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1 4922440212396638819
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Editora Monergismo
SCRN 712/713, Bloco B, Loja 28 — Ed. Francisco Morato
Brasília, DF, Brasil — CEP 70.760-620
www.editoramonergismo.com.br
1ª edição, 2019
Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
Sou grato aos meus pais, Marly e Enilton, pelo encorajamento, oração e
suporte durante a escrita dessa obra e ao longo da minha vida. Agradeço aos
meus sogros, Roberto e Gislaine, e à minha cunhada Roberta, por serem
ávidos pensadores e por sempre terem-me apoiado durante a elaboração
desse livro. Muito obrigado!
Espero que esta obra contribua para que o rico legado do pensamento
dooyeweerdiano, ou reformacional, seja entendido em seus contornos
básicos e relevância para o contexto brasileiro, auxiliando a igreja nacional
a apresentar um testemunho fiel, informado e maduro, do senhorio de Cristo
sobre todas as coisas.
Assim, o prefixo pós tem se tornado um lugar comum nas reflexões que
envolvem teoria social, filosofia e, por que não, até mesmo teologia.
Viveríamos, dessa maneira, na era do pós: pós-tradição, pós-industrial, pós-
cristã, pós-binária, pós-colonial, pós-humana, etc. Entretanto, para que se
empregue este prefixo, é necessário dizer algo sobre o termo mais famoso a
que é apenso: modernidade. Parece-me que este é um ponto nevrálgico para
qualquer cristão que queira empregar na reflexão em ciências humanas uma
perspectiva coerente com sua fé.
Dessa forma, assim como diferentes teorias tentam dar conta do presente,
mobilizando uma série de elementos, como ideias, imagens, mitos e
narrativas, o passado também é um “campo de batalha” teórico. Como você
acha que Napoleão interpretaria sua campanha se tivesse vencido a batalha
de Waterloo? Pense num exemplo contemporâneo, como o processo
de impeachment da ex-presidente Dilma Roussef. Processo legítimo e
democrático ou golpe parlamentar? O fato bruto do impeachment não muda,
mas nossa interpretação dele terá seu sentido informado por nossa visão de
mundo.
Espero que meu ponto já esteja claro. Contudo, ei-lo de outra forma: nossa
visão da história não é neutra. Esse é um ponto central da crítica de Herman
Dooyeweerd à modernidade: sua pretensa neutralidade. Sendo assim,
qualquer interpretação da modernidade será informada por uma narrativa
maior ou, se preferirmos, uma cosmovisão, seja ela qual for.
Em terceiro lugar, um motivo por que decidi incluir uma reflexão sobre a
modernidade no capítulo inicial está ligado à possibilidade de a filosofia
reformacional de Dooyeweerd municiar aqueles que trabalham no campo das
humanidades com categorias teóricas robustas de pensamento, que consigam,
desde uma perspectiva cristã, lançar luz sobre o famoso binômio
modernidade/pós-modernidade.
A dimensão epistemológica
Racionalização
Apesar do que foi dito até aqui, a modernidade não pode ser circunscrita
exclusivamente ao processo de racionalização. Proceder dessa maneira seria
incorrer no erro de identificar a modernidade com sua ideologia, com a ideia
pretensiosa de que as “luzes” da França vieram iluminar a “escuridão”,24 e
que a queda da Bastilha e o ideal dos revoltosos fora o único ideal
verdadeiramente moderno ocorrido na história.
O ideal de progresso
Todavia, como bem apontou Kumar: “Será que é realmente possível pensar
no mundo moderno sem considerar que ele é industrial?36” Se fosse
necessário pensar em outra imagem do mundo moderno, imaginar-se-ia uma
fábrica mecanizada, com uma máquina a vapor funcionando constantemente.
Aliado ao ideário político liberal, o século XIX pode ser pensado como o
século do ápice da crença no progresso humano por intermédio da razão. Tal
racionalidade precisava ser expressa, entretanto, pelo método científico
moderno, cuja validade epistemológica passou a substituir todas as demais
formas de conhecer. Não à toa, é nesse contexto que surgem, por exemplo, as
ciências sociais, como a sociologia e a antropologia. Inicialmente, ambas
mostram sérias reservas e até certa animosidade contra a filosofia, na
medida em que esta não teria valor científico. Expressão disso é a defesa
que Augusto Comte59 faz de um estado científico (positivo) mais elevado,
em contraposição aos estágios anteriores menos desenvolvidos, como
o religioso e o filosófico. Outro exemplo é o ideal de Marx de
um socialismo científico, em oposição a um socialismo idealista. Esse
século ainda viu Feuerbach, Darwin, Durkheim, Engels, Boas, entre outros.
Nesse sentido, uma das marcas características do século XIX foi o ideal
moderno de ciência, expresso na separação entre fé e razão e na tentativa de
diminuir a influência do cristianismo em áreas da vida pública na Europa,
como na cultura e na política.
Nessa direção, uma filosofia que tivesse como ponto de partida a razão
autônoma per se desconsideraria um aspecto central da antropologia
humana: a presença do pecado. Por isso, com este estrato teológico, o
projeto de uma filosofia cristã teria seu espaço, diferenciando-se, entretanto,
do escolasticismo.
Dessa forma, a filosofia não poderia optar por um dos termos dessa relação
antitética como ponto de partida na investigação da estrutura da realidade.
Para o autor holandês, seria impossível estabelecer — como ponto de
partida, à maneira de Kant — uma relação dialética de oposição entre a
razão (aspecto lógico) e a realidade ou experiência comum por um motivo
fundamental: essa oposição (antítese) é uma abstração puramente
teórica.84 De acordo com Dooyeweerd, a única antítese presente na
realidade é a antítese religiosa. Sendo assim, ele dirige suas críticas à ideia
de uma dialética que dissolva qualquer ideia ou valor absoluto, o que
constitui uma crítica a um dos principais elementos da filosofia ocidental,
cuja herança é grega.
Alguns apontamentos
Filosofia e cristianismo
Uma proposta cosmonômica aponta para uma ordem cósmica, cujo sentido
— ordem e/ou lei — é dádiva. Em outras palavras, o fundamento
do cosmo está fora dele, no criador. Por esse motivo, o filósofo holandês
afirma que o Deus criador é a arché ou a origem da própria busca humana
pelo sentido do todo.101 “Uma visão da totalidade não é possível à parte de
nossa visão de origem ou da ἀρχή [...]”.102 Por isso, o impulso natural do ser
humano seria o de orientar o coração — entendido em Dooyeweerd como o
centro religioso humano, a partir da concepção hebraica de coração — a um
absoluto, na medida em que esta é a lei do cosmos, daí o conceito de
cosmonomia.
Isso seria nada menos que uma admissão irrestrita do teísmo cristão como ideia de origem e
ordem cósmica; não do teísmo no sentido aristotélico-tomista, propriamente, mas no sentido
calvinista: [...] Deus soberano, princípio da ordem cósmica, além de toda lei — mas sustentador
de todas as leis, transcendente e distinto de todas as criaturas, e de todas as esferas da nossa
experiência temporal.103
Ontologia modal
A ilustração que ele usa para explicar esse sistema parte da premissa de que
a realidade é significado, haja vista ser uma doação do Criador. Tal
significado é como a luz do sol refratada em um prisma, adquirindo
diferentes cores e nuances, mas advindos da mesma fonte. “A ordem
temporal de nosso mundo experiencial é como um prisma, que refrata ou
dispersa a luz do sol em uma rica diversidade de cores. Nenhuma dessas
cores, entretanto, é a própria luz.”110
O ser humano vivencia esse significado de diferentes modos, sem
diferenciá-los qualitativamente antes da abstração teórica. “Para cada
aspecto, leis ou normas particulares são encontradas.”111 Essa analogia
explica como a soberania de Cristo se expressa no mundo. Deus tem uma
única vontade, perfeita e coerente. Porém, quando sua vontade “atravessa” o
prisma do tempo, ela se expressa em diferentes leis. Cada lei, na criação de
Deus, pode ser comparada a uma das cores do espectro de luz.112
Para Dooyeweerd, todavia, esses aspectos não encontram sua fundamentação
uns nos outros — não são meros epifenômenos — e não podem ser
reduzidos uns aos outros, constituindo-se o que ele denominou
de irredutibilidade dos aspectos.113 O que, sem dúvida, é um paralelo com a
ideia de Kuyper da soberania das esferas, agora potencializado numa
explicação filosófica. Esses aspectos seriam a expressão da própria ordem
do tempo, que encontra sentido na coerência destes aspectos.
