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Responsabilidade

Socioambiental
Componente curricular na modalidade de educação a distância

Sady Mazzioni
Possui mestrado em Ciências Contábeis, pela Universidade Regional de Blumenau
(2005), doutorado em Ciências Contábeis e Administração, pela Universidade
Regional de Blumenau (2015). Tem experiência na área de Contabilidade e
Administração Universitária, atuando na área de Responsabilidade Social
Corporativa, Contabilidade para Usuários Externos e Metodologia da Pesquisa.

Silvana Dalmutt Kruger


Possui mestrado em Contabilidade pela Universidade Federal de Santa Catarina
(2012), doutoranda em Contabilidade, pela UFSC (2014-2018). Participante do grupo
de pesquisa em Gestão e Desenvolvimento e do Núcleo de estudos sobre meio
Ambiente e Contabilidade – NEMAC da UFSC.

Daniela Di Domenico
Possui mestrado em Ciências Contábeis, pela Universidade Regional de Blumenau
(2005). Tem experiência na área da Contabilidade, com ênfase em Contabilidade e
Gestão Ambiental, atuando principalmente nas seguintes áreas: Responsabilidade
Socioambiental, Contabilidade da Gestão Ambiental, Contabilidade Internacional e
Indicadores de Desempenho.

Chapecó, 2017

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Reitor
Claudio Alcides Jacoski

Vice-Reitora de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação


Silvana Muraro Wildner

Vice-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento


Márcio da Paixão Rodrigues

Vice-Reitor de Administração
José Alexandre de Toni

Coordenação: Rosane Natalina Meneghetti Silveira Coordenador Geral: Paulo Sergio Jordani
Comercial: Luana Paula Biazus
Revisão: Juliane Fernanda Kuhn de Castro, Kauana
Assistente editorial: Caroline Kirschner Pagliocchi Gomes

Conselho Editorial: (2016-2018) Titulares: Murilo Cesar Assistente Administrativo: Manon Aparecida Pereira de
Costelli (presidente), Clodoaldo Antônio de Sá (vice- Jesus
presidente), Rosane Natalina Meneghetti Silveira, Cesar Capa: Marcela do Prado, Juliane Fernanda Kuhn de Castro
da Silva Camargo, Giana Vargas Mores, Silvana Terezinha
Winckler, Silvana Muraro Wildner, Ricardo Rezer, Rodrigo Diagramação: Marcela do Prado
Barichello, Mauro Antonio Dall Agnol, Claudio Machado
Maia. Suplentes: Arlene Anélia Renk, Fátima Ferretti,
Fernando Tosini, Rodrigo Oliveira de Oliveira, Irme Salete
Bonamigo, Maria Assunta Busato.

Ficha catalográfica
_________________________________________________________________
Mazzioni, Sady
M477r Responsabilidade socioambiental / Sady Mazzioni, Silvana
Dalmutt Kruger, Daniela Di Domenico. -- Chapecó, SC: Argos,
2017.
160 p. : il.; 28 cm. -- (EaD ; 29)

Inclui bibliografias
ISBN 978-85-7897-200-4

1. Responsabilidade social da empresa. 2. Desenvolvimento


sustentável. I. Kruger, Silvana Dalmutt. II. Di Domenico, Daniela.
II. Título.

CDD 21 -- 658.408
_________________________________________________________________
Catalogação elaborada por Daniele Lopes CRB 14/989
Biblioteca Central da Unochapecó

Av. Sen. Attílio Fontana, 591-E - Bairro Efapi - Chapecó (SC)


CEP 89809-000 - Caixa Postal 1141 - Fone: (49) 3321 8088
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Home Page: www.unochapeco.edu.br/ead

Não estão autorizadas nenhuma forma de reprodução, parcial ou integral deste material, sem autorização expressa do autor e do Núcleo de
Educação a Distância - UnochapecóVirtual

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CARTA AO ESTUDANTE

Seja bem-vindo!
Você está recebendo o livro do componente curricular de Responsabilidade
Socioambiental.

No atual cenário educacional, em que, cada vez mais, as pessoas buscam por
uma formação complementar e há a inserção massiva das tecnologias de informação
e comunicação, a modalidade de educação a distância é vislumbrada como uma
importante contribuição à expansão do ensino superior no país, que permite formas
alternativas de geração e disseminação do conhecimento.
A educação a distância tem sido importante para atingir um grande contingente
de estudantes de vários locais, com disponibilidade de tempo para o estudo diversa,
além daqueles que não têm a possibilidade de deslocamento até uma instituição de
ensino superior todos os dias. Desta forma, a Unochapecó, comprometida com o
desenvolvimento do ensino superior, vê a educação a distância como um aporte para
a transformação dos métodos de ensino em uma proposta inovadora.
Levando em consideração o pressuposto da necessidade de autodesenvolvimento
do estudante da modalidade de educação a distância, este material foi elaborado de
forma dialógica, baseada em uma linguagem clara e pertinente aos estudos, além de
permitir vários momentos de aprofundamento do conteúdo ao estudante, através da
mobilidade do para outros meios (como filmes, livros, sites).
Temos como princípio a responsabilidade e o desafio de oferecer uma formação
de qualidade, para tanto, a cada novo material, você está convidado a encaminhar
sugestões de melhoria para nossa equipe, sempre que julgar relevante.
Lembre-se: a equipe da UnochapecóVirtual estará à disposição sempre que
necessitar de um auxílio, pois assumimos um compromisso com você e com o
conhecimento.

Acreditamos no seu sucesso!

Núcleo de Educação a Distância


UnochapecóVirtual

Responsabilidade Socioambiental

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO...............................................................................7

UNIDADE 1 A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E A FUNÇÃO


EMPRESARIAL..................................................................................9
1 A R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I O A M B I E N TA L E A F U N ÇÃ O
EMPRESARIAL....................................................................................11
REFERÊNCIAS.....................................................................................18

UNIDADE 2 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO E DAS PRÁTICAS DE


RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.........................................21
1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO E DAS PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL.............................................................................23
REFERÊNCIAS.....................................................................................35

UNIDADE 3 OS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS CONTEMPORÂNEOS


E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.........................................39
1 OS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS CONTEMPORÂNEOS E O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL...................................................41
REFERÊNCIAS.....................................................................................54

UNIDADE 4 A QUESTÃO SOCIOAMBIENTAL SOB O ENFOQUE


ECONÔMICO: O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A NOVA
ORDEM ECONÔMICA.....................................................................57
1 A QUESTÃO SOCIOAMBIENTAL SOB O ENFOQUE ECONÔMICO: O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A NOVA ORDEM ECONÔMICA ...
..........................................................................................................59
REFERÊNCIAS.....................................................................................68

UNIDADE 5 ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE


RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL EMPRESARIAL..................73
1 ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL EMPRESARIAL......................................................75
1.1 Elaboração de Projetos de RSC................................................75
1.2 Avaliação de Projetos de RSC..................................................81
REFERÊNCIAS.....................................................................................93

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UNIDADE 6 ALINHAMENTO DO MODELO DE GESTÃO E PRÁTICAS DE
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.........................................97
1 ALINHAMENTO DO MODELO DE GESTÃO E PRÁTICAS DE
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL............................................99
REFERÊNCIAS...................................................................................111

UNIDADE 7 MELHORES PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE


SOCIOAMBIENTAL........................................................................115
1 MELHORES PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.....
........................................................................................................117
1.1 Produção Mais Limpa (PmaisL)..............................................121
1.2 Ecodesign...............................................................................125
1.3 Normas ambientais e a competitividade...............................131
REFERÊNCIAS...................................................................................137

UNIDADE 8 RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE........................143


1 RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE............................................145
REFERÊNCIAS...................................................................................157

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APRESENTAÇÃO

Caros estudantes!
Sejam bem-vindos ao componente curricular Responsabilidade Socioambiental.
O conceito de responsabilidade socioambiental corporativa sofreu mudanças ao longo
do tempo e ocorreu o surgimento de diferentes teorias para explicar o comportamento
das organizações. O posicionamento das empresas também se alterou frente às
discussões acadêmicas e o ambiente social vigente em cada época. Observa-se a
convergência de uma atitude de caráter filantrópico e, com frequência, esporádica para
um alinhamento estratégico permanente com os objetivos de longo prazo, buscando
atender às necessidades das diversas partes interessadas.
O conteúdo do componente curricular possui 80 horas e foi organizado em
oito unidades, conforme cronograma a seguir:
Carga horária Unidade
Unidade 1. A responsabilidade socioambiental e a função
10 h
empresarial
Unidade 2. A evolução do conceito e das práticas de
10 h
responsabilidade socioambiental
Unidade 3. Os problemas socioambientais contemporâneos e o
10 h
desenvolvimento sustentável
Unidade 4. O desenvolvimento sustentável e a nova ordem
10 h econômica: a questão socioambiental sob o enfoque
econômico
Unidade 5. Elaboração e avaliação de projetos de
10 h
responsabilidade socioambiental empresarial
Unidade 6. Alinhamento do modelo de gestão e práticas de
10 h
responsabilidade socioambiental
Unidade 7. Melhores práticas de responsabilidade
10 h socioambiental: a produção mais limpa (ecodesign) normas
ambientais e a competitividade

10 h Unidade 8. Relatórios de sustentabilidade

Leia com atenção todo o material didático oferecido e também as orientações


para o desenvolvimento das atividades.

Bons estudos!
Prof. Dr. Sady Mazzioni
Profª Me. Silvana Dalmultt Kruger
Profª Me. Daniela Di Domenico

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Unidade 1
A responsabilidade socioambiental e a
função empresarial

Objetivo:
• Apresentar o contexto da função empresarial e as
diferentes percepções sobre a responsabilidade
socioambiental das empresas.

Conteúdo programático:
• Função social da empresa;
• Responsabilidade social das empresas;
• Relacionamento das empresas com os parceiros;
• A missão das empresas.

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Faça aqui seu planejamento de estudos

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1 A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E A FUNÇÃO EMPRESARIAL

Se observarmos o cenário atual veremos que muito tem se falado a respeito da


responsabilidade socioambiental. As empresas estão, cada vez mais, repensando seu
papel na sociedade, voltando suas ações para estabelecer um equilíbrio ecológico, além
da preservação tanto do meio ambiente quanto do patrimônio histórico e artístico.
Podemos, mesmo, observar que estas ações partem das empresas pensando
em sua inserção na sociedade, assim como há uma preocupação estabelecida na
legislação vigente. A Constituição da República Federativa do Brasil (1988) incluiu no
ordenamento jurídico brasileiro a função social da propriedade como condição de
cláusula pétrea, ao estabelecer no Art. 5º, inciso XXIII, que “a propriedade atenderá
a sua função social”.
A função social da propriedade também é princípio observado pelo Código
Civil Brasileiro (2016) em seu Art. 170, inciso III. Contudo, o Art. 1228 do Código Civil
(2016) estabelece que:

§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as


suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como
evitada a poluição do ar e das águas.

A Lei 6.404/76, que dispõe sobre as Sociedades Anônimas, também trata da


função social da empresa, mencionando-a em duas oportunidades. Ao regular os
deveres do acionista controlador, o parágrafo único do Art. 116 assim determina:

Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de


fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem
deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os
que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e
interesses deve lealmente respeitar e atender.

Em seguida, ao disciplinar o dever de diligência, o Art. 154 da 6.404/76


estabeleceu que “[...] o administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto
lhe conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as exigências
do bem público e da função social da empresa.”
Do ponto de vista jurídico, a função social tem a importância de adequar o
direito individual de propriedade (e o interesse individual do proprietário) ao interesse
da coletividade (HIRONAKA, 1988). Do ponto de vista das empresas, sua função
social constitui-se na condição de poder-dever de o empresário e dos administradores
harmonizarem as atividades da organização de acordo com o interesse da sociedade
e com observância de determinados deveres (TOMASEVICIUS FILHO, 2003).
A atuação das empresas, independente de porte, é disciplinada por normas
administrativas, trabalhistas, tributárias, ambientais e sanitárias, orientadas para a
constituição de uma organização que deve estar voltada aos interesses da sociedade
e na perspectiva do bem comum (SOUZA, 2007).

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Saiba mais

Para você, por que as empresas existem? Veja mais sobre isso em:
<https://administrante.wordpress.com/2011/07/03/para-que-as-empresas-
existem/>.

Neste contexto, Farah (2005) entende que a partir da função social das empresas,
os bens de produção devem ter uma destinação compatível com os interesses da
coletividade. Nessa visão, o proprietário dos bens de produção tem o compromisso de
colocá-los em uso para realizar a produção e a distribuição de bens úteis à comunidade,
proporcionando a geração de riquezas e empregos.
E você sabia que essa discussão não é recente?
O economista Milton Friedman (Prêmio Nobel de Economia em 1976) liderou
um pensamento contrário a qualquer ação empresarial desprovida de interesses
econômicos da própria empresa, sob a alegação de que a ação do executivo não
direcionada para o aumento dos lucros empresariais acaba lesando o acionista.
Já Friedman (1970, 1984) defendia fortemente que a principal responsabilidade
social das empresas é a de aumentar seus próprios lucros e de que o papel social da
empresa está restrito à geração de empregos, ao pagamento de salários justos e ao
recolhimento de seus impostos em dia. Com o desenvolvimento destas atividades, as
empresas contribuem com o bem-estar público.
Souza (2007) observa que, no campo econômico, as atividades empresariais são
organizadas a partir de diretrizes capitalistas orientadas para a produção do lucro da
geração de renda. Neste contexto, a geração de ganhos suficientes para manutenção
da empresa, o aperfeiçoamento dos funcionários e a apropriação do lucro é inerente
à atividade empresarial.
Em contrapartida, há um conjunto de argumentos no sentido de que a empresa
acarreta para a sociedade alguns custos decorrentes de suas atividades, tendo, assim,
responsabilidade direta e condições de abordar muitos dos problemas que atingem
a sociedade (ASHLEY et al., 2003).
O interesse acadêmico e da sociedade em geral acarretou no surgimento de
uma diversidade de definições acerca do que é responsabilidade social empresarial:
um tipo de comportamento empresarial, um modelo de gestão social ou um atributo
ético. A responsabilidade social tornou-se uma nova área de conhecimentos do mundo
empresarial, ganhou importância, escopo e complexidade (MAZZIONI, 2005).
Tomasevicius Filho (2003, p. 46) entende que “[...] a responsabilidade social
das empresas consiste na integração voluntária de preocupações sociais e ambientais
por parte das empresas nas suas operações e na interação com a comunidade.” Um
conceito mais amplo é aquele apresentado por Souza (2007, p. 123):

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Uma empresa socialmente responsável poderia ser considerada como aquela
capaz de contribuir para que os valores da comunidade onde se insere em
nível local, nacional e internacional em todos os domínios da vida humana
a saber: trabalho, ambiente, relações humanas, aproximem as sociedades
e as pessoas num sentido e caminho comuns, pautados por mais justiça e
equidade social, de modo a promover o equilíbrio necessário para a elaboração
e assegurar uma legitimação social, possibilitando ultrapassar a relação de
conflito da típica sociedade industrial.

As alterações no ambiente econômico, político e social provocaram


questionamentos acerca do comportamento das empresas e suas relações com as
diversas partes interessadas. Duarte (1986) apresenta as contribuições e as demandas
básicas decorrentes do relacionamento da empresa com seus grupos de interesse,
conforme demonstrado no Quadro 1.

Quadro 1 – Relacionamento da empresa com seus parceiros


PARCEIROS CONTRIBUIÇÕES DEMANDAS BÁSICAS
Lucros e dividendos
Acionistas Capital
Preservação do Patrimônio
Salários justos
Mão-de-obra
Segurança no emprego
Empregados Criatividade
Realização pessoal
Ideias
Condições de trabalho
Respeito aos contratos
Fornecedores Mercadorias
Negociação leal
Segurança e boa qualidade dos produtos
Clientes Dinheiro Preço acessível
Propaganda honesta
Competição
Concorrentes Referencial de Lealdade na concorrência
mercado
Suporte
Obediência às leis
Governo institucional,
Pagamento de tributos
jurídico e político
Aportes Proteção ambiental
Grupos e
socioculturais Respeito aos direitos de minorias
Movimentos
diversos Respeito aos acordos salariais
Respeito ao interesse comunitário
Contribuição à melhoria da qualidade de
Comunidade Infraestrutura
vida na comunidade
Conservação dos recursos naturais etc.
Fonte: Duarte e Dias (1986, p. 53).

A partir do Quadro 1 você pode observar que o relacionamento da empresa


com os seus parceiros ocorre na sociedade, devendo-se considerar que os objetivos

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pessoais de cada parceiro e os da coletividade vão além dos objetivos particulares da
empresa (VARELA; COSTA; DOLABELLA, 1999).
As diferentes percepções sobre o papel das empresas não ficam restritas ao
meio acadêmico. Duas pesquisas publicadas pela Revista Exame, em 2005, uma de
opinião pública e outra com o empresariado, mostram a discrepância de visões sobre o
papel das empresas privadas no Brasil. Confira, no Quadro 2, as diferentes percepções
entre a opinião de empresários e da opinião pública sobre a missão das empresas.

Quadro 2 – A missão das empresas


A missão das empresas, segundo os empresários
Dar lucro aos acionistas 82%
Ser ética nos relacionamentos 63%
Ajudar a desenvolver o país 50%
Aliar crescimento à justiça social 47%
Gerar empregos 34%
Recolher os impostos devidos 14%
Desenvolver trabalhos comunitários 5%
Sem ferir a ética, derrotar a concorrência 5%
A missão das empresas, segundo a opinião pública
Gerar empregos 93%
Ajudar a desenvolver o país 60%
Desenvolver trabalhos comunitários 42%
Aliar crescimento à justiça social 31%
Recolher os impostos devidos 29%
Ser ética nos relacionamentos 19%
Sem ferir a ética, derrotar a concorrência 10%
Dar lucro aos acionistas 10%
Fonte: Gurovitz e Blecher (2005).

Carvalhosa (1977) já observava que a empresa possui uma óbvia função social,
tendo como interessados os empregados, os fornecedores, a comunidade em que
atua e o Estado. Aqui, podemos ver como funções sociais da empresa: (i) as condições
de trabalho e as relações com seus empregados; (ii) o interesse dos consumidores;
(iii) o interesse dos concorrentes; e, a mais atual, a preocupação com a preservação
ecológica e ambiental da comunidade em que a empresa atua.
Arnoldo e Michelan (2000) destacam que o debate acerca do conceito de
responsabilidade social da empresa iniciou nos Estados Unidos da América, tendo
como motivo central a guerra do Vietnã, a partir da contestação da sociedade às
políticas adotadas pelo país e pelas empresas, de modo particular, aquelas diretamente
envolvidas na fabricação de armamentos de guerra.
E sabe quais os resultados das principais discussões mundiais sobre a
responsabilidade social?

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Em decorrência de tal movimento social surgiram os primeiros relatórios
socioeconômicos (também chamados Balanços Sociais) que procuraram descrever as
relações sociais da empresa, constituindo-se como uma alternativa de comunicação
da empresa, seus funcionários e a comunidade. Os relatórios sociais se constituíram
em instrumento de gestão e informação, ao evidenciar informações econômicas,
financeiras e sociais do desempenho das entidades, propiciando uma visão completa
da participação e contribuição social e econômica da empresa em seu ambiente de
atuação (TINOCO, 1984; ARNOLDO; MICHELAN, 2000).
Ao avaliar a gestão operacional, Antonik (2016) observa que as estruturas
organizacionais que apresentam bom funcionamento são construídas no longo prazo
e aperfeiçoadas mediante muito trabalho. Argumenta, ainda, que:

Adotar ética, compliance e responsabilidade social como tônicas gerenciais é


um processo mais difícil ainda e requer maturidade empresarial e solidez de
propósitos. Os acionistas têm papel primordial nas formas como o trabalho
será conduzido, pois é pela manifestação da vontade deles que será conhecida
a direção a se seguir, os objetivos a serem alcançados e, o mais importante,
como os propósitos serão atingidos. (ANTONIK, 2016, p. 32).

As responsabilidades básicas da empresa podem ser consideradas conforme a


Figura 1.

Figura 1 – Responsabilidades empresariais

Responsabilidade Ética

Verdade

Responsabilidade Legal

Compliance

Responsabilidade Social

Empresa cidadã

Responsabilidade Econômica

Lucratividade

Fonte: Antonik (2016, p. 33).

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A Figura 1 demonstra os diferentes tipos de responsabilidades assumidas pelas
empresas no relacionamento com seus stakeholders (partes interessadas), conforme
explicitado no Quadro 3.

Quadro 3 – Tipos de responsabilidades assumidas pelas empresas


Tipo de responsabilidade Definição
Responsabilidade ética Consiste em fazer o certo (atuação ética).
É o atendimento das normas, leis e regulamentos que
Responsabilidade legal
regem o setor de atuação (compliance).
É a atuação espontânea em favor da comunidade, de
Responsabilidade social seus colaboradores, fornecedores e clientes, de modo
consciente pelos gestores (empresa cidadã).
É a mais importante das responsabilidades para poder
cumprir sua finalidade e atender as expectativas
Responsabilidade econômica
dos acionistas. O lucro é decorrente de uma boa
administração e do pleno exercício da missão.
Fonte: elaborado com base em Antonik (2016, p. 75).

O conceito de empresa cidadã está relacionado com o desenvolvimento conjunto


de três vertentes da responsabilidade social, nominadamente: (i) a responsabilidade
social - caracterizada pelas ações espontâneas realizadas para a melhoria das condições
do ambiente social de atuação empresarial; (ii) a responsabilidade ambiental – atenções
da companhia ao meio ambiente, minimizando o impacto ambiental dos processos
industriais que podem prejudicar a sociedade; (iii) a responsabilidade empresarial –
ações promovidas e direcionadas ao próprio ambiente de negócios (colaboradores,
seus dependentes e familiares; fornecedores e clientes) (ANTONIK, 2016).
O Quadro 4 apresenta um conjunto de discussões sobre a responsabilidade
socioambiental, apresentadas na publicação de Di Domenico e colaboradores (2015).

Quadro 4 – Contexto da responsabilidade socioambiental


[...]
Estando contemplada a responsabilidade socioambiental na gestão das empresas,
espera-se que as preocupações sociais e ambientais estejam presentes, desde o
reconhecimento de direitos trabalhistas até a prevenção de poluição pelos efluentes
nos rios e a preocupação com o ciclo de vida dos produtos (PINTO, 2011).
Para Busch (2008, p. 46), a “Responsabilidade Socioambiental significa manter a
legitimidade da operação da empresa frente às preocupações sociais e ambientais da
sociedade em geral e na sua interação com seus stakeholders”. Barbieri e Cajazeira
(2009) mencionam que a responsabilidade socioambiental leva a sustentabilidade
do negócio, e a definem como uma forma de gestão proativa que responde pelos
impactos e atividades sobre o meio ambiente e a sociedade. [...]
Segundo Serra e Teixeira (2008), existe uma crescente preocupação coletiva com o
meio ambiente. A comunidade repassa essa pressão às organizações, exigindo um

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novo posicionamento por parte dos empresários. Nos últimos anos, como consta em
Gomes et al. (2012), aconteceu um amadurecimento social em relação à capacidade
de gerar riquezas com o uso de recursos de ordem natural e passou-se a dar mais
importância às questões ambientais. Mas a ideia é nova, pois, por muito tempo,
a sociedade usou irracionalmente dos mecanismos de produção que, ao longo do
tempo, afetam a qualidade de vida e o esgotamento dos recursos.
Na percepção de Serra e Teixeira (2008), nos últimos 20 anos aconteceram
transformações socioeconômicas que afetaram profundamente o comportamento
de empresas que objetivavam apenas o lucro. Mas, atualmente, com a pressão por
transparência nos negócios, estão sendo forçadas a práticas mais responsáveis em
suas atividades.
Vários são os fatores que fazem uma organização ser considerada socialmente
responsável. Para assim ser considerada, Silveira e Pfitscher (2013) dizem que ela
precisa ter ética nos seus negócios e estar preocupada com aspectos, como: não
utilização do trabalho infantil e trabalhos forçados; saúde e segurança de seus
funcionários; respeito aos horários de trabalho; e preocupação com questões
ambientais.
Gomes et al. (2012) observam que o assunto ligado à proteção do ambiente tem
sido cada vez mais trabalhado pelas empresas, o que reflete na avaliação econômica
e na escolha das ações por investidores, bem como na aquisição de produtos pelos
consumidores.
De acordo com Serra e Teixeira (2008), as organizações devem ter a responsabilidade
social como um compromisso e passá-la como exemplo à sociedade, expressado por
meio de atitudes que a afetem positivamente. Borba et al. (2012) comentam que a
qualidade da informação ambiental divulgada voluntariamente pode ser questionada,
especialmente quando da não ocorrência de auditoria sobre o conteúdo.
Vale lembrar que é cada vez maior a preocupação da sociedade com a degradação,
a extinção dos recursos naturais disponíveis e, consequentemente, a cobrança com
as organizações. E a dificuldade em repassar essas informações de uma forma clara
e objetiva aos usuários configura-se como um dos principais problemas para as
companhias (SILVEIRA; PFITSCHER, 2013).
A responsabilidade social, para Ceretta et al. (2009), passou a ser um instrumento
que realça a responsabilidade dos consumidores quanto o uso de produtos que
possuam como característica a responsabilidade ambiental, tornando a empresa
um comércio ético. [...].
Além disso, como citam Silveira e Pfitscher (2013), a empresa precisa investir nos
funcionários, principalmente no que diz respeito à educação, à saúde e à alimentação.
Deve sempre buscar a excelência por meio da qualidade nas relações com a
comunidade e da sustentabilidade econômica, social e ambiental da sua atuação.
Uma empresa que cumpre o seu papel social atrai mais consumidores, investe na
sociedade e no seu próprio futuro.
Fonte: Di Domenico e colaboradores (2015).

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Síntese

Nesta unidade estudamos que a função social da empresa extrapola a


ideia de compromisso único com os sócios/acionistas. Afinal, as empresas
contemporâneas necessitam observar cuidadosamente as demandas das partes
interessadas.
Além disso, vimos que existem distintas percepções sobre o papel das
empresas nas sociedade.

Para ler...

Para aprofundar-se no conteúdo desta unidade, sugerimos como leitura


complementar a obra a seguir:

BERTONCELLO, S. L. T.; CHANG JÚNIOR, J. A importância da responsabilidade


social corporativa como fator de diferenciação. FACOM, n. 17, p. 70-76,
2007. Disponível em:
<http://www.forumfaap.com.br/revista_faap/revista_facom/facom_17/silvio.
pdf>.

Para assistir...

Veja o vídeo do prof. Reinaldo Dias sobre a responsabilidade social:


https://www.youtube.com/watch?v=p_3NqPJBemw.

REFERÊNCIAS

ANTONIK, L. R. Compliance, ética, responsabilidade social e empresarial: uma


visão prática. Rio de Janeiro: Alta Books, 2016.

ARNOLDO, P. R. C.; MICHELAN, T. C. C. Função social da empresa. Direito-USF, v.


17, p. 87-90, 2000.

ASHLEY, P. A. (Coord.). Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo:


Saraiva, 2003.

BRASIL. Código civil e normas correlatas. 6. ed. Brasília: Senado Federal,


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Anotações

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Unidade 2
A evolução do conceito e das práticas
de responsabilidade socioambiental

Objetivo:
• Analisar as diversas concepções de responsabilidade
socioambiental ao longo do tempo e seu vínculo
com as práticas do ambiente empresarial.

Conteúdo programático:
• Conceitos de responsabilidade social corporativa;
• Teorias de responsabilidade social corporativa;
• Práticas de responsabilidade socioambiental nas
empresas.

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Faça aqui seu planejamento de estudos

22 Responsabilidade Socioambiental

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1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO E DAS PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL

A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) é um dos assuntos mais controversos


no campo da gestão empresarial, tendo provocado discussões e despertado interesse
crescente da comunidade acadêmica, dos profissionais, das empresas, de ativistas e
da sociedade em geral, ao longo do tempo.
A revisão da literatura oferece muitas definições para o termo, não existindo um
consenso sobre o seu significado. Zaccariotto, Chiarinotti e Carvalho (2015) sintetizam
a evolução do conceito de RSC e as principais discussões sobre o tema desde a década
de 1950, conforme apresentado no Quadro 5.

Quadro 5 - Evolução do conceito de RSC durantes as décadas


• Primeiros relatos de RSC, e questionamento entre empresas e
Década de 50 sociedade.
(Até 1959) • A nação sofre com pobreza, desemprego, poluição e problemas
urbanos.
• As organizações são estimuladas a garantir a qualidade dos
produtos serviços e dos funcionários.
Década de 60 • Nesta época cresce o tema RSC e o debate sobre ele vai além das
(1960 a 1969) obrigações legais e econômicas.
• Várias legislações surgem, gerando maior importância para a RSC.
• As definições sobre o tema RSC, se tornam mais especificas a
Década de 70 partir desta década.
(1970 a 1979) • O tema RSC passa a ser tema de debates na política, empresas e
economia.
• Essa é uma década onde houve novas definições sobre o conceito
Década de 80 de RSC.
(1980 a 1989) • É marcada pelo surgimento de um grande número de pesquisas
e teorias do tema.
• Surgem novos conceitos sobre o tema. Com a globalização e
Década de 90 economia ganhando mais espaço.
• Nova ampliação do conceito é desenvolvida, trazendo instrumentos
para o desenvolvimento da RSC dentro das organizações.
• São criadas conferências para o incentivo de práticas socialmente
responsáveis.
Anos 2000 • Desenvolvimento do Marketing Social como ferramenta de gestão.
• Estudos sobre Influência da RSC na imagem da marca e na
reputação corporativa focando a percepção dos consumidores.
• Análise de compreensão das estratégias de RSC sobre os impactos
na esfera pública.
Fonte: Zaccariotto, Chiarinotti e Carvalho (2015).

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A partir do Quadro 5, pode-se observar que o conceito de RSC altera-se ao
longo do tempo, adequando-se às próprias discussões sobre a função das empresas
e acompanhando os acontecimentos sociais vigentes em cada época.
Barakat e Polo (2016) distinguem quatro grupos principais de fundamentações
teóricas sobre a RSC, a partir da revisão sistemática na literatura. O Quadro 6 apresenta
cada uma dessas teorias, o campo de conhecimento de origem, sua ideia principal e
os principais autores que as propuseram.

