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DOI: https//doi.org/10.13037/gr.vol38n115.

7422

Received: 20/10/2020 | Accepted: 04/06/2022

Desenvolvimento, Economia e Turismo: diálogos entre o


Sul de Minas Gerais (Brasil) e o Minho (Portugal)
Development, Economy and Tourism: dialogues between the South of Minas Gerais
(Brazil) and Minho (Portugal)

Carlos Alberto Máximo Pimenta 1i Paula Cristina Remoaldo 2ii


Orcid: https://orcid.org/0000-0003-2815-7512 Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9445-5465

José Cadima Ribeiro 3iii Samanta Borges Pereira 4iv


Orcid: https://orcid.org/0000-0002-4434-0766 Orcid: https://orcid.org/0000-0002-6803-1415

Resumo
O objetivo desta pesquisa foi identificar aproximações entre a microrregião de Itajubá (BR) e
o Distrito de Braga (PT) no âmbito do desenvolvimento econômico, social e sustentável, a
partir da Economia da Cultura e do Turismo Criativo. A produção dos dados foi realizada em
duas frentes: bases censitárias do Instituto Nacional de Estatística (INE) e Fundação Francisco
Manuel dos Santos (PorData.pt), Portugal; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) e entrevistas com gestores públicos responsáveis pelo desenvolvimento da cultura e do
turismo dos municípios envolvidos. A pesquisa de campo evidenciou os distanciamentos entre
o instituído e o praticado, o que não inibe exemplos promissores do protagonismo político da
comunidade à frente desses processos. Em ambos, se faz importante superar: baixa participação
da comunidade; práticas individualizantes; verticalização das iniciativas de desenvolvimento;
organização empresarial dos movimentos sociais de geração de renda e emprego.
Palavras-chave: desenvolvimento local; economia da cultura; turismo criativo.

Abstract
The objective of this research was to identify approximations between the microregion of
Itajubá (BR) and the District of Braga (PT) in the scope of economic, social and sustainable
development, from the Economy of Culture and Creative Tourism. Data production was carried
out on two fronts: census bases of the National Statistics Institute (INE) and Francisco Manuel
dos Santos Foundation (PorData.pt), Portugal; the Brazilian Institute of Geography and
Statistics (IBGE) and interviews with responsible public managers for the development of
culture and tourism in the municipalities involved. The field research showed the distances
between the instituted and the practiced, which does not inhibit promising examples of the
political protagonism of the community at the head of these processes. In both, it is important
to overcome: low community participation; individualizing practices; verticalization of
development initiatives; business organization of social movements for income and
employment generation.
Keywords: local development; culture economics; creative tourism.

1 Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). Doutor e mestre em Ciências Sociais pela PUC/SP. Brasil. E-mail:

carlospimenta@unifei.edu.br.
2 Universidade do Minho (UMinho). Braga, Portugal. E-mail: premoaldo@geografia.uminho.pt
3 Universidade do Minho (UMinho). Braga, Portugal. E-mail: jcadima@eeg.uminho.pt
4 Universidade Federal de Lavras (UFLA). E-mail: samantaborges81@gmail.com

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1 INTRODUÇÃO efetivação dessas políticas no local


apresenta dificuldades, principalmente no
As concepções de desenvolvimento que se refere à organização e adesão da
e as estratégias delas derivadas demandam comunidade.
a contribuição de diferentes áreas do Ao identificar as aproximações entre
conhecimento, o que dá à problemática uma as diferentes realidades dos territórios,
natureza interdisciplinar. Experiências de propomos um diálogo e troca de
desenvolvimento local em municípios de experiências, que podem servir de
pequeno porte, comunidades rurais ou inspiração para ações, projetos e políticas
tradicionais, por exemplo, com foco na locais, adaptadas às suas realidades e
cultura e na criatividade, fazem emergir contextos. Não pretendemos realizar análise
dimensões econômicas, sociais e comparativa, o que denotaria a imposição
sustentáveis do desenvolvimento e de um modelo que obedece a exigências
fortalecem a conexão entre comunidade- puramente ideológicas (ZEMELMAN,
cultura e derivações. 2003) e que em nada se relaciona com
A realidade do Distrito de Braga preocupações de bem viver e bem-estar. A
(DBG), região do Minho (Portugal) e da proposta é identificar distanciamentos e
microrregião de Itajubá (MRI), em Minas aproximações das experiências no campo
Gerais (Brasil), analisadas pela ótica da da EC e da TC, as conquistas e as
Economia da Cultura (EC) e do Turismo dificuldades, aprendendo com ambas.
Criativo (TC) elevam as comunidades ao O ponto de partida assenta na
protagonismo no processo de constatação de que a cultura se revela em
desenvolvimento, visto que os territórios campo de disputas econômicas, sociais,
instituíram um conjunto de normas (leis, políticas, subjetivas, simbólicas e morais
decretos e resoluções), políticas, planos e para alavancar modos e modelos de
programas, que requer efetivação. Dessa desenvolvimento econômico e mercados de
perspectiva, o objetivo deste trabalho foi consumo, o que pressupõe reflexões sobre
identificar aproximações entre a MRI e a as definições hegemônicas de economia e
DBG no âmbito do desenvolvimento turismo, galvanizadas por exigências
econômico, social e sustentável, a partir da ideológicas de crescimento. Estas anunciam
comunidade, da cultura e do turismo. progresso, prosperidade e empregabilidade,
A noção de território utilizada sem efetivas transformações da lógica da
ultrapassa a ideia de unidade político– relação capital-trabalho.
administrativa instituída e nos ajuda a O texto foi estruturado em seis
revelar elementos históricos, políticos, seções: (1) Introdução; (2) Economia da
identitários, de saberes e fazeres, Cultura e Turismo Criativo: normativas e
afinidades, tradições, memórias, modos de reflexões teóricas; (3) Metodologia; (4) O
organização, de vida e de poder Distrito de Braga e a Microrregião de
frequentemente desprezados pela Itajubá; (5) Economia da Cultura e Turismo
concepção hegemônica de Criativo: percepções dos gestores locais; (6)
desenvolvimento. Esses elementos culturais Considerações finais.
e criativos presentes nas dinâmicas locais
abrem possibilidades de pensar outras 2 ECONOMIA DA CULTURA E
perspectivas de desenvolvimento. TURISMO CRIATIVO:
Apesar dos esforços e efetivações de NORMATIVAS E REFLEXÕES
programas nacionais, estaduais e TEÓRICAS
municipais e de políticas públicas com
vistas a fomentar a cultura e o turismo O artigo 215 da Constituição
enquanto atividades econômicas, a Federal (BRASIL, 1988) estabelece o “[...]

