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PRINCÍPIOS DE CARTOGRAFÍA

TOPOGRÁFICA
VOLUME No. 2 (Capitulos 8 a 14) da Série
PRINCÍPIOS DE CARTOGRAFÍA
VERSÃO PRELIMINARIA – 03/2002

Editor – Coordenador:
Paul S. Anderson

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PRINCÍPIOS DE CARTOGRAFÍA
TOPOGRÁFICA
VOLUME No. 2 (Capitulos 8 a 14) da Série
PRINCÍPIOS DE CARTOGRAFÍA
VERSÃO PRELIMINARIA – 03/2002

Editor – Coordenador:

Paul S. Anderson

Professor de Cartografia e Geografia


Illinois State University

Contribuintes de textos escritos:

Paul S. Anderson
Phillip Muhrcke

Tradutores e revisores de vários ítens:

Noeli Vettori Anderson


Paulo Frederico Hald Madsen
Alcyone V.R. Silba

Orgãos Cartográficas que apoiam este livro com material gráfico:

DSG – Diretoria de Serviço Geográfico


FIBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica
USGS – Unites States Geological Survey

Assistente de produção do edição digital 2002:

Garrett D. Anderson

Direitos Reservados
Copyright © 1982, 1984, 2002 - Paul S. Anderson

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VOLUME UM
PRINCÍPIOS DE CARTOGRAFIA TOPOGRÁFICA
Relacões dos Capítulos

Capítulo 8
A TERCEIRA DIMENSÃO EM CARTAS TOPOGRÁFICAS

8.1 INTRODUÇÃO: ALTITUDE, RELEVO E PONTOS COTADOS


8.2 CARACTERÍSTICAS DAS CURVAS DE NÍVEL
8.2.1 Introdução
8.2.2 Equidistância das curvas de nível
8.2.3 Efeitos de Drenagem
8.2.4 Depressões
8.2.4 Valores e variações de curvas de nível
8.3 INTERPOLAÇÃO E EXTRAPOLAÇÃO PARA CURVAS DE NÍVEL
8.3.1 Desenho de Curvas de Nível Manualmente
8.4 CONCLUSÃO

Capítulo 9
PERFIL E OUTRAS REPRESENTACÕES DE RELEVO

9.1 INTRODUÇÃO: DECLIVE TOPOGRÁFICO


9.2 O PERFIL TOPOGRÁFICO
9.3 OUTRAS REPRESENTAÇOES DE RELEVO
9.3.1 Em Folhas Planas
9.3.1.1 As Cotas ou Altitudes Localizadas (spot Heights):
9.3.1.2 Hachuras
9.3.1.3 Sobreamento
9.3.1.4 Bandas hipsométricas
9.3.1.5 Curvas de Formas
9.3.1.6 Diagramas de bloco
9.3.1.7 Outros Métodos
9.3.2 Modelos Físicos Tridimensionais
9.3.3 Desenvolvimento a Superfície
9.3.4 Métodos de Prego de Fita

Capítulo 10
DIREÇÃO E ORIENTAÇÃO DE MAPAS

10.1 INTRODUÇÃO
10.2 OS TRÊS NORTES
10.2.1 O Norte Geográfico (NG) (Também Chamado Norte Verdadeiro (NV) ou Norte
Astronómico)
10.2.2 O Norte da Quadrícula (NQ)
10.2.3 O Norte Magnético (NM)
10.3 AZIMUTE E RUMO
10.4 AS COMBINAÇÕES DE AZIMUTE E RUMO COM OS TRÊS NORTES

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Capítulo 11
NOÇÕES DE TOPOGRAFIA, GEODÉSIA, E FOTOINTERPRETAÇÃO

11.1 INTRODUÇÃO
11.2 NOÇÕES DE TOPOGRAFICA
11.2.1 Definições
11.2.2 Levantamentos Topográficos:
11.2.3 Métodos De Levantamentos Planimétricos
11.2.4 Métodos De Levantamentos Altimétricos (Nivelamento)
11.3 NOÇÕES DE GEODÉSIA
11.4 CARACTERÍSTICAS DE FOTOGRAFIAS AÉREAS VERTICAIS
11.4.1 Fotografia Aérea Como Mapa Pré-Mapa
11.4.2 Caracteisticas Básicas e Coordenadas em Fotografias Aéreas Verticais
11.5 IMAGENS FOTOGRÁFICAS EM TERCEIRA DIMENSÃO
11.5.1 Introdução À Visão Estereoscópica (Visão Binocular Artificial)
11.5.2 Distância Interpupilar
11.5.3 Alinhamento De Fotografias Aéreas Para Observação Estereoscópica
11.6 NOÇÕES DE PRECISÃO FOTOGRAMÉTRICA EM CARTAS TOPOGRÁFICAS
11.7 NOÇÕES DE FOTOINTERPRETAÇÃO
11.8 CONCLUSÃO

Capítulo 12
EDUCAÇÃO CARTOGRÁFICA

12.1 INTRODUÇÃO
12.2 CIENTISTA CARTOGRÁFICO:
12.3 ENGENHEIRO CARTOGRÁFICO
12.4 OUTROS PROFISSIONAIS ESTUDANDO A CARTOGRAFIA
12.5 FORMAÇÃO DE TÉCNICOS EM CARTOGRAFIA
12.6 ENSINO CARTOGRÁFICO ESCOLAR

Capítulo 13
INTERPRETACÃO DE CARTAS TOPOGRÁFICAS

13.1 INTRODUÇÃO
13.2 O AMBIENTE INTERPRETADO DE UMA CARTA TOPOGRÁFICA
13.2.1 Uma base sistemática.
13.2.2 O meio ambiente atmosférico
13.2.3 A litosfera
13.2.4 A Hidrosfera
13.2.5 A Biosfera
13.3 INTERPRETANDO O AMBIENTE CULTURAL
13.3.1 Uma base sistemática
13.3.2 Aspetos Políticos - Administrativos
13.3.3 Transporte
13.3.4 Povoamento e Instituições
13.3.5 Atividade Económica
13.3.5.1 Geração de Eletricidade
13.3.5.2 Uso de Terra
13.3.5.3 Turismo

4
13.4 OUTROS RECURSOS PARA INTERPRETAR NA REGIÃO DE CANELA
13.5 CONCLUSÃO

Capítulo 14
CONCLUSÃO DO VOLUME UM.

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VOLUME DOIS
PRINCÍPIOS DE CARTOGRAFIA TOPOGRÁFICA
Figuras Com Títulos

Figura 8.1 – Exemplo de equidistancia entre curvas de nivel.


Figura 8.2 - Os espaços horizontais entre as curvas de nível de um mapa indicam o tipo e o
grau de declinação
Figura 8.2a - Formações Escarpadas e Formações Suaves
Figura 8.2b - Formação côncava
Figura 8.2c - Formação Convexa
Figura 8.3 - A erosão Fluvial está evidente nas curvas de nível
Figura 8.4 - V's e U's nas curvas de nível
Figura 8.5a - Depressões (Vista Obliqua)
Figura 8.5b - Depressões (Vista de Map
Figura 8.5c – Perfil
Figura 8.6a - Simbolo para uma colina numa depressão
Figura 8.6b - Símbolo para uma colina numa depressão
Figura 8.6c - Símbolo para uma colina numa depressão com perfil
Figura 8.7a - Curvas de Nível Indice e Intermediárias
Figura 8.8 - Curvas de Nível Suplementares (ambos acima)
Figura 8.9 - Relevo com influência humana (a, b)
Figura 8.10 - Exemplos de declives possíveis entre duas cotas
Figura 8.11 - Exemplos de interpolação entre curvas de nível
Figura 8.12 - Quatro representações da altimetria de uma área
Figura 8.12a - Pontos alimétricos e drenagem
Figura 8.12b - Relevo " mínimo" (baseado em "a")
Figura 8.12c - Relevo exagerado (baseado em "a")
Figura 8.12d - Relevo actual (baseado em fotogrametria)
Figura 8.13a - Curvas de nível com equidistância ao longo da linha AB indicando pendente
uniforme (mapa)
Figura 8.13b - Vista de perfil da colina indica uma pendente uniforme entre os pontos A’ e B’
nota-se uma mudança de pendente entre os pontos B e C.

Figura 9.1a – Escala de Conversão de vertentes


Figura 9.1b - Escala de Conversão de vertentes
Figura 9.2 – Ábaco para a medição de declives. (O ábaco é transparente e de precisão;
fotocópias desta figura são imprecisas).
Figura 9.3b – Perfil Topográfico do vale do Rio Paranoá
Figura 9.3c – Photo do Vale do Rio Paranoá
Figura 9.4 – O efeito de exagero vertical
Figura 9.5 – Um método para desenhar perfis topográficos
Figura 9.6 – Uso de um perfil para determinar visibilidade entre pontos
Figura 9.7a – Hachuras

Figura 9.7b - Sistema de hachuras de Lehmann. As linhas estão fortemente ampliadas. Neste
sistema de hachuras, o traço das linhas é proporcional à tangente do declive.
Figura 9.8 – Lagarta Peluda
Figura 9.9a – Exemplo de Sobreamento
Figura 9.9b – Exemplo de Sobreamento
Figura 9.10 – Bandas Hipsométricos

6
Figura 9.11 - Diagramas de bloco
Figura 9.12 - Quadriculagem em perspectiva
Figura 9.13 - Graduação vertical
Figura 9.14 – Diagrama em Bloco em perspectiva simples (Barragem do Paranoá – Brasília)
Figura 9.15 - Tabela de escala sugeridas para o exagero vertical em modelo de terreno. (Fonte:
U.S Dept. of Defense)
Figura 9.16 – Mapas de modelo plástico em alto relevo
Figura 9.30a – Mapa Base
Figura 9.30b – Tracar as curvas de nível
Figura 9.30c – Cortar as planas
Figura 9.30d – Construir, pregando com alfinetes