Quadro 6 - Principais teorias da Responsabilidade Social Corporativa


Teoria de RSC Origem Ideia Principal Principais Autores
Desempenho “Assumir responsabilidades
Social sociais não é uma questão Davis (1973);
Sociologia
Corporativo primeiramente econômica, mas Wood (1991).
(CSP) sim uma questão social e ética”.
“A única responsabilidade dos Friedman (1970),
Teoria do valor
Economia negócios é gerar lucros aos seus Lazonick e O’Sullivan
ao acionista
acionistas”. (2000).
“A empresa é gerida com a
finalidade de gerar benefícios
Teoria dos para seus clientes, fornecedores, Jones (1980);
Ética
Stakeholders proprietários, funcionários e Clarkson (1995).
comunidades locais, além de
manter sua sobrevivência”.
“A empresa, como parte da Wood e Logsdon,
Cidadania Ciências sociedade, deve agir como uma (2002);
Corporativa Políticas “boa cidadã”. Matten e Crane
(2005).
Fonte: Barakat e Polo (2016, p. 39).

A classificação apresentada no Quadro 6 a respeito das fundamentações teóricas


da RSC considerou o foco principal de cada uma, contudo, ao abordar mais de um
aspecto podem existir conexões entre elas (BARAKAT; POLO, 2016).
E você já ouvir falar de stakeholder? Sabe quais são seus interesses?
O termo stakeholder é utilizado para identificar qualquer grupo ou indivíduo
que é afetado ou pode afetar a realização dos objetivos organizacionais (FREEMAN;
MCVEA, 2001). A Teoria dos Stakeholders assenta-se nas seguintes premissas básicas:
(i) a organização tem relacionamentos com muitos grupos que influenciam ou são
influenciados pela empresa; (ii) interesse pela natureza dos relacionamentos em termos
de processos e resultados para a empresa e os stakeholders; (iii) os interesses de
todos os stakeholders legítimos têm valor intrínseco e nenhum conjunto de interesses
domina outros; (iv) foco na tomada de decisão gerencial; (v) os stakeholders irão tentar
influenciar o processo decisório da organização, de modo a que seja consistente com
as suas necessidades e prioridades; (vi) as organizações devem equilibrar os interesses
dos vários intervenientes (JONES; WICKS, 1999; SAVAGE; DUNKIN; FORD, 2004).

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Cada organização possui stakeholders específicos, devendo identificá-los e
incluir seus interesses nas decisões estratégicas, cujo modelo típico nas corporações
modernas é aquele apresentado na Figura 2.

Figura 2 – Modelo típico de stakeholders das corporações modernas

Gestores
Comunidade
local
Proprietários

EMPRESA

Clientes

Fornecedor

Empregados

Fonte: Freeman (2002, p. 42).

Freeman (2002) procurou explicar a relação da empresa com seu ambiente


externo e o seu comportamento dentro de tal ambiente, utilizando-se da ideia de
mapa, onde a empresa é posicionada no centro e envolvida pelos stakeholders que
se ligam à empresa (Figura 2).

Saiba mais

Vamos entender quem são e qual a importância dos stakeholders para as


empresas?
O vídeo a seguir nos auxilia a entender questões relativas aos stakeholders,
quem são e quão importantes são:
https://www.youtube.com/watch?v=4JT_evRBvs4.

Os proprietários possuem interesse financeiro na corporação na forma de ações


e títulos, esperando algum retorno financeiro sobre eles; os empregados colocam suas
habilidades à disposição da empresa e esperam como retorno o recebimento de salários
e benefícios, segurança e um trabalho significativo; os fornecedores disponibilizam as
matérias primas que determinam a qualidade final dos produtos e o preço; os clientes
trocam seus recursos com os produtos da firma, recebendo em troca os benefícios dos
produtos; a comunidade local concede à empresa o direito de construir instalações

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e em troca recebe os benefícios dos tributos e as contribuições econômicas e sociais
da empresa; os gestores possuem interesses semelhantes aos dos empregados, mas
também o dever de salvaguardar a prosperidade da corporação (FREEMAN, 2002).
Wood (1991) apresentou um modelo que se constituiu um avanço significativo
na pesquisa em RSE, sustentando que deveria ser considerado primeiramente os
princípios que motivam as ações de responsabilidade social de uma empresa. O modelo
sugere três níveis de análise: institucional, organizacional e individual, conforme
apresentado no Quadro 7.

Quadro 7 - Modelo de desempenho social corporativo de Wood (1991)


Princípios da responsabilidade social corporativa
• Princípio institucional: legitimidade
• Princípio organizacional: responsabilidade pública
• Princípio individual: discricionariedade gerencial

Processos da responsividade social corporativa


• Avaliação do ambiente
• Gerenciamento dos stakeholders
• Gerenciamento dos problemas

Resultados do comportamento corporativo


• Impactos sociais
• Programas sociais
• Políticas sociais
Fonte: Wood (1991, p. 691-718).

A responsividade constitui uma dimensão de ação que é necessária para


complementar o componente normativo e motivacional da responsabilidade social.
Já os resultados do comportamento corporativo devem ser objetivamente avaliados,
seja pelo impacto positivo na oferta de emprego, criação de riqueza ou inovação
tecnológica ou impacto negativo pelos resíduos tóxicos ou pagamentos ilegais aos
políticos (WOOD, 1991).
Ao avaliar a responsabilidade social das empresas e o desempenho social
corporativo em empresas italianas, Longo, Mura e Bonoli (2005) identificaram as
demandas das principais partes interessadas quanto à criação de valor pelo negócio,
a partir da abordagem da teoria dos stakeholders. O Quadro 8 apresenta a grade de
valores, que associa cada parte interessada com as classes de valores que satisfazem
suas respectivas expectativas.

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Quadro 8 – Uma abordagem da teoria dos stakeholders para a RSC
Stakeholder Expectativa de valor

Empregados Saúde e segurança no trabalho


Desenvolvimento das habilidades dos trabalhadores
Bem-estar e satisfação do trabalhador
Qualidade do trabalho
Igualdade social
Fornecedores Parceria entre empresa solicitante e fornecedor
Sistemas de seleção e análise de fornecedores
Clientes Qualidade do produto
Segurança do cliente durante o uso do produto
Proteção do consumidor
Transparência das informações sobre os produtos consumidos
Comunidade Criação de valor adicionado para a comunidade
Segurança ambiental e produção
Fonte: Longo, Mura e Bonoli (2005, p. 28-42).

As classes de valor consideradas foram derivadas de estudos e modelos já


abordados na literatura existente e da análise de vários relatórios de auditoria social
e de sustentabilidade. As empresas do estudo foram consideradas socialmente
responsáveis se demonstraram comportamento social que satisfaça as expectativas
de pelo menos metade das classes de valor identificadas para cada stakeholder.
A abordagem dos stakeholders também foi utilizada por Papasolomou-Doukakis,
Krambia-Kapardis e Katsioloudes (2005) para analisar o contexto das empresas do
Chipre, a partir do argumento de que as partes interessadas invariavelmente afetam
ou são afetadas por organizações empresariais e, portanto, podem ser vistas como
impondo-lhes diferentes responsabilidades. O estudo identificou seis grupos principais
de partes interessadas, incluindo os funcionários, os clientes, os investidores, os
fornecedores, a comunidade e o ambiente, delineando relevantes ações de RSC em
relação a cada grupo, conforme apresentado no Quadro 9.

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Quadro 9 – Ações de RSC direcionadas às partes interessadas
Stakeholder Ações direcionadas às principais partes relacionadas

Fornecer um ambiente de trabalho amigável para a família


Compromisso com uma gestão responsável de recursos humanos
Fornecer um sistema de remuneração e salário equitativo para os
Empregados funcionários
Engajar-se com comunicação aberta e flexível com os funcionários
Investir no desenvolvimento dos funcionários
Incentivar a liberdade de expressão e promover o direito dos
trabalhadores para se manifestarem sobre suas preocupações no
trabalho
Oferecer apoio de assistência à infância / licença paternidade /
maternidade, além do que é esperado por lei
Compromisso com a diversidade na contratação dos empregados
e promoção de mulheres, minorias étnicas e deficientes
Promover um tratamento digno e justo de todos os funcionários
Respeitar os direitos dos consumidores
Consumidores Oferecer produtos e serviços de qualidade
Fornecer informações que sejam verdadeiras, honestas e úteis
Fornecer produtos e serviços seguros e adequados ao uso a que
se destinam
Evitar publicidade falsa e enganosa
Divulgar todos os riscos substanciais associados ao produto ou
serviço
Evitar promoções de vendas enganosas / manipuladoras
Evitar manipular a disponibilidade de um produto para fins de
exploração
Evitar o engajamento na fixação de preços
Comunidade Fomentar relações recíprocas entre a corporação e a comunidade
Investir em comunidades nas quais a corporação opera
Lançar atividades de desenvolvimento comunitário
Encorajar a participação dos funcionários em projetos comunitários
Investidores Esforça-se por um retorno competitivo sobre o investimento
Participar de práticas de negócios justas e honestas nas relações
com os acionistas
Fornecedores Participar em transações comerciais justas com fornecedores
Ambiente Demonstrar compromisso com o desenvolvimento sustentável
Demonstrar compromisso com o meio ambiente
Fonte: Papasolomou-Doukakis, Krambia-Kapardis e Katsioloudes (2005).

O estudo de Papasolomou-Doukakis, Krambia-Kapardis e Katsioloudes (2005)


apontou que as empresas investigadas concedem maior atenção aos empregados

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e consumidores, atenção moderada aos intervenientes da comunidade e atenção
limitada aos fornecedores, aos investidores e ao ambiente.
Sinay, Sinay e Araújo (2014) investigaram as ações de responsabilidade social
e ambiental divulgadas por grandes empresas brasileiras, cuja adoção ocorreu no
período de 2008 a 2011. As práticas analisadas são aquelas apresentadas no Quadro
10.

Quadro 10 – Práticas de RSC em grandes empesas brasileiras


Práticas de RSC Definição
1. Alinhamento das Identifica se a empresa considera aspectos socioambientais
práticas de RSC à estratégia na formulação da sua estratégia global, sendo tais
organizacional aspectos relevantes na práxis, em todos os níveis da
organização e não somente um adendo às estratégias
já em uso.
2. Realização de programas Mede se a empresa fornece treinamento sobre o
de educação ambiental meio ambiente para algum tipo de stakeholder como
funcionários e comunidades locais, entre outros.
3. I m p lement ação d e Está relacionada às atividades ambientais desenvolvidas
projeto ambiental para o para os atores externos à empresa, tais como a
público externo comunidade e outros stakeholders.
4. Divulgação de práticas Indica se a empresa informa suas atividades
de RSC para a comunidade socioambientais para os diversos stakeholders ,
evidenciando a transparência de suas ações.
5. Utilização de fontes de Avalia se as empresas utilizam fontes de energia
energia renováveis renováveis, tais como biomassa, energia solar,
biocombustível, hidrogênio, entre outras.
6. Realização de ações Verifica se a empresa desenvolve campanhas de
de conscientização dos conscientização dos seus funcionários quanto a utilização
funcionários quanto ao consciente de água e energia.
uso de insumos básicos
7. Uso eficiente de insumos
Indica se as empresas possuem programas estruturados
básicos para o adequado consumo de insumos básicos.
8. Realização de auditorias
Mostra se as empresas adotam a auditoria interna como
socioambientais internas maneira de fomento às atividades socioambientais.
9. Incentivo a atividades de
Indica se as empresas empregam práticas de reuso,
ecoeficiência reciclagem, redução e disposição final de resíduos sólidos
e efluentes.
10. Monitoramento dos Indica se as empresas controlam sistematicamente seus
níveis de poluição efluentes e resíduos sólidos.
11. Adoção de tecnologias Indica se a empresa possui unidades de tratamento de
end-of-pipe efluentes e emprega processos para reduzir os impactos
ambientais advindos dos resíduos sólidos.

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12. Responsabilização Diz respeito ao lançamento dos passivos ambientais nos
pelo passivo ambiental balanços publicados pelas empresas.
reconhecidamente
provocado pelas ações da
empresa
Fonte: Sinay, Sinay e Araújo (2014).

Os resultados do estudo de Sinay, Sinay e Araújo (2014) estão sintetizados na


Tabela 1, segregados de acordo com os respectivos setores econômicos considerados.

Tabela 1 – Resumo das práticas de RSC em grandes empesas brasileiras por setores
% médio Maior Menor
Setor Tendência
geral engajamento engajamento
Prática 2 Prática 7
1. Agroindústria 65,88 Inconclusivo
(90,18%) (24,23%)
Prática 2 Prática 12
2. Comércio 49,95 Crescimento
(76,68%) (20,80%)
Crescimento Prática 2 Prática 12
3. Indústria 67,72
leve (94,90%) (27,60%)
Prática 2 Prática 7
4. Serviços 56,24 Crescimento
(87,08%) (19,70%)
Fonte: Sinay, Sinay e Araújo (2014).

Os resultados permitiram indicar que, no geral, a maior parte das empresas


adotam tais práticas, sendo o setor industrial responsável pela maior percentagem
de empresas que apresentam melhor desempenho (SINAY; SINAY; ARAÚJO, 2014).
Uma discussão recorrente sobre a temática é a respeito dos efeitos provocados
pelas ações de responsabilidade social praticadas pelas empresas. Os defensores da
adoção de práticas socioambientais por parte das empresas relacionam com frequência
a melhoria na imagem ou na reputação pública da organização.
A reputação da empresa serve como um sinal de suas características para
seus distintos públicos internos e externos, resultando em um status social moral e
socioeconômico (BOECHAT; BOECHAT; PÔSSAS, 2005).
O capital reputacional das empresas pode ser obtido ou aumentado pela
conduta socialmente responsável em suas atividades, gerando oportunidades de
negócio, minimizando riscos e preservando ou criando valor para a organização
(MACHADO FILHO, 2013).
A criação de valor a partir de uma conduta socialmente responsável pode ser
expressa conforme o modelo apresentado na Figura 3.

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Figura 3 – Modelo para a criação de valor a partir de uma conduta socialmente responsável
Geração de
Oportunidad
Conduta Aumento de Aumento
Socialmente Capital do valor da
Responsável Reputacional empresa
Minimização
de riscos

Fonte: Machado Filho (2013, p. 67).

O efeito positivo no valor de mercado pode ser decorrente da maior propensão


dos investidores em confiar seus recursos para empresas com reputação superior,
a partir de menores riscos percebidos e das maiores oportunidades potenciais de
negócios (MACHADO FILHO, 2013). Os possíveis efeitos das ações de responsabilidade
social, de acordo com cada stakeholder envolvido, estão apresentados no Quadro 11.

Quadro 11 – Efeitos das ações de responsabilidade social de acordo com o stakeholder


envolvido
Stakeholder Oportunidades
Minimização de riscos
envolvido (ganho de reputação)
Minimizar risco de má aceitação/
Comunidade Criação de legitimidade
conflito
Minimizar risco de cobertura
Mídia Cobertura favorável
desfavorável
Colaboração/imagem
Ativistas Minimizar risco de boicote
favorável
Minimizar riscos de fuga de
Investidores Geração de valor
investidores
Aumento de Minimizar risco de mau
Funcionários
comprometimento comportamento
Minimizar risco de má aceitação/
Consumidores Fidelização
desentendimento/boicotes
Agentes Minimizar risco de ação legal
Ação legal favorável
reguladores desfavorável
Parceiros
Colaboração Minimizar risco de defecção
comerciais
Fonte: Machado Filho (2013, p. 68).

A partir do Quadro 11 é possível observar diversos efeitos positivos decorrentes


das ações socioambientais desenvolvidas pelas empresas. A utilização de práticas
de RSC com o objetivo de gerar valor para empresa passou a ser chamada de RSC
Estratégica.
Considerando as implicações estratégicas da RSC, Barakat e Polo (2016) propõem
o framework, representado pela Figura 4.

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Figura 4 - Framework da RSC Estratégica

Desempenh
o Social
RSC RSC Geração de
Estratética valor
Desempenho
Financeiro
Refinamento do Alinhamento da • Acesso ao capital
constructo RSC com a • Aprendizagem e
• Conceito de Estratégia inovação
RSC Corporativa • Eficiência Conciliação entre
• Questões • Melhora do operacional a Teoria dos
relativas à RSC contexto • Gerenciamento do Acionistas e a
• Públicos competitivo perfil de risco Teoria dos
envolvidos • Vínculo da • Licença para Stakeholders
questão social operar
com a atividade • Pioneirismo
principal da • Recrutamento,
empresa seleção e retenção
• Estratégias de de funcionários
diferenciação • Reputação

Fonte: Barakat e Polo (2016, p. 44).

No modelo proposto por Barakat e Polo (2016), a RSC Estratégica tem início
na elaboração de definições claras do conceito de RSC para a empresa, as questões
relacionadas e os públicos de interesse. Tendo clareza nessas definições, a empresa
pode ser capaz de utilizar a RSC de forma estratégica, por meio da melhora do contexto
competitivo, da busca de questões sociais que tenham vínculo com sua atividade
principal e de estratégias de diferenciação.
Barakat e Polo (2016) observam que a geração de valor seria possibilitada
por meio de benefícios relacionados com o acesso ao capital (mais rápido e barato),
aprendizagem e inovação (atração de parceiros), eficiência operacional (melhor uso
dos recursos), gerenciamento do perfil de risco (melhoria na percepção dos riscos),
licença para operar (melhor relação com os stakeholders), pioneirismo (antecipação
à regulamentação), recrutamento, motivação e retenção de funcionários (reputação
de boa empregadora) e reputação (atende às expectativas de múltiplos stakeholders).
A partir dos estudos sobre a ética e a responsabilidade social corporativa, de uma
abordagem econômica clássica para uma visão de múltiplos stakeholders, Ashley
e colaboradores (2003) ilustram a tendência histórica da evolução dos conceitos,
conforme resumido na Figura 5.

32 Responsabilidade Socioambiental

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Figura 5 – Tendências históricas de ética e responsabilidade social corporativa
Empresa responsável para quem?

1970
|
| - Acionistas
| Visão clássica
| - Comunidade
| - Empregados
|
| - Natureza Visão mais
| - Governo divulgada
| - Rede de fornecedores
2000 - Consumidores/fornecedores
- Todos os atuais e futuros stakeholders
Amplitude – sociedade sustentável
de visão e Visões
mudança menos
divulgadas

Fonte: Ashley e colaboradores (2003, p. 20).

Quem é contrário aos conceitos de RSC argumenta que as organizações devem


atender ao objetivo de maximizar o lucro, mantidos os limites da lei, pois, agir de modo
diferente viola as obrigações morais, legais e institucionais da corporação. Aqueles
favoráveis às ações de RSC entendem haver uma relação entre o comportamento
socialmente responsável e o desempenho econômico da empresa (ASHLEY et al.,
2003).
Carol (2002) apresentou um modelo de Planejamento Estratégico para a
Sustentabilidade Empresarial (PEPSE), no intuito de oferecer às empresas uma
ferramenta de planejamento que possibilite analisar a sua posição em relação
às variáveis de sustentabilidade, preparando-a para atuar em mercados futuros
e estabelecendo prioridades para o seu desenvolvimento sustentável, conforme
apresentado na Figura 6.

Responsabilidade Socioambiental 33

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Figura 6 - Modelo de sustentabilidade ambiental
SUSTENTABILIDADE

Sustentabilidade Sustentabilidade Sustentabilidade


Econômica Ambiental Social

• Vantagem • Tecnologias limpas • Assumir


competitiva • Reciclagem responsabilidade social
• Qualidade e • Utilização sustentável • Suporte no
custo de recursos naturais crescimento da
• Foco • Atendimento a comunidade
• Mercado legislação • Compromisso com o
• Resultado • Tratamento de desenvolvimento dos
• Estratégias de efluentes e resíduos RH
negócios • Produtos • Promoção e
ecologicamente participação em
corretos projetos de cunho
• Impactos ambientais social

Fonte: Coral (2002, p. 129).

A principal contribuição do modelo apresentado a Figura 6 é a estruturação da


informação do diagnóstico estratégico para a elaboração de estratégias sustentáveis
e a escolha das ferramentas mais adequadas à sua implementação (CAROL, 2002).
O conceito de sustentabilidade está baseado nas dimensões econômica,
ambiental e social que sustentam os pilares do triple botton line, proposto por
Elkington (2012). A ideia central da sustentabilidade é de que as organizações devem
avaliar o sucesso não apenas baseado no seu desempenho financeiro, mas também
no impacto sobre a economia mais ampla, no meio ambiente e na sociedade em que
a empresa atua (ELKINGTON, 2012).

34 Responsabilidade Socioambiental

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Síntese

Nesta unidade estudamos que o conceito de RSC é amplo, não existindo


consenso sobre o seu significado. A abordagem do tema conduziu ao
surgimento de distintas teorias organizacionais de suporte à discussão
acadêmica e empresarial.
Vimos também que as ações de responsabilidade social geram legitimidade
na comunidade, cobertura favorável da mídia, geração de valor aos investidores,
aumento de comprometimento dos funcionários e fidelização dos consumidores.

Para ler...

Veja a Linha do Tempo da Sustentabilidade do Conselho Empresarial Brasileiro


para o Desenvolvimento Sustentável:
http://cebds.org/linha-do-tempo-da-sustentabilidade.

Para assistir...

Veja a entrevista com Amyra El Khalili sobre responsabilidade socioambiental:


https://www.youtube.com/watch?v=C1IiavpiOU0.

REFERÊNCIAS

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Paulo: Saraiva, 2003.

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sustentáveis no Brasil. São Paulo: Instituto Ethos, 2005. Disponível em:
<http://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2012/12/06.pdf>. Acesso em: 02
dez. 2016.

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papers.ssrn.com/paper.taf?abstract_id=263511>. Acesso em: 02 dez. 2016.

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Review, p. 691-718, 1991.

36 Responsabilidade Socioambiental

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Anotações

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Anotações

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Unidade 3
Os problemas socioambientais
contemporâneos e o desenvolvimento
sustentável

Objetivo:
• Compreender o contexto dos problemas sociais
e ambientais da atualidade;
• Perceber a responsabilidade das organizações
frente aos problemas sociais e ambientais;
• R e l a c i o n a r a i m p o r t â n c i a d o s a c o r d o s
mundiais frente à minimização de problemas
socioambientais.

Conteúdo programático:
• Os problemas ambientais no contexto mundial;
• Acordos mundiais realizados para conter os
problemas socioambientais;
• Os esforços da Organização das Nações Unidas
(ONU);
• O Desenvolvimento Sustentável.

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Faça aqui seu planejamento de estudos

40 Responsabilidade Socioambiental

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1 OS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS CONTEMPORÂNEOS E O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Observe as imagens a seguir e reflita: o que elas têm em comum?

Figura 7 - Problemas socioambientais contemporâneos

Fonte: Biogil (2011).

As imagens destacam diversos problemas ambientais, catástrofes e desastres


climáticos em diversos locais do mundo. A população mundial sofre com a fúria
da natureza: terremotos, tornados, tempestades e chuvas acima das condições de
normalidade, provocam destruição e mortes. Todas essas adversidades precisam ser

Responsabilidade Socioambiental 41

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pensadas e muitas alternativas podem ser inseridas no ambiente organizacional,
visando à minimização dos impactos das atividades empresariais relacionadas à
produção e ao consumo.
O contexto dos problemas ambientais e sociais mundiais e a preocupação com
o planeta e a continuidade da vida humana é um desafio para a humanidade, observe:

Figura 8 – Lixo Urbano

Fonte: R7 (2014).

Condição sub-humana de sobrevivência, falta de renda e trabalho, destino


inadequado do lixo: produção de toneladas diárias de lixo sem destino apropriado.

Figura 9 - Educação

Fonte: R7 (2014).

Qualidade da educação, índice de desenvolvimento humano e condições


mínimas ao direito de estudar; melhorias do acesso à educação.

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Figura 10 – Atendimento médico

Fonte: R7 (2014).

Condições básicas de acesso a atendimento médico: saúde da população/


erradicação de doenças contagiosas.

Figura 11 – Escassez de água

Fonte: R7 (2014).

Falta de planejamento dos centros urbanos e o comprometimento de recursos


hídricos, escassez de água.

Responsabilidade Socioambiental 43

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Figura 12 – Exploração de recursos naturais

Fonte: Planeta Selvagem (2016).

Exploração inadequada dos recursos naturais, extinção de espécies vivas;


Exploração desordenada e inconsequente dos recursos naturais: desmatamento e a
não preservação da fauna e flora.

Figura 13 – Alagamento

Fonte: R7 (2014).

Catástrofes ambientais têm sido cada vez mais frequentes, inundações,


deslizamentos, terremotos, seca. A natureza tem demonstrado suas limitações.

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Figura 14 – Aumento da poluição

Fonte: R7 (2014).

Crescimento econômico acelerado e o aumento da poluição: gases de efeito


estufa, aumento da camada de ozônio, exploração dos recursos naturais, geração de
resíduos sólidos.

Figura 15 – Desigualdade social

Fonte: R7 (2014).

Pobreza: falta de saneamento básico e contaminação de rios e nascentes,


crescimento desordenado das cidades, desigualdade social. A pobreza gera inúmeros
outros problemas sociais: segurança, criminalidade, educação e renda, tráfico de
drogas, entre outros.

Responsabilidade Socioambiental 45

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O contexto que envolve todos esses problemas ambientais e sociais afeta o
desenvolvimento humano e traz preocupações com a continuidade da vida humana,
dos recursos naturais finitos e com a extinção de espécies vivas, tanto da flora quanto
da fauna. Além do desafio do aquecimento global e do aumento da população
mundial, que gera demanda por alimentos e aumentam também o consumo de bens
e a geração de resíduos. Tais preocupações, ou desafios, motivaram a Organização das
Nações Unidas (ONU, 2016) e diversas instituições não governamentais a promoverem
encontros para discutir o futuro do planeta e as obrigações das Nações/países.
Você pode observar no Quadro 12 os principais acordos mundiais originados
a partir de reuniões entre a ONU e os diversos países/nações, visando minimizar os
problemas mundiais em relação aos recursos naturais e as condições de vida:

Quadro 12 - Principais acordos mundiais em prol do desenvolvimento sustentável


Acordo Data Principais resultados
Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu, em
Declaração Estocolmo, na Suécia, a Conferência das Nações Unidas sobre
de o meio Ambiente: defender e melhorar o ambiente humano
Estocolmo para as atuais e futuras gerações (ESTOCOLMO, 1972).
1972
sobre o 1ª Grande reunião internacional: 113 países, 250 organizações
Ambiente não governamentais e diversos organismos da ONU.
Humano Principais discussões: Gases de efeito estufa; Camada de
ozônio; Catástrofes ambientais.
A Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu, em
1983, na Noruega, um novo encontro, nele formou-se a
Comissão de Brundtland, desta gerou-se, em 1987, um
Relatório de relatório conhecido por Our Common Future (Nosso Futuro
Brundtland 1987 Comum). Surge neste encontro o marco conceitual do
desenvolvimento sustentável: o equilíbrio que procura
satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer
a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas
próprias necessidades (BRUNTLAND, 1987).
O Protocolo de Quioto é um tratado internacional assinado
em Quioto no Japão, contemplando cerca de 55 países que
precisam reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
Protocolo
1997 Ainda, o tratado contempla o comércio internacional de
de Quioto
emissões; mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL) e
implementação conjunta para a redução de gases. As medidas
passaram a vigorar a partir de 2005.

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Conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento,
conhecida por RIO 92. Neste encontro houve a Criação
da Agenda 21: plano de ação para implantação do
desenvolvimento sustentável global.
RIO 92
Cada país criou a sua própria Agenda 21, no caso do Brasil as
Agenda 21 1992
ações prioritárias definidas foram: 1) programas de inclusão
social (educação, saúde e melhor distribuição de renda); 2)
plano de preservação de recursos naturais e minerais visando
a sustentabilidade urbana e rural; e 3) ética política para o
planejamento do desenvolvimento sustentável.
A Conferência das Nações Unidas, denominada Rio +20,
marcou os 20 anos da Rio 92, o evento ocorreu no Rio de
Janeiro (16 a 19/junho/2012), neste evento a comunidade
mundial pode participar das discussões, mais de 63 mil
pessoas de 193 países contribuíram com recomendações. Um
Rio + 20 2012
dos marcos foi o compromisso assumido por prefeitos em
reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 12% até
2016, e 1,3 toneladas até 2030, além das metas mundiais
nos aspectos sociais, ambientais e econômicos para com o
desenvolvimento sustentável.
A Cúpula de Desenvolvimento Sustentável se reuniu
e discutiram, na Assembleia Geral da ONU, sobre o
Desenvolvimento Sustentável, o encontro ocorreu nos dias 25,
26 e 27 de setembro de 2015, na sede das Nações Unidas, em
Agenda Nova York. O evento avaliou a agenda 2015, e elaborou um
2015
2030 novo marco denominado Agenda 2030, destacando as ações
em prol de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Representantes de cerca de 190 Estados-membros e a
sociedade civil negociaram suas contribuições em prol da
sustentabilidade.
O denominado Acordo de Paris foi aprovado por 195 países
integrantes das Nações Unidas, visando a redução das
emissões de gases de efeito estufa. O compromisso assumido
Acordo de é limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis
2015
Paris pré-industriais. Ainda, o acordo determina investimentos
de 100 bilhões de dólares por ano, por parte dos países
desenvolvidos em ações de combate às mudanças climáticas,
nos países em desenvolvimento.
Fonte: adaptado de Kruger e colaboradores (2015); ONU (2016).

Podemos observar que as discussões mundiais têm agregado na pauta destes


encontros as preocupações com a utilização dos recursos naturais, as mudanças

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climáticas e a necessidade da conscientização em prol da minimização dos impactos
ambientais.
Na literatura encontramos a indicação do Relatório Brundtland “Nosso Futuro
Comum” (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1987), como
a primeira referência sobre sustentabilidade, citado como o marco na discussão deste
tema, por indicar o conceito de desenvolvimento sustentável como a capacidade de
atender as necessidades do presente, sem comprometer as gerações futuras. Outro
marco nestas discussões sobre desenvolvimento sustentável se refere à II Conferência
Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Rio-92, a qual
enfatizou a necessidade do desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade,
os quais deveriam ser elaborados por cada país/nação, visando medir e melhorar o
desempenho das suas realidades (KRUGER et al., 2015; MARZALL; ALMEIDA, 2000).
No contexto das preocupações com a produção sustentável, a II Conferência
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992), evidencia entre as principais
causas relacionadas com a deterioração continuada do ambiente global, está o
padrão mundial insustentável de consumo e produção, destacando a necessidade de
mudanças de padrões de consumo, especialmente nos países industrializados (VELEVA;
ELLENBECKER, 2001).
Parris e Kates (2003) destacam a importância da definição do conceito de
desenvolvimento sustentável, o qual incluiu a satisfação das necessidades humanas,
tanto do presente quanto às futuras, que visa reduzir a fome e a pobreza mundial,
preservando os recursos naturais, os sistemas de suporte e garantia à vida do planeta
terra. Já em relação aos últimos acordos mundiais, a Agenda 2030 contempla 17
objetivos globais em prol do Desenvolvimento Sustentável, os quais devem ser
considerados como metas por cada Nação. Observe, na Figura 16, os 17 objetivos
comtemplados pela agenda 2030.

Figura 16 – Objetivos de desenvolvimento sustentável

Fonte: ONU (2015).

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Observamos, na Figura 16, os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável,
acordados em 2015 na Conferência Mundial, que ocorreu em Nova York, na figura
eles são apresentados de forma resumida, a ONU (2016) complementa como estes
objetivos devem ser buscados ou considerados pelas nações. O Quadro 13 apresenta
a complementação destes objetivos mundiais.

Quadro 13 – Metas mundiais para o desenvolvimento sustentável


Objetivos Metas mundiais em prol do desenvolvimento sustentável
Objetivo 1 Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
Objetivo 2 Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da
nutrição e promover a agricultura sustentável.
Objetivo 3 Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos,
em todas as idades.
Objetivo 4 Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e
promover oportunidades de aprendizagem, ao longo da vida, para
todos.
Objetivo 5 Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e
meninas.
Objetivo 6 Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e
saneamento para todos.
Objetivo 7 Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível
à energia para todos.
Objetivo 8 Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e
sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para
todos.
Objetivo 9 Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização
inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.
Objetivo 10 Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.
Objetivo 11 Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros,
resilientes e sustentáveis.
Objetivo 12 Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
Objetivo 13 Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus
impactos.
Objetivo 14 Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos
marinhos para o desenvolvimento sustentável.
Objetivo 15 Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas
terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a
desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda
de biodiversidade.

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Objetivo 16 Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento
sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir
instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
Objetivo 17 Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global
para o desenvolvimento sustentável.
Fonte: adaptado de ONU (2016).

Nesta perspectiva podemos observar que o conceito de desenvolvimento


sustentável trouxe mudanças nas relações entre a humanidade e a utilização dos
recursos naturais, considerando que o crescimento econômico das nações não
possibilitou que a pobreza fosse superada, o capitalismo não conteve os problemas
ambientais e potencializou o consumo dos recursos ambientais, em diversos aspectos
o planeta atinge níveis insustentáveis (MEBRATU, 1998; MARZALL; ALMEIDA, 2000).
Neste sentido, o desenvolvimento econômico passa a ser questionado quando não
respeita as boas práticas de gerenciamento dos recursos naturais e não demonstra
preocupações com o meio ambiente e a sociedade (KRUGER et al., 2015).

Síntese

Nesta unidade pudemos observar o contexto dos problemas sociais


e ambientais da atualidade, observando-os como parte do processo de
desenvolvimento humano e social, bem como a importância da responsabilidade
das organizações frente a estes inúmeros problemas sociais e ambientais.
Também vimos os diversos acordos mundiais realizados ao longo dos últimos
anos, visando à minimização de problemas socioambientais; alguns resultantes
dos esforços da ONU para orientar metas mundiais para as Nações buscarem o
desenvolvimento sustentável, compreendendo-os como medidas para a gestão
dos recursos naturais.
Além disso, observamos que o conceito de desenvolvimento sustentável
pode ser percebido como um conjunto de necessidades para o próprio
desenvolvimento da sociedade, articulando as preocupações com os recursos
naturais limitados e a continuidade da humanidade.

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Para ler...

Confira esse recorte do texto de Alves (2015), intitulado: “Os 70 anos da ONU
e a agenda global para o segundo quindênio (2015-2030) do século XXI”:

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)


O termo desenvolvimento sustentável entrou definitivamente na pauta
internacional após a divulgação do Relatório Brundtland, intitulado Nosso futuro
comum, publicado em 1987. Nos anos seguintes, a ideia de sustentabilidade
incorporou, além da dimensão ambiental, os aspectos social e econômico. Em
geral, o tripé do desenvolvimento sustentável pretende ser, concomitantemente,
socialmente justo, economicamente inclusivo e ambientalmente responsável.
O sonho da efetivação da sustentabilidade, em suas três dimensões, encontrou
uma janela de oportunidade para ser debatida na década de 1990, quando
o mundo conseguiu realizar uma série de conferências globais no âmbito da
Organização das Nações Unidas (ONU). O fim da Guerra Fria e a maior distensão
internacional criaram um ambiente de maior governança, cooperação e de
enfrentamento dos problemas nacionais e mundiais.
Todas estas conferências, que tiveram ampla participação de governos, empresas
e sociedade civil, produziram vários documentos de dezenas de páginas, com
uma lista enorme de propostas e reivindicações. Portanto, havia uma ampla
e avançada agenda para orientar as políticas de ação do século XXI, mas não
foi definida uma proposta de monitoramento do progresso a ser alcançado.
Porém, em 2000, o secretário geral da ONU, Kofi Annan, promoveu a Cúpula
do Milênio, em Nova Iorque, que criou os Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio (ODM), estabelecendo oito pontos a serem alcançados pelos diversos
países do mundo até 2015, buscando incorporar alguns temas das agendas
internacionais.
Assim, como mostraram Correa e Alves (2005), os ODMs foram fruto de pouca
discussão e baixo envolvimento da sociedade civil, representando uma redução
e simplificação da agenda dos anos 1990, além de colocar uma “régua” muito
baixa nos objetivos a serem implementados:
A inflexão de rota identificada na elaboração final do mapa dos ODMs não
chega a ser surpreendente. A conjuntura geopolítica dos anos 2000 tem sido -
como bem analisam o embaixador Gelson da Fonseca e Benoni Belli - marcada
por um forte sentimento de ‹frustração›. Esse clima decorre das promessas não
cumpridas da primeira metade da década de 90, quando a agenda das Nações
Unidas se pautava por um projeto bastante ambicioso de governança global
solidária e justiça. Essa promessa, como bem sabemos, vem sendo solapada
pelo unilateralismo imperial norteamericano, pós-2001, pelo recrudescimento
dos conflitos internacionais e, consequentemente, pelo crescimento dos
investimentos militares em detrimento do financiamento do desenvolvimento,
para não mencionar a sobrevida do chamado ‘fundamentalismo de mercado’

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como princípio, meio e fim da gestão macroeconômica (CORREA; ALVES, 2005,
p. 177).
Embora ainda não se disponha de dados conclusivos para 2015, a ONU avalia
que os ODMs devem atingir suas principais metas (UN, 2015). Sem querer entrar
numa avaliação mais ampla, cabe destacar, para os objetivos deste texto, que a
primeira versão dos ODMs ignorou completamente as questões populacionais
e os direitos sexuais e reprodutivos. Na revisão de 2005, depois de muita
pressão da sociedade civil, embora não tenha sido incorporado o tema dos
direitos sexuais, foi acrescentada a meta “# 5b. Alcançar, até 2015, o acesso
universal à saúde reprodutiva”. Esta meta já tinha sido aprovada na CIPD do
Cairo e visava atender ao significativo montante de 222 milhões de mulheres,
no mundo, sem acesso aos meios de regulação da fecundidade (OMS, 2014).
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) vieram na esteira dos ODMs,
mas foram propostos como resolução da Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20), realizada em 2012. A agenda mundial
aprovada conta com 17 objetivos, 169 metas e, até o momento, tem mais de
300 indicadores propostos para o seu seguimento. A definição oficial dos ODS,
com o acordo sobre os objetivos e metas, ocorreu entre 25 e 27 de setembro,
em Nova York, durante a Assembleia Geral deste ano, sendo que seu parágrafo
75 afirma que os objetivos e as metas deverão ser monitorados e revisados por
um conjunto de indicadores globais, além de indicadores regionais e nacionais.
A Comissão Estatística da ONU, encarregada da definição deste conjunto de
indicadores, constituiu para esta atividade um grupo interagencial (IAEG)
composto por especialistas, o qual apresentará a proposta na 47a  sessão da
Comissão, em março de 2016, para ser posteriormente enviada para a Comissão
Econômica e Social e para a Assembleia Geral da ONU de 2016.
Importante destacar que, ao contrário dos ODMs, a definição dos objetivos,
metas e indicadores dos ODS ocorreu com ampla e democrática participação de
várias instituições, organizações da sociedade civil e especialistas. Este processo
obviamente não acontece de maneira tranquila, visto que os interesses dos
vários grupos envolvidos nem sempre vão na mesma direção. No caso específico
da definição dos indicadores, foi considerado o processo iniciado ainda com
a Comissão do Desenvolvimento Sustentável (CDS), criada logo após o acordo
da Agenda 21, além do processo dos ODMs. Adicionalmente, é importante
mencionar que a Comissão Estatística da ONU é composta pelos institutos
de estatística oficiais dos países membros, que obviamente não possuem a
expertise em todos os temas dos ODS. Dessa forma, as agências multilaterais,
entre outras, foram chamadas para colaborar na apresentação da primeira
lista a ser discutida, com a simples indicação de que cada meta poderia ter no
máximo dois indicadores, mas sem nenhuma diretriz mais específica sobre a
metodologia a ser seguida, a não ser que deveriam ser priorizados recortes de
idade, sexo, situação urbana e rural e outras características relevantes, quando
justificado. Assim, o primeiro rascunho divulgado pela Comissão de Estatística
contém alguns indicadores repetidos dos ODMs, outros novos bem definidos,
outros pessimamente definidos, indicadores simples, compostos, indicadores
praticamente impossível de serem mensurados, etc., mas praticamente todos

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sem a definição exata de mensuração e fonte de dados (inexistência de
metadados).

Fonte: ALVES, J. E. D. Os 70 anos da ONU e a agenda global para o segundo


quindênio (2015-2030) do século XXI. Revista Brasileira de Estudos de
População, v. 32, n. 3, p. 590-591, 2015.

Para assistir...

Confira os seguintes vídeos sobre o que vimos ao longo desta unidade:

1) Discurso de Severn Suzuki - ECO 92


https://www.youtube.com/watch?v=SyBVxm-N7JE.

2) Discurso de Severn Suzuki na Rio+20


https://www.youtube.com/watch?v=k8onZK3U0VM.

3) Desafios da Sustentabilidade (evolução humana e a continuidade do planeta):


https://www.youtube.com/watch?v=dX-tu2ODL5g.

4) E para finalizar as discussões desta unidade, confira o vídeo sobre o contexto


do desenvolvimento sustentável: “A história de todas as coisas”:
https://www.youtube.com/watch?v=k50RNYpRWzw.

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REFERÊNCIAS

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Anotações

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Anotações

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Unidade 4
A questão socioambiental sob o
enfoque econômico: o desenvolvimento
sustentável e a nova ordem econômica

Objetivo:
• Compreender o contexto da relação entre
as questões socioambientais sob o enfoque
econômico;
• Perceber a importância da análise socioambiental
frente ao desempenho econômico das atividades
empresariais;
• Compreender a responsabilidade e o papel das
organizações frente aos problemas sociais e
ambientais.

Conteúdo programático:
• A relação das empresas frente aos problemas
socioambientais;
• As questões socioambientais e o desempenho
econômico;
• As preocupações socioambientais relacionadas
às atividades empresariais;
• O Desenvolvimento Sustentável no contexto
empresarial.

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Faça aqui seu planejamento de estudos

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1 A QUESTÃO SOCIOAMBIENTAL SOB O ENFOQUE ECONÔMICO: O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A NOVA ORDEM ECONÔMICA

Recordando as discussões e as preocupações mundiais relacionadas ao


desenvolvimento sustentável (indicadas nas unidades anteriores), precisamos
questionar: O que as organizações têm a ver com tudo isso? Qual o papel das
organizações frente ao desenvolvimento sustentável?
Observe as imagens abaixo:

Figura 18 – Empresa automobilística e empresa agroindustrial

Fonte: Hernández (2016).

Observamos, a partir das imagens, a produção de veículos e a produção de aves,


e embora o produto final dos processos seja distintos (veículos e carne de frango),
ambas as empresas precisam estar atentas a todos os processos produtivos: desde o
consumo dos recursos da produção (água, energia, matérias-primas, resíduos, dejetos,
descartes, embalagens etc.), até o destino final após o uso ou consumo do produto
final pelo consumidor, incluindo processos de reciclagem ou reaproveitamento, após
a vida útil dos bens ou do consumo dos produtos.
As empresas devem ter compromisso com o uso consciente dos recursos naturais
dos países onde estão instaladas, visando a minimizar o impacto das atividades
econômicas desenvolvidas, assumindo seu papel frente ao Desenvolvimento
Sustentável.
Neste contexto, no atual cenário mercadológico, o contexto social e ambiental
passou a ser observado pela sociedade de forma geral, dessa forma, o planejamento
empresarial não pode mais ignorar as ações ou práticas voltadas à responsabilidade
social e ambiental das organizações. Conforme Mazzioni, Tinoco e Oliveira (2007),
as empresas preocupadas com sua responsabilidade social precisam assumir uma
postura proativa frente aos problemas sociais e ambientais, cultivando um conjunto de
valores éticos e socialmente responsáveis para com os recursos naturais, envolvendo
essa preocupação em todas as etapas das atividades.
As empresas precisam estar cada vez mais preocupadas com o meio ambiente
e o ecossistema, em direção à responsabilidade social e ambiental, justamente porque
as organizações podem causar efeitos/problemas para além do contexto de atuação

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da própria empresa, impactos ambientais de curto ou longo prazo, e, nesse sentido,
até mesmo comprometer o futuro de outras gerações (LEONARDO, 2006).
Ferreira (2003) evidencia que nem sempre as organizações consideram aspectos
que danifiquem menos o meio ambiente, por vezes, os executivos ponderam o
retorno econômico frente aos recursos ambientais e sociais, neste sentido, o desafio
da atualidade está na avaliação e análise conjunta dos aspectos econômicos, sociais
e ambientais, no entanto, a economia dos recursos naturais deve prevalecer frente
aos ganhos empresariais.
“A discussão em torno da atuação social das empresas e da construção de uma
ética empresarial acabou tendo consequências concretas: muitas empresas começaram
a investir em áreas sociais, tradicionalmente ocupadas somente pelo Estado.” (TORRES,
2001, p. 19). A evidenciação das ações empresariais, tornaram evidente a necessidade
de destacar os aspectos sociais e ambientais.
Frente aos desafios globais a sociedade passou a exigir das empresas postura
e ações sustentáveis, bem como a evidenciação de suas práticas sociais e ambientais.
Conforme Schenini, Cardoso e Rensi (2005, p. 36), “[...] a empresa utiliza recursos
disponibilizados pela natureza e sociedade, através de suas atividades produtivas, e
retorna produtos e serviços para a mesma. Mas estes processos produtivos, além de
riquezas, geram custos sociais e ambientais.”
Além de práticas voltadas ao desenvolvimento sustentável, visando à redução
das externalidades das atividades desenvolvidas pelas organizações, estas precisam
mensurar e demonstrar à sociedade tais ações e práticas desenvolvidas, tanto no
âmbito ambiental em relação à minimização dos impactos das atividades quanto
nos aspectos sociais em relação aos colaboradores, fornecedores e comunidade,
destacando o ciclo de produção e consumo de seus produtos, mercadorias ou serviços.
Cada vez mais, os aspectos ambientais e sociais são observados, porque, além
do desempenho econômico, que mantém a organização no mercado e possibilita
sua continuidade, os aspectos socioambientais garantem a relação com o mercado
consumidor, o qual preza por valores éticos e responsáveis quanto aos produtos,
mercadorias ou serviços adquiridos. Frente ao desempenho econômico, as questões
socioambientais se destacam e passaram a ser norteadores do processo de gestão
organizacional.
Para que esse conjunto de capitais (humano, natural, social e de produção)
possam ser considerados como sustentáveis, é necessário que ocorra determinado
equilíbrio entre as três dimensões da sustentabilidade: ambiental, social e econômica.
Não é possível que o desempenho econômico prevaleça frente ao desempenho
socioambiental.
E então, como será que estas empresas poderiam relacionar os aspectos
socioambientais com o seu desempenho econômico?

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Figura 18 – Empresa automobilística e empresa agroindustrial

Fonte: Hernández (2016).

Muitas empresas buscam alternativas para reduzir custos ambientais, como


forma de minimizar impactos ambientais, outras investem em tecnologia para reduzir
processos e custos de produção. Neste sentido, o desempenho econômico muitas vezes
é beneficiado frente às melhores práticas socioambientais. Observe alguns exemplos:
• Iluminação natural;
• Reaproveitamento da água (águas cinzas);
• Reciclagem de papel e outros materiais;
• Coleta de água da chuva por meio de cisternas;
• Reutilização dos dejetos da avicultura como adubo para lavouras;
• Utilização de equipamentos com selo/certificado de redução de consumo de energia;
• Programas e projetos de recuperação de áreas degradadas;
• Separação do lixo por tipo de material (orgânico, plásticos, metais, etc.);
• Projetos sociais de apoio à cultura, lazer, educação, inserção social, saúde, etc.;
• entre outras diversas possibilidades.

Neste sentido, diversas pesquisas têm sido desenvolvidas para promover e


orientar processos de minimização da utilização dos recursos naturais, bem como o
relato das práticas e das informações socioambientais, visando à evidenciação para a
sociedade, gestores, representantes do governo, entre outros, no intuito de demonstrar
a responsabilidade socioambiental das organizações, frente às preocupações com o
desenvolvimento sustentável.
Neste contexto, torna-se necessário o desenvolvimento de indicadores de
desempenho, visando medir e promover melhorias à avaliação contínua das práticas
empresariais, os chamados indicadores de sustentabilidade são medidas utilizadas
para mensurar o progresso em direção às metas de produção sustentáveis (VELEVA;
ELLENBECKER, 2001).
Podemos destacar que as preocupações acerca das externalidades vão sendo
modificadas ao longo do tempo, a medida que novas preocupações e discussões
mundiais surgem. A Figura 19 evidencia uma síntese das discussões sobre as
externalidades que passam a ser consideradas no decorrer do tempo.

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Figura 19 - Síntese da evolução das discussões acerca das externalidades

Fonte: elaborado pelo autor a partir do contexto apresentado por: Aires, Kneese (1969); Baumol
(1972); Nordhaus (1991); John, Pecchenino (1997); Eshet, Ayalon, Shechter (2005); Saez, Requena
(2007); Bithas (2011).

Observamos, na figura anterior, que os problemas indicados na literatura


indicam que ao longo do tempo as preocupações com os problemas ambientais vão
sendo modificadas, e novas abordagens para os problemas vão surgindo, como no
caso da mensuração de custos sociais e a inserção destes em contas públicas. E você
recorda daquelas duas perguntas do início da unidade?
O que as organizações têm a ver com tudo isso?
Qual o papel das organizações frente ao desenvolvimento sustentável?

No contexto das preocupações e metas para com o desenvolvimento sustentável,


as organizações precisam ir frente ao desenvolvimento econômico das nações, as
empresas precisam estar atentas às normativas ambientais, a regulamentação e às
exigências governamentais para com cada atividade desenvolvida, visando cumprir
com seu papel socioambiental na sociedade.
Neste aspecto, quando do início de qualquer atividade econômica, as
organizações precisam observar os aspectos legais e normativos relacionados ao
desenvolvimento de suas atividades, observe alguns exemplos:
• Ao instalar uma gráfica é preciso cumprir as exigências relacionadas ao descarte de
resíduos, tais como tintas e embalagens, os quais possuem coleta seletiva específica;
• Se a empresa for do ramo de confecções, é preciso observar etapas de lavagem e
tinturaria, evitando o descarte de tinturaria em esgoto comum;
• Ao construir uma unidade de produção de suínos, é preciso observar as adequações
ambientais vigentes, quanto à distância de rios e nascentes, e o descarte dos dejetos;
• Se a empresa for uma indústria de pneus, precisa observar o clico completo, chamado
e produção reversa, porque tem a responsabilidade de recolher o produto após
o seu uso, ou seja, é responsável e precisa recolher os pneus usados/descartados
pelos consumidores;
• Para construir um hotel é preciso observar as exigências municipais, quanto aos
espaços de entrada e saída de veículos, e as normativas municipais quanto ao
número de andares do edifício, além das questões de acessibilidade.

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Estes aspectos indicados são exemplos de situações que podem comprometer
projetos ou a instalação de determinadas empresas, em casos em que as normativas
e a legislação ambiental não tenham sido observadas no decorrer das etapas
de planejamento. Para cada atividade empresarial existem critérios e exigências
ambientais específicas, as quais precisam ser atendidas. Muitas vezes estas situações
inviabilizam obras, geram multas, processos ambientais ou até mesmo comprometem
a continuidade das organizações, destacando que embora ocorra geração de empregos
e renda, e a entidade possua capacidade instalada e de produção, os aspectos
socioambientais devem ser atendidos e estes devem prevalecer sobre o desempenho
econômico almejado.
Neste sentido, as práticas socioambientais também contribuem para o
crescimento econômico-financeiro das organizações, auxiliando no processo decisório,
bem como orientando a redução dos custos ambientais e contribuindo na mensuração
e inserção das ações de responsabilidade socioambiental (OSWALD; FERREIRA, 2013).
Além disso, a sociedade, de forma geral, está cada vez mais preocupada com
as práticas socioambientais e a postura empresarial frente aos recursos naturais e nas
relações com a humanidade, exigindo, além da diminuição dos impactos socioambientais
provocados pelas atividades empresariais, transparência e planejamento quanto a sua
responsabilidade corporativa de curto e longo prazo (DE OLIVEIRA; LEITE, 2014).
No ambiente organizacional, Figge e Hahn (2004) destacam que o conceito de
desenvolvimento sustentável é composto pelo conjunto dos seguintes capitais:
• capital feito pelo homem (bens produzidos);
• capital humano (conhecimentos e habilidades);
• capital natural (recursos naturais);
• capital social (relações das organizações com dos indivíduos).

Conforme De Alencar e colaboradores (2015), a gestão ambiental e as práticas


organizacionais em relação à responsabilidade socioambiental são extremamente
importantes na preservação dos recursos naturais, visando minimizar os impactos
ambientais causados pelas atividades empresariais. Neste sentido, a mensuração
e avaliação contínua dos processos, além da evidenciação por meio de relatórios
de sustentabilidade, são formas de demonstrar à sociedade o desempenho social,
ambiental e econômico-financeiro das instituições, no intuito de evidenciar a
responsabilidade social corporativa efetivamente instituída pelas organizações em
prol do desenvolvimento sustentável.
Neste sentido, cabe destacar que é preciso que os aspectos socioambientais
prevaleçam sobre as alternativas econômico-financeiras. E tanto os relatórios quanto
os indicadores de sustentabilidade contribuirão na avaliação do desempenho das
organizações frente as suas práticas socioambientais, demonstrando as ações em prol
do meio ambiente, da comunidade e em cumprimento à legislação vigente (SOBREIRA;
GALVÃO; SOUZA, 2015).

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Síntese

Nesta unidade pudemos compreender o posicionamento das empresas


frente às questões socioambientais, neste aspecto, enfatiza-se, para além do
aspecto econômico, o papel das organizações para com o desenvolvimento
socioambiental. Outro ponto imprescindível que vimos foi a importância das
preocupações e da análise socioambiental frente ao desempenho econômico
das atividades empresariais, observando a responsabilidade e o papel das
organizações frente aos problemas sociais e ambientais.
Aqui você pode observar, também, a evolução dos conceitos de
externalidades e a necessidade das organizações buscarem alternativas para
minimizarem os impactos socioambientais.

Para assistir...

Confira os seguintes vídeos e depois realize as atividades complementares:

Contexto do desenvolvimento sustentável no ambiente empresarial:


https://www.youtube.com/watch?v=8DKk3nsvbxM.

Ética e sustentabilidade empresarial:


https://www.youtube.com/watch?v=QwodJ87SyHw.

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Para ler...

Ficou interessado no assunto que tratamos nesta unidade, leia os dois


textos complementares e fique sabendo ainda mais:

Texto 1

Entre os benefícios para a organização ser socialmente responsável e adotar a RSC,


um argumento importante refere-se a seu impacto no negócio, ou seja, sua vinculação com
a competitividade. Porter e Kramer (2009, p. 487) atribuem quatro justificativas
predominantes para se ter responsabilidade social das empresas: “obrigação moral,
sustentabilidade, licença para operar e reputação”. A primeira, obrigação moral, diz respeito
a agir de maneira correta, ou seja, os membros da organização devem honrar os valores
éticos, respeitar as pessoas, as comunidades e o meio ambiente natural. A segunda,
sustentabilidade, foca a vigilância ambiental e comunitária. A terceira, licença para operar,
deriva da necessidade de permissão dos governos, das comunidades e de outras partes
interessadas para fazerem negócios e, finalmente; a quarta, a reputação, que está ligada à
imagem, marca, elevação de moral e valorização.
No que se refere à sustentabilidade, destaca-se que a definição de desenvolvimento
sustentável existe desde a década de 70, mas, segundo Morimoto, Ash e Hope (2005),
tornou-se mais reconhecida a partir de 1987, quando a Comissão Mundial de Meio
Ambiente e Desenvolvimento publicou o Relatório Brundtland. Este relatório teve como
foco alertar para a urgência de não se esgotar os recursos naturais e degradar o meio
ambiente. Inclusive, o conceito de desenvolvimento sustentável mais referenciado é
atribuído à Comissão Brundtland, que considera que o desenvolvimento sustentável é
aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das
gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades (WCED, 1987).
Sob essa perspectiva, empresas, que tinham como paradigma o foco no lucro
(geração de valor para os acionistas) com o conceito de desenvolvimento sustentável,
passaram a incorporar ao seu objetivo os componentes: proteção ao meio-ambiente e
igualdade social. Ao conjunto dessas três dimensões denomina-se Triple Bottom Line,
também conhecido como Tripé da sustentabilidade ou People Planet Profit (LEMME, 2005).

Fonte: AZEVEDO, J. B.; VON ENDE, M.; WITTMANN, M. L. Responsabilidade


social e a imagem corporativa: o caso de uma empresa de marca global. Revista
Eletrônica de Estratégia & Negócios, v. 9, n. 1, p. 100, 2016.

Responsabilidade Socioambiental 65

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Texto 2

DIMENSÃO DOS IMPACTOS DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO


Diferentemente do que estipulava o EIA-Rima, o impacto do rompimento de
Fundão não se restringiu às áreas de influência preestabelecidas tecnicamente
(a área das barragens da empresa mais o povoado de Bento Rodrigues). A lama
produziu destruição socioambiental por 663 km nos rios Gualaxo do Norte,
Carmo e Doce até chegar na foz do último, onde adentrou 80 km2 ao mar.
Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo, Gesteira, a cidade de Barra Longa e outros
cinco povoados no distrito de Camargo, em Mariana, foram arrasados pela
lama, causando inclusive perdas humanas em Bento Rodrigues. Mortos e
desaparecidos, trabalhadores da Samarco, em grande maioria subcontratados, e
moradores de Bento Rodrigues, totalizaram 19 pessoas. Mais de 1.200 pessoas
ficaram desabrigadas. Pelo menos 1.469 hectares de terras ficaram destruídos,
incluindo áreas de proteção permanente (APPs) e unidades de conservação (UCs)
- como o Parque Estadual do Rio Doce; o Parque Estadual Sete Salões; a Floresta
Nacional Goytacazes; e o Corredor da Biodiversidade Sete Salões-Aymoré.
Houve prejuízo a pescadores, ribeirinhos, agricultores, assentados da reforma
agrária e populações tradicionais, como os indígenas do povo Krenak, na zona
rural, e aos moradores das cidades ao longo dos rios atingidos. Sete cidades
mineiras e duas capixabas tiveram que interromper o abastecimento de água.
Trinta e cinco municípios de Minas Gerais ficaram em situação de emergência
ou calamidade pública e quatro do Espírito Santo sofreram com os impactos
do rompimento da barragem. Os efeitos da lama e da falta de água refletiram
sobre residências, e prejudicaram atividades econômicas, de geração de energia
e industriais.
Em uma primeira análise sobre a conduta da Samarco nos momentos que
se seguiram ao rompimento, as medidas fundamentais e urgentes para a
garantia dos direitos humanos dos atingidos, como, sistema de avisos sonoros
e um plano de emergência, estadia para os desabrigados e o fornecimento de
água potável são três exemplos da conduta violadora de direitos da empresa.
Medidas só foram tomadas após solicitação das equipes de resgate, pressão
popular e intercessão judicial, embora a empresa as tenha divulgado como
ações assistenciais e voluntárias.
Deve-se ressaltar que a lama liberada pelo rompimento da barragem de
Fundão provocou um rastro de destruição sobre territórios coletivos ocupados
por populações rurais e ribeirinhas no vale do rio Doce e seus afluentes. As
condições cotidianas de vida e trabalho dessas populações foram arruinadas
comprometendo fontes locais de geração de renda e ameaçando as condições
materiais e imateriais de sobrevivência. Há indícios de que o desastre possa
ser enquadrado ainda, na condição de racismo ambiental, tendo em vista que
há uma tendência de intensificação das situações de risco sobre comunidades
predominantemente negras. Foram, sobretudo, estas comunidades negras
rurais, com destaque para Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, as que sofreram
perdas humanas e maior impacto material, simbólico e psicológico com o
rompimento.

