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Supremo Tribunal Federal •
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23/03/2022 16:01 0019718

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Of. n. A4Z /SGM/P/2022

Brasília,23 d e ~ de 2022.

A Sua Excelência a Senhora


Ministra ROSA WEBER
Supremo Tribunal Federal
NESTA

Assunto: Ofício n. 217/2022. Ação Direta de Inconstitucionalidade .n.


7.092. Informações da Câmara dos Deputados.

Senhora Ministra Relatora,

Trata-se Ação Direta de Inconstitucionalidade, com pedido de


medida cautelar, apresentada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), em
que se requer seja declarada a inconstitucionalidade total da Lei n. 13.954/20t9
ou, alternativamente, da alínea "b" do inciso li-A do art. 106 e dos§§ 1°, 2° e~º
do art. 109 da Lei n. 6.880/1980, todos com redação dada pela Lei ~-
13.954/2019.

2. Alega o requerente que a norma impugnada possui vícios formai~


e materiais.

3. O vício formal consistiria no desrespeito ao art. 142, § 1°, da


Constituição Federal, que supostamente reclamaria Lei Complementar para
alterar o Estatuto dos Militares.
;

4. Já os vícios materiais seriam as ofensas ao direito à previdência, à 1

isonomia e à assistência social, e ao princípio da vedação ao retrocesso.

É o breve relatório.

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. ..

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Passa-se às informações.

5. Limitar-se-ão as informações à alegação de inconstitucionalidade


formal.

6. Segundo alega o requerente, "tem-se que, nos termos do art. 142,


§ 1°, da Constituição Federal, 'lei complementar estabelecerá as normas gerais
a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças
Armadas'. Tais normas gerais foram delineadas, justamente, pela Lei nº
6.880/1980 (Estatuto dos Militares), recepcionada na atual ordem jurídico-
constitucional com status de Lei Complementar." (grifos no original).

. 7. Tal alegação está equivocada .

8. A norma editada para regulamentar o mencionado§ 1° do art. 142


da Constituição Federal é a Lei Complementar n. 97/1999. Conforme sua
ementa, referida Lei Complementar dispõe sobre as normas gerais para a
organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas.

9. Nesse diploma legal encontram-se disposições acerca de temas


como destinação e atribuições, assessoramento ao Comandante Supremo,
organização, direção superior, orçamento, preparo e emprego das Forças
Armadas, justamente a temática que a Constituição Federal reservou à espécie
normativa lei complementar em seu art. 142, § 1°.

1O. Já o Estatuto dos Militares, Lei (ordinária) n. 6.880/1980, nos


termos de seu artigo inaugural, "regula a situação, obrigações, deveres, direitos
e prerrogativas dos membros das Forças Armadas". Diferentemente do alegado
pelo requerente, claramente não se encontra no escopo das "normas gerais a
serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas"
mencionadas no art. 142, § 1°, da Constituição Federal.

11. Trata-se, na verdade, de matéria expressamente destinada a


regulamentação por meio de lei ordinária, conforme inciso X do § 3° do já citado
art. 142 da Constituição Federal, que assim dispõe:

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Art. 142, § 3°, X - a lei disporá sobre o ingresso nas


Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e
outras condições de transferência do militar para a
inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as
prerrogativas e outras situações especiais dos militares,
consideradas as peculiaridades de suas atividades,
inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos
internacionais e de guerra. (Original sem grifos)

12. Essa é a matéria não apenas do Estatuto dos Militares, mas da Lei
ora impugnada (Lei n. 13.954/2019) e de todas as demais Leis por ela alteradas
(Leis n. 3.765/1960, n. 4.375/1964, n. 5.821/1972, n. 11.784/2008 e n.
12.705/2012, Decreto-Lei n. 667/1969 e Medida Provisória n. 2.215-10/2001).

13. Resta evidente que o Estatuto dos Militares foi recepcionado pelo
ordenamento jurídico inaugurado pela Constituição Federal de 1988 com status
de lei ordinária, e não de lei complementar, como alegado pelo requerente.

14. Tanto é assim que o referido Estatuto já foi alterado diversas vezes
por meio de lei ordinária já no atual ordenamento jurídico. É o caso das Leis n.
7.698/1988, n. 8.237/1991, n. 9.297/1996, n. 11.447/2007 e n. 12.670/2012,
assim como da Medida Provisória n. 2.215-10/2001.

15. Por fim, colaciona-se o trecho do parecer da Comissão Especial


destinada a apreciar o Projeto de Lei n. 1.645/2019 (que deu origem à Lei ora
combatida) na Câmara dos Deputados em que se analisa justamente a
constitucionalidade formal da proposição:

Acerca da análise de constitucionalidade do PL


1645/2019, observa-se que atende aos comandos
constitucionais pertinentes.

Assim, compete à União "organizar e manter a polícia civil,


a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito
Federal, bem como prestar assistência financeira ao
Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por
meio de fundo próprio", nos termos do disposto no art. 21,

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inciso XIV, o que implica a iniciativa legislativa nesse


tocante.

Em relação à iniciativa das leis o art. 22, em seu inciso XXI,


define competência privativamente à União para legislar
sobre "normas gerais de organização, efetivos, material
bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias
militares e corpos de bombeiros militares".

Já o art. 61 é peremptório, em seu § 1°, alínea 'f, ao


reservar à iniciativa privativa do Presidente da República
as leis que disponham sobre "militares das Forças
Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos,
promoções, estabilidade, remuneração, reforma e
transferência para a reserva". Tal prerrogativa está em
consonância com o art. 142 e seus parágrafos,
especialmente o § 3° e seu inciso X, que alberga a
hipótese vertente, nos seguintes termos:

X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os


limites de idade, a estabilidade e outras condições de
transferência do militar para a inatividade, os direitos, os
deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras
situações especiais dos militares, consideradas as
peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas
cumpridas por força de compromissos internacionais e de
guerra.

Sob o enfoque da constitucionalidade formal, os


projetos não apresentam vícios, porquanto
observadas as disposições constitucionais
pertinentes à competência da União para legislar
sobre a matéria (art. 22, inciso 1) 1 do Congresso
Nacional para apreciá-la (art. 48) e à iniciativa

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parlamentar (art. 61) 1• (original sem grifos)

Diante do exposto, requer-se seja a presente ADI julgada


improcedente no que se refere à alegação de inconstitucionalidade formal.

Atenciosamente,

Disponível em
https ://www.cama ra .leg. br/proposicoes Web/prop mostra ri ntegra ?codteor= 1820644&filena me=P RL+4
+PL164519+%30%3E+PL+l645/2019

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