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EXMO(a). SR(a). DR(a).

JUIZ(íza) PRESIDENTE DO JUIZADO ESPECIAL


CÍVEL DA COMARCA DE PLANALTO – RS.

ROQUE CLEOCIR GANZER ME, firma individual, inscrita no


CNPJ de n.º 13.733.955/0001-08, representado pelo empresário Roque Cleocir
Ganzer, brasileiro, casado, empresário, CPF de n.º 462.554.190-53, RG de n.º
1036213691 SSP/IGP/DI - RS, com sede no município de Planalto, RS, à
Localidade de Santa Lúcia, Primeira Secção, Rodovia RS 324, Km 02,
Interior, através de seus procuradores signatários, vem perante Vossa
Excelência, para promover a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM


INDENIZAÇÃO E TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA E
EVIDÊNCIA,

com fulcro na Lei n.º 9.099/95, em face de BANCO DO ESTADO


DO RIO GRANDE DO SUL S.A. - BANRISUL, pessoa jurídica, instituição
financeira, inscrita no CNPJ de n.º 92.702.067/0001-96, , com sede no
município de Porto Alegre, RS, à Rua Capitão Montana, 177, com agência no
município de Planalto, RS, à Rua Dom Pedro II, 700, CEP: 98470-000, na
pessoa de seu representante legal, pelas razões de fato e de direito a seguir
demonstradas:

I – DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS:

O Autor vendeu o veículo Fiat/Strada Fire CE, MDK6352, renavam


801595541, chassi 9BD27807031376967, no início do ano de 2012, ao Sr.
Maicon Gustavo Horn Testa, o qual alienou o bem em favor do Requerido,
tendo este gravado o bem com reserva de domínio.

O Requerido comunicou a celebração do contrato ao DETRAN/RS, o


qual, imediatamente, lançou a restrição no prontuário do bem.

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Todavia, o Requerido e o Sr. Maicon Gustavo Horn Testa, não
realizaram a transferência da propriedade do veículo junto ao DETRAN/RS, de
forma que, ainda hoje, resta o veículo registrando em nome do Autor, para
todos os fins da autarquia estadual.

Em data de 06/07/2018, o Requerente teve ajuizado contra sua pessoa


a execução fiscal do Estado do Rio Grande do Sul, atuada sob o n.º
116/1.18.0000400-4, posteriormente renumerado para o n.º 5000012-
80.2018.8.21.0116/RS, com cadastro no CNJ sob o n.º 0000842-
34.2018.8.21.0116, que tramitou na Comarca de Planalto/RS, onde, além da
cobrança referente a outro veículo, também ocorreu a cobrança de imposto
incidente sobre a propriedade do veículo (IPVA) de placa MDK6352, referente
aos exercícios 2.014, 2.015, 2.016, 2.017 e 2.018, períodos em que Autor não
mais era proprietário do veículo, mas, por culpa do Requerido, ainda possuía o
mesmo registrado em seu nome junto ao DETRAN/RS.

Em exceção de pré-executividade (autos 5000012-80.2018.8.21.0116,


Evento8), dentre outras manifestações, o Autor postulou a exclusão dos débitos
inscritos em dívida ativa e levados à execução, em decorrência do veículo de
placa MDK6352, justamente, sob alegação de que este automóvel não mais lhe
pertencia.

Naquele feito, o próprio Exequente, no caso o Estado do Rio Grande


do Sul, reconheceu este pleito do Autor (Evento12).

Vindo a sentença que extingui a execução, a acolher o pedido do ora


Autor, excluindo os débitos referentes ao veículo MDK6352 (Evento23).

Todavia, com o veículo continua em nome do Autor, este ano,


novamente, o demandante recebeu cobrança do tributo incidente sobre a
propriedade do veículo de placa MDK6352, que com os acréscimos atingiu a
quantia de R$ 551,17 (quinhentos e cinquenta e um reais com dezessete
centavos de real), sendo que, para não vir a sofrer maiores prejuízos, o
demandante acabou quitando o IPVA em data de 17/08/2021.

Como prova da venda do automóvel há o registro de restrição lançado


pelo DETRAN/RS no prontuário do veículo, constando a Reserva de Gravame
n.º SNG 5453819, decorrente do contrato de n.º 32100084201202816184 de
Alienação Fiduciária em Garantia, em favor do Requerido, com início da posse
em 13/02/2012.

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Somasse a isso, o fato que a compra e venda de automóveis se dá pela
mera tradição, como prescrevem os artigos 1.226 e 1.267, ambos do Código
Civil/2002.

No caso, entende o demandante, que cabe ao Requerido ou ao Sr.