Figura 10.1 – A direção do norte verdadeiro (NV) geralmente não coincide com as direções do
norte de quadrícula (NQ) e do norte magnético (NM)
Figura 10.2 – Fotografia do céu à noite em lapso de tempo) no hemisfério Norte
Figura 10.3 – Diferença entre o Norte de Quadrícula e o Norte Verdadeiro
Figura 10.4 – O polo norte magnético está localizado aproximadamente a 1500km ao sul do polo
norte verdadeiro
Figura 10.5 – A linha agônica e a declinação magnética de diferentes pontos.
Figura 10.6a – Mapa isogônico com a declinação sendo indicada a intervalos de dez graus. Aqui
nós podemos observar bem os desvios sofridos pelas linhas isogônicas.
Figura 10.6b
Figura 10.7 – Indicadores de direção dos 3 nortes nas suas treze combinações possíveis (sem
especificar os ângulos de declinação)
Figura 10.8a – A direção é dada pelo ângulo formado entre a linha de referência e a linha de
direção
Figura 10.8b – Nesse caso também a direção é dada pelo ângulo formado entre a linha de
referência e a linha de direção nesse círculo acima
Figura 10.9a – O azimute pode ser medido em relação a qualquer um dsos três nortes
Figura 10.9b – Caso mais complexo quando a direção está enrte os três nortes
Figura 10.10 – A medição de rumo no semicírculo norte
Figura 10.11 – Exemplo da medição de azimutes á partir dos três nortes
Figura 10.12 – Exemplo da medição de azimutes á partir dos três nortes
Figura 10.13 – Guia por Figuras 10.11 e 10.12

Figura 11.1 - Sistema de Posicionamento Global (GPS)


Figura 11.2 – Poligonal baseada na linha das abscissas
Figura 11.3 – Poligaonal decomposta em triangulaos com lados medidos
Figura 11.4 – Poligonal decomposto em triangulao por radiaaos
Figura 11.5 – Poligonal decomposta em triangulos por interseções
Figura 11.6 – Poligonal desenha por caminhamento
Figura 11.7 – Teodolito (Marca D.F. Vasconcelos, São Paulo)
Figura 11.8 – Nivelamento triganométrico simples
Figura 11.9
Figura 11.10 – Uma fotografía aérea vertical da cidade de Brasília.
Figura 11.11 – Vantagems e Desvantagems de Fotos e Cartas
Figura 11.12 – Uma parte de um Fotoíndice Fotográfico, da área de Brasília (uma espécie de mosaico
ou fotocarta)
Figura 11.13 - Ortofotoplanta

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Figura 11.15 – Uma distancia interpupilar gigantesca
Figura 11.16 – Variações da visão paralela e da convergente
Figura 11.17 – Uso de um estereoscópio de bolso para ver um esteroegrama em terceira dimensão
(fonte: MacMahan, 1972)
Figura 11.18 – Um estereograma da Barragem do Lago do Paranoá, Brasília (com os pontos
principais marcados
Figura 11.19 – Estereograma com curvas de nível
Figura 11.21 – Padrões de precisão
Figura 11.23 – Representações da mesma área por curva de nível dentro das normas de precisão

Figura 13.1 – Como um tapete voador, um mapa fornece uma vista especial do terreno
Figura 13.2 – Variações de terreno real (ou mapa mental) fidedignos ao mapa na Figura 13.1
Figura 13.3 – Mapa de Canela
Figura 13.4 – Regiões fisiográficas arredor de Canela, RS
Figura 13.5 – Perfil ao Sudeste de Canela
Figura 13.7 – Desenho

APENDICE

8
VOLUME DOIS
PRINCÍPIOS DE CARTOGRAFIA TOPOGRÁFICA

A Cartografia Topografia é provavelmente o Capítulo 5: Escala; medição planimétrica


mais conhecido e o mais usado tipo de Cartografia do
mundo. A razão disso é o desejo que o homem tem de Capítulo 6: Simbolização; características das
conhecer a " terra aonde pisa" seja esta de natureza cartas topográficas
local, estadual, regional, nacional ou mundial. Ele
quer saber sobre as planícies e montanhas, os rios e Capítulo 7: Conclusão do Volume Um (1)
estradas, as cidades e os campos, tudo isso através dos
nomes adequados e correctos, padrões que permitam a Para enfatizar a continuidade existente entre
continuidade de uma folha topográfica a outra, além os volumes um (1) e dois (2), os capítulos seguintes
de exigir que o trabalho seja tão bonito quanto uma são enumerados a partir do número oito. Eles
obra de arte e exiba uma precisão científica desenvolvem vários assuntos essenciais para o
extraordinária. entendimento de cartas topográficas, principalmente
aquele que o usuário não seja um não engenheiro
A popularidade das cartas topográficas vem cartógrafo. Alguns tópicos são clássicos da geografia,
da sua utilidade no planejamento de quase qualquer uma das ciências que mais aproveitam a cartografia
actividade sobre a face da terra. Localidade correta topográfica.
das feições é importante para a colonização, a
construção de vias e obras, as operações militares, o Capítulo 8: Curvas de Nível
controle de áreas para a cobrança de impostos, e
muitas outras actividades. E ademais, toda a produção Capítulo 9: Perfil Topográfico e Outras
cartográfica é feita com o objectivo de comunicar. Representações do Relevo

Mesmo que seja um livro em separado, este Capítulo 10: Direção e Orientação
volume é diretamente relacionado ao primeiro, o qual
é aconselhável para que o leitor se familiarize com os Capítulo 11: Topografia, Geodesia e O Uso
Princípios de Cartografia Básica ou, pelo menos, de Fotografias Aéreas na Cartografia
anote mentalmente os tópicos já apresentados nos Topográfica;
primeiros sete capítulos:
Capítulo 12: O Ensino da Cartografia
Capítulo 1: A Natureza da Cartografia;
ciência ou arte; os grandes componentes Capítulo 13: Leitura e Interpretação de
Cartas Topográficas
Capítulo 2: A História da Cartografia; os
órgãos mapeados brasileiros; o processo Capítulo 14: Conclusão do Volume Dois (2)
moderno de produção de cartas
Logicamente, alguns desses tópicos são
Capítulo 3: A Comunicação Cartográfica; a importantes para os volumes Três e Quatro, sobre os
teoria de informação Princípios de Cartografia Temática. (III) e os
Princípios de Cartografia Espacial (IV). E tudo isso
Capítulo 4: A Projeção UTM; coordenadas serve para destacar as interligações entre todas as
geográficas; coordenadas UTM divisões e tópicos do grande conjunto que é a
cartografia.

9
Capítulo 8

CURVAS DE NÍVEL: A TERCEIRA DIMENSÃO


EM CARTAS TOPOGRÁFICAS 8.2 CARACTERÍSTICAS DAS CURVAS DE
NÍVEL
8.1 INTRODUÇÃO: ALTITUDE, RELEVO E
PONTOS COTADOS 8.2.1 Introdução

Dois dos aspectos mais importantes dentre as Um dos aspectos mais importantes das
características físicas de uma área são a altitude e o características físicas de uma área é o relevo. São
relevo. A Altitude é o resultado da diferença vertical várias as maneiras de representá-lo e algumas estão
entre um ponto de referencia (normalmente o nível de discutidas ao final deste capítulo
mar) e um outro ponto objectivo. Isto fornece a cota
de ponto, ou seja, sua altitude acima do nível do mar. A tradição histórica favorece o uso de curvas
Altitude e cota são independentes da geomorfologia; de nível para a representação da altitude e do relevo.
portanto, uma cota de 800 metros tanto pode ocorrer É importante notar que estas curvas são apenas um
numa zona plana ou inclinada, num vale ou num exemplo do conceito técnico cartográfico de
cume. O que importa e a distancia vertical até o nível "isolinhas", que são contínuas formadas de pontos de
do mar. O mapeamento de altitudes e uma das mesmo valor; no caso do relevo, os valores são cotas
principais preocupações dos cartógrafos. acima do nível do mar medidas em metros (ou pés).
As curvas de nível não são marcadas no terreno,
Relevo é o resultado da diferença vertical porém podem ser identificadas e representadas
relativa (altura) entre vários pontos contidos numa cartograficamente. Com ligeiras modificações de
área especifica, e não se refere a altitudes e cotas. vocabulário, as regras a serem apresentadas neste
Portanto, zonas com relevo plano ou acidentado capítulo para curvas de nível podem ser adaptadas
podem acontecer tanto nas grandes altitudes quanto para isóbaras (pressão barométrica), isoietas
abaixo do nível do mar. É o relevo, e não tanto as (precipitação) isodapanos (linhas que mostram o total
cotas exactas, que é o principal interesse dos constante de custos industriais) e muitos outros tipos
geógrafos e de muitos outros usuários das cartas de isolinhas.
topográficas.
Define-se como curva de nível uma linha
Relevo e altitude são distintos, porém bem traçada no mapa que representa outra linha imaginária
interligados e recebem nas cartas topográficas a na superfície da terra situada a uma elevação
mesma representação, a qual e feita por meio de constante acima ou mais abaixo de um plano de
curvas de nível. As varias outras maneiras de referência determinado. Se uma pessoa quisesse andar
representa-los estão discutidos no capítulo 11. sobre uma curva de nível não poderia ir nem para
cima nem para baixo; ela sempre andaria num mesmo
Na pratica, a medição de altitudes de pontos nível, até fazer uma volta completa mesmo se tivesse
é um pouco complexa, devido à curvatura da que dar uma volta completa em um continente.
superfície do planeta; este assunto será tratado no
Capítulo 11. Porem, para o presente capítulo somente O plano de referência ou o ponto zero a partir
é necessário o conceito de altitude como a simples do qual mede-se as elevações e, portanto, as curvas de
distância vertical entre um ponto e o nível do mar. nível, é geralmente o nível médio do mar, que é o
ponto equidistante entre as marés oceânicas mais altas
Os pontos específicos, que possuem suas e as mais baixas. Nessa marca média a costa oceânica
cotas medidas, são marcados nas cartas topográficas pode ser considerada como a curva de nível de valor
com o valor escrito horizontalmente ao lado de um zero, a partir da qual se medem todas as demais.
pequeno "X" ou triângulo, (Ver a Figura 8.6 no
rodapé de uma carta topográfica). A variedade de Estas curvas devem obedecer certas normas a
símbolos indica os diversos métodos de medição de serem estudadas neste capítulo. Em sua forma mais
cotas, cada qual oferecendo certas vantagens e certo sucinta, são resumidas "Dez Mandamentos das Curvas
grau de precisão, os quais serão estudados no capítulo de Nível":
11. Por enquanto, neste capítulo, as cotas são tratadas
como valores bem exactos. 1. Todos os pontos de uma curva de nível têm a
mesma elevação acima do nível do mar.
Nas cartas topográficas, as cotas especificas
são encontradas principalmente nos cumes das 2. Os dois extremos de uma curva de nível
elevações, em cruzamentos de estradas, ou em eventualmente se encontram sem que a linha
planícies onde existam poucas curvas de nível. Elas dessa curva de nível durante todo o seu
podem expressar qualquer altitude em metros (ou pés) percurso se junte ou atravesse uma outra
inteiros. curva de nível.

