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A evolução da agricultura em Portugal

No início do século XX: A partir da segunda metade do século XX:

Estrutura setorial: Estrutura setorial:

 o setor primário era o setor dominante da  o setor secundário crescia de forma pouco
consolidada;
população ativa em Portugal;  o setor terciário crescia de forma acentuada;
 o setor primário perdeu população;

Caracterização das atividades no nosso país:


Características da nossa agricultura:
 havia poucas atividades industriais e uma reduzida
taxa de urbanização.  a agricultura manteve-se tradicional e pouco
modernizada;
 era uma agricultura de fraca competitividade interna e
externa;
 o abando dos campos era cada vez mais comum.

Atualmente:
A agricultura é o setor económico que mais problemas enfrenta, a crise deste setor reflete-se na contribuição do PAB (Produto
Agrícola Bruto) para o PIB (Produto Interno Bruto):

 PIB (Produto Interno Bruto): valor total de bens e serviços produzidos para consumo final de uma
economia, por residentes e não residentes de um país, independentemente da sua afetação a fatores
produtivos nacionais ou estrangeiros.

 PAB (Produto Agrícola Bruto): valor da produção do setor agrícola.

Evolução da contribuição do PAB no PIB

É percetível uma tendência muitíssimo decrescente do PAB


no PIB, o que significa, que cada vez mais, o setor agrícola,
contribui menos para o valor total da produção. Pelo que,
podemos então concluir que a agricultura tem vindo a
perder importância ao nível económico, e efetivamente ao
nível social.

A evolução recente do nº de explorações e da sua dimensão

A incapacidade económica de muitas explorações em Portugal é causada pela reduzida dimensão das propriedades.
A solução para este problema é o emparcelamento.

• As estruturas agrárias agrupam as parcelas muito pequenas, procurando construir conjuntos maiores onde seja possível
a utilização de tecnologia agrícola moderna.
• Baseia-se na troca de parcelas entre os agricultores depois de uma avaliação das qualidades agronómicas dos
terrenos.
• O emparcelamento é tanto mais difícil quanto mais diferenciados forem os terrenos. (irregularidade das parcelas)
Redução de explorações de pequena dimensão

Na primeira década do século XXI, o nº de explorações reduziu de 415 969 para


305 266, na seguinte proporção:

 as explorações com menos de 1 ha, microfundios, diminuíram cerca de 40


%;
 as de média dimensão (entre 20 e 50 ha) decresceram 10 %;
 as de dimensão superior a 50 ha, latifúndios, aumentaram cerca de 6 %.

- A redução nas explorações agrícolas conduziu a um


decréscimo de 5 % da Superfície Agrícola Utilizada
(SAU), com menos 195 mil ha do que em 1999.

- As pequenas explorações, ao serem absorvidas pelas de


grande dimensão, provocaram um aumento da SAU
média por exploração: de 9,3 ha, em 1999, para 12 ha, em
2009.

Principais produções agrícolas

As culturas permanentes, que são constituídas pelas árvores de fruto, pela oliveira e pela vinha. Estas culturas são muito
características do espaço agrário português, principalmente devido à sua adaptação ao clima quente e seco e aos solos
pobres.

As culturas temporárias são constituídas pelos cereais, a batata, as leguminosas secas, as culturas industriais, a horticultura e a
floricultura.

Distribuição, estrutura e formas de exploração da SAU


Horta familiar:
- Superfície ocupada com culturas (produtos hortícolas ou frutos) destinadas a autoconsumo,
- Terras cultivadas destinadas à produção vegetal,
- Terras retiradas da produção,
- Terras que sejam mantidas em boas condições agrícolas e ambientais,
- Terras ocupadas por estufas ou cobertas por estruturas fixas ou móveis.

Nas últimas décadas têm-se mantido as principais produções agrícolas nacionais.


Destacando-se:
 frutos;
 vegetais e produtos hortícolas.

A especialização produtiva apresenta vantagens para os produtores:


 Simplifica o trabalho agrícola;
 Exige menor diversidade de máquinas e equipamentos;
 Reduz os custos de produção;
 Aumenta a produtividade e os rendimentos dos agricultores.

