GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES

DISCIPLINA: Concepções da Educação: Práticas da educação do campo

PROFESSOR: Rafael Albuquerque Xavier

Alunos (as):
 Jacenilda Araújo De Medeiros
 Joana Darc Melo da Silva
 Robson Rubenilson dos Santos Ferreira
 1. HISTÓRICO

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Tertuliano Pereira de Araújo está localizada na

comunidade Pedreiras, distante 10 km da sede do município de Picuí – Paraíba, entrecortada pela
Rodovia estadual PB-104. Está inserida na Mesorregião da Borborema e Microrregião do Seridó
Oriental. Foi criada pela Lei Municipal nº 09/82 de 30 de novembro de 1982, sendo vinculada à
Secretaria Municipal de Educação Cultura de Desporto.

Inicialmente era uma das escolas extensão da Escola Pólo EMEF Antônio Ferreira da Costa, situada
no Sítio Lajedo Grande. O espaço físico no qual a EMEF Tertuliano Pereira de Araújo funciona
atualmente é fruto de uma ação comunitária de moradores. Antes funcionava uma creche desde 1999,
sob a denominação “Centro Social Educacional Sítio Pedreiras” conhecida como creche de Irmã
Cristina. Neste espaço educativo as crianças recebiam não só atendimento educacional escolar, mas
também atendimento médico-odontológico e participavam de atividades recreativas e apoio às famílias.

Em 2005, Joana Cristina Rodrigues dos Santos - a Irmã Cristina, repassou o prédio para a Prefeitura
Municipal de Picuí. A partir daí deu-se a centralização, nesse espaço, dos núcleos do PETI de toda a
região. Por isso, a mudança do nome para Centro Social Integrado da Criança e do Adolescente Joana
Maria da Conceição em homenagem a mãe de Dona Severina Teodoro doadora do terreno. Em 2007, foi
anexo da EMEF Tertuliano Pereira de Araújo, funcionando do 6º ao 9º ano, quando foram construídas
novas salas de aula. Aos poucos a Escola foi sendo adaptada para atender a demanda dos alunos do
campo que teriam que se deslocarem para estudar na sede - cidade de Picuí.

.A escola está inserida em uma comunidade rural que sobrevive basicamente da agricultura familiar, da
criação de pequenos rebanhos (bovinos, caprinos, suínos, extração de pedras; entre outros). Expressa sua
identidade cultural nas festas juninas, quadrilhas, forró pé-de-serra, jogos de futebol nos finais de
semana, etc.

A COMUNIDADE

A comunidade Pedreiras tem 50 famílias num total de 149 habitantes e ao seu redor estão as
comunidades: Lajeado Grande, Mendes, Tanques, Tanque do Caboclo, Serrote do Tigre e Monte Azul.
Seus habitantes são beneficiados com eletrificação, cisternas comunitárias, poços artesianos e amazonas,
um cacimbão, seis barreiros, um açude e dois tanques de pedras, uma associação comunitária,
denominada de Associação Comunitária de agricultores de pedreiras ( ACAP) e uma Igreja Católica. O
nome Pedreiras originou-se da predominância de inúmeras pedras na região. As primeiras famílias a
habitarem a região foram os Barros, os Teodoros, os Cassimiros, os Estevãos e os Tertulianos, que
deram origem ao nome da escola.

Tertuliano Pereira de Araújo era um colono que veio colonizar esta região, onde junto com sua
família desmataram e plantaram várias cultivas como: feijão, milho, mandioca, fava, algodão e sisal,
construiu uma casa de farinha de taipa que localizava - se no Sítio Atanásio e por ser carpinteiro ele
mesmo fez todos equipamentos como: prensa, fuzil de madeira etc.

Ele morava numa casa de taipa ao lado direito da casa de sua filha Joana que era casada com Lau,
onde hoje mora Manuel Totô, funcionário aposentado da escola. De modo que antes de ser construída a
escola, já funcionava uma sala de aula na casa de sua filha, onde Jecina segunda mulher de Lau, era a
professora. Também funcionava outra sala de aula na casa de Nininha de Emílio Zacarias, em terras de
Tertuliano.

