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Ações de controlo em operadores agrícolas com Produção

Integrada e Modo de Produção Biológica em diferentes


concelhos do Norte Interior de Portugal

Diana Isabel Ramos Fernandes

Dissertação apresentada à Escola Superior Agrária de Bragança


para obtenção do Grau de Mestre em Agroecologia

Orientado por
Professor Doutor José Alberto Cardoso Pereira

Bragança
2016
i
Aos meus pais e marido

À Sofia

ii
Agradecimentos

A realização deste trabalho de dissertação do mestrado de Agroecologia marca o


fim de uma importante etapa da minha vida. Não seria alcançado sem o contributo da
minha família, amigos, professores e colegas de trabalho, e por isso quero agradecer de
uma maneira especial a todos aqueles que me apoiaram durante o meu percurso
académico.

Em primeiro lugar estão os meus queridos pais que sempre me deram o devido
incentivo e o apoio incondicional não só nos estudos como em todos os campos
importantes da minha vida. Não esquecendo nunca a Sofia que apesar de já não estar
connosco fisicamente, permanece para sempre nos nossos corações, pois é a Ela a quem
recorro todas e tantas vezes contando as minhas angústias e concretizações e que tenho
ido buscar todas as forças e mais algumas para não a desiludir e que esteja orgulhosa de
mim.

Ao Carlos que passou de amigo a namorado, noivo e agora marido pela


constante paciência, compreensão e apoio demonstrado durante todo o meu percurso
académico.

À minha melhor amiga, Ângela Liberal, pela cumplicidade que temos em nos
ajudar uma à outra em todos os campos independentemente da distância que agora nos
separa, das conversas poucas mas longas, do apoio incondicional.

Às duas minhas papoilas, Ana Fernandes e Guida Branco que me deram a mão
nas alturas em que me sentia mais em baixo.

Aos meus colegas de mestrado que se tornaram amigos para a vida pessoal e
profissional. Aos meus colegas de trabalho ansiosos por me aturar outra vez, pelo ânimo
e incentivo que depositaram em mim em ir para a frente com a tese.

E claro, ao meu orientador, Professor Doutor José Alberto Pereira, a minha


gratidão por todas as críticas, conselhos e o seu auxílio proporcionou a concretização da
conclusão do Mestrado.

Muito Obrigada!

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Índice Geral
Agradecimentos ............................................................................................................... iii

Índice de Figuras ............................................................................................................. vi

Resumo .......................................................................................................................... viii

Abstract ............................................................................................................................ ix

1. Introdução.................................................................................................................. 2

2. Fundamentação Teórica ............................................................................................ 6

2.1 Modo de Produção Integrada .................................................................................. 6

2.1.2 Normativas Vigentes ........................................................................................ 8

2.1.3 Importância em Portugal .................................................................................. 9

2.2. Modo de Produção Biológico .............................................................................. 12

2.2.1 Normativas Vigentes ...................................................................................... 15

2.2.2 Importância em Portugal ................................................................................ 17

3. Sistemas de Incentivos ............................................................................................ 22

3.1 Obrigações e Compromissos ................................................................................ 24

3.2 Sistema de certificação e controlo ........................................................................ 26

4. Material e Métodos.................................................................................................. 30

5. Resultados e Discussão ........................................................................................... 34

6. Conclusão ................................................................................................................ 48

7. Referências Bibliográficas ...................................................................................... 50

Anexos ............................................................................................................................ 55

iv
Índice de Tabelas

Tabela 1: Produtores e área em Modo de Produção Integrada das culturas vegetais no


decorrer dos anos 2012 a 2014, em Portugal. ................................................................. 10
Tabela 2: Produtores e área em Modo de Produção Integrada das respectivas culturas
vegetais referente ao ano de 2014 nas regiões agrárias de Portugal. .............................. 11
Tabela 3: Produtores e área em Modo de Produção Biológico das culturas vegetais no
decorrer dos anos 2012 a 2014, em Portugal. ................................................................. 17
Tabela 4: Produtores e área em Modo de Produção Biológica das respectivas culturas
vegetais referente ao ano de 2014 nas regiões agrárias de Portugal. .............................. 18
Tabela 5: Apoio monetário por modo de produção e respetivas culturas vegetais. ...... 23

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Índice de Figuras

Figura 1: Logótipo de Produção Integrada. ..................................................................... 7


Figura 2: Logótipo do Modo de Produção Biológico. .................................................. 14
Figura 3: Localização dos concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada
à Cinta, Miranda do Douro, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa
que foram sujeitos a controlo.......................................................................................... 31
Figura 4: Número de produtores, e respectiva percentagem, controlados em Modo de
Produção Integrada nos diferentes concelhos em análise. .............................................. 34
Figura 5: Área total, e respectiva percentagem, controlados em Modo de Produção
Integrada nos diferentes concelhos em análise. .............................................................. 35
Figura 6: Área total das culturas controladas no Modo de Produção Integrada em
análise. ............................................................................................................................ 36
Figura 7:Número total de operadores por culturas vegetais controladas em Modo de
Produção Integrada analisados. ...................................................................................... 37
Figura 8:Balanço final na distribuição das culturas vegetais controladas e o seu número
de produtores por cada concelho, submetidos em Modo de Produção Integrada........... 38
Figura 9:Número de produtores, e respectiva percentagem, controlados em Modo de
Produção Integrada nos diferentes concelhos em análise. .............................................. 40
Figura 10: Área total, e respectiva percentagem, controlados em Modo de Produção
Biológica nos diferentes concelhos em análise. ............................................................. 41
Figura 11: Área total das culturas controladas no Modo de Produção Biológica em
análise. ............................................................................................................................ 42
Figura 12:Número total de operadores por culturas vegetais controladas em Modo de
Produção Biológica analisados. ...................................................................................... 43
Figura 13:Balanço final na distribuição das culturas vegetais controladas e o seu
número de produtores por cada concelho, submetidos em Modo de Produção Biológico.
........................................................................................................................................ 44

vi
vii
Resumo

A certificação tem como finalidade comunicar e garantir a terceiros determinadas


características de um produto ou de um Modo de Produção, que comprova que cumpre
com os requisitos definidos. A Produção Integrada (PI) e o Modo de Produção
Biológica (MPB) são modos de produção agrícola que têm por base um profundo
conhecimento do ecossistema agrário, com o objetivo de produzir produtos de
qualidade, usando práticas agrícolas que respeitem o equilíbrio dos agroecossistemas
protegendo desta forma o ambiente e a saúde dos consumidores. A certificação destes
modos de produção é obrigatória para que os operadores possam ter acesso às Medidas
Agroambientais. O presente trabalho foi desenvolvido numa empresa que presta
serviços de certificação e controlo de produtos agrícolas de origem vegetal, animal e
apícola, abrangidos por regimes de qualidade, que faz a verificação do cumprimento de
normas-regulamentos ou especificações técnicas, acreditado pelo Instituto Português de
Acreditação (IPAC). E teve por objetivos a verificação dos procedimentos nas
explorações agrícolas submetidas às Medidas Agro-Ambientais referentes ao Modo de
Produção Integrada e Modo de Produção Biológico. A verificação decorreu através de
visitas de campo e questionários a agricultores que realizaram contrato com o
organismo de certificação, nos concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de
Espada À Cinta, Miranda do Douro, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Vila Nova de
Foz Côa, a fim de verificar se os operadores cumprem com a legislação e orientações
dos Modos de Produção.
Nos concelhos avaliados, para PI e para MPB foi respetivamente os concelho de
Mogadouro e Freixo de Espada à Cinta onde se procedeu a um maior controlo de área e
também maior número de operadores. As culturas vegetais de Olival, Frutos Secos são
as que representam maior impacto nas candidaturas do pedido único na maior parte dos
concelhos em estudo. Apresentaram algumas não conformidades referentes às regras
impostas que põem em causa a certificação dos produtos obtidos podendo não ser
comercializado e rotulado com o logótipo do modo de produção. Contudo a
classificação do risco é ausente ao nível das unidades de produção agrícola.

Palavras-chave: Controlo, Certificação, Medidas Agro-Ambientais, Produção


Integrada, Proteção Integrada.

viii
Abstract

The purpose of certification is to communicate and guarantee to third parties


certain characteristics of a product or a Mode of Production, which proves that it meets
the defined requirements. Integrated Production (IP) and Organic Production Mode
(MPB) are agricultural production methods based on a deep knowledge of the
agricultural ecosystem, with the objective of producing quality products, using
agricultural practices that respect the balance of agroecosystems protecting, in this way
the environment and the health of consumers. Certification of these modes of
production is mandatory for operators to have access to the Agro-environmental
Measures. The present work was developed in a company that provides certification and
control services for agricultural products of plant, animal and apicultural origin, covered
by quality schemes, which verifies compliance with norms-regulations or technical
specifications, accredited by the Portuguese Institute of Accreditation (IPAC). Its
objectives were to verify the procedures on farms submitted to the Agro-Environmental
Measures regarding the Integrated Production Mode and Biological Production Mode.
The verification was carried out through field visits and questionnaires to farmers who
contracted with the certification body in the municipalities of Figueira de Castelo
Rodrigo, Espada À Cinta, Miranda do Douro, Mogadouro, Torre de Moncorvo and Vila
Nova de Foz Côa , in order to verify that the operators comply with the legislation and
guidelines of the Production Modes.

In the municipalities evaluated, for PI and MPB, respectively, the municipalities


of Mogadouro and Freixo de Espada à Cinta present the greater control of the area was
carried out, as well as a larger number of operators. Vegetable crops of Olive groves
and Nuts are the ones that have the greatest impact on single application in most of the
counties under study. They presented some non-conformities concerning the imposed
rules that call into question the certification of the products obtained and may not be
marketed and labeled with the production mode logo. However, the classification of risk
is absent at the level of agricultural production units.

Keywords: Control, certification, Agro-Environmental Measures, Integrated


Production, Integrated Protection, Organic Farming, PDR 2020 Conformity, farm.

ix
CAPÍTULO 1

Introdução Geral e Objetivos


1. Introdução

A Agricultura tem sido praticada já desde os tempos remotos, e tende a evoluir


seja a nível técnico, cultural e social, porém nem sempre esse percurso foi o mais
adequado para o Homem e o seu ecossistema Algumas práticas agrícolas acarretam
riscos ambientais e para a saúde dos consumidores, como por exemplo, a utilização
excessiva ou inadequada de produtos fitofarmacêuticos e de adubos ou a utilização de
águas impróprias (Rodrigues et al., 2016), com possíveis consequências ao nível da
composição e qualidade dos produtos obtidos (Oliveira et al., 2014).