Diante dessa afirmação, não seria plausível pensar que a teologia cristã é a
ciência que pode conduzir o ser humano nesse processo? Não se estaria
diante — por mais que se diga o contrário — de um projeto
neoescolasticista? A relação entre filosofia, teologia e conhecimento de
Deus e de si será discutida na próxima seção.
A pergunta o que move a história ou qual é a sua força motriz não é nova.
Para muitos, a resposta pode ser tão direta como: a natureza, Deus, a vontade
humana livre, o acaso, etc. Para Dooyeweerd, subjacente à maneira como é
dada a resposta a essa pergunta, há uma noção de arché ou uma ideia de
origem. Parece-me também que, juntamente com essa ideia de origem, há
tanto uma noção de telos, uma ideia de direção orientada para o futuro, como
uma noção de areté, uma imagem de como o presente deve ser vivido, a fim
de obter-se coerência entre passado (arché) e futuro (telos).142
Biologismo
Em primeiro lugar, é importante afirmar que a denominação biologismo não
se refere a qualquer explicação biológica, como se ela, per se, fosse
problemática. Entretanto, como já referido nessa obra, quando um campo do
conhecimento tenta reduzir toda explicação de significado ao seu próprio
campo, transformando outros fenômenos em epifenômenos, tem-se um
reducionismo.
Dataísmo
Motivos-base religiosos
Matéria e forma
Em sua reflexão, o filósofo de Amsterdã tenta problematizar o contexto
grego antigo, compreendendo-o como algo mais complexo do que algumas
simplificações modernas tentaram pintá-lo. Dooyeweerd afirma que no
centro dos diferentes aspectos da cultura grega, incluindo o surgimento da
filosofia, havia uma questão religiosa central, relacionada à origem de todas
as coisas. Na essência da disputa pela ideia de origem encontrava-se um
dualismo entre matéria e forma, que não podia ser resolvido por categorias
teóricas, uma vez que suas raízes se estendiam a crenças religiosas pré-
teóricas.
Natureza e graça
Dooyeweerd defende que essa ideia ganhou sua forma mais conhecida com o
filósofo medieval Tomás de Aquino (1225-1274 d.C.) e com a síntese que
este realizou entre o pensamento de Aristóteles e a fé cristã. Entretanto,
Dooyeweerd também faz uma análise de um filósofo anterior, cuja obra está
no início do período medieval: Agostinho de Hipona (354-430 d.C.). Como
calvinista reformado, Dooyeweerd tem em Agostinho uma grande fonte de
inspiração. O principal ponto de convergência com o bispo de Hipona diz
respeito à sua rejeição da ideia de uma autonomia da filosofia em relação à
fé cristã.174
Agostinho mantinha o motivo-base bíblico da criação-queda-redenção,
defendendo uma criação boa que é maculada pelo pecado, mas redimida em
Cristo. Entretanto, ele teria proposto uma solução equivocada ao problema
da relação entre filosofia e fé cristã. Por identificar erroneamente a teologia
dogmática com a fé cristã, Agostinho cria que a teologia cristã era o motivo-
base da filosofia. “Assim, a teologia funcionava como regina scientiarum,
ou ‘a rainha das ciências’."175 De uma perspectiva cosmonômica, a teologia
enquanto ciência especial não pode tomar nem o lugar da filosofia nem
mesmo ser confundida com o motivo-base bíblico.
Natureza e liberdade
Se o motivo-base escolástico que predominou na Europa por vários séculos
era o que mantinha uma relação dialética entre natureza e graça, o motivo-
base predominante no período moderno teve sua origem na mesma época,
com a obra do franciscano britânico Guilherme de Ockham (1280-1349
d.C.). Ockham teria rompido completamente com a ideia de uma síntese
entre fé e filosofia grega. Partindo da ideia de um criador que é soberano
— potestas absoluta —, ele tentou atacar a crença tomista que se
assemelhava à deificação grega da razão.181
Em consequência desse pressuposto, Ockham separou completamente, de
acordo com Dooyeweerd, essas duas dimensões: natureza e graça,
apregoando, por exemplo, a arbitrariedade da lei divina expressa no
decálogo. Tal postulado contrariava a ideia aristotélico-tomista de uma
razão natural habilitada para o conhecimento de Deus. A ideia ockhamista
teve grande impacto na relação da estrutura eclesiástica católico-romana
medieval com a sociedade, com o Estado e também com o próprio
pensamento filosófico. Podemos afirmar que com Guilherme de Ockham há
uma mudança no centro de gravidade da ideia de poder e soberania. Dessa
forma,
O futuro apresentava apenas duas opções: ou se podia voltar ao motivo básico da religião cristã
ou, alinhado como o novo motivo da natureza, apartado da fé da igreja, estabelecer uma
concepção moderna da vida concentrada na religião da personalidade humana. O primeiro
caminho levou à Reforma; o segundo, ao humanismo moderno. Em ambos os movimentos, os
efeitos posteriores do motivo católico-romano da natureza e da graça continuaram a ser sentidos
por um longo tempo.182
A linguagem usada por Hegel nessa obra muitas vezes é religiosa, valendo-
se de analogias e exemplos tirados principalmente do cristianismo e da
Bíblia. Parece haver uma equivalência entre o conceito de Hegel de razão
universal e a ideia cristã de providência.
Na história universal, porém, lidamos com indivíduos que são povos, com totalidades que são
Estados; por conseguinte, não podemos, por assim dizer, permanecer na ninharia da fé na
providência, nem de igual modo na fé meramente abstrata, indeterminada, que persiste apenas
no enunciado universal de que há uma providência que governa o mundo, mas sem querer passar
ao determinado.189
Alguns apontamentos
Por fim, acredito que, por ser não serem muito conhecidas no contexto
acadêmico brasileiro, a filosofia e o pensamento de Dooyeweerd precisam
de tempo de apropriação e discussão. Os frutos de sua contribuição só serão
colhidos mediante o estudo, debates e críticas, e isso só se faz com uma
comunidade acadêmica disposta a dialogar com essa tradição rica de
pensamento.
Cristianismo e cultura
Tais modelos não serão usados como o autor os fez, mas, para os fins deste
trabalho, servirão como tipos ideais, pensando-se na cultura como a
dimensão da criatividade humana e na produção de artefatos diversos, tais
como expressões artísticas, produção de conhecimento e arranjos políticos.
Dessa forma, quando é apresentado, o termo representa o todo complexo da
produção humana e não um conceito específico, desenvolvido
principalmente pela antropologia cultural.
Esse ponto entra em choque com a ideia de graça comum, enfatizada por
Kuyper e os neocalvinistas. O teólogo Rodomar Ramlow afirma:
Enquanto a graça particular ou especial é aquela pela qual Deus salva os pecadores através de
Jesus Cristo, a graça comum seria aquela por intermédio da qual Deus restringe a corrupção do
mundo causada pelo pecado e permite o desenvolvimento da vida e cultura humanas.224
O teólogo holandês defendia que a graça comum de Deus faz com que todos
os seres humanos, independente de serem cristãos ou não, teriam a
capacidade de criar coisas boas: artefatos culturais, por exemplo, que
reflitissem a glória de Deus. Assim, as produções culturais não podem ser
analisadas — e rejeitadas — em função da confissão religiosa do autor, na
medida em que pode ser um reflexo da graça comum derramada sobre a
criação.
Cristianismo da cultura
Grande parcela da crítica feita a esse modelo parte da ideia de que uma
simples acomodação entre cristianismo e cultura faz com que a fé cristã e
suas crenças fundamentais — ortodoxia — sejam corroídas por cosmovisões
que distorceriam verdades bíblicas centrais. Assim, tem sido lugar comum
interpretar a época contemporâneo, especialmente após a Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), como tempos pós-modernos.
