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Unidade II
5 PLANO DE CONTROLE DE EXPOSIÇÃO
O empregador precisa atualizar e documentar o treinamento todo ano, e cada funcionário deve ter
acesso ao plano. Uma cópia é colocada em cada posto de enfermagem, no laboratório ou escritório.
O empregador possui várias responsabilidades com os funcionários, tais como: o funcionário deve ter
acesso adequado ao equipamento de proteção individual para as tarefas que executa, os rótulos e os
sinais de aviso devem ser usados para identificar riscos biológicos, entre outros.
O termo risco biológico se tornou comum, e um símbolo foi adotado e agora é muito usado para
indicar a presença ou condição de risco biológico. Os métodos de controle consistem em todos os
componentes considerados essenciais para uma tarefa ser realizada com segurança para o paciente e
o funcionário. Esses componentes incluem o uso de precauções‑padrão, EPIs, controle de engenharia e
controle de prática de trabalho.
Os controles de engenharia são dispositivos e tecnologias usados para isolar o funcionário dos riscos.
Um exemplo de tal dispositivo é o uso de recipientes de risco biológico, desinfetantes adequados para a
superfície e as mãos, recipientes resistentes a materiais pontiagudos e agulhas de segurança.
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COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
Os controles de prática de trabalho referem‑se ao modo como a tarefa é executada. Essas práticas
efetivas são hábitos corretos e seguros de trabalho. O uso de controles da prática de trabalho reduz a
probabilidade de um funcionário ser exposto aos riscos. Alguns exemplos são lavar as mãos antes de
colocar luvas e após removê‑las ou em qualquer outro momento necessário; usar EPIs adequados ao
limpar derramamentos biológicos; remover e detectar EPIs quando deixar uma área de trabalho ou após
encerrar uma tarefa. Um importante controle da prática de trabalho é projetado para evitar a exposição
a patógenos vinculados pelo sangue por picadas acidentais com agulhas contaminadas (ESTRIDGE;
REYNOLDS, 2011).
A Norma Regulamentadora nº 32 (SÃO PAULO, 2014) tem por intuito indicar as diretrizes básicas
para a prática de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde,
assim como daqueles que fazem exercícios de promoção e assistência à saúde em geral. Essa norma tem
como medida de proteção garantir ao trabalhador o uso de material perfurocortante com dispositivo
de segurança, proibir o reencape e a desconexão manual de agulhas e assegurar que agulhas usadas
sejam imediatamente descartadas em recipientes acessíveis para materiais pontiagudos após o recurso
de segurança ser ativado. Essa norma mudou de modo significativo as práticas de flebotomia.
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Unidade II
A OMS julga como produtos perigosos aqueles que apresentam riscos durante o transporte. Há nove
classes de produtos perigosos. Três dessas são importantes para o transporte de material biológico:
gases, substâncias tóxicas e infecciosas e coletânea de produtos perigosos.
A classificação das amostras biológicas em UN 2814 ou UN 2900 deve ser estabelecida no histórico
clínico conhecido do indivíduo (natureza humana ou animal) de origem do material, nos sinais e
sintomas e nas situações epidemiológicas locais, conforme a opinião de profissional habilitado para a
verificação dos fatores de risco em questão. Essa classificação se aplica a todos os modos de transporte:
aéreo, terrestre e aquaviário.
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COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
Observação
Observação
Trata‑se de material biológico infeccioso ou potencialmente infeccioso que não se enquadra nos
critérios de inclusão da categoria A. Os critérios apresentados a seguir são definidos pela Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac) e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). São categorizadas
como categoria B as amostras de doadores e de pacientes, bem como as respectivas bolsas de sangue
total e hemocomponentes, com resultados reagentes, positivos, indeterminados ou inconclusivos para
marcadores de agentes infecciosos.
A seguir, são apresentados exemplos de amostras biológicas de risco mínimo, a depender da avaliação
clínica do indivíduo no qual foi coletado o material biológico:
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Unidade II
Os requisitos determinados pela Anac (apud ANVISA, 2005) e adotados pela RDC nº 20/2014
(ANVISA, 2014b) para o transporte de material biológico isento são: os materiais biológicos humanos
não delimitados nas classificações anteriores, que sejam claramente isentos de agentes infecciosos ou
tenham sido sujeitos a procedimentos de neutralização/inativação/esterilização, tais como sangue e
componentes produzidos para transfusão, células, tecidos e órgãos para transplante, são classificados,
para fins de transporte, como materiais biológicos isentos.
As seguintes amostras biológicas não apresentam riscos infecciosos durante o processo de transporte,
sendo consideradas materiais biológicos isentos:
Qualquer procedimento realizado em laboratório de análises clínicas deve estar em conciliação com
a legislação, principalmente a detalhada na Lei n° 11.105/2005, que remete à biossegurança, com a
finalidade de reduzir os riscos importantes ao laboratório, evitando perigo à saúde de todos os envolvidos
(MARTY; MARTY, 2014).
Outros requisitos que devem ser seguidos para os procedimentos realizados em laboratório de
análises clínicas são determinados pela RDC n° 20/2014 da Anvisa (2014b), que regula as atividades
de transporte de material biológico sob a perspectiva da vigilância sanitária, produzindo as regras
para que serviços remetentes possam fazer essas atividades de transporte para outros serviços, como
serviços de hemoterapia, laboratórios clínicos, hospitais, clínicas, bancos de células, bancos de tecidos ou
similares, com o uso de infraestrutura para a logística de transporte própria ou de terceiros.
Conforme a RDC nº 222, de 28 de março de 2018 (ANVISA, 2018), os RSS do grupo A que não
precisam ser obrigatoriamente tratados e os RSS após o tratamento são classificados como rejeitos e
precisam ser acondicionados em saco branco leitoso. Os rejeitos, tratados ou não, acondicionados em
sacos brancos leitosos devem ser encaminhados para a disposição final ambientalmente apropriada. Os
sacos para o acondicionamento de RSS do grupo A devem ser substituídos ao atingirem o limite de 2/3
(dois terços) de sua capacidade ou, então, a cada 48 horas, independentemente do volume, visando ao
conforto ambiental e à segurança dos usuários e profissionais.
