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XVII Encontro de Iniciação Científica

XIII Mostra de Pós-graduação


VII Seminário de Extensão
IV Seminário de Docência Universitária

16 a 20 de outubro de 2012

INCLUSÃO VERDE: Ciência, Tecnologia e


Inovação para o Desenvolvimento Sustentável

MPH1658

ARRANJO PRODUTIVO LOCAL (APL) DE LEITE E DERIVADOS


NA REGIÃO DO BICO DO PAPAGAIO -TO

MARCOS AURÉLIO CAVALCANTE AYRES


EDSON APARECIDA DE ARAUJO QUERIDO OLIVEIRA
marcosayres_6@hotmail.com
MESTRADO - GESTÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

ORIENTADOR(A)
EDSON APARECIDA DE ARAUJO QUERIDO OLIVEIRA
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
ARRANJO PRODUTIVO LOCAL (APL) DE LEITE E DERIVADOS NA
REGIÃO DO BICO DO PAPAGAIO -TO1

Marcos Aurélio Cavalcante Ayres2


Edson Aparecida de Araujo Querido Oliveira3

RESUMO

O surgimento de Arranjos Produtivos Locais – APL está sendo cada vez mais
importante, especialmente para as micros e pequenas empresas (MPEs), pois elas têm
mais chances de permanecer no mercado, trabalhando em conjunto ao invés de isolados.
Dentre os APL existentes no Estado do Tocantins, tem-se o de leite e derivados da
microrregião do Bico do Papagaio localizado no extremo norte do Estado, que surgiu no
ano de 2004. Este APL tem a participação dos seguintes municípios: Augustinópolis,
Araguatins, Axixá do Tocantins, Buriti do Tocantins, Cachoeirinha, Carrasco Bonito,
Darcinópolis, Esperantina, Itaguatins, Luzinópolis e Tocantinópolis e envolve cento e
trinta e oito produtores. Esta pesquisa teve como finalidade analisar as interações
envolvidas na governança do APL e seus impactos na solução de problemas
relacionados à qualidade e comercialização dos produtos. Com os resultados obtidos
através de pesquisa bibliográfica e documental notou-se que a ausência da governança
em um APL pode influenciar negativamente pelo fato da organização e o
desenvolvimento dos trabalhos estarem diretamente ligados a ela.

Palavras-Chave: Gestão. Governança. Desenvolvimento. Produção. Leite.

ABSTRACT

The emergence of Local Productive Arrangements - APL is being increasingly


important, especially for micro and small enterprises (MSEs), because they are more
likely to stay in business by working together rather than alone. Among the APL in the
State of Tocantins, we have the milk and derived from the micro-nozzle-Parrot located
at the north end of the state, which appeared in 2004. This APL has the participation of
the following counties: Augustinópolis, Araguatins, Axixa do Tocantins, Buriti,
Cachoeirinha, Carrasco Bonito, Darcinópolis, Esperantina, Itaguatins, Luzinópolis and
Tocantinópolis involves one hundred thirty-eight producers. This research aimed to
analyze the interactions involved in the governance of APL and its impact in solving
problems related to quality and marketing. With the results obtained through literature
search and document it was noted that the absence of governance in a cluster can have a
negative influence because of the organization and development of the work was closely
linked to it.
Keywords: Management. Governance, Development, Production, Milk.

1
XIII MPG – Mostra de Pós-graduação da Universidade de Taubaté – 16 a 20 de Outubro de 2012 –
Taubaté - São Paulo – Brasil.
2
Mestrado Profissional em Gestão e Desenvolvimento Regional (UNITAU) – Universidade de Taubaté -
marcosayres_6@hotmail.com
3
Orientador – Doutor em Organização Industrial – ITA - Professor Assistente Doutor - Coordenador de
Programa de Pós-graduação em Administração – Mestrado Profissional em Gestão e Desenvolvimento
Regional (UNITAU) – edson@unitau.br
1. INTRODUÇÃO