Mas como a região era bastante extensa, surgiu à necessidade de construir uma escola vizinho a
sua outra filha Maria Tereza. O que precisou da intermediação de Quinca Silva, sobrinho de Antônio
Pedra D’água, casado com outra filha de Tertuliano, chamada China. Após Quinca Silva conseguir ser
atendido com a construção da escola junto ao Prefeito, seu tio Antônio Pedra D’água e sua esposa China
doaram o terreno para construir a escola ao lado esquerdo de sua casa, mas com a condição da escola
receber o nome de seu pai, por ele ter contribuído com o povoamento daquela região. Assim a escola foi
oficializada, desde 1982 como o nome de Tertuliano Pereira de Araújo, fato que predomina até hoje.

CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA

Seu funcionamento se dá em dois turnos: pela manhã e atende a 264 alunos, sendo todos no
Ensino Fundamental (do 4º ao 9º ano) oriundos da própria comunidade e circunvizinhas. No turno da
tarde atende a 100 alunos inseridos no Programa Mais Educação.

A estrutura física da escola é considerada boa, no entanto, necessita de adequações e ampliações,

pois não dispõe de laboratório de ciências, auditório e parque infantil.

Existem 10 salas de aula, 01 sala de direção, 01 sala de secretaria, 01 sala de professores, 01 sala
de recursos multifuncional, 01 laboratório de informática,01 biblioteca, 01 sala de TV e de vídeo,01
despensa, 01 quadra de esportes coberta, 01 cozinha, 01 sanitário para funcionários, 01 sanitário para
professores, 04 sanitários para os educandos, 01 banheiro para pessoas com mobilidades reduzidas,
01central de água, 01 fanfarra, 01 depósito de coleta seletiva de lixo, 01 horta escolar e acesso à internet.
Além de um posto médico-odontológico agregado à escola.

EQUIPE PEDAGÓGICA:

A equipe pedagógico-administrativa é composta por 01 gestora escolar, 01 gestor escolar

adjunto, 01 orientadora escolar,01 coordenadora pedagógica, 14 professores; sendo 02 professores das
seres iniciais com formações específicas em Pedagogia e 12 das seres finais do ensino fundamental com
formações especificas nas áreas de ensino, 1 agente administrativo e 1 auxiliar administrativo. A equipe
de apoio constitui-se de 05 auxiliares de serviços, 1 inspetor e 3 vigias e 1 conselho escolar constituído
por representantes da comunidade escolar. São eles(as) :

Vânia Lúcia de Medeiros Santos Dantas - Gestora Escolar formada em Pedagogia e especialista em
Gestão Escolar e Supervisão ,João Paulo de A. Medeiros - Gestor Escolar Adjunto formado em
Matemática e especialista em Ensino - Aprendizagem, Keiles Lucena de Macedo – Orientadora
Educacional formada em Pedagogia, Maria Francinete Cunha- Coordenadora pedagógica formada em
Pedagogia, Alexsandro Azevedo- Professor de Geografia especialista em Gestão e Análise Ambiental,
Antonio Marcos Borges Camara - Professor de História especialista em Educação Básica e Cultura
Afrobrasileira aluno especial do mestrado em História Cultural, Christiane Kelly Nunes Cavalcante -
Professora de Geografia, Edmilson Gerônimo - Professor de Inglês, Erivaldo dos Santos - Professor de
Língua Portuguesa, Jacenilda Araújo de Medeiros - Professora de Matemática, Josenildo Azevedo -
Professor de Educação Infantil, Jarbas dos Santos Silva - Professor de Educação Física especialista em
Fisiologia do Exercício, Jesana Santos - Professora de Ciências formada em Quimica, Luciana Lima de
Almeida Melo- Professora de História especialista em Teoria e Metodologia no Ensino de História
mestranda em Educação, Luciene Soares Silva Santos - Professora de Língua Portuguesa especialista em
Educação com Foco em Ensino Aprendizagem, Maria Madalena de Lima – Professora de Ciências
formada em Biologia e mestre em Produção Agrícola, Suely Nóbrega - Professora de Matemática,
Zilmárcio Cordeiro - Professor de Educação Infantil especialista em Leitura e Letramento cursando
Direito,Eliel Nascimento de Oliveira – ASG com Ensino Médio Completo, Iranilda Ferreira Diniz Silva
– ASG com , Maria Roseilda de Lima Almeida – ASG formada em Pedagogia, Maria Liliane da Silva
Dantas – ASG com Ensino Fundamental Completo, Maria Roselma Dantas dos Santos – ASG com
Ensino Médio Completo, Luziane Souza – Auxiliar Administrativo com formação em Jornalismo
graduanda em História, Maria Jeane Dantas dos Santos - Agente Administrativo com formação em
Agroecologia e Graduanda em Letras, Genildo Firmino dos Santos – Inspetor Escolar com Ensino
Médio Completo , Cícero da Silva Pereira – Agente de Segurança com ensino fundamental, José
Olímpio dos Santos Neto - Agente de Segurança com ensino fundamental, Ramalho Flor da Silva -
Agente de Segurança com ensino fundamental Incompleto.