Para o transporte de materiais biológicos da categoria A, devem ser solicitadas aos órgãos reguladores
de transporte orientações detalhadas de como realizar o adequado acondicionamento (embalagem)
desses materiais. Não é necessário exibir os nomes técnicos (nome do micro‑organismo em questão)
nas embalagens externas.
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Unidade II
Para os transportadores aéreos, substâncias infecciosas da categoria A não devem ser carregadas na
aeronave no mesmo compartimento de animais, alimentos, rações ou outras substâncias comestíveis
destinadas ao consumo por seres humanos ou animais, exceto quando em relação à amostra infecciosa
da categoria A, os animais e os alimentos forem carregados em dispositivos de carga separados e quando
não ficarem um ao lado do outro, se armazenados a bordo da aeronave. Os operadores aéreos devem
ficar atentos a esse requisito, passível de fiscalização pela Anac.
Marcação da
especificação da ONU
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COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
Na etiqueta de substância infecciosa da categoria A, a parte inferior deve incluir o termo substância
infectante, seguido da seguinte frase: “Em caso de danos ou vazamentos, informe imediatamente
a autoridade de saúde pública.” Na etiqueta de risco, outras observações devem conter o símbolo
(três meias‑luas crescentes superpostas em um círculo); a dimensão (losango com, no mínimo,
100 mm x 100 mm) – admite‑se que cada um dos lados tenha comprimento de, pelo menos, 50 mm
(embalagens menores); as inscrições (cor preta); o fundo (branco); e o número 6 no canto inferior
(ANVISA, 2016a).
A instrução de embalagem 620 (PI 620) é aceitável aos números ONU (UN) 2814 e 2900. São
autorizadas as embalagens que atendam às exigências técnicas legais e que tenham sido aprovadas
em um sistema constituído por três componentes: recipiente(s) primário(s), embalagem secundária e
embalagem externa rígida (ANVISA, 2016a).
Substâncias infecciosas dessa natureza só podem ser expedidas, em caso de importação, após o
destinatário ter‑se assegurado, junto à Anvisa, de que tais substâncias biológicas podem ser importadas
legalmente. Da mesma maneira, para a exportação desse tipo de material, é importante garantir, junto
à autoridade sanitária do país destinatário, o cumprimento dos requisitos necessários para esse tipo de
transporte. Para o transporte aéreo, vale lembrar que nem todas as empresas aéreas têm autorização para
transportar substâncias da categoria A. Assim, deve‑se entrar em contato com a Anac para investigar tal
situação (ANVISA, 2016a).
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Unidade II
e legível. A marca deve estar sob a forma de um quadrado fixado a um ângulo de 45° (em forma de
losango), tendo cada um dos lados, pelo menos, 50 mm de comprimento. A largura da linha deve ser de,
pelo menos, 2 mm, e as letras e os números devem ter, pelo menos, 6 mm de altura. Não há etiqueta de
risco aplicável à substância biológica da categoria B.
Para o transporte de substância biológica da categoria B UN 3373, devem ser aplicadas as exigências
normativas vigentes referentes à Instrução de Embalagem 650 (apud ANVISA, 2016a). O sistema de
embalagens deve ser constituído por três componentes (ANVISA, 2016a):
• Embalagem primária: recipiente que entra em contato direto com o material biológico; pode
ser fabricado com vidro, plástico, metal etc. Ex.: tubos de coleta, bolsas de sangue total e de
hemocomponentes.
• Embalagem secundária, com capacidade para contornar e conter a embalagem primária; pode ser
constituída por saco plástico, saco plástico tipo bag, caixa de PVC, metal etc.
• Embalagem externa: recipiente com rigidez adequada; pode ser formada por papelão, PVC,
metal etc.
Receptáculo primário
(estanque a líquidos e sólidos)
Tampa impermeável
Grade ou similar
(esponja ou isopor)
Material absorvente
para embalagem
Embalagem
secundária Embalagem externa rígida
(estanque a líquidos
e sólidos) Desginação correta
da remessa (PSN)
Código numérico da
ONU (UN number)
Etiquetas de/para
ou mecânica. As embalagens devem ser construídas e fechadas de modo a evitar qualquer perda de
conteúdo que possa ser causada em condições normais de transporte, por ação de vibração ou por
mudanças de temperatura, umidade ou pressão.
As embalagens devem conter as marcações e informações exigidas pela legislação vigente, a saber:
nomes, endereços e telefones do remetente, do transportador e do destinatário; nome e número
de telefone da pessoa responsável (que deverá ficar em prontidão 24 horas por dia, até a remessa
chegar) pelo conteúdo transportado, fornecidos em um documento escrito ou inscritos na embalagem
externa; classificação correta do material que será transportado (substância biológica da categoria B);
código numérico da ONU (UN 3373); se for utilizado gelo seco como material refrigerante, a etiqueta
de risco da Classe 9 deve ser sempre fixada na embalagem externa; frases de advertências, quando
aplicáveis; sinalização de modo e sentido de abertura, quando necessário; data e hora da conversação
do material biológico – essa informação não é requerida caso já esteja presente na documentação de
carga (ANVISA, 2016a).
Para transporte aéreo, a embalagem primária deve ser estanque e não deve conter mais de 1 litro.
A quantidade máxima de substâncias biológicas da categoria B contida em uma única embalagem
externa permitida é de 4 litros. Essa quantidade máxima exclui o peso do gelo, do gelo seco ou do
nitrogênio líquido utilizado para refrigerar o artigo perigoso. Para transporte terrestre, não há limites
de quantidade máxima para o transporte de substâncias biológicas da categoria B (ANVISA, 2016a).
Saiba mais
Os materiais biológicos isentos devem ser transportados em embalagens próprias definidas para os
materiais biológicos de risco mínimo ou outro mecanismo de embalagem que garanta a conservação
das propriedades biológicas do material. O sistema de embalagens utilizado para acondicionamento
de material biológico isento, tal como ocorre para elementos humanos de risco mínimo, não possui
preconização de testes a serem realizados. Não há limitação de quantidade aplicável ao material
biológico isento, e também não há etiqueta aplicável ao material biológico isento. Não deve ser usado
o símbolo de risco biológico para essa classe (ANVISA, 2016a).
