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ESTADO DA PARAÍBA

PODER JUDICIÁRIO
COMARCA DE AROEIRAS

Processo nº 047.2008.000.647-2
Réu: Ednaldo dos Santos Silva e Hermano da Rocha Monteiro

SENTENÇA

PENAL E PROCESSUAL PENAL. FURTO E


INCÊNDIO. AUSÊNCIA DOS ELEMENTOS
INSTRUTÓRIOS SUFICIENTES À
CONDENAÇÃO PENAL. CONFIGURAÇÃO.
IMPROCEDÊNCIA DA DENÚNCIA.
ABSOLVIÇÃO.
- Não estando comprovados os elementos de
caracterização do fato típico narrado na
exordial em relação a um dos réus, restam
ausentes os pressupostos para a configuração da
figura delituosa, não cabendo o decreto
condenatório.

Vistos etc.

O Ministério Público, oficiante neste Juízo,


denunciou Ednaldo dos Santos Silva e Hermano da Rocha Monteiro, qualificados nos autos,
como incurso nas sanções dos art. 155, §§1º e 4º, e art. 250, ambos do Código Penal, por
terem cometido os fatos delituosos narrados na peça vestibular. Pediu recebimento e
processamento nos termos legais.

Procedida a citação, realizou-se a audiência de


instrução, oitiva da vítima, testemunhas e interrogatório do réu Ednaldo dos Santos Silva,
sendo que o outro réu encontra-se em local incerto e não sabido, com suspensão processual.

Juntados os antecedentes atualizados do primeiro


réu (fl. 248/249).

A representante do Ministério Público, fulcrando-


se na legislação em vigor, pugnou, em suas razões finais, pela absolvição do réu Ednaldo
dos Santos Silva, alegando não estar demonstrado o fato típico imputado ao acusado (fls.
231/233). Por outro lado, a defesa, em seus articulados, também pugnou pela improcedência
da acusação e absolvição do réu Ednaldo dos Santos Silva (fls. 243/244).

É o relatório. Decido.
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Trata-se de ação penal instaurada com o desiderato


de apurar responsabilidade criminal do réu Ednaldo dos Santos Silva, indiciado por ter
realizado, supostamente, a conduta típica descrita art. 155, §§1º e 4º, e art. 250, ambos do
Código Penal. Em relação ao correu, o feito encontra-se suspenso.

A tese defensiva, em consonância com o esboçado


pelo parquet, deve prosperar, pois, analisando-se detidamente os autos, vê-se que não se
verificou a prova da realização do fático típico penal, haja vista a ausência de elementos
probatórios de caracterização da figura delitiva do furto e provocação de incêndio.

Em minuciosa análise do conjunto probatório


aportado ao caderno processual, constato que as provas produzidas na instrução processual
demonstram que não há provas de que tenha sido o réu efetivamente o autor dos fatos que
lhe foram irrogados inicialmente pela vítima. Isto é assim porque as testemunhas ouvidas
em juízo nada trouxeram de concreto para fundamentar um decreto condenatório.

Além disso, as demais testemunhas ouvidas por


indicação da defesa nada narraram sobre o fato em si, limitando-se a afirmar o bom
comportamento e a boa conduta social do acusado (fls. 226/227).

Por outro lado, ressalto que a própria prova da


autoria resta prejudicada com relação ao crime imputado, dada a ausência de quaisquer
elementos de prova que apontem para a procedência da acusação.

É que o direito penal, como incansavelmente


propugna o Professor Luiz Flávio Gomes e, também, Eugênio Zafaroni, 1 é regido pelo
princípio da ultima ratio, o qual sustenta a idéia central de que sua aplicação se restringe às
matérias não dirimíveis por outros ramos do direito – subsidiariedade normativa – e pela
incidência restrita à prova concreta da conduta delitiva – concretude do tipo penal.

Em suma, restando ausentes os requisitos legais


para a viabilidade da acusação, não há que se considerar a hipótese de condenação, razão
por que o decreto condenatório mostra-se inadmissível.

Ante o exposto, aplicando o disposto no art. 20


caput, do Código Penal, JULGO IMPROCEDENTE a denúncia, para ABSOLVER o réu
EDNALDO DOS SANTOS SILVA, qualificado nos autos da ação penal, da imputação que lhe
foi feita no presente processo, com fundamento no art. 386, VI, do Código de Processo
Penal e, em consequência, julgo extinta a sua punibilidade.

Sem custas.

1
ZAFFARONI, Eugênio Raul e PIERANGELLI, José Henrique. In: Manual de Direito Penal Brasileiro.
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Transitada em julgado, preencha-se o boletim


individual e remeta-o a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Paraíba, aguardando-
se o prosseguimento em relação ao outro acusado.

P. R. I.

Aroeiras, 09 de setembro de 2013.

ALEX MUNIZ BARRETO


JUIZ DE DIREITO

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