De outro lado, o modo de ser igreja, a partir desse modelo, faz com que o
culto e a liturgia cristãs sejam alterados com fins adaptativos e pragmáticos,
como, por exemplo, a atração de diferentes públicos.230 No convite de uma
igreja evangélica carioca, lê-se: “Aproveite e traga aquele seu amigo que
curte música eletrônica, forró e outros ritmos, que não perde uma boa partida
de futebol e ama uma agitação! Vamos mostrar para a galera que sabemos
fazer festa e juntos adorar a Deus!"231 Esse é um exemplo da chamada balada
gospel. Há, certamente, uma flexibilização das formas, que muitas vezes
acaba por atingir o conteúdo, processo que é característico de uma
sociedade que vive após o fim da tradição.232
De um ponto de vista neocalvinista, nem a rejeição total da cultura nem a
acomodação acrítica a ela são propostas que refletiriam o motivo-base
cristão central, de criação, queda e redenção. Assim, como contraponto a
essas formas, apresenta-se a seguir um panorama do modelo
dooyeweerdiano de interação entre cristianismo e cultura.
Cristianismo como transformador da cultura
Uma vez que a criação é boa, visto ser obra do Deus criador de todas as
coisas, suas diferentes dimensões expressariam a vontade dele para a
criatura. Entretanto, juntamente com essa ideia, os neocalvinistas enfatizam a
visão da queda no pecado como depravação total,238 como uma distorção da
realidade criada. Como já referido nesse trabalho, a noção dooyeweerdiana
de direção apóstata do coração constitui-se como a definição de pecado,
afirmada por essa tradição.
A única garantia para essa liberdade dentro das esferas seria a afirmação de
um Deus criador soberano, cujo poder não poderia ser usurpado por ninguém
nem por nenhuma instituição. Sendo assim, a proposta neocalvinista se
constitui, justamente, como uma tentativa de proteção contra qualquer poder
absolutista. As esferas de soberania seriam uma forma de proteção e
afirmação da liberdade humana dentro dessas esferas. Esse alcance da
soberania do criador teria o escopo do universo, sendo refletido em todas as
dimensões da realidade criada.
Nessa direção, tal perspectiva pode gerar uma nova mentalidade e prática no
que concerne à atuação dos cristãos na cultura brasileira, ainda marcada
fortemente por um dualismo, o que faz com que os cristãos não se envolvam
na produção de artefatos culturais significativos, a não ser de forma
segmentada e específica, com uma produção intraeclesia, no que se
convencionou chamar de mercado gospel. Além disso, o reconhecimento
da graça comum pode servir como base para uma apreciação da cultura
nacional que celebre a criação, ainda que não seja cristã. Tal fato poderia
catalisar o envolvimento dos cristãos com a transformação da cultura.
Contudo, ainda é cedo para falar em diálogo com outras perspectivas, visto
que o primeiro esforço dos autores que comungam desta tradição foi o de
apontar semelhanças e diferenças com o que já se tem produzido, em termos
de uma reflexão cristã, especialmente a partir da teologia de missão
integral e da teologia da libertação, em reconhecimento ao legado desses
movimentos. Guilherme de Carvalho — um dos articuladores do pensamento
neocalvinista no Brasil — afirma que:
A ideia de que a cosmovisão cristã deve ter um impacto decisivo em todas as áreas da vida,
inclusive no pensamento, desenvolvida no neocalvinismo holandês, tem seu paralelo nos
movimentos cristãos como o socialismo cristão europeu, a teologia da libertação e a teologia da
missão integral, refletida no Pacto de Lausanne.248
Todavia, essa defesa da justiça social faz com que o movimento se aproxime
muito de uma orientação socialista, aceitando algumas categorias
interpretativas, como a teoria da dependência e o materialismo histórico. O
ponto crítico para os neocalvinistas não é o diálogo com essas matrizes de
pensamento, mas sua recepção acrítica e a falta de um filtro hermenêutico
cristão, na medida em que a reboque de algumas teses político-econômicas
são incorporadas determinadas antropologias e teologias, as quais seriam
incompatíveis com uma visão de mundo cristã.
Em contrapartida,
Esse problema simplesmente não existe no pensamento neocalvinista, porque nele o
envolvimento dos crentes em projetos paraeclesiásticos e extraeclesiásticos não é visto como
forma de “compensar” a fraqueza da igreja, mas como uma de suas finalidades principais.
Nessa perspectiva, a igreja é vista como uma espécie de “centro pastoral”, que visa a capacitar
e enviar os santos para ações de transformação integral nos diversos campos da sociedade.270
Nessa direção,
A práxis dá forma à teologia ao colocar as questões para a teologia, e a teologia avalia e crítica
a fé que move a ação, mas a teoria em si não engendra a práxis, nem pode controlá-la, sendo
apenas um momento de contemplação que nasce da vida e a ela retorna.296
De igual modo, critica-se a concepção dessa MSA como uma ciência neutra
capaz de interpretar — sem pressupostos — a realidade criada. Como já
exposto no decorrer deste trabalho, a partir da perspectiva dooyeweerdiana,
dar tal status à sociologia seria insistir e fazer perdurar o dogma da
autonomia religiosa da razão, tão combatido pelo pensamento
reformacional holandês.
Nessa direção, a pergunta inevitável que se procurou enfrentar foi a que diz
respeito à subordinação da filosofia à teologia. Tendo em vista que
Dooyeweerd vê Cristo como a verdadeira arché — a revelação suprema de
quem Deus é e de quem o ser humano é — não seria a teologia cristã a
ciência mais habilitada para empreender qualquer projeto de conhecimento?
A resposta dooyeweerdiana foi não. O objeto próprio da teologia não é o
motivo-base, mas o aspecto fé. Sendo assim, a teologia também está
subordinada à operação religiosa do motivo-base no coração. Ela não tem
um lugar privilegiado da compreensão da realidade e do ser humano.
De semelhante modo, fez-se uma breve reflexão acerca das teses pós-
modernas de interpretação filosófica. De acordo com a pesquisa realizada,
viu-se que Dooyeweerd não vê o período contemporâneo como uma ruptura
radical com a modernidade. Nesse sentido, ele se afasta da interpretação
dominante. De acordo com o autor de Amsterdã, o que se vê é uma ênfase no
polo da liberdade, uma vez que o motivo-base em operação é o humanista
natureza/liberdade. Enquanto a modernidade enfatizou a ciência, a
objetividade e a determinação estrutural sobre a vontade individual, os
contemporâneos tendem a valorizar o que ele denominou de o ideal de
personalidade. Sendo esse um motivo-base dualista, não é possível
transcender essa polaridade dialética. Assim, a crítica de Dooyeweerd
difere, consideravelmente, dos autores da pós-modernidade.
Por fim, acredito que a filosofia cosmonômica tem muito a contribuir com a
construção de uma teologia pública. Em que medida essas visões se
aproximam e têm pontos semelhantes é algo a ser pensado e desenvolvido
em trabalhos vindouros.
1 C. S. Lewis, “De description temporum”. In: They Asked for a Paper (London: Geoffrey Bles,
1962), p. 11.
2 Cf. Rodolfo Amorim, “Cosmovisão: evolução do conceito e aplicação cristã”. In: Guilherme de
Carvalho, Maurício Cunha e Cláudio Antônio Cardoso Leite (Org.), Cosmovisão cristã e
transformação (Viçosa: Ultimato, 2006), p. 41.
3 Krishan Kumar, Da sociedade pós-industrial à pós-moderna: Novas teorias sobre o mundo
contemporâneo (Rio de Janeiro: Zahar, 1997), p. 79.
4 Wilhelm Wachholz, História e teologia da reforma: introdução (São Leopoldo: Sinodal, 2010), p.
14.
5 Cf. Carter Lindberg, As reformas na Europa (São Leopoldo: Sinodal, 2001), p. 114.
6 Cf. Max Weber, A ética protestante e o espírito do capitalismo (São Paulo: Companhia das
Letras, 2004).
7 Wilhelm Wachholz, História e teologia da reforma, p. 14.
8 Herman Dooyeweerd, A New Critique of Theoretical Thought (Ontario: Paideia Press, 1984), p.
57.