Respeitando os fins e princípios da Educação Nacional, estabelecidos na Lei nº. 9.394/96 – LDB, que
fundamentam e orientam a política educacional do país; a EMEF Tertuliano Pereira de Araújo trabalha
suas ações educativas adotando a concepção de Educação para a convivência com o Semiárido
desenvolvendo o Projeto Escola Sustentável defendendo a sustentabilidade da vida nessa região. Além
desse Projeto, a escola propõe garantir a interdisciplinaridade, o respeito à pluralidade , à diversidade e
aos direitos humanos, trabalhando Projetos de Fanfarra, Rádio Escolar e Reforço Escolar .

OS DESAFIOS EMEF TERTULIANO PEREIRA DE ARAÚJO NA VISÃO DA DIREÇÃO:

A direção da EMEF Tertuliano Pereira afirma que A Educação no Campo, a partir de formações
ofertadas aos professores, foi inserida no Projeto Pedagógico da escola, tendo como principal foco
atividades contextualizadas com o meio rural. O programa “Mais Educação” que visa uma educação
integral, trouxe o projeto da Horta que integra o meio rural ao âmbito escolar. Sendo esse um dos pontos
positivos da escola, que busca a integração do seu currículo com a vida de seu alunado, basicamente do
meio rural.

Além disso, há um acompanhamento semanal com a orientação e supervisão escolar que

possibilita que a integração proposta pela escola seja efetiva. Apesar da estrutura física da EMEF
Tertuliano Pereira ser um dos pontos fortes da escola, a direção salienta que a falta de um refeitório
ainda causa transtornos ao alunado que ainda tem que realizar suas refeições em local aberto.

OS DESAFIOS EMEF TERTULIANO PEREIRA DE ARAÚJO NA VISÃO DOS

PROFESSORES

Uma das principais dificuldades enfrentadas pelos professores da respectiva escola é a

dissociação entre o discurso e a prática da Educação no Campo. Os docentes relataram, a partir de uma
entrevista realizada em conjunto, que não presenciam uma Educação voltada para o Campo e o público
rural. Muitas vezes não conseguindo diferenciar a mesma da Educação Urbana, apesar da escola
desenvolver algumas atividades e projetos contextualizados, eles não conseguem observar, de fato, uma
Educação do Campo efetiva. Além disso, ainda há a inadequação do calendário escolar a realidade da
zona rural, o que muitas vezes dificulta a acessibilidade e a assiduidade dos alunos em épocas chuvosas
ou de colheita.

Dentre os pontos positivos, os professores citaram a presença da família na escola, com a

atuação efetiva dos pais; A estrutura física e aporte didático da escola; O alunado do campo (mais
respeitador e educado que o urbano). Além da construção da Identidade do Alunado junto a EMEF
TERTULIANO PEREIRA DE ARAÚJO.

OS DESAFIOS EMEF TERTULIANO PEREIRA DE ARAÚJO NA VISÃO DOS ALUNOS:

Durante a pesquisa realizada com os alunos do 9º ano foi observado que a EMEF Tertuliano
Pereira de Araújo apresenta uma estrutura em equipamentos e espaço que contraria a realidade da
maioria das escolas do campo. Contudo, apesar dos elogios, foram apresentados alguns problemas que
merecem atenção pela gestão escolar e a secretaria municipal de educação do município.

A pesquisa contemplou duas turmas do 9º ano. O critério de escolha deve-se ao fato destes
alunos conhecerem melhor a realidade da escola, bem como a facilidade de expressar sua opinião.
Foram ouvidos 51 alunos, sendo deste total 68% do sexo feminino. Isto se deve a necessidade que parte
dos alunos (masculino) relatou em ajudar os pais: 27%, quando perguntados sobre a maior dificuldade
enquanto aluno do campo, ressaltando que este dado refere-se em sua maioria aos homens.

Uma questão fica a ser analisada: Quando perguntados sobre a participação em programas
sociais 73% afirmaram que participam de alguma modalidade. Desta forma surge a questão: é possível
os alunos estarem participando de algum programa social e ainda assim estarem realizando algum tipo
de trabalho? Parece que sim, pois enquanto 73% afirmaram que participam de algum programa, 27%
disseram que o trabalho é fator problemático.

