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UNIVERSIDADE DE UBERABA

Teoria das estruturas, volume 1


Materiais para construção
civil, volume 1
Maria Cláudia de Freitas Salomão

Núbia dos Santos Saad Ferreira

Túlio Augusto Caleiro Acerbi

Vanessa Rosa Pereira Fidelis

Edição Uniube
Uberaba
2011
© 2011 by Universidade de Uberaba

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser


reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de
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por escrito, da Universidade de Uberaba.

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Pró-Reitor de Logística para Educação a Distância:


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Produção de Material Didático:


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• Subcomissão de Produção

Editoração:
Supervisão de Editoração
Equipe de Diagramação e Arte

Capa:
Toninho Cartoon

Edição:
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
Sobre os autores
Maria Cláudia de Freitas Salomão
Engenheira Civil graduada na Universidade Federal de Uberlândia – UFU.
Mestranda em Engenharia Civil pela UFU.  Professora da área de Materiais de
Construção Civil da Universidade de Uberaba.

Núbia dos Santos Saad Ferreira


Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Uberlândia – FECIV/
UFU, em 1996; Mestra em Engenharia de Estruturas, pela Universidade de São
Paulo – EESC/USP, em 1998; Profa. da Faculdade de Engenharia Civil – FECIV/
UFU por 2,5 anos; Profa. nos Cursos de Engenharias na UNIUBE/Uberlândia por
5,5 anos; Atualmente é Doutoranda em Engenharia de Estruturas, na Faculdade
de Engenharia Mecânica – FEMEC/UFU.

Túlio Augusto Caleiro Acerbi


Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Uberlândia – FECIV/
UFU, em 1989; Especialista em Engenharia de Estruturas. Professor do Curso
de Graduação em Engenharia Civil, Engenharia Ambiental – UNIUBE/Uberlândia.

Vanessa Rosa Pereira Fidelis


Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Uberlândia
(UFU). Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Uberlândia
- UFU (1996). Professora das disciplinas de Materiais de Construção Civil e
Tecnologia da Construção Civil da Universidade de Uberaba - UNIUBE em
Uberlândia. Consultora em sistemas de Gestão da Qualidade segundo às normas
ISO 9000 e SiAC. Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em
Orçamento, Planejamento, Controle de Obras e Gestão da Qualidade desde 1997.
Apresentação
Damos continuidade à sexta etapa do curso de Engenharia Civil, na modalidade
de estudos a distância trazendo, para este livro, conteúdos relativos aos seguintes
componentes:

• Tecnologia e Sistemas Estruturais


• Tecnologia e Materiais de Construção Civil.

O primeiro componente, Tecnologia e Sistemas Estruturais, abordará a


introdução à Teoria das Estruturas I e será composto pelos seguintes capítulos.

Capítulo 1: Estruturas planas: fundamentações e vigas isostáticas


Apresentação da Introdução à Teoria das Estruturas em que abordaremos
alguns conceitos fundamentais para identificar, classificar, calcular e analisar
parâmetros referentes a uma estrutura relacionando as ações externas atuantes
com os resultados de suas atuações na estrutura.

Capítulo 2: Deformações em estruturas isostáticas


Nesse item, estudaremos as deformações ocasionadas pela aplicação dos
esforços solicitantes e o cálculo dos deslocamentos nas estruturas.

Capítulo 3: Pórticos planos e treliças isostáticas


Neste capítulo, aprenderemos os cálculos das deformações e obtenção dos
diagramas de esforços solicitantes nessas estruturas em função das ações
atuantes e das condições de contorno (tipos de apoios ou vinculações).

O segundo componente, Tecnologia e materiais da construção civil, será


composto pelos seguintes capítulos:

Capítulo 4: Concreto de alto desempenho – CAD


Serão abordados os conceitos básicos referentes ao concreto de alto
desempenho, desde seu surgimento; materiais constituintes; principais
características; dosagens; e as diferenças quando comparados aos concretos
convencionais.

Capítulo 5: Durabilidade das estruturas de concreto e concretos especiais


Estudaremos alguns conceitos e princípios relacionados à durabilidade e
vida útil das estruturas de concreto; os mecanismos de transportes na matriz
do concreto; as causas físicas e químicas da deterioração do concreto. Além
disso, aprenderemos as principais características dos concretos especiais.
Este capítulo é de suma importância uma vez que o concreto é o material mais
utilizado no campo da engenharia civil.
Como já é de seu conhecimento, nós, da equipe didático-pedagógica, estamos
sempre empenhados na produção do material, com a intenção de que os seus
objetivos sejam integralmente alcançados, esperando de você o envolvimento
necessário para o sucesso em seus estudos, ampliando, gradativamente, os
conhecimentos necessários à sua formação de engenheiro civil.

Bons estudos!
Sumário
Componente Curricular: Tecnologia e Sistemas Estruturais........................... 1

Capítulo 1 Estruturas planas: fundamentações e vigas isostáticas...................... 3

Capítulo 2 Deformações em estruturas isostáticas............................................. 97

Capítulo 3 Pórticos planos e treliças isostáticas............................................... 151

Componente Curricular: Tecnologia e Materiais da Construção Civil........ 199

Capítulo 4 Concreto de alto desempenho – CAD ............................................ 201

Capítulo 5 Durabilidade das estruturas de concreto e concretos especiais...... 253

Referencial de Respostas................................................................................ 303


1 UNIUBE

Componente Curricular

Tecnologia e Sistemas
Estruturais
3 UNIUBE

1
estruturas planas:
fundamentações e
vigas isostáticas
Núbia dos Santos Saad Ferreira

Introdução
Caro aluno, este capítulo tem como objetivo nortear a realização dos seus
estudos a serem desenvolvidos na modalidade não presencial, sobre Teoria
das Estruturas I, e contém os caminhos e processos que você deverá
percorrer e superar, para construir os conhecimentos desejados ao final do
seu estudo a distância.

Para que você obtenha bom-êxito ao final do seu estudo, é fundamental


acompanhar o conteúdo teórico na sequência apresentada, seguindo
todos os passos e recomendações nele contidos, para as verificações de
aprendizagem.

São apresentados problemas de aplicação resolvidos que consolidam o


estudo teórico, que permitirão a você visualizar, na prática, os conceitos
aprendidos.

Após o estudo teórico e das aplicações, você estará apto para se autoavaliar,
ou seja, realizar as Atividades de Autoverificação da Aprendizagem, cujas
respostas são apresentadas neste capítulo. Tais atividades não deverão ser
entregues pelo aluno, pois se tratam de orientações para seu próprio estudo
não presencial.

Finalmente, tendo sido cumpridos: o estudo teórico, o entendimento das


aplicações e o desenvolvimento das atividades de aprendizagem, você
estará preparado para realizar as Atividades de Avaliação à Distância.

Importante!
Fique atento aos prazos! Planeje seus estudos, de forma sistemática e
continuada!

NUNCA deixe para estudar em última hora! Permita-lhe um aprendizado


paulatino e de qualidade, essencial ao seu bom-êxito!
4 UNIUBE
Este estudo contempla o primeiro volume do estudo da Teoria das Estruturas e se
trata de um importante passo do aluno que se gradua em Engenharia Civil, para
adquirir as competências necessárias ao cálculo e dimensionamento estruturais.

Você terá visão, ao longo do curso deste componente curricular, de aplicabilidades


práticas dos fundamentos teóricos que serão estudados, e este primeiro capítulo
tem como principal objetivo despertar você a voltar vistas para o que se encontra
ao seu redor, no que diz respeito à estrutura, instigando curiosidade e interesse ao
que seja interveniente à área de estruturas.

Você adquirirá a aptidão para identificar, classificar, calcular e analisar parâmetros


referentes a uma estrutura. E, por falar nisso, você sabe o que é uma estrutura?
Estruturas são sistemas físicos capazes de receber e transmitir esforços como,
por exemplo, pontes, edifícios, coberturas, torres etc.

Segundo Soriano e Lima (2006), um dos principais objetivos da análise de estruturas


é relacionar as ações externas atuantes com os resultados de suas atuações
na estrutura (deslocamentos, reações de apoio, esforço normal, momento fletor,
força cortante), buscando identificar eventuais deficiências de comportamento do
material constituinte e/ou de comportamento da estrutura.

Para as análises, realizadas mediante cálculo estrutural, são feitas idealizações


simplificadoras, que modelam as situações ocorridas na prática, cujos resultados
devem expressar ocorrências próximas ao que ocorre na estrutura real. E existem
duas situações de cálculo: concepção ou dimensionamento de uma estrutura,
que é projetada para ser construída e verificação de uma estrutura, em que se
estuda o comportamento de uma estrutura já existente.

É importante que você saiba que: uma simples tábua biapoiada em suas
extremidades é uma estrutura, de um único elemento estrutural – uma única
barra (conceitos que você verá adiante) e, obviamente, uma estrutura pode ser
constituída por dezenas e até dezenas de barras, como a estrutura de uma grande
cobertura de ginásio esportivo.

Na análise de estruturas, por simplificação, na maioria dos casos, considera-se o


comportamento estrutural como o de uma estrutura plana ou de várias estruturas
planas que se compõem de forma tridimensional, ao serem unidas umas às outras.
Porém, na realidade, todas as estruturas são tridimensionais.

Neste capítulo, serão tratadas as vigas biapoiadas e as vigas do tipo Gerber ou


articuladas, constituídas por duas ou mais barras, com apresentação de métodos
e processos de determinação de esforços solicitantes e de reações de apoio.

Caro estudante, você sabe que eficientes programas computacionais são,


atualmente, disponíveis e indispensáveis aos escritórios de projetos, para a
análise automatizada de estruturas. Todavia, não é recomendável a sua utilização
por alguém que não tenha capacidade de avaliação crítica dos resultados obtidos,
5 UNIUBE
com análise de sua coerência. Tal aptidão você conquistará com o curso dos
componentes curriculares: Teoria das Estruturas I e II.

Cursar Teoria das Estruturas o preparará para aprender sobre estruturas de


concreto armado, de aço e de madeiras, que estão previstas nas etapas seguintes
de sua formação de Engenheiro Civil. Bons estudos!

Conto com sua postura pró-ativa, futuro Engenheiro Civil, no despertar crítico para
o que compõe o seu entorno, e que seja foco de seu interesse, desde já, no
que se refere às estruturas. Na medida do seu estudo e aprendizado, observe,
seja curioso, questione-se, pesquise, estude e seja bem-vindo ao universo das
Estruturas.

Objetivos

Caro aluno, espera-se que, ao final dos estudos propostos, você esteja apto a:

• identificar e classificar elementos estruturais, bem como suas condições de


extremidade (condições de contorno, de apoio);

• compreentender como um projeto estrutural é concebido para que as cargas


atuantes em uma estrutura cheguem até a fundação;

• identificar barras e nós de uma estrutura e avaliar sua situação global, em


termos de estabilidade e deslocabilidade;

• aplicar as equações de equilíbrio para resolver uma estrutura, obtendo as


reações de apoio e os esforços atuantes nos elementos estruturais, anali-
sando resultados;

• traçar diagramas de esforços de vigas isostáticas simples e do tipo Gerber


ou articuladas.

Esquema

Caro aluno, o seguinte conteúdo é contemplado neste capítulo:

1. Elementos Estruturais

1.1 Classificação Geométrica


1.2 Classificação Segundo a Mecânica das Estruturas
6 UNIUBE
2. Projeto Estrutural

2.1 Análise da Construção


2.2 Análise da Estrutura
2.2.1 Simplificação da estrutura
2.2.2 Concepção Estrutural
2.3 Nós e Barras
2.4 Grandezas Fundamentais
2.4.1 Força
2.4.1 Momento
2.5 Condições de Equilíbrio
2.5.1 Equações de Equilíbrio da Estática
2.5.2 Vinculações
2.5.3 Diagrama de Corpo Livre
2.6 Graus de Liberdade
2.6.1 Grau de Estaticidade
2.6.2 Grau de Deslocabilidade
2.7 Superposição de Efeitos

3. Esforços Solicitantes

3.1 Força Normal


3.2 Força Cortante
3.3 Momento Fletor
3.4 Momento Torçor
3.5 Relações Diferenciais para os Esforços Solicitantes

4. Vigas Isostáticas

5. Vigas Gerber ou Vigas Articuladas

1 Elementos Estruturais
A estrutura de uma construção consiste no conjunto das partes resistentes. A
estrutura deve garantir a segurança contra estados nos quais a construção deixa
de cumprir suas finalidades como, por exemplo, nos quais ocorrem deformações
excessivas ou colapso da estrutura.

Em virtude da complexidade das construções, uma estrutura requer o emprego


de diferentes tipos de peças estruturais, adequadamente combinadas para a
formação do conjunto resistente.

O ponto de partida do projeto estrutural de uma construção consiste na idealização


de um arranjo estrutural. Para isto, é necessário conhecer o comportamento de
cada uma das partes da estrutura.
7 UNIUBE
Os elementos que compõem uma estrutura devem ter suas funções compatíveis
com os esforços solicitantes e com o projeto arquitetônico. A seguir, estão
apresentadas as classificações dos elementos estruturais.

1.1 Classificação Geométrica

É feita a partir da comparação da ordem de grandeza das três dimensões


características dos elementos estruturais (Figura 1):

a) Lineares de seção delgada:


b (espessura da seção) << h (altura da seção) <<  (comprimento da peça);

b) Lineares de seção não delgada:


b (espessura da seção) ≅ h (altura da seção) <<  (comprimento da peça);

c) Bidimensionais: apresentam duas dimensões da mesma ordem de grandeza


(maior dimensão ≤ 10 vezes a menor dimensão) e bem maiores que a terceira
dimensão;

d) Tridimensionais: apresentam três dimensões da mesma ordem de grandeza.

c)
b)
a)


d)
h

b
Figura 1 – Representação esquemática de alguns tipos de elementos estruturais.
Fonte: Acervo da autora.

1.2 Classificação segundo a mecânica das estruturas


Os elementos estruturais são classificados em barras, elementos laminares
(placas, chapas ou cascas) e blocos.

Observando os exemplos da Figura 1, tem-se segundo a Mecânica das Estruturas:

a) e b) Barras: possuem uma dimensão predominante (ex.: pilares, vigas etc.);


8 UNIUBE

c) Laminares planas: placas: ações perpendiculares ao plano (ex.: lajes);


chapas: ações contidas no seu plano (ex.:
vigas-parede);
curvas: cascas (ex.: coberturas e reservatórios);

d) Blocos: possuem três dimensões de mesma ordem de grandeza (ex.: blocos


de fundação, sapatas etc.).

Os critérios de classificação decorrem do fato de que a cada um dos tipos de


peças estruturais corresponde um método de cálculo específico.

2. Projeto Estrutural
A execução de um projeto estrutural é determinada por fases consecutivas na
sua elaboração. Estas fases estão organizadas em duas análises: Análise da
Construção e Análise da Estrutura.

2.1 Análise da Construção


Para a concepção de um determinado projeto estrutural é necessária uma análise
de vários fatores que correlacionam estrutura e construção. Os principais fatores
são:
• tipo da construção – quanto à futura utilização da edificação (habitacio-
nal, industrial, comercial, hospitalar etc.) e quanto ao padrão da construção
(popular, médio, luxo etc.);
• meio externo – este poderá influir no tipo de estrutura, através da existên-
cia de agentes atmosféricos, agentes agressivos e também o tipo de estru-
tura das construções vizinhas;
• materiais a serem utilizados – os materiais de construção que serão utili-
zados na obra podem influir no carregamento da estrutura. Por exemplo, as
alvenarias podem ser de tijolos maciços ou de tijolos vazados;
• elementos estruturais – é necessário que se defina a existência ou não de
outros elementos como participantes da estrutura. Ex.: uma parede de alve-
naria (alvenaria estrutural) pode funcionar como apoio de lajes, participando
assim, como elemento estrutural;
• aspectos estéticos – a estética definida pelo projeto arquitetônico determi-
na fatores para a escolha adequada da estrutura. Como exemplo, cita-se a
existência de algumas peças estruturais aparentes.

2.2 Análise da Estrutura


Devido à complexidade do comportamento da estrutura tridimensional,
9 UNIUBE
normalmente são feitas simplificações que facilitam os cálculos.
De modo geral, a maneira mais simples de chegar a uma concepção estrutural de
uma construção é analisar as cargas que nela atuarão.

As simplificações, a concepção, a determinação dos elementos e a vinculação


são os fatores que constituem a análise da estrutura.

2.2.1 Simplificação da estrutura


Se a construção for composta de blocos independentes, a primeira simplificação
a ser processada consiste em se adotarem estruturas independentes para cada
bloco.

Cada caso requer um estudo específico e minucioso para que se tenha o maior
número possível de simplificações na estrutura.

2.2.2 Concepção Estrutural


A concepção estrutural de um edifício deve considerar não apenas os fatores
técnicos, mas também os fatores econômicos e arquitetônicos.

Esta etapa do projeto estrutural constitui-se na marca registrada do engenheiro de


estruturas, na qual este terá que demonstrar sua visão espacial, sua criatividade,
sua capacidade de produzir um projeto o mais seguro, econômico e exeqüível.

Definem-se daí os melhores profissionais, pois as etapas seguintes são de caráter


essencialmente matemático.

Na concepção estrutural, é conveniente considerar as cargas como distribuídas


em superfície, em linha ou concentradas. As cargas distribuídas em superfície são
suportadas por elementos laminares (placas, cascas etc.). As cargas distribuídas
em linha ou cargas concentradas são suportadas, geralmente, por peças lineares
(barras).

De um modo geral, as estruturas correntes são formadas por placas e barras.


As placas (denominadas lajes) têm limitação quanto à espessura, tornando-se
necessária a sua subdivisão em painéis menores cujas áreas variam muito com a
necessidade particular de cada caso.

Para a subdivisão das placas e para os seus apoios, são utilizadas as barras
(normalmente horizontais) denominadas vigas, que além das cargas provenientes
das lajes, recebem outras cargas distribuídas em linha como, por exemplo, as
paredes de alvenaria.

As barras horizontais (vigas) podem receber também cargas concentradas


servindo de apoio para outras barras horizontais ou verticais.
10 UNIUBE
As vigas se apoiam em barras verticais (pilares ou colunas), cujo carregamento
é normalmente concentrado e paralelo ao seu eixo longitudinal.

Ao se conceber a estrutura, procura-se adotar pilares nos cruzamentos de vigas,


evitando-se a ação de cargas concentradas nas vigas.

Normalmente, as paredes de alvenaria se apoiam nas vigas. Entretanto, pode-se


ter paredes de alvenaria apoiando-se sobre lajes (cargas distribuídas em linha).
Basicamente, as ações verticais que atuam nas lajes dos vários andares de um
edifício são transferidas para as vigas que, por sua vez, as distribuem para os
pilares.

Os pilares têm a finalidade de receber as ações das vigas dos vários andares e
distribuí-las às fundações.

Na Figura 2, está representada uma perspectiva de parte de um edifício, da qual


se podem observar os diversos elementos estruturais que constituem a estrutura.

A Figura 3 evidencia as armaduras em alguns destes elementos para uma


residência.

pilar
o
2 PISO
viga pilar
laje nervurada
vigas
verga

alvenaria
o viga nervura
1 PISO

laje de piso
degraus

muro de arrimo patamar


pilar
TÉRREO

vigas baldrame e cintas


sapata corrida
de amarração
bloco de

fundação

Figura 2 – Elementos estruturais de um edifício.


Fonte: Figura adaptada de MACGREGOR (1992).
11 UNIUBE

laje maciça
laje nervurada

viga
viga cinta

pilar

viga baldrame

bloco de fundação

Figura 3 – Detalhes das armaduras de algumas peças estruturais.


Fonte: Figura adaptada de MACGREGOR (1992).

A idealização do arranjo estrutural está intimamente associada às ações presentes


no edifício, já que o objetivo básico do sistema estrutural é coletá-las e controlar-
lhes o fluxo, conforme está ilustrado nas Figuras 4 e 5.

carregamento
vertical

laje

carregamento viga
horizontal

pilar

fundação

solo

Figura 4 – Representação esquemática do fluxo de cargas de uma edificação.


Fonte: Acervo da autora.
12 UNIUBE

viga

laje

pilar

estrutura tridimensional

Figura 5: Representação esquemática do fluxo de cargas de uma edificação.


Fonte: Acervo da autora.

De uma forma geral, o carregamento dos elementos estruturais é obtido com as


seguintes composições:
 Lajes:

 cargas permanentes: peso próprio da laje + peso das pavimentações


+ peso do revestimento do teto + peso dos enchimentos + peso do
telhado + peso das paredes;

 cargas variáveis: depende do tipo de uso da edificação;

 Vigas: peso próprio + reações de apoio das lajes + peso de alvenarias +


ação concentrada de viga apoiada em viga;

 Pilares: peso próprio + reações das vigas.

2.3 Nós e Barras


Para o cálculo de estruturas lineares (constituídas por barras) identificam-se dois
elementos essenciais, que são as barras e os nós.

Lembre-se de que a barra é um elemento estrutural que tem uma


dimensão preponderante em relação às demais!

Com a hipótese das seções transversais de barra permanecerem planas após a


sua deformação, quando sob ações externas a barra é idealizada para efeito de
análise pelo lugar geométrico dos centroides de suas seções transversais. Este é o
eixo geométrico representado por um segmento de reta ou de curva, dito elemento
unidimensional. Considera-se que as seções transversais sejam perpendiculares
a esse eixo (SORIANO e LIMA, 2006).
13 UNIUBE
Além disso, como os apoios são idealizados como pontuais, a estrutura fica
modelada como um conjunto de elementos unidimensionais ligados entre si em
pontos e em apoios discretos.

Por simplicidade, a representação unidimensional de barra é também


denominada barra e qualquer de seus pontos, denominada seção transversal
(SORIANO; LIMA , 2006).

O nó corresponde a qualquer ponto da estrutura, ou seja, situado em qualquer


posição ao longo do comprimento de uma barra.

Porém, os nós que mais se utilizam são os nós de extremidades de barras e os


nós correspondentes a apoios, conforme esquematizado na Figura 6.
Barra 2
Nó 2 Nó 3
Barra 1

Barra 3
Nó 1 Nó 4

Figura 6 – Visualização de nós e barras em um esquema estrutural.


Fonte: Acervo da autora.

2.4 Grandezas Fundamentais


Para qualquer estudo estrutural, há que se valer de dois elementos vetoriais
essenciais que são a força e o momento. Tais grandezas são explicadas a seguir.

2.4.1 Força
Genericamente, força é toda ação exercida sobre um corpo capaz de modificar,
quer seu estado de repouso, quer o de movimento.

Segundo Süssekind (1975), a noção de força é das mais intuitivas possíveis:


realizada através de esforço muscular sobre um corpo; uma locomotiva exerce
força sobre os vagões que são rebocados; uma mola exerce força quando está
fixa em uma extremidade e é esticada. Em todos os casos, tem-se contato, mas
também podem ocorrer forças de ação à distância, como de gravitação (peso
próprio), magnéticas, elétricas. É comum denominar forças que atuam em uma
estrutura de cargas.

Para a determinação de uma força, (supostamente concentrada em um único


ponto do corpo), é necessário conhecer: a sua intensidade (módulo), a direção e
o sentido de sua ação e, ainda, o local no qual ela é aplicada no corpo (ponto de
aplicação). A força é uma grandeza vetorial.
14 UNIUBE
2.4.2 Momento

De acordo com Ribbeler (2008), o momento de uma força em relação a um ponto


ou eixo fornece uma medida da tendência desta força de provocar a rotação de
um corpo em torno do ponto ou do eixo.

O momento é um vetor obtido pelo produto vetorial de um vetor força e um vetor


distância:

→ → → → → →
M = F x d ou M = F d sen (θ )

em que θ é o ângulo entre o vetor força e o vetor distância.

Em termos práticos, para se calcular o momento de uma força em relação a


um determinado ponto, faz-se o produto do módulo desta força com a distância
perpendicular à linha de atuação da mesma, até o ponto considerado.

Os exemplos de cálculo constantes neste capítulo lhe permitirão percepção e


entendimento destes conceitos.

2.5 Condições de Equilíbrio


Considere um corpo livre (isolado, livre para se movimentar em qualquer direção
e sentido), sob a ação de um conjunto de forças e momentos. O movimento que
seria provocado por algumas daquelas forças pode ser neutralizado pela ação de
outras, de tal maneira que, considerando-se todas as forças do sistema, o efeito
final sobre o corpo seja nulo, com relação ao movimento.

Um corpo nessas condições é dito corpo em equilíbrio e um sistema de forças


e momentos que se neutralizam, é denominado sistema equilibrado.

Destaca-se que todo corpo analisado em estruturas é denominado corpo rígido


que pode ser considerado constituído pela combinação de um grande número de
partículas no qual todas elas permanecem a uma distância fixa uma das outras,
tanto antes como após a aplicação de uma carga. Sendo assim, as propriedades
do material de que é constituído o corpo rígido não precisam ser levadas em
consideração, pois não variam. A hipótese de corpo rígido é adequada e
conveniente, tendo em vista que as deformações reais que ocorrem em estruturas
são relativamente pequenas (RIBBELER, 2008).

2.5.1 Equações de Equilíbrio da Estática


Um corpo está em equilíbrio quando se tem o somatório de forças que atuam neste
corpo, ao longo de cada uma das direções x, y, z igual a zero e o mesmo ocorrendo,
com relação aos momentos. Tais situações de equilíbrio se representam da seguinte
15 UNIUBE
forma, denominadas Equações de Equilíbrio da Estática:




∑F x =0 

∑M x =0
 ∑F y = 0  ∑M y =0
 

 ∑F z =0  ∑M z =0

No caso de estruturas planas, a condição de equilíbrio se resume às forças


decompostas em x e em y e aos momentos fletores provocados por forças contidas
no plano, que são momentos segundo o eixo z. Assim, para estruturas planas, as
Equações de Equilíbrio são:



∑F = 0
x

 ∑F = 0
y

 ∑M = 0z

Na Figura 7, tem-se a convenção de sentidos positivos para o sistema de eixos


cartesianos no espaço, que será utilizado neste capítulo de estudos.
y

z
Figura 7 – Orientação dos eixos ortogonais
no espaço, que definem as direções x, y e z.
Fonte: Acervo da autora.

Quando as equações de equilíbrio da estática são suficientes para determinar


as reações de apoio e os esforços em todas as seções transversais das barras
constituintes da estrutura (forças normal e cortante, momentos fletor e torçor),
tem-se uma Estrutura Isostática.

2.5.2 Vinculações
As vinculações representam os pontos de ligação entre os elementos da estrutura.
Podem ser externas ou internas.

No caso de concreto armado, a armadura (aço) é a principal responsável pela união


entre peças. No caso de estruturas de madeira, têm-se os elementos de ligação
constituídos por pregos, parafusos, chapas metálicas, adesivos (colas estruturais)
e no caso de estruturas de aço, utilizam-se da solda, chapas ou parafusos, por
exemplo.
16 UNIUBE

Parada para reflexão

Entenda o seguinte: a estrutura precisa se apoiar para que não “saia do lugar”
e consiga transmitir as cargas que recebe até os elementos de fundação e,
por fim, o solo.

Quando se pensa em um elemento ou uma estrutura se apoiando em algo, aí


se projetam as vinculações externas ou apoios da estrutura.

Agora pense, por exemplo, na união entre duas barras de uma estrutura de
cobertura, em aço ou madeira, entre uma viga e um pilar de concreto, entre uma laje
e uma viga de concreto. Nestes casos, as peças são unidas pelo que se denominam
vinculações internas.

Tanto para vinculações externas como internas, são definidas as formas


simbológicas de representação, essenciais ao projeto estrutural, correspondentes
às diversas possibilidades de vinculações, que ora impedem as translações, ora
as rotações, e ora ambos os movimentos, sendo estes analisados nas diferentes
direções possíveis de sua ocorrência ou impedimento.

Vinculações Externas ou Apoios da Estrutura


Sua função é de restringir os graus de liberdade (possibilidades de movimento
de translação e/ou rotação) das estruturas, causando, com isso, reações nas
direções dos movimentos impedidos, tanto de translação como de rotação. Os
vínculos de um sistema estrutural diferenciam-se, essencialmente, pelo número
de movimentos que impedem.

Como no plano são possíveis apenas três tipos de movimento (duas translações
e uma rotação) serão considerados apenas três tipos de vínculos.

a) Vínculo do 1º Gênero

É o que impede apenas um movimento, sendo também denominado apoio móvel.


Este vínculo aplica ao corpo uma reação de apoio na direção do movimento
impedido (Figura 8).
17 UNIUBE

....
superfície
mais utilizada

(a) representações do apoio móvel para uma barra (b) reação de apoio

Figura 8 – Diferentes maneiras de se representar o vínculo do primeiro gênero.


Fonte: Acervo da autora.

b) Vínculo do 2º Gênero

É o que impede dois movimentos, sendo também denominado apoio fixo. Este
vínculo aplica ao corpo duas reações que se manifestam segundo as direções dos
movimentos impedidos (Figura 9).

.
superfície
mais utilizada

(a) representações do apoio fixo para uma barra (b) reações de apoio

Figura 9 – Diferentes maneiras de se representar o vínculo do segundo gênero.


Fonte: Acervo da autora.

c) Vínculo do 3º Gênero

É o que impede os três movimentos, sendo também denominado engaste fixo. As


três reações de apoio apresentam os movimentos impedidos (Figura 10).

mais utilizado
(a) representações do engaste fixo para uma barra (b) reações de apoio

Figura 10 – Diferentes maneiras de se representar o vínculo do terceiro gênero.


Fonte: Acervo da autora.
18 UNIUBE
O engaste móvel não é um tipo de apoio comum na prática da engenharia civil.
Contudo, este pode surgir como uma representação resultante de simplificações
provenientes da simetria das estruturas, necessária ao cálculo estrutural, por
exemplo, de sistemas com elevado número de barras, que exijam grande esforço
computacional.

Em alguns casos, a estrutura pode ser reduzida à metade e em outros, até a um


quarto do sistema original, que tenha centenas de barras dispostas no espaço
tridimensional e que o calculista possa inserir nos locais onde foram interrompidas
as barras, os vínculos correspondentes aos movimentos que naquela posição
sejam impedidos.

O engaste móvel apresenta possibilidade de translação (mobilidade) em uma


direção, seja ela ao longo do eixo da barra (Figura 11-a) ou perpendicular ao eixo
da barra (Figura 11-b).

ou ou

(a) mobilidade ao longo do eixo da barra (b) mobilidade perpendicular ao eixo da barra

Figura 11 – Representações do vínculo engaste móvel.


Fonte: Acervo da autora.

Veja que, na Figura 11, você se deparou com outra maneira de representar um
vínculo. Ao longo do curso de Teoria das Estruturas, você se familiarizará com tais
formas de representação.

Os segmentos de reta (barrinhas) informam que existe impedimento ao longo da


direção em que estão representados e se forem duplos, impedem também o giro
naquela posição. Por exemplo, analise a Figura 11-a:
- as barrinhas indicam que o movimento é impedido perpendicularmente ao eixo
da barra;

- são representadas duas barrinhas e não uma, para dizer que elas impedem
também o giro. Observe que, caso fosse representada apenas uma barrinha, o
giro não seria impedido.

- neste caso, é livre a translação ao longo do eixo da peça.


19 UNIUBE
Vinculações Internas
São as formas de união (ligação, conexão) entre as partes de uma estrutura (barras,
chapas etc.). Representam as vinculações dos nós, ou seja, a forma de transmissão
de esforços entre as barras ou de deslocamentos relativos entre as barras.

a) Articulação ou rótula (Rotação Relativa)


Possibilidade de rotação (giro) relativo entre as partes da estrutura, Figura 12.
Este vínculo interno é de muita utilidade em estruturas.

(a) barras na mesma direção (b) barras em direções diferentes

Figura 12 – Representação do vínculo articulação ou rótula entre duas barras.


Fonte: Acervo da autora.

Na rótula, as barras podem girar, mas não podem transladar em nenhuma direção,
ou seja, das três possibilidades de movimento (deslocamento vertical, horizontal e
giro), tem-se a liberdade apenas do giro.

Faça aqui a análise da representação de vínculo por circunferências e segmentos


de reta. As duas barrinhas inclinadas indicam que ocorre impedimento de
translação em ambas as direções (horizontal e vertical, em x e em y, perpendicular
ou ao longo do eixo da barra) e elas formam um triângulo e não são paralelas,
para dizer que o giro não é impedido. Se fossem paralelas, o giro seria impedido.
A ideia que se transmite é a de uma balança, livre para girar, mas impedida de
transladar.

b) Continuidade
A continuidade entre dois elementos estruturais corresponde ao vínculo que
impede os três movimentos no plano (deslocamento vertical, horizontal e giro).

Como o próprio nome diz, trata-se da continuidade ocorrida entre duas partes,
sem que haja possibilidade de rotação relativa ou de translação relativa entre dois
elementos estruturais (Figura 13). É como se o mesmo elemento fosse contínuo,
no mesmo alinhamento ou em direções diferentes (pense em uma barra dobrada),
não sofrendo interrupção estrutural.

Na prática, havendo necessidade, o engenheiro calculista projeta maneiras de se


executar uma ligação contínua entre dois elementos diferentes, baseando-se nas
prescrições normatizadas, em função do material estrutural utilizado. Tal continuidade
é realizada através de conectores como barras de aço embutidas no concreto,
20 UNIUBE
chapas parafusadas nas peças de madeira ou soldadas nos elementos de aço,
adesivos utilizados em emendas dentadas de peças de madeira.

Figura 13 – Diferentes maneiras de representação da continuidade entre duas barras.


Fonte: Acervo da autora.

Parada para reflexão

Faça aqui a análise da representação de vínculo por circunferências e


segmentos de reta. Perceba que as barras paralelas impedem o giro e a
terceira barra na diagonal indica que ocorre impedimento de qualquer
deslocamento, ou seja, impede qualquer translação (vertical e horizontal, em
x e em y etc.).

c) Translação Relativa

As duas situações mais frequentes de vínculo interno são as já mencionadas:


articulação (ou rótula) e continuidade. Porém, entre duas barras, também pode
haver liberdade de apenas uma translação, dentre os três movimentos que ali
podem ocorrer (giro, translação ao longo do eixo da barra, translação perpendicular
ao eixo da barra).

Uma das translações que pode ocorrer é a perpendicular ao eixo da barra, cuja
representação está mostrada na Figura 14. Perceba que estas duas barras não
podem ser transladadas ao longo de seus eixos, e nem giradas entre si. Podem
apenas se movimentar perpendicularmente em relação aos seus eixos.

Figura 14 – Representação do vínculo que permite deslocamento perpendicular ao eixo da barra.


Fonte: Acervo da autora.

Veja que o vínculo da Figura 14 possui duas barras paralelas, ou seja, o giro é
impedido, bem como a translação na direção delas, ou seja, ao longo do eixo das
barras. Neste caso, apenas a translação perpendicular ao eixo das barras é livre.

Outra possibilidade de translação relativa entre duas barras ocorre ao longo do eixo
das barras, cuja representação está mostrada na Figura 15. Perceba que estas
duas barras não podem ser transladadas perpendicularmente aos seus eixos, e
nem giradas entre si. Podem apenas se movimentar na direção dos seus eixos.
21 UNIUBE

Figura 15 – Representação do vínculo que permite deslocamento na direção do eixo da barra.


Fonte: Acervo da autora.

Observe que o vínculo da Figura 15 possui duas barras paralelas, ou seja, o giro é
impedido, bem como a translação na direção delas, ou seja, perpendicularmente ao
eixo das barras. Neste caso, apenas a translação ao longo do eixo das barras é livre.

Parada para reflexão

Veja quantos símbolos você está aprendendo sobre vinculações externas


(apoios) e internas em estruturas!

Reflita: como estes vínculos são executados na prática? Será que teremos
aquela esfera, ou mesmo um rolete real, nos apoios móveis? Será que teremos
aquele triângulo fixo executado, no caso de apoio fixo? Será que entre duas
peças articuladas entre si existirá algo que gire como uma dobradiça, ou
como uma trena dobrável, evidenciando a rótula?

Bem, desde já, é necessário você saber que, primeiramente, para cada
material estrutural que se esteja utilizando (por exemplo, concreto armado,
aço, madeira), o texto normatizado recomenda a execução das ligações para
que, na prática, tenham o comportamento que fora projetado: impedimento a
translações e/ou rotações.

No caso do concreto armado, isso está relacionado com a disposição, bitola


e quantidade de armadura imersa na massa de concreto. Em estruturas de
madeiras, têm-se, usualmente, os parafusos, e em estruturas de aço, a solda
ou chapas parafusadas, em uso corrente.

Exemplificando, entre duas peças de madeira, por exemplo, a norma


prescreve que dois ou três parafusos representam uma articulação, e acima
de quatro, continuidade. Em estruturas de concreto, sendo a armadura
embutida (escondida, não aparente), uma união entre pilar e viga, por
exemplo, pode ter sido executada como apoio fixo ou engaste. Externamente
as duas situações são idênticas, e o projeto estrutural informa, em função da
dobradura das barras de aço, que tipo de apoio se tem.
22 UNIUBE

Curiosidade!

Em projeto estrutural, são feitas algumas simplificações, utilizadas no cálculo


(como, por exemplo, considerar que as estruturas são planas, sendo que, na
realidade, são tridimensionais, como já comentado aqui).

Com relação às vinculações, são realizadas simplificações, mas que, por


serem próximos do real, são adotadas, sem prejuízo estrutural, mas que se
fossem modeladas mais próximas do que ocorre na prática, resultariam em
projetos mais econômicos.

Por exemplo: duas barras de treliça, na prática, podem ser uma peça contínua,
mas que no projeto foram consideradas duas barras articuladas.

Outro exemplo: uma conexão, na prática, não é nem rótula e nem engaste,
mas no projeto e considerada rótula, mas na prática, ela absorve alguma
parcela de momento fletor (não como um engaste que absorve todo o
momento fletor que ali ocorre).

Muito já se tem pesquisado em nível de mestrado e doutorado, por exemplo, e


na medida em que se obtêm resultados consistentes e validados, as normas
vão sendo reeditadas, adequando-se o necessário.

2.5.2 Diagrama de Corpo Livre


De acordo com Ribbeler (2008), para uma aplicação bem-sucedida das equações
de equilíbrio de um corpo, é necessária uma completa especificação de todas as
forças externas conhecidas (como cargas que atuam) e desconhecidas (como
reações de apoio relativas a vínculos – incógnitas do problema) que atuam no
corpo. E a melhor maneira de se fazer isso é construindo o diagrama de corpo
livre para este corpo.

O diagrama de corpo livre é um esboço da forma do corpo, representado de


maneira isolada (ou livre) dos demais elementos estruturais vizinhos. Neste
esboço, é necessário mostrar todas as forças e momentos que as vizinhanças
exercem sobre o corpo para que esses efeitos sejam levados em consideração
quando as equações de equilíbrio forem aplicadas.

Acrescenta-se que a representação correta do corpo livre é primordial na resolução


de problemas estruturais.
23 UNIUBE

2.6 Graus de Liberdade


Denominam-se graus de liberdade de uma estrutura ao número de possibilidades
de movimento dessa estrutura.

De acordo com Süssekind (1975), uma translação no espaço pode ser expressa
por suas componentes segundo três eixos ortogonais entre si (x, y e z) e uma
rotação, de forma semelhante, sob três rotações, em torno de cada um desses
eixos. Portanto, uma estrutura no espaço possui um total de seis graus de liberdade
(três translações e três rotações).

Para estruturas planas, resumem-se a três graus de liberdade (duas translações


e uma rotação). Os graus de liberdade precisam ser restringidos, de modo a se
evitar qualquer tendência de movimento da estrutura, a fim de possibilitar seu
equilíbrio. Esta restrição é dada pelos apoios (vínculos) que devem impedir as
diversas tendências possíveis de movimento, através do aparecimento de reações
destes apoios sobre a estrutura, nas direções dos movimentos que eles impedem,
isto é, dos graus de liberdade que eles restringem.

Essas reações de apoio (vínculos, incógnitas a serem calculadas) se oporão às


cargas aplicadas à estrutura, formando este conjunto de cargas e reações, um
sistema de forças em equilíbrio.

Para efeito de cálculo, os graus de liberdade podem ser estáticos ou cinemáticos.


E assim, respectivamente, são chamados de Graus de Estaticidade e Graus de
Deslocabilidade.

2.6.1 Grau de Estaticidade


O grau de estaticidade, designado por g, é o numero que quantifica a condição
estática de uma estrutura, pela análise de seus movimentos. Pode-se dizer que
g representa o balanço entre o número de incógnitas (vínculos) e o número de
equações da estática.

Em uma estrutura plana constituída de m barras, tem-se que cada uma apresenta
3 movimentos: 2 translações e 1 rotação. Assim, para cada barra pode-se escrever
3 equações da estática ( ∑ Fx = 0 , ∑ Fy = 0 e ∑ M z = 0 ), que são as 3 equações
de equilíbrio para estruturas planas. Logo, o total de equações é 3m.

Para garantir a estabilidade da estrutura têm-se os apoios (vínculos externos)


e os vínculos internos, os quais representam as incógnitas do problema. Enfim,
a possibilidade de movimento de uma estrutura será igual à diferença entre o
número de deslocamentos possíveis e o número de vínculos associados ao
conjunto. Então:
24 UNIUBE

g = 3 ⋅ m − Ve − Vi

sendo: Ve os vínculos externos (apoios) e Vi os vínculos internos.

Quanto ao grau de estaticidade, as estruturas podem ser classificadas em:

a) g = 0  Estrutura Isostática (pode ser estável). É aquela em que a


determinação dos esforços solicitantes pode ser feita recorrendo-se apenas
às leis da estática ( ∑ Fx = 0 , ∑ Fy = 0 e ∑ M z = 0 ).

b) g < 0  Estrutura Hiperestática (estável). Neste caso, o número de


vínculos é maior que o necessário para garantir o equilíbrio da estrutura. A
determinação dos esforços solicitantes não pode ser feita utilizando apenas
as equações de equilíbrio da estática.

c) g > 0  Estrutura Hipostática (instável). A estrutura é instável. Não


consegue absorver cargas, a não ser sob determinadas solicitações, mas
sempre em equilíbrio instável.

Uma forma de entender as situações de equilíbrio de um corpo, seja ele estável ou


instável, que são as situações que interessam ao engenheiro calculista, faz-se a
analogia de uma esfera posicionada conforme ilustra a Figura 16, cujo movimento
da mesma a leva às seguintes situações: em equilíbrio estável, ela volta para
o lugar inicial; em equilíbrio instável, ela se afasta cada vez mais de onde se
encontrava e, para a situação de equilíbrio indiferente, para onde se movimentar
a esfera, ali ela fica.

O engenheiro calculista projeta uma estrutura para que fique na situação estável,
sempre.

(a) equilíbrio estável (b) equilíbrio instável (c) equilíbrio indiferente


Figura 16 – Percepção dos tipos de equilíbrio, por analogia ao movimento de uma esfera.
Fonte: Acervo da autora.
25 UNIUBE
Exemplos:

g = 3(1) - 3 - 0 = 0 g = 3(2) - 4 - 3 = -1

Notas Importantes:
 A expressão d e = 2 n − b − Ve pode, em alguns casos, não apresentar

fidelidade quando a estrutura corresponder a casos especiais. Portanto,
deve ser utilizada apenas para obter um indicativo numérico com relação
ao grau de estaticidade. Assim, sempre é necessário fazer uma análise do
comportamento global da estrutura, em especial da posição dos vínculos.
Você entenderá bem isso, nos exemplos de aplicação que estão adiante.

 Se "m” for considerado como chapa, a equação de g indicará o grau de



estaticidade externo. Para conhecer o grau de estaticidade global (externo +
interno), basta considerar “m” como sendo o número de barras ou número de
chapas abertas (Figura 17).

(a) chapa fechada (b) chapa aberta


Figura 17 – Representação dos tipos de chapas para análise dos graus de liberdade.
Fonte: Acervo da autora.

Na medida da resolução de exercícios (em aplicações contidas neste capítulo),


você aprenderá como calcular o grau de estaticidade. Todavia, é interessante
realizar, neste momento, uma síntese da quantidade de vínculos internos e
externos correspondentes a cada caso estudado para estruturas planas, o que
está apresentado na Tabela 1.
26 UNIUBE
Tabela 1: Tipos de vínculos externos e internos e quantidade de movimentos impedidos.

Quantidade de Vínculos
Tipo de Vínculo Externo Denominação
(restrições, incógnitas)

01 vínculo
apoio móvel (uma força vertical, horizontal ou
inclinada)

02 vínculos
apoio fixo
(duas forças perpendiculares)

03 vínculos
engaste fixo (duas forças perpendiculares e um
momento fletor)

02 vínculos
(momento fletor e força
perpendicular ao eixo da barra
engaste móvel
ou
momento fletor e força paralela ao
eixo da barra)

Quantidade de Vínculos
Tipo de Vínculo Interno Denominação
(restrições, incógnitas)

articulação ou 02 vínculos
rótula (duas forças perpendiculares)

03 vínculos
continuidade (duas forças perpendiculares e
momento fletor)

02 vínculos
(momento fletor e força paralela ao
translação eixo da barra
relativa ou
momento fletor e força
perpendicular ao eixo da barra)
Fonte: Acervo da autora.
27 UNIUBE
É importante você saber quantos vínculos internos ocorrem na união de mais de
duas barras no mesmo nó. Na Figura 18 estão ilustradas algumas possibilidades.

1 1 1 2 1
2 2 2
3 3 3 3

(a) (b) (c) (d)

2 2 2
1 1 1
3 3 3
4 4 4

(e) (f) (g)


Figura 18 – Algumas possibilidades de vinculações internas para uniões com mais de duas barras.
Fonte: Acervo da autora.

Duas barras contínuas possuem três vínculos e caso sejam três barras contínuas,
para cada duas, contam-se três vínculos. A análise é feita assim: tomam-se duas
barras e contam-se três vínculos, destas duas com a terceira, ocorrem mais
três, totalizando seis. Das três barras com uma quarta barra, ter-se-ão mais três
vínculos, totalizando nove. E, assim por diante.

Da mesma maneira, é feita a contagem para barras articuladas entre si, trocando
o três por dois, no tocante aos vínculos explicados no parágrafo anterior.

E, ainda, tem-se a seguinte situação: pode ocorrer que você tenha em um mesmo
nó barras que sejam contínuas e que sejam articuladas. A contagem dos vínculos
é semelhante às situações já explicadas, somando-se três na continuidade e dois
na articulação ou rótula.

Veja a Figura 18 e acompanhe o raciocínio utilizado na contagem dos vínculos


totais internos contidos nas uniões que ocorrem em cada nó exemplificado:
 Situação (a):
Na união das barras 1 e 2 têm-se 3 vínculos, e da união dessas com a barra 3,
têm-se mais 3 vínculos, totalizando 6 vínculos internos: Vi = 3 + 3 = 6.

 Situação (b):
Na união das barras 1 e 2 têm-se 2 vínculos, e da união dessas com a barra 3,
têm-se mais 2 vínculos, totalizando 4 vínculos internos: Vi = 2 + 2 = 4.

 Situação (c):
Na união das barras 1 e 3 têm-se 3 vínculos; e da união dessas com a barra 2,
têm-se mais 2 vínculos, totalizando 5 vínculos internos: Vi = 3 + 2 = 5.
28 UNIUBE

 Situação (d):
Na união das barras 1 e 2 têm-se 3 vínculos; e da união dessas com a barra 3,
têm-se mais 2 vínculos, totalizando 5 vínculos internos: Vi = 3 + 2 = 5.

 Situação (e):
Na união das barras 1 e 2 têm-se 2 vínculos; da união dessas com a barra 3,
têm-se mais 2 vínculos, e da união dessas com a barra 4, têm-se mais 2 vínculos,
totalizando 6 vínculos internos: Vi = 2 + 2 + 2 = 6.

 Situação (f):
Na união das barras 2 e 3 têm-se 3 vínculos; da união dessas com a barra 4, têm-
se mais 3 vínculos, totalizando 6, e dessas três barras com a barra 1, têm-se mais
2: Vi = 3 + 3 + 2 = 8.

 Situação (g):
Na união das barras 2 e 4 têm-se 3 vínculos; da união dessas com a barra 1, têm-se mais 2
vínculos, totalizando 5, e dessas três barras com a barra 3, têm-se mais 2: Vi = 3 + 2 + 2 = 7.

Obviamente, a ordem utilizada na contagem independe para se obter a quantidade


total de vínculos internos.

Agora é com você!

Faça o exercício de somar os vínculos com sequências diferentes das aqui


apresentadas (após você entender bem o que está sendo apresentado), para
verificar que o resultado será o mesmo.

2.6.2 Grau de Deslocabilidade


Número que quantifica as possibilidades de deslocamentos dos nós da estrutura,
admitindo suas partes deformáveis, sob determinado carregamento.

Aplicação: No Processo dos Deslocamentos (ferramenta empregada para


o cálculo de esforços e deslocamentos em estruturas hiperestáticas, que será
estudado em Teoria das Estruturas II).

Seja a estrutura ilustrada pela Figura 19, solicitada por um dado carregamento
(Figura 19-a) que a confere uma situação deformada (Figura 19-b):
29 UNIUBE

(a) estrutura carregada (b) estrutura deformada

Figura 19 – Visualização das deslocabilidades em uma estrutura carregada.


Fonte: Acervo da autora.

A estrutura apresenta três deslocabilidades em cada nó. Mas, considerar três


deslocabilidades em cada nó implica em aumento dos cálculos na determinação
dos esforços e deslocamentos. Isto só é adequado quando se faz uso de
computadores. Manualmente, visando simplificar os cálculos, consideram-se as
barras inextensíveis axialmente e transversalmente, ou seja, não se deformam por
força normal ou cortante.

Esta simplificação baseia-se na constatação de que os deslocamentos dos nós da


estrutura são basicamente produzidos pela rotação das barras, sendo praticamente
desprezíveis, em proporção, à parcela devido aos esforços normais e cortantes.

Assim, consideram-se apenas as deformações devido ao momento fletor no


cálculo das deslocabilidades da estrutura. Visando facilitar o estudo do grau de
deslocabilidade, costuma-se separá-lo em deslocabilidade interna e externa.

Deslocabilidade Interna (di): possibilidade de rotação dos nós internos.

Cada nó possui uma possibilidade de rotação, exceto os nós de apoios engastados


e articulados e os nós intermediários articulados (rotulados). Para encontrar di,
rotulam-se todos os nós, desprezam-se os balanços e contam-se os nós internos
restantes. Caso cheguem duas ou mais barras em um apoio, de forma contínua,
ali também será contada uma deslocabilidade interna.

Deslocabilidade Externa (de): possibilidade de translação dos nós considerando


toda a estrutura com os nós rotulados.

Para se calcular de , rotulam-se todos os nós, desprezam-se os balanços e faz-se:

d e = 2 n − b − Ve
30 UNIUBE
em que:
 n : número de nós (todos os nós da estrutura rotulada e com balanços

desprezados);

 b: número de barras (todas as barras, exceto os balanços);



V : número de vínculos externos (considerando todos os nós rotulados
e
– observe que, por exemplo, apoio fixo continua com um vínculo, pois já é
rotulado; apoio fixo, idem, com dois vínculos; e o engaste, quando articulado,
deixa de possuir três vínculos e passa a ter apenas dois – acompanhe
aplicações resolvidas adiante).

Classificação quanto ao Grau de Deslocabilidade:

d e = 0  Estrutura Indeslocável Externamente

d e > 0  Estrutura Deslocável Externamente (deve-se introduzir vínculos


para torná-la indeslocável)

d e < 0  Estrutura Super-Indeslocável Externamente (pode-se retirar


vínculos e mantê-la indeslocável)

2.7 Superposição de efeitos


Segundo SORIANO e LIMA (2006), as estruturas podem ter comportamento
físico linear e não linear, e comportamento geométrico linear e não linear.

Diz-se comportamento físico linear quando os materiais constituintes das barras


da estrutura possuem diagrama tensão-deformação linear, ou seja, obedecem à
Lei de Hooke, conforme ilustra a Figura 20.
Tensão
σ2
σ1

ξ1 ξ2 Deformação
Figura 20 – Gráfico tensão x deformação para corpos que obedecem à Lei de Hooke.
Fonte: Acervo da autora.
31 UNIUBE
Diz-se comportamento geométrico linear quando as equações de equilíbrio
podem ser escritas com aproximações julgadas aceitáveis, considerando-se a
configuração não-deformada da estrutura, que é anterior à situação de cálculo,
na qual as ações externas estão atuando e deformando a estrutura. Trata-se de
análise de pequenos deslocamentos em que a tangente do ângulo de rotação é
tomada igual ao próprio ângulo em radiano, por ser este bem pequeno.

Tendo comportamento linear físico e geométrico, é válido o Princípio de


Superposição de Efeitos, o que significa que se pode transformar um
carregamento na soma de vários carregamentos aplicados na estrutura, como
é ilustrado na Figura 21 para um exemplo de viga biapoiada com duas forças
externas aplicadas.
P1 P2 P1 P2
= +

Figura 21 – Ilustração do Princípio da Superposição de Efeitos.


Fonte: Acervo da autora.

Através do componente curricular Teoria das Estruturas I, estudam-se as


estruturas constituídas por barras, de comportamentos lineares, tanto físico como
geométrico.

3. Esforços Solicitantes
Um corpo solicitado por um carregamento externo terá nos seus pontos de apoio,
reações que o mantêm em equilíbrio.

Seccionando o corpo em uma posição qualquer, têm-se nesta seção os efeitos


estáticos (esforços seccionais: N – força normal, V – força cortante, M – momento
fletor) que a parte retirada provoca na parte restante, os quais mantêm a parte
restante, com suas cargas e suas reações, em equilíbrio, Figura 22.
y

F2 seção F3 F2

V
.
N x

F1 F1 M
F4

(a) corpo sólido carregado (b) esforços em uma seção transversal



Figura 22 – Esquema de um corpo seccionado para visualização dos esforços solicitantes.
Fonte: Acervo da autora.
32 UNIUBE
A esses efeitos estáticos chamamos esforços, os quais abrangem noções de
força e momento. No caso de estruturas planas tem-se a força normal (N), a força
cortante ou de cisalhamento (V) e o momento fletor (M).