O melhoramento das práticas agrícolas está relacionado com o avanço da ciência


Agroecologia e da tecnologia, que tem tornado a Agricultura com melhores resultados
de produtividade (Barboza et al, 2012) em que o seu objectivo é o equilíbrio na
produção de alimentos fazendo o uso eficiente dos recursos não renováveis, renováveis
e recursos da própria exploração, capaz de salvaguardar a segurança e qualidade dos
produtos finais obtidos na Agricultura Sustentável, e de satisfazer as necessidades atuais
e futuras mas que minimizem os impactos ambientais e que funcionem na base da
sustentabilidade (Santos, 2010).

As crescentes exigências ao nível da qualidade e segurança alimentar ligadas às


preocupações que, actualmente, a sociedade manifesta relativamente quanto à
estabilidade dos ecossistemas, biodiversidade, fertilidade do solo, ciclo de nutrientes, o
bem-estar animal, qualidade dos produtos, dos níveis de produção, a poluição
atmosférica, e formação do agricultor, bem como da sua qualidade de vida, obrigam à
adopção de modos de produção alternativos aos sistemas produtivistas, nos quais se
enquadra a Produção Integrada e a Produção Biológica, formas de agricultura
consideradas sustentáveis (Fachinello e Tibola, 2003; Avillez et al., 2004). O conceito
de Agricultura Sustentável tem como propósito o desenvolvimento durável da
agricultura, silvicultura e das pescas que devem preservar a terra, a água e os recursos
genéticos e animais, não degradar o ambiente, ser tecnicamente apropriado,
economicamente viável nas atividades agrícolas e socialmente aceitável (Decreto-Lei
n.º 256/2009, de 24 de Setembro).

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O desenvolvimento destes dois modos de produção pode eliminar, ou minimizar,
as externalidades ambientais negativas aumentando, paralelamente, a segurança
alimentar dos produtos (Pintado et al, 2007). O apoio das medidas Agroambientais
ascende os milhares de milhões de euros anuais, constituindo um incentivo importante à
adoção de práticas agrícolas ecológicas e sustentáveis, que de outro modo talvez não
fossem viáveis (Santos, 2013).

A garantia de qualidade dos produtos advém da utilização de tecnologias nas


práticas culturais que respeitam o ambiente através de métodos utilizados para a
produção, características específicas do produto, internas e externas (Boller et al., 2004).
Desta maneira, a certificação ganhou destaque como uma das alternativas de garantia da
qualidade dos produtos agro-pecuários (Verdana et al., 2016).A certificação de modos
de produção, trata-se de uma garantia atestada por uma entidade externa e independente
à exploração, que garante que os operadores seguem os procedimentos e as regras para
esses modos de produção.

Para que os produtos agrícolas fossem incluídos na livre circulação de


mercadorias, mantendo, simultaneamente, uma intervenção pública no sector agrícola,
era necessário suprimir os mecanismos de intervenção nacionais incompatíveis com o
mercado comum e transpô-los ao nível comunitário, originando a Política Agrícola
Comum (PAC) em 1992 (Lourenço, 2014). A PAC melhorou a estabilização de preços
regulando os mercados mundiais tendo em conta que os agricultores têm de reunir as
condições necessárias para o bom desenvolvimento da sua actividade, também dá apoio
directo aos agricultores para que possam contribuir e manter o modelo de agricultura em
toda a união europeia, respeitando os elevados padrões de exigências na quantidade,
qualidade e segurança alimentar (Patrício et al., 2008). Quando a PAC sofreu uma
reforma foram incluídas as Medidas Agro-Ambientais (Cristovão et al., 2001) onde são
aplicados os Modo de Produção Biológico e Produção Integrada. Estes modos de
produção seguem normas e/ou regulamentos que voluntariamente os agricultores se
comprometem a seguir para produzir produtos agrícolas (CE).

Portugal aderiu à União Europeia (UE) que é basicamente uma união política-
económica que actualmente engloba 28 Estados-Membros na Europa. A legislação é

3
preparada em Comités da Comissão Europeia e Grupos de Trabalho do Conselho, com
vista à sua adopção pelas instituições comunitárias. (Portugal 2020).

Neste contexto, o presente trabalho, pretendeu proceder ao controlo dos


operadores em dois Modos de Produção, Produção Integrada e Produção Biológica, nos
concelhos de Freixo de Espada à Cinta, Figueira de Castelo Rodrigo, Miranda do
Douro, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa, fazendo um
levantamento de dados relativamente ao número de operadores agrícolas, áreas
submetidas e culturas vegetais predominantes.

O trabalho encontra-se organizado em 6 capítulos. No primeiro, a Introdução


Geral e Objetivos, apresenta-se uma breve introdução ao tema e os objectivos do
trabalho. No segundo, a Fundamentação Teórica, abordam-se os Modos de Produção
Integrada e Agricultura Biológica, relatando a sua importância em Portugal. No terceiro,
Sistemas de Incentivos, identifica-se o apoio técnico, monetário e de certificação
relativamente ao PDR 2020. No quarto, Material e Métodos, descreve-se a metodologia
utilizada nos 6 concelhos, bem como o modo de acção do organismo de controlo e
certificação. No quinto capítulo, Resultados e Discussão, onde se apresentam e se
discutem os resultados obtidos relativamente aos concelhos, modo de produção e
culturas vegetais com maior relevância. E por ultimo, Conclusão, expõe-se as
considerações finais deste trabalho.

4
CAPÍTULO 2

Fundamentação Teórica
2. Fundamentação Teórica

2.1 Modo de Produção Integrada

Pode definir-se Produção Integrada como um sistema agrícola de produção de


alimentos de alta qualidade e de outros produtos utilizando os recursos naturais e os
mecanismos de regulação natural em substituição dos factores de produção prejudiciais
ao ambiente e de modo a assegurar, a longo prazo uma agricultura viável (Aguiar et al,
2005).

Os princípios da Produção Integrada são aplicados a diferentes tipos de culturas


com o intuito de obter produtos agrícolas sãos, de boas características organolepticas e
de conservação, de modo a respeitar as exigências descritas nas normas nacionais e
internacionais relativa à qualidade do produto, segurança alimentar e rastreabilidade,
tendo em conta o desenvolvimento equilibrado das plantas e a preservação do ambiente,
bem como o bem-estar dos intervenientes na cadeia de produção (Rolo, 2012).

Os princípios da produção integrada encontram-se sumariados na tabela de


tópicos abaixo descritos.

Tópicos dos Princípios do Modo de Produção Integrada

Regulação
A do ecossistema, importância do bem-estar dos animais e preservação
dos recursos naturais.
Exploração
B agrícola no seu conjunto, como a unidade de implementação da
produção integrada.
Atualização
C regular dos conhecimentos dos agricultores sobre produção integrada.
Reciclagem regular dos conhecimentos do empresário agrícola sobre
produção integrada.
Manutenção
D da estabilidade dos ecossistemas agrários.

Equilíbrio
E do ciclo dos nutrientes, reduzindo as perdas ao mínimo.

Preservação
F e melhoria da fertilidade intrínseca do solo.

Bem-estar dos animais, produzidos na exploração agrícola, deve ser tomado em


consideração

6
Fomento
G da biodiversidade.

A protecção integrada é a orientação obrigatoriamente adoptada em protecção das


plantas.
Entendimento
H da qualidade dos produtos agrícolas como tendo por base
parâmetros ecológicos, assim como critérios usuais de qualidade, externos e
internos.
Proteção
I das plantas tendo obrigatoriamente por base os objetivos e as orientações
da protecção integrada no contexto da agricultura sustentável é colocada nas
medidas preventivas, isto é, as medidas indirectas a utilizar o mais
amplamente antes do recurso a meios directos de luta, com medidas curativas;
Só se deve recorrer a meios directos de luta em último recurso, quando não se
possa evitar prejuízos pelas medidas preventivas.
Minimização
J de alguns dos efeitos secundários decorrentes das atividades
agrícolas.
Fonte: Artigo 8.º do DL 259/2009 de 24 de Setembro

O exercício da produção integrada inicia-se com a elaboração de um plano de


exploração, que descreve o sistema agrícola e a estratégia de produção, de forma a
permitir a execução de decisões fundamentadas e assentes nos princípios da produção
integrada (Magalhães, 2009; Amaro, 2002).

O uso do logótipo do Modo de Produção Integrada (Figura 1) garante que as


regras e os princípios da produção Integrada são cumpridas para a obtenção do produto
que foi sujeito a controlo por parte do organismo de certificação.

Figura 1: Logótipo de Produção Integrada.


Fonte: Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural

7
2.1.2 Normativas Vigentes
 DL 37/2013 de 13 de Março – Princípios e Orientações para a prática da
Proteção Integrada e da Produção Integrada, bem como o regime de normas técnicas
aplicáveis à Proteção Integrada, à Produção Integrada e ao Modo de produção biológico.
Procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 256/2009, de 24 de Setembro, que
estabelece o regime das normas técnicas aplicáveis à proteção integrada, à produção
integrada e ao modo de produção biológico, conformando-o com a disciplina da Lei n.º
9/2009, de 4 de março, e do Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26 de Julho, que transpuseram
as Diretivas nos 2005/36/CE, de 7 de Setembro, e 2006/123/CE, de 12 de Dezembro,
relativas ao reconhecimento das qualificações profissionais e aos serviços no mercado
interno
 Portaria n.º 25/2015 - Diário da República n.º 27/2015, Série I de 9 de Fevereiro
- Estabelece o regime de aplicação da ação n.º 7.1, «Agricultura biológica», e da ação
n.º 7.2, «Produção integrada», ambas da medida n.º 7, «Agricultura e recursos naturais»,
integrada na área n.º 3, «Ambiente, eficiência no uso dos recursos e clima», do
Programa de Desenvolvimento Rural do Continente, abreviadamente designado por
PDR 2020
 Lei 26/2013 de 11 de Abril - Regula as atividades de distribuição, venda e
aplicação de produtos fitofarmacêuticos para uso profissional e de adjuvantes de
produtos fitofarmacêuticos e define os procedimentos de monitorização à utilização dos
produtos fitofarmacêuticos, transpondo a Diretiva n.º 2009/128/CE, do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 21 de Outubro, que estabelece um quadro de ação a nível
comunitário para uma utilização sustentável dos pesticidas, e revogando a Lei n.º 10/93,
de 6 de abril, e o Decreto- Lei n.º 173/2005, de 21 de Outubro.
 Diretiva (CE) nº 2009/128/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 21 de
outubro, estabelece, em linhas gerais, várias linhas de ação sobre as quais os Estados
Membros devem atuar com vista a dar cumprimento aos seus objectivos de promoção e
reforço da proteção da saúde humana e do ambiente e, ainda, de fomento do recurso a
técnicas e meios alternativos, incluindo a proteção integrada, nomeadamente, ao nível
da formação e sensibilização dos utilizadores, a venda responsável, a utilização segura
dos equipamentos de aplicação, aplicações aéreas, redução dos riscos associados ao uso