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pleno exercício dos direitos culturais e Criar as condições para uma


acesso às fontes da cultura nacional” e Economia da Cultura (EC) depende do
afirma que o Estado “apoiará e incentivará estabelecimento de direitos e, como tal, o
a valorização e a difusão das manifestações Estado tem o dever de assumir o papel de
culturais”. Além da Constituição, a Emenda promotor das políticas sociais
Constitucional n° 48 (BRASIL, 2005) compensatórias e reparatórias para dirimir
reforça a garantia de direitos e diversidades discrepâncias e diferenças. Nesse sentido,
culturais a todos os povos. Esses campos compreende-se EC como um campo de
normativos reverberaram no Sistema disputa que inscreve a cultura como um
Nacional de Cultura (SNC) e no Plano vetor de desenvolvimento local, em que a
Nacional de Cultura (PNC). O artigo 2° do economia assume um papel não-
PNC apresenta os objetivos do plano, concorrencial e não-competitivo, de
desenvolvidos em três eixos: o simbólico, a geração de renda e promoção de formas de
cidadania e o econômico. Dos 30 incisos trabalho pautadas na cooperação entre
que compõem o artigo, destacam-se cinco: I pessoas–comunidades–grupos–
- reconhecer e valorizar a diversidade organizações, com potencial para
cultural, étnica e regional brasileira; [...] VII distribuição de riqueza (ALMEIDA, 2009;
- estimular o pensamento crítico e reflexivo REIS, 2009; SILVA; ARAÚJO, 2010).
em torno dos valores simbólicos; VIII - Por ser movimento político de
estimular a sustentabilidade organização coletiva, associativa e
socioambiental; [...] IX - desenvolver a solidária, sinaliza as fendas promissoras da
economia da cultura, o mercado interno, o articulação entre cultura e desenvolvimento
consumo cultural e a exportação de bens, para diálogos entre economia, turismo,
serviços e conteúdos culturais; X - criatividade e local, respaldados pelas
reconhecer os saberes, conhecimentos e memórias, identidades, saberes, fazeres,
expressões tradicionais e os direitos de seus histórias, pertenças das regiões e lugares,
detentores; [...] (PNC, 2010). matérias básicas que favorecem sentidos e
Em Portugal ainda não existe um significados à vida, ao viver e à natureza.
sistema ou plano nacional de cultura. Há Para que a cultura seja capaz de
movimentos para a institucionalização de promover autonomia é indispensável
Planos Estratégicos Municipais de Cultura priorizar um projeto político que questione
(PEMC), pautados pela elaboração de um a espinha dorsal do capitalismo e do
sistema, ainda em debate. A Constituição da crescimento econômico (a livre
República Portuguesa traz nos itens “3” e competição, a vitória do mais forte sobre o
“alinea b” dos artigos 73º e 78º a ideia de mais fraco e o lucro sem distribuição
fruição e criação cultural, com ênfase no simétrica). O saber contido nas técnicas e
artigo 90º da revisão constitucional (2005): fazeres das tradições é elemento que deve
ser preservado e passado de geração em
Os planos de desenvolvimento geração, dentro de um conjunto de sentidos,
económico e social têm por objetivo significados, significações e valores que
promover o crescimento económico, o conferem à cultura um enunciado de
desenvolvimento harmonioso e transformações emancipatórias, solidárias e
integrado de sectores e regiões, a justa coletivas.
repartição individual e regional do
produto nacional, a coordenação da O lugar de partida e de chegada não
política económica com as políticas deve ser a economia competitiva e
social, educativa e cultural, a defesa concorrencial, pois a economia
do mundo rural, a preservação do comprometida com a cultura deve
equilíbrio ecológico, a defesa do potencializar a alteridade, a diferença, a
ambiente e a qualidade de vida do
povo português (PORTUGAL, 1976). diversidade e se associar ao
desenvolvimento local, social, sustentável,

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com vistas ao bem viver e à preservação da MELLO; ZAMBONI, 2013). Daí porque a
natureza em toda a sua complexidade. A EC ainda é um campo aberto e em
cultura também é (re)elaboração e constituição. Como tal, carece de vigilância
(re)produção das coisas comuns da vida epistemológica, reflexão crítica constante,
(WILLIAMS, 1992), recurso de produção visto que a economia e o mercado não são
de bem cultural (YÚDICE, 2006). Nesse domínios exclusivos do capitalismo e, na
sentido, o local está sendo levado a propor disputa, a cultura se apresenta como
outros significados-ordenações-sentidos variável consistente.
para a produção, o consumo e a estrutura Para Godelier (2001), o segredo está
social. no dom caritativo – dar, receber e restituir -
Desenvolvimento, Cultura e no sentido da solidariedade e efetivo
Economia devem ser imbricados, em exercício do direito, sem restrições pautadas
oposição às concorrências, competições, pelo mercado ou pela exclusão por gênero,
individualização, lutas de todos contra raça ou classe. O dom não ficou retido nas
todos. Nos moldes em que têm sido sociedades chamadas de pré-modernas, ele
constituídas dentro da ordem sociopolítica e “[...]está presente em todos os campos da
socioeconômica vigente, inviabilizam vida social nos quais as relações pessoais
mecanismos de solidariedade e cooperação, continuam a desempenhar um papel
uma vez que potencializam processos de dominante” (GODELIER, 2001, p. 25),
exclusão por meio de “[...] um sistema condição ainda muito presente em
econômico que, para permanecer dinâmico municípios de pequeno porte, zonas rurais e
e competitivo, deve ‘enxugar’ as empresas, comunidades.
reproduzir os custos, aumentar a Da perspectiva posta, nada nos
produtividade do trabalho” (GODELIER, impede de imaginar outras formas de
2001, p. 7). desenvolvimento partindo do local–
A EC instiga a produção de regional, em concepções que apontem os
conhecimentos que não estão na ordem da princípios, valores e ditames da EC, stricto
vigência científica hegemônica e, em sensu, enquanto lugar de disseminação da
disputa, se predispõe forjar as estratégias de biodiversidade cultural, saberes-fazeres
enfrentamento da realidade imposta ao tradicionais em igualdade com o
local, às comunidades e às pessoas em conhecimento científico e a promoção de
situação de vulnerabilidade, especialmente equidade política e socioeconômica.
em municípios de pequeno porte e em zonas Nas interconexões entre
rurais. Investigações nesse sentido já desenvolvimento, economia, turismo e
apontaram a necessidade de facilitar a cultura, o projeto de Portugal se baseia nas
inversão do papel da economia para que seja definições e conceituações do Turismo
posta à serviço de distribuição igualitária de Criativo (TC) (TAN; KUNG; LUH, 2013;
renda e riqueza, promotora de acesso a RICHARDS, 2016; ZADEL; RUDAN,
todos e cooperação entre pessoas– 2019), caracterizado por experiências de
comunidades–grupos–organizações turismo em coparticipação e cocriação entre
(ALMEIDA, 2009; REIS, 2009; SILVA; comunidade e turista, com fundamento na
ARAÚJO, 2010). coletividade, sustentabilidade, cooperação,
Na EC vemos a criatividade, a confiança, segurança, troca, tradição e
solidariedade e a justiça social como pertencimento.
habilitações para a elaboração de outra Investigações efetivadas sobre a
plataforma econômica de desenvolvimento, realidade de municípios de pequeno porte e
a partir de movimentos locais e a partir da zonas rurais do norte de Portugal, analisada
base. Os caminhos alternativos serão sob a ótica da criatividade-território,
constituídos no campo das disputas da apresentaram questões pertinentes neste
cultura pelas forças em ação (PIMENTA; campo, as quais se destacam: (i) caminhos e