Maicon Gustavo Horn Testa, de forma solidária, procederem a transferência da
documentação junto ao DETRAN/RS do nome do Requerente, até mesmo
porquê, para que ocorresse a transferência, é obrigatório submeter o veículo a
vistoria realizada pelo DETRAN/RS, o que somente poderia ser feito pelo
Requerido ou o Sr. Maicon, visto que estes é quem detinham e detém a posse
do bem, nada mais podendo fazer o Autor.

Dessa forma, deve ser responsabilizado o Requerido pela não


transferência dos documentos do veículo MDK6352 do nome do Requerente
junto ao DETRAN/RS, bem como pela indenização de qualquer prejuízo que o
Autor tenha em decorrência deste fato, visto que o demandante não é o atual
proprietário ou possuídor do veículo, não sendo responsável por quaisquer
ônus decorrente deste, não devendo ser responsabilizado.

Por conseguinte, assiste ao direito ao Autor de ter transferido de seu


nome o veículo junto aos cadastros do DETRAN/RS, sendo o Requerido
condenado a registrar o veículo em seu nome ou de quem bem entender ou
determinar o Juízo, e, igualmente, tem o Requerente tem o direito de ser
ressarcido dos prejuízos que sofre, o que vem postular no Poder Judiciário.

a) Da transferência de documentação junto ao Detran/RS

Ante a recusa do Requerido em proceder a transferência da


titularidade da documentação junto ao DETRAN/RS do nome do Requerente,
posto que já transcorrido mais de 09 (nove) anos e ainda não foi feito, não resta
outra alternativa ao Requerente a não ser compelir judicialmente o demandado
para que o faça ou, alternativamente, que o MM. Juiz supra a vontade da parte
inadimplente, a fim de que o demandante possa transferir o veículo de seu
nome junto ao Detran/RS, transferindo para o nome do demandado ou de quem
o MM. Juiz ordenar.

O ordenamento jurídico pátrio consagra essa assertiva:

“Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado,


suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao
contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação.
(Código Civil)

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De igual forma dispõe o Código de Processo Civil:

“Art. 466-A. Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a


sentença, uma vez transitada em julgado, porduzirá todos os efeitos da
declaração não emitida.”

Logo, requer seja determinado ao Requerido que proceda a


transferência do veículo objeto desta lide do nome do Autor, junto aos
cadastros do Detran/RS, realizando e firmando todos os documentos que se
fizerem necessário, sob pena de incorrer em multa diária, em valor a ser
arbitrado pelo MM. Juiz, a reverter em benefício do Autor; ou,
alternativamente, que o Julgador emita decisão que supra a vontade da parte
demandada, autorizando o demandante a proceder a transferência do veículo de
seu nome para o nome do demandado ou de quem o Juízo entende de direito,
sem necessidade de manifestação do Requerido.

A par do direito a retirar o veículo do seu nome, o Autor também tem


direito a indenização dos danos materais e morais que já se manifestam e sofre.

b) Dos Danos materiais:

Deve o Requerido ser compelido a pagar o valor do IPVA e seus


acréscimos, referente ao exercício 2021, guia de n.º 81321033058621, no valor
de R$ 551,17 (quinhentos e cinquenta e um reais com dezessete centavos de
real) e mais atualização monetária e juros legais.

Ainda, para espancar qualquer dúvida a cerca do direito do Autor a


reparação do dano material, cabe destacar a previsão legal do art. 5º, inciso X,
da Constituição Federal, e art. 6º, inciso VI, do Código de Proteção e Defesa do
Consumidor, também dispondo o Código Civil/2002 em seu artigo 186, c/c o
artigo 927.

Por conseguinte, o Autor pleiteia a reparação pelos danos materiais,


na quantia de R$ 551,17 (quinhentos e cinquenta e um reais com dezessete
centavos de real) e mais atualização monetária e juros legais.

c) Dos danos morais:

Com relação aos danos extrapatrimoniais, estes são consubstanciados


em todo o sofrimento, angustia, frustração, abalo psicológico, desrespeito
experimentados pelo demandante, salientando-se que os fatos não repercutiram

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apenas no âmbito privado da vida do Requerente, mas teve reflexo em seus
negócios atingindo inclusive a imagem do Autor perante terceiras pessoas.

Destacasse que o Requerente foi inscrito em dívida ativa e sofreu


execução fiscal inclusive.

E, o Requerido, ao invés de proceder em até 30 (trinta) dias, como


preceitua o Código Nacional de Trânsito Brasileirto, a transferência da
documentação do nome do Autor para o seu nome ou de terceiro com quem
celebrou o contrato, não o fez, apenas limitando-se a registrar gravame para sua
exclusiva garantia.

Ao agir dessa forma o Requerido expôs o Requerente a uma situação


constrangedora, vexatória, causando-lhe prejuízos de toda a ordem.