8
de produtos fitofarmacêuticos, o manuseamento e armazenamento de produtos
fitofarmacêuticos e gestão dos seus resíduos.
 Portaria n.º 131/2005, de 2 de Fevereiro - Aprova o regulamento de Controlo e
Certificação dos Produtos Agrícolas e dos Géneros Alimentícios, Derivados de Produtos
Agrícolas Obtidos através da Prática da Proteção Integrada e da Produção Integrada.
 Despacho n.º 10935/2005 (2ª série), 16 de Maio - Modelos de formulários a
utilizar pelos organismos de controlo, Aprova o formulário relativo às informações a
prestar à DGADR pelos organismos privados de controlo e certificação, bem como do
modelo do símbolo a utilizar na rotulagem dos produtos.
 Portaria n.º 374/2015 de 20 de Outubro - Procede à primeira alteração à Portaria
n.º 25/2015, de 9 de Fevereiro, que estabelece o regime das ações n.ºs 7.1, «Agricultura
biológica», e 7.2, «Produção integrada», à primeira alteração à Portaria n.º 50/2015, de
25 de Fevereiro, que estabelece o regime das ações n.ºs 7.4, «Conservação do solo»,
7.5, «Uso eficiente da água», 7.6, «Culturas permanentes tradicionais», 7.7, «Pastoreio
extensivo», 7.9, «Mosaico agroflorestal», e 7.12, «Apoio agroambiental à apicultura», à
primeira alteração à Portaria n.º 55/2015, de 27 de Fevereiro, que estabelece o regime
de aplicação do apoio «Manutenção de raças autóctones em risco», da ação n.º 7.8,
«Recursos genéticos», à segunda alteração à Portaria n.º 56/2015 , de 27 de Fevereiro,
que estabelece o regime da ação n.º 7.3, «Pagamentos Rede Natura», e à primeira
alteração à Portaria n.º 24/2015 , de 9 de Fevereiro, relativa à medida n.º 9,
«Manutenção da atividade agrícola em zonas desfavorecidas», do PDR 2020
 Portaria n.º 153/2015 - Diário da República n.º 102/2015, Série I de 2015-05-27
- Estabelece os termos e os critérios aplicáveis à avaliação dos incumprimentos de
compromissos ou outras obrigações, para efeitos da aplicação das reduções e exclusões
previstas no n.º 5 do artigo 24.º da Portaria n.º 25/2015, de 9 de Fevereiro, que
estabelece o regime de aplicação da ação n.º 7.1, «Agricultura biológica» e da ação n.º
7.2, «Produção integrada» do Programa de Desenvolvimento Rural do Continente.

9
2.1.3 Importância em Portugal
Metodologicamente, recorreu-se a informação estatística publicada pela Direção
Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural.
A agricultura em Modo de Produção Integrada tem registado aumentos na adesão
deste modo de produção, porém esse crescimento não tem sido constante. Com base nas
tabelas da Produção Integrada entre os anos 2012, 2013 e 2014, foram contabilizadas as
áreas culturais bem como o número de produtores dessas mesmas áreas.

Tabela 1: Produtores e área em Modo de Produção Integrada das culturas vegetais no


decorrer dos anos 2012 a 2014, em Portugal.

2012 2013 2014


Culturas Vegetais Produtores Produtores Produtores
Área (ha) Área (ha) Área (ha)
(nº) (nº) (nº)
Culturas Arvenses 1 069 51 909 1 117 52 169 1 066 51 692
Floresta 29 979 50 1 216 95 4 863
Fruticultura 2 219 21 013 2 291 22 080 2 256 22 080
Frutos Secos 1 069 4 925 1 021 4 971 952 5 693
Horticultura 250 2 214 275 1 685 305 2 110
Olival 3 078 51 660 2 901 52 903 2 729 52 453
Pastagens 1 343 216 321 1 342 218 682 1 374 232 470
Plantas Aromáticas 48 658 36 707 43 319
Pousio 753 8 957 711 8 137 730 9 407
Vinha 4 029 42 750 3 813 42 004 3 532 40 221
Culturas Forrageiras 907 61 446 952 59 246 964 60 116
Total 8 017 462 831 7 695 463 799 7 410 481 425
Fonte: Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural: Direção-Deral de Agricultura e
Desenvolvimento Rural (DGADR)

 As culturas de Floresta, Pastagens, Frutos Secos aumentaram consecutivamente


nos anos estudados.
 A Vinha é distinguida como a cultura que mais área perdeu ao longo dos três
anos seguidos.
 As Culturas Arvenses, o Olival e as Plantas Aromáticas não tiveram um balanço
regular de área cultivada pois face a 2013 notou-se um aumento de áreas candidatas mas
no ano seguinte decresceram.
 Já a Horticultura, o Pousio e as Culturas Forrageiras obtiveram resultados
contrários das culturas anteriores.

10
 A Fruticultura teve um ligeiro aumento de área em 2013 que se manteve no ano
de 2014.
As culturas vegetais que possuem maiores áreas a nível de Portugal Continental
são as Culturas Forrageiras, as Culturas Arvenses e o Olival que se mantiveram no
pódio nos anos de 2012, 2013 e 2014.

O mesmo não se pode concluir relativamente ao número de produtores das


mesmas culturas vegetais e suas áreas relativamente, pois diminuíram ligeiramente o
que reflectem no recorrente abandono da Agricultura por parte dos idosos, mas também
pode estar relacionado com a criação de empresas ou sociedades agrícolas bem como
aumento da área de cultivo por agricultor.

Tabela 2: Produtores e área em Modo de Produção Integrada das respectivas culturas


vegetais referente ao ano de 2014 nas regiões agrárias de Portugal.
Entre-Douro e
Trás-os-Montes Beira Litoral Beira Interior Ribatejo e Oeste Alentejo Algarve
Culturas Minho
Vegetais Área Produtores Área Produtores Área Produtores Área Produtores Área Produtores Área Produtores Área Produtores
(ha) (nº) (ha) (nº) (ha) (nº) (ha) (nº) (ha) (nº) (ha) (nº) (ha) (nº)
Culturas
114 29 328 69 4 224 117 1 543 140 15 317 202 30 033 506 134 3
Arvenses
Floresta 17 3 3 1 0 0 235 8 304 10 4 207 72 97 1
Fruticultura 1 482 294 3 991 659 881 178 2 996 345 7 054 491 1 213 60 4 463 229
Frutos Secos 223 49 4 863 792 12 6 195 63 107 12 284 23 10 7
Horticultura 131 47 43 41 167 35 136 95 847 45 719 34 67 8
Olival 711 76 10 167 1643 129 29 1 949 264 823 42 38 615 665 58 10
Pastagens 390 36 1 500 123 70 7 13 792 238 27 300 94 189 417 873 1 3
Plantas
6 19 18 13 0 0 6 3 0 0 290 8 0 0
Aromáticas
Pousio 25 28 763 128 91 35 916 186 322 45 7 253 301 37 7
Vinha 3 734 495 18 877 2011 2 495 162 3 285 368 5 431 287 6 304 193 95 16
Culturas
87 28 580 83 10 2 991 167 2 589 63 53 789 618 72 1
Forrageiras
Total 6 919 737 41 132 2 890 8 080 440 28 043 726 60 092 957 332 124 1 419 5 034 241

Fonte: Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural: Direção-Deral de Agricultura e


Desenvolvimento Rural (DGADR)

Na região de Trás-Os-Montes e Alto Douro tem-se atenção especial à cultura da


Vinha na zonado Douro, destacando-se também a olivicultura e os frutos secos.
Contudo, as áreas cultivadas são de pequena dimensão, e a área total da exploração
normalmente encontra-se pulverizada por várias parcelas.

11
2.2. Modo de Produção Biológico

A produção biológica é um sistema global de gestão das explorações agrícolas e


de produção de géneros alimentícios que combina as melhores práticas ambientais, um
elevado nível de biodiversidade, a preservação dos recursos naturais, a aplicação de
normas exigentes em matéria de bem-estar dos animais e método de produção em
sintonia com a preferência de certos consumidores por produtos obtidos utilizando
substâncias e processos naturais. O método de produção biológica desempenha, assim,
um duplo papel social, visto que, por um lado, abastece um mercado específico que
responde à procura de produtos biológicos por parte dos consumidores e, por outro,
fornece bens públicos que contribuem para a protecção do ambiente e o bem-estar dos
animais, bem como para o desenvolvimento rural (Regulamento CE Nº 834/2007)

A agricultura biológica é um sistema de produção que evita ou exclui a quase


totalidade de produtos químicos de síntese como adubos, pesticidas, reguladores de
crescimento. Para que seja praticável na máxima extensão, os sistemas de agricultura
biológica recorrem a rotações culturais, resíduos das culturas, estrumes de animais,
leguminosas, adubos verdes, todos os resíduos orgânicos da exploração agrícola, luta
biológica contra pragas e doenças, e outras práticas culturais de modo a manter a
produtividade do solo, a nutrir as plantas e a controlar os insectos, ervas infestantes e
outros inimigos das culturas (Ferreira et al, 2009). Em questões de controlo e protecção
fitossanitária, só em último caso é que se recorre à aplicação de produtos
fitofarmacêuticos homologados em Portugal, provenientes de resíduos vegetal, animal
ou mineral, de impacto ambiental e toxicológico mínimo ou nulo. E mesmo em caso de
tratamentos aplicam-se sempre que possível meios de luta biológica através de
organismos auxiliares ou biotécnica como feromonas, (Gliessman, 2007)

Nos primeiros anos de compromisso com Modo de Produção Biológica, as


culturas vegetais submetidas encontram-se em fase de conversão uma vez que durante
esse período ocorre um processo de transição entre práticas e modos de acção
regulamentadas para o exercício da Agricultura Biológica. Os produtos obtidos em
Modo de Produção Biológica, provenientes de explorações agrícolas em conversão ou
manutenção, contêm, pelo menos, 95% com ingredientes biológicos de origem agrícola.

