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APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

GOVERNO MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE – CE


SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
COORDENADORIA PEDAGÓGICA
ENSINO FUNDAMENTAL II

7º ANO

Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da


identidade cultural
(PAULO FREIRE, [s.d])

2016

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APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

COODENADORIAPEDAGÓGICA
ENSINO FUNDAMENTAL-ANOS FINAIS
ESTUDOS REGIONAIS

COLABORADORES:

 Professor (a):

Edson Xavier Ferreira


Eduardo Fernandes de Araújo Almeida
Flaviano Batista Vieira
Francisca Helena de S. Landim
Francisco Alves Torquarto
Maria Aparecida S. Cavalcante
Maria do Carmo Gomes Farias

Secretário Municipal de Educação: Antônio Ferreira dos Santos


Coordenadora Pedagógica:Arlete Silva Xavier
Coordenadora da Disciplina: Maria do Carmo Gomes

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APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

APRESENTAÇÃO

Sabendo da importância da disciplina de Estudos Regionais na grade curricular das


Escolas do Município de Juazeiro do Norte, assim como, do cumprimento da Lei
Orgânica do Município - Primeira Constituição Municipal de 1990 Capítulo-V da Cultura
da Educação e Desporto, Art.175- A História de Juazeirodo Padre Cícero Romão
Batista, será disciplina obrigatórianos currículos das Escolas Municipais de 5º ao 9º
ano, na parte Pública e garante o direito do ensino da disciplina no ensino fundamental
anos finais. A Secretaria Municipal de Educação – SME e Coordenadoria Pedagógica
juntamente com alguns professores da Rede Municipal de Ensino tem como objetivo
oferecer ao professor insumos que estimule a compreensão da realidade do nosso
estado e da região a qual vivemos. Lembrando que este material é apenas um
instrumento de orientação pedagógica para que a partir do seu conhecimento e pesquisa
possa nortear o estudo da história local.

Maria do Carmo Gomes Farias


Coordenadora da Disciplina Estudos Regionais - SME

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APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

SUMÁRIO

SURGIMENTO E POVOAMENTO DA REGIÃO DO CARIRI ........................................... 6

BACIA FLUVIAL ............................................................................................................... 8

RECURSOS HÍDRICOS .................................................................................................... 9

RECURSOS HIDRICOS SUBTERRÂNEOS ................................................................... 10

FLORA E FAUNA ........................................................................................................... 10

FORMAÇÃO HISTÓRICA DAS PRINCIPAIS CIDADESQUE COMPÕEM O CARIRI ... 12

HISTÓRIA DO JUAZEIRO DO NORTE - HOJE ............................................................. 13

SETOR PRIMÁRIO ......................................................................................................... 14

SETOR TERCIÁRIO........................................................................................................ 16

ARQUITETURA E URBANISMO .................................................................................... 16

CULTURA.........................................................................................................................17

CENTROS CULTURAIS ................................................................................................. 18

A ORIGEM DA CIDADE DE CRATO .............................................................................. 19

ORIGEM DA CIDADE DE BARBALHA .......................................................................... 23

ORIGEM DA CIDADE DE MISSÃO VELHA ................................................................... 29

A ORIGEM DE BREJO SANTO ...................................................................................... 32

IDENTIDADE ETNICO-CULTURAL ................................................................................ 34

IDENTIDADE DOS ÍNDIOS CARIRIS ............................................................................. 35

DIVERSIDADE CULTURAL DO CARIRI ........................................................................ 36

REGIÃO NORDESTE...................................................................................................... 36

REGIÃO DO CARIRI ....................................................................................................... 37

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DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA ................................................................... 38

ASPECTOS ECONÔMICOS DA REGIÃO DO CARIRI .................................................. 39

AGRICULTURA .............................................................................................................. 40

RECURSOS MINERAIS .................................................................................................. 41

INDÚSTRIA ..................................................................................................................... 42

POLITICA AGRÁRIA: DISTRIBUIÇÃO DE GLEBA NO CARIRI ................................... 43

O DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E A PRODUÇÃO DE EXCEDENTES


CARIRI ............................................................................................................................ 45

POSSE DE ESCRAVO E O TRABALHO SERVIL.......................................................... 46

ORIENTAÇÃO ECOLÓGICA DO PADRE CÍCERO ....................................................... 47

INFLUÊNCIA RELIGIOSA DA COLONIAZAÇÃO EUROPEIA NA REGIÃO DO CARIRI48

INTERCAMBIO CULTURAL DAS PRINCIPAIS CIDADES DO CARIRI ........................ 50

CULTURA ....................................................................................................................... 51

FORTALECIMENTO DOS LAÇOS SOCIAIS; ROMEIROS COM O JUAZEIRO DO


NORTE ............................................................................................................................ 52

REFERÊNCIA...................................................................................................................52

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SURGIMENTO E POVOAMENTO DA REGIÃO DO CARIRI

A princípio esta região foi denominada CARIRI NOVO para diferenciar do Cariri
Velho também conhecido como Cariri paraibano, mais antigo. A descoberta do Cariri
Novo aconteceu por volta de 1660, apesar das controvérsias de alguns historiadores
que afirmam haver sido bem mais tarde. É de consenso, porém, que a colonização se
deu no inicio do século XVIII, quando surgiram as primeiras fazendas e sítios com
engenhos e capelas.
De 1680 a 1690 alguns sertanistas obtiveram sesmarias no sudeste do Ceará,
mas não chegaram a ocupá-las. As concessões de terras foram acentuadas a partir de
1703. Poucos foram o sesmeiros que cultivaram suas terras, preferindo valer-se do
arrendamento e venda dos latifúndios que de graça receberam.
Baianos e sergipanos chegaram ao Cariri pelo Riacho dos Porcos fixando-se em
São José dos Cariris Novos, hoje Missão Velha. Trouxeram inicialmente gado e, em
torno de um curral, uma fazenda se formava. Era a civilização do Couro. A cultura
canavieira só veio a partir de 1718 no sítio Salamanca, em Barbalha.

Missões

A partir de 1730, a cultura do colonizador chegou aos nativos do caririatravés das


missões fundadas pelos capuchinos italianos do convento de nossa senhora da penha
de Pernambuco, dos quais se destacou Carlos Maria de Ferrara que tendo recebido
terras, doou-as aos índios. Os religiosos organizaram aldeias indígenas para a
catequese, conhecidas como “missões”. A primeira no cariri foi no sitio cachoeira, em
missão velha. Quando a “missão” passou para o sítio santo Antônio, a primeira passou a
ser “velha”, daí as denominações: Missão Velha e Missão Nova. A primeira capela
erguida no Cariri foi no Sitio Santo Antonio, atual Missão Nova, em Missão Velha,
considerada freguesia das Minas dos Cariris Novos em 28 de Janeiro de 1848,
passando a município de Missão Velha em 8 de novembro de 1864, na categoria de vila,
e à cidade a 28 de Julho de 1931.
As “missões” dos capuchinhos foram se estendendo pelo vale, chegando à aldeia
do Brejo para formar a missão do Miranda, através de Frei Carlos Maria de Ferreira,
dando a origem a Real Vila do Crato.

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Localização

Estrategicamente localizado no sul do Estado do Ceará, o Cariri constitui-se ponto


de convergências das atividades econômicas de grande áreas do território cearense e
dos Estados do Piauí, Pernambuco e Paraíba, com destaque nas áreasda cultura , da
religião e da política.
O Cariri constitui-se também importantepólo comercial tendo como eixo central o
aglomerado urbano formado pelas cidades de Juazeiro , Crato e Barbalha,que ficam a
uma distância média de aproximadamente 700 km das capitais nordestinas.

Delimitação

A região do Cariri é composta por 33 municípios, encravados nas divisas com


Pernambuco, Piauí e Paraíba, em todo prolongamentoda chapada do Araripe. A região
compreende os seguintes municípios, distribuídosem cinco microrregiões:
 Sertão do Salgado: Baixio, Cedro, Ipaumirim, Lavras da Mangabeira e Umari.
 Serra de Caririaçu: Altaneira, Antonina do Norte; Assaré, Caririaçu, Farias Brito,
Granjeiro, Tarrafas e VárzeaAlegre;
 Serra do Cariri: Abaiara, Aurora, Barro, Brejo Santo, Jati, Mauriti, Milagres,
Penaforte;
 Chapada do Araripe: Araripe, Campos Sales, Potengi, Salitre;
 Cariri: Barbalha, Crato, Jardim, Juazeiro do Norte, Missão Velha Porteiras,
Santana do Cariri, Nova Olinda, Brejo Santo e Barro.

Relevo

Basicamente o relevo caririense apresenta dois patamares bastante distintos: os


vales, com altitudes variando entre mais ou menos 500 metros, que correspondem
aproximadamente, 70% do território, estendendo-se pela porção do centro-norte, e as
áreas mais do sudeste com altitudes médias de 900 metros, correspondente a chapada
do Araripe.

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Topografia

O aspecto topográfico é bastante diversificado, compreendendo quatro formações


predominantes:
 Chapadão do interior;
 Pés-de-serra ;
 Projeções ribeirinhas dos cursos d‟água de maior relevância (vales);
 Superfície com depressões contínua, levemente acidentadas (sertões).

Composição do Solo

A Chapada do Araripe é capeada horizontalmente por uma camada de arenito


vermelho-escarlate. De sua composição resulta um solo areno-silicoso bastante fértil,
especialmente nas faixas mais frescas, onde se localiza o vale nos quais se vislumbra
em projeção descendente, apresentando uma formação sedimentária com
predominância de arenito mole avermelhado e um calcário cinzento, dando origem a um
solo glutinoso, escuro e muito fértil.

Clima

Micro-clima, tropical sub-úmido e seco, quedas de temperaturas entre junho e


julho devido à altimétria da chapada nas cidades de Caririaçu, Jardim, e Araripe.

BACIA FLUVIAL

A bacia fluvial do cariri é formada pelo Rio Salgado e seus afluentes: Riacho dos
Porcos e os Rios Salamanca, Granjeiro, Batateiras, Carás e Missão Velha. Alem de
outros como: Riacho Seco, Missão Nova, Caiçara Coité, Catolé. Saindo da encosta da
serra do Araripe em direção ao Vale do cariri nascem centenas de fontes de água
perenes e cristalinas com uma vazão de mais de 30 milhões de metros cúbicos de água
/ano.
Para um melhor aproveitamento da água, foram construídos açudes e barragens.
Dentre açudes destacamos: Amaro Coelho, Manoel Balbino (Carás). Sabiá, Coité, Leite,
Cotia, Exu, Olho d´água do melão, Major Botelho, Thomaz Osterne, etc.

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A bacia sedimentar do Araripe proporciona à região ambiente geográfico diferente


do semi-árido nordestino, com a existência de clima, solo, água e recursos minerais
abundantes e inexplorados, aguardando políticas de desenvolvimento.

RECURSOS HÍDRICOS

A capacidade hídrica dos açudes nordestinos (cerca de 1.200) - é de


aproximadamente 15,5 bilhões de metros cúbicos, dos quais, 7,3 bilhões estão
localizados no Estado do Ceara, sendo que 70% desse total são absorvidos por apenas
seis açudes públicos construídos pelo DNOCS.
A região do cariri possui 724 açudes, com capacidade global para 421.148.000m 3,
sendo 105 deles com capacidade acima de 490.000m3, o que corresponde a 5,8% do
total de 7,3 bilhões de metros cúbicos dos açudes gerenciados pela Secretaria de
Recursos Hídricos do Estado. Seis municípios: Lavras da Mangabeira, Cedro, Aurora,
Várzea Alegre, Ipaumirim e Barro concentram 431 açudes, ou 59,5% do total da região.
Os recursos hídricos da região do cariri são formados pelos açudes públicos e
pelos aqüíferos subterrâneos. O açude tem capacidade para acumular 293
milhões de metros cúbicos, no entanto, segundo o Departamento Nacional de Obras
Contra a Secas (DNOCS), tal capacidade nunca foi atingida. Em relatórios apresentados
no dia 04/08/97 pelo DNOCS, as reservas hídricas eram apenas 33,59% do total.
Os municípios do cariri estão situados dentro de suas bacias hidrográficas. Uma
delas, a bacia do Alto Jaguaribe, que se localiza na porção meridional do estado, a
montante do açude de Orós, seu principal reservatório, percorre uma extensão de 325
quilometros. Os municípios por ela abrangidos são: Salitre, Campos Sales, Araripe,
Potengi, Assaré, Antonina do Norte, Tarrafas, Altaneira, Farias Brito, Nova Olinda e
Santana do Cariri.
A outra bacia é o Rio Salgado que se desloca norte-sul, até encontrar o Rio
Jaguaribe e percorre uma extensão de 308 quilômetros. Os municípios que formam
estas bacias são: Várzea Alegre, Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Barbalha,
Jardim, Porteiras, Brejo Santo, Jati, Penaforte, Mauriti, Milagres, Abaiara, Barro, Aurora,
Caririaçu, Grangeiro, Lavras da Mangabeira, Cedro, Umari, Baixio e Ipaumirim.
As águas subterrâneas encontradas na região do Cariri representam importante
fonte de abastecimento, tanto para a população urbana e rural de alguns municípios,
quanto o suprimento hídrico de projetos de irrigação.

