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Sumário

Origem da filosofia..............................................................................................................................2
Pré-Socráticos....................................................................................................................................7
Pré-Socráticos: Conhecimento e Verdade....................................................................................7
Pré-Socráticos: Pensamento Científico.........................................................................................8
Sofistas, Sócrates e Platão................................................................................................................9
Sofistas: Conhecimento e Verdade...............................................................................................9
Sócrates: Conhecimento e Verdade............................................................................................10
Sócrates: Ética e Política.............................................................................................................11
Platão: Conhecimento e Verdade................................................................................................12
Aristóteles.........................................................................................................................................15
Aristóteles: Conhecimento e Verdade.........................................................................................15
Aristóteles: Pensamento Científico..............................................................................................17
Aristóteles: Ética e Política...........................................................................................................18
Filosofia Helenística.........................................................................................................................19
Helenismo: Ética e Política..........................................................................................................19
Origem da filosofia

1. O que é Filosofia?

Filosofia é um campo do conhecimento que estuda a existência humana e o saber por meio da


análise racional. Do grego, o termo filosofia significa “amor ao conhecimento”.

Segundo o filósofo Gilles Deleuze (1925-1995), a filosofia é a disciplina responsável pela criação
de conceitos.

“a questão da filosofia é o ponto singular onde o conceito e a criação se remetem um ao outro.”


(Gilles Deleuze)

Os principais temas abordados pela filosofia são: a existência e a mente humana, o saber, a
verdade, os valores morais, a linguagem, etc.

O filósofo é considerado um sábio, sendo aquele que reflete sobre essas questões e busca o
conhecimento através da filosofia.

Dependendo do conhecimento desenvolvido, a filosofia possui uma gama de correntes e


pensamentos. Como exemplos temos: filosofia cristã, política, ontológica, cosmológica, ética,
empírica, metafísica, epistemológica, etc.

2. Para que serve a Filosofia?

Escultura O Pensador, de Auguste Rodin

Por meio de argumentos que utilizam a razão e a lógica, a filosofia busca compreender o
pensamento humano e os conhecimentos desenvolvidos pelas sociedades.

A filosofia foi essencial para o surgimento de uma atitude crítica sobre o mundo e os homens.

Ou seja, a atitude filosófica faz parte da vida de todos os seres humanos que questionam sobre
sua existência e também sobre o mundo, o universo.

De tão importante, esse campo do conhecimento tornou-se uma disciplina obrigatória no currículo
escolar, bem como foram criadas diversas faculdades de filosofia.
3. A Origem da Filosofia

A filosofia nasceu na Grécia antiga, no início do século VI a.C. Tales de Mileto é reconhecido
como o primeiro filósofo, apesar disso, foi outro filósofo, Pitágoras, que cunhou o termo "filosofia",
uma junção das palavras "philos" (amor) e "sophia" (conhecimento), que significa "amor ao
conhecimento".

Desde então, a filosofia é a atividade que se dedica a compreender, identificar e comunicar a


realidade através de conceitos lógico-racionais. Ela surgiu do abandono gradativo das
explicações dadas pela mitologia (desmitificação) e a busca por um conhecimento seguro.

a) Da Consciência Mítica à Consciência Filosófica

Michelangelo - A Criação de Adão (estreita ligação entre os homens e os deuses)

A consciência mítica era caracterizada pelas explicações tradicionais encontradas nas histórias
mitológicas. A mitologia grega, por se tratar de uma crença politeísta, é composta por uma série
de entidades, entre deuses, titãs e outros seres que se relacionavam, faziam surgir e davam
sentido ao universo.

Essas explicações possuíam um caráter fantasioso, fabuloso, e suas histórias eram compostas
por muitas imagens, construindo uma cultura popular transmitida a partir de uma tradição oral.
Essas histórias eram contadas pelos poetas-rapsodos.

Durante muito tempo, essas histórias constituíram a explicação sobre a cultura grega e sobre a
origem de todas as coisas. Não havia uma distinção entre religião e outras atividades. Todos os
aspectos da vida humana estavam diretamente relacionados com os deuses e outras divindades
que regiam o universo.

Aos poucos, essa mentalidade foi se transformando. Alguns fatores fizeram com que algumas
pessoas na Grécia antiga passassem a relativizar este conhecimento e pensar em novas
possibilidades de explicação.

Dessa relativização, nasce a necessidade de encontrar explicações cada vez melhores para
todas as coisas. A crença vai dando lugar à argumentação, à capacidade de convencer e dar
explicações baseadas na razão, o lógos.
O lógos é identificado como a fala objetiva, clara e ordenada. Assim, o pensamento grego foi
abandonando à crença (consciência mítica) para assumir o que "faz sentido" o que possui uma
lógica, o que é capaz de ser explicado pelo ser humano (consciência filosófica).

b) Condições Históricas para o Surgimento da Filosofia

Grécia Antiga, geografia acidentada exigiu o domínio do mar

Muitas vezes conhecido como "milagre grego", o surgimento da filosofia não dependeu de um
milagre. Foram uma série de fatores que conduziram à relativização do pensamento, à descrença
(desmitificação) e à busca de melhores explicações sobre a realidade. Dentre esses fatores
encontram-se:

I. O comércio, as navegações e a diversidade cultural

Por conta de sua construção e localização geográfica, a sociedade grega tornou-se um


importante centro de comércio e uma potência marítima.

Isso fez com que os gregos tivessem contatos com outras culturas. O contato com essa
diversidade fez com que eles, a partir da descrença e relativização das culturas alheias, acabasse
por relativizar a sua própria.

II. O surgimento da escrita alfabética

O alfabeto (“alfa" e “beta", duas primeiras letras gregas) foi uma importante tecnologia da época.

A escrita através de ideogramas e símbolos está ancorada em ideias que fazem parte da cultura
e do inconsciente coletivo.

Já a escrita alfabética, exige um grau de abstração maior por estar relacionada com os fonemas.
É perceber que as palavras são construídas por sons que podem ser codificados e reproduzidos.
Assim, eles abandonam a aura mítica presente nos ideogramas.

III. O surgimento da moeda

A moeda exige de seus usuários algum grau de abstração. O comércio realizado a partir de
trocas diretas entre produtos (exemplo: galinhas por trigo) exigem muito pouco grau de
imaginação.
As trocas mediadas pela moeda fazem com que o usuário tenha que perceber que uma
quantidade de produtos é equivalente a uma quantidade específica de moeda.

IV. A invenção do calendário

Outro importante fator para a desmitificação da realidade é a do calendário. Seu uso, faz-se
perceber, a regularidade de alguns eventos da natureza, como as estações do ano.

A organização gerada pela percepção dessa regularidade retira dos deuses a responsabilidade
de controlar o clima, que passa a estar relacionada à capacidade dos matemáticos e astrônomos
em fazer previsões baseadas em cálculos.

V. O surgimento da vida pública (a política)

Com o desenvolvimento da pólis, há uma intensificação a vida pública. Mais habitantes dividem
um mesmo espaço (público) e, com isso, suas atenções se voltam para a organização desse
espaço (atividade própria da pólis, política).

As interações entre as pessoas fazem com que a relação com os deuses e divindades seja
relegada a um segundo plano.

VI. O surgimento da razão

A população grega passou a necessitar de explicações melhores que estivessem em


conformidade com seu grau de abstração e desmitificação.

Com isso, o cidadão grego que, segundo a tradição, não deveria trabalhar (o trabalho era
entendido como uma atividade menor, responsabilidade de escravos e estrangeiros), dedicou-se
ao ócio contemplativo.

Contemplou a natureza e buscou estabelecer relações de causalidade (causa e efeito, "o que
causa o que?") e ordenação.

A natureza, antes entendida como caos, agora, encontrava-se ordenada pela razão humana.

4. O Nascimento da Filosofia

É nesse contexto que surge a filosofia. A investigação sobre a natureza fez com que os filósofos
produzissem conhecimento. Inicialmente, a filosofia era uma cosmologia, um estudo sobre o
cosmo (universo) tendo como base a razão (lógos).

Essa perspectiva de pensamento se contrasta com a anterior, que era compreendida como uma
cosmogonia, explicação do cosmo a partir das relações que fizeram nascer (gonos) as coisas.
A mesma distinção ocorre entre a teologia (estudo sobre os deuses) e a teogonia (histórias sobre
o nascimento dos deuses).
Para compreender melhor essa distinção entre a mitologia e a filosofia, confira a tabela abaixo:

Mitologia Filosofia
Crença (Mitos) Razão (Lógos)
Cosmogonia / Teogonia Cosmologia / Teologia
Explicações fabulosas e fantasiosas Explicações racionais e fundamentadas
Rapsodos Filósofos

a) Os Primeiros Filósofos

Os primeiros filósofos buscaram encontrar uma ordem na physis (natureza)

Os primeiros filósofos, conhecidos como filósofos pré-socráticos, a partir do final do século VII a.
C., dedicaram-se à investigação sobre a natureza (physis). Buscaram estabelecer princípios
lógicos para a formação do mundo.

A natureza desmitificada (sem o auxílio das explicações míticas) era o objeto de estudo. Sendo o
principal objetivo, encontrar o elemento primordial (arché) que teria dado origem a tudo o que
existe.

b) Período Antropológico e o Estabelecimento da Filosofia

Leonardo Da Vinci (1452-1519) - Homem Vitruviano e outras invenções. (centralidade na


humanidade, ser humano pensado como criatura e criador), essa concepção só foi possível a
partir do legado grego
Com o amadurecimento do pensamento filosófico e a complexificação da vida pública, a
investigação dos filósofos abandonou gradativamente as questões relacionadas à natureza e
voltou-se para as atividades humanas.

Este novo período da filosofia é chamado de Período Antropológico e tem como marco o
filósofo Sócrates (469 a.C.-399 a. C.). Ele é compreendido como o "pai da filosofia". Mesmo não
sendo o primeiro filósofo, Sócrates foi responsável por desenvolver a chamada "atitude filosófica".
Sócrates e, seu discípulo, Platão (c. 428 a. C.-348 a. C.) foram responsáveis por construir as
bases da busca pelo conhecimento que influenciou todo o pensamento ocidental até os dias de
hoje.

Em seguida, Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, desenvolveu um vasto trabalho


filosófico. Foi professor do Imperador Alexandre, o Grande e responsável pela popularização do
pensamento grego, concretizando o legado da filosofia grega.

Vale ressaltar que a filosofia é dividida em várias correntes. 

Pré-Socráticos

Pré-Socráticos: Conhecimento e Verdade

Heráclito:

 Tudo está em constante mudança e transformação;


 Como tudo está em movimento, todas as coisas são mudanças entre opostos;
 Dessa maneira, embora exista uma alternância entre opostos, eles só existem em relação -
por isso, existe uma harmonia entre opostos.
Nas palavras do autor,
 
Descemos e não descemos no mesmo rio, nós mesmos somos e não somos.

Heráclito, fr. 49a Diels-Kranz.


 
O que é oposição se concilia e das coisas diferentes nasce a mais bela harmonia, e tudo é
gerado por via de contrastes.

Heráclito, fr. 8 Diels-Kranz.


 
Parmênides:

 O ser é entendido como uno, eterno e imutável;


 A mudança que percebemos com nossos sentidos é ilusória.
 
Nas palavras do autor,
 
Resta apenas um discurso sobre a via: que "existe". Sobre esta via há sinais indicadores bastante
numerosos: que o ser e não-gerado e imperecível, com efeito, é um inteiro no seu conjunto,
imóvel e sem fim. Nem era uma vez, nem será, porque é agora junto todo inteiro, uno, contínuo.
Qual origem, com efeito, dele procurarás? Como e a partir da onde teria crescido? Do não-ser
não te permito nem o dizer nem o pensar, porque não é possível nem dizer nem pensar que não
existe. Que necessidade o teria forçado a nascer, depois ou antes, se derivasse do nada? Por
isso é necessário que exista por inteiro, ou que não exista por nada. E nem a partir do ser
concederes a força de uma certeza que nasça alguma coisa que esteja ao lado dele. Por esta
razão nem o nascer nem o perecer a Justiça concedeu a ele, libertando-o das cadeias. mas
firmemente o retém. A decisão sobre tais coisas está nisto: "existe" ou "não existe". Portanto,
decidiu-se, corno é necessário, que uma via se deve deixar, enquanto é impensável e
inexprimível, porque não da verdade é a via, ao passo que a outra é, e é verdadeira. E corno o
ser poderia existir no futuro? E corno poderia ter nascido? Com efeito, se nasceu, não existe; e
ele nem existe, caso devesse existir no futuro. Portanto, o nascimento se apaga e a morte
permanece ignorada.

Parmênides, Poema sobre a natureza, fr. 8.

Pré-Socráticos: Pensamento Científico

 Os pré-socráticos se perguntavam pelo princípio das coisas, arché; podem ser considerados
filósofos da natureza;
 O princípio das coisas, para cada um deles, era algo diferente: 

Tales de Mileto: água; Anaximandro: ilimitado, apeiron; Anaxímenes: ar; Xenófanes: terra;
Heráclito: fogo; Empédocles: quatro elementos; Pitágoras: números; Demócrito: átomos,
partículas indivisíveis.
Nas palavras dos autores,
 
O princípio dos seres é o infinito [...I Naquilo de que os seres extraem sua origem, aí se realiza
também sua dissolução.
Anaximandro. fr. 1 Diels-Kranz
 

Como a nossa alma, sendo ar, nos mantém vivos, da mesma forma o sopro e o ar sustentam o
cosmo inteiro.

Anaxímenes, fr. 2 Diels-Kranz

Sofistas, Sócrates e Platão

Sofistas: Conhecimento e Verdade

 Viajavam por muitas cidades da Grécia ensinando aos seus alunos diversas especialidades da
vida prática, cobrando por suas aulas;
 Ensinavam especialmente a retórica, com o objetivo de ensinar seus alunos a vencer os
debates (principalmente na área política);
 Tudo que conhecemos do sofismo é devido às críticas antigas, especialmente de Platão e
Aristóteles;
 Um dos principais sofistas foi Protágoras, que ensinava que o homem é a medida de todas as
coisas.
Nas palavras dos autores,
 
“Afirmo, com efeito, que a verdade é como escrevi: cada um de nós, de fato, é medida das coisas
que existem e das que não existem, mas há diferença enorme entre um e outro, justamente por
isto, porque para um existem e parecem certas coisas, para outro existem e parecem coisas
diferentes. E estou tão longe de negar que existam sabedoria e homem sábio que, ao contrário,
chamo sábio justamente quem para um de nós, ao qual parecem e para o qual certas coisas
também são más, trocando as posições, as faz parecer, e também ser, boas.”

Protágoras no diálogo Teeteto, de Platão


 
“Protágoras, depois de ouvir minhas palavras, disse: ‘Interrogas bem, Sócrates, e eu respondo
com prazer a quem interroga bem. Se Hipócrates vier a mim, não lhe acontecerá aquilo que
sucederia se frequentasse outro sofista: com efeito, os outros sofistas danificam os jovens,
porque, enquanto estes fogem das várias ciências particulares, eles o empurram e os jogou
dentro de novo e contra a vontade deles, ensinando a eles cálculo, astronomia, geometria e
música (e neste momento olhou para Hípias); se, ao contrário, vier a mim, não aprenderá outra
coisa a não ser aquilo para o que veio. E o meu ensinamento concerne à sagacidade, tanto nos
assuntos privados - ou seja, o melhor modo de administrar a própria cada - como nos assuntos
públicos - ou seja, o modo de tornar-se em sumo grau hábil no governo da coisa pública, nos atos
e nas palavras’.

Então respondi: ‘Se bem compreendi o que disseste, parece-me que estás falando da arte política
e que declaras formar bons cidadãos’.

‘Exatamente esta, Sócrates’, disse ele, ‘é a profissão que abertamente professo!’.


 
Diálogo Protágoras, de Platão
 

Sócrates: Conhecimento e Verdade


 O método socrático era questionar seu interlocutor, levando-o a perceber as contradições em
sua forma de pensar e incentivando-o a pensar por si mesmo;
 O nome desse método socrático é Maiêutica;
 Ele não ensinava em escolas, mas fica em lugares públicos como praças, dialogando com
qualquer pessoa que passasse;
 Ensinava de maneira gratuita e criticava os sofistas;
 É conhecido pela frase “Só sei que nada sei”, afirmando uma necessidade constante de
questionamento e pensar por si mesmo.
 
Nas palavras do autor,
 
Além disso, os jovens que me seguem por espontânea vontade, os jovens que mas que todos
têm tempo livre e que são filhos dos mais ricos, alegram-se ao ouvir como estes homens são
submetidos por mim a exame, e muitas vezes eles próprios me imitam e, portanto, procuram
submeter a exame também outros. E então - creio - encontram grande número de homens que
estão convictos de saber alguma coisa e que, ao contrário, sabem pouco ou nada. Por
conseguinte, os que são submetidos a exame por eles irritam-se contra mim e não com eles
próprios, e afirmam que Sócrates é em sumo grau abominável e que corrompe os jovens. E
quando alguém pergunta a eles o que Sócrates faz e o que ensina, nada têm a dizer não o
sabem. E para não dar a impressão de que não o sabem, dizem as coisas costumeiras que são
ditas contra todos os filósofos, ou seja, que "faz pesquisas sobre as coisas que estão sob a terra",
que "não crê na existência dos deuses" e que "torna mais forte o raciocínio mais fraco". A
verdade - parece-me - eles não quereriam dizê-lo, ou seja, que é resultado evidente que eles têm
a presunção de saber tudo e, ao contrário, não sabem nada.

Sócrates no diálogo Apologia de Sócrates, de Platão

Sócrates: Ética e Política


 Concentra seus estudos no homem e, especialmente, em sua “alma” -psyche.
 É da virtude que nascem todas as coisas boas para o homem, tanto do ponto de vista
individual quanto social;
 Virtude é aquilo que torna uma coisa boa ou a aperfeiçoa, tornando-a aquilo que ela deve ser;
 Os verdadeiros valores não estão nas coisas exteriores, mas no conhecimento. Assim, a
virtude é o conhecimento, e o vício é a ignorância;
 É impossível conhecer o bem e não o fazer, todo mal ocorre por ignorância;
 A base da virtude é o domínio de si mesmo, e o homem livre é aquele que consegue dominar
seus instintos.
 
Nas palavras do autor,
 
Em suma, então, Clínias, disse eu, é de temer que, sobre a totalidade das coisas que
anteriormente afirmamos serem bens, a questão não seja a respeito disto: como elas, por
natureza, em si e por si mesmas, são bens; mas, segundo parece, passa-se do seguinte modo:
se as dirige a ignorância, são males piores do que seus contrários, tanto mais capazes que são
de servir a quem as dirige, que é mau; mas, se a inteligência e a sabedoria, são bens maiores;
em si e por si mesmas, nem umas nem outras e dessas coisas têm nenhum valor. - E evidente,
disse ele, segundo parece, que é assim como dizes. - O que resulta então para nós do que foi
dito? Outra coisa senão o seguinte: que das outras coisas nenhuma é boa, nem má, mas estas
duas coisas há, das quais uma, a sabedoria, é um bem, e outra, a ignorância, é um mal? - Ele
concordou.
 
Sócrates, no diálogo Eutidemo, de Platão
 

Platão: Conhecimento e Verdade


 Dualismo: Mundo das Formas (mundo inteligível) x Mundo Sensível (mundo que acessamos
através dos nossos sentidos). 
 Aquilo que existe em nosso mundo é uma cópia imperfeita daquilo que existe no mundo das
ideias. Nesse contexto surge a Alegoria da Caverna.
 Teoria da Reminiscência: aprender é recordar-se;
 Doutrinas não-escritas.

Nas palavras do autor,


 
"Depois disso", disse, "compara a uma condição deste tipo nossa natureza em relação à nossa
educação espiritual e à falta de educação. Imagina que estás vendo homens fechados em
habitação subterrânea em forma de caverna, que tenha a entrada aberta para a luz com uma
largura que se estende por toda a mesma caverna; além disso, que estão ali desde crianças com
as pernas e o pescoço em correntes, de modo que devem permanecer parados e olhar somente
diante de si, incapazes de girar a cabeça ao redor por causa das correntes, e que, por trás deles
e mais longe, arde uma luz de fogo; e, finalmente, que entre o fogo e os prisioneiros haja, no alto,
um caminho, ao longo do qual imagina ver construída uma mureta, como aquela divisória que os
jogadores põem entre si e os espectadores, sobre a qual mostram seus espetáculos de
fantoches".
"Estou vendo", disse.

"Imagina, então, que vês, ao longo dessa mureta, homens que Ievam instrumentos de todo tipo,
que emergem acima do muro, e estátuas e outras figuras de seres vivos fabricados em pedra e
em madeira e de todos os modos; além disso, como é natural, que alguns dos portadores falem e
que outros estejam em silêncio”.

“Falas de coisa bem estranha”, disse, “e de prisioneiros bem estranhos”.

“São semelhantes a nós”, disse. “Com efeito, acreditas, em primeiro lugar, que vejam de si e dos
outros outra coisa, a não ser as sombras que o fogo projeta sobre a parte da caverna diante
deles?

“E como poderiam”, disse, “se estão forçados a manter a cabeça imóvel por toda a vida?”

“E os objetos que levam? Acaso não verão, igualmente, apenas a sombra deles?”
"E como não?"

"Se, portanto, estivessem em grau de discorrer entre si, não acreditas que considerariam como
realidade justamente aquelas coisas que vêem?"

"Necessariamente.

"E se o cárcere tivesse também um eco proveniente da parede da frente, toda vez que um dos
passantes proferisse uma palavra, acreditas que eles considerariam que aquilo que profere
palavras seja alguém diverso da sombra que passa?"

"Por Zeus, não", respondeu.

"Em cada caso, portanto", disse, "considerariam que o verdadeiro somente poderia ser as
sombras daquelas coisas artificiais". 

"Forçosamente", concordou.

"Considera agora", prossegui, "qual poderia ser a Iibertação deles e a cura das correntes e da
insensatez, e se não lhes acontecessem estas coisas: quando alguém fosse solto, e logo, forçado
a levantar-se e a voltar o pescoço e a caminhar e Ievantar o olhar para a luz, e, fazendo tudo isso,
experimentasse dor e, por causa do ofuscamento, ficasse incapaz de reconhecer as coisas das
quais antes via as sombras, o que acreditas que ele responderia, caso alguém Ihe dissesse que
antes via apenas sombras vãs, e que agora, ao contrário, estando mais perto da realidade e
voltado para coisas que têm mais ser, vê mais corretamente, e, mostrando-Ihe cada um dos
objetos que passam, o forçasse a responder, fazendo-lhe a pergunta "o que é?". Pois bem, não
crês que ele se encontraria em dúvida, e que consideraria as coisas que antes via como mais
verdadeiras que aquelas que agora se Ihe apresentam?" "Muito", respondeu.

"E se alguém, então, o forçasse a olhar a própria luz, não Ihe doeriam os olhos, e não fugiria,
voltando-se para trás, para aquelas coisas que pode olhar, e não consideraria estas coisas
verdadeiramente mais claras que aquelas que Ihe foram mostradas?"
"Isso mesmo", respondeu.

“E se de lá”, continuei, “alguém o tirasse à força pela subida áspera e íngreme, e não o deixasse
antes de tê-lo levado à luz do Sol, não sofreria talvez e não provaria forte irritação por ser
arrastado, e, depois que tivesse chegado à luz com os olhos cheios de ofuscamento, não seria
incapaz de ver sequer uma das coisas que agora são chamadas de verdadeiras?

“Sem dúvida”, disse, “ao menos de repente”.

“Deveria, ao contrário, creio, habituar-se, para conseguir ver as coisas que estão acima. E, antes,
poderá ver mais facilmente as sombras e, depois disso, as imagens dos homens e das outras
coisas refletidas nas águas, e, por último, as próprias coisas. Depois dessas coisas, poderá ver
mais facilmente as que estão no céu e o próprio céu de noite, olhando a luz dos astros e da lua,
enquanto de dia o Sol e a luz do Sol”.

“Como não?”
“Por último, penso, poderia ver o sol, e não as suas imagens nas águas ou em um lugar estranho
a ele, mas ele próprio em si, na sede que lhe é própria, e considerá-lo assim como ele é”.

“Necessariamente”, respondeu.

“E, depois disso, poderia tirar sobre ele as conclusões, ou seja, que é justamente ele que produz
as estações e os anos e que governa todas as coisas que estão na região visível, e que, de certo
modo, é causa também de todas as coisas que ele e seus companheiros viam antes”.

“É evidente”, disse, “que, depois das precedentes, chegaria justamente a estas conclusões”.

“E então, quando se recordasse da moradia precedente, da sabedoria que ali acreditava ter e de
seus companheiros de prisão, não acreditas que estaria feliz com a mudança, e que
experimentaria compaixão por eles?” “Certamente”.

A República, de Platão

Platão: Ética e Política

 Corpo e alma são separadas, e o corpo é considerado como o cárcere da alma e a raiz de
todos os males, paixões e etc. Assim, a alma inteligível e o corpo estão em embate;
 A verdadeira política é aquela que conduz seu cidadão à virtude: assim, o melhor político é o
filósofo;
 Para Platão, existem três classes sociais que correspondem a três virtudes. Na sociedade
ideal, cada um dos cidadãos deve fazer o que lhe compete;
 Considera três formas possíveis de governo (monarquia; aristocracia e democracia).

Nas palavras do autor,


 
Como, inversamente, diremos: quando nas classes dos comerciantes, dos auxiliares e dos
guardas cada um cumpre a ponto suas atribuições de cidadãos, haverá o oposto do que
descrevemos neste momento, a saber: justiça e o que faz justa a cidade. (...)

Assim, o homem justo em nada diferirá da cidade justa, no que diz respeito ao conceito da justiça,
mas terá de ser semelhante a ela.
Semelhante, respondeu.
E a cidade se nos afigurou justa quando as três classes que a compõe, diferentes por natureza,
desempenham independentemente suas atividades: será temperante, corajosa e sábia, graças a
certas disposições e qualidades correspondentes a essas mesmas classes.

É certo, me falou.

Do mesmo modo, caro amigo, teremos de considerar o indivíduo: deve ter na alma precisamente
esses três gêneros de qualidades, razão de merecer o mesmo nome que a cidade, visto
comportarem-se ambos do mesmo nome.
Necessariamente, disse.
 
Platão, no livro A República

Aristóteles

Aristóteles: Conhecimento e Verdade

 Conceitos de matéria e substância;


 O conhecimento do que acontece no mundo se ele ao conhecimento do abstrato, daquilo que é
universal;
 Sua lógica é considerada o primeiro estudo de lógica formal no Ocidente;
 Sua lógica trabalha com silogismos e três princípios: princípio de identidade, princípio da não-
contradição e princípio do terceiro excluído.
 
Nas palavras do autor,
 
“Pois bem, para os fins da atividade prática, a experiência não parece diferir em nada da arte; ao
contrário, os empíricos saem-se até melhor do que aqueles que possuem a teoria sem a prática.
E a razão está no seguinte: a experiência é conhecimento dos particulares, enquanto a arte é
conhecimento dos universais; ora, todas as ações e as produções se referem ao particular: com
efeito, o médico não cura o homem a não ser por acidente, mas cura Callias ou Sócrates ou
qualquer outro indivíduo que leva um nome como estes, ao qual, justamente, acontece ser
homem. Portanto, se alguém possui a teoria sem a experiência e conhece o universal, mas não
conhece o particular que nele está contido, mais vezes errará a cura, porque aquilo a que se
dirige a cura é, justamente, o indivíduo particular.

Todavia, consideramos que o saber e o entender sejam próprios mais da arte do que da
experiência, e julgamos aqueles que possuem a arte mais sábios do que aqueles que possuem
apenas a experiência, enquanto estamos convictos de que a sabedoria, em cada um dos
homens, corresponda ao seu grau de conhecer. E isto, porque os primeiros sabem a causa,
enquanto os outros dela não sabe. Os empíricos sabem o puro dado de fato, mas não o porquê
dele; os outros, ao contrário, conhecem o porquê e a causa. (...)

É lógico, portanto, que quem descobriu em primeiro lugar uma arte qualquer, superando os
conhecimentos sensíveis comuns, tenha sido objeto de admiração por parte dos homens,
justamente enquanto sábio e superior aos outros, e não apenas pela utilidade de alguma de suas
descobertas. E é lógico também que, tendo sido descobertas numerosas artes, umas dirigidas às
necessidades da vida e as outras ao bem-estar, tenham sido sempre julgados mais sábios os
descobridores destas do que os descobridores daquelas, pela razão que seus conhecimentos não
eram dirigidos ao útil. Daí que, quando já se haviam constituído todas as artes deste tipo, passou-
se à descoberta das ciências que não são dirigidas nem ao prazer nem às necessidades da vida,
e isso ocorreu primeiro nos lugares em que os homens estavam livres de ocupações práticas

Metafísica, de Aristóteles

Aristóteles: Pensamento Científico


 Observa a natureza a partir de um método, buscando entender as causas dos fenômenos;
 O conceito de mudança é fundamental, assim ele faz uma distinção entre a potência e o ato;
 Elabora a teoria das quatro causas: a causa formal, a causa material; a causa eficiente e a
causa final;
 Elabora a ideia de primeiro motor imóvel;
 Contribuiu com diversas áreas do conhecimento como química, física e biologia.

Nas palavras do autor,


 
Existe algo que sempre se move com movimento contínuo, e este é o movimento circular (e isso
é evidente não só com o raciocínio, mas também como dado de fato): de modo que, o primeiro
céu deve ser eterno. Portanto, há também algo que move. E, uma vez que isso que é movido e
move é um termo intermédio, deve existir, como consequência, algo que mova sem ser movido e
que seja substância eterna e ato. (...) Ora, se alguma coisa se move, pode também ser diferente
de como é. Portanto, o primeiro movimento de translação, mesmo que esteja em ato, pode,
todavia, ser diverso de como é, ao menos enquanto é movimento: evidentemente diferente
segundo o lugar, mesmo se não conforme a substância. Mais, uma vez que existe algo que move
sendo, ele mesmo, imóvel e em ato, não pode ser de modo diverso de como é em nenhum
sentido. O movimento de translação, com efeito, é a primeira forma de maturação, e a primeira
forma de translação é circular: e tal é o movimento que o primeiro motor produz. Portanto, este é
um ser que existe por necessidade; e, enquanto existe por necessidade, existe como bem e deste
modo é Princípio. 

Aristóteles, no livro Metafísica


Aristóteles: Ética e Política

 Todas as ações humanas tendem para um fim, e cada fim particular está em relação com o fim
último, que é a felicidade;
 A verdadeira felicidade do homem não está em coisas exteriores, mas em sua realização como
ser racional;
 O homem possui razão, apetites e instintos, mas eles podem ser dominados pela própria
razão. 
 Virtudes éticas são a busca da justa medida entre o excesso e a carência;  
 Virtudes dianoéticas dirigem o homem para o conhecimento da Verdade e do Sumo Bem;
 O bem do indivíduo é da natureza do bem da cidade, e o homem é considerado um ser
político;
 São trabalhados diversos tipos de governo, variando a figura de quem exerce o poder (um ou
muitos) e o modo como exerce (buscando o bem comum ou o interesse privado).
 
Nas palavras do autor,
 
Comecemos, pois, por frisar que está na natureza dessas coisas a serem destruídas pela falta e
pelo excesso, como se observa no referente à força e à saúde (pois, a fim de obter alguma luz
sobre coisas imperceptíveis, devemos recorrer à evidência das coisas sensíveis). Tanto a
deficiência como o excesso de exercício destroem a força; e, da mesma forma, o alimento ou a
bebida que ultrapassem determinados limites, tanto para mais como para menos, destroem a
saúde ao passo que, sendo tomados nas devidas proporções, a produzem, aumentam e
preservam.

O mesmo acontece com a temperança, a coragem e as outras virtudes, pois o homem que a tudo
teme e de tudo foge, não fazendo frente a nada, torna-se um covarde, e o homem que não teme
absolutamente nada, mas vai ao encontro de todos os perigos, torna-se temerário; e,
analogamente, o que se entrega a todos os prazeres e não se abstém de nenhum torna-se
intemperante, enquanto o que evita todos os prazeres, como fazem os rústicos, se torna de certo
modo insensível.

A temperança e a coragem, pois, são destruídas pelo excesso e pela falta, e preservadas pela
mediania.

Aristóteles, no livro Ética a Nicômaco

Filosofia Helenística

Helenismo: Ética e Política

 Ceticismo: trabalha a impossibilidade de uma explicação absoluta sobre as coisas, e a


suspensão do juízo;
 Cinismo: considera que a liberdade é eliminar as necessidades supérfluas, aproximando-se da
animalidade; falava do desprezo pelo prazer e valorizava a autarquia, bastar-se a si mesmo;
 Epicurismo: o verdadeiro bem é o prazer, e os prazeres da alma são considerados superiores
aos do corpo; a ausência de dor em relação à alma e ao corpo é considerada o sumo bem;
diferencia os prazeres com base em sua naturalidade e necessidade;
 Estoicismo: valorização da indiferença com relação aos acontecimentos da vida e da
conformidade com o destino.
 
Nas palavras do autor,
 
Quem é jovem não espere para fazer filosofia; quem é velho não se canse disso. Com efeito,
ninguém é imaturo ou superado em relação à saúde da alma. Quem diz que ainda não é hora de
fazer filosofia, ou que a hora já passou, parece-se com que diz, em relação à felicidade, que
ainda não é o momento dela, ou que ele já passou. Por isso, tanto o jovem como o velho devem
fazer filosofia: um para que, embora envelhecendo, permaneça sempre jovem de bens por causa
do passado, o outro para que se sinta jovem e velho ao mesmo tempo, para que não tema o
futuro. É preciso, portanto, ocupar-se de tudo o que leva à felicidade, se é fato que quando ela
está conosco possuímos tudo, e que, quando não está conosco, fazemos de tudo para obtê-la.
 
Epicuro, na Carta a Meneceu

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