12
A incorporação de organismos geneticamente modificados (OGM) é proibida no Modo
de Produção Biológica (Barrote, 2012).

Os objetivos da Agricultura Biológica encontram-se sumariados na tabela de


tópicos abaixo descritos.

Tópicos de Objetivos da Agricultura Biológica

1Produzir quantidades suficientes de alimentos de alta qualidade, fibras e


outros produtos.
2Fornecer todos os envolvidos na agricultura e processamento orgânico, com
uma qualidade de vida que satisfaça suas necessidades básicas, dentro de
um ambiente de trabalho seguro e saudável.
3A criação de toda uma cadeia de produção, transformação e distribuição que é
tanto socialmente justo e ecologicamente responsável.
4Reconhecer a importância de, e proteger e aprender com o conhecimento
indígena e sistemas agrícolas tradicionais.
6Utilizar materiais de embalagem biodegradáveis, recicláveis e reciclados.

7Proporcionar condições de vida que permitem animais de expressar os aspectos


básicos de sua inata comportamento.
8Criar um equilíbrio harmonioso entre a produção agrícola e pecuária.

9Fomentar a produção e distribuição local e regional.

1Usar, na medida do possível, os recursos renováveis em sistemas de produção e


de processamento e evitar poluição e resíduos.
1Promover o uso responsável e conservação da água e toda a vida nele.

1Manter e conservar a diversidade genética através da atenção à gestão na


exploração de genética recursos.
1Manter e fomentar a biodiversidade agrícola e natural na fazenda e arredores
através do uso de sistemas de produção sustentáveis e à protecção da flora
e fauna habitats.
1Manter e aumentar a fertilidade de longa duração e actividade biológica de
solos usando localmente adaptado métodos culturais, biológicos e
mecânicos em oposição à dependência de insumos.
1Reconhecer o "impacto social e ecológica mais ampla de e dentro da produção
biológica e sistema de processamento.
1Trabalhar a compatibilidade com os ciclos naturais e os sistemas vivos através
do solo, plantas e animais em todo o sistema de produção.
Fonte: IFOAM

13
O Modo de Produção Biológico não só produz bens diferenciados de valor
acrescentado, com procura crescente por parte do consumidor, como tem na base
técnicas de produção que respeitam o ambiente, com preocupações ao nível da gestão
sustentável do meio e paisagem (Mendes, 2016).
O respeito pelo caderno de encargos destes regulamentos é assegurado por
inspecções efectuadas por organismos certificadores (OC), autorizados pelo Estado,
dando aos produtores o direito de utilização da menção “Agricultura Biológica”, assim
como a utilização do logótipo AB da Comissão Europeia (CE).

Figura 2: Logótipo do Modo de Produção Biológico.

Fonte: Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural

O período de conversão normal definido pela legislação comunitária é de 2 anos


em culturas anuais, e de 3 nas culturas permanentes, período durante o qual as normas
da agricultura biológica são já aplicadas. Esse período pode ser aumentado ou
diminuído até ao mínimo de um ano, pelo organismo de controlo, tendo em conta a
anterior utilização das parcelas. O operador deve notificar a sua actividade em MPB à
autoridade competente, o GPP. A indicação da data é um elemento muito importante
pois é desta data que inicia a contagem do período de conversão da agricultura
convencional para a agricultura biológica (Serrador, 2009)

14
2.2.1 Normativas Vigentes
 Reg. (CE) n.º 834/2007 do Conselho de 28 de junho, relativo à produção
biológica e à rotulagem dos produtos biológicos (versão consolidada 01/07/2013).
 Reg. (CE) n.º 889/2008 da Comissão de 5 de setembro, que estabelece normas
de execução do Reg. (CE) n.º 834/2007, (versão consolidada 01/01/2015).
 Regulamento de Execução (UE) 2016/673 da Comissão, de 29 de abril de 2016
– que altera o Regulamento (CE) n.o 889/2008 que estabelece normas de execução
do Regulamento (CE) n.o 834/2007 do Conselho relativo à produção biológica e à
rotulagem dos produtos biológicos, no que respeita à produção biológica, à
rotulagem e ao controlo.
 Reg. de Execução (UE) n.º 426/2011 da Comissão, de 2 de maio – alteração no
que respeita à produção biológica, à rotulagem e ao controlo.
 Reg. de Execução (UE) nº 126/2012 da Comissão de 14 de fevereiro de 2012 –
que altera o Regulamento (CE) n.º 889/2008 no que respeita a provas documentais e
que altera o Regulamento (CE) n.º 1235/2008 no que respeita ao regime de
importação de produtos biológicos provenientes dos Estados Unidos da América.
 Reg. de Execução (UE) n.º 203/2012 da Comissão, de 8 de março – alteração no
que respeita ao vinho biológico.
 Reg. de Execução (UE) N.º 505/2012 da Comissão, de 14 de junho – altera e
corrige o Reg. (CE) n.º 889/2008 que estabelece normas de execução do Reg. (CE)
n.º 834/2007 do Conselho relativo à produção biológica e à rotulagem dos produtos
biológicos, no que respeita à produção biológica, à rotulagem e ao controlo.
 Reg. de Execução (UE) N.º 392/2013 da Comissão, de 29 de abril – que altera o
Regulamento (CE) n.º 889/2008 no que se refere ao sistema de controlo da produção
biológica.
 Regulamento de Execução (UE) N.º 1030/2013 da Comissão, de 24 de outubro
de 2013 que altera o Regulamento (CE) n.º 889/2008 que estabelece normas de
execução do Regulamento (CE) n. o 834/2007 do Conselho relativo à produção
biológica e à rotulagem dos produtos biológicos, no que respeita à produção
biológica, à rotulagem e ao controlo.
 Regulamento de Execução (UE) N.º 354/2014 da Comissão, de 8 de abril de
2014 – que altera e corrige o Regulamento (CE) n.º 889/2008 que estabelece normas

15
de execução do Regulamento (CE) n.º 834/2007 do Conselho relativo à produção
biológica e à rotulagem dos produtos biológicos, no que respeita à produção
biológica, à rotulagem e ao controlo.
 DL 37/2013 de 13 de Março – Princípios e Orientações para a prática da
Proteção Integrada e da Produção Integrada, bem como o regime de normas técnicas
aplicáveis à Proteção Integrada, à Produção Integrada e ao Modo de produção
biológico.

16
2.2.2 Importância em Portugal

A evolução MPB em Portugal ilustra um cenário similar nos países da União


Europeia embora com menor escala e com um atraso significativo (Cabo, 2016)

Os resultados estatísticos publicados do Gabinete de Planeamento e Politicas


(GPP) pertencente ao Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e do Ordenamento do
Território (MAMAOT), demonstram uma evolução da AB em Portugal no intervalo de
2012-2014, a nível de produtores e superfície biológica em hectares, como se pode
verificar na tabela 5.

A Agricultura Biológica tem registado aumentos na adesão deste modo de


produção, porém esse crescimento não tem sido constante.

Tabela 3: Produtores e área em Modo de Produção Biológico das culturas vegetais no


decorrer dos anos 2012 a 2014, em Portugal.

2012 2013 2014


Culturas Vegetais Produtores Produtores Produtores
Área (ha) Área (ha) Área (ha)
(nº) (nº) (nº)
Culturas Arvenses 388 8 319 388 7 446 373 8 207
Fruticultura 702 2 199 702 2 240 798 2 489
Frutos Secos 671 4 598 671 4 348 725 4 567
Horticultura 632 815 632 1 446 803 1 982
Olival 1 377 19 184 1 377 19 449 1 400 18 990
Pastagens 1 039 139 979 1 039 137 337 1 144 150 824
Plantas Aromáticas 192 1 759 192 1 116 245 1 272
Pousio 608 5 818 608 5 041 720 7 439
Vinha 505 2 974 505 2 770 560 2 767
Culturas Forrageiras 425 15 164 425 14 517 431 13 413
Total 2 885 200 809 2 913 195 710 3 132 211 950
Fonte: Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural: Direção-Deral de
Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR).

 As culturas de Fruticultura foram as únicas que aumentaram consecutivamente


nos anos estudados.
 A Vinha é distinguida como a cultura que mais área perdeu ao longo dos quatro
anos seguidos.
 As Culturas Arvenses, Frutos Secos, Horticultura, Olival, Pastagens, Plantas
Aromáticas, Pousio e as Culturas Forrageiras não tiveram um balanço regular de área
cultivada pois revelam instabilidade à medida dos anos abordados.

17
As culturas vegetais que possuem maiores áreas a nível de Portugal Continental
são as Pastagens, Olival e as Culturas Forrageiras que se mantiveram no pódio nos anos
de 2012, 2013, 2014 e 2015.

Relativamente à quantidade de produtores, estes também não têm tido um


crescimento constante durante os anos em estudo, mas em geral desde 2012 até 2014
aumentaram. Estes resultados referentes à diminuição do número de agricultores
reflectem no recorrente abandono da Agricultura por parte dos idosos, mas também
pode estar relacionado com a criação de empresas ou sociedades agrícolas bem como
aumento da área de cultivo por agricultor. Porém devido às exigências do modo de
produção biológico, os agricultores optam por outro sistema de produção, como é o caso
da vinha que necessita de vários tratamentos ao longo da época para viabilizar a
colheita.

Os números começaram a diminuir provavelmente devido às rígidas exigências de


elegibilidade do regime de apoio biológico e competição de opções alternativas agro
ambientais disponíveis ao Programa de Desenvolvimento Rural.