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RECURSOS HIDRICOS SUBTERRÂNEOS

A região do cariri possui a maior e mais importante bacia hidrográfica cearense


com as melhores unidades aqüíferas (unidade hidrogeológica capaz de armazenar
consideravelmente volume de água subterrânea e permitir sua exploração)
representando um grande beneficio para a região.
Os principais aqüíferos são as formações de Missão Velha e Mauriti. A formação
Exu funciona como aqüífero de transferência. O aqüífero Missão Velha,
quantitativamente, é o mais importante do Ceará (1.058 km 2), com o nível de água em
média, a 10 metros de profundidade. As reservas permanentes são 83,65 bilhões de m 3,
com um volume de 112 milhões de m3, renováveis anualmente.
O aqüífero Mauriti possui área de exposição de 986 km 2, com água entre 10 e 15
metros de profundidade, e reservas permanentes de 4,9 bilhões de m 2, com reservas
reguladoras de 17,5 milhões de m3, ano.
Como se pode constatar, os recursos hídricos do Cariri são muito importantes. Se
forem utilizados racionalmente, gerarão por certo muitas riquezas com agricultura
irrigada. Nota-se que as reservas d‟água subterrânea (88,55 bilhões de m 3). Entretanto,
para utilização das reservas subterrâneas deve ser observado o período de tempo para
sua exploração.

FLORA E FAUNA

É na Floresta Nacional Araripe (FLONA) que a flora e a fauna do cariri têm a sua
maior expressividade. A FLONA, segundo a classificação de Mauro F. Lima está dividida
em:

a) Floresta úmida semi-perenifólia (10,95%)- localizada próxima a vertente da chapada


onde é maior a umidade, caracteriza-se pela alta densidade e o elevado porte de
arvores. Não há gramínea no sub-bosque, mas a matéria orgânica é bastante.
Principais espécies: jatobá, pau d´arco, pau d‟oleo;

b) Transição floresta úmida/cerrado (48,53%)- Aqui a densidade arbórea diminui, bem


como o porte das árvores e o teor de matéria orgânica. No sub-bosque há
gramíneas. Principais espécies: piquizeiro, visgueiro, faveira, janaguba e lacre;

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c) Cerrado (27,49%)- O encrave de cerrado no polígono das secas deve-se à


conjunção de fatores edafo-climáticos e a altitude da Chapada do Araripe. A
vegetação apresenta elevado grau de adaptação ao déficit hídrico ao alumínio tóxico
e ao fogo. Ocorre uma pastagem natural hirsuta, palatável ao gado somente rebroto,
originando-se daí desde o século XVIII, primórdios da colonização do cariri, a prática
das queimadas. Nesta área as árvores são esgalhadas, retorcidas e distantes uma
das outras. Espécies mais comuns: piquizeiros, cajuí, amarelo;

d) Carrasco - Formação vegetal com adaptação acentuada à seca. Nesta área as


plantas são de porte baixo (herbáceo-arbustivo), espinhoso com predominância de
cipós. Parte desta área foi cultivada com mandioca antes da instalação da Floresta
Nacional do Araripe e o esgotamento do solo dificultam a sucessão vegetal. As
espécies mais encontradas, são: catuaba, juquiri, mucuanã, cidreira brava e
jurubeba;

e) Floresta úmida - Degradada pelo fogo (11,52%), constitui uma formação atípica,
ideal para estudos de impacto do fogo sobre a floresta, pois representa bem o afeito
dos incêndios que anualmente preocupam as autoridades. O comprometimento da
matéria orgânica e do sub-bosque leva ao empobrecimento da floresta, provocando
um retrocesso na sucessão vegetal.

A fauna do Cariri é bem diversificada. Eis alguns exemplos das espécies mais
significativas:
Aves: jacu, seriema, ferreiro, sabiá, pica-pau, rola azul, periquito, chorró;
Mamíferos: Veado, tatu, cotia, tamanduá, onça pintada, gato-do-mato, raposa, morcego
guaxinim;
Répteis: Teiú, camaleão, e algumas espécies de cobras, como coral.
Insetos: A variedade imensa destacando-se as ordens coleópteras, isópte

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FORMAÇÃO HISTÓRICA DAS PRINCIPAIS CIDADES QUE COMPÕEM O CARIRI

A seguir exemplo de municípios da região do cariri.

Imagem espacial da cidade de Juazeiro do Norte

ASPECTOS GEOGRÁFICOS

Fundação 22 de julho de 1911


Área territorial 248.832km²
Unidade federativa Ceará
Mesorregião Sul Cearense
Microrregião Cariri
Região Metropolitana
População 249.933hab
Distância até a capital 528 km
Densidade 1.0004, 45 hab./km²
Altitude 350m
LATITUDE
LONGITUDE
Clima Semiárido
Coordenadas Latitude: 7° 12‟
Geográficas 47‟ Longitude: 39° 18‟ 55‟
Fonte - IBGE 2010/2014

Alguns Bairros de Juazeiro

Juazeiro do Norte está organizado em 34 bairros: Aeroporto, Antônio Vieira,


Betolândia, Brejo Seco, Carité, Centro, Distrito Industrial, Fátima, Franciscanos, Frei
Damião, Horto, Jardim Gonzaga, João Cabral, José Geraldo da Cruz, Juvêncio Santana,
Lagoa Seca, Leandro Bezerra de Menezes, Limoeiro, Novo Juazeiro, Pedrinhas, Pio XII,

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Pirajá, Planalto, Romeirão, Salesianos, Salgadinho, Santa Tereza, São José, São
Miguel, Socorro, Timbaúba, Tiradentes, Três Marias e Triângulo.

HISTÓRIA DO JUAZEIRO DO NORTE - HOJE

É a segunda cidade mais importante do Ceará e uma das principais cidades da


região Nordeste. A lembrança do Padre Cícero está presente em todo o município desde
escolas, estabelecimentos comerciais, ruas, praças, museus até no nome de muitos
juazerenses batizados de Cícero, Cícera, Romão, Romana, Batista etc. Todos os anos,
milhões de romeiros visitam Juazeiro para orar ao Padre Cícero e à Nossa Senhora
das Dores (padroeira do município).
A cidade de Juazeiro do Norte exerce forte influência sobre todo Sul do Ceará, e
áreas dos estados de Pernambuco, Piauí, Paraíba, e Rio Grande do Norte, sendo um
importante centro de compras e serviços regionais. Todo este desenvolvimento resultou
em uma grande integração com os municípios de Crato e Barbalha, que juntas formam a
chamada conturbação Crajubar.
Em 9 de junho de 2009, a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará aprovou a
criação da Região Metropolitana do Cariri, sendo a lei sancionada pelo Governador Cid
Gomes em 29 de junho de 2009. A Região Metropolitana do Cariri é composta por nove
municípios: Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Missão Velha, Caririaçu, Farias Brito,
Nova Olinda, Santana do Cariri e Jardim.
O Poder Judiciário se faz presente na cidade com a Justiça Federal (uma vara e
um juizado especial), Justiça Estadual (cinco varas e dois juizados especiais), Justiça do
Trabalho (uma vara) e Justiça Eleitoral (duas zonas eleitorais). Juazeiro do Norte possui
o terceiro maior colégio eleitoral do Ceará com 144.883 eleitores.

Subdivisão

O município é composto pela sede e pelos distritos Padre Cícero e Marrocos Em


2009, foi criada outra divisão, na forma de seis subprefeituras
SP1: Bairros Lagoa Seca, Jardim Gonzaga, Frei Damião, Antônio Vieira, Triângulo,
Romeirão e São José.
SP2: Bairros Centro, Salesianos, Socorro, Salgadinho, Vila Três Marias e Horto.

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SP3: Bairros São Miguel, Pirajá, Pio XII, Franciscanos e Santa Teresa.
SP4: Bairros Limoeiro, Tiradentes, Novo Juazeiro, Betolândia, Planalto e Campo Alegre.
SP5: Bairros Juvêncio Santana, Leandro Bezerra, Timbaúbas, Vila Fátima e Aeroporto
SP6: Distritos Padre Cícero, Marrocos e toda área rural do município.
A vegetação predominante é a típica do semiárido, mais especificamente floresta
caducifólia espinhosa. Em determinados pontos, existem matas de transição. O nome do
município decorre de uma árvore bastante comum na região, o Juazeiro. Ao longo das
margens dos rios existe a chamada mata de galeria, vegetação original caracterizada
pela umidade em contraste com regiões adjacentes mais secas.
Na área urbana a vegetação se resume às praças e parques, sendo a principal
área verde, o Parque Ecológico das Timbaúbas, uma área voltada para o adensamento
de bosques, visando a preservação de importantes mananciais hídricos ali localizados. É
também uma área voltada para o lazer, tendo alguns equipamentos como pista de skate,
espaço para cooper e anfiteatro.
Com exceção da Serra do Horto e de uma depressão entre os bairros Timbaúbas
e Limoeiro, o relevo do município é regular. A área onde a cidade foi erguida se localiza
em um vale encravado na Chapada do Araripe.

ECONOMIA

De acordo com o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará


(IPECE), Juazeiro possui um PIB de R$ 718.884.000,00. Porém, a riqueza produzida
pelo município é bem maior visto que o comércio informal, que não entra na contagem
do PIB, é muito forte.
Juazeiro do Norte apresenta o 41° maior PIB do Nordeste e 283° do Brasil. De
acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2006,
Juazeiro apresentou a sexta maior evolução de PIB no Nordeste.

SETOR PRIMÁRIO

Juazeiro do Norte é um município com pequena extensão territorial, inexistindo a


presença de grandes propriedades rurais. Sua taxa de urbanização é de mais de 95%, e
cerca de 30% do seu território é de área urbana. Apesar disto, suas terras são férteis e
se aproveitam da irrigação dos rios Carás, perenizado a partir do Açude
ThomásOsterne, em Crato, e Rio Salgadinho. Deste último pouco se aproveita pois

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grande parcelas das águas dos esgotos são drenadas para seu interior. Conta com
vários minifúndios, destacando-se um grande número de chácaras com árvores
frutíferas ao redor da cidade, estas tem uma exploração econômica secundária sendo o
interesse predominante nestes imóveis o lazer e atividade residencial. A piscicultura é
uma atividade encontrada no Açude Manuel Balbino.

SETOR SECUNDÁRIO

Corresponde a 29,84% do PIB local. Existe uma política de atração de


investimentos formando parcerias entre estado, município e empresários, vários
benefícios são concedidos, como doação de terrenos, preferencialmente no Distrito
Industrial, localizado próximo aos limites com os municípios de Crato e Barbalha, e no
mini-distrito Industrial - localizado no Bairro Campo Alegre, como também incentivos
fiscais. Destacam-se os seguintes ramos:

Calçadista: Maior polo calçadista do Norte/Nordeste e terceiro do país, as várias


indústrias do setor já atraiu outros segmentos envolvidos na mesma cadeia produtiva,
barateando custos com importações de outras partes;
Têxtil: Dezenas de empresas desse ramo se instalaram na cidade nos últimos anos e já
ocupam boa parte do mercado regional;
Folheados: Produz joias e semi- jóias de alta qualidade que são exportadas. Uma
empresa local utiliza mão-de-obra carcerária em sua produção, os internos da
Penitenciária Industrial Regional do Cariri (PIRC), fabricam as joias e para cada três dias
de trabalho há uma redução de um dia da pena;
Artesanato: Existem muitos artesãos que comercializam seus produtos, inclusive para o
exterior; destacando-se o Centro de Arte Mestre Noza. Encontra-se em fase de
construção a Ceart Cariri, que irá permitir um maior incremento neste setor;
Bebidas: Existemalgumas empresas de bebidas na cidade. Entre elas o Grupo São
Geraldo, porém seus refrigerantes e sua água mineral são bastante apreciados na
região Nordeste;
Máquinas de costura: Juazeiro possui uma fábrica da empresa Singer desde 1997;
Construção civil: Impulsionado pelo desenvolvimento como polo universitário, a
especulação imobiliária exerceu forte pressão neste segmento, promovendo
lançamentos de condomínios horizontais e verticais;

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Metalurgia: Algumas indústrias metalúrgicas encontram-se instaladas na cidade, com


produção predominantemente voltada para abastecer a construção civil.

