a história da região e das famílias,
fortalecem a identidade local e a autoestima das comunidades
(BRASIL, 2010).
A possibilidade de geração de renda adicional para as
comunidades locais faz do turismo rural um caminho para a
revitalização econômica e social das regiões, a valorização dos
patrimônios e produtos locais, a conservação do meio ambiente, a
atração de investimentos públicos e privados em infraestrutura para os
locais onde se desenvolve.

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No entanto, para que esse segmento de turismo possa, de fato,


constituir-se em um fator de desenvolvimento, são necessárias ações
de estruturação e caracterização para que “essa tendência não ocorra
desordenadamente, de modo a consolidar o Turismo Rural como uma
opção de lazer para o turista e uma importante e viável oportunidade
de renda para o empreendedor rural” (BRASIL, 2003, p. 5).
No relatório do Ministério do Turismo (Brasil, 2003), observa-
se que as experiências desenvolvidas após os anos 90 assumiram
formas com pouco profissionalismo, sem o embasamento técnico
necessário, o que resultou em sobrecarga da estrutura rural por um
número elevado de visitantes e veículos, problemas legais, degradação
ambiental e descaracterização do meio e da própria atividade.
Na interpretação de Cunha & Cunha (2005), a intensidade dos
impactos do turismo, positivo, negativo ou ambos, dependem da
organização e da interação dos atores sociais para atingir pretensões
comuns de melhoria de qualidade de vida, aumento do poder de
atração turística, bem como a da preservação e proteção do ambiente
natural e cultural.
Para esses autores, não se desconhece o potencial de
desenvolvimento do turismo em todos os níveis, mas deslocam a
questão para a insignificância da quantidade de modelos de avaliação
do impacto da atividade no desenvolvimento local. Ainda na linha dos
autores citados, modelos mais conhecidos são aqueles que avaliam o
impacto do turismo sobre o emprego e renda. Por outra via, raros são
os modelos que avaliam, de forma sistêmica, a influência positiva e
negativa que o turismo tem sobre uma região e sua população, em
termos econômicos, socioculturais e ambientais.
É importante destacar que da década de 1990 em diante,
rompeu-se com a ideia de que a função principal do mundo rural tem
que ser necessariamente a produção de alimentos e que a atividade
predominante seria a produção agrícola. Ocorreu uma espécie de
disjunção entre o mundo rural e a agricultura (SILVA; BALSADI; DEL
GROSSI, 1997).
A concepção da ideia da figura do agricultor sofreu profundas
transformações e a pluriatividade, que o estimula a ocupar novos
espaços não agrícolas que se expandem no meio rural, contribuiu para
a construção de novas identidades. Houve crescimento de pessoas
ocupadas em atividades não agrícolas nos territórios rurais brasileiros
desde os anos 80 e assim, o rural foi tomado como um espaço, com uma
nítida dilatação funcional, e diferenciando-se da abordagem que o
identifica somente como setor agropecuário (CARNEIRO, 1998;
ORTEGA, 2008).

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Isso ajuda a pensar em caminhos para os agricultores da região


em estudo, mas é importante não se deixar levar ingenuamente com as
questões que envolvem o turismo. A exploração da atividade turística
sob a égide do turismo sustentável deve atender às demandas da
comunidade envolvida e gerar renda aos agricultores, sem provocar
danos socioambientais e apagamento de culturas nas comunidades.
Quem deve se beneficiar com a atividade é, em primeiro plano,
as comunidades locais, não se tornando proletário numa nova
atividade, mas construindo, implementando e gerindo o turismo nos
seus territórios. Segundo Oliveira (2001), Turismo Sustentável é o

turismo praticado de forma que promova a


qualidade de vida das populações residentes
na localidade de destino, respeite a
sociodiversidade da comunidade receptora,
por meio da conservação da herança cultural
das populações e conserve os recursos
naturais e paisagísticos deste local.