9 Anthony Giddens, As consequências da modernidade (São Paulo: Editora Unesp, 1991), p. 11.
10 Marshall Berman, Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade (São
Paulo: Companhia das Letras, 2007), p. 24.
11 Cf. Max Weber, A ética protestante e o espírito do capitalismo, p. 88.
12 Marsílio de Pádua, O defensor da paz (Petrópolis: Vozes, 1995), p. 73.
13 Cf. Herman Dooyeweerd, Raízes da cultura ocidental: as opções pagã, secular e cristã (São
Paulo: Cultura Cristã, 2015), p. 45-46.
14 Alain Touraine, Crítica da modernidade (Petrópolis, RJ: Vozes, 1994), p. 17.
15 Lesslie Newbigin, Discovering Truth in a Changing World (London: Alpha International,
2003), p. 4. Grifo nosso. Em geral, as citações foram traduzidas por mim. Quando não for o caso,
darei a referência da edição da obra utilizada.
16 Fritjof Capra, O ponto de mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente (São Paulo:
Círculo do Livro, 1982), p. 54.
17 C. Ibid., p. 58.
18 Kant apud Will Durant, A história da filosofia (São Paulo: Nova Cultural, 2000), p. 256. Grifo
nosso.
19 Ibid., p. 267.
20 Alain Touraine, Crítica da modernidade, p. 37.
21 Thomas Hylland Eriksen e Finn Sivert Nielsen, História da antropologia (Petrópolis, RJ: Vozes,
2007), p. 19.
22 Marshall Berman, Tudo que é sólido se desmancha no ar, p. 25.
23 Anthony Giddens, Modernidade e identidade (Rio de Janeiro: Zahar, 2002), p. 9.
24 Cf. Gertrude Himmelfarb, Os caminhos para modernidade (São Paulo: É Realização, 2011).
Nessa obra, a historiadora norte-americana Gertrude Himmelfarb defende a existência de
“iluminismos” e argumenta que tanto nos Estados Unidos quanto na Grã-Bretanha houve
“iluminismos” anteriores ao francês e que estes tinham características distintas dos ideais
revolucionários manifestos na França, revelando, inclusive, um viés conservador.
25 Touraine e Dubet são sociólogos franceses contemporâneos vinculados a uma Sociologia da
ação. Apesar de diferenças em suas interpretações, ambos enfatizam a dimensão da experiência
individual — subjetividade — na formação e construção da sociedade.
26 Alain Touraine, Crítica da modernidade, p. 12. Grifo do autor.
27 Cf. Krishan Kumar, Da sociedade pós-industrial à pós-moderna, p. 83.
28 Expressão popular com origem na passagem bíblica do livro de Eclesiastes 1.9b.
29 Krishan Kumar, Da sociedade pós-industrial à pós-moderna, p. 80.
30 Alain Touraine, Crítica da modernidade, p. 70.
31 Krishan Kumar, Da sociedade pós-industrial à pós-moderna, p. 92.
32 Marshall Berman, Tudo que é sólido se desmancha no ar, p. 26.
33 Cf. Anthony Giddens, As consequências da modernidade, p. 22.
34 Cf. Dubet, François, A sociologia da experiência (Lisboa: Instituto Piaget, 1994), p. 53.
35 Cf. Anthony Giddens, As consequências da modernidade.
36 Krishan Kumar, Da sociedade pós-industrial à pós-moderna, p. 94. Grifo do autor.
37 Cf. Eric J. Hobsbawm, A era das revoluções: Europa 1789-1848. Rio de Janeiro, Paz e Terra,
1977; Krishan Kumar, Da sociedade pós-industrial à pós-moderna; Marshall Berman, Tudo que é
sólido se desmancha no ar.
38 Eric J. Hobsbawm, A era das revoluções, p. 50.
39 Anthony Giddens, As consequências da modernidade, p. 61.
40 Karl Polanyi, A grande transformação: as origens de nossa época (Rio de Janeiro: Campus,
2000), p. 51.
41 Krishan Kumar, Da sociedade pós-industrial à pós-moderna, p. 94, 95.
42 Movimento que perpassou campos diferentes como a filosofia e as artes. Caracterizou-se por uma
forte crítica à racionalidade iluminista e uma volta à subjetividade e aos temas do indivíduo.
43 Krishan Kumar, Da sociedade pós-industrial à pós-moderna, p. 96.
44 Nasceu em Paris em 1821 e morreu na mesma cidade em 1867.
45 Krishan Kumar, Da sociedade pós-industrial à pós-moderna, p. 97.
46 Fiódor Dostoiévski, Notas do subsolo (Porto Alegre: L&PM, 2010), p. 41.
47 Ibid., p. 42. Grifo nosso.
48 Ibid., p. 42.
49 Jean-François Lyotard, O pós-moderno (Rio de Janeiro: José Olympio, 1993), p. 3.
50 Krishan Kumar, Da sociedade pós-industrial à pós-moderna, p. 143.
51 Ibid.
52 Leonildo Pereira de Souza, O adjetivo e seus substantivos: Uma leitura acerca de elementos
do discurso teórico pós-moderno (Monografia em Ciências Sociais. Pelotas: UFPel, 2003), p. 53.
53 David Lyon, Pós-modernidade (São Paulo: Paulus, 1998), p. 69.
54 Krishan Kumar, Da sociedade pós-industrial à pós-moderna, p. 152.
55 Anthony Giddens, Modernidade e identidade, p. 26.
56 Anthony Giddens, As consequências da modernidade, p. 46.
57 Peter Leithart, Solomon Among the Postmoderns (Grand Rapids, Michigan: Brazos Press,
200W8), p. 54.
58 A dissertação de mestrado de Rodomar Ramlow apresenta um panorama amplo do neocalvinismo,
servindo como uma ótima introdução a essa temática. Cf. Rodomar Ricardo Ramlow, O
neocalvinismo holandês e o movimento de cosmovisão cristã (Dissertação de Mestrado. São
Leopoldo: Escola Superior de Teologia, 2012).
59 Comte (1798-18570) foi um dos principais representantes do positivismo na Europa. É
considerado um dos fundadores da sociologia.
60 L. Kalsbeek, Contornos da filosofia cristã: a melhor e mais sucinta introdução à filosofia
reformada de Herman Dooyeweerd (São Paulo: Cultura Cristã, 2015), p. 15.
61 Ibid.
62 Cf. Rodomar Ramlow, O neocalvinismo holandês: Temas e autores (Anais do Congresso
Internacional de Teologia. São Leopoldo: EST, 2012, v. 1, p. 1701-1716), p. 1702.
63 Ricardo Quadros Gouvêa, O lado bom do calvinismo: ensaios acerca de um calvinismo
saudável (São Paulo: Fonte Editorial, 2013), p. 222.
64 Para Kuyper, a ideia de uma Universidade Livre remetia à liberdade em relação ao Estado e à
interferência eclesiástica.
65 Abraham Kuyper, Calvinismo (São Paulo: Cultura Cristã, 2003), p. 19.
66 Jonathan Chaplin, Herman Dooyeweerd: Christian philosopher of State and Civil
Society (Indiana: Notre Dame, 2011), p. 21.
67 Ibid., p. 22.
68 Jonathan Chaplin, The Full Weight of our Convictions: The Point of Kuyperian Pluralism. [S.l]
01 nov. 2013. Disponível em: <https://www.cardus.ca/comment/article/4069/the-point-of-kuyperian-
pluralism/>.
69 Cf. http://www.allofliferedeemed.co.uk/
70 Cf.<http://www.abrahamkuypercenter.vu.nl/en/>
71 Cf. <http://www.ptsem.edu/library/kuyper/>.
72 Cf. <http://www.reformationalphilosophy.org/>
73 Cf. Ricardo Quadros Gouvêa, O lado bom do calvinismo, p. 271.
74 Herman Dooyeweerd, A New Critique of Theoretical Thought, p. 9.
75 Jonathan Chaplin, Herman Dooyeweerd, p. 30.
76 Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento ocidental: estudos sobre a pretensa
autonomia da razão (Brasília, DF: Monergismo, 2018), p. 49.
