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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ABAETETUBA

LICENCIATURA EM LETRAS-LÍNGUA PORTUGUESA

FACULDADE CIÊNCIAS DA LINGUAGEM-FCL

ÂNGELA DA SILVA OLIVEIRA

MANOELA CORREA FERREIRA

A LITERATURA MEDIEVAL

Abaetetuba

2021
Literatura Medieval 
É o conjunto de obras que foram escritas no período da Idade Média que se
iniciou com a queda do Império Romano e se perdurou por um longo período
até o fim do século XVI, no início do Renascimento. Além disso, foi um período
marcado pela sociedade ruralista e autossuficiente com o sistema feudal onde
os vassalos tinham plenos poderes da igreja em cima das pessoas. Na época
também foi originada a concepção de Teocentrismo, uma ideologia que
pregava que Deus era o centro de tudo, assim, a maioria das escrituras
daquela época são primordialmente de teor religioso. Essas escrituras eram
restritas a nobreza e ao clero, pois, o restante da população não era
alfabetizado. Alguns escritores desse período são:

 Dante Alighieri
 Giovanni Boccaccio
 Santo Agostinho
 São Tomás de Aquino
 Pedro Abelardo
 Geoffrey Chaucer
 Boecio
 Paio Soares de Taveirós

A Literatura Medieval têm como principais características:


“Temáticas religiosa em relação a vida dos santos, a existência de Deus, as
interpretações da vida cotidiana sob o aspecto religioso, a moral cristã, trechos
da bíblia sagrada, alma humana. Além disso, a influência da Igreja em todos os
aspectos da vida das pessoas.” (LIMA, 2020). Escritos em pergaminhos e no
idioma latim. Influência da filosofia grega, como Platão e Aristóteles. A
exaltação da figura do herói, escrituras sobre os atos de heroísmo nas guerras
e nas batalhas. E por último, Ilustrações desenhados nas margens das folhas,
ou seja, ilustrações com iluminuras.

Literatura Medieval: Trovadorismo


O trovadorismo é o primeiro movimento literário da Língua Portuguesa, e
segundo Alba Caldeira é um “ [...] fenômeno sociohistórico, cultural e poético,
que abrange várias línguas vernáculas europeias — tem a sua gênese nas
cortes e se inicia em fins do século XI, prolongando-se até o início do século
XIV.” (CALDEIRA, 2013, p. 1). Sua primeira manifestação aconteceu por volta
do século XVIl, marcada como uma importante expressão artística como a
primeira escola literária da Idade Média e da literatura brasileira. Além disso, o
trovadorismo acontece na época em que a política era religiosa e prevalecia os
interesses da igreja, os homens eram educados para serem cavaleiros e
defenderem suas terras e seguiam os princípios cristãos como a lealdade e a
honra para que seus destinos tivessem fossem de força divina. O Trovadorismo
português originou-se com a publicação da Canção Ribeirinhas, de Paio
Soares de Taveirós. Recebendo esse nome, exatamente porque o trovador era
o principal personagem de Paio Soares de Taveirós. Esse movimento
influenciou novas escolas literárias portuguesas e depois a literatura brasileira.
Esse período da literatura se perdura até o movimento do Quinhentismo. Os
principais autores do Trovadorismo foram

 “Ribeirinha" de  Saio Soares de Taveirós.


 “Aí Deus se saberá meu amigo" de Martim Codox.
 "A Dom Foan quer'eu gram mal" de João Guarcia de Guilherme.

Lírica Medieval

Segundo Nelvi Algeri: “Atualmente, o Trovadorismo encontra-se envelhecido


para o gosto do leitor moderno, mas é preciso tomar cuidado para não supor
que tudo o que caracterizou a lírica trovadoresca esteja condenado ao
esquecimento.” (ALGERI, 2007, p. 4). Em suma, algumas Cantigas líricas
puderam ser resgatadas graças aos Reis da época que quase sempre
ordenava que as canções fossem escritas e organizadas em cancioneiros que
eram escritas de forma manual. Hoje se tem conhecimento de apenas três
tipos:

 Cancioneiro da ajuda, o mais antigo, contendo 310 a maioria com


composições de amor, anteriores a D. Dinis. Esse Cancioneiro é muito
valioso por sua grafia e decoração.

 Cancioneiro da Vaticana, encontra-se na biblioteca do vaticano,


contendo 1205 composições de todos os tipos, sendo descoberto no
século XlX

 Cancioneiro da biblioteca, nele contém 4657 composições que abrange


todos os reinados de D.afonso lll e de D. Dinis sendo o cancioneiro mais
completo tendo fragmentos de um tratado da poética.
Cantigas Trovadorescas:
A prosa medieval se desenvolveu na Idade Média na Europa, entre os séculos
X e XV, este ciclo literário possui algumas características que o definem.
Durante o período conhecido como trovadorismo, o que realmente se destacou
foram as cantigas. As cantigas são os textos poéticos que fizeram parte do
trovadorismo. Eram acompanhadas por instrumentos como o alaúde, a viola e
a flauta. Os trovadores eram os autores das cantigas, e os jograis os cantores.
Elas foram a principal forma de expressão literária, e por serem acompanhadas
de músicas, receberam o nome “cantigas”.

Cantiga de Amor: São cantigas da Idade Média que são escrita em primeira
pessoa. Surgiu entre os séculos Xl e Xlll, que retrata o amor e a paixão de um
cavaleiro por uma mulher idealizada e distante,  o trovador se coloca na figura
de fiel vassalo à servisso da mulher amada que quase sempre não era
correspondido. Nesse contexto, surge a "amor cortês" retratando o amor
impossível por desejarem mulheres comprometidas e por isso sofrem de
maneira mais dolorosa. Suas principais obras e autores são:

 Cantiga da Ribeirinha” de Paio Soares de Taveirós


 Cantiga “Ai eu de min, e que será?” de Nuno Fernández
 Cantiga “A dona que eu am’e tenho” de Bernardo de Bonaval

Cantiga de Amigo: São originárias da Península Ibérica muito comum em


Portugal na época do Trovadorismo. As cantigas escritas pelos Trovadores que
sempre representavam o sentimento feminino, seus dramas afetivos, angústia
tanto quanto, de forma discreta pois, os valores de uma dama era a discrição.
As cantigas são dirigidas em primeira pessoa e as vezes em forma de diálogo.
Além, de serem muito representadas na zona rural havendo um ligação com a
natureza, seus rios e flores, pássaros, envolvendo mulheres camponesas,
refletindo a relação dos nobres com as plebeias. Suas principais obras e
autores:

 Cantiga “Ai flores, ai flores do verde pino” de D. Dinis


 Cantiga “Ondas do Mar de Vigo” de Martin Codax
 Cantiga “A meu amigo, que eu sempr'amei” de João Garcia
Cantiga de Escárnio: São cantigas que apresentam ironias e críticas indiretas,
sutil e irônica que evita retratar o nome da pessoa alvo. Além disso, pode
conter nas canções palavras de duplo sentido, críticas ao comportamento
social além de palavrões de duplo sentido. Seus autores e obras são:

 Cantiga “Ai, dona fea, foste-vos queixar” de João Garcia de Guilhade


 Cantiga “Ai, dona fea, foste-vos queixar” de João Garcia de Guilhade

Cantiga de Maldizer: São cantigas que representam um terceiro "eu lírico".


Escrita, as vezes, pelo mesmo trovador das canções de "amor" e de "amigo".
São relatadas de forma mais diretas e grosseira em relação a suas críticas,
pois tem a real intenção de agredir a pessoa verbalizar usando palavrões
considerados de baixo calão, dirigida normalmente a uma pessoa próxima ou
do mesmo ciclo social do trovador. Obras eu autores:

 Cantiga de “A mim dam preç', e nom é desguisado” de Afonso Anes


 Cantiga “A dona fremosa do Soveral” de Lopo Lias

Prosa Medieval:
A prosa medieval se destacou no período do trovadorismo este destaque
perdurou até o período do renascimento, quando o rebuscado deu lugar ao
filosófico, e ao reflexivo. A principal diferença entre poesia e prosa está
presente na forma que o texto se constitui. Enquanto a prosa apresenta
discurso livre e frases corridas, a poesia é constituída por versos e utiliza a
subjetividade de maneira estética. Os primeiros registros de prosa medieval
surgiram no século XIII, durante a metade final do período do trovadorismo.
Contudo, possuíam aspecto muito mais religioso, apesar do contexto histórico
também se fazer presente. De todas as formas, grande parte delas
apresentava o gênero narrativo em sua composição. Ela se apresenta
subdividida em categorias específicas, estando demarcadas por:

Cronicões: Caracterizavam-se como uma ordenação cronológica dos fatos


históricos; entremeados de fatos fictícios.

Livros de linhagem ou nobiliários: São compilações da linhagem


genealógica de famílias nobres, nas quais, estavam presentes relatos de
episódios ou feitos de origem lendária. Assim, pretendiam orientar a nobreza
acerca de possíveis casamentos e relações de amizades, com o intuito de
defender os privilégios feudais.

Hagiografias: (Provindas do grego hagio + grafia = escrita): Narrativas que


contam contam vida dos santos, com objetivo moralizante e exemplar. Foram
produzidas dentro dos mosteiros e muitas delas escritas em latim.

Novelas de Cavalaria
Jerusa Pires Ferreira (1973) define novela de cavalaria como: “ {...} uma
espécie de ficção, que alcança na Península Ibérica um enorme
desenvolvimento e prestígio, sendo curioso constatar o grande número destas
obras impressas aí até o século XVII, permanecendo, depois, em folhetos de
cordel, até mais tarde.” Além de conter muitas aventuras, atos de coragem dos
grandes cavaleiros, fazendo muito sucesso, principalmente no início do século
XV e final do século XVll da fase inicial do Trovadorismo e se  perdura até a
atualidade, graças a essas novelas que é a principal imagem da Idade Média
para a sociedade contemporânea. Estes romances descreviam as façanhas
realizadas por cavaleiros errantes, a princípio eram produzidas em formato
poético. Posteriormente passaram a ser elaboradas em prosa. A trama básica
desses livros se resume na procura de um cavaleiro por glória e justiça; ele
está sempre preparado para se submeter a qualquer suplício com o objetivo de
proteger o ideal do Cristianismo. Estas obras são classificadas em três
estágios, denominados ciclos:

Ciclo Greco-Latino ou Clássico: Reproduz mitos e histórias ancestrais, tais


como as aventuras de Alexandre, o grande e dos protagonistas da Guerra de
Tróia.

Ciclo Bretão ou Arturiano: Desenvolvido na Inglaterra; ele retrata as


realizações do rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda.

Ciclo Carolíngio: Descreve os feitos heróicos de Carlos Magno e dos Doze


Pares de França.

Autores e obras

 Bernard Cornwell: As Crônicas do Rei Arthur: O Rei do Inverno; O


Inimigo de Deus; Excalibur; A Busca do Graal: O Arqueiro; O Andarilho;
O Herege; 1356; As Crônicas Saxônicas: O Último Reino; O Cavaleiro
da Morte; A Canção da Espada.

 Marion Zimmer Bradley: As Brumas de Avalon; Os Ancestrais de Avalon;


Os Corvos de Avalon; A Senhora de Avalon; A Sacerdotisa de Avalon;
Merlin, o Assassino de Arthur Falso; Excalibur Falso; O Coração de
Avalon; O Regresso de Avalon; O Regresso do Rei Arthur.

 T. H. White: O Único e Eterno Rei: A Espada na Pedra; A Rainha do Ar e


das Sombras; O Cavaleiro Imperfeito; A Chama ao Vento; O Livro de
Merlin.

 Thomas Malory: Le Morte d’Arthur; Ciclo Arturiano; Tristão e Isolda.

 João de Lobeira: Amadis de Gaula.

 Francisco de Moraes Cabral: Palmeirim de Inglaterra.


Referências

1 EDUCA MAIS BRASIL. E+B Educação, 2020. Página inicial. Disponível em:


<https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/literatura-
medieval> Acesso em: 06 de set. de 2021.

2 CALDEIRA, A. O alvorecer na literatura medieval: um estudo sobre as


canções de alba românicas. Tese (Mestrado em Estudos Literários) -
Universidade Federal de Minas Gerais. Minas Gerais, p. 106. 2013. Disponível
em: https://repositorio.ufmg.br › handle

3 ALGERI, Nelvi Malokowsky. A poesia trovadoresca e sua relação com a


literatura de cordel e a música contemporânea, p 20. Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/810-4.pdf

4 PIRES, Jerusa. Da novela de cavalaria. Texto (Seminário de atualização


universitária) – Instituto de Letras da UFBa. Bahia, p 15. 2014. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/105124

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