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Recibido / Recebido: 14.05.2017 - Aceptado / Aceite: 16.05.2018 https://doi.org/10.21865/RIDEP48.3.

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Propriedades Psicométricas do Mayer-Salovey-Caruso Emotional Intelligence


Test - MSCEIT V2.0: Uma Revisão Sistemática da Literatura

Psychometric Properties of the Mayer-Salovey-Caruso Emotional Intelligence Test –


MSCEIT V2.0: A Systematic Review of the Literature

Fátima M. Teixeira1 e Alexandra M. Araújo2

Resumo
O presente trabalho pretendeu identificar e examinar criticamente estudos das propriedades psicométricas do
Mayer-Salovey-Caruso Emotional Intelligence Test (MSCEIT V2.0) publicados entre 2005 e 2016, em
amostras do Brasil, Espanha e Portugal. Para tal, realizou-se uma revisão sistemática da literatura de 14
artigos que testam a validade e a fiabilidade do instrumento, relacionando-o com variáveis como inteligência,
personalidade, bem-estar, comportamentos pró-sociais e desempenho profissional. Os estudos com o
MSCEIT V2.0 recorreram sobretudo a análises fatoriais exploratórias, assim como a análises da consistência
interna através do cálculo do alfa de Cronbach, demonstrando indicadores globais adequados. O instrumento
revelou ainda um satisfatório poder preditivo. Sugere-se a revisão do estudo das propriedades psicométricas
do MSCEIT V2.0 em outras culturas, de modo a atestar a adequação da medida independentemente do
contexto.

Palavras-chave: MSCEIT V2.0, inteligência emocional, validade, fiabilidade, revisão sistemática

Abstract
The present paper aims to identify and critically review studies of the psychometric properties of the Mayer-
Salovey-Caruso Emotional Intelligence Test (MSCEIT V2.0), published between 2005 and 2016, with
samples from Brazil, Spain, and Portugal. The systematic review analyzed 14 articles that tested the
instrument’s validity and reliability, as well as relations with intelligence, personality, well-being, prosocial
behavior, and job performance. Studies with the MSCEIT V2.0 mostly used exploratory factor analysis, as
well as internal consistency analysis with Cronbach alfas, generally showing adequate coefficients. The
instrument also presented satisfactory predictive value. We suggest further reviews of the psychometric
properties of the MSCEIT V2.0 in other cultures, in order to demonstrate the adequacy of the measure
regardless of the context.

Keywords: MSCEIT V2.0, emotional intelligence, validity, reliability, systematic review

1
Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde. Departamento de Psicologia e Educação, Universidade Portucalense, Porto,
Portugal.
2
PhD, Professora Auxiliar. Departamento de Psicologia e Educação, Universidade Portucalense, Rua Dr. António Bernardino
de Almeida, 541, 4200-072 Porto, Portugal. Tel.: +351225572000. E-mail: amaraujo@upt.pt

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Introdução concetualizada como uma capacidade cognitiva


(Mayer & Salovey, 1997; Mayer et al., 2011) ou
A inteligência emocional (IE) constitui um combinando esta capacidade com as dimensões da
tópico de interesse na comunidade científica e personalidade, motivação e estados afetivos (Bar-
social mais alargada. Uma rápida pesquisa na Web On, 2006; Petrides & Furnham, 2003). Todavia, o
of Science com o tópico “emotional intelligence” modelo de IE como capacidade cognitiva tem sido
dá-nos conta de um aumento significativo de afirmado como muito promissor nesta área de
publicações na última década, com 14673 citações estudos (Antonakis & Dietz, 2010). Esta conceção
neste domínio apenas no ano de 2016. O aumento entende a IE como uma capacidade cognitiva que
da investigação acerca da IE deve-se, em larga permite compreender as emoções e significados
medida, à controvérsia em torno da sua definição emocionais de modo a auxiliar o raciocínio e
e consequente clarificação da sua natureza, por pensamento, resolução de problemas (Mayer et
um lado, e à necessidade de aprofundar as al., 2011), desenvolvimento de competências
relações da IE com variáveis de funcionamento sociais e comportamentos adaptativos (Mayer &
pessoal, académico e profissional, por outro. Com Salovey, 1997). Ao contrário do que é defendido
efeito, a investigação tem apontado para a pelos modelos mistos, no modelo cognitivo, a IE é
importância da IE na predição da qualidade das independente de traços de personalidade e
relações sociais, desempenho no trabalho, constitui uma inteligência com identidade própria,
desempenho cognitivo, trabalho emocional, bem- que promove a adaptação ao meio e a qualidade
estar e sucesso académico (Austin & Saklofske, do pensamento (Fernández-Berrocal & Extremera,
2014; Follesdal & Hagtvet, 2013; Lopes, 2016; 2005, 2006; Mayer et al., 2011). Os principais
Lopes, Salovey, & Straus, 2003; Mayer, Roberts, precursores deste ponto de vista são Mayer,
& Barsade, 2008; Mayer, Salovey, Caruso, & Salovey e Caruso (2004, 2008; Mayer & Salovey,
Cherkasskiy, 2011; Salessi & Omar, 2016; 1997), que desenvolveram uma teoria baseada em
Schutte, Malouff, Simunek, McKenley, & quatro fatores integrados hierarquicamente por
Hollander, 2002). A IE parece desenvolver-se nível de complexidade, sendo que o primeiro diz
com o nível de escolaridade, assistindo-se a uma respeito à perceção, avaliação e expressão de
competência crescente no reconhecimento e emoções, o segundo à facilitação de emoções, o
gestão das emoções e na expressão emocional terceiro à compreensão e análise de emoções e o
com a idade e o nível escolar (Cala & Castrillón, quarto à gestão de emoções (Mayer & Salovey,
2015; Costa & Faria, 2015; Mayer et al., 2011). 1997; Mayer et al., 2004). Além disso, este
Por outro lado, a investigação tem identificado modelo organiza-se em duas componentes: a
diferenças de género na IE, verificando-se experiencial e a estratégica. Da primeira
tendencialmente pontuações superiores nas suas componente fazem parte a perceção emocional
provas de avaliação no sexo feminino (Fernandez- (i.e., capacidade do individuo identificar e
Berrocal, Cabello, Castillo, & Extremera, 2012; reconhecer as emoções em si e nos outros) e a
Joseph & Newman, 2010; Sánchez-Aragón, facilitação das emoções (i.e., distinguir entre
Retana-Franco, & Carrasco-Chávez, 2008). Além emoções, gerar sentimentos e criar emoções
disso, os estudos têm apontado para relações da IE adequadas ao contexto). Por seu lado, integram a
com variáveis como os traços de personalidade segunda componente a compreensão das emoções
(Andrei, Siegling, Aloe, Baldaro, & Petrides, (i.e., compreender emoções complexas e integrá-
2016; Lopes et al., 2003), a alexitimia (Miguel et las no pensamento) e a gestão das emoções (i.e.,
al., 2010) e a desejabilidade social (Andrei et al., dirigir e gerar emoções conforme a conveniência
2016). do indivíduo) (Mayer & Salovey, 1997; Mayer et
O conceito de IE foi introduzido pelos autores al., 2004; Mayer et al., 2011).
Salovey e Mayer (1990; Mayer & Salovey, 1993, Com base neste modelo teórico de IE, foram
1997), que a definiram como uma capacidade desenvolvidos os instrumentos de avaliação
inerente à compreensão (pessoal e interpessoal), Multifactor Emotional Intelligence Scale – MEIS
gestão e utilização de emoções, e regulação de (Mayer, Salovey, & Caruso, 1997) e o Mayer-
pensamentos e ações. Atualmente, a IE é Salovey-Caruso Emotional Intelligence Test –