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Unidade II
Observação
Recomenda‑se que haja a inspeção do material biológico no ato do
recebimento das amostras coletadas, por pessoal competente para essa
tarefa de rastreamento. Para tanto, é necessário o estabelecimento de
critérios de aceitação, rejeição ou aceitação de amostras com restrições.
Nas situações em que a aceitação ocorrer sob restrições, recomenda‑se que
haja registros com a identificação do responsável pela sua liberação.
Todas as embalagens devem ser identificadas com o tipo de amostra contida, o laboratório e
funcionários responsáveis, o local e a data de preparo e os dados do paciente. No caso de muitas
amostras transportadas em uma mesma remessa, como amostras de sangue de diversos pacientes, essas
devem ser acondicionadas em estantes e envolvidas em papel amassado ou plástico-bolha, de forma
que não fiquem em contato direto com o gelo e entre elas.
É importante sempre transportar amostras como as de escarro, fezes in natura e urina nos frascos
originais de coleta para reduzir a probabilidade de contaminação. Todos os envolvidos nos processos
dos materiais biológicos devem se adequar às condições de biossegurança (utilizando EPIs e protocolos
predeterminados), evitando qualquer contato com os materiais e possíveis danos a esses, no intuito de
reduzir os riscos pertinentes às ações (MARTY; MARTY, 2014).
Os veículos contaminados por materiais biológicos devem ser lavados com água corrente e
tratados com desinfetantes apropriados em local adequado, da mesma forma que as embalagens
passíveis de reutilização. Dependendo da classificação de risco do material biológico transportado,
quando qualquer indivíduo responsável pelo acondicionamento, trânsito ou abertura da
embalagem de material biológico perceber que ela se encontra avariada ou vazando, deve evitar ou
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COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
Observação
Amostras:
Caso o laboratório clínico e o posto de coleta optem por terceirizar o transporte de material biológico,
deve haver um contrato formal que atenda aos critérios estabelecidos nas RDCs nº 302/2005
(ANVISA, 2005b) e nº 20/2014 (ANVISA, 2014b). Esse vínculo deve estar disponível nos estabelecimentos
participantes, ou seja, deve haver uma cópia do contrato, termo de responsabilidade, convênio ou outros
tipos de documentos formais com a transportadora, com o laboratório clínico e com o posto de coleta.
A RDC nº 222, de 28 de março de 2018 (ANVISA, 2018), no seu Art. 3º, item LVIII, classifica os resíduos de
saúde conforme segue: resíduos de serviços de saúde do grupo E – resíduos perfurocortantes ou escarificantes,
tais como: lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, fios ortodônticos
cortados, próteses bucais metálicas inutilizadas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, tubos
capilares, micropipetas, lâminas e lamínulas, espátulas e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório
(pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri), além de outros similares.
O grupo E é identificado pelo símbolo de risco biológico, com rótulo de fundo branco, desenho e
contorno preto, junto da inscrição de resíduo perfurocortante, como demonstrado na figura a seguir:
Segundo a RDC nº 222/2018 (ANVISA, 2018), para o grupo E, que envolve os materiais perfurocortantes,
recomenda‑se descartá‑los em recipientes identificados, rígidos, providos de tampa, resistentes
à acupunctura, à ruptura e ao vazamento. Os recipientes devem ser substituídos de acordo com a
demanda, quando o nível de preenchimento atingir 3/4 (três quartos) da capacidade ou de acordo com
as instruções do fabricante, sendo proibidos seu esvaziamento manual e seu reaproveitamento.
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COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
Para minimizar esses impactos, o manual de procedimento das amostras biológicas deve contemplar
instruções claras: as amostras biológicas devem ser coletadas em meios de transporte e/ou frascos
adequados de acordo com o material e exame solicitado. Alguns exemplos são frascos de coleta
com boca larga e com tampa de rosca para a coleta de amostras de escarros, fezes ou urina; swabs com
meio de Stuart ou Amies de boa procedência para o isolamento de bactérias aeróbias e anaeróbias
facultativas; meio de Cary‑Blair, conservante para o isolamento de enteropatógenos. A temperatura
de transporte ideal está entre 20 e 25 °C ou refrigerada, entre 4 e 8 °C, dependendo do material, da
distância e do tempo de transporte (ZOCCOLI, 2012; OPLUSTIL et al., 2000).
A amostra fecal é biodegradada rapidamente em temperaturas acima de 25 °C, em que ocorre maior
proliferação de bactérias e fungos. Esse fator impacta na realização do exame protoparasitológico,
interferindo no preparo e na pesquisa microscópica dos parasitas. Junto com a temperatura, há outros
impactos, como o fator tempo entre a coleta e o processamento do exame, os interferentes e o número
de amostras coletadas.
É recomendável, mas não necessário, que as amostras fecais sejam refrigeradas para o transporte. Em
postos de coleta localizados em regiões muito quentes ou distantes, é possível conservar essas amostras
em maletas térmicas para o transporte, mantendo‑se a temperatura entre 4 e 8 °C, até chegarem ao
local da análise. Essa é uma recomendação que não deve ser dada ao paciente, ou seja, ele não deve
colocar a amostra na geladeira. Se não houver a possibilidade de as amostras serem enviadas no prazo
estabelecido, devem ser usados os conservadores (CASTILHO, 2012).
7% por hora. Já os níveis de potássio podem apresentar elevação à medida que ocorre o atraso na
centrifugação da amostra. Os tubos devem ser transportados, preferencialmente, na posição vertical
com a tampa voltada para cima, visando evitar o derramamento da amostra. Esse procedimento,
além de facilitar o processo de formação de coágulo, reduz o risco de agitação excessiva dos tubos
e, assim, de hemólise.
É importante evitar a agitação excessiva das amostras, assegurando que estão acondicionadas
adequadamente nos recipientes ou nas caixas de transporte, ou mesmo nos tubos pneumáticos, evitando
o risco de hemólise. A exposição à luz pode interferir na integridade das amostras para parâmetros como
bilirrubinas, Vitamina A e B6, betacaroteno e porfirinas. Assim, devem ser protegidas com papel‑alumínio
ou em frascos ou tubo âmbar.
