Você está na página 1de 16

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Raul António Raul


Código: 708208233

Nampula Julho de 2021


Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância

Raul António Raul

Código: 708208233

Trabalho de carácter avaliativo, apresentado ao


departamento de Ensino à Distância, cadeira de
Teologia, 2o Grupo, Curso de Ensino de Educação
Física 2o ano, Turma: B.

Docente: __________________.

Nampula Julho de 2021


Dedicatória

______________________________________________________________________

Este trabalho dedico a:

Memória do meu querido _________________________________________

3
Agradecimentos
Os meus agradecimentos vão para os meus queridos pais por me terem nascido, educado com
todo carinho e amor, consolidação e formação da minha personalidade, sem esquecer também
dos amigos e colegas do trabalho que me deram apoio no processo de aprendizagem.

Aos meus docentes, pela paciência, orientações metodológicas e direccionamento das obras
preferências para efetivação das pesquisas, e todos os colegas, do curso de Ensino de Educação
Física da Universidade Católica de Nampula, por não terem poupado esforços para que esta
monografia se tornasse realidade.

A todos que directa ou indirectamente contribuem para o sucesso dos meus estudos.

4
Índice

Dedicatória.......................................................................................................................................3

Agradecimentos...............................................................................................................................4

Introdução........................................................................................................................................6

Conceito de fé Católica....................................................................................................................7

O Historial da fé católica.................................................................................................................9

Teologia da criação........................................................................................................................10

A dimensão trinitária da criação e eventos do cristo.....................................................................11

Conclusão......................................................................................................................................15

Bibliografia....................................................................................................................................16

5
Introdução

O presente trabalho de teologia aborda sobre a fé católica, o historial, a teologia da criação e a


dimensão trinitária da criação e eventos do cristo. No entanto, tenta-se mostrar que a criação tem
como único sujeito Deus. A acção criadora de Deus quis revelar-se através da carne humana e
manifestar, na história, “a Imagem do Deus invisível”, integrando, na obra de Cristo, a criação
inteira. Em toda a extensão da história da salvação, que se prolonga na fé da comunidade
primitiva, como testemunho de primeira grandeza, esta comunidade celebra o papel de Cristo na
criação, como Filho de Deus e, por ter assumido a condição humana, a comunidade de fé anuncia
a novidade do processo criacional em constante mutação. Nesse sentido, esperamos que com este
trabalho possamos agregar mais conhecimentos em relação ao cristianismo e como é sentir a fé
cristã.

No entanto o presente trabalho encontra-se estruturado em: Introdução, desenvolvimento,


conclusão e bibliografia.

6
Conceito de fé Católica

A Sagrada Escritura, na carta aos Hebreus capítulo 11 versículo 1, diz que “a fé é a garantia dos
bens que se esperam, a prova das realidades que não se vêem”. A fé é um dom de Deus, uma
virtude sobrenatural infundida por Ele em nós, que nos certifica dos bens vindouros, como a
promessa da vida eterna.

Já o Catecismo da Igreja Católica ensina que “a fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus
e em tudo o que Ele nos disse, revelou e a Santa Igreja nos propõe a crer, porque Ele é a própria
verdade. Pela fé, “o homem livremente se entrega todo a Deus”. Por isso, o fiel procura conhecer
e fazer a vontade d’Ele. “O justo viverá da fé” (Rm 1,17). A fé viva “age pela caridade” (Gl 5,6).
(CIC. 1814).

Nessa perspectiva, a Igreja diz que “a fé é, primeiramente, uma adesão pessoal do homem a
Deus; é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o assentimento livre a toda verdade que Deus
revelou” (CIC 150). Isso porque “a fé é a resposta do homem a Deus, que se revela e a ele se
doa, trazendo, ao mesmo tempo, uma luz superabundante ao homem em busca do sentido último
de sua vida” (CIC 26). Dessa forma, não é suficiente dizer que temos fé, mas é preciso
responder, concretamente, com a vida o que Deus nos revelou, o seu amor e salvação: Jesus
Cristo.

Com isso, para que o homem possa entrar em intimidade com Deus, numa experiência pessoal, o
próprio Senhor quis “revelar-se ao homem e dar-lhe a graça de poder acolher esta revelação na
fé. Contudo, as provas da existência de Deus podem dispor à fé e ajudar a ver que a fé não se
opõe à razão humana.” (CIC. 35). Pois, como bem explicou o Papa João Paulo II: “a fé e a razão
(fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a
contemplação da verdade.”

