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Aconteceu… e agora?
Aconteceu… e agora?
“Aconteceu… e agora?”
Primeiros Socorros para pais
Autora
Micaela Pestana
Copyright @2011
Revisão 2021
Ilustrações:
Pedro Berenguer
Artista Visual
Impressão:
AVISO
Este livro baseou-se nas diretrizes do Conselho Europeu de Ressuscitação 2021 e da Cruz
Vermelha para Primeiros Socorros.
Índice
Introdução ....................................................................................................................................................... 5
Asfixia ............................................................................................................................................................ 17
Fraturas.......................................................................................................................................................... 31
Queimaduras ................................................................................................................................................. 39
Queimaduras Pequenas............................................................................................................................. 39
M
uitos são aqueles que pensam que os bebés só comem
5
e dormem! Mas já no primeiro ano de vida as crianças
são imprevisíveis e inconstantes. Exploram novos
ambientes, criam, ousam e tornam-se suscetíveis a inúmeras condições
de risco. Com uma perceção limitada do meio, pensam através de
imagens fixas e isoladas e são incapazes de compreender determinadas
situações que constituem perigo para a sua segurança.
A ocorrência de acidentes é quase sempre um marco na infância e
acontece particularmente dentro do ambiente familiar. Equipamentos
mais seguros, leis que minimizam os riscos de acidentes, estratégias de
participação dos pais para a segurança doméstica e sua auto-
consciencialização na prevenção, têm ajudado de forma significativa
para a sua redução. Porém, muitas vezes os pais não conseguem evitar
que os seus filhos explorem, conheçam o seu corpo e brinquem com
diferentes objetos, até porque ao fazerem-no, comprometerão o seu
desenvolvimento.
Na minha prática diária e experiência enquanto Enfermeira Pediátrica,
contacto pois, com um número considerável de acidentes no primeiro
ano de vida (quedas, queimaduras, intoxicação, asfixia…) e
insegurança, medo, dificuldades, dúvidas dos pais por
desconhecimento e falta de informação na atuação/ atitude a tomar
face aos anteriores.
Os acidentes representam para os pais verdadeiros pesadelos e são
fonte de preocupação e de angústia quando se deparam com um
acidente do seu filho. E nestas ocasiões é essencial saber o que fazer!
Assim, aconselha-se que conheça bem este livro e o modo como está
organizado, e que o consulte atentamente, familiarizando-se com as
técnicas e procedimentos apresentados para que, em caso de
necessidade, esteja preparado para atuar com eficácia. O “Aconteceu…
e agora?” – Primeiros Socorros para Pais está organizado em duas
partes: a primeira contempla aspetos inerentes ao desenvolvimento do
bebé e os princípios da prática do socorrismo, a segunda trata dos
primeiros socorros propriamente ditos mais frequentes no primeiro
ano de vida, aqui organizados por ordem alfabética.
Salienta-se que a leitura do manual não substitui a sua prática, ou seja,
os primeiros socorros devem ser aplicados e praticados e quando 6
possível, deve ser efetuada formação ou curso sobre primeiros
socorros/reanimação no bebé.
Um livro essencial para quem experiencia uma mudança de vida, como
a de se tornar pai, um livro indispensável para todos os que zelam pelo
bem-estar da sua família.
O desenvolvimento
do bebé e prevenção
7
de acidentes
O
primeiro ano de vida é um ano para toda a vida! É pois, um
período de grandes modificações e aprendizagem de novas
habilidades onde o bebé cresce não só em tamanho mas
também desenvolve capacidades que vão do segurar a cabeça ao
andar, e do emitir o primeiro som ao falar. Capacidades estas
determinantes para o seu futuro.
Desde o nascimento serão realizados vários testes à saúde do seu filho,
o “teste do pézinho”, testes auditivos, consultas de rotina com o
Pediatra, vacinação, avaliações periódicas do desenvolvimento com a
Enfermeira Especialista em Pediatria, tudo para garantir um bem-estar
físico, cognitivo, social e emocional do bebé e detetar precocemente 8
possíveis problemas. Assim, se o seu filho não se sentar aos 6-8 meses,
lhe darão indicações como atuar.
Contudo, cada criança é única e especial e embora as crianças se
desenvolvam através de uma sequência de passos geralmente
previsíveis, cada bebé tem um ritmo e modo próprio de
desenvolvimento.
Lembre-se também que a alimentação e hábitos de sono saudáveis, as
experiências e estímulos adequados às capacidades do bebé, bem
como amor e carinho são os principais responsáveis para um
desenvolvimento harmonioso e positivo.
Logo nos primeiros meses, o bebé aprende onde estão as suas mãos,
pés, descobre brinquedos e sorri. A partir dos 4 meses, começa a virar-
se, levanta a cabeça, inicia novos alimentos. Aos 6 meses senta-se com
apoio e aguenta o peso nas pernas, tenta alcançar objetos, segurando-
os: ri e interage. Entre os 6-8 meses desenvolve a sua motricidade e
passa objetos de uma mão para a outra, apreciando os vários jogos
sociais. Já a partir dos 8 meses pode começar a gatinhar e consegue
comer com as suas mãos. Aos 10-12 meses aguenta-se de pé, sem
apoio e anda de volta do mobiliário, explorando o meio e
desenvolvendo como nunca a sua linguagem. O hábito de se virar,
gatinhar, colocar-se de pé, pegar em objetos e o repetir de novo, e mais
uma vez e mais outra, torna-se agora muito frequente.
Mas à medida que a criança aumenta as suas habilidades e a sua
destreza, o risco de acidentes também cresce. A tendência de colocar
objetos na boca, aumenta a possibilidade de aspiração e começar a
andar, aumenta o risco de queda. As deficiências com a marcha e
inclinação desequilibrada, a lentidão nas reações, o limitado campo
visual, a incapacidade de perceber dois estímulos concomitantemente
e a falta de conhecimentos impede-as mesmo de preverem o perigo.
As crianças e ainda mais os bebés são vulneráveis aos acidentes pela
sua imaturidade, pelas características físicas e psico-cognitivas e pelas
atitudes arriscadas e irrefletidas. A imaginação, a brincadeira, a ânsia
pelo desconhecido são pois, características do comportamento infantil 9
que, se não vigiadas, podem induzir acidentes.
Assim, é necessário que deixe o seu filho aprender mas com algumas
precauções: pela segurança deles e pela sua!
Como tal, EVITE QUEDAS/FERIMENTOS e utilize fechos de segurança
para os armários e gavetas, coloque cancelas nas escadas, varandas,
janelas, use antiderrapantes nos tapetes e coloque as grades do berço
sempre para cima. Proteja as esquinas dos seus armários e as tomadas
elétricas com protetores. Coloque sempre o cinto de segurança no
carrinho de transporte do bebé e na cadeira de alimentação. Trave o
carrinho sempre que estiver parado e não pendure sacos nas suas
pegas para o bebé
não cair para trás.
Evite andarilhos, pois
são muito perigosos e
atrasam o andar.
Evite puxar o braço
da criança de forma
vigorosa: eleve a
criança por baixo
dos dois braços. Não
deixe o seu bebé
sozinho em cima de
uma mesa ou de um
sofá, nem por um instante!
EVITE QUEIMADURAS e utilize um medidor da temperatura da água do
banho ou um termómetro. Aquando do banho, deite a água fria e só
depois a quente. Teste a temperatura dos alimentos na sua mão:
lembre-se que o vidro pode estar morno, mas a comida a ferver.
Mantenha os líquidos quentes (chá, café, água) afastados da criança.
Proteja as lareiras e aquecedores: cuidado com as lâmpadas que regra
geral atraem muito os bebés! Tenha em atenção ao seu fogão e não
cozinhe com o bebé ao colo. Utilize protetor solar com fator de
proteção alto e reaplique várias vezes ao dia: vista o seu filho com
roupas leves e brancas, proteja-lhe a cara com chapéu e coloque-lhe
10
óculos de sol. Nesta idade, o bebé não deve ir à praia a não ser até às
10h30 ou depois das 18h30.
PREVINA AS INTOXICAÇÕES e mantenha medicamentos em armários
altos. Devolva os medicamentos e xaropes fora de prazo à farmácia.
Guarde produtos tóxicos na embalagem própria fora do alcance da
criança e escolha produtos que tenham uma tampa de segurança.
Guarde no seu telemóvel o número do Centro de Informação Anti-
Venenos (808 250 143).
PARA EVITAR ACIDENTES RODOVIÁRIOS siga as normas europeias e
transporte o seu bebé em cadeira própria no carro desde a saída da
maternidade. Leia as suas instruções! Sabia que os bebés devem ser
colocados preferencialmente no banco de trás e com a cadeira virada
de costas porque se houver um choque frontal a cabeça, o pescoço e
as costas serão amparados firmemente? A criança não deve viajar
voltada para a frente antes de completar 18 meses, mesmo que tenha
mais de 9 kg. Se o seu carro tem airbag frontal, recorde-se que não
pode nunca instalar a cadeira no banco da frente. Se o fizer, não se
esqueça de o desativar (alguns carros permitem-no).
EVITE ASFIXIA/SOFUCAÇÃO e coloque sempre o seu bebé deitado de
costas, e com uma discreta elevação da cabeceira da cama. Utilize um
berço com as normas de segurança europeias. Se tiver mesmo que usar
uma alcofa, utilize uma de estrutura rígida. Não coloque almofadas,
fraldas, brinquedos, laços ou fitas dentro da cama e nada a cobrir a
cabeça do bebé. Ofereça brinquedos suficientemente grandes. Tenha
cuidado que alimentos duros e lisos como os frutos secos podem
engasgar e sufocar.
PARA EVITAR AFOGAMENTOS nunca deixe o bebé sozinho na banheira,
mesmo que a quantidade de água seja muito pequena: meio palmo de
água é suficiente para uma criança se afogar! Proteja as piscinas e não
deixe baldes com água cheios.
Posto isto, aconselha-se a dar um passeio pela casa, ao nível do chão,
gatinhando ou de joelhos, para detetar os perigos que podem ameaçar
o bebé. Fora de casa também deve ter o cuidado de analisar o
ambiente onde o bebé está: não esteja à espera que os outros adultos 11
tenham a sua mesma preocupação. É claro que ninguém pode proteger
os seus filhos de tudo ou prever todos os possíveis perigos que possam
enfrentar, mas com um pouco de cuidado e aplicação de medidas
simples, pode protegê-los de um acidente maior.
Por fim, não subestime as capacidades do seu bebé! Certo tipo de
acidentes não acontecem do nada ou em momentos especiais…
Ocorrem enquanto deixa-se a criança por um segundo, enquanto olha-
se para a televisão ou deixa-se o chá em cima da mesa.
Princípios dos primeiros
socorros e chamada 12
de emergência
A
forma mais importante para proteger as nossas crianças é
termos o conhecimento sobre segurança e primeiros
socorros.
Os primeiros socorros são a primeira ajuda ou assistência dada a uma
vítima de acidente/doença súbita para estabilizar a sua situação antes
da chegada de uma ambulância ou equipa diferenciada. É a intervenção
executada por uma pessoa (ou a própria vítima) com o mínimo ou
nenhum equipamento médico. Tem como finalidade preservar a vida,
evitar o agravamento do seu estado e promover o restabelecimento.
Os seus princípios passam por prevenir, alertar e socorrer e estes
aplicam-se a todas as lesões ou doenças, independentemente da sua
gravidade.
A responsabilidade de quem presta primeiros socorros é muito grande,
mas o seu papel enquanto pai é ainda maior!
13
Os acidentes colocam os pais muito próximos à perda e sensação de
morte do filho: a ninguém ocorre estar nessa situação, muito menos
estar preparado para enfrentá-la.
Mas, os pais conhecem as crianças melhor do que ninguém como tal,
estão na melhor posição para saber o que se passa com o seu filho.
E por isso é que numa situação crítica, manter a calma pode ser o
primeiro socorro mais útil. Se estiver em pânico ou assustado, o seu
bebé reagirá e pode chorar e não colaborar. Não se sinta fragilizado
para enfrentar o imprevisto, mas também recorde-se que ninguém
substitui a equipa de intervenção diferenciada!
Assim, em caso de emergência e se estiver só, avalie rapidamente a
situação sem pôr em risco a sua vida, identifique a doença ou estado
do bebé, preste socorro imediato e adequado, sem esquecer que o
bebé pode ter mais do que uma lesão e que algumas podem exigir
maior atenção do que outras. Reconheça se a ajuda é mesmo
necessária e providencie sem demora, a chamada de socorro.
Na chamada de emergência, o operador do 112 colocar-lhe-á algumas
perguntas para avaliar a situação. Será importante, identificar-se,
descrever o local e tipo acidente (o que aconteceu?) o sexo e idade da
criança bem como, os seus sinais e sintomas. Chamar apoio
especializado dando informações diretas e precisas sobre as condições
do seu bebé e local exato do acidente é essencial!
Evite ao máximo o transporte de crianças em situação de doença ou
ferimento grave em viaturas próprias. As condições de segurança num
transporte a alta velocidade, em pânico, com a criança instável são
praticamente nulas, e portanto, o risco de acidente é muito elevado.