Tabela 4: Produtores e área em Modo de Produção Biológica das respectivas culturas


vegetais referente ao ano de 2014 nas regiões agrárias de Portugal.
Entre-Douro e
Trás-os-Montes Beira Litoral Beira Interior Ribatejo e Oeste Alentejo Algarve
Culturas Minho
Vegetais Área Produtores Área Produtores Área Produtores Área Produtores Área Produtores Área Produtores Área Produtores
(ha) (nº) (ha) (nº) (ha) (nº) (ha) (nº) (ha) (nº) (ha) (nº) (ha) (nº)
Culturas
95 50 345 44 46 15 2 062 119 147 17 5 414 123 98 4
Arvenses
Floresta 277 26 2 505 5 54 17 1 011 18 5 381 21 7 425 80 240 4
Fruticultura 241 123 274 169 93 58 621 128 453 131 512 88 294 38
Frutos Secos 178 70 3 870 472 58 25 345 101 61 16 46 17 10 8
Horticultura 188 174 64 69 819 140 171 106 262 153 412 79 66 28
Olival 343 42 5 997 540 216 46 3 905 344 453 65 8 011 346 65 9
Pastagens 4 278 76 3 197 144 256 26 31 977 322 16 181 61 93 685 471 1 250 9
Plantas
95 72 10 7 27 28 37 17 625 49 458 53 19 12
Aromáticas
Pousio 124 78 320 72 199 59 2 999 204 505 135 3 064 127 227 23
Vinha 183 55 1 068 162 123 30 828 152 116 35 413 39 36 10
Culturas
823 41 130 29 198 10 1 536 87 1 071 27 9 567 227 86 4
Forrageiras
Total 6 826 416 17 779 768 2 089 222 45 493 605 25 255 342 129 007 709 2 392 70

Fonte: Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural: Direção-Deral de Agricultura e


Desenvolvimento Rural (DGADR)

18
Cada vez mais os consumidores procuram produtos obtidos no modo de
produção biológico, especialmente fruta, hortícolas e plantas aromáticas, medicinais e
condimentares, que acaba por ilustrar a tabela referente ao ano de 2014 em que expõe
áreas e produtores ligeiramente semelhantes entre as regiões.

A região do Alentejo continua a liderar na quantidade de áreas submetidas na


Agricultura Biológica, com interesse em culturas para a alimentação e pastoreio animal,
culturas arvenses, Floresta e ainda na Olivicultura.

19
CAPÍTULO 3

Incentivos às Medidas Agro-Ambientais

21
3. Sistemas de Incentivos

O nível de investimento na Agricultura está positivamente correlacionado com a


evolução da Agricultura Portuguesa, designadamente com o crescimento da produção,
redução da pobreza e segurança alimentar, infelizmente mostram uma tendência
decrescente dos investimentos agrícolas. As principais mudanças deram-se com a
entrada na União Europeia, obrigando Portugal a cumprir com toda a legislação sócio-
estruturais, técnico-económicas e político-institucionais imposta pela Política Agrícola
Comum. A PAC influencia, direta ou indirectamente, o comportamento dos agentes
económicos ligados ao sector agro-alimentar e agro-florestal nacional, cujos objectivos
são assegurar o abastecimento de géneros alimentícios, manter equilíbrio entre o campo
e a cidade, valorizar os recursos naturais e garantir aos agricultores um rendimento em
conformidade com os seus desempenhos (Rua, 2014; AGRO.GES, 2011).

A PAC 2014-2020 agrupa um conjunto de medidas em 2 pilares:

1. Medidas correspondentes a pagamento anuais financiados exclusivamente


pelo Fundo Europeu de Garantia Agrícola (FEGA) que se dividem em
medidas de regulamentação dos mercados agrícolas, e pagamentos diretos
à produção;
2. Medidas correspondentes a pagamentos plurianuais co-financiados pelo
Fundo Europeu de Desenvolvimento Rural (FEADER) e pelos Orçamento
Nacionais de cada Estado Membro, no âmbito de Programas de
Desenvolvimento Rural (PDR 2014-2020).
A agricultura em regime de sequeiro nas zonas mediterrânicas enfrenta um risco
considerável ao nível da produção em virtude das imprevisíveis condições climáticas. A
intervenção política através de instrumentos de estabilização do rendimento, tem um
forte impacto nos agricultores dessas regiões, mudando a alocação da terra, reduzindo a
variabilidade do rendimento e alterando os níveis de rendimento. As medidas Agro-
Ambientais têm um forte impacto ao evitar o problema do abandono da terra em áreas
mais desfavorecidas da região mediterrânica, nas quais a agricultura já não é
competitiva (Carvalho et al., 2011)

22
As medidas Agro-Ambientais estão implementadas em Portugal desde 1994 e
incluem ajudas à Produção Biológica e Produção Integrada, entre outras, proporcional à
área cultivada a que o agricultor se pode candidatar anualmente durante um período de 5
anos, podendo ir ao máximo de 7 anos, desde que reúna condições de acesso definidas
na legislação e se verifique perante as avaliações do organismo de certificação
contratado. A ajuda é atribuída através de um contrato entre o Ministério de Agricultura
e o agricultor, onde explicita os compromissos, cláusulas a cumprir, entre elas, as
normas do modo de produção requerido, utilização de determinados produtos
reconhecidos, assistência técnica e contrato com um organismo privado de certificação e
controlo do modo de produção (AJAP).
A Portaria n.º 25/2015 - Diário da República n.º 27/2015, Série I de 2015-02-09 -
Estabelece o regime de aplicação da ação n.º 7.1, «Agricultura biológica», e da ação n.º
7.2, «Produção integrada», ambas da medida n.º 7, «Agricultura e recursos naturais»,
integrada na área n.º 3, «Ambiente, eficiência no uso dos recursos e clima», do
Programa de Desenvolvimento Rural do Continente, abreviadamente designado por
PDR 2020.

Tabela 5: Apoio monetário por modo de produção e respetivas culturas vegetais.

Modos de Produção
Conversão à Manutenção da
Culturas Vegetais Produção Integrada
Agricultura Biológica Agricultura Biológica
Apoio Monetário (€/ha) Apoio Monetário (€/ha) Apoio Monetário (€/ha)
Regadio 900 900 526
Frutos frescos
Sequeiro 900 760 377
Culturas
Regadio 643,2 536 234
Permanentes Olival e Frutos secos
Sequeiro 300 250 164
Vinha 618 515 225
Culturas Temporárias de Primavera-Verão em regadio 456 380 175
Culturas temporárias de Outono-Inverno e
96 80 40
Primavera-Verão em sequeiro Culturas Forrageiras
Horticultura e Plantas Aromáticas e Medicinais 600 600 510
Pastagem Permanente 204 170 95
Fonte: Programa de Desenvolvimento Rural do Continente 2014-2020

Para além do apoio do Modo de Produção, há ainda uma majoração anual do nível
de apoio para os agricultores que recorram a assistência técnica, uma vez que é
opcional, prestada por técnicos reconhecidos pela DGADR integrados em organizações

23
de agricultores, sendo o valor igual a 15% do montante global do apoio, limitado a um
mínimo de 250€ e um máximo de 1750€. E ainda de uma majoração de 5% no nível de
apoio base para os beneficiários associados de uma AP/ OP, que no caso especifico das
AP/OP de cereais será de 10%.

3.1 Obrigações e Compromissos


Quem pretenda usufruir dos apoios do PDR2020, deve possuir uma área mínima
de superfície agrícola de 0,5 hectares candidata ao modo de produção, com exceção das
plantas aromáticas, condimentares e medicinais para as quais poderá ser definida uma
área mínima não inferior a 0,3 hectares, ter submetido a área candidata ao regime de
controlo efetuado por um organismo de controlo e certificação (OC) reconhecido e
acreditado para o efeito, e ainda no caso da Agricultura Biológica, ter submetido a
notificação relativa à Agricultura Biológica à autoridade competente, o GPP, disponível
no anexo 2. Os beneficiários devem cumprir a regulamentação relativa à Produção
Integrada, estando sujeitos a controlo por parte de Organismo de Controlo e
Certificação (OC).
O operador tem de manter as condições de acesso em cada ano do compromisso, o
apoio é anual e atribuído por hectare de superfície agrícola, sendo o nível de apoio
diferenciado em função de grupo de culturas e modulado por escalões de área. É
obrigatório guardar os comprovativos, em nome do respectivo agricultor, dos produtos
fitofarmacêuticos e fertilizantes adquiridos, bem como os boletins de análises de terra,
água e material vegetal, anexando-os ao registo das actividades, denominado por
caderno de campo (Ferreira et al., 2009).
O caderno de campo é anual e funciona como base de registos da exploração
agrícola onde constam todas as práticas culturais implementadas, datadas, com
descrição dos factores de produção utilizados, seja maquinaria agrícola como produtos
fitofarmacêuticos, correctivos ou fertilizantes e as produções obtidas. Quando há vendas
de produtos agrícolas, na facturação deve estar mencionado o Modo de Produção, por
exemplo, no caso da Produção Integrada deve referir “Obtido em Produção Integrada” e
no Modo de Produção Biológica “ Obtido em Agricultura Biológia PT-05- BIO”

24
No caso de início de atividade em Produção Integrada e/ ou Agricultura
Biológica, deverá realizar uma ação de formação específica homologada pela autoridade
competente no prazo máximo de um ano após o início do compromisso. Deverá
respeitar o enrelvamento da entrelinha de culturas permanentes regadas, realizar análise
de terras nas áreas de culturas permanentes, que inclua teor de matéria orgânica, no
quinto ano do compromisso, manter e controlar o revestimento vegetal natural ou
semeado das entrelinhas através de cortes sem enterramento, na sementeira utilizar
sempre técnicas de mobilização mínima na entrelinha e sementes ou estacas certificadas
se possível.
As áreas forrageiras são pagas se se verificar um encabeçamento mínimo superior
a 0,2 CN de efetivo pecuário de bovinos, ovinos e caprinos do próprio em pastoreio por
ha de superfície forrageira.
Respeitar, no caso das culturas permanentes, as seguintes densidades mínimas por
parcela:
 Pomóideas, citrinos e prunóideas, excepto cerejeira – 200 árvores por ha;
 Pequenos frutos, excepto sabugueiro – 1.000 plantas por ha;
 Actinídeas – 400 plantas por ha;
 Outros frutos frescos e sabugueiro - 80 árvores por ha;
 Frutos secos e olival – 60 árvores por ha;
 Vinha – 2.000 cepas por ha, excepto nos casos de áreas ocupadas com
vinha conduzida em pérgula ou de áreas situadas na Região Demarcada
dos Vinhos Verdes, em que a densidade mínima é de 1.000 cepas por ha.
Durante o período de conversão os produtos não podem ser comercializados com a
menção “Produto de Agricultura Biológica”, apesar das práticas agrícolas estarem com
conformidade com as normas de produção. Por regulamento, no primeiro ano de
conversão o produto não pode ter qualquer menção ao modo de produção biológico e no
segundo ano pode recorrer ao uso da menção “produto em conversão para a agricultura
biológica”. É apenas no final do período de conversão, final do terceiro ano, que o
produto pode ser comercializado com a menção “produto biológico” e o respectivo
logótipo. (Cichosz, 2006).

