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luso-brésilien
Linhares Maria Yedda. As listas eleitorais do Rio de Janeiro no século XIX. In: Cahiers du monde hispanique et luso-brésilien,
n°22, 1974. Numéro consacré au Brésil. pp. 41-67;
doi : https://doi.org/10.3406/carav.1974.1928
https://www.persee.fr/doc/carav_0008-0152_1974_num_22_1_1928
no século xix
PAR
(3) Maria Yedda Linhares, Levantamento e análise de fontes para uma história
social urbana - Rio de Janeiro (1800-1930), projeto de pesquisa aprovado pelo
Conselho de pesquisas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1968.
44 C. de CAR AVELLE
(5) Por « fogo » entendia-se a casa, ou parte dela, em que habitasse uma
pessoa livre, ou uma família com economia separada. Nessas condições, uma
casa podia conter um ou vários fogos.
(6) Lei n° 387 de 1846.
(7) Pro je to João Alfredo de 1873 de que resultou a « lei do terço > de 1875.
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grau, o seu número em cada freguesia seria fixado tendo por base
o recenseamento da população e na proporção de um eleitor para
400 habitantes de qualquer sexo ou religião, excetuando-se para
tais cálculos os residentes estrangeiros. Coube à chamada lei
Saraiva de 1881 abolir o sistema de eleições em dois graus que durou 60
anos. Daí por diante todo o processo eleitoral passa para a
competência da magistratura, inclusive o alistamento que seria
subordinado à autoridade do juiz de direito mediante requerimento de
inscrição eleitoral. Mantêm-se exigências de renda tanto para o
eleitor (200 $), quanto para deputado (800 $) e senador (1.000 $ 000,
um conto de réis).
Em termos de sufrágio e participação popular no processo
político, possuía o município da Corte, em 1876, em números redondos,
16.000 votantes de primero grau e 507 eleitores (9). Em 1881, com
a adoção das eleições diretas e censitárias, contava com 6.665
eleitores inscritos sobre uma população que deveria situar-se acima de
350 mil habitantes. Se considerarmos, por um lado, que a exigência
de 200 $ para a qualificação do votante de 1876 era a mesma para
o eleitor de 1881 e que, por outro, o crescimento populacional deve
ter sido de 50.000 habitantes entre as duas datas, dúvidas podem
ser levantadas quanto à validade de ambos os alistamentos. Mas ao
levarmos em conta apenas o fato de que, pela lei de 1881, a
inscrição de eleitor exigia um processamento burocrático mais
complexo, fica bem clara a intenção do legislador de afastar a massa
popular (agricultores, pescadores, trabalhadores e artesãos) do
processo de participação na vida política do país. A alegação de que o
caráter elitista dessa legislação eleitoral se exprimia no censo
(200 $ 000, importância bastante modesta para a época) nãs é
totalmente válida, mesmo porque o voto do analfabeto não foi suprimido
pela lei, embora o tenha sido na prática. O eleitorado de 1881 reflete
a nova realidade social e política do fim do Império, bem como os
mecanismos mais sutis do controle do sistema de poder pela classe
dirigente. Assim, as listas de 1876, por serem feitas por recenseado-
res de quarteirão, a partir de uma experiência longamente
estabelecida — embora permitindo manipulações evidentes dos
resultados eleitorais —, representam com relativa fidelidade o perfil
social do Rio de Janeiro, observadas as ressalvas feitas de início e
ainda outras que faremos no decorrer desde artigo.
(9) Decreto de 5 de Julho de 1876 que fixa o número de eleitores das paróquias
do Império. Nesse ano, a população brasileira no Rio de Janeiro já superava os
200 000 habitantes.
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(16) São João Batista da Lagoa e Engenho Velho foram desdobradas em 1873
dando origem às freguesias da Gávea e Engenho Novo.
(17) Em 1838, a população escrava correspondia a 42,72 % da população total
do Rio de Janeiro; em 1872, a 18 %.
(18) O número total, segundo o censo, é de 78 676 aí se incluindo 13 759
escravos africanos < estrangeiros » entrados no Brasil antes da lei que aboliu o
tráfico negreiro em 1850.
(19) Nesse número estão excluídos os 12 537 escravos que foram classificados
como c pessoas sem profissão conhecida ».
(20) O projeto de lei de M. Alves Branco e José Bonifácio, de 1831, propunha
estender à mulher viúva ou vivendo separada de seu marido o direito ao voto,
por procuração.
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(21) Havia, em 1870, 24 573 mulheres escravas das quais 3 475 foram
classificadas como trabalhando no comércio, na lavoura e na manufatura.
(22) Foram recenseados 3 347 menores entre 14 e 18 anos.
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Conclusão
2. Empregados em transportes.
20. Transportes coletivos urbanos.
21. Transportes marítimos.
22. Transportes ferroviários.
23. Diversos (tropeiros, corroceiros, arreadores).
24. Sem especificação.
6. Profissões liberais.
60. Categorias superiores (tipo : tabelião, médico, advogado).
61. Categorias médias (tipo : professor, jornalista, solicitador).
62. Categorias inferiores (tipo : músico, ator).
63. Quadros superiores (tipo : engenheiro).
64. Quadros médicos (tipo : administrador).
8. Trabalho escravo.
80. Serviço doméstico.
81. Comércio.
82. Artes e ofícios.
83. Manufaturas.
84. Lavoura.
9. Diversos.
90. Serviço doméstico (urbano).
91. Estudantes.
92. Soldados e marinheiros.
93. Sem profissão.
94. Indigentes.