É igualmente conveniente manter alguns números de emergência
perto de si. À frente são apresentados os números de Emergência mais
importantes na idade pediátrica. Guarde-os no telemóvel, no quarto da
criança ou na caixa de primeiros socorros. Garanta que os responsáveis
(tios, babysitters, avós…) pelo seu filho fiquem esclarecidos sobre os
contactos de emergência e morada da casa onde se encontram.
Associe aos demais, o número do consultório do Pediatra/Médico
assistente, do seu Centro de Saúde e do Serviço de Urgência do
Hospital Dr. Nélio Mendonça (291 705 600). 14
Caixa de primeiros
socorros 15
E
m todas as casas e ainda mais aquelas com crianças, deverá
existir um estojo, kit, mala ou caixa de primeiros socorros, que
todos os membros da família deverão saber onde se encontra
guardado. Qualquer caixa de plástico fechada, protegida da luz e da
humidade pode ser utilizada para colocar utensílios e não sendo
propriamente caixas de primeiros socorros, podem ser mesmo
adaptadas para essa função. Poderá comprar o material em separado
e adicionar à caixa, obtendo-a de uma forma simples e económica.
Todavia, se sentir
mais seguro as
farmácias
disponibilizam a
sua venda. O kit,
por segurança
deverá manter o
material nas
embalagens
originais e fora do
alcance do bebé.
Todo o material
deverá estar
identificado para
facilitação, e
anualmente deverá fazer uma MATERIAL DA CAIXA DE PRIMEIROS
17
SOCORROS (Exemplo)
revisão para conferir os prazos de
validade. Sempre que a utilizar, Gelo instantâneo
1 termómetro
Pomada anti-histamínica
É
alimentos.
quando exploram o meio ambiente e engolirem a
comida depressa quando introduzem novos
Designada também como obstrução da via aérea ou
sufocação, a asfixia caracteriza-se por um objeto ou comida preso nas
vias respiratórias, bloqueando o ar parcial ou totalmente para os
pulmões. Assim, se o bebé estiver a tossir (bloqueio parcial), deixe-o
tossir e incentive-o se tiver idade para colaborar. Se não recuperar,
ficar vermelho ou arroxeado e deixar de responder (bloqueio total), a
sua atuação deve ser rápida e eficaz: efetue a manobra de Heimlich
descrita seguidamente e peça a alguém que chame uma ambulância.
pressão súbita
para dentro e para
cima em direção à
cabeça cinco
vezes. Volte a
verificar a boca.
Retire os corpos
estranhos
evidentes. Se a
obstrução
continuar repita o
procedimento três
vezes.
3. Chame o 112
Chame o 112 o quanto antes. Se o bebé estava asfixiado e ficou agora
inconsciente, deixando de respirar, inicie a reanimação no bebé (veja
também a reanimação cardio-respiratória no bebé)
Nota: A partir dos 4 meses, o bebé pode ser ensinado a imitar os sons dos pais (“da-da”
“”ma-ma”) como tal, eduque a tosse ao seu filho.
ADOPTE MEDIDAS PREVENTIVAS: CONSULTE A PÁGINA Desenvolvimento do bebé e prevenção de
acidentes.
Convulsão febril
19
A
s convulsões febris são frequentes nas crianças, devido à
imaturidade do seu sistema termo-regulador do cérebro. Como
tal, bebés com febre alta podem convulsivar, fazendo movimentos
descontrolados e súbitos com o corpo. Regra geral, este tipo de convulsão
não dura mais do que dois minutos e o bebé recupera completamente. É de
facto muito assustadora, mas saiba que apesar do aparato a convulsão febril
não causa danos graves e o risco de complicações no futuro é baixo. Se o seu
bebé já convulsivou uma primeira vez, tenha sempre consigo a bisnaga que
o médico lhe receitou para parar a convulsão!
1. Coloque o bebe
em segurança
Se pensa que se o
seu bebé está a ter
uma convulsão por
20
febre, mantenha-se
calmo e coloque-o
em local seguro, livre
de objetos perigosos
e da possibilidade de
se magoar. Poderá
estar seguro no
berço ou no chão
com almofadas de
ambos os lados.
2. Observe a convulsão
Verifique o tipo de movimentos, sinais de dificuldade respiratória, e tente se
aperceber da duração da convulsão. Se conseguir, filme com o seu
telemóvel, mas não o abandone!
3. Coloque-o de lado
Quando terminar, coloque-o deitado e de lado. Verifique a febre e administre o
paracetamol rectal (se ainda não o fez). Não ofereça líquidos nem o alimente, tal
poderá induzir o vómito e sufocar-lhe, prejudicando-lhe gravemente. Deixe-o
dormir e não o estimule!
olhos
O
s bebés acidentalmente, podem apresentar corpos estranhos nos
olhos (areias ou objetos de pequenas dimensões) e daqui podem
resultar feridas e lesões oculares graves.
Nota: Se estiver a sangrar à volta dos olhos, pressione ligeiramente até parar e
A
s crianças ativas e em desenvolvimento caem e magoam-se
frequentemente, por isso arranhões, cortes, feridas e pequenas
hemorragias são mais do que comuns!
Sempre que possível o bebé deve ser assistido ao colo (exceto se suspeitar
de traumatismo da coluna). O colo é calmante, tranquiliza e protege!
Arranhões/ escoriações
Um arranhão pode ser muito doloroso, pois a camada protetora exterior
da pele foi lesada e as terminações nervosas estão expostas. Se houver
sujidade ou corpos estranhos na ferida, pode haver mesmo risco de
infeção.
1. Dê colo.
O carinho diminui o choro e a dor.
Se sangrar faça pressão com uma compressa ou pano limpo para que
pare.
2. Calce luvas (se estiver ao seu alcance) e pressione a ferida com compressas
esterilizadas.
25
Se encharcar não as remova e aplique novas compressas sobre as anteriores,
mantendo a pressão.
Se a ferida for num membro, eleve-o para reduzir o fluxo de sangue, mas não
deixe de pressioná-la.
27
profundamente, nos órgãos. Normalmente são passageiras e
desaparecem sozinhas. Porém, podem ser dolorosas.
1. Dê colo e aplique
gelo.
Aplique gelo ou um
produto alimentar 27
congelado (p.e. um
saco de ervilhas
congeladas)
protegidos por um
pano: o gelo limita
a hemorragia.
2. Se tiver, aplique a
pomada de
equimoses
indicada pelo seu
médico.
3. Ofereça-lhe analgésico.
Nota: Se o seu bebé ficar com nódoas negras pequenas e dispersas,
sem causa aparente (ex: sem ter caído) e se a equimose for no olho
recorra ao Serviço de Urgência.
Feridas/Lesões na cabeça
As feridas na cabeça são frequentes nos bebés visto que, a cabeça é o
elemento maior e mais pesado do resto do corpo. Contudo, o crânio do
latente é mais elástico do que o das crianças mais velhas (são moles e
têm uma certa mobilidade) pelo que têm feridas normalmente mais
ligeiras. No entanto, qualquer ferida por queda ou traumatismo na
cabeça pode ser potencialmente grave e poderá provocar danos
cerebrais. Assim, deverá ter sempre em atenção sinais que possam
indicar algo mais grave.
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Se o seu bebé tem uma ferida na cabeça e age normalmente, o mais
provável é que a queda não tenha trazido consequências. Mas, não
deixe de observá-lo durante algumas horas, especialmente se bateu
com a cabeça. Se acha que a queda foi muito grande, e se está irritável,
chorando, se vomitou, convulsivo ou está sonolento, leve-o ao serviço
de urgência para ser examinado.
1. Dê colo
4. Em caso de
5. Observe sinais de
6. Vigie-o de perto.
7. Ofereça-lhe analgesia.
A
s quedas e os traumatismos, no primeiro ano de vida, 31
provocam muito poucas fraturas dado que os ossos dos
bebés estão em desenvolvimento e são por isso flexíveis e
pouco fraturáveis. Todavia, quando um bebé começa a dar os primeiros
passos e cai, se o seu braço for puxado com força ou com elevação
muito forte, o ombro pode deslocar-se. É importante que esteja atento
a sinais como: edema/inchaço/equimose, vermelhão, choro diferente
ao toque e ao movimento, diminuição da mobilidade, membro mais
curto que o outro.
Porém, pode ser muito difícil um pai verificar se o seu bebé tem um
membro partido, porque ora chora, ora dorme calmamente, porque
ainda não descreve o que sente e porque até mobiliza o membro. Caro
pai, o seu filho pode ter na mesma uma fratura com os todos os
comportamentos anteriores! Como tal, esteja também atento a outros
sinais como: recusa alimentar, prostração e mesmo febre.
2. Imobilize o membro:
Braço/antebraço/mão/ombro: Para bebés muito pequenos a
imobilização pode não ser simples e não ser tolerada. Se assim for,
pegue-lhe ao colo ou sente-o, com muito cuidado para não sentir dor.
Segure-lhe com a sua mão o braço ao peito do bebé e procure apoiar
as articulações. Pode colocar uma almofada por baixo, para apoiar o
32
braço. Não exerça muita pressão.
E
xistem vários tipos de intoxicações como a intoxicação por
inalação, contacto da pele e por ingestão. Mas os bebés são
vítimas frequentes de por intoxicações, por ingestão de
produtos tóxicos, visto serem naturalmente curiosos e sensoriais e
ótimos experimentadores quer de objetos, comida, medicamentos,
frascos... como tal, levam tudo à boca.
1. Chame o 112 ou o Centro de Informação Anti-venenos (808 250
142) - CIAV
Se suspeita que o seu bebé tomou algo e que está acordado, procure
ajuda, telefonando imediatamente e dando o máximo de informação
possível (idade, sexo, o que ingeriu, como e onde ingeriu, a quantidade
e há quanto tempo). 35
36
3. Leve consigo o frasco ou recipiente que o seu filho ingeriu
É importante levar para o serviço de urgência a embalagem do que o
seu filho tomou.
P
ara a maioria dos bebés as picadas de insetos são geralmente
inofensivas provocando algum desconforto. Tendem a
melhorar ao fim de 2 ou 3 dias. Todavia, algumas crianças
37
podem apresentar fortes reações alérgicas a determinadas picadas e
em alguns casos,
desenvolverem uma
reação anafilática
com necessidade de
intervenção
especializada.
Recomenda-se usar
repelente apenas nos
bebés com idade igual
ou superior a 6
meses, com
concentração de
DEET não superior a
10% e com
moderação.
Queimaduras Pequenas
1. Afaste o bebé da
fonte de
calor.
40
4. Se formar bolhas não as rebente.
7. Ofereça-lhe líquidos.
4. Chame o 112
E
43
m cada ano, um número de bebés e crianças sofre um
determinado acidente ou doença grave, o suficiente para pô-
los a parar de respirar (paragem respiratória). A esta, um
pequeno número destas crianças vão evoluir para uma paragem
cardíaca. A melhor maneira para assegurar a sobrevivência de uma
criança é saber oferecer manobras de reanimação cardio-respiratória
(RCP) adequadas à sua idade, que permitam manter externamente e
durante um curto espaço de tempo, a circulação e oxigenação dos
órgãos, principalmente do cérebro. A reanimação no bebé deve fazer
parte dos conhecimentos de todos os pais e deverá ser senso comum
entre os mesmos. Certamente, ao aprender estas técnicas e ao revê-
las periodicamente, irá possibilitar ao seu bebé (ou a outro) uma maior
possibilidade de sobrevivência.
1. Confirme o estado de
consciência
Aborde o bebé chamando
pelo seu nome, bata-lhe
nas suas mãos/ pés. Se
não responder está
inconsciente: peça ajuda
e grite por socorro mas
não abandone o bebé!
2. Verifique rapidamente se respira
Verifique se está respirando ou se está ofegante. Se NÃO RESPIRA OU
SE ESTÁ OFEGANTE, passe para o passo 3. Se TEM DÚVIDAS, passe para
o passo seguinte.
Se respira, coloque-lhe na posição de segurança, deitado de lado nos
seus braços, ou de lado no chão ou no berço. Chame o 112.
44
Se não respira, coloque dois dedos (anelar e médio) de uma das mãos
no centro do peito do bebé, entre os mamilos, mantendo os outros
dedos afastados. Pode também comprimir o peito abraçando o tórax
do bebé e pressionar com os dois polegares. Comprima a saída de ar
expirado.
45
Nota: Não deixe a leitura deste tema para uma situação de emergência!
Leia antecipadamente as instruções anteriores para que lhe seja mais fácil
atuar numa situação de emergência. Não pratique no seu bebé saudável
as compressões ou insuflações, mas sim em manequins ou bonecos.
Hofmann, D. & Hofmann, U. (2001), CRIANÇAS – Guia dos primeiros socorros, Colecção
Habitat, 1ª ed., Lisboa: Editorial Presença
Este abrange a informação necessária que precisa para tratar do seu bebé
doente ou ferido, ensinando-lhe passos importantes para aliviar os seus
sintomas e acelerar a sua recuperação. Ajuda-o a saber identificar quando
chamar ajuda e procurar o hospital, ajuda-o a adquirir as habilidades que
todo o pai precisa de ter.