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TOPOGRÁFICA
VOLUME No. 2 (Capitulos 8 a 14) da Série
PRINCÍPIOS DE CARTOGRAFÍA
VERSÃO PRELIMINARIA – 03/2002
Editor – Coordenador:
Paul S. Anderson
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PRINCÍPIOS DE CARTOGRAFÍA
TOPOGRÁFICA
VOLUME No. 2 (Capitulos 8 a 14) da Série
PRINCÍPIOS DE CARTOGRAFÍA
VERSÃO PRELIMINARIA – 03/2002
Editor – Coordenador:
Paul S. Anderson
Paul S. Anderson
Phillip Muhrcke
Garrett D. Anderson
Direitos Reservados
Copyright © 1982, 1984, 2002 - Paul S. Anderson
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VOLUME UM
PRINCÍPIOS DE CARTOGRAFIA TOPOGRÁFICA
Relacões dos Capítulos
Capítulo 8
A TERCEIRA DIMENSÃO EM CARTAS TOPOGRÁFICAS
Capítulo 9
PERFIL E OUTRAS REPRESENTACÕES DE RELEVO
Capítulo 10
DIREÇÃO E ORIENTAÇÃO DE MAPAS
10.1 INTRODUÇÃO
10.2 OS TRÊS NORTES
10.2.1 O Norte Geográfico (NG) (Também Chamado Norte Verdadeiro (NV) ou Norte
Astronómico)
10.2.2 O Norte da Quadrícula (NQ)
10.2.3 O Norte Magnético (NM)
10.3 AZIMUTE E RUMO
10.4 AS COMBINAÇÕES DE AZIMUTE E RUMO COM OS TRÊS NORTES
3
Capítulo 11
NOÇÕES DE TOPOGRAFIA, GEODÉSIA, E FOTOINTERPRETAÇÃO
11.1 INTRODUÇÃO
11.2 NOÇÕES DE TOPOGRAFICA
11.2.1 Definições
11.2.2 Levantamentos Topográficos:
11.2.3 Métodos De Levantamentos Planimétricos
11.2.4 Métodos De Levantamentos Altimétricos (Nivelamento)
11.3 NOÇÕES DE GEODÉSIA
11.4 CARACTERÍSTICAS DE FOTOGRAFIAS AÉREAS VERTICAIS
11.4.1 Fotografia Aérea Como Mapa Pré-Mapa
11.4.2 Caracteisticas Básicas e Coordenadas em Fotografias Aéreas Verticais
11.5 IMAGENS FOTOGRÁFICAS EM TERCEIRA DIMENSÃO
11.5.1 Introdução À Visão Estereoscópica (Visão Binocular Artificial)
11.5.2 Distância Interpupilar
11.5.3 Alinhamento De Fotografias Aéreas Para Observação Estereoscópica
11.6 NOÇÕES DE PRECISÃO FOTOGRAMÉTRICA EM CARTAS TOPOGRÁFICAS
11.7 NOÇÕES DE FOTOINTERPRETAÇÃO
11.8 CONCLUSÃO
Capítulo 12
EDUCAÇÃO CARTOGRÁFICA
12.1 INTRODUÇÃO
12.2 CIENTISTA CARTOGRÁFICO:
12.3 ENGENHEIRO CARTOGRÁFICO
12.4 OUTROS PROFISSIONAIS ESTUDANDO A CARTOGRAFIA
12.5 FORMAÇÃO DE TÉCNICOS EM CARTOGRAFIA
12.6 ENSINO CARTOGRÁFICO ESCOLAR
Capítulo 13
INTERPRETACÃO DE CARTAS TOPOGRÁFICAS
13.1 INTRODUÇÃO
13.2 O AMBIENTE INTERPRETADO DE UMA CARTA TOPOGRÁFICA
13.2.1 Uma base sistemática.
13.2.2 O meio ambiente atmosférico
13.2.3 A litosfera
13.2.4 A Hidrosfera
13.2.5 A Biosfera
13.3 INTERPRETANDO O AMBIENTE CULTURAL
13.3.1 Uma base sistemática
13.3.2 Aspetos Políticos - Administrativos
13.3.3 Transporte
13.3.4 Povoamento e Instituições
13.3.5 Atividade Económica
13.3.5.1 Geração de Eletricidade
13.3.5.2 Uso de Terra
13.3.5.3 Turismo
4
13.4 OUTROS RECURSOS PARA INTERPRETAR NA REGIÃO DE CANELA
13.5 CONCLUSÃO
Capítulo 14
CONCLUSÃO DO VOLUME UM.
5
VOLUME DOIS
PRINCÍPIOS DE CARTOGRAFIA TOPOGRÁFICA
Figuras Com Títulos
Figura 9.7b - Sistema de hachuras de Lehmann. As linhas estão fortemente ampliadas. Neste
sistema de hachuras, o traço das linhas é proporcional à tangente do declive.
Figura 9.8 – Lagarta Peluda
Figura 9.9a – Exemplo de Sobreamento
Figura 9.9b – Exemplo de Sobreamento
Figura 9.10 – Bandas Hipsométricos
6
Figura 9.11 - Diagramas de bloco
Figura 9.12 - Quadriculagem em perspectiva
Figura 9.13 - Graduação vertical
Figura 9.14 – Diagrama em Bloco em perspectiva simples (Barragem do Paranoá – Brasília)
Figura 9.15 - Tabela de escala sugeridas para o exagero vertical em modelo de terreno. (Fonte:
U.S Dept. of Defense)
Figura 9.16 – Mapas de modelo plástico em alto relevo
Figura 9.30a – Mapa Base
Figura 9.30b – Tracar as curvas de nível
Figura 9.30c – Cortar as planas
Figura 9.30d – Construir, pregando com alfinetes
Figura 10.1 – A direção do norte verdadeiro (NV) geralmente não coincide com as direções do
norte de quadrícula (NQ) e do norte magnético (NM)
Figura 10.2 – Fotografia do céu à noite em lapso de tempo) no hemisfério Norte
Figura 10.3 – Diferença entre o Norte de Quadrícula e o Norte Verdadeiro
Figura 10.4 – O polo norte magnético está localizado aproximadamente a 1500km ao sul do polo
norte verdadeiro
Figura 10.5 – A linha agônica e a declinação magnética de diferentes pontos.
Figura 10.6a – Mapa isogônico com a declinação sendo indicada a intervalos de dez graus. Aqui
nós podemos observar bem os desvios sofridos pelas linhas isogônicas.
Figura 10.6b
Figura 10.7 – Indicadores de direção dos 3 nortes nas suas treze combinações possíveis (sem
especificar os ângulos de declinação)
Figura 10.8a – A direção é dada pelo ângulo formado entre a linha de referência e a linha de
direção
Figura 10.8b – Nesse caso também a direção é dada pelo ângulo formado entre a linha de
referência e a linha de direção nesse círculo acima
Figura 10.9a – O azimute pode ser medido em relação a qualquer um dsos três nortes
Figura 10.9b – Caso mais complexo quando a direção está enrte os três nortes
Figura 10.10 – A medição de rumo no semicírculo norte
Figura 10.11 – Exemplo da medição de azimutes á partir dos três nortes
Figura 10.12 – Exemplo da medição de azimutes á partir dos três nortes
Figura 10.13 – Guia por Figuras 10.11 e 10.12
7
Figura 11.15 – Uma distancia interpupilar gigantesca
Figura 11.16 – Variações da visão paralela e da convergente
Figura 11.17 – Uso de um estereoscópio de bolso para ver um esteroegrama em terceira dimensão
(fonte: MacMahan, 1972)
Figura 11.18 – Um estereograma da Barragem do Lago do Paranoá, Brasília (com os pontos
principais marcados
Figura 11.19 – Estereograma com curvas de nível
Figura 11.21 – Padrões de precisão
Figura 11.23 – Representações da mesma área por curva de nível dentro das normas de precisão
Figura 13.1 – Como um tapete voador, um mapa fornece uma vista especial do terreno
Figura 13.2 – Variações de terreno real (ou mapa mental) fidedignos ao mapa na Figura 13.1
Figura 13.3 – Mapa de Canela
Figura 13.4 – Regiões fisiográficas arredor de Canela, RS
Figura 13.5 – Perfil ao Sudeste de Canela
Figura 13.7 – Desenho
APENDICE
8
VOLUME DOIS
PRINCÍPIOS DE CARTOGRAFIA TOPOGRÁFICA
Mesmo que seja um livro em separado, este Capítulo 10: Direção e Orientação
volume é diretamente relacionado ao primeiro, o qual
é aconselhável para que o leitor se familiarize com os Capítulo 11: Topografia, Geodesia e O Uso
Princípios de Cartografia Básica ou, pelo menos, de Fotografias Aéreas na Cartografia
anote mentalmente os tópicos já apresentados nos Topográfica;
primeiros sete capítulos:
Capítulo 12: O Ensino da Cartografia
Capítulo 1: A Natureza da Cartografia;
ciência ou arte; os grandes componentes Capítulo 13: Leitura e Interpretação de
Cartas Topográficas
Capítulo 2: A História da Cartografia; os
órgãos mapeados brasileiros; o processo Capítulo 14: Conclusão do Volume Dois (2)
moderno de produção de cartas
Logicamente, alguns desses tópicos são
Capítulo 3: A Comunicação Cartográfica; a importantes para os volumes Três e Quatro, sobre os
teoria de informação Princípios de Cartografia Temática. (III) e os
Princípios de Cartografia Espacial (IV). E tudo isso
Capítulo 4: A Projeção UTM; coordenadas serve para destacar as interligações entre todas as
geográficas; coordenadas UTM divisões e tópicos do grande conjunto que é a
cartografia.
9
Capítulo 8
Dois dos aspectos mais importantes dentre as Um dos aspectos mais importantes das
características físicas de uma área são a altitude e o características físicas de uma área é o relevo. São
relevo. A Altitude é o resultado da diferença vertical várias as maneiras de representá-lo e algumas estão
entre um ponto de referencia (normalmente o nível de discutidas ao final deste capítulo
mar) e um outro ponto objectivo. Isto fornece a cota
de ponto, ou seja, sua altitude acima do nível do mar. A tradição histórica favorece o uso de curvas
Altitude e cota são independentes da geomorfologia; de nível para a representação da altitude e do relevo.
portanto, uma cota de 800 metros tanto pode ocorrer É importante notar que estas curvas são apenas um
numa zona plana ou inclinada, num vale ou num exemplo do conceito técnico cartográfico de
cume. O que importa e a distancia vertical até o nível "isolinhas", que são contínuas formadas de pontos de
do mar. O mapeamento de altitudes e uma das mesmo valor; no caso do relevo, os valores são cotas
principais preocupações dos cartógrafos. acima do nível do mar medidas em metros (ou pés).
As curvas de nível não são marcadas no terreno,
Relevo é o resultado da diferença vertical porém podem ser identificadas e representadas
relativa (altura) entre vários pontos contidos numa cartograficamente. Com ligeiras modificações de
área especifica, e não se refere a altitudes e cotas. vocabulário, as regras a serem apresentadas neste
Portanto, zonas com relevo plano ou acidentado capítulo para curvas de nível podem ser adaptadas
podem acontecer tanto nas grandes altitudes quanto para isóbaras (pressão barométrica), isoietas
abaixo do nível do mar. É o relevo, e não tanto as (precipitação) isodapanos (linhas que mostram o total
cotas exactas, que é o principal interesse dos constante de custos industriais) e muitos outros tipos
geógrafos e de muitos outros usuários das cartas de isolinhas.
topográficas.
Define-se como curva de nível uma linha
Relevo e altitude são distintos, porém bem traçada no mapa que representa outra linha imaginária
interligados e recebem nas cartas topográficas a na superfície da terra situada a uma elevação
mesma representação, a qual e feita por meio de constante acima ou mais abaixo de um plano de
curvas de nível. As varias outras maneiras de referência determinado. Se uma pessoa quisesse andar
representa-los estão discutidos no capítulo 11. sobre uma curva de nível não poderia ir nem para
cima nem para baixo; ela sempre andaria num mesmo
Na pratica, a medição de altitudes de pontos nível, até fazer uma volta completa mesmo se tivesse
é um pouco complexa, devido à curvatura da que dar uma volta completa em um continente.
superfície do planeta; este assunto será tratado no
Capítulo 11. Porem, para o presente capítulo somente O plano de referência ou o ponto zero a partir
é necessário o conceito de altitude como a simples do qual mede-se as elevações e, portanto, as curvas de
distância vertical entre um ponto e o nível do mar. nível, é geralmente o nível médio do mar, que é o
ponto equidistante entre as marés oceânicas mais altas
Os pontos específicos, que possuem suas e as mais baixas. Nessa marca média a costa oceânica
cotas medidas, são marcados nas cartas topográficas pode ser considerada como a curva de nível de valor
com o valor escrito horizontalmente ao lado de um zero, a partir da qual se medem todas as demais.
pequeno "X" ou triângulo, (Ver a Figura 8.6 no
rodapé de uma carta topográfica). A variedade de Estas curvas devem obedecer certas normas a
símbolos indica os diversos métodos de medição de serem estudadas neste capítulo. Em sua forma mais
cotas, cada qual oferecendo certas vantagens e certo sucinta, são resumidas "Dez Mandamentos das Curvas
grau de precisão, os quais serão estudados no capítulo de Nível":
11. Por enquanto, neste capítulo, as cotas são tratadas
como valores bem exactos. 1. Todos os pontos de uma curva de nível têm a
mesma elevação acima do nível do mar.
Nas cartas topográficas, as cotas especificas
são encontradas principalmente nos cumes das 2. Os dois extremos de uma curva de nível
elevações, em cruzamentos de estradas, ou em eventualmente se encontram sem que a linha
planícies onde existam poucas curvas de nível. Elas dessa curva de nível durante todo o seu
podem expressar qualquer altitude em metros (ou pés) percurso se junte ou atravesse uma outra
inteiros. curva de nível.
10
entre curvas é mais alto que uma curva e
3. Curvas de nunca se bifurcam, ou cruzam mais baixo que a outra.
entre si (excepto em situações muito
especiais de penhascos, saltos, falhas 7. Hachuras em curvas de nível apontam o lado
geológicas profundas, etc., que merecem baixo da curva. (se usa geralmente para
símbolos especiais). depressões e penhascos)
4. Curvas de nível sempre atravessam 8. Quando uma curva de nível é atravessada por
horizontalmente declives. uma estrada, uma caminho, etc., esta estrada
tem um declive para cima ou para baixo.
5. O terreno de um lado da curva de nível
sempre é mais alto que o terreno do outro 9. Curvas de nível têm reentrâncias em forma
lado da mesma curva de nível, em outras de v onde são atravessadas por drenagens.
palavras, a parte alta do terreno fica sempre (Os "V" são a expressão horizontal dos
de um lado só da curva de nível. Portanto o pequenos vales de drenagem).
lado de dentro de uma curva de nível
"fechada" é o lado mais alto do terreno, 10. Curvas de nível muito próximas uma das
(menos em depressões que tem um símbolo outras representam declives mais acentuados
especial). do que curvas afastados entre si, quando
tiradas na mesma escala e com as mesmas
6. O lado alto de uma curva de nível é o lado equidistâncias verticais entre as linhas.
baixo da próxima curva, isto é, o terreno
8.2.2 Equidistância das curvas de nível milhares de metros em mapas de pequena escala e de
regiões montanhosas (compare as equidistância nas
As curvas de nível devem espaçar-se por Figuras 4.5; 4.8; e 7.22).
igual mediante medidas verticais. A este espaço, ou
seja, à distância vertical entre as curvas de nível,
denomina-se "equidistância" das curvas de nível.
Mede-se a equidistância das curvas de nível (10
metros na Figura 8.1) verticalmente e nunca na
direção horizontal. Os cumes das colinas raramente
coincidem com as equidistância das curvas de nível.
Eles frequentemente são indicados mediante
elevações auxiliares conhecidas. Observe que as
elevações das três colinas da Figura 8.2 estão
indicadas por essas elevações auxiliares conhecidas.
No mapa elas são marcadas com um pequeno "X"
indicando a altura do ponto.
11
Figura 8.2 - Os espaços horizontais entre as curvas Figura 8.2b - Formação côncava
de nível de um mapa indicam o tipo e o grau de
declinação
12
Figura 8.2c - Formação Convexa
8.2.3 Efeitos de Drenagem
13
relacionadas com o meio ambiente, e podem informar pelo lado de dentro, ela indica uma baixada fechada
o leitor sobre várias características da região. ou depressão, ou seja um lugar inteiramente
circundado por terreno mais alto que ele. O símbolo
8.2.4 Depressões cartográfico é denominado "curva de nível de
depressão". A Figura 8.5 mostra duas depressões
Quando uma curva de nível leva pequenos profundas J e K.
traços (chamados hachuras) que a circundam toda
14
Quando a depressão está no cume de uma colina, do cume da montanha entre J e M. Portanto não é uma
(como a cratera de um vulcão) a primeira "curva de depressão e não leva hachuras.
nível de depressão" (a mais alta) está a mesma altitude
da curva de nível normal mais alta, que rodeia a Quando há uma elevação dentro de uma
depressão (observe J na Figura 8.7) onde a primeira depressão, a primeira curva de nível que indica um
curva de nível da depressão (a mais alta) tem uma pequeno monte ou colina leva hachuras em seu
elevação de 180 metros. exterior, e tem o mesmo valor que a depressão na qual
está localizada.
O terreno entre a curva de nível de depressão
de 180 e o da curva de nível normal de 180 tem mais Por exemplo a curva de nível de depressão na
de 180 m de altitude, porém menos de 190. As curvas Figura 8.6 está a uma elevação de 230 m. Dentro da
de nível de depressão dentro da baixada diminuem depressão há uma colina com uma curva de nível de 230
proporcionalmente à equidistância existente entre as m com hachuras em sua parte externa, indicando assim
curvas de nível. O fundo da depressão encontra-se a uma elevação no terreno. O terreno entre a curva de nível
163 metros de elevação, segundo indica a elevação normal de 230 m e o da curva de nível de depressões é
auxiliar. mais alto que 230 m, porém mais baixo que 240 m. As
curvas de nível dentro da base da colina aumentam
A depressão K não está num cume, portanto proporcionalmente à equidistância das curvas de nível
está entre duas curvas normais, uma mais alta que a existentes, que neste caso é de 10 m.
outra. Neste caso, a primeira curva de depressão tem o
mesmo valor normal inferior, como se vê no perfil Observa-se que neste caso há três (3) curvas
(Figura 8.5c) com a mesma altura de 230 m, para interpretar melhor
as curvas de nível dentro das depressões é bom
Na Figura 8.6 local L é uma pequena baixada recordar que todas as hachuras seguem na direção da
que pode ser definida como um ponto baixo na linha base da colina.
15
Figura 8.6b - Símbolo para uma colina numa depressão
Figura 8.6c - Símbolo para uma colina numa depressão com perfil
16
Figura 8-8 - Curvas de Nível Suplementares (ambos acima)
As curvas de nível devem espaçar-se de tal pontilhadas para curvas de nível suplementares. A
forma que demonstrem da melhor maneira o contorno depressão no canto sudeste foi melhor representada
do terreno. De vez em quando é necessário prover com a adição da curva de nível suplementar "menos
uma equidistância de uma curva de nível que 10 m". A curva de nível suplementar de 10 metros que
demonstre uma variação nas elevações dentro da circunda a base da colina principal indica claramente
equidistância da curva existente. Este tipo de curva de ao leitor do mapa onde se efectua a separação entre
nível é denominada "curva de nível suplementar" ou planície costeira e as colinas de maior elevação.
"auxiliar". Observe a Figura 8.8 onde as colinas Outras curvas de nível suplementares de 30 e 110
pequenas, que tem uma equidistância menor que os 20 metros mostram as mudanças de declives que não
m normais, foram indicados mediante linhas
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foram indicadas pela equidistância das curvas de nível base da colina. A depressão feita artificialmente no
anteriormente existente. lado oposto do aterro se indica como uma bacia
regular, excepto a parte que está localizada ao lado do
Os elementos que foram criados pelo homem aterro, onde somente estão presentes as hachuras que
exigem frequentemente símbolos especiais, dos quais simboliza. O Ponto Q indica corte vertical o que
estão indicados na Figura 8.9. Observe a estrada que equivale a dizer que foi retirado parte do terreno para
foi construída através do terreno montanhoso. que o caminho permanecesse a uma elevação
Contudo, ela varia menos de 20m em toda a sua constante.
extensão. Isso foi conseguido fazendo-se correntes ou
colocando aterros nos locais apropriados. Locais P, R Observe que todas as curvas de nível que
e T estão onde se fez aterros para que a estrada simbolizam o corte unem-se em única linha curva
permaneça no nível. Foram feitos aterros nas partes sustentadora (Q) a qual indica uma escarpa vertical
baixas com esse mesmo propósito. Observe os ou, neste caso, um corte quase vertical. Ponto S indica
símbolos convencionais que indicam um aterro na um corte, porém não tão íngreme como o de B' e já é
estrada. Todas as curvas de nível, excepto as mais possível desenhar cada curva de nível
baixas, desaparecem não apresentam continuidade ao individualmente. As curvas de nível retas igualmente
chegar no aterro. O restante dos símbolos indica-se espaçadas indicam o local onde se fez o corte.
por hachuras, lembre-se que eles vão na direção da
18
8.3 INTERPOLAÇÃO E EXTRAPOLAÇÃO interpolação resulta em "medidas aproximadas"
PARA CURVAS DE NÍVEL porque baseia na suposição que o declive é uniforme
entre os pontos A e C.
O processo chamado "Interpolação " consiste
na estimativa de valores entre dois outros conhecidos, Na Figura 8.11 há uma demonstração de
baseado em proporções simples, ao longo de um como um declive entre outros pontos A e C não é
declive suposto uniforme. A Figura 8.10 mostra como necessariamente uniforme. São desenhados quatros
calcular graficamente a cota do ponto B, baseada no declives (platô, uniforme, regular e vale), mas
declive uniforme entre os pontos A e C. A mesma obviamente são infinitos as variações possíveis. Se as
resposta (260 metros) poderia ser determinada usando cotas A e C fossem 120 e 160 metros, os valores de B
os pontos A e D. nos respectivos declives seriam 157m, 150m, 141m e
122 metros. Portanto, vê-se que é possível que o valor
Matematicamente, a interpolação da cota de B em qualquer posição entre A e C possa assumir
"B" é calculada pela fórmula: qualquer valor entre 120,1 metros e 159,9 metros, sem
violar nenhum dos mandamentos e normas sobre
Cota B = A + AB / AC (cota C- cota A). curvas de nível. Porém, o valor mais lógico baseado
em bom senso e interpolação, é o valor
Onde AB/AC é a proporção da distância correspondente ao declive uniforme, especialmente se
entre A e B, dividida pela média entre A e C observar no mapa que as curvas de nível na área são
relativamente suaves e com distâncias planimétricas
Por exemplo: Cota B = uniformes entre as outras curvas, como se vê no lado
200m + 2,4cm / 8,0cm x (400m - 200m) = esquerdo da Figura 8.12
200m + 0,3 x 200m =
200 + 60 = Quando se vai interpolar a altura de um
260m ponto (por exemplo, ponto F na Figura 8.12 é
necessário saber a equidistância entre as curvas (100
Esta fórmula se aplica quando B é o ponto metros) e a distância planimétrica entre elas, e da
intermediário e C é mais alto que A. Este curva menor até o ponto. Neste caso, mede-se a
procedimento é o mesmo usado para calcular distância BC e BF, medida pela linha perpendicular às
coordenadas geográficas (Ver item 4.4.1), mas com curvas de nível. No caso de F, é uma linha reta: No
uma diferença importante: O cálculo de coordenadas é caso dos pontos G e H são pelas linhas descontínuas
baseado na geometria de curvatura da Terra e, mais curtas.
portanto, é uma "medida exacta". Porém, a
19
Figura 8.11 -
Exemplos de
interpolação entre
curvas de nível
20
Contudo, é possível estimar o valor de "U" de não quebrar nenhum dos dez mandamentos ,
supondo que o declive entre as cotas C D continua até embora representam relevos altamente diferentes.
o cume. Realmente existem vários declives entre C e Somente a letra D é fiel ao terreno real, como se pode
D (ver as áreas Q,R,S e T na Figura 8.12) Usando o ver nas seguintes figuras:
bom senso, os declives das áreas R e T são eliminados
por serem mais afastados do ponto U. No declive Q Figura 8.12 - Quatro representações da altimetria de
ao norte de U são feitas medidas CD e DU. Em uma uma área
proporção DU/CD, determina-se que DU é 3/7 (42%)
da distância planimétrica CD. Então pode-se supor Figura 8.12a - Pontos alimétricos e drenagem
que o ponto "U" é mais alto do que a cota D por uma
quantidade de 42% de equidistância das curvas. Neste
caso, 42 metros (isto é 42%x100m) é somado a 300
metros (cota de D) para dar o valor de 342m para
ponto "U". Pelo mesmo processo no lado sul do morro
na área de declive S, o resultado é 333m. Ambos os
valores são válidos pois são estimativas. Este processo
se chama extrapolação representado matematicamente
da seguinte forma usando os símbolos da Figura 8.11,
cota D = cota C +CD/AC (cota C- cota A)
21
curvas de nível a folha no gabinete uma vez que o
agrimensor tenha terminado seu trabalho.
22
8.4 CONCLUSÃO característica das cartas topográficas ,mostrando
precisamente a topografia (altitudes e relevo) que é
Curva de nível e outras isolinhas são uns dos tão importante para fins de planeamento agrícola,
símbolos mais úteis e utilizados na cartografia. A militar, de transporte e infra-estrutura e para pesquisas
grande maioria das linhas traçadas em cartas científicas. São úteis para fazer perfis e para combinar
topográficas são curvas de nível, impressos em cor com outros métodos de representar o relevo, que será
Sépia (Marron). São estas linhas que dão a marca o assunto do próximo capítulo.
23
24
8.4 CONCLUSÃO
25
Capítulo 9
PERFIL E OUTRAS
REPRESENTACÕES DE RELEVO Ângulo de inclinação:
tg 80m / 1100m = tan 0,0727 = 40
9.1 INTRODUÇÃO: DECLIVE TOPOGRÁFICO
Percentagem de declive:
Declinação é sinónimo de inclinação, e 80m / 2300 X 100 = 3,5%
caracteriza-se por um ângulo entre uma superfície
inclinada e um plano horizontal. Portanto, a Existe um ábaco transparente (Figura 9.2)
declividade é independente do comprimento linear para a medição de declives em cartas topográficas
recto da superfície; existem declives de 20° que são eliminando a necessidade se fazer cálculos, (a
tanto em linhas longas, quanto em linhas curtas, ou equidistância entre as curvas de nível e a escala
seja diferentes comprimentos de rampa podem ter a devem estar em conformidade com as especificações
mesma inclinação. O importante nestes casos é apenas do ábaco. Modelos para outras escalas e
a medida de elevação vertical (V) relacionada com a equidistâncias podem ser confeccionados).
distância horizontal (H) correspondente. Assim, o
declive é a relação entre V e H, que pode ser expressa Colocando-se o ábaco (transparente sobre a
em graus ou em percentagem. área da qual se quer medir o declive), girando o para
que as linhas curtas sejam paralelas às curvas de nível
Graus de declive: do declive. Procura-se a coluna de linhas cujo
á = tangente V/H = ângulo de inclinação espaçamento coincide com a separação planimétrica
das curvas. (Nos casos em que espaçamento não
Percentagem de declive: coincidem, fazer uma estimativa baseada nos valores
X % = V/H * 100 = a percentagem de inclinação das duas colunas mais próximas) Ler no ábaco a
percentagem ou grau em baixo da coluna de linhas.
A expressão percentual da declividade é de
mais fácil cálculo, muito semelhante à medida em 9.2 O PERFIL TOPOGRÁFICO
graus quando os declives são pequenos (de 0 a 10°).
Contudo, um ângulo de 45° equivale a 100% de É possível desenhar os eixos H e V numa
declividade, ilustrando que graus e percentagem são folha de papel milimetrado, e depois desenhar uma
bastante diferentes para valores médios e altos de linha de declividade. Um aspecto especial do desenho
declividade. de declives é o perfil topográfico, representado por
uma linha que é resultado de uma sequência de
A Figura 9.1 é uma escala de convenção de declives diferentes que define o relevo em seu
graus a percentagem, e vice-versa. A declividade é percurso pela terra.
importantíssima para as ciências da terra. E
logicamente a carta topográfica serve muito a estas Um bom exemplo da maneira pela qual o
disciplinas, porque por meio das curvas de nível é perfil topográfico define o relevo pode ser visto na
relativamente fácil determinar a declividade Figura 9.3c, onde existe uma fotografia do morro
aproximada para qualquer área. Isto assim se obtém: situado na AR 0351 na carta de Brasília 1:25.000
através das curvas de nível (ou da interpolação entre (Folha SD 23-4-c-IV-3NE); parte desse mapa é
elas) determina-se as cotas de altitude de dois pontos reproduzido na Figura 9.9. Os perfis Figura 9.3a e
A e B. Subtraindo um do outro, calcula-se a diferença Figura 9.3b são representações da área da fotografia
de altura "V". Valor de H vem de uma simples medida com exageros verticais diferentes.
entre A e B na carta, que precisa ser transformada
(pela escala) no valor real do terreno. Para os geógrafos, cartógrafos e outros
profissionais, os perfis topográficos são extremamente
É simples imaginar (ou desenhar) estes valiosos no entendimento das características do
valores. Por exemplo, considera-se o caso de dois relevo. Em estudos de geomorfologia e análise do
pontos A e B, cujas cotas são 760m e 840m, relevo, utiliza-se extensivamente perfis (ou cortes)
respectivamente, com distância AB de 113mm numa topográficos como meios de interpretação dos
carta à escala 1:100.000. Assim; processos de erosão que têm modificado e continuam
modificando o relevo. É possível usá-los também na
AB no terreno = 1100m = H determinação do estágio de desenvolvimento
cota A- cota B = 80m = V geomorfológico que certas áreas específicas tenham
atingido. Ao começar o perfil, precisa-se estabelecer
Na maioria dos casos, se usa o módulo [X] uma escala horizontal (EH) para o eixo H e uma outra
do valor V para que o declive tenha expressão escala vertical (EV) para a linha V; EV não será
positiva. Entre dois pontos, quaisquer um pode ser obrigatoriamente igual a EH.
denominado A ou B.
1
________________________________________________
Figura 9.1a – Escala de Conversão de vertentes Figura 9.1b - Escala de Conversão de vertentes
2
Figura 9.2 – Ábaco para a medição de declives. (O ábaco é transparente e de precisão; fotocópias desta figura são
imprecisas).
Figura 9.3a
Figura 9.3b –
Perfil
Topográfico
do vale do
Rio Paranoá
3
Figura 9.3c - Photo do
Vale do Rio Paranoá
4
medidas no perfil, com o exagero vertical 5. Cortes no longo de estradas, rios ou outras
pré-determinado. linhas não rectas, apresentam dificuldades,
pois a linha reta da margem do papel não
2. Colocar a margem de uma folha de papel ao seguirá todas curvas ou ângulos da estrada. O
longo da linha de corte, e marcar nela as papel deverá ser posicionado em cada
extremidades do corte e o local onde as segmento para que ao final se obtenha uma
curvas de nível são atravessadas pela linha de linha recta representando o declive ao longo
corte (Figura 9.5b). Anotar as cotas altitudes da estrada, etc. (Semelhante à Figura 5.2b).
das várias curvas de nível ao lado de cada
marca respectiva no papel. Onde duas curvas 6. As latitudes dos vários pontos são
de nível de mesma altitude aparecerem transferidas para o papel milimetrado pelo
paralelas, assinalar se existe uma elevação posicionamento da folha contendo estas
(cume) " " e ou um vale" U " entre elas. altitudes na linha de base horizontal do corte,
(Figura 9.5). Depois são marcados as suas
3. Colocar em muitos mapas as curvas de nível alturas correctas de acordo com escala
são muito densas e não é possível assinalar vertical. Os pontos são depois unidos para
todas na folha de papel. Nesse caso é dar a aparência do terreno.
suficiente fazer uma solução adequada das
que serão marcas, principalmente nos lugares 7. Terminar o desenho, colocando as
onde há mudança de declive. informações abaixo:
4. Anotar também, nos locais correctos, os Nota: Não ë necessário pilotar todos os
nomes, estradas, rios e etc. pontos em grandes perfis. Isto foi feito aqui
no diagrama somente com propósito
explicativo.
5
Figura 9.5c – Um método para desenhar perfis topográficos
6
Figura 9.7a - Hachuras
9.3 OUTRAS REPRESENTAÇOES DE RELEVO
1. Folhas planas;
7
sua altitude exacta é dada, por exemplo “pontos O hachuramento “semi-acabado” do tipo de
geodésicos nos mapas topográficos. Altitude "lagarta peluda" (Figura 9.8), é frequentemente usado
localizadas dão um quadro básico e necessário de em rascunhos de mapas. É um, método impreciso de
pontos de referência para outros métodos de representação de relevo e serve para indicar as
representação de relevo. Se a Figura 8.13 a tivesse localidades gerais de cumes e encostas em mapas de
mais pontos, seria um bom exemplo de mapa de cotas escala média à pequena.
localizadas.
9.3.1.3 Sobreamento
9.3.1.2 Hachuras
Sobreamento (Hill Shading) é usado
Hachuramento é um dos métodos mais raramente para mostrar relevo em mapas de grande
velhos usados para a representação de relevo (ver escala, a menos que seja usado em associação com
Figura 9.7), porém, no presente raramente é usada em curvas de nível. Seu uso principal e eficiente está em
mapas de grande escala, a menos que seja combinado mapas de pequena escala. São dois tipos principais de
com curvas de nível. sombreamento:
Hachuras são linhas traçadas em declive, isto O 1º tipo imagina uma fonte de luz
é, apontado no lado inferior (mais baixo) da curva de directamente acima da terra. com iluminação vertical,
nível. Mudando a espessura, densidade e a superfície plana da terra, é mais iluminada em
comprimento das hachuras, pode-se mostrar a relação aos declives mais profundos, que são menos
profundidade relativa dos declives. Linhas curtas, claros. No mapa, sombreamento torna-se
grossas e mais próximas umas das outras indicam progressivamente mais escuro nas altitudes maiores.
declives mais profundos, em comparação, às linhas
mais espaçadas e finas que representam declives mais O segundo tipo imagina uma fonte de luz
suaves ou menos profundos. além do canto noroeste da área vista no mapa como na
(Figura 9.9). daquela posição o efeito da luz e sombra
Hachuras, por si só, tem muitas desvantagens são similares a aquelas que poderão ser observados
como representação de relevo, porque onde os durante uma tarde de inverno no Brasil, Argentina ou
declives são muito profundos, as linhas escuras muito outros países que ficam entre faixa latitudinal média
próximas umas das outras tendem a unir-se, tornar para alta do hemisfério sul. A tarde, os do norte
ilegíveis outros detalhes,. Sombreamentos por embeste, Mas deixando os declives do leste e sul na
hachuras, ao oposto das curvas de nível, não mostram sombra.
mudanças em altitude de uma maneira quantitativa.
Portanto, uma abundância de cotas localizadas são Num mapa topográfico onde o sombreado
necessárias nos mapas de hachuras, porém estas oblíquo é empregado, os declives do leste e sul
alturas são necessários nos mapas de hachuras, põem , (sombreamento - escuro) se salienta abruptamente da
estas alturas são frequentemente obscurecidas pelas clareza dos declives norte e oeste. Mesmo que o sol
hachuras em áreas de declives profundos ou apenas nunca esteja ao noroeste nos Estados Unidos, Canadá,
moderadamente profundos. Mais ainda, num mapa de Europa e na União Soviética, usa-se a mesma fonte de
hachuras não é fácil destinguir os declives mais altos luz. Isto é, porque se a luz estivesse atrás do leitor,
suavemente inclinado dos declives menos altos nas não se veria nenhuma sombra. (Deve-se lembrar que
mesmas condições, desde que ambos estão os mapas são desenhados com o Norte na margem
representados por hachuras amplamente espaçadas. superior).
8
Figura 9.9a – Exemplo de Sobreamento
9
9.3.1.4 Bandas hipsométricas Os diagramas de blocos são muito usados
para representar a geomorfologia de pequenas regiões,
O uso de cores ou tonalidades de cinza para podem ilustrar qualquer panorama real ou hipotético
mostrar as camadas de altitude são geralmente usadas ilustrando os princípios geomorfológicos, geológicos,
em mapas de pequena escala (por exemplo em atlas), pedologicos, etc.
mas mapas desenhados em escalas maiores. Algumas
edições de mapas topográficos britânicos incorpora
camadas de cores e sombreamento de colinas para
suplementar as curvas de nível na apresentação de
relevo, com o objectivo de obter um efeito
tridimensional se perder a representação precisa de
relevo, que dão as curvas. As folhas do Mapa
Internacional do Mundo na escala de 1:100,000 (o
milionésimo emprega camadas hipsométricas (ver
Figuras 6.7 e 6.8).
10
linha segundo as linhas da quadrícula. Fixar o A escala vertical deve ser bem ampliada em
desenho numa mesa grande, escolher e marcar o áreas grandes e planas, mas pouco ampliada em áreas
“ponto de fuga” que está deslocado a direita (ou a montanhosas. Traçar as alturas nos cantos B e C. Em
esquerda) e “atrás” da linha A-D. a localização do cada graduação vertical traça-se ás margens de um
“ponto de fuga” vai influir na visão “lateral” e no plano horizontal e paralelo a base do diagrama. Essas
aparente ângulo de altura de visão perspectiva serão as linhas básicas para a construção da superfície
quantitativament e perspectiva(mais longe resulta em do bloco.
ângulo de menos perspectivas). Com visto na Figura
9.11, o bloco tem um bom balanço se o deslocamento A altura dos picos e vales são marcadas com
for1 ½vezes a distância A-D à direita e 4 para “trás”. linhas verticais, transferindo cada fenómeno do relevo
para a altura certa na graduação vertical. (Ver ponto R
Ao logo da linha A-F, marcar um ponto B na Figura 9.13). Desenhar quadrícula por quadrícula.
para que a media A-B seja aproximadamente 85% da A última etapa consiste na colocação das hachuras ou
largura A-D. Traçar um diagonal D-B e uma linha B- sombreado cuja direção indica o curso dos rios,
C que paralela a linha A-D. ajudando a moldar as colinas e montanhas, resultando,
por exemplo, na Figura 9.14, que pode ser comparada
Desenhar uma “base” de 1 a3 centímetros de com as outras figuras da mesma área.
altura (D-D’) ao longo da frente e no lado visível
(usar a linha D-F para desenhar a linha D’-C’). Assim, 9.3.1.7 Outros Métodos
se termina a base do bloco em perspectiva.
Outros metodos planos incluem várias
A partir de cada divisão (de quadrícula técnicas baseadas em fotografias aéreas. No capítulo
marcada na linha A-D traça-se uma linha até o ponto 11 estão as explicações e exemplos de mosaicos,
de fuga F, porém é permitido parar o traço logo que a ortofotoplantas e pictomapas.
linha B-C, (se a área do mapa for um rectângulo,
maior na largura que no comprimento, desenhar as 9.3.2 Modelos Físicos Tridimensionais
linhas além da linha B-C).
O uso de material tridimensional causa
problemas sérios de armazenagem e custo de
produção. Porém, apresenta a grande vantagem de
realmente mostrar (não representar) o relevo e altitude
na sua dimensão vertical. Estes “modelos físicos” ou
“modelos de terrenos” podem ser de qualquer material
e forma. Porém, em geral, têm problemas sérios de
custo de produção e armazenagem. Por exemplo: o
modelo plástico em alto-relevo (plastic relief map),
(Figura 9.16) é uma carta topográfica (ou outro tipo
de mapa) impressa em plástico e moldado segundo as
Figura 9.12 - Quadriculagem em perspectiva altitudes. É um produto de alta qualidade e produzido
em muitas cópias. São ocos, porém encaixam somente
Cada linha destas cruza a linha diagonal D-B em outras cópias da mesma área. Um outro exemplo
em um ponto. Por eles traçar linhas paralelas à linha são os modelos sólidos que são geralmente
A-D, terminando quadriculagem em perspectiva produzidos em cópia única: feitos em argila, isopor,
(Figura 9.12). Se a área do mapa não é quadrada, gesso, cartão ou madeira. Um modelo numa caixa de
pode-se omitir as últimas linhas, ou desenhar extras areia, entretanto seria muito pesado, de alta
baseadas numa linha diagonal suplementar. generalização demorado para fazer, e de curta vida.
Em todos os tipos tridimensionais geralmente a escala
A superfície do bloco representa o nível vertical é exagerada para facilitar a percepção de
básico seleccionado para a topografia, que pode ser o alturas(ver a tabela na Figura 9.15). Exemplos são
nível geral dos vales fluviais mais fundos. vistos frequentemente em filmes de guerra, quando os
generais estão planeando tácticas de operações
militares.
11
Figura 9.14 – Diagrama em Bloco em perspectiva simples (Barragem do Paranoá – Brasília
12
todas as curvas de nível, está normalmente além da Figura 9.16 – Mapas de modelo plástico em alto
precisão possível no modelo. relevo
Construir a base de um material pesado tal
como madeira compensado ou eucatex afinado do
tamanho do mapa base com uma margem (geralmente
de dez centímetros). O material pesado dá uma base
rígida para o modelo e permite que seja deslocado de
um lugar para o outro sem danos. Material leve como
cartolina é geralmente usado na formação do plano da
lâmina de contorno.
13
aproximadamente 1cm é cortado em pedaços dos
quais o comprimento é igual as alturas verticais (em
escala determinada) das linhas de nível copiadas no
material base.
14
Capítulo 10
Figura 10.1 – A
direção do norte
verdadeiro (NV)
geralmente não
coincide com as
direções do norte de
quadrícula (NQ) e do
norte magnético
(NM)
1
10.2.1 O Norte Geográfico (NG) (Também
Chamado Norte Verdadeiro (NV) ou Norte No hemisfério sul, o lugar no céu
Astronómico) directamente acima do polo sul é o cruzamento dos
eixos da constelação Cruzeiro do Sul, isso é tão
O Norte Verdadeiro Norte geográfico está importante que está representado nas bandeiras de
localizado no polo norte (no eixo de rotação da Terra) cinco países, Samoa ocidental, Brasil, Austrália, Nova
onde os meridianos se encontram (ver Figura 10.1). Zelândia, e Papua Nova Guiné.
portanto, se vê que cada meridiano segue a direção
exacta do norte verdadeiro. Uma linha de qualquer O sol também indica a direção do norte
lugar da terra para o polo norte, sendo uma linha de verdadeiro, como está explicado no item 10.4 sobre
longitude (meridiano), serve como linha de referência orientação.
do norte verdadeiro, uma vantagem do norte
verdadeiro é que pode geralmente ser localizado 10.2.2 O Norte da Quadrícula (NQ)
aproximadamente no campo sem a utilização de
nenhum instrumento especial. Pode-se determinar sua As cartas topográficas têm uma rede de
direção com a utilização de objectos simples quadrículas do sistema UTM (ver item 4.4.2). As
encontrados naturalmente no campo, exactamente linhas verticais dessas grades apontam para o norte e
como faziam alguns povos primitivos. Um bom o sul da quadrícula. Diferente do norte verdadeiro, ele
exemplo disso é a utilização das estrelas e do sol para não se refere a nenhum lugar geográfico. É um
determinar o norte verdadeiro. sistema de direção artificial, estabelecido
cientificamente em cada um dos 60 fusos de UTM. A
Provavelmente o norte foi escolhido como o rede de quadrículas é sobreposta no mapa para dar
ponto zero nos mapas porque existem muitos sinais coordenadas e também facilitar o uso do compasso
celestes que ajudam a encontrá-lo. Um dos mais com a finalidade de medir a distância e direção.
velhos e mais práticos indicadores é a estrela do Norte Porém, o norte de quadrícula não é necessariamente o
ou Poláris. Ela está situada no universo directamente mesmo que o norte verdadeiro. Como foi visto no
acima do polo norte. A diferença entre a linha à item 4.42, as linhas do norte da quadrícula correm
Poláris e o eixo da rotação da terra é de apenas 11/2°, paralelas de cima abaixo do mapa, enquanto as linhas
um desvio desprezível menos nos estudos de do norte verdadeiro (só meridianos) convergem em
geodesia. Portanto, para encontrar o norte verdadeiro direção aos pólos norte e sul (Figura 10.3). Em cada
somente é necessário localizar Poláris, o que é muito fuso da UTM, o meridiano central coincide
fácil. Ela é uma das maiores estrelas visíveis do exactamente com da linha da quadrícula de valor
hemisfério norte e por causa da rotação da terra em 500.000 metros ao leste da linha zero.
redor de seu eixo, todas as outras estrelas dão a
impressão de estarem se movimentando em rotas Para qualquer lugar ao longo dessa
concêntricas em volta de Poláris (Figura 10.2). linha(como pontos D e E na Figura 10.3), o norte
verdadeiro e norte da quadrícula estão exactamente na
mesma direção.
2
qualquer e segue na direção do norte verdadeiro e
outra que sai também do mesmo pont o e vai na
direção do norte magnético(polo magnético). Estes
ângulo pode ser de 0° até 180° leste e de 0° oeste,
como se vê no ponto G na Figura 10.5.
3
Figura 10.6a – Mapa isogônico com a declinação sendo indicada a intervalos de dez graus. Aqui nós podemos
observar bem os desvios sofridos pelas linhas isogônicas.
Essas diferenças entre a posição desses dois
pólos significa que as linhas de referência do norte
verdadeiro e do norte magnético somente coincidem
ao longo de duas linhas as quais fazem juntas, quase
uma volta ao mundo (Figura 10.6). são as chamadas
linhas agônicas (linhas sem ângulos de declinação
magnética); não são exactamente rectas devido as
outras forças gravitacionais e magnéticas da terra.
4
diferente nos outros sectores do mapa, especialmente anos mais tarde, a declinação magnética poderá ter
quando a área é grande como em cartas com escala mudado consideravelmente, dependendo do lugar no
1:250.000. Por exemplo, na folha tinham declinação planeta.
no ano de 1970 de 15°55'w e 15°39'w
respectivamente. A variação da declinação magnética é
indicada em cada carta topográfica (como se vê na
Isto não deve ser confundido com a figura 10.3.b., para Brasília o ângulo aumenta 9'w
"variação anual", o próximo tópico. anualmente). Com essa indicação e através de um
simples cálculo pode-se achar que a correção
Para complicar um pouco as medidas de necessária para uma medida bem aproximada da
precisão, a declinação magnética para um dado local direção do norte verdadeiro. Por exemplo, supor que a
está sempre mudado. Os pólos magnéticos estão declinação magnética de um dado local foi 19°43'Eem
sempre vagando, porém com que podem ser 1975, com uma diminuição anual de 10'. A declinação
determinadas. Por essa razão se inclui geralmente a em 1980 seria: 19°33'E menos (10' por ano vezes 5
data dos dados de qualquer declinação magnética. Se anos) = 19°33'E - 50' = 18°43'E.
os dados de uma carta topográfica, forem usados em
Figura 10.7 – Indicadores de direção dos 3 nortes nas suas treze combinações possíveis (sem especificar os ângulos
de declinação)
5
Teoricamente a bússola aponta o polo imaginário como uma linha de referência ao norte
magnético, porém na prática isso nem sempre ocorre. com valor zero, de onde se começa a medir.
As vezes a agulha da bússola sofre pequenos desvios
do norte magnético e alguns desses desvios são
causados por forças não magnéticas, como variações
regionais na densidade da terra. Em outros casos os
desvios são provocados por magnetismo local, como
são causados em áreas com jazidas de metal
magnetizados. Felizmente esses distúrbios regionais
foram localizados e mapeados em mapas de linhas
isogônicas. Mas, ainda existem outras influências
como redes de electricidade, tempestades com raios, e
objectos de ferro (canos, carros, relógios, etc.) que
podem interferir no uso da bússola.
6
exemplo, "N20°W (lido "norte 20°oeste ") significa
20° ao oeste da linha norte, e o ponto desejado estiver
no semi - círculo sul, o procedimento será o mesmo,
só que desta vez a referência "zero" será a linha ao sul
(Figura10.10b).
7
las por raciocínio e pequenos esboços dos quadrantes referência do norte magnético. M atematicamente
do que tentar memorizar as oito fórmulas necessárias falando seria simplesmente a som de 60º+ 15º = 75º.
para os vários casos. Todas essas noções se tornam Existe ainda o norte de quadrícula (de um suposto
fáceis; quando se possui um pouco de prática, mapa desta área). Se o norte de grade estiver a 5º leste
raciocínio e calma para evitar erros. de diferença do norte verdadeiro, o azimute de grade
daquele ponto é de 55º. Os azimutes no ponto B são:
10.4 AS COMBINAÇÕES DE AZIMUTE E Az. Geo = 70º; Az. Mag = 98º; Az = 55º.
RUMO COM OS TRÊS NORTES
Para determinação do rumo, o procedimento
Os cálculos se complicam um pouco quando é o mesmo; o caso do ponto "A" é fácil sendo no
são levados em conta a existência dos três Nortes. quadrante NE para todos os Nortes. Mas, o caso do
Está claro que a determinação de azimutes e rumos ponto "C" na Figura 10.12 precisa uma atenção
depende inteiramente da localização dos Nortes, especial, pois a declinação faz com que a direção
obrigando-se a especificação do sistema usado, ultrapasse para um outro quadrante. Neste caso "C"
originando-se assim uma classificação de azimutes está no quadrante SE magnético.
verdadeiros, azimutes de quadrícula, e azimutes
magnéticos; o mesmo é válido para os rumos. Lembre-se, para um mesma direção, existem
seis possibilidades diferentes de identificação. A
O esquema na Figura 10.11 mostra como um Figura 10.13 mostra os seis tipos numa tabela ideal
diagrama ajuda no cálculo das somas e subtrações. para testar seu entendimento de conversões quando
Observe que cada um dos azimutes tem o seu norte são fornecidas apenas as declinações e uma das seis
correspondente como ponto de partida para a medida. direções para vários pontos B,D, etc.).
Por exemplo, o azimute verdadeiro da linha A é 60º e
ele é medido a partir do norte verdadeiro e alinha zero Até agora, medidas foram feitas a partir de
do transferidor tem que sobrepor-se à linha de um ponto do observado (centro) em relação a um
referência do norte verdadeiro. A declinação out ro ponto ou a linha da qual se quer conhecer o
magnética, nesse caso é de referência de 150º W; isso azimute ou rumo. Porém qualquer linha num mapa,
significa que o norte magnético está a 15º a oeste do como uma estrada, pode não ter ponto do observador
norte verdadeiro. O azimute magnético será medido a (origem) especificado. Assim, se descreve sua direção
partir do norte magnético e agora a linha do como NW-SE, ou de azimute como 140º-320º.
transferidor tem que ser sobreposta a linha de
8
Figura 10.12 – Exemplo da medição de azimutes á partir dos três nortes
Pontos A e B
ver a Figura
10.11
Pontos C e D
ver a Figura
10.12
9
Capítulo 11
NOÇÕES DE TOPOGRAFIA, GEODÉSIA, E cotadas, os detalhes requeridos de uma parte limitada
FOTOINTERPRETAÇÃO da suprefície da terra, de forma que eles guardem no
desenho posições altimétricas e planimétricas
11.1 INTRODUÇÃO relactivas às existentes no terreno.A projeção
horizontal se chama "planta"; a relação existene entre
O exposto nos dois capítulos anteriores a planta e o terreno, é a "escala".
foram aspectos um pouco teóricos sobre os métodos
de representar altitudes e relevo. Porém, é necessário Pode-se considerar a Topografia como uma
saber os métodos para chega r a tais símbolos como parte restrita da Geodesia, já que esta tem por
representar um terreno específico e verdadeiro. Isto é objective o estudo da forma e dimensões de amplas
o trabalho de topografia, geodesia e fotogrametria. áreas da superfície terrestre. Enquanto os trabalhos
geodésicos se desenvolvem através dae uma extensa
Os trabalhos topográficos e de campo, são de rede de triângulos, formados a apartir de bases
extrema importância no processo cartográfico, porque precisamente medidas, e levando em consideração a
propiciam o contacto direct o do homem com o terreno esfericidade da terra, os trabalhos topograficos
estudado. Este contacto "in loco" é necessário, pois a (levantamentos ou medições), considera plana a
área representada numa carta topográfica, deve superfície do planeta, assim, são executados dentro
corresponder em todos os aspectos físicos à realidade das malhas dessa triangulação geodésica em áreas
do terreno. relactivamente pequenas que de acordo com a
precisão desejada,estas áeras não devem exceder a
A geodésia é essêncialmente um refinamento círculos com 10 a 20km de raio.
da topografia, tomando em conta a curvatura da
superfície do planeta. Este trabalho é altamente De um modo amplo a Topografia divide-se em:
especializado, matemático e indespensável; é
realizado principalmente pelos engenheiros 1. Topologia
cartográficos, em serviço para todos os usuários de 2. Topometria
cartas topográficas. 3. Desenho topográfico
Como foi dito no capítulo anterior, o relevo A Topologia é o estudo das formas de relevo
em terceira dimensão pode ser sentido através da do terreno e das leis que regem o seu modelado. Ela
visão estereoscópica. Portanto a cartografia se aplica na representação topográfica da superfície
topográfica foi acelerada pelo desenvolvimento da terrestre pelas "curvas de nível".
aviação, da câmara aérea e da fotogrametria e
fotointerpretação. Fotogrametria é a disciplina da A Topometria preocupa-se com as medidas
medição de distâncias planimétrias através de lineares e angulares, horizontais e verticais, a serem
fotografias (principalmente aéreas). A tomadas no campo, para efeito dos cálculos
fotointerpretação é a técnica metodologica utilizada requeridos e da confeção da planta. Estas medidas
pelas várias ciências para levantamentos e pesquisas, podem ser horizontais ou verticais, assim a topometria
aproveitando a ampla visão da região nas fotografias. pode ser dividida em "planimetria" e "altimetria".
Figura 11.1 o GPS comunica por satélite, localizando qualquer ponto na Terra
Figura 11.1 – O Sistema Global do Posicionamento (GPS) Exemplos de tipos da GPS: a mão, na esquerda, e
profissional, à direita. (photos cortesia de www.trimble.com)
1) Simples, (quando todos os pontos são 1° caso - O método na Figura 11.8 baseia-se
nivelados sem necessidade de mudança de na resolução de um triângulo rectângulo em que se
instrumento), geralmente o nível de luneta. conhece um dos catetos (a distância D) e procura-se o
outro cateto (a diferença de nível N), determinando-se
2) Composto, (quando pela extensão da área a o ângulo α, a clinometro ou a declividade, em
nivelar, torna-se obrigatória uma ou mais porcetangem, a clisímetro. Conforme se deduz na
mudanças do instrumento). Figura 11.8 a formula a empregar é; N =± tg α.
Fotos e cartas são diferentes. E servem para de nível e de outros símbolos, resultando nas
finalidades diferentes. Algumas vantagens existentes ortofotocartas (picto-mapas) (Figura 11.13).
na fotografia são desvantagens na carta e vice-versa
(ver a Figura 11.11). Estas variações cartográficas baseadas em
fotografias aéreas verticais são de grande interesse,
As fotografias aéreas podem ser consideradas porém a ênfase deste capítulo, está na fotografia
uma espécie de pré-mapas, quando são colocadas básica, na qual é essencial conhecer algumaas das
juntas (lado a lado). A isto denomina-se mosáico suas características e também indentificar pontos por
(Figura 11.12). Se o mosáico é impresso com a um sistema de coordenadas.
topomímia, a escala aproximada as coordenadas
geográficas e se eles possuem uma razoável precisão 11.4.2 Caracteisticas Básicas e Coordenadas em
planimétrica, são designadas foto-cartas. Fotografias Aéreas Verticais
Figura 11.14 – Exemplo do sistema de coordenadas milimétrica CMM. Com o número da fotografia 7532 no canto
inferior-esquerdo (I-E), a árvore do círculo tem coordenadas CMM 107 048. (Fotografia do Brasilia, cortesia da
CODEPLAN)
Estas margens referidas acima são os limites arranjar a fotografia de modo que as sombras das
entre a imagem fotográfica no terreno, e a margem árvores, montanhas prédios, etc., "caiam"na direção
negra ou branca no papel; tão pouco existem do observador.
influências da margem negra sobre as marcas
fiduciais. Este sistema funciona também sobre 11.5 IMAGENS FOTOGRÁFICAS EM
estereogramas, e não depende da localização do ponto TERCEIRA DIMENSÃO
principal, como acontece em outros sistemas.
11.5.1 Introdução À Visão Estereoscópica (Visão
Binocular Artificial )
O sistema CMM, que usa medidas para a
direita e para cima de duas linhas de referência (as Todas as pessoas que possuem visão normal
margens das fotos), é similar em função ao sistema de têm visão binocular (em três dimensões) durante o
coordenadas UTM, (ver iten 4.4.2), impresso nos tempo em que estão com os olhos abertos. A visão
mapas e cartas topográficas do Brasil. Embora binocular dá o registo de profundidade e serve para
possuam três diferenças fundamentais: medição das estimar distancias de profundidade entre os objectos a
distâncias, orientações de direções cardeais , e o ponto nossa frente. Ela é baseada em duas imagens de um só
de origem (000000). objecto visto por dois olhos separadamente, isto é,
com posições de observação diferentes. No caso da
O sistema de coordenadas CMM para as visão normal, uma imagem está em cada olho. Em
fotografias aéreas não pode ser usada em relação às seguida, o cérebro faz um processo mental, o que se
distâncias terrestres: isto porque a escala da fotografia chama "fusão estereoscópica", que é o que
aérea não é necessariamente conhecida, nem está em proporciona ver em três dimensões.
números redondos convenientes do sistema métrico, e
não é obrigatoriamente constante em todas as partes Para enxergar fotografias aéreas em três
da fotografia. Ao contrário as coordenadas UTM dimensões, é aplicado o mesmo processo da fusão
usadas em mapas topográficos são perfeitamente estereoscópica mental. Portanto é necessária uma
relacionadas às distâncias terrestres, as quais não imagem em cada olho, que é o comum para a visão
variam em mapas de escalas diferentes. normal, sóque, na visão binocular, vê-se directamente
um objecto ou uma paisagem real com os dois olhos.
A segunda diferença é que o ponto de origem Contudo, na visão estereoscópica de fotografias
das coordenadas numa foto está no cruzamento aéreas, em vez do objecto, observa-se uma fotografia
inferior esquerdo das linhas das margens em cada da paisagem com um dos olhos e uma outra fotografia
fotografia ou estereograma, e esta posição no terreno da mesma área, mas não tomada da mesma posição,
não está determinada até a tomada da foto. com o outro olho.
No sistema UTM as origens zero-zero de Essas duas fotos são tiradas verticalmente
cada faixa são pré-determinadas geograficamente para por uma câmara num avião em movimento acima de
o mundo inteiro, e numca aparece nas cartas uma determinada área.
topográficas.
Quando se tem duas fotos alinhadas
A terceira diferença é que nem sempre a correctamente, cada olho vai ver um objecto na
margem superior de uma foto indica a direção Norte o imagem fotográfica juntos, os olhos são capazes de
inportante é saber que as medidas no sistema CMM formar um modelo estereoscópico. Em outras
sào feitas apartir de uma margem esquerda que tanto palavras, os olhos tomam as posições das câmaras
pode indicar o norte, quanto o sul, o oeste, o leste ou aéreas, os cristalinos dos olhos são equivalentes as
qualquer azimute. Ao contrário, o sistema UTM está lentes da câmara, enquanto as duas ret inas
baseado no norte identificado. Também qualquer uma correspondem aos dois negativos. A fotografia aérea
das quatro margens da foto poderia estar na esquerda observada representa a situação no terreno, só que em
do observados, de acordo com qual canto o escala reduzida.
posicionado o número da foto. Este posicionamento,
por sua vez, depende da hora da tomada da foto (por Nota: para cada olho individual, a imagem é
causa da sombra) e da direccão do vôo. plana.
Figura 11.15 –
Uma distancia
interpupilar
gigantesca
Figura 11.16 – Variações da visão paralela e da convergente
A melhor contribuição que a fotogrametria Este comentário, não é uma crítica de cartas
nos oferece, é a precisão altimétrica nas escalas fotogramétricas, que tem suas utilidades e tem seus
médias e grandes. Uma demonstração da tolerância na limites de precisao publicados. Mas é um pedido (ou
precisão altimétrica e planimétrica está em advertência) para que os componentes da cartografia
comparação do mapeamento fotogramétrico feito da (fotogrametri, topografia, etc) sejam utilizados nas
mesma área duas vezes. O relevo não tem mudado situações apropriadas, pelos seus usuários.
muito entre as datas das fotos e cartas da área na
Figura 11.23 – Representações da mesma área por curva de nível dentro das normas de precisão
1. Tonalidade,
2. Forma,
3. Padrão,
4. Densidade,
5. Declividade,
6. Textura,
7. Tamanho,
8. Sombra,
9. Posição,
10. Adjacências.
Na fotografia cartografica, a
fotointerpretação acompanha todo o proceso com
excessão da gravação e de impressão gráfica final. As
fotografias são úteis para localizar no campo os
trabalhos da geodesia; o operador do restituidor
fotogramétrico faz interpretação para identificar áreas
urbanas, a drenagem e outras feições que ele precisa
traçar; as equipes de reambulação fotointerpretam as
áreas quando estão determinando os sómbolos e
nomes das feições na região por trabalho de campo.
Há ainda mais , a fotointerpretação é algo
indispensável na fotogrametria, metodologia
fotointerpretativa, disciplina de especialização
(geologia, pedologia, etc), bom senso e prática que
destingue um fotointérprete profissional de um leigo.
Para chegar a nível alto 'e preciso passar por níveis
básicos, técnicos e profissional avançado. Apenas
olhar as fotografias aéreas belas e idêntificar o óbvio é
igual a uasar apenas o martelo apesar de ter uma
oficina completa à sua disposição. Sendo bem
Capítulo 12
Estes últimos grupos as vezes não são bem (Este item é extraído principalmente do
distintos e dependem de cada indivíduo. Alguns parecer 1057/79 do processo 7428 do conselho do
sabem os níveis quase como auto-didacticas, enquanto Brasil).
outros recebem títulos por passar mal num curso
mínimo. Idade e experiência prática também podem O engenheiro cartógrafo, pela sua formação,
contribuir muito à formação do "cartógrafo" de deverá estar capacitado a planejar, organizar,
qualquer nível. Portanto, os comentários a seguir são especificar, projectar, orientar, dirigir e fiscalizar a:
generalizados e todos devem saber que há variações e
sobreposições entre eles. I) Coleta de dados de:
1
elaboração de cartas de qualquer satélites artificiais cartográficos activos
espécie; ou passivos e o rastreamento.
2
e descobrimentos. A Geografia sendo a ciência mãe
dos estudos da terra, utilizou e apoiou o A adequação do ensino médio às
desenvolvimento da cartografia. Cartas e mapas são o necessidades do Brasil vem sendo abordada com uma
meio mais efectivos de representar as relações preocupação contínua das autoridades educacionais.
especiais absolutas e relativas entre lugares da terra.
Em tempos modernos, os cursos de engenharia O ensino técnico se processa, na escola
geográfica continham o núcleo da presente engenharia Brasileira, na faixa intermédia entre o ginásio e a
cartográfica. Ainda mais, onde não há um curso ou universidade. Tem portanto atrás de si, oito anos pelo
departamento de cartografia, tais matérias básicas e menos de escolaridade (4 primário e 4 do ginásio), o
importantes para os diversos cursos são que corresponde (na nova nomenclatura que ora se
tradicionalmente e quase sempre leccionadas nos pretende implantar) ao ensino fundamental.
departamentos de Geografia.
Mas não coincide plenamente com o
Os profissionais de tais cursos não conceito de "curso colegial" de 3 ou 4 anos, dos quais
cartográficos normalmente estudam apenas os os últimos (no caso de 4 anos) necessariamente se
princípios de cartografia e as suas aplicações às passa fora da escola, em empresas, com assistência e
profissões. Portanto eles não se classificam como orientação do órgão educador responsável sendo que
cartógrafos. Contudo, quando um ou outro deles se os três primeiros não dispensam a "oficina". É uma
dedica aos aspectos cartográficos das suas áreas, escolaridade em grande parte realizada em conjugação
começam a actuar como cartógrafos (normalmente em com as próprias actividades ocupacionais, ansiando o
forma geral, não como engenheiros nem como os aperfeiçoamento pela sequência de estudos e
cientistas do mais alto gabarito, porém alguns chegam promovendo a integração do ensino com a realidade
a estes níveis também). Por exemplo, alguns socio-económica do país.
geógrafos, geólogos, agrónomos, etc, se especializam
no mapeamento através de fotografias aéreas ou Ao término do curso completo, o concluindo
imagens de radar e satélites. Se eles são denominados recebe um diploma que poderá ser registrado. Este
"cartógrafos" ou outro nome é mais uma questão de registo qualifica para o exercício da profissão como
contacto ou preferência pessoal do que uma indicação técnico médio desta actividade específica.
do seu trabalho diário. Isto é o caso específico de
geógrafos professores de cartografia. Para a obtenção do diploma o aluno percorre
um currículo de disciplinas de cultura geral e
A cartografia do geógrafo (e outros) é mais formação técnica. São disciplinas de cultura geral:
afim `a abrangência do "cientista cartógrafo" do que português, matemática, história, ciências físicas e
ao senso estrito do engenheiro, dedicado a confeção biológicas. As de formação técnica variam com a
de cartas. O geógrafo também mais ligado ao uso especialidade de cada grupo.
literatura e interpretação de cartas, algo pouco
enfatizado para o engenheiro cartográfico. Onze escolas e instituições oferecem curso
Infelizmente para o ensino, não são muitos os de nível médio em cartografia e topografia. Para um
geógrafos que aprendem com profundidade a país do tamanho e população, são poucas e resultam
cartografia; e são poucos os engenheiros cartógrafos numa falta de pessoas para realizar trabalhos.
que se entusiasmam com os princípios, uso e o ensino
da cartografia a um nível mais geral. Por exemplo, os Segundo os dados de uma pesquisa
geógrafos professores de cartografia precisam internacional sobre a mão-de-obra treinada em
aprender mais sobre a confeção e precisão de cartas, cartografia e em mapeamento, o Brasil conta com
enquanto os engenheiros cartógrafos que querem ser aproximadamente 10000 pessoas capacitadas e
professores de cartografia (geral) precisam aprender trabalhando nestas tarefas.
mais sobre a geografia, a interpretação de cartas, etc.
seu treinamento em medições astronómicas, alta Há também uma escola interamericana que
matemática, etc, tem pouco lugar nas matérias actua no treinamento técnico e profissional de
leccionadas para os alunos de profissões não cartografia.-Escola cartográfica do serviço geodésico
cartográficas. interamericano (IAGS), localizada no Panamá.
Também há curso completos sobre ramos Desde 1952 oferece às agências cartográfica
específicos da cartografia, principalmente a latino americanas, treinamento técnico altamente
topografia, fotogrametria, e agrimensura. moderno em Geodesia, fotogrametria cartografia e
outros temas afins das ciências terrestres. Os cursos
12.5 FORMAÇÃO DE TÉCNICOS EM são de vários tipos: alguns de curta duração para
CARTOGRAFIA técnicos e supervisores.
3
sistemas de doppler de satélite, administração de Assim ele chega a sua vida adulta ou no inicio dos
órgãos cartográficos e até manutenção de cartas. seus estudos universitários.
Portanto a escola cartográfica, mantida pela agência
cartográfica de defesa dos Estados Unidos, actua nos Esse problema é quase universal. O aluno
níveis técnicos, profissionais e actualização em pós- norte-americano estuda pouca geografia; os alunos
graduação. (Staples:1981). dos países e desenvolvimento sofrem pela falta de
recursos físicos e humanos. Em contraste, muitos
12.6 ENSINO CARTOGRÁFICO ESCOLAR alunos da tradição britânica, que escolhem estudar a
geografia no segundo grau conhecem bem as cartas
Nos primeiros e segundo graus, as crianças e como fonte de informação geográfica. Porém, não é
jovens aprendem a usar diagramas estatísticos e obrigatório, e quando começam a estudar a geografia
mapas. Uma parte obrigatória do currículo escolar e nas universidades, o ensino é principalmente
geografia inclui a cartografia. Mapas e cartas de direccionado à maioria dos alunos que não conhecem
pequenas escalas estão nos livros e às vezes as cartas. A solução desta situação é de incorporar-se
pendurados nas paredes. Contudo, a quantidade do no currículo escolar o ensino de "graficação"
ensino das bases cartográficas é muito pequena e a (capacidade de usar gráficos) como foi mencionado
qualidade de ensino é muito variável, dependendo dos no capítulo (item 3 no volume 1). Isto é, o aluno
recursos da escola e o interesse e habilidade dos comum precisa aprender a conviver com a
professores. Infelizmente, é possível para um aluno se comunicação gráfica (desenhos, gráficos e mapas)
formar no segundo gr au sem ver e talvez nem saber da como ele aprendeu a conviver com o uso do alfabeto e
existência das cartas topográficas, mesmo que seja os números.
provável que a própria área em que ele reside já foi
mapeada à escala 1:100.000 ou 1:50.000. E se ele Assim seria um benefício duplo: o inicio
sabe que existe, ainda é provável que ele seja um firme e forte para todos os níveis técnicos e
analfabeto ou semi-analfabeto na leitura de cartas. profissionais; e um melhor apreço, valorização e
utilização do trabalho cartográfico actual e futuro.
4
Capítulo 13
INTERPRETACÃO DE CARTAS
TOPOGRÁFICAS Como se vê na Figura 13.1 do "mapa
voador", muitos detalhes no terreno não tem
13.1 INTRODUÇÃO simbolização na carta como o uso da terra (cultivos,
pastagens), a arquitetura dos edifícios, e fenómenos
Os capítulos iniciais explicaram que o mais recentes que o mapa (como a mina nova na
objetivo principal dos mapas é a comunicação, ou figura). Assim, a capacidade de ler (ou conhecer) os
seja, a transmissão e entendimento das informações símbolos num mapa não garantem uma interpretação
em cartas e mapas. Portanto, os mapas são feitos para correta. Por exemplo, todos os desenhos na Figura
pessoas que saibam lê-los e interpretá-los, pois ao 13.2 são fidedignos ao mapa na figura anterior.
contrário, seria o mesmo que escrever um livro para Qualquer uma pode ser o terreno real porém somente
um analfabeto, isto é não haveria comunicação sabendo com certeza se está na China, nos EUA ou no
alguma. A leitura compreensiva das cartas é de NE do Brasil o viajante do mapa voador poderá
importância fundamental para todos os usuários de distinguir todas as caraterísticas ou detalhes de cada
mapas, sejam eles estudantes, geógrafos, cartógrafos, país ou região considerada.
economistas, qualquer outro profissional, ou leigos.
O observador tem um mapa mental na cabeça do que
A interpretação de cartas tem muito a ver imagina ser o que ele está vendo no mapa. Assim
com a percepção e os filtros que atuam em cada quando ele vê um pequeno quadrado representando
pessoa, sendo você, nossos colegas, eu e pessoas uma casa ele imagina essa casa como sendo a casa
individuais. Portanto este capítulo foi escrito com que ele está acostumado. A interpretação só será
informalmente, como uma conversa entre nós. O correta e completa somente quando o mapa mental
objetivo é ajudar-nos na apreciação e aproveitamento coincidir com o terreno real.
daquela grande parte (a interpretação) do circuito de
comunicação cartográfica (ver as Figuras 3.1 e 3.2). A distinção entre a leitura de um mapa e sua
interpretação é analógica à diferença entre a leitura de
Você pratica fotointerpretação todos os dias. um livro pela sua óbvia estória e a interpretação do
Quando você nota que as pessoas parecem formar um simbolísmo do livro para descobrir o que é que o
padrão, você se pergunta, "porquê?". Se você entra na autor estava tentando mostrar. Com o livro ou com o
sala de aulas e encontra todos agrupados num canto, mapa, é necessário aprender "ler entre as linhas".
você fica surpreso com a distribuição anormal dos
alunos. Você pode descrever o agrupamento deles Intuição é a parte importante da interpretação
como uma distribuição aglomerada, mas esta não de mapas, exatamente como o é na interpretação de
explicará porque estão agrupados lá. Estariam eles um livro, um poema, ou um quadro pintado. Portanto,
olhando algo fascinante ou tentando esconder-se de a validade da sua inferência depende de sua
algo terrível ? Terá havido acidente ou grande habilidade de permitir o mapa servir como um
descoberta? Sua mente irá disparar em conjunturas, e substituto para o ambiente. A medida que seu mapa
sua curiosidade ficará mais aguçada para encontrar mental melhora, assim também melhorará sua
resposta. habilidade de interpretação.
Quando você interpreta um mapa, você faz o Podemos abordar a interpretação de mapas
mesmo. você nota padrões não comuns ou de duas maneiras. Você pode olhar para um mapa e
interessantes e procura explicação para eles. A buscar explicações para o padrão que vê nele. Ou
diferença é que na interpretação de mapas existe um você pode comparar diversos mapas de períodos
pára-choque entre você e seu ambiente. Feições e distintos e especular sobre qual foi o processo que
distribuições são simbolizados, simplificados e poderá ter produzido as mudanças que ocorreram
generalizados. Portanto, a resposta a sua pergunta não durante certo período.
serão imediatamente óbvias. O mapa pode incluir
somente o número suficiente de informações para Mesmo que você apenas use um mapa, você
fornecer-lhe pontos de partida para descoberta. É um está olhando tanto no tempo como no espaço. Pôr
trampolim para a imaginação, que faz seu cérebro exemplo, muitos traços mudam nas suas bordas
rodar com perguntas e o inspira a procurar respostas. enquanto permanecem mais ou menos o mesmo no
seu centro. Assim, você pode olhar no centro de uma
Como vimos frequentemente nos capítulos cidade para ver como era a situação, e nas suas
anteriores, a relação entre a realidade e a sua margens para ver o que está se passando agora. O
repres entação mapeada não pode ser 100%. É tempo nunca deve ser ignorado como um fator na
necessário um esforço criativo para mudar do mapa interpretação de mapas. Quando um padrão difere de
simplificado e estático para a vibração e detalhes do um lugar para o outro, pode ser que seja por causa de
ambiente. variação das condições em áreas diferentes ao mesmo
1
tempo, ou pode ser devido ao fato de que o padrão foi como o princípio de equifinalidade. Pode haver a falta
desenvolvido sob as mesmas condições mas em de árvores numa área, por exemplo, porque o clima e
tempos diferentes. o solo não favorecem a vegetação, ou porque houve
incêndio florestal, ou porque as árvores foram
Outro problema de interpretação surge por cortadas. O intérprete do mapa deve decidir qual
causa de uma variedade de processos diferentes que destes três motivos ou outras explicações possíveis se
podem levar ao mesmo resultado. Isto é reconhecido explica num caso em particular.
Figura 13.1 – Como um tapete voador, um mapa fornece uma vista especial do terreno
Figura 13.2 – Variações de terreno real (ou mapa mental) fidedignos ao mapa na Figura 13.1
2
O oposto também é verdadeiro. Um único A interpretação é sem fim; nunca é completa.
processo pode terminar em muitos resultados Cada nova experiência que você tem, em cada aspeto
diferentes. O processo de construção de uma cidade, da vida, lhe dará nova visão. Se você já releu um livro
por exemplo, pode ocasionar uma grande variedade de anos depois, deve ter percebido que encontrou coisas
padrões. diferentes das da primeira vez que o leu, isto é porque
você cresceu. Assim também é com um mapa. Quanto
A interpretação de mapas, então, é um ato mais você aplica nele, mais benefícios ele lhe trará.
criativo muito complexo. Tudo que você tem
aprendido sobre a leitura e análise de mapas até aqui De todos os aspetos do uso de mapas, a
será posto em uso. Em realidade, tudo o que você interpretação requer muito mais do usuário. Você
aprendeu na sua vida será útil. A interpretação sugere deve dar tudo de sí. Todas as disciplinas que estudou,
um entendimento além de mapas. Você deve ter toda a experiência que já teve, contribui para a sua
também alguns conhecimento sobre algumas feições interpretação mapa. A interpretação é o que exige
no mapa. Para interpretar com sucesso a vegetação mais do que todos os empreendimentos no uso de
representada numa carta, você deve conhecer algo de mapas.
vegetação. Para explicar o padrão do solo no mapa,
você deve saber uma série de coisas sobre a área, tais Ela é também mais empolgante. Você pode
como o clima, a geologia das rochas mães, e se foi ou gastar horas perdido num mapa interessante, da
não coberto por glaciares. mesma maneira que o faz com um bom livro. Dizem
que todo mundo adora um mistério, e um mapa é tão
Obviamente é impossível incluir todas estas cativante como qualquer outra novela policial.
coisas potencialmente importantes num só mapa. O
resultado seria representação amontoada e complexa Escondida dentro daquele padrão de
além da compreensão humana. Consequentemente, símbolos no papel, está a própria essência da vida. O
interpretação completa requererá a busca de desafio do intérprete de mapas é procurar aqueles
informações adicionais em outros lugares, incluindo significados enterrados e juntar os fragmentos das
fotografias aéreas e trabalhos de campo. Uma das informações mapeadas e formar um quadro vibrante
melhores fontes de tais informações é geralmente de uma realidade com constantes mudanças. Uma vez
outros mapas. Muitos padrões tornar-se-ão mais que você venceu este desafio e descobriu a divisão na
claros quando um mapa é comparado a outro e se fará interpretação, você olhará todos os mapas nesta nova
um estudo de padrões de fenómenos relacionados. maneira, encontrando padrões intrigantes e se
Lembre-se que cada mapa contém os resultados de perguntando "porque?"
muitas horas de trabalho por profissionais nas várias
especializações. 13.2 O AMBIENTE INTERPRETADO DE UMA
CARTA TOPOGRÁFICA
A medida que se ganha proficiência na
interpretação de mapas, você ficará surpreso com 13.2.1 Uma base sistemática.
habilidade de generalizar de uma situação a outra. A
explicacão de alguns pequenos detalhes do ambiente, Não há lugar no mapa que haja escapado à
geralmente dará a base para o entendimento de muitos influência da nossa espécie. Até mesmos os campos
outros traços na área em redor também. Similarmente de gelo na Antártida contém radiação, resultantes dos
as informações que você usa para explicar os testes de bombas atómicas, um testemunho mudo da
fenómenos na sua área local podem ajudá-lo as coisas marca na superfície terrestre. Apesar da grande
em outras partes do mundo e talvés mesmo em outros extensão da influência humana, nós provavelmente
planetas. Ao estudar mapas, você descobrirá que não chegamos de perto de influenciar o meio
certos traços e padrões são repetidos várias vezes. ambiente tanto quanto ambiente natural nos
Portanto, você pode esperar que a sua habilidade na influencia. Com isto em mente, começaremos nossa
interpretação de mapas cresça continuamente com as discussão de interpretação de mapas com o cenário
suas experiências. cultural.
A interpretação de mapas é uma competência Porém, nos defrontamos com uma série de
que é adquirida com a prática, e que não pode ser dificuldades. O ambiente natural é por demais
ensinada num livro. Tudo o que podemos fazer aqui é complexo para que o examinemos de uma só vez
dar exemplos de interpretação e descrever alguns como um todo integrado. Cientistas do meio ambiente
procedimentos gerais que podem ser usados. Por geralmente tiram vantagens desse impasse aparente,
conveniência, trataremos primeiro com a interpretação decompondo-o em seu sistema de componentes para
de traços físicos e depois com fenómenos culturais. então estudar cada um separadamente. Isto serve
Na interpretação prática de mapas, estes dois campos como uma estratégia úttil na interpretação de mapas
se fundem em um só. também. Como primeiro passo, podemos ver o meio
ambiente não como uma unidade, mas como um
mosaico de quatro grandes esferas: a atmosfera; a
3
litosfera (superfície e crosta da terra); a hidrosfera que esta é uma carta topográfica confeccionada pelo
(superfície e fundo de águas); e a biosfera. Estes DSG do Brasil segundo as normas estudadas nos
estados naturais não independentes um do outro; tão capítulos anteriores. A escala é de 1 : 100 000 (ou seja
pouco nenhum é simples dependente dos demais. 1cm no mapa equivale a 1km no terreno). O nome
Portanto, eventualmente teremos que sobrepujar esta desta carta é canela.
divisão convenientemente e artificialmente, para ver o
meio ambiente como uma só entidade completamente 13.2.2 O meio ambiente atmosférico
entrelaçada. Porém, no momento faremos uma
interpretação dividida nas quatro esferas. Por definição, uma carta topográfica mostra a
superfície do terreno, e não inclui nada da atmosfera.
O desafio para interpretar o meio ambiente Portanto precisamos aproveitar nosso conhecimento
não é fácil de vencer. Somos afortunados, porém, em básico ou recorrer a outras fontes cartográficas de
ter o benefício dos séculos de observação e pesquisa informações (neste exercício as interpretações foram
para encarar o problema. Teorias aceitáveis têm sido baseadas somente no mapa de canela e não foi
apresentadas para explicar todas as quatro esferas, utilizado nenhuma bibliografia extra, porém lembre-se
apresentando tais conceitos como ciclo erosional, de na sua vida profissional sempre aproveitar a
evolução biológica e períodos climáticos. bibliografia de suporte existente).
Quando estas teorias são aplicadas Os fatores atmosféricos são bem variados
devidamente, são de grande importância e ajuda na (pressão atmosférica, insolação, ventos etc.). Porém a
interpretação efetiva de mapas. temperatura e a pluviosidade são do nosso maior
interesse. Elas não variam muito numa área pequena
Como veremos no exemplo a seguir, uma (apenas 50 por 50 km aproximadamente numa carta
interpretação efetiva de mapa requer que usemos de escala 1:100 000 do território brasileiro). Também,
muito do nosso conhecimento e experiência. Isto pode elas dependem muito da situação geográfica geral do
não ser fácil, porque a complexidade e detalhes do local.
ambiente natural e interminável. Ainda algumas
relações possam parecer óbvias, ou pelo menos A carta fornece várias informações para
susceptível à lógica e a razão, outros precisam olho localizar canela: "região sul"; tem um pequeno mapa
treinado para decifrar, ou até mesmo para perceber. para a situação da folha no estado do rio grande do
Poucos de nós temos um conhecimento visual sul; coordenadas geográficas: latitude -29° 30' (sul) e
suficiente dos estados naturais para chegar muito longitude 51° 00′ (Oeste ; folha SH 22-x-c-1); O
longe baseados em experiências diárias apenas. código MI 2954 não está impresso nesta carta porque
Consequêntemnte, uma educação formal nas ciências foi imprimida em 1972 antes do início do sistema).
do meio ambiente é básico na interpretação de mapas Utilizando uma informação, localizamos canela numa
do meio ambiente. Cada disciplina estudada permite carta milionésima nas Figuras 6.8 e 6.9. está a 80km
você juntar mais informação de uma fotografia aérea ao norte de porto Alegre, 90 km da costa atlântica, e
ou mapa topográfico. Utilizaremos um conhecimento com altitude aproximada de 830 metros acima do
não cartográfico qunado-nos mostrarmos quanto nível do mar.
entendimento pode ser obtido de apenas uma carta
topográfica junto com a aprendizagem dos assuntos Segundo meus conhecimentos de
encontrados neste livro-texto (Volume 1 e 2) que climatologia, e também por ouvir as notícias na
também inclui a cartas ao milionésimo da mesma televisão, eu sei que no inverno (Junho a Agosto no
área. Devido aos limites de tamanho desta publicação, hemisfério sul) na latitude 30° sul com 800 metros de
não é possível incluir uma carta topográfica completa. altura tem geadas fortes, e mesmo neve as vezes.
Portanto, e também por razões didáticas, precisamos Porém é uma zona subtropical; no verão deve ser
seleccionar: quente, mas não tanto como no porto Alegre, ao nível
do mar.
(1) Apenas uma parte de carta com variedade
suficiente, Vários fatores indicam que uma zona com
chuva normalmente moderada:
(2) Um lugar acessível às pessoas que querem
um dia fazer um "trabalhos de campo" e Primeiro: No mapa vemos varias açudes,
lagos, uma drenagem com vários rios e córregos
(3) Uma zona conhecida suficientemente. permanentes em todos os lugares, com córregos
intermitentes apenas nas cabeceiras de cada bacia.
A área do local escolhido está na Figura 13.3
imediatamente, e antes de mais nada, confirmamos
4
Figura 13.3 – Mapa de Canela
5
Segundo: No curso de geografia física cartas topográficas são óptimas para estudar a
aprendi que a circulação atmosférica gira no sentido geomorfologia, porém não fornecem diretamente
anti-horário acima dos oceanos nas latitudes baixas e dados geológicos e pedológicos. Esses dados são
médias no hemisfério sul (pode-nos nos confirmar isto fornecidos em outros tipos de cartas, as chamadas
em qualquer atlas escolar), movimentando as cartas temáticas e sistemáticas.
correntes oceânicas no mesmo sentido. Portanto, na
costa atlântica sul do Brasil, a corrente da água vem Quando alguém descrever a geomorfologia
do norte para sul, sendo uma corrente morna capaz de de uma região, normalmente começa com os macro-
provocar evaporações e aquecer o ar, promovendo elementos, fazendo subdivisões até alcançar os
chuvas numa larga faixa costeira do Brasil. Também mínimos detalhes. No caso, os macro-elementos são
existem as massas de ar frias chegando da Argentina, melhores vistos na carta ao milionésimo (Figura 6.8).
causando uma meteorologia bem diversificada na área Vemos que Canela está quase no extremo sul de uma
de Canela. extensa zona "relativamente" plana entre as costas de
500 e 1000 metros SNM.
Terceiro: A zona seca mais próxima ao Rio
Grande do sul está longe, no Chaco ao lado de Este platô é mais alto no lado leste, sendo
Paraguai e da Argentina. inclinado ligeiramente ao oeste. Sua margem leste é a
serra geral que forma uma costa quase reta. A margem
Quarto: A zona tem floresta matas e bosques sul tem muitas “ indentações” devido aos vales dos
extensos, e não estão limitadas apenas as várzeas e rios que estão errodindo o platô. Um destes vales é o
vales dos rios. rio Paranhas (AR 2246), que chega bem perto de
Canela. O rio cai e está escavando um outro vale mais
Pela combinação destas observações e estreito ao norte de Canela (AR 2261). Assim,
conhecimentos, conseguimos uma ideia bastante clara podemos desenhar um mapa esboço (13.4) com as
da situação atmosférica/climatológica de canela. De duas regiões fisiográficas principais. (este desenho foi
Outubro a Abril deve ter um clima maravilhoso. feito à mão livre pela redução por quadrículas
semelhantes às UTM desenhadas na escala 1 :
13.2.3 A litosfera 500.000.
Nas encostas do platô, os declives são bem dois perfis. Aquele na Figura (13.5) que vai de Canela
variados. Nos fundos dos vales existem declives de até ao segundo córrego atrás do morro da Canastra
40% (AR 1743), enquanto tem penhascos (como nas (isto é o perfil vai de GR 180515 até GR 306437).
coordenadas GR 165497) com 80% (400) ou mais. Nitidamente são visíveis as zonas de platô, penhasco,
Também há locais quase planos ou ligeiramente plataforma, e os lados baixos do vale até ao leito do
inclinados, como nas GR 015480, AR 1141, AR 1644, rio. O “pico” do morro da canastra realmente é um
Gr 103607 e GR 320430; parecem como plataformas. pico que tem conecção com o platô ao leste. Podemos
Para visualizar melhor os tipos tão distintos, eu fiz concluir que este morro e, também, o morro agudo
6
(AR 1241) são residuos do platô. Aparentemente, há (1) É possível que todos eles sejam causados por
uma capa ou camada de rocha dura protegendo o nível uma camada de rocha mais dura que as dos
superior do platô. penhascos e fundo de vales?
O outro perfil (Figura 10.5b) que cruza o (2) Talvez as plataformas sejam do mesmo tipo
vale do rio, Caí, também mostra nitidamente as de rocha que está na capa de platô? A reposta
mesmas zonas de penhascos e plataforma. Porém as as duas perguntas é provavelmente “sim”.
declividades dos lados do fundo do vale são de quase
80%, até ao extremo oeste da carta aonde o vale fica O tipo de rocha não está indicado na carta. A
mais aberto. (rapidamente confirmei que esta abertura primeira impressão é que são rochas sedimentares em
continua a oeste da carta adjacente, a qual é de camadas horizontais, e então provavelmente são
Caixias do sul) minha conclusão é que o rio Caí na arenitos, que normalmente são rochas duras. Mas esta
carta de Canela ainda não chegou (pela erosão) a fazer impressão é totalmente errada!! Dos nossos estudos
o vale típico visto ao sul de canela. Em termos gerais sobre geografia física do Brasil, sabemos que
geomorfológicos, o rio Caí é mais jovem que o rio na verdade, Canela está no extremo sul, do maior
Paranhas. São tão distintas as três subdivisões das derrame efusivo basáltico do mundo, do qual o outro
encostas que podemos mapeá-las na escala 1 : 100 extremo está no estado de São Paulo. Estas rochas
000 segundo as mudanças de declive. Ver a Figura ígneas tem caraterísticas completamente diferente das
10.6, que foi feita originalmente em papel vegetal sedimentares. Em consequência, não se encontra
(semi-transparente) em cima da carta topográfica. nenhum tipo de mineração na Figura 13.3. também os
solos resultantes de rochas ígneas são distintos dos de
Os perfis e a carta mostram que estas rochas sedimentares. Este é um fator muito importante
plataformas são quase nas altitudes (ou cotas) de 550 para a vegetação natural e uso da terra pelo homem.
a 650 metros. De repente surgem duas perguntas: (Isto é discutido no item 13.3, depois de terminar a
análise do meio ambiente natural).
13.2.4 A Hidrosfera
É notável que no platôs rios correm com uma
Alguns aspetos hídricos foram mencionados tendência para oeste, mas isto pode ser apenas um
antes com relação a atmosfera e litosfera. Em resumo, acontecimento local (ver Figura 6.8) mais notável é
há chuvas moderadas e suficientes na área de Canela que no limite entre o platô e as encostas ao sul, os
para sustentar muitos rios e provocar uma forte erosão córregos da encosta tem pouca extensão no alto do
(podemos localizar essa erosão no mapa). É quase platô, ver como a chuva cai na AR 2053 tem
certo que há mais córregos intermitentes, eles podem drenagem pelo arroio caracol e o rio Caí. Portanto, o
ser vistos em fotografias aéreas, mas não são córrego na AR 2052 recebe pouca água para errodir as
desenhados em cartas para não sobrecarregá-la. rochas duras.
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AR 2562). Elas provavelmente estão onde o rio sai
das copas duras e entram nos vales das rochas mais Apesar do contraste marcante entre o
ténues. Também, vemos na carta lagos grandes e ambiente cultural e natural, os traços culturais são
pequenos, porém eles serão discutidos mais tarde, por com frequência associados intimamente com o
serem artificiais. cenário natural. O trabalho de você como intérprete de
cartas, é o de descobrir o quanto um está adaptado ao
13.2.5 A Biosfera outro e de que maneira. Para este propósito, você
achará que alguns mapas são melhores que outros. As
As cartas topográficas transmitem pouca cartas topográficas, que fornecem informações tão
informação direta sobre a flora e a fauna. Segundo a úteis ao interpretarmos o ambiente nat ural
legenda, as cartas identificam as zonas que têm isoladamente, são muito deficientes no que diz
pântanos, plantações, pomares, vinhedo, respeito a assuntos culturais. Fotomapas são
reflorestamentos, mangais, cerrados e agrestes geralmente espelhos mais úteis do campo cultural,
denotados. Nenhum destes tipos de vegetação foram mas possuem a desvantagem de que as feições são
identificados na carta de canela. As manchas verdes difíceis de identificar. O ideal seria possuir ambos os
são chamadas na legenda de 2 floresta, mata e tipos de mapa disponíveis e tirar vantagem da força de
bosque”. Elas são localizadas geralmente perto das cada um.
margens do platô, ao redor de canela, e no vale do rio
caí. Por mais graficamente que seja a
Devido as chuvas suficientes e do que ouvi interpretação de mapas, algumas palavras de
sobre as flores tas de santa catarina e no norte do rio precaução são sempre oportunas. Você deve tentar
grande do sul, eu imagino que são bosques altos com tirar conclusões somente quando as feições são
pelo menos alguns “pinheiros” araucárias e a fauna repetidas suficientemente para que tenha um padrão
silvestre “típica”. sobre a área substancial. Desta maneira você poderá
descobrir as relações geográficas interessantes, ao
Sobre estas vegetações (gramíneas, arbustos, mesmo tempo em que estará evitando erros que
etc) e a fauna, a carta não fornece nenhum dado ocorrem por ser feitas suposições apressadas.
direto: Os dados indiretos serão discutidos nos itens
sobre as influências humanas evidentes na carta. Esteja alerta também com determinismo
imaturos, proximidade espacial e associação nem
13.3 INTERPRETANDO O AMBIENTE sempre significam que existe uma relação de causa e
CULTURAL efeito. Decida com cuidado como os fenómenos se
adaptam um ao outro. Uma feição pode limitar,
13.3.1 Uma base sistemática auxiliar, influenciar, ou proibir, mas raramente
compelir outra.
Na interpretação de mapas, obviamente nós
não estamos apenas interessados no ambiente natural. Também mesmo que seja uma interpretação
Ainda mais importante é o fato de que a situação correta, às vezes não é fácil comprovar aquela
natural nos dá um lugar diversificado para as verdade, como no exemplo na Figura 13.7.
atividades humanas. Os povos têm modificado e
adoptado este meio ambiente em várias maneiras Também, muitas das interrupções de mapas
distintas. Para muitas pessoas que vivem em áreas são baseadas em informações de um tipo negativo. Às
urbanas, a evidência da engenharia do homem domina vezes o que não está no mapa é tão significante
seu redor em vez das feições naturais. Portanto, quanto o que está. A interpretação de um mapa é
precisamos também aprender a interpretar o ambiente como montar um quebra cabeças onde faltam algumas
humanizado. Isto nos conduz nesta parte do capítulo a partes. Nós devemos suprir estas pequenas partes que
uma explanação sobre as maneiras de interpretar o faltam dos nossos próprios conhecimentos,
ambiente cultural. experiências passadas ou alguma outra fonte.
8
navegáveis e não havendo aeroportos no mapa. O
Uma outra abordagem sistemática está transporte terrestre se divide em rodoviário,
relacionada com a avaliação de um por um de alguns ferroviário, e por caminhos e trilhas. Todos são
temas culturais como os seguintes: políticos, altamente influenciados pelo relevo local. Trilhas e
transporte, povoamento e instituições, atividades caminhos sempre existiram desde as habitações
económicas. Em todos eles aparecem fortes indígenas, porém às vezes mudam o percurso e
influências geográficas e históricas. aumentam em número com o crescimento da
população. Tanto para caminhos e trilhas quanto para
Como na interpretação do ambiente físico rodovias, há uma maior densidade de vias ao sudoeste
usaremos, somente uma carta topográfica e nossos da carta que no noroeste em cima do platô. Falaremos
conhecimentos comuns. Porém, lembramos que para mais sobre isto no item sobre a população.
um estudo detalhado da área seria essencial consultar
outros mapas, a bibliografia existente e fazer a Até a confecção da carta por restituição em
verificação de campo. 1970, não havia nenhuma estrada pavimentada na
área. Porém, já há, pelo menos um acesso asfaltado a
gramado e Canela, como é indicado na carta ao
milionésimo. Esta é a rodovia estatal RS 23. As outras
rodovias estatais (RS2 e RS 20) são de revestimento
solto ou superficial, de duas vias. Todas as outras
rodovias são de somente uma via, típico de transporte
rural. As rodovias Leste-Oeste não precisam subir e
descer os abruptos penhascos nas encostas do platô,
portanto não tem as dobras como se encontram nos
locais AR 1345, AR 2045, AR 3440 e AR 2461.
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em cada cidade terá o comércio e provavelmente uma
praça, etc. Pela análise dos itens sobre os aspetos físicos
do meio ambiente, sabemos que a região de Canela
Devido ao clima, no verão as árvores e tem entre outras, as seguintes caraterísticas:
grama devem ser bem verdes e limpas pela chuva.
Podemos imaginar que algumas das casas e Ampla pluviosidade no platô elevado, acima
construções teriam arquitetura distinta, alemã, porém de 800 metros, com vales fundos e lagos íngremes,
este conhecimento não vem da carta topográfica. O descendo mais de 600 metros verticais em apenas 2
povoamento rural está distinto nas duas grandes áreas km horizontais, a somente 100km de uma cidade
do mapa. No platô propriamente dito (como na AR 36 grande e industrial. Portanto, há demanda e condições
48 e AR 3460) são pouquíssimas as habitações, e as para produzir energia hidroelétrica. Os únicos
que existem normalmente levam o nome de fazenda. problemas são a falta de uma reserva de água e a
Os vales e as plataformas da encosta são bem canalização da água a uma só queda.
povoadas, com uma média de três habitações por km2
(eu contei as casas em algumas quadrículas de UTM). O primeiro problema foi resolvido com a
Quase sempre estão ao lado de uma estrada, caminho construção de três barragens (do saldo na AR 3157,
ou trilha. As outras casas devem ter acesso por trilhas do Blang na AR 3757, e da Divisa AR 4258). Elas são
tão pequenas que não aparecem nas fotografias aéreas. pequenas com comprimento de apenas 200 a 500
Por exemplo, é altamente provável que há uma ou metros e com baixas alturas de 20 a 30 metros. A água
mais trillhas ou até caminhos para carretas que unem de todos eles passavam para o rio Cai pelo afluente rio
as vinte casas na plataforma entre AR 6009 e AR Santa cruz.Mas eles estão longe das cataratas do rio
6211. Caí, onde a queda é apenas de 100 a 150 metros. Mas
construir uma barragem no vale fundo do rio Caí teria
Os moradores destas casas são sido muito caro para relativamente pouca água.
provavelmente os famosos "colonos" do sul;
chegaram a zona subindo os vales que estão apenas a A solução foi de desviar a água das
… quilómetros próximo do Porto Alegre. São barragens em direcção ao rio paranhas. Este desvio
agricultores de pequenas "colónias". O nome fazenda não aparece na carta, portanto suponho que é
não aparece nesta carta. A distribuição das instituições subterrânea mesmo assim, os cartógrafos poderiam ter
também se divide segundo o platô e a encosta. No colocado um símbolo para o túnel, aquedutos com
platô nesta carta, as escolas e igrejas se encontram nas bombas ou cifão. Segundo o relevo, o aqueduto
cidades e não na área rural, menos na GR298718, GR provavelmente passa pelo ponto baixo entre os morros
364815, GR191748, ou seja, uma distância de quinze na GR 302561.de lá a água passa ao aqueduto a partir
a trinta quilómetros umas das outras. Isto é devido a do ponto GR 300551, descendo até a primeira usina
baixa densidade populacional rural e da relativa hidroelétrica.
facilidade de cruzar as planícies e ondulações do
platô. Por razões contrárias, há escolas e igrejas a A água fica na pequena barragem do Bugre
cada três a seis quilómetro nos povoados e (altitude 490m) que é o reservatório para manter cheia
acidentadas zonas das encostas. Podemos contar as o segundo aqueduto que vai ao largo da plataforma
casa perto de cada escola e calcular ou estimar o até a chaminé na GR 252 487, e com quota 440m.
número de alunos por escola. O resultado indicará naquela chaminé, a água sobe quase até seu nível na
pequenas escolas com apenas um ou dois professores. barragem do Bugre, porque o aqueduto é um cano
A proximidade das escolas e igrejas indica a fechado que liga os dois lugares. Assim a queda de
tradicional importância dos grupos religiosos para o água da chaminé até a usina central Canastra que
ensino; muitas vezes os sacerdotes ou pastores varia de 490 a 200 metros (isto é … metros a mais do
trabalhavam como professores durante a semana. que a queda da barragem de Itaipú, mas Itaipú, terá
mais água). A eletricidade gerada é levada pelas
Os cemitérios, que também são muitos, linhas de alta tensão até porto Alegre, Canela e
provavelmente são pequenos e de poucas famílias. Gramado. As outras duas usinas (Ar 2560 e AR 2362)
Um hospital está em Santa Maria de Herval (AR são bem menores, porque a maioria das águas foi
0137), mas os outros e os postos médicos (como as tirada em cima e não existem linhas de alta tensão.
cidades devem ter) não são identificados na carta. Há poucas dúvidas para esclarecer no campo
ou na empresa hidroelétrica (segundo o nome da
13.3.5 Atividade Económica colónia de férias C.B.E.E na Ar 2954, o nome da
empresa provavelmente será semelhante `a companhia
Junto ao pequeno comércio urbano já Brasileira de energia elétrica). As obras de engenharia
mencionado, encontram-se três atividades económicas do homem seguem diretrizes bem definidas, portanto
importantes na região de Canela: geração de estas interpretações são bem seguras. Porém, há
eletricidade, uso de terra e turismo. sempre possibilidade de erros, omissões e mudanças.
No exemplo a seguir do uso de terra, as interpretações
13.3.5.1 Geração de Eletricidade
10
são bem menos seguras e exigem outros estudos
bibliográficos, fotointerpretativos e de campo. 2- As áreas das encostas sofrem, erosão. As
rochas são basálticas de origen ígnea, e tem
13.3.5.2 Uso de Terra com isso a capacidade química de originar
terras férteis.
Provavelmente você como todo mundo, ficou
na dúvida do porquê a população está nas encostas e 3- Há várias áreas verdes da carta nas zonas de
plataformas e não nas planícies do platô. Podemos encosta na carta; parece que a zona foi
propor várias hipóteses para explicar o problema de coberta por florestas. Se isto realmente
moradias rurais na região de Canela; aconteceu então nesta área havia floresta de
valor considerável e um solo rico em húmus.
Hipótese 1- Obstáculos: Evidentemente as florestas foram
importantes, porque no mapa (6.11 são
Os imigrantes saíram de Porto-Alegre em identificadas florestas nacionais de Canela e
direcção ao norte, com uma penetração seguindo os São Francisco de Paula. Estas florestas
vales dos rios, porém encontraram as vertentes nacionais são conservadas. O mapa mostra
íngremes, daí então pararam a penetração e por aí que hoje acontecem principalmente na beira
ficaram. dos platôs. O meio do platô tem poucas
florestas; possivelmente as áreas brancas
Hipótese 2 - Preferências: foram desmatadas também, porém a hipótese
dos solos pobres no platô sugere que nunca
Os colonos tinham preferências por vertentes existiram florestas extensas na área plana dos
e plataformas devido a semelhança com as regiões de platôs (a área da cidade de Canela realmente
onde vieram. não é uma zona de pleno platô). Se for o
caso, a atividade rural do platô é pecuária de
Hipótese 3 - Disponibilidade de terra: pas tagens. Porém, estas hipóteses só serão
comprovadas com trabalho de campo ou
Talvez as fazendas já existissem no platô estudos bibliográficos da região. A carta não
antes da vinda dos imigrantes, portanto não restou dá uma solução definitiva.
lugar para eles ficarem.
13.3.5.3 Turismo
Hipótese 4 - Qualidade dos solos:
Por sua beleza natural e tão variada, a região
Existe também uma possibilidade de que as áreas de Canela e Gramado ganhou fama para o turismo.
das encostas foram escolhidas pelos próprios Seja para campismo ou um simples passeio de carro, a
colonizadores devido à fertilidade nesta área. Está região da nossa carta atrai milhares de turistas
hipótese exige uma explicação mostrando porque as anualmente. Quem não ouviu falar das lindas
áreas planas do platô são menos férteis e menos paisagens, das hortênsias por todo lugar, da comida
adequadas para os seus fins agrícolas: caseira, do chocolate de Gramado, das cascatas do
caracol, da hospitalidade dos colonos Gaúchos, etc? a
1- O pouco uso hoje das áreas nos platô (ex. na carta não mostra esta beleza e tradição, mas com o
região AR 4454) indicam que elas são de mapa na mão se pode entender melhor e um dia
baixa fertilidade. Os solos nesta área aproveitarem esta área excepcional.
provavelmente sejam mais rochosos, isto é,
com uma camada de solo menos expressa. 13.4 OUTROS RECURSOS PARA
Tendo pouca espessura também dificulta ou INTERPRETAR NA REGIÃO DE CANELA
veda o crescimento de grandes florestas. A
razão de solos rochosos é que a camada Resta agora usar outras fontes de informações
superior de lavas basálticas é mais dura e para corrigir e enriquecer as interpretações feitas. Nas
mais resistente à decomposição para a figuras a seguir está um pouco do material gráfico de
formação de bons solos para serem apoio disponível em forma gráfica. Estas figuras não
cultivados. A evidência é verificada no foram usadas na interpretação nos itens anteriores. De
próprio limite entre o platô e a área das propósito, aqueles itens não foram corrigidos depois
encostas. Lá existe uma vertente íngreme e de se obter as novas fontes de informação. Algumas
abrupta, evidenciando que a camada superior anotações são necessárias atualizar e corrigir alguns
é dura, protegendo as rochas mais tenras que aspetos das interpretações anteriores.
se situam mais abaixo. As orchas moles são
as que originaram os solos férteis. As
próprias plataformas também têm uma capa
de rocha dura, porém elas recebem os solos
bons erodidos dos níveis superiores.
11
13.5 CONCLUSÃO
12
Capítulo 14
14.1 CONCLUSÃO DO VOLUME DOIS
13
APENDICE
14
15
16
17
BIBLIOGRAFÍA
Bradshaw, M. J. and Jarman, E.A. (1969a) Geological Map Exercises, English University
Press – (1969b) Reading Geological Maps, English University Press.
Focault, Alain. (…..) Coupes et Cartes Geólogiques, par Alain Focault et Jean François
Raoult.
- 528.9 F 762 c
LANDSAT, Index Atlas, of the Developing Countries of the World, World Bank
Raisz, Erwin Josephus, (1969) Cartografia Geral, Trad. De Neide M. Schneider e Péricles
Augusto Machado Neves. Rio de Janeiro, Científica, Título original: General
Cartography, 1948.
- 528.9 R 159 g = 690
Robinson, Arthur Howard and Randall D. Sale (1969) Elements of Cartography, 3rd ed.,
New York, J. Wiley.
-528. 9 R 658 c.
Strahler, Arthur N. (1975) Geografia Física. Ediciones Omega S.A., Barcelona – 1975.
Outro grupo também muito colaborou para que esta obra fosse concluida.
Várious ítens dos diversos capítulos foram elaborados por principiantes de Cartografia,
meus alunos do Departamento de Geografia e Cartografia da Universidade de Brasília –
UnB, que com muito esforço e dedicação organizaram vários tópicos de apostilas e
palestras por mim realizadas. Desejo agradecer em especial o Mário César Tompes,
Pauolo Frederico Hald Madsen e a Alcyone Vasconcelos Rebouças Saliba. Também
recebi críticas constructivas e pequenas revisões de outros alunos de boa vontade. Entre
estes dois gruupos anteriores de colaboradores estão o angenheiro agrimensor Oscar de
Aguiar Rosa, professor de Topografia da Universidade de Brasília, e o engenheiro
cartógrafo Antonio Jorge Ribeiro, possuído de muitos anos de experiências no ensino de
Cartografia e fotointerpretação no âmbito do Exército Brasileiro. Suas contribuições
escritas, seus comentários e revisões valorizaram notavelmente esta obra.
Capítulo – Autores-Colaboradores:
Mesmo que todos contrubuíram tanto para este livro texto e merecem enórme
crédito, eu pessoalmente asusmo a responsibilidade pelas deficiencies e erros que
enfelizmente acontecam, especialmente numa primeiro edição. Todos nós esperamos a
melhoria e o crescimento deste texto em futuros volumes complimentares e revisados.
Para tais fins, cada leitor está convidada a expressar sua opinião, sugerir modificação
pequenas e grandes, e/ou ser um dos colaboradores nas futures edições ou nos Guias de
Estudos e Práticas.
Poucas dias antes de sua morte, o Dr. Hamming ficou ciente de que este livro
seria dedicado a ele. Com a humilidade que caracteriza as melhores pessoas, ele
escreveu: “Eu acho que há outros que mreecem essa honra mais que eu.” Porém, quem
teve a oportunidade de ser seu aluno sabe que não houve helhor que ele.
Nascido ha Holanda e imigrado aos Estados Unidos por causa da Segunda Geurra
Mundial, Edward Hamming se dedicou ao ensino da Geografia. Se Formou como
professor (licenciado) em Geograifa e História em 1947 na St. Cloud State Teachers
College em Minnesota, E.U.A. Dois anos depois fez mestrado (Master of Science) em
Geografia na Universidade de Chicago, e continuou lá para obter seu doutorado (Ph.D.)
em 1952. Sua tese foi sobre “O Porto de Milwaukee”, um tópico da Geografia e
Transportação.
Em 19, o Dr. Hamming foi contratado pela Augustana Colloge, Rock Island,
Illinois, uam instituição de nível superior dedicado a excelência no ensino. As aulas do
Dr. Hamming sempre foram entre as mais populares. Apesar de ser exigente na
quantidade e qualidade dos estudos, ele teve o jeito de explicar bem claro cada assunto.
Ele transmitiu o conhecimento e entusiasmo ao mesmo tempo, com voz forte e gestos
abundantes. Sendo magro e em altura de dois metros, o Professor Hamming dava suas
aulas num anfiteatro armado com mapas nas paredes e uma régua de um metro na mão.
Muitas vezes nas explicações comparando algo em dois mapas, ele apontava a um, e
depois do outro, brandindo o metro como se fosse uma espada. Todo mundo sempre
ficava em alerta.
Além das suas qualidades como professor, o Dr. Hamming foi conhecido também
por seu carater impecável, seu sentimento religioso, seu amor pro seu família, e sua
amizade perpétua.
Com ele, a Cartografia e a Geografia viviam para seus alunos. Agora esperamos
que a dedicação deste livro a ele faça com que a memória dele viva com a Cartografia.