As mudanças que estão ocorrendo na economia, vem mostrando as empresas que


estas precisam buscar novas maneiras de tentar se manter no mercado, onde as Micros e
Pequenas empresas - MPEs são as mais afetadas nesse processo de mudanças. Diante
disso, observa-se o surgimento dos Arranjos produtivos Locais-APLs.
Albagli e Maciel (2002), destacam que a estratégia de organização produtiva de
Micro e Pequenas Empresas-MPEs passa a representar uma alternativa viável para a
solução dos diversos problemas de ineficiência e desafios que são enfrentados no
ambiente organizacional, pois permite a elas enfrentar os grandes competidores e
penetrar em novos mercados, ao mesmo tempo em que possibilita o fortalecimento da
competitividade do território, sendo que estas novas configurações organizacionais
podem ser caracterizadas pelo trabalho conjunto, pela confiança e cooperação, passando
a ser uma resposta ao constante e crescente aumento da concorrência e competição
empresarial.
Barros e Moreira (2006), destacam a importância da organização das MPE’s. Sob
o ponto de vista estratégico, o comportamento empreendedor é caracterizado pelo
desenvolvimento de um elo entre a organização e o ambiente externo, quando se
compõe uma rede de contatos e de inter-relações. Este posicionamento propicia
respostas rápidas às situações de crise, flexibilidade na tomada de decisões e redução no
tempo do processo de inovação.
Os relacionamentos que são feitos por meio da organização horizontal em rede
passam a contribuir para o fortalecimento do empreendimento e da pessoa do
empreendedor e tornam-se como mais um fator de segurança nos momentos de
incerteza. Ainda neste contexto das estruturas interorganizacionais em redes, a criação
do estabelecimento de alianças estratégicas e de cooperação pode tornar-se um
diferencial de sucesso para os empreendimentos e um mecanismo de desenvolvimento
da economia local.
O APL de leite e derivados tem a participação de 138 famílias. Já os laticínios
existentes A produção consiste em leite pasteurizado e em pó, derivados como queijo
mussarela, queijo coalho, iogurte, manteiga, doce de leite pasteurizado.
O surgimento deste APL ocorreu pela necessidade e preocupação com a
organização da cadeia produtiva do leite na região do Bico-do-Papagaio, tendo como
parceiro o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas-SEBRAE,
RURUALTINS, SENAI, EMBRAPA, Sindicato das Indústrias de Leite e Derivados do
Bico-do-Papagaio - SINDILEITE, além das prefeituras dos municípios e as entidades
financiadoras.
Para gerar o desenvolvimento do APL, torna-se necessário estruturar uma
governança com capacidade de articulação, planejamento e desempenho para o fomento
de ações envolvendo o Arranjo Produtivo Local da região.
Considera-se este, o principal problema detectado, há a carência de uma forte
articulação, onde cada ator/agente sinta-se parte desse processo. Como conseqüência,
comece a desenvolver um planejamento de forma clara, tomando conhecimento e
definindo suas ações.

2. CONCEPÇÕES TEÓRICAS SOBRE ARRANJO PRODUTIVO LOCAL-APL

Este item tem por finalidade examinar os conceitos existentes na literatura sobre
Arranjo Produtivo Local, buscando identificar os fatores estruturais dessas
aglomerações no que refere ao papel da governança, redes e capital social,
demonstrando a importância desses para o fortalecimento e desempenho do APL.