Estando, desde já, demonstrado a existência dos danos morais


sofridos pelo Requerente, no que tange ao valor da indenização dos danos
morais, o Magistrado deve ater-se a alguns requisitos norteadores, consagrados
pela doutrina, quais sejam: o grau de culpa do agente e da vítima no evento
danoso, a gravidade das ofensas, a extensão e a repercussão das mesmas, a
intensidade do sofrimento, a situação econômica das partes e os interesses que
determinaram o agir do autor do fato. Além do que, a indenização do dano
moral deve atender a tríplice função de punir o causador do dano, inibir o
mesmo para que não cometa novos danos e ressarcir a vítima.

Logo, requer seja condenado o Requerido ao pagamento de


indenização para o Requerente, referente aos danos morais, em valor a ser
arbitrado por este Juízo, apenas por força da Súmula 326 do STJ, como um
valor justo, o correspondente a 15 (quinze) salários mínimos de cunho nacional.

III – DOS PEDIDOS:

Ante o exposto, requer seja recebida a presente petição, dando-lhe o


processamento adequado e que V. Ex.ª defira o que segue:

a) Na forma de tutela antecipatória, em sede de LIMINAR, inaudita


et altera pars, com fulcro no art. 294 do Código de Processo Civil/2020, que
seja determinado ao Requerido que transfira a documentação do nome do
Autor, referente ao veículo desta lide, de placa MDK6352, renavam
801595541, chassi 9BD27807032376967, marca/modelo Fiat/Strada Fire CE,
descrito na certidão em anexo, junto ao DETRAN/RS, em prazo fixado como
justo pelo MM. Juiz, sob pena de incorrer em multa diária no caso de

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descumprimento, em valor que deve ser arbitrado pelo Julgador, e a reverter em
benefício da parte autora.

A urgência, até mesmo o periculum in mora, decorre do fato de que,


enquanto o Autor estiver com o veículo registrado em seu nome junto ao
DETRAN/RS, ao menos perante a autarquia e na forma administrativa,
responderá por quaisquer ônus sobre o veículo, sejam estes impostos ou
infrações.

Já a evidência, caracterizadora até mesmo do fumus boni iuris, resta


demonstrada pela própria certidão emitida pelo DETRNA/RS, onde consta que,
ao menos, desde 13/02/2012, a propriedade e posse do veículo não mais
pertencem ao Autor desta demanda, logo, não podendo este ser
responsabilizado pelos ônus decorrentes do veículo.

b) Ordene a citação do Requerido para que, querendo, compareça a


todos os atos processuais e apresente contestação, sob pena de serem
responsabilizados nos termos da lei.

c) Ordene, de forma definitiva, ao Requerido para que proceda a


transferência definitiva de toda e qualquer documentação do veículo placa
MDK6352, renavam 801595541, chassi 9BD27807032376967, marca/modelo
Fiat/Strada Fire CE, junto ao DETRAN/RS do nome do Requerente para o
nome do demandado, sob pena de multa diária, em caso de descumprimento,
em valor a ser fixado pelo MM. Juiz, a reverter em benefício da Requerente;
ou, alternativamente, suprir a vontade da parte inadimplente, autorizando o
próprio Requerente a proceder à transferência da documentação junto ao
DETRAN/RS de seu nome para o nome do demandado ou de quem este Juízo
determinar.

d) Condene o Requerido o indenizar o Requerente no valor de R$


551,17 (quinhentos e cinquenta e um reais com dezessete centavos de real) e
mais juros e correção monetária, em razão do valor do IPVA e acréscimos
pagos pelo Autor.

e) Condene o Requerido a indenizar o Requerente, a título de danos


morais, em valor que é deixado ao total arbítrio do MM. Julgador, apenas
sugerindo que uma quantia justa seria a correspondente a 15 (quinze) salários
mínimos de cunho nacional.

f) Condene o Requerido a suportar o ônus da sucumbência, em caso


de interposição de recurso.

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Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, em
especial a juntada dos documentos que segue em anexo, colheita do
depoimento pessoal do Requerido que desde já requer, oitiva de testemunhas.

Dá-se à causa o valor de R$ 17.051,17 (dezessete mil, cinquenta e um


reais com dezessete centavos de real).

Nestes termos
Pede deferimento

Planalto, 31 de agosto de 2.021.

OTACÍLIO VANZIN FERNANDO PAZ


OAB/RS 14.581 OAB/RS 54.196

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RIO -G R
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
CA AN
LI

PODER JUDICIÁRIO
D

B

EN
RE

SE

TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DOCUMENTO ASSINADO POR DATA


Fernando Paz 31/08/2021 15h38min

Este é um documento eletrônico assinado digitalmente conforme Lei Federal


nº 11.419/2006 de 19/12/2006, art. 1º, parágrafo 2º, inciso III.

Para conferência do conteúdo deste documento, acesse, na internet, o


endereço https://www.tjrs.jus.br/verificadocs e digite o seguinte

www.tjrs.jus.br número verificador: 0001254762071

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