• Culturas temporárias

Culturas arvenses - Culturas cujo ciclo vegetativo não excede um ano, geralmente integradas num sistema de rotação de
culturas, incluindo as culturas de cereais para a produção de grão, as oleaginosas, as proteaginosas (ervilha, feijão, tremoço) e etc.
Culturas hortícolas ao ar livre - Culturas hortícolas cultivadas ao ar livre, quer se destinem à indústria quer ao consumo em
fresco, bem como as culturas hortícolas destinadas ao autoconsumo, incluindo a batata.
Floricultura ao ar livre - Incluem-se as áreas destinadas à produção ao ar livre, de flores e folhagens para corte, plantas em
vasos ou sacos e vários tipos de transplante.
Culturas forrageiras - Incluem-se os prados temporários semeados e espontâneos, para corte e ou pastoreio e por um período
inferior a cinco anos, bem como outras culturas forrageiras.
Pousio - Superfície que esteve destinada à produção vegetal, não produziu qualquer colheita durante o ano agrícola, e que
no ano em curso é mantida em boas condições agrícolas e ambientais, incluindo todas as superfícies em pousio inseridas ou
não numa rotação.

• Culturas permanentes

Culturas frutícolas - Conjuntos de árvores destinados à produção de frutos, incluindo o castanheiro e o pinheiro manso.
Vinha - A superfície plantada com vinha em cultura estreme ou consociada e em que a vinha é predominante, igual ou superior a
60% da superfície da parcela.
Olival - A superfície ocupada com oliveiras, que apresenta uma densidade de plantação superior a 45 oliveiras/ha e em que a
oliveira é predominante.
Misto de culturas permanentes - A superfície ocupada com várias espécies de culturas permanentes não se verificando
dominância de qualquer espécie.

Evolução da composição da SAU, 1999-


2009 Composição da superfície total
das explorações em Portugal, em
2009

A superfície total das explorações agrícolas representa cerca de metade do território português.

As mudanças na ocupação do espaço agrícola mostram uma maior aposta na criação de gado em detrimento das culturas
temporárias.

A produção biológica em Portugal iniciou-se nos anos 90 e, desde então, tem registado um crescimento significativo.

 Agricultura biológica (abrange todos os produtos agrícolas)

Baseia-se:

• em processos naturais e numa tecnologia moderna não poluente e apoiada na investigação científica (interligação às
universidades, centros de investigação e laboratórios);

• não utiliza adubos e pesticidas químicos visando manter e melhorar a fertilidade dos solos, o equilíbrio e a diversidade do
ecossistema agrícola, a qualidade ambiental, a produção de alimentos de elevada qualidade nutritiva e a proteção da saúde
humana. – Promover a proteção ambiental e conservar a biodiversidade.

- Reduzindo os aportes externos (pesticidas, adubos e aditivos alimentares)


- Respeitando determinadas condições dos habitats naturais (limpo e sem químico, sem poluição, condições favoráveis)

-- O modo de produção biológico:


•  controlo de pragas sem recurso a fitofármacos, apostando na formação técnica da mão de obra, de modo a proceder à
monitorização do processo;
•  recurso a sementes rústicas adaptadas às condições edafoclimáticas, de modo a poupar água e a evitar o empobrecimento
dos solos;
•  recurso a sistemas de policultura e a técnicas de consociação, de modo a favorecer a conservação dos solos e a controlar de
forma natural as pragas e, simultaneamente, atrair os insetos/pássaros necessários à polinização ;
•  aproveitamento dos resíduos agrícolas para compostagem, de modo a enriquecer o solo do ponto de vista f ísico, químico e
biológico;
•  cultivo de espécies endémicas que salvaguardam o património genético das regiões, de modo a preservar o sabor e os
aromas naturais dos produtos;
•  rotação de culturas com cultivo de plantas fixadoras de azoto e de outras culturas de cobertura, para restabelecer a
fertilidade natural do solo (ex: leguminosas)

As vantagens da agricultura biológica passam, por exemplo, por contribuir para a vitalidade das economias rurais através
do desenvolvimento sustentável, por meio, por exemplo, da:
• promoção da criação de emprego ao nível da produção, transformação e serviços afins;
• proteção do meio ambiente.

 Agricultura em modo de produção integrada

A produção integrada é um sistema agrícola de produção de alimentos e de outros produtos alimentares de alta qualidade,

- Com gestão racional dos recursos naturais;

- Privilegiando a utilização dos mecanismos de regulação natural em substituição de fatores de produção, contribuindo,
deste modo, para uma agricultura sustentável.