66 Responsabilidade Socioambiental

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Nesse sentido, a presença de grupos étnicos politicamente minoritários,
economicamente vulneráveis e, por isso, com pequenas possibilidades de fazer
ouvir suas demandas por direitos na esfera pública, pode ser compreendida
enquanto elemento central na localização das barragens de rejeitos, bem
como em sua sobrecarga, a ausência de controle e de fiscalização estatal, no
descaso com a implantação de alertas sonoros e planos de emergência e na
forma como foi conduzido o atendimento às vítimas. Essa correspondência
pode ser explicada pelas injustiças e indícios de racismo ambiental presentes
nos processos de flexibilização do licenciamento ambiental.
O rompimento da barragem de rejeitos tende a causar, ainda, uma série de
impactos socioambientais de curto, médio e longo prazos. O principal impacto
imediato foi a total destruição de residências, infraestrutura e ainda de áreas de
pastagem, roças e floresta. Além da perda de vidas humanas, houve também
a morte de animais domésticos e silvestres. Uma parte considerável da calha
do rio Doce foi assoreada, o que deverá aumentar os riscos de enchentes nos
próximos anos e mudar a dinâmica de inundações nas cidades, com partes
que antes não eram ocupadas pelas águas durante as cheias passando a ser
atingidas.
Diferentes estudos têm apresentado evidências variadas sobre a presença de
metais pesados no rio, tanto na água quanto nos sedimentos (estes misturados
à água, depositados nas margens e planícies de inundação ou ainda no fundo
do leito). Estudos anteriores já mostravam a contaminação do rio por metais,
decorrente do beneficiamento mineral no alto rio Doce. A presença desses
materiais exigirá esforços consideráveis na recuperação ambiental e colocam em
risco a saúde das pessoas no longo prazo, com a possibilidade de um aumento
considerável de doenças crônicas.
A lama de rejeito pode ter comprometido também a água dos rios e áreas de
solos férteis por onde passou. Propriedades rurais, dependentes da criação
de gado e dos rios próximos foram diretamente afetadas. Até o momento
de elaboração deste artigo não havia laudos claros e definitivos referente à
qualidade da água, à fertilidade dos solos e aos prováveis riscos de contaminação
aos animais (aquáticos em particular) e aos humanos. Deste modo, a condição de
vida dos agricultores, ribeirinhos, pescadores, indígenas e populações urbanas
que vivem ao longo de toda a extensão afetada pela lama se encontra sob risco
grave de comprometimento por tempo ainda indeterminado.

Fonte: WANDERLEY, L. J.; MANSUR, M. S.; MILANEZ, B.; PINTO, R. G. Desastre


da Samarco/Vale/BHP no Vale do Rio Doce: aspectos econômicos, políticos e
socioambientais. Ciência e Cultura, v. 68, n. 3, p. 30-35, 2016.

Responsabilidade Socioambiental 67

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Anotações

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Unidade 5
Elaboração e avaliação de projetos
de responsabilidade socioambiental
empresarial

Objetivo:
• Identificar modelos de relatórios e instrumentos
para elaboração de projetos de responsabilidade
socioambiental empresarial;
• Perceber a importância de instrumentos de apoio
ao controle e gestão de projetos de avaliação
e evidenciação das práticas socioambientais
empresariais;
• Compreender a necessidade da avaliação da
responsabilidade socioambiental empresarial.

Conteúdo programático:
• Elaboração de projetos de responsabilidade
socioambiental;
• Diagnóstico Socioambiental de uma organização;
• Avaliação de projetos socioambientais;
• Ações e práticas de uma organização relativas à
responsabilidade social;
• Instrumentos de apoio à elaboração e à avaliação
da responsabilidade socioambiental.

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Faça aqui seu planejamento de estudos

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1 ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL EMPRESARIAL

1.1 Elaboração de Projetos de RSC

Nas últimas décadas, o desenvolvimento de projetos de responsabilidade


socioambiental passou a integrar as estratégias das empresas. O conceito de
responsabilidade socioambiental não se resume apenas na elaboração de projetos
sociais, mas deve ser entendida como uma estratégia que valoriza o impacto social e
ambiental das suas atividades operacionais, levando em consideração todos os seus
stakeholders e o meio ambiente (RIBEIRO; CARVALHO NETO, 2006).
Projeto social pode ser definido como o planejamento de um conjunto de
atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o intuito de alcançar objetivos
específicos (KISIL, 2002). Armani (2004, p. 18) define que: “Um projeto é uma ação
social planejada, estruturada em objetivos, resultados e atividades, baseados em uma
quantidade limitada de recursos (humanos, materiais e financeiros) e de tempo.”
Para a elaboração de um projeto de responsabilidade socioambiental torna-se
essencial a apresentação dos tópicos dispostos no Quadro 14:

Quadro 14 – Tópicos para elaboração de projetos de responsabilidade socioambiental


Itens Descrição
Descrever a história de sua entidade: quando surgiu, o que
motivou sua criação, quais são seus objetivos e área de
atuação. A citação das experiências adquiridas também é
importante, porque demonstra ao Agente Financiador ou
Apresentação aos Apoiadores que a instituição está preparada para realizar
o projeto. Devem ser ressaltadas as parcerias anteriores,
os apoios e financiamentos obtidos em outros projetos, o
que demonstra a credibilidade, reputação e legitimidade da
instituição.
Sua função é aproximar o leitor da realidade em que o projeto
se encontra. Para tanto, esta etapa deve conter informações
gerais sobre o público-alvo e suas condições de vida, os
problemas socioambientais existentes e os grandes desafios
Introdução
a serem superados. Assim descrita, a introdução mostra que
a entidade proponente tem conhecimento sobre a situação
local e prepara o Agente Financiador ou os Apoiadores para
entender a importância e a necessidade do projeto.

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Enquanto a introdução apresenta o cenário do projeto, a
justificativa descreve as razões pelas quais o projeto deve ser
realizado e como trazer impactos positivos para a qualidade
de vida da população e o meio ambiente. É preciso destacar
os problemas socioambientais que serão abordados, a
eficácia das ações previstas e de que forma contribuirão para
Justificativa transformar a realidade.
Nesta etapa é fundamental demonstrar conhecimento
amplo do problema, de sua interferência no contexto local
e regional e da base conceitual com que se vai trabalhar.
Também é importante citar dados, referências bibliográficas e
experiências que reforcem a justificativa. Não se deve esquecer
que se trata da “defesa” do projeto.
Este é o momento de definir o que se quer realizar. O objetivo
Objetivos geral demonstra, de forma ampla, os benefícios que devem
ser alcançados com a implantação do projeto. É genérico e
de longo prazo.
Uma definição clara do público-alvo contribui para criar
linguagens e métodos adequados para atingir os objetivos
Público-alvo
propostos. Assim, deve-se levar em consideração a faixa etária,
o grupo social que esse público representa, sua situação
socioeconômica, entre outros.
As metas consistem em uma ou mais ações necessárias
para alcançar certo objetivo específico. Elas são sempre
quantificadas e realizadas em determinado período de tempo.
Metas
Metas claras facilitam a visualização dos caminhos escolhidos,
contribuem para orientar as atividades que estão sendo
desenvolvidas e servem como instrumento para avaliar o que
foi previsto e o que foi realizado.
Esta pergunta define o caminho a ser percorrido pelas etapas
do projeto. Esclarece os referenciais teóricos que norteiam o
Metodologia trabalho e os métodos a serem utilizados para alcançar os
objetivos específicos propostos. Referenciais teóricos são os
pressupostos que a instituição considera relevantes e que
contribuem para nortear a prática do projeto.

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Os indicadores são instrumentos de medida que verificam se
os resultados propostos foram alcançados. No mundo inteiro,
grupos organizados procuram a definição de indicadores
que contribuam para o processo de avaliação de projetos
socioambientais. Existe consenso em torno do princípio
de que os indicadores variam em função da natureza do
projeto e de seus objetivos propostos. Destacam-se, entre
Formulação de
vários tipos, os indicadores quantitativos ou objetivos que
indicadores
medem os resultados de forma numérica e pragmática, e os
indicadores qualitativos ou subjetivos, em geral perceptíveis
sensorialmente, que refletem resultados dificilmente
mensuráveis. São demonstrações que podem ser observadas
pela equipe envolvida, mas requerem atenção e conhecimento
de causa. Para cada resultado que se pretenda avaliar pode
existir mais de um indicador.
A Rede de Relacionamento mostra as articulações e parcerias
que facilitarão a implementação das etapas do projeto e
possibilitarão sua continuidade, o nascimento de novas ideias
e a criação de novos projetos. As redes são uma nova forma
de organização social, capaz de articular pessoas e grupos em
torno de objetivos comuns de forma democrática. A inovação
consiste em reunir seus participantes numa estrutura alternativa
e horizontalizada. O propósito de uma rede é enriquecer a
Identificação dos
atuação de cada membro e fortalecer sua posição no grupo.
possíveis parceiros
Por sua vez, a rede mantém a intercomunicação constante
entre as instituições e as pessoas que estão continuamente
trocando ideias para construir uma ação socioambiental.
As redes são abertas e dinâmicas. Uma sugestão é criar um
fluxograma (mapeamento) em que o agente financiador possa
visualizar facilmente os grupos da sociedade civil, os órgãos
gestores e os atores sociais com os quais a equipe pretende
articular-se para formar uma rede de relacionamento.

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Nesta etapa indicam-se os meios pelos quais o projeto
mobilizará a comunidade envolvida e divulgará suas ações.
É importante citar as estratégias adotadas e o material
produzido. A comunicação serve para transmitir a todos,
direta ou indiretamente, o que está sendo feito, as dificuldades
encontradas, os resultados alcançados, servindo também para
estimular a adesão de novas parcerias e apoios. Técnicas de
Comunicação do
comunicação bem empregadas facilitam a divulgação do
projeto
projeto, a mobilização social e o seu fortalecimento, à medida
que promovem a comunicação de massa. Para tanto, são
utilizadas diferentes estratégias.
Uma das formas de comunicação é a mobilização. É
interpessoal, diz respeito aos primeiros contatos com o
público-alvo, e pode ser feita por meio de material impresso
e visitas.
Captar recursos significa buscar meios para suprir as
necessidades de um projeto. As fontes de recursos podem
ser nacionais ou estrangeiras, públicas ou privadas. Durante
muitos anos as doações internacionais foram significativas
e fundamentais para a implementação e a consolidação
de projetos sociais e ambientais de entidades da sociedade
Tipos de recursos
civil brasileira. Atualmente, observa-se uma redução dessas
e fontes de
doações e a migração dos recursos internacionais para
financiamento
entidades de países em desenvolvimento, mais carentes. Ao
mesmo tempo, cresce a tomada de consciência por parte das
empresas, que passam a reconhecer a importância de sua
atuação na esfera da responsabilidade social, viabilizando
recursos financeiros e humanos (voluntariado), para a solução
de problemas sociais, econômicos e ambientais.

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Esta etapa indica todos os gastos do projeto e exige muita
atenção. Qualquer erro pode tornar impossível cumprir o que
foi prometido no projeto. Um orçamento incoerente com o
que foi proposto pode não obter aprovação. Para projetos
de maior vulto, uma vez que as contratações de técnicos e
consultores são normalmente feitas por tempo determinado
(trabalho temporário) com a carga tributária específica, é
recomendável a orientação das áreas administrativa e contábil
da entidade. Alguns financiadores, especialmente os Fundos
Públicos, não permitem a inclusão dos impostos e encargos
trabalhistas no orçamento do projeto. Em outros casos,
Orçamento do
dependendo da modalidade de relação com o financiador
projeto
(contrato, convênio, patrocínio, doação), pode-se incluir uma
taxa de administração que, normalmente, varia entre 10% a
20% do valor total do projeto. Muitas vezes é preciso adequar
os custos às exigências do financiador, particularmente na
modalidade convênio, em que todos os gastos são rubricados
e os custos não podem ser transferidos de uma rubrica a outra.
Esses trabalhos de ajuste geram planilhas orçamentárias muito
complexas e de difícil entendimento para a maioria da equipe.
Recomenda-se, neste caso, que seja feita uma memória de
cálculo, que poderá ser consultada sempre que houver dúvidas
quanto às despesas a serem efetuadas.
No cronograma de atividades define-se o período de duração
do projeto e como o conjunto das ações propostas se
distribui no tempo. Se o período proposto for muito longo, a
própria revisão do cronograma pode ser prevista como uma
atividade. Mas o ideal é que o cronograma seja apresentado
do início ao fim. No cronograma também devem aparecer
Cronograma de
todos os produtos que serão entregues ao longo do projeto,
atividades
como publicações, vídeos e relatórios localizados no tempo.
Relatórios do projeto são uma forma de prestação de contas
das atividades propostas, seu andamento, dificuldades e
conquistas. Além disso, são material de pesquisa permanente
para a equipe e outras pessoas. Para tanto, é preciso que sejam
elaborados de forma clara e objetiva.

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Geralmente o desembolso dos recursos financeiros aprovados
não é liberado pelo Agente Financiador ou pelos Apoiadores
de uma única vez. É necessária a apresentação de um
cronograma de desembolso, que varia de acordo com a
instituição financiadora. Ele deverá, por exemplo, estar
Cronograma de
relacionado às etapas de desenvolvimento do projeto, ou ser
desembolso
preestabelecido de forma periódica ao longo do tempo (por
exemplo, desembolsos mensais, trimestrais etc.). Na maioria
dos casos o desembolso está vinculado à comprovação do
cumprimento de metas e do uso adequado dos recursos por
meio de prestação de contas da etapa em curso.
Administrar projetos diz respeito a cumprir prazos e
compromissos estabelecidos na sua concepção, inclusive no
tocante ao uso dos recursos, sejam humanos, financeiros ou
materiais. Um projeto bem elaborado deixa claro o ponto
de partida, o caminho a ser traçado, aonde se quer chegar,
que conjunto de atividades serão desenvolvidas e com quais
recursos será implementado. Quando aprovado pelo Agente
Financiador ou pelos Apoiadores, o coordenador do projeto
será a pessoa responsável pela gestão dos procedimentos e dos
resultados relativos à proposta apresentada. É fundamental
para a eficiência e a eficácia do projeto que os integrantes da
equipe tenham conhecimento de todas as suas etapas. Para
Planejamento e
tanto, recomenda-se o uso de metodologias participativas
administração do
que favoreçam esse envolvimento e compromisso. A ação de
projeto
planejamento participativo facilita a atuação do coordenador
e estimula o senso de pertencimento dos integrantes da
equipe do projeto, ficando a cargo do coordenador garantir
o melhor uso dos recursos (financeiros, humanos e materiais)
na realização das atividades, e o desempenho da equipe, para
obter os melhores resultados. Um projeto tem um ciclo de vida
que parte da identificação de um problema e do desejo de
solucioná-lo, e que se materializa por meio da sua elaboração
e implementação, em que o coordenador deverá estar apto a
utilizar ferramentas de avaliação e planejamento participativo
contínuo, que possibilitem o redirecionamento de estratégias
quando se fizer necessário.
É importante demonstrar ao Agente Financiador ou aos
Apoiadores que o proponente tem iniciativa e criatividade
Sustentabilidade do
capazes de dar continuidade ao projeto depois de implantado,
projeto
viabilizando recursos de outras fontes, articulando parcerias
ou participando de redes de cooperação.

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Os profissionais necessários para o desenvolvimento do
projeto, ou seja, pessoal administrativo, técnico, consultores,
e a coordenação realizarão o projeto. É necessária uma
especial atenção para a equipe técnica que será contratada.
Ela deve ser multidisciplinar, mesclada com talentos que se
complementam e especificidades técnicas que contribuam
Equipe para a implementação das ações do projeto. É interessante a
contratação de pessoas do local, pois elas podem contribuir
para a abertura de canais de comunicação com a comunidade
e a instituição envolvida, garantindo o olhar local sobre o
problema e suas possíveis soluções. O currículo resumido
apresenta cada profissional da equipe técnica que participará
do projeto.
A folha de rosto de um projeto deve conter os elementos
essenciais para sua identificação. É de uso obrigatório e
Informações deve apresentar as principais informações sobre a instituição
importantes interessada. O resumo deve conter os dados necessários para
que o Agente Financiador ou os Apoiadores possam ter uma
visão geral do que o projeto propõe.
Fonte: adaptado de Estado de São Paulo (2005).

Além dos tópicos apresentados no Quadro 14, que foram adaptados do modelo
proposto pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, existem outros
modelos como do Instituto Ethos e do Ibase, que estão descritos na Unidade 8.

Dica

Como os projetos sociais podem ser incorporados nas atividades


empresariais?
Veja alguns exemplos no vídeo a seguir:
https://www.youtube.com/watch?v=PHR_tZTC4h0.

1.2 Avaliação de Projetos de RSC

Compreendendo a importância e a necessidade de incorporar a responsabilidade


socioambiental no contexto empresarial, tanto por exigências legais e ambientais,
quanto por exigências dos stakeholders e da sociedade de forma geral, as organizações
têm buscado o desenvolvimento de projetos de responsabilidade socioambiental

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e a evidenciação das ações e práticas socioambientais por meio de relatórios de
sustentabilidade.
A contabilidade torna-se instrumento de apoio para a evidenciação das
medidas adotadas e no controle dos resultados alcançados pela empresa, no processo
de proteção e preservação do meio ambiente, na gestão de processos sociais,
possibilitando a comunicação entre as organizações e a sociedade (KRUGER et al.,
2013).
Neste sentido, a elaboração e a avaliação de projetos de responsabilidade
socioambiental pode contribuir com iniciativas em prol de melhores práticas sociais
e na gestão ambiental, visando reduzir os impactos das atividades empresariais ao
meio ambiente (DA ROCHA et al., 2013). A necessidade de evidenciar os projetos de
responsabilidade socioambiental pode ocorrer por várias razões, tais como (GRI, 2016):
• aumentar a compreensão sobre os riscos e oportunidades do negócio;
• melhorar a reputação para o mercado consumidor e a fidelidade à marca;
• ajudar stakeholders a compreender os impactos das atividades empresariais e o
desempenho das organizações;
• enfatizar a relação entre o desempenho financeiro e o não financeiro;
• servir como padrão de referência (Benchmarking) e avaliação de desempenho de
sustentabilidade com respeito às leis, normas, códigos, padrões de desempenho e
iniciativas voluntárias;
• influenciar na estratégia e política de gestão e nos planos de negócios;
• demonstrar como a organização influencia e é influenciada pelas expectativas
relativas ao desenvolvimento sustentável;
• controle e gestão dos projetos sociais e ambientais, permitindo melhorias contínuas;
• comunicação com a sociedade, especialmente com clientes e fornecedores;
• comparar o desempenho organizacional interno e entre outras organizações.

E embora, na maioria das vezes, as discussões acerca da gestão de projetos


de responsabilidade socioambiental, estejam relacionadas à obtenção de vantagens
competitivas pelas empresas, a elaboração de projetos socioambientais e a
evidenciação das práticas empresariais tornou-se ferramenta estratégica importante
no atual ambiente empresarial, visando demonstrar o contexto econômico, social e
ambiental das organizações, bem como os investimentos e procedimentos em prol
da minimização dos impactos das atividades (DA ROCHA et al., 2013).
A partir do pressuposto de que uma empresa possui “efeitos” socioambientais
(passivo socioambiental) e pratica ações correspondentes em contrapartida, na
forma de “deveres e obrigações” (ativo socioambiental), Tachizawa e Pozo (2007)
desenvolveram um modelo de diagnóstico socioambiental para as organizações,
apresentado no Quadro 15.

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Quadro 15 - Diagnóstico Socioambiental de uma organização

Diagnóstico Socioambiental de uma organização


ATIVO PASSIVO
(estratégias e ações gerenciais) (efeitos socioambientais no mercado)
• Estratégias de proteção ambiental • Empresa com atividade econômica
(IS014000); de alto impacto ambiental (de seus
• princípios de atuação socioambiental produtos, processos produtivos e
internalizadas em suas crenças e instalações fabris). Alto grau automação
valores; industrial.
• parcerias institucionais;
• ecoeficiência.
• estabelecer pré-requisito de normas • cadeia produtiva de alto impado
inerentes a práticas ambientais de seus • (insumos produtivos, armazenagem,
fornecedores de matérias-primas e produção industrial, estocagem,
distribuidores/clientes intermediários; expedição de produtos acabados);
• postura ética relacionada com clientes • emprego intensivo de mão-de- obra;
e fornecedores; • condições precárias de higiene e
• Estratégias internas para melhoria de segurança do trabalho;
seu clima organizacional; • trabalho interno com má qualidade de
• ações relacionadas à diversidade vida.
racial e inclusão de portadores de
necessidades especiais.
• Cumprimento das exigências legais • exigência da legislação que regula a
pertinentes ao seu ramo de negócios; atividade econômica;
• postura ética; • interação com governo nas esferas
• parcerias institucionais. municipal, estadual e federal.

• Estratégias em projetos sociais; Comunidade e diferentes públicos externos


• (ISO 16000, EA8000, AA1000); carentes de uma melhor imagem social
• incentivo à pratica do voluntariado;

Estratégias de governança e transparência Acionistas carentes de informações sobre


de sua gestão empresarial com diferentes o desempenho da empresa.
modelos de governança corporativa e de
balanços sociais:
IBGC/Bovespa (Nível 1; Nível 2; Novo
Mercado); IBASE; Akatu; GRI (Global
Reporting Initiative); Dow Jones de
Sustentabilidade (ISE).
Fonte: Tachizawa e Pozo (2007, p. 44).

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Nesta proposta, o Ativo representa a quantidade de ações socioambientais
necessárias para preservar os processos produtivos (Passivo) de forma sustentável.
Argumentando-se de outra forma, o modelo demonstra a quantidade de boas práticas
de sustentabilidade e de providências gerenciais que são necessárias para continuar
a produzir bens e serviços que consomem e absorvem recursos produtivos na forma
de insumos (TACHIZAWA; POZO, 2007).
O Estado de São Paulo (2005), em seu Manual para Elaboração, Administração
e Avaliação de Projetos Socioambientais, recomenda que o processo de avaliação
ocorra de forma constante e periódica durante todo o ciclo de vida do projeto,
realizado internamente (pelos próprios membros da instituição), de modo externo
(por avaliadores não vinculados à instituição) ou de forma mista (avaliadores internos
e externos).
O Plano de Avaliação pode constituir-se de diferentes etapas, sendo consideradas
as mais usuais aquelas apresentadas no Quadro 16.

Quadro 16 – Etapas para avaliação de projetos socioambientais


Etapa Descrição
Consiste em verificar o cumprimento dos objetivos e das metas
estabelecidas, no período de tempo previsto. Normalmente a avaliação
Avaliação
inclui uma visita ao local do projeto, a verificação dos relatórios técnicos
de
e fotográficos, listas de presença das reuniões realizadas, e um olhar
resultado
atento sobre o material gerado como fotos, documentos, material
instrucional e de comunicação, entre outros itens
Método de análise, descrição e sumarização das tendências verificáveis
Avaliação em documentos escritos tais como: minutas ou memórias de reuniões,
de publicações, artigos de jornal, relatórios anuais, notas de campo,
conteúdo transcrições de grupos focais ou entrevistas, e outros documentos
similares. A análise pode ter uma abordagem qualitativa ou quantitativa.
Trata-se da avaliação da forma como o projeto é conduzido e procura
Avaliação
verificar a eficiência do método de trabalho empregado para atingir os
do
objetivos. A avaliação identifica a coerência, a qualidade e a viabilidade
processo
das técnicas e instrumentos pedagógicos utilizados durante o projeto.
Refere-se aos impactos sociais e ambientais que os objetivos propostos
causaram na área do projeto, e às transformações comportamentais
percebidas no público-alvo e/ou na comunidade. Esta etapa de
Avaliação
avaliação representa um desafio, uma vez que os ganhos obtidos
de
não são oficialmente medidos, pois se referem a questões culturais, à
impacto
mudança de valores e novas atitudes, mensurando a contribuição de
projeto para a emancipação das comunidades atingidas e sua mais
eficiente organização e atuação política.
Fonte: elaborado com base no Estado de São Paulo (2005, p. 15-16).

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O Manual para Elaboração, Administração e Avaliação de Projetos
Socioambientais (SÃO PAULO, 2005) recomenda que o processo de avaliação seja
permanente e contemple formas participativas, incluindo a equipe do projeto,
beneficiários, parceiros e financiadores.
A mensuração dos resultados é efetuada a partir de indicadores, que se
constituem em instrumentos de medida para verificar se os resultados propostos
foram alcançados.
Os indicadores variam em função da natureza do projeto e de seus objetivos,
podendo ser quantitativos/objetivos (medem os resultados de forma numérica e
pragmática) ou qualitativos/subjetivos (geralmente perceptíveis sensorialmente). Cada
resultado a ser avaliado pode requerer um ou mais indicadores (SÃO PAULO, 2005).
A NBR ISO 26000 (2010, p. vii) considera que “[...] o desempenho da organização
em relação à sociedade em que opera e ao seu impacto no meio ambiente se tornou
uma parte crucial na avaliação de seu desempenho geral e de sua capacidade de
continuar a operar de forma eficaz.” A NBR ISO 26000 (2010, p. 83) dedica uma
seção específica para a “[...] análise e aprimoramento das ações e práticas de uma
organização relativas à responsabilidade social [...]”, apresentando considerações
detalhadas a respeito da análise a ser realizada, conforme demonstrado no Quadro
17.

Responsabilidade Socioambiental 85

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Quadro 17 - Análise e aprimoramento das ações e práticas de uma organização relativas à
responsabilidade social
Subseção
Um desempenho eficaz em responsabilidade social depende em
parte de comprometimento, supervisão cuidadosa, avaliação e
análise das atividades realizadas, progresso realizado, atingimento
dos objetivos identificados, recursos usados e outros aspectos dos
esforços da organização.
Um monitoramento ou observação permanente das atividades
relacionadas à responsabilidade social visa principalmente
assegurar que as atividades estejam ocorrendo conforme o
previsto, identificar crises ou imprevistos e fazer modificações no
modo como as coisas são feitas.
Análises de desempenho, em intervalos apropriados, podem
ser usadas para determinar o progresso em responsabilidade
Geral social, ajudar a manter os programas bem focados, identificar
áreas que precisam de mudanças e contribuir para a melhoria do
desempenho. As partes interessadas podem desempenhar um
papel importante na análise do desempenho da organização em
responsabilidade social.
Além de analisar as atividades existentes, convém que uma
organização também se mantenha ciente das mudanças em
condições ou expectativas, alterações legais ou regulatórias
que afetem a responsabilidade social e novas oportunidades
para ampliar seus esforços em responsabilidade social. Essa
subseção identifica algumas técnicas que as organizações podem
usar para monitorar, analisar e melhorar seu desempenho em
responsabilidade social.

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Para que se tenha confiança na eficácia e eficiência com que a
responsabilidade social esteja sendo colocada em prática por todas
as áreas de uma organização, é importante que o desempenho
das atividades em andamento relacionadas a temas centrais e
questões relevantes seja monitorado. O grau desse esforço irá
obviamente variar de acordo com o escopo dos temas centrais
cobertos, o porte e a natureza da organização e outros fatores.
Ao decidir sobre as atividades que serão monitoradas, convém
que uma organização se concentre naquelas significativas e
trabalhe para que os resultados do monitoramento sejam fáceis
de compreender, confiáveis, tempestivos e para que respondam
às preocupações das partes interessadas.
Há muitos métodos que podem ser usados para monitorar o
desempenho em responsabilidade social, inclusive análises em
intervalos apropriados, benchmarking e obtenção de retorno
das partes interessadas. As organizações podem frequentemente
conhecer melhor seus programas ao comparar suas características
e desempenho com as atividades de outras organizações. Tais
comparações podem ser focadas em ações relacionadas a temas
centrais específicos ou em abordagens mais amplas para integrar
Monitoramento
a responsabilidade social em toda a organização.
de atividades de
Um dos métodos mais comuns é a medição por meio de indicadores.
responsabilidade
Um indicador é uma informação qualitativa ou quantitativa sobre
social
resultados relacionados com a organização que é comparável e
demonstra mudança ao longo do tempo. Indicadores podem, por
exemplo, ser usados para monitorar ou avaliar o atingimento dos
objetivos de um projeto ao longo do tempo. Convém que estes
indicadores sejam claros, informativos, práticos, comparáveis,
exatos, confiáveis e tenham credibilidade. Detalhes adicionais
completos sobre como selecionar e usar indicadores estão
disponíveis em muitas referências sobre responsabilidade social
e sustentabilidade.
Embora indicadores que produzem resultados quantitativos
sejam de uso relativamente simples, podem não ser suficientes
para todos os aspectos da responsabilidade social. Na área de
direitos humanos, por exemplo, as visões de mulheres e homens
sobre se estão sendo tratados com justiça podem ser mais
significativas do que alguns indicadores quantitativos sobre
discriminação. Indicadores quantitativos obtidos a partir de
pesquisas ou discussão de grupos focais podem ser combinados
com indicadores qualitativos descrevendo visões, tendências,
condições ou situações. Além disso, é importante reconhecer que
a responsabilidade social vai além das realizações específicas de

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atividades mensuráveis, como redução da poluição e solução
de reclamações. Como a responsabilidade social é baseada
em valores, aplicação de princípios da responsabilidade social
e atitudes, o monitoramento pode envolver abordagens mais
subjetivas, como entrevistas, observação e outras técnicas de
avaliação de comportamento e compromissos.
Além da supervisão e do monitoramento cotidiano das atividades
relacionadas à responsabilidade social, convém que a organização
realize análises em intervalos apropriados para determinar
como está seu desempenho em relação às metas e objetivos
da responsabilidade social e para identificar a necessidade de
mudanças em programas e procedimentos.
Estas análises costumam envolver a comparação do desempenho
em relação aos temas centrais de responsabilidade social com os
resultados de análises anteriores para determinar o progresso e
medir o atingimento de metas e objetivos. Convém que incluam
também o exame de aspectos de desempenho que não são tão
Análise do
fáceis de medir, como atitude perante a responsabilidade social,
progresso e
integração da responsabilidade social em toda a organização
desempenho em
e adesão aos princípios, declarações de valor e práticas. A
responsabilidade
participação das partes interessadas pode ser valiosa nessas
social da
análises.
organização
Algumas perguntas que poderiam ser feitas durante as análises:
- os objetivos e as metas foram atingidos como previsto?
- as estratégias e os processos serviram aos objetivos?
- o que funcionou e por quê? O que não funcionou e por quê?
- os objetivos foram adequados?
- o que poderia ter sido feito melhor?
- todas as pessoas relevantes foram envolvidas?
Convém que, com base nos resultados de suas análises, uma
organização identifique mudanças em seus programas que
possam sanar deficiências e trazer melhoria de desempenho em
responsabilidade social.

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As organizações que precisam fornecer dados de desempenho
para o governo, organizações não governamentais, outras
organizações ou para o público em geral, ou para a manutenção
de bancos de dados contendo informações sensíveis, podem
aumentar a confiança daqueles em seus sistemas de gestão e
coleta de dados por meio de análises detalhadas. Convém que o
objetivo dessas análises seja:
- aumentar a confiança de uma organização na exatidão dos
dados que fornece;
- melhorar a credibilidade dos dados e informações; e
- confirmar a confiabilidade dos sistemas de proteção da segurança
e privacidade dos dados, quando apropriado.
Essas análises detalhadas podem ser desencadeadas por exigências
legais ou outras exigências de divulgação de dados sobre emissões
de gases de efeito estufa ou outros poluentes, exigências de
Aumento da fornecimento de dados sobre programas para organismos de
confiabilidade fomento ou departamentos de supervisão, condicionantes de
da coleta licenças ou alvarás ambientais e preocupações referentes à
de dados e proteção da privacidade de informações, como dados financeiros,
informações e médicos ou pessoais.
gestão Como parte destas análises, convém que pessoas ou grupos
independentes, internos ou externos à organização, examinem
como os dados são coletados, registrados ou armazenados,
manuseados e usados pela organização.
As análises podem ajudar a identificar vulnerabilidades em
sistemas de gestão e coleta de dados que possam permitir que os
dados sejam contaminados por erros ou acessados por pessoas
não autorizadas. Os resultados das análises podem ajudar a
organização a fortalecer e melhorar seus sistemas. A exatidão e a
confiabilidade dos dados podem também ser melhoradas por meio
de um bom treinamento de seus coletores de dados, definição clara
de responsabilidade pela exatidão dos dados, retroalimentação
direta às pessoas que cometerem erros e processos de qualidade
de dados que comparem dados relatados com dados passados e
com os de situações comparáveis.

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Com base nas análises periódicas, ou em outros intervalos
apropriados, convém que uma organização considere formas de
melhorar seu desempenho em responsabilidade social. Convém
que os resultados das análises sejam usados para colaborar
com a melhoria contínua da responsabilidade social de uma
organização. As melhorias poderiam envolver a modificação
de metas e objetivos para refletir mudanças de condições ou
aspiração de uma realização maior. O escopo das atividades e
programas relacionados à responsabilidade social poderia ser
ampliado. O fornecimento de recursos adicionais ou diferentes
para atividades relacionadas à responsabilidade social poderia
ser uma questão a se considerar. As melhorias poderiam incluir
Melhoria no
programas ou atividades que aproveitem as oportunidades
desempenho
recentemente identificadas.
As visões das partes interessadas expressas durante as análises
podem ajudar uma organização a identificar novas oportunidades
e mudanças em expectativas. Convém que isso ajuda de uma
organização a melhorar o desempenho de suas atividades de
responsabilidade social.
Para estimular a realização de metas e objetivos organizacionais,
algumas organizações relacionam o atingimento de objetivos
específicos de responsabilidade social com suas avaliações do
desempenho anual ou periódico de altos executivos e gerentes.
Essas medidas enfatizam que as ações de responsabilidade social
da organização pretendem ser um compromisso sério.
Fonte: NBR 26000 (2010, p. 83-85).

A partir das perspectivas de avaliação apresentadas no Quadro 17, pode-


se argumentar que as atividades desenvolvidas pelas empresas, no campo da
responsabilidade social corporativa, devem estar alinhadas com os objetivos
estratégicos da organização e se constituir em um compromisso efetivo e duradouro,
ofertando benefícios consistentes às partes interessadas.
Podemos observar, no Quadro 18, algumas organizações de referência, quanto a
modelos de relatórios de responsabilidade socioambiental, bem como instrumentos de
apoio para a elaboração e avaliação da sustentabilidade empresarial. Tais instrumentos
contribuem na elaboração de projetos de responsabilidade socioambiental, bem como
dispõem de indicadores para a avaliação da responsabilidade socioambiental.

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Quadro 18 - Instrumentos de apoio à elaboração e avaliação da responsabilidade
socioambiental
Objetivos e finalidades dos relatórios Conheça o
Entidade / modelo
instrumento
Os Indicadores Ethos visam apoiar as http://www3.
empresas na incorporação e gestão da ethos.org.
responsabilidade social empresarial (RSE). br/conteudo/
Instituto Ethos
A ferramenta é composta por um indicadores/
de Empresas e de
questionário que permite o autodiagnóstico
Responsabilidade
da gestão da empresa e um sistema de
Social:
preenchimento on-line que possibilita
Indicadores Ethos
a obtenção de relatórios, por meio dos
para Negócios
quais é possível fazer o planejamento e a
Sustentáveis e
gestão de metas para o avanço da gestão
Responsáveis
na temática da RSE/Sustentabilidade. Ao
todo, o modelo apresenta 47 indicadores.

A Resolução CFC Nº 1.003/04 – NBC http://nemac.


T.15, de 19 de agosto de 2004, orienta u f s c . b r /
Conselho Federal de
os procedimentos para evidenciação de files/2012/12/2-
Contabilidade: NBC
informações de natureza social e ambiental, nbct15.pdf
T.15- Informações
com o objetivo de demonstrar à sociedade a
de Natureza Social
participação e a responsabilidade social da
e Ambiental
entidade. A normativa possui 4 dimensões
de avaliação.
A norma ISO 26000 é uma norma h t t p : / / w w w.
de adesão voluntária, a qual fornece inmetro.gov.br/
International orientações, definições e diretrizes acerca qualidade/
Organization for da responsabilidade social para todos os responsabili
Standartization (ISO) tipos de organizações, independente do dade_social/
NBR: ISO 26000 porte. iso26000.asp

Os indicadores propostos pela GRI h t t p s : / / w w w.


permitem que organizações possam globalreporting.
Global Reporting medir seus desempenhos e impactos o r g /
Initiative econômicos, ambientais, sociais, bem resourcelibrary/
GRI G4: Diretrizes como os relacionados à governança, de Brazilian-
para o relato de uma maneira responsável e transparente. Portuguese-G4-
sustentabilidade O instrumento está organizado em 10 Part-Two.pdf
dimensões.

Responsabilidade Socioambiental 91

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A A3P é um programa do Governo h t t p : / / w w w.
Federal desenvolvido pelo Ministério do m m a . g o v. b r /
Meio Ambiente, através da Secretaria responsabi
de Articulação Institucional e Cidadania lidade-socioam
Agenda Ambiental Ambiental, o qual foi desenvolvido sob os biental/a3p
na Administração pilares da Agenda 21 (RIO 92), como forma
Pública (A3P) de inserir os entes públicos no contexto
de gestão ambiental e sustentabilidade. O
Foco da A3P é adequar a avaliação e gestão
social e ambiental nas entidades públicas.
Possui 5 dimensões.
Fonte: elaborado pelo autor.

Síntese

Nesta unidade vimos que os projetos de responsabilidade socioambiental


passaram a integrar a estratégia das empresas. Na elaboração de um projeto de
responsabilidade socioambiental devem ser considerados itens como objetivos,
público-alvo, formulação de indicadores, identificação dos possíveis parceiros,
orçamento do projeto, dentre outros. Além disso, a evidenciação das práticas
empresariais tornou-se ferramenta estratégica, visando demonstrar o contexto
econômico, social e ambiental das organizações.

Para assistir...

Você também pode conhecer os indicadores do Instituto Ethos em:


https://www.youtube.com/watch?v=QMa65oPUia8.

92 Responsabilidade Socioambiental

Resp_Socioambiental.indd 92 18/06/2018 15:29:30


Para ler...

Para complementar o que vimos nesta unidade, sugerimos o artigo:

RIBEIRO, A. M. L.; CARVALHO NETO. A. Avaliação de projetos sociais empresariais:


uma contribuição metodológica. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/
enanpad/2006/dwn/enanpad2006-apsc-0275.pdf>.

REFERÊNCIAS

ARMANI, D. Como elaborar projetos? Guia prático para elaboração e gestão de


projetos sociais. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2004. Coleção Amencar.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 26000: Diretrizes


sobre responsabilidade social. Rio de Janeiro, 2010.

DA ROCHA, A. C.; GOMES, C. M.; KNEIPP, J. M.; CAMARGO, C. R. Gestão de Projetos


e Sustentabilidade: um estudo bibliométrico da produção científica na base WEB
OF SCIENCE. Revista de Gestão e Projetos, v. 4, n. 3, p. 73, 2013.

ESTADO DE SÃO PAULO. Coordenadoria de Planejamento Ambiental Estratégico e


Educação Ambiental. Manual para elaboração, administração e avaliação de
projetos socioambientais. São Paulo: SMA / CPLEA, 2005.

GLOBAL REPORTING INITIATIVE (GRI). Focal Point Brazil. Disponível em: <https://
www.globalreporting.org/network/regional-networks/gri-focal-points/focal-point-
brazil/Pages/default.aspx>. Acesso em: 10 dez. 2016.

HELLMANN, G. J. Indicadores para avaliar a responsabilidade social nas instituições


de ensino superior. Revista da FAE, v. 12, n. 2, p.145-156, 2016.

KISIL, R. Elaboração de projetos e propostas para organizações da sociedade


civil. 3. ed. São Paulo: Global, 2004.

KRUGER, S. D.; FREITAS, C. L.; PFITSCHER, E. D.; PETRI, S. M. Gestão ambiental em


instituição de ensino superior: uma análise da aderência de uma instituição de
ensino superior comunitária aos objetivos da agenda ambiental na administração
pública (A3P). Revista Gestão Universitária na América Latina-GUAL, v. 4, n. 3, p.
44-62, 2011.

Responsabilidade Socioambiental 93

Resp_Socioambiental.indd 93 18/06/2018 15:29:30


KRUGER, S. D.; PFITSCHER, E. D; UHLMANN, V. O.; PETRI, S. M. Sustentabilidade
ambiental: estudo em uma instituição de ensino catarinense. Sociedade,
Contabilidade e Gestão, v. 8, n. 1, 2013.

RIBEIRO, A. M. L.; CARVALHO NETO, A. Avaliação De Projetos Sociais Empresariais:


Uma Contribuição Metodológica. In: EnANPAD, 30, 2006. Anais... Salvador, 30.
Salvador: ENANPAD, 2006.

SÃO PAULO (ESTADO). Secretaria do Meio Ambiente. Coordenadoria de


Planejamento Ambiental Estratégico e Educação Ambiental. Manual para
Elaboração, Administração e Avaliação de Projetos Socioambientais. São Paulo:
SMA / CPLEA, 2005.

TACHIZAWA, T.; POZO, H. Gestão socioambiental e desenvolvimento sustentável:


um indicador para avaliar a sustentabilidade empresarial. REDE – Revista
Eletrônica do Prodema, v. 1, n.1, p. 35-54, 2007.

94 Responsabilidade Socioambiental

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Anotações

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Anotações

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Unidade 6
Alinhamento do modelo de gestão
e práticas de responsabilidade
socioambiental

Objetivo:
• Compreender as possibilidades de inserção da
responsabilidade socioambiental no modelo de
gestão organizacional e as repercussões com os
diversos públicos de interesse nas empresas.

Conteúdo programático:
• Gestão tradicional x gestão ecocêntrica;
• Desafios para a responsabilidade social nos
negócios;
• Estratégias associadas à orientação da empresa
para os stakeholders;
• Responsabilidade social interna e externa;
• Diretrizes da responsabilidade social;
• Atitudes para implementar a gestão sustentável.

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Faça aqui seu planejamento de estudos

98 Responsabilidade Socioambiental

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1 ALINHAMENTO DO MODELO DE GESTÃO E PRÁTICAS DE
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

O último quarto do século XX foi um período de transição de uma era industrial


para uma era pós-industrial. Anteriormente, as sociedades industriais se concentravam
principalmente na criação de riqueza por meio da expansão tecnológica e, em segundo
lugar, na distribuição da riqueza (bem-estar social). Em contraste, as sociedades pós-
industriais estão centradas nos riscos que acompanham a criação e a distribuição
da riqueza. Consequentemente, o paradigma de gestão que deve ser utilizado para
as sociedades pós-industriais é diferente do paradigma de gestão desenvolvido na
literatura das três décadas que antecedem aquele período (SHRIVASTAVA, 1995).
No paradigma tradicional de gestão o objetivo organizacional visa à maximização
racional da riqueza dos acionistas ou proprietários do negócio, baseado nas premissas
básicas da mercantilização das relações sociais e do consumismo; na competição
como conduta primária para as relações de produção e de consumo; e na relação
de apropriação da natureza pelo ser humano e antropocentrismo - o homem como
centro do universo (SHRIVASTAVA, 1995).
Em outro sentido, a abordagem ecocêntrica (com dimensões econômicas,
ambientais e sociais) requer um novo modo de pensar que considere as relações
recíprocas do ser humano e da natureza, sem limites de tempo e de espaço
(SHRIVASTAVA, 1995).
Confira, no Quadro 19, algumas das características comparativas entre a gestão
tradicional e a gestão ecocêntrica.

Quadro 19 - Gestão tradicional versus gestão ecocêntrica


Gestão Tradicional Gestão Ecocêntrica
Sustentabilidade e qualidade de
Crescimento econômico e
vida.
Objetivos lucros.
Bem-estar do conjunto de
Riqueza dos acionistas.
stakeholders.
Antropocêntrico.
Biocêntrico ou ecocêntrico.
Conhecimento racional e
Valores Intuição e compreensão.
“pronto para uso”.
Valores femininos pós-patriarcais.
Valores patriarcais.
Desenhado para função, estilo e Desenhado para o ambiente.
Produtos preço. Embalagens não agressivas ao
Desperdício em embalagens. ambiente.
Sistema de Intensivo em energia e recursos. Baixo uso de energia e recursos.
produção Eficiência técnica. Eficiência ambiental.
Estrutura hierárquica. Estrutura não hierárquica.
Processo decisório autoritário. Processo decisório participativo.
Organização
Autoridade centralizada. Autoridade descentralizada.
Altos diferenciais de renda. Baixos diferenciais de renda.

Responsabilidade Socioambiental 99

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Dominação sobre a natureza. Harmonia com a natureza.
Ambiente gerenciado como Recursos entendidos como
Ambiente recurso. estritamente finitos.
Poluição e refugo/lixo são Eliminação/gestão de poluição e
externalidades. refugo/lixo.
O marketing age para a educação
O marketing age para o
do ato de consumo.
aumento do consumo.
As finanças atuam para o
As finanças atuam para a
crescimento sustentável de longo
maximização de lucros no curto
prazo.
Funções de prazo.
A contabilidade focaliza os custos
negócios A contabilidade dedica-se a
ambientais.
custos convencionais.
A gestão de recursos humanos
A gestão de recursos humanos
dedica-se a tornar o trabalho
trabalha para o aumento da
significativo e o ambiente seguro
produtividade do trabalho.
e saudável para o trabalho.
Fonte: Shrivastava (1995, p. 118-137).

Na gestão tradicional, a missão corporativa tem uma orientação nacional


e financeira, com o objetivo de satisfazer as demandas de um grupo estreito de
stakeholders, principalmente investidores e clientes e, secundariamente, governo e
comunidades (SHRIVASTAVA, 1995).
A gestão ecocêntrica adota missões corporativas voltadas para questões
ambientais, de longo prazo e globais. O alinhamento das estratégias, estruturas,
sistemas e processos da organização é facilitado por uma visão amplamente
compartilhada (SHRIVASTAVA, 1995).
Nas empresas ecocêntricas, a missão e a visão incluem compromissos
corporativos para (i) minimizar o uso de materiais virgens e formas de energia não-
renováveis; (ii) eliminar as emissões, efluentes e acidentes; (iii) minimizar o custo do
ciclo de vida de produtos e serviços (SHRIVASTAVA, 1995).
Pavan (2013) argumenta que o modelo tradicional de negócios gera custos à
sociedade (externalidades negativas), incluindo danos à saúde e ao meio ambiente
devido à poluição e ao descarte de lixo tóxico. Além disso, proporciona custos
econômicos e produz consequências relacionadas com a pobreza e emissões de gases
de efeito estufa que provoca alterações climáticas.

Reflita

Que repercussões favoráveis a adoção da gestão ecocêntrica traria para a


sociedade, às pessoas e ao meio ambiente?

100 Responsabilidade Socioambiental

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Denominando de Corporação 1920, Pavan (2013) atribui quatro problemas
principais às corporações tradicionais: (i) visão de curto prazo, refletida na busca
infinita por lucros de curto prazo, sem preocupação com os custos sociais de longo
prazo; (ii) caráter efêmero das companhias, manifestado em sua busca por lugares
mais baratos para a produção e o ritmo acelerado de fusões e aquisições, que levaram
ao distanciamento das empresas de suas comunidades locais; (iii) desigualdade na
distribuição da riqueza, exemplificada pela elevada disparidade entre os pacotes de
benefícios do diretor-presidente e do funcionário com salário mais baixo; (iv) falta de
responsabilização, devido à participação acionária diversificada, em que os acionistas
quase não tem voz para influenciar nas decisões da companhia, condição exclusiva
dos conselhos administrativos e gerentes.
No novo tipo de corporação, denominado por Pavan (2013) como Corporação
2020, deve ocorrer um alinhamento de metas com a sociedade possuindo os
mesmos objetivos: aumento no bem-estar, na igualdade social, na harmonia social e
comunitária; diminuição na escassez de recursos ecológicos e de riscos ambientais.
A partir do contexto dos dois modelos organizacionais, as diferenças nas características
fundamentais da Corporação 1920 e da Corporação 2020 são apresentadas no Quadro
20.

Quadro 20 – Características fundamentais da corporação (1920 – 2020)


Características da corporação 1920 Características da corporação 2020
1. Busca determinada por tamanho e escala 1. Metas intimamente alinhadas aos
para conseguir dominar o mercado. objetivos da sociedade.
2. Lobby agressivo para obtenção de 2. Visão da corporação como uma
vantagens regulatórias e competitivas. fábrica de capital.
3. Amplo uso da publicidade, sem qualquer 3. Entendimento do papel da corporação
consideração ética, para influenciar como uma comunidade.
a demanda do consumo e criar uma
demanda nova.
4. Uso agressivo de fundos emprestados 4. Compromisso para desenvolver a
para “alavancar” o investimento feito corporação como um instituto de
pelos acionistas. aprendizado.
Fonte: Pavan (2013).

Ashley e colaboradores (2003) argumentam que o caminho para uma sociedade


sustentável requer uma nova perspectiva sobre os impactos das decisões e ações de
todos os stakeholders1 da empresa, incluindo alguns desafios abordados no Quadro
21.

1
Pessoa ou grupo com participação, investimento ou ações, possuindo interesse em uma determinada
empresa ou negócio.

Responsabilidade Socioambiental 101

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Quadro 21 – Desafios para a responsabilidade social nos negócios
Desafio Características
Considerar aspectos ambientais (responsabilidade ambiental);
Avaliação de econômicos (responsabilidade societária, financeira, comercial
desempenho e fiscal); sociais (ação social da empresa e responsabilidade
trabalhista/previdenciária).
Colocar a empresa como centro e origem da responsabilidade
social, a partir das seguintes premissas:
• buscar a responsabilidade social de todos os indivíduos,
organizações e instituições em suas decisões e ações na
sociedade;
Responsabilidade
• considerar o poder de compra e consumo como fomentador
social
da responsabilidade social nos negócios;
• educação, em todos os níveis e meios, para uma sociedade
sustentável, proporcionando a consciência de vivermos em
uma rede de complexidade com múltiplos e simultâneos
fatores antecedentes e resultantes.
A partir de normas, princípios e valores assumidos e praticados
no cotidiano do trato com seus stakeholders:
• construir relações de confiança;
Transparência
• reger suas relações por normas de conduta;
organizacional
• incentivar e adotar parcerias que agregam valor mutuamente;
• tomar decisões empresariais considerando aspectos
econômicos, ambientais e sociais.
Fonte: elaborado com base em Ashley e colaboradores (2003, p. 35).

Para dar conta dos desafios da responsabilidade social nos negócios, algumas
estratégias são sugeridas para orientar o posicionamento das empresas em sua relação
com os diversos stakeholders, conforme demonstrado no Quadro 22.

Quadro 22 – Estratégias associadas à orientação da empresa para os stakeholders


Orientação Objetivo Visão
Acionistas Maximização do lucro Econômica
Estado/governo Cumprimento das obrigações Jurídica
legais
Empregados Reter e atrair funcionários Da área de Recursos
qualificados Humanos
Comunidade Relacionamento socialmente Assistencialista
responsável com a
comunidade na qual se insere
Fornecedores e Relações comerciais éticas Cadeia de produção e
compradores consumo

102 Responsabilidade Socioambiental

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Publicação de relatórios Balanço social Marketing social
e promoção da marca
Ambiente natural Desenvolvimento sustentável Ambiental
Fonte: Ashley (2003, p. 37).

Pode-se considerar que as orientações, embora com aparente conflito, podem


ser combinadas entre si e o posicionamento particular de cada empresa estará
vinculado com a cultura dos públicos relacionados (ASHLEY et al., 2003). É importante
notar que sob a abordagem da responsabilidade social, as empresas assumem a
condição de possuir um compromisso de prestar contas de seu desempenho, a partir
da utilização de recursos da sociedade.
Melo Neto e Froes (1999) argumentam que a cidadania empresarial pressupõe
a gestão eficaz da responsabilidade social em duas dimensões: o foco no público
interno (responsabilidade social interna) e o foco na comunidade (responsabilidade
social externa), conforme se observa no Quadro 23.

Quadro 23 – Responsabilidade social interna e externa


Responsabilidade social interna Responsabilidade social externa
Público interno
Foco (empregados e seus Comunidade
dependentes)
Educação Educação
Áreas de Salários e benefícios Saúde
atuação Assistência médica, social Assistência social
e odontológica Ecologia
Doações
Programas de RH
Programas de voluntariado
Instrumentos Planos de
Parcerias
previdência complementar
Programas e projetos sociais
Retorno social propriamente
dito
Tipo de Retorno de produtividade
Retorno de imagem
retorno Retorno para os acionistas
Retorno publicitário
Retorno para os acionistas
Fonte: Melo Neto e Froes (1999, p. 89).

O objetivo da responsabilidade social interna é de motivar os empregados e


seus dependentes para otimizar o desempenho, criar ambiente agradável de trabalho
e contribuir para o bem-estar. Já a responsabilidade social externa está vinculada com
o desenvolvimento de ações sociais em benefício da sociedade (MELO NETO; FROES,
1999).

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O Instituto Ethos (2007, p. 3) considera que “[...] a responsabilidade social
empresarial (RSE) implica práticas de diálogo e engajamento da empresa com todos
os públicos ligados a ela, a partir de um relacionamento ético e transparente.”
O Instituto Ethos (2007) utiliza sete temas para nortear a responsabilidade
social empresarial: (i) valores, transparência e governança; (ii) público interno; (iii)
meio ambiente; (iv) fornecedores; (v) consumidores e clientes; (vi) comunidade; (vii)
governo e sociedade.
A partir dos temas, as sete diretrizes da responsabilidade social empresarial
(INSTITUTO ETHOS/SEBRAE, 2003) são aquelas apresentadas e discutidas no Quadro
24, observe as finalidades de cada diretriz apresentada:

Quadro 24 – Diretrizes da responsabilidade social


Diretriz Conceituação
Condutas e decisões cotidianas são resultados de valores e
princípios que uma empresa tem. Ser socialmente responsável
1ª Adote valores é atender às expectativas sociais, com transparência,
e trabalhe mantendo a coerência entre o discurso e a prática. Este
com transparência compromisso serve de instrumento para a existência de um
bom relacionamento da empresa com os públicos com os
quais se relaciona.
2ª Valorize Empresas que valorizam seus funcionários valorizam, na
empregados verdade, a si mesmas. A empresa socialmente responsável
e colaboradores procura fazer mais, além de respeitar os direitos trabalhistas.
Gerenciar com responsabilidade ambiental é procurar reduzir
as agressões ao meio ambiente e promover a melhoria das
condições ambientais. As empresas, de um modo ou de
outro, dependem de insumos do meio ambiente para realizar
suas atividades. É parte de sua responsabilidade social evitar
o desperdício de tais insumos (energia, matérias-primas em
geral e água).
Colocar o lixo em local e forma apropriados (coleta seletiva),
reduzir o barulho na vizinhança, incentivar a economia
3ª Faça sempre mais de energia não são apenas formas de reduzir o impacto
pelo meio ambiente ambiental.
Iniciativas como essas são também fontes geradoras de lucro
e de ganhos de imagem. A conscientização leva a empresa
a desenvolver ações de preservação ambiental. Tal atitude
deve ser sua retribuição pelo uso dos recursos que retira
da natureza e pelos danos que podem ser causados por
suas atividades. Campanhas, bem como a participação em
iniciativas de educação ambiental, são ações que a empresa
pode executar, contribuindo para a melhoria da qualidade
de vida no local em que vivemos.

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Todo empreendimento socialmente responsável deve
estabelecer um diálogo com seus fornecedores, sendo
transparente em suas ações, cumprindo os contratos
estabelecidos, contribuindo para seu desenvolvimento e
incentivando os fornecedores para que também assumam
compromissos de responsabilidade social.
4ª Envolva parceiros e
É importante divulgar seus valores pela cadeia de fornecedores,
fornecedores
empresas parceiras e serviços terceirizados. Pode-se adotar
como critério de seleção de parceiros a exigência de que os
empregados de serviços terceirizados tenham condições de
trabalho semelhantes às de seus próprios funcionários. Enfim,
a empresa deve evitar terceirizar serviços para organizações
nas quais haja degradação das condições de trabalho.
Procedimentos de responsabilidade social no trato com
consumidores e clientes são essenciais.
Desenvolver produtos e serviços confiáveis em termos de
qualidade e segurança, fornecer instruções de uso e informar
sobre seus riscos potenciais, eliminar danos à saúde dos
usuários são ações muito importantes, visto que a empresa
produz cultura e influencia o comportamento de todos.
5ª Proteja clientes e
A empresa socialmente responsável oferece qualidade não
consumidores
apenas durante o processo de venda, mas em toda a sua rotina
de trabalho. Faz parte de suas atribuições promover ações
que melhorem a credibilidade, a eficiência e a segurança dos
produtos e serviços, observando padrões técnicos cabíveis
como, por exemplo, as normas da Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT), as prescrições da Vigilância
Sanitária e o Código de Defesa do Consumidor.
A relação que uma empresa tem com sua comunidade de
entorno é um dos principais exemplos dos valores com
os quais está comprometida. Respeito aos costumes e à
cultura local, contribuição em projetos educacionais, em
ONGs ou organizações comunitárias, destinação de verbas
a instituições sociais e a divulgação de princípios que
6ª Promova sua aproximam seu empreendimento das pessoas ao redor são
comunidade algumas das ações que demonstram o valor que sua empresa
dá à comunidade.
Um entrosamento saudável e dinâmico com os grupos
representativos locais na busca de soluções conjuntas para
os problemas comunitários fará do seu empreendimento
um parceiro da comunidade, reconhecido e considerado
por todos.

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O relacionamento ético com o poder público, assim como o
cumprimento das leis, faz parte da gestão de uma empresa
socialmente responsável. Ser ético, nesse caso, significa
cumprir as obrigações de recolhimento de impostos e
7ª Comprometa-se tributos, alinhar os interesses da empresa com os da
com o bem comum sociedade, comprometer-se formalmente com o combate à
corrupção, contribuir para projetos e ações governamentais
voltados para o aperfeiçoamento de políticas públicas na
área social etc. Em resumo: contribuir decisivamente para o
desenvolvimento de sua região e do país.
Fonte: Instituto Ethos e Sebrae (2003, p. 7-43).

Melo Neto e Froes (1999, p. 96) observam outras vantagens da concepção de


responsabilidade social como um fator competitivo, dentre as quais se destacam:
• ganhos de imagem corporativa;
• popularidade dos seus dirigentes, que se sobressaem como verdadeiros líderes
empresariais com elevado senso de responsabilidade social;
• maior apoio, motivação, lealdade, confiança, e melhor desempenho dos seus
funcionários e parceiros;
• melhor relacionamento com o governo;
• maior disposição dos fornecedores, distribuidores, representantes em realizar
parcerias com a empresa;
• maiores vantagens competitivas (marca mais forte e mais conhecida, produtos mais
conhecidos);
• maior fidelidade dos clientes atuais e possibilidades de conquista de novos clientes.