A literatura aponta perspectivas de que a prática do turismo


sustentável pode trazer preservação de áreas naturais, de locais
históricos, melhorias na infraestrutura e no meio ambiente e
valorização da cultura. Também não desconhece o movimento inverso
para essas afirmações, com o risco de o desenvolvimento desordenado
do turismo provocar destruição ambiental e cultural e a
desestruturação dos locais receptores. Nessa situação, as populações
locais são as primeiras a arcar com o ônus da atividade.
Trata-se de pensar o turismo rural dentro dos parâmetros do
desenvolvimento local sustentável, bem como contribuir para que os
pequenos produtores rurais possam ter melhores condições de vida.
Dessas perspectivas insinuam Zuin & Zuin (2008, p 109-127), levando-
se em consideração os alimentos tradicionais e Hanai (2012,198-231),
mesmo reconhecendo que o turismo alternativo ao mercado não
alcançou a devida maturidade.
O desenvolvimento do turismo com vistas a atender apenas aos
interesses do mercado e do capital, sem a participação da comunidade,
provoca a exclusão, a descaracterização e o sentimento de que o turista
não é um parceiro e sim um invasor, e as relações por consequência
não são de hospitalidade, mas sim de conflito.
Turismo e cultura como tática de manutenção da diversidade
Das sugestões de Barros (2008; 2016), pode-se dizer que o
turismo rural tem potencial para se caracterizar como instrumento de

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manutenção da diversidade biocultural e de permanência das pessoas


no mundo rural. Vê-se, na passagem da sociedade de produtores para a
sociedade de consumidores, a exacerbação de individualismos
narcísicos, das flexibilizações e das frágeis relações de trabalho, em
que a idealização de formações de competência supera as experiências
comunitárias e coletivas. Esse resultado, não sem tensões e
resistências, traz a sobreposição da hegemonia do mercado sobre a
vida social.
Vê-se a possibilidade na busca por experiências dentro da
lógica da vida rural, como consequência, de outra ordem, a qual o
turismo interage com o lugar, as pessoas, as coisas e, ao mesmo tempo,
permite ao morador visitado ser o promotor e organizador das
atividades. Esse movimento apresenta potenciais de geração de renda,
bem como poderá trazer menor impacto socioambiental àquela
realidade.
O tema do turismo vinculado às questões da diversidade
cultural não se traduz em um encontro fácil e tranquilo, quanto mais se
adicionarmos os condicionamentos sociais impostos pelo mercado
turístico à cultura e aos agentes culturais. As discussões sobre
diversidade cultural, as quais não se descolam das dimensões bio–
socioculturais–ambientais sustentáveis, têm seus desdobramentos
referentes às táticas de inserções promovidas pelos diversos agentes
culturais (TODOROV, 1999; YÚDICE, 2004).
Dentro dessas intencionalidades, as comunidades rurais
dispostas ao desenvolvimento do turismo devem evitar todos os planos
simbólicos e de representações absorvidos pela expansão social do
consumo, tal qual descrito em Lipovetsky e Serroy (2015). A relação
entre o turismo, a comunidade rural e a diversidade cultural devem
potencializar espaços coletivos de cooperação, solidariedades e trocas,
em que se valorize a singularidade e a autonomia das pessoas do lugar
na condução de seus processos e vida coletivos.
Em outros termos, as inserções, conscientes ou não, devem
privilegiar processos de reelaboração de estruturas cognitivas que
incorporem as diferenças, sem colonialismos, autoritarismos,
conservadorismos, imposições de modelos ou modelizações, mas
permitir novas e outras expressões de vida, já que:

(...) as mesmas tendências econômicas e


sociais que incessantemente transformam o
mundo que nos rodeia, também transformam
as vidas interiores dos homens e mulheres

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que ocupam esse mundo e o fazem caminhar


(BERMAN, 2007, p. 410).

Na dimensão das táticas de manutenção da cultura, autores


como Froehlich (2003) e Lopes (2009), têm somado esforços para
compreender como os agentes culturais elaboram estratégias e tecem
táticas diante destes quadros sociais complexos, constituindo e
reconstituindo suas identidades.
A conservação e o respeito à diversidade biocultural vêm do
meio rural, em que se apreendem as vias pelas quais se constroem e
reconstroem as tradições. Froehlich (2003) observa nas festividades
rurais um conjunto de símbolos tradicionais que buscam, acima de
tudo, reconstruir a história e a tradição, evocando um tempo pretérito,
para que este sirva como suporte à construção contemporânea da
estruturação coletiva de identidade, em resistência aos fluxos culturais
globais, a exemplo do turismo de consumo.
Na aproximação do turismo rural com a cultura e diversidade,
valorizam-se os apontamentos de Lopes (2009), no sentido de que uma
cultura nunca se imobiliza a si própria, movimentando-se em
dinâmicas ora estratégicas, ora táticas, mesmo diante do deslocamento
entre tempo-espaço causado pela globalização.
Parece ser este o desafio do turismo rural - o de fortalecer a
cultura local, em suas bases tradicionais, sem modificar seus estilos de
vida, individual e coletivo, ou comprometer suas práticas tradicionais
que lhe garantem o sustento, sem se deixar seduzir aos apelos do
consumo e às individualizações.
Em Pimenta e Mello (2014) se identifica um conjunto de
mecanismos de negociação que a cultura pode estabelecer dentro de
processos de geração de renda, de resistências à imposição da cultura
mundial, de valorização da diversidade cultural e, acima de tudo, de
reivindicar políticas públicas culturais que evoquem a importância do
local e das coisas do local. O risco é o de que, dentro dessa dinâmica de
relações de força, o turismo possa ser traduzido como um novo
agenciamento ou como imposição de novos e outros condicionamentos
culturais (BOURDIEU, 1998).
Na lógica do turismo equânime, o coletivo e a participação
devem ser permitidos e fomentados em todas as instâncias, para
promover o surgimento de espaços viáveis de geração de renda, sem
ressignificação ou modificação das práticas habituais. Ao turista, do
ponto de vista da cultura e da diversidade, cabe vivenciar aquela
realidade de forma genuína.