Segundo pesquisa, apenas 10% dos alunos analisados estão em distorção idade/série. Fazem
parte de uma comunidade formada por 21 sítios, sendo que a maioria é da comunidade Mari Preto: 21%,
seguida pelo Lagedo Grande 10% e pedreiras 8%.

Considerando as respostas apresentadas no questionário a maioria dos alunos demostrou o

interesse em ingressar no ensino superior 39%, contratando com a realidade de seus pais, na qual 100%
deles não frequentou a universidade, sendo que 15% das mães nunca estudaram, enquanto os pais esse
número chega a 29%. Percebemos assim que, apesar da baixa escolaridade dos pais, os alunos sentem-se
estimulados a estudar, sendo o ensino/aprendizagem um dos fatores que contribuem para esta realidade,
conforme resposta a questão sobre o que a escola tem de melhor, 46% dos alunos responderam o
ensino/aprendizagem.

Um dos aspectos negativos apresentado por 45% dos alunos foi quanto ao acesso a internet.
Apesar de a escola dispor de laboratório de informática e acesso a internet, pouco mais da metade
conseguem utilizar a tecnologia, sendo a metade dos 55% que tem acesso a rede mundial de
computadores, 50% fazem acesso em sua própria casa, enquanto apenas 25% utiliza-se da internet da
escola.

A acessibilidade é uma realidade para 86% das respostas, sendo presente na escola rampas,
corrimões, banheiros e salas adaptadas, inclusive com atendimento a alunos “especiais”.

Quando perguntados se a educação na cidade seria melhor que a oferecida no campo, 53% dos
alunos responderam que sim e justificaram que na cidade apresenta uma estrutura física melhor, acesso a
tecnologias e internet e lhes dá maiores perspectivas de futuro.

Numa perspectiva de trabalhar os conteúdos voltados para a realidade dos alunos, a EMEF
Tertuliano Pereira de Araújo utiliza diversos produtos da região no cardápio da merenda escolar. Entre
os citados pelos alunos destacamos: acerola, goiaba, umbu, caju, milho mandioca e verduras. Outra
prática citada pelos estudantes é quanto ao desenvolvimento de projetos voltados para a educação no
campo. A pesquisa mostra que 54% dos alunos já se envolveram em algum projeto nesta prática. Ainda
destacam a horta da escola como um projeto que identifica alunos e professores.

Para a maioria dos alunos a principal forma de lazer no campo é a TV ( 37%), a internet (20%) e
o esporte ( 17%). Contudo para 18% dos alunos a escola ainda apresenta como maior desafio a estrutura
física, citando a quadra de esporte como um espaço que merece atenção por parte do poder público.

Entre as maiores dificuldades relatadas pelos estudantes na EMEF Tertuliano Pereira de Araújo
destacam-se a limpeza para 40% dos entrevistados, as refeições 20% e a estrutura física, com destaque
para o espaço dedicado a prática esportiva com 18% das respostas. Outro problema citado por 8% dos
alunos foi quanto ao vandalismo na escola.

A pesquisa ratifica a visita realizada pela equipe a escola demostrando que, se comparada às
demais escolas do campo do país, a EMEF Tertuliano Pereira de Araújo possui uma estrutura física
melhor com salas climatizadas, recursos tecnológicos, acesso a internet, respeito a realidade do alunos,
mas que apresenta alguns desafios que ora depende de investimentos públicos, a exemplo da melhoria
na quadra de esporte, ora da gestão escolar, a exemplo da melhoria da limpeza, ou ainda da
conscientização dos alunos quando atuam de forma a não contribuir com a escola através de atitudes de
desrespeito como não utilizar os coletores para depositar seu lixo, não utilizar adequadamente os vasos
sanitários, etc.

PROPOSTAS DA EQUIPE DE PESQUISA

A Equipe de pesquisa ao analisar os dados coletados, constata que a EMEF Tertuliano Pereira de
Araújo oferece uma educação de qualidade aos alunos da comunidade Pedreiras, ao oferecer uma
estrutura mínima de espaço, equipamentos tecnológicos, atividades e proposta pedagógica que
contempla a realidade de seus alunos e envolvimento com a família. Contudo, a escola pode avançar se
estreitar a parceria com as Instituições que valorizam a educação do campo, a exemplo do Curso de
Agroecologia do Instituto Federal de Educação da Paraíba – IFPB, O Instituto Nacional do Semiárido –
INSA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa.

ANEXO

Gráficos da Pesquisa: