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O próprio processo preparativo do trabalho oral, é desafiante, por procurar estruturar algo que
idealmente será espontâneo, que também demonstra esse balanço entre liberdade e estrutura
A primeira parte do trabalho será mais expositiva, contrapondo-se à segunda, que consiste no
debate. Dont Forget the pen highlighter
• Qual o objetivo?
• Qual o dilema?
Tudo isto são aspetos que comprovam o valor da liberdade no ensino de música
NO entanto…
Até que ponto se consegue preservar esse valor em sala de aula? Fretwell apresenta uma aporia
que surge no contexto da educação anarquista, uma ideologia que considera liberdade um dos
seus valores fundamentais:
“the aporia consists in the fact that even though anarchists are ostensibly opposed to all forms of
coercive authority, some degree of coercion (in the form of sanctions proscribing certain behaviours) is
nevertheless required to protect and preserve core anarchist principles, such as a respect for ‘the equal
freedom of others.‘”(Fretwell, 2019, pág. 17)
• Qual o método?
-Valor artístico e a sua relação com o valor liberdade, apresentando perspetivas de autores como
Sartre e Hegel
Educação anarquista, no texto de Nathan Fretwell é definida como uma ideologia que procura a
liberdade, igualdade, e é contra a autoridade e coação.(Fretwell, 2019)
“equality; justice; solidarity; freedom; nonviolence; culture; happiness” (Fretwell, 2019, pág.9).
• Paideia
Uma das escolas que se rege por estes valores é Paideia, esta é situada em Espanha, o seu nome
é derivado do sistema de educação e formação ética da Grécia antiga
É pertinente referir que nesta escola o processo de crescer em liberdade não é passivo, não
consiste numa atitude relaxada onde as crianças fazem o que quiserem e os educadores
permanecem impassíveis, mas sim um exercício dinâmico que requer uma comunidade que se
guia por determinados valores e onde os direitos dos educadores e dos alunos são reconhecidos
de igual forma.(Fretwell, 2019, pag.9)
• Endoutrinamento
Há uma questão que surge e problematiza esta ideia de liberdade, não estaremos a
endoutrinar ao ensinar aos alunos de acordo com esses valores em particular?
Qual a diferença?
• Coação e autoridade
É importante fazer a distinção entre coação e autoridade, isto porque a ideologia anarquista
não é totalmente contra a autoridade, mas sim contra a coação, até porque em certas situações
poderá ser pertinente haver alguma forma de autoridade. no texto de Fretwell, ele cita Bakunin,
referindo que: “‘In the matter of boots,’ he writes, ‘I refer to the authority of the bootmaker;
concerning houses, canals, or railroads, I consult that of the architect or the engineer’”(Fretwell,
2019, pág.3) Ou seja, a autoridade poderá ser válida quando procuramos algum tipo de ajuda
profissional ou conhecimento especializado.
Ou seja, os anarquistas opõem-se à coação, definida no texto de Fretwell como: “the power
or right to compel the compliance of another against her will”.
“Ir contra à vontade o outro, e, portanto, retirar até certo ponto, a sua liberdade de escolha”
“The core conviction that ‘all forms of coercive authority are morally condemnable’ (Jun, 2010,
p. 51), shapes anarchism’s axiological and normative commitments.”.(Fretwell, 2019, pág.3)
• Natureza paradoxal
Tendo em conta esta oposição à coação, surge um paradoxo nesta ideologia, a ideologia
anarquista promove a liberdade, o que acontece quando esta é ameaçada?
Este é o paradoxo que existe na liberdade no ensino, porque ao mesmo tempo que a
procuramos incentivar, não nos conseguimos desprender totalmente da coação, quando outros
valores são ameaçados, ou quando a liberdade comum é ameaçada.
“. In the interests of justice, anarchists are compelled to both deny and affirm coercive
authority”(Fretwell, 2019, pág.13)
Como poderemos saber ao certo se determinada forma de coação é adequada ou não? Esta
dificuldade é mais facilmente compreendida pela diferenciação entre justiça e lei: “This is because
justice is not the mere application of a rule; a rule that would treat all instances equally the same.
Justice resists any such codification. It consists in an openness and responsivity to the singular
situation”(Fretwell, 2019, pág.14), Ou seja, nem quando usamos a coação como forma de manter
os outros valores poderemos saber ao certo se tivemos sucesso, porque a justiça não permite essa
certeza da mesma forma que uma regra.