-- O modo de produção integrado:

•  aplicação rigorosa de fitofármacos, apostando na formação técnica da mão de obra, de modo a garantir produtos de
qualidade;

•  monitorização permanente do processo produtivo, de modo a controlar os parâmetros recomendáveis de sustentabilidade;

•  utilização de mecanismos de regulação natural em substituição de fatores de produção, contribuindo, deste modo, para
uma horticultura sustentável, com impactes positivos na saúde humana;

•  plano de fertilização que garanta a eficácia e a segurança na aplicação dos fertilizantes, de modo a evitar perdas por
lixiviação, erosão e evaporação, e reduzir os riscos de poluição das águas superficiais e subterrâneas;

•  escolha adequada das técnicas e das épocas de preparação.

- Na ocupação cultural das explorações de agricultura biológica


predominam as pastagens permanentes com 69% da área, as
quais se concentram essencialmente no Alentejo (67%) e na
Beira Interior (26%), beneficiando das formas de produção
extensivas que se praticam nestas regiões.

- A importância das pastagens reside no facto da produção


animal em modo de produção biológica exigir que os pastos
para os animais se encontrem totalmente convertidos a este
modo de produção.

- As culturas temporárias (intensivo) representam 13% e as


culturas permanentes (extensivo) 17% do total da área deste
modo de produção e localizam-se predominantemente no
Alentejo (55%) e em Trás-os-Montes (37%), respetivamente.

Evolução da agricultura biológica


A evolução da agricultura biológica está diretamente relacionada com a garantia da sustentabilidade:

 O número de produtores que aderiram a este modo de produção tem vindo a aumentar em Portugal;

 A prática da agricultura biológica integra-se na perspetiva de produzir com mais qualidade, preservando os recursos e
protegendo o meio natural, ou seja, de forma sustentável.
A área ocupada em modo de produção biológica atinge
valores:
• Mais altos nos Alentejo e Beira interior.

• Mais baixos no Algarve e Beira litoral.

A pecuária
A criação de gado está associada à atividade agrícola, como complemento de rendimento, como ajuda nas tarefas agrícolas e
ainda como modo de fertilização das terras.

Em 2016, 70,2% das explorações agrícolas portuguesas eram especializadas, ou


seja, tinham uma orientação técnico económica (OTE) dominante. Salientavam-se
as especializações em culturas permanentes e em herbívoros

• Atividade especializada;
• Privilegia as espécies mais competitivas.

 Tipo de regime:

• Normalmente feita em regime fechado (intensivo) - controlo sobre alimentação e saúde dos animais.

• Incentivos atuais para a criação em regime aberto (extensivo) - alimentação mais natural, evita abuso de rações.

 Importância das espécies em Portugal para a produção de carne:

Aves > gado bovino > gado suíno > gado ovino > gado caprino

As aves são também importantes para a produção de ovos.


O gado bovino é também importante para a produção de leite e derivados (predominante sobre o ovino e caprino).

A exploração florestal

• A principal aptidão do solo em Portugal é a exploração florestal;


• A floresta ocupa um terço do território de Portugal continental;
• Se se aproveitassem os terrenos incultos e os solos improdutivos, este valor subiria para o dobro: cerca de 7 milhões
de hectares;
• Os incêndios são o principal problema da exploração florestal;
• A limpeza periódica das matas e florestas, a instalação de pontos de água e a abertura de caminhos florestais são uma
ajuda essencial no combate aos incêndios.

Oportunidades e desafios apresentados às áreas rurais

Para potencializar o setor agrícola nacional a PAC definiu 6 prioridades da política de desenvolvimento rural, para o
período 14-20
1. Promover a transferência de conhecimentos e a
inovação nos setores agrícola e florestal e nas zonas
rurais
- Incremento da Inovação e da base de conhecimento das zonas
rurais
- Reforço da ligação entre o setor e a investigação e inovação
- Aprendizagem ao longo da vida e formação profissional do setor

2. Melhorar a competitividade de todos os tipos de


agricultura e reforçar a viabilidade das explorações
agrícolas.
- Reestruturação das explorações
- Renovação das gerações

3. Promover as cadeias alimentares e a gestão do risco na


agricultura.
- Integração de produtores primários na cadeia alimentar
- Gestão dos riscos
4. Restaurar, preservar e melhorar os ecossistemas que 5. Promover a utilização eficiente dos recursos e apoiar
dependem da agricultura e das florestas. a passagem para uma economia de baixo teor de carbono
- Biodiversidade e resistente às alterações climáticas nos setores agrícola,
- Melhoria da gestão da água alimentar e florestal.
- Melhoria da gestão dos solos - Melhoria na eficiência da gestão da água
- Melhoria na eficiência na utilização de energia
- Fornecimento e utilização de fontes de energia renovável
- Redução das emissões de gases com efeito de estufa

6. Inclusão social, redução da pobreza e desenvolvimento


económico das zonas rurais.
- Melhoria das Tecnologias da Informação e Comunicação
- Diversificação, criação de PME e de empregos
- Fomento do desenvolvimento local

 O desenvolvimento rural

Em Portugal, o desenvolvimento rural assenta em três programas, para o Continente, a Região Autónoma dos Açores e a Região
Autónoma da Madeira, integrando a Rede Rural Nacional.
- Objetivos operacionais:
• Competitividade – privilegiar as ações produtivas da iniciativa privada com vista à criação de valor acrescentado
• Organização estrutural – promover o aumento da dimensão e abrangência das organizações de produtores e estruturas
de concertação ao longo da cadeia alimentar.
• Sustentabilidade – promover boas práticas e utilização sustentável dos recursos e a valorização dos territórios rurais

Reforçar a competitividade:
 Modernização das explorações:

A modernização dos meios de produção e de transformação é uma condição essencial para aumentar a competitividade do
setor agrícola português no mercado externo.

Através:

• Investimento em tecnologia produtiva. (máquinas, material de transporte, sistemas de rega, controlo da temperatura,
humidade ou dosagem de rações/fertilizantes)

• Melhoria das infraestruturas, como sistemas de drenagem, caminhos, armazenamento e distribuição de água, etc.

• Aumento da dimensão das explorações, que pode conseguir-se pelo emparcelamento. (agrupamento de parcelas ao
nível da propriedade, do direito do uso ou do cultivo)

 Produzindo com qualidade:

A produção deverá:
• Ser orientada para as necessidades de mercado.
• Respeitar as preferências dos consumidores.
• Explorar vantagens e complementaridades.
• Apresentar novos produtos ou revalorizando produtos tradicionais.
• Apostar em produtos que podem ser certificados.

 Valorizando os recursos humanos:


• AUMENTO DO NÍVEL DE INSTRUÇÃO E QUALIFICAÇÃO
• REJUVENESCIMENTO DA POPULAÇÃO AGRÍCOLA
• Promoção do conhecimento e desenvolvimento de competências. (articulando a formação profissional e a capacidade
de inovação);
• Criação de polos de ensino profissional. (com cursos adequados às necessidades regionais);
• Promoção do desenvolvimento de competências no domínio das TIC;
• Criação de condições de vida atrativas à fixação da população jovem nas áreas rurais.;
• Disponibilização
parcialmente; de ajudas e incentivos para que os jovens se possam dedicar à atividade agrícola, total ou

• Incentivo às reformas antecipadas para agricultores que pretendam passar a gestão da exploração para jovens;
• Agilização do processo de instalação de novos empresários, beneficiando os mais jovens.

 Melhorar a organização:
Outra forma de aumentar a competitividade é melhorando a organização e gestão das empresas agrícolas, o que se
torna mais fácil através da associação dos produtores. (Cooperativas)

• Aumento do valor acrescentado


• Escoamento da produção dos seus membros.
• Aumento da capacidade de negociação nos mercados.
• Defender os interesses dos produtores
• Aumentar a informação sobre os mercados
• Melhorar a promoção dos produtos
• Otimizar recursos e equipamentos
• Facilitar o acesso ao crédito
• Proporcionar informação sobre novas técnicas e práticas de produção
• Facilitar o acesso a projetos e programas de apoio financeiro

 Garantir a sustentabilidade:

• O impacto ambiental dos sistemas de produção agrícola e pecuários é muito elevado e difícil de controlar.

• O menor recurso ao pousio e a maior frequência de mobilização dos solos e da utilização de maquinaria mais
potente contribuem para a erosão dos solos e a diminuição da qualidade dos habitats de muitas espécies.

• A utilização de inseticidas e pesticidas e a fertilização do solo com nitratos e fosfatos, sobretudo em áreas de
agricultura mais intensiva, contamina os solos e os recursos hídricos, superficiais (por escorrência) e subterrâneos (por
infiltração).

 Regadio:
O regadio permite a regularização das produções agrícolas e o aumento das produções, diminuindo a dependência dos
ciclos climáticos.
• É um fator de sustentabilidade ambiental pois assegura a conservação da biodiversidade, a mitigação e adaptação
às alterações climáticas e a valorização das paisagens rurais.

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