“É pela fé que compreendemos que os mundos foram organizados por uma Palavra de Deus. Por
isso é que o mundo visível não tem sua origem em coisas manifestas” (Hb 11,3). A pessoa de fé
é aquela que crê na existência de Deus, que criou todas as coisas visíveis e invisíveis, e que é Ele
o organizador de toda a criação.

7
“Foi pela fé que Henoc foi arrebatado (…). Antes de ser arrebatado, porém, recebeu o
testemunho de que foi agradável a Deus. Ora, sem a fé é impossível ser-lhe agradável” (Hb 11,5-
6). Uma pessoa de fé é agradável a Deus, porém, deve-se crer não pelos possíveis benefícios a
serem recebidos, mas simplesmente por aquilo que Deus é.

“Foi pela fé que Noé, avisado divinamente daquilo que ainda não se via, levou a sério o oráculo e
construiu uma arca para salvar a sua família” (Hb 11,7). Ser pessoa de fé é ouvir a Deus e
colocar em prática aquilo que aos olhos humanos parece impossível. Assim como Noé, é preciso
confiar no anúncio de Deus, que nos é direccionado diariamente.

“Foi pela fé que Abraão, respondendo ao chamado, obedeceu e partiu para uma terra que devia
receber como herança, e partiu sem saber para onde ia” (Hb 11,8). Só quem crê, confia. A pessoa
de fé obedece e responde a Deus, mesmo sem ter seguranças humanas e materiais, pois, como
Abraão, é necessário caminhar na fé rumo à pátria celeste, que é o céu.

“Foi pela fé que também Sara, apesar da idade avançada, tornou-se capaz de ter uma
descendência, porque considerou fiel o autor da promessa” (Hb 11,11). A fé nos faz perseverar
nas promessas de Deus, que pode até tardar, mas não falha, porque para Deus nada é impossível.

“Foi pela fé que Moisés (…) deixou o Egito, sem temer o furor do rei, e resistiu como se visse o
invisível. Foi pela fé que atravessaram o mar vermelho, como se fosse terra enxuta” (HB
11,24.27.29). Uma pessoa de fé acredita no ordinário e extraordinário, que leva a vislumbrar o
que não se vê. Já que, também, “foi pela fé que as muralhas de Jericó caíram, depois de um cerco
de sete dias” (HB 11,30).

Enfim, no Novo Testamento, o iniciador e consumador da fé, Jesus Cristo, é o exemplo por
excelência de uma pessoa de fé, e é n’Ele que nós encontramos a plenitude do que devemos crer
e realizar. Assim, é pela obediência da fé ao Cristo que conseguimos dar respostas a Deus.
Mesmo sem ver, cremos, pois o próprio Jesus diz: “Felizes aqueles que crêem sem ter visto” (Jo
20,29).

8
O Historial da fé católica

Na história da Igreja verifica-se, portanto, um entrecruzar entre o divino e o humano, por vezes,
dificilmente diferençável. Com efeito, lançando um olhar à história da Igreja, há aspectos que
surpreendem o observador, inclusive o não crente:

 A unidade no tempo e no espaço (catolicidade): a Igreja Católica, ao longo de dois


milénios, permaneceu a mesma entidade, com a mesma doutrina e os mesmos elementos
fundamentais: unidade de fé, de sacramentos, de hierarquia (pela sucessão apostólica);
além disso, em todas as gerações reuniu homens e mulheres dos povos e culturas mais
diversos e de zonas geográficas de todos os cantos da terra;
 A acção missionária: a Igreja aproveitou todos os acontecimentos e fenómenos históricos,
em todo o tempo e lugar, para pregar o Evangelho, também nas situações mais adversas;
 A capacidade, em cada geração, de produzir frutos de santidade em pessoas de todos os
povos e condições;
 Um forte poder de recuperação perante crises, às vezes muito graves.

A partir do séc. I, o cristianismo iniciou a sua expansão, sob a orientação de São Pedro e dos
apóstolos e, depois, dos seus sucessores. Assiste-se, portanto, a um progressivo aumento dos
seguidores de Cristo, sobretudo no interior do Império Romano; nos primeiros tempos do séc. IV
constituíam, aproximadamente, 15% da população do Império, e estavam concentrados nas
cidades e na parte oriental do império romano. A nova religião difundiuse, de todos os modos,
também para além dessas fronteiras: na Arménia, Arábia, Etiópia, Pérsia, Índia.

