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EXCELENTÍSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA

ÚNICA DA COMARCA DE AMARANTE, ESTADO DO MARANHÃO.

GALDINO ALVES MARINHO, brasileiro, divorciado, aposentado, inscrito


no RG 050023932013-2 SSP/MA e no CPF/MF de n° 197.653.553-00,
residente e domiciliado à Rua Maranhão, São Jose, s/n, Amarante/MA,
CEP 65923-00, por seu advogado ao final assinado, constituído nos termos
da procuração em anexo, vem com o devido respeito e acatamento,
perante VOSSA EXCELÊNCIA, propor:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO POR COBRANÇA


INDEVIDA E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS com PEDIDO DE TUTELA
DE URGÊNCIA

Em face do BRADESCO PROMOTORA, pessoa jurídica de direito privado,


CNPJ de n. 07.207.996/0001-50, com endereço na Cidade de Deus, s/nº -
Prédio Prata, 4ºAndar, Vila Yara -Osasco/SP -CEP: 06029-900, pelos
fundamentos fáticos e jurídicos a seguir expostos.

I - PRELIMINARMENTE – DA JUSTIÇA GRATUITA: 

Nos termos do artigo 98 do CPC/2015, o Reclamante declara para os


devidos fins e sob as penas da Lei que se encontra sem condições de arcar
com o pagamento de custas, honorários advocatícios e demais despesas
processuais sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, pelo que
requer os benefícios da justiça gratuita.

II - DOS FATOS

O Requerente é aposentado pelo Regime Geral de Previdência


Social – RGPS e recebe benefício mensal de Aposentadoria por idade (NB
164.226.750-0) no importe de 01(um) salário mínimo através do Instituto
Nacional de Seguridade Social – INSS, conforme documento anexo.

Ocorre que ao se dirigir à instituição financeira para buscar


informação acerca do valor ínfimo creditado pelo INSS em sua conta (R$
667,01), bem como sobre a existência de saldo negativo desde Setembro
de 2021, foi constatado descontos consistente em TARIFAS e juros de
MORA CRED PRES oriundos de supostos empréstimos, conforme extratos
bancários em anexo.

O autor afirma não ter realizado nenhum contrato de empréstimo


com o banco requerido no valor de R$ 701,18 (setecentos e um reais e
dezoito centavos) verificou-se que estão sendo descontado do seu
benefício de número NB: 185.606.073-7 valores referentes ao um suposto
empréstimo bancário.

Ademais, o requerente para sua surpresa detectou diversos outros


empréstimo consignado por instituições financeiras distintas e de variados
valores que foram descontados em seu benefício ate então de seu
desconhecimento, consoante Extratos de emeprestimos.

O Demandante, por sua vez, é pessoa de baixa instrução, ficou


extremamente abalado com a informação, tendo em vista que
desconhece tais empréstimos e que não tem necessidade em realizar de
forma contínua os múltiplos empréstimos consignados.

No caso em tela, o banco requerido, já realizou o desconto das 72


(setenta e duas) parcelas no valor de R$ 21,40(vinte e um e quarenta
centavos), perfazendo um total de R$ 1.540,80 (mil e quinhentos e
quarenta reais e oitenta centavos), todas parcelas estão quitadas, que
deverão ser restituídos em dobro, conforme tabela abaixo.

Nº do contrato 0806493854
Mês da Consignação 04/2016
Última Parcela 03/2022
Valor do Empréstimo R$ 701,18
Nº de parcelas 72
Valor das parcelas R$ 21,40
Parcelas pagas 72
indevidamente
Valor devido em R$ 1.540,80
dobro

Os descontos indevidos estão causando enormes impactos


financeiro ao Autor de modo a afetar a sua própria subsistência, já que o
beneficio se encontra com saldo negativo desde setembro de 2021, visto
que o Demandante tem idade avançada cuja sua única fonte de renda
advém desse beneficio de um salário mínimo.
III - DO DIREITO

Do Ato ilícito

O ato praticado pelo Demandando constitui ilícito civil, diante


da realização de um contrato de empréstimo fraudulento realizado sem a
devida cautela, prestando desserviço, consubstanciado pelo desconto
indevido de valores no salário benefício do autor, que gera para aquele o
dever de indenizar de acordo com o Código Civil, que assim determina:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.  

A conduta ilícita causou danos devendo este ser reparado


pelo réu, não se pode olvidar que a responsabilidade na relação
consumerista é objetiva na forma do caput do art. 14 do CDC, senão
vejamos:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.

O Código de Defesa do Consumidor privilegia a


responsabilidade objetiva, devendo aquele que agiu sem as cautelas
necessárias na realização do negócio jurídico e causou danos a outrem fica
obrigado repará-lo, é o que se verifica no caso em tela. 
IV - DO DANO MORAL 

O Banco demandado deve responder pelos danos morais e


materiais causados ao autor, pois, com sua conduta desidiosa, causou
significativos prejuízos o salário benefício do autor, o que acabou
comprometendo a alimentação, vestuário, o lazer, e consequentemente
atingiram os direitos da personalidade impedindo-a de ter uma vida
digna.

Nesse diapasão, a nossa Carta Magna de 1988, no seu artigo


5, inciso X, trata de forma precisa do dever de indenizar moral e
materialmente, aquele que sofre algum tipo de violação no seu direito.

Art. 5º - “Caput.....”

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a


honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente
de sua violação;   

Excelência, o autor sofreu violação de toda ordem quando


teve seu salário de benefício com saldo negativado em sua conta , pois, o
valor sabidamente não dá para suprir as necessidades básicas do dia-a-dia,
quando recebido de forma integral, menos ainda quando não se tem valor
a receber.

Sendo assim, requer seja reconhecido o dano moral, pela


violação dos direitos inerentes a personalidade, e desrespeito a própria
dignidade da pessoa humana.
V - DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA  

Verifica-se, que o caso em comento amolda-se perfeitamente aos


requisitos elencados nos art. 300, do Novo Código de Processo Civil. 

Do fumus boni iuris 

Conforme os fatos supramencionados o direito do requerente é


latente, pois alega veementemente não ter realizado contrato de
empréstimo com o banco requerido, devendo os descontos realizados no
seu benefício previdenciário de aposentadoria por idade, serem
suspensos; a permanência dos descontos traz consequências nefastas a
requerente, tais como a diminuição do seu salário benefício, diminuindo
sobremaneira a qualidade de vida, que já é precária.

Do periculum in mora 

Ademais, a tutela é medida que se impõe, uma análise superficial


dos fatos e das provas constantes na inicial demonstra que a demora em
suspender os descontos prejudicará ainda mais o autor, que terá que
conviver com o desconto indevido, que reduz de forma significativa sua
qualidade de vida, negativando o saldo o valor do salário que afeta para se
ter uma vida digna. Além do que é possível a reversibilidade da medida
sem causar qualquer ônus ao Banco Demandado. 

            Sendo assim, faz jus à Concessão da Tutela Provisória de Urgência


Antecipada, para determinar que o Banco Demandado se abstenha de
efetuar novos descontos até provimento final da lide; tendo como
consequência a declaração da inexistência do débito; a condenação a
repetição de indébito, e ainda o reconhecimento ao direito a indenização
pelos danos morais sofridos, conforme demonstrado nos fatos e
fundamentos narrados.

VI - DOS PEDIDOS

            Ante o exposto:

             a) A demandante manifesta o interesse pela realização da


audiência de conciliação ou mediação, conforme previsão do art. 334, §5º,
do CPC;

            b) Que seja concedida a Tutela Provisória de Urgência Antecipada,


por estarem presentes os requisitos do artigo 303 e 304 do CPC,
suspendendo os descontos realizados pelo BANCO DEMANDADO
no contrato de nº 0806493854 em caso de descumprimento da medida
seja este condenado ao pagamento de multa diária de R$ 500,00
(quinhentos reais), conforme artigo 536 § 1º, do CPC;

            c) Requer o reconhecimento da Inexistência dos Débitos, e o


Cancelamento do Contrato, com suspensão imediata das cobranças das
parcelas indevidas e dos juros e tarifas confirmando assim o pedido de
tutela provisória antecipada;

             d) A devolução dos valores cobrados indevidamente em dobro,


conforme art. 42 do CDC, no valor de R$ R$ 1.540,80 (mil e quinhentos e
quarenta reais e oitenta centavos), a título de danos materiais até a
presente data do protocolo da ação.
            e) Que seja o requerente indenizada pelos danos morais sofridos
decorrentes dos descontos indevidos, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil
reais),  aplicando-se desde logo o princípio da proporcionalidade e
razoabilidade, tendo em vista que a conduta do Banco Demandado
diminuiu de forma inequívoca a qualidade de vida da demandante, bem
como, influenciou de forma negativa na alimentação, no vestuário, entre
outros direitos inerentes a pessoa humana, privando-a de uma vida
digna;

            f) Requer a concessão da inversão do ônus da prova aplicando-se a


regra do art. 6, inciso VIII, do CDC, requerendo ainda que caso do banco
demandado apresente “extratos bancários” no corpo da peça de
contestação, que aquela, venha acompanhada de documento hábil a
comprovar que foi creditado o valor na conta corrente/poupança do
demandante, sob pena de não ser reconhecida como prova por este juízo; 

g) A Condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sendo


no percentual de 20% sobre o valor da condenação, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor
atualizado da causa, conforme determina o art. 85, §2º, do NCPC;    

            h) Requer a Gratuidade da Justiça, nos termos do art. 98 § 1º e


seguintes c/c art. 99, caput, do CPC;

i) A concessão da prioridade na tramitação dos procedimentos


judiciais conforme, art. 1.048, inciso I do CPC;
j) Requer ao final a confirmação da tutela antecipada antecedente,
transformando a decisão provisória em definitiva, bem como,
PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS, para que seja declarada a inexistência do
contrato de empréstimo, e consequentemente o cancelamento dos
descontos no benefício do Demandante, bem como, a condenação do
demandando indenização por danos materiais e morais;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos


em direito;

Dá-se a causa o valor de R$ 12.241,98 (doze mil duzentos e


quarenta e um reais e noventa e oito centavos).

Nestes termos,

pede deferimento.

Amarante/MA, 17 de março  de 2022. 

Wanderson Alves Pereira

OAB/MA 20.346

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