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Aconteceu… e agora?

O livro básico para famílias com bebés


Micaela Pestana
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Aconteceu… e agora?

O livro básico para famílias com bebés


Micaela Pestana
Enfermeira Especialista em Saúde Infantil e Pediatria
3

“Aconteceu… e agora?”
Primeiros Socorros para pais

Autora
Micaela Pestana

Copyright @2011

Revisão 2021

Ilustrações:

Pedro Berenguer
Artista Visual

Impressão:

Cartonada Artes Gráficas, Lda.

AVISO

Este livro baseou-se nas diretrizes do Conselho Europeu de Ressuscitação 2021 e da Cruz
Vermelha para Primeiros Socorros.
Índice
Introdução ....................................................................................................................................................... 5

O desenvolvimento do bebé e prevenção de acidentes ................................................................................ 7

Princípios dos primeiros socorros e chamada de emergência ..................................................................... 12

Caixa de primeiros socorros .......................................................................................................................... 15

Asfixia ............................................................................................................................................................ 17

Convulsão febril ............................................................................................................................................. 19

Corpos estranhos nos olhos .......................................................................................................................... 21

Feridas e Hemorragias ................................................................................................................................... 22

Arranhões/ escoriações ............................................................................................................................. 22

Cortes superficiais/ hemorragias pequenas ............................................................................................. 24

Cortes profundos/ hemorragias grandes .................................................................................................. 24

Equimoses (nódoas negras)....................................................................................................................... 26

Feridas/Lesões na cabeça .......................................................................................................................... 27

Fraturas.......................................................................................................................................................... 31

Intoxicações/ envenenamento ..................................................................................................................... 34

Picadas de insectos ........................................................................................................................................ 37

Queimaduras ................................................................................................................................................. 39

Queimaduras Pequenas............................................................................................................................. 39

Queimaduras grandes ............................................................................................................................... 41

Reanimação Cardio-respiratória no bebé ..................................................................................................... 43

Sites e livros recomendados .......................................................................................................................... 47


Introdução

M
uitos são aqueles que pensam que os bebés só comem
5
e dormem! Mas já no primeiro ano de vida as crianças
são imprevisíveis e inconstantes. Exploram novos
ambientes, criam, ousam e tornam-se suscetíveis a inúmeras condições
de risco. Com uma perceção limitada do meio, pensam através de
imagens fixas e isoladas e são incapazes de compreender determinadas
situações que constituem perigo para a sua segurança.
A ocorrência de acidentes é quase sempre um marco na infância e
acontece particularmente dentro do ambiente familiar. Equipamentos
mais seguros, leis que minimizam os riscos de acidentes, estratégias de
participação dos pais para a segurança doméstica e sua auto-
consciencialização na prevenção, têm ajudado de forma significativa
para a sua redução. Porém, muitas vezes os pais não conseguem evitar
que os seus filhos explorem, conheçam o seu corpo e brinquem com
diferentes objetos, até porque ao fazerem-no, comprometerão o seu
desenvolvimento.
Na minha prática diária e experiência enquanto Enfermeira Pediátrica,
contacto pois, com um número considerável de acidentes no primeiro
ano de vida (quedas, queimaduras, intoxicação, asfixia…) e
insegurança, medo, dificuldades, dúvidas dos pais por
desconhecimento e falta de informação na atuação/ atitude a tomar
face aos anteriores.
Os acidentes representam para os pais verdadeiros pesadelos e são
fonte de preocupação e de angústia quando se deparam com um
acidente do seu filho. E nestas ocasiões é essencial saber o que fazer!
Assim, aconselha-se que conheça bem este livro e o modo como está
organizado, e que o consulte atentamente, familiarizando-se com as
técnicas e procedimentos apresentados para que, em caso de
necessidade, esteja preparado para atuar com eficácia. O “Aconteceu…
e agora?” – Primeiros Socorros para Pais está organizado em duas
partes: a primeira contempla aspetos inerentes ao desenvolvimento do
bebé e os princípios da prática do socorrismo, a segunda trata dos
primeiros socorros propriamente ditos mais frequentes no primeiro
ano de vida, aqui organizados por ordem alfabética.
Salienta-se que a leitura do manual não substitui a sua prática, ou seja,
os primeiros socorros devem ser aplicados e praticados e quando 6
possível, deve ser efetuada formação ou curso sobre primeiros
socorros/reanimação no bebé.
Um livro essencial para quem experiencia uma mudança de vida, como
a de se tornar pai, um livro indispensável para todos os que zelam pelo
bem-estar da sua família.
O desenvolvimento
do bebé e prevenção
7