Nos primeiros séculos da história do cristianismo assiste-se a um grande florescimento da


literatura cristã, homilética, teológica e espiritual: são as obras dos Padres da Igreja, de grande
importância na reconstrução da Tradição; os mais relevantes foram Santo Ireneu de Leão, Santo
Hilário de Poitiers, Santo Ambrósio de Milão, São Jerónimo e Santo Agostinho, no Ocidente;
Santo Atanásio, São Basílio, São Gregório Nacianceno, São Gregório de Nissa, São João
Crisóstomo, São Cirilo de Alexandria e São Cirilo de Jerusalém, no Oriente.

Portanto, na Idade Moderna inicia-se com a descoberta da América, evento que, juntamente com
as explorações em África e na Ásia, originou a colonização europeia de outras partes do mundo.
A Igreja aproveitou este fenómeno histórico para difundir o Evangelho nos continentes fora da
9
Europa; assiste-se ao aparecimento de missões no Canadá e Louisiana, colónias francesas, na
América espanhola, no Brasil português, no reino do Congo, na Índia, Indochina, China, Japão,
Filipinas. Para coordenar estes esforços na propagação da fé, a Santa Sé instituiu em 1622 a
Sacra Congregatio de Propaganda Fide.

No séc. XX, a Igreja enfrentou numerosos desafios, Pio X teve que reprimir as tendências
teológicas modernistas dentro do próprio corpo eclesiástico. Estas correntes caracterizavam-se,
nas suas manifestações mais radicais, por um imanentismo religioso que, embora mantivesse as
formulações tradicionais da fé, na realidade as esvaziava de conteúdo. Portanto, ampliação do
diálogo com outras religiões e com a cultura. Nos anos a seguir ao Concílio, a Igreja sofreu uma
profunda crise interna de carácter doutrinal e disciplinar, que conseguiu superar, em boa medida,
durante o longo pontificado de S. João Paulo II (1978-2005), papa de extraordinária
personalidade, que fez com que a Santa Sé tivesse níveis de popularidade e prestígio nunca antes
conhecidos, dentro e fora da Igreja Católica.

Teologia da criação

A teologia da criação encontra resposta para esse drama no evento da encarnação, vida, morte e
ressurreição de Cristo, momento culminante no qual o projecto de Deus atinge sua realização e o
drama da infidelidade do ser humano encontra a sua solução. A teologia parte, portanto, de
Cristo para chegar a um Deus relacionado como Comunidade de amor e que atua pelo seu
Espírito no Filho, para reconciliar a humanidade e toda a criação com Deus.

Portanto, A perspectiva teológica da criação exige aqui que se abra um horizonte trinitário, pois é
na identidade trinitária que se encontra o fundamento teológico da criação como realidade
autónoma do mundo (BOFF, 1986: 14-15) e faz das muitas histórias de distintas culturas uma
única história, que é história da salvação (AMATO, 1993: 273). Esta encontra no evento da
encarnação, da cruz e da ressurreição, o momento no qual o projecto salvífico do Pai atinge a sua
realização plena: a salvação de toda a humanidade.

Neste horizonte, enfatiza-se a actuação trinitária como Comunidade relacionada no amor pela
comunhão gerada no Espírito Santo e revelada pela vinda de Jesus Cristo no meio de nós.
Falamos desta Comunidade, mais conhecida como Santíssima Trindade, começando por Jesus

10
Cristo porque é por Ele que temos acesso ao mistério de Deus Pai, de Deus Filho e de Deus
Espírito Santo.

Na identidade trinitária está o fundamento da possibilidade mesma da criação, como realidade na


qual vivemos e nos movemos, e realidade em evolução. A posição do ser humano nesta evolução
da teologia da criação é a de ser uma pessoa aberta e dialogante com seu Criador que a interpela.
É deste diálogo feito na liberdade, que nasce e se constrói a história da salvação.

O mundo tem uma consistência de espaço e de tempo que não podem ser dissolvidos na
liberdade do homem. Por isso, se não há possibilidade do mundo sem o homem não há
possibilidade do homem sem o mundo (BINGEMER; FELLER, 2003, p. 142-143). Mas não
existe ser humano possível sem o eterno Filho de Deus e não existe, de fato, historicamente a sua
criação e salvação, sem o Filho eterno encarnado pela força do Espírito que desce numa mulher
quando chega à plenitude dos tempos (Gl 4,4). A fé na criação nasce da manifestação histórica
de Deus em Jesus Cristo, através da palavra e o seu Espírito. Este fato histórico é a substância
insuperável da fé no Deus Criador de todas as coisas.

A dimensão trinitária da criação e eventos do cristo

O espírito se encontra já no início de tudo e o livro do Géneses diz que o espírito de Deus pairava
sobre as águas quando Deus criava o céu e a terra (Gn 1,2). Ele perpassa toda a criação,
movimenta todos os pontos de mutação do cosmo até na sua mais perfeita expressão que é o
Espírito divino, mais tarde, o Espírito Santo. O cosmo como um todo é criação do espírito; o
mundo material por nós considerado inerte é movido no espírito e pelo espírito; animais e plantas
são penetrados pelo espírito em todas as suas energias. Nós, os humanos, somos considerados
portadores do espírito humano, porque nos abrimos à comunicação, à inventividade e ao serviço
ao outro e à outra.

A nossa comunicação e abertura a Deus, como sentido profundo da vida, são feitas pelo espírito
humano que trazemos dentro de nós. E é o espírito humano que nos leva à comunicação com o
Espírito divino, ou o Espírito Santo, Espírito de Luz. Esse Espírito define a identidade de Deus
que se revelou em Jesus Cristo na nossa condição humana. O Espírito Santo não é uma realidade

11
criada pela nossa imaginação, mas uma realidade divina que nos leva a fazer a experiência de
comunhão com Deus e com toda a criação, plasmada por Ele. O Espírito Santo é uma Pessoa.

No entanto, na luz trinitária do evento cristológico, o Espírito é o escatológico em Deus


(MOLTMANN, 1999: 101), não só enquanto funda a abertura do amor trinitário de Deus em
direcção ao ser humano. Mas também quando o ser humano se abre para a plenitude do Espírito
que habita a criação. Esse acto de abertura ao Espírito intensifica ainda mais a esperança que está
em nós, porque não só nós humanos, mas a criação inteira geme e sofre as dores de parto,
suplicando ao Espírito que socorra a nossa fraqueza (Rm 8,22.26).

No âmbito da criação, o ser humano é concebido como criatura primordial por ser dotado de
liberdade, consciência e espírito (BOFF, 1995: 248); por ser livre, leva a cumprimento a palavra
da criação; por ter consciência de seus actos, se protege das várias formas de arrogância
antropocêntrica, até mesmo da interpretação bíblica da criação: “[...] enchei a terra e submetei-a,
dominai-a [...]” (Gn 1,28); finalmente, por ter seu espírito aberto ao Espírito Criador do Pai,
busca o sentido perdido da profundidade da vida e descobre seu lugar no mundo criado (AUER,
1987: 208: 209). Coroamento da criação, porém, não é o homem e a mulher, mas o sábado. O
sábado actualiza a Aliança que Javé faz com toda a criação, que se completa com a criação do
“homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele os criou” (Gn 1,27).

O espírito legalista transformou a alegria do sábado numa observância sem sentido, da qual Jesus
libertou seus discípulos, quando estes, com fome, comeram espigas arrancadas; e criticados por
esta acção, Jesus se coloca como Senhor do sábado (Mc 2,27s). O sábado actualiza, ainda, a
acção salvadora e criadora de Javé, que chama, constantemente, o homem e a mulher de todos os
tempos, a viverem a interacção com tudo o que Deus criou e plasmou no amor e na liberdade de
sua omnipotência.

Portanto, a criação como cosmo não é simples cenário ornamental da relação directa e
interpessoal entre Deus e a pessoa humana. Esta constitui um importante lugar de mediação desta
relação. Se for verdade que Cristo, na sua pessoa encarnada é o Mediador (1Tm 2,5), ou o lugar
da mediação, sua função se plenifica no mundo, na criação assumida e transfigurada (Rm
8,19ss). A transfiguração do mundo no evento cristológico da encarnação coroada pela
ressurreição é encontrada em Cristo. Nele “aprouve a Deus fazer habitar toda a Plenitude” (Cl

12
1,19), o “pleroma”, que, num contexto sapiencial, é indicativo da plenitude do cosmo
transfigurado (Sb 7,22). Por isso, podemos afirmar que “a prometida restauração que esperamos
já começou em Cristo é levada adiante pela acção do Espírito Santo”, enquanto nós, na
esperança, realizamos a obra que o Pai nos entregou (LG 48).

No entanto, Ao aplicar à vida de fé o conceito cristão de salvação do mundo, a reflexão teológica


foi, não raras vezes, dominada pelo protagonismo dado ao ser humano em sua relação com Deus
e nada mais. Como se Deus não levasse em conta sua criação – o mundo, a natureza, as coisas.
Nesse âmbito, a Teologia deverá recuperar a importância da mediação cósmica e do papel
simbólico do mundo. Tanto mais que esse papel vem sendo hoje, colocado mais claro nos dados
provenientes das ciências da vida e da própria comunicação das descobertas feitas em todos os
âmbitos da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade.