SETOR TERCIÁRIO

Principal setor da economia Juazeirense, respondendo por 69,6% do PIB


municipal (dados do IPECE). Os principais pontos comerciais são o centro da cidade,
Cariri Shopping, bairro Pirajá e bairro Pio XII. Destaca-se tanto no varejo quanto no
atacado, atraindo compradores de municípios e estados vizinhos, devido à sua condição
de centro regional.
Naturalmente o ramo que se destaca é o do turismo religioso, porém há um plano
integrado de turismo entre várias cidades da região do Cariri, destacando-se também os
fósseis, as belezas naturais da Chapada do Araripe, a cultura e a História do Cariri.
Juazeiro por ser a maior cidade da região e ter a melhor infraestrutura é a preferida dos
turistas como base. Um dado que comprova o crescimento do turismo na região é o fato
de que o Aeroporto Regional do Cariri situado em Juazeiro obteve o maior crescimento
percentual do Brasil em 2006.
Juazeiro possui uma boa rede de hospitais e clínicas, com investimentos tanto do
setor público como de caráter particular, que funcionam como rede complementar.
Durante o período chuvoso, costumam ocorrer surtos de doenças tropicais,
principalmente dengue e calazar. Devido ao sol forte, a cidade apresenta alto índice de
câncer de pele.
A atenção básica conta com uma rede de postos de saúde ainda em formação
visando uma cobertura territorial de 100% do município, já há uma boa cobertura. Este
segmento conta com o Programa de Saúde da Família, estratégia nacional, que conta
com uma equipe formada por um médico, um dentista (opcional), uma enfermeira, dois
ou três Agentes Comunitários de Saúde; sua estratégia visa o acompanhamento
longitudinal de famílias em um dado território.

ARQUITETURA E URBANISMO

Juazeiro cresceu de forma desordenada devido ao progresso rápido, em especial


o Centro da cidade que passou por rápidas transformações sendo poucos os prédios

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antigos preservados. A arquitetura antiga ainda conta com a antiga Estação Ferroviária,
localizada na Praça dos Ourives; a Coluna da Hora, destaque central da Praça Padre
Cícero; O casarão da Família Bezerra de Menezes, e dois casarões pertencentes ao
Padre Cícero, onde atualmente funcionam museus dedicados ao sacerdote.
A arquitetura moderna conta com um rápido processo de verticalização. O
urbanismo é limitado nas áreas já ocupadas, mas algumas ruas ao longo dos últimos
anos foram alargadas. Os bairros mais distantes e planejados recentemente contam
com avenidas largas ainda em desenvolvimento. O parque Ecológico das Timbaúbas faz
parte deste contexto urbanístico com a preservação ambiental em perímetro urbano
numa área detentora de importante manancial hídrico, entretanto poluído por falta de
uma boa rede de esgotos. Tal área é conhecida como Várzea das Timbaúbas,
entretanto seu espaço preserva apenas pequena parte da área total desta várzea.

CULTURA

Grupo de Reisado

Juazeiro é uma cidade de grande efervescência cultural. Pesquisa feita pela


UFRJ em todo o país e divulgada em março de 2009, constatou que a cidade de
Juazeiro do Norte é a maior em população envolvida em atividades culturais. Esse
caldeirão de cultura, tem registrados junto a secretaria de cultura do estado, 72 grupos
de cultura popular. Existem vários grupos folclóricos de reisado, maneiro-pau e
malhação de Judas, entre outros. A literatura de cordel e a xilografia também são
bastante difundidas, especialmente em função da Academia de Cordelistas de Juazeiro
do Norte e a Lira Nordestina da Universidade Regional do Cariri.
O artesanato é um dos maiores expoentes culturais do município, tendo inclusive
grande participação na economia de Juazeiro. O Centro Cultural Mestre Noza abriga um
vasto acervo de peças artesanais.

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APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

O teatro se desenvolveu bastante a partir do final dos anos 90. Até então, não
existia nenhum teatro, atualmente são três. Além disso, os grupos teatrais se proliferam.
A dança é extremamente representada pela cultura popular dos reisados, bandas
cabaçais, lapinhas e danças contemporâneas.
A religiosidade popular é marcante. Milhões de romeiros se dirigem a Juazeiro
para orar e pagar promessas. Para se ter uma ideia da importância da religião para o
município, todos os museus da cidade são de cunho religioso e existem, ainda, várias
casas de milagres (locais onde os fiéis depositam peças representativas de milagres que
acreditam ter alcançado). Na colina do Horto, ponto mais alto de Juazeiro, foi erguida
uma estátua do Padre Cícero com 25metros de altura. Ainda no Horto, está o Museu
Vivo do Padre Cícero com réplicas em cera de personalidades do município como Maria
de Araújo, José Marrocos, Floro Bartolomeu, Aureliano Pereira e o próprio Padre Cícero.
Também exitiu uma figura muito popular em Juazeiro do Norte, Joaquim
Rodrigues dos Santos, mais conhecido pela alcunha de "Seu Lunga", foi um
comerciante que fez parte da cultura de Juazense devido as diversas anedotas e
cordéis associados ao seu temperamento.

CENTROS CULTURAIS

Escadaria do Edifício do CCBNB Centro Cultural Banco do Nordeste


Mantido pelo Banco do Nordeste, possui teatro, centro de exposições e biblioteca.
Realiza diariamente apresentações teatrais e musicais, além de exposições de artes
plásticas, fotos e peças artesanais.
Centro Cultural Mestre Noza
Localizado no prédio da antiga cadeia pública, abriga artesãos do município e promove
exposição permanente de suas obras.Nesse aspecto merece descaque a primeira
Escola Normal Rural do Brasil, o Centro Educacional Professor Moreira de Sousa,
inaugurado em 13 de junho de 1934.

MUSEUS

Memorial Padre Cícero: Recria a história de Juazeiro reunindo fotos, documentos e


objetos históricos. No Memorial, estão panos usados para enxugar o sangue derramado
no suposto milagre da hóstia e o canhão tomado na Sedição de Juazeiro.

18
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

Museu Vivo do Padre Cícero


Misto de museu e casa de milagres, apresenta esculturas em cera de personalidades do
município e peças depositadas por romeiros como representação de milagres. No
acervo, destacam-se uma camisa da seleção brasileira de futebol assinada por
Djalminha e uma camisa do Clube de Regatas Flamengo assinada pelo diretor de
futebol da equipe.

Museu Padre Cícero


Localizado na casa onde o sacerdote viveu, o museu reúne seus objetospessoais.

TEATROS

Teatro Marquise Branca


Inaugurado em 2001, localiza-se em um dos prédios mais antigos de Juazeiro que
estava abandonado há anos.Existem outros dois teatros na cidade, um no Centro
Cultural Banco do Nordeste e um no SESC, Teatro Patativa do Assaré.
Cinemas: Eudorado e os cinemas do Carriri Garden shopping .

ESPORTE

Juazeiro possui dois clubes profissionais de futebol: Icasa e Guarani. O duelo


entre as duas equipes é conhecido no Ceará como "Clássico do Interior" ou "Derby
Juazeirense" (menos usado). Os dois clubes também ostentam rivalidade com o Crato
Esporte Clube , com quem fazem clássicos regionais.
O estádio municipal Romeirão é o local onde os dois clubes mandam seus jogos.
O Icasa possui seu estádio próprio o Praxedão, um estádio menor,que a sede do
Icasa. Atualmente, essa sede oferece à jovens do município uma Escolinha de Futebol,
promovendo os estudos além da prática do esporte.

A ORIGEM DA CIDADE DE CRATO

Crato antigo
19
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

Aspectos Geográficos

FUNDAÇÃO 21 de junho 1764


Área Territorrial (Km²): 1.176.467
Unidadede federativa Ceará
Mesorregião Sul Cearense
Microrregião Cariri
Região Metropolitana
Clima Tropical
Altitude (m): 426
Leste: Juazeiro do Norte e
LIMITES: Barbalha Oeste: Nova Olinda e
Santana do Cariri
POPULAÇÃO:
Urbana: 128.680
estimada
Densidade demográfica
103,21hab/Km²
(hab/Km²)
Distância da Capital 571 Km
LATITUDE 7º 13‟47‟‟
LONGITUDE 39º24‟34‟‟
IBGE ref. 2010 à 2014

HISTÓRIA

A Cidade de Crato, que festejou seu centenário em outubro de 1953, reúne um


acervo histórico dos mais ricos, que remonta à fundação da vila que a antecedeu, ainda
no século XVII, mais precisamente a 21 de junho de 1764, quando o ouvidor Vitorino
Pinto Soares Barbosa assinou a criação da Vila Real do Crato, denominação dada em
homenagem ao lugarejo português localizado no Alentejo.

Crato, na realidade, data mesmo do século dezessete, com as "entradas" de


exploradores baianos, entre 1660 e 1680, a serviço da Casa da Torre. Por volta de 1750,
quando se extinguia o apostolado de Frei Carlos, chegava à região o primeiro engenho
vindo de Pernambuco, e a atividade pastoril, que era a principal preocupação dos
moradores do lugar, foi substituída pela cultura e o beneficiamento da cana. Aí surgia a
aristocracia rural do Cariri, tendo como centro o Brejo Grande (Crato), que se estendia
pelos territórios que hoje formam os Municípios de Barbalha, Jardim, Missão Velha,
Caririaçu, Juazeiro do Norte, Farias Brito, Santana do Cariri e Milagres.
Ao longo dessa sua existência de mais de dois séculos, Crato testemunhou
alguns episódios da maior importância para a História do Ceará.

20
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

A cidade assistiria, em 1817, a adesão dos seus mais ilustres filhos ao movimento
revolucionário em Pernambuco. Na oportunidade, o então jovem subdiácono da
Paróquia, Padre José Martiniano de Alencar, na hora do sermão, fez a leitura do
manifesto de José Luís Mendonça, membro do Governo Provisório.

Crato hoje

Acompanhado de seu irmão, Tristão Gonçalves, encontrou em Jardim a 5 de maio


de 1817, o apoio de seu tio Leonel Pereira de Alencar e partiram, cheios de entusiasmo,
para fazer a Revolução em terras do Ceará. Durou pouco o seu sonho. Sob o comando
do Capitão-Mor José Pereira Filgueiras, as forças fiéis ao Governo sufocaram a rebelião.
E algemados, inclusive a grande heroína, Dona Bárbara de Alencar, mãe de José
Martiniano e de Tristão como os demais revoltosos, foram remetidos para Fortaleza,
onde sofreram sérios padecimentos nos cárceres na capital do Ceará, bem como em
Pernambuco e na Bahia. Mais tarde, o mesmo Pereira Filgueiras, que abortara o
movimento libertário dos irmãos Martiniano e Tristão Gonçalves de Alencar, chefiaria a
rebelião contra a Junta Governativa do Ceará. E Filgueiras, com a sua valentia lendária,
estava à frente do povo do Crato, que a 16 de outubro, em Icó, havia criado um Governo
Provisório para substituir a Junta.
Em 23 de janeiro de 1823, à frente da sua tropa, Pereira Filgueiras entrava
triunfalmente em Fortaleza, instalando o Governo Provisório por ele presidido e
consolidando, em terras cearenses, a Independência do Brasil. Essas figuras marcantes
da História do Ceará voltariam à cena em 1824, liderando no Ceará a Confederação do
Equador. E agora o Capitão-Mor José Pereira Filgueiras, ao lado dos Alencares, e de
outros bravos revolucionários, tiveram um triste epílogo. Tristão Gonçalves foi morto
num combate nas proximidades da atual cidade de Jaguaretama (ex-Frade), seu tio

21
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

Leonel e um filho foram assassinados em Jardim por partidários do imperador. Pereira


Filgueiras, quando era transportado, preso, para o Rio de Janeiro, apanhou febre
palustre, veio a morrer na vila mineira de São Romão. No cume de Barro Vermelho,
Crato assistiria, a 28 de novembro de 1834, ao fuzilamento de Pinto Madeira, que em
dezembro do ano anterior invadira a cidade, acompanhado do Cônego Antônio Manuel
de Sousa. Um Julgamento considerado faccioso, condenou Pinto Madeira, outro vulto de
grandeza histórica, ao fuzilamento naquele bairro do Crato.
Em 1911, a Lei Estadual 1.028, de 22 de julho, desmembrava do Crato o Distrito
de Juazeiro. Em 1914, a Bula Papal de 20 de outubro criava a Diocese do Crato, sendo
nomeado seu primeiro Bispo, Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, que tomou
posse a 25 de março de 1916.
O Crato está situado na região do Cariri sul do Ceará, ao sopé da Serra do
Araripe. É irrigado, em grande parte, por dezenas de fontes perenes, brotadas daquela
serra que o separa de Pernambuco. É causa principal da situação privilegiada, que sua
natureza desfruta, em contraste com a caatinga ressequida que o circunda. Crato
oferece uma feição original e bem caracterizada, quer se considere a sua fácies
geográfica, quer as suas origens e sobrevivência étnicas, quer o seu aspecto social., na
acepção de zona do interior, afastada da faixa litorânea. O Cariri, do Ceará, é uma
espécie de zona da mata pernambucana, ou dos brejos da Paraíba". Procede a sua
denominação e o de um dos ramos indígenas do Brasil, classificados pelo grande
historiador cearense - Capistrano de Abreu, nestes oito grupos: TUPIS GUARANIS,
GUAICURUS, NU-ARUAQUES, CARIRIS, GÊS ou TAPUIAS, CARAIBAS, PANOS e
ETIAS. Os Cariris (KIRIRIS-SABUJAS de Ehrene¡ch) primeiros habitantes do Crato,
estendiam-se do Paraguaçú ao Itapicuru e ai foram encontrados; desde os primeiros
tempos da abundância, a macaúba babaçú, piqui, araçá e outras frutas silvestres, além
da caça farta das matas, tudo Isso, nessa espécie de paraíso terreal, com dezenas e
dezenas de córregos, riachos; extensos brejos.

CULTURA

O município conta instituições que promovem a cultura como:


 A tradicional Sociedade de Cultura Artística do Crato (SCAC). No mês no
novembro, de cada ano, a unidade SESC da cidade promove uma mostra de
teatro com companhias de todo país;

22
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

 Instituto Cultural do Cariri, fundado em 1953, do qual foi membro o dicionarista


brasileiro Tomé Cabral Santos;
 a banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto sua principal expressão de cultura popular,
embora existam muitos outros grupos folclóricos. A cidade reúne pequenos
festivais de tradições populares nordestinas;
 Palacete da estação ferroviária, hoje um Centro Cultural;
 o Seminário São José, a Igreja da Sé e seu entorno;
 o Museu Histórico com várias peças do século XVIII e XIX e obras de artistas
regionais como Vicente Leite, Sinhá D`amora e etc.
 Museu Paleontológico (edificação mais antiga do Crato em cujo interior encontra-
se fósseis de animais que viveram na região há milhões de anos).

Os principais eventos culturais do Crato são:


 Festa da Padroeira: Nossa Senhora da Penha (1 de setembro);
 Desfile de 7 de setembro
 Semana do Município (21 de julho);
 Expocrato (julho).

Irmãos Aniceto

ORIGEM DA CIDADE DE BARBALHA

Praça Filgueiras Sampaio, em Barbalha, década de 50


Foto: IBGE

23
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

Aspectos Geográficos

FUNDAÇÃO 30 de Agosto 1876


Área (Km²): 479,184 km²
Unidade federativa Ceará
Mesorregião Sul cearense
Microrregião Cariri
Clima Tropical
Altitude (m): 414 m
55 323 habitantes (IBGE/
POPULAÇÃO:
2010)
Densidade
demográfica 115,45 hab./km²
(hab/Km²)
Crato, Juazeiro do Norte
Limites
,Jardim e Missão Velha
Latitude 7° 18′ 18″
longitude 39° 18′ 7″
Distância da Capital 553Km

História de Barbalha

Barbalha é alusivo ao nome de uma moradora de um sítio da região cuja casa


servia de albergue para tropeiros de gado que traziam os rebanhos de Pernambuco para
passarem os períodos de estiagem na região da Chapada do Araripe. Por ser
proprietária do principal ponto de apoio e hospedagem da região, tornou-se bastante
conhecida por sua hospitalidade. Tal fato contribuiu para que a localidade herdasse seu
nome.
As terras localizadas às margens do Riacho Salamanca, eram habitadas
pelos índios Kariris, antes da chegada das entradas no interior brasileiro durante o
século XVII.
Os integrantes das entradas, militares e religiosos, mantiveram os primeiros
contatos com os nativos, estudaram todas as regiões do Cariri, catequizaram os
indígenas e os agruparam em aldeamentos ou missões. Este contato entre exploradores
e nativos repercutiu profundamente na formação cultural do lugar, principalmente no que
tange à difusão de "entes do imaginário popular”. Os resultados destes contatos e
descobrimentos desencadearam notícias que na região existiria ouro em abundância e
em seguida desencadeou-se uma verdadeira corrida para os sertões brasileiros,
onde famílias oriundas de Portugal, sonhando com as riquezas de terras inexploradas e

24
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

com a esperança de encontrar o minério, que as levariam a aumentar o seu patrimônio


material, além de aumentar o seu prestigio pessoal com a corte portuguesa.
A busca do metal precioso, nas ribanceiras do Rio Salgado, trouxe para a região
do Sertão do Cariri, a colonização e com consequência a doação de sesmarias, o que
permitiu o surgimento de lugarejos e vilas. Deste contento surge Barbalha, um núcleo
urbano que cresce ao redor da capela de Santo Antônio fundada nas terras de Francisco
Magalhães Barreto e Sá, que era descendente de Mem de Sá, terceiro Governador-
Geral do Brasil.
Em 1926, passaram pela cidade Lampião e seu bando, que estavam a caminho
de Juazeiro do Norte para integrar o Batalhão Patriótico. Por esta ocasião conversou
com líderes locais e jornalistas.
Há registros de que a cidade, ainda em seu estágio embrionário, sofreu um saque
empreitado por um grupo composto por, aproximadamente, 2000 jagunços, os quais
pilharam os valores que encontraram, e atearam fogo em milhares de contos de réis,
causando um impacto na economia local e impedindo o crescimento do lugar, que
desfrutava de relativa prosperidade. Houve, ainda, um segundo saque, mas bem depois
do primeiro. Desta vez, o fato se deu quando da modificação do traçado da Rede de
Viação Cearense (RVC). Todavia, em 1950, a ferrovia, enfim chegou, junto com a
eletricidade, vinda de Paulo Afonso, em 1961. Assim, a cidade voltou a crescer.
Os padres salvatorianos tem destacada atuação no âmbito cultural e educacional
da cidade, além doreligioso. Por muitos anos dirigiram o Colégio Santo Antônio e
coordenam os festejos de santo padroeiro no mês de junho. Dentre os religiosos dessa
congregação estão Padre Agostinho Mascarenhas, Padre Mário, Padre Renato
Simoneta, dentre outros.
Em 30 de agosto de 1838 é criado pela lei provincial n° 130 o distrito de Barbalha,
subordinado ao município do Crato. Em 17 de agosto de 1846, data de sua
emancipação política, o então distrito é desmembrado do Crato e elevado à condição de
vila com a denominação de Barbalha, pela lei provincial nº 374.
Em 30 de agosto de 1876 foi elevada à categoria de cidade pela lei nº 1740.
Contava apenas com o distrito sede (Barbalha)
Pelo ato estadual de 15 de setembro de 1904, é criado o distrito de Cajazeiras e
anexado ao município de Barbalha. Tal distrito recebe nova denominação em 30 de
Dezembro de 1943 pelo decreto-lei estadual nº 1.114, passando a denominar-se Arajara.

25
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

Em divisão territorial datada de 1º de julho de 1950, o município é constituído de dois


distritos: Barbalha(sede) e Arajara, permanecendo desta maneira até 1991.
Em 23 de abril de 1991, é criado pela lei municipal nº 1.147 o distrito de Estrela.
Este é anexado ao município de Barbalha e em divisão territorial datada de 1º de junho
de 1995, o município é constituído de 3 distritos: Barbalha (sede), Arajara e Estrela,
permanecendo assim até o ano de 2005.
Pela lei municipal nº 1.499, de 28 de fevereiro de 2002, é criado o distrito de
Caldas dentro município de Barbalha. Em divisão territorial datada de 2007, o município
é constituído de quatro distritos: Barbalha (sede), Arajara, Caldas e Estrela.
Na Sede, os principais bairros são: Centro, Bairro do Rosário, Bairro de Fátima,
Cirolândia(nome dado em homenagem a Ciro Gomes, Populares, Malvinas, dentre
outros. No Distrito Estrela, há alguns sítios: Lagoa, Sítio Estrela, Novo Horizonte, Venha-
Ver, Bulandeira etc.

Cultura e Folclore

Tida como um dos maiores celeiros de cultura popular do interior do Brasil, atrai
milhares de turistas todos os anos durante os festejos do padroeiro Santo Antônio. São
vários os grupos folclóricos e folguedos juninos compostos por cidadãos das diversas
comunidades rurais e dos bairros da cidade. A preocupação de passar as tradições
culturais de pai para filho torna a inserção de jovens nos grupos folclóricos uma prática
comum do local. Os jovens são ensinados pelos “mestres” que coordenam os grupos.

Festa de Santo Antônio

O maior festejo popular da cidade acontece no mês de junho e é alusivo ao


padroeiro da cidade, Santo Antônio. A festa dura em média 15 dias e é uma das maiores
festas juninas do Brasil. Além da realização da tradicional trezena religiosa em
homenagem ao santo padroeiro, ocorrem os festejos sociais como a quermesse e shows
de grande porte no Parque da Cidade. A festa tem início com o dia do Pau da Bandeira,
tradição local com mais de 100 anos de existência. Neste dia, o primeiro da Festa de
Santo Antônio, os homens devotos vão às cinco horas da manha em busca do mastro,
previamente escolhido e preparado, em um sítio localizado no pé da serra há 6 km de
distância do centro da cidade. Acompanhados por uma multidão de pessoas, os homens

26
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

trazem o Pau da Bandeira nos ombros até a frente da Igreja Matriz de Santo Antônio
para hastear a bandeira do padroeiro e simbolizar que a cidade está em festa.
Concomitante a isto, pela manhã, acontece o tradicional cortejo folclórico, onde
todos os grupos da cidade se apresentam na principal rua do Centro Histórico. Durante
todo o dia, até a chegada do Pau da Bandeira, milhares de pessoas se aglomeram pelas
ruas do Centro histórico da cidade assistindo a shows típicos nos pólos artísticos,
desfilando em blocos ou simplesmente esperando o grande momento da festa, a
passagem do Pau da Bandeira até a “rua da igreja” para o seu hasteamento.
É uma festa que mescla o sagrado e o profano e encontra-se no nebuloso eixo
entre ambos os conceitos, o que sempre deu certos cuidados à Igreja Católica, de forma
que, no momento em que se hasteia o Pau-da-Bandeira, as portas da Igreja da Matriz
encontram-se fechadas. É um detalhe bem simbólico, pois denota a preocupação da
referida instituição em segregar ambos os aspectos e definir, ou, ao menos, tentar, no
papel, os limites da festa.
Não é errôneo dizer que esta prática, em seu nascedouro, foi fomentada
pelo Padre Ibiapina, que durante algum tempo prestou serviços de caridade à
população.
A partir de então até o dia de Santo Antônio, 13 de Junho, shows e comidas
típicas são encontrados na tradicional quermesse que acontece sempre após a missa,
na rua da Matriz. Shows de grande porte são oferecidos à população no parque da
cidade que conta também com barracas e parques de diversão .
No dia 13 de Junho acontece a procissão de Santo Antônio, que reúne milhares
de pessoas vindas de todas as comunidades do município, além de cidades vizinhas. O
carro andor com a imagem do padroeiro em tamanho natural é acompanhado pelas
estatuas dos padroeiros das capelas de todas as comunidades e segue em cortejo pelas
principais ruas da cidade.
Para produzir documentário sobre este quadro cultural, o Governo Municipal
lançou em 7 de maio de 2012 edital para licitação na modalidade convite. Este
procedimento cuminou com a produção do documentário "Memória dos prédios
históricos de barbalha" do cineasta Rosemberg Cariry.
A Festa de Santo Antônio encontra-se em estágio final para ser tombado como
Patrimônio Imaterial.

27
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

Os penitentes

Penitentes, em Barbalha

Ponto importante a se enfatizar no contexto cultural e religioso barbalhense é o


Grupo dos Penitentes. Os integrantes desta manifestação religiosa se auto-flagelam
(mortificação do corpo) como meio de atingir a salvação da alma após a morte. Embora
o auto-flagelo seja a principal expressão que demarca esta irmandade, as penitências
são mais diversificadas, incluindo longas caminhadas ao mesmo tempo em que rezam,
mendicância itinerante, privações materiais, etc. Pode-se dizer que esta irmandade é
uma forma de exteriorização da religião católica na Região do Cariri, já que, além de
Barbalha, também aparecem em Juazeiro, por exemplo. Os Penitentes fazem parte do
roteiro explorado pela Organização da Festa de Santo Antônio.

O Reisado

O Reisado é uma brincadeira, uma espécie de teatro nômade, em que um grupo


de brincantes se conta uma narrativa que não tem começo ou fim e não é determinada,
pois pode mudar por diversos motivos. Segundo os brincantes: "Uma viagem que vem
do começo do mundo". Durante a andança, ocorrem paradas, espécies de pontos de
checagem, ocasiões em que contam para aqueles ao redor, interagindo com eles, sobre
o que aconteceu na viagem até o momento. Manifestação popular que junta os aspectos
lúdico (cômico) e heroico (épico).Os brincantes interpretam reis, rainhas, santos ou
guerreiros.