De uma forma explícita e redundante falamos em esforços internos ou inerentes,


os quais se manifestam entre elementos adjacentes de um corpo. Assim, em uma
estrutura plana seccionada, para que esta se mantenha em equilíbrio existem nela
esforços solicitantes como: força normal, força cortante e momento fletor.

Sendo que os esforços resultantes do equilíbrio, em seções adjacentes possuem


mesma intensidade, direção e sentidos opostos.

3.1 Força Normal ( N )


Atua na direção perpendicular à seção transversal da barra, ou seja, na direção
do eixo da barra. Caso a barra seja curva, atua tangenciando seu eixo, em cada
seção.

A força normal (ou esforço normal) é positiva caso tracione a seção transversal,
ou seja, tem sentido saindo da seção transversal. E é negativa caso comprima
a seção transversal, ou seja, tem sentido entrando na seção transversal. Diz-se,
respectivamente, normal de tração e normal de compressão (Figura 23).
N(+) N(+) N(-) N(-)
(a) normal de tração (b) normal de compressão

Figura 23 – Convenção de sinais para o esforço normal.


Fonte: Acervo da autora.

3.2 Força Cortante ( V )


Atua na direção perpendicular ao eixo da barra, ou perpendicular à tangente,
se a barra for curva. A convenção de sinais do esforço cortante está associada
à posição em que esta força se encontra em relação ao restante do elemento
seccionado, se à esquerda ou à direita (Figura 24).

V(+): +
D E D E
E D
(a) sentidos positivos do cortante

V(-): -
D E D E
E D
(b) sentidos negativos do cortante

Figura 24 – Convenção de sinais para o esforço cortante.


Fonte: Acervo da autora.
33 UNIUBE
Uma maneira fácil de gravar os sentidos é pensar no giro horário de duas forças
(que correspondem aos cortantes positivos) e ao giro anti-horário de duas forças
(que correspondem aos cortantes negativos). Em cada situação, têm-se as
posições: Esquerda (E) e Direita (D), que correspondem à mesma posição do
cortante, com relação ao restante do elemento estrutural seccionado.

Você também pode pensar assim: o esforço cortante positivo é aquele que
“provoca giro no sentido horário”, ou seja, quando posicionado à esquerda, for
de baixo para cima. Você, aluno, deve encontrar a melhor maneira de gravar os
sinais do cortante. Obviamente, basta entender um dos dois sinais, o positivo, por
exemplo, pois estando com sentido contrário, o esforço cortante será negativo.

Você fixará melhor tais convenções quando forem realizados exemplos de


cálculo neste capítulo. Faça suas anotações e confira o aprendizado quando do
acompanhamento das aplicações resolvidas que lhe serão apresentadas adiante.

3.3 Momento Fletor ( M )


É o momento que atua perpendicularmente ao plano que contém o elemento
estrutural e sua convenção de sinais está relacionada à região do elemento
estrutural que sofre tração, quando o elemento estrutural é fletido.

Por exemplo, na Figura 25, tem-se uma viga cuja ação externa produz a
deformação que confere à mesma, tração (simbolizada pelo sinal +) em sua região
inferior (ocorre tração embaixo). Neste caso, diz-se que o momento é positivo. Se
ocorrer tração em cima, o momento fletor será negativo.

M(+) M(+)

(a) viga carregada (b) deformação com tração embaixo (c) momento fletor positivo

Figura 25 – Convenção de sinais para o momento fletor.


Fonte: Acervo da autora.

3.4 Momento Torçor ( T )


Como o próprio nome diz, é o que provoca giro da barra, ao longo do seu
próprio eixo, ou seja, faz com que a peça torça, em movimento similar ao de um
parafuso. A convenção de sinais é a seguinte: o torçor é positivo quando seu vetor
representativo tem sentido entrando na seção transversal, Figura 26.
34 UNIUBE

T(+) T(+)

Figura 26 – Convenção de sinais para o momento torçor.


Fonte: Acervo da autora.

3.5 Relações Diferenciais Para os Esforços Solicitantes


Seja um elemento diferencial dx retirado da estrutura, como ilustrado na Figura 27.
q.dx

M V A B M + dM

x dx V + dV
dx
Figura 27 – Consideração de elemento diferencial de uma viga para análise dos esforços solicitantes.
Fonte: Acervo da autora.

Aplicando-se as condições de equilíbrio para estruturas planas, tem-se:

1. ∑M B =0
dx
M + Vdx − qdx − M − dM =
0
2
0
Vdx − dM =
0

dM
V = (I)
dx

2. ∑F y =0

V − V − dV − qdx =
0

−dV =
qdx
dV
= − q (II)
dx
35 UNIUBE

d2M
De (I) e (II) tem-se: = −q (III)
dx2
Analisando-se as equações (I) e (II) pode-se avaliar a forma do diagrama de M e
V nos diversos carregamentos da estrutura, como será feito, a seguir, para o caso
de carregamento uniformemente distribuído.

Integrando-se a equação (II) tem-se:

dV
= −q
dx

∫ dV = −∫ qdx
V=−qx + C1 (equação de uma reta)  Para "q” constante ao longo de x

Integrando-se a equação (I) resulta:

∫ dM = ∫ Vdx
M = ∫ ( −qx + C ) dx
1

x2
M =
−q + C1 x + C2 (equação de uma parábola)  em que C1 e C2 são
2
constantes de integração.

Resumindo, têm-se, para diversos carregamentos em trechos de um elemento


(Figura 28) as previsões de formatos dos diagramas de esforço cortante e
momento fletor (Tabela 3).
P
P q1
q

I II III IV

Figura 28 – Representação dos tipos de cargas que podem atuar em uma viga.
Fonte: Acervo da autora.
36 UNIUBE
Tabela 3 – Relação entre tipo de carga com diagramas de esforço normal e cortante.

Forma do Diagrama
Tipo de Carga
V M

q = 0 (trechos II e III) Constante Linear

q = constante (trecho I) Linear Parábola do 2º grau

q1 = ax + b (trecho IV) Parábola do 2º grau Parábola do 3º grau

Fonte: Acervo da autora.

4. Vigas Isostáticas
Neste capítulo de Teoria das Estruturas I serão estudadas as vigas isostáticas
simples (apresenta dois apoios ou um engaste – Figura 29) e as vigas isostáticas
articuladas, ou Vigas Gerber, que apresentam uma ou mais articulações ao longo
do seu comprimento (Figura 30).

(a) biapoiada (b) em balanço (engastada -livre)

(c) biapoiada com um balanço (d) biapoiada com dois balanços


Figura 29 – Exemplos de vigas isostáticas simples.
Fonte: Acervo da autora.

(a) com uma articulação (b) com duas articulações

Figura 30 – Exemplos de vigas isostáticas articuladas (vigas Gerber).


Fonte: Acervo da autora.

Na Figura 31, são apresentadas algumas possibilidades de carregamentos


em vigas bi-apoiadas e cujos cálculos serão contemplados nos exercícios de
aplicação. Acrescenta-se que também serão consideradas vigas isostáticas com
outras condições de apoio (como engastada e livre), que estarão contempladas
em aplicações e/ou exercícios propostos.
37 UNIUBE

P q

a b
L
L
(a) carga concentrada (b) carga uniformemente distri buída em
viga horizontal
q

 

L L

(c) carga uniformemente distribuída na (d) carga uniformemente distribuída


vertical em viga inclinada perpendicularmente à viga inclinada

q
q


A B

L L

(e) carga uniformemente distribuída na (f) carga linearmente distribuída de


vertical e ao longo da viga inclinada forma crescente

A B

(g) carga linearmente distribuída de


forma de crescente
Figura 31 – Algumas situações de carregamento em vigas bi-apoiadas.
Fonte: Acervo da autora.
38 UNIUBE

5. Vigas Gerber ou Vigas Articuladas


As vigas Gerber são vigas isostáticas contínuas com mais de dois apoios,
porém, com um número suficiente de rótulas (ou articulações) que garanta a sua
isostaticidade.

Pode-se citar como vantagem das vigas Gerber com relação às vigas contínuas,
que as primeiras não são sensíveis a recalques de apoios e possuem a facilidade
de cálculo das estruturas isostáticas.

Sua aplicação mais comum é em estruturas de pontes onde o terreno é sensível


a recalques, visto que estes deslocamentos nas vigas Gerber não introduzem
esforços na estrutura.

Uma viga com três apoios sem ser articulada, ou interrompida, quebrada (Figura 32-a),
quando recalca (deslocamento vertical para baixo) em um nó, tal deslocamento produz
esforços no restante da estrutura, ao passo que, em estruturas articuladas (Figura
32-b), pode ocorrer deslocamento e solicitação em apenas um trecho da viga, sem
ser este efeito propagado ao restante da estrutura ou, se provocar deslocamento
no restante da estrutura, não produzem o aparecimento de esforços nesse.

 

(a) viga isostática não articulada (b) viga isostática articulada (Gerber)

Figura 32 – Esquema para visualização de recalque em viga contínua e viga articulada (Gerber).
Fonte: Acervo da autora.

Outra aplicação para vigas Gerber ocorre em estruturas pré-moldadas, como


ilustra a Figura 33, a seguir:
39 UNIUBE

A B C D

Figura 33 – Exemplificação de viga Gerber com elementos pré-moldados.


Fonte: Acervo da autora.

As vigas Gerber se comportam como ilustrado na Figura 32, ou seja, os trechos


entre duas articulações (ou entre uma articulação e um apoio – vide aplicações,
a seguir) se apoiam no restante da estrutura, transferindo para estes, forças
correspondentes às reações de apoio. Tais trechos são sempre isostáticos.
B C

RB RC

RB RC

B C

Figura 32 – Visualização da transferência de cargas e esforços em uma viga Gerber.


Fonte: Acervo da autora.

Observando-se a Figura 32, tem-se que o trecho BC descarrega nos trechos AB


e CD. Portanto, para resolver esta viga Gerber procede-se da seguinte maneira:

1° Passo) Calcula-se o trecho BC (obtenção das reações de apoio RB e RC e dos


esforços solicitantes).

2° Passo) Calculam-se os trechos AB e CD considerando as reações de apoio do


trecho BC como cargas concentradas.
40 UNIUBE

Exemplificando

(1ª APLICAÇÃO) Para cada estrutura esboçada a seguir, determine:


1. Grau de Estaticidade (g);
2. Grau de Deslocabilidade Interna (di);
3. Grau de Deslocabilidade Externa (de).

g = 3m – Ve – Vi = 3.4 – (1+1+1+3) – (3+3+3) = - 3 :


3x hiperestática
di = 2 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.4 – 3 – (1+1+1+2)
= 0 : indeslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(a)

g = 3m – Ve – Vi = 3.3 – (2+1+1) – (3+2)


= 0 : isostática
di = 1 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.4 – 3 – (2+1+1)
= 1 : 1x deslocável externamente
(b) (articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.5 – (1+1+2+2) – (6+6)


= - 3 : 3x hiperestática
di = 2 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.6 – 5 – (1+1+2+2)
= 1 : 1x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(c)

g = 3m – Ve – Vi = 3.5 – (2+2+3+3) – (6+6)


= - 7 : 7x hiperestática
di = 2 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.6 – 5 – (2+2+2+2)
= -1 : 1x superindeslocável externamente
(d) (articulo todos os nós e desprezo balanços)
41 UNIUBE

g = 3m – Ve – Vi = 3.2 – (3+3) – (2)


= - 2 : 2x hiperestática
di = 0 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.3 – 2 – 4
= 0 : indeslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(e)

g = 3m – Ve – Vi = 3.5 – (2+2) – (6+6+2)


= - 3 : 3x hiperestática
di = 2 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.5 – 5 – 4
= 1 : 1x indeslocável externamente
(f) (articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.4 – (2+2+3) – (6+3)


= - 4 : 4x hiperestática

di = 2 (desprezo balanços e conto os nós contínuos


entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.5 – 4 – 6
= 0 : indeslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(g)

g = 3m – Ve – Vi = 3.4 – (2+2+3) – (4+2)


= - 1 : 1x hiperestática
di = 0 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.5 – 4 – 6
= 0 : indeslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(h)

(h)
42 UNIUBE

g = 3m – Ve – Vi = 3.11 – (2+2+2+2+1) –
(6+6+3+9+9) = - 9 : 9x hiperestática

di = 4 (desprezo balanços e conto os nós contínuos


entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.9 – 9 –(2+2+2+2+1)
= 0 : indeslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(i)

g = 3m – Ve – Vi = 3.10 – (3+2) – (3+3+6+6+9+6+3)


= - 11 : 11x hiperestática

di = 7 (desprezo balanços e conto os nós contínuos


entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.8 – 10 – 4
(j) = 2 : 2x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.4 – (3) – (2+2+4)


= 1 : 1x hipostática
di = 0 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.4 – 4 – 2
= 2 : deslocável externamente
(k) (articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.11 – (2+2) –
(2+5+5+5+2+4+4+4) = - 2 : 2x hiperestática
di = 3 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.8 – 11 – 4
= 1 : 1x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(l)
43 UNIUBE

g = 3m – Ve – Vi = 3.7 – (3+3+3) – (2+3+5+3+2) = -


3 : 3x hiperestática
di = 3 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.8 – 7 – 6
= 3 : 3x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(m)

g = 3m – Ve – Vi = 3.10 – (2+3+3+2) –
(3+6+3+3+3+6+3) = - 7 : 7x hiperestática

di = 7 (desprezo balanços e conto os nós contínuos


entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.11 – 10 – (2+2+2+2)
= 4 : 4x deslocável externamente
(n) (articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.8 – (3+3+3) – (3+3+6+6+6) = -


9 : 9x hiperestática
di = 5 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.8 – 8 – (2+2+2)
= 2 : 2x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

(o)

g = 3m – Ve – Vi = 3.18 – (2+3+3+2) –
(3+6+3+6+9+6+9+12+9+3+3) = - 25 : 25x
hiperestática

di = 11 (desprezo balanços e conto os nós


contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.13 – 18 – (2+2+2+2)
= 0 : indeslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

(p)
44 UNIUBE

g = 3m – Ve – Vi = 3.10 – (3+3+3) – (3+6+3+6+6+6)


= - 9 : 9x hiperestática

di = 5 (desprezo balanços e conto os nós contínuos


entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.9 – 10 – (2+2+2)
= 2 : 2x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(q)

g = 3m – Ve – Vi = 3.15 – (3+3+3) –
(3+6+3+6+9+6+6+9+6) = - 18 : 18x hiperestática

di = 9 (desprezo balanços e conto os nós contínuos


entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.12 – 15 – (2+2+2)
= 3 : 3x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

(r)

g = 3m – Ve – Vi = 3.29 – (3+3) –
(4+4+8+6+6+6+4+6+4+6+6+6+8+4+4) = - 1 : 1x
hiperestática
di = 0 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.17 – 29 – (2+2)
= 1 : 1x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(s)

g = 3m – Ve – Vi = 3.11 – (3) – (2+4+4+2+4+4+4+2)


= 4 : 4x hipostática
di = 0 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.9 – 11 – 2
= 5 : 5x deslocável externamente
(t) (articulo todos os nós e desprezo balanços)
45 UNIUBE

g = 3m – Ve – Vi = 3.11 – (2+1) – (2+4+6+6+4+6+2)


= 0 : isostática
di = 0 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.7 – 11 – (2+1)
= 0 : indeslocável externamente
(u) (articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.13 – (3) – (4+2+4+6+4+8+4+2)


= 2 : 2x hipostática
di = 0 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.9 – 13 – 2
= 3 : 3x deslocável externamente
(v) (articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.11 – (2+1) –
(2+4+4+4+4+4+4+2) = 2 : 2x hipostática
di = 0 (desprezo balanços e conto os nós contínuos
entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.8 – 11 – (2+1)
= 2 : 2x deslocável externamente
(w) (articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.9 – (2+2) – (6+4+4+6+2) = 1 :


1x hipostática

di = 0 (desprezo balanços e conto os nós contínuos


entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.7 – 9 – (2+2)
= 1 : 1x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(x)
46 UNIUBE

g = 3m – Ve – Vi = 3.8 – (2+2) – (4+4+6+6)


= 0 : isostática

di = 0 (desprezo balanços e conto os nós contínuos


entre duas ou mais barras)
detalhe

de = 2n – b – Ve = 2.6 – 8 – (2+2)
= 0 : indeslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

(y)

g = 3m – Ve – Vi = 3.10 – (2+2) – (4+4+8+8+2+2)


= - 2 : 2x hiperestática

di = 0 (desprezo balanços e conto os nós contínuos


entre duas ou mais barras)
detalhe

de = 2n – b – Ve = 2.6 – 10 – (2+2)
= - 2: 2x superindeslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

(z)

(2ª APLICAÇÃO) Para cada esquema de viga dada a seguir (desenho sem escala),
trace os diagramas de momento fletor e de esforço cortante, considerando:

L = 5 m, q = 2 kN/m, P = 12 kN, a = 2 m, α = 20o.

P q

a b

L
L

(a) (b)
47 UNIUBE
q

 

L L

(c) (d)


A B

L L

(e) (f)

A B

(g)

RESOLUÇÃO:

Situação (a): P

A B

a b
L

(a)
RA RB
48 UNIUBE
Antes de se resolver qualquer estrutura submetida a um determinado carregamento,
é necessário efetuar o cálculo de suas reações de apoio, que são as incógnitas
do problema.

Neste capítulo, são estudadas as vigas isostáticas cujo grau de estaticidade é zero.
Apenas para confirmar isso, façamos: g = 3 ⋅ m − Ve − Vi = 3 ⋅ 1 − (2 + 1) − 0 = 0 .
Perceba que, como se tem apenas uma barra, não existem vínculos internos, pois
não há ligação (conexão, união) entre barras.

Também são estudadas estruturas que estejam em equilíbrio, qualquer que seja
o sistema, plano ou tridimensional, isostático ou hiperestático (nunca hipostático,
pois isso significa que o sistema é instável e pode se deslocar), valerão as
equações de equilíbrio da estática.

As reações de apoio em uma estrutura são obtidas através das equações de


equilíbrio (somatório de forças e de momentos em relação a qualquer ponto da
estrutura sempre será nulo). Ressalta-se que para cada situação, será analisado
em qual ponto se estará fazendo somatório de momento fletor, para se obter
determinada reação de apoio, mas pode acontecer em alguns casos que bastam
apenas as equações de equilíbrio relativas às forças. Enfim, você adquirirá noções
estruturais na medida da resolução de exercícios.

Para a viga em questão, faz-se:

q⋅L
∑M A = 0 ⇒ RB ⋅ L = P ⋅a ⇒ RB =
2

P ⋅ a PL − Pa q⋅L
∑F y =0 ⇒ R A + R B =P ⇒ R A =P −
L
=
L
⇒ RA =
2

A B
C
a b
L

RA = Pb/L RB= Pa/L


49 UNIUBE
Para o traçado do diagrama de momento fletor, recomenda-se proceder conforme
explicado a seguir.

Primeiramente, obtêm-se os valores correspondentes a cada apoio, ponto de


carga concentrada, ponto de união entre barras, ou de mudança do tipo de carga
aplicada. No exemplo, têm-se os pontos A, B e C, para a obtenção do momento
fletor:
M
= A M
= B 0

(Pois se referem a rótulas que não absorvem momento fletor, ou seja, nelas, o
momento fletor é sempre nulo.)
P⋅b Pab
M=
C a
⋅=
L L

(Ocorre tração embaixo, pois perceba que o momento em C foi calculado com
todas as cargas e reações de apoio que estão à esquerda de C, que, no caso,
é apenas a reação de apoio em A, cuja flexão no ponto C ocorre tracionando
a viga embaixo. Neste caso, de acordo com a notação de sinais aprendida, tal
momento é positivo – traciona embaixo. Na verdade, o que se faz para se
calcular um determinado esforço seccional, é cortar a estrutura naquela seção e
fazer a contabilidade de todas as possíveis ocorrências do esforço desejado, à
esquerda da seção ou à direita da seção. Isso porque, como visto neste capítulo,
para estar em equilíbrio, o que se tem de um lado da estrutura seccionada deve
ser exatamente ao do restante dela, seccionada. Tais comentários são feitos
minuciosamente neste início e depois, obviamente, não serão mais necessários,
ao longo da resolução de outros exercícios.)

O traçado do diagrama de momento fletor é feito com representação dos seus


valores onde ocorre tração: se ocorre tração embaixo, o diagrama é desenhado
abaixo do eixo da viga e se ocorre tração em cima, tem-se o contrário.

Traça-se o eixo da viga, e posicionam-se os nós de interesse (neste caso, A, B e


C) que limitam os trechos do diagrama. Indica-se o nome Diagrama de Momentos
Fletores, e as unidades de força e distância. Marcam-se os valores dos momentos,
sempre perpendiculares ao eixo do elemento estrutura em análise.

Neste exemplo, o momento em C vale: Pab/L = (12kN)(2m)(3m)/(5m) = 14,4 kN.m


e os momentos em A e B são nulos:
50 UNIUBE
C DMF [kN, m]
A B

14,4

Da análise diferencial contida neste capítulo, vista no item 3.5, quando no trecho
de viga não se tem carga, ou seja, quando q = 0, o diagrama de esforço cortante
V (que é obtido pela integral de q) é um número real constante, e o diagrama de
momento fletor M (que é obtido pela integral de V) é uma reta.

Isso significa que neste exemplo, para o traçado do diagrama de momento fletor,
basta unir os valores de momentos das extremidades de cada trecho (que não
possui carga, ou seja, q = 0).

C DMF [kN, m]
A B

14,4

O diagrama de momento fletor é sempre desenhado do lado onde ocorre tração,


em cima ou embaixo da viga e, conforme convenção já vista, quando ocorre tração
embaixo, o sinal do momento é positivo.

Outra forma de traçar diagrama de momento fletor é obter a equação deste


esforço, em função de x e calcular tal momento para os pontos necessários ao
traçado do mesmo.

Como já mencionado, o esforço cortante em trechos sem carga é constante.


Vejamos neste exemplo, que é simples, mas para o qual está se fazendo a análise
bem detalhada para traçado do diagrama de esforço normal e cortante, o que será
guia-base para as demais aplicações contidas neste capítulo.

Uma das formas de se obter o valor do esforço cortante em uma seção é analisar
o que ocorre em termos de cargas perpendiculares ao eixo do elemento estrutural,
até aquela seção, caminhando-se da esquerda para a direita ou da direita para a
esquerda.

Por exemplo, para a viga em questão, tem-se, como diagrama de corpo livre (o
eixo da viga no qual atuam cargas e reações de apoio), que nos permitirá fazer a
análise do cortante em qualquer seção transversal deste elemento estrutural:
51 UNIUBE

P = 12 kN

A B
C
a b
L

RA = Pb/L = 7,2kN RB= Pa/L = 4,8 kN

Caminhando da esquerda para a direita, teremos, para a seção A, uma força


vertical para cima, de 3,2 kN, como resultante de todas as que atuam à esquerda
desta seção, e conforme o item 7.2 deste capítulo, o cortante à esquerda de uma
seção é positivo se orientado para cima, ou seja, neste caso V = + 7,2 kN.

V(+): +
D E D E
E D

Em qualquer seção do trecho AC, a resultante de forças pela esquerda também


será de 7,2 kN orientada para cima, ou seja, para este trecho, o cortante é positivo
e vale: V = + 7,2 kN.

Para o traçado do diagrama de cortante, desenham-se acima do eixo da peça


valores positivos deste esforço e abaixo, valores negativos:

+ 7,2
+
B DEC [kN]
A C

Prosseguindo, em uma seção logo após o ponto C, caminhando-se da esquerda


para a direita, teremos como resultante de forças:

7,2 12 4,8
52 UNIUBE
Neste caso, o cortante à esquerda da seção é para baixo, ou seja, pela convenção
de sinais, é negativo. E no diagrama de corpo livre observa-se que, em qualquer
seção do trecho CB da viga, a resultante de forças à esquerda também será de -
4,8, ou seja, neste trecho, tal esforço é constante:

+ 7,2
+
DEC [kN]
C B
A
- - 4,8

Perceba o que uma carga concentrada produz em um diagrama de esforço


cortante: um salto no mesmo!

Veja que na seção C, tem-se um degrau cujo valor total equivale à carga
concentrada de 12 kN. Constata-se que nessas seções, o que ocorre de um lado
e do outro não é a mesma força de cisalhamento (cortante), mas sim dois valores
que produzem, localmente, uma força resultante concentrada, a partir da soma
do cortante à esquerda e à direita, que são desnivelados por ocasião desta força
concentrada atuante.

Portanto, no traçado de diagramas de esforços cortantes, há que se verificar


sempre a existência desses saltos que correspondem às cargas concentradas
aplicadas no elemento estrutural. É uma maneira de se conferir se o traçado está
correto.

Situação (b):

A B

(b)
RA RB

L q⋅L
∑M A = 0 ⇒ RB ⋅ L = q ⋅ L ⋅
2
⇒ RB =
2

q⋅L q⋅L
∑F y = 0 ⇒ RA + RB = q ⋅ L ⇒ RA = q ⋅ L −
2
⇒ RA =
2
53 UNIUBE
q = 2 kN/m

A B

L=5m

RA = qL/2 = 5 kN RB = qL/2 = 5 kN

Neste caso, a viga é constituída por apenas uma barra (um tramo), no qual a carga
é constante e não ocorre mudança do tipo de carga, por exemplo, com alguma
carga concentrada, ou algum trecho sem carga, ou seja, os pontos primeiramente
plotados são A e B, cujos momentos são nulos:

A B DMF [kN, m]

Do item 3.2 contido neste capítulo, sabe-se que, quando o carregamento é


uniformemente distribuído no trecho da viga, o cortante é uma reta e o momento
fletor, uma parábola do segundo grau. Portanto, entre A e B, o diagrama será
parabólico, a união desses valores de momentos (nulo para ambas as seções) será
através de uma linha parabólica do segundo grau. Resta saber se a concavidade
é para cima ou para baixo, o que será definido calculando-se o valor do momento
no meio do vão AB (2,5 m), se tracionando em cima ou embaixo:

qL L L L qL2
M meio = ⋅ −q⋅ ⋅ ⇒ M meio =
2 2 2 4 8

qL2 2 ⋅ 52
M meio
= = = 6, 25 kN ⋅ m
8 8

Perceba que a tração ocorre embaixo da viga e, como o diagrama de momento


fletor é desenhado do lado da tração, teremos uma parábola assim representada:

A B DMF [kN, m]

6,25
54 UNIUBE
Esse resultado pode ser utilizado em qualquer outra situação na qual se tenha um
trecho com carregamento uniformemente distribuído:

qL2
8

Tal medida, no diagrama, é feita sempre perpendicular ao eixo do elemento


estrutural. Em outras aplicações será visto como representar este valor, quando
os momentos nos extremos são diferentes de zero.

Importante!

Enfim, fica para você, aluno, a partir deste exemplo, o valor fixo para momento
fletor no meio de trechos com carga uniformemente distribuída, que em muito
facilita o traçado de diagramas deste esforço.

Nesse caso, os momentos fletores dos extremos dos trechos, ou seja,


referentes aos pontos A e B são nulos, mas podem ocorrer valores nessas
extremidades, que sejam diferentes de zero. Em qualquer caso, a parábola do
segundo grau possuirá uma curvatura central igual a qL2/8, medida a partir da
linha que une os valores de momentos nas seções extremas do trecho de viga
que se esteja considerando, no meio do seu comprimento. A seguir, são feitas
outras representações, para comparação com a obtida nessa situação (b).

L L

M (+)
M=0 M=0
M (+)

qL2/8
qL2/8

M (-)
M (-)
M (-)
qL2/8

M (+)
qL2/8

L L
55 UNIUBE
Para o traçado do esforço cortante, raciocínio e procedimento análogos à situação
(a) serão utilizados, lembrando que, aqui, o diagrama será uma reta (linear) como
já comentado:

q = 2 kN/m

A B
L=5m
5 kN 5 kN

Caminhando-se da esquerda, na seção A, tem-se: V = + 5 kN, pois está orientado


para cima.

Entre A e B, não se tem nenhuma carga concentrada que possa produzir degrau
no diagrama (como na situação a – veja comentário realizado naquela). Por isso,
o diagrama é contínuo, bastando se obter os cortantes em A e em B e unir tais
valores por uma reta.

Ainda, caminhando pela esquerda, o cortante em B será:

5 2.5 = 10 5

Sendo para baixo, à esquerda da seção pela convenção de sinais do esforço


cortante, tem-se: V = - 5 kN. Portanto, o traçado do diagrama de esforço cortante
para essa viga fica:

+5

+ DEC [kN]
B
A
-
-5

Para finalizar esta situação (b) é importante fazer-se aqui o seguinte comentário:
no diagrama de momento fletor, tem-se a seção mediana do trecho AB com o maior
momento fletor atuante. Para esta seção, o valor do esforço normal é zero. Isso é
explicado pelas relações diferenciais apresentadas para esforços solicitantes, no
item 7.5 deste capítulo.

Sabe-se que, quando se deseja encontrar o valor máximo de uma função, pelo
cálculo diferencial, encontra-se a derivada primeira desta função e iguala-se o
56 UNIUBE
resultado a zero. Isso significa encontrar pontos onde a reta tangente à curva da
função é horizontal, o que corresponde, para uma parábola do segundo grau, ao
ponto correspondente ao seu vértice.

Pois bem, em nosso estudo, temos que o esforço cortante é obtido pela primeira
derivada do momento fletor, ou seja, onde o momento for máximo, ali corresponderá
à sua primeira derivada nula, ou seja, ao valor zero para o esforço cortante.

Importante!

Resumindo, sempre que uma seção tiver momento máximo em um trecho


da viga, para a curva correspondente a este esforço (parábola do segundo
grau, do terceiro grau etc.) nesta mesma seção, o cortante será nulo, em
vice-versa.

As situações (a) e (b) são básicas a todo o estudo e, doravante, não mais
será necessário tanta explicação pormenorizada, pois se reportará ao
que já fora aqui comentado. Caberá a você prosseguir apenas se estiver
consolidado o que até aqui lhe foi apresentado.

Situação (c):

É análoga à situação (b), porém com a viga inclinada. Veja no que interferirá esta
inclinação da viga.

q = 2 kN/m
B

 = 20
o

L=5m

(c)

Perceba que se trata de um caso semelhante ao da situação (b), porém, para um


vão inclinado, de valor:

L L 5m
cos
= α ⇒ Linclinado
= = = 5,32 m
Linclinado cos α cos 20o
57 UNIUBE

q = 2 kN/m
B

5,32 m
20o
A
RB

RA

Considerando-se o eixo x como o da viga e y, perpendicular a x, tem-se:

L q⋅L
∑M A = 0 ⇒ RB ⋅ L = q ⋅ L ⋅
2
⇒ RB
= = 5,32 kN
2

q⋅L
∑F y = 0 ⇒ RA + RB = q ⋅ L ⇒ RA = q ⋅ L −
2

q⋅L
RA
= = 5,32 kN
2

q = 2 kN/m
B

5,32
5,32 m
20o
A

5,32

Conforme o já comentado na situação (b), são traçados os diagramas de M e V:

qL2 2 ⋅ (5,32) 2
M meio
= = = 7, 08 kN ⋅ m
8 8

DMF [kN, m]

A ++
7,08

B
+ 5,32 - 5,32 DEC [kN]
+ -
A
58 UNIUBE
Situação (d):

É análoga à situação (c), porém havendo necessidade de decompor o carregamento


perpendicularmente ao eixo da viga, para que se obtenham os esforços cortantes
(perpendiculares ao eixo da viga) e momentos fletores (produzidos por forças
perpendiculares ao eixo da viga com seus respectivos braços de alavanca).

q = 2 kN/m

 = 20o
A

L=5m

Sendo a mesma viga, tem-se já calculado do item anterior, o valor do vão inclinado:
5,32 m.

Para que se obtenha o valor da carga distribuída perpendicular ao eixo da


peça, é conveniente encontrar a resultante da carga atuante e decompô-la
perpendicularmente a esse eixo, para depois transformá-la novamente em carga
uniformemente distribuída, bastando dividir tal componente concentrada pelo vão
inclinado de 5,32 m.

A resultante valerá: 2 kN/m x 5 m = 10 kN:


10 kN

9,40 kN
B

 = 20 o
A

L=5m

A componente desta carga concentrada, perpendicular ao eixo da barra é calculada


como: 10 x cos20o = 9,40 kN.

Para retornar à situação de carga uniformemente distribuída, divide-se este valor


pelo vão inclinado: q’ = 9,40 / 5,32 = 1,77 kN/m.
59 UNIUBE
A partir daí, o cálculo é similar ao da situação (c), para o traçado dos diagramas
de momento fletor e esforço cortante atuantes na viga inclinada:

q' = 1,77 kN/m


B

4,70
5,32 m
20o
A

4,70

qL2 1,88 ⋅ (5,32) 2


M meio
= = = 6, 65 kN ⋅ m
8 8

DMF [kN, m]

A
++

6,26

B
+ 4,70 - 4,70 DEC [kN]
+ -
A

É interessante constatar que o valor do momento máximo é o mesmo encontrado


para a situação de carga uniformemente distribuída ao longo da viga horizontal
qL2
(situação b), ou seja, estando a viga inclinada, o momento máximo pode ser
8
calculado com os valores de: carga uniformemente distribuída na vertical e o vão
da viga inclinada projetado na horizontal.

Situação (e):

É análoga à situação (c), porém havendo necessidade de decompor o carregamento


perpendicularmente ao eixo da viga.
60 UNIUBE

(e)

Para que se obtenha o valor da carga distribuída perpendicular ao eixo da


peça, é conveniente encontrar a resultante da carga atuante e decompô-la
perpendicularmente a esse eixo, para depois transformá-la novamente em carga
uniformemente distribuída, bastando dividir tal componente concentrada pelo vão
inclinado de 5,32 m.

Só que aqui, a resultante não será calculada sobre o vão de 5 metros, mas sobre
o inclinado, ou seja: 2 kN/m x 5,32 m = 10,64 kN

10,64 kN

9,40 kN
B

 = 20 o
A

L=5m

A componente desta carga concentrada, perpendicular ao eixo da barra é calculada


como: 10,64 x cos20o = 10 kN.

Para retornar à situação de carga uniformemente distribuída, divide-se este valor


pelo vão inclinado: q’ = 10 / 5,32 = 1,88 kN/m.

A partir daí, o cálculo é similar ao da situação (c), para o traçado dos diagramas
de momento fletor e esforço cortante atuantes na viga inclinada:

q' = 1,88 kN/m


B

5
o 5,32 m
20
A

5
61 UNIUBE

qL2 1,88 ⋅ (5,32) 2


M meio
= = = 6, 65 kN ⋅ m
8 8

DMF [kN, m]

A ++

6,65

B
+5 -5 DEC [kN]
+ -
A

Importante!

Acrescenta-se que, tanto para a determinação de esforço cortante como de


momento fletor, você pode optar por caminhar da esquerda para a direita,
como o contrário. Faça o exercício de verificar alguma resposta, invertendo
o sentido do caminhamento. Isso é válido para se realizar conferência de
resultados obtidos nos cálculos estruturais.

Situação (f):

Neste caso, tem-se um carregamento distribuído linearmente. Para se calcularem


as reações de apoio, será considerada a resultante do carregamento, obtida
através da área triangular: (2x5)/2 = 5 kN, aplicada no C.G. (centro de gravidade)
do triângulo, ou seja, a um terço do comprimento, medido a partir do ponto B: 5/3
= 1,67 m.
5 kN
1,67 m

q = 2 kN/m

A B

L=5m

RA (f) RB
62 UNIUBE

L 2 q ⋅ L 2⋅5
∑M B =0 ⇒ RA ⋅ L =q ⋅ ⋅ L ⇒
2 3
R
= A = = 3,33 kN
3 3

q⋅L q⋅L
∑F y = 0 ⇒ RA + RB = q ⋅ L ⇒ RB =
2

3

q ⋅ L 2⋅5
RB
= = = 1, 67 kN
6 6

5 kN
1,67 m

q = 2 kN/m

A B

L=5m

RA = qL/6 = 1,67 RB = qL/3 =3,33

Conforme previsão apresentada nas relações diferenciais para cálculo de esforços,


quando se tem um carregamento linear em um trecho de viga, o diagrama de
cortante será uma parábola do segundo grau, e do momento fletor, uma parábola
do terceiro grau. Para o traçado do diagrama de momentos fletores, são obtidos
os valores nos extremos dos trechos:

A B DMF [kN, m]

Entre A e B, o diagrama será através de uma linha parabólica do terceiro grau.


Resta saber se a concavidade é para cima ou para baixo, o que será definido
calculando-se o valor do momento no meio do vão AB (2,5 m), se tracionando em
cima ou embaixo.

Ao se calcular o momento fletor no meio do vão, considera-se a carga triangular


até esta posição, cujo valor corresponde à metade da carga de todo o vão (2
kN/m), ou seja, vale q’ = 1 kN/m. Com esta carga, calcula-se a carga concentrada
equivalente, até o meio do vão: (1 x 2,5)/2 = 1,25 kN, que atua no C.G. desse
triângulo de carga, ou seja, a 2/3 do apoio A: (2/3) x 2,5 = 1,67 m.
63 UNIUBE
1,25 kN

1,67 m
q = 2 kN/m
q' = 1

A B

L=5m

RA = qL/6 = 1,67 RB = qL/3 = 3,33

Perceba que a tração ocorre embaixo da viga e, como o diagrama de momento


fletor é desenhado do lado da tração, teremos uma parábola assim representada:

A B DMF [kN, m]

3,13

Daqui, pode-se assumir para qualquer outra situação em que se tenha um


trecho com carregamento linearmente distribuído, o valor fixo de:

qL2
16

para valores de momento no meio deste trecho. Tal medida, no diagrama, é


feita sempre perpendicular ao eixo do elemento estrutural. Em outras aplicações,
será visto como representar este valor, quando os momentos nos extremos são
diferentes de zero. Pelo fato do carregamento não ser uniforme, com a carga
concentrando mais sobre o apoio B, ter-se-á a curva da parábola do terceiro
grau não simétrica, ou seja, mais encurvada à direita. Adiante será feito o estudo
analítico em função de x, para se obter a localização e valor do máximo momento
fletor.

Para o traçado do esforço cortante, sabe-se que a curva será uma parábola do
segundo grau, unindo os valores extremos do cortante, já que no meio do trecho
não ocorre nenhuma carga concentrada que confira descontinuidade com degrau,
no diagrama desse esforço.
64 UNIUBE
1,25 kN

1,67 m
q = 2 kN/m
q' = 1

A B

L=5m

RA = qL/6 = + 1,67 RB = qL/3 = - 3,33

Valor do cortante no meio da viga:

+ 1,67 - 1,25 + 0,42

Pela convenção de sinais, o cortante à esquerda da viga é positivo (+1,67),


pois está orientado para cima, e o cortante à direita (-3,33), negativo, pois está
orientado para cima.

1,25 kN

1,67 m
q = 2 kN/m
q' = 1

A B

L=5m

RA = qL/6 = + 1,67 RB = qL/3 = - 3,33

Portanto, o traçado do diagrama de esforço cortante para essa viga fica:

+ 1,67
+ 0,42
DEC [kN]
B
A

- 3,33
65 UNIUBE
Sabendo-se que se trata de uma parábola do segundo grau, resta unir tais valores
por uma curva com concavidade voltada para baixo, tendo em vista o valor no
meio da viga.

+ 1,67
+ 0,42
+ DEC [kN]
B
A
-

- 3,33

Visualizando os dois diagramas, de momento fletor e de cortante, você constata


o que já se comentou aqui, quanto à posição de momento máximo. Na seção
em que ocorre tal momento, o cortante é nulo, porque o cortante corresponde à
primeira derivada da função momento fletor, e é sabido que no ponto máximo de
uma função curva, sua primeira derivada (inclinação da reta tangente à curva) é
nula (como aprendido em conceitos de cálculo diferencial).

Quando se deseja conhecer a localização desta seção de máximo momento e,


consequentemente, de cortante zero, é necessário equacionar o momento em
função de x (já se sabe que tal função será uma parábola do terceiro grau),
encontrar sua primeira derivada que corresponderá ao cortante (que será uma
parábola do segundo grau). Ao se igualar o cortante a zero, obtém-se a posição
x desejada, e substituindo este valor na expressão do momento, encontra-se o
momento máximo desejado. Este cálculo é apresentado, a seguir.

Primeiramente, define-se uma orientação para o eixo x, por exemplo, com origem
no ponto A e orientação positiva para a direita.

(q'.x)/2

(2/3)x
q = 2 kN/m
q'

A B
S
x
L=5m

RA = 1,67 RB = 3,33
66 UNIUBE
Em uma posição genérica x (seção S qualquer), a partir do apoio A, tem-se um
trecho triangular de carga que necessita ser definido em função dos dados de
carregamento, comprimento de barra e distância x.

Fazendo a proporção de triângulos semelhantes (original de carga q = 2 kN/m e o


hachurado de carga q’), tem-se o valor de q’ definido:

q L 2 5
= ⇒ = ⇒ q ' =0, 4 ⋅ x
q' x q' x

A resultante da carga triangular é aplicada no C.G. do triângulo hachurado, que


dista dois terços do apoio A.

Com isso, escreve-se a expressão do momento fletor, para a seção S, em função


da variável (distância) x, que é válida para qualquer seção da viga. Caminhando-
se da esquerda para a direita (poderia ser o contrário, mas aqui é mais direto se
fazer assim), tem-se:

q '⋅ x x 0, 4x ⋅ x x
M(x)= +1, 67 ⋅ x − ⋅ = 1, 67 ⋅ x − ⋅ = 1, 67 ⋅ x − 0, 067 ⋅ x 3
2 3 2 3
Conferindo os valores nos pontos: A, B e seção média, com o estudo realizado,
tem-se:

M A (x = 0) = 1, 67 ⋅ 0 − 0, 067 ⋅ 03 = 0 ⇒ ok !

M B (x = L = 5m) = 1, 667 ⋅ 5 − 0, 0667 ⋅ 53 = 0 ⇒ ok !

Importante!

(Nesta conta, você não encontra exatamente zero, devido às aproximações


dos números decimais e, por isso, utilizam-se mais casas decimais aqui,
para que você veja que, de fato, o resultado é nulo. Aqui se faz apenas uma
conferência, porque em todo apoio rotulado, sempre o momento fletor é nulo
e você não precisa calcular, ok?)

M meio (x = L / 2 = 2,5m) = 1, 67 ⋅ 2,5 − 0, 067 ⋅ ( 2,5 ) = 3,13 kN ⇒ ok !


3

(Esse resultado coincide com o já obtido, da relação qL2/16, vista anteriormente)


Agora, resta a você obter o valor e posição do momento máximo, o que é feito
derivando-se a função M(x) e igualando-a a zero:
67 UNIUBE

M (x)= 1, 67 ⋅ x − 0, 067 ⋅ x 3

M '(x) =1, 67 − 0, 201 ⋅ x 2

M '(x) = 0 ⇒ 1, 67 − 0, 201 ⋅ x 2 = 0 ⇒ x = 2,88 m

O valor de x obtido representa a posição medida a partir do apoio A, em que


ocorre o momento máximo e o cortante nulo. Resta, agora, calcular o valor deste
momento máximo. Basta substituir x em M(x):

M (x =2,88 m) =1, 67 ⋅ (2,88) − 0, 067 ⋅ (2,88)3 =3, 21 kNm

Portanto, os diagramas completos desses esforços serão os mesmos já obtidos,


com inserção da posição e valor do máximo momento, onde também ocorre o
cortante nulo:

A B DMF [kN, m]
+

M meio = 3,13 Mmáx= 3,21

Xmáx= 2,88

+ 1,67
+ 0,42
+ DEC [kN]
A B
Vnulo
-

- 3,33

Para finalizar, façamos mais uma análise: a equação da parábola correspondente


ao gráfico do esforço cortante é obtida com primeira derivada de M(x), como feito
anteriormente:

V(x) =M '(x) =1, 67 − 0, 201 ⋅ x 2

Perceba que se trata de uma parábola com coeficiente “a” (ax2 + bx + c) negativo
68 UNIUBE
(-0,201) que indica sua concavidade voltada para baixo, coerente com o diagrama
de cortante obtido.

Enfim, havendo necessidade de se conhecer o máximo momento fletor que ocorre


em uma seção de carregamento triangular, é necessário fazer o estudo em função
da variável x.

Situação (g):

É análoga à situação (f), porém, é conveniente caminhar-se da direita para a


esquerda, pela facilidade de se analisar trechos triangulares, pois a partir da
esquerda, tem-se trechos trapezoidais, quando se considera um pedaço do
carregamento.

B
AA B

(g)

Concentra-se a carga triangular para se calcularem as reações de apoio:


5 kN
1,67 m

B
AA B

L=5m

RA = qL/3 = 3,33 RB = qL/6 = 1,67

L 2 q ⋅ L 2⋅5
∑M B =0 ⇒ RA ⋅ L =q ⋅ ⋅ L ⇒
2 3
R
= A = = 3,33 kN
3 3

q⋅L q⋅L
∑F y = 0 ⇒ RA + RB = q ⋅ L ⇒ RB =
2

3

q ⋅ L 2⋅5
RB
= = = 1, 67 kN
6 6
69 UNIUBE
Semelhante à situação (f), calcula-se o momento fletor no meio do vão AB.

1,25 kN
1,67 m
2
q' = 1

A B
A B

L=5m

RA = qL/3 = 3,33 RB = qL/6 = 1,67

qL  L  1 q L  1 L  qL2
M meio = ⋅  − ⋅ ⋅  ⋅  ⇒ M meio =
6  2  2 2 23 2  16

qL2 2 ⋅ 52
M meio
= = = 3,13 kN ⋅ m
16 16

A B DMF [kN, m]
+

3,13

Para o traçado do esforço cortante, sabe-se que a curva será uma parábola do
segundo grau, unindo os valores extremos do cortante, já que no meio do trecho
não ocorre nenhuma carga concentrada que confira descontinuidade com degrau,
no diagrama desse esforço.

Semelhante ao realizado na situação (f), definem-se os sinais dos cortantes nas


seções A e B são, de acordo com a convenção apresentada neste capítulo.

V(+): +
D E D E
E D
70 UNIUBE
O cortante à esquerda da viga é positivo (+3,33), pois está orientado para cima, e
o cortante à direita (-1,67), negativo, pois está orientado para baixo.

1,25 kN

1,67 m
2
q' = 1

A B
A B

L=5m

RA = qL/3 = + 3,33 RB = qL/6 =- 1,67

E o cortante no meio do vão é obtido da direita para a esquerda:

- 1,67 + 1,25 - 0,42

Ou seja, plotado abaixo do eixo da viga, porque é negativo, diferente da situação


com o triângulo invertido (carregamento linear crescente). Portanto, o diagrama de
esforço cortante pode ser traçado:

+ 3,33

DEC [kN]
B
A
- 0,42
- 1,67

Sabendo-se que se trata de uma parábola do segundo grau, resta unir tais valores
por uma curva com concavidade voltada para cima, coerente com os três valores
obtidos.

+ 3,33

+
DEC [kN]
B
A
- 0,42 -
- 1,67
71 UNIUBE
(q'.x)/2

2 (2/3)x

q'
B
AA B
S
x
L=5m

RA = qL/3 = 3,33 RB = qL/6 = 1,67

Em uma posição genérica x (seção S qualquer), a partir do apoio B, tem-se um


trecho triangular de carga que necessita ser definido em função dos dados de
carregamento, comprimento de barra e distância x.

Fazendo a proporção de triângulos semelhantes (original de carga q = 2 kN/m e o


hachurado de carga q’), tem-se o valor de q’ definido:

q L 2 5
= ⇒ = ⇒ q ' =0, 4 ⋅ x
q' x q' x

A resultante da carga triangular é aplicada no C.G. do triângulo hachurado, que


dista dois terços do apoio B. Com isso, escreve-se a expressão do momento fletor,
para a seção S, em função da variável (distância) x, que é válida para qualquer
seção da viga. Caminhando-se da direita para a esquerda (poderia ser o contrário,
mas aqui é mais direto se fazer assim), tem-se:

q '⋅ x x 0, 4x ⋅ x x
M(x)= +1, 67 ⋅ x − ⋅ = 1, 67 ⋅ x − ⋅ = 1, 67 ⋅ x − 0, 067 ⋅ x 3
2 3 2 3

Conferindo os valores nos pontos: A, B e seção média, com o estudo realizado,


tem-se:

M A (x = 0) = 1, 67 ⋅ 0 − 0, 067 ⋅ 03 = 0 ⇒ ok !

M B (x = L = 5m) = 1, 667 ⋅ 5 − 0, 0667 ⋅ 53 = 0 ⇒ ok !


72 UNIUBE

Importante!

(Nessa conta, você não encontra exatamente zero, devido às aproximações


dos números decimais e, por isso, utilizam-se mais casas decimais aqui,
para que você veja que, de fato, o resultado é nulo. Aqui, faz-se apenas uma
conferência, porque em todo apoio rotulado, sempre o momento fletor é nulo
e você não precisa calcular, ok?)

M meio (x = L / 2 = 2,5m) = 1, 67 ⋅ 2,5 − 0, 067 ⋅ ( 2,5 ) = 3,13 kN ⇒ ok !


3

(Esse resultado coincide com o já obtido, da relação qL2/16, vista anteriormente)

Agora, resta-nos obter o valor e posição do momento máximo, o que é feito


derivando-se a função M(x) e igualando-a a zero:

M (x)= 1, 67 ⋅ x − 0, 067 ⋅ x 3

M '(x) =1, 67 − 0, 201 ⋅ x 2

M '(x) = 0 ⇒ 1, 67 − 0, 201 ⋅ x 2 = 0 ⇒ x = 2,88 m

O valor de x obtido representa a posição medida a partir do apoio B, em que


ocorre o momento máximo e o cortante nulo. Resta, agora, calcular o valor deste
momento máximo. Basta substituir x em M(x):

M (x =2,88 m) =1, 67 ⋅ (2,88) − 0, 067 ⋅ (2,88)3 =3, 21 kNm

Portanto, os diagramas completos desses esforços serão os mesmos já obtidos,


com inserção da posição e valor do máximo momento, onde também ocorre o
cortante nulo:
73 UNIUBE
A B DMF [kN, m]
+

M máx= 3,21 M meio = 3,13

+ 3,33 Xmáx = 2,88

+ V nulo
DEC [kN]
B
A
- 0,42 -
- 1,67

Para finalizar, façamos mais uma análise: a equação da parábola correspondente


ao gráfico do esforço cortante é obtida com primeira derivada de M(x), como feito
anteriormente:

V(x) =M '(x) =1, 67 − 0, 201 ⋅ x 2

Todavia, perceba que se trata de uma parábola com coeficiente “a” (ax2 + bx +
c) negativo (-0,201) que indica sua concavidade voltada para baixo, sendo que o
diagrama é uma parábola voltada para cima. Pergunta-se: por quê?

A razão é a seguinte: a orientação do eixo x é para a esquerda. Por isso, o


coeficiente parabólico “a” (ax2 + bx + c) tem sinal inverso de quando o eixo x é o
convencional, utilizado nas deduções de cálculo diferencial e integral. Na verdade,
a concavidade é para baixo ou para cima, dependente da orientação do eixo x.
Veja os desenhos, a seguir, com a visualização convencional das coordenadas
cartesianas x e y e invertida. Em ambos os casos, os coeficientes “a” são positivos,
vinculados à orientação do eixo x.

2
y = ax + bx + c x
y
com “a” positivo

2
y = ax + bx + c y
x
com “a” positivo
74 UNIUBE
Enfim, o diagrama está correto e a equação de V(x) com coeficiente “a” negativo,
totalmente coerente com o desenho.

(3ª APLICAÇÃO) Trace os diagramas de momento fletor e esforço cortante para


cada viga esquematizada, a seguir (desenho sem escala).

3 kN 8 kN

1 kN/m

D
A B C

3,0 4,0 m 2,0

6 kN
3 kN/m

A B C

5,0 m 2,0

RESOLUÇÃO:

Viga (a):

3 kN 8 kN

1 kN/m

D
A HB B C

3,0 4,0 m 2,0


VB VD

∑ F =0
H ⇒ HB =0

∑M = 0 B ⇒ VD ⋅ 6 + 1 ⋅ 3 ⋅1,5 = 8 ⋅ 4 + 1 ⋅ 6 ⋅ 3 ⇒ VD = 7,58 kN

∑F = 0
V ⇒ VB + VD = 3 + 8 + 1⋅ 9 ⇒ VB = 12, 42 kN
75 UNIUBE
Antes de prosseguir nos cálculos, determine de quantas barras é constituída essa
viga. Tal elemento é formado por três barras, que são definidas a cada mudança
de carga e/ou de apoio: AB, BC e CD.

Para o traçado dos diagramas, tanto de momento fletor como de esforço cortante,
primeiramente, você obtém os momentos que solicitam as seções transversais da
viga correspondentes aos extremos das barras.

Lembre-se de que o momento fletor é positivo quando traciona a viga


embaixo!

MA = 0 MD = 0

2
M C ( pela direita=
) 7,58 ⋅ 2 − 1 ⋅ 2 ⋅ ⇒ M=
C 13,16 kNm
2
3
M B ( pela esquerda ) =−1 ⋅ 3 ⋅ ⇒ M B =− 4,5 kNm
2

DMF [kN, m]
A B C D

Tendo obtido e plotado os momentos fletores nos nós de extremidade das barras,
o próximo passo é unir tais valores por segmentos retos que, nesse exemplo,
serão tracejados, pois os trechos contêm cargas uniformemente distribuídas (com
momento qL2/8 medido a partir da linha tracejada, no meio de cada trecho).

Caso algum trecho não tivesse carga, bastaria considerar tais segmentos em linha
cheia e já estaria pronto o diagrama.

DMF [kN, m]
A D
B C
76 UNIUBE

qL2 1 ⋅ 22
Trecho CD ⇒ = =0,5 kNm
8 8

qL2 1 ⋅ 22
Trecho CD ⇒ = =0,5 kNm
8 8

qL2 1 ⋅ 22
Trecho CD ⇒ = =0,5 kNm
8 8
- 4,50

4,5 - DMF [kN, m]


A D
+ B C

+
2,0

0,5

+ 13,16

Para o traçado do diagrama de esforço cortante, caminha-se na viga, da esquerda


para a direita ou vice-versa, fazendo o balanço das forças (cargas e reações
de apoio, até a seção considerada). Lembre-se de que as seções de interesse
correspondem aos apoios ou quando ocorre mudança no tipo de carga.

