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ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO REINVENTA UM MERCADO

TRADICIONAL: O CASO DO FITNESS


PINHEIRO, Ivanor Antônio; PINHEIRO, Rodrigo Reszka

Mariano Ceratti
Faculdade Meridional IMED
Passo Fundo – RS

A primeira vista, adoção de administração científica do trabalho parece estar na contra


mão da modernização, uma vez que estamos cada vez mais sendo devorados por avanços
tecnológicos. O presente artigo tem por problemática a indagação: A OCT, a criatividade e a
inovação são constructo incompatíveis entre si?
A Administração cientifica é atribuída ao pesquisador Frederick Winslow Taylor,
tendo 3 princípios como fundamentais: o primeiro de não aceitar como verdadeiro nada que
não fosse conhecido como tal, o segundo é fragmentar as dificuldades até solucionar o
problema, e a terceira é ordenar as ideias iniciando pelas mais fáceis e simples de conhece-las,
aumentando gradativamente a dificuldade. Sua teoria foi incrementada pelos pensadores
Descartes e Adam Smith. Estes defendiam que a divisão das tarefas aumentava a destreza do
trabalhador, poupava tempo e a implantação de máquinas permitia ao trabalhador fazer o
trabalho de muitos. A produção passou de artesanal para escalonada.
Os fundamentos da administração científica foram embasados nos pilares: substituição
do critério individual por uma ciência; seleção e aperfeiçoamento do trabalhador, cooperação
da administração com os trabalhadores, aplicação destes novos princípios. Esta teoria foi
criticada por transformar o trabalho dos operários em autômatos; Henry Ford notabilizou esta
teoria em virtude da sua produção em massa e peças intercambiáveis, também sendo alvo de
críticas por rotinas inflexíveis, cerceamento de liberdade criativa e surgimento de doenças
físicas e mentais dos operários.
Embora a OCT tenha trazido ganhos de produção significativos, o que fez o
diferencial competitivo das organizações foi a criatividade e a inovação nos últimos anos.
Entende-se por inovação um novo produto que o consumidor não esteja familiarizado, um
novo método de produção, abertura de um novo mercado, conquista de uma nova fonte de
oferta, estabelecimento de uma nova organização. No caso de organizações as práticas
inovadoras geram vantagens competitivas reconfigurando mercados. A inovação sempre vem
acompanhada de criatividade, uma palavra um tanto difícil de se definir, podendo ser
representada por um constructo cognitivo.
Desde os primórdios, com atividades de caça pesca e sobrevivência, o ser humano
trouxe a consciência da importância do preparo físico. Os primeiros indícios de atividades
físicas se deram através da calistenia, o berço de todas as atividades físicas contemporâneas.
Entre 1960 á 1970, surgem as primeiras academias no Brasil onde se apresentava na figura do
professor a figura central, que cadenciava os exercícios.
O surgimento deste mercado deu-se devido a mudança de cotidiano da população, e a
procura por hábitos saudáveis. O caso da Les Mills, viu oportunidade neste mercado e fundou
em 1968 sua primeira unidade, com ginástica pré-coreografada, desde então, expandiu suas
operações, estando presente em mais de 50 países, seu sucesso é atribuído ao trabalho
intervalado de alta densidade e baixa complexidade. A organização assegura que seus
exercícios são previamente testados e validados, sendo que a cada três meses são lançadas
novas coreografias. No que concerne fatores organizacionais, o sucesso é atribuído a três
fatores: simplicidade de movimentos, agrupamento de atividades físicas e um sistema eficaz
de gestão de franquias. Outros diferenciais desta franquia podem ser vistos: uso de uniformes
coloridos e personalizados para cada prática esportiva, ritmos apresentados nas aulas
específicas e grife da franquia.
No Brasil, o educador físico é o profissional habilitado para ministrar aulas, neste
caso, surge a crítica de que não é seguro a orientação física por profissionais que frequentam
apenas cursos de curta duração. Outro fator importante é que ao receber coreografias prontas
da franqueadora, o profissional limita sua criatividade, se tornando uma peça na engrenagem,
podendo ser eliminado por formas mais baratas, por fim, surge a crítica de que os mix
desenvolvidos não levam em consideração o biotipo de cada país.
Podemos concluir que teorias como a OCT combinadas com franquias podem gerar
bons resultados gerando criatividade, sendo assim, observamos que a OCT restringe, mas não
limita esta. Assim como ocorreu no movimento fitness, podem ocorrer forças contrárias com
uma estratégia calada de customização, posicionando-se de forma distinta. Podemos também
frisar que a franquia tem seus pontos fortes alicerçados na padronização, porém pode haver
fraquezas como possibilidade de ocorrências indesejáveis ante a marca e pirataria.

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