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MSCEIT V2.0 (Mayer, Salovey, & Caruso, 2002; Assim, se um indivíduo atribuir uma resposta que
Mayer, Salovey, Caruso, & Sitarenios, 2003). O 86% dos especialistas forneceram, receberá uma
MSCEIT V2.0 é, assim, o instrumento mais pontuação de .86 para a resposta. Apesar de
recente de uma série de medidas que avaliam a IE alguns problemas serem levantados relativamente
como capacidade e que procuram representar o à adequação do método de cotação por consenso
modelo de quatro fatores, tendo sido desenvolvido (Keele & Bell, 2009; Roberts, Zeidner, &
com o objetivo de aprimorar as versões anteriores Matthews, 2001), Mayer et al. (2002) encontraram
- o MSCEIT 1.1 (Mayer, Salovey, & Caruso, correlações entre ambos os métodos de cotação
1999) e, antes disso, o MEIS (Mayer et al., 1997). que variaram entre r=.93 e .99 para o teste total,
As análises fatoriais conduzidas com este componentes, áreas e subtestes.
instrumento indicam que este representa os O teste inclui oito subtestes: Faces e
domínios da IE através de uma estrutura de um, Paisagens (para a capacidade de perceber as
dois e quatro fatores (Mayer et al., 2003). Por se emoções), Facilitação e Sensação (para a
tratar de um instrumento adaptado e validado para capacidade de facilitar as emoções), Transição e
várias línguas, o MSCEIT V2.0 tornou-se popular Mistura (para a capacidade de compreender as
na avaliação da IE como capacidade (Cobêro, emoções), e Gestão e Relacionamento (para a
Primi, & Muniz, 2006; Curci, Lanciano, Soleti, capacidade de gerir as emoções). O MSCEIT
Zammuner, & Salovey, 2013; Extremera, V2.0 foi originalmente validado numa amostra de
Fernández-Berrocal, & Salovey, 2006; Iliescu, 2112 jovens e adultos com idades a partir dos 18
Ilie, Ispas, & Ion, 2013; Rode et al., 2008; Rossen, anos, tendo sido recolhidos dados em formato de
Kranzler, & Algina, 2008). papel ou de forma computorizada (Mayer et al.,
O teste é composto por 141 itens divididos por 2003). Quanto às propriedades psicométricas do
oito secções ou subtestes, que se organizam em teste original, no estudo da fiabilidade através do
duas áreas, a experiencial e a estratégica, sendo teste-reteste observou-se um coeficiente de .93
ainda possível obter-se uma pontuação global de para a escala geral, .90 para a área experiencial,
IE (Mayer et al., 2002). A resposta ao MSCEIT .88 para a área estratégica, .91 na Perceção de
V2.0 implica a resolução de problemas relativos a emoções, .79 na Facilitação do pensamento, .80
situações que envolvem emoções, sendo que esta na Compreensão Emocional e .83 na Gestão
resolução de problemas emocionais indica a emocional, sendo que os coeficientes alfa de
competência na adaptação emocional aos Cronbach nas oito subescalas do teste variaram
contextos. A correção do teste é feita através de entre .55 e .88 (Mayer et al., 2003).
um critério de consenso geral ou através de um Estudos realizados com o MSCEIT V2.0
critério estabelecido por especialistas. Na cotação mostram uma associação positiva entre a IE e
por consenso, são atribuídas cotações superiores a outras variáveis como a realização académica e
indivíduos que selecionam respostas que foram laboral, produtividade, qualidade das relações
anteriormente selecionadas por uma maioria de interpessoais, liderança, comportamentos pró-
indivíduos. Neste caso, as respostas são cotadas sociais e bem-estar, associando-se negativamente
em função da sua correspondência com a amostra com a agressividade, delinquência e uso de
normativa. Os resultados são ponderados em substâncias, e atuando ainda como fator protetor
função da proporção de indivíduos que na amostra face ao stresse e toxicodependência (Brackett &
normativa fornecem a mesma resposta. Assim, por Salovey, 2006; Fernández-Berrocal & Extremera,
exemplo, um indivíduo receberá um resultado de 2005; Gardner & Qualter, 2011; Mayer et al.,
.70 se 70% da amostra normativa escolher aquela 2004; Rey & Extremera, 2014). Mayer et al.
resposta em particular. Por outro lado, a cotação (2008) sustentam a necessidade do
com base em critérios estabelecidos por aperfeiçoamento dos testes de desempenho da IE,
especialistas é efetuada com recurso ao que estes visto que estes medem a capacidade de execução
especialistas consideram ser a resposta correta, dos indivíduos em tarefas mentais e não a crença
sendo que o indivíduo receberá uma cotação em ou autorrelato dos mesmos acerca dessa sua
função do grau de concordância entre a sua capacidade. Por outro lado, outros autores (e.g.,
resposta e a resposta da amostra de especialistas. Karim & Weisz, 2010; Shao, Doucet, & Caruso,

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2014) convergem no reconhecimento da inteligência emocional (emotional intelligence),


importância do estabelecimento da validade inter- validade (validity) e fidelidade (reliability). Como
e intracultural das escalas de IE, uma vez que o critérios de inclusão, estabeleceram-se os
significado e a vivência das emoções são seguintes: estudos publicados entre 2005 e 2016;
culturalmente dependentes, sendo uns aspetos estudos com o instrumento MSCEIT V2.0;
mais universais e outros mais culturalmente estudos com o objetivo de estudar as propriedades
específicos. psicométricas do teste; e estudos realizados com
A revisão integrativa conduzida por Joseph e amostras brasileiras, espanholas ou portuguesas.
Newman (2010) demonstrou que as medidas de Foram excluídos estudos cujo objetivo central não
capacidade com base na realização produziam era o da análise das propriedades do instrumento
resultados diferenciados das medidas de (e.g., estudos de diferenças de IE entre grupos,
autorrelato (quer com base em modelos de estudos de relação da IE com outras variáveis),
capacidade quer com base em modelos mistos) mesmo que tenham incluído indicadores de
quando aferida a validade incremental na predição fiabilidade ou validade na descrição dos seus
do desempenho profissional, controlado o efeito resultados. Os estudos foram organizados segundo
da personalidade e da capacidade cognitiva. Este o ano, país, grupo amostral e tipo de estudo (e.g.,
resultado reforça a importância de esclarecer o estudos de validade, estudos de fiabilidade).
potencial específico de cada instrumento (ou neste
último caso, tipo de instrumento) no estudo da IE, Resultados
à luz do modelo de IE que o suporta. Neste
sentido, o objetivo do presente estudo é apresentar A pesquisa permitiu a identificação de 14
uma revisão sistemática da literatura acerca das estudos que tinham como objetivo investigar as
propriedades psicométricas do MSCEIT V2.0 propriedades psicométricas do instrumento
(Mayer et al., 2003) como instrumento de MSCEIT V2.0, com foco quer na validade, quer
avaliação da IE enquanto constructo cognitivo e na fiabilidade (Quadro 1). Assim, identificaram-se
recorrendo à realização dos indivíduos em tarefas dez estudos conduzidos no Brasil, três estudos em
com possibilidade de acerto ou erro. Tendo em Espanha e um em Portugal, sendo que o mais
conta a importância dos estudos de validação e recente foi conduzido com amostra espanhola,
precisão, assim como da capacidade de o tendo sido publicado em 2016.
instrumento se ajustar a determinada cultura, a No que diz respeito aos participantes, em seis
presente revisão sistemática da literatura procura dos estudos a amostra foi constituída por
organizar e comentar as informações relativas às estudantes universitários (Bueno et al., 2006;
propriedades psicométricas do teste, tendo como Dantas & Noronha, 2005, 2006; Jesus Junior &
base de análise estudos realizados nas populações Noronha, 2007, 2008; Noronha et al., 2007),
brasileira, espanhola e portuguesa. Procura-se, sendo que um incluiu apenas estudantes
assim, identificar o potencial da prova, bem como universitários de cursos de psicologia (Freitas &
lacunas de investigação no estudo das suas Noronha, 2006) e outro incluiu estudantes
propriedades, examinando criticamente os estudos universitários e trabalhadores de empresas
publicados. (Noronha et al., 2007). Um estudo foi realizado
junto de alunos do ensino secundário (Marquez et
Método al., 2006) e dois estudos foram conduzidos junto
de estudantes do ensino secundário e universitário
A pesquisa realizou-se no mês de abril de (Extremera et al., 2006; Sanchez-Garcia et al.,
2016, recorrendo a bases de dados bibliográficas 2016). Foram estudadas amostras com
(B-On, Web of Science, Scopus, Sciencedirect, funcionários de empresas em dois estudos
RCAAP, Elsevier e Scielo), para a identificação (Cobêro et al., 2006; Primi et al., 2006). Um
de estudos publicados entre os anos de 2005 e estudo foi realizado com militares (Muniz &
2016 no domínio da psicologia, em língua Primi, 2007) e um outro estudo utilizou na sua
portuguesa, inglesa ou espanhola. As palavras- amostra estudantes de uma academia militar
chave utilizadas para a pesquisa foram: MSCEIT, (Monteiro, 2009). A média das idades dos participantes
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Quadro 1. Revisão das Propriedades Psicométricas do MSCEIT V2.0


Autores País Grupo amostral Validade Fidelidade
Bueno, Brasil Estudantes universitários Validade de critério (sexo e tipo de curso Escala total: α=.92; quatro capacidades:
Santana, (N=334) superior) α>.70; componentes experiencial e
Zerbini, e M idade=20.5, DP=3.28 estratégica ≈.90
Ramalho
(2006)
Cobêro et Brasil Trabalhadores de empresas Validade convergente (inteligência: BPR-5, Não apresenta
al., 2006 (N=119) Primi & Almeida, 1998),
M idade=30 anos (DP sem validade discriminante (personalidade: 16
informação disponível) PF, Cattell, Cattell, & Cattell, 1993) e
validade de critério (desempenho
profissional avaliado pelo supervisor e por
colegas)
Dantas e Brasil Estudantes universitários Validade de constructo (análise fatorial Consistência interna:
Noronha (N=270) exploratória: saturações dos subtestes acima α total=.93;
(2005) M idade=24 anos, DP=7.0 de .64 na componente experiencial e acima .72≤α capacidades ≤.89; .55≤α subtestes
de .66 na componente estratégica) ≤.89; .78≤α total por curso (psicologia,
biologia, matemática e educação física) ≤.87
Dantas e Brasil Estudantes universitários Validade discriminante (personalidade: 16 Não apresenta
Noronha (N=270) PF, Rusell & Karol, 1999)
(2006) M idades=24 anos, DP=7.0
Extremera Espanha Estudantes do ensino Validade de critério (sexo e idade) Consistência interna:
et al., secundário e universitário .69≤α subtestes consenso ≤.90; .63≤α
(2006) (N=946) subtestes especialista ≤.89.
M idade=19.78 anos, DP=5.6 Bipartição de itens:
r total=.95 para cotação consenso; r
total=.94 para cotação especialistas; r
componente experiencial consenso=.94; r
componente experiencial especialistas=.93; r
componente estratégica consenso=.89; r
componente estratégica especialistas=.87;
.82≤r capacidades consenso ≤.93; .80≤r
capacidades especialistas ≤.92.
Freitas e Brasil Estudantes universitários de Validade de critério (competências avaliados Consistência interna:
Noronha psicologia (N=83) pelos supervisores de estágio supervisionado α total=.88; α componente experiencial=.89;
(2006) M idades=26.7 anos, DP=7.53 em psicoterapia) α componente estratégica=.77; .53 ≤α
capacidades ≤ .87; .39≤α subtestes ≤.85.
Jesus Brasil Estudantes universitários Validade convergente (inteligência, BPR-5, Não apresenta
Junior e (N=191) Primi & Almeida, 2000)
Noronha M idades=25 anos, DP=7.9
(2007)
Jesus Brasil Estudantes universitários Validade de constructo (análise fatorial com Consistência interna:
Junior e (N=191) extração de componentes principais): um α total=.90; .62≤α capacidades ≤.76; .51≤ α
Noronha M idades=25 anos, DP=7.9 fator de componente estratégica com subtestes ≤.88.
(2008) subtestes com pesos fatoriais acima de .54;
componente experiencial representada por
outros dois fatores, com subtestes com
saturações acima de .76
Márquez, Espanha Estudantes do ensino Validade convergente e discriminante: Não apresenta
Martin, e secundário inteligência (Factorial General Intelligence,
Brackett (N=77) IGF-5r; Yuste, 2002) e personalidade (Big
(2006) M idades=15.03 anos, DP=.70 Five Questionnaire, BFQ; Caprara,
Barbanelli, & Borgogni, 1993).
Validade de critério: competência social –
comportamento prossocial e mal-apaptativo
(Social-Cognitive Attitudes and Strategies,
AECS; Moraleda, González, & García-
Gallo, 1998) e notas do final do ano.
Monteiro* Portugal Estudantes da academia Validade discriminante (personalidade: Consistência interna:
(2009) militar Inventário Psicológico da Califórnia, α total=.83, α componente experiencial=.81,
(N=106) Inventário de Personalidade de Eysenck), α componente estratégica=.65, .54≤α
M idades=20 anos, DP=2.0 Validade convergente (inteligência: IG8, capacidades ≤.87, .39≤α subtestes ≤.85
versão adaptada das Matrizes Progressivas
Avançadas de Raven, 1994); Provas de
Aptidão e Realização Cognitiva; Ribeiro,
Almeida, Costa, Gaspar, Paiva, Paz, & Silva,
1994).
Validade de constructo (análise fatorial
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exploratória): identificação de três fatores


(perceção, gestão e facilitação), não
reproduzindo na totalidade o modelo teórico.
Muniz e Brasil Polícias militares (N=80) Validade de critério: desempenho .45≤α subtestes ≤.82
Primi M idades=30.11 anos, profissional (Escala de Avaliação do
(2007) DP=7.40 Desempenho dos Policiais: Primi, Lima,
Petrini, Nascimento, & Cruz, 2005)
Noronha, Brasil 522 participantes (334 - .61≤α subtestes componente estratégica
Primi, estudantes universitários e 188 ≤.77; .05≤ correlação item - total subteste
Freitas, e profissionais); M Transições ≤.28; .12≤ correlação item - total
Dantas idades=23.78, DP=7.54 subteste Mistura ≤.36; .01≤ correlação item -
(2007) total subteste Gestão de emoções ≤.53; .04≤
correlação item - total subteste Relações
emocionais ≤.44;
Primi, Brasil Funcionários de empresas Validade convergente: inteligência (BPR-5; Não apresenta
Bueno, e (N=107) Primi & Almeida, 1998, 2000)
Muniz Midades=24.8 anos, DP=9.9 Validade discriminante: personalidade
(2006) (16PF; Cattell et al., 1993).
Validade de constructo (análise de
componentes principais, com identificação
de dois fatores de inteligência emocional,
bem como fatores quatro fatores que
combinam subtestes da prova com fatores de
inteligência e de personalidade).
Sanchez- Espanha Estudo 1: Validade de constructo: análise fatorial Consistência interna:
Garcia, Estudantes do ensino confirmatória, para modelo de oito subtestes, α total=.94, α componente experiencial=.92,
Extremera, secundário e universitário quatro capacidades, duas componentes e um α componente estratégica=.98, .71≤α
e (N=3448), resultado global. subtestes ≤.92.
Fernandez- M idades=24.48 anos, Invariância fatorial por sexo. Teste-reteste: r≥.70.
Berrocal DP=10.67 Validade de critério (sexo).
(2016) Validade convergente (método de correção)
Estudo 2: Validade discriminante: IE percebida Não apresenta
Estudantes universitários (TMMS; Fernandez-Berrocal, Extremera, &
(N=621), Ramos,
M idades=22.20 anos, 2004) e personalidade (BFI-44; Benet-
DP=4.66 Martínez & John, 1998).
Validade de constructo, convergente e
discriminante: análise fatorial exploratória,
com identificação de um fator que agrupa as
quatro capacidades e as diferencia de outros
fatores de personalidade e IE percebida.
Estudo 3 Validade de critério: Não apresenta
Estudantes universitários bem-estar (Perceived Well-Being Test; Ryff,
(N=502), 1989).
M idades=21.31 anos,
DP=4.94

variou entre os 15.30 (DP=.70) e 30.11 anos de inteligência, de personalidade e de IE


(DP=7.40) e o número de participantes variou percebida (Primi et al., 2006; Sanchez-Garcia et
entre 80 e 3448 indivíduos. al., 2016), retendo-se as duas áreas experiencial e
Quanto à análise da validade do MSCEIT estratégica da IE (Dantas & Noronha, 2005).
V2.0, os estudos recorreram à análise da validade Existe, no entanto, alguma dificuldade em
de constructo, através de análises fatoriais, e identificar claramente as quatro capacidades
análise de validade de critério, validade avaliadas (Jesus Junior & Noronha, 2008;
convergente e validade discriminante. O estudo da Monteiro, 2009), uma vez que as análises tendem
validade fatorial foi efetuado maioritariamente a identificar três fatores. Apenas um estudo
recorrendo a análises fatoriais exploratórias e de recorreu à análise fatorial confirmatória, tendo
retenção de componentes principais (cinco sido ainda avaliada a invariância fatorial em
estudos: Dantas & Noronha, 2005; Jesus Junior & função do sexo (Sanchez-Garcia et al., 2016).
Noronha, 2008; Monteiro, 2009; Primi et al., Neste caso, foram obtidos indicadores favoráveis
2006; Sanchez-Garcia et al., 2016). Nestes de ajuste dos dados (com uma grande amostra:
estudos, observou-se que a IE medida pelo N=3448) ao modelo teórico de oito subtestes,
MSCEIT V2.0 se diferencia efetivamente de testes quatro capacidades, duas áreas e um resultado
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global, reportando-se ainda que estudantes do Inventory (Monteiro, 2009), ou ainda pelas
sexo masculino e feminino representam o correlações nulas com o neuroticismo, a
constructo de IE de forma similar. extroversão e a conscienciosidade, estas avaliadas
O estudo da validade convergente do no estudo de Márquez et al. (2006). Esta validade
MSCEIT V2.0 recorreu ao uso de testes de discriminante foi igualmente demonstrada no
inteligência (Côbero et al., 2006; Jesus Junior & estudo de Márquez et al. (2006), onde se verificou
Noronha, 2007; Márquez et al., 2006; Monteiro, que o MSCEIT V2.0 não se correlacionou com a
2009; Primi et al., 2006). Foram encontradas inteligência geral e apenas moderadamente com a
correlações moderadas da IE com a inteligência inteligência verbal. Através de análise fatorial, foi
verbal, mas fracas com a inteligência geral, no ainda possível evidenciar que as capacidades
estudo de Márquez et al. (2006). Por outro lado, avaliadas pelo MSCEIT V2.0 se diferenciam de
observaram-se correlações positivas fracas a fatores de IE autorrelatada e da personalidade
moderadas com a inteligência avaliada pela versão avaliada em termos dos cinco grandes fatores,
da BPR-5 para o Brasil, notando-se que estas extroversão, amabilidade, conscienciosidade,
correlações se verificam especialmente para o neuroticismo e abertura à experiência (Sanchez-
raciocínio abstrato, verbal e espacial (Côbero et Garcia et al., 2016). Tal diferenciação foi ainda
al., 2005; Jesus Junior & Noronha, 2007). Foram observada, apesar de com menos clareza, no
ainda encontradas algumas correlações positivas estudo de Primi et al. (2006), onde se verificou
mas fracas (inferiores a .30) entre a IE (ao nível que os oito subtestes do MSCEIT V2.0 se
do resultado global, áreas, capacidades e diferenciam, na sua maioria, dos fatores onde
subtestes) e a compreensão verbal, o raciocínio estão incluídas as aptidões avaliadas pela BPR-5 e
numérico e o raciocínio verbal, numa amostra os traços de personalidade avaliados pelo 16PF.
portuguesa, verificando-se ainda apenas duas De modo a testar a validade de critério, foram
correlações com uma medida de inteligência geral utilizadas as variáveis desempenho profissional
(neste caso, para a capacidade compreensão das (Cobêro et al., 2006; Freitas & Noronha, 2006;
emoções e para o subteste Mistura) (Monteiro, Muniz & Primi, 2007), competências sociais
2009). Uma análise das correlações encontradas (Marquez et al., 2006) e bem-estar (Sanchez-
revela que não existe um padrão estável de Garcia et al., 2016). Além disso, a validade entre
correlações entre as dimensões avaliadas pelo grupos procurou estudar as diferenças entre sexos
MSCEIT V2.0 e os diversos tipos de raciocínio (Bueno et al., 2006; Extremera et al., 2006;
avaliados, o que poderá dever-se à qualidade das Sanchez-Garcia et al., 2016), grupo etário
amostras utilizadas nos estudos. Mais ainda, as (Extremera et al., 2006) e curso universitário
correlações não se verificam para todos os (Bueno et al., 2006). A validade preditiva foi
subtestes e para todas as capacidades avaliadas. avaliada através do estudo das relações entre a IE
A validade discriminante utilizou medidas de e o rendimento académico no final do ano letivo
personalidade (Côbero et al., 2006; Dantas & (Márquez et al., 2006). A IE avaliada com o
Noronha, 2006; Márquez et al., 2006; Monteiro, MSCEIT V2.0 está positivamente associada a
2009; Primi et al., 2006; Sanchez-Garcia et al., níveis mais elevados de comportamento pro-social
2016), de inteligência verbal e geral (Márquez et e negativamente associada a comportamento mal-
al., 2006) e uma medida de IE de autorrelato adaptativo (Marquez et al., 2006), positivamente
(Sanchez-Garcia et al., 2016). O estudo da associada a níveis mais elevados de desempenho
validade discriminante com a personalidade profissional avaliado por supervisor e por colega
mostrou que a IE, tal como medida pelo MSCEIT (Côbero et al., 2006; Freitas & Noronha, 2006;
V2.0, constitui um conceito distinto e que não se Muniz & Primi, 2007), e a uma maior perceção de
sobrepõe à personalidade, tal como demonstrado bem-estar (Sanchez-Garcia et al., 2016). A IE é,
pelas correlações nulas ou fracas entre os ainda, diferente no sexo feminino e masculino,
subtestes do MSCEIT V2.0 com os fatores do obtendo-se resultados mais elevados no grupo
teste 16 PF (Côbero et al., 2006; Dantas e feminino (Bueno et al., 2006; Extremera et al.,
Noronha, 2006) e com os fatores do California 2006; Sanchez-Garcia et al., 2016). A IE aumenta
Psychological Inventory e do Eysenk Personality com a idade, observando-se resultados mais

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Propriedades Psicométricas do MSCEIT V2.0 170

elevados em indivíduos mais velhos (Extremera et indicadores de consistência interna das quatro
al., 2006). Por outro lado, é mais elevada em capacidades revelam igualmente esta
estudantes cuja formação implica uma maior variabilidade: enquanto que parece existir alguma
necessidade de lidar com emoções, como é o caso fragilidade nalgumas capacidades, obtendo-se
dos estudantes de psicologia, de comunicação e de valores mínimos entre .53 e .72, noutras a
artes (Bueno et al., 2006), ou ainda de educação consistência interna é muito elevada, chegando a
física (Dantas & Noronha, 2005). Finalmente, os valores próximos de .90. Os indicadores de
resultados globais de IE avaliados pelo MSCEIT consistência interna para as duas componentes são
V2.0 predizem positivamente médias de globalmente mais satisfatórios, atingindo na maior
resultados académicos, no final do ano letivo, em parte dos casos valores próximos de .90.
estudantes do ensino secundário (Márquez et al., Finalmente, os resultados do teste à estabilidade
2006). do MSCEIT V2.0 reforçam a sua precisão,
A validade incremental do MSCEIT V2.0 foi obtendo-se correlações acima de .70 (Sanchez-
demonstrada no estudo de Márquez et al. (2006), Garcia et al., 2016).
onde se observou que as relações entre a IE e o Considerando as opções para a cotação das
comportamento prossocial, a autoconfiança e o respostas, a cotação escolhida pelos autores dos
rendimento académico se mantêm significativas estudos baseou-se no consenso, ou seja, nas
após ter sido controlado o efeito da personalidade respostas dadas com mais frequência pelos
e da inteligência geral. Também no estudo de sujeitos da amostra normativa, excetuando o
Sánchez-Garcia et al. (2016) observou-se que a IE estudo de Extremera et al. (2006), que comparou
medida pelo MSCEIT V2.0 apresenta relações os resultados por método de consenso e por
positivas e significativas, tanto em homens como consulta de especialistas, sendo que o primeiro
em mulheres, com o bem-estar percebido, depois indica maior fiabilidade como sistema de cotação.
de controlada a associação deste com os cinco Neste aspeto, destaca-se ainda o estudo de
grandes fatores de personalidade. Sanchez-Garcia et al. (2016), que avaliou a
Relativamente aos estudos que analisaram a convergência dos resultados, correlacionando os
fiabilidade do teste, os autores recorreram à que foram obtidos por consenso na amostra
análise da consistência interna através do alfa de normativa espanhola com os que se basearam em
Cronbach (nove estudos: Bueno et al., 2006; especialistas (r=.98) e os que se apuraram a partir
Dantas & Noronha, 2005; Extremera et al., 2006; do consenso dos estudos americanos (r=.97;
Freitas & Noronha, 2006; Jesus Junior & Mayer et al., 2002).
Noronha, 2008; Monteiro, 2008; Muniz & Primi,
2007; Noronha et al., 2007; Sanchez-Garcia et al., Discussão
2016). Foram realizados estudos em Espanha que
incluíram os métodos de bipartição de itens A presente revisão sistemática da literatura
(Extremera et al. 2006) e de teste-reteste procurou identificar e analisar criticamente os
(Sanchez-Garcia et al., 2016). Os estudos que estudos das propriedades psicométricas do
realizaram testes de precisão ao MSCEIT V2.0 MSCEIT V2.0 (Mayer et al., 2003) realizados em
revelaram que este se mostra globalmente território brasileiro, espanhol e português e
consistente e homogéneo, com alfas de Cronbach publicados na última década. As investigações
da escala total a variarem entre .78 e .94, sendo mais recentes sugerem que o modelo de
que o teste de bipartição de itens apresenta capacidades de IE é o que mais se aproxima de
resultados no mesmo sentido (Extremera et al., um modelo padrão de inteligência, uma vez que é
2006). No que respeita à consistência interna dos defendida a combinação de inteligência e emoção,
subtestes, a leitura do Quadro 1 mostra que se em que esta última está presente na facilitação de
observa variabilidade nos resultados, sendo que processos cognitivos (Mayer et al., 2011). O teste
existem algumas fragilidades nalguns subtestes MSCEIT V2.0 é a última versão de um teste
(com alfas mínimos próximos de .50) e correspondente ao modelo teórico desenvolvido
consistência interna muito satisfatória noutros pelos pioneiros da IE Mayer et al. (2002), que a
(com alfas máximos a atingirem .89). Os descreveram como capacidade cognitiva. O estudo
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das suas propriedades psicométricas em diferentes Tendo por base as 14 publicações


culturas torna-se importante no sentido de identificadas para a presente revisão, é possível
perceber se o teste é capaz de medir efetivamente tecer várias reflexões sobre os estudos das
a IE e de captar diferenças individuais (Mayer et propriedades psicométricas do MSCEIT V2.0. A
al., 2008), independentemente do contexto primeira delas prende-se com a confirmação de
cultural onde é administrado. que, nas amostras consideradas, a IE medida pelo
No presente estudo, verificou-se que o Brasil MSCEIT V2.0, conceptualizada como sendo uma
é o país que apresenta mais estudos publicados no capacidade, não se sobrepõe com constructos
domínio, seguido de Espanha que apresenta dois como a inteligência (fluida e cristalizada) e a
estudos robustos, sendo que um deles contribuiu personalidade. Mayer et al. (2004) defendem esta
para a única e atual versão do instrumento no país. diferenciação, referindo que a IE deve-se
O único estudo considerado com amostras correlacionar apenas modestamente com outras
portuguesas foi publicado numa dissertação de medidas de inteligência. Da mesma forma, os
mestrado, ao contrário do ocorrido no Brasil e em traços de personalidade devem ser independentes
Espanha, onde os estudos foram publicados em da IE (Fernández-Berrocal & Extremera, 2005),
revistas com revisão por pares. Tanto em Portugal não se correlacionando significativamente com
como no Brasil, apesar dos estudos desenvolvidos, nenhum destes, ao contrário do que acontece nas
não existe uma versão oficial do teste, validada medidas de autorrelato (Mayer et al., 2011). Estes
para as respetivas populações. Relativamente às resultados foram globalmente encontrados na
datas das publicações, apesar da última datar de presente revisão da literatura, uma vez que se
2016, 13 dos 14 estudos identificados foram confirmaram correlações nulas ou fracas entre o
conduzidos até 2009, o que parece indicar que MSCEIT V2.0 e provas de personalidade e
atualmente os estudos nos países selecionados correlações fracas a moderadas com provas de
para esta revisão centrar-se-ão mais na modelação avaliação da inteligência. Efetivamente, os
de relações da IE com outras variáveis do que no resultados apresentados relativos à validade do
estudo das propriedades psicométricas do teste. MSCEIT V2.0 levam a refletir sobre a explicação
Dado que se verificaram fragilidades na validade teórica da IE como capacidade. Visto que as
e fiabilidade do teste, esta interrupção no estudo correlações entre IE, personalidade e inteligência
das propriedades do teste condiciona a afirmação são baixas, a probabilidade de ambas serem
do instrumento enquanto medida de IE. variáveis latentes da IE é muito reduzida. Com
Um fator importante a considerar na análise efeito, os investigadores nesta área alertam para a
dos estudos produzidos neste domínio prende-se diferença entre estas duas abordagens: os modelos
com a qualidade das amostras, havendo a mistos que definem a IE como traço de
necessidade de amostras amplas e representativas, personalidade (Petrides & Furnham, 2003) e os
de modo a permitir a generalização dos resultados modelos de capacidade, em que a IE representa
(Almeida & Freire, 2007). Tendo em conta que o uma capacidade cognitiva relacionada com as
MSCEIT V2.0 se trata de um teste com 141 itens, emoções (Mayer et al., 2008). É importante,
os estudos aqui contemplados, à exceção do ainda, notar que os estudos apontam para baixas
estudo realizado por Sanchez-Garcia et al. (2016), correlações entre medidas de capacidade e
não respondem a essa exigência e poderão colocar medidas de traço e de autorrelato (Joseph &
em causa as conclusões tiradas com a utilização Newman, 2010; Mayer et al., 2004; Mayer et al.,
deste instrumento. Por outro lado, os estudos têm 2011), o que também foi verificado nesta revisão
integrado essencialmente estudantes (Sanchez-Garcia et al., 2016).
universitários, não contemplando outros setores Relativamente ao poder preditivo da IE
populacionais, como por exemplo os jovens pouco medida com o MSCEIT V2.0, a presente revisão
escolarizados ou os indivíduos seniores. O sistemática da literatura mostrou que os resultados
enfoque dos estudos na população universitária obtidos na prova estão positivamente relacionados
poderá contribuir para um enviesamento dos com o desempenho profissional, a competência
resultados encontrados na análise das social, o bem-estar e o rendimento académico.
propriedades do instrumento. Estes estudos corroboram estudos prévios que

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Propriedades Psicométricas do MSCEIT V2.0 172

demonstraram estas relações com o desempenho diferenças existentes quando adotados diferentes
profissional (Extremera et al., 2006; Lopes, 2016), procedimentos de análise da estrutura fatorial do
com a qualidade das competências sociais, instrumento.
importantes para as interações sociais e adaptação As fragilidades encontradas no estudo da
social (Austin & Saklofske, 2014; Extremera et validade de constructo do MSCEIT V2.0
al., 2006; Mayer et al., 2008), e variáveis da prolongam-se também no estudo da sua
saúde, como o bem-estar subjetivo (Mayer et al., fiabilidade. Enquanto o teste global e as duas
2011). Este resultado apoia a sua utilização em componentes obtêm indicadores elevados de
estudos aplicados aos domínios do trabalho, consistência interna, o mesmo não acontece com
escolar e da saúde. Por outro lado, em amostras tanta clareza no que respeita às quatro capacidades
brasileiras e espanholas o sexo feminino mostrou- e a todos os oito subtestes. Ainda que os valores
se mais competente na IE, assim como os máximos de alfas reportados confirmem uma
indivíduos mais velhos, sugerindo que a IE se muito satisfatória fiabilidade para alguns
desenvolve com a idade e é influenciada pelo subtestes, outros parecem não apresentar
género, suportando assim os resultados de estudos suficiente homogeneidade nos itens que os
prévios (Fernández-Berrocal et al., 2012; Mayer et integram. Estudos futuros devem aprofundar o
al., 2004; Mayer et al., 2011). Estas conclusões contributo de cada item para o total da subescala,
podem apoiar a descrição do que será o perfil de no sentido de identificar os melhores itens na
um individuo com maior e menor nível de IE, avaliação da IE pelo MSCEIT V2.0. Recorde-se
visto que a IE como capacidade, entre o que já foi que entre os 14 artigos selecionados para a revisão
referido anteriormente, prediz várias sistemática da literatura, apenas o estudo de
características como a liderança, comportamentos Noronha et al. (2007) estudou as correlações do
pró-sociais (Mayer et al., 2004, 2008) e maior item com o total corrigido nos subtestes que
sensibilidade às emoções em determinadas integram a componente estratégica, tendo
profissões, como aquelas ligadas à saúde e às artes identificado itens com correlações muito fracas
(Bueno et al., 2006). com o seu subteste. Finalmente, importa referir
Uma apreciação geral do estudo da validade que os estudos de fidelidade relativos à
fatorial do instrumento permite-nos observar que estabilidade do teste apresentam valores
apenas um estudo recorreu à análise fatorial condizentes com o teste original, apontando o
confirmatória e ao estudo da invariância fatorial MSCEIT V2.0 como um instrumento estável e
por sexo (Sanchez-Garcia et al., 2016), não se neste sentido com boa precisão (Mayer et al.,
podendo assim garantir a justiça nas comparações 2012).
efetuadas de resultados de IE de mulheres e de Concluindo, os estudos identificados na
homens nas amostras identificadas. Dadas as presente revisão da literatura defendem a estrutura
vantagens do estudo confirmatório dos modelos original do MSCEIT V2.0 e os seus objetivos de
de medida na testagem de modelos teóricos, mais medida na população brasileira, espanhola e
estudos deveriam ter procurado incluir a análise portuguesa, apresentando indicadores que
fatorial confirmatória no sentido de testar a teoria suportam, na maioria, a sua validade de
subjacente ao MSCEIT V2.0 (Rossen et al., constructo, de critério, convergente e
2008). Aliás, os estudos reportados na presente discriminante, tal como encontrado noutras
revisão sistemática da literatura permitiram culturas (e.g., Rossen et al., 2008). O MSCEIT
observar algumas fragilidades na demonstração V2.0 apresenta-se como uma prova com
deste modelo de medida, através das análises qualidades psicométricas globalmente adequadas,
fatoriais e de componentes principais conduzidas, podendo ser utilizada em contexto académico ou
verificando-se dificuldades em identificar organizacional, a partir dos dezassete anos. No
claramente as quatro capacidades de IE. Contudo, entanto, algumas considerações devem ser tidas
o estudo que recorreu à maior amostra e que quanto à fiabilidade do instrumento, antecipando-
incluiu análise fatorial confirmatória nos seus se que existem subtestes onde a homogeneidade
procedimentos confirmou a estrutura original do não está garantida, necessitando, por isso, de
teste de um, dois e quatro fatores, reforçando as maior estudo no futuro. Quanto às limitações

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Propriedades Psicométricas do MSCEIT V2.0 173

desta revisão, estas prendem-se com os critérios Brackett, M. A., & Salovey, P. (2006). Measuring
de inclusão que apenas incluem estudos com o emotional intelligence with the Mayer-
MSCEIT V2.0 em três países. Futuramente, Salovey-Caruso Emotional Intelligence Test
sugere-se uma revisão que tenha em conta todos (MSCEIT). Psicothema, 18, 34-41.
os estudos de qualidades psicométricas realizados Bueno, J. M. H., Santana, P. R. S., Zerbini, J., &
com o MSCEIT V2.0 nas várias culturas e desde a Ramalho, T. B. (2006). Inteligência
sua introdução no domínio da avaliação da IE, no emocional em estudantes universitários.
sentido de compreender a aplicabilidade do teste e Psicologia: Teoria e Pesquisa, 22, 305-316.
as suas potencialidades de forma mais alargada. doi:10.1590/S0102-37722006000300007
Importa, sobretudo, analisar estudos que tenham Cala, M. L. P., & Castrillón, J. J. C. (2015).
incluído amostras significativas e adequadas e que Inteligencia emocional y rendimiento
tenham incluído nos seus procedimentos as académico en estudiantes universitarios.
análises estatísticas de que dispomos atualmente, Psicología desde el Caribe, 32, 268-399.
nomeadamente a análise fatorial confirmatória. doi:10.14482/psdc.32.2.5798
Por outro lado, importa perceber até que ponto as Caprara, G.V., Barbanelli, C., & Borgogni, L.
medidas de capacidade da IE se adequam ou não (1993). Big Five Questionnaire (BFQ).
àquilo que é a IE, contribuindo para o Madrid: TEA.
esclarecimento do conceito e para a forma mais Cattell, R. B., Cattell, A. K. S., & Cattell, H. E. P.
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