de acidentes

O
primeiro ano de vida é um ano para toda a vida! É pois, um
período de grandes modificações e aprendizagem de novas
habilidades onde o bebé cresce não só em tamanho mas
também desenvolve capacidades que vão do segurar a cabeça ao
andar, e do emitir o primeiro som ao falar. Capacidades estas
determinantes para o seu futuro.
Desde o nascimento serão realizados vários testes à saúde do seu filho,
o “teste do pézinho”, testes auditivos, consultas de rotina com o
Pediatra, vacinação, avaliações periódicas do desenvolvimento com a
Enfermeira Especialista em Pediatria, tudo para garantir um bem-estar
físico, cognitivo, social e emocional do bebé e detetar precocemente 8
possíveis problemas. Assim, se o seu filho não se sentar aos 6-8 meses,
lhe darão indicações como atuar.
Contudo, cada criança é única e especial e embora as crianças se
desenvolvam através de uma sequência de passos geralmente
previsíveis, cada bebé tem um ritmo e modo próprio de
desenvolvimento.
Lembre-se também que a alimentação e hábitos de sono saudáveis, as
experiências e estímulos adequados às capacidades do bebé, bem
como amor e carinho são os principais responsáveis para um
desenvolvimento harmonioso e positivo.
Logo nos primeiros meses, o bebé aprende onde estão as suas mãos,
pés, descobre brinquedos e sorri. A partir dos 4 meses, começa a virar-
se, levanta a cabeça, inicia novos alimentos. Aos 6 meses senta-se com
apoio e aguenta o peso nas pernas, tenta alcançar objetos, segurando-
os: ri e interage. Entre os 6-8 meses desenvolve a sua motricidade e
passa objetos de uma mão para a outra, apreciando os vários jogos
sociais. Já a partir dos 8 meses pode começar a gatinhar e consegue
comer com as suas mãos. Aos 10-12 meses aguenta-se de pé, sem
apoio e anda de volta do mobiliário, explorando o meio e
desenvolvendo como nunca a sua linguagem. O hábito de se virar,
gatinhar, colocar-se de pé, pegar em objetos e o repetir de novo, e mais
uma vez e mais outra, torna-se agora muito frequente.
Mas à medida que a criança aumenta as suas habilidades e a sua
destreza, o risco de acidentes também cresce. A tendência de colocar
objetos na boca, aumenta a possibilidade de aspiração e começar a
andar, aumenta o risco de queda. As deficiências com a marcha e
inclinação desequilibrada, a lentidão nas reações, o limitado campo
visual, a incapacidade de perceber dois estímulos concomitantemente
e a falta de conhecimentos impede-as mesmo de preverem o perigo.
As crianças e ainda mais os bebés são vulneráveis aos acidentes pela
sua imaturidade, pelas características físicas e psico-cognitivas e pelas
atitudes arriscadas e irrefletidas. A imaginação, a brincadeira, a ânsia
pelo desconhecido são pois, características do comportamento infantil 9
que, se não vigiadas, podem induzir acidentes.
Assim, é necessário que deixe o seu filho aprender mas com algumas
precauções: pela segurança deles e pela sua!
Como tal, EVITE QUEDAS/FERIMENTOS e utilize fechos de segurança
para os armários e gavetas, coloque cancelas nas escadas, varandas,
janelas, use antiderrapantes nos tapetes e coloque as grades do berço
sempre para cima. Proteja as esquinas dos seus armários e as tomadas
elétricas com protetores. Coloque sempre o cinto de segurança no
carrinho de transporte do bebé e na cadeira de alimentação. Trave o
carrinho sempre que estiver parado e não pendure sacos nas suas
pegas para o bebé
não cair para trás.
Evite andarilhos, pois
são muito perigosos e
atrasam o andar.
Evite puxar o braço
da criança de forma
vigorosa: eleve a
criança por baixo
dos dois braços. Não
deixe o seu bebé
sozinho em cima de
uma mesa ou de um
sofá, nem por um instante!
EVITE QUEIMADURAS e utilize um medidor da temperatura da água do
banho ou um termómetro. Aquando do banho, deite a água fria e só
depois a quente. Teste a temperatura dos alimentos na sua mão:
lembre-se que o vidro pode estar morno, mas a comida a ferver.
Mantenha os líquidos quentes (chá, café, água) afastados da criança.
Proteja as lareiras e aquecedores: cuidado com as lâmpadas que regra
geral atraem muito os bebés! Tenha em atenção ao seu fogão e não
cozinhe com o bebé ao colo. Utilize protetor solar com fator de
proteção alto e reaplique várias vezes ao dia: vista o seu filho com
roupas leves e brancas, proteja-lhe a cara com chapéu e coloque-lhe
10
óculos de sol. Nesta idade, o bebé não deve ir à praia a não ser até às
10h30 ou depois das 18h30.
PREVINA AS INTOXICAÇÕES e mantenha medicamentos em armários
altos. Devolva os medicamentos e xaropes fora de prazo à farmácia.
Guarde produtos tóxicos na embalagem própria fora do alcance da
criança e escolha produtos que tenham uma tampa de segurança.
Guarde no seu telemóvel o número do Centro de Informação Anti-
Venenos (808 250 143).
PARA EVITAR ACIDENTES RODOVIÁRIOS siga as normas europeias e
transporte o seu bebé em cadeira própria no carro desde a saída da
maternidade. Leia as suas instruções! Sabia que os bebés devem ser
colocados preferencialmente no banco de trás e com a cadeira virada
de costas porque se houver um choque frontal a cabeça, o pescoço e
as costas serão amparados firmemente? A criança não deve viajar
voltada para a frente antes de completar 18 meses, mesmo que tenha
mais de 9 kg. Se o seu carro tem airbag frontal, recorde-se que não
pode nunca instalar a cadeira no banco da frente. Se o fizer, não se
esqueça de o desativar (alguns carros permitem-no).
EVITE ASFIXIA/SOFUCAÇÃO e coloque sempre o seu bebé deitado de
costas, e com uma discreta elevação da cabeceira da cama. Utilize um
berço com as normas de segurança europeias. Se tiver mesmo que usar
uma alcofa, utilize uma de estrutura rígida. Não coloque almofadas,
fraldas, brinquedos, laços ou fitas dentro da cama e nada a cobrir a
cabeça do bebé. Ofereça brinquedos suficientemente grandes. Tenha
cuidado que alimentos duros e lisos como os frutos secos podem
engasgar e sufocar.
PARA EVITAR AFOGAMENTOS nunca deixe o bebé sozinho na banheira,
mesmo que a quantidade de água seja muito pequena: meio palmo de
água é suficiente para uma criança se afogar! Proteja as piscinas e não
deixe baldes com água cheios.
Posto isto, aconselha-se a dar um passeio pela casa, ao nível do chão,
gatinhando ou de joelhos, para detetar os perigos que podem ameaçar
o bebé. Fora de casa também deve ter o cuidado de analisar o
ambiente onde o bebé está: não esteja à espera que os outros adultos 11
tenham a sua mesma preocupação. É claro que ninguém pode proteger
os seus filhos de tudo ou prever todos os possíveis perigos que possam
enfrentar, mas com um pouco de cuidado e aplicação de medidas
simples, pode protegê-los de um acidente maior.
Por fim, não subestime as capacidades do seu bebé! Certo tipo de
acidentes não acontecem do nada ou em momentos especiais…
Ocorrem enquanto deixa-se a criança por um segundo, enquanto olha-
se para a televisão ou deixa-se o chá em cima da mesa.
Princípios dos primeiros
socorros e chamada 12