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Pela via do turismo, há que se preservar as tradições, as


identidades e os modos organizativos do mundo não urbano, em todas
as frentes, principalmente no campo simbólico da cultura. Busca-se
promover a consolidação de transformações efetivas e concretas que
tragam às relações socioculturais manifestações simétricas, estéticas,
éticas, não vulneráveis, que encapsule a lógica da concorrência, da
competição, da meritocracia e faça emergir, não sem conflitos e
tensões, espaços coletivos de cooperação e trocas, valorização da
singularidade, movimentos de autonomia, solidariedades, priorização
dos interesses coletivos em detrimentos dos individuais, em que seja
permissível eclodir conteúdos sociais e de diversidade biocultural aos
processos de socialização.

Percepções sobre o turismo na região


Alvorada de Minas e Conceição do Mato Dentro fazem parte do
‘Caminho dos Diamantes’, um dos caminhos da Estrada Real - maior
rota turística do país, com mais de 1.630 quilômetros de extensão,
passando por Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. O Instituto
Estrada Real foi criado em 1999 com a pretensão de organizar,
fomentar e gerenciar o produto turístico Estrada Real; e está ligado ao
Sistema FIEMG5. Dom Joaquim possui Plano Turístico Municipal com
muitas produções associadas ao turismo, produção diversificada e
agroecológica. Sendo assim, a região se caracteriza com potencial
turístico, haja vista suas características naturais e históricas.
Da perspectiva das famílias agricultoras, há diferentes visões
sobre o desenvolvimento da atividade na região. As percepções foram
categorizadas em 04 tipos: 1. agricultores que se encontram
desestruturados, tendo como prioridade a sobrevivência, na busca de
condições mínimas de dignidade e, portanto, não se relacionam em
nenhum aspecto com o turismo; 2. agricultores que prestigiam a
natureza e a cultura, mas não compreendem esses fatores como valor
turístico. Sua preocupação e interesse são com o uso da terra, da água
e com a produção agropecuária, não reconhecendo outras práticas de

5
O Sistema FIEMG trabalha para contribuir com a indústria mineira, buscando
resultados que sustentem sua competitividade. É composto por cinco empresas:
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), o Centro Industrial e
Empresarial de Minas Gerais (CIEMG), o Serviço Social da Indústria (SESI), o Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Juntas,
essas empresas oferecem à indústria mineira estratégias para o desenvolvimento
industrial. Para informações ver http://www7.fiemg.com.br/mais-sistema-fiemg.

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geração de renda. Sabem da existência e da prática do turismo na sua


região ou em regiões próximas à sua comunidade, mas entendem que
ele é feito pelo outro, pelo “de fora”, apartado da sua realidade, a ser
estruturado e desenvolvidos por outros e para os outros e não pelas
pessoas da comunidade nem para as pessoas da comunidade; 3.
agricultores que reconhecem as potencialidades naturais e culturais da
região, com possibilidades de geração de renda para suas famílias, mas
de forma indireta, não se reconhecendo como atores principais nesse
processo; 4. agricultores que reconhecem seus valores e estão
motivados a participar da estruturação do turismo na região, pensando
até em projetos para geração de renda para suas comunidades.
A maioria dos entrevistados deram respostas dentro dos
argumentos sistematizados nos tipos 2. e 3. Reconhecem as belezas
naturais e os aspectos histórico-culturais da região, mas não se
colocam como protagonistas para o desenvolvimento da atividade do
turismo ou não identificam os aspectos naturais e históricos com
potencial de aproveitamento pela via do turismo. Concordam que o
desenvolvimento da atividade envolve a realização de melhorias nas
estradas de acesso às comunidades, com legislações e regulamentações
específicas (CAMPANHOLA; GRAZIANO, 2000).
A análise foi realizada por município que compõe a região
atingida pela mineração e sintetizada para visualização das diferentes
nuances que o turismo apresenta na região.

