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INSTITUTO SUPERIOR DE FILOSOFIA E

CIÊNCIAS RELIGIOSAS SÃO BOAVENTURA

GABRIEL DA PAIXÃO SILVA

TEODICEIA
“O ateísmo de Sigmund Freud”

SÃO PAULO
2020
O ateísmo de Freud é o chamado ateísmo psicológico. Em 1856 nasceu Sigmund Freud de uma
família judaica, Freud era o primogênito de um terceiro casamento, passou a sua infância em
Viena e lá ele teve duas experiências que marcaram sua vida, a primeira foi a vivência rígida de
um catolicismo disciplinar ensinado por sua ama. E depois não tão distante foi vítima do
antissemitismo católico praticados na Alemanha e Áustria, quando pequeno viu seu pai sendo
espancado na rua, criando nele um trauma e marcando sua vida inteira esta imagem tão
chocante.

Em 1881 tornou-se médico e atuou como fisiólogo, em 1886, iniciou práticas privadas em
clínicas particulares de doenças nervosas. Nesse mesmo período casou-se com Martha Beranys
uma judia de família nobre, casou no rito judeu em uma sinagoga, não por ser religioso, mas por
mera formalidade, pois já havia incutido em seu ser o pensamento ateu, embora assim, foi um
casamento feliz, onde teve seis filhos.

Freud recebe uma bolsa de estudos em uma clínica de neurologia da França e passou de fisiólogo
para psicólogo, dedicando-se ao estudo das neuroses, ele utilizava-se do método hipnótico e
nisso ele fez uma descoberta que por trás de uma neurose, estão problemas de orientação
sexual passados, ou seja provavelmente ocorridos na infância.

Voltou então a Viena e abriu um consultório particular, teve alguns problemas com a Igreja
Católica, mas não era nada que impediria seu trabalho, nesse tempo ele deixa de lado o método
hipnótico a passa a usar um método que ele mesmo cria denominado “psicanálise”.

Entrando no âmbito da religião, Freud faz um questionamento, “como as manifestações


religiosas tem tanto vigor na humanidade?”. Ele mesmo diz depois que essa força vem dos
desejos latentes, que se tratam de desejos arcaicos.

Para Freud a psicanálise não se restringe como método terapêutico, mas torna-se o meio para
explicar toda a realidade da vida, sendo assim, como interpretar a religião?

A psicanálise veio somente para dar um revestimento ou sentido cientifico a uma opção ateia
feira por ele mesmo, com seus estudos constatou que nas religiões antigas já se falava de um
Deus.

Freud um admirador de Darwin, pegou muito de suas ideias, para Darwin a religião que era
primitiva foi se evoluindo num esquema ascendente, pelo qual toda a religião teria passado,
primeiramente passou por um animismo, depois para o politeísmo, monolatria e depois
monoteísmo.

O animismo consiste no culto dos mortos, espíritos dos antepassados. Pode-se ver isso na
religião dos romanos, esta seria, portanto, a primeira manifestação religiosa.

Então Freud percebeu que as crianças, por natureza gostam de animais, elas fazem parte de seu
mundo, mas esta relação ´ambivalente, pois ao mesmo tempo que uma criança admira e gosta
de um animal, tem por ele medo, do qual deu o nome de complexo de édipo, esse animal
representa a figura paterna.

Com isso Freud afirma que toda religiosidade provem de uma vivencia camuflada de um
complexo de Édipo, ou seja, é uma transposição simbólica vivida a nível de religião. Para provar
utilizou uma teoria de Darwin, o qual afirmava que a sociedade (clã) primitiva era formada de
um macho, o senhor da vida e da morte, possuidor e dominador de diversas mulheres, as quais
os filhos não tinham acesso. Toda religião é uma regressão patológica infantil, e se a religião
ainda é tão forte no homem é porque tenta responde aos desejos e impulsos mais arcaicos e
muitíssimo fortes que toda humanidade carrega e dos quais não deseja se libertar.

“Deve-se abandonar estas regressões infantis, camufladas de religião e converter-se a ciência, a


realidade. Por ela tudo pode ser explicado, mesmo não respondendo prontamente, mas no
futuro saciará todos os anseios humanos. Com isso ele propõem uma rejeição de Deus e uma
conversão a ciência em todas as ramificações, ele, porém, não levanta um ateísmo militante pois
fica a critério de cada um em fazer aquilo que acha.

A meu ver Freud vem com uma ideia sem sentido algum, onde com certeza tenta colocar aquilo
que pensa, pois a fé exige mudanças muitas delas radicais, então ele prefere não acreditar do
que abandonar, mudar seu modo de vida.

Ele mesmo está projetando aquilo que pensa numa ideia em uma crença ateia, e pensando
também que toda religião e todos os problemas vem de impulsos sexuais, está enganado, a fé
está muito mais além do que simplesmente sentimentos e sensações, a fé é razão, embora ela
traga algum prazer, mas não é o prazer que está acostumado, a fé vai além, supera as barreiras
da psicologia, da medicina, do bel prazer.

E também nem toda neurose está ligado a problemas do passado, infância. Mas acerta em dizer
que a religião ultrapassa a ciência e aquele que tenta ir por esses meios se vive na ilusão, pois a
fé responde aquilo que a ciência não responde.

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