77 Ricardo Quadros Gouvêa, O lado bom do calvinismo, p. 274-75.
78 Guilherme Carvalho, “Sociedade, justiça e política na filosofia de cosmovisão cristã: uma
introdução ao pensamento social de Herman Dooyeweerd”. In: Maurício Cunha et al.
(Org.), Cosmovisão cristã e transformação: espiritualidade, razão e ordem social (Viçosa, MG:
Ultimato, 2006, p. 189-218), p. 192.
79 Nesse ponto, vê-se a forte influência da obra Ser e tempo, de Martin Heidegger, sobre o
pensamento de Dooyeweerd, admitida por ele mesmo no prefácio da New Critique of Theoretical
Thought.
80 L. Kalsbeek, Contornos de uma filosofia cristã, p. 28.
81 No original De Wijsbegeerte der Wetside.
82 Ainda sem tradução para o português.
83 Herman Dooyeweerd, Introduction to a Transcendental Criticism of Philosophic
Thought. Disponível em:
<http://www.reformationalpublishingproject.com/pdf_books/Scanned_Books_PDF/IntroductiontoaTra
nscendentalCriticismofPhilosophicThought.pdf>. Acesso em: 07 mai. 2012.
84 Cf. Ibid.
85 Cf. Herman Dooyeweerd, A New Critique of Theoretical Thought, p. 22.
86 Herman Dooyeweerd, Raízes da cultura ocidental, p. 21.
87 Cf. Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento ocidental, p. 62.
88 Jonathan Chaplin, Herman Dooyeweerd, p. 29.
89 Herman Dooyeweerd, Introduction to a Transcendental Criticism of Philosophic Thought.
90 Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento ocidental, p. 167.
91 Guilherme de Carvalho, “Herman Dooyeweerd, reformador da razão”. In: Herman
Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento (São Paulo: Editora Hagnos, 2010), p. 30.
92 Roy A. Clouser, O mito da neutralidade religiosa: um ensaio sobre a crença religiosa e seu
papel oculto no pensamento teórico (Brasília, DF: Academia Monergista, 2018), p. 3.
93 Ibid., p. 3. Grifo nosso.
94 Guilherme de Carvalho, “Herman Dooyeweerd, reformador da razão”. In: Herman
Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento, p. 30.
95 Herman Dooyeweerd, Introduction to a Transcendental Criticism of Philosophic Thought.
96 Tertuliano, De praescriptione haereticorum, c. 7.
97 Cf. Wolfhart Pannenberg, Filosofia e teologia (São Paulo: Paulinas, 2008), p. 17.
98 Cf. Atos 9.1-19.
99 Cf. Atos 17.16-34.
100 K. J. Popma, Inleiding in de Wijsbeerte (Kampen, 1956), p. 94. Apud: L. Kalsbeek, Contornos
da filosofia cristã, p. 31.
101 Cf. Herman Dooyeweerd, A New Critique of Theoretical Thought, p. 8.
102 Cf. Ibid., p. 8.
103 Guilherme Carvalho, “Sociedade, justiça e política na filosofia de cosmovisão cristã”. In: Maurício
Cunha et al. (Org.), Cosmovisão cristã e transformação
, p. 195.
104 Cf. Rosino Gibellini, A teologia do século XX (São Paulo: Edições Loyola, 2012), p. 134.
105 Cf. Abraham Kuyper, Calvinismo, p. 54.
106 Nome de uma das principais obras do filósofo britânico Thomas Hobbes. O Leviatã é uma alusão
ao “monstro marinho”, descrito no livro de Jó, que representaria, na obra de Hobbes, o poder do
Estado. Cf. Jó 41.
107 Guilherme de Carvalho, A objeção reformada ao dogma da autonomia religiosa da
razão. Revista Diálogo e Antítese, vol. 1, nº 1, 2009, p. 4-53, p. 43.
108 Abraham Kuyper, Calvinismo, p. 98.
109 Cf. Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento ocidental, p. 47.
110 Ibid., p. 233.
111 Veja L. Kalsbeek, Contornos da filosofia cristã, p. 38.
112 Guilherme de Carvalho, “O senhorio de Cristo e a missão da igreja na cultura: a ideia de
soberania e sua aplicação”. In: Leonardo Ramos et al. (Org.), Fé cristã e cultura
contemporânea (Viçosa, MG: Ultimato, 2009), p. 78.
113 Cf. Herman Dooyeweerd, A New Critique of Theoretical Thought, p. 3.
114 Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento ocidental, p. 48.
115 Cf. Ibid., p. 57.
116 Guilherme Carvalho, “Sociedade, justiça e política na filosofia de cosmovisão cristã”. In: Maurício
Cunha et al. (Org.), Cosmovisão cristã e transformação, p. 196. Grifo nosso.
117 Cf. Richard Dawkins, O gene egoísta (São Paulo: Companhia das Letras, 2007).
118 Cf. Clifford Geertz, A interpretação das culturas (Rio de Janeiro: LTC, 1989).
119 Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento ocidental, p. 70.
120 Cf. Herman Dooyeweerd, A New Critique of Theoretical Thought, p. 8.
121 Ricardo Quadros Gouvêa, O lado bom do calvinismo, p. 276.
122 Guilherme de Carvalho, In: Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento, p. 82. Nota
de rodapé 75.
123 Ricardo Quadros Gouvêa, O lado bom do calvinismo, p. 280.
124 Guilherme de Carvalho, A objeção reformada ao dogma da autonomia religiosa da razão, p.
9.
125 Roy A. Clouser, O mito da neutralidade religiosa, p. 23.
126 Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento ocidental, p. 231.
127 Ibid., p. 232.
128 Ricardo Quadros Gouvêa, O lado bom do calvinismo, p. 279.
129 Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento, p. 236. Grifo do autor.
130 Cf. Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento, p. 175.
131 Ibid., p. 171.
132 Ibid., p. 173.
133 Ibid., p. 175.
134 Ibid., p. 181. Grifo nosso.
135 Ibid., p. 182.
136 Ricardo Quadros Gouvêa, O lado bom do calvinismo, p. 272.
137 Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento ocidental, p. 185.
138 Ibid., p. 187-8.
139 Ibid., p. 190
140 Ibid., p. 194.
141 Guilherme de Carvalho, nota de rodapé 21. In: Ibid., p. 195-6.
142 As noções de telos e areté são inferências minhas e não correspondem à linguagem usada por
Dooyeweerd.
143 Richard Dawkins, O gene egoísta (São Paulo: Companhia das Letras, 2007).
144 Ibid.
145 Cf. palestra Against Idolatry, de Graham Ward, professor de Teologia no Christ Church College
em Oxford. Disponível on-line:
146 Karl Marx e Friedrich Engels, O manifesto do Partido Comunista (São Paulo: Paz e Terra,
1998), p. 9.
147 Yuval Harari, Homo Deus: A Brief History of Tomorrow (Penguin Random House, 2017), p.
334.
148 Ibid., p. 454.
149 Herman Dooyeweerd, Raízes da cultura ocidental, p. 44.
150 Cf. Rosino Gibellini, A teologia do século XX, p. 85.
151 Cf. Ibid., p. 87.
152 Cf. Ibid., p. 102.
153 Herman Dooyeweerd, Raízes da cultura ocidental, p. 22.
154 Cf. Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento, p. 84.
155 Herman Dooyeweerd, Raízes da cultura ocidental, p. 26.
156 Ibid., p. 30.
157 Do grego, significa destino cego e incalculável. Foi uma figura que apareceu na mitologia
desenvolvida por Homero.
158 Herman Dooyeweerd, Raízes da cultura ocidental, p. 30.
159 Ibid., p. 31.
160 Ibid.
161 Ibid.
162 Ibid., p. 33.
163 Ibid., p. 35.
164 Ibid., p. 43-44.
165 Guilherme Carvalho, “Sociedade, justiça e política na filosofia de cosmovisão cristã”. In: Maurício
Cunha et al. (Org.), Cosmovisão cristã e transformação, p. 128.
166 Cf. Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento ocidental, p. 86; Guilherme
Carvalho, “Sociedade, justiça e política na filosofia de cosmovisão cristã”. In: Maurício Cunha et al.
(Org.), Cosmovisão cristã e transformação, p. 128.
167 Guilherme Carvalho, “Sociedade, justiça e política na filosofia de cosmovisão cristã”. In: Maurício
Cunha et al. (Org.), Cosmovisão cristã e transformação, p. 128. Grifo do autor.
168 Colossenses 1.15-20.
169 Herman Dooyeweerd, Raízes da cultura ocidental, p. 43.
170 Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento ocidental, p. 84-5.
171 Cf. Herman Dooyeweerd, Raízes da cultura ocidental, p. 130 ss.
172 Fernando Albano, Dualismo corpo/alma na teologia pentecostal. (Dissertação de Mestrado.
São Leopoldo: EST, 2010), p. 2. Veja também: Jo 1.1-18; 1 Jo 4.1-3.
173 Herman Dooyeweerd, Raízes da cultura ocidental, p. 133.
174 Ibid.
175 Guilherme Carvalho, “Sociedade, justiça e política na filosofia de cosmovisão cristã”. In: Maurício
Cunha et al. (Org.), Cosmovisão cristã e transformação, p. 133.
176 Herman Dooyeweerd, Raízes da cultura ocidental, p. 136.
177 Ibid.
178 Guilherme Carvalho, “Sociedade, justiça e política na filosofia de cosmovisão cristã”. In: Maurício
Cunha et al. (Org.), Cosmovisão cristã e transformação, p. 134.
179 Ibid.
180 Cf. Francis Schaeffer, A morte da razão (Viçosa, MG: Ultimato, 2014), p. 17.
181 Cf. Herman Dooyeweerd, Raízes da cultura ocidental, p. 159.
182 Ibid., p. 160.
183 Ibid., p. 162.
184 Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento ocidental, p. 88.
185 Ibid., p. 89.
186 Ibid., p. 92.
187 Ibid., p. 93.
188 Cf. Georg Wilhelm Friedrich Hegel, A razão na história universal: Introdução à filosofia da
história universal (Lisboa: Edições 70, 1995).
189 Ibid., p. 40.
190 Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento ocidental, p. 93.
191 Ibid.
192 Ibid., p. 94.
193 Esse tem sido o esforço do cientista político britânico Jonathan Chaplin, que, a partir de
Dooyeweerd, propôs um pluralismo secular cristão em termos políticos.
194 Cf. Abraham Kuyper, Calvinismo, p. 17.
195 C.f. 1 João 2.15.
196 João 3.16.
197 H. Richard Niebuhr, Cristo e cultura (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967).
198 Nessa questão, a palestra em áudio de Jock McGregor, intitulada Christ and Culture revisited,
foi de grande ajuda, na medida em que reflete sobre a obra de Richard Niebuhr. Disponível em: <.
Acesso em: 05. mar. 2014.
199 É importante esclarecer que este trabalho não é uma interpretação aprofundada da obra de
Richard Niebuhr. A menção à obra desse autor pretende apenas aludir às possíveis formas de relação
entre cristianismo e cultura. De igual modo, é importante ressaltar que a tipologia usada pelo teólogo
norte-americano apresenta cinco modelos de relação entre Cristo e a cultura. Os não citados aqui
são: Cristo acima da cultura e Cristo e cultura em paradoxo.
200 Veja a perspectiva crítica de Rick Nañez com relação a esse anti-intelectualismo, bem como seu
estudo sobre a origem desse dualismo dentro do cristianismo. Cf. Rick Nañez, Pentecostal de
coração e mente: um chamado ao dom divino do intelecto (São Paulo: Vida, 2007), p. 160.
201 Cf. Fernando Albano, Dualismo corpo/alma na teologia pentecostal, p. 13.
202 Cf. M. J Inwood. In: Ted Honderich (Org.), Platonism. The Oxford Companion to
Philosophy (Oxford: Oxford University Press, 22005, p. 723-725), p. 724.
203 O texto A república, assim como boa parte dos textos platônicos, foram escritos em forma de
diálogo. O principal personagem e interlocutor foi o mestre Sócrates, que nunca escreveu nada e
ganhou voz através das obras de Platão. Nesse excerto, lemos Sócrates explicando o significado da
alegoria a Glauco.
204 Platão, A república, 514a-517c. Tradução de Lucy Magalhães. In: Danilo Marcondes, Textos
básicos de filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein, 2ª ed. (Rio de Janeiro: Zahar, 2000). Grifo
nosso.
205 Cf. Rick Nañez, Pentecostal de coração e mente: um chamado ao dom divino do intelecto,
p. 187.
206 Certamente o caráter das missões evangélicas no Brasil não pode ser reduzido somente a esse
separatismo. Reconhece-se aqui a complexidade dos aspectos religiosos e sociológicos implicados na
análise desses eventos.
207 Cf. José Miguez Bonino, Rostos do protestantismo latino-americano (São Leopoldo: Sinodal,
2002), p. 29.
208 Rick Nañez, Pentecostal de coração e mente: um chamado ao dom divino do intelecto, p.
151.
209 Definir a posição fundamentalista não é tarefa simples. De acordo com o Dicionário brasileiro
de teologia: “[o fundamentalismo] foi gestado, em oposição à Ilustração e ao Liberalismo e são filhos
do Romantismo. [...] Os fundamentalistas viam-se como contra-ofensiva a um modernismo que,
assim diziam, havia se apossado do mundo protestante. Particularmente, esse fundamentalismo
primeiro entendia-se como contra-ofensiva a uma teologia orientada em método, que estava
interpretando os conteúdos da fé, especialmente os textos bíblicos, a partir de uma perspectiva
histórico-crítica [...] Fundamentals eram os conteúdos de fé, verdades absolutas e intocáveis, que
deveriam ficar imunes à ciência e à relativização por meio do método histórico” (Martin
Dreher, Fundamentalismo. In: Fernando Bortolleto Filho, Dicionário brasileiro de teologia [São
Paulo: ASTE, 2008, p. 452-456], p. 452-53).
210 Cf.: <http://www.ushistory.org/us/47b.asp>. Acesso em: 01. mai. 2014.
211 Certamente, no que diz respeito ao campo dos estudos biológicos.
212 Cf.: <http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=25540>. Acesso em: 10. jul. 2014.
213 Cf. Gedeon Alencar, Protestantismo tupiniquim: hipóteses sobre a (não) contribuição
evangélica à cultura brasileira (São Paulo: Arte editorial, 2005).
214 Rudolf von Sinner, “Teologia Pública no Brasil”. In: Afonso Maria Ligorio Soares e João Décio
Passos (Org.), Teologia pública: Reflexões sobre uma área de conhecimento e sua cidadania
acadêmica (São Paulo: Paulinas, 2011, p. 265-276), p. 269.
215 Ibid.
216 Exemplo disso é a Rede Super, pertencente à Igreja Batista Lagoinha, de Belo Horizonte, e a
Rede Gênesis pertencente à Igreja Sara Nossa Terra, com sede em Brasília.
217 Cf.:<http://www.nossatv.tv.br/>.
218 Cf. <http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/musica-gospel-trinados-fe-e-dinheiro>. Acesso
em: 01. Mai. 14.
219 Cf. Magali do Nascimento Cunha, A explosão gospel: um olhar das ciências humanas sobre
o cenário evangélico no Brasil (Rio de Janeiro: Mauad X: Instituto Mysterium, 2007), p. 107. Grifo
da autora.
220 Pode-se dizer que, apesar de um discurso por vezes separatista de parte da população
evangélica, as estruturas e os aparatos culturais acabam por ser usufruídos e celebrados mediante a
criação de mercados segmentados, como é o caso do Gospel. Nesse sentido, a ambiguidade não se
manifestaria nessa negação da cultura, mas em sua afirmação — ainda que de forma segmentada.
221 Disponível em: <http://www.lagoinha.com/ibl-noticia/adoracao-e-alegria-compoe-o-espiritoval-
2014> Acesso em: 02. jun. 14.
222 Magali do Nascimento Cunha, A explosão gospel, p. 108.
223 Ibid., p. 131.
224 Rodomar Ramlow, O neocalvinismo holandês e o movimento de cosmovisão cristã, p. 25.
225 Cf. H. Richard Niebuhr, Cristo e cultura, p. 111.
226 Ibid., p. 110.
227 Andrew Fellows, “O narcisismo como cosmovisão dominante no ocidente”. In: Leonardo Ramos
et al. (Org.), Fé cristã e cultura contemporânea, p. 180.
228 Robson Ramos, Evangelização no mercado pós-moderno (Viçosa, MG: Ultimato, 2003), p. 91.
229 Alberto R. Timm, “Teologia da prosperidade”. In: Fernando Bortolleto Filho et al.
(Org.), Dicionário brasileiro de teologia, p. 966.
230 Cf. Eduardo Guilherme de Moura Paegle, A “mcdonaldização” da fé. O culto como
espetáculo entre os evangélicos brasileiros (Tese de Doutorado em Ciências Humanas.
Florianópolis: UFSC, 2013).
231 Disponível em: <http://www.boladeneve.com/eventos/balada-da-zona-sul> Acesso em: 02. jun.
2014.
232 Cf. Anthony Giddens, Mundo em descontrole: o que a globalização está fazendo de nós (Rio
de Janeiro: Record, 2007), p. 53.
233 Rodomar Ricardo Ramlow, O neocalvinismo holandês e o movimento de cosmovisão cristã,
p. 28.
234 Em Gênesis 2.15, lê-se: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden
para o cultivar e guardar”.
235 Cf. Guilherme de Carvalho, “O senhorio de Cristo e a missão da igreja na cultura”. In: Leonardo
Ramos et al. (Org.), Fé cristã e cultura contemporânea, p. 65.
236 Cf. Martinho Lutero, À nobreza cristã de nação alemã: Acerca do melhoramento do estado
cristão. In: Pelo Evangelho de Cristo (Porto Alegre/São Leopoldo: Concórdia/Sinodal, 1984, p. 75-
152), p. 81.
237 Guilherme Carvalho, “Sociedade, justiça e política na filosofia de cosmovisão cristã”. In: Maurício
Cunha et al. (Org.), Cosmovisão cristã e transformação, p. 143.
238 Essa terminologia foi criada e desenvolvida no Sínodo de Dort (1618-1619), a partir da Igreja
Reformada Holandesa, que elaborou “Os cinco pontos do Calvinismo”, como uma resposta à
ascensão do arminianismo, no início do século XVII. Cf. André do Carmo Silvério, Cinco pontos do
calvinismo. Disponível em:
<http://www.monergismo.com/textos/jcalvino/joao_calvino_5pontos_silverio.htm>.
239 Herman Dooyeweerd, No crepúsculo do pensamento ocidental, p. 75.
240 Guilherme de Carvalho, “O senhorio de Cristo e a missão da igreja na cultura”. In: Leonardo
Ramos et al. (Org.), Fé cristã e cultura contemporânea, p. 73.
241 Cf.: <http://www.labri.org/>.
242 Hans Rookmaaker (1922-1977) foi durante muitos anos professor de história da arte na
Universidade Livre de Amsterdã, onde recebeu forte influência do neocalvinismo, especialmente das
categorias dooyeweerdianas de interpretação da realidade, aplicando-as ao campo da arte. A obra de
Rookmaaker também está recebendo uma atenção especial no contexto brasileiro. Em 2010, foi
traduzida e publicada a obra: A arte não precisa de justificativa (Viçosa, MG: Ultimato, 2010). Dois
anos mais tarde, foi lançada uma biografia em português, publicada pela mesma editora: Laurel
Gasque, Rookmaaker: arte e mente cristã (Viçosa, MG: Ultimato, 2012). Mais recentemente
apareceram também A arte moderna e a morte de uma cultura (Viçosa, MG: Ultimato,
2015), Filosofia e estética (Brasília, DF: Monergismo, 2018) e O dom criativo (Brasília, DF:
Monergismo, 2018).
243 Francis Schaeffer (1912-1984) foi um influente teólogo norte-americano cujas obras têm grande
influência sobre as alas evangelicais que ainda mantêm um discurso de integração do cristianismo
com diferentes áreas da vida. Entretanto, Schaeffer foi acusado de ser um dos mentores da direita
norte-americana, no que ficou conhecida como a Moral Majority, ainda que tenha se afastado desse
movimento antes da sua morte. Sua obra é vasta e abrangente, mas recebeu várias críticas por não
demonstrar um rigor acadêmico rígido. Tem como maior legado a fundação do L’abri Fellowship.
244 Steve Turner, Imagine: A Vision for Christians in the Arts (Illinois, InterVarsity Press, 2001), p.
11.
245 Duas dessas obras são: Francis Schaeffer, A arte e a Bíblia (Viçosa, MG: Ultimato, 2010) e A
morte da razão (São Paulo: ABU Editora; Viçosa, MG: Ultimato, 2014).
246 Sobre este assunto a palestra The Intriguing Friendship Between Francis Schaeffer and
Hans Rookmaaker, de Edith Reitsema, ajuda a compreender a influência da tradição neocalvinista
sobre Schaeffer. Disponível em: <http://www.labri-ideas-library.org/download.asp?
fileID=711> Acesso em: 07. Out. 2014.
247 Esse primeiro encontro reuniu pastores, teólogos, professores e profissionais liberais que, de
alguma forma, já tinham tido contato com a tradição kuyperiana. Desse encontro, teve origem a
obra Cosmovisão cristã e transformação, lançada em 2006 pela editora Ultimato e amplamente
citada nessa obra.
248 Guilherme de Carvalho, Cosmovisão cristã e transformação, p. 123.
249 José Miguez Bonino, Rostos do protestantismo latino-americano, p. 49.
250 Ricardo Gondim, Missão integral: em busca de uma identidade evangélica (São Paulo: Fonte
Editorial, 2010), p. 61.
251 José Miguez Bonino, Rostos do protestantismo latino-americano, p. 49.
252 Steuernagel apud Ricardo Gondim, Missão integral, p. 62.
253 Cf. José Miguez Bonino, Rostos do protestantismo latino-americano, p. 50.
254 Ricardo Gondim, Missão integral, p. 68. Grifo do autor.
255 Cf. Guilherme de Carvalho, Cosmovisão cristã e transformação, p. 241.
256 Vale ressaltar, contudo, que o MEP precede ao Mensalão, ao “Petrolhão” e à Lava-Jato, entre
outros escândalos nos quais a “esquerda” brasileira está envolvida. Para críticas mais contundentes à
teologia da missão integral, bem como à teologia da libertação, recomendamos as seguintes obras: a
instrução geral de Joseph Ratzinger, disponível no site do Vaticano: “Instrução sobre alguns aspectos
da teologia da libertação”; também Hubert Lepargneur, A teologia da libertação: uma avaliação; e
Sobral Pinto, Teologia da libertação: o materialismo marxista na teologia espiritualista. [N. do
E.]
257 Guilherme de Carvalho, Cosmovisão cristã e transformação, p. 241.
258 Cf. Ibid., p. 251.
259 Declaração de Jarabacoa. Disponível em: <http://www.ftl.org.br/new/downloads/bt02.pdf>.
260 Tal declaração foi fruto do encontro de teólogos e políticos, convocados pela Fraternidade
Teológica Latino-Americana (FTL), que se reuniram em 1983, na cidade Jarabacoa, na República
Dominicana, com a finalidade de refletirem sobre a seguinte temática: os cristãos e a ação política.
261 Guilherme de Carvalho, Cosmovisão cristã e transformação, p. 260.
262 Wolterstorff é um filósofo dooyeweerdiano que já lecionou na Universidade Livre de Amsterdã,
na Universidade Notre Dame e no Calvin College. Atualmente é Professor Emérito de Teologia
Filosófica da Universidade de Yale, nos EUA. Mais informações em:
<http://religiousstudies.yale.edu/wolterstorff>.
263 Guilherme de Carvalho, Cosmovisão cristã e transformação, p. 261.
264 Cf. Raízes da cultura ocidental, p. 72.
265 Guilherme de Carvalho, Cosmovisão cristã e transformação, p. 262.
266 Ibid., p. 263.
267 Leonardo Ramos, “Os ídolos do nosso tempo: A cosmovisão cristã em um mundo de esquerdas e
direitas”. In: Rodolfo Amorim, Marcel Camargo e Leonardo Ramos (Org.), Fé cristã e cultura
contemporânea, p. 147.
268 Ibid., p. 146.
269 Cf. Guilherme de Carvalho, Cosmovisão cristã e transformação, p. 269.
270 Ibid., p. 270.
271 Cabe aqui a indagação sobre os reais pontos de contato do neocalvinismo (ao menos como
formulado por Abraham Kuyper e Prinsterer) e a TMI, ainda mais levando-se em conta a assertiva
do próprio autor de que esta última apresenta pressupostos apóstatas que confrontam a Palavra de
Deus. Talvez o problema mais evidente numa tentativa de conciliação entre essas duas correntes seja
o mesmo que se encontra no cerne da tensão entre “reforma e revolução”; isto é, o neocalvinismo,
diferentemente do reacionarismo ou do posterior tradicionalismo do século XX, parte de uma posição
antirrevolucionária, e não contrarrevolucionária, o que significa que não é uma idealização ou um
retorno ao passado, mas uma oposição à causa primeira de toda e qualquer revolução que subverte a
ordem espiritual e a hierarquia social: a incredulidade. Nesse sentido, as mazelas do passado (e do
presente) são percebidas pelas lentes da Palavra de Deus, abrindo-se, pois, espaço para sua correção
mediante a reforma, que, como evidente na própria etimologia da palavra, conserva as estruturas e
repara as eventuais fraturas do edifício social ou teológico. Assim, para o neocalvinismo, a causa das
desigualdades sociais, espiritualmente falando, seria não a injustiça social, mas a incredulidade e a
idolatria, as quais, por seu turno, geram injustiças. Dito de outro modo, é a falta de confiança na
Providência divina, além das óbvias motivações pecaminosas, que conduz à ganância e eventual
exploração por parte de um segmento da sociedade. De igual modo, não nos é cabível — como
deseja a TMI — a afirmação de que a pobreza é sempre resultado do descaso estatal ou da inação
da igreja, já que, como consequência do pecado, ela está associada logicamente à condição espiritual
de uma nação (países sem a influência cristã tenderão mais à corrupção, à inatividade, etc.). Há,
ademais, a posição historicamente enviesada (quando não falsa) de que a igreja separou ou
fraccionou o homem em partes, sendo agora necessária a restauração de sua integralidade. A
despeito da influência de pressupostos apóstatas (em especial neoplatônicos), a igreja sempre
conservou a doutrina e confissão de que é o homem em sua condição “de carne” que é salvo — não
somente sua alma, nem somente seu corpo, mas na sua criação à imagem de Deus. Não há, pois,
necessidade de uma afirmação da TMI, mas a simples repristinação da confissão católica (universal)
da igreja. [N. do E.]
272 Afirmar que há uma crítica robusta — no sentido de um corpo acadêmico consolidado — à
teologia da libertação, a partir da reflexão neocalvinista no Brasil, seria um exagero. Limitamo-nos à
crítica feita pelos membros da AKET (Associação Kuyper para Estudos Transdisciplinares), cuja
reflexão indica estar, em parte, alicerçada na crítica de James Olthuis — filósofo reformado — à
TdL, na obra: James H. Olthuis, Evolutionary Dialectics and Segundo’s Liberation
Theology (Toronto: Institute for Christian Studies, 1986). Ademais, não existe um diálogo e resposta
por parte de autores ligados à TdL talvez por causa da pouca visibilidade da tradição neocalvinista no
Brasil.
273 Ou de maiorias, como é o caso dos pobres, no contexto Latino-Americano.
274 Cf. Rosino Gibellini, A teologia do século XX, p. 349.
275 Alessandro Rodrigues Rocha, “Teologia da libertação”. In: Fernando Bortolleto Filho et al.
(Org.), Dicionário brasileiro de teologia, p. 962-65.
276 Ibid., p. 962.
277 Ibid., p. 963.
278 Victor Codina, ¿Que es la Teologia de la Liberacion? (Santiago: Rehue, 1987), p. 13.
279 Alessandro Rodrigues Rocha, “Teologia da libertação”. In: Fernando Bortolleto Filho et al.
(Org.), Dicionário brasileiro de teologia, p. 963.
280 Guilherme de Carvalho, Cosmovisão cristã e transformação, p. 144.
281 Alessandro Rodrigues Rocha, “Teologia da libertação”. In: Fernando Bortolleto Filho et al.
(Org.), Dicionário brasileiro de teologia, p. 964.
282 Talvez apenas superficialmente tenhamos aqui um ponto em comum, pois o pensamento
neocalvinista dooyeweerdiano nega a neutralidade em razão de sua antropologia e “ontologia”
fundamentadas respectivamente no coração humano e no Deus triúno. Isto é, sendo o homem um ser
essencialmente religioso, toda a sua vida e todas as suas ações são um culto, dirigem-se ou ao Deus
verdadeiro ou a um ídolo. Não há neutralidade, pois o “espírito” que move o coração humano sempre
e necessariamente é ou o Espírito de Cristo que gera liberdade e ilumina a mente do eleito ou é um
espírito apóstata em rebeldia contra o Criador e, em última instância, contra a ordem criada. A
teologia da libertação, por sua vez, simplesmente adota o binômio marxiano de
“infraestrutura/superestrutura”, sendo este último apenas um subproduto e justificação daqueles que
detêm os meios de produção e um meio de dar continuidade à sua hegemonia. A própria noção que
Marx tem de “ideologia” (termo tomado de empréstimo de Antoine Louis Claude Destutt de Tracy) é
um arremedo da noção cristã de Logos, já que, em sua concepção, é o próprio ambiente intelectual,
jurídico, social e cultural no qual o homem vive, existe e se move, mas que, no entanto, é gerado pela
classe então dominante como meio de justificação da sua supremacia. Nesse sentido, para o
pensamento marxista nada de fato é neutro, pois, oculto sob as rigorosas racionalizações, jaz oculta a
vontade de poder. [N. do E.]
283 Victor Codina, ¿Que es la Teologia de la Liberacion?, p. 25.
284 Alessandro Rodrigues Rocha, “Teologia da libertação”. In: Fernando Bortolleto Filho et al.
(Org.), Dicionário brasileiro de teologia, p. 964.
285 Cf. Victor Codina, ¿Que es la Teologia de la Liberacion?, p. 28.
286 Ibid., p. 29.
287 Guilherme de Carvalho, Cosmovisão cristã e transformação, p. 263.
288 Não se quer dizer com isso que as duas dimensões, espiritual e material, estejam desconectadas e
que não convivam de diferentes formas.
289 Guilherme de Carvalho, Cosmovisão cristã e transformação, p. 264.
290 Ibid., p. 149.
291 Ibid., p. 149.
292 Victor Codina, ¿Que es la Teologia de la Liberacion?, p. 25-26.
293 Guilherme de Carvalho, Cosmovisão cristã e transformação, p. 150.
294 Guilherme de Carvalho, “O senhorio de Cristo e a missão da igreja na cultura”. In: Leonardo
Ramos et al. (Org.), Fé cristã e cultura contemporânea, p. 70.
295 Cf. Guilherme de Carvalho, Cosmovisão cristã e transformação, p. 146.
296 Ibid., p. 147.
297 Na obra No crepúsculo do pensamento, Herman Dooyeweerd tem um capítulo próprio para
tratar sobre o historicismo, onde faz um balanço, a partir da história da filosofia, do desenvolvimento
dessa perspectiva, começando pelo humanismo cartesiano, passando por Kant e Hegel e chegando a
Comte e Marx.
298 Cf. Guilherme de Carvalho, Cosmovisão cristã e transformação, p. 148.
299 Ibid., p. 148.
300 Ibid., p. 155.
301 Sobre esse assunto e sobre as transformações da teologia da libertação, veja Rudolf von
Sinner, Da teologia da libertação para uma teologia da cidadania como teologia pública.
Disponível em:<https://est.academia.edu/RudolfvonSinner>. Acesso em: 04.jul.2014. Este texto foi
publicado originalmente em inglês no International Journal of Public Theology. a. 1. n 3/4. p. 338-
363, 2007. Tradução de Luís Marcos Sander.