de emergência

A
forma mais importante para proteger as nossas crianças é
termos o conhecimento sobre segurança e primeiros
socorros.
Os primeiros socorros são a primeira ajuda ou assistência dada a uma
vítima de acidente/doença súbita para estabilizar a sua situação antes
da chegada de uma ambulância ou equipa diferenciada. É a intervenção
executada por uma pessoa (ou a própria vítima) com o mínimo ou
nenhum equipamento médico. Tem como finalidade preservar a vida,
evitar o agravamento do seu estado e promover o restabelecimento.
Os seus princípios passam por prevenir, alertar e socorrer e estes
aplicam-se a todas as lesões ou doenças, independentemente da sua
gravidade.
A responsabilidade de quem presta primeiros socorros é muito grande,
mas o seu papel enquanto pai é ainda maior!
13
Os acidentes colocam os pais muito próximos à perda e sensação de
morte do filho: a ninguém ocorre estar nessa situação, muito menos
estar preparado para enfrentá-la.
Mas, os pais conhecem as crianças melhor do que ninguém como tal,
estão na melhor posição para saber o que se passa com o seu filho.
E por isso é que numa situação crítica, manter a calma pode ser o
primeiro socorro mais útil. Se estiver em pânico ou assustado, o seu
bebé reagirá e pode chorar e não colaborar. Não se sinta fragilizado
para enfrentar o imprevisto, mas também recorde-se que ninguém
substitui a equipa de intervenção diferenciada!
Assim, em caso de emergência e se estiver só, avalie rapidamente a
situação sem pôr em risco a sua vida, identifique a doença ou estado
do bebé, preste socorro imediato e adequado, sem esquecer que o
bebé pode ter mais do que uma lesão e que algumas podem exigir
maior atenção do que outras. Reconheça se a ajuda é mesmo
necessária e providencie sem demora, a chamada de socorro.
Na chamada de emergência, o operador do 112 colocar-lhe-á algumas
perguntas para avaliar a situação. Será importante, identificar-se,
descrever o local e tipo acidente (o que aconteceu?) o sexo e idade da
criança bem como, os seus sinais e sintomas. Chamar apoio
especializado dando informações diretas e precisas sobre as condições
do seu bebé e local exato do acidente é essencial!
Evite ao máximo o transporte de crianças em situação de doença ou
ferimento grave em viaturas próprias. As condições de segurança num
transporte a alta velocidade, em pânico, com a criança instável são
praticamente nulas, e portanto, o risco de acidente é muito elevado.
É igualmente conveniente manter alguns números de emergência
perto de si. À frente são apresentados os números de Emergência mais
importantes na idade pediátrica. Guarde-os no telemóvel, no quarto da
criança ou na caixa de primeiros socorros. Garanta que os responsáveis
(tios, babysitters, avós…) pelo seu filho fiquem esclarecidos sobre os
contactos de emergência e morada da casa onde se encontram.
Associe aos demais, o número do consultório do Pediatra/Médico
assistente, do seu Centro de Saúde e do Serviço de Urgência do
Hospital Dr. Nélio Mendonça (291 705 600). 14
Caixa de primeiros
socorros 15

E
m todas as casas e ainda mais aquelas com crianças, deverá
existir um estojo, kit, mala ou caixa de primeiros socorros, que
todos os membros da família deverão saber onde se encontra
guardado. Qualquer caixa de plástico fechada, protegida da luz e da
humidade pode ser utilizada para colocar utensílios e não sendo
propriamente caixas de primeiros socorros, podem ser mesmo
adaptadas para essa função. Poderá comprar o material em separado
e adicionar à caixa, obtendo-a de uma forma simples e económica.
Todavia, se sentir
mais seguro as
farmácias
disponibilizam a
sua venda. O kit,
por segurança
deverá manter o
material nas
embalagens
originais e fora do
alcance do bebé.
Todo o material
deverá estar
identificado para
facilitação, e
anualmente deverá fazer uma MATERIAL DA CAIXA DE PRIMEIROS
17
SOCORROS (Exemplo)
revisão para conferir os prazos de
validade. Sempre que a utilizar, Gelo instantâneo

substitua o material que usou: não Esponja hemostática

queira encontrá-la sem o que 1 caixa de pensos rápidos de


diferentes tamanhos
precisa!
Coloque uma identificação com os 3 pensos de outros tamanhos

números de emergência (veja o Adesivo antialérgico de diferentes


tamanhos
capitulo anterior) mas também a
16 Fitas adesivas para suturas
quantidade de medicação e a data
prescrita pelo Pediatra ou Médico 10 compressas esterilizadas de
diferentes tamanhos (15 x 15 cm, 10 x
assistente, como por exemplo, de
10 cm, 7,5 x 7,5 cm)
ben-u-ron® ou brufen®. Repare
2 ligaduras de gaze de diferentes
que algumas dosagens têm de ser tamanhos
aplicadas de acordo com a idade e
2 ligaduras elásticas de diferentes
peso da criança, logo há que tamanhos
atualizá-las! Assinale ainda as Luvas de proteção
alergias conhecidas. Para obter 1 desinfetante de mãos
uma caixa bem organizada e
Solução antisséptica/ Frasco de álcool
prestar auxílio correto e eficaz
1 frasco de solução dérmica iodada
num evento de urgência, verifique
1 frasco de soro fisiológico
se esta contém instruções básicas
1 tesoura com pontas redondas
de primeiros socorros no bebé.
1 pinça