10
entre curvas é mais alto que uma curva e
3. Curvas de nunca se bifurcam, ou cruzam mais baixo que a outra.
entre si (excepto em situações muito
especiais de penhascos, saltos, falhas 7. Hachuras em curvas de nível apontam o lado
geológicas profundas, etc., que merecem baixo da curva. (se usa geralmente para
símbolos especiais). depressões e penhascos)

4. Curvas de nível sempre atravessam 8. Quando uma curva de nível é atravessada por
horizontalmente declives. uma estrada, uma caminho, etc., esta estrada
tem um declive para cima ou para baixo.
5. O terreno de um lado da curva de nível
sempre é mais alto que o terreno do outro 9. Curvas de nível têm reentrâncias em forma
lado da mesma curva de nível, em outras de v onde são atravessadas por drenagens.
palavras, a parte alta do terreno fica sempre (Os "V" são a expressão horizontal dos
de um lado só da curva de nível. Portanto o pequenos vales de drenagem).
lado de dentro de uma curva de nível
"fechada" é o lado mais alto do terreno, 10. Curvas de nível muito próximas uma das
(menos em depressões que tem um símbolo outras representam declives mais acentuados
especial). do que curvas afastados entre si, quando
tiradas na mesma escala e com as mesmas
6. O lado alto de uma curva de nível é o lado equidistâncias verticais entre as linhas.
baixo da próxima curva, isto é, o terreno

Figura 8.1 – Exemplo de equidistancia entre curvas de nivel.

8.2.2 Equidistância das curvas de nível milhares de metros em mapas de pequena escala e de
regiões montanhosas (compare as equidistância nas
As curvas de nível devem espaçar-se por Figuras 4.5; 4.8; e 7.22).
igual mediante medidas verticais. A este espaço, ou
seja, à distância vertical entre as curvas de nível,
denomina-se "equidistância" das curvas de nível.
Mede-se a equidistância das curvas de nível (10
metros na Figura 8.1) verticalmente e nunca na
direção horizontal. Os cumes das colinas raramente
coincidem com as equidistância das curvas de nível.
Eles frequentemente são indicados mediante
elevações auxiliares conhecidas. Observe que as
elevações das três colinas da Figura 8.2 estão
indicadas por essas elevações auxiliares conhecidas.
No mapa elas são marcadas com um pequeno "X"
indicando a altura do ponto.

A equidistância das curvas de nível varia


desde alguns metros em mapas de grande escala e de
regiões relativamente planas, até varias centenas ou

11
Figura 8.2 - Os espaços horizontais entre as curvas Figura 8.2b - Formação côncava
de nível de um mapa indicam o tipo e o grau de
declinação

Figura 8.2a - Formações Escarpadas e Formações


Suaves

VISTA OBLIQUA - Una pendente escarpada havia la


cumbre y m ve havia la base es una pendiente
cóncava
VISÃO OBLIQUA (VISTA OBLIQUA) - As curvas de
nível com espaços pequenos entre si indicam um
declive escarpada (íngreme)

VISTA DE MAPA (acima) - Nota-se que as curvas de


VISTA DE MAPA (acima) - As curvas de nível com
nível estão mais juntas na parte abrupta do declive e
espaços largos entre si indicam um declive suave
mais separadas na parte suave
VISTA DE PERFIL (acima, baixo) - As curvas de VISTA DE PERFIL (acima, baixo)
nível com espaços iguais entre si indicam declinação
uniforme

12
Figura 8.2c - Formação Convexa
8.2.3 Efeitos de Drenagem

A drenagem de uma região exerce grande


influência sobre as formas de relevo; a água que
escorre sobre a superfície do terreno produz erosão
nas rochas menos duras caracterizando-o por vales e
cumes. Os desenhos "B" e "C" da Figura 8.3 mostram
os efeitos da erosão sobre a colina lisa do desenho
"A". Observe que a drenagem faz "reentrâncias" nas
curvas de nível.

VISTA OBLIQUA - Una pendiente suave hacia la


cima es una pendiente concava

Figura 8.3 - A erosão Fluvial está evidente nas curvas


de nível

A Figura 8.4 mostra um modelo típico de


vale e cume. Observe que as curvas de nível que
cruzam os cursos d'água formam um "V" cuja ponta
está voltada para direção das cabeceiras, ou seja, para
dentro do morro horizontalmente.

VISTA DE MAPA (acima) - Nota-se que as curvas de


nível estão mais separadas na parte suave e mais
juntas na parte abrupta do declive Figura 8.4 - V's e U's nas curvas de nível
VISTA DO PERFIL (acima, baixo)
As curvas de nível dobram nos vales
Quando as curvas são mais próximas formando um "V" cujo vértice é o fundo desse vale
horizontalmente indicam uma diferença vertical em encravado em uma planície ou montanha que é o caso
uma menor distância planimétrica, portanto, uma da Figura 8.3.
maior inclinação do terreno (compare lados A e B na
Figura 8.2b). Além dos declives constantes, há Nas interfluviais (entre a drenagem), as
declives que se suavizam na descida, formando curvas normalmente são mais suaves, assemelhando-
superfícies côncavas (Figura 8.2b). Por outro lado, a se à letra "U". Dependendo da geologia e da
Figura 8.2c mostra declives convexas, nos quais climatologia (pluviosidade), estas formas em U
aumenta a inclinação na descida. O entendimento podem ser muito estreitas em zonas erodidas, ou
destes aspectos facilitará muito a leitura do relevo em bastante largas em zonas com pouca drenagem
cartas topográficas. definida. Portanto as curvas de nível são intimamente

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relacionadas com o meio ambiente, e podem informar pelo lado de dentro, ela indica uma baixada fechada
o leitor sobre várias características da região. ou depressão, ou seja um lugar inteiramente
circundado por terreno mais alto que ele. O símbolo
8.2.4 Depressões cartográfico é denominado "curva de nível de
depressão". A Figura 8.5 mostra duas depressões
Quando uma curva de nível leva pequenos profundas J e K.
traços (chamados hachuras) que a circundam toda

Figura 8.5a - Depressões (Vista Obliqua)

Figura 8.5b - Depressões (Vista de Mapa)


Figura 8.5c - Perfil

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Quando a depressão está no cume de uma colina, do cume da montanha entre J e M. Portanto não é uma
(como a cratera de um vulcão) a primeira "curva de depressão e não leva hachuras.
nível de depressão" (a mais alta) está a mesma altitude
da curva de nível normal mais alta, que rodeia a Quando há uma elevação dentro de uma
depressão (observe J na Figura 8.7) onde a primeira depressão, a primeira curva de nível que indica um
curva de nível da depressão (a mais alta) tem uma pequeno monte ou colina leva hachuras em seu
elevação de 180 metros. exterior, e tem o mesmo valor que a depressão na qual
está localizada.
O terreno entre a curva de nível de depressão
de 180 e o da curva de nível normal de 180 tem mais Por exemplo a curva de nível de depressão na
de 180 m de altitude, porém menos de 190. As curvas Figura 8.6 está a uma elevação de 230 m. Dentro da
de nível de depressão dentro da baixada diminuem depressão há uma colina com uma curva de nível de 230
proporcionalmente à equidistância existente entre as m com hachuras em sua parte externa, indicando assim
curvas de nível. O fundo da depressão encontra-se a uma elevação no terreno. O terreno entre a curva de nível
163 metros de elevação, segundo indica a elevação normal de 230 m e o da curva de nível de depressões é
auxiliar. mais alto que 230 m, porém mais baixo que 240 m. As
curvas de nível dentro da base da colina aumentam
A depressão K não está num cume, portanto proporcionalmente à equidistância das curvas de nível
está entre duas curvas normais, uma mais alta que a existentes, que neste caso é de 10 m.
outra. Neste caso, a primeira curva de depressão tem o
mesmo valor normal inferior, como se vê no perfil Observa-se que neste caso há três (3) curvas
(Figura 8.5c) com a mesma altura de 230 m, para interpretar melhor
as curvas de nível dentro das depressões é bom
Na Figura 8.6 local L é uma pequena baixada recordar que todas as hachuras seguem na direção da
que pode ser definida como um ponto baixo na linha base da colina.