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oportunidades dos territórios menos preservação da história, memória, saberes,


urbanizados; (ii) diferentes papéis dos fazeres, identidades, identificações e
territórios rurais e urbanos diante dos patrimônio - material e imaterial - nas
processos e atividades criativas de geração dimensões ambiental, social e econômica.
de renda; (iii) modos sustentáveis de tornar Congruente com o desenvolvimento
os territórios atrativos para o TC social e sustentável, uma vez que se
(REMOALDO et al., 2020). predispõe ultrapassar a ideia de que
Essas constatações mostram que a somente uma minoria deve ocupar “[...] as
cultura, o local, a comunidade e a cabines espaçosas e confortáveis do convés
criatividade são primordiais para a da espaçonave Terra, enquanto a grande
materialização das propostas de maioria é condenada a uma vida miserável
desenvolvimento que considerarem o TC em pequeninas celas, tendo de trabalhar
uma atividade que confronta os modelos de duro para sobreviver precariamente”
exploração presentes nas sociedades (SACHS, 2012, p. 8), se pensado como
individualizantes. O TC confronta a lógica mercadoria, o TC não se posicionará como
do turismo convencional, centrada no alternativa ao modo de produção
conceito de crescimento econômico e de hegemônico.
exploração das atividades culturais nestes Ainda que se coloquem como
termos. Apresenta-se como um projeto de alternativas ao modelo hegemônico, o TC e
utilização e apreciação dos recursos a EC não estão imunes aos impactos e
turísticos de modo a potencializar a efeitos da massificação do turismo, frente
criatividade enquanto conceito holístico, aos processos ocidentais de
democrático, participativo e instrumento de homogeneização das culturas (HALL,
troca de saberes. 1997), o que não os deslegitimam como
Na proposta para uma agenda de possibilidades transformadoras das
investigação em TC, Duxbury e Richards experiências, lugares, comunidades, e de se
(2019) reconhecem ser este um nicho posicionarem na vanguarda das questões de
turístico tendo origem em dois parâmetros: geração de renda, sobrevivência,
(1) consequência do desenvolvimento do diferenças, alteridades e emancipações
turismo cultural; (2) oposição ao socioeconômicas, através da troca criativa,
surgimento do turismo de massa ou turismo imaginação, coparticipação nas suas formas
cultural de massas. Além desses elementos, de produção, o que lhe confere caráter
há vinculações explícitas entre turismo, distinto do processo industrial e da relação
conhecimento e cursos de formação, os capital versus trabalho.
quais incorporam experiências de
aprendizagens e tocam em dimensões 3 METODOLOGIA
subjetivas e psicológicas (vivências, afetos,
emoção, sensações). A produção dos dados desta
Sua efetivação pode provocar pesquisa foi realizada através de dois
transformações na, da, pela comunidade, caminhos e intencionalidades: (i)
dinamizando o desenvolvimento social, caracterizar as regiões estudadas através do
sustentável, sustentado, inclusivo e levantamento de dados socioeconômicos e
distributivo. Em suas definições demográficos; (ii) conhecer a concepção
incorporam as noções de rural, local, lugar, sobre o potencial de desenvolvimento local
tradições, culinária, modos de vida, no âmbito da EC e TC, a partir de
deslocadas do conceito de produto, entrevistas semiestruturadas com gestores
mercadoria e consumismo. No trajeto do públicos da MRI e inquérito com
TC, os efeitos dessas atividades se vereadores do DBG.
descolam dos aspectos predatórios da A escolha da MRI e do DBG deriva
indústria do turismo e visam fortalecer a do fato de haver elementos históricos e

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culturais similares, com a presença Estadual de Cultura (PECMG),


marcante do catolicismo e a estreita relação especificamente a respeito dos processos de
com as tradições e o mundo rural que geração de renda e EC. Em Portugal, foram
influenciam as manifestações culturais de entrevistados três vereadores de municípios
base local em ambas as regiões. Ressalta-se do DBG, com ênfase na compreensão sobre
que esta pesquisa está inserida em projetos TC. A escolha dos entrevistados ocorreu
mais amplos de pesquisa, desenvolvidos na dada à maior estruturação das políticas
MRI e no DBG desde 2016. locais no âmbito da EC e TC, ou seja,
Os dados secundários foram proximidade com a temática, além da
extraídos de bases censitárias divulgadas repetição argumentativa. A pretensão das
pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) entrevistas foi a de traduzir a concepção de
e Fundação Francisco Manuel dos Santos desenvolvimento local com base na EC e
(plataforma PorData.pt), no caso de TC em saberes e fazeres expressos nas
Portugal e do Instituto Brasileiro de tradições, identidades, valores e nas suas
Geografia e Estatística (IBGE), na expressões materiais e imateriais, sem
plataforma IBGE.Cidades, no caso do perder de horizonte a capacidade desses
Brasil. elementos de fomentar a geração de renda
Quanto à seleção dos dados nos municípios de pequeno porte e/ou
secundários, alguns esclarecimentos são comunidades locais.
necessários. O levantamento censitário As entrevistas na MRI foram
acontece de 10 em 10 anos nos dois países, realizadas entre julho e dezembro de 2017,
sendo que os próximos levantamentos totalizando 315 minutos de gravação, a qual
estavam previstos para 2021, em ambos. foi transcrita na integralidade. Todos os
Nesse sentido, as informações relevantes entrevistados assinaram o termo de
para esta pesquisa - população, densidade consentimento livre e esclarecido. Todas as
populacional, taxa de desemprego e ganho entrevistas foram agendadas previamente e
médio mensal per capita dos trabalhadores - foram realizadas no gabinete dos próprios
se encontram disponíveis na modalidade gestores. No DBG, os pesquisadores foram
estimativas e datam de 2017 (Brasil) e 2018 às Câmaras Municipais, apresentaram a
(Portugal). Além disso, os dados proposta de pesquisa, identificaram os
econômicos da MRI foram convertidos para vereadores e enviaram posteriormente os
euro, moeda da União Europeia, referentes formulários de inquérito, que foram
aos valores de compra no mercado de respondidos e devolvidos eletronicamente.
câmbio (R$ 3.9672 por 1.00 €) do Para preservar a identidade dos
antepenúltimo dia do ano (29.12.2017), entrevistados, seus nomes e respectivos
escolha feita dada à estabilidade da moeda municípios não foram mencionados. A
europeia. As informações foram elaboradas identificação será realizada com as iniciais
como dispositivo panorâmico que retrata a MI1, MI2, MI3, quando referirem-se aos
realidade e aponta a importância da cultura, entrevistados da Microrregião de Itajubá e
do turismo e do local na alavancagem do DB1, DB2, DB3, quando forem os
desenvolvimento regional e sinaliza as entrevistados do Distrito de Braga.
evidências sobre os aspectos do O conjunto de dados foram
desenvolvimento que os agentes deverão analisados sob as bases teórico-conceituais
considerar. de desenvolvimento no âmbito da EC e TC,
No Brasil, as entrevistas foram que ultrapassam as noções hegemônicas de
realizadas com três gestores públicos de que a cultura, o turismo e as políticas
municípios da MRI, com ênfase no Plano culturais devem voltar-se para o
Municipal de Cultura (PMC), normativas crescimento econômico como parâmetro de
do Sistema Nacional de Cultura (SNC), partida.
Plano Nacional de Cultura (PNC) e Plano