Esta decisão, de acordo com Derrida, é feita em terreno incerto, o que ele intitula de
“Ordeal of the undecidable”, Fretwell descreve esta ideia como: “the decidedly undecidable
nature of all decisions. There is no finality to be had in matters of justice.”(Fretwell, 2019, pág.15)
Este valor é importante para este tópico, porque se relaciona com criatividade, e
criatividade relaciona-se com liberdade, tal como descrito por Johnson-Laird: “To be creative is
to be free to choose among alternatives” (Johnson-Laird, 1988, pag.202),
Tobias Matthay considera que o aluno deve ter capacidade de usar o seu julgamento
musical e imaginação musical em vez de reproduzir o que o professor considera adequado no
momento,(Matthay, 1913) Este excerto salienta esta necessidade do aluno desenvolver o seu
pensamento critico e utilizar a sua liberdade de escolha.
• Problem-solving
Este aspeto é benéfico para atividades de problem-solving, isto porque é necessário utilizar
o pensamento divergente, e subsequentemente o convergente para fazer a escolha que o aluno
considera mais adequada.(Webster, 1991)
Para que a criatividade seja trabalhada de forma mais desinibida, será necessária alguma
flexibilização, neste sentido Thomas Priest defende que formas de observação notórias têm
tendência para inibir a atividade criativa
• Risk-taking
Para este fim, considero benéfico promover o risk-taking, mais concretamente atividades
que promovam o risk-taking, estas consistem na aceitação e promoção do risco, e na liberdade do
aluno para poder arriscar em sala de aula, num ambiente não-punitivo. (Webster & Hickey, 2016).
Liberdade de errar: Error management vs Error avoidance
• Error management
Error management requer que o aluno seja livre de errar, de forma a saber como lidar com
as consequências do erro, isto porque de acordo com o autor, o problema não está no erro, mas
nas consequências que surgem do erro. (Kruse-Weber & Parncutt, 2014).
• Error-avoidance
Outros autores, por contraste, defendem evitar o erro, o que se chama de error avoidance,
um exemplo referido no texto é o de Bandura que via erros como algo desnecessário e “time-
consuming”, na sua perspetiva: “Students should instead recieve guidance that leads to flawless
behaviour”(Kruse-Weber & Parncutt, 2014, pag.3)
Qual destas formas de lidar com o erro apresenta mais sucesso? Evitar o erro ou ter
liberdade de errar? De acordo com o autor:
“Research in software design (Keith and Frese, 2008) found that error management
training (EMT), in which students are free to make errors, ultimately leads to higher adaptive
trans-fer when compared with error-avoidance training because errors during training stimulate
attention, which in turn facilitates later retrieval of similar problems and their solutions”(Kruse-
Weber & Parncutt, 2014, pág.3)
Música como estrutura para o transcendental, liberdade e valor
artístico.
No texto “Artistic and aesthetic values in the axiological situation” de Maria Golaszewska, é
referido o seguinte: “Perhaps the source of artistic values is the desire to make the world "one's
own", fitting the most human, individual needs.”(Golaszewska, 1985),
A autora refere que por esta razão a arte parece incluir fatores que escapam o conhecimento
científico: Emoções, fé, mitos, instintos, segredos da consciência humana. Neste sentido a arte
tem uma função estrutural do desconhecido “By structuring these factors, art makes them belong
to man's world.”.(Golaszewska, 1985, pág.35) dá-nos significação, estrutura para o
transcendental, e ao mesmo tempo, liberta-nos do concreto, leva-nos a aceitar a subjetividade, e
a fantasia.
• Música e o existencialismo
Nas palavras de Gadamer no texto de Mário Vieira de Carvalho: “a obra de arte que diz alguma
coisa confronta-nos connosco próprios” (Mário Vieira de Carvalho, 2005, pág.21) o padrão que
podemos ver nestes textos é esta ideia de que a arte é um reflexo expressivo da nossa identidade
e das nossas questões existenciais.
Jean-Philipe Deranty, refere que qualquer obra de arte revela uma atitude existencial perante o
mundo, e é uma expressão da mesma, no seguinte excerto ele cita e clarifica uma frase de Sartre:
“Hence, Sartre’s definition of the literary work, which applies broadly to all works of art: “… an
imaginary presentation of the world inasmuch as it requires human freedom (1948a, 45). In other
words, the artwork serves the purpose of “making us feel essential in relation to the world.””
(Deranty, 2019) (INASMUCH é visto que)
E para concluir apresento uma perspetiva hegeliana que interliga mais diretamente a função da
arte e a liberdade: