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História das Relações Internacionais II - Professora Anna Carletti - Elisa, Joiciely e Maria Fernanda

Antecedentes
Alemanha ascendendo como país - 1871 Unificação
↪ 1870 - Guerra Franco-Prussiana
↪ Vitória por parte da Prússia que anexa a Alsácia-Lorena em seu território. A Alemanha se
unifica, Guilherme I é declarado Imperador da Alemanha e Otto Von Bismarck como
Chanceler - Inicia-se o Segundo Reich.
↪ A partir disso o plano diplomático de Bismarck consistia em alianças flexíveis que
tinham como objetivo isolar a França, como medida de evitar o revanchismo pelo
território perdido.
↪ Queria mais territórios e usava a premissa de crescimento do povo alemão.

↪ Competição industrial com a Grã-Bretanha

Segundo Clarck:
“Personificar Estados como indivíduos era parte da comunicação
telegráfica da caricatura política europeia, mas também refletia
um hábito de pensamento arraigado: a tendência a conceituar
Estados como indivíduos compostos, governados por uma força
executiva compacta e animados por uma vontade invisível.”

↪ Das potências europeias do séc XX, apenas a França era uma


república e quanto às monarquias era difícil definir o papel de
influência que os monarcas tinham.
↪ Variáveis importantes: determinação, competência e bagagem
intelectual do próprio monarca, a capacidade dos ministros de bloquear iniciativas
indesejáveis e o grau de concordância entre o monarca e o governo.

Eduardo VII - Reinado de 1901-1910


↪ Firmes opiniões sobre a política externa se orgulha de ser bem informado
↪ Hostil contra a Alemanha em parte por sua mãe que era amigável demais com a
Prússia
↪ Depois de coroado tornou-se um importante patrocinador de um grupo de
autoridades antigermaniccas.
↪ Agiu como uma espécie de embaixador
↪ Em 1903 durante uma visita a França organizada pelo mesmo foi o que
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permitiu a futura formação da Entente.”A visita organizada pelo próprio Eduardo foi um
triunfo de relações públicas e contribuiu imensamente para desanuviar o clima”.
(CLARK).
↪ Após isso, empenhou-se em um acordo com a Rússia.

George V - Reinado 1910-1936


↪ Até assumir, pouco se interessava pela política externa e tinha sua noção perante as
relações da Grã-Bretanha com os outros países era superficial.
↪ Aparente neutralidade na política externa
↪ Não havia formado uma rede política como a de seu pai, se abstinha de intrigas e
perante a assuntos políticos evitava se pronunciar sem a permissão explícita dos
ministros.

Nicolau II -Reinado 1894-1917


↪ Assim como George V, não formou uma rede política antes da coroação e evitava
falar sobre política governamental.
↪ Extrema timidez e medo de exercer autoridade, o impediu de impor um governo com
suas preferências políticas.
↪ Faltava-lhe apoio executivo para moldar sua preferências políticas. “ O monarca se
afundava em trivialidades enquanto questões verdadeiramente importantes ficavam de
lado”.
↪ Muitos ministros não aprovavam a política voltada para extremo oriente e achavam
que com isso problemas importantes eram deixados de lados.
↪ Sobre Bezobrazov, magnata madeireiro do rio Yalu na coreia, os ministros não
gostavam da presença de um “forasteiro” aconselhando o czar, mas nada podiam fazer.
↪ Intensificando seu poder, Nicolau nomeou um vice rei do extremo oriente para
tratar assuntos civis e militares, e também relacionadas com tóquio.
↪ Não se sabe se o czar tinha real noção sobre a política com o Japão, mas com
certeza foi o principal responsável pela guerra que começou em 1904.
↪ 1911-1914 Declínio no governo e reafirmação do poder autocrático.

Guilherme II - 1888-1918
↪ Assumiu o trono pretendendo ser o autor da política externa alemã.
↪ “O ministro das relações exteriores? Ora eu sou o ministro das relações exteriores, eu
sou o único senhor da política alemã. Meu país tem que me seguir aonde quer que eu vá”.
(Carta Enviada a Eduardo VII)
↪ Interessava-se pela nomeação dos embaixadores e apoiava seus preferidos.
↪ Decisões contrárias
↪ Os ministros tentavam deixá-lo longe dos processos de tomada de decisão
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↪ "Kaiser desempenhava um papel de liderança de controle incapaz de exercer na


prática”.

Quem governava Paris

↪ Na França a dinâmica era diferente, mas análoga em linhas gerais. Em um grau muito
maior do que na Rússia, o Ministério das Relações Exteriores, ou Quai d’Orsay, como era
conhecido em virtude de sua localização, tinha poder e autonomia formidáveis. Era uma
organização socialmente coesa e relativamente estável, com um elevado sentimento de
dedicação à sua missão.

↪ Uma rede densa de ligações familiares reforçava o esprit de corps no Ministério. O


Ministério das Relações Exteriores protegia sua independência com o hábito do sigilo. As
informações delicadas só raramente eram repassadas aos ministros do gabinete. Não
era incomum altos funcionários omitirem informações a políticos mais graduados, e até
ao próprio presidente da República.

↪ Em janeiro de 1895, o presidente Casimir Périer renunciou depois de apenas seis meses
no cargo, protestando que o Ministério das Relações Exteriores não o mantinha informado
nem mesmo dos acontecimentos mais importantes.

↪ Em 1912 Raymond Poincaré só foi informado sobre os detalhes da aliança franco-russa


quando se tornou premiê e ministro das Relações Exteriores.

↪ Os ministros franceses das Relações Exteriores tendiam a ser fracos, até mais fracos do
que seu próprio grupo de assessores ministeriais. Uma razão disso era sua rotatividade
relativamente alta, decorrente dos níveis sempre elevados de turbulência política na
França pré-guerra.

↪ No início de 1913 e a eclosão da guerra, por exemplo, o país teve nada menos que seis
ministros das Relações Exteriores. A chefia desse Ministério era uma etapa mais transitória
e menos importante no ciclo de vida dos políticos franceses do que na Grã-Bretanha, na
Alemanha e na Áustria-Hungria.

↪ A permanência em cargos: Se um ministro permanecesse no cargo por tempo


suficiente, fosse engenhoso e determinado o bastante, com certeza podia imprimir sua
personalidade ao funcionamento do Ministério.

↪ Paul Cambon 1843-1924: Paul Cambon é um bom exemplo, ele comentou em uma
carta de 1901 que toda a história diplomática da França era pouco mais do que uma
longa lista de tentativas de agentes no exterior para obter alguma coisa em face da
resistência de Paris. Cambon não se considerava um funcionário subalterno do governo,
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mas um servidor da França, cujas habilidades davam-lhe o direito. Foi Cambon, mais do
que ninguém, o responsável por assentar os alicerces da entente, trabalhando duro a
partir de 1901 para persuadir seus interlocutores britânicos a consentir na questão do
Marrocos e ao mesmo tempo exortando Delcassé a desistir dos supostos direitos da
França ao Egito.

↪ As coisas mudaram depois da saída de Delcassé no auge da primeira crise do


Marrocos. Seus sucessores foram figuras menos enérgicas e autoritárias. Maurice Rouvier
e Léon Bourgeois exerceram o cargo de ministro por apenas dez e sete meses,
respectivamente. Stéphen Pichon permaneceu por um período maior, de outubro de 1906
a março de 1911, mas abominava o trabalho árduo e frequentemente se ausentou de sua
mesa no Quai d’Orsay.

A política francesa
↪ Depois do confronto franco-alemão pelo Marrocos em 1905 e da derrocada alemã em
Algeciras no ano seguinte, Paris e Berlim se esforçaram arduamente para chegar a um
acordo que lhes permitisse deixar o conflito do Marrocos para trás. Do lado francês, as
opiniões dividiam-se a respeito de como lidar com as pretensões alemãs sobre aquela
região. Paris devia atender os interesses alemães no Marrocos ou agir como se esses
direitos simplesmente não existissem? O mais direto expoente da primeira dessas visões
era Jules Cambon, irmão de Paul e embaixador francês em Berlim.

↪ Por ora, o mais importante é que não foi o governo francês propriamente dito quem
gerou a política agressiva no Marrocos, mas os falcões do Quai d’Orsay, cuja influência
sobre as políticas não teve rivais na primavera e no começo do verão de 1911. Aqui, como
na Rússia, o fluxo do poder de uma parte a outra do Executivo produziu mudanças rápidas
no tom e na direção da política.

Quem Governava em Berlim?


↪ Também na Alemanha a política externa era moldada pela interação entre centros de
poder dentro do sistema. Havia, porém, algumas diferenças estruturais. A mais importante
era que, na complexa estrutura federal criada para acomodar o Império Germânico
fundado em 1871, o papel de ministro das Relações Exteriores era, em grande medida,
absorvido pelo cargo de chanceler do Império.

↪ Não havia um ministro das Relações Exteriores, apenas um secretário de Estado do


Exterior, diretamente subordinado ao chanceler.

↪ Esse foi o sistema que permitiu a Otto von Bismarck administrar sozinho os assuntos
externos e dominar a singular estrutura constitucional que ele ajudara a criar em seguida
às Guerras de Unificação da Alemanha. A saída de Bismarck no começo da primavera de
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1890 deixou um vácuo de poder que ninguém pôde preencher.

↪ Assim como na França, a fraqueza do ministro das Relações Exteriores (ou, neste caso,
do chanceler) permitiu que a iniciativa ficasse nas mãos dos funcionários permanentes
da Wilhelmstrasse, os equivalentes berlinenses do pessoal da Centrale. Essa situação
continuou sob o sucessor de Caprivi, o príncipe Chlodwig Von Hohenlohe Schillingsfürst ,
que assumiu a Chancelaria entre 1894 e 1899. Foi Holstein, e não o chanceler ou o
secretário das Relações Exteriores do Império, quem determinou os contornos da política
externa alemã no começo e em meados dos anos 1890.

Sir Edward Grey


↪ Sir Edward Grey nasceu na camada superior da sociedade britânica. Descendia de uma
ilustre linhagem de whigs poderosos — seu tio-bisavô era o conde Grey da Lei da Reforma
de 1832. De todos os políticos que subiram ao palco da política europeia antes de 1914,
Grey é um dos mais desnorteantes. Ele fora por muito tempo um parlamentar liberal, mas
acreditava que a política externa era importante demais para estar sujeita às agitações
do debate parlamentar.

↪ Foi um secretário das Relações Exteriores que sabia pouco sobre o mundo fora da
Grã-Bretanha, nunca demonstrou muito interesse em viajar, não falava outras línguas e
não se sentia à vontade na companhia de estrangeiros. Grey foi um político liberal cuja
visão da política era combatida pela maioria dos liberais e apoiada pela maioria dos
conservadores. Ele se tornou o membro mais poderoso da facção conhecida como “os
imperialistas liberais”, e no entanto parece não ter se preocupado muito como o Império
Britânico, suas ideias sobre política externa e segurança nacional estavam rigorosamente
centradas no continente europeu

A Crise de Agadir 1911

↪ O acordo franco-alemão sobre o Marrocos de 1909 foi desfeito, após uma série de
medidas tomadas pelo Quai d’Orsay, culminando no envio de uma grande força francesa
para o sultanato em abril de 1911. Em 5 de junho de 1911, alarmado com a perspectiva de
uma tomada unilateral do poder no Marrocos pelos franceses, o governo espanhol
mobilizou tropas para ocupar Larache e Ksar el-Kebir, no norte e noroeste do país.

↪ Na primeira semana de agosto de 1911, uma breve interrupção nas comunicações levou
a uma escalada totalmente desnecessária que inclui ameaças de enviar navios de
guerra franceses e britânicos a Agadir, muito embora àquela altura Caillaux e o
chanceler alemão estivessem ambos dispostos a entrar em acordo. Caillaux culpou seu
mediador, Fondère, pelo mal entendido, mas não teria havido a necessidade de um
intermediário como Fondère, nem de conversas de bastidores por parte de Caillaux, se os
altos funcionários do Ministério não estivessem conspirando para tirá-lo do cargo e
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arruinar as negociações para um entendimento com a Alemanha.

↪ Em 4 de novembro de 1911, um tratado franco-alemão finalmente definiu os termos do


acordo. O Marrocos tornou-se um protetorado exclusivamente francês, um tratamento
respeitoso aos interesses comerciais alemães foi garantido e partes do Congo foram
concedidas à Alemanha. Mas a crise marroquina de 1911 havia exposto a perigosa
incoerência da diplomacia francesa. Um comitê disciplinar interno formado em 18 de
novembro de 1911 para investigar as ações de Maurice Herbette revelou as elaboradas
maquinações dos altos funcionários permanentes em Paris. Caillaux também caiu em
descrédito. Ele e seu gabinete estavam associados, aos olhos do público, a um tratado
que, na opinião de muitos nacionalistas franceses, fizera concessões demais aos
alemães, o que é surpreendente, considerando que o tratado concede menos do que
Delcassé pensava em oferecer em troca do Marrocos no fim dos anos 1890.

↪ Durante a crise de Agadir de 1911, o novo diretor de operações militares, o general de


divisão Henry Wilson, foi enviado a Paris para deliberar com o Estado-Maior francês sobre
um cronograma de mobilização conjunta anglofrancesa contra a Alemanha. O
memorando Wilson-Dubail resultante desse encontro em 21 de julho de 1911 (o general
Auguste Dubail era na época o chefe do Estado-Maior francês) estipulou que até o 15o
dia de mobilização a Grã-Bretanha postaria no flanco esquerdo francês seis divisões de
Infantaria, uma divisão de Cavalaria e duas brigadas montadas (um total de 150 mil
homens e 67 mil cavalos). A decisão, nos primeiros meses de 1912, de neutralizar a
expansão naval alemã coordenando a estratégia naval anglo-francesa fortaleceu a
pressuposição de que estava surgindo algum tipo de aliança defensiva.
Soldados e civis:
↪ Militares e políticos civis “disputavam” pelos recursos governamentais
↪ Na França, Alemanha, Áustria, Rússia e Grã-Bretanha as políticas voltadas às forças
armadas se mantiveram submissos às vontades políticas e estratégicas dos políticos
civis.
↪ Era de difícil entendimento a política e os objetivos externos dos outros países porque
muitas vezes as ideias entre líder e chanceler ou entre líder e ministros eram diferentes.

Imprensa e opinião pública:


↪ A imprensa teve grande crescimento e aumento de influência nas décadas que
antecederam a guerra.
↪ A opinião pública podia ser vista pelos líderes do Estado através dos jornais.
↪ Os jornais poderiam ser usados a favor dos políticos em campanhas.
↪ As opiniões públicas eram explosivas, porém, voláteis.
↪ O governo tinha seus próprios jornais.
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↪ Os jornais e a imprensa estrangeira colaboravam para uma leitura de política


externa.
↪ Estados utilizavam da imprensa estrangeira para suas próprias políticas. Ex: Quando
em 1905 os russos estavam distribuindo 8 mil libras ao mês para a imprensa de Paris
estimular o apoio do público em relação a um grande empréstimo da França para a
Rússia.
↪ A imprensa era instrumento de política externa.

Referências
Os sonâmbulos - Como eclodiu a primeira guerra. Cap. 4 - Christopher Clark

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