Alvorada de Minas
No município de Alvorada de Minas, nas comunidades de Bom
Jesus, Descoberto e Morro dos Monteiros, registrou-se a inexistência
de direitos básicos de manutenção das famílias, o que trouxe
desconforto na abordagem do tema do turismo, em face da distância
quanto às prioridades demandadas pelas famílias. Na luta pela
sobrevivência, a prática do turismo é atividade alheia à realidade dos
agricultores visitados.
Apesar de o município pertencer a rota turística do ‘Caminho
dos Diamantes’, da Estrada Real, a pesquisa não identificou entre os
grupos pesquisados nenhuma família agricultora que reconhecesse o
potencial para o turismo, mesmo entre aquelas que se lembraram de
festas e celebrações religiosas ainda existentes.

Conceição do Mato Dentro


As famílias agricultoras entrevistadas percebem os riscos e
benefícios do desenvolvimento da atividade turística em sua região.

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Dentre os que reconhecem os benefícios advindos dessa atividade, há


consenso sobre a necessidade de estrutura – estradas, equipamentos de
apoio, capacitação profissional - para o desenvolvimento da mesma.
Devido à amplitude territorial deste município, a interpretação
sobre o turismo é diversa. Na região de Brejaúba e Socorro,
comunidades localizadas na extremidade sul do município, a
concepção dos (das) agricultores (as) sobre o potencial turístico aponta
para a inexistência deste. Há outros interesses a serem atendidos que
são prioritários para a comunidade. A região carece de melhorias
estruturais como a reparação das estradas e o controle da violência
que vem crescendo exponencialmente após a chegada da mineradora.
A distância da sede do município também é fator que influencia
na descrença de efetividade no desenvolvimento do turismo na região.
Entretanto, ainda há a presença de festas religiosas tradicionais nas
comunidades, como a Festa do Rosário, a Festa do Divino, a Cavalgada,
o Sábado de Judas e o Domingo de Páscoa do Boizinho6 que podem ser
apoiadas como meio de fortalecimento dos laços na comunidade.
A região do Sapo, Passa Sete e Água Quente, localizada
próxima à mina da Anglo American, sofre acentuadamente com o
findar das águas e a eclosão da violência e da prostituição, além do
arrefecimento das pessoas da comunidade e também desacreditam no
desenvolvimento do turismo.

Tinha a festa do Sapo, religiosa, com


procissão e barraquinhas, que ia muita gente,
e também os rodeios. O movimento das festas
caiu porque os peões da Anglo invadiam e
ficavam arrumando briga por causa de
mulher, e só tomavam pinga, nem davam
lucro. Além disso, o povo não quer mais
festejar, só ficam se lamentando o dia todo.
Antes tinha os rios, agora não tem nada7.

Apesar disso, nessas comunidades ainda ocorrem novenas,


cavalgadas e forrós, além da presença de igrejas e cemitérios antigos -
este último corre riscos de desaparecimento, pois a mineradora quer

6
Apesar dos grupos culturais que se apresentam nas festas virem de outras
comunidades.
7
Trata-se do depoimento de agricultores familiares da Comunidade Água Quente,
município de Conceição do Mato Dentro. Todas as falas evidenciadas durante este texto
são dos (das) agricultores (as) entrevistados em pesquisa de campo, descrita na
metodologia. Cabe ressaltar, também, que, por questões éticas, não serão mencionados
os nomes dos agricultores entrevistados.

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desfazê-lo para ocupar a área. A proteção da arquitetura local e o


resgate das festas tradicionais, indicadas como reza do mês de maio,
festa do Sapo, no formato de procissão e barraquinhas, podem
colaborar com o fortalecimento das relações da comunidade que se
encontra prostrada, devido às transmutações ocorridas com a chegada
da mineradora.
A região de Capitão Felizardo, conhecida como Fazenda, e
Costa Sena se localizam distantes da sede do município, ficando na
ponta oposta à região de Brejaúba e Socorro, possuindo maior relação
com os municípios de Gouveia e Congonhas do Norte. Entretanto, para
essas comunidades observa-se uma perspectiva melhor quanto ao
turismo. Acredita-se na possibilidade de presença do turista na região,
reconhecendo as cachoeiras e as manifestações culturais populares
com potencial turístico. Entretanto, há clareza sobre a necessidade de
apoio e estruturação. Um agricultor de Capitão Felizardo posiciona-se:
“seria o turismo para o pessoal conhecer as roças; o alambique; andar
de cavalo; nadar no rio. Mas o povo da roça é meio cismado; precisaria
de alguém pra organizar”.
Há farta presença das festas, com a participação de pessoas de
fora das comunidades, e possuem um grupo consolidado de Folia de
Reis, condições que favorecem a confiança na atividade.

Tem a Festa do Peixe, do Cemitério do peixe,


comunidade vizinha, que vem muita gente de
fora. Acontece em agosto e é festa religiosa.
Já apareceu até na televisão. Tem a Festa do
Padroeiro São João. Esta só participa o
pessoal da comunidade. Tem a Folia de Reis,
em janeiro. Como é férias, quem mora fora
também participa.

A região que abrange Itacolomi, Parauninha e Tabuleiro tem


forte apelo turístico, devido à presença das cachoeiras, poços e
corredeiras. Apesar dos moradores reconhecerem as belezas naturais,
existem aqueles que não lhes atribuem valor turístico. Uma agricultora
de Itacolomi disse: “(...) tem só as cachoeiras por aí; tem um rio em
Candeias também que é a coisa mais linda que eu já vi”. Para além das
belezas naturais de Itacolomi, as festas estão presentes. Realizam-se as
festas de São José, de Nossa Senhora do Rosário, de Nossa Senhora
Aparecida, mesmo sem serem reconhecidas com valor turístico.
Na comunidade de Parauninha, além da cachoeira Três Barras,
existem também o grupo de Marujada, que se apresenta na
comunidade e em outras localidades, e a festa do Rosário, em

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Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 265

setembro, acontecendo uma em cada arraial. O local recebe alguns


turistas e já existe uma família que fornece comida por encomenda
para os turistas.
A região do Tabuleiro é conhecida nacionalmente como um
lugar turístico. A cachoeira do Tabuleiro é a maior do estado de Minas
Gerais e a terceira maior do Brasil8. Houve relatos sobre a existência
das festas do Rosário, do Sagrado Coração, de São Sebastião, de Nossa
Senhora da Conceição, da Marujada, da Novena do Menino Jesus e de
trabalho artesanal. Quanto ao trabalho artesanal, foram identificadas
pessoas que reformam faca, facões e enxadas, confeccionam
instrumentos tipo arco e flecha para atirar pedras, fabricam cadeiras,
fazem objetos de artesanato em couro, em bambu e artesanatos em
geral.
São as pessoas com as melhores rendas, vindos de fora da
comunidade, que estão envolvidas com a atividade turística. Há que se
ter cuidado sobre o desenvolvimento do turismo de forma não
participativa, feito pelos outros, de fora, e para os outros. Em Rio
Preto, comunidade vizinha de Tabuleiro, a família entrevistada,
caracterizada pela forte união entre os membros e trabalho intenso, fez
uma observação sobre o turismo na região próxima de sua
comunidade: “Na Serra, dizem que o pessoal tomou conta, pessoal de
fora tomou força... mas isso é lá pra cima, não tem nada com a gente”.
Necessário observar e questionar quem são os atores
envolvidos no processo de desenvolvimento do turismo. A concepção
do turismo sustentável requer, acima de tudo, o desejo da comunidade.
Esta deve participar da sua construção e se beneficiar diretamente de
seus resultados. Vale lembrar que esta pesquisa tem as comunidades
rurais de agricultura familiar como foco. O planejamento do turismo
no espaço rural deve percorrer caminhos que venham, portanto, a
beneficiar essas comunidades.
Para os moradores das comunidades de Córregos e Ouro Fino,
localizadas próximas à sede de Conceição do Mato Dentro, as
potencialidades do turismo são reconhecidas: a presença da Estrada
Real, de cachoeiras, trilhas, do rio de Córregos, de construções
arquitetônicas históricas e da culinária como as quitandas e o queijo
artesanal foram identificadas como pontos atrativos ao turista. As
festas religiosas acontecem o ano todo, como a de São Sebastião, a
Semana Santa, a do Rosário, a de Nossa Aparecida, as Natalinas, a do
Divino e a do Cruzeiro.

8
Extraído do site http://guiaviajarmelhor.com.br/cachoeira-do-tabuleiro-a-maior-queda-
dagua-de-mg/. Acesso em 20 de março de 2016.

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Em Córregos há uma banda – banda de Nossa Senhora


Aparecida -, um grupo de Folia de Reis, um grupo de quadrilha e
contadores de história. No distrito do Gondó, um agricultor informou
sobre a existência de uma pessoa que faz arreio. Em Ouro Fino, as
rezas e o grupo de Folia de Reis, não ocorrem mais, mas o grupo de
marujada ainda continua. Há também artesãos que realizam diversos
trabalhos em madeira como pilão, móveis em geral e forro de Taquara.
Todos concordam sobre o potencial turístico, mas identificam a
ausência de estrutura para o desenvolvimento da atividade.
A região de Cubas, Buraco e Três Barras foi reconhecida pelos
entrevistados como tendo características turísticas fortes a serem
desenvolvidas. Cubas é reconhecida como comunidade quilombola há
quatro anos, sendo a primeira região tombada do estado de Minas
Gerais. Percebe-se um sentimento de orgulho das suas tradições e da
riqueza cultural. Os agricultores demonstram intenções de retomada
de saberes que estão desaparecendo, como o resgate da Dança do
Umbigo e a retomada da Fogueira-Viola. No que diz respeito à
Umbigada, tem-se notícia de que somente um morador das redondezas
é conhecedor da dança.
A manutenção das manifestações culturais não é tarefa fácil.
Registrou-se que, no passado, havia rezas durante todo o mês de maio
que não ocorrem mais. Em Três Barras, na celebração de
reconhecimento da comunidade quilombola, aconteceu uma
apresentação da Dança do Pilão, caracterizada por um compasso de
batidas de mãos, pés e pilão. Sabe-se que o grupo de Marujada de Três
Barras extinguiu-se faz vinte anos, devido ao desinteresse das novas
gerações.
Cabe ressaltar que apesar das dificuldades, as festas resistem.
A Festa do Divino acontece há mais de 100 anos, entre julho e agosto,
época da seca, em que são servidos café da manhã, almoço e doces. As
Festas no Cruzeiro, Festas do Rosário, em setembro, e o Mês de Maria,
em maio, também sobrevivem. Nesse espaço de manifestações
populares, registra-se que o crescente conservadorismo rechaça os
festejos tradicionais, o que pode provocar o enfraquecimento e
consequente desaparecimento dessas manifestações.
Na comunidade do Buraco, encontram-se árvores nativas
denominadas de candeia, resistentes para cerca e construções,
encontradas em lugares com vestígios de escravização. Encontram-se,
também, cachoeiras9, comidas típicas das comunidades quilombolas, os

9
Há cachoeiras em propriedades rurais que são desconhecidas pelo turista. Em uma das
casas das famílias entrevistadas, havia mais de 13 cachoeiras.

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Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 267

saberes populares – as parteiras e as pisquinhas10 –, o artesanato de


raízes, de bambu, de couro e os bordados das mulheres.
Há desconforto por parte dos agricultores e agricultoras a
respeito da presença de pessoas de fora das comunidades nas
cachoeiras. Para o agricultor do Buraco “(...) as cachoeiras não trazem
nenhum efeito positivo. As pessoas vão na cachoeira para usar drogas”.
Os entrevistados de Cubas informaram que os frequentadores das
cachoeiras costumavam sujar o local, colocar som alto e usar drogas.
Esses comportamentos são incomuns no ambiente rural
tradicional, causando estranhamento e desconfiança. Contudo, não
descartam o potencial turístico, que pode vir a ser desenvolvido, desde
que haja planejamento, organização e apoio. Entendem que “poderiam
vender comida e os produtos de bambu e de bordado para os turistas,
mas precisa de organização (...). Não tem artesão porque não vende”.
Os entrevistados listaram um conjunto de atrativos turísticos
que variam entre produtos, paisagens e relações. Deles destacam-se: a
muçarela, a pecuária, leite e derivados, as águas, a terra, as pessoas, as
quitandas e a natureza. Essa percepção dos moradores das
comunidades mostra o que é valorizado por eles e que representam a
identidade local.

Dom Joaquim
No município de Dom Joaquim não há percepção de benefícios
e interesse pelo desenvolvimento do turismo, na quase totalidade das
famílias agricultoras entrevistadas. Apesar da forte presença das
festas tradicionais religiosas e de belezas naturais, a fala de um
agricultor de São João é expressiva: “(...), não, aqui não tem nada que
atrai. Tem cachoeira, mas é particular”.
Em São Joaquim, relata-se que o desaparecimento das festas
deve-se ao conservadorismo crescente e a falta de apoio da prefeitura.
Para os agricultores de Machado o argumento segue na mesma
direção: “(...) as festas diminuíram, (...) os moradores (...) não podem
festejar. Não fazem mais forró e não tem mais folia de reis. (...) agora
não tem mais farra. Eu tenho 72 anos, já dancei muito forró”.
Nota-se que o esvaziamento das práticas culturais, a ausência
do apoio do poder público e de ações coletivas das comunidades
provocam o enfraquecimento das tradições locais. A retomada das
festas é vista como uma possibilidade de fortalecimento da identidade

10
As pisquinhas são uma mistura de versos e adivinhações que se transformam numa
brincadeira, segundo explicação de um morador da comunidade.

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268 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional

e ajuntamento das comunidades, as quais se reconhecem como


desunidas, não valorizando suas práticas culturais. O relato coletado
em Sesmarias ilustra esse momento: “o festeiro andou desanimado e
não conseguiu fazer a festa (...). O melhor é quando tem as festas e
reúne a família”.
As festas têm a capacidade e o potencial de se estabelecer como
um canal de exposição, valorização e comercialização das produções
agropecuárias dos agricultores, bem como servir de suporte e apoio ao
resgate das festas e outras manifestações que eram constantes, mas se
enfraqueceram. Segundo os entrevistados, a causa do esmaecimento
deve-se ora pela desunião, ora pelo aumento do conservadorismo, ora
pelo desânimo, ora pelo distanciamento da juventude quanto às
questões do campo, ora pela falta de apoio do poder público local.
Identificou-se em Dom Joaquim, apenas pequenas cavalgadas nas
fazendas e a Cavalgada de Junho, denominada de Jubileu.
Entretanto, a comunidade quilombola presente no município
tem capacidade de valorização dos seus saberes - assim como os
quilombolas de Conceição do Mato Dentro. O quilombo Cachoeira
realiza festas populares e tradicionais como a Marujada e o Caboclo, as
coroações de Maio e as noites de reza no mês de dezembro.
Todos enfatizaram a existência de doces, quitutes, quitandas,
rapaduras, bem como uma diversidade de elementos da culinária da
região, evidenciando sentimento de orgulho de pertencimento à
comunidade. Relatou-se que a comunidade recebe visitantes por conta
de ser “comunidade quilombola (...), e as pessoas querem conhecer”.

Esforço de síntese
Considerando a perspectiva das famílias agricultoras que
demonstraram interesse no desenvolvimento do turismo, este pode-se
valer das práticas culturais (culinária, festas, danças etc.) e o desfrute
das belezas naturais como atrativo a ser fomentado. Reitera-se o alerta
para a necessidade de avaliar as políticas públicas de turismo locais e
sua relação com o aproveitamento do ambiente rural enquanto espaço
de trocas culturais com as comunidades. A atividade turística no
espaço rural deve ser promovida a partir dos interesses de seus
moradores, principais ocupantes, utilizadores e preservadores desse
espaço. É fundamental o diálogo entre os diversos atores para que as
políticas públicas nesse espaço estejam aliadas ao interesse e
participação das comunidades rurais e os projetos solidários se voltem
para estes interesses.

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Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 269

A atividade do turismo ganha relevância da perspectiva de que


o turista possa vivenciar novas experiências, as quais se caracterizam
na forma de vida simples do campo e do lugar, ao mesmo tempo em
que desfruta das cachoeiras, das riquezas naturais, da culinária, das
festas, das manifestações culturais e da experiência histórica.
A região possui atrativos naturais, como as montanhas e as
cachoeiras, que são usualmente explorados pelo turismo de aventura
ou ecoturismo, atividades realizadas no espaço rural, mas alheias à
realidade de seus moradores. É necessário potencializar outros
elementos que fomentem as atividades culturais, culinárias, artesanais,
simbólicas, inserindo os agricultores e agricultoras no planejamento e
desenvolvimento do turismo e que caminhe na direção do
fortalecimento identitário do lugar, das pessoas e das coisas.

Considerações finais
O artigo se propôs compreender a percepção dos agricultores e
agricultoras sobre os riscos, os entraves, os potenciais e os benefícios
da atividade do turismo para as comunidades onde vivem.
Da proposição buscou-se identificar o grau de interesse das
famílias agricultoras no planejamento e implementação do turismo em
suas comunidades, levando em consideração a manutenção de suas
atividades tradicionais e a autonomia dos agricultores enquanto
atividade alternativa e complementar de geração de renda.
Os (as) agricultores (as) entendem os riscos e os benefícios que
a atividade do turismo pode promover: os entraves ficam por conta da
falta de estrutura e da ausência de apoio do poder público local; os
benefícios estão no reconhecimento do potencial da região, em face da
presença de festas populares, das diversas manifestações culturais, do
patrimônio histórico, das riquezas naturais e da culinária regional.
As propostas de desenvolvimento do turismo no espaço rural
devem abranger os interesses das comunidades rurais dos municípios
pesquisados, pois são nas comunidades que estão os sujeitos deste
estudo – os agricultores e agricultoras familiares. Quaisquer iniciativas
nesse sentido devem pautar-se na valorização dos aspectos naturais, da
cultura e da atividade produtiva das comunidades rurais, gerando
complementação da renda familiar.
Dentro dos preceitos do desenvolvimento do turismo como
atividade sustentável, a participação da comunidade local em todas as
etapas do desenvolvimento turístico é indispensável: da estruturação
do produto ao controle dos resultados advindos da atividade. Portanto,
o investimento no turismo nas regiões estudadas precisa, antes de

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270 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional

tudo, envolver as comunidades em todo o processo de planejamento,


organização e controle dos resultados e impactos da atividade.
A estruturação, citada por muitos agricultores e também pelos
agentes de desenvolvimento, envolve melhorias nas estradas de acesso
às comunidades, com legislações e regulamentações específicas
(CAMPANHOLA; GRAZIANO, 2000). Envolve ainda a organização do
tráfego da área urbana, o desenvolvimento de sistemas médico-
hospitalares, de segurança pública e de outros serviços e equipamentos
de apoio que consigam suportar os períodos de alta presença do
turista, sem prejudicar a vida cotidiana dos moradores da região.
A estruturação também envolve a adequação dos locais de
hospedagem, como as casas dos agricultores, que pode fugir à lógica do
próprio ambiente rural. Para os turistas e agentes de turismo, as
características estéticas do rural podem ser interpretadas como
precariedade de infraestrutura. Além disso, a presença de um turista
nas casas dos agricultores pode modificar toda a lógica de organização
das unidades familiares.
Os municípios sede podem sofrer impactos negativos com o
desenvolvimento do turismo de forma desorganizada e não planejada
de forma participativa. Conceição do Mato Dentro, por exemplo, já
sofre com o aumento da circulação de pessoas devido à presença da
mineradora e do empreendimento de construção da mina. Já tendo
tradição no turismo, também sofre nos feriados com o fluxo de turistas.
O acesso às comunidades rurais passaria pela área urbana do
município. Ou seja, os problemas já evidentes do município seriam
agravados pelo aumento de pessoas na cidade, sobrecarregando o
tráfego de carros, de pessoas, o acesso aos equipamentos de apoio ao
turismo como bancos, hospitais, agências postais, etc.
A prática do turismo sustentável refere-se à identificação e
valorização da cultura e saberes locais, que represente a sua
identidade e se relacionem com as características do local visitado,
possibilitando a vivência de novas experiências. A farta presença das
festas populares, grupos culturais e artesanato mostra que o fomento
às produções locais através de projetos de apoio a esses eventos e
grupos pode ser uma possibilidade de geração de renda e manutenção
desses saberes. As festas podem se caracterizar como produtos
turísticos que permitirão a vivência de experiências singulares pelo
turista e o desenvolvimento do sentimento de orgulho nos camponeses.
Como o turismo está diretamente ligado à valorização cultural
do mundo rural, sugere-se que quaisquer projetos de desenvolvimento
turístico pautem-se inicialmente na valorização da identidade e
autenticidade cultural, desencadeando um resgate de valores, códigos

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Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 271

e costumes que venham a fortalecer a agricultura familiar,


aumentando a autoestima destas populações. Por esta via, as ações de
fomento ao turismo podem ser pensadas de modo a aumentar a renda,
através da comercialização de produtos aos consumidores/turistas, da
vivência do turista, de atividades recreativas, sendo muitas as formas
de se desenvolver o turismo rural.
Independente do posicionamento dos agricultores torna-se
imprescindível que os grupos interessados participem como agentes de
primeira ordem no desenvolvimento (DOWBOR, 2010) e nas ações de
sustentabilidade (SACHS, 2004) da região onde vivem. Para o
incremento do turismo nestas bases, sustentáveis e participativas, é
fundamental que lideranças comunitárias e agentes de
desenvolvimento possam conhecer experiências concretas em que o
turismo se deu em comunidades receptoras, sendo elas as gestoras e
mantenedoras da atividade e de seus resultados.

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