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alfabetização
“Há crianças que ingressam no mundo da linguagem escrita através da magia da leitura e
outras que ingressam através do treino das tais habilidades básicas. Em geral, os primeiros
se convertem em leitores, enquanto os outros costumam ter umdestino incerto.”
Emilia Ferreiro, Passado e presente dos verbos ler e escrever (São Paulo: Cortez, 2002)
Trata-se então de trazer para dentro da escola a escrita e a leitura que acon-
tecem fora dela. Trata-se de incorporar, na rotina, a leitura feita com diferentes
propósitos e a escrita produzida com diferentes fins comunicativos para leitores
reais. Enfim, trata-se de propor que a versão de leitura e de escrita presente na
escola seja a mais próxima possível da versão social e que, assim, nossos alu-
nos sejam verdadeiros leitores e escritores*.
* O termo escritor aqui utilizado refere-se a pessoas que escrevem e não a escritores de literatura, jornalistas
ou outros profissionais da escrita.
Assim, é importante que você ajude seus alunos a identificar e analisar to-
dos os indicadores possíveis que possam auxiliá-los na tarefa de ler, levando em
conta tanto suas situações de leitura (lembre-se de que o professor é sempre
um modelo) quanto aquelas nas quais os alunos são desafiados a ler por conta
própria. Para isso, sugerimos:
Porque, lendo todos os dias, você garante que a leitura se torne parte inte-
grante da rotina da escola. É esse contato frequente, diário e constante que per-
mite que os alunos construam uma crescente autonomia para ler, familiarizem-se
com a linguagem escrita, sintam prazer com a leitura, conheçam uma diversidade
de histórias e autores, entre outros ganhos.
Muitas vezes, esses alunos não convivem com pessoas que leem; portanto,
você é uma referência muito importante quando se trata de explicitar os usos
e funções da leitura e da escrita. Ao compartilhar com os alunos os diferentes
propósitos com os quais aborda os textos, ao convidar os alunos a participar
e testemunhar diferentes práticas de leitura, você está ensinando a eles com-
portamentos de leitor. Assim, você pode compartilhar suas ações quando lê na sala
de aula. Por exemplo: ao consultar uma lista para encontrar um número de
telefone, ao buscar uma informação no Diário Oficial, ao ler seu planejamento
para o dia, entre outras possibilidades. Isso tudo contribui para que os alunos
passem a ter conhecimentos sobre a função social da escrita.
Linguagem escrita
Sistema de escrita
Durante muito tempo se entendeu que, para poder escrever, bastava me-
morizar as letras e o modo como se agrupam em sílabas para formar palavras,
e assim por diante, até chegar aos textos. Também se pensava que, para saber
escrever, o ensino deveria incluir a escrita correta das palavras (a ortografia),
bem como as regras gramaticais e sintáticas que organizam o modo de juntar
as palavras. Esses conhecimentos garantiriam a capacidade de escrever bem.
Atualmente, entretanto, estudos e pesquisas indicam que saber grafar, dominar
as convenções da escrita e seus aspectos notacionais, sem conhecer a lingua-
gem escrita, não habilita uma pessoa a:
Em função disso tudo, as propostas que você tem encontrado neste guia
envolvem a ampliação do que os alunos sabem sobre as letras e seus sons, ao
mesmo tempo em que se dedicam ao conhecimento das práticas sociais de lei-
tura e escrita e dos gêneros vinculados a elas, considerando seus usos reais.
Trabalho em duplas
Ao interagir com um colega que tem conhecimentos próximos aos seus,
embora diferentes, um aluno pode ampliar:
• seu conhecimento sobre as letras;
• seu conhecimento sobre as possibilidades de analisar uma palavra em par-
tes menores (por exemplo, um aluno pré-silábico que considera as palavras
como um todo, amplia seus conhecimentos ao trabalhar com um colega
que, ao escrever, vocaliza cada uma das sílabas e inclui uma letra para ca-
da som percebido);
• sua hipótese sobre o número de letras necessárias para representar uma
palavra ou uma sílaba;
• seu conhecimento sobre os sons associados às letras;
• os recursos que pode utilizar enquanto escreve (por exemplo, um aluno que
ainda não considera o valor sonoro das letras pode aprender com outro
quando esse lhe diz que CAVALO começa com as mesmas letras de CAIO,
um colega da classe).
Para realizar atividades com foco na escrita, o aluno deve pensar nas pro-
priedades do sistema de escrita sem se preocupar com a linguagem.
Leitura
Propor atividades de leitura para os alunos que não sabem ler convencio-
nalmente, oferecendo-lhes textos conhecidos de memória, como parlen-
das, adivinhas, quadrinhas, canções, de maneira que a tarefa deles seja
descobrir o que está escrito em diferentes trechos do texto, solicitando
o ajuste do falado ao que está escrito e o uso do conhecimento que pos-
suem sobre o sistema de escrita.
Participar de situações de escrita nas quais os alunos possam, num
primeiro momento, utilizar a letra bastão e, assim, construir um modelo
regular de representação gráfica do alfabeto. Proporcionar-lhes também
contato, por meio da leitura, com a utilização de textos escritos em letras
de estilos variados, inclusive com letras minúsculas.
Propor situações nas quais os alunos tenham de elaborar oralmente tex-
tos cujo registro escrito será realizado pelo professor com o objetivo de
auxiliá-los a entender fatos e construir conceitos, procedimentos, valores
e atitudes relacionados ao ato de escrever.
Planejar situações de produção de textos individuais, coletivas ou em gru-
pos para que os alunos aprendam a planejar, escrever e rever conforme
as intenções do texto e do destinatário.
Escrita coletiva
MO U VI O
O U I B
O U I B
OM TU I OV
Por exemplo:
Caso a escolha seja a terceira escrita, solicite que a dupla que escreveu
justifique sua escrita e incentive a classe a opinar a respeito. É possível que as
crianças usem referências, como a lista de nomes da sala de aula, para explicar.
Por exemplo, o MO de MONICA, MORANGO OU MORCEGO. Incentive os alunos a
fazer uso desse procedimento.
Usando todo o conjunto das escritas você também pode promover discus-
sões chamando a atenção das crianças para alguns aspectos específicos:
Variações da atividade
A 1ª criança escreve: A B A E O
A 2ª criança escreve: P AS Ã E U
A 3ª criança escreve: AP AS A NE O
A 4ª criança escreve: PA SA Ã NE U