28
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

O Reisado de Couro

O Reisado possui diversas modalidades, tais


como: Reisado de Congo, Reisado de Caretas,
Reisado de Couro, Reisado de Baile. Todas elas são
representadas no Município de Barbalha. Todavia,
uma delas, especificamente, nasceu na barbalha, por
volta de 1940: É o Reisado de Couro. Esta modalidade
nasceu com os mestres Chiquinho Bernardo, Antônio
Reisado de Couro, em Barbalha Café, Antônio Góis (já falecido em 1968). Esta
modalidade se destingue das demais,pelas indumentárias em couro e
pela história contada, que trata de um grupo de peões que vão em busca de um boi que
pertencia ao patrão. No caminho, o boi empaca, e, com raiva, os peões o matam. O
patrão então ordena que os peões voltem para buscar o boi, que já era bicado por
um urubu, o qual também ataca os peões. Então um deles lembra de uma "reza forte"
que tem o poder de ressuscitar o boi. Depois, tudo acaba em uma grande festa .

Festas Locais

Cada localidade do Município tem seu padroeiro e a respectiva festa. Comumente


também se hasteia um pau da bandeira. No Distrito da Arajara se homenageia a
Imaculada Conceição; No Sítio Lagoa, a padroeira é Santa Luzia; No Distrito Estrela, o
santo patrono é São João Batista, assim como no Brejão. Embora com as diferenças de
dimensão e pequenas peculiaridades de cada localidade, os festejos tem o rito bastante
parecido com o do Pau da Bandeira de Santo Antônio.

ORIGEM DA CIDADE DE MISSÃO VELHA

Inauguração da Estação de Missão Velha, 1925


Cortesia Renato Cassimiro, acervo Memorial Padre Cícero

29
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

Aspectos Geográficos

FUNDAÇÃO 08 DE NOVEMBRO DE 1864


ÁREA 645,703
UNIDADE FEDERATIVA CEARÁ
MESORREGIÃO SUL DO CEARÁ
MICRORREGIÃO CARIRI
CLIMA TRAPICAL
ALTITUDE 361km
Latitude 7º14‟59”
LONGITUDE 39 08‟35”
BARBALHA, PORTEIRA,
ABAIARA, BARBALHA,
LIMITES
BREJO SANTO, JUAZE IRO
DO NORTE,
POPULAÇÃO 35.240
DENSIDADE
53,08
DEMOGRÁFICA hab./km2
DISTANCIA DA CAPITAL 521KM
IBGE ref. 2010 à 2014

História de Missão Velha

Cachoeira de Missão Velha


Missão Velha é um
município do Ceará, localizada na Região Metropolitana do Cariri, possui patrimônios
naturais como a cachoeira de Missão Velha e pontos onde há uma grande concentração
de fósseis. Por esses e outros motivos, faz parte do único Geopark da América Latina
criado pelo governo do estado do Ceará.
Sua origem remonta ao início da colonização do Cariri, em meados do século
XVIII. Uma expedição administrada pela ordem capuchinha colocou suas bases no
antigo Sítio Cachoeira e lá iniciou o processo de catequização e pacificação dos
indígenas. Esta expedição conhecida como Missão Velha, e posteriormente deu o nome

30
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

ao município. Em decorrência de uma grande seca, transferiram a missão para o Sítio


Santo Antônio, formando um segundo povoado, dando a este o nome de Missão Nova,
com a construção do primeiro templo católico do Cariri.
Este município tem grande potencial para o turismo histórico-cultural e geológico.
Possui diversos patrimônios naturais, além de pontos com grande concentração de
fósseis, como Jamacaru, distrito de Missão Velha, pioneiro no registro paleontológico do
Cariri desde a passagem do naturalista João da Silva Feijó, por volta de 1800, que
documentou a presença de fósseis em seus registros, até a fundação do primeiro museu
de fósseis do Cariri,( museu a céu aberto) pelo Padre Neri Feitosa, na década de 60.

Artesanato com a fibra de bananeira

Outro destaque do município é o artesanato, principalmente o de argila,que


através de gerações mantém viva a tradição de peças em cerâmica, a fabricação e
comercialização de cestos de palha, artesanato.
Missão Nova é um distrito de Missão Velha. O surgimento do povoado de Missão
Nova aconteceu primeiramente com a criação de uma pequena igreja e, posteriormente,
em seu desenvolvimento, o surgimento de uma vila ou povoado. Na época a maioria das
cidades e povoados do Cariri nascia e crescia à sombra das igrejas católicas, sob o
signo da cruz dos colonizadores que aqui chegavam pregando o catolicismo. Uma igreja
e uma praça era regra geral nas povoações antigas. Os templos, seculares ou regulares,
raramente eram sobrepujados em importância por qualquer outro edifício. Em torno da
capela foram se construindo casas, a Prefeitura, a Câmara.
Sua festa é comemorada no dia 19 de março, e sua devoção em Missão Velha se
iniciou com a construção da Igreja Matriz de São José, antes a padroeira da cidade era
Nossa Senhora da Luz, e o primeiro padre foi o Padre Gonçalo Coelho de Lemos. São
José é o santo mais conhecido por ser o pai de Nosso Senhor Jesus Cristo.

31
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

PONTOS TURISTICOS E CULTURAIS


 Igreja-Matriz de São José
 Estação de Trem da RFFSA
 Artesanato Mão na Massa
 Calendário de Eventos:
 Março – Festa de São José
 Junho – Festival de Quadrilhas Juninas
 Julho – Vaquejada de Missão Velha
 Julho – Semana do Município

A ORIGEM DE BREJO SANTO

Brejo Santo

Aspectos Geográficos

FUNDAÇÃO 26.08.1890
ÁREA 663.428km
UNIDADE FEDERATIVA CEARÁ
MESORREGIÃO SUL DO CEARÁ
MICRORREGIÃO CARIRI
CLIMA Semiárido
ALTITUDE 381,3M
LATITUDE 07º29‟36”
LONGITUDE 38º59‟14”
ABAIARA,JATI, MAURITI,
MILAGRES, M. VELHA,
LIMITE PORTEIRA E OS ESTDOS
DE PERNAMBUCO E
PARAÍBA

32
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

POPULAÇÃO 47,218
DENSIDADE 68,12
DEMOGRÁFICA (hab./km²
DISTANCIA DA CAPITAL 5OO,8
km

História de Brejo Santo

No ano de 1858, existia somente da atual cidade, o prédio logradouro de curral de


gado bovino de propriedade do Coronel Aristides Cardoso e a Vivenda de Antônio José
de Sousa e a senhoria Pereira Lima (mais Coronel Basílio). Naquele ano chegando de
Águas Belas- PE acompanhada de esposa, filhos e familiares o pernambucano José
Francisco da Silva, fixa residência no sítio Brejo iniciando o ciclo de povoamento. Entre
os filhos de José Francisco da Silva encontra-se Basílio Gomes que mais tarde torna-se-
ia o honrado Coronel Basílio, ilustre chefe de BrejoSantos.
No ano de 1874, e reconhecida a criação do povoado de Brejo dos Santos sendo
escolhido para representá-lo na política municipal do Jardim, o jovem Basílio Gomes ao
partido conservador.
Dotado de prestigio junto aos políticos do Jardim, CEL. Basílio Gomes dirigiu
esforço e impôs a criação do distrito. De fato, o distrito foi criado pela lei Provincial de nº
1708, de 25 de Julho de 1876, ao mesmo tempo a freguesia, sendo escolhida como
padroeiro o Sagrado Coração de Jesus recebendo como primeiro pároco ou
reverendíssimo Francisco Lopes Abath (Padre Abath), no ano de1877, precisamente no
dia 02 defevereiro. Com a criação da Vila de Porteiras(lei n° 2169, de 17 de agosto de
1889), o distrito Brejo dos Santos passou a pertencer aquele município o anarquista,
Coronel Basílio Gomes, tocado de acentuado civismo e olhos postos na grandeza de
sua gleba, exigia a elevação Do distrito a categoria de vila. A aspiração dos esforços do
chefe político brejo-santense concentrava-se nos termos do decreto de nº 49, de 26 de
agosto de 1890, de autoria do governado do estado Coronel Antônio Luz Ferraz, que
nessa data e por esse decreto, criou a vila Brejo dos Santos, tornando-se independente
da vila de Porteiras.
Aos 05 dias do mês de novembro de 1890, foi inaugurada a vila de Brejo dos
Santos, pelo Coronel Basílio Gomes, o qual nomeou para o cargo de primeiro intendente
(cargo correspondente ao de prefeito) o cidadão Lourenço Gomes da Silva, irmão do
coronel Basílio. Finalmente, a vila de Brejo dos Santos, passou a categoria de cidade

33
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

aos 20 de Dezembro de 1938, com o topônimo simplificado de Brejo Santo. Eleita a


primeira câmara de vereadores em 1892 sob a influência decisiva do patriarca fundador,
Coronel Basílio Gomes, tendo como primeiro presidente o cidadão Benevenuto Inácio
Bezerra.
No ano de 1898, enviado pelo chefe do executivo, Coronel Basílio, ao poder legislativo
em forma de projeto, discutido e aprovado no dia 11 de novembro de 1898 o primeiro o
código de posturas do município.
Pela lei nº 213, de 09 de junho de 1948, foi criada a comarca de Brejo Santo
tendo como primeiro juiz após a criação da comarca do doutor José Rodrigues da Silva
(1948/1951).

Origem dos Distritos

Pelo decreto-lei estadual nº 193, de 20-05-1931, Brejo dos Santos adquiriu o


Município de Conceição do Cariri ex-Iras. Em divisão administrativa referente ao ano de
1933, o município é constituído do 2 Distritos: Brejo dos Santos e Conceição do Cariri.
Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-12 -1936 e 31-12-1937.
Pelo decreto estadual nº 448, de 20-12-1938, o município de Brejo dos Santos
passou a denominar-se Brejo do Santo e o distrito de Conceição do Cariri para Porteiras.
Pela lei estadual nº 1153, de 22-11-1951, desmembra do município de Brejo do
Santo o distrito de Porteiras. Elevado à categoria de município. Sob a mesma lei acima
citado são criados os distritos de Poço e São Felipe e anexado ao município de Brejo
Santo.
Em divisão territorial datada de 1-7-1960, o município é constituído de 3 distritos:
Brejo do Santo, Poço e São Felipe. Assim permanecendo em divisão territorial datada de
2005.

IDENTIDADE ETNICO-CULTURAL

Conceito

O que é identidade cultural? - Identidade cultural é o conjunto das características de um


povo, oriundas da interação dos membros da sociedade e da forma de interagir com o
mundo. Identidade cultural são as tradições, a cultura, a religião, a música, a culinária, o
modo de vestir, de falar, entre outros, que representam os hábitos de uma nação. É o

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APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

sentimento de um grupoou cultura de um indivíduo, na medida em que ele é


influenciado pela sua pertença a um grupo ou cultura.

IDENTIDADE DOS ÍNDIOS CARIRIS

Como movimento de resistência, algumas


tribos indígenas do Nordeste formaram
a Confederação dos Cariris, em 1683, na
tentativa de recuperar os vastos hectares de terra
que os fazendeiros portugueses tomaram dos
índios.
Segundo alguns historiadores, os cariris
vieram do Norte do (país) e tinham hábitos de vida similares ao homem neolítico: com
seus costumes tribais, eram liderados por um sábio e desenvolviam práticas
rudimentares de agricultura, morando próximo aos rios para plantarem em terrenos
férteis.
Os cariris eram tribos mestiças, divididas da seguinte maneira a partir de suas
localizações geográficas:
 Inhamuns: viviam na região sertaneja de Inhamum;
 Cariris: viviam no sul do Ceará;
 Cariús: viviam entre os rios Cariús e Bastões, próximo à Serra do Pereiro;
 Crateús: viviam nas proximidades da bacia superior do Rio Poti.
Primeiro, eles ocuparam a província do Rio Grande do Norte, expulsando
violentamente fazendeiros portugueses de lotes fundiários que antes eram territórios
indígenas. Em seguida, migram para a Cidade paraibana de Bom Sucesso de Piancó,
onde permanecem por muito tempo em conflito com a população local e, por último,
ocupam o Vale do Jaguaribe, no Ceará.
Com medo de que a revolta se alastrasse, o governador-geral do Brasil Manuel
da Ressurreição pediu ajuda aos bandeirantes de São Paulo e São Vicente
para tentar domá-los. Entretanto, a iniciativa só piorou o conflito. Os cariris começaram a
ocupar outros territórios cearenses e receberam apoio de outras tribos que,
posteriormente, se mostraram mais belicosas que eles. Aderiram à confederação as
tribos dos Anacés, Jaguaribaras, Acriús, Canindés, Jenipapos, Tremembés e Baiacus.

35
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

O conflito no Ceará mostrou-se o mais sangrento de todos. Cerca de 200 pessoas


morreram na vila do Aquiraz e a população local, amedrontada, seguiu rumo aos
canhões da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.
Irritados com o êxito dos indígenas, em 1713 o coronel João de Barros Braga e seu
regimento de ordenanças realizaram uma expedição para subir o Vale do Jaguaribe,
passando pelo território do Piauí. Ele mandou exterminar todos os povos indígenas que
surgissem pela frente, sem distinção de sexo ou idade, pois queria certificar-se de sua
vitória. Só depois de muito sangue derramado o governo-geral conseguiu exterminar a
Confederação dos Cariris, deixando um lamentável legado histórico para o Brasil.

DIVERSIDADE CULTURAL DO CARIRI

Diversidade cultural refere-se aos diferentes costumes de uma sociedade, entre


os quais podemos citar: vestimenta, culinária, manifestações religiosas, tradições, entre
outros aspectos. O Brasil, por conter um extenso território, apresenta diferenças
climáticas, econômicas, sociais e culturais entre as suas regiões.
Os principais disseminadores da cultura brasileira são os colonizadores europeus,
a população indígena e os escravos africanos. Posteriormente, os imigrantes italianos,
japoneses, alemães, poloneses, árabes, entre outros, contribuíra para a pluralidade
cultural do Brasil..

REGIÃO NORDESTE

Entre as manifestações culturais da região Nordeste estão danças e festas como


o bumba meu boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, terno de zabumba,
marujada, reisado, frevo, cavalhada e capoeira. Algumas manifestações religiosas são
a festa de Iemanjá e a lavagem das escadarias do Bonfim. A literatura de Cordel é outro
elemento forte da cultura nordestina. O artesanato é representado pelos trabalhos de
rendas. Os pratos típicos são: carne de sol, peixes, frutos do mar, buchada de bode,
sarapatel, acarajé, vatapá, cururu, feijão-verde, canjica, arroz-doce, bolo de fubá cozido,
bolo de massa de mandioca, broa de milho verde, pamonha, cocada, tapioca, pé de
moleque, entre tantos outros.

36
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

REGIÃO DO CARIRI

O Cariri Cearense é um lugar privilegiado, no que diz respeito a sua localização,


pois Estrategicamente localizado no sul do Ceará, faz divisa com três estados: Piauí,
Pernambuco e Paraíba. E têm em média uma distância de 700 Km referente às
principais capitais nordestinas. Além de possuir atrativos naturais e culturais de imensa
beleza e importância, o que o torna um polo de turismo ecológico e cultural, já que existe
uma tendência noviça no mercado turístico que é a interiorização, além da procura de
mercado para novos destinos. E essa região nordestina, contém um clima cultural,
praticamente genuíno, e no seu entorno com as belezas naturais da Chapada do Araripe
e sua floresta nacional; com a religiosidade e a fé ao Padre Cícero; com seus museus;
seus sítios arqueológicos e paleontológicos; seus projetos sociais; além de sua rica
culinária e seu artesanato.
O turismo se torna algo vocacional para essa região de atrativos tão
diversificados. E Não há como negar que a atividade turística é enriquecedora e
economicamente necessária para a mesma. No entanto, há de ser praticada com
consciência e discernimento, tanto pelos agentes do desenvolvimento turístico quanto
pelos turistas e populações visitadas. Somente assim poderemos vislumbrar a
possibilidade de que as gerações futuras venham a desfrutar de todas as belezas
naturais e artificiais hoje disponíveis, garantirem a manutenção de nossos recursos
naturais esgotáveis, bem como a existência de atividade turística no futuro.
Na mesma proporção é urgente a dimensão deste fenômeno denominado
turismo, tão importante para um desenvolvimento local e integrado na região. Assim
como é necessário um novo direcionamento para que ele realmente se faça voltado à
melhoria da qualidade de vida regional que apresentam características peculiares, que
vão desde reservas naturais ao artesanato, a culinária e muitas outras manifestações
culturais.
As tendências do turismo e suas ramificações do Cariri Cearense são bastante
diversificadas, já que se trata de uma região extensa de atrativos já existentes e alguns
também já consolidados, bastantes diversos, como o fenômeno do Padre Cícero e a
biodiversidade da Floresta Nacional do Araripe.
O Ecoturismo é uma tendência muito forte na região e é assustador o modo como
o mercado de esportes de aventura vem crescendo. A cada dia que passa novas
modalidades surgem como novo produto e prática na região. Um comércio especializado

37
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

vem se consolidando em algumas cidades como Crato. Porém, um detalhe,


aparentemente simples, marca e caracteriza tais produtos: o ambiente onde são
praticados é quase sempre o da Chapada do Araripe. Como isso é necessário que se
questione, até que ponto isso é bom para essa biodiversidade.
Atividade já existente no Cariri, devido ao Turismo Religioso do Juazeiro. Porém
ainda não consolidado em toda região. É necessária a produção de um turismo de
cunho religioso e histórico do Padre Cícero, com a inclusão do Município do Crato,
município do nascedouro do padre, onde viveu até a adolescência, e a inclusão de
Caririaçú, único município onde o Padre foi Vigário durante sua vida religiosa. É
Necessário ver o turismo religioso além do padre Cícero, já que o Cariri é bastante forte
em devoções a crenças religiosas e ícones ou não diversos. Como o culto ao Beato
José Lourenço do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto em Crato; consolidar as
visitações na Cruz do Monte em Araripe, onde está localizada a estátua do Frei Damião;
e o culto a penitencia, com visitações as localidades de penitencias e grupos religiosos
que ainda pregam o trabalho, a oração e a penitência, como os Borboletas Azuis de
Juazeiro e os Penitentes de Barbalha, entre outros.
O Cariri preserva um grande patrimônio cultural, que é repassado com orgulho de
geração em geração. A cultura popular se manifesta em grupos folclóricos e danças
típicas , no ritmo singular das bandas cabaçais, congadas e reisados. Um espetáculo de
som, beleza e cor. A história e registrada nas páginas da poesia popular dos cordéis e
eternizada nas xilogravuras, que se reproduzem a partir de desenhos nos traços de
madeira. O artesanato .regional contempla peças em madeira, couro e barro. A região
tem ainda forte Influência religiosa manifestadas em tradicionais romarias , como a da
mãe de Deus, das Candeias, do Ciclo Natalino e o do Padre Cícero.

DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA

No extremo Sul do estado, vale do Cariri era uma exceção no quadro de flagelo
do Ceará. Situado ao pé da chapada do Araripe, com climaameno, boas terras e fontes
perenes de água, o cariri mantinha relativa fertilidade, essencial para a agricultura e a
pecuária. Seu povoamento começou aindano século XVIII, atraindo levas de sertanejos
para as fazendas de gado, além dos flagelados da seca. Destacando-se entre modestos
vilarejos, como Juazeiro, Crato que logo se tornou um prósperocentro comercial de
produtos alimentícios e a segunda cidade mais importante do estado.

38
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

Porém, em 1909, um documento apresentadoà assembleia Legislativa do Ceará,


em apoio ao pedido de autonomia municipal para Juazeiro, encontrado por Ralph dela
Cava nos Arquivo do Colégio Salesianos, informa que antes de se tornar independente
do Crato o povoado de Juazeiro já se encontrava em acelerado ritmo de
desenvolvimento, graça à ação do Padre Cícero. Já possuía uma farmácia, um médico
residente, um jornal, várias instituições religiosas, como o Apostolado da oração,
fundado pelo padre Cícero, um escritório de intercâmbio comercial com a capital e uma
instituição civil para cuidar do engrandecimento do lugar.
A zona rural de Juazeiro possuía22 engenhos de açúcar empenhados na
produção de rapadura e subprodutos alcoólicos e cerca de 60 locais equipados para
preparar farinha de mandioca. Além do cultivo de arroz, feijão e milho, Juazeiro já se
destacavana produção de borracha de maniçoba e algodão. Foi Padre Cícero quem
introduziu a borracha no Cariri, na primeira década do século XX. E graças ao
seuempenho, o algodão, cuja cultura havia sido quase totalmente abandonada,
reapareceu entre 1908 e 1911.Ele chegou a comprar uma máquina de beneficiamento
de algodão movida a vapor.
Mas mesmo assim o crescimento urbano do povoado foi ainda maior do que sua
expansão agrícoladevido a pouca expansão territorial do futuro do lugarejo.

ASPECTOS ECONÔMICOS DA REGIÃO DO CARIRI

Histórico – A Bacia Sedimentar do Araripe proporciona a esta região ambiente


geográfico diferenciado do semi-árido nordestino, com existência de clima, solo, água e
recursos minerais, relativamente abundantes, propícios à realização de investimentos
em diversos setores econômicos.
Procedentes de Pernambuco e da Bahia teriam os criadores de gado chegado ao Cariri
através dos rios do peixe, Jaguaribe e salgado estabelecendo os seus currais nas
localidades que deram origem às cidades de Missão Velha, Porteiras, Brejo Santo,
Milagres e Mauriti e que foram batizadas com Cariri Novo.
Tais criadores faziam parte do processo de diversificação do modelo da economia
de produção voltada para o mercado europeu, onde o Nordeste se constituía o principal
pólo econômico do ciclo da cana-de-açúcar. A grande propriedade, sistema escravista
de relação de produção senhor versos escravos que contrariamente exigia uma
economia fora dos padrões para poder subsistir, é o Cariri um viés do bojo de Taís

39
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

contradições: os trabalhos livres formado por artesãos, pequenos comerciantes e não


proprietários que desejandoafirmar-se socialmente ou mesmo para sobreviver irão se
deslocar de todas as regiões nordestinas em direção ao Cariri.
Nesta região o trabalho escravo não se viabilizou como forma de riqueza. Os
trabalhadores viviam em propriedades alheias e se designavam rendeiros, vaqueiros e
agregados ou moradores nos engenhos e plantações.
O Cariri exercia influência em todo o sertão nordestino. Atraía os que desejavam
trabalhar livremente, os que sonhavam em cultivar sua própria cultura embora em terras
de terceiros.
Nesta fase da historia do Cariri as relações eram mais estreitas com Pernambuco
que exerceu marcante influencia política firmada na solida afinidade econômica e social,
dos seu feudos pastoris ou das casas-grandes dos engenhos e de muitos jovens que
tomaram o destino do Recife e Olinda.

AGRICULTURA

Inicialmente, os aborígenes utilizavam-se dos recursos naturais existentes, como


os frutos silvestres, a mandioca, pequi, abacaxi, traipiá, caju, cajá, cajarana, umbu,
pitomba, tamarindo, etc. Também caçavam e pescavam.
Somente em 1718, a partir dos sítios Lama, Brito e Lambedor, de Barbalha, com o nome
genérico de sitio Salamanca, é que a cana-de-açúcar chegou a região, descobrindo-se,
então, a vocação canavieira do cariri. Sucessivamente muitos engenhos foram erguidos
e mãos escravas produziam bastante rapadura e aguardente. Evidentemente o
município de Barbalha tornou-se o maior produtor de cana-de-açúcar, chegando a
produzir nos tempos áureos, 200 mil cargas de rapadura/ano, em 85 engenhos. Em
1976, aconteceu a implantação da Usina de Açúcar Manoel Costa Filho, produtora de
açúcar e álcool e a partir de então parte das canas foi encaminhada para a fabricação de
açúcar e álcool carburante. Atualmente, existe apenas pouco mais de uma dezena de
engenhos em atividade.
A cultura algodoeira também teve sua fase áurea. O “bicudo”, porém, prejudicou a
plantação fazendo fechar mais de 25 beneficiadoras de algodão, entres quais a ICASA e
as usinas dos irmãos Bezerra, em Juazeiro do Norte.
O cariri possui um grande potencial para desenvolver a agroindústria com destaque para
os municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Missão Velha, Mauriti e Brejo

40
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

Santo, que possuem infra-estrutura para aumentar a sua produção e implantar outros
produtos.
Os principais produtos são: cana-de-açúcar, melão, arroz, milho, mandioca,
babaçu, banana e leite.
As empresas agro-industriais do cariri utilizam tecnologias tradicionais e na sua
maioria, usa intensiva mão-de-obra, resultando produtos de baixa qualidade para
mercados exigentes. Predominam pequenas e microempresas.

RECURSOS MINERAIS

Com a chegada dos primeiros colonizadores movidos pela expansão dos currais
de gado, foi descoberta uma jazida de ouro do atual município de Missão Velha, sendo
criada a Companhia de Ouro das Minas de São José do Cariri, em 1756, extinta dois
anos depois. As minas do Coxá, de propriedade de Padre Cícero (entre os municípios
Milagres e Aurora), revelaram-se, a princípio, como um rico filão em cobre, mas quase
não representaram para a economia da região. O ponto positivo das minas foi trazido
para o cariri, em 1908, dois ilustres aventureiros (Dr. Floro Bartolomeu da Costa, médico
baiano, e Conde Adolfo Van Den Brulle, engenheiro de minas de naturalidade belga). Os
quais muito contribuíram para o desenvolvimento da região. Dr. Floro, pela sua
inigualável atuação política e o Conde Adolfo pelo seu trabalho intenso de estudo e
exploração das riquezas minerais do Cariri.

Pecuária

O gadose adaptou às condições climáticas e á vegetação, além de não dar


muitas despesas aos fazendeiros.
A bovinocultura é a mais intensa e tradicionalatividade pecuária do Cariri,desde a época
da colonização exerce papel relevante , fornecendo à população alimento e matérias-
primas para a confecção de numerosos artefatos, especialmente do couro . Segundo
dados doIBGE, a região do Cariri produziu 11,9% do leite obtido no Estado do Ceará
em 1995, tendo como maiores produtores os municípios de Mauriti, Brejo Santo, Lavras
da Mangabeiras, Milagres,e Várzea Alegre.

41
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

Os ovinos e os caprinos desempenham papel importante no sistema misto


pecuária-agricultura de subsistência dos pequenose médios produtores do semi-árido
nordestino.

Avicultura

Em 1995,o Estado do Ceará participou com 2,7% da produção brasileira de


carne de frango e 5,2% da produção de ovos, colocando-se em segundo lugar no
Nordeste, tanto na produção de carne quanto de ovos
A região do Cariri, segundodados do IBGE, participou com 9,7% do efetivo de postura
do Estado.

Apicultura

O Cariri despontacomo uma das grandes regiões apícolas do Estado do Ceará,


juntamente com o litoral,o sertão e as regiões serranas.

As espécies vegetais de maior potencialapícola são: vassourinhas de botão, flor


de carrasco, cipó-uva, visgueiro, mameleiro, angico, Catanduva, bamburral, mata-pasto
,jitirana, cajueiro, juazeiro , trapiá, mofumbo, alfazema, barba, e cana- de- açúcar .

Psicultura

A piscicultura na região do Cariri é pouco difundida. Para que se tenha uma


idéia,em 180 propriedades apenas duas exploram esse tipo de atividade, utilizando-se
de viveiros , embora a região conta com 724 açudes, que armazenam 421milhões de
metros cúbicos de água. Em juazeirodo Norte já começa a se difundir a prática da
pesca como atividade esportiva.

INDÚSTRIA

No setor industrial segundo informações da Secretária da Fazendado Estado, em


1996 existiam no Cariri 1.102 estabelecimentos , correspondendo a 10,0% do total
estadual. Quase metade dessas indústrias da região .

42
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

O Caririapresenta vocação orientada para diversos ramos da atividade industrial


,sobressaindo-se os de minerais não-metálicos, metalúrgica, mecânica, borracha,
couros e peles, têxtil, vestuário, calçados, tecidos e bebidas.
A indústria de transformaçãode toda área caririense está concentrada em três
municípios : Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha , sendo Juazeiro o de maior peso em
termos da atividade industrial, seguido por Crato e Barbalha.
Juazeiro respondeu por cerca de 38% do valor de transformação industrial do
Cariri, empregando mais de 40% pessoal ocupado na indústria.
Os três municípios, ,conjuntamente , no ano de 1996 geraram 79% do PIB do Cariri e
cerca de ¾ do número emprego industriais .Se forem considerados, adicionalmente,
Cedro, e Várzea Alegre, observa-se que os cinco municípios concentram mais de 91%
da atividade industrial de todo o Cariri.
Foram instalados na região duas grandes indústrias: a Grendene, em Crato, no
ramo de calçados e a Singer em Juazeiro do Note ,no ramo de máquina de costura.

POLITICA AGRÁRIA: DISTRIBUIÇÃO DE GLEBA NO CARIRI

Segundo Joaryvar Macedo (em origens do Juazeiro) Cronologicamente, o


primeiro ocupante das terras primitivas de Juazeiro foi, provavelmente o potiguar
capitão-mor Manuel RodriguesAirosa. Obtendo sesmaria, em 1703, seu latifúndio houve
como sede o trato de brejo que passaria chamar-se Lagoa Airosa , onde hoje, se
encrava o sítio São José, entre Crato e Juazeiro do Norte.
A referida terra comprada aos herdeiros do capitão-Antônio MendesLobato e Lira,
cuja filha, Maria Ferreira da Silva, houve-as por herança. Era ela casada com o capitão-
mor DomingosÁlvares de Matos, que exerceu as funções de diretor dos índios dos
Cariris Novos.
O casal, em 1743, doou aos índios cariúsuma porção de seus terrenos e, por
partes venderam as outras inclusive aquelas que formariam, no porvir , o município e a
cidade de Juazeiro do Norte. Nos arquivos cratense e missão- velhenses, como
verdadeiros adquirentes do latifúndio em apreço, legítimos colonos e incontestes
iniciadores do processo civilizador na gleba, em meados do século XVIII são eles:
Alferes Manuel de Sousa Pereira ,paraibano, filho do português Lisboeta Antônio de
Sousa Pereira e Maria da Silva Correia ,paraibana.
Casou-secom a caririense Caetana Perpetua do Nascimento Bezerra de
Meneses ou Joana Bezerra Monteiro, pernambucana, senhores, os dois últimos, do

43
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

Sítio Muquém, nas cercanias do Crato. O referidoalferes, com sua mulher, agricultaram
os sítios Porteiras do Carité.
Capitão FirminoDias de Sousa, que se fez proprietários do sítio Logradouro, e os
demais: Manuel Alves de Oliveira, Gonçalo José de Alencar, Iria Francisca de
Alencar, capitão José Bezerra de Barros, Lourenço Ferreira Pinheiro. Todos, sediados
ás margens do rio Carité, depois denominado Salgadinho, o mesmo que banha o
município do Crato, com o nome de batateira. Todos os fundadores da nossa
aristocracia rural. Todos os patriarcas das famílias primitivas, como é o caso do capitão
Domingos GonçalvesSobreira e sua mulher que encheram esses páramos de
Sobreiras Cabrais.
Implantada a civilizaçãona área que se destinaria ao cenário do município
juazeirense, e falecido o Alferes Manuel de Sousa Pereira, os herdeiros venderam, em
1780,o Sítio Porteiras do Carité ou simplesmente Porteiras, a um cunhado do finado , o
então sargento mor Leandro Bezerra Monteiro, irmão que era de pai e mãe de Caetana
Perpétua do nascimento Bezerra de Menezes,o qual “o converteu em respeitável solar
patriarcal‟. Destarte, mais um importante ramo da família bezerra de Menezes ou
bezerra Monteiro, do Sítio Muquém, radicava-se nas terras do futuro município de
Juazeiro do Norte. Entre os filhos do sargento-mor, depois brigadeiro Leandro Bezerra
Monteiro, com sua mulher Josefa do Sacramento, sergipana, numerou-se Luísa Joana
Bezerra de Menezes, falecida em 1820, com 47 ano de idade, primogênita , aliás
contraíra ele dois matrimônios, o primeiro com o pernambucano Sebastião de Carvalho
e Andrade , detentor da patente de capitão e o segundo com André Vieira de Melo
Cavalcante. Luísa Joana deixou somente dois filhos: padre Pedro Ribeiro da Silva
Monteiro e o poeta Ludgero de Carvalho Paz. O padre Pedro Ribeiro, seguindo as
pegadas dos ancestrais, tornou-se grande proprietário rural, senhoreando os sítios
Juazeiro, Boca das Cobras, Mata, Prazeres e Currais de Baixo.No sítio Juazeiro de sua
propriedade , o padre Pedro Ribeiro da Silva Monteiro construiu casa-grande de taipa
e telha , engenho, aviamento , senzala e capela.
Esta em síntese , a paisagem do Juazeiro em fins da década de 1820, embora
não concluída ainda a capela. Voltando ás atividades agropecuárias, firmou-se o
padrePedro Ribeiro, simultaneamente, como pastor de almas, edificando, como edificou,
um templo dedicado a Nossa Senhora das Dores, em em seu próprio Sítio, para mais
eficiente cumprimento de sua missão sacerdotal e satisfação espiritual dos familiares e
moradores do lugar e circunvizinhanças. No dia 15de setembro de 1827, houve uma

44
APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

missa na casa de oração pelo padre Pedro Ribeiro Monteiro, onde se revestiram as
solenidades do lançamento da pedra fundamental da capela de Nossa Senhora das
Dores, naquele 15 de setembro. Erigidaa capela, começou a formar-se o arruado
núcleo de maior cidade cearense , ao passo que padre Pedro Ribeiro que erguera ao
lado de sua família , assumiu , ele próprio, as funções de capelão, cago em que se
manteve até seu „trespasse em 1833. Com efeito, o aglomerado urbanonão demorou
a despontar, visto como já na primeira metade da década de 1830, em documentos
coetâneos, a localidade aparece com o nome de POVOAÇÃO DO JUAZEIRO. Com a
morte o PadrePedro Ribeiro, em 9 de setembro de 1833, seu avô e herdeiro brigadeiro
Leandro Bezerra veio de porteiras para morar no povoado na casa construído por seu
neto no sitio Juazeiro. Após sua morte o sitio passou para seu filho Gonsalo Luis, depois
passou para o neto do brigadeiro major Pedro Bezerra Monteiro. Contudo o próximo
dono do sitio foi o major Jaquim Bezerra de Meneses que o vendeu a Jose Bezerra de
Meneses, com a morte deste, o imóvel ficou para os seus herdeiros que constituem a
conhecida família Bezerra representada pelos seus filhos Leandro (falecido), Orlando
(falecido) Ivan, Neide, Alacoque e os coronéis Adauto e Humberto

O DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E A PRODUÇÃO DE EXCEDENTES


CARIRI

No extremo Sul do estado, o vale do Cariri era uma exceção no quadro de flagelo
do Ceará. Situado ao pé da chapada do Araripe, com climaameno, boas terras e fontes
perenes de água, o cariri mantinha relativa fertilidade, essencial para a agricultura e a
pecuária. Seu povoamento começou aindano século XVIII, atraindo levas de sertanejos
para as fazendas de gado, além dos flagelados da seca. Destacando-se entre modestos
vilarejos, como Juazeiro, Crato que futuramente seria um prósperocentro comercial de
produtos alimentícios e a segunda cidade mais importante do estado.
Porém, em 1909, um documento apresentadoà assembleia Legislativa do Ceará,
em apoio ao pedido de autonomia municipal para Juazeiro, encontrado por Ralph dela
Cava nos Arquivo do Colégio Salesianos, informa que antes de se tornar independente
do Crato o povoado de Juazeiro já se encontrava em acelerado ritmo de
desenvolvimento, graça à ação do Padre Cícero. Já possuía uma farmácia, um médico
residente, um jornal, várias instituições religiosas, como o Apostolado da oração,
fundado pelo padre Cícero, um escritório de intercâmbio comercial com a capital e uma
instituição civil para cuidar do engrandecimento do lugar.

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APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

A zona rural de Juazeiro possuía22 engenhos de açúcar empenhados na


produção de rapadura e subprodutos alcoólicos e cerca de 60 locais equipados para
preparar farinha de mandioca. Além do cultivo de arroz, feijão e milho, Juazeiro já se
destacavana produção de borracha de maniçoba e o cultivo do algodão. Foi Padre
Cícero quem introduziu a borracha no Cariri, na primeira década do século XX. E graças
ao seuempenho, o algodão, cuja cultura havia sido quase totalmente abandonada,
reapareceu entre 1908 e 1911.Ele chegou a comprar uma máquina de beneficiamento
de algodão movida a vapor.
Mas mesmo assim o crescimento urbano do povoado foi ainda maior do que sua
expansão agrícoladevido a pouca expansão territorial do futuro do lugarejo.

POSSE DE ESCRAVO E O TRABALHO SERVIL

A ocupação das terras cearenses foi diferente do processo ocorrido em outras


áreas do Nordeste açucareiro. Foi um processo mais lento com suas fronteiras sendo
rompidas pelo gado que possibilitou uma configuração social diferenciada das
sociedades do engenho, exigindo pouca mão-de-obra.
Por volta da década de 1850 a população cativa do Cariri somava 3.141indivíduo
entre homens, mulheres e crianças pertencentes a um extenso número de pequenos e
médios proprietários. Uma quantidade pequena se comparada a de pessoas livres no
mesmo período 72.928, contudo a importância dada a esse trabalhador para a
produção, a presença escrava foi significativa na região do cariri e mesmo no Ceará.
O serviço realizado pelo cultivo no espaço urbano, em trabalhosdomésticos e de
ganho, e no meio rural nas lavouras, fazendas de gado e engenhos de rapadura e
aguardente.
Os cativos não podiam fugir à sua condição de escravos: eram indivíduos, que
pela legislação em vigor eram obrigadosa servir a outra pessoa, sendo propriedade
legal de outro, deviam serviços e obediência a seu dono.
Esses pensamentos minavam toda a sociedade do Cariri, a qual chega a
segundametade do século XIX enraizada nos princípios escravistas de propriedade e
disponibilidade do elemento servil, além de econômica é socialmente atrelada ao
trabalho escravo. A posse de escravos no Cariri Cearense estava bastante divididaentre
várias propriedades da região, não sendo apenas privilégios dos senhores mais ricos e
abastados. No entanto, algunstinham um número bem maior de escravos, como Antônio
Manoel Sampaio dono do engenho Tupinambá em Barbalha, um proprietário que em

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APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

1870 possuía mais de cinquenta cativos, alocados no canavial, em sua casa comercial e
residência, no centro da cidade.
Na sociedade escravocrata, o cativo era visto como mão-de obra bastante
adequada para diversa atividade econômicas desenvolvida pelos senhores. O cativoque
tivesse entre 15 a 40 anos de idade e que não fosse portador de doenças graves ou
deficiência física ere considerado como escravo padrão. No Cariri cearense, de acordo
com os inventáriosanalisados, foram contabilizados 1.335 escravos no período de 1810
a 1884, sendo 512 crianças até 14 anos, 186 escravos com mais com mais de 40 anos
e 588 adultos de 15 a 40 anos. O número de cativos que poderiam ser considerados
como escravos padrão eram de 545.

ORIENTAÇÃO ECOLÓGICA DO PADRE CÍCERO

Quem já ouviu falar dos preceitos ecológicos do Padre Cicero?, muitos o seguem
como exemplo de fé e religiosidade, mas poucos sabem que ele foi um dos maiores
defensores do meio ambiente, inclusive o bioma CAATINGA, ele por ser religioso,
também entendia que o homem é um dos administradores do meio ambiente, missão
que DEUS colocou ao ser humano quando o criou.
Com isso em uma forma simples e acessível para a população sertaneja o Padre
Cícero descreveu em forma de conselhos sendo transformados em preceitos
ecológicos:
1) Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de pau;
2) Não toque fogo no roçado nem na caatinga;
3) Não cace mais e deixe os bichos viverem;
4) Não crie o Boi e nem o bode solto; faça cercados e deixe o pasto descansar para se
refazer;
5) Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva;
6) Não plante em serra a cima, nem faça roçado em ladeira que seja muito em pé; deixe
o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca sua riqueza;
7) Represe os riachos de 100 em 100 metros, ainda que seja com pedra solta;
8) Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra,árvore
qualquer, ate que o sertão todo seja uma mata só;
9) Aprenda tirar proveito das plantas da caatinga a maniçoba, a favela e a jurema; elas
podem ajudar a conviver com a seca;

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APOSTILA DE ESTUDOS REGIONAIS DO 7º ANO

10) Se o sertanejo obedecer a estes preceitos a seca vai aos poucos se acabando o
gado melhorando e o povo terá sempre o que comer, mas se não obedecer, dentro de
pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só.
A ecologia, ou a proteção de todo meio ambiente, é uma das primeiras funções
dos seres humanos, tanto no contexto religioso, como no contexto ideológico como
espécie mais evoluía intelectualmente, e científico como uma espécie que entende os
processos naturais e tem a capacidade de modificar o ambiente.
Então após ver um documentário do jornalista Washington Novaes, sobre a
Caatinga Viva, ele mostra o pensamento ecológico do Padre Cicero, e como muitos
Nordestinos temos o respeito pelo líder religioso que passou por nossas terras, então o
bom é divulgar este entendimento para quem sabe melhorar os cuidados com o meio
ambiente de nosso povo e nossos lideres.

ESTÁTUA DOS PRECEITOS ECOLÓGICOS DO


PADRE CÍCERO

INFLUÊNCIA RELIGIOSA DA COLONIAZAÇÃO EUROPEIA NA REGIÃO DO CARIRI

O nascimento do Brasil como nós conhecemos foi através da “descoberta” por


exploradores europeus profundamente imbuídos em levar a fé e o culto católico por
terras “virgens” e “incultas”. Antes da atual denominação, a colônia portuguesa foi
batizada de “Terra de Vera Cruz”, revelando o expressivo caráter religioso no
colonizador. Novos costumes, valores, hábitos, deveres e obrigações foram se impondo
e se estabelecendo na colônia luso americana.
O próprio catolicismo português já era delineado como sincrético. Ele era
caracterizado como um catolicismo de forte apego aos santos e a eles nomeando forças
da natureza. Práticas já observadas desde o século XV com forte ênfase nas procissões

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religiosas e missas, um catolicismo mais afeito às imagens e às figuras do que ao


espiritual. O catolicismo medieval europeu era impregnado de heresias e paganismos.
Em Portugal símbolos como as cruzes eram constantes em praças, igrejas, ruas,
sepulturas, ao longo de caminhos, nos cordões, peitorais e escapulários, nas
exclamações invocatórias e protetoras, no velame das caravelas. Por toda parte
imagens de santos povoavam as vilas, cantos de ruas, altares, oratórios e capelas,
interior de casas, cultos à Virgem Maria, festas, romarias e procissões nas ruas que se
repetiram no Novo Mundo.
Um delicado equilíbrio era, então, buscado entre a religiosidade popular e o
catolicismo de Roma na Idade Média. Uma relação de tensão perpétua, “tentando
integrar o que recebe de aceitável e esforçando-se por eliminar o que desfigura ou
ameaça as forças que o estruturam”Essas dualidades sobre a religiosidade faziam
presença na Europa medieval, e no Brasil colonial não poderia ter sido diferente...
O aspecto patriarcal do catolicismo brasileiro se enquadra no estabelecimento da
religião nos engenhos de açúcar nos séculos XVI e XVII. Estudado por Gilberto Freyre
(1992), o patriarcalismo nos remete ao catolicismo localizado dentro da propriedade do
senhor de engenho, a ele obedecendo e procurando integrar escravos e outros dentro
da estrutura de poder e produção da cana de açúcar. Um poder de caráter mais
privativo, visto que se limitou às capelas e aos capelães próximos à casa-grande
açucareira.
O catolicismo pressupõe valores e costumes que, quando confrontados com
etnias de origens diversas, acaba se mesclando com novas culturas. Apesar de
hegemônico na colônia, o catolicismo não conseguiu se impor plenamente. Houve
espaço para o sincretismo na medida em que não se conservou a religiosidade como
nos locais de origem, mas ganhou novas características ao se defrontar uma com as
outras. Espíritos africanos foram identificados com santos católicos, mas o culto destes
não significava a simples preservação de cultos vindos da África. O culto aqui se
distinguiu do continente africano pelas condições geográficas e culturais diferentes.
Orixás guerreiros, como Ogum, ganharam destaque aqui, diferente dos de cunho
agrícolas mais cultuados na África, como Onilé.
A vertente popular do catolicismo brasileiro, enfim, apresenta-se como mais
dinâmica. Na vertente popular constatamos a adaptabilidade e renovação que o
catolicismo, com toda a sua gama de influências populares medievais europeias adquire
com contornos tropicais peculiares.

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Outro legado cultural do catolicismo popular português foi o messianismo, que


resultou de crenças sebastianistas do povo português - exemplificado no Brasil pelo
movimento do Contestado, Canudos - que teve a convicção de que um herói, um
salvador, acabará por regenerar o país, extirpando de vez a miséria, a fome e outras
desgraças.
A religiosidade indígena encontrava por vezes resistência à evangelização pelos
jesuítas, uma “inconstância na alma”, ora a aceitar entusiasticamente a nova religião, ora
a rejeitá-la. Não existia entre eles uma doutrina inimiga, mas exibiam “maus costumes”
aos olhos inacianos que deveriam ser combatidos, descritos por Antônio Vieira:
“canibalismo e guerra de vingança, bebedeiras, poligamia, nudez, ausência de
autoridade centralizada e de implantação territorial estável” . Era então necessário um
longo e árduo processo de adaptação e reinterpretação de hábitos e costumes cristãos
com as culturas indígenas. A missa dominical, a prática de sacramentos do qual o
batismo seria o primeiro passo, tudo isso conflitava com os sentimentos de tradições
indígenas os padres da Companhia de Jesus começaram a aprender a língua tupi-
guarani e a propagar a fé através dela: “para atrair crianças indígenas buscaram trazer
meninos órfãos de Lisboa para fazerem a ligação com os curumins, faziam-no
representar autos, mistérios, de fundo e sabor medieval, para depois chamá-los às
missões, às escolas, aos colégios, onde o ensino doutrinário e programático, na linha da
RatioStudiorum, assentada na teologia do Concílio de Trento, apontava para uma
religião universal e salvífica.

INTERCAMBIO CULTURAL DAS PRINCIPAIS CIDADES DO CARIRI

O Cariri e a Chapada do Araripe, na confluência dos sertões do Ceará,


Pernambuco, Paraíba e Piauí, hoje são densamente habitados, apresentando uma
heterogeneidade cultural e social bastante rica e diversificada. O Cariri é tido como uma
das regiões de maior originalidade cultural do Brasil, com destaque para as suas
manifestações populares (festas, folclores) e seu artesanato sendo um dos principais
alvos para estudos antropológicos e históricos do Nordeste.
A pluralidade cultural do Cariri é resultado da miscigenação de diversos povos,
que trouxeram consigo artesanato, música e gastronomia, e conservaram manifestações
da cultura popular como: produção de cordéis (literatura popular), artesanato,

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principalmente em madeira, couro e argila, Festas de Pau de Bandeira e várias


expressões das festas juninas, além de penitências religiosas.
Destacam-se também as bandas de pífano, originadas da tradição indígena, e os
reisados (reis de couro e folhas de reis ou congadas). As tradições populares musicais
incluem ainda o baião, o forró pé de serra, a cantoria, o coco, o repente e a embolada,
entre outros.
A figura do Padre Cícero e as romarias de Juazeiro do Norte fazem do Cariri um
dos principais palcos de devoção católica na América Latina.
A cada ano, a região atrai fotógrafos e pesquisadores de todo mundo para a
documentação dessas manifestações. O Cariri já foi palco para diversos filmes. Um dos
temas prediletos é o Cangaço, episódio de banditismo rural, geralmente romantizado, da
primeira metade do século XX.

CULTURA

Referências culturais que constituem o território:

Academia de Cordelistas (Crato/CE) Aquasis (Associação de Pesquisa e Preservação


de Ecossistemas Aquáticos – Crato/CE)
Antigo Engenho do Crato
Associação de Xilógrafos (Juazeiro do Norte/CE)
Balneário da Nascente (Crato/CE)
Bonequeiras no Pé de Manga (Crato/CE)
Casa de Taipa e Barragem (Crato/CE)
Centro de Cultura Popular Mestre Noza (Juazeiro do Norte/CE)
Engenho Tupinambá (Barbalha/CE)
Escola de Reisado do Mestre Alcenir (Crato/CE)
Espaço Mulher (Missão Velha/CE)
Fonte do Caldas (Barbalha/CE)
Fundação Casa Grande (Nova Olinda/CE)
Lira Nordestina (Juazeiro do Norte/CE)
Mão na Massa Artesanato (Missão Velha/CE)
Museu do Couro (Nova Olinda/CE)
Museu de Paleontologia (Santana do Cariri/CE)
ONG Beatos (Crato/CE)

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FORTALECIMENTO DOS LAÇOS SOCIAIS; ROMEIROS COM O JUAZEIRO DO


NORTE

Em pelo menos quatro ocasiõesno ano, Juazeiro do Norte transforma-se no


centro religiosidade popular no Estado , com realização de romarias no início de
fevereiro que é a festa de Nossa Senhora das Candeias , 24 de março e 20 de julho,
datas de nascimento e morte do Padre Cícero respectivamente; na primeira quinzena
de setembro, quando acontece a festa da padroeira Nossa Senhora das Dores ; e no
dia de finados , em 2 de novembro. Os festejos concentram maisde dois milhões de
romeiros no ano, sendo o terceiro polo de peregrinação do país. O principal ponto de
visitaçãoda cidade é a Serra do Horto, onde estão a estátua Padre Cícero, medindo 25
metros de altura , o Museu Vivo da Cultura Popular Nordestina , o Santo Sepulcro , a
muralha da Guerra de 1914 , além das igrejas temos os pontos turísticos Memorial Pe.
Cícero e o Centro Popular Mestre Noza ainda temos como
manifestaçõespopularesvoltados para a religiosidade lapinha, o reisado e outros como o
maneiro-pau, banda-cabalais,(irmãos Anicete ) bumba- meu-boi e diversas danças são
exemplo de manifestações populares na cidade.

REFERÊNCIA

FIGUEIREDO, Antônio Pereira de. Surgimento dos bairros de Juazeiro. Escola


João Alencar de Figueiredo. Juazeiro do Norte- CE, 2000. [apostila].

IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/. Acesso em: 06 abr. 2016.


Informações adicionais: Disponível em: <www.portaljuazeiro.com/p/edicoesdo-
juaonline.html>. Acesso em 16 abr. 2016.

FREIRE, Paulo (1996). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática


docente. 33 ed. São Paulo: Paz e Terra.

SILVA, R. M.da.C. Cultura Popular e Educação. Brasília: Seed MEC, 2008. [ TV


Escola- Salto para o futuro].

WALKER, Daniel. A história de Juazeiro do Norte: Professor pesquisador e


historiador Antônio Pereira de Figueiredo. IBGE 2010 – 2014. Disponível em:
<www.portaljuazeiro.com/p/edicoesdo-juaonline.html>.

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