1 termómetro

Paracetamol rectal e oral e seringa para


administração

Repelente de insectos (para bebés com


>6 meses de idade)

Solução de re-hidratação oral para


desidratações

Pomada anti-histamínica

Pomada para equimoses

Pomada para pequenas queimaduras

Creme emoliente tipo vaselina

2 sacos de plástico para sujos


Asfixia
muito comum os bebés levarem objetos à boca 17

É
alimentos.
quando exploram o meio ambiente e engolirem a
comida depressa quando introduzem novos
Designada também como obstrução da via aérea ou
sufocação, a asfixia caracteriza-se por um objeto ou comida preso nas
vias respiratórias, bloqueando o ar parcial ou totalmente para os
pulmões. Assim, se o bebé estiver a tossir (bloqueio parcial), deixe-o
tossir e incentive-o se tiver idade para colaborar. Se não recuperar,
ficar vermelho ou arroxeado e deixar de responder (bloqueio total), a
sua atuação deve ser rápida e eficaz: efetue a manobra de Heimlich
descrita seguidamente e peça a alguém que chame uma ambulância.

1. Bata cinco vezes nas costas


Deixe o bebé tossir para tentar
desbloquear a passagem do ar.
Se ele não conseguir chorar ou
tossir, deite-o de barriga para
baixo no seu braço, apoiando a
cabeça com a mão. Bata cinco
vezes nas costas entre as
omoplatas com o fundo da
outra mão. Vire o bebé para
cima da outra mão e espreite
para dentro da boca. Retire os
corpos estranhos evidentes.
Não os empurre para dentro! Peça a alguém para pedir ajuda.
2. Empurre cinco vezes o peito
Se o bebé não expeliu nada, deite-o virado para cima no seu braço com a
cabeça mais baixa, apoiando a cabeça com a mão. Coloque dois dedos no
esterno, logo
abaixo da linha
dos mamilos. Faça 18

pressão súbita
para dentro e para
cima em direção à
cabeça cinco
vezes. Volte a
verificar a boca.
Retire os corpos
estranhos
evidentes. Se a
obstrução
continuar repita o
procedimento três
vezes.

3. Chame o 112
Chame o 112 o quanto antes. Se o bebé estava asfixiado e ficou agora
inconsciente, deixando de respirar, inicie a reanimação no bebé (veja
também a reanimação cardio-respiratória no bebé)

Nota: A partir dos 4 meses, o bebé pode ser ensinado a imitar os sons dos pais (“da-da”
“”ma-ma”) como tal, eduque a tosse ao seu filho.
ADOPTE MEDIDAS PREVENTIVAS: CONSULTE A PÁGINA Desenvolvimento do bebé e prevenção de
acidentes.
Convulsão febril
19

A
s convulsões febris são frequentes nas crianças, devido à
imaturidade do seu sistema termo-regulador do cérebro. Como
tal, bebés com febre alta podem convulsivar, fazendo movimentos
descontrolados e súbitos com o corpo. Regra geral, este tipo de convulsão
não dura mais do que dois minutos e o bebé recupera completamente. É de
facto muito assustadora, mas saiba que apesar do aparato a convulsão febril
não causa danos graves e o risco de complicações no futuro é baixo. Se o seu
bebé já convulsivou uma primeira vez, tenha sempre consigo a bisnaga que
o médico lhe receitou para parar a convulsão!
1. Coloque o bebe
em segurança
Se pensa que se o
seu bebé está a ter
uma convulsão por
20
febre, mantenha-se
calmo e coloque-o
em local seguro, livre
de objetos perigosos
e da possibilidade de
se magoar. Poderá
estar seguro no
berço ou no chão
com almofadas de
ambos os lados.

2. Observe a convulsão
Verifique o tipo de movimentos, sinais de dificuldade respiratória, e tente se
aperceber da duração da convulsão. Se conseguir, filme com o seu
telemóvel, mas não o abandone!

3. Coloque-o de lado
Quando terminar, coloque-o deitado e de lado. Verifique a febre e administre o
paracetamol rectal (se ainda não o fez). Não ofereça líquidos nem o alimente, tal
poderá induzir o vómito e sufocar-lhe, prejudicando-lhe gravemente. Deixe-o
dormir e não o estimule!

4. Chame o 112 e recorra ao serviço de urgência

Nota: Toda a primeira convulsão febril exige observação e recorrência ao serviço de


urgência. Se o bebé convulsivar mais do que 5 minutos e apresentar um tom azulado, ligue
imediatamente para o 112. ADOPTE MEDIDAS PREVENTIVAS: vigie e controle corretamente a
temperatura do seu bebé. Para dúvidas consulte o seu especialista.
Corpos estranhos nos
21

olhos

O
s bebés acidentalmente, podem apresentar corpos estranhos nos
olhos (areias ou objetos de pequenas dimensões) e daqui podem
resultar feridas e lesões oculares graves.

1. Incline a sua cabeça para o lado e puxe a pálpebra inferior


Se o seu filho queixa-se do olho e você não consegue ver nada a não ser
irritação/vermelhão, coloque a sua cabeça de lado. Pode necessitar de ajuda
para o posicionar.

2. Lave o olho com água ou soro fisiológico mantendo a pálpebra inferior


para baixo.

3. Ofereça-lhe analgésico (ex: paracetamol) e certifique-se que ele não


esfrega o olho.

4. Contacte o serviço de urgência e consulte o médico.

Nota: Se estiver a sangrar à volta dos olhos, pressione ligeiramente até parar e

contacte o serviço de urgência ou 112.


Feridas e Hemorragias
22

A
s crianças ativas e em desenvolvimento caem e magoam-se
frequentemente, por isso arranhões, cortes, feridas e pequenas
hemorragias são mais do que comuns!

No entanto, é importante recordar que existem outro tipo de


hemorragias, designadas internas e que após uma fratura ou queda não
são visíveis. Assim, se o seu filho sofreu uma pancada no peito ou no
abdómen, geme, queixa-se de dores, tem dificuldade para respirar e
encontra-se pálido, chame imediatamente o 112.

Sempre que possível o bebé deve ser assistido ao colo (exceto se suspeitar
de traumatismo da coluna). O colo é calmante, tranquiliza e protege!

Arranhões/ escoriações
Um arranhão pode ser muito doloroso, pois a camada protetora exterior
da pele foi lesada e as terminações nervosas estão expostas. Se houver
sujidade ou corpos estranhos na ferida, pode haver mesmo risco de
infeção.

1. Dê colo.
O carinho diminui o choro e a dor.

2. Lave o ferimento muito bem com água tépida ou soro fisiológico.


23

3. Seque a escoriação e cubra com um penso rápido ou com uma gaze


para manter a ferida limpa e seca.

Se sangrar faça pressão com uma compressa ou pano limpo para que
pare.

4. Ofereça analgésico, como o paracetamol rectal.


5. Mude o penso se ficar sujo ou molhado.

Nota: Se a área for muito extensa, se apresentar vidros ou outros


corpos estranhos recorra ao serviço de urgência.
Cortes superficiais/
hemorragias pequenas
24
Em caso de hemorragia pequena, o tratamento em casa é, em regra, bem-
sucedido. Mas se o corte/hemorragia for no rosto, será melhor pedir
aconselhamento profissional.

1. Dê colo e pressione a ferida.


Com uma compressa esterilizada pressione a ferida e eleve se possível a
zona mais alta, para reduzir o fluxo de sangue. Não deixe nunca de fazer
pressão e se não conseguir executar os dois procedimentos em simultâneo,
exerça apenas pressão.

2. Se as compressas ficarem cobertas de sangue, pressione com uma outra


camada de compressas.
Atenção: não remova as primeiras para não reiniciar a hemorragia!

3. Limpe bem a ferida com uma solução antisséptica e seque-a.


4. Aplique penso rápido ou uma compressa esterilizada com adesivo.
Se no dia após o ferimento estiver seca, retire o penso.

Cortes profundos/ hemorragias


grandes
A maior parte deste tipo de ferida provoca lesão interna e como tal, necessita
de controlo imediato da hemorragia e observação profissional pelo risco de
complicações.

Se o seu bebé sofreu um corte profundo e tem uma hemorragia abundante,


chame ajuda e peça para telefonar para o 112.
1. Se possível dê colo

2. Calce luvas (se estiver ao seu alcance) e pressione a ferida com compressas
esterilizadas.

25
Se encharcar não as remova e aplique novas compressas sobre as anteriores,
mantendo a pressão.

Se a ferida for num membro, eleve-o para reduzir o fluxo de sangue, mas não
deixe de pressioná-la.

3. Aplique uma ligadura firmemente sobre as compressas


Quando a hemorragia estiver controlada, coloque uma ligadura com
alguma pressão. Tenha o cuidado com as extremidades para não ficarem
com a pele arroxeada, pálida ou fria. As extremidades devem-se manter
quentes.
26

4. Verifique se há sangue na ligadura.

Se for o caso aplique novas compressas por cima fazendo pressão


direta com a mão.

5. Chame o 112 ou dependendo da área exposta, recorra a um serviço


de urgência.

Nota: Se um membro ou parte do corpo for amputado, deve colocar


num saco de plástico limpo e levar consigo para o serviço de urgência.
ADOPTE MEDIDAS PREVENTIVAS: Consulte a página Desenvolvimento do
bebé e prevenção de acidentes

Equimoses (nódoas negras)


As nódoas negras são hemorragias nos pequenos vasos sanguíneos que
rebentam depois de serem atingidos. Podem ocorrer na pele ou mais

27
profundamente, nos órgãos. Normalmente são passageiras e
desaparecem sozinhas. Porém, podem ser dolorosas.

1. Dê colo e aplique
gelo.

Aplique gelo ou um
produto alimentar 27
congelado (p.e. um
saco de ervilhas
congeladas)
protegidos por um
pano: o gelo limita
a hemorragia.

2. Se tiver, aplique a
pomada de
equimoses
indicada pelo seu
médico.

3. Ofereça-lhe analgésico.
Nota: Se o seu bebé ficar com nódoas negras pequenas e dispersas,
sem causa aparente (ex: sem ter caído) e se a equimose for no olho
recorra ao Serviço de Urgência.

Feridas/Lesões na cabeça
As feridas na cabeça são frequentes nos bebés visto que, a cabeça é o
elemento maior e mais pesado do resto do corpo. Contudo, o crânio do
latente é mais elástico do que o das crianças mais velhas (são moles e
têm uma certa mobilidade) pelo que têm feridas normalmente mais
ligeiras. No entanto, qualquer ferida por queda ou traumatismo na
cabeça pode ser potencialmente grave e poderá provocar danos
cerebrais. Assim, deverá ter sempre em atenção sinais que possam
indicar algo mais grave.
28
Se o seu bebé tem uma ferida na cabeça e age normalmente, o mais
provável é que a queda não tenha trazido consequências. Mas, não
deixe de observá-lo durante algumas horas, especialmente se bateu
com a cabeça. Se acha que a queda foi muito grande, e se está irritável,
chorando, se vomitou, convulsivo ou está sonolento, leve-o ao serviço
de urgência para ser examinado.

Tenha em atenção que se a ferida da cabeça resultou de um acidente


grave, e o bebé bateu com a cabeça/costas, poderá haver traumatismo
vertebro-medular pelo que o seu filho não deverá ser mexido. Se assim
acontecer, mantenha-o calmo e quieto, controle a hemorragia (se
tiver), não o abandone e chame por ajuda.

Se a ferida advir de um traumatismo menor e direto (ex: embate numa


mesa, pedrada na cabeça):

1. Dê colo

2. Se houver hemorragia pressione a ferida com compressas


esterilizadas.

É habitual neste tipo de feridas haver muito sangramento. Se houver


hemorragia no ouvido/nariz não pressione, nem introduza nada!
Coloque apenas uma compressa solta.
3. Coloque um gorro a segurar a compressa 29

4. Em caso de

hematoma, aplique gelo. Aplique


gelo em intervalos de 5-10 minutos,
protegido num pano: o gelo impede
que este aumente e atenua a dor.

5. Observe sinais de

ferimento grave sugerindo


traumatismo craniano grave:
sonolência, choro irritável, vómitos
persistentes, pupilas de tamanhos
diferentes, convulsões,
hematomas/equimoses,
sangue/líquido nos ouvidos/nariz
são sinais de alerta e como tal deve
chamar o 112.

6. Vigie-o de perto.

Se o seu bebé adormecer, acorde-o ocasionalmente, para ver se


desperta e como reage.
30

7. Ofereça-lhe analgesia.

Ofereça-lhe por exemplo, o paracetamol rectal.

Nota: Se tiver dúvidas contacte o serviço de urgência. ADOPTE MEDIDAS


PREVENTIVAS: Consulte a página Desenvolvimento do bebé e prevenção de
acidentes
Fraturas

A
s quedas e os traumatismos, no primeiro ano de vida, 31
provocam muito poucas fraturas dado que os ossos dos
bebés estão em desenvolvimento e são por isso flexíveis e
pouco fraturáveis. Todavia, quando um bebé começa a dar os primeiros
passos e cai, se o seu braço for puxado com força ou com elevação
muito forte, o ombro pode deslocar-se. É importante que esteja atento
a sinais como: edema/inchaço/equimose, vermelhão, choro diferente
ao toque e ao movimento, diminuição da mobilidade, membro mais
curto que o outro.

Porém, pode ser muito difícil um pai verificar se o seu bebé tem um
membro partido, porque ora chora, ora dorme calmamente, porque
ainda não descreve o que sente e porque até mobiliza o membro. Caro
pai, o seu filho pode ter na mesma uma fratura com os todos os
comportamentos anteriores! Como tal, esteja também atento a outros
sinais como: recusa alimentar, prostração e mesmo febre.

Na dúvida é melhor o bebé ser observado e se necessário, fazer uma


radiografia.

Se suspeitar que o seu filho tem um osso partido:

1. Reconforte o seu filho e incentive-o a ficar o mais quieto


possível.

Acarinhe-o cuidadosamente e não abuse do movimento: se é movido


desnecessariamente as extremidades dos ossos podem danificar os
vasos sanguíneos e nervos! Peça ajuda a alguém.

2. Imobilize o membro:
Braço/antebraço/mão/ombro: Para bebés muito pequenos a
imobilização pode não ser simples e não ser tolerada. Se assim for,
pegue-lhe ao colo ou sente-o, com muito cuidado para não sentir dor.
Segure-lhe com a sua mão o braço ao peito do bebé e procure apoiar
as articulações. Pode colocar uma almofada por baixo, para apoiar o
32
braço. Não exerça muita pressão.

Para bebés maiores: Sente-o e coloque temporariamente o braço


ao peito com o que tiver, ligadura em triângulo, lenço, xaile. Apoie
com as mãos as articulações. Dê um nó no lado do pescoço oposto
à lesão. A mão do bebé deve ficar numa posição relativamente
elevada e os dedos devem ficar expostos. Distraia-o se conseguir!

Perna/pé (muito raras): sente ou deite o bebé, e apoie a perna


segurando nas articulações acima e abaixo da área lesada. Coloque
mantas/toalhas enroladas, uma de cada lado da perna lesada.
Mantenha-o calmo e em repouso.
3. Chame uma ambulância

Se a fratura for no braço ou mão, pode levá-lo você mesmo para o


hospital (em carro particular com uma pessoa a segurar na criança
enquanto conduz). Se o seu filho não consegue dobrar o cotovelo ou 33
tem uma lesão na perna telefone para o 112. Terá de ser levado para o
hospital com talas macias e apropriadas ao seu tamanho.

Nota: Em caso de acidente grave, e se a fratura for acompanhada por


uma ferida, esta deverá ser coberta, com compressas e soro fisiológico.
Para outro tipo de suspeita de fratura, mantenha o bebé quieto, em
repouso e chame o 112. ADOPTE MEDIDAS PREVENTIVAS: Consulte a página
Desenvolvimento do bebé e prevenção de acidentes
Intoxicações/
envenenamento 34

E
xistem vários tipos de intoxicações como a intoxicação por
inalação, contacto da pele e por ingestão. Mas os bebés são
vítimas frequentes de por intoxicações, por ingestão de
produtos tóxicos, visto serem naturalmente curiosos e sensoriais e
ótimos experimentadores quer de objetos, comida, medicamentos,
frascos... como tal, levam tudo à boca.
1. Chame o 112 ou o Centro de Informação Anti-venenos (808 250
142) - CIAV

Se suspeita que o seu bebé tomou algo e que está acordado, procure
ajuda, telefonando imediatamente e dando o máximo de informação
possível (idade, sexo, o que ingeriu, como e onde ingeriu, a quantidade
e há quanto tempo). 35

Se o seu bebé não responde parecendo-lhe inconsciente e não respira,


inicie a reanimação no bebé, tendo em conta que perante uma
intoxicação por pesticidas, não deverá realizar ventilações.
Chame por ajuda!