25
3.2 Sistema de certificação e controlo
A certificação de um produto constitui em elemento diferenciador no mercado,
facilitando sua identificação, oferecendo garantias ao consumidor sobre a qualidade do
produto que está sendo adquirindo e aumenta a confiança do consumidor, facilitando o
comércio e a participação em novos mercados. A certificação deve desenvolver-se sob
um sistema de total imparcialidade, transparência e objetividade, e deve permitir que as
empresas certificadas possam apresentar um recurso no caso de desconformidade com
as decisões da empresa de certificação (Fachinello e Tibola, 2003).
Em Portugal, a inspeção e a certificação de acordo com o Regulamento (CE)
834/2007, são realizadas por organizações privadas credenciadas de acordo com a NP /
EN 45011, correspondente ISO/IEC17065 pelo Instituto Português de Acreditação
(IPAC).
O Organismo privado de Controlo e Certificação deve efectuar ações de controlo
e assegurar-se que são cumpridas as normas em vigor, atribuir licenças aos operadores e
atestados aos produtos, garantir a confidencialidade relativa às informações obtidas no
decurso da sua actividade de controlo, e ter patente ao público a lista dos operadores
sujeitos ao regime de controlo.
A Comissão de Certificação deve conduzir e vigiar o processo de certificação,
aplicar, acompanhar e alterar se necessário, as regras de atribuição e de renovação das
listas e dos certificados, ações de controlo e sanções, analisar e decidir os recursos
apresentados pelos operadores agrícolas, e acompanhar o manual de procedimentos e
formulários de controlo e certificação de acordo com a Norma EN/NP 45011. A
certificação dos produtos produzidos de acordo com estas formas de protecção e
produção compete aos organismos de controlo e certificação, reconhecidos para o efeito
pelo GPP, nos termos da Portaria n.º 131/2005, de 2 de Fevereiro, relativa a medidas de
controlo e certificação.
Os candidatos a operadores interessados em produzir géneros alimentícios,
obtidos a partir de produtos agrícolas, pecuários, florestais e/ou cinegéticos, e que
desejam cumprir as regras especificadas nas normas e/ou regulamentos respetivos,
devem entrar em contacto com o Organismo de Controlo. Após demonstrada intenção,
será preenchido o respetivo pedido de certificação, análise de candidatura com descrição
e avaliação da unidade em causa, no sentido de se verificarem as condições e

26
viabilidade face às regras estabelecidas. É efectuada uma visita inicial de controlo à
exploração por um técnico, onde é atribuído um documento que atesta o início de um
Modo de Produção, o técnico esclarece o responsável da unidade sobre a forma de
atuação da OC, tanto ao nível da avaliação, bem como, dos procedimentos de
certificação. O técnico alerta o responsável para os deveres que a unidade tem, ao ser
parte integrante da fileira. Nas visitas realizadas as unidades de comercialização, por
vezes o técnico de avaliação pode comporta-se como um vulgar consumidor, para
avaliação das condições da exposição dos produtos.
Todos os anos é efectuada no mínimo uma visita de controlo extensiva, onde é
elaborado um relatório de controlo que deve ser assinado pelo operador. A visita de
controlo é essencial para obter uma noção concreta do funcionamento da exploração,
permitindo ao mesmo tempo dialogar sobre os sucessos e dificuldades (Serrador, 2009).
No pedido de Certificação é preenchida e assinada pelo operador e devidamente
carimbada no caso de se tratar de uma sociedade devem constar os seguintes elementos:

1. O(s) produto(s) a ser(em) certificado(s);


2. Identificação do Operador (nome, morada, contactos e número de contribuinte);
3. As normas e/ou outros documentos normativos para o qual o operador pretende
obter a certificação;
4. Localização das unidades produtoras/preparadoras, atividades, modos de
produção, áreas e parcelas, planos de produção, fertilização e conversão ou integração
(caso aplicável), e se possível produções estimadas e quando aplicável pessoal de
contacto nestes locais;
5. Localização das instalações onde se processa a preparação, conservação e
transformação do produto e pessoal de contacto nestes locais;
6. Identificação e contacto (caso exista) da empresa responsável pela
contabilidade;
7. Identificação da subcontratação (caso exista), relativamente a uma parte do
processo da atividade em causa;
8. Identificar se já esteve ligado a algum OC anteriormente.

No sentido de adaptar os critérios de avaliação a cada unidade, os técnicos de


controlo possuem formação específica, complementada com experiência prática, uma

27
vez que, só com formação na matéria, associada a uma análise profunda da mesma
unidade, é possível responder de forma eficaz às exigências da avaliação do processo.
Quando há a suspeita do incumprimento das regras estabelecidas nos Cadernos
de Especificações e/ou Regulamentos e/ou Normas e/ou Referenciais, e a avaliação
detalhada levada a cabo pelos Técnicos e Departamento de Avaliação confirmam as
referidas suspeitas, será aplicada a sanção adequada, quando estritamente necessário,
pois é indispensável para garantir o cumprimento assegurando, que o processo de
controlo/certificação garante a genuinidade e a qualidade do produto.
Se durante a avaliação for detetado alguma constatação que afetem a
conformidade do produto é imposto uma oportunidade de Melhoria que não pondo em
causa a capacidade do sistema auditado, para cumprimento dos requisitos especificados,
pode ser objeto de ação com vista a melhoria do sistema, do seu desempenho e/ou
prevenir potenciais não conformidades ou então uma não conformidade como sendo
qualquer desvio das normas de trabalho, das práticas, dos procedimentos, dos
regulamentos, do desempenho do sistema de gestão, etc., que possa, direta ou
indiretamente conduzir a falhas, lesões ou doenças, a danos para a unidade, a danos para
o ambiente do local de trabalho, ou a uma combinação destes. Proceder-se de imediato a
uma avaliação detalhada que permita confirmar as dúvidas verificadas, essa avaliação
exaustiva é feita pelo técnico de avaliação se necessário pelo responsável pelo
Departamento de Avaliação, e se estes o entenderem, recorrerão a um perito interno
e/ou externo.
O certificado ou é retirado, ou é suspenso ou não é emitido para um produto e/ou
lote em transformação. Com o decorrer do processo, o OC determina se o método de
produção e/ou transformação também é afetado. Deve ser realizado um período de
conversão quando aplicável. Quando há redução do âmbito de certificação além de se
informar a Autoridade Competente também é necessário emitir novo certificado de
conformidade e licença para o uso da marca de certificação.
Todos os documentos referentes ao processo de controlo e certificação são
anulados, procedendo-se à rescisão do contrato celebrado entre as partes. O OC informa
a Autoridade Competente através do envio do relatório de informação. Caso se
justifique solicitará parecer à referida Autoridade Competente.

28
CAPÍTULO 4

Material e Métodos
4. Material e Métodos

O presente trabalho foi desenvolvido ao longo de seis meses, entre novembro de


2015 e abril de 2016, numa empresa de certificação que presta serviços para o
organismo de certificação CERTIS, na delegação de Mirandela, e incidiu sobre as
acções levadas a cabo nos concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada
À Cinta, Miranda do Douro, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa.
Prendeu-se avaliar qual o Modo de Produção, Produção Integrada e Modo de Produção
Biológica, tem maior adesão por concelho e também por cultura vegetal, e verificar se
houve não conformidades e oportunidades de melhoria apontadas na exploração
agrícola.
Nesse período foram realizadas acções de controlo a operadores agrícolas com
contrato com o Organismo de Certificação CERTIS. Este organismo de controlo, após
interesse manifestado pelo operador agrícola, realiza avaliações de à exploração
agrícola para emissão do certificado de conformidade após deliberação das condições e
viabilidade das regras estabelecidas.
Nas acções de controlo foram feitas auditorias de campo nas explorações com
candidaturas a receber apoio ao nível das medidas agro-ambientais no que respeita aos
modos de Modo de Produção Integrada e/ou Modo de Produção Biológico. De acordo
com o contrato assinado com a entidade certificadora, os agricultores deverão ser
controlados uma vez por ano, salvo excepções, para atestar que as suas práticas estão
em conformidade com as regras oficiais para os diferentes modos de produção.
Para a realização das auditorias, os agricultores eram contactados por via
telefónica e marcada a visita de campo às culturas vegetais que constavam das
candidaturas aos Modos de Produção.
Nas acções de controlo foram colocadas questões sobre as técnicas culturais
postas em prática, fertilização, adubação e luta contra pragas e doenças, inspecção do
armazém de produtos fitofarmacêuticos e das parcelas candidatas, bem como
esclarecimento de dúvidas das regras sobre o Modo de Produção Integrada e/ou Modo
de Produção Biológica, no anexo 1 encontra-se disponível o guião das questões
colocadas. No final da acção de controlo era elaborado um relatório resumo e a acção
era finalizada com a visualização: - dos cadernos de campo da exploração, que deviam

30
estar devidamente preenchidos, - das faturas dos factores de produção; e - das análises
de solos, foliar e de água de rega.
No final da auditoria de campo eram avaliados os riscos da unidade de produção e
no caso da existência de alguma não conformidade com as regras dos Modos de
Produção, o técnico de avaliação informava o operador e/ou o Apoio Técnico, sobre a
situação detectada e as consequências que daí advinham. No caso de todos os
procedimentos estarem em conformidade com as regras do Modo de produção em que a
parcela/agente tinham sido controlados, era emitido um certificado de conformidade do
Modo de Produção em causa podendo essa informação acompanhar os registos de
comercialização e integrar o rótulo dos produtos a serem comercializados.
No final, as decisões de certificação eram enviadas à Direção Geral de Agricultura
e Desenvolvimento Rural e que com base na informação recebida procediam à activação
do apoio das Medidas Agro-Ambientais para o Instituto de Financiamento da
Agricultura e Pescas I.P. (IFAP). Após os processos serem remetidos ao IFAP, é
concluído o processo de apoio a conceder no âmbito da acção nº 7.1 “Agricultura
Biológica” e nº 7.2 “Produção Integrada” do Programa de Desenvolvimento Rural do
Continente (PDR 2020). O apoio financeiro destina-se a beneficiários que exercem
actividade agrícola, sejam pessoas singulares ou colectivas, que de forma voluntária se
comprometem a respeitar os compromissos das medidas agro-ambientais durante um
período de cinco anos que pode ser prolongado até um máximo de dois anos, se
justificável e aceite pela autoridade de gestão.

Figura 3: Localização dos concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Miranda
do Douro, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa que foram sujeitos a controlo.

Fonte: http://www.ccdr-n.pt/regiao-norte/apresentacao

31
32
CAPÍTULO 5

Resultados e Discussão
33
5. Resultados e Discussão
Durante a realização do presente trabalho, e nos concelhos em avaliação, isto é
Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro, Mogadouro,
Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa, foram solicitados ao Organismo de
Certificação CERTIS um total de 300 certificados. Do total de processos 252
respeitavam ao Modo de Produção Integrada, e 48 ao Modo de Produção Biológica. Dos
certificados solicitados, na sua maioria provinham de novos contratos com o Organismo
de Certificação, outros tratavam-se de transições de organismos certificadores e ainda
alguns de operadores com seguimento no processo de certificação.
Para uma melhor compreensão dos resultados estes serão tratados em separado
por Modo de Produção, e dentro destes por concelho.

5.1. Modo de Produção Integrada


Como referido anteriormente, em Modo de Produção Integrada o número de
operadores controlados foi de 252, repartidos pelos diferentes concelhos onde decorreu
o trabalho (Figura 4). A maioria das acções de controlo decorreram em operadores do
concelho de Mogadouro, 116, e que correspondeu a 46% do total de operadores
avaliados neste modo de produção (Figura 4.).

0/0%
20/8%

87/35% Freixo de Espada À Cinta

Figueira de Castelo Rodrigo

Miranda do Douro

Mogadouro
116/46%
Torre de Moncorvo

Vila Nova de Foz Côa


23/9% 6/2%

Figura 4: Número de produtores, e respectiva percentagem, controlados em Modo de


Produção Integrada nos diferentes concelhos em análise.

34
O concelho de Freixo de Espada à Cinta ocupou a segunda posição em número
de operadores controlados com 87 (35%), seguido de Miranda do Douro (23), Torre de
Moncorvo (20) e Figueira de Castelo Rodrigo, que representou apenas 2% do total de
operadores neste modo de produção. Em Vila Nova de Foz Côa não foi efectuado
controlo em nenhum operador (Figura 4).
No que respeita à área de produção, com um total de 2423,15ha controlados em
Modo de Produção Integrada, a distribuição, em percentagem, pelos diferentes
concelhos analisados foi muito semelhante ao número de operadores (Figura 5.). Assim,
foi também em Mogadouro que foi controlada a maior área, cerca de 1147ha, a que
correspondeu 48% da área controlada, seguida de Freixo de Espada à Cinta (824ha),
Miranda do Douro (200ha), Torre de Moncorvo com 148ha (6%) e por fim Figueira de
Castelo Rodrigo que representou apenas 4% da área controlada neste modo de
produção.

0/0%
147,67/6%

824,39/34%
Freixo de Espada À Cinta
Figueira de Castelo Rodrigo
Miranda do Douro
1146,93/48%
Mogadouro
Torre de Moncorvo
Vila Nova de Foz Côa
104,28/4%

199,88/8%

Figura 5: Área total, e respectiva percentagem, controlados em Modo de Produção


Integrada nos diferentes concelhos em análise.
Ao avaliar o conjunto de culturas em que foi solicitado o controlo, no total de
explorações, verificou-se que a maior área era ocupada por olival de sequeiro, com
aproximadamente 998ha e a que corresponde uma percentagem de 38%, seguida dos
frutos secos de sequeiro com 774ha e a vinha, com cerca de 402ha. As restantes culturas

35
tiveram uma importância inferior, cabendo destacar olival de regadio, com 107ha (5%),
e pastagens permanentes, com 48ha (Figura 6). No caso dos frutos secos a maioria da
produção controlada diz respeito à produção de amêndoa.

1000,00 997,67

774,00

500,00 402,19

107,28
47,92 17,62 29,61
0,99 6,03 3,63 5,77 13,22 14,77 2,45
0,00

Figura 6: Área total das culturas controladas no Modo de Produção Integrada em


análise.
Por operador, constata-se também que a maioria dos operadores que solicitaram
controlo tinham como cultura o olival de sequeiro, com 209 operadores a que
correspondeu 38%, seguido de frutos secos, com 163 (30%), e vinha 100 (20%) (Figura
7). É de destacar que a soma do total de operadores por cultura é ser superior ao total de
300 operadores controlados, isto deve-se ao fato de alguns dos operadores terem mais
do que uma cultura no Modo de Produção Integrada. Por exemplo, no concelho de
Freixo de Espada à Cinta é frequente que os operadores se dediquem a diferentes
cultivos na sua exploração, como a vinha, uma vez que se encontra dentro da Região
Demarcada do Douro, olival, sobretudo da variedade de Negrinha de Freixo destinada a
azeitona de mesa, e também culturas de frutos frescos como a laranjeira, que são
característicos dessa região. É também uma tendência que os operadores que possuíam
olival na sua exploração serem possuidores também de frutos secos.

36
209
200
163
150
110
100

50
28
4 6 9 9 7
1 1 1 2 1
0

Figura 7:Número total de operadores por culturas vegetais controladas em Modo de


Produção Integrada analisados.
A análise dos resultados por concelho (Figura 8) indicam que, para o caso de
Freixo de Espada à Cinta, as culturas vegetais predominantes são o olival de sequeiro,
frutos secos de sequeiro e a vinha, com áreas aproximadamente iguais, a variar entre os
227ha e os 229ha (Figura 5.5). Contudo, ao analisar os resultados por número de
operadores, verifica-se que havia mais operadores que possuíam olival (68), seguida da
vinha (63) e de frutos secos (59), o que indica que as áreas médias que possuíam em
termos de olival de sequeiro eram menores. Das restantes culturas apenas o olival em
regadio tem alguma expressão, com 104ha e 26 operadores (Figura 8). É de referir que
neste concelho existem áreas assinaláveis com regadio, fato não verificado nos
restantes.
No que diz respeito ao concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, as visitas de
campo foram feitas a olival nas duas vertentes, frutos secos em sequeiro, vinha e
também algumas culturas de hortícolas ao ar livre, e apenas a dois operadores com
pastagens permanentes. A olivicultura em modo de sequeiro é a mais significativa, com
cerca de 68ha (Figura 8).

37
3,63; 0% 0,45; 0%
5,59; 1%
Olival Reg.
104,89; 8 93 26 Olival Seq.
13%
F.Secos Reg.
228,1; 28% Freixo de 63 F.Secos Seq.
229,84; 28% Espada À 68
Vinha
Cinta
227,24; 27% F.Frescos Reg.

5 F.Frescos Seq.
59
Hortí. Ar Liv.
24,65; 3%
6,26; 6% 1,57; 2%
6,21; 6%
1 2
1 Past. Perm.
20,31; 19% 2,19; 2% 1 Olival Reg.
Olival Seq.
Figueira de
Castelo 4 F.Secos Seq.
67,74; 65% Rodrigo Vinha
6 Hortí. Ar Liv.

14,67; 7%
13,22; 7% Past. Perm.
3,4; 2% 26,4; 11111 Cult. T. Seq.
13% 17,62; 9%
Olival Seq.
16
F.Secos Seq.
Miranda do
20 Vinha
61,92; 31% 38,06; 19% Douro
Hortí. Ar Liv.
Cul. Rotação
24,59; 9
12% Pousio

0,23; 0% 0,1; 0%
77,99; 7%
20 11
Olival Seq.
F.Secos Seq.
Mogadouro 101 Vinha
481,3; 42% 587,31; 51%
81 Hortí. Ar Liv.
Pousio

0,12; 0% 2,45; 2% 1,21; 1% 0,99; 1%


0,44; 0% 0,2; 0% Past. Perm.

111111 Cult. Forrag.Temp.

6 Olival Reg.
27,92; 19% Olival Seq.
Torre de F.Secos Reg.
34,66; 23% 74,72; 51% Moncorvo 18 F.Secos Seq.
10 Vinha

1 F.Frescos Reg.
Hortí. Ar Liv.
4,96; 3%

Figura 8:Balanço final na distribuição das culturas vegetais controladas e o seu número
de produtores por cada concelho, submetidos em Modo de Produção Integrada.

38
No concelho de Miranda do Douro, a vinha, o olival de sequeiro e os frutos
secos de sequeiro foram também as culturas que dominaram em termos de área (Figura
8) e também em número de operadores. Neste concelho verifica-se a existência de
pastagens e rotações o que estará relacionado a criação de gado, uma das actividades
com relevância nesta região, em que as pastagens se destinam ao pastoreio e as rotações
à alimentação animal.
Relativamente ao concelho de Mogadouro, que correspondeu à maior área
controlada, foi dominada apenas por três culturas, o olival em sequeiro (587ha) e frutos
secos em regime de sequeiro (481ha), e a vinha com muito menor expressão. 78ha,
sendo que o número de operadores seguiu as mesmas proporções (Figura 8.). Também
foram controladas culturas hortícolas ao ar livre e parcelas em pousio foram
controladas, mas com uma expressão muito reduzida.
Por sua vez no concelho de Torre de Moncorvo, os frutos secos e o olival de
sequeiro foram as culturas com maior predominância, apesar de terem sido controlados
operadores com as diferentes culturas (Figura 8.).
Conforme anteriormente referido, no concelho de Vila Nova de Foz Côa não se
realizou nenhuma acção de controlo em Modo de Produção Integrada.
De forma geral é de realçar que a análise dos resultados em todos os concelhos
em que foram controlados operadores em Modo de Produção Integrada, as culturas com
maior significado foram a oliveira, os frutos secos e a vinha, quer em área controlada
quer em número de operadores.

5.2. Modo de Produção Biológica


Em Modo de Produção Biológica o número de operadores controlados foi de 48,
repartidos pelos diferentes concelhos onde decorreu o trabalho (Figura 9). A maioria das
acções de controlo decorreram em operadores do concelho de Freixo de Espada à Cinta,
33 no total, e que correspondeu a 69% do total de operadores avaliados neste modo de
produção (Figura 9).

39
1/2%

6/13%

Freixo de Espada À Cinta


4/8% Figueira de Castelo Rodrigo
Miranda do Douro
3/6%
Mogadouro
Torre de Moncorvo
1/2% 33/69%
Vila Nova de Foz Côa

Figura 9:Número de produtores, e respectiva percentagem, controlados em Modo de


Produção Integrada nos diferentes concelhos em análise.
O concelho de Torre de Moncorvo ocupou a segunda posição em número de
operadores controlados com 6 (13%), seguido de Mogadouro (8%), Miranda do Douro
(3) e Figueira de Castelo Rodrigo assim como Vila Nova de Foz Côa, que representou
apenas 2% do total de operadores neste modo de produção. (Figura9).
Quanto à área de produção, com um total de 554,53 ha controlados em Modo de
Produção Biológica, a distribuição, em percentagem, comparando com o número de
produtores dos diferentes concelhos analisados. Freixo de Espada à Cinta foi o concelho
com maior área controlada em Modo de Produção Biológico, cerca de 385ha, a que
correspondeu 69% da área controlada, seguida de Torre de Moncorvo (77ha),
Mogadouro (48ha), Miranda do Douro com 30ha (5%). Apesar de terem o mesmo
número de operadores a área controlada apresentou uma ligeira distinção entre os
concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Nova de Foz Côa, a área controlada em
Figueira de Castelo Rodrigo foi superior em cerca de 3% (Figura10).

40
1,01/0%

76,61/14%

Freixo de Espada À Cinta


47,74/9%
Figueira de Castelo Rodrigo

29,76/5% Miranda do Douro


Mogadouro
14,70/3% 384,71/69%
Torre de Moncorvo
Vila Nova de Foz Côa

Figura 10: Área total, e respectiva percentagem, controlados em Modo de Produção


Biológica nos diferentes concelhos em análise.
Ao avaliar o conjunto de culturas em que foi solicitado o controlo, no total de
explorações, verificou-se que a maior área foi ocupada por frutos secos de sequeiro,
com aproximadamente 288ha e a que corresponde uma percentagem de 52%, seguido
de olival de sequeiro com 124ha e em regime de regadio, com cerca de 44ha. As
restantes culturas tiveram uma importância inferior, cabendo destacar os frutos secos de
regadio, com 38ha (7%), pastagens permanentes, com 30ha e a cultura da vinha que
atinge os 20ha representando 4% (Figura 11.).

41
300 288,16

150 123,91

44,42 37,91
29,63
20,19
0,19 2,59 0,12 3,43 2,6 0,49 0,55
0

Figura 11: Área total das culturas controladas no Modo de Produção Biológica em
análise.
Por operador, constata-se também que a maioria dos operadores que solicitaram
o controlo, tinham como cultura frutos secos de sequeiro, com 37 operadores a que
correspondeu 34%, seguido de olival de sequeiro, com 28 (26%), assim como as
mesmas culturas mas em regime de regadio com resultados iguais de 10 operadores que
correspondem a 9% (Figura 12.).
Neste caso também se verificou que a soma do total de operadores por cultura
foi ser superior ao total de operadores controlados, o que é indicativo que alguns
operadores possuem mais do que uma cultura no Modo de Produção Biológica.

42
40 37

30 28

20

10 10
10 6
3 4 4
1 1 1 1 1
0

Figura 12:Número total de operadores por culturas vegetais controladas em Modo de


Produção Biológica analisados.
No concelho de Freixo de Espada à Cinta, foi efectuado controlo em todas as
culturas (Figura 13) embora com menores áreas candidatas em relação ao Modo de
Produção Integrada. Em Figueira de Castelo Rodrigo apenas o olival e o amendoal em
regime de sequeiro foram candidatos ao modo de produção biológica, com cerca de 5ha
e 10ha respectivamente com apenas um operador agrícola por cultura (Figura 13). No
concelhoo de Miranda do Douro as culturas foram as mesmas, olival e frutos secos mas
com as duas vertentes hídricas, porém o olival de sequeiro atingiu 78% na distribuição
das culturas vegetais. Importante dizer que neste concelho não foi só a amendoeira
como representante da cultura de frutos secos, mas também a aveleira e o castanheiro
estiveram presentes (Figura 13).
Em Mogadouro as áreas assim como o número de produtores foram muito
inferiores aos observados em Modo de Produção Integrada, mas também aqui foram
centrados no olival de sequeiro e frutos secos (Figura13). No concelho de Torre de
Moncorvo, observam-se as mesmas culturas, com a excepção da vinha, que no Modo de
Produção Integrada (Figura 13).
Em Vila Nova de Foz Côa, mais propriamente ema Muxagata, foi realizada a
única visita de controlo deste concelho em que apenas foi avaliada uma parcela de olival
de sequeiro com 1,01ha.

43
O modo de produção biológico, depara-se com uma elevada predominância no
concelho de Freixo de Espada à Cinta seguido de Torre de Moncorvo em que alguns já
estavam na acção de Manutenção em Agricultura Biológica.

1,43; 0% 0,49; 0% 0,55; 0% 24,25; 6% 0,19; 0%


0,43; 0% 2,59; 1% Past. P. Bio.
20,19; 5% 0,12; 0% 11111 Cult. T. Seq.
2 3 6
33,07; 9% 6 Cult. Forrag.Temp.
Olival Reg.

87,26; 23% 20 Olival Seq.


Freixo de
194,8; 51% F.Secos Reg.
Espada À
Cinta 27 F.Secos Seq.
5 Vinha
19; 5% F.Frescos Reg.

4,72; 32% Figueira de


Olival Seq.
Castelo 1 1
Rodrigo F.Secos Seq.
9,98; 68%

4,87; 17% 0,92; 3% 1


Olival Reg.
0,65; 2% 2
Olival Seq.
Miranda do F.Secos Reg.
23,32; 78% Douro 1
F.Secos Seq.

3,71; 8%

9,12; 19% Olival Reg.


Mogadouro Olival Seq.
34,91; 73% 4 2 F.Secos Seq.

2,17; 3% 5,38; 7%
2; 2%
2,77; 4%
1 1 Past. Perm.
1
2 Olival Reg.

Torre de Olival Seq.


25,15; 33% 20,88; 27% Moncorvo 4 F.Secos Reg.

4 F.Secos Seq.
F.Frescos Reg.
18,26; 24% 3 F.Frescos Seq.

Figura 13:Balanço final na distribuição das culturas vegetais controladas e o seu


número de produtores por cada concelho, submetidos em Modo de Produção Biológico.

44
O modo de produção biológico, depara-se com uma elevada predominância no
concelho de Freixo de Espada à Cinta seguido de Torre de Moncorvo em que alguns já
estavam na acção de Manutenção em Agricultura Biológica.
No final das visitas eram descritas não conformidades ou oportunidades de
melhoria quando aplicável. No entanto nem todos os operadores agrícolas estavam em
condições ideais pelo que foram detetados 55 processos com não conformidades
menores e oportunidades de melhoria em PRODI, e 16 processos com não
conformidades menores e oportunidades de melhoria em AB. As não conformidades
menores mencionadas foram relativamente ao não pagamento anual acordado com o
Organismo de Certificação, a não realização de análises obrigatórias aos parâmetros
foliares, solo e água quando regada, assim como o não preenchimento do caderno de
campo e ausência de faturas em nome do agricultor ou empresa quando se sabe que
foram aplicados factores de produção. Já as oportunidades de melhoria incidiram nas
análises obrigatórias das culturas vegetais estipuladas por cultura, quando já recolhidas
as amostras e enviadas para laboratórios mas sem que este tenha enviado os resultados.
A não apresentação de documentação exigida pelo técnico de avaliação de
controlo recai numa não conformidade menor, sendo que no ano seguinte deve estar
regularizada para não comprometer o processo de certificação. O avaliador interroga o
agricultor quanto aos procedimentos efetuados na exploração agrícola candidata ao
Modo de Produção, pede o caderno de campo, notificações de derrogação de sementes e
/ou de cobre caso seja aplicado, notificação de Agricultura Biológica remetida à
DGADR, entregas das embalagens vazias, faturas dos factores de produção, de venda e
colheita.
Em parte, o caderno de campo é trabalho do apoio técnico requerido o que
dificulta com prontidão o correto preenchimento devido à quantidade de agricultores na
mesma associação, pelo que a maior parte dos cadernos de campo não se encontravam
actualizados no prazo dado após a visita de campo.
Perante a avaliação feita para cada unidade, o Departamento de Certificação
aplica as sanções respectivas. O Organismo de Certificação determina a emissão do
certificado relativo ao produto em causa, mediante ações corretivas por parte do
operador, e em alguns casos, do resultado de avaliações extraordinárias. A sanção pode
ser aplicada, de acordo com o resultado do laboratório a que o Organismo de

45
Certificação recorreu, responsável pela confirmação da utilização de substâncias
proibidas no produto ou modo de produção ou com base no resultado da visita
adicional, com ou sem aviso prévio.
A não emissão da licença e certificado, caso o operador agrícola receba o apoio
das Medidas Agro-Ambientais, é comunicada à DGADR e por sua vez ao IFAP para
iniciar o processo de reembolso de toda a quantia recebida até o incidente. Pois durante
o período de compromisso, é obrigatório o agricultor seguir as normas e obrigações do
contrato.

46
CAPÍTULO 6

Conclusão
6. Conclusão

Os objectivos do trabalho foram alcançados sendo que as culturas vegetais mais


predominantes nos concelhos analisados foram o olival e os frutos secos em regime de
sequeiro e regadio para ambos os Modos de Produção, sendo Mogadouro o concelho
com maior área e mais candidaturas submetidas à Produção Integrada e Freixo de
Espada à Cinta para o Modo de Produção Biológica. Notou-se que grande parte dos
operadores agrícolas contém mais do que uma cultura vegetal na sua exploração
agrícola. Dos 300 operadores controlados, 252 comprometeram-se com a Produção
Integrada e 48 ao Modo de Produção Biológica, foram levantadas não conformidades e
oportunidades de melhoria aplicas à unidade de produção, 55 em Produção Integrada e
16 em Modo de Produção Biológica.
Este trabalho apenas aborda uma pequena amostra na adesão das Medidas Agro-
Ambientais pois na empresa há mais técnicos de avaliação distribuídos pelos vários
concelhos de Portugal, e não era a única técnica a realizar visitas de campo nos mesmos
concelhos analisados.
Os incentivos para as Medidas Agro-Ambientais vieram contribuir para uma
maior adesão e visibilidade destes modos de produção agrícola por parte dos
agricultores motivados pelo desejo de alcançar sistemas sustentáveis de protecção e
produção de culturas a longo prazo. No ano de 2015, houve uma elevada adesão às
Medidas Agro-Ambientais, que entretanto fecharam as candidaturas.

48
CAPÍTULO 7

Referências Bibliográficas
7. Referências Bibliográficas

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54
CAPÍTULO 8
Anexos
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57
58
59
60
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