A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ, 2015), por meio do Modelo de


Excelência da Gestão® (MEG), desenvolve ações para que as organizações brasileiras
promovam a melhoria da sua gestão e desenvolvam-se de forma ética e sustentável,
gerando valor à sociedade, em ambientes cada vez mais voláteis e exigentes, que
pressupõem acessibilidade aos produtos e serviços por todos, disseminação da
educação ambiental em toda a cadeia de valor, recuperação e preservação dos
ecossistemas, incorporação de tecnologias limpas e de baixo impacto ambiental,
reciclagem, reutilização e consumo consciente de recursos renováveis e não renováveis.
De acordo com a FNQ (2015), as organizações que buscam o sucesso de seus
negócios devem ter como premissa o desenvolvimento sustentável, a partir do requisito
básico de investir em sustentabilidade. Você conhece atitudes empresariais que podem
ser implementadas para a condução da gestão sustentável pelas organizações?
Analise, no Quadro 25, alternativas propostas pela FNQ (2015):

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Quadro 25 – Atitudes para implementar a gestão sustentável
Atitudes Ações
Mapear as atividades que podem gerar impactos negativos
ao meio ambiente, para tratá-las de forma planejada,
1. Identificar
estabelecendo metas para eliminar, minimizar ou compensar
impactos
tais consequências. Incluem-se, nos impactos, consumo não
negativos ao
controlado de água, de energia elétrica e de combustível, bem
meio ambiente
como o descarte incorreto de sobras de produção, de lixo, de
lâmpadas fluorescentes, cartuchos de impressora e embalagens.
Estar preparado para eventuais acidentes ou situações de
emergência para evitar ou mitigar seus impactos no meio
2. Prevenir-se ambiente. Uma ação planejada e eficiente ajuda a conter esses
constantemente imprevistos. Recomenda-se realizar treinamentos de situações
emergenciais, documentar e comunicar seus resultados para
saber qual o nível de preparação da empresa para essas ocasiões.
Informar com clareza os possíveis impactos ambientais de seus
3. Comunicar processos, produtos e instalações, assim como as políticas e
a sociedade resultados das ações empreendidas, a fim de ser transparente e
de forma responsável com a sociedade, gerando mais credibilidade. Para
transparente isso, é preciso definir as informações que devem ser divulgadas,
assim como os canais que serão adotados.
É preciso estar ciente da legislação ambiental para a área
onde está localizada. Para assegurar o atendimento às leis,
4. Conhecer a
é importante manter-se atualizado em relação às exigências
legislação
legais aplicáveis aos seus serviços, produtos, processos e às
vigente
instalações. Assim, torna-se mais fácil atuar de forma proativa,
tratar pendências e evitar eventuais sanções.
Empreender iniciativas sustentáveis, de forma voluntária, faz
com que a organização se destaque das demais e construa
uma imagem positiva perante o mercado e a sociedade. Para
5. Contribuir
isso, é interessante desenvolver parcerias para a implantação
para o
ou apoio de ações que contribuam para a solução de grandes
desenvolvimento
problemas mundiais, como o aquecimento global, a redução da
sustentável
camada de ozônio, as mudanças climáticas, a preservação de
ecossistemas, a minimização do consumo de recursos naturais,
a reciclagem e reutilização de materiais, entre outros.

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A ética reflete o comportamento do ser humano, que
age tomando por base os seus valores. Pressupõe que o
comportamento humano seja dirigido para o bem comum.
Quando se pensa em organização, o que se deve levar em conta
são os valores da instituição, porém, não há como dissociar
6. Atuar de forma
os valores dos indivíduos da sua atuação como empresário ou
ética
como colaborador. Os valores e a missão são essenciais para
nortear as metas e a postura de todos, deixando clara a vocação
das organizações de respeitar e beneficiar todos os públicos de
interesse. A disseminação desses valores pode ser feita por meio
de programas de compliance e também por comitês de ética.
Não basta ter líderes que atuem unicamente no dia a dia de
seus trabalhos sem perspectivas para a organização. É preciso
que eles ajam de forma inspiradora, exemplar, realizadora e com
constância de propósito, estimulando as pessoas em torno de
7. Ter lideranças
valores, princípios e objetivos, explorando as potencialidades
transformadoras
das culturas presentes, preparando líderes e interagindo com as
partes interessadas. Além disso, é importante que as lideranças
sejam patrocinadoras e protagonistas da gestão sustentável
dentro e fora de suas organizações.
É primordial projetar e entender diferentes cenários e prováveis
8. Olhar para o tendências e seus possíveis efeitos sobre a organização,
futuro seja a curto ou a longo prazos. Além disso, é preciso avaliar
alternativas e estratégias apropriadas para a empresa.
É comum pensarmos a cadeia de valor de forma fragmentada,
seja considerando a relação com fornecedores de maneira
diferenciada ou desconsiderando a opinião de clientes e
colaboradores, por exemplo. A cadeia de valor deve ser vista
9. Considerar a
como um todo, ou seja, o conjunto de atividades realizadas
cadeia de valor
pela organização deve ser entendido não em partes, mas,
como um todo
sim, como uma única operação do produto final. Isto é, não
devemos pensar a sustentabilidade apenas dentro da empresa.
É importante que tanto os fornecedores como os stakeholders
também sejam considerados no processo.
Fonte: FNQ (2016).

108 Responsabilidade Socioambiental

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Dica

Para saber mais sobre esse assunto, leia o texto a seguir:


O modelo de gestão empresarial e a responsabilidade social
(Elcio Anibal de Lucca* / 21 jun 2004).

Há muito as empresas buscam modelos para definir suas atuações e


estabelecer programas próprios no âmbito da responsabilidade social. Cabe
destacar que as bem-sucedidas experiências empresarias destacadas pela mídia,
sobretudo durante todo o Ano Internacional do Voluntariado, ampliaram a
conscientização de que as empresas são agentes determinantes na iniciativa de
se atenuar as diferenças sociais.
Ao se organizar para um trabalho social, as empresas devem estabelecer
um foco, pois suas atitudes não devem ter como objetivo (ou pretensão) a
substituição das empreitadas de porte macro - que são obrigação do Estado -,
devem representar uma contribuição dirigida às enormes carências da coletividade
e para a preservação do meio ambiente. A falta desse foco pulveriza as ações
sociais da empresa, tornando-as sem vínculos de identificação organizacional e
emocional com seus executores, no caso, os funcionários. Isso pode acabar sendo
entendido apenas como patrocínio, o que desvirtua o sentido da responsabilidade
social.
Foco faz parte do modelo de gestão. Muitas vezes ao abordar temas não
diretamente ligados ao core business da empresa, sobretudo aqueles que
envolvem práticas cidadãs, os administradores não se atentam à necessidade
de um modelo de gestão para tratá-los.
A responsabilidade social não deve ser interpretada como peça à parte do
modelo de gestão da empresa. Deve ser sua extensão.
A uniformidade das práticas de gestão, tanto para os negócios como para
a responsabilidade social, é o que diferencia uma empresa-cidadã, no stricto
sensu, daquelas que praticam atividades sociais sem maiores compromissos. É
transformar e consolidar seus programas sociais em processos, com referenciais
de qualidade, de produtividade, de desempenho e de melhoria contínua, dentre
outros.
A responsabilidade social passa cada vez mais a ser compreendida como
estratégia empresarial. A multivariedade de suas formas facilita a adequação e
a conformidade com o modelo de gestão praticado e a cultura organizacional,
considerados também os valores compartilhados.
Um modelo sustentável de responsabilidade social é aquele que a empresa
define em seu planejamento estratégico, pois a empresa-cidadã incorpora o
relacionamento com seus stakeholders, com a comunidade em geral e a defesa
do meio ambiente no cotidiano de suas atividades. É a cidadania empresarial
fundamentada no comprometimento organizacional.
Para ilustrar a importância crescente da responsabilidade social, os Critérios
de Excelência do Prêmio Nacional da Qualidade dedicam um tópico de avaliação

Responsabilidade Socioambiental 109

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exclusivo para o tema? Interação com a sociedade? Assim, como parte do modelo
de gestão, a responsabilidade social deve buscar a excelência.
Dessa forma, a criação de mecanismos que permitam dimensionar e comparar
as ações sociais corporativas, por meio de indicadores, é uma tendência que
reforça a qualidade dos modelos de gestão.
A prática da cidadania empresarial deve ser estruturada e ao mesmo tempo
funcional, o que amplia a sinergia com o negócio da empresa, une competências
e otimiza recursos.
A profissionalização do terceiro setor é uma realidade. As universidades mais
renomadas do País estão lançando cursos de formação de gestores para o
segmento, buscando capacitá-los para agir de modo empresarial sobre os
recursos disponíveis.
Como há longo tempo ocorre nos países mais desenvolvidos, de forma
consistente e sistêmica, a cidadania empresarial brasileira está expandindo sua
contribuição para a redução das disparidades sociais, que deve ser administrada
com competência, qualidade e visão gerencial para garantir a regularidade das
ações comunitárias e assistir parcela maior da população socialmente excluída.
Essa conduta aliada aos projetos governamentais, caracteristicamente de maior
envergadura, formam a estratégia mais sensata para o resgate da dívida social.

*Elcio Anibal de Lucca é membro do Conselho Fiscal do Instituto Akatu e


presidente da Serasa.

Fonte: Instituto Akatu. 2004. Disponível em: <http://www.akatu.org.br/Temas/


Sustentabilidade/Posts/O-modelo-de-gestao-empresarial-e-a-responsabilidade-social>.
Acesso em: 20 nov. 2016.

Síntese

Nesta unidade pudemos observar e compreender as possibilidades


de inserção da responsabilidade socioambiental no modelo de gestão
organizacional, bem como os desafios e as estratégias das organizações frente
aos  stakeholders e ao cenário mercadológico. Além disso, vimos o papel da
responsabilidade social interna e externa e as suas diretrizes, bem como, as
atitudes para implementar a gestão sustentável no ambiente organizacional,
otimizando o desempenho social e ambiental. A adoção de boas práticas e ações
socioambientais permitem às organizações agregarem vantagens competitivas
a partir da responsabilidade social, destacando-se no ambiente organizacional.  

110 Responsabilidade Socioambiental

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Para assistir...

Veja também o vídeo Sustentabilidade como fator estratégico na empresa:


https://www.youtube.com/watch?v=QwodJ87SyHw.

Para ler...

Para saber mais sobre o tema fique com nossa sugestão de leitura:

ROCHA, V. A. G. A.; SILVEIRA, L. C.; WANDERLEY, L. S. O.; FRANÇA, N. R. C.


Responsabilidade social empresarial (RSE) e alinhamento estratégico: análise da
centralidade e especificidade em práticas sociais empresariais. RGSA – Revista
de Gestão Social e Ambiental, v. 2, n. 1, p. 3-18, 2008. Disponível em: <https://
www.revistargsa.org/rgsa/article/view/58/29>.

REFERÊNCIAS

ASHLEY, P. A. et al. (Coord.). Ética e responsabilidade social nos negócios. São


Paulo: Saraiva, 2003.

FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE. Gestão sustentável. Disponível em:


<http://www.fnq.org.br>. Acesso em: 22 nov. 2016.

INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL. Indicadores Ethos


de Responsabilidade Social Empresarial 2007. São Paulo: Instituto Ethos, 2007.
Disponível em: <http://www3.ethos.org.br>. Acesso em: 22 nov. 2016.

INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL / SERVIÇO


BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE).
Responsabilidade Social Empresarial para Micro e Pequenas Empresas – Passo
a Passo. São Paulo: Instituto Ethos/Sebrae, 2007. Disponível em: <http://www3.
ethos.org.br>. Acesso em: 22 nov. 2016.

MELO NETO, F. P.; FROES, C. Responsabilidade social & cidadania empresarial. A


administração do Terceiro Setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.

PAVAN, S. Corporação 2020: como transformar as empresas para o mundo de


amanhã. Planeta Sustentável, 2013.

SHRIVASTAVA, P. Ecocentric management for a risk society. Academy of


Management Review, v. 20, n. 1, p. 118-137, 1995.

Responsabilidade Socioambiental 111

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Anotações

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Anotações

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Anotações

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Unidade 7
Melhores práticas de responsabilidade
socioambiental

Objetivo:
• Apresentar o contexto das práticas de
responsabilidade socioambiental e os modelos
utilizados pelas empresas visando a otimização
na utilização dos recursos naturais.

Conteúdo programático:
• Práticas de responsabilidade socioambiental;
• Produção mais limpa;
• Ecodesign;
• Normas ambientais e a competitividade.

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Faça aqui seu planejamento de estudos

116 Responsabilidade Socioambiental

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1 MELHORES PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

O desenvolvimento sustentável é uma preocupação crescente, tanto para a


população como para as empresas. Os consumidores e investidores tem voltado sua
atenção para produtos e serviços de empresas que não agridem ao meio ambiente, o
que contribui para incentivar o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis
(RIBEIRO; RESENDE; DALMÁCIO, 2008).
A adoção individual ou coletiva de práticas em benefício da comunidade e do
meio ambiente visam melhorar a qualidade de vida das pessoas, a viabilização do
desenvolvimento sustentável e a garantia de mais igualdade social e menos danos ao
meio ambiente (INSTITUTO CHICO MENDES, 2016).
A responsabilidade social é a preocupação que as entidades têm com o
desenvolvimento sustentável, em dimensões econômicas, sociais e ambientais.
Além disso, a responsabilidade social deve ser convergente com as estratégias de
sustentabilidade de longo prazo, o que inclui cuidados com os efeitos favoráveis
e desfavoráveis, ocasionados pelas atividades realizadas na comunidade em que a
empresa está inserida, que se aplicados de forma estratégica trarão benefícios, não
apenas para a sociedade, mas também à empresa (MAZZIONI; DI DOMENICO; ZANIN,
2010).
As práticas de responsabilidade socioambiental contribuem para a criação de
processos responsáveis e na imagem da organização perante a sociedade (GOMES;
MORETTI, 2007). Porém, é necessário a adaptação por parte das empresas para atender
as exigências de diferentes grupos sociais, como fornecedores, clientes e parceiros,
pois, estas práticas podem causar reflexos na gestão e na maneira como as empresas
informam sua interação com o meio ambiente (ROVER et al., 2009).
O Instituto Ethos (2016) relata que as práticas sociais e ambientais, paralelas
à gestão e ao serviço público, têm demonstrado sua capacidade de influência no
desenvolvimento da sociedade, seja pelos impactos no ato produtivo ou na geração
de riquezas. Além disso, o Instituto Ethos ressalta que: “Empresas cujos valores são
percebidos como positivos pela sociedade tendem a ter uma vida longa. Do contrário,
tornam-se frágeis, sem competitividade e ficam suscetíveis a riscos de imagem e
reputação.” (ETHOS, 2016).
As práticas de responsabilidade socioambiental realizadas e evidenciadas
demonstram a preocupação da empresa para o impacto que suas atividades geram
no meio ambiente e na sociedade em que está inserida. E você sabe indicar quais
seriam as práticas sustentáveis mais utilizadas pelos gestores no Brasil?
Veja, no Quadro 25, as doze práticas sustentáveis selecionadas nas grandes
empresas brasileiras, com suas respectivas definições.

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Quadro 25 – Práticas sustentáveis e suas respectivas definições
Identifica se a empresa considera aspectos
Alinhamento das práticas socioambientais na formulação da sua estratégia
1 de RSC à estratégia global, sendo tais aspectos relevantes na práxis, em
organizacional todos os níveis da organização e não somente um
adendo às estratégias já em uso.
Mede se a empresa fornece treinamento sobre o
Realização de programas meio ambiente para algum tipo de stakeholder,
2
de educação ambiental como funcionários e comunidades locais, entre
outros.
Implementação de Está relacionada às atividades ambientais
3 projeto ambiental para o desenvolvidas para os atores externos à empresa,
público externo tais como a comunidade e outros stakeholder.
Divulgação de Indica se a empresa informa suas atividades
4 práticas de RSC para a socioambientais para os diversos stakeholders,
comunidade evidenciando a transparência de suas ações.
Avalia se as empresas utilizam fontes de energia
Utilização de fontes de
5 renováveis, tais como biomassa, energia solar,
energia renováveis
biocombustível, hidrogênio, entre outras.
Realização de ações de
Verifica se a empresa desenvolve campanhas de
conscientização dos
6 conscientização dos seus funcionários quanto a
funcionários quanto ao
utilização consciente de água e energia.
uso de insumos básicos
Indica se as empresas possuem programas
Uso eficiente de insumos
7 estruturados para o adequado consumo de insumos
básicos
básicos.
Mostra se as empresas adotam a auditoria
Realização de auditorias
8 interna como maneira de fomento às atividades
socioambientais internas
socioambientais.
Indica se as empresas empregam práticas de reuso,
Incentivo a atividades de
9 reciclagem, redução e disposição final de resíduos
ecoeficiência
sólidos e efluentes.
Monitoramento dos Indica se as empresas controlam sistematicamente
10
níveis de poluição seus efluentes e resíduos sólidos.
Indica se a empresa possui unidades de tratamento
Adoção de tecnologias
11 de efluentes e emprega processos para reduzir os
end-of-pipe
impactos ambientais advindos dos resíduos sólidos.
Responsabilização pelo
passivo ambiental,
Diz respeito ao lançamento dos passivos ambientais
12 reconhecidamente
nos balanços publicados pelas empresas.
provocado pelas ações
da empresa
Fonte: Sinay, Sinay e Araújo (2014).

118 Responsabilidade Socioambiental

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As práticas apresentadas no Quadro 25 foram selecionadas no período de 2008
e 2011, considerando amostras de 767, 835, 754 e 640 empresas, respectivamente. O
Quadro 26 demonstra as práticas das três melhores colocadas no prêmio Benchmarking
Brasil, que se consolidou como um dos mais respeitados Selos de Sustentabilidade
do país que reconhece, certifica e compartilha as melhores práticas socioambientais
das instituições brasileiras.

Quadro 26 – Boas práticas socioambientais destaques no Bechmarking Brasil


Empresa Case
1º Itaipu Biodiversidade nosso patrimônio: O programa compreende ações
permanentes e integradas de proteção da diversidade biológica
regional, atuando no modelo de gestão participativa com órgãos de
governo e sociedade civil organizada. São ações de grande repercussão
a formação de extensas áreas florestais para a proteção do reservatório
e formação de corredores ecológicos, a implantação de três refúgios
biológicos, a construção de três viveiros de mudas florestais e um
centro de pesquisa e reprodução de animais silvestres, a implantação
de um canal de transposição da barragem que possibilitou o fluxo
migratório de peixes, solução que representa um marco na política
de proteção da biodiversidade no setor hidrelétrico. No contexto
regional, a empresa monitora a qualidade da água do reservatório e
de seus afluentes, participa da recuperação de áreas de preservação
permanente, incentiva o turismo ecológico e o uso múltiplo do
reservatório, incluindo a aquicultura. A educação ambiental integra,
de maneira transversal, todas as ações da empresa.
2º CEAGESP Reduzindo o desperdício: A Empresa tem como principal objetivo
receber, selecionar e distribuir diariamente excedentes da
comercialização atacadista, em geral oriundos de produtores e
comerciantes locais, que, por razões variadas, estão fora do padrão
para a comercialização, mas adequados ao consumo humano. Tem
como visão ser referência em Bancos de Alimentos e distribuir o maior
número de doações para as entidades do estado de SP. Constituem-
se beneficiários do A Empresa, as entidades públicas/privadas e
associações que operem atendendo gratuitamente em todas as
circunstâncias, com alimentos ou refeição a pessoas em situação de
insegurança alimentar. Atualmente o BCA atende aproximadamente
150 entidades cadastradas e ativas. A arrecadação das doações
acontece por meio da coleta de frutas, legumes e verduras junto aos
permissionários que diariamente dispõem de alimentos excedentes
de safras e da comercialização diária, de apreensões, etc.

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3º CAIXA Geração de renda e energia: O Projeto Geração de Renda e Energia foi
implementado em duas comunidades do Programa MC em Juazeiro/
BA visando melhorar a renda e o espírito de cooperativismo dos 4.000
moradores do empreendimento, a partir da geração de energia solar
e eólica. Desde o início do funcionamento dos sistemas de Geração
de energia, em fev.2014, até 11 de abril de 2016, foram gerados
7,560 GWh de energia elétrica. Volume suficiente para alimentar 75
mil residências com consumo médio de 100 KWh. De cada R$100 de
receita com a energia vendida, R$60,00 são destinados aos moradores
em situação regular no Programa MC; R$30 para fundo destinado a
investimentos de melhorias das áreas de uso comum dos condomínios
e R$10 custeiam as despesas de manutenção destes. Além dos ganhos
financeiros para os moradores, o Projeto viabilizou o sentimento de
“pertencimento” e cidadania que podem ser percebidos pelos relatos
e práticas desenvolvidas nas comunidades.
Fonte: Benchmarking Brasil (2016).

Com metodologia própria reconhecida pela ABNT, o programa Benchmarking


Brasil já certificou 356 práticas, de 187 instituições de 26 diferentes ramos de
atividades, sendo que, até o momento, aproximadamente 200 especialistas de mais
de 20 diferentes países participaram da comissão técnica que selecionou e certificou
os cases empresariais.
Em aspecto internacional, destaca-se que duas companhias brasileiras integram
a nova edição do The Global, entre as 100 empresas mais sustentáveis do mundo no
ano de 2016, a Natura (61ª) e o Banco do Brasil (75ª). O levantamento foi criado em
2005 e é anunciado, anualmente, durante o Fórum Econômico Mundial, aonde são
selecionadas empresas de todos os setores, com base em 12 indicadores principais:
energia; emissões de carbono; consumo de água; resíduos sólidos; capacidade de
inovação; pagamentos de impostos; a relação entre o salário médio do trabalhador
e o do CEO, planos de previdência corporativos, segurança do trabalho, percentual
de mulheres na gestão e o chamado “bônus por desempenho”. A líder da lista é a
BMW, que estava em sexto lugar no ano passado. A empresa marcou mais de 80
por cento nos 12 principais indicadores, com performances notáveis nas áreas de
energia, resíduos e redução no uso de água, além de uma nota máxima em “bônus
por desempenho” (REVISTA EXAME, 2016).
Ainda, o Guia Exame de Sustentabilidade Empresarial realiza todo ano a
seleção de melhores práticas de responsabilidade corporativa, desde o ano 2000, e a
metodologia usada para avaliar as empresas, que voluntariamente decidem participar
da pesquisa, é elaborada pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação
Getúlio Vargas (GVces), instituição que é referência no tema no país. Em 2016, a
empresa Klabin foi eleita como “Empresa Sustentável do Ano” (GUIA EXAME DE
SUSTENTABILIDADE, 2016).
Pode-se dizer que as empresas passaram a inserir em suas prioridades, além do
lucro, práticas de ações de responsabilidade social e sustentabilidade como forma de
potencializar seu desenvolvimento, visando garantir sua permanência no mercado.

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Dentre estas, podem-se destacar a preocupação com a redução de recursos naturais,
redução de resíduos causados pela produção ou produtos, bem como a preocupação
com impactos ambientais no meio em que estão inseridas.

Saiba mais

Para se aprofundar neste tema, leia o artigo: DI DOMENICO, D.; MAZZIONI,


S.; GUBIANI, C. A.; KRONBAUER, N. B.; VILANI, L. Práticas de responsabilidade
socioambiental nas empresas de capital aberto de Santa Catarina listadas na
BM&FBOVESPA. Revista Catarinense da Ciência Contábil, v. 14, n. 42, p.
70-84, 2015. Disponível em: <http://revista.crcsc.org.br/revista/ojs-2.2.3-06/
index.php/CRCSC/article/view/2106/1855>.

Você também pode assistir ao vídeo sobre o que é responsabilidade social em:
https://www.youtube.com/watch?v=yal_8JTxwK4.

1.1 Produção Mais Limpa (PmaisL)

O final do século XX apresentou uma gradativa compreensão de que a eficiência


na prevenção da contaminação pode ir além de evitar problemas ambientais, mas
também resulta no aumento da competitividade. A Produção Mais Limpa está entre
os conceitos mais discutidos pelas organizações e constitui um dos mecanismos que
fortalecem o sistema de gestão ambiental das empresas, visando a redução de resíduos
(DIAS, 2011).
Pode-se destacar os seguintes procedimentos da Produção Mais Limpa:

Quanto aos processos de produção: conservando as matérias-primas e a


energia, eliminando aquelas que são toxicas e reduzindo a quantidade e a
toxidade de todas as emissões e resíduos.
Quanto aos produtos: reduzindo os impactos negativos ao longo do ciclo de
vida do produto, desde a extração das matérias-primas até sua disposição
final, através de um design adequado aos produtos.
Quanto aos serviços: incorporando as preocupações ambientais no projeto
e fornecimento de serviços. (DIAS, 2011, p. 146).

Desde a década de 1980, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA) e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial
(ONUDI), estão em busca de mecanismos para a construção de um modelo mais
limpo de crescimento econômico. Mas foi em 1990 que o PNUMA definiu o conceito
de Produção Mais Limpa, aonde as empresas devem levar em consideração todas as
etapas da cadeira produtiva e o ciclo de vida dos produtos na hora de avaliar seu
desempenho, não deixando de lado as tecnologias de produção (PEARSON, 2011).

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A Produção Mais Limpa pode ainda ser definida como “[...] uma estratégia
ambiental, de caráter preventivo, aplicada a processos, produtos e serviços
empresariais, que tem como objetivo a utilização eficiente de recursos e a diminuição
de seu impacto negativo no meio ambiente.” Destaca-se que a Produção Mais Limpa
não atinge apenas a etapa final de produção no tratamento dos resíduos, mas visa
prevenir a produção de resíduos na fonte, o que gera um processo mais eficaz no
processo produtivo (DIAS, 2011, p. 146).
Para colocar em prática a Produção Mais Limpa, as empresas necessitam de
uma série de medidas, como eficiência energética, consumo racional dos recursos,
além de técnicas de aproveitamento, conforme apresenta a Figura 9.

Figura 9 – Estratégicas para prevenção da poluição

Fonte: Pearson (2011).

O PNUMA e a ONUDI, agências executivas que coordenam os Centros Nacionais


de Produção Mais Limpa, funcionam em dez países, são eles: China, Hungria, Índia,
México, República Eslovaca, República Tcheca, Tanzânia, Tunísia, Zimbábue e o Brasil.
Estes centros são responsáveis pela difusão das práticas de produção mais limpa que
auxiliem as empresas na realização de projetos de prevenção da poluição, capacitação
de pessoal e repasse de demais informações (BARBIERI, 2004).
No Brasil, o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL) do SENAI do Rio
Grande do Sul, responsável pelas orientações de implantação de Produção Mais Limpa,
ressalta que existem algumas práticas preferíveis, mas entre as mais vantajosas está
a redução de resíduos na fonte. A Figura 10 demonstra os três níveis de prioridades
da abordagem preventiva criados pelo CNTL.

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Figura 10 – Prioridades da abordagem preventiva

PRODUÇÃO MAIS LIMPA

Minimização de Reutilização de
resíduos e emissões resíduos e emissões

Nível 1 Nível 2 Nível 3

Redução na Reciclagem Reciclagem Ciclos


fonte interna externa biogênicos

Modificação Modificação
Estruturas Materiais
no processo no produto

Substituição
Modificação
Housekeeping de matérias-
de tecnologia
primas
Fonte: Pearson (2011, p. 289).

As medidas do nível 1 representam a redução do desperdício e da poluição,


que é o objetivo central da Produção Mais Limpa, que além de reduzir a geração de
resíduos na fonte, diminui os custos com o tratamento e descarte dos mesmos. Já
o nível 2 envolve a reciclagem interna e, por fim, o nível 3 a reciclagem externa e os
ciclos biogênicos. As práticas de housekeeping (do inglês) significam arrumação da
casa, ou seja, engloba atividades de sistematização e otimização.
O guia da produção mais limpa elaborado pelo Conselho Empresarial Brasileiro
para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) (2016), relata que, por meio da realização
de balanços de massa e de energia, para avaliar processos e produtos, é possível
identificar oportunidades de melhorias que levam em conta aspectos técnicos,
ambientais e econômicos, que visam à redução dos impactos ambientais e o aumento
da eficiência dos processos, juntamente com benefícios ambientais e econômicos para
as empresas.
De acordo com o Sebrae (2004, p. 7), a aplicação do conceito de produção
mais limpa envolve as seguintes etapas:

1. comprometimento da direção da empresa;


2. sensibilização dos funcionários;
3. formação do ecotime;
4. estabelecimento das metas da PmaisL;
5. pré-avaliação;
6. elaboração de fluxogramas;
7. avaliação de entradas e saídas;

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8. definição de indicadores;
9. avaliação de dados coletados;
10. identificação de barreiras;
11. seleção do foco de avaliação e priorização;
12. elaboração dos balanços de massa e de energia;
13. avaliação das causas de geração dos resíduos;
14. geração das opções de PmaisL;
15. avaliação técnica, ambiental e econômica;
16. seleção da opção;
17. implementação das opções;
18. elaboração do plano de monitoramento e continuidade.

Ao longo da última década, devido às pressões de ONGs, consumidores, clientes,


fornecedores, investidores e novos instrumentos de políticas públicas, o conceito de
produção mais limpa foi ampliado e passou a incorporar questões sociais que estavam
relegadas em relação às ambientais. Também contribuíram para isso as crescentes
preocupações com o ritmo de produção e consumo que está ultrapassando os limites
da capacidade do planeta. Por outro lado, pode-se dizer que o setor produtivo mais
competitivo está ampliando as discussões sobre o ciclo completo dos produtos,
visando a busca pela sustentabilidade na produção de bens e serviços, o que engloba
a produção e o consumo, devido a relação de dependência entre as duas dimensões
(MMA, 2016).
Observa-se a aplicação de práticas ambientais sustentáveis como uma
forma de adquirir vantagens competitivas. Além disso, fatores sociais (exigências
dos consumidores e ações de entidades não-governamentais), fatores econômicos
e políticos (imposição de restrições e multas e novas legislações) e a sociedade
exercem pressões no que se refere a preservação dos recursos naturais, porém, o
desconhecimento sobre os custos e benefícios muitas vezes leva as empresas a não
aprimorar sua gestão ambiental (MEDEIROS et al., 2007).

DECLARAÇÃO INTERNACIONAL SOBRE PRODUÇÃO MAIS LIMPA

Reconhecemos que atingir o Desenvolvimento Sustentável é uma responsabilidade


coletiva. As ações para melhorar o ambiente global devem incluir a adopção de práticas
de produção e consumo mais sustentáveis.
Reconhecemos que a Produção Mais Limpa e outras estratégias preventivas tais como
a Eco-eficiência, Produtividade Ambiental e a Prevenção da Poluição são as opções
preferíveis requerendo o desenvolvimento, apoio e implementação de políticas e práticas
adequadas. Entendemos a Produção Mais Limpa como a aplicação continuada de uma
estratégia preventiva integrada aplicada a processos, produtos e serviços com vista a
reduzir os riscos para a saúde humana e ambiente e a conseguir benefícios económicos
para as empresas.
Com este propósito comprometemo-nos a:
LIDERANÇA utilizando a nossa influência: para encorajar a adopção da Produção
Mais Limpa e práticas sustentáveis de consumo através das nossas relações com os
“stakeholders”.

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CONSCIENCIALIZAÇÃO, EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO construindo a capacidade básica em
Produção Mais Limpa: desenvolvendo e conduzindo programas de consciencialização,
educação e treino para facilitar a prática dentro da nossa organização; · encorajando
a inclusão dos conceitos e princípios nos currículos educacionais de todos os níveis.
INTEGRAÇÃO encorajando a integração das estratégias preventivas: a todos os níveis
da nossa organização; através de sistemas de gestão ambiental e de instrumentos tais
como a avaliação do desempenho ambiental e Produção Mais Limpa, avaliação de
impactes ambientais, e avaliação do ciclo de vida dos produtos.
INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO criando soluções inovadoras: promovendo uma
mudança de prioridade das abordagens de fim-de-linha para estratégias preventivas nas
nossas políticas e atividades de I&D; · através do desenvolvimento de produtos e serviços
que sejam ambientalmente eficientes e satisfaçam as necessidades dos consumidores.
TRANSPARÊNCIA partilhando as nossas experiências em Produção Mais Limpa:
estimulando e promovendo o diálogo na implementação desta estratégia; · através da
comunicação dos benefícios aos “stakeholders” externos.
IMPLEMENTAÇÃO atuando para adoptar a Produção Mais Limpa: com melhorias
continuadas, fixando objetivos ambiciosos e reportando regularmente os progressos
através de sistemas de gestão estabelecidos; · encorajando investimentos e financiamentos
novos e adicionais em opções de tecnologias preventivas, e promovendo a cooperação
e transferência de tecnologias mais limpas entre países; · através de trabalho conjunto
com a UNEP e outros parceiros e “stakeholders” apoiar esta declaração e analisar o
sucesso da sua implementação.

Fonte: “Declaração Internacional Sobre Produção Mais Limpa”. Disponível em:


http://www.unep.fr/scp/cp/network/pdf/portuguese.pdf.

Dica

Veja o vídeo sobre a Produção Mais Limpa:


https://www.youtube.com/watch?v=j1F76g7wIAY.

1.2 Ecodesign

O Ecodesign está relacionado com o charme entre os designers e projetistas em


geral e seu objetivo é buscar matérias-primas recicláveis ou materiais reaproveitáveis
disponíveis e desenvolver produtos que viabilizem futuros reaproveitamentos.
Geralmente, o Ecodesign está relacionado ao aproveitamento de materiais e resíduos,
porém, é fundamental incluir no ciclo de vida destes produtos que os materiais
com possibilidade de reutilização empregados podem ser viabilizados em termos
econômicos (NAIME; ASHTON; HUPFFER, 2012).

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O conceito de produtos com possibilidades de reaproveitamento já é valorizado
pelos consumidores e grande parte das empresas estão adotando a prática na medida
em que verificam a nova percepção dos clientes, que atribuem valor a iniciativa. Pode-
se definir reaproveitamento como “[...] a utilização do material no estado em que se
encontra, enquanto a reciclagem envolve nova industrialização ou transformação do
material através de novos processos objetivando atingir uma meta.” (NAIME; ASHTON;
HUPFFER, 2012, p. 2).
Pode-se relacionar ainda a ideia de verificar nas primeiras fases dos produtos a
possibilidade do descarte de materiais e os estudos de viabilidade de reaproveitamento,
para que ao término da vida útil não seja improvisando soluções, ou seja, tudo deve
ser pensado e planejado antes do próprio lançamento do produto. Alguns países mais
desenvolvidos, que já adotam certificação ambiental, exigem que na concepção das
ideias para fabricação dos produtos seja pensado, planejado e projetado as formas
de como os materiais deverão ser reutilizados em condições econômicas quando
concluído o ciclo de vida do produto ao qual está sendo inserido (NAIME; ASHTON;
HUPFFER, 2012).
A análise do ciclo de vida dos produtos envolve a redução no uso dos recursos
naturais e da geração de resíduos, para tanto, é necessário a interação do designer
com outros profissionais em todas as etapas dos produtos, e este ciclo precisa ser
revisto continuamente. Entre as estratégias mais promissoras está o Sistema Produto-
Serviço (PSS), que representa um dos passos para a produção mais limpa e envolve
na sua implantação as empresas e o governo. O Quadro 27 apresenta as dificuldades
e vantagens de implantação do PSS, observe:

Quadro 27 – Dificuldades e vantagens de implantação do PSS


Sociedade Dificuldades: Vantagens:
Necessidade de mudança cultural, Menores custos e problemas
a fim de que os consumidores associados à compra, ao uso, à
prefiram serviços a produtos; manutenção e à eventual troca
Promoção de estilos de vida pela de produtos; Aprimoramento da
mídia, baseados na acumulação, qualidade ambiental.
consumo, status, luxo, competição;
Carência de informação clara por
parte dos consumidores para
decidir sobre os PSS ou não;
Análise do ciclo de vida com a
classificação de produtos pode ser
uma ferramenta útil.

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Empresas Dificuldades: Vantagens:
Pouca experiência e conhecimento Mais oportunidades de inovação
no desenvolvimento de sistemas e desenvolvimento de mercados;
de serviços ao invés de produtos; Incremento na eficiência de
Mudança na forma de julgamento operações; Relações mais estáveis, de
e mensuração de resultados longo prazo com os consumidores;
baseados em dados; Necessidade Aprimoramento da identidade
de equipe de serviços experiente. corporativa; Melhor retorno nas
necessidades dos consumidores.

Governo Dificuldades: Vantagens:


Falta de experiência e conhecimento Menor necessidade de gerenciamento
ligado ao tema; Necessidade de de resíduos vindos do setor doméstico
revisão de aspectos legislativos. e de manufatura; Economia mais
sustentável baseada em altos
níveis de serviços; Incremento em
empregos, particularmente no setor
de serviços.

Ambiente Dificuldades: Vantagens:


Os PSS devem ser desenvolvidos caso Estímulo à ecoeficiência: O produto
a caso; Pode haver efeito contrário pode tornar-se fator de custo ou
( rebound effect ) ou resultados de lucro para o produtor, e há o
abaixo da expectativa; Algumas estímulo na criação de produtos
vezes produtos sustentáveis são mais duráveis, reparo, concentração
mais desejáveis. dos resíduos com maior controle
e processamento se comparado
o nível doméstico; A emissão de
resíduos otimizada; A economia de
escala pode permitir processos mais
eficientes e permitir investimentos
em tecnologias mais inovadoras.
Fonte: adaptado de Martins e Sampaio (2006).

Para a implantação do PSS, cabe às empresas desenvolver modos sustentáveis


de estimular as vendas e a competitividade, para o governo consiste em manter a
economia forte e o desenvolvimento saudável, e para a comunidade optar pela compra
de produtos responsáveis sem afetar o meio ambiente (MARTINS; SAMPAIO, 2006).
O Ecodesign proporciona à empresa uma forma de realizar inovações de forma
sistemática, visando eliminar problemas antecipadamente (MARTINS et al., 2011).
Os princípios para a implantação do ecodesign foram definidos pelo Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e compreendem oito fases:

- no nível base, o desenvolvimento de novos conceitos;


- no nível 1, a seleção de materiais de baixo impacto;
- no nível 2, a redução de materiais;

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- no nível 3, a otimização das técnicas de produção;
- no nível 4, a otimização dos sistemas de transporte;
- no nível 5, a redução do impacto de uso;
- no nível 6, a otimização do tempo de vida útil; e
- no nível 7, a otimização do fim da vida útil. (MARTINS et al., 2011, p. 894).

A partir da aplicação destes princípios, é necessário definir estratégias que


contribuam para a avaliação das práticas empresariais frente às questões ambientais,
como também para possibilitar uma melhoria no desempenho ambiental dos produtos.
O PNUMA enveredou esforços nesse sentido e desenvolveu a denominada Teia das
Estratégias de Ecodesign, conforme demonstra a Figura 11.

Figura 11 - Teia das Estratégias de Ecodesign
NÍVEL DE SISTEMA DO @Desenvolvimento de
PRODUTO Novo Conceito
NÍVEL DE COMPONENTE DO
PRODUTO
7 Otimização do sistema de @ 1 Desmaterialização do produto;
vida útil @ 2 Uso compartilhado do produto;
1. Seleção de materiais de baixo
@ 3 Integração de funções;
impacto
7.1 Reutilização do Produto; @ 4 Otimização funcional do produto
7.2 Recondicionamento e ou componente.
1.1 Materiais não agressivos;
remanufatura;
1.2 Materiais renováveis;
7.3 Reciclagem de materiais; @ 1.3 Materiais reciclados;
7.4 Incineração limpa;
1.4 Materiais de baixo conteúdo
7.5 Reaproveitamento energético. 7 1 energético;
1.5 Materiais recicláveis.
6 Otimização do tempo e
vida do produto
2. Redução de uso de Materiais
6.1 Confiabilidade e durabilidade; 6 2 2.1 Redução de peso;
6.2 Fácil manutenção e reparo;
2.2 Redução de volume;
6.3 Estrutura modular do produto;
2.3 Racionalização de transportes.
6.4 Utilizar design clássico, no
sentido de estilo;
6.5 Zelo do usuário com o produto. 5 3

5 Redução do impacto ambiental NÍVEL DE ESTRUTURA


3. Otimização das técnicas de
no nível de usuário DO PRODUTO
produção
5.1 Assegurar o baixo consumo
energético; 3.1 Técnicas de produção alternativas;
5.2 Uso de fontes de energias mais 4. Sistema de Distribuição Eficiente 3.2 Redução de etapas de processo de
limpas; produção;
5.3 Uso racional e redução de 4.1 Redução e uso racional de 3.3 Redução do consumo e uso
insumos durante a aplicação; embalagens; racional de energia;
5.4 Utilizar insumos limpos; 4.2 Uso de embalagens mais limpas; 3.4 Uso de energia mais limpa;
5.5 Prevenir desperdícios através do 4.3 Uso de sistemas de transporte 3.5 Redução de geração de refugos/
design. eficientes; resíduos;
4.4 Logística eficiente. 3.6 Redução e uso racional de
insumos de produção.

Fonte: Hemel e Cramer (2002).

Pode-se observar, por meio da Figura 11, que as estratégias estão presentes
nos níveis de componentes dos produtos, que envolve a seleção de materiais de
baixo impacto; na redução do uso de materiais; no nível de estrutura, englobando
otimização das técnicas de produção, sistema de distribuição eficiente e redução do
impacto ambiental no nível do usuário; e no nível de sistema do produto, que visa a
otimização do sistema de vida útil e redução do impacto ambiental ao nível do usuário.

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Para cada estratégia podem ser consideradas algumas variáveis que contribuem
para aumentar o desempenho ambiental dos produtos:

Do ponto de vista ambiental, as estratégias do ecodesign possibilitam a


implantação de técnicas para minimizar os impactos ambientais ao longo de
todo o ciclo de vida do produto, necessitando de avaliações em cada nível
de estratégia e em cada técnica utilizada, para que suas práticas possam ser
úteis na otimização de produtos e aumente a eficiência do processo. Com
a aplicação dessas estratégias é possível reduzir o impacto que os produtos
oferecem ao meio ambiente, além disso, busca-se reduzir os custos dos
produtos com base nos conceitos de produtividade da produção. (MARTINS
et al., 2011, p. 895).

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) ressalta alguns princípios do ecodesign


que já estão sendo incorporados pelas indústrias:

• Escolha de materiais de baixo impacto ambiental: menos poluentes, não


tóxicos, de produção sustentável ou reciclados, ou ainda que requeiram
menos energia na fabricação;
• Eficiência energética: minimização do consumo de energia para os processos
de fabricação;
• Qualidade e durabilidade: produtos mais duráveis e que funcionem melhor,
a fim de gerar menos lixo;
• Modularidade: objetos com peças intercambiáveis, que possam ser trocadas
em caso de defeito, evitando a troca de todo o produto, o que também gera
menos lixo;
• Reutilização/Reaproveitamento: projetar produtos para sobreviver ao seu ciclo
de vida, podendo ser reutilizados ou reaproveitados para outras funções após
seu primeiro uso. (MMA, 2016).

Ainda de acordo com o MMA (2016), o Ecodesign é uma ferramenta de


competitividade utilizada pelas empresas nas áreas de arquitetura, engenharia e design,
tanto no mercado interno quanto externo, atendendo novos modelos de produção e
consumo, contribuindo para o desenvolvimento sustentável através da substituição
de produtos e processos por outros menos nocivos ao meio ambiente (MMA, 2016).
A Figura 12 demonstra os principais itens que compõe a pauta do ecodesign.

Responsabilidade Socioambiental 129

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Figura 12 – Principais itens que compõe o ecodesign

Fonte: Pearson (2010).

No século XVIII, o químico francês Antoine-Laurent Lavoisier, a partir de seus


experimentos, criou a famosa lei que afirma que “na natureza nada se cria, nada se
perde: tudo se transforma”. Em outras palavras, o princípio de Lavoisier aplicado às
práticas empresariais é como um ponto final do desperdício e na busca de aproveitar
ao máximo os recursos que já foram retirados do meio ambiente, ao invés de buscar
novos (PEARSON, 2010).
Assim, de forma geral, o Ecodesign, contribui para a proteção do meio ambiente,
para a redução de custos e como vantagem competitiva às empresas, melhorando
sua imagem perante a sociedade em que está inserida.

Ecodesign: O que é e o que eu tenho a ver com isso?

Um dos assuntos mais comentados nos últimos anos é, sem dúvida, o ecodesign (ou
design ecológico, design verde, eco friendly design, projeto para o meio ambiente e
suas variações). Você pode estar se perguntando: “mas afinal, o que é e porque eu
deveria me interessar por isso?” Então, esse post é pra você. Vamos lá!
A partir de 1960 percebeu-se que o planeta possuía recursos finitos e que a produção
e descarte dos produtos gerava degradação ambiental. Nos anos 90 surge o termo
ecodesign para se referir ao método de projetar produtos industriais com pouco
impacto no meio ambiente e adaptados ao uso consciente dos recursos naturais – ou
seja, relacionando aspectos de projeto e produção com a ecologia – sem invalidar a
funcionalidade e utilização dos produtos.
Para caracterizar um produto como fruto de ecodesign podem ser utilizadas várias
abordagens, que se referem à produção, ao tipo de material utilizado e até ao método
de descarte. Reduzir, reutilizar, reciclar, aproveitar fontes alternativas de energia e
produzir sem excessos são algumas dessas abordagens.

130 Responsabilidade Socioambiental

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Podemos listar algumas das premissas do ecodesign:
• Privilegiar materiais que respeitem o meio ambiente, de procedência ecológica,
reciclados, certificados, biodegradáveis, reutilizados, leves, locais, renováveis e
abundantes.
• Aumentar a durabilidade e eficiência do produto
• Projetar visando a reutilização ou a reciclagem dos materiais e embalagens
• Reduzir o mix de materiais, de preferência utilizando apenas um tipo
• Facilitar a desmontagem, separação, reposição e conserto das peças
• Produzir de forma mais limpa e segura, sem prejudicar o equilíbrio ambiental (de
preferência, usando o ciclo fechado, onde os resíduos voltam para a indústria)
• Eliminar o uso de substâncias nocivas na produção e utilização do produto
• Projetar produtos atemporais (sem modismos), anti-obsolescência
• Desenvolver produtos multiuso, que possam ser utilizados por vários usuários e em
mais de uma função
• Estabelecer um sistema de retorno do produto ao fabricante
• Reduzir a energia gasta na fase de transporte, otimizando a quantidade de produtos
transportados
• Cada dia aumenta o número de empresas e designers que trabalham dedicados ao
ecodesign. Mas devemos ficar atentos!

Devido à busca por produtos ecológicos, muitas empresas “mascaram” seus produtos,
divulgando-os como se tivessem preocupação ecológica – quando na verdade, a intenção
é somente mais lucro. Esta armadilha é comum, e sem a correta informação corremos
o risco de cair nela.
E como fazer para descobrir empresas e produtos realmente verde?
Como consumidores, sabemos que um produto passa por diversas etapas até chegar a
nossa cesta de compras. Porém, só temos acesso às partes “limpas” do processo. Vemos
o produto na prateleira, escolhemos, compramos, usamos e colocamos na lixeira. Tudo
o que vem antes (extração das matérias-primas, beneficiamento, transporte, produção)
e o que vem depois (recolhimento do lixo, resíduos, aterros ou reciclagem) não está
claramente visível.
Por isso, em primeiro lugar, devemos nos manter informados. Quando uma organização
honesta divulga algum produto ou empresa, provavelmente suas ações são realmente
envolvidas com o meio ambiente, e é possível comprovar isto. Desconfie das “inovações”
e soluções mágicas, que não esclarecem exatamente em que ponto aquele produto ou
serviço é ecológica.

Fonte: PICCOLI, Mariana. Ecodesign: O que é e o que eu tenho a ver com isso?. 2012.
Disponível em: http://www.coletivoverde.com.br/oque-e-ecodesign/. Acesso em: 20
nov. 2016.

1.3 Normas ambientais e a competitividade

A gestão ambiental foi se desenvolvendo a partir das demandas que foram


surgindo, e as primeiras manifestações visaram solucionar os problemas relacionados

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a escassez de recursos naturais. Mas foi após a revolução industrial que surgiu
tratamentos sistemáticos no que concerne a poluição, a qual, por um longo período
de tempo, foi sendo tratada pelos governos em caráter corretivo, ou seja, sem o
planejamento da prevenção (BARBIERI, 2004).
A partir da década de 1970, em vários países, começaram a surgir as políticas
públicas, tratando os problemas ambientais de modo integrado e articulando a
inserção da abordagem preventiva. Políticas Públicas podem ser definidas como o
“[...] conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação de que o Poder Público
dispõe para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente.” (BARBIERI, 2004, p.
60).
No Brasil, em meados da década de 1930, surgiu as primeiras preocupações
com o meio ambiente, aonde foram promulgados o Código Florestal, Código de Caça,
Código de Minas e o Código de Águas. O Código Florestal brasileiro, atualmente regido
pela Lei 12.651/12, institui as regras gerais sobre onde e de que forma o território
brasileiro pode ser explorado, ao determinar as áreas de vegetação nativa que devem
ser preservadas e quais regiões são legalmente autorizadas a receber os diferentes
tipos de produção rural. A Lei utiliza dois tipos de áreas de preservação: a Reserva
Legal e a Área de Preservação Permanente (APP).
De acordo com a Lei 12.651/12, a Reserva Legal é a porcentagem de cada
propriedade ou posse rural que deve ser preservada, variando de acordo com a região
e o bioma. O código determina os tamanhos das reservas: 80% em áreas de florestas
da Amazônia Legal, 35% no cerrado, 20% em campos gerais, e outros 20% em todos
os biomas das demais regiões do país. As Áreas de Preservação Permanente têm a
função de preservar locais frágeis como beiras de rios, topos de morros e encostas,
que não podem ser desmatados para não causar erosões e deslizamentos, além de
proteger nascentes, fauna, flora e biodiversidade, entre outros.
O Código de Águas, estabelecido pelo Decreto 24.643/34, determina a proteção
da qualidade das águas e a proibição de construções capazes de poluir ou inutilizar para
o uso ordinário a água do poço ou nascente alheia a elas preexistentes, devendo ser
demolidas as obras irregulares. Neste mesmo contexto, a Lei 9.433/97 institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e destaca a água como um bem de domínio
público, que visa assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade
de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos.
Já o Código da Caça, descrito sob a Lei 5.197/67, dispõe sobre a proteção à fauna
do país, os principais itens são relacionados a: proteção de espécies; peculiaridades
do exercício da caça; comércio de espécies silvestres e o que implique na sua caça;
importação e exportação de espécies estrangeiras no país; legalidade dos clubes
ou sociedades amadoras de caça e tiro; licença para cientistas e a fiscalização de
expedições artísticas e científicas.
O Código de Minas está sob o Decreto-Lei 1.985/40, e define os direitos sobre as
jazidas e minas, estabelece o regime do seu aproveitamento e regula a intervenção do
Estado na indústria de mineração, bem como a fiscalização das empresas que utilizam
matéria prima mineral. Ainda, disciplina a administração dos recursos minerais pela

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União, a indústria, distribuição, o comércio e o consumo de produtos minerais no
Brasil.
Com o intuito de estabelecer estratégias para a sua articulação, de modo a
promover a gestão ambiental descentralizada, democrática e eficiente, foi criado,
pela Lei 6.938/81 e regulamentado pelo Decreto 99274/90, o Sistema Nacional de
Meio Ambiente (SISNAMA), que é formado pelos órgãos e entidades da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios responsáveis pela proteção, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental no Brasil, a Figura 13 apresenta sua estrutura.

Figura 13 – Estrutura do Sisnama


O Sisnama
Órgão Consultivo e
Órgão Superior Órgão Central
Deliberativo
Conselho de
Conama MMA
Governo

Órgão Executores Órgão Seccionais Órgão Locais

Ibama e IcmBio Estados Municípios

Fonte: MMA (2016).

O objetivo principal do SISNAMA é estabelecer um conjunto articulado e


descentralizado de ações para a gestão ambiental no país, integrando e harmonizando
regras e práticas específicas que se complementam nos três níveis de Governo. Destaca-
se, nesta estrutura, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), instituído pela
Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada
pelo Decreto 99.274/90. Ainda, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA), criado pela Lei nº 7.735/89, é uma autarquia federal
vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), e é o órgão executivo responsável
pela execução da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), instituída pela lei nº
6.938/81. E, por fim, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBIO), que é uma autarquia em regime especial, criado pela Lei 11.516/07, vinculado
ao MMA e integrante do SISNAMA.
Regulamentado pela resolução 001/86 do CONAMA, o Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) foi outro passo importante na legislação brasileira, que teve como
parâmetro a experiência norte-americana que, por meio da política nacional de
meio ambiente, instituiu a avaliação de impactos ambientais para projetos, planos
e programas de intervenção no meio ambiente. No Brasil, tornou-se um mecanismo
eficiente como instrumento de gestão ambiental e passou a ser obrigatório para polos
petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos e instalações nucleares (DIAS, 2011).
O artigo 6º da resolução estabelece que EIA desenvolverá, no mínimo, as
seguintes atividades técnicas:

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I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição
e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de
modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do
projeto, considerando:
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos
minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime
hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas;
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as
espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico,
raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente;
c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a
sócio-economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos
e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade
local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através
de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância
dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e
negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e
longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas
propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios
sociais.
III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os
equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando
a eficiência de cada uma delas.
lV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os
impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem
considerados.

O estudo constitui ainda o Relatório de Impactos Ambientais (RIMA), por sua


vez tem por objetivo refletir as conclusões do EIA e de acordo com o artigo 9º deve
apresentar no mínimo:

I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com


as políticas setoriais, planos e programas governamentais;
II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais,
especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área
de influência, as matérias primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os
processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos
de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;
III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área
de influência do projeto;
IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação
da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de
tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios
adotados para sua identificação, quantificação e interpretação;
V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência,
comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas,
bem como com a hipótese de sua não realização;
VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em
relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser
evitados, e o grau de alteração esperado;
VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e
comentários de ordem geral).

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Ainda em se tratando de normativas no Brasil, temos as normas ISO não
obrigatórias, mas que estabelecem padrões que contribuem para a aplicação dos
sistemas de gestão ambiental e valorizam a imagem da empresa perante a sociedade.
As normas ISO foram desenvolvidas pela organização internacional não governamental
Organization for Standartization (ISO), com sede na Suíça. No Brasil, a representante
é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), responsável pela certificação e
fiscalização.
Entre as normas ISO mais populares estão: ISO 9000 (Gestão da Qualidade); ISO
14000 (Gestão Ambiental); ISO 3166 (Os Códigos de País); ISO 26000 (Responsabilidade
Social); ISO 50001 (Gestão de Energia); ISO 31000 (Gestão de Riscos); ISO 22000
(Gestão da Segurança Alimentar); ISO 27001 (Gestão de Segurança da Informação)
e a ISO 20121 (Eventos Sustentáveis). Já as normas ISO 14000 pertencem a série de
normas que visam estabelecer ferramentas e sistemas relacionados a gestão ambiental.
O Quadro 29 apresenta a série de normas 14000.

Quadro 29 – Série de normas 14000


Sistema de Gestão Ambiental (SGA) - Especificações para implantação
ISO 14001
e guia
ISO 14004 Sistema de Gestão Ambiental - Diretrizes Gerais
ISO 14010 Guias para auditoria ambiental - Diretrizes Gerais
ISO 14011 Diretrizes para Auditoria Ambiental e Procedimentos para Auditorias
ISO 14012 Diretrizes para a Auditoria Ambiental - Critérios de Qualificação
ISO 14020 Rotulagem Ambiental - Princípios Básicos
ISO 14021 Rotulagem Ambiental - Termos e Definições
ISO 14022 Rotulagem Ambiental - Simbologia para Rótulos
ISO 14023 Rotulagem Ambiental - Testes de Metodologias para Verificação
Rotulagem Ambiental - Guia para Certificação com Base em Análise
ISO 14024
Multicriterial
ISO 14031 Avaliação da Performance Ambiental
ISO 14032 Avaliação da Performance Ambiental dos Sistemas de Operadores
ISO 14040 Análise do Ciclo de Vida - Princípios Gerais
ISO 14041 Análise do Ciclo de Vida – Inventário
ISO 14042 Análise do Ciclo de Vida - Análise dos Impactos
ISO 14043 Análise do Ciclo de Vida - Migração dos Impactos
Fonte: ABNT (2016).

A norma principal da série 14000 é a ISO 14001, que estabelece os requisitos


para a implantação de um sistema de gestão ambiental. Esta Norma é baseada na
metodologia conhecida como Plan-Do-Check-Act (PDCA) (Planejar–Executar–Verificar–
Agir), que pode ser brevemente descrita da seguinte forma:

Planejar: Estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir os


resultados em concordância com a política ambiental da organização.

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Executar: Implementar os processos.
Verificar: Monitorar e medir os processos em conformidade com a política
ambiental, objetivos, metas, requisitos legais e outros, e relatar os resultados.
Agir: Agir para continuamente melhorar o desempenho do sistema da gestão
ambiental. (ABNT ISO 14001, 2004, p. 6).

A Figura 14 apresenta o modelo de sistema de gestão ambiental para a Norma


14001.

Figura 14 – Modelo de sistema de gestão ambiental para a Norma 14001

Melhoria contínua

Política ambiental

Análise pela
Administração

Planejamento

Implementação e
Verificação
operação

Fonte: ABNT ISO 14001 (2004, p. 6).

A Norma ISO 14001 (2004) estabelece, com base nos itens apresentados na
Figura 14, que o sistema de gestão ambiental deve conter os seguintes elementos:

a) Política ambiental definida pela Alta Administração;


b) Planejamento (Definição dos aspectos ambientais, requisitos legais e
outros);
c) Implementação e Operação (recursos, funções, responsabilidades e
autoridade; Competência, treinamento e conscientização; Comunicação;
Controle de documentos; Controle operacional; Preparação e respostas de
emergências);
d) Verificação (Monitoramento e medição; Avaliação do atendimento a
requisitos legais e outros; Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva;
Controle de registros; auditoria interna);
e) Análise pela administração.

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Para a adoção de um sistema de gestão ambiental nas empresas, primeiramente,
é necessário a mudança cultural, ou seja, o engajamento das pessoas envolvidas no
processo. Será necessário também mudanças de hábitos e costumes já consolidados,
para a assimilação do novo conjunto de processos a serem implantados, visando a
implantação do sistema de gestão ambiental com eficácia (DIAS, 2011).
Barbieri (2004) ressalta que para a implantação de um sistema de gestão
ambiental é necessário a implantação de diretrizes, definição de objetivos, coordenação
das atividades e avaliação dos resultados, mas, esse conjunto de elementos independem
da estrutura, tamanho ou setor da empresa e o comprometimento da direção está
em primeiro lugar para a efetivação do processo.

Síntese

Nesta unidade pudemos compreender e discutir o contexto das práticas


de responsabilidade socioambiental, bem como modelos possíveis de serem
utilizados pelas empresas, visando à otimização dos recursos naturais. Além
disso, discutimos as boas práticas de responsabilidade socioambiental: como
os exemplos da Produção Mais Limpa e do Ecodesign.
Você pode ver a importância do atendimento às Normas Ambientais
frente à competitividade do cenário econômico e mercadológico, inclusive
como vantagem competitiva, como no caso da adoção da ISO 14001; e como
a adoção de um sistema de gestão ambiental poderá contribuir com processos
de melhoria contínua, inclusive para o desempenho organizacional, destacando
tais práticas frente ao desenvolvimento sustentável.  

Para ler...

Normas ambientais básicas. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/


estruturas/secex_conjur/_arquivos/108_12082008084425.pdf>. Acesso em: 10
dez. 2016.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14001: Sistemas


de Gestão Ambiental - Especificação e diretrizes para uso. Rio de Janeiro: ABNT,
dez. 2004

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______. NBR ISO 14000: Gestão ambiental. Rio de Janeiro: ABNT, dez. 2004.

BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos.


São Paulo: Saraiva, 2004.

BENCHMARKING BRASIL. 17 Cases empresariais de boas práticas


socioambientais. Disponível em: <http://www.youblisher.com/p/1512333-Black-
Book-Cases-Benchmarking-Edicoes-14/>. Acesso em: 01 dez. 2016.

BRASIL. Lei nº 24.643, de 10 de julho de 1934. Decreta o Código de Águas. Diário


Oficial da União, Rio de Janeiro, 10 jul. 1934. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br>. Acesso em: 21 nov. 2016.

_______. Lei nº 1.985, de 29 de março de 1940. Código de minas. Diário Oficial da


União, Rio de Janeiro, 29 jan. 1940. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>.
Acesso em: 21 nov. 2016.

_______. Lei nº 5.197, de 03 de janeiro de 1967. Dispõe sobre a proteção à fauna


e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 5 jan. 1967. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 21 nov. 2016.

_______. Lei nº 6.938 de 11 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional


do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, 31 ago. 1981. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 21 nov. 2016.

_______. Lei nº 7.735 de 22 de fevereiro de 1989. Dispõe sobre a extinção de


órgão e de entidade autárquica, cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, 22 fev. 1989. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 21
nov. 2016.

_______. Decreto Lei nº 99. 274 de 6 de junho de 1990. Regulamenta a Lei nº


6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que
dispõem, respectivamente sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de
Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, 7 jun. 1990. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br>. Acesso em: 21 nov. 2016.

_______. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de


Recursos Hídricos [...]. Diário Oficial da União, Brasília, 9 jan. 1997. Disponível em:
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_______. Lei nº 11.516 de 28 de Agosto de 2007. Dispõe sobre a criação do


Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Diário Oficial da União,
Brasília, 28 ago. 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em:
21 nov. 2016.

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_______. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da
vegetação nativa [...]. Diário Oficial da União, Brasília, 25 maio 2012. Disponível
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140 Responsabilidade Socioambiental

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Anotações

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Anotações

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Unidade 8
Relatórios de sustentabilidade

Objetivo:
• Apresentar os modelos de relatórios de
sustentabilidade utilizados pelas empresas,
visando à evidenciação das principais práticas
empresariais socioambientais.

Conteúdo programático:
• Relatórios de Sustentabilidade;
• Modelo Ibase;
• Modelo Ethos;
• Modelo Global Reporting Initiative.

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Faça aqui seu planejamento de estudos

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1 RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE

A necessidade de as empresas demonstrarem a preocupação com os recursos


naturais e como controlam os efeitos de suas atividades operacionais tornou-se
imprescindível para evitar desperdícios e degradações. Os relatórios de sustentabilidade
tornam-se importante ferramenta para informar sobre a responsabilidade e a
conscientização da gestão de recursos naturais e o uso racional dos mesmos (FREITAS;
OLEIRO, 2011).
A evidenciação das práticas sociais e ambientais de forma adequada pode
agregar valor às organizações, pois, além de promover a transparência, possibilita
aumentar a comunicação e reduzir a discordância entre as demais. A evidenciação é
uma importante ferramenta de gestão interna e controle, pois estabelece padrões de
documentos ambientais, além de contemplar uma estratégia organizacional (ROSA
et al., 2011).
O interesse das empresas na evidenciação das informações ambientais não
deve ser centrado apenas no cumprimento das normas, mas também na transparência
das informações para atender as demandas da sociedade, que cada vez mais exige o
controle da utilização dos recursos naturais.
No Brasil, não existem atualmente leis ou normas que exijam a evidenciação
dos relatórios de sustentabilidade, embora algumas empresas divulguem de forma
voluntária. A falta de padronização e adequação na contabilização gera deficiência
na evidenciação e impede que a mesma tenha um melhor gerenciamento de suas
questões ambientais, privando os usuários de informações que possam auxiliar, ao
conhecer a empresa com maior profundidade (CARNEIRO; DE LUCA; OLIVEIRA, 2008).
Para Ludícibus (2004, p.123), a evidenciação ou disclosure “[...] está ligado aos
objetivos da contabilidade, ao garantir informações diferenciadas para os vários tipos
de usuários.” Na percepção de Dantas, Zendersky e Niyama (2004, p. 2), a evidenciação
“não significa apenas divulgar, mas divulgar com qualidade, oportunidade e clareza” e
complementam que para alcançar a transparência pretendida com o disclosure, “[...]
a instituição deve divulgar informações qualitativas e quantitativas que possibilitem
aos usuários formar uma compreensão das atividades desenvolvidas e dos seus riscos,
observando aspectos de tempestividade, detalhamento e relevância necessários.”
A evidenciação ambiental é um meio utilizado pelas empresas para atender
à exigência internacional, necessária ao gerar informações ao governo, acionistas,
administradores, funcionários, entre outros usuários (SILVA et al., 2013). Gray e
Bebbington (2001) afirmam que os relatórios ambientais ganharam um espaço
importante, porém, ainda são utilizados quase que exclusivamente no meio das
grandes corporações.
A evidenciação ambiental também pode ser definida como um conjunto de
meios utilizados pelas empresas para divulgar seus atos e demonstrar suas ações
em relação ao meio ambiente e à sociedade (ROSA et al., 2013). Para a evidenciação
ser uma informação eficiente, é necessário que seja demonstrada a gestão e o
desempenho ambiental da empresa, como contas patrimoniais, de resultado, de

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emissões, socioambientais, consumo de recursos naturais, entre outras, que devem ser
demonstrados em seus relatórios, pois a falta dessas informações poderá acarretar em
perda de mercado e da credibilidade de seus clientes e usuários (ROSA et al., 2011).
Com o passar do tempo, algumas empresas passaram a divulgar informações
ambientais de forma voluntária em suas demonstrações financeiras, o que originou a
elaboração do relatório de sustentabilidade, um dos primeiros modelos que surgiu foi o
balanço social. Segundo Tinoco (2001), na década de 1960, principalmente na Europa
e nos Estados Unidos, os trabalhadores passaram a fazer exigências para obterem
informações sobre o desenvolvimento econômico e social das empresas, especialmente
relacionadas ao emprego, tendo em vista a discussão sobre responsabilidade social,
dando origem à implantação do balanço social.
Destaca-se como mais relevantes os seguintes fatos históricos relacionados ao
balanço social no Brasil:

• em 1961 foi constituída a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas


(ADCE);
• em 1977 a ADCE organizou o 2º encontro nacional de Dirigentes de
• Empresas, tendo como tema central balanço social da Empresa;
• a partir de 1979 a ADCE passa a organizar seus congressos anuais, e em todos,
o tema balanço social tem sido objeto de reflexão;
• nos anos 70 o Prof. Ernesto Lima Gonçalves, nos seus trabalhos e seminários
enfoca o tema balanço social, e em 1980 lança o livro sobre o assunto;
• em 1992, o Banespa publica um relatório divulgando suas ações sociais;
• em 1997, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, por intermédio do Ibase
(instituto brasileiro de análises sociais e econômicas), em ato público no
Rio de Janeiro, inicia a campanha pela divulgação de um balanço social das
empresas, no Brasil. (TINOCO, 2001, p. 134).

Você conhece ou já analisou modelos de Relatórios de Sustentabilidade? E sabe


quais são os modelos de relatórios existentes e utilizados no Brasil?
Analise o modelo Ibase, apresentado no Quadro 29.

Quadro 29 – Modelo balanço social Ibase


1. Identificação da empresa
Nome da instituição:
Tipo/categoria:
Natureza jurídica: [ ] associação [ ] fundação [ ] sociedade sem fins lucrativos? [ ] sim [ ] não
Isenta da cota patronal do INSS? [ ]sim [ ] não
Possui Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEAS)? [ ] sim [ ] não
Possui registro no: [ ] CNAS [ ] CEAS [ ] CMAS
De utilidade pública? [ ] não Se sim, [ ] federal [ ] estadual [ ] municipal
Classificada como OSCIP (lei 9790/99)? [ ] sim [ ] não
2. Origem dos recursos
Receitas totais
a. Recursos governamentais (subvenções)
b. Doações de pessoas jurídicas
c. Doações de pessoas físicas

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d. Contribuições
e. Convênios e Patrocínios
f. Cooperação internacional
g. Prestação de serviços e/ou venda de produtos
h. Outras receitas
3. Aplicação dos recursos
Despesas totais
a) Projetos, programas e ações sociais (excluindo pessoal)
b) Pessoal (salários + benefícios + encargos)
c) Despesas diversas (somatório das despesas abaixo)
Operacionais
Impostos e taxas
Financeiras
Capital (máquinas + instalações + equipamentos)
Outras (que devem ser discriminadas conforme relevância)
4. Indicadores sociais internos
a) Alimentação
b) Educação
c) Capacitação e desenvolvimento profissional
d) Saúde
e) Segurança e medicina no trabalho
f) Uniformes
g) Transporte e/ou vale-transporte
h) Bolsas/estágios
i) Doações e contribuições (gratificação)
Total – Indicadores sociais internos
5. Projetos, ações e contribuições para a sociedade (As Ações e programas aqui listados
são exemplos, ver instrução)
a. Cidades, Territórios, Justiça Socioambiental e Cidadania
b. Disputa por Outro Desenvolvimento
c. Universalização de Políticas Públicas e Direitos
d. Democracia, Debate Público e Reforma Política
e. Brasil Mudanças Geopolíticas e Desafios para Cidadania
f. Desenvolvimento Institucional
6 - Outros indicadores
Nº total de alunos(as)
Nº de alunos(as) com bolsas integrais
Valor total das bolsas integrais
Nº de alunos(as) com bolsas parciais
Valor total das bolsas parciais
Nº de alunos(as) com bolsas de Iniciação Científica e de Pesquisa
Valor total das bolsas de Iniciação Científica e de Pesquisa
7. Indicadores sobre o corpo funcional
Nº total de empregados(as) ao final do período
Nº de admissões durante o período
Nº de prestadores(as) de serviço

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% de empregados(as) acima de 45 anos
Nº de mulheres que trabalham na instituição
% de cargos de chefia ocupados por mulheres
Idade média das mulheres em cargos de chefia
Salário médio das mulheres
Idade média dos homens em cargos de chefia
Salário médio dos homens
Nº de negros(as) que trabalham na instituição
% de cargos de chefia ocupados por negros(as)
Idade média dos(as) negros(as) em cargos de chefia
Salário médio dos(as) negros(as)
Nº de brancos(as) que trabalham na instituição
Salário médio dos(as) brancos(as)
Nº de estagiários(as)
Nº de voluntários(as)
Nº de pessoas com deficiência
Salário médio pessoas com deficiência
8. Qualificação do corpo funcional
Nº total de docentes
Nº de doutores(as)
Nº de mestres(as)
Nº de especializados(as)
Nº de graduados(as)
Nº total de funcionários(as) no corpo técnico e administrativo
Nº de pós-graduados (especialistas, mestres e doutores)
Nº de graduados(as)
Nº de graduandos(as)
Nº de pessoas com ensino médio
Nº de pessoas com ensino fundamental
Nº de pessoas com ensino fundamental incompleto
Nº de pessoas não-alfabetizadas
9. Informações relevantes quanto à ética, transparência e responsabilidade social
Relação entre a maior e a menor remuneração
O processo de admissão de empregados(as) é:
[ ] % por indicação [ ] % por seleção/concurso
[ ] % por indicação [ ] % por seleção/concurso
A instituição desenvolve alguma política ou ação de valorização da diversidade em seu
quadro funcional?
[ ]sim, institucionalizada [ ]sim, institucionalizada [ ] não
[ ] negros [ ] gênero [ ] orientação sexual [ ] negros [ ] gênero [ ] orientação sexual
Se “sim” na questão anterior, qual? [ ] negros [ ] gênero [ ] orientação sexual [ ] negros
[ ] gênero [ ] orientação sexual [ ] pessoas com deficiência [ ] pessoas com deficiência
A organização desenvolve alguma política ou ação de valorização da diversidade entre
alunos(as) e/ou beneficiários(as)?
[ ] sim, institucionalizada [ ] sim, institucionalizada [ ] sim, não institucionalizada [ ] não
[ ] sim, não institucionalizada [ ] não

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Se “sim” na questão anterior, qual? [ ] negros [ ] gênero [ ] orientação sexual [ ] negros
[ ] gênero [ ] orientação sexual [ ] pessoas com deficiência [ ] pessoas com deficiência
Na seleção de parceiros e prestadores de serviço, critérios éticos e de responsabilidade social
e ambiental
[ ]não são considerados [ ]são sugeridos [ ]são exigidos
A participação de empregados(as) no planejamento da instituição
[ ]não ocorre [ ]ocorre em nível de chefia [ ]ocorre em todos os níveis
Os processos eleitorais democráticos para escolha dos coordenadores(as) e diretores(as) da
organização:
[ ] não ocorrem [ ] ocorrem regularmente [ ] não ocorrem [ ] ocorrem regularmente
[ ] ocorrem somente p/cargos intermediários [ ] ocorrem somente p/cargos intermediários
A instituição possui Comissão/Conselho de Ética para o acompanhamento de:
[ ]todas ações/atividades [ ]ensino e pesquisa [ ] todas ações/atividades[ ]ensino e pesquisa
[ ]experimentação animal/vivissecção [ ]experimentação animal/vivissecção [ ] não tem
[ ] não tem
Fonte: Ibase (2015).

Outro modelo de indicadores do balanço social, criado, no ano de 1998, por um


grupo de empresários e executivos da iniciativa privada, foi o do Instituto Ethos, que é
um polo de organização de conhecimento, troca de experiências e desenvolvimento de
ferramentas para auxiliar as empresas a analisar suas práticas de gestão e aprofundar
seu compromisso com a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável
(ETHOS, 2016). O Quadro 30 apresenta a estrutura do modelo do Instituto Ethos.

Quadro 30 – Modelo balanço social Instituto Ethos


Dimensão Visão e Estratégia
1 Estratégias para a Sustentabilidade
2 Proposta de Valor
3 Modelo de Negócios

Dimensão Governança e Gestão


TEMA: GOVERNANÇA ORGANIZACIONAL
Subtema: Governança e Conduta
4 Código de Conduta
5 Governança da Organização (empresas de capital fechado)
6 Compromissos Voluntários e Participação em Iniciativas de RSE/ Sustentabilidade
7 Engajamento das Partes Interessadas Subtema: Prestação de Contas
8 Relações com Investidores e Relatórios Financeiros
9 Relatos de Sustentabilidade e Relatos Integrados
10 Comunicação com Responsabilidade Social
TEMA: PRÁTICAS DE OPERAÇÃO E GESTÃO
Subtema: Práticas Concorrenciais
11 Práticas Concorrenciais Subtema: Práticas Anticorrupção
12 Práticas Anticorrupção Subtema: Envolvimento Político Responsável
13 Contribuições para Campanhas Eleitorais
14 Envolvimento no Desenvolvimento de Políticas Públicas Subtema: Sistemas de Gestão

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15 Gestão Participativa
16 Sistema de Gestão Integrado
17 Sistema de Gestão de Fornecedores
18 Mapeamento dos Impactos da Operação e Gestão de Riscos
19 Gestão da RSE/ Sustentabilidade
Dimensão Social
TEMA: DIREITOS HUMANOS
Subtema: Situações de Risco para os Direitos Humanos
20 Monitoramento de Impactos do Negócio nos Direitos Humanos
21 Trabalho Infantil na Cadeia de Suprimentos
22 Trabalho Forçado (ou Análogo ao Escravo) na Cadeia de Suprimentos Subtema: Ações
Afirmativas
23 Promoção da Diversidade e Equidade TEMA: PRÁTICAS DE TRABALHO Subtema: Relações
de Trabalho
24 Relação com Empregados (Efetivos, Terceirizados, Temporários ou Parciais)
25 Relações com Sindicatos Subtema: Desenvolvimento Humano, Benefícios e Treinamento
26 Remuneração e Benefícios
27 Compromisso com o Desenvolvimento Profissional
28 Comportamento frente a Demissões e Empregabilidade Subtema: Saúde e Segurança
no Trabalho e Qualidade de Vida
29 Saúde e Segurança dos Empregados
30 Condições de Trabalho, Qualidade de Vida e Jornada de Trabalho TEMA: QUESTÕES
RELATIVAS AO CONSUMIDOR Subtema: Respeito ao Direito do Consumidor
31 Relacionamento com o Consumidor
32 Impacto decorrente do Uso dos Produtos ou Serviços Subtema: Consumo Consciente
33 Estratégia de Comunicação Responsável e Educação para o Consumo Consciente
TEMA: ENVOLVIMENTO COM A COMUNIDADE E SEU DESENVOLVIMENTO
Subtema: Gestão de Impactos na Comunidade e Desenvolvimento
34 Gestão dos Impactos da Empresa na Comunidade
35 Compromisso com o Desenvolvimento da Comunidade e Gestão das Ações Sociais
36 Apoio ao Desenvolvimento de Fornecedores
Dimensão Ambiental
TEMA: MEIO AMBIENTE
Subtema: Mudanças Climáticas
37 Governança das Ações Relacionadas às Mudanças Climáticas
38 Adaptação às Mudanças Climáticas Subtema: Gestão e Monitoramento dos Impactos
sobre os Serviços Ecossistêmicos e a Biodiversidade
39 Sistema de Gestão Ambiental
40 Prevenção da Poluição
41 Uso Sustentável de Recursos: Materiais
42 Uso Sustentável de Recursos: Água
43 Uso Sustentável de Recursos: Energia
44 Uso Sustentável da Biodiversidade e Restauração dos Habitats Naturais
45 Educação e Conscientização Ambiental Subtema: Impactos do Consumo
46 Impactos do Transporte, Logística e Distribuição
47 Logística Reversa
Fonte: Instituto Ethos (2014).

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Além destas duas opções, um dos modelos mais utilizados mundialmente são
as diretrizes propostas pelo Global Reporting Initiative (GRI). Criado em 1997, a partir
da reunião de ambientalistas, ativistas sociais e representantes de fundos socialmente
responsáveis, a GRI é uma organização multistakeholder, sem fins lucrativos, que
desenvolve a estrutura de relatórios de sustentabilidade (GRI, 2016).
A concepção do GRI ocorreu com o movimento de responsabilidade social
corporativa, descendente do movimento social da década de 1970, que tornou-se líder
rapidamente entre os sistemas voluntários como um relatório de sustentabilidade.
O GRI introduziu três inovações institucionais: (i) processo multistakeholder de
desenvolvimento de diretrizes de relatórios; (ii) institucionalizou o processo de produção
de gerações sucessivas das orientações; e (iii) a criação de uma organização para servir
como regulador das diretrizes e dos processos (BROWN; JONG; LESSIDRENSKA, 2007).
O relatório de sustentabilidade pelo modelo GRI possui uma gama maior de
indicadores e inclui informações sobre questões econômicas, sociais e ambientais,
chamado de “triple bottom line” (GRI, 2016). O Triple Bottom Line (TBL), de acordo com
Vellani e Ribeiro (2009, p. 189), é um conceito que “[...] reflete sobre a necessidade
de as empresas ponderarem em suas decisões estratégicas o bottom line econômico,
o bottom line social e o bottom line ambiental.” Os autores explicam que isso implica
manter: “[...] a sustentabilidade econômica, ao gerenciar empresas lucrativas e
geradoras de valor; a sustentabilidade social, ao estimular a educação, cultura, lazer
e justiça social à comunidade; e a sustentabilidade ecológica, ao manter ecossistemas
vivos, com diversidade.”
Para o GRI (2016, p. 3), “[...] elaborar relatórios de sustentabilidade é a
prática de medir, divulgar e prestar contas para stakeholders internos e externos do
desempenho organizacional visando o desenvolvimento sustentável.” No Brasil não
existe obrigatoriedade na elaboração e divulgação dos relatórios de sustentabilidade,
assim, as empresas que o fazem visam melhorar sua imagem perante os investidores
e consumidores, demonstrando sua responsabilidade com os recursos naturais.
O relatório de sustentabilidade GRI foi desenvolvido como uma forma de ajudar
as organizações a aumentar a sua prestação de contas à sociedade (MONEVA; ARCHEL;
CORREA, 2006). O modelo GRI oferece informações abrangentes e apresenta importantes
contribuições, principalmente por ser um modelo consolidado internacionalmente,
oferecendo as bases para uma maior comparabilidade das informações, além de
representar um grande esforço para a harmonização das informações (CARVALHO;
SIQUEIRA, 2007).
A dimensão econômica da sustentabilidade, de acordo com as Diretrizes do GRI
(2016), se refere aos impactos das organizações sobre as condições econômicas de seus
stakeholders e sobre os sistemas econômicos em nível local, nacional e global, sendo
facilmente encontradas nos relatórios ou demonstrações financeiras das organizações,
mas o que se espera em nível de sustentabilidade é uma contribuição da organização
de forma mais ampla (GRI, 2016).
A dimensão ambiental é definida por Spangenberg (2002) como a soma de
todos os processos biogeológicos e os elementos neles envolvidos, conhecida como

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capital natural, em que os recursos naturais são a base fundamental sobre a qual se
assenta a espécie humana. Lage (2001) destaca questões importantes relacionadas à
gestão integrada dos recursos naturais, como o manejo sustentável dos recursos, a
preservação, a reciclagem, a reutilização, o combate ao desperdício e a conservação
dos recursos finitos.
Na dimensão ambiental da sustentabilidade, as diretrizes do GRI (2016) se
referem aos impactos ambientais da organização sobre os sistemas naturais vivos e não-
vivos, incluindo ecossistemas, terra, água e ar. Nas diretrizes constam indicadores que
devem ser analisados nesta categoria, como: materiais, energia, água, biodiversidade,
emissões de efluentes e resíduos, produtos e serviços, conformidade, transporte.
Na sustentabilidade preconizada na perspectiva social, a preocupação maior
é com o bem-estar, na condição humana e nos meios utilizados para se aumentar a
qualidade de vida, nas qualidades intrapessoais dos seres humanos, suas habilidades,
dedicação e experiências (SPANGENBERG, 2002). O Quadro 31 apresenta de forma
resumida os principais indicadores do modelo GRI.

Quadro 31 – Estrutura resumida dos indicadores do GRI


CONTEÚDOS PADRÕES GERAIS
Estratégia e Declaração sobre a relevância da sustentabilidade
análise Descrição dos principais impactos, riscos e oportunidades.
Nome da organização
Principais marcas, produtos e serviços.
Localização da sede da organização
Número de países em que a organização opera
Natureza da propriedade e forma jurídica da organização
Mercados em que a organização atua (regiões, setores, clientes
e beneficiários).
Porte da organização (total de empregados, operações, vendas
Perfil
líquidas, capitalização total, produtos ou serviços prestados).
organizacional
Números de empregados, discriminados por contrato de trabalho
e gênero.
Percentual do total de empregados cobertos por acordo de
negociação coletiva
Cadeia de fornecedores da organização
Principais mudanças durante o período coberto pelos relatórios
referentes a porte, estrutura ou participação acionária.
Compromissos com iniciativas externas

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Entidades incluídas nas demonstrações financeiras consolidadas
ou documentos equivalentes da organização ou não coberta
pelo relatório
Processo adotado para definir conteúdo do relatório e os limites
dos Aspectos e como implementou os Princípios para Definição
do Conteúdo do Relatório
Aspectos
Aspectos materiais identificados no processo de definição do
materiais
conteúdo do relatório
identificados e
Relate o limite do aspecto dentro da organização para cada
limites
aspecto material
Relate o limite fora da organização para cada aspecto material
Efeito de quaisquer reformulações fornecidas em relatórios
anteriores e as razões para essas reformulações
Alterações significativas em relação a períodos cobertos por
relatórios anteriores em Escopo e Limites do Aspecto
Lista de grupos de stakeholders engajados pela organização
Base usada para a identificação e seleção de stakeholders para
engajamento
Engajamento
Abordagem adotada pela organização para engajar stakeholders
de stakeholders
(frequência do seu engajamento discriminada por tipo e grupo)
Relate os grupos de stakeholders que levantaram cada uma das
questões e preocupações mencionadas
Período coberto pelo relatório
Data do relatório anterior mais recente
Perfil do Ciclo de emissão dos relatórios (anual, bienal etc.)
relatório Dados para contato
Sumário de Conteúdo da GRI
Verificação
Estrutura de governança e sua composição
Papel desempenhado pelo mais alto órgão de governança na
definição do propósito, valores e estratégia da organização
Competências e avaliação do desempenho do mais alto órgão
de governança
Papel desempenhado pelo mais alto órgão de governança na
Governança
gestão de riscos
Papel desempenhado pelo mais alto órgão de governança na
elaboração de relatórios de sustentabilidade
Papel desempenhado pelo mais alto órgão de governança na
avaliação do desempenho econômico, ambiental e social
Remuneração e incentivos

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Valores, princípios, padrões e normas de comportamento e
organização como códigos de conduta e de ética
Mecanismos internos e externos adotados pela organização
Ética e para solicitar orientações sobre comportamentos éticos e em
integridade conformidade com a legislação, como canais de relacionamento
Mecanismos internos e externos adotados pela organização para
comunicar preocupações em torno de comportamentos não éticos
ou incompatíveis com a legislação
Conteúdos padrões específicos
Informações
Os impactos que tornam o aspecto material como a organização
sobre a forma
administram e abordam
de gestão
Indicadores
Aspecto: Desempenho econômico
Categoria: Aspecto: Presença no Mercado
econômica Aspecto: Impactos Econômicos Indiretos
Aspecto: Práticas de compra
Aspecto: Material
Aspecto: Energia
Aspecto: Água
Aspecto: Biodiversidade
Aspecto: Emissões
Aspecto: Efluentes e Resíduos
Categoria:
Aspecto: Produtos e serviços
ambiental
Aspecto: Conformidade
Aspecto: Transporte
Aspecto: Geral
Aspecto: Avaliação Ambiental de Fornecedores
Aspecto: Mecanismos de queixas e reclamações relacionadas a
impactos ambientais

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Aspecto: Emprego
Aspecto: Relações Trabalhistas
Aspecto: Saúde e Segurança do Trabalho
Aspecto: Treinamento e Educação
Aspecto: Diversidade e Igualdade de Oportunidades
Aspecto: Igualdade de Remuneração entre Mulheres e Homens
Aspecto: Avaliação de Fornecedores em Práticas Trabalhistas
Aspecto: Mecanismos de Queixas e Reclamações Relacionadas a
Práticas Trabalhistas
Subcategoria: Direitos humanos
Aspecto: Investimento
Aspecto: Não Discriminação
Aspecto: Liberdade de Associação e Negociação Coletiva
Aspecto: Trabalho Infantil
Aspecto: Trabalho Forçado ou Análogo ao Escravo
Aspecto: Práticas de Segurança
Aspecto: Direitos dos povos Indígenas e Tradicionais
Categoria: Aspecto: Avaliação
social Aspecto: Avaliação de Fornecedores em Direitos Humanos
Aspecto: Mecanismos de Queixas e Reclamações Relacionadas a
Direitos Humanos
Subcategoria: Sociedade
Aspecto: Comunidades Locais
Aspecto: Impacto à Corrupção
Aspecto: Políticas Públicas
Aspecto: Concorrência Desleal
Aspecto: Conformidade
Aspecto: Avaliação de Fornecedores em Impactos na Sociedade
Aspecto: Mecanismos de Queixas e Reclamações Relacionadas a
Impactos na Sociedade
Subcategoria: Responsabilidade pelo produto
Aspecto: Segurança e Saúde do Cliente
Aspecto: Rotulagem de Produtos e Serviços
Aspecto: Comunicação e Marketing
Aspecto: Privacidade do Cliente
Aspecto: Conformidade
Fonte: GRI (2013).

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Reflita

Para você, qual a importância da divulgação dessas informações para a


empresa?

O GRI tornou-se referência mundial na elaboração de relatórios de


sustentabilidade e para ter maior credibilidade ao relato, a GRI propõe que as próprias
organizações possam atribuir uma classificação aos seus relatórios de sustentabilidade,
baseada na autoavaliação do conteúdo dos indicadores relatados (CARREIRA; PALMA,
2012).

Síntese

Nesta unidade aprendemos que existem distintos modelos de relatórios


de sustentabilidade, propostos por instituições engajadas na evidenciação
empresarial das práticas socioambientais. Vimos que o modelo do Global
Reporting Initiative (GRI) é uma proposta mundial de relatório para servir como
instrumento de comparabilidade, a partir da visão de ambientalistas, ativistas
sociais e representantes de fundos socialmente responsáveis.
Pudemos observar também que a distinção dos relatórios está na amplitude
da abordagem e na extensão dos indicadores, alguns mais sucintos e outros
mais abrangentes, com possibilidade de atender às distintas complexidades
organizacionais.

Para assistir...

Veja esse vídeo sobre o Relatório de Sustentabilidade como uma Ferramenta


de Gestão:
https://www.youtube.com/watch?v=XS7AkQWZNKY.

156 Responsabilidade Socioambiental

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Para ler...

Como leitura complementar, sugerimos o artigo:


DEMONIER, J. L.; DEMONIER, G. B.; PIRES, M. A. Nível de Adesão das Empresas
atuantes no Mercado Capixaba ao Modelo de Relatório de Sustentabilidade
GRI. Reunir - Revista de Administração, Contabilidade e Sustentabilidade,
v. 5, n. 3, p. 1-18, 2015. Disponível em: <http://spell.org.br/documentos/
ver/39742/nivel-de-adesao-das-empresas-atuantes-no-mercado-capixaba-ao-
modelo-de-relatorio-de-sustentabilidade-gri>. Acesso em: 02 nov. 2016.

REFERÊNCIAS

BROWN, H. S.; JONG, M.; LESSIDRENSKA, T. The rise of the Global Reporting
Initiative (GRI) as a Case of Institutional Entrepreneurship. Cambridge,
Massachusetts, EUA, Harvard University, Working Paper, n. 36, May 2007.

CARNEIRO, J. E.; DE LUCA, M. M. M.; OLIVEIRA, M. C. Análise das Informações


Ambientais Evidenciadas nas Demonstrações Financeiras das Empresas
Petroquímicas Brasileiras listadas na Bovespa. Revista Contabilidade Vista e
Revista, v. 19, n. 3, p. 39-67, 2008.

CARREIRA, F. A.; PALMA, C. M. Análise comparativa dos relatórios de


sustentabilidade das empresas brasileiras, espanholas, portuguesas e Andorra.
Revista Universo Contábil, v. 8, n. 4, p. 140-166, 2012.

CARVALHO, F. M.; SIQUEIRA, J. R. M. Análise da utilização dos indicadores essenciais


da Global Reporting Initiative nos relatórios sociais e empresas latino-americanas.
Pensar Contábil, v. 9, n. 38, 2007.

DANTAS, J. A.; ZENDERSKY, H. C.; NIYAMA, J. K. A dualidade entre os benefícios do


disclosure e a relutância das organizações em aumentar o grau de evidenciação.
In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, EnANPAD, Curitiba,
2004. Anais... Curitiba, 2004.

FREITAS, D. P.S.; OLEIRO W.N. Contabilidade ambiental: a evidenciação nas


demonstrações financeiras das empresas listadas na BM&F Bovespa. Reunir –
Revista de Administração, Contabilidade e Sustentabilidade, v. 1, n. 2, p. 65-81,
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