Todo o pessoal que realiza a coleta de sangue, inclusive aquele que atua em unidades captadoras
de análises laboratoriais, à distância da unidade processadora de análises laboratoriais, deve receber
treinamento nas técnicas de coleta, seleção e uso dos equipamentos e materiais adequados, com o
registro dessa atividade. Recomenda‑se uma sistemática que permita que os coletadores recebam
informações sobre a qualidade das amostras coletadas por eles. Cabe ao funcionário tranquilizar o
paciente antes da coleta, para que seja realizada com sucesso. Caso o paciente esteja preocupado com
a intensidade da dor decorrente do procedimento, deve‑se agir com honestidade, explicando que a
sensação dolorosa produzirá um leve desconforto, mas de curta duração.
A principal forma de transmissão de agentes infecciosos na coleta se dá por contato. O contato pode
ser direto (respingos de materiais biológicos que atingem pele e mucosa, acidentes perfurocortantes
etc.) ou indireto (contato da pele com superfícies contaminadas, contato da mão contaminada com
mucosas ou pele que não esteja intacta).
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COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
Segundo a legislação brasileira, toda doação deve ser voluntária, altruísta e não remunerada, direta
ou indiretamente. De acordo com a motivação da doação de sangue, os doadores são classificados como:
• Doadores espontâneos: são aqueles movidos pelo sentimento de solidariedade. São os verdadeiros
altruístas. É comum se tornarem assíduos, participarem de campanhas promovidas e se
preocuparem em convencer outras pessoas a fazerem sua doação de sangue.
• Doadores de reposição: são os que procuram o banco de sangue por solicitação de um amigo
ou parente que necessita de sangue. O sangue doado será agregado ao estoque do serviço, e o
paciente receberá esse sangue.
• Doadores específicos: doam para um receptor específico, cujo tipo sanguíneo é igual ao deles. Ou
seja, o sangue que eles doam será transfundido em um determinado paciente.
• Doadores de aférese: doam não o sangue total, mas determinado componente, como plaquetas.
A RDC nº 153, de 14 de junho de 2004 (ANVISA, 2004a), determina o regulamento técnico para os
procedimentos hemoterápicos, incluindo a coleta, o processamento, a testagem, o armazenamento,
o transporte, o controle de qualidade e o uso humano de sangue, e os seus componentes, obtidos do
sangue venoso, do cordão umbilical, da placenta e da medula óssea.
Segundo a RDC nº 153/2004 (ANVISA, 2004a), a doação de sangue deve ser voluntária, anônima,
altruísta e não remunerada, direta ou indiretamente. Por anonimato da doação, entende‑se a garantia
de que nem os receptores saibam de qual doador veio o sangue que ele recebeu nem os doadores saibam
o nome do paciente que foi transfundido com componentes obtidos a partir da sua doação, exceto em
situações tecnicamente justificadas.
O sigilo das informações prestadas pelo doador antes, durante e depois do processo de doação de
sangue deve ser absolutamente preservado. Todo candidato à doação de sangue deve assinar um termo
de consentimento livre e esclarecido, no qual declara expressamente consentir em doar o seu sangue
para utilização em qualquer paciente que dele necessite, além de consentir na realização de todos os
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Unidade II
testes de laboratório exigidos pelas leis e normas técnicas vigentes. O doador deve, ainda, consentir que
o seu nome seja incorporado a um arquivo de doadores potenciais, se for o caso. Deve constar do termo
de consentimento a autorização para que o seu sangue, quando não utilizado em transfusão, possa ser
utilizado em produção de insumos e hemoderivados, autorizados legalmente.
Também se estabelecem os critérios para a seleção dos doadores. No dia da doação, sob supervisão
médica, um profissional de saúde de nível superior, qualificado, avalia os antecedentes e o estado atual
do candidato a doador para determinar se a coleta pode ser realizada sem causar‑lhe prejuízo e se
a transfusão dos hemocomponentes preparados a partir dessa doação pode causar problemas nos
receptores. Essa avaliação deve ser feita por meio de entrevista individual, em ambiente que garanta a
privacidade e o sigilo das informações prestadas. O doador de sangue ou componentes deve ter idade
de, no mínimo, 18 anos completos e, no máximo, 65 anos, 11 meses e 29 dias.
Exceto em circunstâncias especiais, que devem ser avaliadas e aprovadas pelo responsável técnico,
a frequência máxima admitida é de quatro doações anuais, para os homens, e de três doações anuais,
para as mulheres. O intervalo mínimo entre duas doações deve ser de dois meses, para os homens, e de
três meses, para as mulheres, respeitados os limites descritos anteriormente.
A temperatura axilar não deve ser superior a 37 ºC, e o peso mínimo para um candidato ser aceito
para a doação é de 50 kg. Indivíduos com peso abaixo desse limite podem ser aceitos, após avaliação
médica, desde que a quantidade de anticoagulante na bolsa de coleta seja proporcional ao volume a ser
coletado. O volume de sangue total a ser coletado não pode exceder 8 ml/kg de peso, para as mulheres;
e 9 ml/kg, para os homens. O volume admitido por doação é de 450 ml ± 50 ml, aos quais podem ser
acrescidos até 30 ml para a realização dos exames laboratoriais exigidos pelas leis e normas técnicas.
Não deve ser colhido sangue de candidatos que estejam em jejum prolongado. Como é comum aos
candidatos à doação comparecerem em jejum, o serviço deve oferecer um pequeno lanche antes da
doação para os candidatos que estejam em jejum e que não tenham nenhum outro motivo para serem
considerados inaptos. Não deve ser coletado sangue de candidatos que tenham feito refeição copiosa
e rica em substâncias gordurosas ou que tenham ingerido bebida alcoólica há menos de quatro horas.
A RDC nº 153/2004 (ANVISA, 2004a) relata alguns impedimentos de instituições públicas ou privadas,
os impedimentos temporários e os impedimentos definitivos, retirados do site da Fundação Pró‑Sangue/SP:
Impedimentos temporários
• Gravidez.
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COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
• Quem esteve nos EUA, deve aguardar 30 dias para doar, após o retorno.
• Quem morou na Europa após a década de 1980, deve verificar aptidão para doação
pelo número (11) 4573‑7800.
• Malária: quem esteve em países com alta prevalência de malária, deve aguardar
12 meses após o retorno para doar (critério semelhante ao dos estados brasileiros
com prevalência elevada de malária).
• Febre amarela: quem esteve em região onde há surto da doença, deve aguardar
30 dias para doar, após o retorno; se tomou a vacina, deve aguardar 4 semanas; se
contraiu a doença, deve aguardar 6 meses após a recuperação completa (clínica
e laboratorial).
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Unidade II
Impedimentos definitivos
A sala de coleta deve ser um local limpo, confortável e agradável, que possibilite ao doador se
sentir seguro e à vontade. A ficha do doador, a unidade de sangue e os tubos‑pilotos que contêm as
amostras de sangue devem identificar adequadamente o doador e assegurar que as bolsas e os tubos
correspondam efetivamente àquele indivíduo.
O nome do doador não deve constar na etiqueta das bolsas de sangue, com exceção daqueles
destinados à transfusão autóloga, na qual o nome do doador pode aparecer. É permitido que as iniciais
do doador constem nas etiquetas. A identificação dos tubos para exames laboratoriais e das bolsas,
principal e satélites, deve ser feita por código de barra (ANVISA, 2004a).
A área escolhida para a punção venosa deve ser submetida a uma cuidadosa limpeza, a ser realizada
em dois tempos: a degermação e a antissepsia. A veia a puncionar não deve ser palpada após a preparação
da pele. Se isso precisar ser feito, todo o procedimento de limpeza da pele deve ser repetido.
A coleta de sangue deve ser realizada por profissionais de saúde treinados e capacitados, trabalhando
sob a supervisão de enfermeiro ou médico. Todo o material utilizado nesse procedimento deve ser
descartável, estéril e apirogênico. O tempo de coleta não deve ser superior a 15 minutos. Para a escolha da
veia a ser puncionada, deve‑se inspecionar e palpar a fossa antecubital dos dois braços do doador,
dando‑se preferência à veia cubital mediana. As amostras devem ser coletadas diretamente da veia do
doador, ao final da doação, assim que a bolsa com o sangue doado tiver sido separada, devendo ser
conferido se os rótulos da bolsa e dos tubos são iguais.
As amostras também podem ser coletadas por meio de dispositivos próprios integrados ao sistema
de bolsa de coleta. Nesse caso, a coleta pode ser no início ou durante a doação. O tubo coletor da bolsa de
coleta deve ser preenchido com sangue com anticoagulante e permanecer selado em segmentos para
futuras provas de compatibilidade transfusional. Tais segmentos do tubo coletor devem ser separáveis
da bolsa sem perda de sua esterilidade e rotulagem (ANVISA, 2016b).
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COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
As bolsas plásticas para acondicionamento de sangue humano e seus componentes devem ser
transparentes, sem pigmentos ou corantes, flexíveis, atóxicas, estéreis, apirôgenicas e relativamente
resistentes e compatíveis com o conteúdo sob condições normais de estocagem. Devem, ainda, conter
uma quantidade de solução anticoagulante adequada e ter aprovação dos órgãos responsáveis pelo
controle de qualidade no país.
Para facilitar o fracionamento de componentes em sistema fechado, existem bolsas duplas, triplas e
quádruplas, utilizadas de acordo com a complexidade de cada serviço. As bolsas para coleta de sangue
são compostas das seguintes partes: tubo de transferência ou segmento de transferência, que
conecta a bolsa de coleta a uma ou mais bolsas (ou bolsas satélites) para permitir a transferência dos
hemocomponentes em circuitos fechados; tubo coletor, tubo de coleta ou tubo piloto, que une a
agulha à bolsa de coleta e possibilita a passagem do sangue doador para a bolsa plástica (o tubo de coleta
não deve ser excessivamente longo, para evitar a coagulação do sangue antes de entrar em contato
com a solução anticoagulante); alça, local da bolsa que permite seu suporte durante a transfusão;
tubo de saída ou porto, onde se acopla o equipo de transfusão e/ou sistema de transferência; rótulos,
que devem estar bem aderidos às bolsas e conter o nome e endereço da instituição e a identificação
numérica ou alfanumérica da bolsa, mantendo‑se assim durante o período de estocagem e permitindo
uma adequada e correta identificação; e agulha, que tem grosso calibre (16), para permitir um bom
fluxo sanguíneo (LOPES, 2000).
Tubo de transferência
Tubo de coleta Tubo de saída
Lacre
Protetor
Capa
protetora
Agulha Alça de suspensão
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Unidade II
A RDC nº 153/2004 (ANVISA, 2004a). estabelece que devem ser oferecidos ao doador algum alimento
(lanche) e uma hidratação oral depois da doação, antes que ele se retire da instituição. O doador deve
permanecer, no mínimo, 15 minutos no serviço de hemoterapia, antes de ser liberado. Os doadores que,
após a doação, forem conduzir veículos automotores ou que forem transportados em motocicleta devem
ser alertados para que, na ocorrência de mal‑estar após deixarem o serviço de hemoterapia, façam parar o
veículo imediatamente.
Deve haver um ou mais POP com instruções específicas concernentes aos procedimentos a serem
seguidos quanto à identificação, à prevenção e ao tratamento das reações adversas nos doadores.
Qualquer reação deve ser registrada na ficha de triagem. Deve haver a disponibilidade de medicamentos
e equipamentos necessários para oferecer assistência médica ao doador que apresentar reações adversas,
além de uma área privativa para o atendimento do doador em caso de necessidade.
Caso o doador apresente alguma reação adversa, ele deve ser mantido nas dependências do serviço
durante o tempo necessário para sua completa recuperação. Ao final da coleta, deve ser fornecido um
folheto ao doador com informações sobre o destino do sangue doado, os efeitos adversos da doação e as
orientações de como ele deve proceder. Imediatamente depois da coleta, o sangue deve ser armazenado
a 4 ± 2 ºC, exceto se for ser usado como fonte de plaquetas. Nesse caso, deve ser armazenado a 22 ± 2 ºC,
por um período máximo de 8 horas, até que as plaquetas sejam separadas.
Saiba mais
Para conhecer melhor as reações adversas da transfusão, leia:
KUTNER, J. M.; KONDO, A. T. Complicações das transfusões de
produtos hemoterápicos. 1. ed. Barueri: Manole, 2010. Disponível
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Rea%C3%A7%C3%B5es%20Transfusionais.pdf>. Acesso em: 3 maio 2019.
88
COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
O sangue total (ST) é o sangue coletado sem nenhuma modificação ou processamento, por meio
de um sistema de bolsas plásticas, estéreis, apirogênicas e com solução anticoagulante‑preservante.
Após a coleta, o sangue total deve repousar por, aproximadamente, 2 horas, à temperatura entre
20 ºC e 24 ºC, ou deve ser acondicionado sob placas frias de butanodiol (elemento de resfriamento)
para posterior processamento.
O sangue total preserva suas propriedades por um período de tempo limitado. Atualmente, existem
poucas indicações de transfusão de sangue total. O concentrado de hemácias fornece, de forma eficaz,
a reposição de hemácias, com a vantagem de ser infundido um volume menor, não sendo necessário o
uso do sangue total.
Segundo a Fundação Hemominas (2014) e conforme estabelecido pela RDC nº 153/2004 (ANVISA,
2004a), logo após o término da doação, o sangue passa por um processo de centrifugação em equipamento
especial; daí, ocorre a separação dos hemocomponentes que serão utilizados em transfusão, de acordo
com a necessidade dos pacientes. São eles:
Concentrado de hemácias (CHM) – é a parte vermelha do sangue que contém as hemácias, células
sanguíneas responsáveis pelo transporte do oxigênio para todo o corpo humano. É utilizado em anemias
agudas, como as causadas por hemorragias, que ocorrem, por exemplo, em acidentes ou cirurgias com
grande perda de sangue. O concentrado de hemácias é obtido a partir do sangue total, por centrifugação
ou sedimentação, por meio da remoção do plasma em sistema fechado ou pelo sistema de aférese. Para
a preparação do concentrado de hemácias, é necessário deixar o sangue total, após a coleta, em repouso
por, no mínimo, 2 horas, em temperatura entre + 20 ºC e + 24 ºC, para a desagregação espontânea das
células antes do procedimento de centrifugação.
Para melhor atender às indicações de transfusões, o CH pode sofrer modificações, conforme mostrado
a seguir:
89
Unidade II
É o concentrado de hemácias obtido após a lavagem com solução fisiológica por meio de
procedimentos validados, com a finalidade de eliminar a maior quantidade possível de plasma. A
validade desse hemocomponente é de 24 horas após o início do processo de lavagem, e esse deve ser
armazenado em temperatura entre + 2º C e + 6º C.
É o concentrado de hemácias obtido pelo procedimento de irradiação gama ou que garanta uma
dose mínima de 25 Gy sobre o plano médio da unidade. Esse procedimento tem a finalidade de inativar
funcionalmente os linfócitos viáveis nos produtos sanguíneos. O concentrado de hemácias irradiado
deve, preferencialmente, ser produzido até 14 dias após a coleta e armazenado por até 28 dias após a
irradiação, respeitando‑se a data de validade original do hemocomponente.
Observação
90
COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
É um componente claro, que contém as plaquetas, células responsáveis por um dos mecanismos
de coagulação que impedem a continuidade do sangramento, formando um tampão nos vasos
sanguíneos. É utilizado em casos de alteração da função ou diminuição do número de plaquetas,
como ocorrem em leucemias e quimioterapia. O concentrado de plaquetas é uma suspensão de
plaquetas, em plasma preparado mediante dupla‑centrifugação de uma unidade de sangue total
coletada em tempo não superior a 15 minutos (preferencialmente, até 12 minutos). Também pode
ser obtido por aférese.
O modo de preparação para o plasma rico em plaquetas é centrifugar uma unidade de sangue
total, previamente mantida em temperatura de + 20 ºC a + 24 ºC por até 24 horas, para a separação
do concentrado de hemácias e plasma rico em plaquetas (PRP). O processo de centrifugação para a
obtenção de plasma rico em plaquetas deve ser validado em cada serviço.
Deve‑se realizar uma segunda centrifugação do plasma rico em plaquetas com extração do plasma
sobrenadante, mantendo um volume de 40 a 70 ml de plasma para o armazenamento ideal das plaquetas
por 5 dias. Para preparar o buffy coat (camada leucoplaquetária), é necessário centrifugar uma unidade
de sangue total, previamente mantida em temperatura de + 20 ºC a + 24 ºC por até 24 horas, para
a separação do concentrado de hemácias, buffy coat e plasma. O processo de centrifugação para a
obtenção dos concentrados de plaquetas por buffy coat deve ser validado em cada serviço.
Para a preparação por aférese, o concentrado de plaquetas é obtido de um único doador por meio
de um separador celular automatizado, em que grandes volumes de sangue total são separados, de
modo que as plaquetas sejam retidas em bolsa própria, e o produto remanescente retorne ao doador.
O conteúdo de plaquetas deve ser igual ou maior que 3 x 1011 (o correspondente a 6 a 7 unidades de
plaquetas obtidas de sangue total).
Já o concentrado de plaquetas desleucocitado é obtido pela remoção de leucócitos por meio de filtros
específicos para essa finalidade ou pela remoção dos leucócitos durante o procedimento de aférese.
O procedimento pode ser feito em plaquetas únicas ou em pool. Considera‑se desleucocitado o concentrado
de plaquetas cujo conteúdo residual de leucócitos na unidade seja inferior a 5,0 x 106 leucócitos (aférese
ou pool de 6 a 7 unidades) ou 0,83 x 106 em cada unidade obtida de sangue total. A validade do
91
Unidade II
É a parte líquida e clara do sangue, que contém fatores de coagulação responsáveis pelos outros
mecanismos de coagulação, além da plaqueta. É utilizado em sangramento e deficiência de vários
fatores de coagulação, como a que ocorre em grandes queimados e portadores de hemofilia B.
O plasma fresco (PF) é a parte líquida do sangue, constituído basicamente de água, aproximadamente
7% de proteínas (albumina, globulinas, fatores de coagulação e outras), 2% de carboidratos e lipídios.
É obtido após a centrifugação de uma bolsa de sangue total ou através de separadores celulares
automatizados, pela técnica de aférese. As propriedades de cada unidade de plasma fresco congelado
(PFC) contêm, ao menos, 70% da atividade dos fatores VIII e V de coagulação existentes na unidade
pré‑congelamento e um volume igual ou superior a 150 ml.
Por manter constantes suas propriedades quando conservado em condições ideais, o plasma fresco
apresenta grande importância para a medicina transfusional na reposição de fatores de coagulação
deficientes. É possível o fracionamento industrial de seus componentes, o que tem proporcionado um
grande avanço na terapêutica de várias doenças.
Observação
92
COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
Crioprecipitado (CRIO)
Cada hemocomponente possui uma validade, como mostrado a seguir. As plaquetas, por exemplo, só
podem ser utilizadas por 5 dias após a coleta do sangue. É por isso que os doadores devem comparecer
regularmente. A redução no comparecimento afeta rapidamente o estoque de plaquetas necessárias a
pacientes com distúrbios de coagulação.
93
Unidade II
Hemocomponentes
Sangue total (ST)
Hemoderivados
Concentrado de
plaquetas (CP) Plasma fresco
congelado (PFC) Plasma de 24 h (P24)
Crioprecitado
(CRIO)
Albumina Globulinas Concentrado
de fatores de
coagulação
Saiba mais
94
COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
Outros fatores de grande preocupação são, por exemplo, o risco de contaminação microbiana,
quando o material é exposto a temperaturas mais altas, sendo esta uma condição para o
crescimento microbiológico, além do risco de deterioração do produto, se exposto a temperaturas
abaixo de zero. Essas considerações são, em linhas gerais, a primeira preocupação em relação
ao processo regulatório de transporte de sangue e componentes, visando garantir os meios de
conservação de suas propriedades terapêuticas e manutenção da qualidade do produto durante
o trânsito desse material.
As amostras de sangue colhidas dos pacientes (receptores) que se submetem à transfusão sanguínea
nos diferentes serviços de saúde devem seguir os mesmos cuidados referentes ao transporte até os
serviços de hemoterapia e serviços de saúde que realizarão os testes imuno‑hematológicos para prestar
a assistência hemoterápica. Várias rotas de transporte podem ocorrer, tanto internas quanto externas
aos serviços de hemoterapia, com a participação de remetentes, destinatários e transportadores diversos
(ANVISA, 2016b).
95
Unidade II
Lembrete
São categorizadas como categoria B as amostras de doadores
e de pacientes, bem como as respectivas bolsas de sangue total e
hemocomponentes, com resultados reagentes, positivos, indeterminados ou
inconclusivos para marcadores de agentes infecciosos. O material biológico
dessa categoria deve receber a marcação UN 3373. A designação oficial
de transporte para amostras classificadas como UN 3373 é: “substância
biológica da categoria B”.
Transporte
Transporte
Processamento
Distribuição
Laboratórios:
Sortologia Hemocomponentes
Biologia molecular
Imuno-hematologia Transporte Transporte
Transporte
Transfusão Armazenamento
As diretrizes regulatórias para o transporte de materiais biológicos têm sua origem nas recomendações
do Comitê de Especialistas das Nações Unidas para o Transporte de Materiais Perigosos, um comitê do
Conselho Econômico e Social da ONU. No Brasil, o transporte de amostras biológicas é regulamentado
por diversos órgãos, de acordo com os tipos de transporte utilizados. As normas sanitárias que
tratam do transporte de sangue e componentes têm como objetivo agregar a preocupação com
o gerenciamento do risco na conservação das características biológicas às normas já existentes no
âmbito do transporte. Essas normas contêm, em geral, os princípios estabelecidos pela OMS, definidos
na Regulamentação para Transporte de Substâncias Infecciosas.
• RDC nº 34/2014 (ANVISA, 2014c) – estabelece os requisitos de boas práticas a serem cumpridas
pelos serviços de hemoterapia que desenvolvam atividades relacionadas ao ciclo produtivo do
sangue e componentes pelos serviços de saúde que realizem procedimentos transfusionais, a fim
de que sejam garantidas a qualidade dos processos e produtos, a redução dos riscos sanitários e a
segurança transfusional.
• RDC nº 20 (ANVISA, 2014b) – dispõe sobre o regulamento sanitário para o transporte de material
biológico humano, com o objetivo de definir e estabelecer padrões sanitários para o transporte
de material biológico em suas diferentes modalidades e formas. Essa norma é aplicada aos
remetentes, transportadores e destinatários de materiais biológicos de origem humana
relacionados a serviços e produtos sob vigilância sanitária. Conceitua material biológico
humano como tecido ou fluido constituinte do organismo humano, como excrementos, fluidos
corporais, células, tecidos, órgãos ou outros fluidos de origem humana ou isolados a partir desses.
Cabe ressaltar que a RDC nº 20/2014 é uma norma de vigilância sanitária que tem o objetivo de
definir e estabelecer padrões sanitários para o transporte de material biológico, para garantir
a segurança, minimizar os riscos sanitários e preservar a integridade do material transportado,
sem prejuízo do disposto em outras normas vigentes peculiares a cada material e modo de
transporte. Dessa forma, não há sobreposição da RDC nº 20/2014 às demais normas vigentes para
o transporte de material biológico, visto que se remete às particularidades exigidas de cada modo
de transporte. No caso do transporte terrestre, devem ser seguidos os requisitos preconizados
pela ANTT, assim como as diretrizes da Anac para o transporte aéreo e da Antaq para o aquaviário,
complementados pela RDC nº 20/2014.
A Visa responsável pelo local onde está sediado o remetente deve avaliar como se dá o transporte de
sangue e componentes, agregando à avaliação do serviço a infraestrutura de transporte (caso realizado o
97
Unidade II
transporte próprio) ou exigindo que a empresa transportadora contratada tenha licenciamento sanitário.
Já a Visa responsável pelo local onde está sediado o destinatário deve avaliar as condições de recebimento
do material biológico e exigir o licenciamento do serviço ou da empresa que realiza o transporte.
