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Origem da filosofia..............................................................................................................................2
Pré-Socráticos....................................................................................................................................7
Pré-Socráticos: Conhecimento e Verdade....................................................................................7
Pré-Socráticos: Pensamento Científico.........................................................................................8
Sofistas, Sócrates e Platão................................................................................................................9
Sofistas: Conhecimento e Verdade...............................................................................................9
Sócrates: Conhecimento e Verdade............................................................................................10
Sócrates: Ética e Política.............................................................................................................11
Platão: Conhecimento e Verdade................................................................................................12
Aristóteles.........................................................................................................................................15
Aristóteles: Conhecimento e Verdade.........................................................................................15
Aristóteles: Pensamento Científico..............................................................................................17
Aristóteles: Ética e Política...........................................................................................................18
Filosofia Helenística.........................................................................................................................19
Helenismo: Ética e Política..........................................................................................................19
Origem da filosofia
1. O que é Filosofia?
Segundo o filósofo Gilles Deleuze (1925-1995), a filosofia é a disciplina responsável pela criação
de conceitos.
Os principais temas abordados pela filosofia são: a existência e a mente humana, o saber, a
verdade, os valores morais, a linguagem, etc.
O filósofo é considerado um sábio, sendo aquele que reflete sobre essas questões e busca o
conhecimento através da filosofia.
Por meio de argumentos que utilizam a razão e a lógica, a filosofia busca compreender o
pensamento humano e os conhecimentos desenvolvidos pelas sociedades.
A filosofia foi essencial para o surgimento de uma atitude crítica sobre o mundo e os homens.
Ou seja, a atitude filosófica faz parte da vida de todos os seres humanos que questionam sobre
sua existência e também sobre o mundo, o universo.
De tão importante, esse campo do conhecimento tornou-se uma disciplina obrigatória no currículo
escolar, bem como foram criadas diversas faculdades de filosofia.
3. A Origem da Filosofia
A filosofia nasceu na Grécia antiga, no início do século VI a.C. Tales de Mileto é reconhecido
como o primeiro filósofo, apesar disso, foi outro filósofo, Pitágoras, que cunhou o termo "filosofia",
uma junção das palavras "philos" (amor) e "sophia" (conhecimento), que significa "amor ao
conhecimento".
A consciência mítica era caracterizada pelas explicações tradicionais encontradas nas histórias
mitológicas. A mitologia grega, por se tratar de uma crença politeísta, é composta por uma série
de entidades, entre deuses, titãs e outros seres que se relacionavam, faziam surgir e davam
sentido ao universo.
Essas explicações possuíam um caráter fantasioso, fabuloso, e suas histórias eram compostas
por muitas imagens, construindo uma cultura popular transmitida a partir de uma tradição oral.
Essas histórias eram contadas pelos poetas-rapsodos.
Durante muito tempo, essas histórias constituíram a explicação sobre a cultura grega e sobre a
origem de todas as coisas. Não havia uma distinção entre religião e outras atividades. Todos os
aspectos da vida humana estavam diretamente relacionados com os deuses e outras divindades
que regiam o universo.
Aos poucos, essa mentalidade foi se transformando. Alguns fatores fizeram com que algumas
pessoas na Grécia antiga passassem a relativizar este conhecimento e pensar em novas
possibilidades de explicação.
Dessa relativização, nasce a necessidade de encontrar explicações cada vez melhores para
todas as coisas. A crença vai dando lugar à argumentação, à capacidade de convencer e dar
explicações baseadas na razão, o lógos.
O lógos é identificado como a fala objetiva, clara e ordenada. Assim, o pensamento grego foi
abandonando à crença (consciência mítica) para assumir o que "faz sentido" o que possui uma
lógica, o que é capaz de ser explicado pelo ser humano (consciência filosófica).
Muitas vezes conhecido como "milagre grego", o surgimento da filosofia não dependeu de um
milagre. Foram uma série de fatores que conduziram à relativização do pensamento, à descrença
(desmitificação) e à busca de melhores explicações sobre a realidade. Dentre esses fatores
encontram-se:
Isso fez com que os gregos tivessem contatos com outras culturas. O contato com essa
diversidade fez com que eles, a partir da descrença e relativização das culturas alheias, acabasse
por relativizar a sua própria.
O alfabeto (“alfa" e “beta", duas primeiras letras gregas) foi uma importante tecnologia da época.
A escrita através de ideogramas e símbolos está ancorada em ideias que fazem parte da cultura
e do inconsciente coletivo.
Já a escrita alfabética, exige um grau de abstração maior por estar relacionada com os fonemas.
É perceber que as palavras são construídas por sons que podem ser codificados e reproduzidos.
Assim, eles abandonam a aura mítica presente nos ideogramas.
A moeda exige de seus usuários algum grau de abstração. O comércio realizado a partir de
trocas diretas entre produtos (exemplo: galinhas por trigo) exigem muito pouco grau de
imaginação.
As trocas mediadas pela moeda fazem com que o usuário tenha que perceber que uma
quantidade de produtos é equivalente a uma quantidade específica de moeda.
Outro importante fator para a desmitificação da realidade é a do calendário. Seu uso, faz-se
perceber, a regularidade de alguns eventos da natureza, como as estações do ano.
A organização gerada pela percepção dessa regularidade retira dos deuses a responsabilidade
de controlar o clima, que passa a estar relacionada à capacidade dos matemáticos e astrônomos
em fazer previsões baseadas em cálculos.
Com o desenvolvimento da pólis, há uma intensificação a vida pública. Mais habitantes dividem
um mesmo espaço (público) e, com isso, suas atenções se voltam para a organização desse
espaço (atividade própria da pólis, política).
As interações entre as pessoas fazem com que a relação com os deuses e divindades seja
relegada a um segundo plano.
Com isso, o cidadão grego que, segundo a tradição, não deveria trabalhar (o trabalho era
entendido como uma atividade menor, responsabilidade de escravos e estrangeiros), dedicou-se
ao ócio contemplativo.
Contemplou a natureza e buscou estabelecer relações de causalidade (causa e efeito, "o que
causa o que?") e ordenação.
A natureza, antes entendida como caos, agora, encontrava-se ordenada pela razão humana.
4. O Nascimento da Filosofia
É nesse contexto que surge a filosofia. A investigação sobre a natureza fez com que os filósofos
produzissem conhecimento. Inicialmente, a filosofia era uma cosmologia, um estudo sobre o
cosmo (universo) tendo como base a razão (lógos).
Essa perspectiva de pensamento se contrasta com a anterior, que era compreendida como uma
cosmogonia, explicação do cosmo a partir das relações que fizeram nascer (gonos) as coisas.
A mesma distinção ocorre entre a teologia (estudo sobre os deuses) e a teogonia (histórias sobre
o nascimento dos deuses).
Para compreender melhor essa distinção entre a mitologia e a filosofia, confira a tabela abaixo:
Mitologia Filosofia
Crença (Mitos) Razão (Lógos)
Cosmogonia / Teogonia Cosmologia / Teologia
Explicações fabulosas e fantasiosas Explicações racionais e fundamentadas
Rapsodos Filósofos
a) Os Primeiros Filósofos
Os primeiros filósofos, conhecidos como filósofos pré-socráticos, a partir do final do século VII a.
C., dedicaram-se à investigação sobre a natureza (physis). Buscaram estabelecer princípios
lógicos para a formação do mundo.
A natureza desmitificada (sem o auxílio das explicações míticas) era o objeto de estudo. Sendo o
principal objetivo, encontrar o elemento primordial (arché) que teria dado origem a tudo o que
existe.
Este novo período da filosofia é chamado de Período Antropológico e tem como marco o
filósofo Sócrates (469 a.C.-399 a. C.). Ele é compreendido como o "pai da filosofia". Mesmo não
sendo o primeiro filósofo, Sócrates foi responsável por desenvolver a chamada "atitude filosófica".
Sócrates e, seu discípulo, Platão (c. 428 a. C.-348 a. C.) foram responsáveis por construir as
bases da busca pelo conhecimento que influenciou todo o pensamento ocidental até os dias de
hoje.
Pré-Socráticos
Heráclito:
Os pré-socráticos se perguntavam pelo princípio das coisas, arché; podem ser considerados
filósofos da natureza;
O princípio das coisas, para cada um deles, era algo diferente:
Tales de Mileto: água; Anaximandro: ilimitado, apeiron; Anaxímenes: ar; Xenófanes: terra;
Heráclito: fogo; Empédocles: quatro elementos; Pitágoras: números; Demócrito: átomos,
partículas indivisíveis.
Nas palavras dos autores,
O princípio dos seres é o infinito [...I Naquilo de que os seres extraem sua origem, aí se realiza
também sua dissolução.
Anaximandro. fr. 1 Diels-Kranz
Como a nossa alma, sendo ar, nos mantém vivos, da mesma forma o sopro e o ar sustentam o
cosmo inteiro.
Viajavam por muitas cidades da Grécia ensinando aos seus alunos diversas especialidades da
vida prática, cobrando por suas aulas;
Ensinavam especialmente a retórica, com o objetivo de ensinar seus alunos a vencer os
debates (principalmente na área política);
Tudo que conhecemos do sofismo é devido às críticas antigas, especialmente de Platão e
Aristóteles;
Um dos principais sofistas foi Protágoras, que ensinava que o homem é a medida de todas as
coisas.
Nas palavras dos autores,
“Afirmo, com efeito, que a verdade é como escrevi: cada um de nós, de fato, é medida das coisas
que existem e das que não existem, mas há diferença enorme entre um e outro, justamente por
isto, porque para um existem e parecem certas coisas, para outro existem e parecem coisas
diferentes. E estou tão longe de negar que existam sabedoria e homem sábio que, ao contrário,
chamo sábio justamente quem para um de nós, ao qual parecem e para o qual certas coisas
também são más, trocando as posições, as faz parecer, e também ser, boas.”
Então respondi: ‘Se bem compreendi o que disseste, parece-me que estás falando da arte política
e que declaras formar bons cidadãos’.
"Imagina, então, que vês, ao longo dessa mureta, homens que Ievam instrumentos de todo tipo,
que emergem acima do muro, e estátuas e outras figuras de seres vivos fabricados em pedra e
em madeira e de todos os modos; além disso, como é natural, que alguns dos portadores falem e
que outros estejam em silêncio”.
“São semelhantes a nós”, disse. “Com efeito, acreditas, em primeiro lugar, que vejam de si e dos
outros outra coisa, a não ser as sombras que o fogo projeta sobre a parte da caverna diante
deles?
“E como poderiam”, disse, “se estão forçados a manter a cabeça imóvel por toda a vida?”
“E os objetos que levam? Acaso não verão, igualmente, apenas a sombra deles?”
"E como não?"
"Se, portanto, estivessem em grau de discorrer entre si, não acreditas que considerariam como
realidade justamente aquelas coisas que vêem?"
"Necessariamente.
"E se o cárcere tivesse também um eco proveniente da parede da frente, toda vez que um dos
passantes proferisse uma palavra, acreditas que eles considerariam que aquilo que profere
palavras seja alguém diverso da sombra que passa?"
"Em cada caso, portanto", disse, "considerariam que o verdadeiro somente poderia ser as
sombras daquelas coisas artificiais".
"Forçosamente", concordou.
"Considera agora", prossegui, "qual poderia ser a Iibertação deles e a cura das correntes e da
insensatez, e se não lhes acontecessem estas coisas: quando alguém fosse solto, e logo, forçado
a levantar-se e a voltar o pescoço e a caminhar e Ievantar o olhar para a luz, e, fazendo tudo isso,
experimentasse dor e, por causa do ofuscamento, ficasse incapaz de reconhecer as coisas das
quais antes via as sombras, o que acreditas que ele responderia, caso alguém Ihe dissesse que
antes via apenas sombras vãs, e que agora, ao contrário, estando mais perto da realidade e
voltado para coisas que têm mais ser, vê mais corretamente, e, mostrando-Ihe cada um dos
objetos que passam, o forçasse a responder, fazendo-lhe a pergunta "o que é?". Pois bem, não
crês que ele se encontraria em dúvida, e que consideraria as coisas que antes via como mais
verdadeiras que aquelas que agora se Ihe apresentam?" "Muito", respondeu.
"E se alguém, então, o forçasse a olhar a própria luz, não Ihe doeriam os olhos, e não fugiria,
voltando-se para trás, para aquelas coisas que pode olhar, e não consideraria estas coisas
verdadeiramente mais claras que aquelas que Ihe foram mostradas?"
"Isso mesmo", respondeu.
“E se de lá”, continuei, “alguém o tirasse à força pela subida áspera e íngreme, e não o deixasse
antes de tê-lo levado à luz do Sol, não sofreria talvez e não provaria forte irritação por ser
arrastado, e, depois que tivesse chegado à luz com os olhos cheios de ofuscamento, não seria
incapaz de ver sequer uma das coisas que agora são chamadas de verdadeiras?
“Deveria, ao contrário, creio, habituar-se, para conseguir ver as coisas que estão acima. E, antes,
poderá ver mais facilmente as sombras e, depois disso, as imagens dos homens e das outras
coisas refletidas nas águas, e, por último, as próprias coisas. Depois dessas coisas, poderá ver
mais facilmente as que estão no céu e o próprio céu de noite, olhando a luz dos astros e da lua,
enquanto de dia o Sol e a luz do Sol”.
“Como não?”
“Por último, penso, poderia ver o sol, e não as suas imagens nas águas ou em um lugar estranho
a ele, mas ele próprio em si, na sede que lhe é própria, e considerá-lo assim como ele é”.
“Necessariamente”, respondeu.
“E, depois disso, poderia tirar sobre ele as conclusões, ou seja, que é justamente ele que produz
as estações e os anos e que governa todas as coisas que estão na região visível, e que, de certo
modo, é causa também de todas as coisas que ele e seus companheiros viam antes”.
“É evidente”, disse, “que, depois das precedentes, chegaria justamente a estas conclusões”.
“E então, quando se recordasse da moradia precedente, da sabedoria que ali acreditava ter e de
seus companheiros de prisão, não acreditas que estaria feliz com a mudança, e que
experimentaria compaixão por eles?” “Certamente”.
A República, de Platão
Corpo e alma são separadas, e o corpo é considerado como o cárcere da alma e a raiz de
todos os males, paixões e etc. Assim, a alma inteligível e o corpo estão em embate;
A verdadeira política é aquela que conduz seu cidadão à virtude: assim, o melhor político é o
filósofo;
Para Platão, existem três classes sociais que correspondem a três virtudes. Na sociedade
ideal, cada um dos cidadãos deve fazer o que lhe compete;
Considera três formas possíveis de governo (monarquia; aristocracia e democracia).
Assim, o homem justo em nada diferirá da cidade justa, no que diz respeito ao conceito da justiça,
mas terá de ser semelhante a ela.
Semelhante, respondeu.
E a cidade se nos afigurou justa quando as três classes que a compõe, diferentes por natureza,
desempenham independentemente suas atividades: será temperante, corajosa e sábia, graças a
certas disposições e qualidades correspondentes a essas mesmas classes.
É certo, me falou.
Do mesmo modo, caro amigo, teremos de considerar o indivíduo: deve ter na alma precisamente
esses três gêneros de qualidades, razão de merecer o mesmo nome que a cidade, visto
comportarem-se ambos do mesmo nome.
Necessariamente, disse.
Platão, no livro A República
Aristóteles
Todavia, consideramos que o saber e o entender sejam próprios mais da arte do que da
experiência, e julgamos aqueles que possuem a arte mais sábios do que aqueles que possuem
apenas a experiência, enquanto estamos convictos de que a sabedoria, em cada um dos
homens, corresponda ao seu grau de conhecer. E isto, porque os primeiros sabem a causa,
enquanto os outros dela não sabe. Os empíricos sabem o puro dado de fato, mas não o porquê
dele; os outros, ao contrário, conhecem o porquê e a causa. (...)
É lógico, portanto, que quem descobriu em primeiro lugar uma arte qualquer, superando os
conhecimentos sensíveis comuns, tenha sido objeto de admiração por parte dos homens,
justamente enquanto sábio e superior aos outros, e não apenas pela utilidade de alguma de suas
descobertas. E é lógico também que, tendo sido descobertas numerosas artes, umas dirigidas às
necessidades da vida e as outras ao bem-estar, tenham sido sempre julgados mais sábios os
descobridores destas do que os descobridores daquelas, pela razão que seus conhecimentos não
eram dirigidos ao útil. Daí que, quando já se haviam constituído todas as artes deste tipo, passou-
se à descoberta das ciências que não são dirigidas nem ao prazer nem às necessidades da vida,
e isso ocorreu primeiro nos lugares em que os homens estavam livres de ocupações práticas
Metafísica, de Aristóteles
Todas as ações humanas tendem para um fim, e cada fim particular está em relação com o fim
último, que é a felicidade;
A verdadeira felicidade do homem não está em coisas exteriores, mas em sua realização como
ser racional;
O homem possui razão, apetites e instintos, mas eles podem ser dominados pela própria
razão.
Virtudes éticas são a busca da justa medida entre o excesso e a carência;
Virtudes dianoéticas dirigem o homem para o conhecimento da Verdade e do Sumo Bem;
O bem do indivíduo é da natureza do bem da cidade, e o homem é considerado um ser
político;
São trabalhados diversos tipos de governo, variando a figura de quem exerce o poder (um ou
muitos) e o modo como exerce (buscando o bem comum ou o interesse privado).
Nas palavras do autor,
Comecemos, pois, por frisar que está na natureza dessas coisas a serem destruídas pela falta e
pelo excesso, como se observa no referente à força e à saúde (pois, a fim de obter alguma luz
sobre coisas imperceptíveis, devemos recorrer à evidência das coisas sensíveis). Tanto a
deficiência como o excesso de exercício destroem a força; e, da mesma forma, o alimento ou a
bebida que ultrapassem determinados limites, tanto para mais como para menos, destroem a
saúde ao passo que, sendo tomados nas devidas proporções, a produzem, aumentam e
preservam.
O mesmo acontece com a temperança, a coragem e as outras virtudes, pois o homem que a tudo
teme e de tudo foge, não fazendo frente a nada, torna-se um covarde, e o homem que não teme
absolutamente nada, mas vai ao encontro de todos os perigos, torna-se temerário; e,
analogamente, o que se entrega a todos os prazeres e não se abstém de nenhum torna-se
intemperante, enquanto o que evita todos os prazeres, como fazem os rústicos, se torna de certo
modo insensível.
A temperança e a coragem, pois, são destruídas pelo excesso e pela falta, e preservadas pela
mediania.
Filosofia Helenística