Figura 8.6a - Simbolo para uma colina numa depressão

15
Figura 8.6b - Símbolo para uma colina numa depressão
Figura 8.6c - Símbolo para uma colina numa depressão com perfil

8.2.5 Valore s e variações de curvas de nível

Geralmente, cada quinta curva de nível a


partir da de valor zero é indicada por uma linha mais
grossa que o usual. Esta linha é denominada "curva de
nível mestra" ou "índice" e tem um valor que é
múltiplo de cem.

No caso de equidistância de 40 metros, as


curvas índices são de cotas de 200, 400, 600 metros
de altitude, ou seja, múltiplos de 200 (5x40 m). Isto é
o normal para as cartas topográficas brasileiras na
escala 1:100.000. Na escala de 1:50.000 com
equidistância de 20 metros, as curvas de mestras são
de cem em cem metros.

As curvas de nível situadas entre as curvas


de nível índice são chamadas "curvas de nível
intermediárias" (Figura 8.7).

As curvas de nível índice ajudam na leitura


das elevações, proporcionando maior rapidez na
identificação do valor da curva e geralmente são
fornecidos os valores das elevações da mesma. São
escritos "dentro" (ao lado da curva) da linha, em
contraste com os valores dos pontos específicos com
suas cotas escritas horizontalmente (Les te - Oeste) ao
lado do "X" do ponto.

Por convenção, quase sempre se escreve o


valor de da curva em tal posição para que o leitor
fique vendo para cima da colina quando ler a cota,
mesmo se for necessário girar a carta para ler o
número direito
Figura 8.7a - Curvas de Nível Indice e Intermediárias

16
Figura 8-8 - Curvas de Nível Suplementares (ambos acima)

As curvas de nível devem espaçar-se de tal pontilhadas para curvas de nível suplementares. A
forma que demonstrem da melhor maneira o contorno depressão no canto sudeste foi melhor representada
do terreno. De vez em quando é necessário prover com a adição da curva de nível suplementar "menos
uma equidistância de uma curva de nível que 10 m". A curva de nível suplementar de 10 metros que
demonstre uma variação nas elevações dentro da circunda a base da colina principal indica claramente
equidistância da curva existente. Este tipo de curva de ao leitor do mapa onde se efectua a separação entre
nível é denominada "curva de nível suplementar" ou planície costeira e as colinas de maior elevação.
"auxiliar". Observe a Figura 8.8 onde as colinas Outras curvas de nível suplementares de 30 e 110
pequenas, que tem uma equidistância menor que os 20 metros mostram as mudanças de declives que não
m normais, foram indicados mediante linhas

17
foram indicadas pela equidistância das curvas de nível base da colina. A depressão feita artificialmente no
anteriormente existente. lado oposto do aterro se indica como uma bacia
regular, excepto a parte que está localizada ao lado do
Os elementos que foram criados pelo homem aterro, onde somente estão presentes as hachuras que
exigem frequentemente símbolos especiais, dos quais simboliza. O Ponto Q indica corte vertical o que
estão indicados na Figura 8.9. Observe a estrada que equivale a dizer que foi retirado parte do terreno para
foi construída através do terreno montanhoso. que o caminho permanecesse a uma elevação
Contudo, ela varia menos de 20m em toda a sua constante.
extensão. Isso foi conseguido fazendo-se correntes ou
colocando aterros nos locais apropriados. Locais P, R Observe que todas as curvas de nível que
e T estão onde se fez aterros para que a estrada simbolizam o corte unem-se em única linha curva
permaneça no nível. Foram feitos aterros nas partes sustentadora (Q) a qual indica uma escarpa vertical
baixas com esse mesmo propósito. Observe os ou, neste caso, um corte quase vertical. Ponto S indica
símbolos convencionais que indicam um aterro na um corte, porém não tão íngreme como o de B' e já é
estrada. Todas as curvas de nível, excepto as mais possível desenhar cada curva de nível
baixas, desaparecem não apresentam continuidade ao individualmente. As curvas de nível retas igualmente
chegar no aterro. O restante dos símbolos indica-se espaçadas indicam o local onde se fez o corte.
por hachuras, lembre-se que eles vão na direção da

Figura 8.9 - Relevo


com influência
humana (a, b)

18
8.3 INTERPOLAÇÃO E EXTRAPOLAÇÃO interpolação resulta em "medidas aproximadas"
PARA CURVAS DE NÍVEL porque baseia na suposição que o declive é uniforme
entre os pontos A e C.
O processo chamado "Interpolação " consiste
na estimativa de valores entre dois outros conhecidos, Na Figura 8.11 há uma demonstração de
baseado em proporções simples, ao longo de um como um declive entre outros pontos A e C não é
declive suposto uniforme. A Figura 8.10 mostra como necessariamente uniforme. São desenhados quatros
calcular graficamente a cota do ponto B, baseada no declives (platô, uniforme, regular e vale), mas
declive uniforme entre os pontos A e C. A mesma obviamente são infinitos as variações possíveis. Se as
resposta (260 metros) poderia ser determinada usando cotas A e C fossem 120 e 160 metros, os valores de B
os pontos A e D. nos respectivos declives seriam 157m, 150m, 141m e
122 metros. Portanto, vê-se que é possível que o valor
Matematicamente, a interpolação da cota de B em qualquer posição entre A e C possa assumir
"B" é calculada pela fórmula: qualquer valor entre 120,1 metros e 159,9 metros, sem
violar nenhum dos mandamentos e normas sobre
Cota B = A + AB / AC (cota C- cota A). curvas de nível. Porém, o valor mais lógico baseado
em bom senso e interpolação, é o valor
Onde AB/AC é a proporção da distância correspondente ao declive uniforme, especialmente se
entre A e B, dividida pela média entre A e C observar no mapa que as curvas de nível na área são
relativamente suaves e com distâncias planimétricas
Por exemplo: Cota B = uniformes entre as outras curvas, como se vê no lado
200m + 2,4cm / 8,0cm x (400m - 200m) = esquerdo da Figura 8.12
200m + 0,3 x 200m =
200 + 60 = Quando se vai interpolar a altura de um
260m ponto (por exemplo, ponto F na Figura 8.12 é
necessário saber a equidistância entre as curvas (100
Esta fórmula se aplica quando B é o ponto metros) e a distância planimétrica entre elas, e da
intermediário e C é mais alto que A. Este curva menor até o ponto. Neste caso, mede-se a
procedimento é o mesmo usado para calcular distância BC e BF, medida pela linha perpendicular às
coordenadas geográficas (Ver item 4.4.1), mas com curvas de nível. No caso de F, é uma linha reta: No
uma diferença importante: O cálculo de coordenadas é caso dos pontos G e H são pelas linhas descontínuas
baseado na geometria de curvatura da Terra e, mais curtas.
portanto, é uma "medida exacta". Porém, a

Figura 8.10 - Exemplos de declives possíveis entre duas cotas

19
Figura 8.11 -
Exemplos de
interpolação entre
curvas de nível

Para medir a cota do ponto H é possível


basear-se tanto nas medidas dos segmentos de retas Identificando mais pontos, pode-se desenhar
quanto na medida da linha curva, que é um a curva de nível suplementar, de 225m.
procedimento mais difícil. Na prática, nos casos mais Matematicamente, usa-se a seguinte fórmula para
difíceis como do ponto H aplica-se o bom senso na calcular a posição de um ponto B de cota pré-
seleção das medidas e também lembrar que as determinada. Esta fórmula fornece a distância AB a
interpolações são estimativas e que têm menor partir da curva de nível de menor valor até o ponto B:
precisão nas zonas de relevo irregular. Assim, no caso
da Figura 8.12, é possível confiar que as cotas dos AB = (AB cota B – cota A) / (cota C - cota A)
pontos E, Fe G são 150 metros. Esta também é a cota
dos pontos H, I, J e K, porém a suposição de declives Por exemplo, na Figura 8.11 a linha w tem
uniformes não é tão forte para aquela área mais um comprimento total de BC = 19mm. Para localizar
irregular. um ponto Y com cota 180m naquela linha W calcula-
se a distância BY da seguinte maneira:
De todas, a cota do ponto J é a mais duvidosa
devido ao penhasco muito próximo. Se este área J é BY =
de grande importância, devem ser feitos mais estudos BC x cota Y - cota B / cota C - cota B =
por fotointerpretação, reconhecimento no campo ou 19mm x 180 - 100 / 200 -100 =
topográfica. 19mm x 80 / 100 =
15,2mm
Com o uso de interpolação é possível
encontrar pontos em qualquer valor escolhido (no Isto é, o ponto "Y" com cota 150m está a
exemplo a seguir a cota escolhida é de 225 metros). 15,2 mm ao longo da linha W, medindo a partir da
Principalmente calcula-se a proporção correta, neste linha com cota 100m. Um ponto Z com cota 120m
caso, é de 25% da distância entre as duas curvas de estará a 3,8mm ao longo da linha W.
nível que demarcam o limite mínimo (199m) e
máximo (300). Assim, entre os cinco pontos L, M, N, Para estimar a cota do ponto "U" no cume do
O e P, o que tem 225 metros (por interpolação) é o morro ,não pode haver interpolação, pois, não é
ponto "M" que está a 3 mm dos 12 mm entre as localizado um ponto que tenha um valor maior.
curvas de 200 e 300 metros.

20
Contudo, é possível estimar o valor de "U" de não quebrar nenhum dos dez mandamentos ,
supondo que o declive entre as cotas C D continua até embora representam relevos altamente diferentes.
o cume. Realmente existem vários declives entre C e Somente a letra D é fiel ao terreno real, como se pode
D (ver as áreas Q,R,S e T na Figura 8.12) Usando o ver nas seguintes figuras:
bom senso, os declives das áreas R e T são eliminados
por serem mais afastados do ponto U. No declive Q Figura 8.12 - Quatro representações da altimetria de
ao norte de U são feitas medidas CD e DU. Em uma uma área
proporção DU/CD, determina-se que DU é 3/7 (42%)
da distância planimétrica CD. Então pode-se supor Figura 8.12a - Pontos alimétricos e drenagem
que o ponto "U" é mais alto do que a cota D por uma
quantidade de 42% de equidistância das curvas. Neste
caso, 42 metros (isto é 42%x100m) é somado a 300
metros (cota de D) para dar o valor de 342m para
ponto "U". Pelo mesmo processo no lado sul do morro
na área de declive S, o resultado é 333m. Ambos os
valores são válidos pois são estimativas. Este processo
se chama extrapolação representado matematicamente
da seguinte forma usando os símbolos da Figura 8.11,
cota D = cota C +CD/AC (cota C- cota A)

Extrapolação e interpolação são dois


processos estimativas muito úteis em todas as
ciências, especialmente as que utilizam isolinhas e
gráficos com linhas de correlação. Não são limitados
a correlações lineares; servem também para curvas
geométricas logarítmicas, quadrados, senos, e
quaisquer outros que podem ser descritos pela Figura 8.12b - Relevo " mínimo" (baseado em "a")
matemática. Por ter valores máximos e mínimos , a
interpolação é geralmente menos arriscada que a
extrapolação.

8.3.1 Desenho de Curvas de Nível Manualmente

(nota: as curvas desenhadas por métodos


fotogramétricos são um caso a parte; ver capítulo 8)

Saber desenhar isolinhas manualmente e não


por fotogramétrica (como está representada no
capítulo 11) é um dever profissional, pois
frequentemente as medidas de campo são poucas e
formam somente o esqueleto do mapa final. Algumas
disciplinas, como topografia e engenharia
cartográfica, são mais exigentes que outras, mas todas
devem lembrar que as únicas cotas de completa
confiança se não houve erros no acto de medi-los são
aqueles pontos medidos no campo. Todos os outros
pontos desenhados a mão são estimativas por
interpolação ou extrapolação.
Figura 8.12c - Relevo exagerado (baseado em "a")
A fidelidade de uma carta com curvas de
nível somente pode ser comprovada por comparações
com o terreno real, que necessita visitas ao campo ou
fotografias aéreas.

A Figura 8.12 tem quatro representações da


mesma área. A letra "A", mostra os pontos de controle
fornecidos ao mapeador. Mesmo com bom senso e a
interpolação entre estes poucos pontos não sairá uma
única carta corret a sem referência ao terreno
verdadeiro. São milhares de desenhos possíveis. Os
três desenhos (B, C e D) são "impecáveis" no sentido

21
curvas de nível a folha no gabinete uma vez que o
agrimensor tenha terminado seu trabalho.

Este desenho lógico de curvas de nível é


baseado no princípio de que as curvas nível estão
igualmente espaçadas ao longo de uma inclinação
uniforme, como é demostrado na Figura 8.13. Caso
sejam conhecidas as elevações de uma inclinação
linha º é possível traçar as curvas de nível dividindo a
elevação em partes iguais. O agrimensor tem a
responsabilidade de indicar a elevação a cada
mudança da “inclinação” e convenciona-se que assim
foi feito no desenho da curva de nível, através do qual
é possível espaçar as mesmas de forma equidistante,
entre cada elevação auxiliar.

O procedimento para fazer desenhos lógicos


Figura 8.12d - Relevo actual (baseado em de curva de nível segundo método por decimais deve
fotogrametria) ser realizado de forma sistemática. Para obter-se
melhores resultados pode-se dividi-lo nas 5 fases
A dificuldade de manualmente desenhar seguintes:
curvas de nível corretas obrigou o desenvolvimento
de vários métodos com melhores precisões. O mais 1. Determinação de elevação de todos
usado por razões económicas qualitativas e de tempo encontros ou confluência fluviais.
é a fotográmetria. A topografia pode fornecer maior
precisão porém é limitado à uma área relativamente 2. Estabelecimento dos pontos onde as curvas
pequena devido ao seu custo. de nível cruzam as correntes

(No capítulo 11 há noções básicas da 3. Desenho das linhas de crista


fotogrametria e topografia). Um outro método é o uso
cauteloso de interpolação pelo desenho lógico por 4. Estabelecimento dos pontos em que as
decimais.É importante para agrimensores e qualquer curvas de nível cruzam as cristas
profissional que pretenda fazer mapas de relevo no
campo. Baseado na matemática simples esse método 5. Desenho das curvas de nível conectando
permite esboçar com considerável precisão as curvas pontos de igual elevação, arranjando a
de nível segundo as anotações tomadas no terreno e direção do caimento d’água como guia para
sem necessidade de fazer uma linha de nivelarão para as linhas que unem os pontos.
cada curva de nível. As curvas de nível devem ser
traçadas sobre as folhas da prancheta no terreno, Este procedimento está detalhado na publicação de
porém é possível ,e também permissível, agregar IAGS (19--)

Figura 8.13a (mapa) - Curvas


de nível com equidistância ao
longo da linha AB indicando
pendente uniforme (mapa)

Figura 8.13b (perfil) - Vista


de perfil da colina indica uma
pendente uniforme entre os
pontos A’ e B’ nota-se uma
mudança de pendente entre os
pontos B e C

22
8.4 CONCLUSÃO característica das cartas topográficas ,mostrando
precisamente a topografia (altitudes e relevo) que é
Curva de nível e outras isolinhas são uns dos tão importante para fins de planeamento agrícola,
símbolos mais úteis e utilizados na cartografia. A militar, de transporte e infra-estrutura e para pesquisas
grande maioria das linhas traçadas em cartas científicas. São úteis para fazer perfis e para combinar
topográficas são curvas de nível, impressos em cor com outros métodos de representar o relevo, que será
Sépia (Marron). São estas linhas que dão a marca o assunto do próximo capítulo.

23
24
8.4 CONCLUSÃO

Curva de nível e outras isolinhas são


uns dos símbolos mais úteis e utilizados na
cartografia. A grande maioria das linhas traçadas
em cartas topográficas são curvas de nível,
impressos em cor Sépia (Marron). São estas
linhas que dão a marca característica das cartas
topográficas ,mostrando precisamente a
topografia (altitudes e relevo) que é tão
importante para fins de planeamento agrícola,
militar, de transporte e infra-estrutura e para
pesquisas científicas. São úteis para fazer perfis e
para combinar com outros métodos de
representar o relevo, que será o assunto do
próximo capítulo.

25
Capítulo 9
PERFIL E OUTRAS
REPRESENTACÕES DE RELEVO Ângulo de inclinação:
tg 80m / 1100m = tan 0,0727 = 40
9.1 INTRODUÇÃO: DECLIVE TOPOGRÁFICO
Percentagem de declive:
Declinação é sinónimo de inclinação, e 80m / 2300 X 100 = 3,5%
caracteriza-se por um ângulo entre uma superfície
inclinada e um plano horizontal. Portanto, a Existe um ábaco transparente (Figura 9.2)
declividade é independente do comprimento linear para a medição de declives em cartas topográficas
recto da superfície; existem declives de 20° que são eliminando a necessidade se fazer cálculos, (a
tanto em linhas longas, quanto em linhas curtas, ou equidistância entre as curvas de nível e a escala
seja diferentes comprimentos de rampa podem ter a devem estar em conformidade com as especificações
mesma inclinação. O importante nestes casos é apenas do ábaco. Modelos para outras escalas e
a medida de elevação vertical (V) relacionada com a equidistâncias podem ser confeccionados).
distância horizontal (H) correspondente. Assim, o
declive é a relação entre V e H, que pode ser expressa Colocando-se o ábaco (transparente sobre a
em graus ou em percentagem. área da qual se quer medir o declive), girando o para
que as linhas curtas sejam paralelas às curvas de nível
Graus de declive: do declive. Procura-se a coluna de linhas cujo
á = tangente V/H = ângulo de inclinação espaçamento coincide com a separação planimétrica
das curvas. (Nos casos em que espaçamento não
Percentagem de declive: coincidem, fazer uma estimativa baseada nos valores
X % = V/H * 100 = a percentagem de inclinação das duas colunas mais próximas) Ler no ábaco a
percentagem ou grau em baixo da coluna de linhas.
A expressão percentual da declividade é de
mais fácil cálculo, muito semelhante à medida em 9.2 O PERFIL TOPOGRÁFICO
graus quando os declives são pequenos (de 0 a 10°).
Contudo, um ângulo de 45° equivale a 100% de É possível desenhar os eixos H e V numa
declividade, ilustrando que graus e percentagem são folha de papel milimetrado, e depois desenhar uma
bastante diferentes para valores médios e altos de linha de declividade. Um aspecto especial do desenho
declividade. de declives é o perfil topográfico, representado por
uma linha que é resultado de uma sequência de
A Figura 9.1 é uma escala de convenção de declives diferentes que define o relevo em seu
graus a percentagem, e vice-versa. A declividade é percurso pela terra.
importantíssima para as ciências da terra. E
logicamente a carta topográfica serve muito a estas Um bom exemplo da maneira pela qual o
disciplinas, porque por meio das curvas de nível é perfil topográfico define o relevo pode ser visto na
relativamente fácil determinar a declividade Figura 9.3c, onde existe uma fotografia do morro
aproximada para qualquer área. Isto assim se obtém: situado na AR 0351 na carta de Brasília 1:25.000
através das curvas de nível (ou da interpolação entre (Folha SD 23-4-c-IV-3NE); parte desse mapa é
elas) determina-se as cotas de altitude de dois pontos reproduzido na Figura 9.9. Os perfis Figura 9.3a e
A e B. Subtraindo um do outro, calcula-se a diferença Figura 9.3b são representações da área da fotografia
de altura "V". Valor de H vem de uma simples medida com exageros verticais diferentes.
entre A e B na carta, que precisa ser transformada
(pela escala) no valor real do terreno. Para os geógrafos, cartógrafos e outros
profissionais, os perfis topográficos são extremamente
É simples imaginar (ou desenhar) estes valiosos no entendimento das características do
valores. Por exemplo, considera-se o caso de dois relevo. Em estudos de geomorfologia e análise do
pontos A e B, cujas cotas são 760m e 840m, relevo, utiliza-se extensivamente perfis (ou cortes)
respectivamente, com distância AB de 113mm numa topográficos como meios de interpretação dos
carta à escala 1:100.000. Assim; processos de erosão que têm modificado e continuam
modificando o relevo. É possível usá-los também na
AB no terreno = 1100m = H determinação do estágio de desenvolvimento
cota A- cota B = 80m = V geomorfológico que certas áreas específicas tenham
atingido. Ao começar o perfil, precisa-se estabelecer
Na maioria dos casos, se usa o módulo [X] uma escala horizontal (EH) para o eixo H e uma outra
do valor V para que o declive tenha expressão escala vertical (EV) para a linha V; EV não será
positiva. Entre dois pontos, quaisquer um pode ser obrigatoriamente igual a EH.
denominado A ou B.

1
________________________________________________

Figura 9.1a – Escala de Conversão de vertentes Figura 9.1b - Escala de Conversão de vertentes

2
Figura 9.2 – Ábaco para a medição de declives. (O ábaco é transparente e de precisão; fotocópias desta figura são
imprecisas).

NOTA: para verificar distancias,esta linha deve medir 2cm _________ .

Figura 9.3a

Figura 9.3b –
Perfil
Topográfico
do vale do
Rio Paranoá

3
Figura 9.3c - Photo do
Vale do Rio Paranoá

A escala vertical é, como qualquer outra


escala, uma relação em que 1mm equivale a "X"
unidades de altura. Portanto, no gráfico o eixo vertical
parece com uma escala gráfica em que 1 mm,
equivale X metros.

Mas é possível, e provável, ter as duas


escalas diferentes; por exemplo, uma E.V. de
1cm=1.000m ou 1:100.000, e uma E.H. de 1:300.000.
A relação será

1/100.000 ÷ 1/300.000=3. A escala vertical é


então, três vezes maior que a escala horizontal, e o
gráfico de declividade tem um exagero vertical de três
vezes.

O realce dado pelo exagero vertical é


geralmente necessário para caracterizar a topografia
do relevo. Um corte com "escala natural"
(Exag.V.=1), no qual as escalas horizontal e vertical
são a mesma, fornece um perfil muito pouco
perceptível quanto a altimetria, criando dificuldades
tanto para entendê-lo como para desenhá-lo ou
reproduzi-lo. O olho humano exagera a altura de
acidentes topográficos e terrenos muito inclinados
quando vistos de um nível mais alto. Por esta razão
um grau moderado de exagero no perfil pode parecer
perfeitamente natural, porém um grau moderado de
exagero deve ser evitado (Figura 9.4). Mesmo assim,
não há regras sobre isto e os valores de 2 ou 2,5 são
apenas sugestões. O autor do perfil deve fazer seu
julgamento em todos os casos.

Abaixo estão sete passos que resumem o


método de construção de perfis topográficos no caso
mais simples, quando a escala horizontal do perfil é
igual a escala da carta topográfica.

1. Identificar na carta a linha do perfil (Figura


9.5a). desenhar no papel milimetrado os
eixos horizontal e vertical para acomodar as
Figura 9.4 – O efeito de exagero vertical

4
medidas no perfil, com o exagero vertical 5. Cortes no longo de estradas, rios ou outras
pré-determinado. linhas não rectas, apresentam dificuldades,
pois a linha reta da margem do papel não
2. Colocar a margem de uma folha de papel ao seguirá todas curvas ou ângulos da estrada. O
longo da linha de corte, e marcar nela as papel deverá ser posicionado em cada
extremidades do corte e o local onde as segmento para que ao final se obtenha uma
curvas de nível são atravessadas pela linha de linha recta representando o declive ao longo
corte (Figura 9.5b). Anotar as cotas altitudes da estrada, etc. (Semelhante à Figura 5.2b).
das várias curvas de nível ao lado de cada
marca respectiva no papel. Onde duas curvas 6. As latitudes dos vários pontos são
de nível de mesma altitude aparecerem transferidas para o papel milimetrado pelo
paralelas, assinalar se existe uma elevação posicionamento da folha contendo estas
(cume) " " e ou um vale" U " entre elas. altitudes na linha de base horizontal do corte,
(Figura 9.5). Depois são marcados as suas
3. Colocar em muitos mapas as curvas de nível alturas correctas de acordo com escala
são muito densas e não é possível assinalar vertical. Os pontos são depois unidos para
todas na folha de papel. Nesse caso é dar a aparência do terreno.
suficiente fazer uma solução adequada das
que serão marcas, principalmente nos lugares 7. Terminar o desenho, colocando as
onde há mudança de declive. informações abaixo:

4. Anotar também, nos locais correctos, os Nota: Não ë necessário pilotar todos os
nomes, estradas, rios e etc. pontos em grandes perfis. Isto foi feito aqui
no diagrama somente com propósito
explicativo.

Figura 9.5a - Um método para desenhar perfis topográficos

Figura 9.5b - Um método para desenhar perfis topográficos

5
Figura 9.5c – Um método para desenhar perfis topográficos

ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA UM BOM importante não podem ser esquecidos.


PERFÍL TOPOGRÁFICO frequentemente uma é necessária se
houver uma grande variedade de
I) TÍTULO: Todo o trabalho deve ter um informações a serem apresentadas.
título, por exemplo: "Mudanças no
relevo entre GR654751 e 692890" ou no V) PONTOS INICIAIS E FINAIS A
vale do rio "tal" localização exacta dos pontos iniciais e
finais do perfil deve ser dada
II) ESCALAS: Tanto a escala horizontal (geralmente são referências da
como a escala vertical devem ser quadrícula UTM).
correctamente enunciados. Calcula-se o
exagero vertical e escreve-se no perfil. Os perfis topográficos não são úteis somente
para os geógrafos. Eles são usados por engenheiros
III) TRANSPARÊNÇIA DE PONTOS: Os civis, geólogos, agrónomos e especialmente por
principais pontos do relevo devem ser militares para a determinação da visibilidade de
precisamente pilotados e unidos com pontos de observação. O valor de um corte
uma linha leve, porém bem nítida. topográfico para a determinação da visibilidade é
ilustrado na Figura 9.6. através do corte sabe-se que
IV) LETREIROS E LEGENDAS: Os nomes as elevações impedem que o ponto B seja visto do
de localidades, de rios e de qualquer ponto A, segundo a linha traçada de A para B.
outro fenómeno o característica

Figura 9.6 – Uso de um perfil para determinar visibilidade entre pontos

6
Figura 9.7a - Hachuras
9.3 OUTRAS REPRESENTAÇOES DE RELEVO

Como alternativas ao uso de curvas de nível


e perfis, existem três principais métodos de
representação do relevo, que fazem uso dos seguintes
meios de construção:

1. Folhas planas;

2. "Modelos físicos " tridimensionais;

3. Modelos "construídos" no cérebro do


observador por visão estereoscópica. Estes
são muito ligados à foto-interpretação e a
fotogrametria, e serão apresentados no
próximo capítulo.

Todos os meios de construção usados para


representação do relevo são distintos, embora
frequentemente apareçam em combinações
interessantes.

9.3.1 Em Folhas Planas

A representação do relevo em folhas plantas


inclui hachuras, "lagarta peluda", sombreamento,
cores hipsométricas, fotocarta, símbolos morfológicos
diagramas em bloco, e combinações entre eles e com
curvas de nível. Estes métodos variam muito em sua
utilidade para militares, engenheiros civis, geógrafos e
outros que os usam de maneira diferente para fazer
um estudo detalhado de mapas topográficos. Portanto,
é importante discutir as vantagens e desvantagens das
várias maneiras em que o relevo pode ser apresentado.

9.3.1.1 As Cotas ou Altitudes Localizadas (Spot


Heights):
Figura 9.7b – Sistema de hachuras de Lehmann. As
linhas estão fortemente ampliadas. Neste sistema de Estes são pontos para os quais a altitude
hachuras, o traço das linhas é proporcional à exacta é conhecida. São colocados no mapa e sua
tangente do declive. altitude exacta é conhecida. São colocados no mapa e

7
sua altitude exacta é dada, por exemplo “pontos O hachuramento “semi-acabado” do tipo de
geodésicos nos mapas topográficos. Altitude "lagarta peluda" (Figura 9.8), é frequentemente usado
localizadas dão um quadro básico e necessário de em rascunhos de mapas. É um, método impreciso de
pontos de referência para outros métodos de representação de relevo e serve para indicar as
representação de relevo. Se a Figura 8.13 a tivesse localidades gerais de cumes e encostas em mapas de
mais pontos, seria um bom exemplo de mapa de cotas escala média à pequena.
localizadas.
9.3.1.3 Sobreamento
9.3.1.2 Hachuras
Sobreamento (Hill Shading) é usado
Hachuramento é um dos métodos mais raramente para mostrar relevo em mapas de grande
velhos usados para a representação de relevo (ver escala, a menos que seja usado em associação com
Figura 9.7), porém, no presente raramente é usada em curvas de nível. Seu uso principal e eficiente está em
mapas de grande escala, a menos que seja combinado mapas de pequena escala. São dois tipos principais de
com curvas de nível. sombreamento:

Hachuras são linhas traçadas em declive, isto O 1º tipo imagina uma fonte de luz
é, apontado no lado inferior (mais baixo) da curva de directamente acima da terra. com iluminação vertical,
nível. Mudando a espessura, densidade e a superfície plana da terra, é mais iluminada em
comprimento das hachuras, pode-se mostrar a relação aos declives mais profundos, que são menos
profundidade relativa dos declives. Linhas curtas, claros. No mapa, sombreamento torna-se
grossas e mais próximas umas das outras indicam progressivamente mais escuro nas altitudes maiores.
declives mais profundos, em comparação, às linhas
mais espaçadas e finas que representam declives mais O segundo tipo imagina uma fonte de luz
suaves ou menos profundos. além do canto noroeste da área vista no mapa como na
(Figura 9.9). daquela posição o efeito da luz e sombra
Hachuras, por si só, tem muitas desvantagens são similares a aquelas que poderão ser observados
como representação de relevo, porque onde os durante uma tarde de inverno no Brasil, Argentina ou
declives são muito profundos, as linhas escuras muito outros países que ficam entre faixa latitudinal média
próximas umas das outras tendem a unir-se, tornar para alta do hemisfério sul. A tarde, os do norte
ilegíveis outros detalhes,. Sombreamentos por embeste, Mas deixando os declives do leste e sul na
hachuras, ao oposto das curvas de nível, não mostram sombra.
mudanças em altitude de uma maneira quantitativa.
Portanto, uma abundância de cotas localizadas são Num mapa topográfico onde o sombreado
necessárias nos mapas de hachuras, porém estas oblíquo é empregado, os declives do leste e sul
alturas são necessários nos mapas de hachuras, põem , (sombreamento - escuro) se salienta abruptamente da
estas alturas são frequentemente obscurecidas pelas clareza dos declives norte e oeste. Mesmo que o sol
hachuras em áreas de declives profundos ou apenas nunca esteja ao noroeste nos Estados Unidos, Canadá,
moderadamente profundos. Mais ainda, num mapa de Europa e na União Soviética, usa-se a mesma fonte de
hachuras não é fácil destinguir os declives mais altos luz. Isto é, porque se a luz estivesse atrás do leitor,
suavemente inclinado dos declives menos altos nas não se veria nenhuma sombra. (Deve-se lembrar que
mesmas condições, desde que ambos estão os mapas são desenhados com o Norte na margem
representados por hachuras amplamente espaçadas. superior).

De várias maneiras as desvant agens do


sombriamente de colinas são similares às
desvantagens de hachuras.

O sombreamento não mostra


quantitativamente as diferenças em altitudes.

Impede a representação de outros detalhes


(estradas, nomes de lugares, elevações localizadas,
etc), onde o sombreado é escuro;

Torna-se difícil a distinção entre a parte


superior e a parte inferior dos declives virados para o
noroeste e totalmente iluminados.
Figura 9.8 – Lagarta Peluda

8
Figura 9.9a – Exemplo de Sobreamento

Figura 9.9b – Exemplo de Sobreamento

9
9.3.1.4 Bandas hipsométricas Os diagramas de blocos são muito usados
para representar a geomorfologia de pequenas regiões,
O uso de cores ou tonalidades de cinza para podem ilustrar qualquer panorama real ou hipotético
mostrar as camadas de altitude são geralmente usadas ilustrando os princípios geomorfológicos, geológicos,
em mapas de pequena escala (por exemplo em atlas), pedologicos, etc.
mas mapas desenhados em escalas maiores. Algumas
edições de mapas topográficos britânicos incorpora
camadas de cores e sombreamento de colinas para
suplementar as curvas de nível na apresentação de
relevo, com o objectivo de obter um efeito
tridimensional se perder a representação precisa de
relevo, que dão as curvas. As folhas do Mapa
Internacional do Mundo na escala de 1:100,000 (o
milionésimo emprega camadas hipsométricas (ver
Figuras 6.7 e 6.8).

Mesmo que não seja obrigatório, existem


convenções bem gerais de cores e tonalidades as
bandas hipsométricas nas cartas de escalas pequenas:

0-100m Verde azulado


100-200m Verde amarelado
200-500m Amarelo
500-1000 Bege
1000-2000 Marron
2000-4000 Marron vermelhado
4000 e mais Branco azulado

Quando bandas hipsométricas são usadas


com curvas de nível, uma das desvantagens evidentes
numa zona de declives profundas é a tendência das
curvas serem obscurecidas por mudanças nos tons.

Figura 9.11 - Diagramas de bloco

Figura 9.10 – Bandas Hipsométricos Até recentemente o desenho de diagramas


em blocos necessitava talento artístico e paciência.
9.3.1.5 Curvas de Formas Hoje existe a alternativa de construí-las por
computador, sendo necessário o equipamento e o
Seu propósito é mostrar a configuração do fornecimento de dados planimétricos e altimétricos na
relevo. Elas dão apenas uma representação linguagem do computador.
generalizada de relevo, que são geralmente baseadas
numa rápida pesquisa de reconhecimento ou Para a transformação manual de um mapa em
fotointerpretação, sem instrumentos fotogramétricos diagrama de blocos inicialmente divide-se o mapa (ou
de precisão. a parte escolhida) em quadrículas uniformes com
aproxi madamente 2 ou 2,5cm em cada lado. Pode usar
Em contraste com as curvas de níveis de as quadrículas das coordenadas UTM. Não importa a
direção da visão (geralmente é escolhida uma direção
forma não tem nenhum intervalo fixo, não indicam
elevação relativa a um plano, e podem não ser que tenha os pontos baixos na frente). Também pode
isolinhas no sentido de não manter em constante uma ser de qualquer forma rectangular. É feito à base de
cota. um bloco de perspectiva simples (Figura 9.11). Tem
como base inicial uma linha horizontal A-D com
comprimento da largura do mapa, (ou outra largura se
9.3.1.6 Diagramas de Bloco
o diagrama for de escala diferente do mapa). Dividir a

10
linha segundo as linhas da quadrícula. Fixar o A escala vertical deve ser bem ampliada em
desenho numa mesa grande, escolher e marcar o áreas grandes e planas, mas pouco ampliada em áreas
“ponto de fuga” que está deslocado a direita (ou a montanhosas. Traçar as alturas nos cantos B e C. Em
esquerda) e “atrás” da linha A-D. a localização do cada graduação vertical traça-se ás margens de um
“ponto de fuga” vai influir na visão “lateral” e no plano horizontal e paralelo a base do diagrama. Essas
aparente ângulo de altura de visão perspectiva serão as linhas básicas para a construção da superfície
quantitativament e perspectiva(mais longe resulta em do bloco.
ângulo de menos perspectivas). Com visto na Figura
9.11, o bloco tem um bom balanço se o deslocamento A altura dos picos e vales são marcadas com
for1 ½vezes a distância A-D à direita e 4 para “trás”. linhas verticais, transferindo cada fenómeno do relevo
para a altura certa na graduação vertical. (Ver ponto R
Ao logo da linha A-F, marcar um ponto B na Figura 9.13). Desenhar quadrícula por quadrícula.
para que a media A-B seja aproximadamente 85% da A última etapa consiste na colocação das hachuras ou
largura A-D. Traçar um diagonal D-B e uma linha B- sombreado cuja direção indica o curso dos rios,
C que paralela a linha A-D. ajudando a moldar as colinas e montanhas, resultando,
por exemplo, na Figura 9.14, que pode ser comparada
Desenhar uma “base” de 1 a3 centímetros de com as outras figuras da mesma área.
altura (D-D’) ao longo da frente e no lado visível
(usar a linha D-F para desenhar a linha D’-C’). Assim, 9.3.1.7 Outros Métodos
se termina a base do bloco em perspectiva.
Outros metodos planos incluem várias
A partir de cada divisão (de quadrícula técnicas baseadas em fotografias aéreas. No capítulo
marcada na linha A-D traça-se uma linha até o ponto 11 estão as explicações e exemplos de mosaicos,
de fuga F, porém é permitido parar o traço logo que a ortofotoplantas e pictomapas.
linha B-C, (se a área do mapa for um rectângulo,
maior na largura que no comprimento, desenhar as 9.3.2 Modelos Físicos Tridimensionais
linhas além da linha B-C).
O uso de material tridimensional causa
problemas sérios de armazenagem e custo de
produção. Porém, apresenta a grande vantagem de
realmente mostrar (não representar) o relevo e altitude
na sua dimensão vertical. Estes “modelos físicos” ou
“modelos de terrenos” podem ser de qualquer material
e forma. Porém, em geral, têm problemas sérios de
custo de produção e armazenagem. Por exemplo: o
modelo plástico em alto-relevo (plastic relief map),
(Figura 9.16) é uma carta topográfica (ou outro tipo
de mapa) impressa em plástico e moldado segundo as
Figura 9.12 - Quadriculagem em perspectiva altitudes. É um produto de alta qualidade e produzido
em muitas cópias. São ocos, porém encaixam somente
Cada linha destas cruza a linha diagonal D-B em outras cópias da mesma área. Um outro exemplo
em um ponto. Por eles traçar linhas paralelas à linha são os modelos sólidos que são geralmente
A-D, terminando quadriculagem em perspectiva produzidos em cópia única: feitos em argila, isopor,
(Figura 9.12). Se a área do mapa não é quadrada, gesso, cartão ou madeira. Um modelo numa caixa de
pode-se omitir as últimas linhas, ou desenhar extras areia, entretanto seria muito pesado, de alta
baseadas numa linha diagonal suplementar. generalização demorado para fazer, e de curta vida.
Em todos os tipos tridimensionais geralmente a escala
A superfície do bloco representa o nível vertical é exagerada para facilitar a percepção de
básico seleccionado para a topografia, que pode ser o alturas(ver a tabela na Figura 9.15). Exemplos são
nível geral dos vales fluviais mais fundos. vistos frequentemente em filmes de guerra, quando os
generais estão planeando tácticas de operações
militares.