2. Não o abandone, não lhe dê nada, nem induza o vómito!

Fique com o seu filho e continue a falar com ele.


Dependendo do que tomou poderá vomitar (não tente induzir o
vómito). Coloque-o em posição lateral de segurança, deitado de
lado nos seus braços, no chão ou no berço. Os latentes, devido ao
peso elevado da cabeça e à instabilidade do corpo, devem ser
lateralizados com a ajuda de uma almofada nas costas, para manter
a posição estável. A posição lateral de segurança evite a obstrução
das vias aéreas e previne a aspiração de um eventual vómito.
Enquanto, observe o seu comportamento/ reação. Esteja atento à
sua respiração, nível de consciência, convulsões, sonolência,
vómitos, hálito com odor estranho. Não lhe dê nada para comer ou
beber.

36
3. Leve consigo o frasco ou recipiente que o seu filho ingeriu
É importante levar para o serviço de urgência a embalagem do que o
seu filho tomou.

Nota: Se o seu bebé esteve em contacto com uma substância química,


dispa-lhe a roupa imediatamente e passe a área afectada por água
corrente durante 10-15 minutos e contacte o Centro de Informação
Anti-venenos (808 250 142). Se o seu bebé esteve a inalar algum tóxico,
ajude-o a sair do local exposto ao mesmo e contacte o 112/CIAV.
ADOPTE MEDIDAS PREVENTIVAS e consulte a página do
Desenvolvimento do bebé e Prevenção de Acidentes
Picadas de insectos

P
ara a maioria dos bebés as picadas de insetos são geralmente
inofensivas provocando algum desconforto. Tendem a
melhorar ao fim de 2 ou 3 dias. Todavia, algumas crianças
37
podem apresentar fortes reações alérgicas a determinadas picadas e
em alguns casos,
desenvolverem uma
reação anafilática
com necessidade de
intervenção
especializada.
Recomenda-se usar
repelente apenas nos
bebés com idade igual
ou superior a 6
meses, com
concentração de
DEET não superior a
10% e com
moderação.

1. Aplique compressas frias ou gelo (protegido por um pano) na


área picada.

2. Se continuar com comichão e a picada inchada, aplique uma


pomada anti-histamínica (receitada pelo seu médico) e ofereça-lhe
paracetamol.
3. Se as picadas se alastrarem ou se forem na cara ou pescoço, recorra
ao serviço de urgência.

4. Mantenha as unhas da criança sempre limpas e curtas para não 38


infetar a picada.

Nota: Chame o 112 se o seu filho apresentar sinais como: palidez ou


pele manchada numa grande área do corpo, boca inchada, pele
fria/suada, dificuldade em respirar. Se deixar de respirar ou estiver
ofegante, inicie manobras de reanimação.

ADOPTE MEDIDAS PREVENTIVAS: Vista o seu filho com calças e camisolas de


manga comprida sobretudo de manhã e à noite. Utilize véus e protetores no
berço. Ensine-o desde cedo, a não fugir e não correr das abelhas: o movimento
provoca os insetos e estes por defesa, picam.
Queimaduras
A
s queimaduras podem ser classificadas como primeiro grau
(superficiais, pele seca, vermelha e dorida), segundo grau (as 39

queimaduras penetram na pele e podem desenvolver-se


bolhas: a dor é mais intensa) e terceiro grau (com áreas expostas
envolvendo as camadas mais profundas da pele – músculos e ossos – e
não dolorosas).

Queimaduras Pequenas

Se a queimadura envolver uma pequena área corporal:

1. Afaste o bebé da
fonte de

calor.

2. Coloque a área lesada


em água tépida corrente
durante pelo menos 10
minutos-20 minutos.
Não aplique gelo pois só irá
prejudicar.
Se a roupa estiver colada à
pele, não tente retirá-la.
3. Aplique uma pomada de pequenas queimaduras indicada pelo
seu médico.

Não aplique remédios caseiros como manteiga ou ovos.

40
4. Se formar bolhas não as rebente.

5. Ofereça analgesia ao seu filho adequada prescrita pelo seu


médico, ex: ibuprofeno.

6. Vigie a evolução da queimadura e sinais de inchaço ou pus.

7. Ofereça-lhe líquidos.

Se a queimadura for de grande extensão (superior à palma da mão da


criança) ou envolver a cara/genitais/pescoço/tórax, procure o serviço
de urgência e chame o 112.
Para as queimaduras solares, a melhor atuação é mesmo a prevenção.
No entanto, na presença das mesmas, deve manter o bebé à sombra e
com roupas frescas. Hidrate a pele continuamente, ofereça-lhe líquidos
e paracetamol se necessário. Em caso de dúvidas, consulte o seu
Especialista.
SAIBA COMO PREVENIR ESTE TIPO DE ACIDENTE: visite a secção
Desenvolvimento do bebé e prevenção de acidentes.
Queimaduras grandes

Se a queimadura envolver uma grande área corporal, com flitenas


(bolhas), vermelhão e até zonas esbranquiçadas: 41

1. Lave a queimadura em água corrente

Coloque a área queimada em água fria corrente em pelo menos 10


minutos, à medida que examina a queimadura.
Depois, retire a roupa da área lesada antes de a pele começar a inchar.
Não toque em nada que esteja preso na queimadura e não aplique gelo!
Se o seu filho tiver bolhas, não as rebente!

2. Cubra a queimadura com compressas e ofereça-lhe analgesia

Coloque compressas secas sobre a área lesada protegendo a


queimadura.

3. Se estiver consciente, acordado e em estado de alerta ofereça-


lhe um analgésico, como o paracetamol/ben-u-ron® rectal.
Neste tipo de queimaduras não se aplica absolutamente nada! Cubra
também o bebé para mantê-lo quente.

4. Chame o 112

Certifique-se que alguém pediu ajuda, caso contrário, faça-o quanto


antes!
Nota: Se for uma queimadura por fogo, as chamas têm de ser
rapidamente extintas (abane um cobertor ou tapete sobre as chamas).
Se houver roupa na área lesada, arrefeça primeiramente com água e só
depois retire o tecido. Não tire pedaços de tecido que estejam colados
à pele. Chame o 112 rapidamente!
42
Se o seu filho sofreu uma queimadura elétrica, corte a energia e grite
por ajuda. Saiba que só a madeira e a borracha não são condutoras da
eletricidade. Arrefeça as queimaduras: o seu filho poderá precisar de
reanimação urgente e ida obrigatória para o Hospital.

Se for uma queimadura ocular, lave o olho do bebé em água corrente


pelo menos 20 minutos. Depois aplique uma compressa e fixe o olho
com adesivo. Levo-o ao serviço de urgência.

SAIBA COMO PREVENIR ESTE TIPO DE ACIDENTE: visite a secção


Desenvolvimento do bebé e Prevenção de Acidentes.
Reanimação Cardio-
respiratória no bebé

E
43
m cada ano, um número de bebés e crianças sofre um
determinado acidente ou doença grave, o suficiente para pô-
los a parar de respirar (paragem respiratória). A esta, um
pequeno número destas crianças vão evoluir para uma paragem
cardíaca. A melhor maneira para assegurar a sobrevivência de uma
criança é saber oferecer manobras de reanimação cardio-respiratória
(RCP) adequadas à sua idade, que permitam manter externamente e
durante um curto espaço de tempo, a circulação e oxigenação dos
órgãos, principalmente do cérebro. A reanimação no bebé deve fazer
parte dos conhecimentos de todos os pais e deverá ser senso comum
entre os mesmos. Certamente, ao aprender estas técnicas e ao revê-
las periodicamente, irá possibilitar ao seu bebé (ou a outro) uma maior
possibilidade de sobrevivência.

1. Confirme o estado de
consciência
Aborde o bebé chamando
pelo seu nome, bata-lhe
nas suas mãos/ pés. Se
não responder está
inconsciente: peça ajuda
e grite por socorro mas
não abandone o bebé!
2. Verifique rapidamente se respira
Verifique se está respirando ou se está ofegante. Se NÃO RESPIRA OU
SE ESTÁ OFEGANTE, passe para o passo 3. Se TEM DÚVIDAS, passe para
o passo seguinte.
Se respira, coloque-lhe na posição de segurança, deitado de lado nos
seus braços, ou de lado no chão ou no berço. Chame o 112.

44

3. Faça quinze compressões torácicas

Se não respira, coloque dois dedos (anelar e médio) de uma das mãos
no centro do peito do bebé, entre os mamilos, mantendo os outros
dedos afastados. Pode também comprimir o peito abraçando o tórax
do bebé e pressionar com os dois polegares. Comprima a saída de ar
expirado.
45

4. Faça duas expirações/insuflações


Abra as vias aéreas do bebé, inclinando suavemente a cabeça com uma
mão e levantando o seu queixo com um dedo da outra mão. Verifique
igualmente, se tem objetos estranhos, e forem facilmente acessíveis,
remova-os. Não os empurre para dentro!
Depois, faça 2 expirações envolvendo preferencialmente a boca e nariz
com a duração de 1 segundo e com ar suficiente para expandir o tórax.
Após cada insuflação, afaste a boca para permitir a saída de ar expirado.
Se não consegue fazer as expirações faça apenas as compressões.
46

5. Repita 15 compressões/ 2 expirações durante 1 minuto


Se estiver sozinho, faça 15:2 durante 1 minuto e só depois ligue para o
112. Caso esteja presente outra pessoa mantenha as manobras e peça-lhe
que telefone para o 112. Continue o ciclo compressões/expirações até que
chegue a equipa diferenciada ou até que o bebé volte a respirar.

Nota: Não deixe a leitura deste tema para uma situação de emergência!

Leia antecipadamente as instruções anteriores para que lhe seja mais fácil
atuar numa situação de emergência. Não pratique no seu bebé saudável
as compressões ou insuflações, mas sim em manequins ou bonecos.

Em caso de afogamento, e se o bebé começar a vomitar, coloque-lhe em


posição lateral de segurança, e se ainda após não apresentar sinais de
vida, continue a reanimação.

Para informações sobre as técnicas para crianças maiores, contacte o seu


profissional de saúde.
Sites e livros
recomendados 47
44

Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI) http://www.apsi.org.pt/

Cruz vermelha Portuguesa http://www.cruzvermelha.pt/

Coentrão, J. (2020). Primeiros Socorros Pediátricos 1ª ed., Porto: Porto Editora

Hofmann, D. & Hofmann, U. (2001), CRIANÇAS – Guia dos primeiros socorros, Colecção
Habitat, 1ª ed., Lisboa: Editorial Presença

Rodrigues, H. (2017) Primeiros Socorros Bebés e Crianças 1ª ed. Verso de Kapa.

Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) http://www.inem.pt/


“Aconteceu … e agora?” – Primeiros Socorros para Pais é um livro que
contém os primeiros socorros essenciais e informações sobre cuidados de
emergência. Útil para quando a ajuda diferenciada ainda não chegou, útil
para todo o bebé com 12 meses de idade ou menos, que se magoou e que
o surpreendeu.

Este abrange a informação necessária que precisa para tratar do seu bebé
doente ou ferido, ensinando-lhe passos importantes para aliviar os seus
sintomas e acelerar a sua recuperação. Ajuda-o a saber identificar quando
chamar ajuda e procurar o hospital, ajuda-o a adquirir as habilidades que
todo o pai precisa de ter.

É o livro necessário para estar na prateleira da sua casa, na caixa de


primeiros socorros, no quarto do bebé ou mesmo no seu bolso!

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