Ressalta‑se que cada situação deve ser avaliada junto às Visas envolvidas, para fins de padronização
desses fluxos e processos. O veículo transportador deve contar com condições adequadas de higiene
e limpeza, bem como dispor de mecanismo que assegure a integridade da embalagem terciária e do
material biológico transportado. Dispositivos de fixação das embalagens nos veículos devem ser usados
para garantir que estas permaneçam seguras durante o trânsito.
Observação
• Temperatura ambiente: o Brasil apresenta amplitude térmica de grande variação por cada região e
período do ano. Esse fator deve ser avaliado pelo serviço de hemoterapia na definição de critérios
de transporte, devendo ser considerado no processo de validação do transporte.
• Eficácia do isolamento térmico: o isolante térmico é uma estrutura ou material que dificulta a
dissipação do calor, mantendo, por um tempo determinado, a temperatura de conservação do
material transportado, devido à sua alta resistência térmica. Vários mecanismos são utilizados
como isolantes térmicos (por exemplo, o vácuo, a lã de vidro, o poliestireno, o poliuretano e outros).
98
COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
O serviço precisa avaliar qual o mecanismo de embalagem que melhor atende ao seu propósito, de
acordo com a temperatura de conservação requerida dos materiais biológicos que deve transportar.
• A descrição e a configuração dos componentes das embalagens devem ser bem definidas no
processo de validação para cada tipo de material biológico.
Tempo máximo de
Hemocomponente Temperatura de transporte Substância resfriadora transporte
Para a produção de plaquetas: Gelo reciclável ou placas de 1,4
Sangue total 20 a 24 ºC; sem produção de 18 horas
butanodiol
plaquetas: 1 a 10 ºC
Concentrado de hemácias 1 a 10 ºC Gelo reciclável 24 horas
Temperatura próxima à Somente em condições de alta
Concentrado de plaquetas 24 horas
de armazenamento temperatura: gelo reciclável
Plasma fresco congelado
e crioprecipitado Manter congelado Gelo reciclável ou gelo seco 24 horas
Lembrete
99
Unidade II
Figura 22
Observação
Quanto à conservação do material biológico, o conjunto de embalagens deve ser validado levando‑se
em consideração a quantidade e as características do material biológico transportado, bem como o tipo
e a quantidade de material refrigerante em relação ao tempo de transporte, incluindo os possíveis
atrasos e as condições da temperatura ambiente ao longo da rota.
100
COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
Resumo
101
Unidade II
102
COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
Exercícios
Questão 1. (Cespe, 2012) Acerca da higienização das mãos, assinale a opção correta.
A) As mãos colonizam uma microbiota residente e outra transitória, ambas passíveis de remoção
mecânica, com a higienização das mãos com água e sabão.
B) A higienização simples das mãos deve ter duração mínima de dois minutos e tem como finalidade
remover micro‑organismos.
C) A fricção antisséptica com o uso de preparações alcoólicas tem como finalidade reduzir a carga
microbiana das mãos. Nesse procedimento, as mãos devem secar livremente, sem utilização de
papel toalha.
D) A técnica de higienização antisséptica é igual à utilizada para a higienização simples das mãos,
divergindo apenas em relação ao tempo, que deve ser maior na higienização simples.
E) Apesar de se referir apenas à higienização simples das mãos, o termo lavagem das mãos foi
substituído por higienização das mãos, sendo esta a medida individual mais simples e mais barata
para prevenir a propagação das infecções relacionadas à assistência à saúde, mesmo sem o uso
de antissépticos.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa correta.
Justificativa: a fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica tem por finalidade reduzir a
carga microbiana das mãos, podendo substituir a higienização das mãos com água e sabonete líquido
quando as mãos não estiverem visivelmente sujas.
103
Unidade II
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: recentemente, a expressão “lavagem das mãos” foi substituída por “higienização das
mãos”, englobando quatro tipos de higienização: higienização simples, higienização antisséptica, fricção
antisséptica e antissepsia cirúrgica das mãos.
Questão 2. (IBFC, 2016) Sobre as recomendações para o uso adequado do torniquete para a punção
e a coleta de sangue venoso, assinale a alternativa incorreta.
D) Não usar o procedimento “bater na veia com dois dedos” no momento da seleção venosa.
104
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Figura 2
MULLINS, C. A. Specimen collection. In: RODAK, B. F.; FRITSMA, G. A.; KEOHANE, E, M. Hematology:
clinical principles and applications. 4th ed. St Louis Missouri: Elsevier Saunders, 2012. p. 40.
Figura 3
Figura 4
Figura 5
SILVA, P. H. et al. Hematologia laboratorial: teoria e procedimento. Porto Alegre: Artmed, 2016, p. 4.
Figura 8
Figura 12
105
Figura 13
Figura 14
Figura 15
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procedimentos para a expedição e transporte de substâncias biológicas e infectantes em aeronaves
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Figura 16
Figura 17
Figura 18
PITUCO, E. M.; JORDÃO, R. S.; NOGUEIRA, A. H. C. Manual veterinário de colheita e envio de amostras.
Rio de Janeiro: PANAFTOSA-Opas/OMS, 2010. p. 23. Adaptada. Disponível em: <http://www.fundepecgo.
org.br/home/wp-content/uploads/2018/01/ManualVeterinarioDeColheitaEEnvioDeAmostras.pdf>.
Acesso em: 10 jun. 2019.
Figura 19
Figura 20
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia para o uso de hemocomponentes. 1. ed. Brasília: Ministério
da Saúde, 2008. p. 16. Disponível em: <http://www.uel.br/hu/hemocentro/pages/arquivos/
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Figura 21
Figura 22
REFERÊNCIAS
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Exercícios
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Tecnologista em Saúde Pública. Questão 37. Disponível em: <http://www.direh.fiocruz.br/site/arquivos/
provas-concurso-fiocruz-2010/tecnologista/Biosseguran%C3%A7a.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2019.
Unidade I – Questão 2: FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS (FCC). Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região
(TRT 5ª): Analista Judiciário – Enfermagem 2013: Questão 53.
114
Unidade II – Questão 2: INSTITUTO BRASILEIRO DE FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO (IBFC). EMPRESA
BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES (EBSERH). Hospital Universitário Antônio Pedro da
Universidade Federal Fluminense (HUAP/UFF). Técnico em Enfermagem 2016: Conhecimentos
Específicos. Questão 38.
115
116
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000