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Guaxupé com ares de cidade grande: onde vamos parar?

Como um fantasma que ronda as cidades deixando marcas vivas no espaço e na memória, a violência
e os crimes estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano. Ando muito assustado e preocupado com a
segurança em Guaxupé. Cada dia é um crime novo, uma notícia que nos assusta, um fato, um acontecimento
ou mesmo, somos vítimas de situações de violência ou de ações criminosas.
A mídia tem noticiado assaltos e roubos constantes em Guaxupé, sendo que na maioria das vezes são
à mão armada. Estes acontecimentos tem se repetido com muita frequência, deixando um rastro de medo e
insegurança. Em 2013, sequestro relâmpago, assaltantes armados que agredindo pessoas, lotérica, farmácia e
ótica assaltadas em plena luz do dia, roubos de celulares pelas ruas, ataques a pessoas, enfim, notícias assim
alimentaram a mídia.
Fique satisfeito quando uma onda ações coletivas da polícia civil e militar começaram a fazer blitz
pela cidade. Mas, pelo que pude notar apenas “ladrões de galinhas” acabaram sendo presos. Quanto mais
dizem que estão fazendo alguma coisa para diminuir estas ações, parece que mais elas aumentam.
Eu mesmo presenciei aqui, na rua onde moro, uma situação que me deixou assustado: era por volta
da hora do almoço, horário em que os alunos saíam da escola que fica próxima da minha residência, quando
ouvi um veículo passar em alta velocidade em frente a minha casa. Fiquei assustado e fui ver o que estava
acontecendo. Deparei-me com uma cena dantesca. Um rapaz levantava-se do chão. Supostamente, havia
caído fugindo de um possível atropelamento. O barulho era de uma enorme caminhonete preta que passou
várias vezes tentando atropelá-lo ou assustá-lo. O rapaz, por sinal, eu o conhecia.
Não sei por quais motivos, mas além do fato em si já representar perigo, a mesma caminhonete
poderia ter atropelado crianças e adolescentes que estavam saindo da escola, já que o motorista estava
totalmente transtornado. Os alunos da escola, normalmente, passam por aqui correndo e fazendo algazarras,
vítimas fáceis para um tresloucado e irresponsável playboy.
Em outras ocasiões, quando vinha para casa à noite, depois do trabalho, fui abordado por um usuário
de droga nos arredores da Ponte do Taboão. Cheguei a fazer algumas queixas à polícia sobre isso, mas o fato
continuou. O Interessante é que, nessas abordagens, estes usuários de drogas nos intimam a dar-lhes algum
dinheiro. Uma vez recusei e o camarada pegou um tijolo para me atacar. Depois ainda tem gente que acha
que a mendicância é causada por pessoas de bom coração que dão “esmolas” para pessoas que estão em
situação de rua. A situação é muito complexa e exige medidas mais eficazes do que a recomendação de não
dar “esmolas” nas ruas.
Outra vez, quando saia novamente do meu trabalho, parei na esquina da Banca Martins para
conversar com um amigo que não via há tempos e, de repente, fomos abordados por um camarada pedindo
dinheiro, vendo que nós não íamos dar nada a ele, passou a nos agredir verbalmente. Provavelmente, pelo
grande número de pessoas que ali estavam ele não nos agrediu fisicamente.
Esta semana, dois assaltos aconteceram no mesmo dia: um por volta das 06h e outro por volta das
14h30minh. Um no Posto do Taboão e o outro no Posto Maga, localizado na Rua da Aparecida. O assalto ao
Posto Maga, segundo o que foi noticiado pela mídia, parecia que estava sendo arquitetado há algum tempo.
Dois rapazes, aparentando ter entre 18 a 19 anos de idade, renderam os funcionários do posto à mão armada
e roubaram cerca de R$ 2.000,00 entre cheques e dinheiro, além de levar dois celulares de funcionários. Uma
das funcionárias, além de ter o celular novo roubado, também levaram o dinheiro que estava na sua bolsa,
sorte que eles não levaram também a bolsa. Pensem no transtorno que isso iria causar com relação aos seus
documentos.
O interessante é que os assaltantes sabiam exatamente a hora da troca de turno, qual funcionária
ficava com o dinheiro, o local onde estava o restante do dinheiro, enfim, parece que tudo estava planejado.
Pergunto: será que o dono do posto, também vítima do assalto, não se preocupa com a segurança dos seus
funcionários, já que vivenciou esta mesma situação outras vezes? Onde está a segurança da cidade durante o
dia? Será que o albergue que funciona na antiga cadeia pode ter alguma coisa com este fato?
Para não deixar escapar nada, também esta semana, quando vínhamos de Guaranésia a noite,
paramos o carro nas proximidades do Jardim Novo Horizonte para deixar um amigo. Como ainda era cedo,
por volta das 22h, paramos na esquina abaixo de sua casa. Ao subir, ele percebeu que alguém o seguia. Era
um rapaz que vinha assobiando e pedindo para esperá-lo. Graças a seus pais que tinham acabado de chegar e
estavam abrindo o portão da casa, o rapaz que o seguia, percebendo que havia mais gente por perto, virou as
costas e foi embora.
Estes são apenas alguns fatos que recordei e vivenciei. Pelo visto, estamos em constante perigo. Pois
é, o ano inicia, mas parece que apenas o último número é que é diferente. Estamos assustados, pois, Guaxupé
já tem ares de cidade grande...
Para finalizar, apropriando-me das palavras do músico e compositor brasileiro José Geraldo Juste
(Zé Geraldo), deixo aqui para todos nós uma reflexão: Enquanto esses comandantes loucos ficam por aí/
Queimando pestanas organizando suas batalhas/ Os guerrilheiros nas alcovas preparando na surdina suas
Mortalhas/ A cada conflito mais escombros/ Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça/ Dando milho aos
pombos / Entra ano, sai ano, cada vez fica mais difícil/ O pão, o arroz, o feijão, o aluguel/ Uma nova
corrida do ouro/ O homem comprando da sociedade o seu papel/ Quando mais alto o cargo maior o rombo/
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça/ Dando milho aos pombos [...].

Renato Tadeu Veroneze


Assistente Social

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