Nesse sentido, enfatiza-se, aqui, a capacidade que é dada à pessoa humana de entrar em diálogo
com Deus Criador, que se dá a conhecer na pessoa de Jesus Cristo. É a relação da condição
humana limitada que entra em diálogo com o Transcendente e Eterno. Nenhuma das coisas
criadas entra na dimensão dialógica com o Senhor que as criou. Só ao homem e à mulher,
criados à imagem e semelhança de Deus, são dados a capacidade desta relação com seu Criador.
É a nova criação encarnada.

Contudo, a fé pensada nesse processo tem como significado pleno o do evento teológico em que
se manifesta a comunicação da vida trinitária de Deus ao ser humano É neste evento que se
estabelece a íntima relação que existe entre salvação e criação: a criação se revela como um ato
de salvação e esta se realiza como a nova criação, no dom da auto comunicação de Deus como
Pai, como Filho e como Espírito, o qual dá testemunho da nossa fé na acção criadora do Pai. A
obra criadora de Deus atinge sua realização plena em Cristo, fazendo da história do homem,
Jesus de Nazaré, não só um lugar pessoal da definitiva revelação de Deus, mas também o lugar
de encontro entre esta revelação e a resposta da liberdade da pessoa humana. No mistério da
encarnação, que se completa no mistério pascal, se opera, temporalmente, a síntese da verdade
ontológica da criação assumida por Deus e da verdade histórica da salvação. A nova criação que
se define formalmente, como dom da vida trinitária, joga luz sobre todo o processo criador e
criativo de Deus na pessoa de Jesus Cristo.

13
Sendo assim, é nesta perspectiva teológica, que se apresentam as dimensões essenciais da
salvação que criam coisas novas (BOFF, 2000, p. 233-240), na medida em que a vida humana se
reconcilia com o ambiente que ela mesma constrói e no respeito das leis da evolução que o
ecossistema reclama. Um das maneiras que o ser humano tem de se reconciliar com Deus, com a
sociedade e com o cosmo, como mundo ordenado que remete ao Deus Criador, é a prática da fé
que se manifesta nas obras.

14
Conclusão

Concluímos que é necessário, portanto, dar prioridade ao futuro de Deus, que cria a história a
partir dos tempos últimos e a solicita, insistentemente, a um destino de vida reconciliada, que
envolve não só a humanidade, mas o ecossistema com suas leis evolutivas. Estas, como figuras
da vida em plenitude, nos deixam entrever a nova criação trazida por Cristo, e nos aproximam
cada vez mais, dos céus novos e a terra nova. A esperança que o Cristianismo nos dá num futuro
de reconciliação do ser humano com toda a natureza, com todo o cosmo, não se funda, portanto,
sobre a ânsia e o desejo ardente do ser humano somente, nem sobre as suas surpreendentes
descobertas através da ciência e da técnica, ou sobre o seu projecto pessoal, nem sobre a garantia
ético-moral da humanidade, mas se funda sobre a iniciativa e sobre o dom de Deus.

Portanto, esta esperança traz enxertada dentro de si um sentido pleno da criação e da história,
pela força do Espírito de Cristo. Suscita as suas antecipações que não consistem só no culto, mas
também nos gestos e realizações concretas de vida renovada na relação com as coisas criadas do
universo e na relação de uma vida de irmandade entre os humanos, quando se vive num mundo
de violências contra o cosmo e contra a própria pessoa. O Pai Nosso é o exemplo mais belo que
sustenta nossa invocação de fé.

15
Bibliografia

AUER, A. (1987). Interpretazione teológica dell‘antropocentrismo. In: ______. Ética


dell’ambiente. Brescia: Queriniana. p. 208-209.

BINGEMER, M. C. L.; FELLER, V. G. (2003). Deus-amor: a graça que habita em nós. São
Paulo: Siquem. p. 142-143.

BOFF, Lina. Da protologia à escatologia. In: MÜLLER, I. (Org.). (2003). Perspectivas para uma
nova teologia da criação. Petrópolis: Vozes. p. 11-130.

MOLTMANN, J. (1986). Dio nella creazione: dottrina ecológica della creazione. Brescia:
Queriniana,.

TILLICH, P. (2005). Teologia sistemática: a existência e o Cristo. São Leopoldo, RS: Est e
Sinodal,.

https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-que-e-ter-fe-e-tambem-ser-
uma-de-pessoa-de-fe/ acesso em 25/07/2021 as 15:30 minutos.

16

Você também pode gostar