Da esquerda para a direita, ter-se-á (lembre-se de que à esquerda, o cortante é


positivo se tiver sentido para cima):

MC = 0

VB ( à esquerda de B ) ⇒
- 1x3 = - 3

VB ( à direita de B ) ⇒
-3 -3 + 12,42 + 6,42
77 UNIUBE

VB ( à esquerda de B ) ⇒
+ 6,42 - 1x4 = - 4 + 2,42

VB ( à direita de B ) ⇒
+ 2,42 -8 - 5,58

VD ⇒
- 5,58 - 1 x 2 =- 2 - 7,58

+ 6,42

+ 2,42
+
DEC [kN]
A D
- B C

-
- 3,0

- 5,58

- 7,58

Viga (c):

3 kN/m

A
HA B C

5,0 m 2,0
VA
VB

M D= 6,5 ⋅ 2 − 2 ⋅ 2 ⋅1 ⇒ M D= 9 tf ⋅ m

3⋅5  1 
∑M A = 0 ⇒ VB ⋅ 5 = 6 ⋅ 7 + ⋅  ⋅ 5  ⇒ VB = 10,90 kN
2 3 
78 UNIUBE

3⋅5
∑F V =0 ⇒ VA + VB =6 +
2
⇒ VA =2, 60 kN

Cálculo dos momentos fletores atuantes nas extremidades das barras:

MC = 0 MC = 0

M B pela direita =− 6 ⋅ 2 ⇒ M B =−12, 0 kNm

Cálculo das “flechas” qL2/16 para o trecho que possui carga linear:

qL2 3 ⋅ 52
Trecho AB ⇒ = =4, 7 kNm
16 16
8,0

4,7
-
DMF [kN, m]
A B C
+

O diagrama de esforço cortante será uma parábola do segundo grau no trecho


AB e sua concavidade será voltada para cima, conforme exercício realizado neste
capítulo, pois o triângulo possui sua altura no apoio da esquerda. Se fosse o
contrário, a altura do mesmo estaria sobre o apoio da direita. Mas, caso você não
se recorde dessa peculiaridade, basta que encontre o valor do cortante no meio
do trecho, e plote a curva, que será voltada para cima ou para baixo.

Traçado do diagrama de esforço cortante, caminhando-se da esquerda para a


direita:

VA ⇒
+ 2,60

VB ( à esquerda de B ) ⇒
+ 2,60 - (3X5)/2 = - 7,50 - 4,90
79 UNIUBE

VB ( à direita de B ) ⇒
- 4,90 + 10,90 + 6,0

6,0

+
4,7
+ DMF [kN, m]
A B C
-

(4ª APLICAÇÃO) Para cada viga esquematizada a seguir (desenho sem escala),
pede-se obter a posição e o valor do máximo momento fletor que a solicita no vão
central.
5 kN/m
1 kN
4 kN
2 kN/m

(a)
A B C D

2,0 8,0 m 2,0

2 kN/m 6 kN

1,5 kN/m

(b) A B C D

2,0 6,0 m 2,0

Viga (a):
5 kN/m
1 kN
4 kN 3
q' 2 kN/m
2

A B C D
S

x
VC
2,0 8,0 m 2,0
80 UNIUBE
Para se obter o maior momento fletor, bem como a seção onde ocorre, é necessário
encontrar a expressão M(x) no trecho desejado, para qualquer seção S.

Para a viga em questão, a obtenção da função M(x) no trecho BC, a partir da


direita, por exemplo, requer o valor da reação de apoio vertical em C:
3⋅8  1 
∑M B = 0 ⇒ VC ⋅ 8 + 4 ⋅ 2 = 2 ⋅10 ⋅ 5 + ⋅  ⋅ 8  + 1 ⋅ 8 ⇒ VC = 16,50 kN
2 3 
Portanto, encontra-se M(x), caminhando-se da direita para a esquerda – poderia
ser o contrário:
x 0,375 ⋅ x ⋅ x x
M ( x) =−2 ⋅ 2 ⋅ (1 + x) + 16,50 ⋅ x − 1⋅ x − 2 ⋅ x ⋅ − ⋅
2 2 3
A carga q’ é obtida fazendo-se:

1 q'
= ⇒ q ' = 0,167 ⋅ x
6 x

M D= 6,5 ⋅ 2 − 2 ⋅ 2 ⋅1 ⇒ M D= 9 tf ⋅ m

 x ' = −14, 66 m
−0,19 x 2 − 2 x + 11,5 =
M '( x) = 0 ⇒ 
 x " = 4,13 m
Obviamente, -14,66 m está fora do trecho BC, sendo a posição do máximo
momento fletor, igual a 4,13 m medida a partir do apoio C. Resta, agora, calcular
o valor do momento máximo:

M ( x =4,13 m) =−0, 0625 ( 4,13) − ( 4,13) + 11,5 ( 4,13) − 4 =22, 04 kNm


3 2

Viga (b):

2,5 kN/m 6 kN

1,0 q'
1,5 kN/m
1,5

A B C D
S
x
2,0 6,0 m VC 2,0
81 UNIUBE

1⋅ 6  1 
∑M B = 0 ⇒ VC ⋅ 6 + 2,5 ⋅ 2 ⋅1= 1,5 ⋅ 8 ⋅ 4 + ⋅  ⋅ 6  + 6 ⋅ 8 ⇒ VC = 16,17 kN
2 3 

Portanto, encontra-se M(x), caminhando-se da direita para a esquerda:


x 0,167 ⋅ x ⋅ x x
M ( x) =−1,5 ⋅ 2 ⋅ (1 + x) − 6 ⋅ (2 + x) + 16,17 ⋅ x − 1,5 ⋅ x ⋅ − ⋅
2 2 3

A carga q’ é obtida fazendo-se:

1 q'
= ⇒ q ' = 0,167 ⋅ x
6 x
M ( x) =−0, 0278 ⋅ x3 − 0, 75 ⋅ x 2 + 7,17 ⋅ x − 15

 x ' = −21,91 m
M '( x) =−0, 0834 ⋅ x 2 − 1,5 ⋅ x + 7,17 =0 ⇒ 
 x " = 3,92 m
Portanto, tem-se:
−0, 0278 ⋅ ( 3,92 ) − 0, 75 ⋅ ( 3,92 ) + 7,17 ⋅ ( 3,92 ) − 15 =
3 2
M (x =
3,92 m) = −0, 09 kNm

Constata-se, com esse resultado, que o máximo momento fletor que ocorre no
trecho considerado é negativo, ou seja, não ocorre momento positivo neste trecho,
indicando que a tração acontece apenas em cima, em BC.

Ou seja, a parábola do momento fletor não intercepta o eixo da viga, no traçado


do DMF, no trecho considerado.

(5ª APLICAÇÃO) Dadas as vigas do tipo Gerber esquematizadas, a seguir,


(desenho sem escala), pede-se traçar os diagramas de momento fletor e de
esforço cortante para cada uma.
20 kN
5 kN/m

(a)
A E
B C D

3,0 3,0 10 kN2,0 5,0 m 8 kN


3 kN/m

(b) A
B D E
C

4,0 2,0 m 3,0 2,0


82 UNIUBE

RESOLUÇÃO:

20 kN
5 kN/m
Viga (a):

A E
B C D

3,0 3,0 2,0 5,0 m

Uma viga Gerber é calculada separando-se suas partes contidas entre duas
articulações ou entre uma articulação e um apoio (podendo este estar ou não
na extremidade de uma barra). Cada parte retirada da estrutura é calculada
separadamente e, após os cálculos, são levadas para a estrutura restante, as
forças de reação (incógnitas) obtidas, nas interrupções entre as partes, que são
feitas nas articulações.

Neste exemplo, a viga será dividida em duas partes:

5 kN/m

D E

5,0 m
RD = 12,5 V E = 12,5

20 kN
RD = 12,5

A D
B C

VA VC

3,0 3,0 2,0

Trecho DE:

5
∑M E = 0 ⇒ RD ⋅ 5 = 5 ⋅ 5 ⋅
2
⇒ RD = 12,5 kN

∑F V =0 ⇒ RD + VE =5 ⋅ 5 ⇒ VE =12,5 kN
83 UNIUBE
Trecho ABCD:

∑M A =0 ⇒ VC ⋅ 6 =20 ⋅ 3 + 5 ⋅ 5 ⋅ (3 + 2,5) + 12,5 ⋅ 8 ⇒ VC =49,58 kN

∑F V = 0 ⇒ VA + VC = 20 + 12,5 + 5 ⋅ 5 ⇒ VA = 7,92 kN

Tendo sido obtidas as forças reativas entre as partes “recortadas”, bem com
as reações de apoio em cada uma delas, prossegue-se com a plotagem dos
diagramas de momento fletor e esforço cortante para cada parte, mas que são
desenhadas conjuntamente, na linha que representa o eixo da viga.

Doravante, não serão tão detalhados os cálculos, tendo em vista que você, tendo
estudado com afinco o que se transcorreu até aqui, estará apto a tanto.

35,0

2,5

5,6
B
-
A E DMF [kN, m]
C D
+ +
15,63

23,76

22,5

12,5

7,92 +
+ DEC [kN]
A E
C
B D -
12,08
- 12,5

27,08
84 UNIUBE
Viga (b):

10 kN 8 kN
3 kN/m

A
B D E
C

4,0 2,0 m 3,0 2,0

Havendo carga concentrada nas articulações, escolhe-se qualquer uma das


partes para que fique com a mesma.

10 kN 8 kN

C
D E

RC = 4,67 3,0 2,0

V D = 13,33

3 kN/m RC = 4,67

A C
B

4,0 2,0 m

VA = 2,17 V B = 20,51

16,0
15,32

6,0 1,5
-
-
DMF [kN, m]
B D E
A C
85 UNIUBE
+ 10,68

+ 4,68 + 8,0

+ 2,17 + +
DEC [kN]
A -
B C
- D E

- 5,33

- 9,83

Viga (c):
5 tf 3 tf 2 tf
4 tf/m

2 tf/m

C D E G J
A B F H I
5,0 m 2,0 2,0 2,0 2,0 4,0 m 2,0 6,0 2,0

O cálculo desta viga é feito na seguinte ordem: tramo CDE, ABC, EFG e GHIJ.

Trecho CDE:

∑M C = 0 ⇒ 4 RE = 5 ⋅ 2 + 2 ⋅ 4 ⋅ 2 ⇒ RE = 6,5 tf

∑F V = 0 ⇒ RC + RE = 5 + 2 ⋅ 4 ⇒ RC = 6,5 tf

M D= 6,5 ⋅ 2 − 2 ⋅ 2 ⋅1 ⇒ M D= 9 tf ⋅ m

qL2 2 ⋅ 22
CD e DE ⇒ = = 1 tf ⋅ m
8 8

Trecho ABC:

5
∑M A = 0 ⇒ 5VB= 6,5 ⋅ 7 + 10 ⋅ 2,5 + 4 ⋅ 6 + 5 ⋅
3
⇒ VB= 20,57 tf

∑F = V 0 ⇒ VA + 20,57= 6,5 + 5 + 10 + 4 ⇒ VA = 4,93 tf


86 UNIUBE

M B =−6,5 ⋅ 2 − 4 ⋅1 =17 tfm

qL2 qL2 2 ⋅ 52 2 ⋅ 52
AB ⇒ + = + = 9,38 tfm
8 16 8 16

qL2 2 ⋅ 62
HI ⇒ = =9 tfm
8 8

Trecho EFG:

∑M F = 0 ⇒ 4 RG + 6,5 ⋅ 2 = 3 ⋅ 4 + 2 ⋅ 6 ⋅1 ⇒ RG = 2, 75 tf

∑F = V 0 ⇒ VH + 11, 75= 2, 75 + 2 + 2 ⋅10 ⇒ VH = 13 kN

M F =−6,5 ⋅ 2 − 2 ⋅ 2 ⋅1 ⇒ M F =17 tfm

qL2 2 ⋅ 62
HI ⇒ = =9 tfm
8 8

qL2 2 ⋅ 62
HI ⇒ = =9 tfm
8 8

Trecho GHIJ:

∑M H = 0 ⇒ 6VI + 2, 75 ⋅ 2 = 2 ⋅ 8 + 2 ⋅10 ⋅ 3 ⇒ VI = 11, 75 kN

∑F = V 0 ⇒ VH + 11, 75= 2, 75 + 2 + 2 ⋅10 ⇒ VH = 13 kN

M I =−2 ⋅ 2 − 2 ⋅ 2 ⋅1 ⇒ M I =−8 kNm

M H =−2, 75 ⋅ 2 − 2 ⋅ 2 ⋅1 ⇒ M H =−9,5 kNm

qL2 2 ⋅ 22
GH e IJ ⇒ = = 1 kNm
8 8
87 UNIUBE

qL2 2 ⋅ 62
HI ⇒ = =9 tfm
8 8
DEC [kN]: 10,50
8,25
6,25 6,0
4,93
2,50
2,0
+ + 0,25
+ B + I +
D F G H
A
- - - - J
2,50 2,75
5,75
6,75
10,07 10,50

DMF [kN, m]:


17,0 17,0
9,5
8,0
1 4
1
1
9,0
9,38 - E - - -
D
+ B C + F G H + I J
A
1 1

9,0

Resumo

Prezado aluno, este primeiro volume do componente curricular Teoria das


Estruturas I consiste em um alicerce daquilo que de essencial você precisa saber
para trilhar os próximos passos no mundo estrutural, quer seja em Teoria de
Estruturas (I e II), ou Estruturas de Concreto Armado, de Aço ou de Madeiras.

Este volume o prepara para identificar e classificar elementos estruturais que


compõem uma estrutura planejada por um projeto estrutural, e tais elementos
são carregados, possuem vínculos, e através desses transferem cargas a outros
elementos.

Você aprendeu que um corpo deve estar em equilíbrio e que as estruturas possuem
graus de liberdade que são combatidos por vínculos projetados para este fim, e
assegurem a estabilidade da mesma.

Você compreendeu que, internamente, um elemento estrutural é solicitado por


forças e momentos, denominados esforços e cujos valores são obtidos para qualquer
88 UNIUBE
seção transversal do mesmo. Porém, antes de se calcularem, é necessário que
sejam encontradas as incógnitas de um problema, ou seja, a partir de cargas
que atuam e dos vínculos que estabilizam uma estrutura, é possível calcular as
reações de apoio que esses vínculos imprimem na estrutura.

As vigas isostáticas (simples e Gerber) foram aqui o foco essencial do estudo, e


você constatou que esta segunda viga é constituída por trechos também isostáticos
que podem ser analisados separadamente, como vigas independentes e cujos
resultados compõem o comportamento estrutural global da viga constituída por
vários trechos articulados entre si.

Você aprendeu a simbologia dos vínculos que, na prática, ocorrem em função


dos conectores possíveis de serem executados para unir as peças em concreto
armado, aço, madeiras, por exemplo. São feitas algumas simplificações para o
cálculo, como a análise de estruturas planas que na verdade são tridimensionais,
ou ao se considerar uma rótula (articulação) perfeita, sendo que, na realidade, ali
há alguma absorção de momento fletor. O cálculo mais próximo da realidade pode
ser modelado computacionalmente, por meio de softwares para fins de cálculo
estrutural, mas todos os calculistas que se valem dos pacotes computacionais
devem possuir a base teórica, o estudo que lhe permita maturidade e sensibilidade
para saber avaliar a consistência dos resultados obtidos de forma automatizada.

Espera-se que você, ao chegar até aqui, tenha se usufruído, da melhor maneira,
dos meios e processos apresentados neste capítulo, para o seu aprendizado do
conteúdo em questão, adquirindo as competências aqui comentadas, na medida
do cumprimento de cada conteúdo.

Atividades
Tendo percorrido até aqui, é necessário que você se autoavalie! Em seguida, são
apresentados alguns passos essenciais que lhe ajudarão nesta fase, propostos
como atividades de autoverificação de aprendizagem.

Você, caro aluno, deverá ter a consciência de que neste importante estudo de
sua formação em Engenharia, não basta apenas a leitura!! É imprescindível que
você faça suas próprias anotações e se preocupe em raciocinar e se questionar
sempre, fazendo as paradas necessárias ao longo do seu estudo, para que
você possa prosseguir, tendo vencidos os degraus na medida em que os vai
escalando. Não pule nenhum deles, mas suba cada um, com atenção e seguindo
as recomendações propostas ao longo do capítulo!

Após desenvolver cada atividade, confira seus resultados com as respostas


apresentadas também neste capítulo.
89 UNIUBE
ATIVIDADE 1 Faça um resumo sobre o conteúdo estudado. Lembre-se de que
é importante destacar todos os termos novos que você estuda neste capítulo.
Agora, faça o mesmo, para os problemas de aplicação resolvidos, apresentando
uma resolução sintética para cada um deles.

ATIVIDADE 2 Apresente a classificação completa dos elementos estruturais,


segundo suas dimensões. Nesta resposta, diferencie: placa, chapa e casca.

ATIVIDADE 3 O que é um corpo rígido? Quando ele está equilibrado?

ATIVIDADE 4 Quais são os tipos de vinculações externas que existem em


estruturas? Responda, representando, esquematicamente, todas as possibilidades
estudadas. Para que servem os vínculos externos em uma estrutura?

ATIVIDADE 5 Quais são os tipos de vinculações internas que existem em


estruturas? Responda, representando, esquematicamente, todas as possibilidades
estudadas. Para que servem os vínculos internos em uma estrutura?

ATIVIDADE 6 O que são graus de liberdade – responda considerando uma


estrutura plana. Quais são os tipos de graus de liberdade? Explique sobre cada
um, resumidamente.

ATIVIDADE 7 Para cada estrutura esboçada a seguir, determine:

(a) Grau de Estaticidade (g);

(b) Grau de Deslocabilidade Interna (di);

(c) Grau de Deslocabilidade Externa (de).

(a) (b)
90 UNIUBE

(c) (d)

(e) (f)

(g) (h)
91 UNIUBE

(i) (j)

(k) (l)

(m) (n)
92 UNIUBE

(o) (p)

(q) (r)

(s) (t)
93 UNIUBE

(u) (v)

(w) (x)

detalhe detalhe

(y) (z)

ATIVIDADE 8 Calcule o esforço cortante e o momento fletor que solicitam a seção


S da viga, a seguir, (desenho sem escala), situada no meio do vão CD.

Informe onde ocorre tração, nesta seção, devida ao momento fletor obtido: se na
parte superior ou inferior e, também, o sentido do esforço cortante.
94 UNIUBE

5 kN 3,5 kN 4 kN/m
1 kN

2 kN/m

A E
B C S D

3,5 5,0 m 2,0 3,5

ATIVIDADE 9 Pede-se traçar o diagrama de esforço cortante para a viga


esquematizada a seguir (desenho sem escala), indicando o valor desse cortante
na seção posicionada no meio do vão central BC.

1,5 kN 3 kN/m

2 kN/m
1 kN

A B C D

3,0 6,5 m 2,0

ATIVIDADE 10 Para a viga Gerber esquematizada, a seguir (desenho sem escala),


pede-se traçar os diagramas de momento fletor e de esforço cortante.

10 kN/m

5 kN/m 5 kN 20 kN

A H
B C D E G
F

4,0 m 1,0 3,0 0,5 0,5 1,0 1,0


95 UNIUBE
REFERÊNCIAS
HIBBELER, R.C. Estática : mecânica para engenharia. 10.
ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. 540p.

MACGREGOR, J.G. Reinforced Concrete : mechanics &


design. 2. ed. New Jersey: Prentice-Hall, 1992. 848p.

SORIANO, H.L.; LIMA, S.S. Análise de estruturas : método


das forças e método dos deslocamentos. 2. ed. Rio de
Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2006. 308p.

SÜSSEKIND, J.C. Curso de análise estrutural : estruturas


isostáticas, v.1, Porto Alegre: Editora Globo, 1975. 328p.
96 UNIUBE
97 UNIUBE

2
Deformações
em Estruturas
Isostáticas
Núbia dos Santos Saad Ferreira

Introdução

Segundo Soriano e Lima (2006), um dos principais objetivos da análise de


estruturas é relacionar as ações externas atuantes com os resultados
de suas atuações na estrutura (deslocamentos, reações de apoio,
esforços seccionais, etc.), buscando identificar eventuais deficiências de
comportamento do material constituinte e/ou de comportamento da estrutura.

Aqui, você aprenderá sobre uma importante ferramenta do cálculo estrutural,


que é o Princípio dos Trabalhos Virtuais (P.T.V.), para o cálculo de reações
de apoio, esforços seccionais e, sobretudo, para a determinação de
deslocamentos.

Os textos normativos prescrevem limites para deslocamentos em estruturas,


em função dos seus arranjos, condições de apoio e material estrutural e aqui,
você aprenderá como, por intermédio do P.T.V., tais deslocamentos podem
ser calculados, em estruturas isostáticas. Tal estudo será desenvolvido em
função da causa que leva uma estrutura a se deslocar (recalques de apoios,
variações térmicas, carregamentos, variações de comprimentos de barras).

Caro aluno, empenhe-se ao máximo para agregar conhecimentos


consolidados nesta importante etapa de sua formação de Engenheiro Civil,
com relação à Área de Estruturas.

Bons estudos!
98 UNIUBE

Objetivos
Caro aluno, espera-se que, ao final dos estudos propostos, você seja capaz de:
• transformar uma estrutura isostática em uma hipostática – cadeia cinemática;

• identificar cadeias cinemáticas e analisar suas possibilidades de desloca-


mentos;

• compreender as deformações que ocorrem na seção transversal de um ele-


mento estrutural, em função do esforço que a solicita;

• aplicar o princípio dos trabalhos virtuais para obtenção de reações de apoio


e de esforços em estruturas isostáticas, analisando resultados obtidos;

• aplicar o princípio dos trabalhos virtuais para a obtenção de deslocamentos


em estruturas, analisando resultados obtidos.

Esquema
Caro aluno, o seguinte conteúdo é contemplado neste capítulo:
Deslocamentos de Corpos Rígidos
Polo Absoluto
Polo Relativo
Propriedades das Cadeias Cinemáticas

Princípio dos Trabalhos Virtuais (P.T.V.) Aplicado a Corpos Rígidos


Trabalho Realizado por Alguns Tipos de Cargas

Utilização do P.T.V. para Cálculo de Reações de Apoio e Esforços Seccionais

Utilização do P.T.V. para Cálculo de Deslocamentos


99 UNIUBE

Apresentação
Caro aluno, este capítulo tem como objetivo nortear a realização dos seus estudos a
serem desenvolvidos na modalidade não presencial sobre Teoria das Estruturas I.

Trata-se de um conteúdo de 15 horas organizado com os seguintes tópicos:


Apresentação
Objetivos
Esquema
Introdução
1. Deslocamento de Corpos Rígidos
2. Problemas de Aplicação Resolvidos – PARTE I
3. Princípio dos Trabalhos Virtuais (P.T.V.) Aplicado a Corpos Rígidos
4. Utilização do P.T.V. para Cálculo de Reações de Apoio e de Esforços
Seccionais
5. Problemas de Aplicação Resolvidos – PARTE II
6. Utilização do P.T.V. para Cálculo de Deslocamentos
7. Problemas de Aplicação Resolvidos – PARTE III
8. Conclusões
Referências

Este capítulo contém os caminhos e processos que você deverá percorrer e superar,
para construir os conhecimentos desejados ao final do seu estudo a distância.

Para que obtenha bom êxito ao final do seu estudo, é fundamental estudar o
conteúdo teórico na sequência apresentada, seguindo todos os passos e
recomendações nele contidos, para as verificações de aprendizagem.

São apresentados problemas de aplicação resolvidos que consolidam o estudo


teórico, que lhe permitirão visualizar na prática, os conceitos aprendidos.

Após o estudo teórico e das aplicações, você estará apto para se autoavaliar,
ou seja, realizar as Atividades de Autoverificação da Aprendizagem, cujas
respostas são apresentadas neste roteiro. Você não deverá entregar tais atividades
ao seu preceptor, pois se tratam de orientações para seu próprio estudo não
presencial.

Finalmente, tendo sido cumpridos: o estudo teórico, o entendimento das aplicações


e o desenvolvimento das atividades de aprendizagem, você estará preparado
para realizar as Atividades de Avaliação a Distância, que lhe serão propostas
em fascículo separado.
100 UNIUBE

Pare e pense
Fique atento aos prazos! Planeje seus estudos de forma sistemática e
continuada!

NUNCA deixe para estudar em última hora! Permita-se um aprendizado


paulatino e de qualidade, essencial ao seu bom êxito!

1 DESLOCAMENTOS DE CORPOS RÍGIDOS


CORPO RÍGIDO é todo elemento estrutural sem liberdade de movimento interno
e sem deslocamento relativo entre suas partes. Serão estudados deslocamentos
de corpos rígidos, que são considerados infinitesimais, o que permite utilizar as
simplificações trigonométricas usuais.

Serão tratados os casos de estruturas com apenas um grau de liberdade, ou seja,


com apenas uma possibilidade de movimento, que se denominam hipostáticas.

Esse conjunto de elementos com possibilidades de movimento é denominado


por CADEIA CINEMÁTICA. O conhecimento destes movimentos possui a sua
aplicação na determinação de esforços utilizando o P.T.V. (Princípio dos Trabalhos
Virtuais) e Linhas de Influência.

Para este estudo, é necessário conhecer algumas propriedades e características


das cadeias cinemáticas.

1.1 POLO ABSOLUTO


É um ponto em relação à chapa (estrutura plana constituída por barras interligadas
de forma contínua, que pode ser constituída por uma ou mais barras) em torno do
qual ocorrem todos os movimentos (rotação e translação).

É o centro instantâneo de rotação para deslocamentos infinitesimais. Cada chapa


de uma cadeia cinemática possui um polo absoluto que pode ou não estar contido
na chapa.

1.2 POLO RELATIVO


É um ponto em torno do qual duas chapas apresentam o mesmo deslocamento
de translação:
101 UNIUBE
polo relativo

(1)
O 12
. (2)

Figura 1: Visualização de um polo relativo


O12 entre duas chapas articuladas.
Fonte: Acervo da autora.

Com base no conteúdo visto no Cápitulo sobre deformação de vigas. Sabe-se que
esta estrutura é uma vez hipostática, constituindo, de fato, uma cadeia cinemática,
com possibilidade de movimento:

g = 3m – Ve – Vi = 3.2 – (2+1) – (2) = 1 x hipostática

1.3 PROPRIEDADES DAS CADEIAS CINEMÁTICAS


(1ª Propriedade) Os deslocamentos (translações) de um ponto qualquer de uma
chapa são sempre perpendiculares ao segmento de reta que une este ponto e o
polo absoluto da chapa.

Na Figura 2, é representada esta primeira propriedade. Tem-se o nó A, contido na


chapa AO, cujo polo absoluto é O, ou seja, ela gira em torno do ponto O.

..
.
A
r
v

.
A’
w

polo absoluto
O
Figura 2: Visualização da translação de um nó da chapa.
Fonte: Acervo da autora.
102 UNIUBE
O nó A, bem como qualquer nó da chapa, quando ela se movimenta, desloca-se
perpendicularmente à sua posição original, e a nova posição do nó é denominada
por A’. A posição original da chapa é a linha contínua e a posição deslocada, a
linha tracejada.

A distância entre o polo absoluto e o ponto que se está analisando, é denominado


por r e o deslocamento deste ponto é definido por v. A chapa gira em torno do seu
polo absoluto por uma rotação denominada w. Podem-se relacionar essas três
medidas por relações trigonométricas referentes ao triângulo retângulo que foi
constituído, como apresentado a seguir.
v
tg w =
r

Pelo fato de serem pequenos os deslocamentos e os ângulos dos giros, pode-


se utilizar a seguinte simplificação tg w ≅ w, pois é sabido que, para pequenos
ângulos medidos em radianos, seu valor coincide com o valor de sua tangente.
Com isso, escreve-se:

v v
tg w = ⇒ w= ⇒ v= w ⋅ r
r r

(2ª Propriedade): Os deslocamentos (translações) de um ponto da chapa podem


ser calculados para qualquer posição de interesse, em função do giro w da chapa.

Aqui serão deduzidos os deslocamentos horizontal e vertical de um ponto da


chapa, que serão utilizados neste capítulo, para aplicação do Princípio dos
Trabalhos Virtuais.

O deslocamento real AA’ de um nó da chapa (v) pode ser decomposto em dois


deslocamentos perpendiculares entre si (v’ e v”), obtido por projeções nos eixos
horizontal e vertical de (v), conforme Figura 3.

Tais projeções podem ser obtidas em função das projeções da distância r, também
nesses eixos, e do giro w, o que será apresentado nas formulações seguintes.
Neste cálculo, será utilizado o ângulo θ formado entre o eixo OA e a horizontal.
103 UNIUBE

..
.
A v"
r v

.
v'
A' r"
w

polo absoluto O
r'
Figura 3: Decomposições horizontal e vertical do deslocamento v e do
comprimento r da chapa.
Fonte: Acervo da autora.

v
Sabe-se que: v =w ⋅ r ⇒ w =
r

Têm-se as relações trigonométricas em seno e cosseno do ângulo θ:

r' v' r' v' v v'


cos θ = e cos θ = ⇒ = ⇒ = = w ⇒ v =' w ⋅ r '
r v r v r r'

r" v" r " v" v v"


cos θ = e cos θ = ⇒ = ⇒ = = w ⇒ v "= w ⋅ r "
r v r v r r"

Portanto, para se obter o deslocamento do nó A da chapa, em qualquer direção,


multiplica-se o giro w da chapa pela projeção de r perpendicular à direção
relacionada a tal deslocamento. Isso está ilustrado na Figura 4, para o caso
em análise, que são os deslocamentos vertical (Elástica Vertical) e horizontal
(Elástica Horizontal) do nó A.
104 UNIUBE

.. . .
.
A v" A v"
r v

. .
v' r"
A' w
w

. .
polo absoluto
O

.
r' A ELÁSTICA VERTICAL
ELÁSTICA VERTICAL (projeção paravisualização
O w do deslocamento horizontal)
(projeção para visualização v'
do deslocamento vertical)

Figura 4: Visualização das translações vertical e horizontal do nó A.


Fonte: Acervo da autora.

(3ª Propriedade) O polo relativo entre duas chapas é definido como o ponto de
encontro (intersecção) entre os eixos que definem os vínculos de forças existentes
na união das duas. Na Figura 5 têm-se dois exemplos que mostram:
(a) duas chapas articuladas (rotuladas) entre si, estando esta rótula em suas
extremidades. Sabe-se que na articulação têm-se impedidos os movimentos
de translação entre as chapas que ali se conectam. A interseção de tais vínculos
corresponde ao ponto denominado polo relativo O12 entre as chapas, ou seja,
um ponto tal que elas giram entre si, mas não podem ter deslocamentos
relativos entre si, ou seja, movem-se juntos com relação à translação;

(b) duas chapas articuladas (rotuladas) entre si, não estando esta rótula em
qualquer posição no plano. A mesma situação de (a) ocorre, definindo-se a
posição do polo relativo O12 através da interseção dos vínculos de translação
que ocorrem entre as duas chapas interligadas.

polo relativo

O 12
(1) (2)

(a) com polo relativo contido nas extremidades das chapas


105 UNIUBE

O 12

polo relativo

(2)
(1)

(b) com polo relativo em qualquer posição no plano


Figura 5: Obtenção do polo relativo entre duas chapas articuladas entre si.
Fonte: Acervo da autora.

Caro aluno, para que você confirme a situação de uma vez hipostática que está
sendo considerada no estudo em questão, calcule o grau de estaticidade da
estrutura esboçada pela Figura 5-b:
g = 3m – Ve – Vi = 3.4 – (2+1) – (3+3+2) = 1 x hipostática

É importante destacar que você pode considerar cada chapa dobrada como um
elemento que possua três graus de liberdade, ou seja, em vez de contar quatro
barras para o cálculo do grau de estaticidade, poderá contar duas chapas. Os
resultados serão os mesmos, obviamente.

g = 3m – Ve – Vi = 3.2 – (2+1) – (2) = 1 x hipostática

(4ª Propriedade) O polo relativo entre duas chapas está sempre alinhado com o
polo absoluto de cada uma delas.

Havendo duas chapas (1) e (2) interligadas, tem-se que os pontos referentes
aos polos absolutos e relativos destas chapas: O1, O2 e O12 estão no mesmo
alinhamento, ou seja, existe uma reta que passa por esses três pontos, no plano
das chapas, Figura 6.
106 UNIUBE

O2

O 12
(2)

(1)

O1

lugar lugar

geométrico geométrico

(a) duas chapas interligadas

O2

O12 (2) O23

(1) (3)

O1 O3
lugar lugar

geométrico geométrico
(b) três chapas interligadas
Figura 6: Exemplos de definição de polos existentes entre chapas que se interligam no plano.
Fonte: Acervo da autora.

Da Figura 6, fazem-se os seguintes comentários:


(a) A chapa (1) gira em torno do apoio fixo. Por isso, tem-se neste ponto, o polo
absoluto O1. Pode-se dizer que todo apoio fixo que esteja contido em uma
chapa, é seu polo absoluto. A união articulada entre as duas chapas constitui
o polo relativo O12. Sabe-se que estarão alinhados os polos O1, O2 e O12, ou
seja, o lugar geométrico de O2 será na reta que une O1 e O12. Já a chapa (2)
está apoiada em apoio móvel e tal apoio contém um vínculo vertical. Com
isso, sabe-se que o polo absoluto da chapa (2) estará no alinhamento deste
vínculo. Portanto, obtém-se O2, por meio das intersecções das duas retas
que devem contê-lo.

(b) As chapas (1) e (3), estando sobre apoios fixos, têm nestes pontos, seus
polos absolutos definidos. A união articulada entre (1) e (2) constitui o polo
relativo O12, e entre (2) e (3) o polo relativo O23. Portanto, resta a você obter O2
107 UNIUBE
que será encontrado pela intersecção de duas retas que o contenham, a
saber: alinhamento com O1 e O12 e alinhamento com O3 e O23.

Calculando-se o grau de estaticidade da estrutura esboçada pela Figura 6-b,


tem-se:

g = 3m – Ve – Vi = 3.3 – (2+2) – (2+2) = 1 x hipostática

(5ª Propriedade) Se uma chapa possui polo absoluto indeterminável, ou seja, no


infinito, então todos os pontos desta chapa apresentam somente translação, com
rotação nula. Na Figura 7 tem-se a representação desta situação, na qual não
se consegue obter O2, pois o encontro de duas retas paralelas ocorre no infinito,
o que significa que O2 se encontra no infinito, ou seja, a chapa (2) não gira em
torno de nenhum ponto, apenas translada. Em Figura 7-b visualizam-se os des-
locamentos das chapas.
O2

está no infinito
(2)
O 12 O 23

(1) (3)

O1 O3

lugar lugar

geométrico geométrico
(a) obtenção dos polos

O 12 (2) O 23

(1) (3)

O1 O3

(b) visualização dos deslocamentos


Figura 7: Exemplo de situação em que o polo absoluto de uma chapa é indeterminado.
Fonte: Acervo da autora.
108 UNIUBE

9. 3 PROBLEMAS DE APLICAÇÃO RESOLVIDOS – PARTE I


(1ª APLICAÇÃO) Pede-se determinar as posições deslocadas das chapas que
constituem a cadeia cinemática esquematizada a seguir (desenho sem escala),
dada a rotação horária w da chapa (1). Valha-se das elásticas vertical e horizontal
para tal representação.

5,0 m
2,0 m 3,0 m 5,0 m

RESOLUÇÃO:

Primeiramente, definem-se as barras e os polos absolutos e relativos, para a


cadeia cinemática em análise que, como já calculado aqui, é uma vez hipostática,
como todas as que serão estudadas neste capítulo:

O2

O 12 O23
(2)
(1) (3)

O1 O3 lugar

lugar geométrico

geométrico

Antes de desenhar as elásticas vertical e horizontal, é importante que você


visualize os deslocamentos da estrutura, sem projetar, a partir do giro dado, que é
uma rotação horária w da chapa (1):
109 UNIUBE

O2

O 12
.
(2)
. w3
w2 O23
(1)
w1 (3)
O1 O3 lugar
lugar

geométrico
lugar
lugar geométrico
de O2
geométrico
geométrico

Para a obtenção das elásticas, a partir das quais é possível se obter o deslocamento
para qualquer ponto pertencente à estrutura, são projetados nos eixos destas, os
polos absolutos das três chapas:

O2 O2

O12 O23
(2)
(1) (3)

O1 O3 O 1  O3

Elástica Horizontal

O1 O2 O3
Elástica Vertical

Perceba que, na projeção da estrutura para a representação dos deslocamentos


horizontais, ou seja, na elástica horizontal, tem-se um trecho pontilhado o que
significa que ali não se tem projeção da estrutura, mas é necessário ser desenhado
para se projetar o polo absoluto da chapa (2).

Atente, também, que na elástica horizontal, os polos absolutos das chapas (1) e (3)
coincidem. Isso ocorre porque tais polos estão no mesmo alinhamento horizontal.

O próximo passo é visualizar as linhas de projeção dos polos relativos nas elásticas
traçadas, e definir as distâncias desconhecidas que se têm, pelo fato de O2 estar
fora da estrutura. Necessita-se calcular x e y, e isso será feito empregando-se
semelhança de triângulos. Acompanhe com atenção os cálculos que se seguem.
110 UNIUBE

O2 O2

y
O12 O 23
(2)
(1) (3)

O1 x 3-x
O3 O 1  O3

Elástica Horizontal

O1 O2 O3
Elástica Vertical

y 5 y 5
= ; = = 1 ⇒ ∴ x = 0,86 m (3 − x = 2,14 m) e y = 2,14 m
x 2 3− x 5

Agora, prossegue-se com o traçado das elásticas. E o ponto de partida é o giro


horário da chapa (1). Portanto, em torno de O1, nas duas elásticas, representa-se
o giro desta chapa, na extensão da mesma, ou seja, de O1 até O12:

O2 O2

y
O12 O23 O 12
(2) w1
(1) (3)

O1 x 3-x
O3 O 1  O3

Elástica Horizontal

O1 O2 O3
Elástica Vertical
w1

O 12

Dando continuidade, traçam-se as elásticas da chapa (2), a partir de O12, passando


por O2, e indo até O23. Com isso, representa-se o giro da chapa (2) e se descobre
que o mesmo é anti-horário.
111 UNIUBE

O2 O2
w2
2,14
O12 (2) O23 O1 2  O23

0,86 w1
(1) 2,14 m (3)

O1 O23 O3 O1  O3

Elástica Horizontal

w2
O1 O2 O3
Elástica Vertical
w1
w2

O12

Observe que na elástica horizontal, ao se unir O2 com O12 até o limite da chapa (2)
que é o ponto O23, obteve-se a mesma posição entre O12 e O23, ou seja, de uma
extremidade à outra, a chapa (2) apresenta o mesmo deslocamento horizontal,
para a direita. A linha elástica é pontilhada porque a projeção da chapa (2) na
elástica horizontal ocorre apenas em um ponto. A linha pontilhada corresponde a
um trecho da elástica em que não se tem projeção da estrutura.

Observe que, para ambas as elásticas, faz-se a projeção de cada chapa. Compare
das projeções das chapas (1) e (2) e verifique se você entendeu tudo para, então,
prosseguir.

Finalmente, traçam-se as elásticas da chapa (3), a partir da posição já encontrada


para um ponto conhecido da chapa, que é seu polo relativo. Para isso, une-se O3
a O23, e constata-se que os giros das chapas (1) e (3) são iguais.
O2
O2
w2
2,14
O12 (2) O23 O 12  O 23

(1) 0,86 2,14 m (3)


w1 = w 3
O1 O23 O3 O 1  O3

Elástica Horizontal

w2 w3
O1 O2 O3
Elástica Vertical
w1
w2

O 12
112 UNIUBE
Tendo sido traçadas as elásticas, agora restam os cálculos dos giros de todas
as chapas, em função do giro dado w para a chapa (1), e os cálculos dos
deslocamentos desconhecidos principais, que se referem aos nós referentes aos
polos relativos. A partir de tais informações, é possível se obter o deslocamento
de qualquer outro nó pertencente à estrutura, por meio da expressão genérica que
você aprendeu: v = w ⋅ r .

Para facilitar o entendimento, denominamos os deslocamentos dos polos relativos


com as letras v1, v2 e v3 indicadas no desenho a seguir.
O2
O2
w2
2,14
O12 (2) O23 O 12  O 23
v3
(1) 0,86 2,14 m (3)
w1 = w 3
O1 O23 O3 O 1  O3

Elástica Horizontal
v2
w2 w3
O1 w1 w2 O3
Elástica Vertical
v1 O2

O 12

v = w ⋅ r ⇒ v1 = w1 ⋅ 2 = 2 w
v=
w ⋅ r ⇒ v1 =⋅
w2 0,86 ⇒ 2 w =⋅
w2 0,86 ⇒ w2 =
2,3w
v =⋅
w r ⇒ v2 = ( 2,3w ) ⋅ 2,14 ⇒ v2 =
w2 ⋅ 2,14 ⇒ v2 = 5w
v =w ⋅ r ⇒ v3 =w1 ⋅ 5 ⇒ v3 =5w
v =w ⋅ r ⇒ v3 =w3 ⋅ 5 ⇒ 5w =5w3 ⇒ w3 =w
Finalmente, representam-se nas elásticas todos os valores encontrados:
113 UNIUBE
O2 O2
2w
2,14
O 12 (2) O 23 O 12  O 23
5w
(1) 0,86 2,14 m (3)
w
O1 O3 O 1  O3

Elástica Horizontal
O 23

5w
2,3w
O2 w O3
O1 Elástica Vertical
2w
w 2,3w

O12

Concluindo, nesta aplicação, sabendo-se o valor real do giro da chapa (1), têm-se
todas as elásticas da cadeia cinemática definidas, em função desse valor.

(2ª APLICAÇÃO) Sendo dado o deslocamento vertical do ponto P (∆ para baixo)


determine as posições deslocadas das chapas da estrutura esquematizada abaixo
(desenho sem escala), por meio do traçado das elásticas vertical e horizontal.

2,0 m

2,0 m 1,0 m 2,0 m

RESOLUÇÃO:

Primeiramente, definem-se as barras e os polos absolutos e relativos, para a cadeia


cinemática em análise (obs.: será utilizada a abreviatura L.G. para a expressão
lugar geométrico), da qual é importante você obter o grau de estaticidade:

g = 3m – Ve – Vi = 3.2 – (2+1) – (2) = 1 x hipostática


114 UNIUBE
L.G. de O 2
(2)

2,0 m
O1 (1) O2 L.G. de O 2

O 12

2,0 m 1,0 m 2,0 m

Procede-se ao traçado das elásticas, na ordem:


1. locam-se os polos absolutos;
2. representam-se os alinhamentos dos polos relativos;
3. aplica-se o deslocamento dado;
4. a partir do deslocamento dado, vão-se unindo os nós deslocados aos polos
absolutos de cada chapa, na elástica vertical (pois foi dado um deslocamento
vertical);
5. traça-se a elástica horizontal, a partir dos giros conhecidos com a elástica
vertical;
6. calculam-se os giros e deslocamentos principais que definem as elásticas.

Com isso, obtém-se o que se segue.


Elástica Horizontal
(2) v1

w2 w1

O1 (1) O12 O2

O1 � O 2

Elástica Horizontal
O1 Elástica Vertical O2

w1 w2

O 12
115 UNIUBE
Antes de efetuar os cálculos, analise o que ocorreu com a elástica horizontal
da chapa (1). Ao se representar o giro da chapa (1), percebeu-se que a mesma
fica toda projetada em um só ponto, que é o próprio polo absoluto que tem
deslocamento nulo, pois é um ponto fixo, por definição. Com isso, conclui-se
que nenhum ponto dessa chapa se desloca na horizontal. Por isso, sua elástica
horizontal é pontilhada (poderia ser tracejada, em desenho feito à mão, ok?).

Finalmente calculam-se as incógnitas intervenientes:


v= w ⋅ r ⇒ ∆= w1 ⋅ 2 ⇒ w1 = 0,5∆
v= w ⋅ r ⇒ ∆= w2 ⋅ 3 ⇒ w2 = 0,33∆
v=w ⋅ r ⇒ v1 =w2 ⋅ 2 ⇒ v1 =( 0,33∆ ) ⋅ 2 ⇒ v1 =0, 66∆
(2) 0,66�

0,5�
0,33�

O1 (1) O 12 O2

O 1 � O2
Elástica Horizontal
O1 Elástica Vertical O2

0,5� 0,33 �

O12

3 PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (P.T.V.) APLICA-


DO A CORPOS RÍGIDOS
O enunciado clássico e geral do PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS - PTV diz:

“Para uma estrutura qualquer à qual se impõem deslocamentos e/


ou deformações virtuais, compatíveis com as vinculações internas
e externas, pode-se afirmar que o trabalho realizado pelas CARGAS
EXTERNAS nos seus respectivos deslocamentos é igual ao trabalho
realizado pelos ESFORÇOS INTERNOS nas respectivas deformações
dos elementos.”
116 UNIUBE
Em especial, tratando-se de corpos rígidos (sem deformação interna) resulta:
Text = Tint

Como Tint = 0, para os corpos rígidos, pois não ocorrem deformações internas nos
elementos, tem-se que: Text = 0.

Seja um corpo rígido em equilíbrio, sob a ação de diversas cargas externas –


Figura 8, em que se aplicam as equações de equilíbrio da estática plana:

 ∑ Fx = 0

 ∑ Fy = 0

 ∑ M z = 0
F3
F2
qn
F1 F4

y M1 Mn

x
F6
Fn
F5
Figura 8: Representação de um corpo rígido no qual atuam diversos tipos de cargas.
Fonte: Acervo da autora.

3.1 TRABALHO REALIZADO POR ALGUNS TIPOS DE CAR-


GAS
Dependendo da natureza e da forma de aplicação da carga, tem-se o cálculo
do trabalho externo realizado por cada uma delas, para seus respectivos
deslocamentos. A seguir, apresentam-se várias situações de cargas e seus
deslocamentos, bem como as expressões utilizadas para o cálculo do trabalho
realizado por elas.

Acrescenta-se que se a carga e o deslocamento tiverem mesmo sentido, o


trabalho será positivo e, em caso contrário, negativo.
117 UNIUBE
(1º Caso) Carga: resultante de forças horizontais / Deslocamento: translação
horizontal u

τ ext
= ∑ F ⋅u
x

(2º Caso) Carga: resultante de forças verticais / Deslocamento: translação vertical v

τ ext
= ∑F y ⋅v

(3º Caso) Carga: resultante de forças verticais / Deslocamento: rotação θ

τ ext
= ∑M z ⋅θ

(4º Caso) Carga: uniformemente distribuída (q) / Deslocamento: constante (δ)


q


τ ext = qδ L
q ⋅ área =
L

(5º Caso) Carga: uniformemente distribuída (q) / Deslocamento: linear (δ)

L
τ ext = ∫ ( q ⋅ dx ) ⋅ a
0

a δ δx
= ⇒ a=
x L L

L L
δx qδ qδ L
τ ext = ∫ ( q ⋅ dx ) ⋅ = ∫ x ⋅ dx =
0
L L 0 2

De uma maneira geral, o trabalho realizado por qualquer tipo de carga para qualquer
tipo de deslocamento pode ser calculado por intermédio da integral do produto
dessas duas funções. Tais situações estão apresentadas na Tabela 1, referentes
aos casos mais comuns de cargas (uniformemente distribuída, linear, parabólica,
etc.) e seus respectivos deslocamentos (retangular, triangular, parabólico, etc.).
118 UNIUBE

4 UTILIZAÇÃO DO P.T.V. PARA CÁLCULO DE REAÇÕES DE


APOIO E ESFORÇOS SECCIONAIS
Uma das aplicações do P.T.V. refere-se ao cálculo de reações de apoio (forças
reativas aplicadas na estrutura por meio dos apoios externos) e, também,
obtenção do esforço que solicita algum ponto da estrutura, como força normal,
esforço cortante e momento fletor.

O procedimento é realizado seguindo-se os passos:

(1o) inicialmente, tem-se uma estrutura isostática (g=0) para a qual se deseja
calcular uma reação de apoio ou um esforço seccional;

(2o) é retirado um vínculo da estrutura, referente à reação de apoio ou ao


esforço desejado, transformando-a em uma cadeia cinemática com um
grau de hipoestaticidade (g=1);

(3o) representa-se na estrutura hipostática a incógnita do problema (N, V, M, ...);

(4o) é aplicado um deslocamento unitário referente ao vínculo retirado;

(5o) são desenhadas as elásticas (posições deslocadas) vertical e


horizontal;

(6o) através do P.T.V. (τext = τint = 0), é calculado o valor da reação de apoio
ou do esforço desejados.
119 UNIUBE
Tabela 1: Integrais do produto de duas funções para cargas e deslocamentos usuais.

Número
Tabela de integrais do produto de duas funções
L (*) a b
2°grau 2°grau

F(x) = F2
F
F F L/2 F F

L
2 2 1 2 L 2 2 8 2 1 2 1 2
0 [F(x)] dx = LF L F (F +F F +F ) L F L F L F
3 3 1 1 2 2 15 5 3
0

Número I II III IV V VI
L

G(x) = F(x) .G(x) dx =


0

L
1 1 1 1 L 1 (1+ )FG
1 b
1 L FG L FG L G(2F1+F 2) L FG L FG
G 2 3 6 3 4 6 L

1 1 1 G(F +2F ) 1 1 L 1 (1+ a )FG


2 G L FG L FG L L FG L FG
2 6 6 1 2 3 12 6 L

L 1 F [(1+ b ) G1 +
(*)
1
L [ G1(2F1+F 2)+
G 2 L 1 F(G 1+G ) L 1 F(2G 1+G ) 6 1 1 6 L
3 G1 L F(G +G ) L F(3G +G )
2 2 6 2 3 1 2 12 1 2 a
(F
+G 2 1 +2F ) ] +(1+ ) G2 ]
2 L

b2
1+ b + 2
2°grau
1 1 1 1 1
4 G L FG L FG L G(3F1+F 2) L FG L FG L L
3 4 12 5 5 L FG
12
2°grau a + a2
1 1 1 1 1 1+
5 L FG L FG L G(F1+3F 2) L FG L FG L L2
G 3 12 12 5 30 L FG
12
2°grau a - a2
2 5 1 G(5F +3F ) 7 3 5-
6 G L FG L FG L 1 2 L FG L FG L L2
3 12 12 15 10 L FG
12
2°grau a - a2
2 1 1 G(3F +5F ) 7 2 3 +3
7 L FG L FG L L FG L FG L L2
G 3 4 12 1 2
15 15 L FG
12
2°grau
2 1 1 G(F +F ) 8 1
8 L FG L FG L 1 2 L FG L FG L 1 (1+ ab2 )FG
3 3 3 15 5 3 L
L/2
G

L/2
para a L/2
1 1 1 5 7 2
9 L FG L FG L G(F1+F 2) L FG L FG 1 (a-b )
2 4 4 12 48 L [ 2- ] FG
G 6 2aL

1 para a c
G [(1+ d ) F1+
2
c d L d d
1 1+ + 2
L FG L 1 (1+ d )FG 6 L L 1 (1+ cd2 ) FG L L 2
10 FG L 1 [ 2- (a-c ) ] FG
+(1+ c ) F2 ]
2 6 L 3 L L
12 6 ad
G L
L 3 /3
L/2 2 a2
2 14 2 8 8 L (7-3 2 )
11 L FG L FG L G(7F1+8F 2) L FG L FG 45 L
3°grau 3 45 45 15 45
(1+ a ) FG
2
2 qL
qL
G 9 3 L
16
a 4
1 1 1 2 1 1-(1- L )
12 G L FG L FG L G(4F1+F 2) L FG L FG L
3°grau 4 5 20 15 6 a FG
20 L
2 3
1+ + a2 + a3
a
1 1 1 2 1
13 G L FG L FG L G(F1+4F 2) L FG L FG L L L
3°grau 4 20 20 15 60 L FG
20

ou : o ponto significa vértice da curva (tg // a linha de referência)

_
(*) vale para F >ou<
1 F (G
2 >ou<
1 G ) e2 também para sinais opostos dos valores: +

Fonte: Acervo da autora.


120 UNIUBE

5 PROBLEMAS DE APLICAÇÃO RESOLVIDOS – PARTE II


(3ª APLICAÇÃO) Calcular, utilizando o P.T.V., a reação horizontal do apoio C, da
estrutura ilustrada abaixo (desenho sem escala).

20 kN/m

2,0 m
B C

1,0
50 kN

1,0
A

2,0 4,0 m

RESOLUÇÃO:
Constatando a isostaticidade da estrutura dada:

g = 3m – Ve – Vi = 3.3 – (2+1+2) – (2+2) = 0 : isostática

Primeiramente, retira-se o vínculo referente à reação desejada. Para isso, elimina-


se o apoio móvel relativo ao nó C. Na cadeia cinemática obtida, representa-se
esta reação horizontal Hc (pode ser para a esquerda ou para a direita) que é a
incógnita do problema.

Considerando-se um deslocamento unitário (∆ = 1) horizontal (pode ser para a


esquerda ou para a direita) em C, são traçadas as elásticas.
O2 O2

w2
y
O3 v2
O3
L.G. de O2
(3) w3
O12 (2) HC �=1
O 23 � O12
O23
(1)
w1
O1
L.G. de O2
O1
Elástica Horizontal
O1 O2 � O 3 � O23
v1
w1 Elástica Vertical
w2

O 12
121 UNIUBE
Cálculo de y:

y+2 2
= ⇒ y = 2, 0 m
4 2

Os cálculos são iniciados no ponto C, ou seja, em O23 em que se tem conhecido o


deslocamento horizontal unitário.

Na elástica horizontal, tem-se:


v =w ⋅ r ⇒ ∆ =w1 ⋅ 2 ⇒ 1 =w1 ⋅ 2 ⇒ w1 =0,5
v = w ⋅ r ⇒ ∆ = w3 ⋅ 2 ⇒ 1 = w3 ⋅ 2 ⇒ w3 = 0,5
v= w ⋅ r ⇒ ∆= w2 ⋅ ( y + 2) ⇒ 1= w2 ⋅ 4 ⇒ w2= 0, 25
v =⋅
w r ⇒ v2 =w2 ⋅ 2 ⇒ v2 =0, 25 ⋅ 2 ⇒ v2 =0,5

Na elástica vertical, tem-se:

v=w ⋅ r ⇒ v1 =w1 ⋅ 2 ⇒ v1 =0,5 ⋅ 2 ⇒ v1 =


1, 0
Redesenhando as elásticas com os valores obtidos tem-se:

O2 O2

0,25
2,0

O3 0,5
O3

(3) 0,5

O12 (2) HC 1
O 23  O12
O23
(1)
0,5
O1
O1

Elástica Vertical Elástica Horizontal


O1 O2  O 3  O23
1,0
w1 w2

O 12
122 UNIUBE
Aplicando o P.T.V.: τext = τint = 0

4 m ⋅1, 0
+50 ⋅ ( w1 ⋅1 m ) + 20 ⋅ (∆ 1 m
− Hc ⋅= = ) 0
2
4 ⋅1, 0
+50 ⋅ 0,5 + 20 ⋅ − H c ⋅1= 0 ⇒ H c= 65 kN
2
Perceba os sinais do trabalho produzido: positivo se carga e deslocamento
possuem mesmo sentido, e negativo, em caso contrário.

Doravante, você pode indicar de forma direta, apresentando nas próprias elásticas,
os valores dos deslocamentos correspondentes às cargas concentradas e demais
valores a serem obtidos das elásticas, sempre por meio da expressão genérica:
v = w ⋅r .

Observe que o resultado obtido foi positivo, para a reação de apoio HC, significando
que o sentido inicialmente considerado (para a esquerda) está correto. Caso esta
reação fosse para a direita, o resultado teria sido negativo.

(4ª APLICAÇÃO) Calcular, utilizando o P.T.V., a reação vertical do apoio E, da


estrutura esquematizada a seguir (desenho sem escala).
1 tf/m

10 tf

B C
3,0 m

D E
1,0

4,0 3,0 m 3,0 m

RESOLUÇÃO:
Constatando a isostaticidade da estrutura dada:
g = 3m – Ve – Vi = 3.4 – (2+2+1) – (2+2+3) = 0 : isostática

Primeiramente, retira-se o vínculo referente à reação desejada. Para isso, elimina-


se o apoio móvel relativo ao nó E. Na cadeia cinemática obtida, representa-se esta
reação horizontal VE (pode ser para cima ou para baixo) que é a incógnita do problema.
123 UNIUBE
Considerando-se um deslocamento unitário (∆ = 1) vertical (pode ser para cima ou
para baixo) em E, são traçadas as elásticas.

O2
O2

L.G. de O2
L.G. de O2 y
w2

O12 (2) v2
O 23
C O23 � O12
w3

(1)
D (3) E
O3 O3
w1
O1
VE O1
O12 Elástica Horizontal

v1 �=1
w1 w2 w3
O1
O2 � O 3 � O23
Elástica Vertical

Cálculo de y:
4 y
= ⇒ y = 3, 0 m
4 3
Os cálculos são iniciados no ponto D, a partir do deslocamento vertical unitário
aplicado (que pode ser para cima ou para baixo).

Na elástica vertical, tem-se:


v = w ⋅ r ⇒ ∆ = w3 ⋅ 3 ⇒ 1 = w3 ⋅ 3 ⇒ w3 = 0,33

Na elástica horizontal, tem-se:


v =⋅
w r ⇒ v2 =w3 ⋅ 3 ⇒ v2 =0,33 ⋅ 3 ⇒ v2 =
1, 0
v = w ⋅ r ⇒ v2 = w1 ⋅ 3 ⇒ 1, 0 = w1 ⋅ 4 ⇒ w1 =0, 25
v = w ⋅ r ⇒ v2 = w2 ⋅ y ⇒ 1, 0 = w2 ⋅ 3 ⇒ w2 = 0,33
124 UNIUBE

Na elástica vertical, tem-se:


v=w ⋅ r ⇒ v1 =w1 ⋅ 4 ⇒ v1 =0, 25 ⋅ 4 ⇒ v1 =
1, 0
Redesenhando as elásticas com os valores obtidos tem-se:

O2
O2

L.G. de O2
L.G. de O2 y
0,33

O12 (2) 1,0


O 23
C O23 � O12
0,33

(1)
D (3) E
O3 O3
0,25
O1
VE O1
O12 Elástica Horizontal

1,0 �=1
0,25 0,33 0,33
O1
O2 � O 3 � O 23
Elástica Vertical

Aplicando o P.T.V.: τext = τint = 0

1 ⋅1 ⋅ 3m
VE ⋅ (=
∆ 1 m ) − 10 ⋅1, 0 − = 0
2
VE − 10 − 1,5 = 0 ⇒ VE = 11,5 tf

Observe que o resultado obtido foi positivo, para a reação de apoio VE, significando
que o sentido inicialmente considerado (para cima) está correto. Caso esta reação
fosse para baixo, o resultado teria sido negativo.

(5ª APLICAÇÃO) Calcular, utilizando o P.T.V., o momento fletor que solicita a


seção C da viga representada a seguir (desenho sem escala).
20 kN
10 kN/m

D
A B C

2,0 3,0 m 3,0


125 UNIUBE
RESOLUÇÃO:

Constatando a isostaticidade da estrutura dada:


g = 3m – Ve – Vi = 3.3 – (2+1) – (3+3) = 0 : isostática (considerando três barras) ou

g = 3m – Ve – Vi = 3.1 – (2+1) – (0) = 0 : isostática (considerando uma chapa)

De acordo com a teoria estudada, para se calcular algum esforço, deve-se


primeiramente, transformar a estrutura em uma cadeia cinemática com um grau
de hipoestaticidade, retirando da mesma o vínculo relativo ao esforço desejado,
na seção de interesse.

Portanto, neste exercício, a seção C será rotulada, ou seja, em vez de ser contínua,
apresentando os três vínculos (duas forças e um momento), será articulada,
apresentando dois vínculos (duas forças).

Deve-se aplicar um deslocamento unitário referente ao vínculo retirado, ou seja,


será imposto um giro unitário (θ = 1) na seção C, como será visto no traçado das
elásticas. Além disso, será representado nesta seção o esforço desejado, que é
o momento MC (cujo sentido pode ser tracionando embaixo ou em cima da viga).
20 kN 10 kN/m

D
A B C
MC MC
2,0 3,0 m 3,0

Observa-se que, para o caso de vigas horizontais, não existe a elástica horizontal, pois a
viga possui apenas deslocamentos verticais. Traçando-se a elástica vertical, tem-se:
L.G. de O2

(1) O 12 (2) O2 L.G. de O2


O1
MC MC

v1
W1 O1 O2
W1 W2
v2
W1 W2

O 12
126 UNIUBE
Sendo o nó C a união de duas chapas: (1) e (2), o giro unitário aplicado neste será
a soma dos giros de tais chapas (w1 + w2 = 1). Caso o nó contivesse a extremidade
de apenas uma barra, essa barra teria giro unitário (w1 = 1).

Chama-se a atenção para o fato de que o nó que foi articulado possui um


deslocamento, que não se conhece inicialmente, pois o dado inicial é o giro unitário.

 w1 + w2 =1
 ⇒ w1 =w2 =0,5
v = w ⋅ r ⇒ v2 = w1 ⋅ 3 = w2 ⋅ 3 ⇒ w1 = w2
v=w ⋅ r ⇒ v1 =w1 ⋅ 2 ⇒ v1 =0,5 ⋅ 2 ⇒ v1 =
1, 0
v =⋅
w r ⇒ v2 =w1 ⋅ 3 ⇒ v2 =0,5 ⋅ 3 ⇒ v2 =
1,5
Redesenhando a elástica com os valores obtidos, tem-se:

(1) O12 (2) O2


O1
MC MC

1,0
0,5 O1 O2
0,5 0,5
1,5
0,5 0,5

O 12

Aplicando o P.T.V.: τext = τint = 0

10 ⋅ 3 ⋅1,5 10 ⋅ 3 ⋅1,5
−20 ⋅1, 0 + + − M C ⋅ w1 − M C ⋅ w2 =
0
2 2
25 − M C ⋅ (0,5) − M C ⋅ (0,5) = 0 ⇒ M C = 25 kNm

(6ª APLICAÇÃO) Utilizando o P.T.V., calcule o momento fletor que solicita a seção
D do pórtico esquematizado a seguir (desenho sem escala).
127 UNIUBE
20 kN
10 kN/m

C
A
D
B

3,0 m
30 kN/m

4,0 2,0 m 2,0

RESOLUÇÃO:

g = 3m – Ve – Vi = 3.4 – (1+1+2) – (2+3+3) = 0 : isostática

MD
(1) O12 (2) O23

MD
(3)

L.G. de O1 L.G. de O2
O3

L.G. de O2

Conclui-se que, ao se procurarem os polos absolutos das chapas (1) e (2), tais chapas
não giram, pois tais pontos são indeterminados por se encontrarem no infinito.

A sequência desse raciocínio é: o lugar geométrico de O2 é no alinhamento de O3


e de O23 e no alinhamento do vínculo relacionado ao apoio móvel no qual a chapa
(2) se descarrega. Sendo tais retas paralelas, conclui-se que O2 está no infinito e,
por isso, tal chapa não gira, apenas translada.

Quanto à chapa (1), o seu polo absoluto deverá estar no alinhamento de O12 e
O2, só que este último está no infinito e, portanto, O1 também estará no infinito,
significando que a chapa (1) também não sofre rotação, apenas translações. Tem-
se, portanto que: w1 = 0 e w2 = 0. Vendo na estrutura os apoios dessas chapas,
percebe-se que as mesmas terão movimento de translação horizontal.

Sabe-se que no nó articulado D, a rotação unitária imposta corresponderá à soma


das rotações das duas chapas que chegam neste nó: w2 + w3 = 1. Sendo w2 = 0,
conclui-se que w3 = 1.
128 UNIUBE
No traçado das elásticas, será verificado que não existirá a elástica vertical, pois
nesta, seriam projetados apenas os polos O3 e O23, pois para as chapas (1) e
(2) não se têm os polos absolutos determinados. Com isso, conclui-se que a
chapa (3) não possui deslocamentos verticais o que é óbvio, pois é uma barra
vertical apoiada em apoio fixo que não a permite subir ou descer, apenas girar,
transladando na horizontal.

Portanto, traçando-se a elástica horizontal, a partir de w3 = 1 calculado (que pode


ser horário ou anti-horário), tem-se:

MD
(1) O12 (2) v1
O23 O 12  O23

MD
w3
(3)

L.G. de O1 L.G. de O2
O3
O3

L.G. de O2

{ w2 + w3 = 0 e w2 = 0 ⇒ w3 = 1
v=
w ⋅ r ⇒ v1 =
w3 ⋅ 3 ⇒ v1 =
1⋅ 3 ⇒ v1 =
3, 0

Aplicando o P.T.V.: τext = τint = 0


3m ⋅ 30 ⋅ 3
− + M D ⋅ w3 = 0 ⇒ M D = 45 kNm
6

Obs.: Os trabalhos das cargas concentradas e uniformemente distribuídas são


nulos, pois não existem deslocamentos em suas direções. A expressão para o
cálculo do trabalho realizado pela carga triangular sobre a área triangular é obtida
da Tabela 1.

6 UTILIZAÇÃO DO P.T.V. PARA CÁLCULO DE


DESLOCAMENTOS
O Princípio dos Trabalhos Virtuais também pode ser empregado para o cálculo de
deslocamentos provenientes de diversas situações:
1. recalques de apoio,
2. variações de comprimentos de barras,
129 UNIUBE
3. variação de temperatura,
4. cargas aplicadas na estrutura (concentrada, uniformemente distribuída, etc.).

Para o cálculo de deslocamentos nodais, a estrutura não será transformada em


uma cadeia cinemática, como o foi para se encontrar reações de apoio e esforços
seccionais.

O P.T.V. para o qual se tem τext = τint será utilizado considerando-se duas estruturas
para a análise, denominadas:

1. ESTADO DE DESLOCAMENTO – estrutura dada com: recalques de apoio,


variações de comprimentos das barras, variação de temperatura e cargas
aplicadas;

2. ESTADO DE CARREGAMENTO – estrutura com uma carga aplicada


relacionada ao deslocamento que se deseja: F = 1 (para se conhecer algum
deslocamento de translação) ou M = 1 (para se conhecer algum giro).

O P.T.V. é assim aplicado (vide Figura 8):


1. Deseja-se conhecer o deslocamento real δ (que pode ser relacionado
à translação ou ao giro) que ocorre em uma estrutura dada, sob uma
das situações (recalque, carga, etc.). Este é denominado ESTADO DE
DESLOCAMENTO.

2. Aplica-se na estrutura uma força unitária F = 1 (força virtual) na direção


de δ (no caso do giro, aplica-se M = 1). Este é denominado ESTADO DE
CARREGAMENTO.

3. Equaciona-se:

τ ext= τ int ⇒ F ⋅ =
δ esforços int ernos virtuais × deslocamentos int ernos reais

δ = esforços int ernos virtuais × deslocamentos int ernos reais


F1
qn
F2

M1
deslocamentos internos M
reais
n esforços internos virtuais

F3  F=1

(a) Estado de Deslocamento (REAL) (b) Estado de Carregamento (VIRTUAL)


Figura 8: Esquema da aplicação do P.T.V. para cálculo de deslocamentos.
Fonte: Acervo da autora.
130 UNIUBE

6.1 DESLOCAMENTOS PROVENIENTES DE RECALQUES


DE APOIO
Para estruturas isostáticas, a existência de recalques de apoio não introduz
esforços internos e, consequentemente, deformações, ou seja, os deslocamentos
internos reais são nulos. Desta forma, não haverá trabalho interno, ou seja:

τext = τint = 0

Nessa situação de recalque, ao se calcular o trabalho externo, além da força


unitária virtual multiplicada pelo deslocamento real desejado, haverá a reação
de apoio virtual que esta força unitária causa, multiplicada pelo recalque real.

Vide exemplo de cálculo na (7ª APLICAÇÃO) no item 7. Problemas de Aplicação


Resolvidos – Parte III.

6.2 DESLOCAMENTOS PROVENIENTES DE VARIAÇÕES DE


COMPRIMENTOS DE BARRAS
O PTV permite o cálculo de deslocamentos em estruturas cujas barras sofreram
variações de comprimentos causadas, por exemplo, por defeitos de fabricação.

Considerando-se a aplicação para o caso de treliça, o deslocamento é resultado


da multiplicação das forças normais em cada barra pela correspondente variação
de comprimento, pois:
m
τ ext = 1⋅ δ e τ int = ∑ N ⋅∆
i =1
i i

m
τ ext τ int
= δ
⇒= ∑ N ⋅∆
i =1
i i

Ou seja, o deslocamento nodal é obtido pela expressão:


m
=δ ∑ N ⋅∆
i =1
i i

Portanto, nessa situação de variação de comprimentos de barras, tem-se como


trabalho externo o produto da carga unitária virtual pelo deslocamento real
desejado δ (que pode ser de translação ou rotação).

E o trabalho interno é obtido pelo somatório dos esforços normais virtuais (Ni)
que surgem pela aplicação da carga unitária virtual pelas respectivas variações de
131 UNIUBE
comprimento reais (∆i).

Vide exemplo na (8ª APLICAÇÃO) no item 7. Problemas de Aplicação


Resolvidos – Parte III.

6.3 DESLOCAMENTOS GERADOS POR VARIAÇÃO DE


TEMPERATURA
Uma barra de comprimento L submetida a uma variação de temperatura ∆T, tendo
coeficiente de dilatação térmica linear α, sofrerá uma variação de comprimento ∆L
dada por:
∆L = α ⋅ ∆T ⋅ L

As deformações causadas pela variação de temperatura podem ser lineares ou


angulares.

Supondo um elemento estrutural (por exemplo, com altura da seção transversal


igual a h) de comprimento infinitesimal dx submetido a uma variação de temperatura
diferente para cada uma de suas faces (∆T1 e ∆T2), tem-se suas deformações
ocasionadas por esta variação térmica, apresentadas na Figura 9 e equacionadas
em seguida.
�T1 �1

d�

h du

�T2 > �T1


�T2 �2

dx

Figura 9: Visualização das deformações ocorridas


em um trecho de viga sob variação térmica.
Fonte: Acervo da autora.

δ1= α ⋅ ∆T1 ⋅ dx
∆L = α ⋅ ∆T ⋅ L ⇒ 
δ 2= α ⋅ ∆T2 ⋅ dx
δ1 + δ 2 (α ⋅ ∆T1 ⋅ dx ) + (α ⋅ ∆T2 ⋅ dx ) α ( ∆T1 + ∆T2 ) dx
=du = =
2 2 2
δ 2 − δ1 (α ⋅ ∆T2 ⋅ dx ) − (α ⋅ ∆T1 ⋅ dx ) α ( ∆T2 − ∆T1 ) dx
=du = =
h h h
132 UNIUBE
�t1 �1

d�

NC h du NC

MC MC

�t2 �2

dx

Figura 10: Visualização dos esforços no trecho infinitesimal da viga sob variação térmica.
Fonte: Acervo da autora.

Dessa forma, têm-se, pelo PTV, que τext = τint , sendo:

- o trabalho externo (τext) realizado pela carga unitária virtual imposta ao nó cujo
deslocamento real necessita ser obtido:

τ ext = 1⋅ δ

- os trabalhos internos (τint) realizados pelos esforços virtuais que surgem na


estrutura, pela aplicação da carga virtual unitária (NC e MC: índice c devido ao Estado
de Carregamento Virtual). Seu valor é obtido pelo somatório de tais esforços virtuais
pelos correspondentes deslocamentos térmicos reais:

α ( ∆T1 + ∆T2 ) α ( ∆T2 − ∆T1 )


τ int= ∫
est
N C ⋅ du + ∫ M C ⋅ dφ=
est
2 ∫
est
N C ⋅ dx +
h ∫ M C ⋅ dx
est

Igualando-se τext = τint, tem-se que o deslocamento é obtido pela expressão:

α ( ∆T1 + ∆T2 ) α ( ∆T2 − ∆T1 )


δ= ∫N
est
C ⋅ du + ∫M
est
C ⋅ dφ=
2 ∫
est
N C ⋅ dx +
h ∫
est
M C ⋅ dx

Vide exemplo na (9ª APLICAÇÃO) no item 7. Problemas de Aplicação


Resolvidos – Parte III.
133 UNIUBE

6.4 DESLOCAMENTOS GERADOS POR CARGAS APLICA-


DAS NA ESTRUTURA
Esta situação é a mais comum, pois qualquer estrutura está submetida a alguma
carga, no mínimo, proveniente do seu próprio peso.

Genericamente, a expressão que fornece o deslocamento é igual a já conhecida


e aplicada aos demais casos:

τext = 1 ⋅ δ

=
τint ∫ N du + ∫ M dφ + ∫ V dv
est
c
est
c
est
c

Ou seja, o deslocamento nodal é obtido pela expressão:

=δ ∫ N du + ∫ M dφ + ∫ V dv
est
c
est
c
est
c

em que:

dφ : deformação angular da seção transversal


du : deformação axial da seção transversal
dv : deformação transversal da seção transversal

As deformações diferenciais dϕ, du e dv podem ser visualizadas na Figura 11


e é necessário que sejam escritas em função do diferencial dx relacionado ao
comprimento da viga, bem como em função de cada um dos esforços a eles
correspondentes. Isso pode ser demonstrado pela Teoria da Elasticidade, e aqui
será apresentada a obtenção da expressão de du, como apresentado a seguir.

VC VC
d
NC h NC
du
MC MC

dx dv

Figura 11 – Visualização das deformações diferenciais que ocorrem na seção transversal da viga.
Fonte: Acervo da autora.
134 UNIUBE
• Deformação infinitesimal du devida ao esforço normal N:

N ∆L du N
LeideHooke ⇒ σ= E ⋅ ε ⇒ = E⋅ = E⋅ ⇒ du= dx .
A L dx EA
De forma análoga, obtém-se:

M
• Deformação infinitesimal dϕ devida ao momento fletor M: dφ = dx .
EI
kV
• Deformação infinitesimal dv devida ao esforço cortante V: dv = dx .
GA
Lembre-se, de Resistência dos Materiais que:

E : módulo de elasticidade longitudinal do material de que é composta a viga


G : módulo de elasticidade transversal do material de que é composta a viga
k : coeficiente de forma da seção transversal da viga

Substituindo du , dϕ e du na expressão de δ obtém-se:

N c .N M .M kV .V
=δ ∫
est
EA
dx + ∫ c dx + ∫ c dx
est
EI est
GA

Considerando os casos usuais de estruturas, o componente de deslocamento


devido à força cortante é desprezível.

Para os casos de pórticos onde existem barras com M, N e V, considera-se apenas


a componente associada ao momento fletor, que é largamente preponderante com
relação à deformação, que os demais esforços. Portanto, a expressão inicial para
vigas e pórticos, normalmente resume-se a:

M c .M
δ =∫ dx
est
EI

Em barras onde exista apenas esforço axial, logicamente será considerada apenas
a parcela relacionada com a força normal. Este é o caso das treliças para as quais,
tem-se apenas:

M c .M
δ =∫ dx
est
EI
135 UNIUBE
E, ainda, sendo as forças normais constantes para cada barra, a integral pode ser
transformada em um somatório, cujo contador é a quantidade de barras da treliça:

m
N ci .N i
δ =∑ Li
i =1 Ei Ai

Vide exemplo na (10ª e 11ª APLICAÇÕES) no item 7. Problemas de Aplicação


Resolvidos – Parte III.

7 PROBLEMAS DE APLICAÇÃO RESOLVIDOS – PARTE III


(7ª APLICAÇÃO) Utilizando o P.T.V., calcule o deslocamento vertical do nó A,
por ocasião do recalque de 1,5 cm (vertical e para baixo) ocorrido no apoio D da
estrutura a seguir (desenho sem escala).

A B C

5m

2m 8m

RESOLUÇÃO:

Para o cálculo do deslocamento vertical real do nó A, será aplicada uma força


vertical unitária em A para baixo (poderia ser para cima). Esta força virtual gerará
reação de apoio (VD) virtual no apoio E cujo trabalho externo é calculado pelo
produto desta pelo recalque respectivo. Assim, é equacionado o trabalho externo.

No caso de recalque, não ocorrem esforços, deslocamentos ou deformações


internas para o caso de estruturas isostáticas. Por isso, o trabalho interno será
nulo e embaixo. Desta forma, equaciona-se:
τext = τint ⇒ F ⋅ δ + VD ⋅ recalque = 0
136 UNIUBE
Estado de Deslocamento (REAL):

A B C

�A = ?

� = 1,5 cm (recalque de apoio)

Estado de Carregamento (VIRTUAL):

F=1

B C
HC
A

VC

HD
D

VD

Pelas equações de equilíbrio e estudo de pórticos planos (Capítulo “ estruturas


planas: fundamentações e vigas isostáticas”), calculam-se as reações de apoio
virtuais, geradas na estrutura a partir da aplicação da força unitária virtual no ponto
A.

∑M = 0 ⇒ 5⋅ H = 0 ⇒ H = 0
B(embaixo) D D

∑ F =0 ⇒ H =H =0
H C D

∑ M =0 ⇒ 8 ⋅ V =⋅
C 1 10 ⇒ V = 1, 25 D D

∑F = 0 ⇒ V + V =⇒
V 1 V =
1 − 1, 25 =
C −0, 25
D C

O sinal negativo encontrado para VC indica que essa reação de apoio é para baixo.

Portanto, tem-se:
τext
= τint ⇒ F ⋅ δA + VD ⋅ recalque
= 0 ⇒ 1 ⋅ δA − 1, 25 ⋅1,5
= 0 ⇒ δ=
A 1,88 cm
137 UNIUBE
(8ª APLICAÇÃO) Utilizando o P.T.V., calcule o deslocamento vertical do nó B
para a treliça esquematizada a seguir (desenho sem escala), que foi construída
com as barras AB, BD e BC tendo comprimentos de 5 mm, 6 mm e 8 mm,
respectivamente, maiores que os comprimentos projetados.

1,5 m

A D
C

3,0 m 3,0 m

RESOLUÇÃO:

Estado de Deslocamento (REAL):

B
�B = ? �L = 6 mm
�L = 5 mm
�L = 8 mm

A D
C

Estado de Carregamento (VIRTUAL):

F=1

B
NBA NBD
NBC
A D
C

Como aprendido no Capítulo Estruturas planas: fundamentações e vigas


isostáticas, o cálculo dos esforços normais que solicitam as barras de uma treliça
pode ser realizado por equilíbrio de forças na horizontal e na vertical para cada nó.

Nesse exemplo, são três os normais necessários, para o Estado de Carregamento,


tendo em vista que apenas três barras apresentam variação de seus comprimentos.
138 UNIUBE
Fazendo o equilíbrio do nó B, tem-se:

F=1

B
α α
NBA NBD

NBC = 0

(constate pelo equilíbrio do nó C )

 1,5  o
=α arctg
=   26,56
 3 
∑ Fx =0 ⇒ N BA ⋅ COS ( α ) =N BD ⋅ COS ( α ) ⇒ N BA =N BD
1
∑ F= y 0 ⇒ N BA ⋅ sen ( α ) + N BD ⋅ sen ( α ) + 1= 0 ⇒ N BA= N BD=
2 ⋅ senα
= −1,12 kN

O sinal negativo encontrado significa que os esforços normais possuem sentido


diferente do esboçado, ou seja, são de compressão. Sendo assim, o trabalho
realizado por eles será negativo, pois as barras correspondentes tiveram seus
comprimentos aumentados. Caso fossem de tração, o trabalho seria positivo.

Portanto, tem-se:
m
τext = τint ⇒ F ⋅ δB = ∑ N ⋅∆
i =1
i i

m
1 ⋅ δ B =∑ N i ⋅ ∆ i ⇒ δ B =−1,12 ⋅ 5mm − 1,12 ⋅ 6mm + 0 ⋅ 8mm ⇒ δ B =−12,3 mm
i =1

O sinal negativo obtido para o deslocamento vertical do nó B indica que é


contrário ao sentido indicado no Estado de Deslocamento, ou seja, por ocasião
das variações de comprimentos das barras, tal nó apresenta um deslocamento
vertical para cima de 12,3 mm.

(9ª APLICAÇÃO) Utilizando o P.T.V., calcule o deslocamento vertical do nó A para


a viga esquematizada a seguir (desenho sem escala), que apresenta as variações
de temperatura indicadas, tanto em sua parte superior como em sua parte inferior.
Dado: coeficiente de dilatação térmica linear do material da viga: α= 1, 0 ×10−5 o C−1
e altura da seção transversal da viga: 0,35 m.
139 UNIUBE

A B T1 = + 10 O C C D
T2 = - 30 O C

2,0 4,0 m 5,0

RESOLUÇÃO:

Estado de Deslocamento (REAL):


O
A B �T 1 = + 10 C C D

�A = ? �T2 = - 30 O C

Estado de Carregamento (VIRTUAL):

F=1

B C D

Na situação com variação de temperatura, tem-se como trabalho externo a força


concentrada unitária virtual multiplicada pelo deslocamento real que se deseja
calcular.

E os trabalhos internos serão obtidos através das formulações vistas para a


situação em apreço, em que os esforços virtuais que surgem na viga a partir da
carga unitária virtual são multiplicados pelos deslocamentos reais oriundos das
variações térmicas.

Isso é assim expresso:

α ( ∆T1 + ∆T2 ) α ( ∆T2 − ∆T1 )


=δA
2 ∫
est
N C ⋅ dx +
h ∫ M C ⋅ dx
est

No caso desta viga, não existem esforços normais no Estado de Carregamento e,


por isso, tal expressão se reduz para:

α ( ∆T2 − ∆T1 )
=δA
h ∫est M C ⋅ dx
140 UNIUBE
Resta, então, obter o diagrama de momentos fletores para o Estado de
Carregamento.

F=1

B C D

No trecho CD, não se tem carga alguma, e os momentos fletores tanto em C como
em D são nulos. Por isso, o DMF nesse trecho não existe.

Já no trecho ABC, ao se caminhar da esquerda para a direita, obtém-se o momento


em B:

MB = 1 x 2m = 2

O momento em A é nulo, pois é extremidade de balanço sem momento concentrado


e em C também é nulo, pois se trata de uma articulação.

Portanto, o DMF é obtido unindo-se o valor obtido em B com os valores nulos de


A e C:
2,0

DMF
A B C D

α ( ∆T2 − ∆T1 )
δA
h ∫ M C ⋅ dx
est

1, 0 ×10−5 ( −30 − 10 )  6 ⋅ ( −2 ) 
δ=
A ⋅  ⇒ δ=
A 6,86 ×10−3 m ≅ 7 mm
0,35  2 

Atente-se pela integral do momento no comprimento ABC. A integral de uma


função é a área sob a curva da mesma, que no caso, refere-se a um triângulo.
A altura do triângulo é negativa, porque o momento fletor utilizado nas deduções
tracionava a viga embaixo e, neste exemplo, ele traciona em cima. Como a
convenção é sempre esta: tração embaixo positiva e tração em cima negativa,
basta que considere esta notação para o sinal do momento fletor, que é a mesma
aprendida no Capítulo “Deformações de vigas” deste componente curricular.
141 UNIUBE
Outra observação é com relação às variações de temperatura ∆T1 e ∆T2. Pelo
fato de ter sido considerada a variação ∆T2 para a parte inferior da viga, nas
deduções, quando da resolução de algum exercício, você deverá assumir também
esta convenção.

(10ª APLICAÇÃO) Utilizando o P.T.V., calcule o deslocamento vertical do nó 3


da treliça esquematizada a seguir (desenho sem escala). Dados: módulo de
elasticidade longitudinal e área da seção transversal das barras: =
E 2,1× 105 kN / cm 2
2
e A = 4 cm .
15 kN 15 kN 15 kN

3 5 8 kN
1

1,5
2 6
4

1,5 m
7

2,0 2,0 m

RESOLUÇÃO:

Estado de Deslocamento (REAL):

15 kN 15 kN 15 kN

3 5 8 kN
1
3 = ?

H2 2
6
4

V2

V7
142 UNIUBE
Estado de Carregamento (VIRTUAL):

F=1

3 5
1

H2 2
6
4

V2

V7

Viu-se na teoria que, quando se trata de uma treliça na qual são aplicadas cargas,
o deslocamento em um nó é obtido pela seguinte expressão:

m
N ci .N i
δ =∑ Li
i =1 Ei Ai

Nessas aplicações, você necessita entender bem a razão dessas expressões!


Quando das resoluções dos exercícios posteriores, pode-se fazer direto,
empregando as expressões de δ. Mas é imprescindível que você tenha o
entendimento teórico.

Como foi feito nas demais aplicações, entenda que o P.T.V. no caso de treliças é
assim aplicado: aplica-se uma carga unitária virtual (F = 1) no nó e na direção
do deslocamento real desejado (δ). O produto destas duas grandezas constituirá
o trabalho externo que será igualado ao trabalho interno.

O trabalho interno será obtido pelo produto dos esforços normais virtuais que
surgem nas barras por ocasião da aplicação da carga virtual unitária, no Estado de
Carregamento (Nc) pelos respectivos deslocamentos reais dessas barras, oriundos
das cargas dadas (equacionados pela Lei de Hooke em função de E, A, L e N).

Portanto, para se conhecer o deslocamento vertical do nó 3 da treliça dada, que


possui E e a A iguais para todas as barras, utiliza-se:

11
N ci .N i 1 11
δ=
3 ∑ E
i 1= A
L=i
EA
⋅ ∑ N ci .N i ⋅ Li
i 1
i i

Ou seja, restam os cálculos dos comprimentos das onze barras da treliça e


dos respectivos esforços normais que atuam em cada barra, para cada um dos
Estados, de Deslocamento (N) e de Carregamento (Nc).
143 UNIUBE
Como aprendido no Capítulo “Estruturas planas: fundamentações e vigas
isostáticas” deste componente curricular, uma das formas de se calcularem
esforços normais em barras de treliças é fazendo o equilíbrio de forças horizontais
e verticais em cada um deles. Para esta aplicação, tais valores estão mostrados
na tabela a seguir.
L N Nc
Barra Nc.N.L
(m) (Est. de Desloc.) (Est. de Carreg.)
1-2 1,5 -19,5 - 0,5 14,62
1-3 2,0 -6,0 - 0,66 7,92
1-4 2,5 7,5 0,83 15,56
3-4 1,5 -15,0 -1,0 22,50
3-5 2,0 -6,0 - 0,66 7,92
4-5 2,5 17,5 0,83 36,31
4-6 2,0 0 0 0
5-6 1,5 -25,5 -0,5 19,12
4-7 2,83 0 0 0
6-7 2,0 -25,5 -0,5 25,50
2-4 2,0 8,0 0 0
Σ: 149,45

Tem-se também, os valores das reações de apoio calculadas para cada Estado
de:

Deslocamento: V2 = 19,5 kN V7 = 25,5 kN H2 = 8,0 kN

Carregamento: V2 = 0,5 kN V7 = 0,5 kN H2 = 0 kN

Portanto, o deslocamento no nó 3 será:

1
δ=
3 5
= 1, 78 ×10−4 m ≅ 0, 2 mm
⋅149, 45
2,1×10 ⋅ 4

(11ª APLICAÇÃO) Utilizando o P.T.V., calcule o deslocamento vertical do


ponto B para a viga esquematizada a seguir (desenho sem escala). Dados:
E ⋅ I= 3, 0 ×104 kN ⋅ m 2 .

15 kN

7 kN/m

A D
B C

5,0 m 2,0 3,0


144 UNIUBE
RESOLUÇÃO:

Estado de Deslocamento (REAL):

15 kN

7 kN/m

B
A D
B = ? C

VA VD

Estado de Carregamento (VIRTUAL):

F=1

A D
B

VA VD

Esta última aplicação contempla o caso em que se tem uma viga ou um pórtico
carregados. Neste caso, os deslocamentos provenientes dos esforços cortantes e
normais são desprezíveis perante os decorrentes dos momentos fletores. Portanto,
sabe-se que, neste caso, a expressão para o cálculo de deslocamento resume-se a:

M c .M
δ =∫ dx
est
EI

Apenas para se fixar a teoria, tal expressão diz o seguinte: o trabalho externo
realizado pela força unitária virtual (F = 1) através do produto dessa pelo
deslocamento real desejado (δ) é igual ao trabalho interno realizado pelos
momentos fletores virtuais (Mc) decorrentes do Estado de Carregamento, ou seja,
da atuação da força virtual unitária aplicada, calculados pelo produto desses pelos
respectivos deslocamentos reais advindos das cargas que estão aplicadas na
estrutura. Tais deslocamentos reais são deduzidos a partir dos momentos fletores
reais M bem como de E e I (módulo de elasticidade longitudinal e inércia da seção
transversal).

Neste exercício, a expressão para a obtenção do deslocamento do nó B é:

1
=δB ∫ M c .M ⋅ dx
EI est
145 UNIUBE
Restam, portanto, os traçados dos diagramas de fletores referentes aos dois
estados, cujos produtos indicados na integral são obtidos através da Tabela 1
constante neste capitulo.

Recorde que, como visto no Capítulo “ Estruturas planas: fundamentações e


vigas isostáticas” deste componente curricular, para se obter os diagramas de
momentos fletores, primeiramente, calculam-se as reações de apoio, por meio
das equações de equilíbrio da estática (momento em algum ponto igual a zero,
somatório de forças horizontais e verticais igual a zero).

A partir disso, obtém-se os valores dos momentos fletores em cada nó, e unem-
se seus valores por linha cheia ou por linha tracejada caso se tenha carga
uniformemente distribuída (com “flecha” no meio do diagrama de qL2/8) ou caso
se tenha carga linearmente distribuída (com “flecha” no meio do diagrama de
qL2/16). Lembrou-se? Portanto, aqui serão apresentados os resultados de tais
cálculos e o traçado dos diagramas para que seja aplicado o P.T.V. e calculado o
deslocamento desejado do nó B.

Estado de Deslocamento (REAL):


15 kN

7 kN/m

B
A D
B = ? C

V A = 13,25 kN VD = 36,75 kN

A B C D
DMF [kN, m]

66,25

7,875
3,5
78,75
146 UNIUBE
Estado de Carregamento (VIRTUAL):

F = 1 (sem unidade)

A D
B C

VA = 0,5 VD = 0,5

B C
A D DMF [m]

1,5

2,5

Faz-se, em seguida, o produto dos diagramas em cada trecho, por meio das
expressões constantes na Tabela 1 deste capítulo, observando-se que, caso o
diagrama esteja abaixo do eixo da viga, o momento fletor é positivo e caso contrário,
negativo. Percebe-se que, nesta aplicação, todos os momentos são positivos, o
que implica que todos os trabalhos calculados serão também positivos.

Antes de prosseguir, detalham-se as áreas a serem multiplicadas em cada caso,


para depois você acompanhar os cálculos:

TRECHO AB: triângulo x triângulo

TRECHO BC: trapézio x trapézio + setor parabólico x trapézio

TRECHO CD: triângulo x triângulo + setor parabólico x triângulo

Observe que, caso o diagrama seja constituído por mais de uma figura geométrica,
o mesmo será dividido em dois, por exemplo. A partir dessas correlações de
áreas, escrevem-se as multiplicações das mesmas, com base na Tabela 1 – vide
a mesma.

1 1  5 ⋅ 2,5 ⋅ 66, 25 2
=δB ∫ M=
c .M ⋅ dx  + 66, 25 ( 2 ⋅ 2,5 + 1,5 ) + 78, 75 ( 2,5 + ( 2 ⋅1,5 ) )  +
EI est EI  3 6

2 3 ⋅1,5 ⋅ 78, 75 3 ⋅1,5 ⋅ 7,875 


+ ⋅ 3,5 ( 2,5 + 1,5 )  + + 
3 3 3 

703, 23 703, 23
δ=
B = ⇒ δ=
B 2,34 × 10−2 m ≅ 2,3 cm
EI 30000
147 UNIUBE

8 CONCLUSÕES
Prezado aluno, no estudo realizado com este capítulo, você aprendeu sobre os
fundamentos e aplicações de um importante princípio físico-mecânico utilizado
em cálculos estruturais, para obtenção de deslocamentos, esforços e reações de
apoio. Trata-se do Princípio dos Trabalhos Virtuais – P.T.V.

Você aprendeu como, tendo uma estrutura isostática, torná-la uma vez hipostática
(cadeia cinemática com um movimento livre) para, a partir disso, traçar suas
elásticas vertical e horizontal. A partir das elásticas, você aprendeu como equacionar
os trabalhos realizados pelas cargas externas e pela incógnita desejada (reação
de apoio ou esforço seccional) para, finalmente, obter tal incógnita.

Por outro lado, estando uma estrutura isostática em uma das seguintes situações:
sob a atuação de cargas externas, com recalques de apoio, sob variações térmicas
ou de comprimentos de barras, você aprendeu a conceber uma estrutura virtual,
para cada caso desses, e equacionar os trabalhos, em busca de deslocamentos
ocorridos em nós estruturais.

Espera-se que você tenha se usufruído, da melhor maneira, dos meios e processos
apresentados neste capítulo, para o aprendizado acerca das deformações
ocorridas em estruturas isostáticas.

Referências
HIBBELER, R.C. Estática–mecânica para engenharia. 10.ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2008. 540p.

SORIANO, H.L.; LIMA, S.S. Análise de estruturas – método das forças e


método dos deslocamentos. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna
Ltda., 2006. 308p.

SÜSSEKIND, J.C. Curso de análise estrutural – deformações em estruturas,


método das forças. 10.ed. V.2, Porto Alegre: Editora Globo, 1993. 310p.
148 UNIUBE

ATIVIDADES
ATIVIDADE 1

Utilizando o P.T.V., obtenha o valor do momento fletor que solicita a seção S, para
a viga esquematizada a seguir (desenho sem escala) informando se este traciona
a viga em cima ou embaixo.
15 kN

6 kN/m 8 kN/m

5 kN.m
S

1,0 4,0 m 1,5 1,0 2,5

ATIVIDADE 2

Utilizando o P.T.V., obtenha o valor da reação de apoio vertical no ponto B, para a


viga esquematizada a seguir (desenho sem escala).
20 kN
5 kN/m 3 kN/m

A
B

3,0 m 1,0 1,0 2,0

ATIVIDADE 3

Utilizando o P.T.V., obtenha o valor do momento fletor que solicita a seção S, para
o pórtico esquematizado a seguir (desenho sem escala) informando se ocorre
tração embaixo ou em cima, nesta seção.
4 kN/m

3m
3 kN S
7 kN
5 kN
2m
o
45

3m

2m 2m
5m 5m
149 UNIUBE
ATIVIDADE 4

Calcular, utilizando o P.T.V., o deslocamento vertical do nó B da estrutura


esquematizada a seguir (desenho sem escala), sendo EI = 16800 kN.m2.

8 kN/m

A C
B C D
2,0
B

3,0 4,0 m 2,0

ATIVIDADE 5

Calcular, utilizando o P.T.V., o deslocamento vertical do nó C do pórtico


esquematizado a seguir (desenho sem escala), sendo EI = 19400 kN.m2.
8 kN/m

C
2m
D
B

5m

4m 4m
150 UNIUBE
151 UNIUBE

3
Pórticos planos e
treliças isostáticas

Tulio Augusto Caleiro Acerbi

Introdução

Caro aluno, este capítulo tem como objetivo nortear a realização dos
seus estudos a serem desenvolvidos sobre Pórticos Planos e Treliças
Isostáticas. Ele contém os caminhos e processos que você deverá
percorrer e superar, para construir os conhecimentos desejados ao final
deste estudo.

Este capítulo conduzirá você ao conhecimento para obtenção


dos diagramas de esforços simples, cálculo das deformações
(deslocamentos e giros) que podem ocorrer em uma seção transversal
de um pórtico e/ou nas treliças de seção reta prismática e isostática,
em função das ações atuantes e das condições de contorno (tipos de
apoios ou vinculações).

Geralmente, uma estrutura se deforma ao ser carregada. Na maioria


das situações estruturais, isso é imperceptível, pois são pequenas
as deformações. Entretanto, é fundamental perceber como e em que
local ocorrerão estes deslocamentos. O conhecimento dos esforços
simples atuantes, bem como os deslocamentos da estrutura fornecerão
informações para o dimensionamento da estrutura e dados para a sua
execução com segurança e economia.

É de fundamental importância, para o engenheiro calculista, o


conhecimento dos valores máximos e mínimos dos esforços internos
solicitantes, bem como os deslocamentos e inclinações que ocorrem
em uma determinada estrutura.

No projeto estrutural, consideram-se os limites máximos para as


deformações prescritos nas Normas Técnicas, em função do material
152 UNIUBE

estrutural utilizado (concreto armado, aço, madeira e outros) e das


condições de contorno de tais elementos estruturais. Ou seja, as normas
técnicas apresentam valores para as deformações e esforços que não
podem ser ultrapassados. Por isso, a importância de se quantificar esforços,
deslocamentos (flechas e giros) nas estruturas, de um modo geral.

Neste capítulo, identificaremos os Pórticos simples (também chamados


de Quadros Simples) e as Treliças Isostáticas, e obteremos os esforços
atuantes nas respectivas estruturas.

Para que você obtenha êxito ao final do seu estudo, é fundamental estudar
o conteúdo teórico na sequência apresentada, seguindo todos os passos e
recomendações nele contidos, para as verificações de aprendizagem.
São apresentados problemas de aplicação resolvidos que consolidam o
estudo teórico, que permitirão visualizar, na prática, os conceitos aprendidos.

Seja, portanto, bem-vindo ao estudo dos Pórticos Planos (Quadros Simples)


e Treliças Isostáticas.

Objetivos
Espera-se que, ao final dos estudos propostos, você seja capaz de:

• determinar os valores das reações de apoio e dos esforços simples para


pórticos isostáticos;
• construir os diagramas de esforços simples para um pórtico simples em
função dos tipos de carregamento e de seus respectivos apoios (ou vínculos
externos) desse elemento estrutural;
• determinar os valores das reações de apoio e dos esforços simples para
treliças isostáticas;
• determinar os valores dos esforços normais nas treliças isostáticas,
identificando as barras que sofrem esforços de tração e as barras que
sofrem esforços de compressão em função dos tipos de carregamento e de
seus respectivos apoios (ou vínculos externos) desse elemento estrutural.

Atente-se para os sinônimos entre parênteses!


153 UNIUBE

Esquema
Pórticos Planos (Quadros Isostáticos Planos)
Treliças Isostáticas
Problemas de Aplicação Resolvidos
Conclusões

1. Pórticos Planos ou Quadros Isostáticos Planos

1.1 Definições
Basicamente, são quatro tipos fundamentais de quadros isostáticos planos (quadro
simples) quando estão isolados.

Quando estes quadros estão associados, são chamados de quadros compostos.

Lembre-se de que dispomos das três equações básicas da Estática no plano.

Conhecidas as reações de apoio, passaremos à obtenção dos esforços solicitantes.

Para obtermos os esforços solicitantes, é importante que você se recorde das


vigas biapoiadas.

Traçar os diagramas de um pórtico simples é análogo ao que fazemos com as


vigas biapoiadas para a obtenção dos seus respectivos diagramas. A diferença
básica, é que as barras podem estar em posições quaisquer. Ou seja, podem
estar na horizontal, na vertical ou ainda inclinadas.

Para identificarmos cada caso, faremos um exercício numérico que chamaremos


de modelo de aplicação. Vejamos:

1.1.1 Pórtico Plano Biapoiado


Dado o Pórtico Plano, a seguir, traçar os diagramas de esforços solicitantes
(Figura 1).
154 UNIUBE

Figura 1: Pórtico Plano Biapoiado


Fonte: Acervo do autor

Resolução:

Cálculo das reações de apoio:

160 x 4 = HD x 4 → HD = 160 kN

→ HA = 160 kN

→ VA = 160 kN

Traçando os diagramas de esforços:

Iniciando pelo Momento fletor e separando a barra DC, vem:


155 UNIUBE

MC + HD x 4 = 0 → MC = - 640 kN.m (o sinal – indica giro ao


contrário)
(tração nas fibras da direita)

→ VC = 160 kN (cortante)

→ NC = 0 kN (normal)

Separando a barra AB, vem:

MB -
HA x 8 = 0 → MB = 1280 kN.m (tração nas fibras da
esquerda)

→ VB = HA = 160 kN
→ NB = VA = 160 kN (normal de compressão)

Conhecidos os valores dos momentos em B e em C, podemos traçar o diagrama


dos momentos fletores.
156 UNIUBE

DMF (KN.m)

DFC (kN)

DFN (kN)
157 UNIUBE

1.1.2 Pórtico Plano Engastado e Livre


Considerando-se o Pórtico Plano, a seguir, traçar os diagramas de esforços
solicitantes (Figura 2).

Figura 2: Pórtico Plano Engastado e Livre


Fonte: Acervo do autor

Resolução:
158 UNIUBE
Cálculo das reações de apoio:

MA + 30 x 2 +10 x 2 – 10 x 1 – 40 x 2 = 0 → MA = 10 KN.m

→ HA = 10 kN
→ VA = 30 + 10 + 40 = 80 kN

Traçando os diagramas de esforços:

DFC (KN)

DMF (KN.m)

DFN (KN)

1.1.3 Pórtico Plano Triarticulado


Dado o Pórtico Plano, a seguir, traçar os diagramas de esforços solicitantes
(Figura 3).

Traçando os diagramas de esforços:


159 UNIUBE

Figura 3: Pórtico Plano Triarticulado


Fonte: Acervo do autor

Cálculo das reações de apoio:

Isolando a barra DE

HE x 6,0 = 0 → HE = 0
→ VD = 0
→ VE = ND
160 UNIUBE
Isolando a estrutura ABCD, teremos:

→ 50 - HA = 0→ HA = 50 kN

50 x 6 + VA x 6 – 50 x 4 – 20 x 8,95 x 4,25 = 0 → VA = 110,2 kN

→ VA – 20 x 8,95 + ND = 0 → ND = 68,8 kN = VE

Traçando os diagramas de esforços:

DMF (KN.m)
161 UNIUBE

DFN (KN)

1.1.4 Pórtico Plano, com Articulação e com Tirante (ou Escora)


Dado o Pórtico Plano, a seguir, traçar os diagramas de esforços solicitantes
(Figura 4).

Figura 4: Pórtico Plano, com Articulação e com Tirante


Fonte: Acervo do autor
162 UNIUBE
Resolução:

Cálculo das reações de apoio.

Note que sobre a barra CD não tem carregamento e é rotulada nas extremidades,
o que implica que ela estará sujeita somente a esforço normal (se de tração =
tirante; se de compressão = escora).

→ HA = 0

VA x 4 – 40 + 40 – 20 x 4 x 2 = 0 → VA = 40 kN

→ VA + VB = 4x20 → VB = 40 kN

Isolando a barra FDB, teremos:


163 UNIUBE

N x 2 – 40 = 0 → N = 20 kN

Com estes valores conhecidos, podemos traçar os diagramas de esforços


solicitantes.

DMF (KN.m)

DFC (KN)

DFN(KN)
164 UNIUBE

1.2 Pórticos Planos Compostos (Quadros Compostos)


Nestes casos, procuramos resolver inicialmente os quadros sem estabilidade
própria para os carregamentos atuantes. A seguir, os quadros com estabilidade
própria serão resolvidos para as cargas atuantes e acrescidas das forças que
foram transmitidas pelos quadros iniciais.

Portanto, basta decompormos o quadro composto em quadros simples já


estudados anteriormente e escolhermos as estruturas adequadamente para
facilitar o trabalho de resolução da estrutura.

1.2.1 Exemplo de aplicação


Considerando-se o quadro, a seguir, traçar os diagramas de esforços solicitantes
(Figura 5).

Figura 5: Pórticos Planos Compostos


Fonte: Acervo do autor

Resolução:

Primeiro, temos que verificar que o quadro ABC (I) não se mantém sozinho,
pois o apoio A é móvel. Portanto, o ponto C deverá apoiar-se no quadro estável
DCEFG.

Observe que o quadro DCEFG (II) se mantém sozinho com estabilidade sem
depender do quadro ABC.

Devemos, então, obter as reações de apoio do quadro ABC e no ponto C,


introduziremos as reações obtidas como um novo carregamento no ponto C
pertencente ao quadro estável DCEFG.
165 UNIUBE

→ 30 - HC = 0 → HC = 30 kN

VA x 8 – 30 x 2 - 10 x 8 x 4 = 0 → VA = 47,5 kN

→ VA + VC = 8 x 10 → VC = 32,5 kN

Note que a barra CD é rotulada nas 2 extremidades; logo, transmitirá somente


força normal.

HD = 0 (basta fazer somatório dos momentos no ponto C – barra CD).

Para obtermos as reações de apoio, vamos aplicar as equações de equilíbrio da


estática.
166 UNIUBE

VD x 8 + 30 x 4 – 32,5 x 8 – 20 x 3 – 8 x 10 x 4 = 0

VD = 65 kN

→ VD + VG = 32,5 + 8 x 10 + 20 = 0 → VG = 67,5 kN

→ 30 - HG = 0 → HG = 30 kN

Conhecida as reações de apoio, podemos partir para o traçado dos diagramas de


esforços solicitantes.

DMF (kN.m)

DFC (kN)
167 UNIUBE

DFN (kN)

Atenção!

Antes de prosseguir, é necessário que você recorde o conceito Pórticos


Planos. Lembre-se de que as barras dos pórticos, em princípio, apresentam
no plano 3 (três) esforços simples (ou internos), a saber: momento fletor,
esforço cortante (ou cisalhante) e esforço normal.

2. Treliças Isostáticas

2.1 Definições

Chamaremos de Treliça ideal ao sistema reticulado cujas barras têm todas as


extremidades rotuladas e os carregamentos estão aplicados em seus nós.

As treliças ideais, portanto, só transmitem esforços normais em suas barras.

Os esforços normais de tração serão indicados por positivo (+) e os esforços


normais de compressão serão indicados por negativo ( - ).

Os métodos de resolução das treliças podem ser classificados em:

• Método dos Nós;


• Método de Ritter (ou das seções) e
• Método gráfico de Cremona.

A seguir, apresentaremos os Métodos por meio de aplicações práticas.


168 UNIUBE

2.1.1 Método dos Nós


Trata-se, na realidade, da resolução dos nós da treliça, ou seja, do equilíbrio dos
nós em função das barras e dos carregamentos atuantes nos respectivos nós.
Basta aplicarmos as equações básicas da estática plana em cada nó.

Sempre devemos começar por nós com menor grau de complexidade ou de


incógnitas. Em princípio, indicamos todas as barras com o sentido de tração nos
nós.

Após as resoluções, podemos identificar os sinais positivos como tração e os


negativos como compressão.

Ver a aplicação seguinte (Figura 6):

Determinar os esforços normais nas barras da treliça a seguir:

Figura 6: Treliça para exemplo de aplicação


Fonte: Acervo do autor

Resolução

Cálculo das reações de apoio:


169 UNIUBE

→ HA = 0

VA x 400 - 5 x 400 – 10 x 200 = 0 → VA = 10 kN

→ VA + VE = 5 + 10 + 5 → VE = 10 kN

Isolando os nós, teremos:

→ NBC = 0

→ - 5 - NBA = 0 → NBA = - 5 kN (compressão)


170 UNIUBE

→ NDC = 0

→ - 5 - NDE = 0 → NDE = - 5 kN (compressão)

(Note que a força de 5,0 kN da barra AB é de compressão; por isso, marcamos


compressão no nó A)

→ +10 – 5 + NAC x sen45˚ = 0 → NAC = - 7,07 kN (compressão)

→ NAF + NAC x cos45˚ = 0 → NAF + (-7,07) x cos45˚ = 0 →


NAF = + 5,0 kN (tração)
171 UNIUBE

→ NFC = 0 → (força normal nula)

→ - NAF + NFE = 0 → NFE = NAF = + 5,0 kN (tração)

→ - NEF - NEC x cos45˚ = 0 → - 5 - NEC x cos 45˚ = 0 →

NEC = - 7,07 kN (compressão)

→ NED + NEC x sen45˚ + 10 = 0 → NED + (-7,07)sen45˚ + 10 = 0

NED = - 5,0 kN (compressão)


172 UNIUBE

2.1.2 Método de Ritter (ou das seções)


É uma extensão do método dos nós. Basta utilizarmos as equações básicas da
estática na estrutura que foi isolada da treliça por meio de seccionamento.

Devemos escolher seções que interceptem três barras não paralelas, nem
concorrentes, no mesmo ponto.

Este método é muito útil no cálculo de treliças de altura constante.

Ver a aplicação seguinte (Figura 7):



Note que é a mesma treliça anterior.

Figura 7: Treliça para exemplo de aplicação do método de Ritter


Fonte: Acervo do autor
173 UNIUBE
174 UNIUBE
Note que VA é conhecida e vale 10 kN. Aplicando o somatório dos momentos em
C, teremos:

VA x 200 - 5 x 200 – NAF x 200 = 0

NAF = 5,0 kN (tração)

NBC = 0

(Basta, agora, fazer o somatório das forças verticais ou das forças horizontais
para conhecermos o valor de NAC).

→ -5,0 + 10 + NAC x sen45˚ = 0 → NAC = - 7,07 kN


(compressão)

Lembre-se de que a estrutura é simétrica tanto com relação a sua geometria


quanto ao seu carregamento. Isto nos leva a concluir que os esforços NEF, NDC e
NEC têm os esforços normais conhecidos.

NEF = 5,0 kN (tração); NDC = 0; NEC = -7,07 kN (compressão)

O equilíbrio do nó F leva ao valor NFC = 0.

O equilíbrio do nó B leva ao valor NBA = - 5,0 kN.

O equilíbrio do nó D leva ao valor NDE = - 5,0 kN.

2.1.3 Método de Cremona (Maxwell – Cremona)


Apesar de Maxwell ter sido o primeiro a apresentar o método, o nome método de
Cremona é o mais difundido.

É um método gráfico que parte do princípio de que se uma treliça está em equilíbrio,
os seus nós também estarão.

Sabemos também que se o somatório das forças (resultante) atuantes em um nó


em equilíbrio é nula, a poligonal das forças atuantes deverá ser fechada.

O sucesso do método depende de uma certa habilidade de desenho para


determinarmos a figura do “Cremona” e também de uma escala de unidades
coerentes com as cargas atuantes.

Está em desuso a utilização do método tradicional (esquadros, réguas e etc.).


Mas, com a utilização de algum software de desenho, esta tarefa se tornou mais
fácil. Basta a interpretação do desenho final e os sinais dos esforços nas barras.
175 UNIUBE
A apresentação do método, bem como o seu roteiro, será mostrado no exemplo
numérico, a seguir (Figura 8):

Figura 8: Treliça para exemplo de aplicação do Método de Cremona


Fonte: Acervo do autor

A ideia do método é a seguinte:


Chamaremos de campos de força a região compreendida entre forças. Podem ser
externas (carregamentos) ou internas (esforços normais nas barras).

O sentido para percorrer todos os campos será sempre o horário (indicado como
positivo).

Adotaremos a seguinte escala:

Cada 1,0 cm corresponderá a 5,0 kN.


176 UNIUBE

Cálculo das reações de apoio:

- 10 x 300 + 45 x 200 – VD x 400 = 0 → VD = 15 kN

VA + VD = 45 → VA = 30 kN

→ -10,0 + HA = 0 → HA = 10 kN

Construção geométrica do CREMONA.

Inicialmente, adote um ponto na folha de desenho. Começamos pelo ponto a.

Percorrendo no sentido horário a treliça, percebemos que, para chegarmos ao


campo b, passamos por uma força de 30 kN para cima (na escala, significa 6 cm
= 30 kN).

Pelo ponto b, devemos passar por uma força de 10 kN na horizontal para a direita,
para chegarmos ao campo c.

Pelo ponto c, devemos percorrer 10 kN na horizontal para a esquerda, para


determinarmos o campo d. O ponto coincide com o ponto b.

Faremos todo o caminho até determinarmos todos os campos. Devemos percorrer


a figura sempre no sentido horário.

Feito isso, obteremos a figura mostrada, a seguir.


177 UNIUBE

Unindo os pontos correspondentes, obteremos a figura, a seguir, também chamada


de Cremona.
178 UNIUBE
Fazendo a medida com uma régua graduada, poderemos escrever:

BARRA CAMPOS MEDIDA ESFORÇO SINAL


(cm) (KN) (SENTIDO)
AB cf 1,5 7,5 - (compressão)
BC df 2,5 12,5 + (tração)
CD eg 5,0 25 - (compressão)
DA ag 4,0 20 + (tração)
AC fg 7,5 37,5 - (compressão)

Exemplo de análise do CREMONA:

Note na treliça que a barra AB é vertical. Ela está entre os campos c e f.

Observe a figura do Cremona e perceba que a linha cf é vertical. O menor giro que
teremos que fazer para que os campos do Cremona coincidam com os da treliça
é um giro anti-horário. Como o nosso sentido de percorrer a treliça foi o horário,
podemos afirmar que o sinal da força será negativo, indicando compressão.
Veja na figura a seguir:

Dica

Barra AB (entre os campos c e f ).

Pegue uma caneta ou lápis e coloque na vertical com a ponta para cima. Coloque
na figura do CREMONA. Imagine a ponta sendo o campo c. Leve agora a caneta do
CREMONA para a figura da treliça. Veja que a ponta estará sobre B. O menor giro
para que os campos se sobreponham, neste caso, será o anti-horário.
179 UNIUBE
Fazendo esta análise para todas as barras da treliça, poderemos representar os
resultados na própria treliça, ou mesmo em forma de tabela.

Atenção!
Antes de prosseguir, é necessário que você recorde o conceito de treliça.
Lembre-se de que as barras das treliças são rotuladas nas extremidades.
Os carregamentos devem estar nos nós da treliça.

O único esforço atuante é o esforço normal. A Força Normal pode ser de


Tração ou de Compressão.

Parada obrigatória

Faça suas próprias anotações, sintetizando o que você estudou até aqui,
no início deste capítulo, sobretudo com relação aos diferentes termos que
mesclam pré-requisitos com o que você está aprendendo agora.
180 UNIUBE

Parada para reflexão

Recordando o que você aprendeu no estudo de Mecânica Geral e Resistência


dos Materiais, lembre-se: a função do Momento Fletor é representada por
uma função de grau maior que o esforço cortante.

Para traçar o esforço cortante, lembre-se: binário horário é positivo e


binário anti-horário é negativo. Você poderá arbitrar o lado que será feito o
diagrama, basta introduzir o sinal.

O esforço normal poderá ser de tração (+) ou compressão (-).Você poderá


arbitrar o lado que será feito o diagrama, basta introduzir o sinal.

SUGESTÃO! Faça suas anotações, sintetizando os conteúdos estudados,


antes de prosseguir!

FEITO ISSO, VÁ AO ENCONTRO DAS APLICAÇÕES!

3. Problemas de Aplicação Resolvidos

(1ª APLICAÇÃO)

Para o pórtico dado a seguir, traçar os diagramas de M, V e N (esforços internos).


181 UNIUBE
Resolução:

Atenção!
Determine as reações de apoio. Basta separar a estrutura da esquerda ou
direita e aplicar o somatório dos momentos na articulação (rótula).

Lembre-se: o momento na articulação é conhecido, pois temos um momento


aplicado na articulação.

Feito isso, basta começar pelo traçado do momento fletor.


182 UNIUBE
(2ª APLICAÇÃO)

Para o pórtico dado a seguir, traçar o diagrama do Momento Fletor:

Resolução:
183 UNIUBE

Parada obrigatória

Se está tudo entendido, então, prossiga! Se não, pare aqui, reestude o


necessário ao entendimento e refaça as análises do que já foi resolvido,
ok?

(3ª APLICAÇÃO)

Para o pórtico dado a seguir, traçar o diagrama do Momento Fletor.

Resolução:
184 UNIUBE
(4ª APLICAÇÃO)

Para o pórtico composto (quadro composto) dado a seguir, traçar o diagrama de


esforços solicitantes (M, V e N).

Resolução:
185 UNIUBE

(5ª APLICAÇÃO)

Obter os esforços normais nas barras da treliça a seguir. Utilizar o método dos
nós.

Resolução:

Perceber que a treliça recebe carregamentos simétricos e a própria treliça também
é simétrica. As reações de apoio serão iguais e exatamente a metade das cargas
verticais para baixo.

Cálculo das reações de apoio:

VG = 50 kN

VA + VG = 100 → VA = 50 kN

→ HA = 0
186 UNIUBE
Isolando os nós da treliça.

Começando pelos mais simples.

→ NBC = 0

→ - 20 - NBA = 0 → NBA = - 20 kN (compressão)


187 UNIUBE
(Note que a força de 20 kN da barra AB é de compressão; por isso, marcamos
compressão no nó A.)

→ +50 – 20 + NAC x sen45˚ = 0 → NAC = - 42,43kN (compressão)

→ NAJ + NAC x cos45˚ = 0 → NAJ + (-42,43) x cos45˚ = 0 →

NAJ = + 30 kN (tração)

→ - NCA x cos45˚ + NCD = 0 → NCD = - 30 kN (compressão)

→ - 20 – NCJ – NCA x sen45˚ = 0 → NCJ = +10 kN (tração)


188 UNIUBE

→ + 10 + NJD x sen45˚ = 0 → NJD = - 14,14 kN (compressão)

→ - 30 + NJI + NJD x cos45˚ = 0 → NJI = + 40 kN (tração)

→ NID = 0 → (força normal nula)

→ - 40 + NIH = 0 → NIH = + 40 kN (tração)

Podemos, então, representar o resultado na própria treliça ou em tabelas.

(6ª APLICAÇÃO)

Obter os esforços normais nas barras da treliça a seguir. Utilizar o método de


Ritter.
189 UNIUBE

Resolução:

Como já sabemos, as reações de apoio já são conhecidas por se tratar da mesma


questão anterior.

Vamos seccionar a treliça em locais adequados para obtermos os esforços normais


das barras.

Seção I – I

Note que VA é conhecida e vale 50 kN. Aplicando o somatório dos momentos em


C, teremos:

50 x 300 - 20 x 300 – NAJ x 300 = 0
190 UNIUBE
NAJ = 30 kN (tração)

Basta, agora, fazer o somatório das forças verticais ou das forças horizontais para
conhecermos o valor de NAC, note que NBC = o.

(Estrutura da esquerda)

→ 50 - 20 + NAC x sen45˚ = 0 → NAC = - 42,43 kN


(compressão)

Pelo equilíbrio do nó B, teremos:

NBA = - 20 kN (compressão)

Lembre-se da simetria da estrutura e do carregamento.

Seção II

50 x 600 - 20 x 600 – 20 x 300 - NJI x 300 = 0

NJI = 40 kN (tração)

Basta, agora, fazer o somatório das forças horizontais para conhecermos o valor
de NJD. a
191 UNIUBE
(Estrutura da esquerda)

→ 50 - 20 – 20 + NJD x sen45˚ = 0 → NJD = - 14,14 kN


(compressão)

Nas outras barras que não foram seccionadas, basta equilibrar o nó para que
seu valor seja conhecido.

Lembre-se da simetria da estrutura e do carregamento.

(7ª APLICAÇÃO)

Resolver a treliça anterior, utilizando o método de Cremona.

São conhecidas as reações de apoio. Na figura a seguir, estão indicados os


campos das forças e as forças atuantes.
192 UNIUBE

O sentido horário foi adotado para nomear os campos. Devemos respeitar o


sentido no momento de percorrer a estrutura para obtenção da figura do Cremona.
193 UNIUBE

Fazendo a medida com uma régua graduada, poderemos escrever:

BARRA CAMPOS MEDIDA ESFORÇO SINAL


(mm) (KN) (SENTIDO)

AB bh 200 20 -
BC ch 0 0
CD dj 299,2 29,92 -
DE em 299,2 29,92 -
EF fo 0 0
FG go 201,5 20,15 -
GH an 299,2 29,92 +
HI al 399,2 39,92 +
IJ ak 399,2 39,92 +
JA ai 299,2 29,92 +
AC hi 421,9 42,19 -
CJ ij 98,9 9,89 +
JD jk 141,4 14,14 -
DI kl 0 0
DH lm 141,4 14,14 -
HE mn 99,5 9,95 +
EG no 421,5 42,15 -
194 UNIUBE
A seguir, está mostrada a leitura com régua graduada para obtenção dos valores
dos esforços normais nas barras.

Atenção!

Se aparecer dúvidas no sinal (tração e compressão), volte ao primeiro


exemplo de CREMONA e treine a regra prática. Lembre-se da dica.

4. Conclusão
Prezado aluno, após o estudo realizado, você pode constatar que podemos ter
uma grande variedade de estruturas aporticadas (quadros) e treliçadas.

Vários métodos foram apresentados até o momento. É muito importante treinar os


conceitos aprendidos e praticar bastante.

Este estudo servirá de base para o entendimento e a aplicação de conceitos e


formulações relacionadas a dimensionamentos de peças estruturais.

A partir dos valores das deformações que ocorrem em um elemento estrutural,


sobretudo as maiores, você verificará se estão de acordo com os valores prescritos
195 UNIUBE
pelos textos normatizados, em função do material estrutural que se esteja
utilizando (concreto armado, aço, madeira etc.). Há sempre que se ficar aquém
dos valores máximos exigidos, para que se concebam as dimensões estruturais
(altura necessária para a seção transversal de uma viga em concreto armado, por
exemplo).

Espera-se que você, ao chegar até aqui, tenha usufruído da melhor maneira,
dos meios e processos apresentados neste capítulo, para o seu aprendizado do
conteúdo em questão, adquirindo as competências pertinentes, na medida do
cumprimento de cada etapa.

Esteja consciente de que, vencida esta etapa, você agrega conhecimentos de


importante valia para sua formação acadêmico-profissional. Parabéns por mais
este degrau que você acaba de subir!

Referências

BEER, Ferdinand Pierre; JOHNSTON JR., Elwood Russell. Resistência dos


Materiais. 3. ed. São Paulo: Makron Books do Brasil Editora Ltda., 1995. 654p.

HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. 3. ed. São Paulo: Editora Livros


Técnicos e Científicos, 2000. 698p.

SUSSEKIND, José Carlos. Curso de análise estrutural. 4. ed. Porto Alegre:


Editora Globo, 1979. 366p.

CAMPANARI, Flavio Antônio. Teoria das estruturas. Rio de Janeiro: Editora


Guanabara Dois S. A.1985. 432p.
196 UNIUBE

Atividades

Tendo percorrido até aqui, é necessário que você se autoavalie! Em seguida, são
apresentados alguns passos essenciais que lhe ajudarão nesta fase, em que
propomos atividades de autoverificação de aprendizagem. Tais atividades não
serão entregues ao professor.

Você, caro aluno, deverá ter a consciência de que neste importante estudo de
sua formação em Engenharia, não basta apenas a leitura!! É imprescindível que
você faça suas próprias anotações e se preocupe em raciocinar e se questionar
a todo momento, fazendo as paradas necessárias ao longo do seu estudo, para
que você possa prosseguir, tendo vencido os degraus na medida em que vai
escalando. Não pule nenhum deles, mas suba cada um, com atenção e seguindo
as recomendações propostas ao longo do texto!

Atividade 1
Faça um resumo sobre os pórticos planos, destacando os seus principais tipos.

Atividade 2
Escreva um resumo sobre as treliças isostáticas, destacando os principais métodos
de resolução.

Atividade 3
Trace os diagramas de esforços solicitantes para o pórtico dado, a seguir.
197 UNIUBE

Atividade 4
Trace os diagramas de momento fletor para o pórtico dado, a seguir.

Atividade 5
Calcule os esforços normais da treliça dada.
198 UNIUBE

Atividade 6
Calcule os esforços normais da treliça dada.

Atividade 7
Calcule os esforços normais da treliça dada.
Componente Curricular

Tecnologia e Materiais da
Construção Civil
4
Concreto de alto
desempenho – CAD

Vanessa Rosa Pereira Fidelis


Maria Cláudia Freitas Salomão

Introdução

No presente capítulo de Concreto de Alto Desempenho (CAD), você


conhecerá quando surgiu o concreto e os principais locais onde o CAD
foi aplicado no Brasil. Serão apresentadas as principais características do
CAD e de todos os materiais constituintes, diferenciando-o dos concretos
convencionais (CC).

Você terá acesso a uma metodologia de dosagem de concreto de alto


desempenho, dentre as várias metodologias existentes, e, assim, terá
a oportunidade de fazer a dosagem de um CAD com materiais regionais.
Posteriormente, através de ensaios de laboratório, você poderá conhecer as
principais características da mistura no estado fresco e estado endurecido.

A finalidade deste trabalho é orientar você, futuro engenheiro civil, na


aplicação de tecnologias dos materiais de construção. Com este intuito,
serão realizados no laboratório diversos ensaios normalizados, visando o
estudo experimental de dosagem do concreto de alto desempenho.

Este capítulo apresenta pela ordem prevista de realização os diversos


assuntos / ensaios programados, indicando as respectivas normas brasileiras
tanto de ensaio quanto de especificações.
202 UNIUBE

Objetivos
Ao final do estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
• reconhecer os componentes do concreto de alto desempenho;
• apontar a necessidade de utilização do concreto de alto desempenho;
• identificar as principais características dos constituintes do concreto de alto
desempenho;
• apresentar as principais características do concreto de alto desempenho;
• calcular a dosagem de um concreto de alto desempenho;
• definir a quantidade de materiais constituintes do concreto de alto
desempenho por metro cúbico;
• identificar as propriedades do concreto de alto desempenho no estado
fresco;
• identificar as propriedades do concreto de alto desempenho no estado
endurecido;
• aplicar o concreto de alto desempenho no desenvolvimento de projetos
estruturais de concreto armado (CA) ou concreto protendido (CP).

Esquema

1. Introdução ao Concreto de Alto Desempenho - CAD


1.1. Classificação do CAD
1.2. Características básicas do CAD
1.2.1 Resistência
1.2.2 Compacidade
1.2.3 Impermeabilidade
1.2.4 Durabilidade
1.2.5 Trabalhabilidade
1.3. Locais de aplicação do CAD
1.4. Exemplos de aplicação do CAD no Brasil
1.5. Resultados esperados com o uso do CAD
2. Materiais constituintes do CAD
2.1. Cimento Portland
2.2. Agregado Miúdo
2.3. Agregado Graúdo
2.4. Água de Amassamento
2.5. Adição Mineral
2.6. Aditivo Plastificante
3. Dosagem de concretos de alto desempenho
3.1. Cálculo da dosagem pelo método ABCP
3.2. Cálculo da dosagem pelo método MEHTA & AITCIN (1990b)
3.2.1. Procedimentos do cálculo da dosagem
4. Produção do Concreto de Alto Desempenho
5. Propriedades no estado endurecido
6. Viabilidade econômica no uso do CAD

1. Introdução ao Concreto de Alto Desempenho - CAD


O concreto permaneceu por mais de um século como uma mistura de cimento,
areia, pedra e água. Nas últimas décadas, com o avanço no desenvolvimento de
aditivos e adições, o concreto passou a contar com a melhoria da resistência, da
compacidade e da trabalhabilidade.

Segundo Mendes et al (2007), desde os anos 50, muitas obras foram realizadas
com concretos de alta resistência, no entanto, nesta época, ainda não havia
significativa preocupação com a durabilidade das estruturas construídas com
esse material. O Concreto de Alto Desempenho começou a ser estudado há cerca
de 40 anos, porém, somente há vinte anos que a utilização dessa tecnologia foi
viabilizada técnica e economicamente para uso em algumas obras.

Devido as suas características de alta resistência e durabilidade, o CAD está


gradualmente substituindo o concreto de resistência normal, principalmente em
estruturas expostas a ambientes agressivos.

Já em 1997 publicou-se a evolução da substituição das estruturas de aço por


estruturas de concreto em edifícios com mais de 220 m nos Estados Unidos
no período de 1969 a 1993. Nesse período, passou-se de 20% de opção pela
estrutura de concreto armado, conforme apresentado na Figura 1.
204 UNIUBE

Figura 1 – Evolução do emprego de estruturas de concreto na construção de edifícios altos nos EUA
(mais de 220m).
Fonte: CAD, 1997.

O Concreto de Alto Desempenho ainda é muito associado ao concreto de


alta resistência. Entretanto, o CAD agrega à alta resistência, o desempenho,
durabilidade e aumento de vida útil previstos na NBR 6118 (2003), conforme
citado no volume anterior.

Em janeiro de 2004, a revista Téchne publicou uma matéria sobre o Concreto de


Alta Resistência para demonstrar o avanço dos estudos e importância do CAD
para a Engenharia. A seguir, apresenta-se a publicação:
“O concreto de alto desempenho já é uma realidade no Brasil e o emprego de
concretos com resistências maiores que as usuais - de 40 a 50 MPa – tem se
difundido muito nos últimos anos. As empresas de concreto pré-misturado, bem
como os centros de pesquisa, estão capacitados a obter esses concretos usados
principalmente em estruturas de edifícios, pontes e pré-moldados, reduzindo
a seção de pilares e cargas nas fundações e aumentando a durabilidade. No
entanto, ultrapassar a barreira dos 100 MPa com um concreto dosado em
central e aplicado em uma estrutura real, com vantagens econômicas e técnicas
foi, por muito tempo, um sonho a ser realizado pela engenharia nacional.

Esse foi o grande desafio que motivou construtores, consultores, calculistas,


empreendedores e fornecedores de concreto a, no final de 2001, desenvolverem
um concreto resistente e durável, capaz de romper a barreira dos 100 MPa em
obra. A realidade foi muito além dessa resistência, e levou o Brasil ao recorde
mundial, com o uso do concreto colorido de alto desempenho fck 115 MPa, com
resistência média de 125 MPa e máxima de 149,5 aos 28 dias, e 155,5 MPa aos
63 dias.
205 UNIUBE
A história da engenharia brasileira apresenta obras pioneiras e grandes recordes
em estruturas de concreto, entre os quais podem ser citados o Edifício A Noite, no
Rio de Janeiro (1928), com recorde mundial em altura de 103 m. Em São Paulo,
podem ser citados o Edifício Martinelli com 106 m, de 1929, e o Edifício Itália, de
1959, com 168 m de altura. Outro recorde alcançado pelo Brasil foi o de maior
vão livre em laje reta com o Masp (Museu de Arte de São Paulo), obra pioneira
de concreto de alto desempenho (fck igual a 45 MPa) em 1968. No Edifício Cenu
(Centro Empresarial Nações Unidas), o recorde foi de bombeamento do concreto
com uma só bomba a uma altura de aproximadamente 158 m, e o de maior
volume de CAD já empregado em uma obra no Brasil - fck 50 MPa - considerado
relativamente alto para os padrões até então empregados no País, com resistência
média, aos 28 dias, de 60 MPa.

e - Tower

O e-Tower é um edifício comercial com 162 m de altura (do piso do 4º subsolo à


cobertura), localizado na Vila Olímpia em São Paulo, em construção pela Tecnum.

O desafio seguinte foi a produção do CAD colorido. A dosagem e o estudo de


laboratório foram desenvolvidos em conjunto pelo consultor de concreto e sua
equipe e a empresa responsável pelo fornecimento do concreto.

O CAD como solução

O CAD foi a solução técnico-econômica apresentada à Tecnum para o edifício


e-Tower, em decorrência da necessidade de se reduzir as dimensões dos pilares
da fachada Norte que apresentavam elevada carga nos subsolos. O estudo inicial
previa uma seção resistente da ordem de 0,80 m2, algo em torno de 90 x 90 cm.
Isto, para o fck, resistência característica à compressão de 40 MPa adotada para
todo o edifício (já considerado um fck alto para os padrões brasileiros). Mas a
arquitetura solicitava que as dimensões máximas desses elementos estruturais
não ultrapassassem 60 x 70 cm. Para tanto, aumentou-se o fck do concreto para
80 MPa, e todo o cálculo estrutural foi refeito pela equipe do calculista estrutural
Ricardo França. A figura 5 apresenta a solução adotada (fck 80 MPa) comparada
a um pilar com fck 40 MPa.

O que condicionou o emprego do CAD, além da elevada durabilidade, foi a


distância necessária entre pilares para permitir o encaixe de duas vagas médias:
no mínimo 4,2 m, sendo o mais aconselhável 4,40 m - na cidade de São Paulo,
o Código de Obras estabelece que a vaga média deve ter no mínimo 2,10 m de
largura.
Além disso, para não prejudicar a circulação dos veículos nem desrespeitar o
projeto aprovado na Prefeitura, os pilares deveriam facear o corredor de forma
alinhada e a maior dimensão estar limitada a 70 cm.

O emprego do CAD de 80 MPa (fck de projeto) cumpriria com folga esses requisitos
e ainda traria benefícios extras à estrutura, tais como durabilidade, aumento da
vida
206 UNIUBE
útil e maior módulo de elasticidade, além de ter a maior resistência à compressão
característica já empregada em obra, 80 MPa, com resultados de fck de 115 MPa.
Tal fato levou ao maior módulo de elasticidade já empregado em uma obra: 47,9
GPa, pelo que se tem notícias na literatura internacional.”

Sintetizando...

CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO – CAD

Como já vimos, CAD significa Concreto de Alto Desempenho e é assim


chamado, pois é um concreto especial que associa a alta resistência à
compressão, à melhoria do desempenho, durabilidade e aumento da vida
útil em relação aos concretos convencionais.

O CAD é um concreto com características especiais de desempenho,


às quais não poderiam ser obtidas apenas utilizando-se dos materiais
convencionais de produção do concreto.

1.1 Classificação do CAD


Segundo padrões normativos brasileiros, entende-se que o CAD deve ter,
no mínimo, 50 MPa (NBR 8953:2009) de resistência à compressão e demais
propriedades exigidas pela obra, de acordo com os fins aos quais a obra se destina.

De acordo com a classificação proposta por Amaral (CAD, 1997), o CAD pode ser
dividido em quatro categorias de resistência, conforme apresentado no Quadro 1.

Quadro 1 – Classificação dos Concretos de Alto Desempenho.


Resistência à Equipamentos de Materiais
compressão produção
Baixa < 25MPa Canteiro comum Cimento Portland
Areia
Agregado comum
Média 25-50MPa Centrais com bom controle Cimento Portland
tecnológico Areia
Agregado comum
Superfluidificante (ver item
2)
Com ou sem adição
Alta 50-90MPa Centrais com rigoroso Cimento Portland
controle tecnológico Areia
Agregado selecionado
Superfluidificante
Sílica ativa (ver item 2)
Ultra Alta > 90MPa Fábricas de pré-fabricados Cimento Portland
e instalações especiais Areia ou bauxita calcinada
Agregado de bauxita
calcinada
Superfluidificante
Sílica ativa
Fonte: CAD, 1997
207 UNIUBE

Saiba Mais

BAUXITA CALCINADA

A rocha bauxita compõe-se de uma mistura impura de minerais de


alumínio. Esses minerais são conhecidos como oxi-hidróxidos de alumínio
e, suas proporções na rocha variam muito entre os depósitos, bem como
o tipo e a quantidade das impurezas do minério. A maioria das bauxitas,
economicamente aproveitáveis, possuem um conteúdo de alumina (Al2O3)
entre 50 e 55% e o teor mínimo para que ela seja aproveitável é da ordem
de 30% (Anjos e Silva, 1983).

Quando a bauxita é calcinada, os constituintes mais voláteis são liberados,


restando uma mistura cujo teor de Al2O3 permanece entre 80 e 90%.
(Sampaio et al, 2005).

1.2 Características básicas do CAD


1.2.1 Resistência

O Concreto de Alto Desempenho possui alta resistência à compressão em todas


as idades, alcançada com a combinação dos constituintes da mistura.

1.2.2 Compacidade

Devido à melhor estrutura granulométrica e menor porosidade esperada na


produção do CAD, o mesmo apresenta-se mais compacto no estado endurecido.

1.2.3 Impermeabilidade

Com uma estrutura mais compacta, o CAD torna-se menos permeável que o
concreto comum. Enquanto que em um concreto comum a porosidade é de 25
a 30%, no CAD, esse valor cai para 5% (CAD, 1997). Segundo os autores, para
validação dessa característica, a cura do concreto deve ser bem feita e iniciada
assim que a superfície apresente condições de ser molhada.

Saiba Mais

CURA

Procedimento destinado a promover a hidratação do cimento. Durante o


processo de cura o concreto ganha resistência.

A cura pode ser realizada de diversas formas, logo após a concretagem


e assim que a estrutura apresente condições. Dentre estas formas tem-
se: cura úmida por aspersão de água, submersão e recobrimento; e cura
química.
208 UNIUBE
1.2.4 Durabilidade
Ainda, devido à característica de maior compacidade, pode-se afirmar que o
CAD é mais durável que os concretos comuns. O CAD apresenta-se com menor
quantidade de fissuras, e, por isso, dificulta o acesso de agentes agressivos
externos.

1.2.5 Trabalhabilidade
Com o uso de aditivos superplastificantes, o concreto torna-se bastante trabalhável.

Relembrando

TRABALHABILIDADE

A trabalhabilidade do concreto é influenciada pela consistência que


apresenta, ou seja, quanto mais trabalhável o concreto apresenta-se, maior
é a consistência.

A consistência do concreto é medida pelo abatimento do tronco de cone ou


também chamado de slump test. (NBR NM 67:1998).

Assim, para ser considerado um Concreto de Alto Desempenho, o concreto deve:

• apresentar a necessidade de uso de aditivos superplastificantes (SP),


responsáveis pela trabalhabilidade;
• fazer uso de adições minerais ao cimento, como a sílica ativa e a argila
calcinada;
• possuir baixa relação água/aglomerante;
• alcançar alta resistência nas primeiras idades;
• baixa porosidade;
• exigir um consumo mais alto de aglomerante (cimento+adições);
• requerer um baixo consumo de água;
• utilizar agregados de boa qualidade;
• ser de fácil lançamento.

1.3 Locais de aplicação do CAD


O Concreto de Alto Desempenho já é utilizado em substituição aos concretos
convencionais, mesmo em projetos que não exigem grandes resistências, mas
que se torne mais durável, entretanto, o alto custo de produção desse concreto
209 UNIUBE
ainda o torna mais utilizado em grandes construções como:
• edifícios altos;
• plataformas submarinas;
• pontes e viadutos;
• pisos industriais;
• pavimento rígido de rodovias e outros.

1.4 Exemplos de aplicação do CAD no Brasil


No Brasil, o uso de CAD torna-se cada vez mais comum. Percebe-se que o
concreto convencional já é substituído com êxito em grandes construções.

A seguir, poderemos conhecer algumas obras no Brasil que foram executadas


com CAD.

• Museu de Arte Contemporânea de Niterói no Rio de Janeiro, com fck igual


a 50 MPa;
• Museu de Arte de São Paulo, com 50 MPa;
• Centro Empresarial das Nações Unidas, em São Paulo, com pilares de
60MPa;
• Edifício e-Tower com 42 andares e entre os mais altos do país, situado na
Vila Olímpia em São Paulo. Atingiu resistência média de 125 MPa em 5
pilares de 7 pavimentos;
• Edifício Banco de Tokyo, em Salvador-BA, tendo atingido 60 MPa;
• Pavimentos rígidos, como o da ponte Rio-Niterói, no Rio de Janeiro, e outros.

1.5 Resultados esperados com o uso do CAD


Em edifícios altos, consegue-se reduzir áreas e volumes das peças dos andares
mais baixos, proporcionando aumento da área útil. Possibilita também o
reaproveitamento e a rápida reutilização de formas, menor taxa de armaduras, além
do aumento da velocidade da construção em altura oriunda da desforma rápida,
proveniente do ganho rápido de resistência, podendo antecipar o carregamento
das peças em menores idades. Portanto, com a utilização do Concreto de Alto
Desempenho espera-se:

Na fase de projeto:

• redução de cargas de fundação;


• estruturas mais esbeltas com redução de seção de pilares, maiores vãos,
aumento da área útil das edificações;
210 UNIUBE
• grande utilização em estruturas pré-moldadas para pontes, tais como vigas
protendidas dentre outros.
• Na fase de execução da obra:
• maior velocidade de execução;
• facilidade de lançamento (autoadensável);
• redução do cronograma com o aumento da resistência nas primeiras idades
e outros.
• No fase de uso do empreendimento executado:
• aumento da durabilidade;
• aumento da vida útil;
• capacidade de fornecer melhor resistência ao desgaste;
• melhor resistência a ataques químicos;
• baixa permeabilidade dentre outros.
Após a utilização do CAD na construção do e-Tower, o estudo comparativo
com um concreto de 25 MPa demonstrou os seguintes resultados, validando as
expectativas para concretos de alto desempenho (Téchne, 2004):

• altas resistências à compressão, tanto a baixas idades quanto a idades


avançadas;
• reduzidíssima carbonatação e baixo coeficiente de difusão de cloretos
levando a um aumento na vida útil da estrutura;
• reduzidíssima permeabilidade a gradientes de pressão de água e de gases;
• reduzido risco de corrosão de armaduras;
• elevado módulo de elasticidade, ou seja, pequenas deformações;
• ausência de exsudação;
• ausência de segregação no lançamento e adensamento;
• facilidade de execução;
• redução das cargas nas fundações;
• redução da seção dos pilares do subsolo. Como consequência, tem-se uma
redução do volume de concreto empregado, de formas e armaduras e, ainda,
diminuição de mão de obra. Na obra do e-Tower, o ganho foi de 16 vagas de
estacionamento nos subsolos, o que representa, aproximadamente, US$ 80
mil, pois cada vaga de estacionamento foi avaliada em US$ 5 mil.

2. Materiais constituintes do CAD


2.1 Cimento Portland
Conforme você já estudou, pode aprender que o cimento é um aglomerante
211 UNIUBE
hidráulico. Isto quer dizer que endurece em contato com a água, posteriormente
formando um produto resistente à água.
Podemos afirmar que para a produção do CAD, pode-se utilizar todos os tipos de
cimento Portland. A seguir, exemplificamos três tipos de cimento para a produção
do CAD.

Exemplos:
• • Cimento Portland CP II E 32;
• • Cimento Portland CP III 40;
• • Cimento Portland CPV.

Relembrando

Tipos de Cimento

Os tipos de cimento são:

→ Comum

Composição (% em massa)

Tipo de Clínquer Escória Material Material Norma


cimento Sigla granulada pozolânico carbonático
+ Brasileira
portland de alto- (sigla Z) (sigla F)
Gesso forno
(sigla E)

CP I 100 -
Comum NBR 5732
CP I-S 99-95 1-5
212 UNIUBE

Relembrando

Tipos de Cimento

Os tipos de cimento são:

→ Composto

Composição (% em massa)

Tipo de Clínquer Escória Material Material Norma


cimento Sigla granulada pozolânico carbonático
+ Brasileira
portland de alto- (sigla Z) (sigla F)
Gesso forno
(sigla E)

CP I 100 -
Comum NBR 5732
CP I-S 99-95 1-5

→ Alto Forno e Pozolânicos

Composição (% em massa)
Tipo de
Clínquer Escória Material Material Norma
cimento Sigla
granulada pozolânico carbonático Brasileira
portland + de alto-
Gesso Forno

Alto-Forno CP III 65-25 35-70 - 0-5 NBR 5735

Pozolânico CP IV 85-45 - 15-50 0-5 NBR 5736

→ Alta Resistência Inicial

Composição (% em massa)
Tipo de cimento Norma
Sigla Clínquer
portland Material Brasileira
+
gesso carbonático

Alta Resistência Inicial CP V-ARI 100-95 0-5 NBR 5733

2.2 Agregado Miúdo


Comparando-se com os demais materiais, a escolha do agregado miúdo não é de
grande importância para a obtenção de alta resistência no concreto.
Os mesmos cuidados com o agregado miúdo na produção de concreto convencional
213 UNIUBE
(CC), também tornam-se essenciais na produção do CAD. Deve-se preocupar
principalmente com as impurezas orgânicas e argilas no agregado.
Segundo a NBR 7211 (1983) as quantidades de substâncias nocivas não devem
exceder os limites máximos em porcentagem do peso do material:

(a) Torrões de argila e partículas friáveis, determinados de acordo com a


NBR 7218:
▪ Em concreto cuja aparência é importante ------------------1,0;
▪ Em concreto submetido a desgaste superficial ----------2,0;
▪ Nos demais concretos -------------------------------------------------------- 3,0;

(b) Material pulverulento, determinado de acordo com a NBR 7219 ---------


1,0;

(c) Materiais carbonosos, determinados de acordo com ASTM C 123:


▪ Em concreto cuja aparência é importante ------------------------------- 0,5
▪ Nos demais concretos -------------------------------------------------------- 1,0
Agregados miúdos de origem natural, como areias, são ideais para uso em CAD,
devido a sua forma arredondada e textura suave (FREITAS JR, 2005).

A seguir, apresentam-se os limites de distribuição granulométrica do agregado


miúdo, segundo a NBR 7211 (1983).

Tabela 1 – Limites granulométricos de agregado miúdo (NBR 7211:1983)


Porcentagem, em peso, retida acumulada na peneira ABNT, para
a
Peneira ABNT
Zona 1 Zona 2 Zona 3 Zona 4
(muito fina) (fina) (média) (grossa)
9,5 mm 0 0 0 0
6,3 mm 0 a3 0a7 0a 7 0a 7
4,8 mm 0 a5 0 a 10 0 a 11 0 a 12
2,4 mm 0 a5 0 a 15 0 a 25 5 a 40
1,2 mm 0 a 10 0 a 25 10 a 45 30 a 70
0,6 mm 0 a 20 21 a 40 41 a 65 66 a 85
0,3 mm 50 a 85 60 a 88 70 a 92 80 a 95
0,15 mm 85 a 100 90 a 100 90 a 100 90 a 100
Fonte: Acervo das autoras.

2.3 Agregado Graúdo


O agregado graúdo é mais importante à medida que a exigência pela resistência
à compressão aumenta. A dimensão máxima característica dos grãos deve ser a
menor na opção para o uso no CAD.

Agregados graúdos originários de pedras britadas são melhores para a produção


214 UNIUBE
do CAD.
Para os critérios de pureza, utiliza-se do mesmo procedimento adotado para os
agregados miúdos. No método Mehta & Aitcin (1990b), os autores definem a
dimensão do agregado graúdo entre 10 e 15mm.

A seguir, apresentam-se os limites de distribuição granulométrica do agregado


graúdo, segundo a NBR 7211 (1983). A coluna “graduação” indica o tipo de
agregado.

Tabela 2 – Limites granulométricos de agregado graúdo (NBR 7211:1983)


Graduação Porcentagem retida acumulada, em peso, nas peneiras de abertura nominal, em mm, de
152 76 64 50 38 32 25 19 12,5 9,5 6,3 4,8 2,4
0 - - - - - - - - 0 0-10 - 80-100 95-100
1 - - - - - - 0 0-10 - 80- 92- 95-100 -
100 100
2 - - - - - 0 0-25 75- 90- 95- - - -
100 100 100
3 - - - 0 0-30 75- 87- 95- - - - - -
100 100 100
4 - 0 0-30 75- 90- 95- - - - - - - -
100 100 100
5 - - - - - - - - - - - - -
Fonte: Acervo das autoras.

2.4 Água de Amassamento


A NBR 12654 (1992) estabelece que a água deve ser isenta de teores prejudiciais
de substâncias estranhas.
A água de uso em concretos de alta resistência deve seguir os mesmos requisitos
aplicáveis para concretos convencionais. A água deve ser potável e advinda da
rede de abastecimento público (NBR 6118:2003).

2.5 Adição Mineral


A adição mineral preenche os vazios entre os grãos maiores, propiciando uma
estrutura mais compacta e proporcionando o melhor empacotamento das partículas
de cimento, aumentando a resistência e durabilidade do concreto.
Segundo Mehta e Monteiro (1994), é muito difícil se obter concretos com
resistências à compressão superiores a 59 MPa aos 56 dias sem o uso de sílica
ativa.
Nesse capítulo, optou-se pela sílica ativa como adição. A base da composição
Sílica Ativa é o dióxido de silício (SiO2). A sílica ativa é um pó fino de cor cinza
clara, parecido com o cimento. Entretanto, a sua granulometria assemelha-se à
fumaça de cigarro.
Enquanto a finura do cimento fica entre 30 e 100 mícrons, a sílica ativa possui
microgrãos da ordem de 0,5 mícrons. Assim, as partículas introduzem-se nos
espaços entre os grãos de cimento, reduzindo o espaço disponível para a água
e atuando como pontos de nucleação de produtos de hidratação, conforme
demonstrado a seguir (Elkem 1-01, 2001):
215 UNIUBE

As principais contribuições da sílica ativa no concreto são:


• resistências mecânicas elevadas;
• ausência de segregação e exsudação;
• baixa permeabilidade;
• melhor resistência em meios agressivos;
• maior durabilidade.

Relembrando

Segregação
A separação dos agregados da pasta de cimento é definida como segregação.
Este fato prejudica a aderência da pasta aos agregados e à armadura.
Exsudação
Normalmente, uma camada de água se formará nas superfícies horizontais de
um concreto convencional devido à acomodação dos compostos do concreto
no estado fresco, pressionando a água para a superfície. Após a secagem,
forma-se uma película frágil e quebradiça na superfície do concreto. Este
fenômeno é conhecido como exsudação.

2.6 Aditivo Plastificante


A redução na quantidade de água aumenta a resistência do concreto, mas reduz
a trabalhabilidade. Assim, os concretos de alto desempenho são produzidos com
aditivos superplastificantes, que permitem reduzir a quantidade de água mantendo
e até mesmo melhorando a trabalhabilidade.

Os aditivos são produtos que adicionados em pequena quantidade a concretos de


216 UNIUBE
cimento Portland, modificam algumas de suas propriedades, no sentido de melhor
adequá-las a determinadas condições. (NBR 11768:1992)
Segundo a NBR 11768 (1992), os tipos de aditivo são:
(a) tipo P - aditivo plastificante;
(b) tipo R - aditivo retardador;
(c) tipo A - aditivo acelerador;
(d) tipo PR - aditivo plastificante retardador;
(e) tipo PA - aditivo plastificante acelerador;
(f) tipo IAR - aditivo incorporador de ar;
(g) tipo SP - aditivo superplastificante;
(h) tipo SPR - aditivo superplastificante retardador;
(i) tipo SPA - aditivo superplastificante acelerador.
Os aditivos químicos geralmente utilizados em CAD são os redutores de água
dos tipos plastificante e, principalmente, superplastificante, também chamados de
superfluidificantes. O uso destes aditivos possibilita a diminuição da relação água/
cimento, sem que haja perda na consistência, permitindo a obtenção de misturas
trabalháveis, o que provoca um aumento na resistência e na durabilidade.

Aditivo redutor de água plastificante – Produto que aumenta o índice de


consistência (IC) do concreto, mantida a quantidade de água de amassamento,
ou que possibilita a redução de, no mínimo, 6% da quantidade de água de
amassamento para produzir um concreto com determinada consistência (NBR
11768:1992).

Aditivo superplastificante – Produto que aumenta o índice de consistência do


concreto, mantida a quantidade de água de amassamento, ou que possibilita
a redução de, no mínimo, 12% da quantidade de água de amassamento, para
produzir um concreto com determinada consistência (NBR 11768:1992).
A quantidade ideal de aditivo é obtida em laboratório e vem definida nas
embalagens dos aditivos (normalmente entre 0,5 a 2,5% da massa de cimento ou
aglomerante).

Curiosidade

Em concretos convencionais, a relação a/c é, em geral, superior a 0,50.


217 UNIUBE

Importante

Quanto menor a Relação a/c

MAIOR a resistência do concreto.

MENOR a quantidade de água no concreto.

MENOR o índice de consistência do concreto verificado no slump test.

MENOR a trabalhabilidade e mais difícil de realizar a homogeneidade da


mistura.

O aditivo químico entra para compensar a falta de água sem ocasionar


perda da RESISTÊNCIA do concreto.

3. Dosagem de concretos de alto desempenho


Em geral, utiliza-se de 5 a 15 litros de superplastificante para a substituição de
45 a 75 litros de água por m3 de concreto, o que corresponde a 30% do total da
mistura. A sílica ativa é essencial acima dos 55 MPa. Ainda, a adição fica em torno
de 8%, podendo chegar até 15% (CAD, 1997).

Figura 2 – Consumo de cimento por metro cúbico de concreto.


Fonte: (CAD, 1997).

As proporções usuais dos diversos tipos de materiais para a produção de 1m3 de


concreto estão em média dentro dos seguintes limites (CAD, 1997):
• Cimento – entre 450Kg e 600Kg;
• Agregado miúdo – 600Kg e 500Kg;
218 UNIUBE
• Agregado graúdo – 1100Kg e 1000Kg;
• Relação a/c – 0,2 e 0,4;
• Superplastificante – 0,3% a 2%;
• Sílica ativa – 7% a 15%.
Eventualmente, utiliza-se aditivo retardador de pega até 0,5%.

Relembrando

Aditivo RETARDADOR

Produto que aumenta os tempos de início e fim de pega do concreto.

Segundo Mendes (2002), produzir concreto com métodos específicos apresenta


um consumo de cimento significativamente menor que a dosagem por métodos
convencionais. Ademais, os métodos específicos para o CAD são mais simplificados
e partem de pressupostos já analisados, devendo ser escolhido o método mais
adequado às condições técnicas disponíveis.

Dentre estes está o método do IPT/EPUSP modificado (CREMONINI et al., 2001);


o método Mehta/Aïtcin (MEHTA & AÏTCIN, 1990b) e o método Aïtcin (AÏTCIN,
2000). O primeiro é o mais adequado à realidade brasileira e objetiva um menor
consumo de cimento. O segundo é utilizado para concretos de 60 a 120 MPa e
bastante simplificado e, por fim, o terceiro método é utilizado para concretos de
40 a 160MPa.

Nesse capítulo, apresentamos o método ABCP adaptado para a produção do CAD


e, dentre os métodos específicos, optamos pela escolha do método do Mehta
& Aitcin (1990b), por apresentar uma forma mais simplificada de definição dos
valores para os materiais constituintes.

3.1 Cálculo da dosagem pelo método ABCP


Todo o cálculo da dosagem pelo método apresentado pela ABCP foi extraído do
material Concreto de Alto Desempenho, publicado pela Associação Brasileira
de Cimento Portland (ABCP) no ano de 1999, e distribuído gratuitamente pela
Associação.

A resistência à compressão média de dosagem é calculada da mesma forma que


os concretos convencionais pela seguinte equação:

Segundo o método, para 28 dias de idade, e desde que não se disponha de


219 UNIUBE
resultados anteriores desse concreto, o desvio padrão de dosagem deve ser
estimado e adotado. Esse coeficiente, que representa a variabilidade do processo
de produção do concreto, pode ser diferente dos valores preconizados pela NBR
12655, que são 4,0; 5,5 e 7,0 MPa.

A variabilidade da resistência do CAD é muito influenciada pela variabilidade


da resistência do cimento. Pode-se expressar a variabilidade da resistência do
concreto como dependente, principalmente, da variabilidade da resistência do
cimento e da relação água/cimento do concreto através de modelos específicos.
Equação para estimativa de desvio padrão de CAD:

– desvio padrão da resistência do concreto em MPa;


– coeficiente de variação da resistência normal do cimento em MPa/MPa;
– desvio padrão da reação água/cimento no concreto em Kg/Kg;
– desvio padrão das operações de ensaio no concreto em MPa;
– desvio padrão da resistência do concreto em MPa;
– constantes da equação de Abrams que dependem do cimento e da idade
de ensaio considerada.

Por facilidade de previsão de desvio padrão mais provável de produção real e


em grandes volumes comerciais de um concreto CAD com resistência acima
de 40 MPa, recomenda-se adotar o desvio padrão como sendo equivalente a
10% da resistência característica que se deseja.

Posteriormente, com a produção do concreto tendo entrado em regime, esse


valor adotado inicialmente pode e deve ser corrigido, de forma a refletir a
variabilidade efetiva daquela produção.

3.1.1 Dosagem do concreto


Dentre os vários métodos de dosagem de concretos de alto desempenho, pode ser
conveniente empregar aquele que se utiliza do diagrama de dosagem para corrigir
o traço inicial, sem necessidade de novos estudos laboratoriais ou de campo.

Devido aos elevados consumos de aglomerantes, os CAD, em geral, são


bombeáveis com facilidade e apresentam grande coesão e pouca exsudação.
Devido à grande coesão proporcionada pela sílica ativa, recomenda-se trabalhar
com abatimento do tronco de cone, de pelo menos 120 mm.
220 UNIUBE

Relembrando

Abatimento do tronco de cone

Método para determinar a consistência do concreto fresco através da medida


de seu assentamento em laboratório e obra. O procedimento para a realização
do ensaio está descrito na NBR NM 67 (1996)

Figura 3 – Ensaio de consistência do concreto fresco.


Fonte: Acervo das autoras.

Um exemplo típico de um estudo de dosagem pode ser o exemplificado a


seguir, em que se apresenta uma família de concretos de elevada resistência
com abatimento do tronco de cone de 120 20 mm.

Exemplificando!

Exemplo de estudo de dosagem de CAD


Estudo de dosagem de concreto de resistência característica à compressão aos
28 dias de idade de 50 MPa, sem sílica ativa e com consistência medida pelo
abatimento do tronco de cone de 120 20 mm.

Materiais
Neste estudo, foram utilizados os materiais caracterizados e identificados a seguir:

 Aglomerante

Como aglomerante hidráulico único foi utilizado o cimento Portland composto (CP
II E 40) conforme NBR 11578 (1991) e resultados dos ensaios de caracterização
físico-mecânica e química.
 Agregados
221 UNIUBE

Como agregados, foram utilizados areia proveniente de cava, média quartzosa de


Itaporanga, areia artificial de britagem de calcário e pedra britada granítica n.1 de
, atendendo à NBR 7211 (1983), conforme resultados de ensaios de
caracterização.

 Aditivos

Foram utilizados os produtos comerciais identificados como Aditivo Plastificante


e Aditivo Superplastificante, ambos de uso corrente pela Empresa de Serviços
de Concretagem e com bom comportamento comprovado em centenas de m3 de
concreto.

 Água de amassamento

Foi utilizada água potável proveniente do abastecimento da Sabesp para São


Paulo/SP.

 Requisitos
Os concretos foram dosados visando atender os seguintes requisitos:
→ Resistência característica à compressão aos 28 dias.
De acordo com o projeto estrutural,
Para atender à exigência de projeto, é necessário dosar o concreto para uma
resistência média de:

Em que o desvio padrão provável será admitido como de 6 MPa, a favor da


segurança, pois a NBR 6118 e NBR 12655 da ABNT permitem , no caso de
dosagem dos materiais em massa e com umidade controlada, adotar um desvio
padrão de até 4,0 MPa, o que é muito baixo no caso dos CAD. Portanto, deve-se
adotar neste caso, .

→ Trabalhabilidade do concreto fresco


Conforme entendimentos mantidos com os engenheiros da obra, o concreto para
pilares do andar tipo, que será transportado por grua e caçamba e adensado
energicamente, poderá ter consistência, quando fresco, medida pelo abatimento
do tronco de cone (NBR NM 67, 1996) de 120 20 mm.
Para atender ao espaçamento entre armaduras, ficou estabelecido que a dimensão
máxima característica do agregado graúdo deverá ser de 19 mm.
Para atender ao preenchimento dos espaços e fazer frente ao chamado “efeito
parede”, que atrai a pasta e a argamassa para todas as superfícies de contato,
e considerando a elevada densidade de armadura da maioria dos pilares, ficou
decidido utilizar um concreto bem argamassado, com teor de argamassa seca de
57%, bem acima dos 49% mínimos necessários que seriam ideais apenas para
assegurar um concreto compacto em grandes volumes sem armadura.
222 UNIUBE
→ Outras propriedades
Sem dúvida, é desejável que esse concreto apresente pouca retração de secagem,
módulo de elasticidade aos 28 dias acima de 33 GPa, reduzida carbonatação,
e outras propriedades que não foram consideradas prioritárias e que serão
“avaliadas” indiretamente, com base na experiência e na bibliografia especializada.

Experimentando

A metodologia utilizada neste estudo contemplou as seguintes variáveis:


→ Variáveis independentes
Proporção cimento/agregado total, em massa seca (8 traços):
• 1:2,5 | 1:2,8 | 1:3,3 | 1:3,8 → concretos com plastificante;
• 1:2,8 | 1:3,3 | 1:3,8 | 1:4,3 → concretos com superplastificante.
- Teor de argamassa seca → 57% em massa;
- Abatimento do tronco de cone, consistência → 120 20 mm;
- Aditivo plastificante → 0,3%;
- Aditivo superplastificante → 0,7%;
- Areia média natural/total de areia → 57% em massa.
→ Variáveis intervenientes
- Relação água/cimento;
- Teor de argamassa aprisionado;
- Massa específica do concreto adensado;
- Consumo de cimento.
→ Variáveis dependentes
- Resistência à compressão axial aos 7d, 28d, 63d, 91d. Ensaio segundo os
métodos NBR 5738 e NBR 5739, sendo dois corpos de prova por idade.
- Módulo de elasticidade tangente ou inicial a 0,4 fc, aos 3d, 7d e 28d. Ensaio
segundo os métodos NBR 5738 (2003) e NBR 8522 (2008). Sendo três corpos de
prova por idade.
223 UNIUBE

Saiba mais

MÓDULO DE ELASTICIDADE

O módulo de elasticidade do concreto é um dos parâmetros utilizados nos


cálculos estruturais, que relaciona a tensão aplicada à deformação instantânea
obtida, conforme a NBR 8522 (Concreto - Determinação do Módulo de
Deformação Estática e Diagrama Tensão x Deformação - Método de Ensaio).
O módulo permite ter uma melhor noção do comportamento da estrutura com
relação à desforma ou a outras características desejadas do concreto.
É bom lembrar que um concreto com alta resistência à compressão, nem
sempre é um concreto pouco deformável. (PORTAL DO CONCRETO, 2010)

Resultados Obtidos
→ Concreto Fresco

Tabela 3 – Resultados do concreto no estado fresco.


Características
Com superplastificante Com plastificante
dos concretos
Traço,
1:2,8 1:3,3 1:3,8 1:4,3 1:2,5 1:2,8 1:3,3 1:3,8
Kg/Kg
Massa específica
2426 2408 2426 2426 2419 2419 2446 2453
Kg/m3
Consumo de
586 515 466 423 632 585 524 473
cimento, Kg/m3
Consumo de
200 195 190 182 206 196 194 185
água, Kg/m3
Relação a/c,
0,34 0,38 0,41 0,43 0,33 0,34 0,37 0,39
Kg/Kg
Ar aprisionado,
1,0 1,6 1,0 1,3 1,1 1,5 0,3 0,4
%
Fonte: (CAD, 1999).
224 UNIUBE
→ Concreto Endurecido
Tabela 4 – Resultados do concreto no estado endurecido.
Características idade
Com superplastificante Com plastificante
dos concretos
Traço,
- 1:2,8 1:3,3 1:3,8 1:4,3 1:2,5 1:2,8 1:3,3 1:3,8
Kg/Kg
7d 50,2 40,5 38,8 35,6 52,0 47,0 42,7 41,6

Resistência à 28d 60,1 55,3 51,6 49,7 64,6 61,1 56,9 53,8
compressão
axial (MPa) 63d 65,2 60,4 56,2 54,4 69,7 65,9 62,0 58,0

91d 66,8 61,8 57,6 56,0 71,1 67,5 63,6 60,0

3d 26,6 27,0 29,1 26,1 34,1 33,1 31,9 30,1


Módulo de
elasticidade 7d 25,9 26,9 26,3 28,4 34,2 33,4 30,3 29,7
(GPa)
28d 39,2 32,6 31,6 31,0 35,2 32,6 31,8 31,6

Fonte: (CAD, 1999).

Análise dos resultados


→ Diagrama de dosagem
Este estudo experimental foi realizado visando obter o traço em conformidade
com os conceitos e metodologia apresentados por Helene (1993), com base na
resistência à compressão especificada no projeto estrutural.
Com os resultados obtidos, foi construído o diagrama de dosagem dos concretos,
conforme apresentado nas figuras 4, 5 e 6, que representam os modelos clássicos
de Abrams, Lyse e Molinari respectivamente. Figura 4 – LEI DE ABRAMS – Correspondência entre relação
a/c e resistência à compressão do concreto aos 28 dias de
idade, obtida a partir do modelo de Abrams, 1918.
Fonte: (CAD, 1999).
225 UNIUBE

Saiba mais
LEI DE ABRAMS
Segundo a Lei de Abrams, para o concreto endurecido, a resistência do
concreto é função da relação a/c.
Correlaciona-se a resistência à compressão do concreto com a relação a/c em
massa para concretos adequadamente curados de acordo com a equação:

Em que:
→ resistência à compressão (MPa)
→ constantes que dependem do material usado
→ relação água-cimento em massa
Para cada tipo de cimento, uma curva é estabelecida experimentalmente e
sem considerar o tipo de agregado da mistura.

Figura 5 – LEI DE LYSE – Correspondência entre relação a/c e teor de agregados em relação ao
cimento, em massa, obtida a partir do modelo de Lyse, 1932.
Fonte: (CAD, 1999).
226 UNIUBE

Saiba mais
LEI DE INGE LYSE
Segundo a Lei de Lyse, para o concreto fresco, a consistência do concreto,
medida pelo abatimento do tronco de cone, é função da relação água/materiais
secos e é independente do traço seco.

Correlaciona a relação água-cimento (a/c) com o traço (l:m) através da


equação:

Em que:
→ é a relação água-cimento em massa.
→ são constantes que dependem dos materiais utilizados para uma
determinada trabalhabilidade.

Figura 6 – Correspondência entre o consumo de cimento e teor de agregados em relação ao


cimento, em massa, relação obtida a partir do modelo de Molinari, década de 60/70.
Fonte: (CAD, 1999).
227 UNIUBE

Saiba mais
LEI DE MOLINARI
Segundo a Lei de Molinari, para o consumo de cimento, o consumo de cimento
de um concreto correlaciona-se com o valor do traço seco (m) através de uma
curva, conforme equação:

→ é o consumo de cimento (Kg/m3)


→ são constantes que dependem dos materiais utilizados para a
dosagem

Como se pode observar na figura de lei de Lyse (Figura 5), os resultados


experimentais ajuntaram-se bem aos modelos clássicos, de tal forma que, a partir
desses gráficos de comportamento, conhecidos por diagrama de dosagem, foi
possível obter o traço do concreto que atenda aos requisitos de projeto e produção.
Observa-se que, tanto o concreto com superplastificante, quanto o concreto com
plastificante, atendem bem os requisitos de dosagem. Visando maior simplificação
do processo de produção, aumento da produtividade e outras vantagens, optou-
se por escolher o concreto sem a sílica ativa e sem superplastificante, porém com
plastificante, pois assim também é possível reduzir o consumo, com benefícios
técnicos e econômicos.
Entrando-se com 60 MPa na figura de lei de Abrams (Figura 4), obtém-se relação
a/c de 0,35, que por sua vez implica no teor de agregados de 3,10 e consumo de
cimento de 550 Kg/m3, conforme figura de lei de Molinari (Figura 6). Sabendo-se
que o teor de argamassa seca foi constante igual a 57%, obtém-se o seguinte
traço ou composição de materiais por m3:

Cimento → 550 Kg/m3

Areia média seca → 418 Kg/m3

Areia artificial seca → 319 Kg/m3

Brita 1 → 968 Kg/m3

Água → 193 l/m3

Aditivo plastificante → 0,3% da massa de cimento


228 UNIUBE
Esse concreto, que doravante se denominará concreto escolhido, deverá ter uma
massa específica elevada, da ordem de 2400 Kg/m3, a ser confirmada em campo
com a determinação da massa específica adensada.

Considera-se que, do ponto de vista da durabilidade, ponderadas as condições de


exposição e a geometria da estrutura, com cobrimentos de 3 cm, esse concreto
atenderá plenamente. Portanto, para a durabilidade não haverá problemas,
podendo-se esperar uma vida útil de 150 anos sem manutenção alguma nas
regiões protegidas das intempéries, revestidas e secas.

3.2 Cálculo da dosagem pelo método MEHTA & AITCIN (1990b)

Metha e Aitcin (1990b) propuseram um procedimento simplificado de dosagem


aplicável para concretos de peso normal com valores de resistência à compressão
entre 60MPa e 120MPa. O método é adequado para agregados graúdos, tendo
um tamanho máximo entre 10mm e 15mm, ou seja, a pedra britada nº 0 será
a escolhida nesse trabalho. E, finalmente, consideram-se valores de abatimento
entre 200mm e 250mm.

Para os autores, o valor ótimo sugerido para o volume do agregado é 65% do


volume do concreto de alto desempenho.

3.2.1 Procedimentos do cálculo da dosagem

 Passo 1: Determinação da resistência

Uma tabela lista cinco níveis de concreto com resistência à compressão média
aos 28 dias variando de 65 a 120 MPa.

Tabela 5 – Resistências à compressão média previstas.

Resistência Média
Resistência prevista (MPa)

A 65

B 75

C 90

D 105

E 120

Fonte: (METHA & AITCIN, 1990b).


229 UNIUBE

 Passo 2: Teor de água

O tamanho máximo de agregado graúdo e os valores do abatimento não são aqui


considerados para selecionar o teor de água. São considerados apenas aqueles
de tamanhos máximos entre 10mm e 15mm, cujo abatimento desejado (200mm a
250mm) pode ser conseguido pelo controle da dosagem do superplastificante. O
teor de água é especificado para os diferentes níveis de resistência.

Tabela 6 – Resistências à compressão média e consumos máximos de água utilizados.


Resistência Média Consumo máximo
Resistência
prevista (MPa) de água (Kg/m³)

A 65 175

B 75 160

C 90 145

D 105 135

E 120 120

Fonte: (METHA & AITCIN, 1990b).

 Passo 3: Escolha do aglomerante

O volume de pasta aglomerante é adotado como 35% do volume total do concreto.


Os volumes de teor de ar (aprisionado ou incorporado) e da água de mistura
são subtraídos do volume total da pasta de cimento para calcular o volume
remanescente do aglomerante. O aglomerante é então adotado como uma das
três seguintes combinações:

Opção 1: 100% cimento Portland para ser usado quando absolutamente


necessário;

Opção 2: 75% cimento Portland e 25% de cinza volante ou escória de alto forno
em volume;

Opção 3: 75% de cimento Portland, 15% de cinza volante e 10% de sílica ativa
em volume;

A Tabela 7 relaciona os volumes de cada fração de aglomerante para cada nível


de resistência.
230 UNIUBE
Tabela 7 – Volumes para 0,35m3 e pasta.
Água (m³) Ar (m³) Total de material
Resistência CP + AS (m³)
cimentício (m³)
0,175 0,02 0,1381 +
A 0,1550
0,0169
0,160 0,02 0,1515 +
B 0,1700
0,0185
0,145 0,02 0,1649 +
C 0,1850
0,0201
0,135 0,02 0,1738 +
D 0,1950
0,0212
0,120 0,02 0,1871 +
E 0,2100
0,0229
CP – Cimento Portland e AS – sílica ativa
Fonte: (METHA & AITCIN, 1990b).

 Passo 4: Escolha do teor de agregado

O volume total de agregado é igual a 65% do volume do concreto. Para os níveis


de resistência A, B, C, D e E, as relações do volume do agregado miúdo para
o graúdo estão sugeridas como 2,00:3,00, 1,95:3,05, 1,90:3,10, 1,85:3,15 e
1,80:3,20, respectivamente.

Tabela 8 – Relação entre os agregados miúdos e graúdos conforme a resistência .


Nível de Relação volumétrica dos
Resistência agregados miúdos : graúdos
A 2,00 : 3,00
B 1,95 : 3,05
C 1,90 : 3,10
D 1,85 : 3,15
E 1,80 : 3,20
Fonte: (METHA & AITCIN, 1990b).

 Passo 5: Cálculo da massa da mistura

As massas por unidade de volume do concreto podem ser calculadas, usando-se


os volumes das frações do concreto e os valores da massa específica de cada um
dos constituintes do concreto. Os valores usuais da massa específica do cimento
Portland, cinza volante tipo C, escória de alto forno e sílica ativa são 3,14, 2,5,
2,9 e 2,1, respectivamente. Aqueles da areia natural silicosa, do cascalho de
peso normal ou da pedra britada, podem ser tomados como sendo 2,65 e 2,70,
respectivamente. A tabela 9 relaciona as proporções do traço calculadas para
cada tipo de concreto e nível de resistência sugeridos neste método.
231 UNIUBE
Tabela 9 – Consumos dos materiais para os lotes preliminares, considerando os agregados
no estado saturado com superfície seca.

Total Agregado Agregado Peso


CP SA Relação
Resistência Água graúdo miúdo total
(Kg) (Kg) a/a
(Kg) (Kg) (Kg) (Kg)

A 434 38 175 1041 689 2376 0,37


B 476 41 160 1059 672 2407 0,31
C 518 45 145 1076 655 2438 0,26
D 546 47 135 1093 637 2458 0,23
E 587 51 120 1111 620 2489 0,19
Fonte: (METHA & AITCIN, 1990b).

 Passo 6: Teor de superplastificante

Para a primeira mistura experimental, recomenda-se usar 1% de sólidos do


superplastificante em relação à massa de aglomerante. A massa e o volume
da solução de superplastificante são então calculados, levando-se em conta a
percentagem de sólidos na solução e a massa específica do superplastificante.

 Passo 7: Ajuste da umidade

O volume de água incluído no superplastificante é calculado e subtraído da


quantidade inicial de água de mistura. De modo semelhante, a massa de agregado
e a de água são ajustadas de acordo com as condições de umidade.

 Passo 8: Ajuste da mistura experimental

Devido às muitas suposições que foram feitas na dosagem, geralmente a


primeira mistura experimental terá que ser ajustada para atingir a trabalhabilidade
desejada e os critérios de resistência. O tipo de agregado, as proporções de areia
no agregado, o tipo e a dosagem do superplastificante, o tipo e a combinação
dos materiais cimentícios suplementares e o teor de ar do concreto, podem ser
ajustados numa série de misturas experimentais para otimizar a dosagem.

Agora é sua vez


Dosagem de um CAD

Considere uma resistência aos 28 dias de 65 MPa e siga os passos segundo


o método de dosagem apresentado anteriormente.
232 UNIUBE

 Passo 1: Determinação da resistência

Resistência à compressão prevista de 65 MPa.

Resistência Média Consumo máximo


Resistência
prevista (MPa) de água (Kg/m³)
A 65 175
B 75 160
C 90 145
D 105 135
E 120 120
Fonte: Acervo das autoras.

 Passo 2: Teor de água

Para a resistência média definida o consumo máximo de água é de 175 Kg/m3.


Resistência Média Consumo máximo
Resistência
prevista (MPa) de água (Kg/m³)
A 65 175
B 75 160
C 90 145
D 105 135
E 120 120
Fonte: Acervo das autoras.

 Passo 3: Escolha do aglomerante

O volume da pasta de aglomerante é 35% da mistura do concreto e é definido


conforme resistência definida anteriormente.

Água (m³) Ar (m³) Total de material


Resistência CP + AS (m³)
cimentício (m³)
0,175 0,02 0,1381 +
A 0,1550
0,0169
0,160 0,02 0,1515 +
B 0,1700
0,0185
0,145 0,02 0,1649 +
C 0,1850
0,0201
0,135 0,02 0,1738 +
D 0,1950
0,0212
0,120 0,02 0,1871 +
E 0,2100
0,0229
CP – Cimento Portland e AS – sílica ativa
Fonte: Acervo das autoras.
233 UNIUBE

 Passo 4: Escolha do teor de agregado

O volume total de agregado é igual a 65% do volume do concreto e definido na


tabela a seguir, conforme resistência definida anteriormente.

Nível de Relação volumétrica dos


Resistência agregados miúdos : graúdos
A 2,00 : 3,00
B 1,95 : 3,05
C 1,90 : 3,10
D 1,85 : 3,15
E 1,80 : 3,20
Fonte: Acervo das autoras.

 Passo 5: Cálculo da massa da mistura

A massa dos constituintes da mistura é definida para cada tipo de concreto e


resistência adotados.

Total Agregado Agregado Peso


CP SA Relação
Resistência Água graúdo miúdo total
(Kg) (Kg) a/a
(Kg) (Kg) (Kg) (Kg)

A 434 38 175 1041 689 2376 0,37


B 476 41 160 1059 672 2407 0,31
C 518 45 145 1076 655 2438 0,26
D 546 47 135 1093 637 2458 0,23
E 587 51 120 1111 620 2489 0,19
Fonte: Acervo das autoras.

 Passo 6: Teor de superplastificante

Anota-se o consumo de aglomerantes da mistura conforme cálculo do passo 5.

Para esse exemplo, o consumo de aglomerantes da mistura é de 472 Kg/m3, ou


seja, 434 Kg de cimento Portland + 38 Kg de sílica ativa.

Assim, considerando-se 1% de aditivo superplastificante, serão necessários 4,72


Kg de aditivo superplastificante por metro cúbico de concreto.

Para um aditivo de naftaleno de densidade de 1,2 g/cm3 e 40% de sólidos, tem-se:


• 1,2 g/cm3 = 1200 Kg/m3 – Para cada metro cúbico de aditivo, tem-se 1200
Kg;
234 UNIUBE
• para 4,72Kg de aditivo, tem-se 0,00393 m3;
• para 0,00393 m3, tem-se 3,93 litros de aditivo por metro cúbico;
• para 4,72 Kg de aditivo, tem-se 1,888 Kg de sólidos (referente à 40% da
especificação informada);
• 1,888 Kg de sólidos corresponde a 0,4% em relação aos 472 Kg de
aglomerante da mistura, portanto, abaixo de 1% requerido para o método.

Dicas
Conversão de unidades

1 g/cm3 = 1000 Kg/m3

1m3 = 1000 litros

 Passo 7: Ajuste da umidade

Para o aditivo – para esse capítulo, não será considerada a quantidade de água
constante no aditivo para fins de ajuste da umidade da mistura.
Para o agregado – se houver uma umidade de 5% no agregado miúdo, faz-se o
seguinte ajuste:
• para os 689 Kg de agregado miúdo, deve-se acrescentar 5% de massa,
resultando 725,26 Kg de agregado miúdo – 689 / 0,95 = 725,26 Kg ou 725
Kg (arredondado);
• dos 725,26 Kg deve-se retirar 5% correspondente ao peso da água,
resultando 36,26 Kg – 725,26 x 0,05 = 36,26 Kg
Ajustes a serem realizados para 1 m3 de concreto:
 massa calculada de agregado miúdo – 689 Kg;

 massa ajustada de agregado miúdo para 5% de umidade encontrada – 725

Kg;
 massa de água encontrada – 175 Kg;

 massa ajustada de água – 175 - 36,26 = 138,74 Kg ou 139 Kg (arredondado).
 Passo 8: Ajuste da mistura experimental
Após a dosagem e durante a mistura, devem-se fazer os ajustes para alcançar
a consistência desejada, e, posteriormente, realizar os ensaios para verificar o
atendimento às solicitações de projeto.
Resultado Final: Quantidade de materiais obtida para 1 m3 de concreto
de alto desempenho.
235 UNIUBE

Total Agregado Agregado Peso


CP SA Relação
Resistência Água graúdo miúdo total
(Kg) (Kg) a/a
(Kg) (Kg) (Kg) (Kg)
A 434 38 139 1041 725 2377 0,37
*Aditivo químico de naftaleno – 3,93 litros.

4. Produção do Concreto de Alto Desempenho


• Especificação/Projeto
Definir a resistência à compressão do concreto não é suficiente quando se trata de
um concreto de alto desempenho.
Para a produção do CAD, primeiramente, o projetista deve especificar de forma
detalhada o concreto que pretende receber. Os detalhes de todos os constituintes
do CAD devem ser especificados.
• Estudo da dosagem
De posse de todas as informações de projeto, o engenheiro realiza o estudo
da dosagem do concreto utilizando métodos específicos e mais adequados aos
materiais disponíveis e controles realizados.
A seguir, apresenta-se o esquema de produção do CAD e todas as suas fases.

Seleção do material
e dosagem
Controle tecnológico

Especificação/Projeto

Mistura
Figura 7 – Produção do concreto de alto desempenho

Estudo da Dosagem
Transporte
Fonte: Acervo das autoras

Lançamento

Aditivo Controle tecnológico

Cura
236 UNIUBE
• Seleção do material

Os materiais devem ser controlados e selecionados conforme especificações de


projeto. Como visto anteriormente, os materiais para a produção do CAD são: (a)
Cimento Portland; (b) Agregado Miúdo; (c) Agregado Graúdo; (d) Água; (e) Adições
(Sílica Ativa); (f) Aditivos superplastificantes; (g) Aditivo retardador (dispensável).

• Mistura

A mistura acontece conforme padrões de qualidade exigidos para cada tipo de


concreto. Para a produção do CAD, espera-se a escolha de centrais com rigoroso
controle tecnológico, conforme foi apresentado no Quadro 1.

• Transporte e Aditivo

O concreto deve ser transportado de forma adequada, evitando a segregação. O


acréscimo do superplastificante deve ser realizado no equipamento misturador
minutos antes da aplicação concreto.

• Controle tecnológico

(a) Abatimento de Tronco de Cone

Antes mesmo do lançamento, deve-se proceder com os controles do CAD, sendo,


no mínimo, a realização do ensaio de abatimento de tronco de cone e moldagem
de corpos-de-prova para ensaios de resistência à compressão, no mínimo, em
duas idades.

As propriedades do estado fresco são as que asseguram a obtenção de mistura


de fácil transporte, lançamento e adensamento, sem segregação, e que depois do
endurecimento, se apresenta homogênea, com o mínimo de vazios.

A execução de obras em CAD facilita a concretagem devido à maior trabalhabilidade


da mistura, criando os também chamados de concreto auto-adensáveis. A Figura
8 apresenta o lançamento de um concreto auto-adensável, dosado em central,
sendo descarregado do caminhão-betoneira diretamente na fundação profunda.
237 UNIUBE

Figura 8 – Concreto autoadensável lançado em estacas.


Fonte: Acervo das autoras.

Segundo Fonseca Jr (2007), o concreto autoadensável não precisa ser adensado


por meio mecânico, ou seja, não são utilizados vibradores, necessários no concreto
convencional. Com isso, há ganho na diminuição da mão de obra necessária no
lançamento e adensamento do concreto e maior rapidez na liberação do caminhão
betoneira.

Para o mesmo autor, em relação ao concreto convencional, a principal mudança


quanto ao controle está no modo de avaliar o concreto ainda no estado fresco.
No lugar do ensaio de abatimento por tronco de cone, utiliza-se a placa de
espalhamento, que é uma variação desse ensaio, mantendo-se o tronco de cone.
Desta forma, mede-se o espalhamento do concreto na placa e não o adensamento,
que é a altura do cone.

A facilidade de execução deste ensaio o consagrou como a principal forma


de controle no recebimento do concreto na obra. Embora limitado, expressa a
trabalhabilidade do concreto através do parâmetro definido como abatimento do
tronco de cone ou slump test.

O ensaio é executado de acordo com parâmetros definidos na NBR NM 67 (1996),


conforme a seguir:
(a) coleta-se a amostra de concreto depois de descarregar 0,5 m³ de concreto
do caminhão, em volume aproximado de 30 litros;
(b) coloca-se o cone sobre a placa metálica bem nivelada e apoiam-se os pés
sobre as abas inferiores do cone; preenche-se o cone em três (3) camadas
iguais e aplica-se 25 golpes uniformemente distribuídos em cada camada;
238 UNIUBE
(c) adensa-se a camada junto à base, de forma que a haste de socamento
penetre em toda a espessura. No adensamento das camadas restantes, a
haste deve penetrar até ser atingida a camada inferior adjacente;
(d) após a compactação da última camada, retira-se o excesso de concreto e
alisa-se a superfície com uma régua metálica;
(e) retira-se o cone, içando-o com cuidado na direção vertical;
(f) coloca-se a haste sobre o cone invertido e mede-se a distância entre a parte
inferior da haste e o ponto médio do concreto, expressando o resultado em
milímetros.

O acerto da água no caminhão-betoneira deve ser efetuado de maneira a corrigir


o abatimento de todo o volume transportado, garantindo-se a homogeneidade da
mistura logo após a adição de água complementar. O concreto deve ser agitado
na velocidade de mistura, durante pelo menos 60 segundos.

Parada para Reflexão


Lembre-se...

Não adivinhe o índice de abatimento do concreto. Apesar da experiência, tanto do


motorista do caminhão-betoneira, quanto do fiscal que recebe o concreto na obra,
o ensaio de abatimento do tronco de cone deve ser realizado, utilizando-o como
um instrumento de recebimento do concreto; não se deve adicionar água após o
início da concretagem. Isto altera as propriedades do concreto e anula as garantias
estabelecidas em contrato.

Figura 9 – Medida do abatimento.


Fonte: NBR NM, 67:1996.
239 UNIUBE

Figura 10 – Ensaio de abatimento de tronco de cone (NBR NM 67:1996).


Fonte: Acervo das autoras.

(b) Moldagem de corpos-de-prova

Ainda no estado fresco, conforme NBR 5738 (2003), são moldados corpos de
prova para ensaio de resistência à compressão nas idades determinadas.
Segundo a norma, o concreto deve ser colocado no molde, com o emprego de
concha, em camadas de alturas aproximadamente iguais, conforme a Tabela 8.

Tabela 10 – Número de camadas e golpes de socamento.


Número de
Tipo de Dimensão Número de
Tipo de molde golpes por
adensamento básica d (mm) camadas
camada
100 2 15
Manual 150 4 30
250 5 75
Cilíndrico Vibratório 100 1
(penetração 150 2
-
da agulha até 250 3
200 mm) 450 5
Fonte: (NBR 5738:2003).

Tabela 11 – Número de camadas e golpes de socamento.


Número de
Tipo de Dimensão básica Número de
Tipo de molde golpes por
adensamento d (mm) camadas
camada
17 golpes a
150 2 2
Prismático Manual cada 10000 mm
250 3
de área
150 1
Vibratório 250 2 -
450 3
Fonte: (NBR 5738:2003).
240 UNIUBE
No processo de moldagem dos corpos de prova: (a) antes do adensamento de
cada camada, o concreto deve ser uniformemente distribuído dentro da forma; (b)
a última camada deve sobrepassar ligeiramente o topo do molde, para facilitar o
respaldo; (c) a moldagem dos corpos-de-prova não deve sofrer interrupções.

O ensaio deve executado de acordo com parâmetros da NBR 5738 (2003),


conforme a seguir:
(a) no adensamento de cada camada, devem ser aplicados golpes de
socamento, uniformemente distribuídos em toda a seção transversal do molde,
conforme Tabela 8;
(b) no adensamento de cada camada, a haste de socamento não deve
penetrar na camada já adensada;
(c) se a haste de socamento criar vazios na massa do concreto, deve-se bater
levemente na face externa do molde até o fechamento deste;
(d) quando o abatimento do tronco de cone for superior a 180 mm, a moldagem
deve ser feita com a metade das camadas indicadas na Tabela 8.

(c) Cura
Assim como no concreto comum, a cura deve ser realizada logo que a estrutura
apresente condições de ser molhada.

Conforme vimos, a cura é um procedimento destinado a promover a hidratação do


cimento, e durante o processo de cura o concreto ganha resistência.

A cura pode ser realizada de diversas formas, logo após a concretagem. Dentre
estas formas, tem-se: cura úmida por aspersão de água (conforme Figura 11),
submersão e recobrimento e cura química.

Figura 11 – Cura úmida de laje de concreto.


Fonte: Acervo das autoras.
241 UNIUBE

5. Propriedades no estado endurecido


No estado endurecido do concreto, são realizados testes para verificação da
qualidade do concreto aplicado. Dentre estes está o clássico ensaio de Resistência
à compressão (NBR 5739:2007). Ademais, para um controle mais apurado que o
concreto convencional, pode-se realizar ainda o ensaio de resistência à tração por
compressão diametral (NBR 7222:1994).

• Resistência à compressão
Conforme visto, os corpos-de-prova serão moldados de acordo com NBR 5738
(2003).

A NBR 5739 (2007) prescreve o método de ensaio de compressão de corpos-


de-prova cilíndricos. Segundo a norma, os corpos-de-prova devem ser rompidos
à compressão em uma dada idade especificada, com as tolerâncias de tempo
descritas na Tabela 9. Em se tratando de corpos-de-prova moldados de acordo
com a NBR 5738 (2003), a idade deve ser contada a partir do momento em que o
cimento é posto em contato com a água de mistura.

Tabela 12 – Tolerância de tempo para o ensaio de compressão em função da data


de ruptura.
Idade de ensaio Tolerância permitida
24 h
3d
7d
28 d
60 d
90 d
Fonte: Acervo das autoras.

A resistência à compressão deve ser obtida, dividindo-se a carga da ruptura pela


área da seção transversal do corpo-de-prova, devendo o resultado ser expresso
com aproximação de 0,1 MPa.

– resistência à compressão (MPa)

– carga máxima obtida no ensaio

– área da seção transversal do corpo-de-prova

• Resistência à tração por compressão diametral


242 UNIUBE
A NBR 7222 (1994) prescreve o método para determinação da resistência à
tração por compressão diametral de corpos-de-prova cilíndricos de argamassa e
concreto (Figura 12).

P L

Figura 12 – Disposição e formato do corpo-de-prova.


Fonte: Acervo das autoras.

A resistência é definida pela equação, a seguir:

– resistência à tração por compressão diametral, expressa em MPa, com


aproximação de 0,05 MPa;

– carga máxima obtida no ensaio (kN);

– diâmetro do corpo-de-prova (mm);

– altura do corpo-de-prova (mm);

6. Viabilidade econômica no uso do CAD


Segundo Amaral (CAD, 1997), a economia da utilização do CAD acontece no
concreto, na estrutura, nas fundações e no edifício.
(a) No concreto:
o volume total de concreto de alto desempenho consumido é menor,
compensando diferenças de custos acrescidos em decorrência do uso de
aditivos e adições. O detalhamento destes está descrito na seção 2 deste
capítulo.

(b) Na estrutura:
com estruturas mais esbeltas constata-se a redução, não apenas do volume
de concreto, mas da área de formas e consumo de aço da estrutura, de
acordo com o exemplificado na ilustração apresentada na Figura 13.
243 UNIUBE

Figura 13 – Redução dos pilares da estrutura (CAD, 1997).


Fonte: Acervo das autoras.

(c) Nas fundações:


com a redução da estrutura e consequentemente do peso próprio, ocorre
também a redução de cargas transferidas para as fundações, conforme
esquema demonstrado na Figura 14.

< volume de concreto = < peso da estrutura = < carga na fundação


= fundação + econômica

estrutura

carga

fundação

Figura 14 – Menor volume de concreto, menor peso da estrutura.


Fonte: Acervo das autoras. Adaptado pelas autoras de CAD, 1997.
244 UNIUBE
(d) No edifício:
para a construção acabada e em uso, espera-se:
• aumento da área útil devido ao emprego de vãos maiores, conforme
demonstrado no esquema da Figura 15; e,
• redução dos custos de manutenção pelo aumento da impermeabilidade e
compacidade da estrutura.

Concreto Comum – CC

Concreto de Alto Desempenho (CAD)

Figura 15 – Redução do número de pilares com a utilização do CAD.


Fonte: CAD, 1997.

Como vimos, os concretos de alto desempenho são autoadensáveis, assim, de


acordo com o apresentado por Fonseca Jr (2007), com a ausência de vibradores,
há diminuição de ruído e menos desgaste nas formas. Por isso, o importante
no momento de decidir pelo concreto autoadensável seria realizar uma análise
sistêmica de todo o processo (mão de obra, armadura, cimbramento e forma) e
não apenas comparar o preço dos dois tipos de concreto. A utilização do concreto
autoadensável elimina a probabilidade de aparecimento das famosas “bicheiras”,
o que certamente eliminará a necessidade de intervenções por esta patologia,
garantindo a durabilidade da estrutura de concreto.

Destarte, para a determinação da viabilidade econômica na definição do uso


do CAD, é necessário considerar o conjunto projeto-obra-ocupação para,
posteriormente, fazer os cálculos do custo para cada item do conjunto.

Assim, a figura 16 sintetiza o tripé da viabilidade na utilização do CAD nos


empreendimentos.
245 UNIUBE

PROJETO OBRA OCUPAÇÃO


Figura 16 – Tripé da viabilidade na utilização do CAD.
Fonte: Acervo das autoras.

Exemplificando!

Para a obra de um edifício alto no centro de uma metrópole, é preciso considerar:


(a) projeto – redução da dimensão das peças e peso próprio da estrutura, com
consequente redução de carga na fundação e outros;
(b) obra – menor área de formas; maior rapidez na desforma; redução do
cronograma de obra e outros;
(c) ocupação/empreendimento executado – mais quantidade de vagas de
garagem; menor custo de manutenção e outros.

A seguir, faz-se o cálculo do custo de:


(a) aço, incluindo corte, dobra e montagem;
(b) formas, incluindo escoramento, montagem e desmontagem;
(c) concreto, incluindo lançamento, adensamento e cura;

Parada para Reflexão


Viabilidade do uso do CAD
A seguir, são apresentadas duas (2) obras nas quais se deseja estudar a viabilidade
econômica da substituição do concreto convencional pelo concreto de alto
desempenho.

De posse dos custos unitários dos serviços que envolvem a superestrutura de


concreto, é possível verificar a viabilidade financeira para a substituição do CC pelo
CAD nas duas obras.
246 UNIUBE

OBRA 1
Dados gerais:
• concretagem de pilares;
• volume total de concreto: 500 m3;
• custo das formas e escoramentos: R$ 20,00/m²;
• custo da armação: R$ 6,30/Kg;
• custo da mão de obra e mobilização do canteiro empregada nos serviços
de superestrutura (forma/escoramento e concretagem): R$ 15 000,00 /mês.

Projeto de estrutura em Concreto Armado Convencional (CC)


• Seção de concreto: 15x30 cm – 6.000 m2;
• Taxa de aço: 2100 Kg;
• Concreto (fck 25MPa): R$ 205,00 / m3;
• Velocidade de Construção: 50 m3 /mês.

Projeto de estrutura em Concreto de Alto Desempenho (CAD)


• Seção de concreto: 15x30 cm – 6.000 m2;
• Taxa de aço: 1810 Kg;
• Concreto (fck 50MPa): R$ 250,00 / m3;
• Velocidade de Construção: 75 m3 /mês;

Calculando a viabilidade do uso do CAD para a OBRA 1

Custos do Concreto Convencional (CC)


(a) Aço – 41.000 x R$ 6,30 = R$ 258.300,00;
(b) Fôrma – 6.000 x R$ 20,00 = R$ 120.000,00;
(c) Concreto – 500 x R$ 205,00 = R$ 102.500,00;
(d) Mão de obra e demais custos fixos – 10 meses x R$ 15.000,00 = R$
150.000,00.
Custo Total – R$ 630.800,00

Custos do Concreto de Alto Desempenho (CAD)


(a) Aço – 35.400 x R$ 6,30 = R$ 223.020,00;
(b) Fôrma – 6.000 x R$ 20,00 = R$ 120.000,00;
(c) Concreto – 500 x R$ 250,00 = R$ 125.000,00;
(d) Mão de obra e demais custos fixos – 6,7 meses x R$ 15.000,00 = R$
100.500,00.
247 UNIUBE

Custo Total – R$ 568.520,00


Para a obra 1, o CAD torna-se viável com uma redução de custo da ordem de
10%.

OBRA 2
Dados gerais:
• concretagem de pilares;
• custo das formas e escoramentos: R$ 20,00/m²;
• custo da armação: R$ 6,30/Kg;
• volume total de concreto: 350 m3 (CAD) e 408 m3 (CC);
• custo da mão de obra e mobilização do canteiro empregada nos serviços
de superestrutura (forma/escoramento e concretagem): R$ 15.000,00 /mês.

Projeto de estrutura em Concreto Armado Convencional (CC)


• Seção de concreto: 35x35 cm – 4800 m2;
• Taxa de aço: 32.640 Kg;
• Concreto (fck 25MPa): R$ 205,00 / m3;
• Velocidade de Construção: 50 m3/mês.

Projeto de estrutura em Concreto de Alto Desempenho (CAD)


• Seção de concreto: 30x30 cm – 4.180 m2;
• Taxa de aço: 28.400 Kg;
• Concreto (fck 50MPa): R$ 315,00 / m3;
• Velocidade de Construção: 55 m3/mês.

Calculando a viabilidade do uso do CAD para a OBRA 2

Custos do Concreto Convencional (CC)


(e) Aço – 32.640 x R$ 6,30 = R$ 205.632,00;
(f) Forma – 4.800 x R$ 20,00 = R$ 96.000,00;
(g) Concreto – 408 x R$ 205,00 = R$ 83.640,00;
(h) Mão de obra e demais custos fixos – 8,2 meses x R$ 15.000,00 = R$
123.000,00.

Custo Total – R$ 508.272,00.

Custos do Concreto de Alto Desempenho (CAD)


(e) Aço – 28.400 x R$ 6,30 = R$ 178.920,00;
(f) Fôrma – 4.180 x R$ 20,00 = R$ 83.600,00;
(g) Concreto – 350 x R$ 315,00 = R$ 110.250,00;
248 UNIUBE
(h) Mão de obra e demais custos fixos – 6,4 meses x R$ 15.000,00 = R$
96.000,00.

Custo Total – R$ 468.770,00.


Para a obra 2 o CAD torna-se viável com uma redução de custo da ordem de 8%.

Resumo
O capítulo estudado apresentou as características e dosagem do concreto de alto
desempenho. Vimos que o CAD é uma alternativa que gera maior durabilidade e
melhores custos e desempenho do conjunto projeto-obra-ocupação das estruturas
de concreto armado. Assim, pudemos, ao longo do estudo, perceber e enumerar
as vantagens do emprego do Concreto de Alto Desempenho nas estruturas de
concreto armado (CAD, 1997), que são:

• maior trabalhabilidade (autoadensável);


• menor volume de concreto;
• menor área de formas;
• menores taxas de aço;
• maior rapidez na desforma;
• menos reparos e tratamentos superficiais;
• mais esbeltez dos pilares;
• maior área útil dos pavimentos;
• maior leveza da estrutura;
• redução das cargas de fundação;
• melhor aspecto para o concreto aparente;
• menos manutenção;
• maior área útil.

Exemplificando!

A seguir, e, para finalizar, apresentam-se de forma esquemática, as diferenças


básicas do projeto de um mesmo edifício executado com CC e CAD.
249 UNIUBE
(a) Comparativo de planta baixa do edifício (Figura 17).

Figura 17 – Planta de formas da estrutura de um edifício.


Fonte: (CAD, 1997).

(b) Comparativo da perspectiva de toda a estrutura do edifício (Figura 18).

Figura 18 – Perspectiva da estrutura de um edifício.


Fonte: CAD, 1997.
250 UNIUBE
(c) Comparativo das vagas de garagem do edifício (Figura 19).

Figura 19 – Garagem de edifício.


Fonte: CAD, 1997.

Atividades
Atividade 1

Responda às perguntas a seguir:

a) O que é um CAD?

b) Qual a diferença de um CAD para um concreto convencional?

c) Você foi contratado para desenvolver o projeto estrutural de um luxuoso


hotel na região central do Rio de Janeiro. Diante disso, cite cinco (5) motivos
que possam ser determinantes para a viabilidade da utilização do CAD.

d) Com base no estudo do CAD, faça a dosagem de um concreto 90MPa


pelo método Mehta & Aiticin (1990b) considerando-se: (a) aditivo químico
com densidade de 1,12g/cm3, quantidade de sólidos da ordem de 42% e
consumo de 1%; (b) agregado miúdo com umidade de 4,5%.

e) Faça a leitura do texto: Pilares com fc 125 MPa: Recorde mundial em concreto
de alto desempenho colorido

<http://www.basf-cc.com.br/PT/projetos/proj_comerciais/Pages/ETower2.aspx>
e responda: (a) porque o concreto utilizado no e-Tower tornou-se um marco para
o Brasil, e, (b) quais as principais vantagens decorrentes da utilização desse
concreto.
251 UNIUBE

Referências
ANJOS, F. V. e SILVA, J. B. As usinas de produção de alumínio da ALCAN
no Brasil – processo Bayer para produção de alumina e os processos
eletrolíticos para a produção de alumínio. In: As usinas brasileiras de
metalurgia extrativa dos metais não-ferrosos, ABM, São Paulo, 1983.

ABCP, IBRACON, IBTS, ABESC. Concreto de Alto


Desempenho Versão 1.0 – 1º CD- ROM, 1997.

ABCP, IBRACON, IBTS, ABESC. Concreto de Alto


Desempenho Versão I – 2º CD- ROM, 1999.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: Concreto -


Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de Janeiro, 2003.

_______. NBR 5739: Concreto - Ensaios de compressão de


corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2007.

_______. NBR 6118: Projeto e Execução de Obras de


Concreto Armado. Rio de Janeiro, 2003.

_______. NBR 8522: Concretos Concreto - Determinação do módulo


estático de elasticidade à compressão. Rio de Janeiro, 2008.

_______. NBR 8953: Concreto para fins estruturais - Classificação pela massa
específica, por grupos de resistência e consistência. Rio de Janeiro, 2009.

_______. NBR 12654: Controle tecnológico de materiais


componentes do concreto. Rio de Janeiro, 1992.

_______. NBR NM 67: Concreto - Determinação da consistência


pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro, 1998.

FONSECA JR. A. Revista construção mercado 70, concreto auto-adensável.


Mai 2007. Disponível em: <http://revista.construcaomercado.com.br/negocios-
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FREITAS JÚNIOR, J. A. Estudo comparativo de métodos de dosagem


para concretos de alta resistência com o uso de materiais disponíveis
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Construção Civil da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2005.

MEHTA, P.K; AÏTCIN, P-C. Principles underlying production


for high strenght performance concrete. Cement,
Concrete & Aggregates v. 12, n.2, p. 70-78. 1990b. 
252 UNIUBE
MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. Concreto, estrutura,
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MENDES, S. E. de S. et al. Produção de concreto de alto desempenho em


laboratório para a central dosadora de concreto. In: 49º CONGRESSO
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MENDES, S. E. da S. M., Estudo experimental de concreto de alto


desempenho utilizando agregados graúdos disponíveis na regiAão
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Revista TÉCHNE 81, Concretos de alta resistência. Dez 2003. Disponível em:
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PORTAL DO CONCRETO. B. Concreto com módulo de elasticidade


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SAMPAIO, J. A., ANDRADE, M. C., DUTRA, A. J. B. Rochas & minerais


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Técnica elaborada para Edição do Livro. Bauxita capítulo 13, Rio de
Janeiro, 2005, p. 279-304. Disponível em: <http://www.cetem.gov.br/
publicacao/CTs/CT2005-131-00.pdf> Acesso em: 20 jul. 2010.
253 UNIUBE

5
durabilidade
das estruturas
de concreto e
concretos especiais
Maria Cláudia Freitas Salomão
Vanessa Rosa Pereira Fidelis

Introdução

Organizamos esse capítulo em duas partes: durabilidade das estruturas de


concreto armado e concretos especiais.

Em relação à durabilidade das estruturas de concreto armado vocês


estudarão da especificação do concreto, na fase de projeto até o uso da
edificação. Além disso, conhecerão os principais mecanismos de degradação
das estruturas de concreto.

Para os concretos especiais vocês conhecerão as características dos


principais tipos de concretos especiais.

Como o concreto é um material amplamente utilizado na construção civil,


torna-se imprescindível para você, futuro Engenheiro, o conhecimento dos
tipos de concreto existentes e seu comportamento quando aplicado na
construção.

Objetivos

Ao final do estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:

• compreender a importância da durabilidade das estruturas de concreto;


• conhecer os principais mecanismos de degradação do concreto;
• identificar os tipos de concretos especiais;
• apontar a necessidade de utilização dos concretos especiais;
• demonstrar a diferença entre o concreto convencional e os concretos
especiais do projeto ao uso da construção.
254 UNIUBE

Esquema
1. Durabilidade das estruturas de concreto
2. Durabilidade de estruturas de concreto armado
3. Mecanismos de transporte de fluidos na matriz do concreto
4. Mecanismos de deterioração das estruturas de concreto armado
4.1. Causas físicas de deterioração do concreto
4.2. Causas químicas de deterioração do concreto
4.3. Causas de deterioração da armadura
5. Durabilidade das estruturas de concretos especiais
6. Concreto colorido
6.1. Aplicações do concreto colorido
7. Concreto branco
7.1. Aplicações do concreto branco
8. Concreto com utilização de resíduos
8.1. Utilização dos resíduos na construção civil
8.2. Dificuldades encontradas para o emprego dos resíduos em concretos
8.3. Utilização do concreto com agregados reciclados
9. Concreto com fibras
9.1. Tipos de fibras disponíveis
9.2. Aplicações do concreto com fibras
10. Concreto projetado
11. Concreto compactado a Rolo
11.1. Concreto compactado com rolo para pavimentos
11.2. Concreto Compactado com rolo para barragens
11.3. Aplicações do CCR
12. Concreto massa
12.1. Aplicação do concreto massa
13. Concreto estrutural leve
13.1. Aplicações do concreto com agregados leves
14. Concreto pesado
14.1. Aplicações do concreto com agregados pesados
15. Concreto auto-adensável
15.1. Aplicações do concreto auto-adensável
16. Concreto de alto desempenho
255 UNIUBE

1. Durabilidade das estruturas de concreto


Durante muito tempo, o concreto foi considerado um material extremamente
durável. A durabilidade das estruturas era um conceito subjetivo e considerado
inerente às estruturas de concreto.

As observações sobre a durabilidade eram baseadas em obras muito antigas ainda


em bom estado de conservação. Na cidade de Paris, por exemplo, é possível
conhecer o primeiro edifício construído com concreto armado. A construção é
de 1901 e o projeto foi feito pelo engenheiro François Hennebique, o “inventor”
do concreto armado. Mesmo na cidade de São Paulo é possível visitar edifícios,
como o Edifício Martinelli, construído em 1925, e que ainda se encontra em bom
estado de conservação.

O conjunto de alterações feitas no cimento a partir da década de 70, aliado aos erros
de projeto, erros de execução e falta de manutenção preventiva contribuíram para
o grande número de estruturas deterioradas precocemente. Essas constatações
demonstraram que as exigências e recomendações das principais normas de
projeto e execução de estruturas de concreto vigentes na década de 80 eram
insuficientes.

A necessidade de se aprimorar o conhecimento dos mecanismos de deterioração


do concreto e de introduzir o conceito de vida útil das estruturas de concreto levou
a uma série de estudos nacionais e internacionais.

O meio técnico, dispondo do conhecimento suficiente para projetar, especificar e


construir estruturas duráveis editou os textos das normas existentes. No Brasil,
a NBR 6118:2003 - Projeto de estruturas de concreto – Procedimento e a NBR
14931:2004 – Execução de estruturas de concreto – Procedimento, estabelecem
requisitos para o projeto e execução de estruturas duráveis.

2. Durabilidade de estruturas de concreto armado

Mas, como uma estrutura de concreto armado pode ser mais durável?

A durabilidade das estruturas é uma questão intimamente ligada à qualidade dos


projetos e execução das estruturas.

Podemos afirmar que uma estrutura foi projetada para ser mais durável que a
outra quando, além das dimensões e posicionamento das peças constantes no
projeto, o concreto foi especificado conforme condições de utilização previstas, a
fim de atender o tempo de vida útil esperado.

Exemplo: se uma estrutura foi projetada como uma ponte de travessia em um mar
está em condições de exposição diferentes de uma estrutura projetada para um
256 UNIUBE

viaduto. A primeira conta com fenômenos como erosão, ação da maresia e colisão
de embarcações na estrutura de concreto, enquanto que o viaduto conta com a
poluição e possível impactos de veículos automotores.

Para padronizar as informações ao projetista para elaboração do projeto, a NBR


6118:2003 traz especificações que definem as classes de agressividade a que as
estruturas de concreto armado estarão submetidas. (Tabela1)

Em seguida, é apresentada na NBR 6118:2003 a correspondência entre a classe


de agressividade e a qualidade do concreto, definindo a relação água/cimento
máxima e a classe mínima exigida, conforme Tabela 2.

Relembrando
Relação água/cimento
É um número adimensional definido pela quantidade de água no concreto dividida pela
quantidade de cimento. Quanto menor a relação água/cimento, maior a resistência
do concreto.

Classe do concreto
É a resistência à compressão, ou fck requerido em projeto e expressos em MPa
(Mega Pascal).

Tabela 1 – Classes de agressividade ambiental

Classe de Classificação geral do Risco de


agressividade Agressividade tipo de ambiente para deterioração
ambiental efeito de projeto da estrutura
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa

II Moderada Urbana 1), 2) Pequeno

Marinha 1)
III Forte Grande
Industrial 1), 2)
Industrial 1), 3)
IV Muito forte Elevado
Respingo de maré

1) Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda


(um nível acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros,
cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais
ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura).
2) Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em:
obras em regiões de clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a
65%, partes da estrutura protegidas de chuvas em ambientes predominantemente
secos, ou regiões onde chove raramente.
257 UNIUBE

3) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia,


branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes,
indústrias químicas.

Fonte: NBR 6118 : 2003

Tabela 2 – Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto


Classe de agressividade
Concreto Tipo
I II III IV
Relação água/ CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45
cimento em massa CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45
Classe de concreto CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40
(ABNT NBR 8953) CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40

NOTAS
1 O concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir com os
requisitos estabelecidos na ABNT NBR 12655
2 CA corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto armado
3 CP corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto
protendido.

Fonte: NBR 6118:2003

Entretanto, não basta apenas projetar a estrutura de modo a alcançar os objetivos


planejados se a execução não for minuciosamente controlada. Para isso, todo
o processo executivo deve ser planejado e acompanhado para garantir os
resultados esperados. Exemplo: (a) verificar o posicionamento das formas; (b)
verificar o posicionamento das armaduras antes da concretagem; (c) realizar o
correto recebimento do concreto usinado; (d) acompanhar o correto adensamento
do concreto durante a aplicação.

Durante a execução a utilização de fôrmas e espaçadores, o adensamento correto


e a cura do concreto, norteados pela NBR 14931:2004 – Execução de estruturas
de concreto – Procedimentos também ajudam a garantir a qualidade/durabilidade
do concreto. Ao final do processo, é necessário que o concreto seja denso,
bem curado, resistente, de baixa permeabilidade e que não apresente fissuras
excessivas.

Portanto, as estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo


que, sob as influências ambientais previstas, mantenham bom desempenho e boa
aparência durante um período de tempo sem exigir altos custos de manutenção
e reparo.
258 UNIUBE

O que é vida útil de uma estrutura de concreto?

O período de tempo, durante o qual o concreto deve manter suas características


e propriedades, é conhecido como vida útil. A NBR 6118 (2003) conceitua vida
útil como o período de tempo durante o qual se mantêm as características das
estruturas de concreto, desde que atendidos os requisitos de uso e manutenção
prescritos pelo projetista e pelo construtor, conforme os itens 7.8 e 25.4 da referida
norma, bem como de execução dos reparos necessários decorrentes de danos
acidentais.

A extensão da vida útil desejada varia com o tipo e importância da estrutura


(permanente, temporária, obras de arte etc). Cabe ao projetista em conjunto com
o proprietário definirem
a vida útil da estrutura e ao projetista, em conjunto com o engenheiro de execução,
especificar e garantir as medidas necessárias para assegurar que ela seja atingida.
(NBR 6118, 2003)

Trocando ideias!
Quais critérios devem ser analisados quando o projetista e o proprietário da obra
definem a vida útil da estrutura? Converse com seus colegas e com seu(sua)
preceptor(a) sobre isso.

Os aspectos principais associados à durabilidade e garantia da vida útil do concreto


são: o ambiente em que o concreto está inserido e a estrutura do concreto.

De fato, o concreto é uma estrutura porosa e, por isso, permite a passagem para o
seu interior de fluidos diversos que podem deteriorar seus componentes. Para que
o aço e o concreto atuem em conjunto durante o período de vida útil da estrutura,
algumas necessidades são impostas em relação à qualidade do concreto. A
resistência nominal do concreto, a relação água-cimento bem como o cobrimento
adequado da armadura são parâmetros que devem ser escolhidos de acordo com
o ambiente e vida útil da edificação.

Relembrando
Cobrimento da armadura
É a distância entre a face do concreto e o aço utilizado para a armação da peça
da estrutura. A NBR 6118 (2003) define as distâncias mínimas conforme a classe de
agressividade ambiental a que estão submetidas (Tabela 3).
259 UNIUBE
Tabela 3 – Correspondência entre classe de agressividade ambiental e cobrimento nominal

Classe de agressividade
Componente I II III IV 3)
Tipo de estrutura
ou elemento
Cobrimento nominal mm

Laje 2) 20 25 35 45
Concreto armado
Viga/Pilar 25 30 40 50
Concreto 1)
Todos 30 35 45 55
protendido
1)
Cobrimento nominal da armadura passiva que envolve a bainha ou os fios,
cabos e cordoalhas, sempre superior ao especificado para o elemento de concreto
armado, devido aos riscos de corrosão fragilizante sob tensão.
Para a face superior das lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de
2)

contrapiso, com revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassas
de revestimento a acabamento, tais como pisos de elevado desempenho, pisos
cerâmicos, pisos asfálticos e outros tantos, as exigências desta tabela podem ser
substituídas por 7.47.5, respeitado um cobrimento nominal ≥ 15mm.s
Nas faces inferiores de lajes e vigas de reservatórios, estações de tratamento
3)

de água e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em


ambientes química e intensamente agressivos a armadura deve ter cobrimento
nominal ≥ 45 mm
Fonte: NBR 6118:2003

As condições ambientais (ações químicas e físicas) às quais a estrutura de


concreto é exposta podem resultar em efeitos não incluídos entre as ações e cargas
previstas no projeto estrutural. Por isso, a agressividade do ambiente influencia
na durabilidade do concreto. Estruturas expostas a atmosferas marinhas, por
exemplo, tendem a apresentar mais patologias do que as que se encontram em
ambiente rural.

Segundo Mehta e Monteiro (1994), como um resultado de interações ambientais,


a microestrutura e, consequentemente, as propriedades dos materiais mudam
com o passar do tempo. Admite-se que um material atingiu o fim da sua vida útil
quando as suas propriedades, sob dadas condições de uso, deterioram a um tal
ponto que a continuação do uso deste material é considerada como insegura ou
antieconômica.
260 UNIUBE

3. Mecanismos de transporte de fluidos na matriz do concreto


Para entender como o concreto se deteriora em diferentes ambientes é preciso
conhecer não só o grau de agressividade do ambiente, mas também a própria
matriz porosa do concreto e sua interação com esse ambiente.

Em geral, os agentes agressivos - como sais, bases e ácidos - se encontram no


ambiente em estado líquido ou gasoso. O ingresso desses fluidos no concreto
se dá através dos poros da pasta de cimento ou por fissuras e dependem da
concentração das substâncias agressivas, das condições ambientais - como a
temperatura e a umidade - e da estrutura e dimensão dos poros e microfissuras.

A estrutura porosa tem especial importância no transporte de substâncias


agressivas, pois poros interconectados são os que permitem a passagem de
agentes agressivos para o interior do concreto.

Esse transporte de substâncias é regido por diferentes mecanismos físico-


químicos. Os principais mecanismos de transporte são: a permeabilidade, a
difusão, a absorção capilar e a migração.

A permeabilidade (Figura 1) é definida como a propriedade que governa a taxa


de fluxo de um fluído para o interior de um sólido poroso. A permeabilidade do
concreto é afetada pela conectividade, distribuição e tamanho dos seus poros.

Figura 1: Representação da permeabilidade


Fonte: Acervo das autoras

A permeabilidade diminui com o aumento do consumo de cimento e com o grau


de hidratação da pasta. Por sua vez, à medida que se reduz a relação a/c, vai se
obtendo estruturas cada vez mais compactas, com poros capilares mais “estreitos”.
261 UNIUBE
A difusão (Figura 2) é a transferência de íons na solução dos poros desde as regiões
com altas concentrações até regiões de baixas concentrações da substância que
difunde. Para que ocorra a difusão iônica é necessário que o concreto contenha
certo teor de umidade mínimo que permita a movimentação do íon. Assim, quando
os íons encontram em seu caminho uma região seca, a difusão é interrompida.

Figura 2: Representação da absorção capilar


Fonte: Acervo das autoras

Absorção capilar (Figura 3) é o transporte de líquidos nos poros do concreto


devido à tensão superficial agindo nos poros capilares. Ela está relacionada não
só com a estrutura dos poros, mas também com as características do líquido, tais
como viscosidade, densidade e tensão superficial, e também das características
do sólido poroso como raio, tortuosidade e a continuidade dos poros, além da
energia superficial.

Quanto mais elevada for a tensão superficial no interior dos poros, maior será a
ascensão capilar, e quando os líquidos são altamente viscosos torna-se maior a
dificuldade de penetração destes nos poros do concreto.

Figura 3: Representação da absorção capilar


Fonte: Acervo das autoras
262 UNIUBE
A migração (Figura 4) é o fenômeno de transporte de íons no eletrólito devido à
ação do campo elétrico que atua como força motriz. Esta diferença de potencial
é, normalmente, originada pelo campo elétrico gerado por células de corrosão
eletroquímica. Assim, a movimentação iônica por migração pode permitir o fluxo
de íons na direção das regiões anódicas onde ocorre a corrosão, fazendo com
que esta se intensifique.

Os parâmetros que mais influenciam a migração são a concentração iônica na


fase líquida ou gasosa e a temperatura.

Figura 4: Representação da permeabilidade


Fonte: Acervo das autoras

4. Mecanismos de deterioração das estruturas de concreto armado


Os mecanismos de deterioração dos concretos podem ser divididos em dois
grupos segundo a sua origem: degradação de origem física e degradação de
origem química.

As principais degradações de origem física são: deterioração por desgaste


superficial, deterioração por cristalização de sais nos poros, deterioração por ação
do congelamento e deterioração pela ação do fogo.

As principais degradações de origem química são a deterioração por ação dos sais,
a formação de eflorescências, o ataque por sulfato e a reação álcali-agregado.

Além dos mecanismos citados, no estudo da durabilidade do concreto armado


será estudada a ação da corrosão da armadura.

4.1 Causas físicas de deterioração do concreto

Deterioração por desgaste superficial - Abrasão


A deterioração por abrasão refere-se ao atrito seco proveniente do tráfego de
pessoas, veículos, ou até mesmo pela ação do vento. A abrasão provoca a
263 UNIUBE
perda gradual e continuada da argamassa superficial e de agregados em uma
área limitada. Esse mecanismo, bastante comum nos pavimentos, prejudica o
desempenho da estrutura afetada quanto à sua funcionalidade.

A qualidade da camada superficial de concreto é fator determinante para a


resistência ao desgaste por abrasão. Deve-se, portanto, aumentar a resistência
da superfície por meio do emprego de uma pasta de cimento e de um agregado
que permitam resistir às solicitações de desgaste.

Os agregados têm uma grande contribuição para a resistência à abrasão do piso,


sendo a sua dureza a principal característica para a melhoria do seu desempenho.
Para concretos que utilizam os mesmos agregados, a sua resistência à abrasão
tem relação direta com a dureza da pasta de cimento.

Para se aumentar a resistência do concreto à abrasão, é possível se fazer uma


redução no fator água/cimento e utilizar adições plastificantes ao concreto ou
ainda, impermeabilizantes que dificultem a penetração de líquidos na superfície
do material. Também existe a aplicação de soluções endurecedoras de superfície,
tornando o material mais resistente ao atrito. Segundo Mehta e Monteiro (1994),
comumente são utilizadas soluções endurecedoras, como o fluossilicato de
magnésio e zinco ou silicato de sódio, que reagem com o hidróxido de cálcio
da pasta formando produtos insolúveis que funcionam como selantes nos poros
superficiais.

Temos, então, que quanto maior a dureza e menor a porosidade da pasta de


cimento, maior será a sua resistência do concreto à abrasão. Para se obter essas
características, deve-se adotar a redução da relação água / cimento, e realizar
adições que promovam diminuição da porosidade e aumento da dureza na
superfície.

Exemplificando!

A abrasão do concreto pode ser verificada em pisos de garagens feitos em concreto.

Observe os estacionamentos de estabelecimentos comerciais de sua cidade


(shopping centers, lojas, supermercados etc.). O concreto da faixa por onde passam
os veículos estará bem mais desgastado que aquele das vagas de estacionamento.

Deterioração por desgaste superficial - Erosão


Quando um fluido em movimento, ar ou água, contendo partículas em suspensão,
atua sobre uma superfície, as ações de colisão, escorregamento ou rolagem das
264 UNIUBE
partículas transportadas por esse fluido contra a superfície do material, provocam
desgaste nessa superfície. Apesar de também ser uma forma de desgaste
superficial, devido à sua característica de transporte de partículas através de um
fluido, esse fenômeno é denominado de erosão.

Além da porosidade da superfície do concreto, a intensidade da erosão pode ser


mais ou menos severa, dependendo de fatores como quantidade, tamanha, forma,
dureza e velocidade das partículas que estão sendo transportadas pelo fluido.

O mecanismo de desgaste da erosão possui os mesmos princípios da abrasão.


Logo, para obtenção de uma boa resistência à erosão em superfícies de concreto,
devem ser utilizados agregados com alta dureza e concreto de boa qualidade,
principalmente na superfície de contato com o fluido. A superfície deve ser o
menos porosa possível, a fim de diminuir as resistências ao movimento do fluido,
e o material deve ter passado por um processo de cura adequada, antes de ser
exposto ao ambiente agressivo.

Exemplificando!

A erosão do concreto é comum em pilares de pontes mais antigas (quando não


havia o cuidado com a dosagem e durabilidade do concreto).

A água do rio/mar contém partículas que colidem com a superfície do pilar causando
o desgaste do mesmo.

Deterioração por desgaste superficial - Cavitação


A cavitação é um fenômeno observado em águas correntes devido à formação
de bolhas em regiões de reduzida pressão de vapor. À medida que as bolhas
de vapor entram em uma região de pressão mais elevada, elas implodem com
grande impacto, causando severas erosões localizadas.

As estruturas de concreto sujeitas à cavitação são aquelas que estão em contato


com fluxo de água com elevada velocidade, como vertedouros, condutos forçados,
dentre outros. Apesar de também estar relacionada ao desgaste por transporte de
um fluido, a cavitação provoca um desgaste irregular da superfície do material,
dando-lhe uma aparência irregular e corroída, conforme está representado na
figura seguinte, muito diferente das superfícies desgastadas de forma regular pela
erosão de sólidos em suspensão.

A eliminação das causas da cavitação pode ter um custo elevado. Em alguns


casos, torna-se mais viável o reparo das regiões danificadas. No entanto, algumas
medidas como evitar mudanças abruptas de declividade e/ou desalinhamentos na
265 UNIUBE
superfície contribuem para diminuir os efeitos desse tipo de desgaste. Também
pode se citar a utilização de concretos de elevada resistência, empregando
agregados de maior dureza.

Pesquisando na Web

Pesquise na Web (ou em livros) imagens de estruturas danificadas pela cavitação.


Compartilhe os resultados de sua pesquisa com seus colegas e preceptor(a).

Deterioração por cristalização de sais nos poros


Os sais podem atuar através de uma ação física, induzindo tensões internas
e fissuração. Essa ação se dá pela cristalização de sais no interior dos poros
capilares do concreto, devido à evaporação da água, e pela sua posterior re-
hidratação, com um ciclo de umedecimento, ocupando um volume maior que o
existente para acomodá-lo.

É um fenômeno observado quando os materiais estão expostos a sais hidratáveis


com sulfato de sódio (Na2SO4) e carbonato de sódio (Na2CO3). Quando em
contato com a umidade, esses sais passam por um processo de hidratação, com
consequente expansão, o que provoca uma deterioração progressiva da superfície
do concreto.

Os concretos sujeitos à ação física da cristalização dos sais são aqueles que
apresentam grande porosidade, ou seja, com elevada relação água/cimento, e
que estejam em contato com soluções de alta concentração salina.

Deterioração por ação do congelamento


Por se tratar de um material poroso, com água naturalmente contida em sua
estrutura, seja ela na forma de água livre, quimicamente combinada ou água
adsorvida, o concreto sofre um processo de deterioração quando submetido às
baixas temperaturas com consequente ciclo de degelo.

Relembrando

Água livre
Água presente nos vazios maiores que 50 Å. Também chamada de água capilar.
266 UNIUBE

Água quimicamente combinada


Água que é parte integrante da estrutura de vários produtos hidratados do cimento.
Esta água não é perdida na secagem; é liberada quando os produtos hidratados
são decompostos por aquecimento.

Água adsorvida
Água próxima à superfícies do sólido, sob a influência de forças de atração. A
perda de água adsorvida é principalmente responsável pela retração da pasta na
secagem.

As causas da deterioração do concreto endurecido pela ação do congelamento


podem ser relacionadas à complexa microestrutura do material formada por uma
rede de capilares interligados e às condições específicas do meio ambiente que
permitem o congelamento da água nas estações frias do ano.

A deterioração devido a ciclos de gelo/degelo nos materiais cimentícios se dá


na forma de fissuração e destacamento do concreto superficial exposto ao
congelamento e degelo, na presença de umidade e produtos químicos para degelo.

Uma teoria apresentada por Litvan apud Mehta e Monteiro (1994) mostra que
quanto mais rígida estiver a água contida nos vazios da pasta de cimento, mais
difícil é de que ela se congele. Dessa forma, a água adsorvida no gel e a água
interlamelar apresentarão pontos de congelamento em temperaturas inferiores ao
da água dos vazios capilares.

O problema de congelamento da água nos poros do concreto está relacionado


à quantidade de grandes poros existentes na pasta de cimento, uma vez que a
água que tende a se congelar se encontra nesses grandes poros. A água livre nos
poros da pasta de cimento pode estar nos vazios capilares, adsorvida nos poros
de gel ou ainda, na forma de água interlamelar. Essa última forma de água, retida
nas lamelas do silicato hidratado de cálcio é a que se encontra mais rigidamente
retida.

Como foi dito anteriormente, a quantidade de água livre presente na pasta de


cimento é um fator importante na degradação por congelamento. Assim, o fator
água/cimento e o grau de hidratação da pasta são aspectos importantes na
resistência ao congelamento. Segundo Mehta e Monteiro (1994), em geral, quanto
maior a relação água/cimento para um dado grau de hidratação, ou quanto menor
o grau de hidratação para uma determinada relação água/cimento, maior será o
volume de poros formado na pasta.

A quantidade de ar incorporado na pasta e o número de vazios que esse


ar incorporado forma também auxiliam no combate aos efeitos nocivos do
267 UNIUBE
congelamento. Se o ar incorporado produzir um grande número de vazios na pasta
de cimento, esses vazios podem funcionar como um caminho de escape para a
água que se dilata ao congelar, diminuindo a pressão hidráulica nos poros da
pasta e a formação de fissuras devido às tensões que se formam nesses vazios.

Se a formação de gelo se iniciar nos vazios da pasta, os cristais de gelo que se


formam não exercem pressão nas paredes desse poro. Nesses casos, há ainda
um fator do gelo formado no vazio que atrai a água que se encontra nos capilares,
criando um fluxo na direção do vazio e diminuindo a pressão nos poros capilares.

Outro fator que influencia a resistência do concreto aos ciclos de gelo/degelo é a


utilização de sais de degelo, muito comuns para se dissolver o gelo em pavimentos
de países de clima frio. Segunda Mehta e Monteiro (1994), a resistência do
concreto ao congelamento é significativamente menor sob a influência combinada
de congelação e sais de degelo.

É possível, então, observar que os dois parâmetros mais importantes para se


proteger as estruturas de materiais cimentícios dos danos dos ciclos de gelo/
degelo são a relação água/cimento, que deve ser baixa, a fim de se gerar a menor
quantidade de água livre nos poros capilares, e o volume de vazios gerado pelo ar
incorporado ao concreto, que pode produzir fronteiras de escape para a água que
se expande no congelamento.

Deterioração por ação do fogo


Embora os materiais de matriz cimentícia não sejam combustíveis como as
madeiras e os materiais poliméricos, a ação do fogo nesses compostos provoca
danos ao material, como formação de fissuras e lascamento nas estruturas
de concreto. De um modo geral, os danos provocados pela exposição a altas
temperaturas nos materiais cimentícios estão relacionados à evaporação da água
de hidratação dos compostos na pasta de cimento ou ainda, da água livre presente
nos vasos capilares das estruturas de concreto.

No caso de concretos, segundo Metha e Monteiro (1994), diversos fatores


influenciam na resposta à ação do fogo, como permeabilidade do concreto,
tamanho do elemento, tipo de agregado e taxa de aumento da temperatura.
Todos esses fatores interagem simultaneamente, e tornam bastante complexos
os estudos da ação do fogo sobre as estruturas de concreto, pois tanto a pasta de
cimento quanto os agregados se decompõem com o calor.

Nos concretos e argamassas, a água é responsável pela hidratação do cimento e


a consequente formação dos compostos resistentes através de reações químicas.
No entanto, ainda há uma parte da água que fica adsorvida ao gel da pasta de
cimento e também água livre capilar.

Durante a exposição ao fogo toda a água presente na pasta de cimento tende a


268 UNIUBE
se evaporar, dependendo do tempo de exposição e da intensidade do aumento
de temperatura. Quando submetido a temperaturas por volta de 700 a 800
°C, o concreto é capaz de conservar uma resistência suficiente por períodos
razoavelmente longos, permitindo operações de resgate e reduzindo o risco de
colapso estrutural no caso de incêndios (Metha e Monteiro, 1994).

Conforme descreve Bauer (2000), para temperaturas entre 200 e 300 °C, toda a
água capilar já se evaporou, a temperatura crítica do concreto quanto exposto ao
fogo é da ordem de 350 °C, quando inicia-se a formação de fissuras superficiais.

Em concretos de alta resistência, a baixa permeabilidade dificulta a saída do vapor


de água gerado, elevando a pressão próxima às superfícies. Nesses casos, se
existir grande quantidade de água evaporável, pode surgir o lascamento superficial
devido ao aumento da pressão de vapor no interior do concreto se dar numa
taxa maior que o alívio de pressão pela dispersão do vapor na atmosfera. Esse
fenômeno de lascamento das estruturas de concreto é denominado de spalling.

Apesar da ação do fogo sobre os materiais de matriz cimentícia ser um tipo de


degradação física, o aumento da temperatura pode provocar também alterações
na composição química da pasta de cimento. Lima et al (2004) salienta que as altas
temperaturas provocam transformações químicas importantes dos componentes
do concreto endurecido, e que o efeito combinado dessas transformações com o
aumento da tensões nos poros do concreto devido à evaporação da água, pode
produzir perdas significativas da capacidade portante.

Na ação do fogo em materiais cimentícios e sua degradação, há ainda outro fator


a ser considerado: a forma como se extinguem os incêndios. O jato de água que
é lançado sobre o material provoca nele um choque térmico, e a re-hidratação do
Ca(OH)2 se dá com inchamento do concreto provocando grande fissuramento.

Conforme descrito anteriormente, os mecanismos de degradação dos materiais


cimentícios pela ação do fogo, ainda que inicialmente, estejam relacionados ao
fenômeno físico de aumento da temperatura e evaporação da água, não ocorrem
separadamente de transformações químicas nos componentes da pasta de
cimento.

No caso de concreto, um material polifásico, com zonas de transição entre a pasta


de cimento e agregados, e possibilidade de se utilizar diferentes materiais na
mistura, temos ainda um campo mais complexo das alterações que podem ocorrer
por variação de temperatura, devido a expansões por transformações químicas ou
dilatações diferenciais entre os agregados e a pasta de cimento.

4.2 Causas químicas de deterioração do concreto


A deterioração dos materiais cimentícios pode ocorrer por diversos mecanismos
químicos que variam de acordo com o meio ao qual o material está exposto.
Segundo o Comitê 201, do American Concrete Institut –ACI, dentre os mecanismos
269 UNIUBE
de deterioração do concreto que afetam a matriz cimentícia estão: o ataque ácido,
o ataque de sulfatos, a lixiviação e a carbonatação.

Segundo Val (2007), os efeitos de soluções agressivas podem ser classificados


da seguinte forma:

Tipo I - lixiviação do hidróxido de cálcio;


Tipo II - reações entre soluções e compostos que podem ser lixiviados do
concreto;
Tipo III -
reações resultando na cristalização de compostos secundários,
gerando forças de expansão e desagregação do concreto;
Tipo IV - cristalização de sais das soluções de ataque, causando desagregação
do concreto;
Tipo V - corrosão das armaduras.

A seguir, serão detalhadas as formas de degradação química e as consequências


de cada tipo de ataque à estrutura do cimento.

Ataque ácido
O crescimento das atividades urbanas e industriais nos últimos 30 anos contribuiu
para a disseminação das fontes produtoras de ácido em contato com estruturas
feitas com o uso de cimento. Entre as substâncias ácidas que atacam severamente
as estrutura, destacam-se as soluções minerais, como os ácidos sulfúrico, nítrico,
clorídrico e fosfórico e orgânicas, como o ácido lático e acético.

Pesquisando

Quais as indústrias e atividades humanas mais geradoras de resíduo ácido?

A ação de soluções ácidas acontece pela conversão dos compostos de cálcio em


sais de cálcio formados a partir do ácido agressor (ZIVICA e BAJZA, 2001). Em
geral, os cimentos Portland não oferecem boa resistência aos ácidos; contudo,
há uma tolerância a alguns ácidos mais fracos, especialmente se a exposição for
eventual (LIMA et al, 2007).

A velocidade e intensidade de degradação dependem da solubilidade e


concentração do ácido e da duração do contato, e acarreta reações do tipo II em
praticamente todos os compostos do cimento Portland (VAL, 2007).
270 UNIUBE

Relembrando
Compostos do cimento hidratado
• Silicato de cálcio Hidratado (CSH) – 50-60% volume de sólidos
• Hidróxido de Cálcio – 20-25% volume de sólidos
• Sulfoaluminato de Cálcio – 15-20% volume de sólidos
• Grãos de clínquer não hidratados

O hidróxido de cálcio presente na pasta de cimento endurecida confere a essa


pasta um caráter extremamente básico, com pH superior a 13 (VAL, 2007). Assim,
além da reação entre os compostos do cimento e os ácidos, o próprio pH da
solução acarreta uma deterioração do concreto na medida em que ocorre uma
queda progressiva do seu pH devido à reação entre a solução ácida e o Ca(OH)2,
tendo como produtos da reação sal mais água.

Como resultado do ataque ácido, o sistema poroso do cimento endurecido é


destruído. Os compostos de cálcio formados são solúveis em água e podem ser
facilmente lixiviados, resultando em perda da capacidade de ligação entre os
constituintes da pasta.

Ataque de Sulfatos
O ataque por sulfatos é caracterizado pela reação entre o íon sulfato e os
compostos hidratados do cimento. Os sulfatos (de cálcio, de sódio, de potássio e
de magnésio) são encontrados em solos ou em águas poluídas.

Os sulfatos em solução aquosa formam o ácido sulfúrico e este, como os ácidos


descritos anteriormente, reage primeiramente com o hidróxido de cálcio do
cimento, equação 1 formando o sulfato de cálcio

Como o material continua submetido ao ataque do H2SO4, os outros componentes


do cimento vão sendo decompostos e lixiviados. O sulfato de cálcio formado na
reação inicial reage com o aluminato de cálcio formando o sulfoaluminato de cálcio
(etringita), reação do tipo III, que, com a cristalização, pode causar expansão do
material e sua fissuração (VAL,2007).

A etringita formada é denominada secundária para se diferenciar da etringita


formada na faze inicial da hidratação do concreto. As moléculas de água
incorporadas para a formação desse composto são responsáveis pelo aumento
de volume do produto formado.
271 UNIUBE
Este aumento de volume conduz a fissuras e perdas de resistência e durabilidade
da pasta de cimento. A diminuição do pH devido à lixiviação dos componentes
alcalinos do cimento também é um agravante para a deterioração do material.

Segundo Val (2007), a escolha adequada do tipo de cimento utilizado, além


de redução da penetração da solução para o interior do elemento, é a forma
encontrada para se reduzir o impacto do ataque. Para estruturas sujeitas ao ácido
sulfúrico, deve-se usar cimento com teor de aluminato tricálcico inferior a 8%, por
apresentar taxa de C3A de aproximadamente 4%, sendo também recomendável
fazer uso de cimento aluminoso ou de cimento com adição de escória de alto-
forno ou de pozolana.

Lixiviação
A lixiviação ocorre por ação de águas puras, carbônicas agressivas e ácidas que
dissolvem e carreiam os compostos hidratados da pasta de cimento (LIMA et al ,
2007).

Águas puras têm habilidade de dissolver alguns compostos hidratados da pasta


de cimento, principalmente o hidróxido de cálcio e o C-S-H. A lixiviação desses
íons das soluções dos poros para a superfície acontece devido aos processos de
dissolução e difusão (GLASSER et al, 2008).

A lixiviação provoca um contínuo decréscimo da concentração de cálcio e hidróxido


da região não afetada para a zona exposta do material. Isto causa a difusão dos
íons de cálcio e hidróxido da solução aquosa nos poros do cimento para a solução
agressiva e, consequentemente, diminui a concentração de cálcio nos poros.

Este fenômeno afeta as estruturas em contato direto ou prolongado com águas


puras ou ácidas como barragens e redes de abastecimento de água. Segundo
Lima et al (2007), o sintoma básico desse fenômeno é uma superfície sem a pasta
superficial, com eflorescências de carbonato, com elevada retenção de fuligem
e com risco de aumentar a quantidade de fungos e bactérias. Como resultado,
observa-se também uma diminuição do pH do extrato aquoso dos poros superficiais
da pasta, além do crescimento da porosidade e permeabilidade.

As eflorescências são identificadas como manchas brancas na


superfície das estruturas de concreto

O uso de materiais cimentícios complementares combinados com a cura adequada


do cimento diminui a permeabilidade do concreto e modificam a cinética da reação
reduzindo o transporte do cálcio (GLASSER et al, 2008).
272 UNIUBE

Carbonatação
Em condições normais de exposição, o CO2 atmosférico penetra no concreto reage
com o Ca(OH)2 diminuindo o pH de 13,5 para valores abaixo de 10 (PAPADAKIS,
VAYENAS, FARDIS, 1991). A equação 2 é a equação geral da carbonatação e
pode ser descrita por três etapas (DA SILVA, 1998).

Ca(OH) 2 +CO 2 → CaCO 3 + H 2 O (equação 2)


CO 2 + H 2 O → H 2 CO 3 (equação 3)
2H 2 CO 3 +Ca(OH) 2 → Ca(HCO 3 ) 2 +2H 2 O (equação 4)
Ca(HCO 3 ) 2 +Ca(OH) 2 → 2CaCO 3 +2H 2 O (equação 5)

Na primeira etapa (equação 3), o gás carbônico atmosférico é dissolvido na água


intersticial do concreto formando o ácido carbônico.

Na segunda etapa (equação 4), o ácido carbônico reage com o hidróxido de cálcio
originando bicarbonato de cálcio e água.

Na equação 5, a terceira da carbonatação, o bicarbonato de cálcio e o hidróxido de


cálcio dão origem, em uma reação de dupla troca, a carbonato de cálcio e água.

Dessa forma, divide-se o processo da carbonatação em duas etapas: a molhada


e a seca. A etapa molhada é o ataque químico do ácido carbônico aos cristais
instáveis de hidróxido de cálcio. Já a etapa seca consiste no transporte de água
saturada com hidróxido de cálcio até as zonas de menor pressão onde a água
evapora e o carbonato de cálcio precipita.

A velocidade de carbonatação decresce com o tempo, pois os carbonatos formados


tendem a depositar-se nos poros da pasta, obturando-os.

Sob essa nova alcalinidade, a proteção da armadura é destruída e, em presença


de umidade e oxigênio, dá-se início à corrosão mas, estando em condições
atmosféricas normais, a carbonatação não é prejudicial à matriz cimentícia .

No entanto, quando as condições de exposição de materiais cimentícios se


diferem das condições normais descritas anteriormente, o processo carbonatação
se torna um mecanismo de degradação da pasta de cimento.

Durante o armazenamento geológico do gás carbônico em poços de petróleo,


por exemplo, o CO2 se encontra em estado supercrítico, ou seja, acima de sua
temperatura crítica e pressão crítica.
273 UNIUBE

Ampliando o conhecimento

Armazenamento geológico do gás carbônico


O armazenamento geológico consiste na injecção, após captura do CO2, na sua
forma condensada numa formação rochosa subterrânea. As principais opções
são:

- Jazidas de petróleo e gás: as formações rochosas que retêm ou que já


retiveram fluidos (como as jazidas de petróleo e gás) são candidatos
potenciais para o armazenamento.

- Formações salinas: à semelhança das jazidas de petróleo e gás é possível


também injectar CO2 em jazidas salmoura.

- Camadas de carvão inexploradas: é possível a injecção em camadas de


carvão que não venham a ser exploradas, dependendo sempre da sua
permeabilidade.

(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_carbono)

O CO2 em estado supercrítico apresenta relativamente alta densidade, baixa


viscosidade e baixa tensão superficial, apresentando um grande potencial para
penetrar nos pequenos poros da pasta de cimento, aumentando a sua reatividade
e acelerando, assim, as reações normais de carbonatação na pasta endurecida.

A degradação da pasta de cimento por CO2 supercrítico se caracteriza, então, pela


dissolução dos compostos hidratados do cimento. De maneira mais detalhada, na
presença de excessiva quantidade de CO2, o carbonato de cálcio é convertido em
bicarbonato de cálcio, que pode migrar para fora da matriz da pasta. O bicarbonato
de cálcio dissolvido pode reagir com o hidróxido de cálcio formando carbonato de
cálcio e água.

A liberação de água pode dissolver mais bicarbonato de cálcio, resultando na


lixiviação, aumento da porosidade e permeabilidade e decréscimo na resistência
à compressão (COSTA et al, 2008).

Logo que o Ca(OH)2 é totalmente consumido, o CaCO3 inicia a sua dissolução na


forma de bicarbonato com um grande decréscimo do pH da solução dos poros.
Devido a isto, o C-S-H e os componentes anidros (fases C3S ou C2S) remanescentes
no cimento se dissociam na forma sílica amorfa , com características de elevada
porosidade e baixa resistência mecânica (Kutchko et al., 2007 apud COSTA et al,
2008).
274 UNIUBE

Reação álcali-agregado
As reações álcali-agregado (RAA) são reações químicas envolvendo íons
alcalinos do cimento Portland (NaOH e KOH) e certos constituintes mineralógicos
dos agregados. Esse tipo de reação ocorre com agregados compostos de sílica
amorfa ou carbonatos.

Essa reação se manifesta pela expansão e fissuração do concreto, devido a


reação da sílica (ou carbonato) com os álcalis do concreto gerando um gel que na
presença de água é expansivo.

Pesquisando

A reação álcali-agregado proporcionou diversas pesquisas no Brasil.


Muitas barragens brasileiras apresentaram problemas de deterioração
devido à RAA.

Pesquise trabalhos acadêmicos ou estudos de caso que relatam a


incidência de RAA em barragens.

Não se esqueça de compartilhar com seus colegas e preceptor os


resultados de sua pesquisa e suas observações.

4.3 Causas de deterioração da armadura


A corrosão das armaduras é uma reação entre o metal e o ambiente no qual ele
se encontra. Esse processo deteriora gradativamente o metal e implica na perda
de seção das barras e formação de produto expansivo no interior do concreto ao
redor das armaduras.

A corrosão tem, como consequência, uma diminuição da seção de armadura e


fissuração do concreto. Eventualmente, podem surgir manchas avermelhadas
produzidas pelos óxidos de ferro. As fissuras ocorrem porque os produtos da
corrosão ocupam espaço maior que o aço original.

As causas são variadas, entre as quais destacam-se a insuficiência ou má


qualidade do concreto do recobrimento da armadura e o contato com íons cloretos.

Mas, como funciona o processo de corrosão?


275 UNIUBE
A corrosão da armadura se dá pela formação de pilhas eletroquímicas no interior
do concreto. Essas pilhas são formadas por uma região onde ocorre a reação
de oxidação, chamada de região anódica, e uma segunda região onde ocorre a
redução do oxigênio, região catódica.

No ânodo são liberados íons de ferro e elétrons. No cátodo, esses elétrons


são utilizados na redução do oxigênio formando as hidroxilas. As hidroxilas se
combinam com os íons de ferro formando hidróxidos expansivos.

Reação anódica
Fe ⇔ Fe+2 + 2e-
Reações catódicas: 
O2 + 2H2O + 4e- ⇔ 4OH-
2H+ + 2e- ⇔H2

Os produtos da corrosão produzem esforços no concreto gerando fissuras ao


longo do comprimento das barras. As aberturas vão aumentando com o decorrer
do processo corrosivo e a corrosão pode levar ao lascamento da camada
superficial de concreto, perda de aderência entre aço e concreto e redução da
seção transversal da armadura.

A influência do cobrimento da armadura na corrosão das armaduras


O cimento hidratado possui um pH de aproximadamente 13. Este pH protege
o aço contra a corrosão. Porém, como explicado anteriormente, o hidróxido de
cálcio do concreto reage com o gás carbônico da atmosfera, reduzindo para 10 o
pH da massa do concreto, tornando possível a corrosão da armadura.

O tempo que a carbonatação leva para atingir a profundidade onde se encontra


o aço depende, mantidas todas as demais condições constantes, da espessura
do recobrimento e de sua permeabilidade. Esta pode ser associada à resistência
mecânica do concreto (que depende do fator água/cimento) e ao grau de
compactação.

Dobrando a espessura do recobrimento, multiplica-se por quatro o período de


tempo que a carbonatação levará para atingir a armadura.

O crescimento do fator água/cimento provoca uma elevação exponencial na


velocidade de carbonatação do concreto. A profundidade de carbonatação de
concretos com mesma idade, feitos com fator água/cimento 0,5, podem ser 1/3 da
observada em concretos com fator água/cimento 0,8.
276 UNIUBE

A influência dos íons cloretos na corrosão das armaduras


Os íons Cloretos são altamente agressivos para as estruturas de concreto armado
pois são capazes de destruir a camada passivadora do aço, mesmo em ambientes
com alta alcalinidade. Os cloretos podem estar presentes na água de amassamento
e, eventualmente, nos agregados. Em regiões próximas ao mar ou em atmosferas
industriais, só cloretos penetram no concreto durante a fase de uso.

Quando o concreto já se encontra no estado endurecido, o ingresso de íons


cloretos na estrutura acontece somente quando este está dissolvido em água. Isto
é explicado pelo fato das dimensões dos cristais de cloretos serem usualmente
muito maiores que as dimensões da rede de poros do concreto, impossibilitando
a sua entrada.

Uma vez dissolvidos, os cloretos infiltram-se no concreto através de mecanismos


de penetração de água e transporte de íons, como: absorção (ou sucção capilar),
migração de íons, difusão de íons e permeabilidade.

Não há corrosão em concretos secos (ausência de eletrólito) e tampouco em


concreto totalmente saturado, devido não haver suficiente acesso de oxigênio. Em
tais condições, só haverá dissolução do aço da armadura, se houver intensidade
de corrente suficiente para realizar a eletrólise da água gerando, assim, oxigênio
extra, pois sempre existe água no concreto e, geralmente, em quantitativo
suficiente para atuar como eletrólito, mormente quando este está em presença de
climas úmidos.

5. Durabilidade das estruturas de concretos especiais


O cimento é hoje o segundo material mais consumido no mundo, em primeiro
lugar se encontra a água. Desde sua descoberta pelo inglês Aspdin até o uso atual
em concretos, o processo de fabricação do cimento, bem como os métodos de
utilização do material, evoluam significativamente.

Segundo Campos (2006), a partir da década de 70, os cimentos passaram por


alterações radicais em suas características. Nessa época, surgem as adições
nos concretos e o aumento da finura do material. Tais modificações levaram a
resultados muito favoráveis à resistência mecânica da mistura.

Naturalmente, a evolução dos cimentos ampliou as possibilidades de utilização do


concreto. Além de ser empregado como material resistente para vencer grandes
vãos e grandes alturas; o custo, a estética, a durabilidade e a maneira como
esse concreto será executado passam a ter maior importância na sua escolha
(dosagem).

Isso quer dizer que o concreto hoje deve atender a critérios específicos de cada
tipo de obra, justificando as pesquisas e o estudo dos “concretos especiais”.
277 UNIUBE
Se o concreto convencional é a mistura de cimento (aglomerante), areia (agregado
miúdo), brita (agregado graúdo) e água; os concretos especiais são a otimização
dessa mistura buscando melhorar características específicas do material.

Esses concretos podem ser produzidos introduzindo na mistura convencional aditivos


ou adições que modifiquem alguma propriedade do material. Alguns concretos ditos
especiais melhoram as suas características no estado fresco, como facilidade de
lançamento e adensamento.

Outros são dosados para modificar as características do concreto no estado


endurecido, tais como a resistência mecânica ou o peso próprio (massa específica).
Existem ainda concretos especiais que foram “criados” a partir de uma necessidade
puramente arquitetônica (estética).

A seguir, serão apresentados alguns concretos com finalidades e características


específicas.

6. Concreto colorido
O concreto já mostrou ser um material versátil usado em diversas obras arquitetônicas
com os mais variados contornos. Além de ter sua textura e forma valorizada, o concreto
pode agregar maior valor estético à edificação por meio da adição de pigmentos.

O uso de pigmentos em pavimentos ou elementos estruturais aparentes dispensa a


aplicação de revestimentos, podendo trazer economia, agilidade e menor exigência
de manutenção à obra.

No Quadro 1, são apresentados os principais tipos e sua composição química.

De uma forma resumida, um pigmento é um produto que não é solúvel ao meio em que
é aplicado, desta forma pode ser utilizado em concretos e argamassas, sem serem
lavados pela água das chuvas.

Quadro 1: Pigmentos utilizados no concreto colorido

Cor Componente Fórmula

Vermelho Óxido de ferro α - Fe 2 O 3


Fonte: adaptado de Bayferrox, 2010.

Amarelo Óxido de ferro α - FeOOH

Preto Óxido de ferro Fe 3 O 4

Mistura de α
Marrom Óxido de ferro Fe 2 O 3 ,α − FeOOl e/ou Fe 3 O 4

Verde Óxido de cromo Cr2 O 3

Azul Óxido de cobalto Co (Al, Cr)2 O 4


278 UNIUBE
Os pigmentos podem ser de origem orgânica ou inorgânica. Os inorgânicos são mais
recomendados por apresentar menor quantidade de finos e maior durabilidade. O
tipo adequado de pigmentos inorgânicos a ser utilizado na construção civil deve
ser resistente à:

• intempéries;
• alcalinidade;
• variações de pH;
• variações de temperatura;
• lixiviação por água.

Desta forma, o uso de óxidos, principalmente os de Ferro, Cobalto e Cromo, é o


meio mais adequado para a coloração de itens na construção civil.

Durante a fabricação de peças, utilizando concreto colorido, é necessário tomar


certos cuidados para garantir a qualidade do elemento. Um dos grandes problemas
que podem ocorrer é diferença de tons em uma mesma peça.

Embora qualquer cimento possa ser utilizado para a confecção de concreto colorido,
deve-se evitar o uso de marcas diferentes de cimento na concretagem de um
mesmo componente, pois podem apresentar tonalidades distintas em função do
seu processo produtivo. Deve-se, ainda, realizar o adensamento cautelosamente
para evitar que possíveis juntas sejam feitas em cores diferentes.

Em termos de patologia, a eflorescência é uma das principais ameaças ao concreto


colorido, já que o fenômeno pode comprometer bastante a estética da superfície.
Em muitos casos, a alternativa é o uso de aditivos inibidores de eflorescência.
Outro recurso é o desgaste da peça para a retirada da nata superficial com aditivos
retardadores e jato de areia.

6.1 Aplicações do concreto colorido


a) Argamassas:

• de rejuntamento;
• de revestimento;
• projetada;
• de Assentamento.

b) Artefatos:

• pisos de concreto intertravado;


• pisos de concreto colorido integral;
• telhas de concreto;
• telhas de amianto;
• blocos de concreto;
279 UNIUBE
• blocos de solo-cimento;
• painéis de revestimento pré-moldados;
• peças especiais: elementos vazados, pré-fabricados de concreto, bancos de
concreto, guias de concreto.

c) Concreto:

• dosado em central concreteira;


• estampado;
• asfáltico;
• pré-moldados.

Exemplos de aplicação dos concretos coloridos:

Em Curitiba-PR, uma escola descobriu que o concreto pode ser utilizado também
com fins pedagógicos. Em uma área de 145 m², o pavimento se transformou em
um mapa-múndi, com blocos intertravados. O projeto resultou em um equipamento
para atividades educacionais para crianças. Assim, blocos com dupla camada,
resistência superior a 35 MPa e 6 cm de espessura compõem o painel. Oito
diferentes cores fazem a caracterização dos continentes e oceanos e, para tornar
os tons mais vivos e definidos, foi utilizado cimento branco.

Excluindo a pavimentação, os exemplos mais recentes de aplicação desse tipo


de recurso são empreendimentos que prezam pela diferenciação arquitetônica,
como o Hotel Unique, em São Paulo. No local, uma mesma parede possui cores
diferentes (vermelho e grafite) nos lados interno e externo, resultantes da aplicação
de concreto jateado colorido.

Curiosidade

Em 2010, o IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto), lançou um concurso entre


os estudantes de Engenharia Civil para testar a habilidade dos competidores na
produção do concreto colorido.

O 1º HPCC - High Performance Color Concrete – tem como objetivo moldar um


corpo-de-prova com concreto de alto desempenho colorido, com dimensões
preestabelecidas, que seja capaz de atingir altas resistências à compressão.

Que tal participar da próxima edição do concurso? Saiba mais em www.ibracon.


org.br
280 UNIUBE

7. Concreto branco
Em sintonia com a versatilidade atualmente exigida das estruturas, o concreto
branco é, juntamente com o concreto colorido, uma solução contra a “monotonia”
cinza do concreto convencional. Dentro desta nova exigência do mercado é que o
cimento branco estrutural acabou ganhando força.

O emprego do concreto branco se justifica, portanto, nas obras estruturais por


motivos estéticos, podendo-se eliminar o revestimento, bem como trabalhar com
texturas e pigmentos. No entanto, a definição de um traço para a produção de
concretos brancos, gera uma série de considerações que devem ser analisadas.

A começar pela própria produção do cimento branco, a presença de Fe2O3,


Manganês (Mn), Cromo (Cr) e Titânio (Ti) é indesejável, pois afetam a cor da
mistura final. Essa seleção especial de matéria-prima encarece o processo de
fabricação do cimento branco.

Em relação às características químicas, tanto o cimento Portland cinza, quanto o


branco, são constituídos basicamente pelos mesmos compostos.

Relembrando
Composto do cimento
As matérias primas básicas do cimento (a argila e o calcário) quando
calcinadas (submetidas a altas temperaturas) dão origem aos seguintes
compostos:
• silicato tricálcico -C3S – também chamado de alita;

• silicato bicálcico - C2S – também chamado de belita;

• aluminato tricálcico - C3A – também chamado de aluminato;

• ferro aluminato tetracálcico - C4AF – também chamado de ferrita.

Existem no mercado dois tipos de cimento Portland branco: o estrutural e o não


estrutural. O estrutural é usado em estruturas de projetos arquitetônicos, e possui
as classes de resistência 25, 32 e 40 MPa. O não estrutural é utilizado para
rejuntamento de ladrilhos cerâmicos, argamassas entre outras com funções não
estruturais.
281 UNIUBE
A natureza do agregado e sua granulometria também são características que
afetam a mistura do concreto de concreto branco. Deve-se preferencialmente
selecionar e caracterizar adequadamente os agregados a empregar, estabelecendo
um controle de aceitação rígido, com vistas a reduzir os riscos de alterações na
homogeneidade da mistura e, principalmente, na aparência do produto final.

Para facilitar o controle da aparência superficial do concreto deve-se optar por


agregados mais claros. Dados os altos volumes e custos de transporte, as
possibilidades de escolha de agregado são influenciadas pela localização da
região de produção do concreto. Em cada região do Brasil, a escolha do agregado
adequado deverá ser efetuada analisando a disponibilidade de materiais e as
exigências de acabamento estabelecidas para a obra.

Em resumo, para a produção do concreto branco, os materiais utilizados devem


ser escolhidos com especial cuidado quanto à tonalidade e limpeza.

Economicamente, analisando o custo dos materiais, o concreto branco é mais


caro que os concretos convencionais. O preço unitário do cimento branco é similar
ao do cimento cinza, porém a necessidade de se utilizar agregados selecionados
pode acarretar maiores gastos associados à sua produção e transporte.

Em troca deste maior custo, se ganha a possibilidade de manipular a cor do


material. Isto permite ganhos de natureza estética e favorece a utilização do
material em situações onde se possa fazer uso da cor para sinalização ou para
delimitação de áreas.

Embora as estruturas de concreto branco exijam cuidados adicionais que


geram custos, a superfície final das peças tem uma qualidade tão boa que evita
retrabalhos, remendos ou necessidade de revestimentos ou pintura.

Desta forma, o maior custo inicial pode ser parcialmente compensado pela
dispensa de atividades de acabamento e redução das atividades de manutenção.

7.1 Aplicações do concreto branco


No ano de 2002, em São Paulo, foi executado um condomínio totalmente em
concreto de cimento branco. Nesta obra, decidiu-se pela exposição do agregado
branco por meio de jato de areia, o que mudou o resultado estético.

O projeto do Museu Iberê Camargo, na cidade de Porto Alegre, combina forma e


cor, dando origem a um volume que se molda à encosta do morro onde se localiza
o museu.
282 UNIUBE

Parada obrigatória

Acesse o site do museu Iberê Camargo e confira as fotos da construção ( http://


www.iberecamargo.org.br).

A primeira grande obra pública do país a adotar o concreto branco foi a ponte Irineu
Bornhausen, reinaugurada em 2004, na cidade de Brusque. O projeto substituiu
a antiga ponte, por uma estrutura estaiada, com vão livre maior. A nova estrutura
tem 90 metros de extensão por 14 metros de largura, e vão livre de 60 metros.

Para a construção desta ponte foram consumidas 5 mil toneladas de concreto


branco, atingindo resistência de 50 MPa. O concreto branco foi escolhido por
agregar novas qualidades à obra, levando em conta a sua beleza estética.

8. Concreto com utilização de resíduos


A indústria da construção civil é uma grande geradora de resíduo. Apesar dos
esforços para a redução da geração de entulhos através da implantação de
programas de qualidade e otimização do uso dos materiais de construção civil, as
atividades da engenharia civil ainda geram muito entulho.

A utilização desses resíduos pela própria indústria da construção civil é uma solução
viável para reduzir a disposição desse material em aterros. Esta solução vem se
tornando cada vez mais importante e diversas pesquisas referentes ao assunto
estão sendo desenvolvidas para se conhecer e melhorar o comportamento dos
materiais de construção feitos a partir de resíduos.

Segundo a Resolução 307, do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente),


os resíduos de construção civil são: “os provenientes de construções, reformas,
reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação
e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em
geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros,
argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação
elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliças ou metralha”.

A Resolução 307, de 5 de julho de 2002, do CONAMA – Conselho Nacional do


Meio Ambiente, classifica os resíduos da construção civil da seguinte forma:
283 UNIUBE
a) Classe A
São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis com agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras


obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplenagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes


cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e
concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em


concreto (blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros de obra.

b) Classe B
São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plástico, papel/
papelão, metais, vidros e outros.

c) Classe C
São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/
recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso.

d) Classe D
São os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como:
tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de
demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais
e outros.

8.1 Utilização dos resíduos na construção civil


O resíduo proveniente da construção civil pode ser adicionado aos concretos e
argamassas de cimento Portland de várias maneiras, abaixo apresentadas:

- como agregado miúdo para argamassa;


- como agregado miúdo para concreto;
- como agregado graúdo para concreto.

O entulho processado pelas usinas de reciclagem se utilizado como agregado para


o concreto não estrutural, a partir da substituição dos agregados convencionais
(brita e areia), apresenta as seguintes vantagens:

• utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos, argamassas,


materiais cerâmicos, areias, pedras etc.), sem a necessidade de separação
de nenhum deles;
• economia de energia no processo de moagem do resíduo (em relação a sua
utilização em argamassa), uma vez que, usando-o no concreto, parte do
material permanece com granulometria graúda;
284 UNIUBE
• possibilidade de utilização de uma maior parcela do entulho produzido,
como o proveniente de demolições e de pequenas obras que não suportam
o investimento em equipamentos de moagem/trituração.

8.2 Dificuldades encontradas para o emprego dos resíduos em


concretos

Apesar da existência de normas técnicas no Brasil (ABNT, 2004) que regulamentam


o emprego dos agregados de resíduos de construção e demolição (RCD) reciclados
em concretos, existem diversas especificidades que tornam difícil essa utilização.

a) Triagem do RCD

As normas técnicas que discutem o emprego de agregados de RCD reciclados


em concretos estruturais exigem que estes sejam constituídos quase que
exclusivamente do resíduo de concreto. Na prática, só é possível a obtenção
de agregados de RCD reciclados constituídos de concreto com o uso de
demolição seletiva que separa, na origem, o concreto dos demais resíduos
minerais de classe A das demais classes.

No Brasil, mesmo com a aplicação integral da resolução 307 do CONAMA, será


difícil a obtenção de agregados reciclados que atendam a essa exigência, uma
vez que essa resolução não prevê a segregação entre as diferentes frações
dos resíduos minerais da classe A, misturando os resíduos de concreto e de
alvenaria.

b) Variabilidade dos agregados de RCD

As normas de agregados reciclados propõem a classificação dos agregados


gerados nos seguintes tipos: agregados de concreto, alvenaria e misto, com
o objetivo de reduzir a variabilidade das propriedades, entre os diferentes
lotes, facilitando o emprego dos agregados de concreto na produção de novos
concretos.

No entanto, embora exista uma melhora na homogeneidade dos agregados,


ela não é suficiente, uma vez que existem concretos com propriedades
muito distintas que, processados, vão gerar agregados reciclados bastante
diferentes.

c) Insuficiência dos métodos de controle de qualidade

As normas para uso de agregados graúdos de RCD reciclados em concretos


impõem limites máximos de presença de outras fases minerais que não o
concreto, tais como argamassa, cerâmica vermelha etc., e controlam valores
285 UNIUBE
mínimos da massa específica aparente média ou máximos de absorção de
água. Esses valores não permitem estabelecer uma relação clara entre as
propriedades dos agregados de RCD reciclados e as propriedades mecânicas
dos concretos produzidos.

A determinação do teor das diferentes fases minerais presentes nos


agregados, prevista nas normas, é realizada por catação manual, baseada
em inspeção visual. Esse método é trabalhoso, demorado, caro e sujeito a
erro por desatenção ou fadiga.

d) Necessidade de controle no processamento do RCD mineral

A reciclagem da fração mineral do RCD é um processo de tratamento de


minérios constituído pela sequência de operações unitárias, com o objetivo
de, a partir de uma matéria-prima de composição variável, produzir um
concentrado com qualidade física e química adequada à sua utilização pela
indústria de transformação (metalúrgica, química, cerâmica vidreira, concreto,
pavimentação etc.)

As variações na forma de processamento influenciam não somente a remoção


de frações indesejáveis no processo – como fração não mineral, gesso, vidro
e outros – mas também em aspectos críticos, como teor de finos.

8.3 Utilização do concreto com agregados reciclados


Nações tecnologicamente desenvolvidas, como Estados Unidos, Holanda, Japão,
Bélgica França e Alemanha, entre outras, têm pesquisado o assunto intensamente
visando padronizar os procedimentos adotados para obtenção dos agregados,
atendendo, desta forma, limites que permitem atingir um padrão mínimo de
qualidade.

A Comunidade Europeia, em especial, já executou, desde 1998, um número


considerável de obras em concreto obtido a partir de agregados reciclados de
concreto e de alvenaria.

No Brasil, a massa de resíduos de construção dos últimos anos, tem obrigado


as administrações municipais de maior porte a adotar algum tipo de solução. O
município de Belo Horizonte, cidades do interior paulista, assim como Londrina, no
Paraná, têm recorrido à reciclagem como forma de equacionar seus problemas.

O material reciclado vem demonstrando bom desempenho quando utilizado em


obras urbanas. Com a implantação de usinas de reciclagem é possível obter
custos vantajosos para a utilização desses resíduos em concretos para:
• base de pavimentos;
• produção de artefatos pré-moldados em concreto (guias, sarjetas, tubos de
concreto).
286 UNIUBE

Saiba mais

Você pode saber mais sobre a utilização de resíduos na construção civil acessando
o site do Programa de Tecnologia de Habitação – HABITARE. (www.habitare.org.br)
No site, é possível acessar a Coleção Habitare, cujo volume 4 é dedicado à utilização
de resíduos na construção habitacional.

9. Concreto com fibras


O concreto é um material que apresenta limitações quanto ao uso estrutural.
Sem o uso de armaduras, o concreto tem baixa resistência à tração devido a sua
natureza frágil.

Relembrando
Material Frágil
Um material frágil é aquele que se rompe com pequena ou nenhuma deformação.
Ex.: cerâmicas e concretos.

Para minimizar as restrições estruturais do concreto, utiliza-se comumente o aço.


O aço, em conjunto com o concreto, forma o material composto “concreto armado”
que apresenta maior resistência à tração. Outra forma de melhorar o desempenho
do concreto é através da adição de fibras durante o processo de mistura.

O Concreto Reforçado com Fibras é uma mistura de cimento Portland, agregados


e fibras descontínuas misturadas. As fibras são elementos de reduzida seção
transversal e comprimento padrão.

As fibras melhoram as propriedades do concreto endurecido, pois reduzem a


velocidade de propagação das fissuras. Isso decorre do fato das fibras estarem
distribuídas de forma aleatória no material, funcionando como barreiras em
diferentes direções. O concreto passa a ter um comportamento “não frágil”,
melhorando a capacidade resistente da estrutura após a fissuração.

O papel das fibras é o de atravessar as fissuras, que se formam no concreto,


seja quando sob a ação de cargas externas ou quando sujeito à mudanças na
temperatura ou na umidade do meio ambiente.

Os mais diversos materiais podem ser utilizados para a fabricação das fibras:
aço, vidro, náilon, carbono, sisal etc. Algumas dessas fibras têm módulo de
287 UNIUBE
elasticidade maior que o do concreto, outras têm módulo de elasticidade menor
que o do concreto.

A eficiência do concreto reforçado com fibras depende da escolha e dosagem


do material utilizado como reforço. Cada tipo de fibra tem resistência e módulo
de elasticidade específico e, portanto, apresentam comportamento mecânico
específico. Além disso, na dosagem do concreto, deve haver compatibilidade
dimensional entre os agregados (dimensão máxima) e as fibras (comprimento).

9.1 Tipos de fibras disponíveis


Fibras Naturais – Exemplos: bambu, juta, malva, coco, piaçava, sisal, linho,
celulose e cana de açúcar.

Apesar de algumas destas fibras atingirem grandes resistências e módulo de


elasticidade, a durabilidade dos concretos dosados com fibras vegetais constitui-
se em um grande problema. Por serem materiais naturais, a exposição destas
fibras a ambientes úmidos e alcalinos é responsável por sua rápida deterioração.

Curiosidade

As fibras naturais são utilizadas na construção civil há muito tempo.

A Taipa de mão, ou pau-a-pique, é uma técnica antiga de construção em que as


paredes são armadas com madeira ou bambu e preenchidas com barro e fibra.

A matéria-prima consiste em trama de madeira ou bambu, cipó ou outro material para


amarrar a trama, solo local, água e fibra vegetal, como capim ou palha.

É utilizada para erguer parede estrutural ou como vedação.

Fibras Poliméricas – Os polímeros, dependendo de sua estrutura química,


apresentam comportamentos diferentes.

Dos diferentes tipos de fibras que fazem parte deste grupo, podem ser destacadas
as fibras de polipropileno, polietileno, poliéster e poliamida (nylon).

As fibras de polipropileno são constituídas de um tipo de material polimérico


denominado termoplástico. Este material adquire uma consistência plástica com
o aumento da temperatura. Possuem grande flexibilidade e tenacidade em função
de sua constituição.

O reforço de fibras de polipropileno tem entre as suas funções a de controlar


288 UNIUBE
a fissuração causada por mudanças de volume em matrizes de concreto. São
utilizadas principalmente em pisos industriais.

As fibras de polietileno apresentam baixo módulo de elasticidade e, assim como


as de polipropileno, são fracamente aderidas à matriz cimentante e possuem alta
resistência ao ataque dos álcalis. Podem ser encontradas no mercado sob a forma
de monofilamentos picados ou malhas contínuas.

O poliéster é um polímero que apresenta valores altos de densidade, rigidez e


resistência, conferindo tais características às fibras feitas deste material. Estas
fibras possuem aspecto muito similar às fibras de polipropileno e podem ser
utilizadas para as mesmas aplicações.

As fibras de poliamida geralmente possuem baixas resistência e rigidez, dado que


suas moléculas são espiraladas e dobradas. Contudo, se estas moléculas forem
esticadas e reforçadas durante o processo de manufatura, altas resistências e
módulos de elasticidade podem ser alcançados.

Fibras Minerais – A família das fibras minerais é composta por fibras de carbono,
vidro e amianto.

As fibras de carbono têm diâmetros variando na ordem de 5 a 10 μm e são


formadas por agrupamentos que chegam a conter até 20.000 filamentos. Estas
fibras podem ser divididas em duas categorias principais: fibras de alta resistência
e fibras de alta rigidez. As fibras de alta resistência possuem resistência à tração
de, aproximadamente, 2,4 GPa e módulo de elasticidade de 240 GPa, enquanto
as fibras de alta rigidez apresentam resistência à tração da ordem de 2,1 GPa e
módulo de elasticidade de 420 GPa.

As fibras de vidro são geralmente confeccionadas na forma de “cachos”, ou seja,


fios compostos de centenas de filamentos individuais e justapostos. O diâmetro
destes filamentos individuais é da ordem de 10 μm.

As fibras de amianto apresentam ótimas características mecânicas, se comparadas


às demais fibras disponíveis no mercado, com resistência à tração média da ordem
de 1 GPa e módulos de elasticidade em torno de 160 GPa.

Entretanto, sua utilização na construção civil é proibida porque esta fibra libera
partículas muito pequenas que danificam os alvéolos pulmonares, se aspiradas
pelo homem.

Fibras Metálicas – Dentre a família das fibras metálicas, as mais comuns são as
fibras de aço. Seu formato pode ser bastante variável, com o objetivo de aumentar
a aderência com a matriz cimentante.

O concreto reforçado com fibras de aço vem sendo utilizado com sucesso em
289 UNIUBE
pavimentos e concreto projetado. O sucesso deste nestas aplicações se deve
a sua boa capacidade de absorção de energia durante a ruptura ou, em outras
palavras, a sua tenacidade.

O principal papel das fibras no concreto reforçado com fibras de aço é agir como
ponte de transferência de tensões através das fissuras.

9.2 Aplicações do concreto com fibras


O concreto reforçado com fibras pode ser utilizado em diversos tipos de obras,
destacando-se o reforço de base de fundações superficiais, reforço de pavimentos
industriais e concreto projetado para revestimento de túneis e taludes.

Concreto para Pavimentos


No Brasil, o uso de fibras em pavimentos industriais já é muito popular. Algumas
vantagens tecnológicas do uso de fibras de aço em pavimentos:

• elimina a etapa de colocação das telas metálicas;


• economia de espaço na obra, pois não é necessário estocar a armadura;
• facilidade de execução de juntas de dilatação;
• maior facilidade de acesso ao local da concretagem, podendo-se, em alguns
casos, atingir o local de lançamento do concreto com o próprio caminhão
betoneira.

Concreto Projetado para Túneis


O concreto projetado reforçado com fibras de aço é um dos recentes
desenvolvimentos alcançados para a execução do revestimento de túneis. Ele
apresenta uma série de vantagens quando comparado ao reforço da tela metálica,
dentre elas a velocidade de execução e a possibilidade de se aplicar o concreto
projetado imediatamente após a escavação.

As fibras podem ainda ser empregadas nos concretos pré-moldados utilizados


para o revestimento de túneis. Nesse caso, o uso das fibras de aço aceleram
o processo de produção, eliminando (ou diminuindo) a etapa de montagem das
armaduras.

10. Concreto Projetado


Concreto projetado é um concreto transportado por tubulações e projetado a
alta velocidade sobre uma superfície. Os concretos e argamassas projetados
apresentam grande versatilidade, no entanto, ele é mais indicado para os casos
onde a colocação de fôrmas seja muito trabalhosa e em obras que necessitem
de grande velocidade de execução, tais como contenção de taludes, reparos e
reforços estruturais, impermeabilizações, túneis e outras obras subterrâneas.
290 UNIUBE
As principais vantagens do concreto projetado em relação ao concreto aplicado de
forma convencional são:

- baixa relação água/cimento;


- alta resistência e rápido ganho de resistência;
- alta resistência e baixa permeabilidade;
- melhor aderência a um substrato adequadamente preparado;
- aplicação rápida e econômica de grandes volumes;
- redução ou eliminação do custo de formas;
- facilidade de acesso a áreas restritas.

Os concretos projetados são classificados de acordo com o seu processo de


produção: por via seca ou por via úmida. Esta classificação dá-se em virtude do
processo de projeção influenciar intensamente as propriedades do material, tais
como resistência mecânica, reflexão de material projetado, formação de poeira e
desplacamento.

Os processos de projeção diferenciam-se pelo local de adição da água à mistura.


Na projeção por via seca, a água é adicionada somente no bico de projeção, através
de um anel umidificador. Já, no processo por via úmida, a água é misturada aos
agregados e ao cimento antes da mistura ser introduzida na máquina de projeção.

Os componentes básicos do equipamento para a projeção de concretos e


argamassas são: máquina de projeção (bomba ou canhão), compressor de
ar, misturador (betoneira), bomba de água, mangueiras e bico de projeção. O
equipamento pode dispor ainda de alimentador e dosador de aditivos.

A execução de estruturas em concreto projetado pode apresentar quatro defeitos


bastante comuns: laminação, oclusão de material refletido, efeito de “sombra”
e alterações na superfície do produto final. Tais defeitos reduzem a resistência
mecânica do material, bem como sua durabilidade.

A laminação corresponde à formação de camadas com características diferentes,


resultando num produto final anisotrópico e de durabilidade reduzida. Esse defeito
pode ser decorrente do próprio modo de jateamento do material, da utilização de
mão de obra pouco qualificada ou supervisão inadequada e da mistura incorreta
dos materiais secos.

A oclusão de material decorre da reflexão: os agregados refletidos, ao invés de


se precipitarem no chão, aderem-se às barras da armadura, às fôrmas e aos
cantos. Ao se projetar sobre as superfícies onde este material está aderido, eles
se incorporam à camada de concreto projetado, formando um material poroso
e com carência de finos. Tais regiões apresentam então baixa resistência e alta
291 UNIUBE
permeabilidade. Estas falhas devem ser removidas preferencialmente antes do
seu endurecimento.

O efeito de “sombra” está relacionado à projeção sobre armaduras. Uma projeção


inadequada, decorrente de uma distância de projeção incorreta ou o uso excessivo
de aditivos aceleradores, provoca a formação de vazios atrás das barras da
armadura. Isto é essencialmente perigoso, pois facilita a exposição do aço a
agentes agressivos, que podem provocar sua corrosão. O efeito de “sombra” é
mais intenso em projeções sobre barras de maior diâmetro.

Um quarto defeito que pode surgir em peças moldadas em concreto projetado é a


existência de imperfeições superficiais.

11. Concreto compactado a rolo

11.1 Concreto compactado com rolo para pavimentos


Trata-se de um concreto de consistência seca, aplicado por espalhamento manual
ou mecânico (espalhador, motoniveladora ou pá carregadeira) e compactado com
rolo vibratório liso, equipamentos usuais de pavimentação.

O concreto compactado com rolo (CCR) é empregado em sub-base de concreto


para a construção de pavimentos rígidos de estradas de rodagem.

11.2 Concreto Compactado com Rolo para Barragens


Devido à sua consistência seca possibilita que camadas de concreto possam
ser lançadas imediatamente após o adensamento da camada anterior, gerando
rapidez e economia na construção.

Em projetos e construções de barragens de concreto, é reconhecida a importância


da elevação da temperatura do concreto devido ao calor de hidratação e à
subsequente retração e fissuração que ocorre no resfriamento. A fissuração
de origem térmica pode ser uma das responsáveis pelo comprometimento da
estanqueidade e estabilidade estrutural da barragem.

O desenvolvimento desta metodologia é resultante da necessidade de se projetar


barragens de concreto que possam ser construídas de forma mais rápida e
econômica, em relação àquelas construídas pelos métodos convencionais,
mantendo-se os requisitos de projeto como integridade, estanqueidade,
durabilidade.

A utilização do concreto compactado com rolo mostra-se vantajosa por diversas


razões:
292 UNIUBE
• baixo consumo de cimento, pois pode ser usado concreto muito mais magro;
• custo com fôrmas é menor devido ao método de lançamento das camadas;
• o aumento de temperatura é pequeno, o que torna desnecessário o uso de
tubos de resfriamento;
• custo de transporte é pequeno, pois utiliza caminhões basculantes;
• rapidez na construção.

11.3 Aplicações do CCR


No Brasil, a primeira aplicação do concreto compactado com rolo foi efetuada em
1976 para a construção de piso nas instalações industriais do canteiro de obras
da barragem de Itaipu.

A primeira obra inteiramente de CCR projetada e construída na América Latina


foi a barragem para irrigação de Saco de Nova Olinda, Paraíba, em 1986. A obra
necessitou de 138.000 m³ de concreto, concluída em 110 dias.

Em 1996, a barragem da Derivação do Rio Jordão, no estado do Paraná, foi


concluída com altura máxima de 95 m e 570.000 m³ de CCR, a mais alta deste
tipo no Brasil.

Também foi concluída, em 1998, a barragem da Usina Hidrelétrica de Salto Caxias,


com 67 m de altura e 945.000 m³ de concreto, a de maior volume de CCR do país.
Em ambas, foram colocados instrumentos que permitissem o acompanhamento
e avaliação de seu comportamento durante a construção e ao longo da sua
operação.

A tecnologia do concreto compactado com rolo tem sido empregada na construção


de barragens ao redor do mundo, tanto em locais com clima ártico como tropical,
sujeitos às variações sazonais de temperatura correspondentes.

12. Concreto massa


O concreto massa é definido como um grande volume de concreto com dimensões
largas. Em geral, é utilizado em estruturas de grande volume, como por exemplo,
viga, pilar, estaca, comporta ou barragem. Devido a esse grande volume, o
concreto massa necessita de cuidados especiais para combater a geração de
calor e posterior mudança de volume.

Devido ao calor de hidratação e à subsequente retração e fissuração do concreto,


é importante na utilização do concreto massa exigir um controle da temperatura
do concreto.
Esse controle ajuda a evitar o surgimento de fissuras que possam danificar a
estrutura, ocasionando, inclusive, a ruptura de estruturas consolidadas.
293 UNIUBE
A utilização do concreto massa requer ainda cuidados com as variações ambientais,
as alturas de camadas de concretagem, as velocidades e temperaturas de
lançamento e o espaçamento das juntas de contração entre blocos da barragem.

Duas práticas de construção são usadas no controle do aumento da temperatura em


estruturas de concreto de grande volume: a pré-refrigeração ou pré-resfriamento e
a pós-refrigeração ou pós-resfriamento.

A pré-refrigeração consiste na refrigeração dos agregados graúdos, uso de água


gelada e gelo na fabricação do concreto. De modo geral, quanto mais baixa a
temperatura do concreto ao passar da fase plástica para a fase elástica, menor a
tendência de fissuração.

A pós-refrigeração é efetuada pela passagem de água gelada ou ar frio em


tubulações deixadas embutidas no concreto. O primeiro maior uso da pós-
refrigeração do concreto em obra foi na construção da barragem de Hoover, nos
anos 30. A pós-refrigeração teve como objetivo contrair os pilares de concreto
que compunham a barragem a um volume estável, além de controlar o aumento
de temperatura. O resfriamento foi conseguido com a circulação de água fria em
tubos de aço com paredes finas mergulhados no concreto.

É possível utilizar todos os tipos de cimentos para a produção dos concretos massa
de barragens. No entanto, em virtude da evolução das temperaturas do material,
os cimentos devem ser submetidos a uma série de ensaios físico-químicos,
incluindo a determinação do calor de hidratação e dos álcalis solúveis em água.

Segundo a ABCP, os cimentos Portland do tipo pozolânico (CP IV) e os cimentos


de escória de alto forno (CP III) apresentam menor calor de hidratação, sendo
preferíveis para a produção do concreto massa.

Cimentos Portland, que contêm relativamente mais C3A (aluminato tricálcico) e


C3S (silicato tricálcico) apresentam maior calor de hidratação do que os cimentos
mais grossos, com menos C3S e C3A (MEHTA e MONTEIRO, 1994).

O cronograma executivo e o planejamento da produção, transporte, lançamento


e adensamento do concreto são fatores de extrema importância com relação à
dosagem, uma vez que influem na escolha das características do concreto massa.

12.1 Aplicação do concreto massa


A primeira das grandes barragens do mundo, Hoover, inaugurada na era das
Barragens, utilizou cimento Portland ASTM Tipo IV, de baixo calor de hidratação
(consumo de cimento de 233 kg/m³). A barragem de Hoover (1935), nos Estados
Unidos, possui 2,4 milhões de metros cúbicos de concreto e foi pós-resfriado pela
circulação de água gelada através de tubos embutidos.
294 UNIUBE
As primeiras utilizações de concreto massa convencional em barragens brasileiras
datam do início do século XX, quando várias barragens do tipo gravidade
destinadas tanto ao abastecimento de água quanto à geração de energia elétrica,
foram construídas.

Situada no rio Paraná, a usina hidrelétrica Ilha Solteira é composta de estruturas


de concreto e barragens de terra e terra-enrocamento. Iniciada em maio de
1965, a construção de Ilha Solteira representou um grande desafio para seus
empreendedores, dados os inúmeros problemas operacionais e tecnológicos
determinados pelo projeto e pelas dimensões da obra.

Pesquisando
Barragens de concreto
Até esse ponto do capítulo, já foram apresentados os tipos de concreto mais
utilizados em barragens:
• concreto compactado com rolo;
• concreto massa.

Pesquise quais dessas alternativas estão sendo utilizadas em duas grandes


usinas hidrelétricas brasileiras em fase de construção:
• UHE Jirau
• UHE Santo Antônio

13. Concreto estrutural leve


O concreto estrutural leve é produzido com a utilização de agregados leves
junto à matriz cimentícia. O emprego de agregados leves ocasiona mudanças
significativas nas propriedades dos concretos, como trabalhabilidade, resistência
mecânica, módulo de deformação, retração e fluência, além da redução da
espessura da zona de transição entre o agregado e a matriz de cimento.

Os concretos estruturais leves são caracterizados pela redução da massa


específica, consequência da substituição de parte dos materiais sólidos por ar.
Os concretos leves estruturais podem conter somente agregado leve ou uma
combinação de agregados leves e normais.

Os agregados leves utilizados na produção desse tipo de concreto podem ser


classificados em naturais ou artificiais.

Os naturais são obtidos por meio da extração direta em jazidas, seguida de


classificação granulométrica. A pedra-pome e as rochas ígneas vulcânicas
(pumicita, escória ou tufo) são exemplos de agregados leves naturais.

Os agregados leves artificiais são obtidos em processos industriais, como a


295 UNIUBE
sinterização e o forno rotativo. Como exemplo, têm-se argilas, folhelhos, escórias
expandidas, ardósia, diatomita, vermiculita, escória de alto forno e cinza volante.

A argila expandida é amplamente utilizada na fabricação de concretos. Esse é o


produto obtido por aquecimento de alguns tipos de argila na temperatura em torno
de 1200 °C.

O concreto leve estrutural pode ser aplicado nos mais diferentes setores da
construção civil, como, por exemplo, nos sistemas construtivos pré-fabricados,
plataformas marítimas flutuantes, pontes e edificações de múltiplos andares.

A ampla utilização dos concretos leves deve-se, além da redução da massa


específica do concreto, à redução dos esforços na estrutura das edificações, à
economia com fôrmas e cimbramento, bem como à diminuição dos custos com
transporte e montagens com construções pré-fabricadas.

Como é possível produzir concreto estrutural utilizando agregado


leve e de baixa resistência?

Para compreender como é possível produzir materiais resistentes com agregados


de relativas baixas resistências, é importante entender a interação entre os
agregados e a matriz de pasta de cimento, e as concentrações de tensão que se
desenvolvem com agregados comuns.

Os agregados de massa específica normal são muito mais rígidos e fortes do que
a mistura da pasta de cimento, resultando que altas concentrações de tensões
ocorrem na interface da pasta de cimento com o agregado, onde o material é mais
fraco.

O concreto leve de alta resistência completamente curado contém partículas


de agregado com uma rigidez quase comparável à rigidez da matriz da pasta
de cimento. Além disso, esses agregados possuem uma melhor ligação entre a
superfície e a matriz da pasta de cimento.

Esta melhor ligação e a falta de concentração de tensão possibilitam o bom


desempenho do concreto leve como um material estrutural.

13.1 Aplicações do concreto com agregados leves


As primeiras indicações da aplicação dos concretos com agregados leves datam,
aproximadamente, 3000 anos (1100 a.C), quando construtores pré-colombianos
(atual México) utilizaram uma mistura de pedra pome com um ligante à base de
cinzas vulcânicas e cal para a construção de elementos estruturais.
296 UNIUBE
Os concretos com agregados leves também foram utilizados pelos romanos, com
a intenção de reduzir as cargas nas estruturas, combinando aglomerante à base
de cal e rochas vulcânicas. Uma das principais construções com concreto leve da
época romana foi a reconstrução do Panteão de Roma.

O início da utilização de concretos de cimento Portland com agregados leves


ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial, com a construção de embarcações
com concreto leve, utilizando xisto expandido. A resistência à compressão
apresentou valores acima de 30 MPa e massa específica em torno de 1700 kg/m³.

Em plataformas marítimas flutuantes, o concreto leve proporciona melhoria das


características de flutuação durante o transporte e a utilização. A plataforma
petrolífera South Arne, construída em 1999, na Dinamarca, de massa específica
de 1850 kg/m³, representa um exemplo de aplicação do concreto leve.

A utilização dos concretos leves na construção de pontes possibilita a redução das


dimensões dos elementos estruturais e torna possível o aumento dos vãos entre
os pilares. Para estruturas moldadas in loco, a redução dos custos atinge até 15%
do valor da obra.

A construção do tabuleiro da ponte São Francisco-Oakland Bay, em 1936, resultou


na economia de 3 milhões de dólares de aço. Outro exemplo de aplicação, trata-
se da ponte Stovset, construída em 1997, na Noruega, com vão de 220 m.

A aplicação dos concretos leves em construção de lajes nos edifícios de múltiplos


andares moldados in loco reduzem o peso próprio da estrutura e aumenta a
proteção da propagação de incêndio entre os andares. O edifício Library Tower,
nos EUA, com altura de 310 m, apresentou resistência à compressão de 28 MPa.

No Brasil, dentre as aplicações do concreto estrutural leve, está o pavilhão de


exposições do Anhembi, em São Paulo.

14. Concreto pesado


Os concretos pesados são produzidos com o uso de agregados pesados naturais.
Enquanto que a massa específica dos concretos normais varia de 2300 a 2500
kg/m³, a massa específica dos concretos com agregados pesados está na faixa
de 3360 a 3840 kg/m³.

O concreto pesado é normalmente usado para blindagem nas usinas nucleares,


nas unidades médicas e nas instalações de testes de pesquisa atômica, pois
possui características necessárias para blindar os raios X e os raios gama.

Outros materiais podem ser utilizados com esta finalidade, mas o concreto é
normalmente o mais econômico. Além disso, o concreto pesado tem propriedades
mecânicas satisfatórias e tem relativamente baixo custo de manutenção.
297 UNIUBE
Paredes maciças de concreto convencional também podem ser utilizadas com a
finalidade de blindagem. Entretanto, o uso de concreto pesado reduz a espessura
da blindagem ampliando o espaço útil. (MEHTA e MONTEIRO, 1994).

Os agregados graúdos mais comuns utilizados para a confecção dos concretos


pesados são citados na Tabela 2. Dentre eles, destacam-se a barita, a magnetita
e a hematita.
Devido ao elevado peso específico das partículas de agregado, deve-se ter cuidados
especiais na dosagem da mistura. Para isso, é desejável que tanto o agregado
miúdo quanto o agregado graúdo sejam produzidos com rochas e minerais de alta
massa específica, fatores que diminuem a segregação do concreto.

A forma e a textura áspera das partículas dos agregados britados conferem ao


concreto pesado a característica de ser mais áspero. Para corrigir esse problema,
é costume usar areia fina em maior proporção do que no concreto convencional e
um teor de cimento superior a 360 kg/m³.

Quadro 2: Composição e massa específica de agregados pesados.

Composição química Massa específica do Massa unitária


Tipo de agregado
do mineral principal mineral puro (kg/m³) típica (kg/m³)

Waterita BaCO3 4290 2320

Barita BaSO4 4500 2560

Magnetita Fe3O4 5170 2720

Hematita Fe2O3 4900 – 5300 3040

Lepidocrocita
Óxido de ferro
Geotita hidratado contendo de 3400 – 4000 2240
8 a 12% de água
Limonita

Ilmenita FeTiO3 4720 2560

Fosfetos de ferro Fe3P, Fe2P, FeP 5700 – 6500 3680

Agregados de aço Fe 7800 4480

Fonte: Mehta e Monteiro, 1994.


298 UNIUBE

14.1 Aplicações do concreto com agregados pesados


A primeira usina nuclear brasileira, Angra 1, opera desde 1985. Essa usina é capaz
de gerar energia suficiente para suprir uma capital como Vitória ou Florianópolis,
com 1 milhão de habitantes. A usina nuclear Angra 1 é um exemplo de aplicação
do concreto pesado.

15. Concreto autoadensável


O concreto autoadensável (CAA) é um concreto fluido caracterizado pela
facilidade de ser aplicado nas fôrmas sob ação exclusiva de seu peso próprio,
sem a necessidade de adensamento do material, garantindo o preenchimento de
todos os espaços vazios de maneira uniforme.

O concreto autoadensável é obtido com a introdução de adições e aditivos


químicos superplastificantes ao concreto, que proporcionam maior facilidade de
bombeamento, excelente homogeneidade.

Devido à capacidade de se autocompactar, esse material permite a concretagem


em regiões com grande densidade de armaduras, onde o uso de vibrador é
difícil, acabando com o risco de exposição do aço e consequente deterioração da
estrutura.

Outra característica importante do concreto autoadensável é o fato de ser produzido


nas mesmas centrais e com os mesmos materiais empregados na produção do
concreto convencional: brita, areia, cimento, adições e aditivos.

O aditivo denominado de superplastificante é o componente responsável pela


elevada fluidez da mistura. Devido à sua capacidade de redução de água,
o concreto se torna mais adequado para ser aplicado em áreas com pequena
acessibilidade ou com alta densidade de armadura.

O CAA também tem sido bastante utilizado em fôrmas com grande densidade de
armadura, fundações executadas por hélice contínua, lajes de pequena espessura
e elementos pré-fabricados.

15.1 Aplicações do concreto autoadensável


O concreto autoadensável foi desenvolvido no Japão, por volta de 1983. Foi
nesse país que em 1997, ocorreu uma das maiores aplicações do CAA com a
concretagem das ancoragens de concreto da ponte Akashi-Kaikyo.

A ponte metálica, inaugurada em 1998, com 1991 metros de vão livre, consumiu
nas ancoragens 290.000 m³ de concreto autoadensável. O aumento na velocidade
de execução e a dispensa de adensamento foram motivos importantes para a
utilização de CAA nesta obra. Nos dois blocos de ancoragem, utilizou-se 500.000
m³ de CAA, tendo alcançado um rendimento de aplicação de 1900 m³ / dia. O
299 UNIUBE
uso do CAA proporcionou uma diminuição no prazo de entrega da obra em,
aproximadamente, três meses.

No Brasil, a utilização do CAA em estruturas de concreto de edifícios de múltiplos


pavimentos vem permitindo acelerar o cronograma das obras. Obras públicas e
comerciais também estão utilizando o CAA para resolver problemas de cronograma
e logística.

Na Linha 4 – Amarela, do Metrô de São Paulo, por exemplo, foi utilizado o CAA
para a concretagem da laje de fundo dos poços Norte e Sul da estação da Luz.
Cerca de 8 mil m³ de concreto foram necessários para preencher a peça de mais
de 2 mil m² de área de superfície e cerca de 3,5 m de altura.

Em 2006, o Shopping Flamboyant, na cidade de Goiânia, passou por obras de


ampliação. O concreto autoadensável foi escolhido para proporcionar maior
velocidade na execução das lajes da nova estrutura, além de ser utilizado no
reforço de algumas fundações e pilares de concreto já existentes.

16. Concreto de alto desempenho


O concreto de alto desempenho (CAD) caracteriza-se por apresentar maiores
resistências mecânicas, ser mais durável com relação aos ataques de agentes
agressivos do ambiente e é mais trabalhável em obra do que o concreto
convencional. Apresenta ainda menores despesas com manutenção e reparos.

Quanto à sua dosagem, o CAD se diferencia do concreto convencional por


apresentar o consumo de cimento elevado, baixa relação a/c, utilização de aditivos
químicos redutores de água e adições minerais.

A utilização mais comum é nos pilares de edificações, em que geralmente são


obtidas reduções de áreas e volumes das peças estruturais, as quais proporcionam
ampliação da área útil das edificações, maior liberdade arquitetônica, agilidade na
construção em altura, maior reaproveitamento de fôrmas, redução da quantidade
de fôrmas, armação e concreto, menor encurtamento axial etc.

Outras aplicações do CAD são:


• edifícios em concreto- por reduzir tempo de execução, aumentar a área útil,
tornar a estrutura mais durável e proporcionar uma economia em torno de
20%;
• pontes e viadutos - permite maiores vãos, rapidez de execução e aumento
da vida útil, além de economia;
• soleiras de vertedouros de usinas hidrelétricas - devido a sua boa resistência
à abrasão;
• pisos industriais - indicado por ter alta resistência à abrasão bem como a
ataques químicos;
• obras marítimas - por se tratar de um material com permeabilidade próxima
de zero, é fortemente indicado o seu uso em ambientes agressivos;
300 UNIUBE
• recuperação de estruturas - pela sua grande aderência a superfícies de
concreto, dispensando a utilização de epóxi para união das superfícies;
• peças pré - moldadas - seu uso impõe agilidade à produção;
• concreto projetado - elimina o problema da reflexão no concreto projetado.

Sintetizando

CONCRETOS ESPECIAIS

Para cada tipo de obra de engenharia civil, é possível escolher e utilizar um


concreto que atenda às necessidades específicas de cada utilização.

São exemplos de concretos especiais estudados neste roteiro:

• Concreto Colorido;
• Concreto Branco;
• Concreto com utilização de resíduos;
• Concreto com Fibras;
• Concreto Projetado;
• Concreto Compactado com rolo;
• Concreto Massa;
• Concreto Leve;
• Concreto Pesado;
• Concreto autoadensável;
• Concreto de Alto Desempenho.

Referências
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NBR 6118 – Projeto e execução de obras de concreto
armado - Procedimento. Rio de Janeiro, Brasil. 2003.

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mecânicas da pasta de cimento utilizada em poços de petróleo
na presença de CO2 supercrítico. Rio Grande do Sul, 2008.

SILVA, T. J. Como estimar a vida útil de estruturas projetadas com


critérios que visam a durabilidade. Workshop sobre durabilidade
das construções, 2. ed. São José dos Campos, 2002.

IBRACON – Newsletter. Disponível em http://www.ibracon.org.


br/news/index_vida.htm Acesso em: 20 outubro 2009.

LIMA, R. C. A.; KIRCHHOF, C. A.; CASONATO, C. A.; SILVA


FILHO, L. C. P. Efeito de altas temperaturas no concreto. II
Seminário de patologia das edificações. Porto Alegre, 2004.

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: estrutura,


propriedades e materiais. São Paulo, Pini, 1994.

PAPADAKIS, V., VAYENAS, C., FARDIS, M. Fundamental


Modeling Investigation of Concrete Carbonation.
ACI Materials Journal/ July-August 1991.

VAL, J. G. Avaliação do desempenho de camada protetora em concreto


submetido a meio quimicamente agressivo. Escola de Engenharia
UFMG (DISSERTAÇÃO DE MESTRADO) Belo Horizonte, 2007.

ZIVICA, V.; BAJZA, A. Acidic attack of cement based materials _ a


review. Part 1. Principle of acidic attack. Construction and Building
Materials. Volume 15, Issue 8, Pages 331-340. Dezembro, 2001.

ZIVICA, V. Acidic attack of cement based materials _ a review. Part


3. Principle research and test methods. Construction and Building
Materials. Volume 18, Issue 9, Pages 683-688. Novembro, 2004.
302 UNIUBE

Atividades
Atividade 1
Descreva por que a durabilidade de uma estrutura está relacionada aos materiais
e à execução da estrutura.

Atividade 2
Descreva por que o excesso de água pode ser considerado um dos principais
agentes agressivos do concreto.

Atividade 3
Descreva as vantagens de se utilizar fibras de aço em pavimentos de concreto.

Atividade 4
De maneira simplificada, descreva como é produzido o concreto autoadensável.

Atividade 5
Descreva quais as principais vantagens do concreto compactado a rolo utilizado
em barragens.
303 UNIUBE

Referencial de Respostas

Capítulo de Estudo 1
Estruturas planas: fundamentações e vigas isostáticas

A seguir, são apresentadas as resoluções das atividades através das quais você
mesmo se autoavaliará. Caso não chegue na resposta correta, da primeira vez,
não desanime!! Tente novamente. Reestude e refaça o necessário!! Você é capaz!!

ATIVIDADE 1 - p.89
Aqui, o aluno utiliza da forma escrita e sintetizada, para fixação dos conteúdos
teóricos. É importante que se esteja com elevada concentração e disposição, para
que assimile da melhor forma os conteúdos novos que se apresentam.

ATIVIDADE 2 - p.89
No item 5, você encontra a classificação completa dos elementos estruturais,
segundo sua geometria e segundo a mecânica das estruturas. E nesta última
classificação, os elementos laminares são classificados em planos (placas – que
recebem cargas perpendiculares à sua superfície plana e chapas – que recebem
cargas paralelas ao plano que as contêm) e curvos (cascas – que possuem curvatura).

ATIVIDADE 3 - p.89
No item 6.5, você encontra as definições aqui solicitadas, de forma clara.
Procure explicar com suas próprias palavras, pois assim você se auto-avaliará
verdadeiramente, verificando se entendeu de fato.

ATIVIDADE 4 - p.89
No item 6.5.2, você encontra a resposta para esta questão. Sintetize as informações,
esquematizando e redigindo com suas próprias palavras os textos explicativos.

ATIVIDADE 5 - p.89
No item 6.5.2, você encontra a resposta para esta questão. Sintetize as informações,
esquematizando e redigindo com suas próprias palavras os textos explicativos.

ATIVIDADE 6- p.89
Estudando com bastante atenção o item 6.6, você estará apto a responder a esta
questão.
304 UNIUBE
ATIVIDADE 7 - p.89
Para cada estrutura aqui apresentada, serão realizados os cálculos referentes à
obtenção dos graus de estaticidade (g) e deslocabilidade interna (di) e externa
(de), com os respectivos comentários. Fique bastante atento às peculiaridades em
cada caso que se esteja analisando.

g = 3m – Ve – Vi = 3.4 – (1+2+1+3) –
(3+3+2)
= - 3 : 3x hiperestática
di = 1 (desprezo balanços e conto os nós
contínuos entre duas ou mais barras)

(a) de = 2n – b – Ve = 2.4 – 3 – (1+2+1+2)


= - 1: 1x superindeslocável
externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.3 – (2+1+3) – (3+2)


= - 2 : 2x hiperestática
di = 1 (desprezo balanços e conto os nós
contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.4 – 3 – (2+1+2)
= 0 : indeslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(b)

g = 3m – Ve – Vi = 3.5 – (1+3+1+2) –
(4+6)
= - 2 : 2x hiperestática
di = 1 (desprezo balanços e conto os nós
contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.6 – 5 – (1+2+1+2)
(c) = 1 : 1x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.5 – (2+2+3+3) –
(6+6)
= - 7 : 7x hiperestática
di = 2 (desprezo balanços e conto os nós
contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.6 – 5 – (2+2+2+2)
(d) = -1 : 1xsuperindeslocável
externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
305 UNIUBE

g = 3m – Ve – Vi = 3.2 – (2+2) – (2)


= 0 : isostática
di = 0 (desprezo balanços e conto os nós
contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.3 – 2 – 4
(e) = 0 : indeslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.5 – (2+2) – (4+4+2)


= 1 : 1x hipostática
di = 0 (desprezo balanços e conto os nós
contínuos entre duas ou mais barras)

(f) de = 2n – b – Ve = 2.5 – 5 – 4
= 1 : 1x indeslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.4 – (2+2+2) – (4+2)


= 0: isostática

di = 0 (desprezo balanços e conto os nós


contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.5 – 4 – 6
= 0 : indeslocável externamente
(g) (articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.4 – (1+2+1) – (4+3)


= 1 : 1x hipostática

di = 1 (desprezo balanços e conto os nós


contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.5 – 4 – (1+2+1)
= 2 : 2x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(h)
306 UNIUBE

g = 3m – Ve – Vi = 3.11 – (1+1+1) –
(6+4+3+8+8) = 1 : 1x hipostática

di = 3 (desprezo balanços e conto os nós


contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.7 – 7 –(1+1+1)
= 4 : 4x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

(i)

g = 3m – Ve – Vi = 3.10 – (3) –
(3+3+6+6+9+6+2) = - 8 : 8x
hiperestática

di = 5 (desprezo balanços e conto os nós


contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.8 – 10 – 2
= 4 : 4x deslocável externamente
(j) (articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.4 – (3) – (2+2+5)


= 0 : isostática
di = 1 (desprezo balanços e conto os nós
contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.4 – 4 – 2
= 2 : deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(k)
307 UNIUBE

g = 3m – Ve – Vi = 3.11 – (2+2) –
(2+6+5+6+2+4+4+4) = - 4 : 4x
hiperestática
di = 3 (desprezo balanços e conto os nós
contínuos entre duas ou mais barras)

(l) de = 2n – b – Ve = 2.8 – 11 – 4
= 1 : 1x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.7 – (3+3+3) –
(2+2+6+2+2) = - 2 : 2x hiperestática

di = 0 (desprezo balanços e conto os nós


contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.8 – 7 – 6
= 3 : 3x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(m)

g = 3m – Ve – Vi = 3.10 – (2+3+3+2)
– (2+6+2+2+2+6+2) = - 2 : 2x
hiperestática

di = 2 (desprezo balanços e conto os nós


contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.11 – 10 –
(2+2+2+2)
(n) = 4 : 4x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
308 UNIUBE

g = 3m – Ve – Vi = 3.8 – (3+3+3) –
(2+2+6+5+6) = - 6 : 6x hiperestática

di = 3 (desprezo balanços e conto os nós


contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.8 – 8 – (2+2+2)
= 2 : 2x deslocável externamente
(o) (articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.18 – (2+3+3+2) –
(2+6+2+6+9+6+6+8+6+3+3) = - 13 :
13x hiperestática

di = 6 (desprezo balanços e conto os nós


contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.13 – 18 –
(2+2+2+2)
= 0 : indeslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(p)

g = 3m – Ve – Vi = 3.10 – (3+2+3) –
(2+4+2+6+6+6) = - 4 : 4x hiperestática

di = 2 (desprezo balanços e conto os nós


contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.9 – 10 – (2+2+2)
= 2 : 2x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

(q)
309 UNIUBE

g = 3m – Ve – Vi = 3.15 – (3+1+3) –
(2+6+2+6+6+6+4+9+4) = - 7 : 7x
hiperestática

di = 4 (desprezo balanços e conto os nós


contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.12 – 15 – (2+1+2)
= 4 : 4x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

(r)

g = 3m – Ve – Vi = 3.29 – (3+3) –
(5+5+6+8+6+6+4+6+4+6+6+6+8+5+5)
= - 5: 5x hiperestática
di = 2 (desprezo balanços e conto os nós
contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.17 – 29 – (2+2)
= 1 : 1x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)

(s)

g = 3m – Ve – Vi = 3.11 – (3) –
(2+5+5+2+5+4+4+2) = 1 : 1x
hipostática
di = 3 (desprezo balanços e conto os nós
contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.9 – 11 – 2
= 5 : 5x deslocável externamente
(t) (articulo todos os nós e desprezo balanços)
310 UNIUBE

g = 3m – Ve – Vi = 3.12 – (2+1)
– (4+4+6+6+4+6+4) = - 1 : 1x
hiperestática
di = 0 (desprezo balanços e conto os nós
contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.7 – 12 – (2+1)
= - 1 : 1x indeslocável externamente
(u) (articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.14– (3) –
(4+6+4+4+4+6+8+2) = 1 : 1x
hipostática
di = 0 (desprezo balanços e conto os nós
contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.9 – 14 – 2
= 2 : 2x deslocável externamente
(v) (articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.13 – (2+1) –
(2+6+4+6+4+8+4+2) = 0 : isostática
di = 0 (desprezo balanços e conto os nós
contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.8 – 13 – (2+1)
= 0 : indeslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(w)

g = 3m – Ve – Vi = 3.9 – (3+3) –
(6+5+5+6+2)
= - 3 : 3x hiperestática
di = 2 (desprezo balanços e conto os nós
contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.7 – 9 – (2+2)
= 1 : 1x deslocável externamente
(articulo todos os nós e desprezo balanços)
(x)
311 UNIUBE

g = 3m – Ve – Vi = 3.8 – (2+2) –
(4+4+7+7)
= - 2 : 2x hiperestática

detalhe di = 2 (desprezo balanços e conto os nós


contínuos entre duas ou mais barras)

de = 2n – b – Ve = 2.6 – 8 – (2+2)
= 0 : indeslocável externamente
(y) (articulo todos os nós e desprezo balanços)

g = 3m – Ve – Vi = 3.11 – (2+2) –
(4+4+8+8+4+4) = - 3 : 3x hiperestática

di = 0 (desprezo balanços e conto os nós


contínuos entre duas ou mais barras)
detalhe

de = 2n – b – Ve = 2.6 – 11 – (2+2)
= - 3: 3x superindeslocável
externamente
(z) (articulo todos os nós e desprezo balanços)

ATIVIDADE 8 - p.93
5 kN 3,5 kN 4 kN/m
1 kN

2 kN/m

A E
B C S D

3,5 5,0 m 2,0 3,5


312 UNIUBE

10,5 2 4 ⋅ 3,5 3,5


∑M D =0 ⇒ 10,5VA = 5 ⋅ 7 + 3,5 ⋅ 2 + 2 ⋅10,5 ⋅
2
+2⋅ −
3 2

3
− 1 ⋅ 3,5 ⇒

VA = 13,52 kN

9,5 1 ⋅1 1
M
= S 13,52 ⋅ 9,5 − 5 ⋅ 6 − 3,5 ⋅1 − 2 ⋅ 9,5 ⋅ − =
⋅ 4,52 kNm
2 2 3

O sinal positivo do momento encontrado indica que ocorrerá tração na parte


inferior da viga.

Caminhando-se da esquerda para a direita, tem-se o cortante:

+ 13,52 - 8,5 - 2.9,5 - 1.1/2 - 14,48

Portanto, o cortante tem sentido para baixo, à esquerda da seção.

ATIVIDADE 9 - p.94
1,5 kN 3 kN/m

2 kN/m
1 kN

A B C D

3,0 6,5 m 2,0

Das equações de equilíbrio, por exemplo, somatório de momentos em B nulo e


somatório de forças verticais nula, obtêm-se as reações de apoio verticais e para cima:

VB = 13,13 kN e VA = 3,12 kN

Com isso, caminhando-se da esquerda para a direita, ou vice-versa, obtém-se o


diagrama de esforços cortantes, no qual está indicado o valor desse esforço para
a seção situada no meio do vão BC
313 UNIUBE
5,63

+
3,19
A B C D
DEC [kN]
-
-
1,5 - 1,0

4,12

7,5

Caminhando-se da esquerda para a direita, tem-se o cortante no meio de BC:

- 1,5 - 6,0 + 13,13 - 1,5.(6,5/2).(1/2) + 3,19

ATIVIDADE 10 - p.94
10 kN/m

5 kN/m 5 kN 20 kN

A H
B C D E G
F

4,0 m 1,0 3,0 0,5 0,5 1,0 1,0

Trecho FGH:

∑M H = 0 ⇒ RF ⋅ 2 = 20 ⋅1 ⇒ RF = 10 kN

∑F V = 0 ⇒ RF + VH = 20 ⇒ VH = 10 kN

Trecho CDEF:

∑M C =0 ⇒ VD ⋅ 3 = 5 ⋅ 3 ⋅1,5 + 5 ⋅ 3,5 + 10 ⋅ 4 ⇒ VD = 26,67 kN

∑F V =0 ⇒ RC + VD = 5 ⋅ 3 + 5 + 10 ⇒ RC = 3,33 kN
314 UNIUBE
Trecho ABC:

∑M = 0 A ⇒ VB ⋅ 4= 3,33 ⋅ 5 + 10 ⋅ 5 ⋅ 2,5 ⇒ VB= 35,41 kN

∑F = 0 V ⇒ VA + VB = 10 ⋅ 5 + 3,33 ⇒ VH = 17,92 kN
12,5

8,32
5,0
1,25
5,6
+ G
A H DMF [kN, m]
B C D E -
20,0 F
-

10,0
17,92 15,0
13,33

10,0
+
+ + 3,33 +
B D
H DEC [kN]
A C E F G
- - -

10,0
11,67

22,08
315 UNIUBE

Capítulo de Estudo 2
Deformações em Estruturas Isostáticas

ATIVIDADE 1 - p.148

Aplicando-se o P.T.V. para cálculo do momento fletor que solicita a seção S, deve-
se retirar o vínculo deste esforço em tal seção, ou seja, a seção S será articulada
e será representado o momento fletor na seção.

Quando da retirada do vínculo, a estrutura se tornou hipostática (uma vez) e para


ela é desenhada a elástica vertical (para vigas horizontais, não existe a elástica
horizontal) para, em seguida, ser aplicado o P.T.V.: τext = τint = 0. Em seguida,
apresentam-se os cálculos.
15 kN

6 kN/m 8 kN/m

5 kN.m
S

1,0 4,0 m 1,5 1,0 2,5

MS MS
L.G. de O2 O1 (1) (2) O2 S (3) O3

O12 O 23

L.G. de O3
L.G. de O2

O12

v2 = 1,07
W2 = 0,71
O1 W1= 0,27 O2 O3
v1 = 0,27
W1 = 0,27 W2 v3 = 0,71
W3 = 0,29

O 23 = S
316 UNIUBE

w 2 + w 3 = 1
 ⇒ w
= 2 0, 71 w
= 3 0, 29
 w 2 ⋅1= w 3 ⋅ 2,5
v =w ⋅ r ⇒ v 2 =w 2 ⋅1,5 =1, 07
v =w ⋅ r ⇒ v3 =w 2 ⋅1, 0 =0, 71

v =w ⋅ r ⇒ 1, 07 =w1 ⋅ 4, 0 =0, 27
v =w ⋅ r ⇒ v1 =w1 ⋅1, 0 =0, 27 ⋅1, 0 =0, 27

Aplicando o P.T.V.: τext = τint = 0

6 ⋅ 0, 27 6 ⋅1, 07 8 ⋅ 0, 71
+5 ⋅ ( w1 ) + 1 ⋅ − 4⋅ − 10 ⋅1, 07 + 3,5 ⋅ − MS ⋅ w 2 − MS ⋅ w 3 =
0
2 2 2

MS =
−11, 45 kN ⋅ m

Ou seja, o momento tem sinal contrário ao esboçado na resolução. Portanto, o


mesmo traciona a viga em sua região superior, ocorrendo, assim, tração em cima.

ATIVIDADE 2 - p.148
20 kN
5 kN/m 3 kN/m

A
B

3,0 m 1,0 1,0 2,0

O1 (1)

VB

V3 = 1,4
W1 = 0,20 V2 = 0,8 1,0 (imposto)
O1 v1 = 0,6
317 UNIUBE

v = w ⋅ r ⇒ 1, 0 = w1 ⋅ 5 = 0, 2 v = w ⋅ r ⇒ v1 = w1 ⋅ 3 = 0, 6

v = w ⋅ r ⇒ v 2 = w1 ⋅ 4 = 0,8 v = w ⋅ r ⇒ v3 = w1 ⋅ 7 = 1, 4

Aplicando o P.T.V.: τext = τint = 0

5 ⋅ 0, 6 2⋅3
−3 ⋅ − 20 ⋅ 0,8 + VB ⋅1, 0 − (1 + 1, 4 )= 0 ⇒ VB= 27, 7 kN
2 2
Portanto, o sentido considerado está correto e esse momento traciona a viga
embaixo.

ATIVIDADE 3 - p.148
O2
O2

w2=0,31
y=8m

O23
v4=2,48

(2)
MS (3)
O 12 = S v5 =3,45

MS S
v6=2,07
w3 =0,31
(1)
w1=0,69

O1 O3
O1 = O 3

w3=0,31
v1=1,38 w1=0,69 v2=1,55
w2=0,31 w3
v3=0,62
O 1= O2 O3
318 UNIUBE

8+ y =
10
= 2 ⇒ y =8 m
y 5

 w1 + w 2 = 1
 w1 0, 69 =
⇒ = w 2 0,31
 w1 ⋅ 5= w 2 ⋅11
v = w ⋅ r ⇒ v1 = w1 ⋅ 2 = 1,38
v = w ⋅ r ⇒ v 2 = w 2 ⋅ 5 = 1,55
v =w ⋅ r ⇒ 1,55 =w 3 ⋅ 5 ⇒ w 3 =0,31
v = w ⋅ r ⇒ v3 = w 3 ⋅ 2 = 0, 62
v = w ⋅ r ⇒ v 4 = w 2 ⋅ 8 = 2, 48
v = w ⋅ r ⇒ v5 = w1 ⋅ 5 = 3, 45
v = w ⋅ r ⇒ v 6 = w1 ⋅ 3 = 2, 07

Aplicando o P.T.V.: τext = τint = 0

4 ⋅1,55
5 ⋅ 0, 62 + 3 ⋅ 3, 45 + ( 7 ⋅ cos 45o ) ⋅ 2, 07 − ( 7 ⋅ sen45o ) ⋅1,38 − 10 ⋅ − M S ⋅ w1 − M S ⋅ w 2 =
0
2

MS =
−14,13 kN ⋅ m
Portanto, ocorre tração em cima.

ATIVIDADE 4 - p.149

Estado de Deslocamento:

8 kN/m

A C
B C D
2,0
B

VA = 25,71 kN B = ?
VC = 46,29 kN

3,0 4,0 m 2,0


319 UNIUBE
16 16
4
DMF [kN, m]
C

16
9

41,13 41,13

Estado de Carregamento:
F=1
A C
B C D

VA = 0,57 B
VC = 0,43

MC = 0
DMF [m]
C

1,71 1,71

τext = τint

1
=δC ∫ M=
EI est
c .M ⋅ dx

1  3, 61 3, 61 4, 47 ⋅1, 71 4, 47 
=  ⋅1, 71 ⋅ 41,13 + ⋅1, 71 ⋅ 9 + ( 2 ⋅ 41,13 − 16 ) + ⋅1, 71⋅16 
16800  3 3 6 3 

=δB 0, 014 m ≅ 14 mm
320 UNIUBE
ATIVIDADE 5 - p.149

Estado de Deslocamento:

8 kN/m

C
C = ?

D HD = 14,22
B

VD = 23,11

HA = 14,22 A

VA = 40,89

71
16

71 16

DMF [kN, m]
321 UNIUBE
Estado de Carregamento:
F =1

D HD = 0,44
B

VD = 0,22

HA = 0,44 A

VA = 0,78

2,2 MC = 0

2,2

DMF [m]

τext = τint

1
=δC ∫ M=
EI est
c .M ⋅ dx

1 5 4, 47 4, 47 
=  ⋅ 71 ⋅ 2, 2 + ⋅ 71 ⋅ 2, 2 − ⋅16 ⋅ 2, 2 
19400  3 3 3 
=δC 0, 023 m ≅ 23 mm
322 UNIUBE

Capítulo de Estudo 3
Pórticos planos e treliças isostáticas

Atividade 1 - p.196
Atividade essencialmente pessoal, tendo o próprio roteiro como referencial de
resposta.

Atividade 2 - p.196
Atividade essencialmente pessoal, tendo o próprio roteiro como referencial de
resposta.

Atividade 3 - p.196
Resolução:
323 UNIUBE

Atividade 4 - p.197
Resolução:

Atividade 5 - p.197
Resolução
324 UNIUBE

Atividade 6 - p.198
Resolução:

Atividade 7 - p.198
Resolução:
325 UNIUBE

Capítulo de Estudo 4
Concreto de alto desempenho – CAD

Atividade 1 - p.250
a) Podemos dizer que o CAD é um concreto com características especiais de
desempenho, às quais não poderiam ser obtidas apenas utilizando-se dos
materiais convencionais para produção do concreto.

b) O CAD é um concreto especial que associa à alta resistência a compressão,


a melhoria do desempenho, durabilidade e aumento da vida útil, possui em
sua composição aditivos e adições minerais, enquanto que o CC é constituído
basicamente por cimento, agregado miúdo e agregrado graúdo. O CC possui uma
resistência à compressão normal, um menor desempenho e consequentemente
menor durabilidade e vida útil em relação ao CAD.
c)
• estruturas mais esbeltas com redução de seção de pilares, maiores vãos,
aumento da área útil das edificações;
• maior velocidade de execução;
• redução do cronograma com o aumento da resistência nas primeiras idades
e outros.
• aumento da durabilidade;
• aumento da vida útil;
• capacidade de fornecer melhor resistência ao desgaste superficial;
• baixa permeabilidade dentre outros.
d) Passo 1: Determinação da resistência
Resistência à compressão prevista de 90 MPa.
Resistência Média Consumo máximo
Resistência
prevista (MPa) de água (Kg/m³)
C 90 145

Passo 2: Teor de água


Para a resistência média definida o consumo máximo de água é de 145 Kg/m3.

Resistência Média Consumo máximo


Resistência
prevista (MPa) de água (Kg/m³)
C 90 145

Passo 3: Escolha do aglomerante


O volume da pasta de aglomerante é 35% da mistura do concreto e é definido
conforme resistência definida anteriormente.
326 UNIUBE

Água (m³) Ar (m³) Total de material


Resistência CP + AS (m³)
cimentício (m³)
0,145 0,02 0,1649 +
C 0,1850
0,0201
CP – Cimento Portland e AS – sílica ativa

Passo 4: Escolha do teor de agregado


O volume total de agregado é igual a 65% do volume do concreto e definido na
tabela, a seguir, conforme resistência definida anteriormente.

Nível de Relação volumétrica dos


Resistência agregados miúdos : graúdos
C 1,90 : 3,10

Passo 5: Cálculo da massa da mistura


A massa dos constituintes da mistura é definida para cada tipo de concreto e
resistência adotados.

Total Agregado Agregado Peso


CP SA Relação
Resistência Água graúdo miúdo total
(Kg) (Kg) a/a
(Kg) (Kg) (Kg) (Kg)
C 518 45 145 1076 655 2438 0,26

Passo 6: Teor de superplastificante


Anota-se o consumo de aglomerantes da mistura conforme cálculo do passo 5.
Para esse exemplo o consumo de aglomerantes da mistura é de 563 Kg/m3, ou
seja, 518 Kg de cimento Portland + 45 Kg de sílica ativa.
Assim, serão necessários 5,63 Kg de aditivo superplastificante por metro cúbico
de concreto.
Para um aditivo de naftaleno de densidade de 1,12 g/cm3 e 42% de sólidos tem-
se:
• 1,12 g/cm3 = 1120 Kg/m3 – para cada metro cúbico de aditivo, tem-se 1120
Kg;

• para 5,63Kg de aditivo, tem-se 0,00503 m3;

• para 0,00503 m3, tem-se 5,03 litros de aditivo por metro cúbico;

• para 5,63 Kg de aditivo, tem-se 2,365 Kg de sólidos (referente à 42% da


especificação informada);
• 2,365 Kg de sólidos corresponde a 0,42% em relação aos 563 Kg de
aglomerante da mistura, portanto, abaixo de 1% requerido para o método.
327 UNIUBE
Passo 7: Ajuste da umidade
Para o aditivo – não será considerada a quantidade de água constante no aditivo
para fins de ajuste da umidade da mistura.
Para o agregado – se houver uma umidade de 4,5% no agregado miúdo, faz-se o
seguinte ajuste:
• para os 655 Kg de agregado miúdo, deve-se acrescentar 4,5% de massa,
resultando 685,86 Kg de agregado miúdo – 655 / 0,955 = 685,86 Kg ou 686
Kg (arredondado);
• dos 685,86 Kg, deve-se retirar 4,5% correspondente ao peso da água,
resultando 30,86 Kg – 685,86 x 0,045 = 30,86 Kg
Ajustes a ser realizados para 1 m3 de concreto:
 massa calculada de agregado miúdo – 655 Kg;

 massa ajustada de agregado miúdo para 4,5% de umidade encontrada –

686 Kg;
 massa de água encontrada – 145 Kg;

 massa ajustada de água – 145 - 30,86 = 114,14 Kg ou 114 Kg (arredondado).
Passo 8: Ajuste da mistura experimental
Após a dosagem e durante a mistura, deve-se fazer os ajustes para alcançar
a consistência desejada e posteriormente realizar os ensaios para verificar o
atendimento às solicitações de projeto.
Resultado Final: Quantidade de materiais obtida para 1 m3 de concreto de
alto desempenho

Total Agregado Agregado Peso


CP SA Relação
Resistência Água graúdo miúdo total
(Kg) (Kg) a/a
(Kg) (Kg) (Kg) (Kg)
C 518 45 114 1076 686 2438 0,26
*Aditivo químico de naftaleno – 5,63 litros.

Capítulo de Estudo 5
Durabilidade das estruturas de concreto e concretos especiais

Atividade 1 - p. 302
A durabilidade da estrutura depende de fatores relacionados à qualidade
do concreto como relação a/c e cobrimento das armaduras, mas também
está sujeita às condições em que foram empregados estes materiais e às
328 UNIUBE
condições de exposição às quais a estrutura estará exposta.
O mesmo traço de concreto, e os mesmos materiais podem dar origem a estruturas
duráveis se executados corretamente, ou a estruturas que manifestem problemas
de degradação precocemente devido à execução equivocada da estrutura em
concreto.

Atividade 2 - p. 302
A água está presente em basicamente todos os processos de degradação
químico e físico do concreto. Ela funciona pode trabalhar como agente direto de
deterioração, como no caso do congelamento, ou de forma indireta, permitindo
que sais dissolvidos reajam com agentes agressivos.

Atividade 3 - p. 302
As fibras permitem eliminar, ou reduzir, o uso de armaduras (telas soldadas) em
pavimentos. Com isso, gera-se uma economia na estocagem e execução dos
serviços de armação. Outra vantagem do ponto de vista da execução é que, com
o uso de fibra, o local de concretagem fica mais fácil de ser acessado, permitindo
que a concretagem seja feita com o próprio caminhão betoneira.

Atividade 4 - p. 302
O concreto autoadensável é obtido com a introdução de adições e aditivos
químicos superplastificantes ao concreto, que proporciona maior facilidade de
bombeamento, excelente homogeneidade.

Atividade 5 - p. 302
O concreto compactado a rolo, utilizado em barragens, possui baixo consumo de
cimento, não necessita de fôrmas, reduz o calor de hidratação liberado durante a
pega e diminui o tempo de construção.

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