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4 O DISTRITO DE BRAGA E A imperador César Augusto, foi denominada


MICRORREGIÃO DE ITAJUBÁ de Bracara Augusta, com fundação datada
do ano 16 a.C. (BRAGA, 2020).
A região do Minho é constituída por Conforme ilustrado na Figura 1,
dois distritos (Braga e Viana de Castelo), trata-se de área de relevo acidentado a leste,
sendo o Distrito de Braga (DBG) composto nos limites da fronteira espanhola e no
por 14 municípios: Amares, Barcelos, distrito de Vila Real. Daí desenvolve-se até
Braga, Cabeceiras de Basto, Celorico de ao litoral ocidental do país (Oceano
Basto, Esposende, Fafe, Guimarães, Póvoa Atlântico), apresentando um relevo cortado
de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do por vales e rios de nordeste para sudoeste.
Minho, Vila Nova de Famalicão, Vila Neste território se encontram planícies,
Verde e Vizela. vales, serras, montanhas, rios e praias que
O município de Braga é sede do representam os recursos naturais. As
distrito. Sua fundação data de 1537 maiores altitudes estão na Serra Amarela
(GEOGERAL, 2020), mas a história do (1.361 m), Serra do Gerês (1.545 m) e Serra
povoamento ultrapassa 2.000 anos, sendo a da Cabreira (1.262 m), sendo entrecortado
mais antiga cidade portuguesa (BRAGA, pelo Vale do Rio Cávado, formando uma
2020). Sua dimensão histórica se rede hidrográfica que incorpora o Vale do
materializa em seus aspectos estéticos- Rio Homem e que deságua no Oceano
arquitetônicos, com influências romanas e Atlântico, no litoral de Esposende. Em parte
cristãs, presentes nos monumentos e igrejas, do seu território é também percorrido pelo
nomeadamente. Em homenagem ao Rio Ave e seus afluentes.

Figura 1 - Mapa do distrito de Braga-PT

Fonte: Mapas do Mundo, 2014.

Apresenta malha de transportes e de exemplo), com corredores rodoviários


circulação que interliga o distrito às inter-regionais de longa distância,
restantes regiões de Portugal e Espanha, autoestradas transversais (A7 e A11, por
circunscritas em autoestradas (A1 e A3, por exemplo), circulares e rodovias

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secundárias, bem como comboios (trens) A região se conecta às capitais de


comportados por uma rede férrea de Minas Gerais (Belo Horizonte), São Paulo e
transporte de pessoas e produtos. Em 2018, Rio de Janeiro através das rodovias Fernão
estimava-se que o DBG albergasse 827.717 Dias (BR 381) e Presidente Dutra (BR 116),
habitantes, correspondendo a uma respectivamente. Apresenta um sistema de
densidade populacional de 331,6 hab./km². transporte de pessoas e produtos com
A Microrregião de Itajubá (MRI) interligações com o sudeste brasileiro e
está situada na mesorregião do sul-sudoeste conexões com os demais estados do Brasil
de Minas Gerais (Figura 2), e é composta pelas rodovias federais (BR 381, 383 e 459),
por 13 municípios: Brazópolis, Consolação, estaduais (MG 173, 295 e 350) e municipais
Cristina, Delfim Moreira, Dom Viçoso, (EM).
Itajubá, Maria da Fé, Marmelópolis, Parte dela está inserida na Serra da
Paraisópolis, Piranguinho, Piranguçu, Mantiqueira, divisa com o Vale do Paraíba
Virgínia e Wenceslau Brás, tendo como paulista (SP) e ocupa a região de Mata
sede o município de Itajubá. Este é o Atlântica, formada por montanhas, serras,
município mais antigo, fundado em 1819 e cachoeiras, rios e ribeirões. Forma a bacia
historicamente influenciado pela hidrográfica do Rio Grande, composta pelos
colonização e cristianismo, de origem rios Lourenço Velho, Sapucaí, Sapucaí
portuguesa, visualizada em monumentos Mirim e Lambari, os quais se entrecruzam
coloniais, igrejas e festas devocionais por um conjunto de montanhas que
(IBGE. Cidades, 2018). alcançam altitudes acima de 2.000m.

Figura 2 - Mapa da microrregião de Itajubá-MG

Fonte: Pimenta et al. (2018, p. 16)

Moldam sua paisagem a Serra dos Marins (2.422m) e do Marinzinho


Toledos, a Pedra de Santa Rita (1.915m), o (2,393m), a Pedra Vermelha (1.400m), o
Pico dos Dias (1.864m), a sede do Pico do Machadão (1.600m) e o Pico da Boa
Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), Vista (1.399m) e, face à topografia
o Pico da Bandeira (1.683m), o Pico dos existente, se apresentam inúmeras quedas

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d’água no formato de cachoeiras e uma significativa densidade populacional


corredeiras, tais como: Estância, Peroba, na maioria dos municípios, com exceção de
Rio Manso (Itajubá), São Bernardo Terras de Bouro (23,2 hab./km²), Vieira do
(Piranguçu), Túnel (Delfim Moreira) e Véu Minho (55,2 hab./km²) e Cabeceiras de
da Noiva (Maria da Fé). Bastos (65,2 hab./km²). Destaca-se, mais
As realidades dos dois territórios uma vez, o município de Braga (990,5
evidenciam distintos processos de hab./km²) com a maior densidade
organização social e permitem diversas populacional.
possibilidades de prospecção, avaliações e No indicador de pessoas em idade
encaminhamentos para: (i) identificar as ativa (posição de ocupar posto de trabalho),
correlações e concepções efetivadas por o distrito atinge a média de 68,2%, sendo o
aqueles que atuam como agentes de município de Vizela o que apresenta
desenvolvimento; (ii) apontar as estratégias resultado mais elevado (72%) e Terras de
públicas e privadas de desenvolvimento, Bouro o que se posiciona no outro extremo
políticas sociais de distribuição de renda e (62,7%). A taxa de desemprego é similar em
geração de emprego e caminhos todos os municípios, mas é mais acentuada
alternativos ao desenvolvimento; (iii) criar nos municípios cerranos [Vieira do Minho
espaço para a reflexão sobre a relação entre (8%), Cabeceiras de Basto (7%), Celorico
desenvolvimento, EC e TC, com a devida de Basto (7%) Fafe (7%) e Terras de Bouro
ênfase nas dimensões do local. (7%)]. A renda média mensal atinge algo
Em 2018, estimava-se que o DBG em torno de 882,27 € (euros), com destaque
(Tabela 1) albergasse 829.717 habitantes, para o município de Braga (1.077,0 €) e o
destacando-se o município de Braga de Vila Nova de Famalicão (1.037,0 €).
(181.651 hab.) e Terras de Bouro (6.448 Cabeceiras de Bastos (772,0 €) apresenta o
hab.), apresentando o maior e o menor valor mais baixo. O salário-mínimo
número de habitantes do distrito, nacional de referência era de 635,00 €
respectivamente. Esse território (PorData, 2018).
correspondia a 2.706,4 Km², demarcado por

Tabela 1 – Indicadores socioeconômicos do distrito de Braga-PT


ou Renda per capita (2018)
Densidade Populacional

Taxa de Desempregado
Distrito de Braga / PT

dos Trabalhadores (€)


Ganho Médio Mensal
Extensão / Superfície

População em Idade
– Hab./km² (2018)

Ativa (%) (2018)

Ano de Criação
(nº e %) (2018)
Municípios do

População
(2018)

(Km²)

Amares 18.889 82,0 221,2 68,5 570 (5) 882,0 1514


Barcelos 116.769 378,0 308,2 69,6 2.397 (3) 912,0 1166
Braga 181.651 183,4 990,5 69,2 6.832 (5) 1.077,0 1537
Cabeceiras de
15.759 241,8 65,2 67,6 790 (7) 772,0 1514
Basto
Celorico de
19.131 181,1 105,7 67,9 877 (7) 764,0 1520
Basto
Esposende 34.017 95,4 356,5 68,7 763 (3) 922,0 1572
Fafe 48.424 219,1 221,0 68,3 2.163 (7) 828,0 1513
Guimarães 153.043 241,0 635,0 69,6 5.954 (6) 945,0 1096

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ou Renda per capita (2018)


Densidade Populacional

Taxa de Desempregado
Distrito de Braga / PT

dos Trabalhadores (€)


Ganho Médio Mensal
Extensão / Superfície

População em Idade
– Hab./km² (2018)

Ativa (%) (2018)

Ano de Criação
(nº e %) (2018)
Municípios do

População
(2018)

(Km²)
Póvoa de
21.455 134,7 159,3 68,7 886 (6) 840,0 1292
Lanhoso
Terras de
6.448 277,5 23,2 62,7 278 (7) 870,0 1514
Bouro
Vieira do
11.598 216,4 55,2 65,7 631 (8) 806,0 1514
Minho
Vila Nova de
131.824 201,6 653,9 69,3 3.767 (4) 1.037,0 1205
Famalicão
Vila Verde 46.909 228,7 205,1 67,4 1.303 (4) 851,0 1855
Vizela 23.800 24,7 963,6 72,0 828 (5) 843,0 1361
331,6 5,5 882,07
Total 829.717 2.706,4 68,2 ----
(média) (média) (média)
Fonte: Dados de pesquisa (INE, 2018; PorData.pt, 2018)

Em linhas gerais, o DBG apresenta destacando questões sociais ligadas à


caraterísticas urbanas, mantendo relativa pobreza, ao desemprego e à violência.
proximidade com suas características rurais A Tabela 2 apresenta os indicadores
e tradicionais, principalmente nos socioeconômicos da MRI. A população foi
municípios de pequeno porte, acumulando estimada em 197.606 habitantes, sendo o
conjuntos histórico-patrimoniais-culturais, município de Itajubá (sede) o mais populoso
materiais e imateriais representativos, em (96.869) e Wenceslau Braz o que possuí
grande medida herdados desde as suas menos habitantes (2.552). A extensão
fundações. A estabilidade do percentual da territorial atinge uma área de 2.984,831
população economicamente ativa e a taxa Km², tendo o município de Delfim Moreira
de desemprego relativamente baixa 408,473 km² e Consolação 89,122 km². A
aparentam equilíbrio entre os vários grupos média da densidade populacional dos
socioeconômicos, o que não pressupõe municípios da microrregião era de 73,67
ausência de desigualdades ou de problemas hab./km², em 2019, sobressaindo Itajubá
sociais, fato assinalado na pesquisa de Silva (307,49 hab./km²). Na conversão da moeda
(2019) ao tratar dos modos de vida e formas brasileira para a da União Europeia
de habitar nas cidades do Porto e de Braga, observa-se melhor comparação entre os
dois territórios.

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Desenvolvimento, Economia e Turismo: diálogos entre o Sul de Minas Gerais (Brasil) e o Minho (Portugal)
Development, Economy and Tourism: dialogues between the South of Minas Gerais (Brazil) and Minho (Portugal)

Tabela 2 - Indicadores socioeconômicos da microrregião de Itajubá-MG

População em Idade Ativa (2017)


Extensão / Superfície (km²)

de Trabalho, 2017 (nº e %)

Ganho Médio Mensal dos


Trabalhadores (Euro) ou
População com Contrato
Densidade Populacional

renda per capita (2017)


– Hab./km² (2019)
População (2019)

Ano de Criação
Municípios

1.523
Brazópolis 14.459 367,688 39,87 7.168 2.813,72 1911
(10,2)
Consolação 1.783 89,122 19,67 872 179 (9,9) 3.406,30 1963
Cristina 10.242 311,330 32,79 5.035 1.469 (14) 4.368,46 1850
Delfim
8.025 408,473 19,51 862 (10,5) 2.922,71
Moreira 3.860 1868
Dom Viçoso 3.001 113,921 241,2 1.273 278 (9,0) 2.496,00 1953
28.135
Itajubá 96.869 294,835 307,49 44.901 7.824,01 1819
(29,0)
1.498
Maria da Fé 14.095 202,898 70,06 6.693 2.742,75 1912
(10,3)
Marmelópolis 2.755 107,902 27,51 1.202 317 (10.9) 2.690,31 1962
4.964
Paraisópolis 21.083 331,238 58,5 9.830 6.968,49 1873
(23,7)
Piranguçu 5.472 203,619 25,62 2.542 569 (10,3) 2.431,54 1963
1.057
Piranguinho 8.596 124,803 64,23 3.924 2.980,55 1962
(12,3)
1.343
Virgínia 8.674 326,515 26,41 3.956 3.021,10 1911
(15,1)
Wenceslau
2.552 102,487 24,91 245 (9,7) 2.510,03
Braz 1.033 1962
73,67 42.441 3.627,36
Total 197.606 2.984,8 92.289 ----
(Média) (13,4) (Média)
Fonte: Dados de pesquisa (IBGE, 2017; IBGE, 2019).

Explicita-se que a renda per capita com o valor mais baixo (278 ou 9,0%). Vale
da microrregião resultou em 3.627,36 € a pena considerar que o salário-mínimo no
(2017), com números mais elevados nos Brasil era de R$ 937,00, ou seja, de 236,18
municípios de Itajubá (7.824,01 €) e € (dezembro de 2017).
Paraisópolis (6.968,49 €), tendo Piranguçu As questões sociais não são as
a menor média (2.431,54 €). Os mesmas nos dois territórios em estudo, nem
trabalhadores em posição de ocupar posto na forma e constituição, uma vez que as
de trabalho representam o equivalente a realidades territoriais são distintas,
92.289 pessoas, entre a população ocupada fundamentalmente, nas desigualdades de
e desocupada. Quando se consideram os classes e nos problemas sociais. Andrade e
ocupados, os índices de desemprego Ferreira (2013) levantaram questões sobre a
correspondem a 42.441 pessoas, isso é, em microrregião de Itajubá no que concerne à
torno de 13,4% da média da microrregião. linha de pobreza, à população
As diferenças mais assinaláveis aparecem economicamente ativa, ao desemprego e à
nos municípios de Itajubá (28.135 ou ruralidade dos municípios.
29,0%) e de Paraisópolis (4.964 ou 23,7%), No tocante à pobreza e ao
com maiores índices, e em Dom Viçoso, desemprego, ocorreu o agravamento desses

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fenômenos na MRI a partir de 2016, A Tabela 3 apresenta a distribuição


constatação efetivada em Oliveira e dos recursos orçamentários. Os
Pimenta (2019), mas há o fortalecimento de investimentos na cultura são um indicativo
um conjunto de práticas alternativas de da importância, em maior ou menor grau,
geração de renda, quer sejam no mercado atribuída a determinados setores da
informal ou nos serviços, confecção de sociedade (relação do orçamento e gastos
produtos, arte e artesanato de caráter com a cultura). A MRI tem menos
familiar ou associado. habitantes que o DBG e gera receitas
orçamentárias inferiores.

Tabela 3 - Orçamento / Gastos municipais com a Cultura e Desporto


Orçamento Gastos- CD Orçam. Gastos- CD
(Milhões) (%) (Milhões) (%)
DBG 2018 2018 MRI 2017 2017
Amares 14.563,2 6,6 Brazópolis 8.190,29 0,8
Barcelos 56.289,5 13,0 Consolação 3.050,90 0,8
Braga 94.171,8 19,4 Cristina 6.027,90 0,7
Cabeceiras de
13.962,5 4,0 4.636,19 0,8
Basto Delfim Moreira
Celorico de Basto 13.521,0 15,3 Dom Viçoso 3.206,89 0,5
Esposende 19.687,6 9,8 Itajubá 58.373,86 0,6
Fafe 31.002,8 10,3 Maria da Fé 8.287,39 0,7
Guimarães 83.296,7 13,3 Marmelópolis 3.106,48 0,7
Póvoa de
18.360,1 10,8 11.572,69 1,0
Lanhoso Paraisópolis
Terras de Bouro 9.158,6 4,6 Piranguçu 3.866,60 0,6
Vieira do Minho 11.476,2 4,0 Piranguinho 5.288,16 1,0
Vila Nova de
81.522,1 14,6 5.483,01 0,5
Famalicão Virgínia
Vila Verde 27.875,6 8,1 Wenceslau Braz 3.049,50 0,5
Vizela 11.236,0 8,1 ----- ---- -----
Fonte: Dados de pesquisa (INE, 2018; PorData.pt, 2017; IBGE, 2017).

Itajubá (58.373,86 €) e Braga no âmbito de atividades criativas (turismo,


(94.171,8 €) registram os maiores economia criativa e cultura). Denunciam,
orçamentos e estabelecem distintas também, que os municípios conservam nos
relevâncias à cultura, em termos de seus domínios territoriais elementos de
alocação de recursos, pois todos os cultura, material e imaterial, e recursos,
municípios da MRI orçam índices abaixo de naturais e arquitetônicos, que são de
1%, à exceção do município de elevado valor.
Paraisópolis, em que o orçamento chega a Diante do apresentado e com vistas
1%. No DBG, o orçamento é mais elevado, a apoiar o desenvolvimento pautado nos
embora este esteja conjugado com o princípios da EC e do TC, algumas
desporto. Mesmo assim, não deixa de ser considerações são necessárias: (a) os
indicativo de maior preocupação com a territórios analisados baseiam-se nas noções
cultura, visto que os dados ilustram a de crescimento econômico e progresso em
realidade e confirmam que o poder público seus projetos de desenvolvimento, mas
(e agentes privados) têm um papel de podem também promover outros caminhos
relevância na alavancagem de alternativas de superação da realidade socioeconômica
de desenvolvimento local, nomeadamente existente; (b) os números identificados, que

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são expressão de crescimento econômico, Essa aprendizagem está contida nas


não se traduzem em distribuição dos dinâmicas das agendas de desenvolvimento,
recursos de forma equilibrada e não cimeiras e acordos advindos de
impactam, de forma específica, na organizações como a Organização das
diminuição da informalidade, da Nações Unidas (ONU), Organização das
precarização do trabalho e do desemprego; Nações Unidas para a Educação, a Ciência
(c) as escolhas de caminhos para o e a Cultura (UNESCO), a partir de seus
desenvolvimento parecem ignorar a financiamentos, projetos e orientações que
dimensão da ruralidade dos territórios e estabelecem pautas, ações, objetivos e
fazem uma opção estratégica por políticas metas. Nesse sentido, as políticas culturais,
de desenvolvimento que privilegiam os instrumentalizadas pela EC e o TC, trazem
processos de industrialização, inclusive prospecções, práticas e normatizações na
quando se pensa o rural; (d) a valorização direção dos Objetivos de Desenvolvimento
da cultura, identidades e saber-fazer do Sustentável (ONU, 2015).
local sugerem ser opções para a formatação O domínio das linguagens da
de outras plataformas de desenvolvimento, racionalidade normativa proposta não
as quais devem incorporar a realidade local pressupõe entendimento dos princípios
e elementos que apontem para a contidos no sustentável, em contraposição
preservação das tradições. às idealizações de ordem, progresso,
A despeito disso, tanto o DBG crescimento econômico, competição,
quanto a MRI trazem elementos que concorrência e vitória do mais forte sobre o
permitem imaginar plataformas de mais fraco. Aliás, dentro do jogo das
desenvolvimento que incorporem as relações de forças no campo da disputa da
cidades de pequeno porte, ruralidades, cultura (economia, turismo, local, tradições,
tradições, artefatos populares, artesanato, estilo de vida), o mercado, o
cultura local, associativismos, cooperativas, empreendedorismo e a meritocracia, de
trabalhos coletivos, trocas, solidariedades e caráter privado e empresarial, formatam o
criatividades. As informações de campo imaginário mental do gestor público.
indicam possibilidades para a articulação A EC e o TC são apresentados como
entre Desenvolvimento Local, Economia da instrumentos de alavancagem do
Cultura e Turismo Criativo. desenvolvimento local. Na voz do gestor
público MI2, ao citar trechos do PMC do
5 ECONOMIA DA CULTURA E município, traz a compreensão de que o
TURISMO CRIATIVO: turismo dentro da EC:
PERCEPÇÕES DOS GESTORES
LOCAIS [...] em todas as possibilidades e
sentidos que a acepção do termo
Os dados produzidos a partir das oportuniza, como o fomento,
entrevistas demonstraram que o gestor preservação, criação, produção,
público se apropriou das palavras formação, fruição, difusão, além da
EC, que constitui o direito
desenvolvimento, sustentabilidade, EC, TC, fundamental do ser humano. Além
indústria criativa, valorização das tradições, disto, o setor deve ser entendido,
desenvolvimento de base comunitária como enquanto agente produtivo e atuante,
potencial de desenvolvimento local dentro como um vetor de desenvolvimento
de um sistema de políticas que envolvem econômico e um dos elementos
propiciadores de inclusão social [...].
associações, cooperativas, produtores É um fator de importância histórica e
culturais, agentes do desenvolvimento, mas econômica que gera vínculos, inclusão
sem o devido distanciamento das social e riquezas” (MI2, 2017).
concepções de crescimento econômico.

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Ao enunciar a sua concepção de um motor de desenvolvimento (DB1,


desenvolvimento e cultura, no contexto do 2017).
PMC, MI2 reconhece elementos básicos da
cultura local como potencial de inclusão O desenvolvimento está alocado aos
social e geração de renda. Destaca, ainda, territórios em forma de prospecção, projeto
um elo de oportunidades e normativas para ou pretensão, estimulado por instâncias
o desenvolvimento local, reconhecido como normativas e ênfase na EC (MRI) ou TC
meta, com a necessidade de garantir a (DBG). Nas relações de força, questões
preservação dos equipamentos públicos, precisam ser explicitadas: a baixa
recursos naturais, patrimônio histórico, participação da comunidade;
manifestações culturais e tradições, tendo empreendedorismo versus práticas
em vista que coletivas; associações e cooperativas versus
A cultura tradicional [...] está micro negócios empresariais; gestores de
concentrada nas comunidades e projetos ou participação coletiva na
associações de bairros onde se
construção de propostas democráticas.
encontram as folias de reis, a dança da
catira, a capoeira, o maracatu, a viola Essas questões foram apontadas
caipira, as congadas, as comidas pelos gestores e observadas durante as
típicas, artes visuais, dentre outras. investigações. Estes tendem a determinar a
Essas artes e culturas merecem um cultura como um fenômeno associado a
estudo mais aprofundado de
eventos (festas, espetáculos, feiras literárias
documentação e registro permanente
do patrimônio imaterial (MI2, 2017). e datas comemorativas) que atraem o
turista, e são geradores de retornos
econômicos para o município. Relata MI3:
A configuração normativa do
município, por si, representa um avanço [...], hoje, principalmente, pelos
face às políticas culturais da microrregião. eventos culturais, o retorno tem sido
No entanto, aparece limitada às dinâmicas muito grande. [...] um evento [...] de
do desenvolvimento implicado com o cinco dias beneficia não só o
crescimento econômico. Não basta o município, como os municípios
vizinhos [...] então você pega um
reconhecimento da necessidade de resgatar, evento onde quinze mil pessoas
registrar, mapear e preservar os bens passam por um município que tem dez
culturais para inúmeros fins, mas importa mil habitantes, então você vê o
ter presente como irá afetar, envolver, impacto que causa, no comércio, em
beneficiar e transformar a comunidade todo trecho turístico: restaurantes,
mercados, farmácias, hospedarias
local. (MI3, 2017).
No DBG, também há o
reconhecimento do papel das comunidades
e associações como motor do Na lógica do mercado, do Estado ou
desenvolvimento. Para DB1, o da parceria público-privado, ressalta-se que
envolvimento se dará através das o discurso de ordem assenta em
prerrogativas pautadas pela cidadania,
[...] associações recreativas para a direitos, acesso à cultura, participação,
dinamização das atividades, a elegibilidades e representações,
promoção de pequenas redes de transparências, caracterizadas em valores
comércio local, revitalização de intrínsecos da democracia. É possível que
práticas tradicionais […] todas as
propostas pressupõem a ligação com a
pelo excesso de afazeres e a falta de
comunidade local, aos mais diferentes estrutura (recursos humanos, econômicos,
níveis. [...] acreditamos ser possível políticos e simbólicos), tais estratégias de
contribuir para a revitalização de artes ação tenham dificuldades de superar
e ofícios e, ao mesmo tempo, tal ser caminhos que fujam das dinâmicas do

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mercado. Na avaliação de DB1 fica Os valores subjacentes dão forma às


evidenciado que o TC fomenta a economia, pretensões do planejamento político do
pois desenvolvimento e este permite
determinada interpretação da realidade, por
a valorização da identidade local, pela intermédio de discursos que conjugam
manifestação partilhada e unidade e origem aos enunciados, num
revitalização dos seus costumes, será mesmo foco e quadro de coerência
um dos maiores benefícios deste (FOUCAULT, 1996). Noutros termos, as
projeto. Para além destes, os
disputas se travam em todas as dimensões.
benefícios económicos diretos
associados a cada atividade permitem Contudo, a dinâmica das relações de força
trazer complementos monetários não circunscreve-se ao campo político,
sazonais que destas atividades para a essencial para estabelecer o quanto e de que
comunidade local, e dinamizar tipo de social, sustentável e participativo se
indiretamente todo o tecido turístico
compõem dentro das articulações e acordos
da área circundante, que será também
influenciada por esta dinâmica (DB1, firmados.
2017). No contexto desses territórios, a
participação da comunidade é um requisito
chave para o sucesso do desenvolvimento
DB1 olha para o TC como motor de local, pela via da EC ou TC. A comunidade
desenvolvimento local. Enfatiza a tem sob sua guarda os saberes
experiência criativa associada à relação (conhecimentos), os fazeres (técnicas), a
entre turista, turismo e comunidade, memória (domínio da história) e
considerando que: identidades (experiências concretas que
formatam as tradições), as quais devem dar,
O partilhar com quem nos visita da receber, retribuir, partilhar determinados
nossa identidade poderá contribuir conhecimentos (ou guardar em segredo,
para criar novas sinergias localmente quando for o caso), no sentido do enigma do
e servir como um projeto-piloto na
dom (GODELIER, 2001).
área do TC, com possibilidade de ser
replicado noutros territórios [...]. A A sobreposição entre
promoção e divulgação do projeto, desenvolvimento, economia e turismo
nomeadamente a nível internacional, preconiza emprego e geração de renda.
será uma alavanca para todo o projeto, Assume um conjunto de princípios
não só pela visibilidade que
pautados pela autonomia do processo de
poderemos atingir, mas também pela
atração do público para estas trabalho, atividades coletivas e solidárias
atividades (DB1, 2017). (associações, cooperativas e movimentos
populares), acesso universal a direitos e
garantias, participação, elegibilidade e
No entrecruzamento entre as representação, transparência, mediadas
orientações normativas e as pelas elaborações de base comunitária.
intencionalidades dos gestores face a As perspectivas mais arrojadas de
implementação de outras plataformas de desenvolvimento pressupõem superar
desenvolvimento, as práticas levantadas em idealizações de crescimento econômico.
campo não ultrapassam as crenças no Apresentam-se como possibilidade à
crescimento econômico, posto que estão mitigação da exclusão social, expressa em
ancoradas nos valores subjacentes – desigualdade de renda e desemprego,
justificativas e fundamentações implícitas, através de trajetos conceituais
subentendidas, que subsidiam as indisciplinados que visam fazer da cultura
compreensões das proposições – que um potente motor de superação das lógicas
determinam a centralidade nos processos de socioeconômicas de luta de todos contra
desenvolvimento. todos.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS movimentos sociais de geração de renda e


emprego.
Como enunciado na introdução, as A valorização de saberes, fazeres,
diferenças apontadas nos territórios não tradições e criatividade ligada às dimensões
tinham a pretensão de realizar uma do local evidenciam o potencial de
investigação comparada, razão da desenvolvimento não como uma totalidade
abordagem assumir caráter exploratório e regional de progresso e pujança industrial-
panorâmico, cuja reflexão trouxe o desafio tecnológica, mas pelas particularidades da
de correlacionar desenvolvimento local, EC cultura inscritas nos territórios, o que os
e TC, identificando os diálogos possíveis unifica e distingue uns de outros pelas
entre as realidades da Microrregião de semelhanças identitárias, trocas, valores,
Itajubá (Brasil) e do Distrito de Braga padrões culturais e relações interpessoais.
(Portugal). A ruralidade e laços comunitários,
Guardada a semelhança da língua, que lhes são inerentes, se encontram
festas religiosas, edificações, monumentos, recalcados pela busca de progresso
as diferenças de organização social dos econômico, limitando-os enquanto
territórios (política, econômica, cultural, potencial de desenvolvimento. Por outro
geográfica, demográfica, simbólica, moral) lado, a cultura se transforma em elemento
se refletem nos modos normativos e de disputa nas relações de força entre
discursivos dos municípios estudados. mercado, estado, ideologia política, agentes
Os elementos da história dos de desenvolvimento, porém, privilegia o
municípios da MRI e do DBG fornecem protagonismo à comunidade como vetor de
robustez às pretensões do desenvolvimento desenvolvimento por estratégias que
local, traduzidas em artefatos, técnicas, envolvem preocupação com o social,
saberes, inclusões e partilhas e pressupõem sustentabilidade e distribuição de renda. Em
qualificação dos processos de constituição linhas gerais, o distanciamento entre o
de traçados econômicos que envolvam idealizado e o efetivado requer do local e
comunidades, coletivos, solidariedades, das comunidades muitas lutas, diariamente.
trocas, tradições, experiências e lugares,
preconizando a cultura como elemento REFERÊNCIAS
central à transformação de municípios de
pequeno porte e zonas rurais, com apelo de ALFA DJAU, Mamadu; ROLDAN,
fixação das pessoas no território. Vivianne Pereira Salas; CABRAL,
Na abordagem aos territórios ficou Augusto Cézar de Aquino; SANTOS,
evidente os distanciamentos entre o Sandra Maria dos; PESSOA, Maria Naiula
instituído e o praticado, o que não inibe Monteiro; MELO, Francisco Vicente
exemplos promissores do protagonismo Sales; MELO, Sonia Rebouças da Silva.
político da comunidade à frente desses Artesanato de Renda de Bilro e
processos. Nesse sentido, é importante Desenvolvimento Local: uma análise do
superar a baixa participação da Processo de institucionalização da
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83-103.

i Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). Doutor e mestre em Ciências Sociais pela PUC/SP. Professor do Instituto de

Engenharia e Gestão de Produção (IEPG). Av. B.P.S., 1303, Pinheirinho, 37500-903, Itajubá, Minas Gerais, Brasil.

Universidade do Minho (UMinho). Doutora em Geografia Humana. Professora do Departamento de Geografia (ICS) e
ii

Lab2PT. Campus de Gualtar, 4710-057, Braga, Portugal.

Universidade do Minho (UMinho). Doutor em Ciências Humanas e Empresariais. Professor do Departamento de Economia
iii

da Escola de Economia e Gestão (EEG) e NPE. Campus de Gualtar, 4710-057, Braga, Portugal.
iv Universidade Federal de Lavras (UFLA). Doutora em Administração. Pesquisadora do Núcleo de Estudos Transdisciplinares

(LETRA). Caixa Postal 3037, Lavras, Minas Gerais, Brasil.

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