2.1. Conceitos de APL

Os Arranjos Produtivos Locais podem ser definidos como sendo aglomerações


geográficas ou redes de empresas especializadas funcionando de maneira organizada,
isto é, realizando interações e possuindo mecanismos de coordenação. Sem essa
coordenação pode-se dizer que não há propriamente um arranjo produtivo, mas
simplesmente uma aglomeração física de empresas mantendo encontros casuais.
Nesse sentido, pode-se entender um arranjo produtivo como um elemento
intangível dentro de uma aglomeração, ou de uma rede, identificado no padrão de
cooperação e de relações estabelecidas entre os agentes produtivos (AMARAL FILHO,
2005).
O Arranjo Produtivo Local pode ser considerado como aglomeração, ou seja,
quando em local (uma região) apresenta um grupo de empresas que tenham o mesmo
interesse produtivo. Assim, o SEBRAE adota o seguinte conceito de arranjo produtivo:
Arranjo produtivos locais são aglomerações de empresas,
localizadas em um mesmo território, que apresentam
especialização produtiva e mantém algum vínculo de
articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com
os outros atores locais, tais como: governo, associações
empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.
(SEBRAE, 2003).
O Arranjo Produtivo Local também tem um conceito que foi formulado por uma
rede de pesquisa interdisciplinar, que existe desde 1997, tendo a sua sede no Instituto de
Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e tem a participação de várias
universidades e institutos de pesquisa no Brasil, além de manter parcerias com outras
instituições da América Latina, Europa e Ásia.
Esta entidade é conhecida como RedeSist/UFRJ (Rede de Pesquisa em Arranjos
Produtivos Inovativos Locais), a qual enfatiza que APLs “são aglomerações territoriais
de agentes econômicos – com foco em um conjunto específico de atividades
econômicas - que apresentam vínculos mesmo que incipientes”. Da mesma forma, os
sistemas produtivos locais são aglomerações de empresas que tenham a mesma
finalidade, ou interesse em comum. De acordo com a Redesist sistemas produtivos
locais são:
Sistemas produtivos locais referem-se à aglomerados de agentes
econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo
território, que apresentam vínculos consistentes de articulação,
interação, cooperação e aprendizagem. Incluem não apenas
empresas produtoras de bens e serviços finais, fornecedoras de
insumos e equipamentos, prestadoras de serviços,
comercializadoras, clientes, etc. e suas variadas formas de
representação e associação, mas também diversas outras
instituições públicas e privadas voltadas à formação e
treinamento de recursos humanos, pesquisa, desenvolvimento e
engenharia, promoção e financiamento. Adota-se, ainda, o
conceito de arranjos produtivos locais para referenciar aquelas
aglomerações produtivas, cuja articulação entre os agentes
locais não é suficientemente desenvolvida para caracterizá-las
como sistemas. (ZOCCAL, 2006, p. 12).

Segundo o Glossário da Redesist (2005), alguns arranjos podem ser considerados


ainda como aglomeração que pode ser produtiva, científica, tecnológica e/ou inovativa,
tendo como aspecto central a proximidade territorial de atores econômicos, políticos e
sociais (empresas e outras organizações públicas e privadas).
Uma questão importante, para as MPE’s e produtores que enfrentam dificuldades
e barreiras quando trabalham de forma isolada, como dificuldade de acesso a mercado,
preços elevados na compra de insumos. É a formação de economias de aglomeração, ou
seja, as vantagens oriundas da proximidade geográfica dos atores, incluindo acesso a
conhecimentos e capacitações, mão-de-obra especializada, matérias-primas e
equipamentos, dentre outros.

2.2. Principais Agentes que Integram o Arranjo Produtivo Local de Leite

A região possui a participação de vários atores considerados de suma importância


que colaboram e ajudam no desenvolvimento deste APL. Produtores contando com um
público de 138, trabalhando na produção do leite, sendo o papel destes produtores
participarem das capacitações sobre a ordenha, manejo sanitário, tipo de
armazenamento do leite, fornecer leite de boa qualidade e em quantidade para os
laticínios. Além de serem unidades demonstrativas para os outros produtores existentes
na região.
O Governo do Estado através das Gerências de articulação e desenvolvimento da
região da região do Bico-do-Papagaio, Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e
Extensão Rural-AGERP, Ruraltins, Agência Estadual de Defesa Agropecuária do
Tocantins-AGED-TO que participam ativamente do projeto, fornecendo mão-de-obra
especializada nas áreas tecnológicas. O SEBRAE entra como órgão gestor, além de
colaborador na área de capacitações e assistência técnica, está trabalhando juntamente
com os produtores o Programa Balde Cheio.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial-SENAI, realiza atividades
juntamente com as indústrias de leite de capacitações, atualmente estão implantando um
“Programa de Qualidade para Lácteos”, e estão realizando workshop com a participação
dos proprietários dos laticínios sobre a qualidade do leite. O Sindicato das Indústrias de
laticínios do Estado do Tocantins-SINDILEITE trabalha diretamente com as indústrias
de leite, fazendo o controle da qualidade do leite, controle da quantidade recebida e
comercializada. Realiza reuniões com os laticínios a cada 6 meses.
O Basa e Banco do Brasil são agencias financiadoras, que deviam liberar os
recursos para a produção leiteira. Esses recursos são oriundos, principalmente, do
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar- PRONAF custeio,
investimento e agroindústria.
O apoio da Universidade Estadual do Tocantins - UFT é imprescindível, pois essa
tem uma base em Tocantinópolis e junto com a EMBRAPA (auxilia no programa Balde
Cheio), que se localiza em São Paulo em São Carlos, auxilia na área de pesquisa,
voltada para melhoria da pastagem e alimentação dos animais, objetivando ter um leite
de melhor qualidade.
A Associação de produtores precisa ser fortalecida, pois atualmente esta como
suas atividades paradas por falta de organização. A Prefeitura de alguns municípios tem
uma parceria mais voltada para a compra do leite que é ligado ao Programa Leite é
Vida, e depois o leite é distribuído para as famílias de baixa renda, gestantes e crianças.
Participa também juntamente com o SEBRAE no programa “Balde Cheio”.
Observando a Figura 1, pode-se perceber melhor como estão as relações entre os
atores envolvidos no APL de leite e derivados, as relações estão sendo mais pontuais
como no caso da EMBRAPA, BASA, prefeitura e SEBRAE, que estão realizando
trabalhos juntos por causa do programa Balde Cheio, que envolve atividades de
assistência técnica, dias de campo, capacitações e inclusão de tecnologia para os
produtores.

UFT

BNB E BASA

Legenda:
Fraca Média Forte

Figura 1 - Demonstração do mapa de inter-relação existente no APL de leite e derivados


da região

Mas, é importante que tenha a criação da rede e que todos estes atores trabalhem
de forma conjunta, tentando resolver os problemas existentes no APL, e que em cada
ator participante do arranjo tenha a presença de um líder, para que juntos consigam
trabalhar e desenvolver o APL.
Quando houver uma governança no APL de leite e derivados paralelamente será feito o
trabalho de fortalecimento da rede, sendo que serão trabalhadas as interações mais
fracas e fortalecidas as já existentes
Salientando no referencial teórico e de acordo com a Redesist (2005) que trata
sobre governança corporativa, observando a rede existente no APL, percebe-se que não
tem a existência de lideranças para que façam estas conexões entre os atores presentes
no APL de leite e derivados da região, não podendo esquecer de tratar sobre o capital
social e a questão da confiança, também tratados no referencial teórico, que são
necessários para ter o fortalecimento da rede, pois se não houver uma confiança entre as
instituições não será possível fortalecer a rede e conseguir que haja o desenvolvimento
do APL.

2.3. Dimensão e Grau de Interação entre os Atores do APL

Tratando sobre o planejamento de intervenção do APL de leite e derivados da


região do Bico-do-Papagaio na tabela foi feito um estudo em relação às dimensões
produtiva, ambiental, econômica financeira e social (Quadro 1). A legenda está
explicando qual o nível de relação existente entre os atores, como por exemplo, quando
tem-se quatro dimensões existentes na relação entre Produtores x SINDILEITE,
significa que a relação entre eles é forte, e quando mostrar a presença de três dimensões
como na relação existente entre Produtores x AGED que a relação existente é
classificada como média e assim sucessivamente, podendo encontrar relações fracas
(com duas dimensões) e incipiente (só uma dimensão).
Dimensão produtiva: observa-se que têm muitas relações enfraquecidas, sendo
que as dificuldades enfrentadas nestas relações é por não está havendo uma interação
entre as instituições, falta de capacitações (manejo da criação de gado, alimentação
adequada, higienização no momento da ordenha, métodos de conservação do produto e
derivados). Problemas da qualidade do leite.
Como solução é necessário que utilize as unidades de pesquisa, e que tenha as
capacitações adequadas para os produtores e que seja feito de forma efetiva e continua,
o acompanhamento e orientação aos produtores rurais, principalmente os de baixa
renda. Elaboração de projetos para instituições sem fins lucrativos e financiadoras
(BNB), visando a melhoria da infra-estrutura existente e a melhoria do grau de
conhecimento dos produtores.
Como soluções para a dimensão produtiva são:

Em relação às capacitações serão feitos cursos sobre manejo do rebanho,


inseminação artificial, ordenha mecânica, higienização no processo de
produção do leite, como fazer silagem e feno adequado para melhoria da
qualidade do leite. Além disso, necessita ser feito atividades de campo,
onde serão feitas práticas para que os produtores realmente entendam
como tem que proceder para que possam ter uma melhoria do rebanho e
da qualidade do leite. Algumas instituições como o SEBRAE, SENAI,
AGERP, AGED e até mesmo a UFT podem fazer estas capacitações e
deste modo pode-se estreitar ainda mais as relações;
Sobre a elaboração dos projetos eles devem ser voltados para melhoria da
infra-estrutura onde tem que ter a aquisição de máquinas e equipamentos,
tanto para serem utilizados para ordenha mecânica, como para melhoria
da estrutura das mini-indústrias, para que fiquem de forma adequada para
a produção dos derivados. Assim como citado anteriormente, algumas
entidades também podem ajudar neste processo como AGERP, SEBRAE
e a prefeitura (na pessoa da secretaria da agricultura e do meio ambiente).

A dimensão ambiental: são poucas as relações fortalecidas. Para fortalecer estas


relações, ou até mesmo fazer com que elas existem precisa ser feito um trabalho
juntamente com a UFT e as outras empresas que fazem capacitação (SEBRAE, SENAI).
A AGED tem que fazer as fiscalizações nos laticínios, além de se fazer um trabalho
envolvendo o SINDILEITE e os laticínios.
Esta dimensão precisa ser bem trabalhada, pois para que o APL se desenvolva é
necessário que as indústrias estejam seguindo as legislações (não causando nenhum
dano ambiental ou até prejuízo para a saúde dos funcionários e das famílias que moram
perto do laticínio, funcionando de forma legalizada, também tem que seguir a legislação
e normas da série ISO 14000 (trata sobre a gestão ambiental, para diminuir os impactos
causados pelas empresas ao meio ambiente).

Outro problema enfrentado pelas indústrias de laticínios é a emissão do


subproduto como o soro (que sai do leite) em efluentes que causa grande poluição
ambiental, se for lançado nos rios, lagos ou até mesmo ir para o lençol freático. Um dos
problemas das usinas é utilizar madeira de forma ilegal, causando o desmatamento de
forma indiscriminada.
Como soluções para a dimensão ambiental são:

Primeiramente e assim como na dimensão produtiva é necessário que


sejam feitos cursos de capacitação, principalmente nos laticínios, onde
estas capacitações serão direcionadas para a redução das perdas dentro
do laticínio, aproveitamento dos resíduos, higienização, planejamento da
linha de produção para reduzir perdas. Além de treinamento para os
funcionários sobre a importância da utilização de todo o equipamento de
segurança e higiene, evitando que haja uma perda do leite por falta de
qualidade e manejo inadequado. Um dos atores que podem ajudar nesta
fase de capacitações seria o SENAI e AGED;
Em relação ao problema da utilização de madeira de forma ilegal é
importante que seja feito um trabalho, juntamente com as indústrias, para
que seja construído um viveiro de mudas nativas, e que eles se
comprometam a fazer o reflorestamento das áreas onde está sendo
retirada a madeira; e
Sobre o subproduto, o soro, que causa grande poluição, este deve ser
utilizado na alimentação animal de forma in-natura, como também pode
ser utilizado na indústria alimentícia animal e humana, química,
cosmética e farmacêutica. Uma utilização viável e econômica também, é
o retorno do soro para que seja utilizado na fabricação de queijos. Caso
seja lançado no ambiente o soro tem que passar por tratamento para não
causar maiores danos ao meio ambiente. Neste caso, pode se trabalhar
com as instituições de pesquisa como a UFT e até mesmo buscar fazer
mais interações e o envolvimento com a EMBRAPA.

A dimensão econômico-financeira está bem enfraquecida, as conexões que


necessitam ser mais trabalhadas são dos agentes financeiros com os produtores e
laticínios. Um dos maiores problemas é a dificuldade que os produtores e os laticínios
têm de acessarem as linhas de crédito existentes nas agências financiadoras, devido a
burocracia ser muito grande, ou até mesmo pela falta de uma pessoa ou instituição que
possa fazer este elo entre os produtores, laticínios e as instituições financiadoras.
Dessa forma, a dimensão econômico-financeira acaba sendo complementar e se
sobrepondo com a dimensão produtiva, pois também necessita que sejam elaborados
projetos para aquisição de recursos, visando a melhoria desde a criação dos animais até
mesmo a parte do beneficiamento do produto final, neste caso, o leite.
Como solução é possível que:
Faça-se uma maior interação destes produtores e dos laticínios com as
agências financeiras, através de reuniões onde estejam os produtores e as
agências, para que sejam esclarecidos todos os problemas e como se
pode tentar melhorar esta relação sendo necessário que haja mais
projetos elaborados e aprovados. Nesta etapa de elaboração, pode-se
contar com algumas entidades como a AGERP, ou até mesmo AGED e
algum técnico que tenha disponibilidade nas prefeituras municipais (da
secretaria da agricultura). É importante a presença com o STTR e o
SINDILEITE, que também podem ajudar a melhorar a relação com as
agências financiadoras.
A dimensão social está bem enfraquecida ou até mesmo inexistente. É
necessário tentar fortalecer as relações principalmente entre os órgãos públicos como
prefeitura, AGERP, AGED, além dos laticínios, o SINDILEITE, STTR e os produtores.
Os principais problemas são: a carência na questão da saúde, educação, alimentação,
nível de desemprego, onde não se têm programas adequados para a melhoria desses
problemas.
Como soluções pode-se propor:

Trabalhos diretamente com os produtores visando a melhoria da


qualidade de vida, como se ter um programa de assistência social mais
efetivo, que visite os produtores e faça um levantamento em relação a
problemas com a crianças que estejam desnutridas, necessitem de
dentistas. Sobre a educação que seja feita de forma mais efetiva e atenda
as necessidades dos produtores e dos filhos destes produtores. Um
trabalho viável seria a “educação no campo”, onde terá total respeito
sobre o trabalho exercido pelos produtores e leva em consideração que às
vezes os filhos precisam sair das aulas para poder ajudar os pais nas áreas
de criação. Pode-se envolver para a realização destas atividades o
SINDILEITE, a prefeitura do município, e até mesmo o STTR, onde eles
podem trabalhar atividades de palestras de esclarecimentos para a
população em relação à saúde, educação e a importância da melhoria da
qualidade da alimentação.

Em relação ao nível de desemprego pode ser feito um trabalho juntamente com os


laticínios, onde as pessoas que trabalhariam nestes locais seriam os próprios produtores,
após passarem por capacitações. As empresas que poderiam capacitar estes produtores
seriam o SEBRAE e SENAR.

3 CONCLUSÃO

Com este artigo foi possível perceber como principais dificuldades enfrentadas
pelo APL de leite e derivados da região do Bico-do-Papagaio, a inexistência de uma
governança capaz de articular ações que promovam o desempenho do APL, em razão de
não existir a presença de uma liderança que alavanque o APL e que as empresas ainda
trabalham de forma isolada, pois não está acontecendo reuniões entre os produtores e as
instituições existentes neste APL.
Percebe-se que atualmente o problema da agroindústria do leite e derivados está
na base, em relação aos produtores de leite. sendo portanto, a falta de capacitações e
assistência técnica um dos maiores problemas. Falta também a presença de lideranças
nos atores para que possam realizar reuniões, sejam mensais ou quinzenais, com o
objetivo de tentar resolver as dificuldades que aprecem no APL. Os produtores também
estão trabalhando de forma isolada, passando a ter um maior custo na compra de
insumos e comercialização dos produtores.
Também se tem a presença de laticínios informais que está dificultando o
desenvolvimento da bacia leiteira, pelo fato de boa parte da produção está nestes
laticínios, fazendo com que os laticínios formais fiquem até mesmo com suas máquinas
“ociosas” sem ter leite suficiente para trabalharem na sua máxima capacidade. A
presença destes laticínios informais acaba por colocar no mercado alimentos com
péssimas qualidades de higiene, ou até mesmo contaminados, podendo ser um risco à
saúde de quem consome este tipo de produto.
Sendo o APL o conjunto de MPEs, estas devem trabalhar de forma cooperativa,
pois se realizarem trabalhos isolados será mais difícil a sua sobrevivência no mercado.
Por isso, tem que ser feito o resgate da APLESTO para que a mesma sirva de base de
apoio para os produtores de leite. Assim como precisa ter um maior engajamento dos
laticínios no SINDILEITE, pelo mesmo motivo da realização das atividades em
conjunto, como compra de insumos e matéria-prima, e até a comercialização dos
produtos.
Como sugestão e recomendações para tentar amenizar estes problemas e para
próximas pesquisas tem-se:
A implantação da Câmara Setorial Temática que está em fase inicial, e as
atividades que estão planejadas para o desenvolvimento da cadeia
produtiva do leite da região do Bico-do-Papagaio. O trabalho feito pela
câmara temática detectou-se todo o levantamento dos problemas
existentes na região, os pontos positivos e negativos, o que se deve fazer
para solucionar estes problemas, que são as instituições responsáveis
pelo desenvolvimento dos trabalhos como curso de capacitação, infra-
estrutura dos laticínios e das fazendas, e quem serão os responsáveis por
cobrar das instituições competentes (Governo estadual, prefeituras), as
suas responsabilidades e que possam dar apoio para o desenvolvimento
desta cadeia produtiva do leite e derivados da região do Bico-do-
Papagaio;
Levantamento de toda a cadeia produtiva do leite, desde a compra de
insumos até a comercialização, onde tem que ser aplicados questionários,
que podem ser baseados até mesmo na Redesist, aos produtores rurais,
laticínios, lojas de insumos, e locais de comercialização. Este
levantamento abrangeria toda a produção de leite, quantidade de animais,
tamanho da área, manejo, tipo de organização, que capacitações estão
recebendo, para quem estão vendendo, quais produtos estão sendo feitos,
tipo de embalagem e preço;
Foi sugerido pelo SEBRAE a possibilidade de se ter uma empresa âncora
(neste caso um laticínio) em que seria feito todo o trabalho de
governança, neste caso, está ligado a assistência técnica, capacitações e
auxilio na comercialização. Esta empresa passaria a ser um modelo para
as outras existentes na região, e para o desenvolvimento deste trabalho o
pagamento seria feito parte pelo laticínio, parte pelos produtores e a
última parte pela prefeitura da região; e
Tem que se trabalhar no APL a criação de uma marca para os produtos,
que represente o APL de leite e derivados para que este possa ter “força”
no mercado e possa ser reconhecido por sua qualidade. Desse modo,
pode-se até mesmo diminuir a presença dos laticínios informais.
Por outro lado, uma das prioridades para o Governo do Estado é criar o Núcleo
do APL, que servirá como base de apoio para os APL’s existentes no Maranhão e para
os APL’s que podem surgir, ajudando na área de capacitações, gestão e parcerias.
É de grande importância para o Estado do Tocantins que ocorra o fortalecimento
da Cadeia Produtiva do Leite. Se houver o incentivo do governo e a participação de
todos os atores presentes no APL de leite e derivados da região será possível conseguir
o desenvolvimento e fortalecimento deste APL, aumentando inclusive a quantidade de
leite produzida por animal e também a qualidade do leite que é fornecida para os
laticínios, agora por meio do manejo adequado dos animais, bem como melhor
aproveitamento da área de pastagem.
Para se conseguir este fortalecimento precisa ser trabalhada a questão da
governança, ter um fortalecimento do mapa de inter-relação existente no APL, para que
deste modo tenha-se um trabalho de forma conjunta, com presença de líderes e até
mesmo exista a confiança entre os atores do APL. Somente assim será possível ter o real
crescimento, desenvolvimento e reconhecimento do APL de leite e derivados da região,
caso contrário, esse setor tende a ter grandes prejuízos.
Acredita-se que com esse estudo, deu para se fazer uma melhor reflexão e que a
partir dela possa se buscar alternativas que venham trazer resultados positivos para o
maior desenvolvimento do arranjo produtivo local de leite e derivados do extremo norte
do Estado do Tocantins.

REFERÊNCIAS

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pequenas e medias empresas. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2002
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