Figura 9.13 - Graduação vertical

11
Figura 9.14 – Diagrama em Bloco em perspectiva simples (Barragem do Paranoá – Brasília

do modelo, porém não são essenciais a construção do


mesmo.
Escala Feet per Escala vertical Exagero
horizontal inch sugerido Modelos simples de terrenos podem ser
produzidos usando materiais já existentes. A
1:5000 416.67 100`= 0,24´` 1:1 complexidade da construção e a quantidade de
1:25000 2083.33 100`= 0,048`` 2:1 anotações detalhadas dependerão do tempo
1:50000 4166.67 100`=0,024`` 5:1 disponível. Os três métodos mais simples são: a
1:250000 20833.33 1000`= 0,048 `` 8:1 camada plana, o prego e a fita, e caixa de ovos. Ainda
1:500000 41667.67 1000` = 0,024`` 8:1 que todos os três possuam técnicas diferentes para sua
1:1000000 83333.33 1000 ` = 0,012`` 10:1 construção, todos representam curvas de níveis com
1:5000000 416666.67 1000` = 0,0024 `` 10:1 separação verticais segundo uma escala verticais e
exagero predeterminado.
Figura 9.15 - Tabela de escala sugeridas para o
exagero vertical em modelo de terreno. (Fonte: U.S
O espaço entre as curvas representados pode
Dept. of Defense)
ser preenchido com qualquer material
conveniente(gesso, areia, argila, etc.) e analisado para
Os modelos físicos (como em Figura 9.16)
dar uma representação aproximada da forma do
têm uso especial para pessoas cegas ou com
terreno. Pode se usar cores para aproximar da
deficiências de visão, em que precisa das informações
realidade, e tudo pode ser anotado com tinta, pintura
contidas nos mapas e cartas, especialmente aquelas de
ou corante.
suas cidades de residência. Mapas comuns em folhas
planas não comunicam a cegos, modelos físicos
O método da camada plana para a construção
comunicam pelo senso táctil. O interesse do
de um terreno modelo (veja Figura 9.17) apresenta os
cartógrafo nesta área tem aumentado nos anos
melhores resultados em relação ao tempo, material, e
recentes. Vários métodos podem ser aproveitados para
esforço envolvido. Os próximos parágrafos descrevem
a confeção de modelos físicos de terreno.
como construir um terreno modelo usando este
método:
À seguir, alguns métodos serão apresentados
para a construção de um modelo de terreno.
Mapa base - A área a ser representada pelo
modelo do terreno é marcado num mapa. Se a escala
Antes de construir um modelo de terreno,
do mapa é aceitável para o uso, este será o mapa base.
deve-se obter cópias do mapa a ser usado como base,
Se não, amplia-se o mapa por um dos métodos
bem como cópias de qualquer outro mapa disponível
explicados no item 5.6.2. selecciona-se as curvas a
sobre a área a ser estudada. Informações através de serem traçadas, provavelmente cada Segunda ou
trabalho de campo, documentos apropriados a e
Quinta curva (ou as curvas índices) com altitudes
análise do terreno são úteis para anotações detalhadas
convenientes em múltiplos de 50 ou 100 metros. Usar

12
todas as curvas de nível, está normalmente além da Figura 9.16 – Mapas de modelo plástico em alto
precisão possível no modelo. relevo
Construir a base de um material pesado tal
como madeira compensado ou eucatex afinado do
tamanho do mapa base com uma margem (geralmente
de dez centímetros). O material pesado dá uma base
rígida para o modelo e permite que seja deslocado de
um lugar para o outro sem danos. Material leve como
cartolina é geralmente usado na formação do plano da
lâmina de contorno.

Para a espessura vertical entre os planos, o


papelão pode ser usado com a equidistância vertical
entre as curvas de nível seleccionada à escala vertical.
O formato da curva de nível de menor valor que
aparece no mapa base é copiado na cartolina e
também no papelão como o uso de papel carbono.
(ver Figura 9.17b, o que mostra o caso da Quinta
camada). Também copiar a próxima curva
seleccionada, as marcas de referencia a serem usadas
para verificar o alinhamento, e as margens da área do
modelo. A cartolina é então cortada com muito
cuidado, seguindo as linhas que representam altitudes
mais que a curva de nível menos importante são
descartadas. Também corta-se o papelão, com menos
cuidado porque somente serve para dar o espaço
vertical. Repetir isto para todas as camadas soltas.

Para a montagem das camadas, a primeira


lamina de papelão e cartolina é alinhada à base,
igualando os cantos cortados da lâmina no material
base. Uma outra verificação é feita colocando
alfinetes na lâmina nos pontos marcação registo e
confirmado que eles tocam as marcas de referência
copiadas no material base. Pode-se evitar o
deslizamento durante a secagem, inserindo pequenos
pregos ou alfinetes através das camadas até o material
base. O processo usado para formar a primeira
camada é repetido para a camada subsequente.

Montar a camada é o mesmo, neste caso, em


vez de pequenos pregos podem ser usados alfinetes
para evitar resvalamento.

9.3.3 Desenvolvimento a Superfície

As irregularidade resultantes da montagem


da lâmina podem ser alisados com gesso, terra fina ou
areia, argila ou qualquer material similar de
enchimento. Se este material de enchimento tiver uma
base líquida, tal como o gesso, as mamadas de
papelão montada deverá ser selada por uma pintura
como de verniz, (para tornar impermeável), antes do
enchimento.

9.3.4 Métodos de Prego de Fita

As curvas de nível seleccionadas do mapa


base são copiadas directamente no material base com
uso de um papel carbono (Figura 9.17). um segmento
de cano com diâmetro de cano interno de

13
aproximadamente 1cm é cortado em pedaços dos
quais o comprimento é igual as alturas verticais (em
escala determinada) das linhas de nível copiadas no
material base.

Figura 9.17d – Construir, pregando com alfinetes

Pregos sem cabeças são fincados no material


base seguindo as curvas de nível (Figura 9.17) através
do cano que tem o comprimento igual ao valor da
Figura 9.17a – Mapa Base citada curva. Isto deixa um comprimento de pregos
sobre a superfície do material base igual o
comprimento do cano usado (comprimento de cano é
igual a separação vertical entre a curva de nível e a
base). Uma folha de material flexível (plástico ou
papel encorpado) é cortado em tiras cujas larguras
igualam as alturas dos canos e dos (pregos da base).
Figura 9.17b. Estas tiras são malhadas entre os
pregos, cujas altura e igual separação entre a curva e a
base. Quando todas as curvas são apresentadas por
material base, a superfície pode ser desenvolvida
adicionando material de enchimento como areia,
talvez com uma camada superficial de gesso (Figura
9.17b)

No método de “caixa de ovos“, perfis são


desenvolvidos dos contornos seguindo as linhas da
quadrícula de UTM do mapa base, tanto Norte - sul
quanto leste- oeste. Os perfis são transferidos para o
Figura 9.17b – Tracar as curvas de nível papelão ou cartão com o auxílio do papel carbono. O
papelão é cortado seguindo o perfil, formando uma
parte que representa um segmento através da terra, à
escala de mapa, seguindo a linha da quadrícula.

Estes perfis são entalhados na intercessão das


quadrículas para que sejam montados numa base onde
a grade tenha sido copiada. A montagem deste perfis
ficam parecendo uma bandeja ou caixa de ovos que
pode ser enchida e a superfície desenvolvida.
Figura 9.17c – Cortar as planas
Com todos estes métodos, anotações podem
ser adicionados na superfície, dependendo da escala e
fins do modelo. Por exemplo, pode ser pintada para
representar as estradas, actividades agrícolas, etc. e
talvez ter figurinhas para representar casas, florestas,
etc.

14
Capítulo 10

DIREÇÃO E ORIENTAÇÃO DE MAPAS Esse capítulo apresenta alguns pontos e


linhas de referência úteis e os sistemas de referência
10.1 INTRODUÇÃO baseados nelas. Depois, são relacionados ao mapa e
seu uso no campo e gabinete.
Algumas pessoas pensam que os animais e os
povos primitivos tem um sonso de direção inato. Isso 10.2 OS TRÊS NORTES
é falso, pois tanto os animais quanto índios ou pessoas
que vivem no campo podem muito bem um dia, por No início é essencial estar ciente de um facto
uma razão qualquer, se perderem. Porém, em geral important e: não existe uma linha de referência pela
eles aprenderam a ser mais observadores do que os razão de não existir um único ponto de referência
povos modernos. Qualquer pessoa pode muito bem ter normalmente são utilizados os três Nortes (também
senso de direção, para isso basta apenas um pouco existem os três Sul, mas não há necessidade de
mais de atenção e ser mais perspectiva. explicá-los porque são exactamente o oposto do
Norte).
A direção por definição, só pode ser
determinada com referência (relação) a alguma Com suas respectivas vantagens e
coisa. O ponto de referência pode estar perto ou desvantagens, cada Norte apresenta certas
longe, pode ser concreto ou abstracto. Esse ponto de conveniências para determinados propósitos em
referência estabelece uma linha de referência baseada circunstância diferentes. Porém todos são importantes
entre o observador e ele. para os cartógrafos e leitores de mapas.

Figura 10.1 – A
direção do norte
verdadeiro (NV)
geralmente não
coincide com as
direções do norte de
quadrícula (NQ) e do
norte magnético
(NM)

1
10.2.1 O Norte Geográfico (NG) (Também
Chamado Norte Verdadeiro (NV) ou Norte No hemisfério sul, o lugar no céu
Astronómico) directamente acima do polo sul é o cruzamento dos
eixos da constelação Cruzeiro do Sul, isso é tão
O Norte Verdadeiro Norte geográfico está importante que está representado nas bandeiras de
localizado no polo norte (no eixo de rotação da Terra) cinco países, Samoa ocidental, Brasil, Austrália, Nova
onde os meridianos se encontram (ver Figura 10.1). Zelândia, e Papua Nova Guiné.
portanto, se vê que cada meridiano segue a direção
exacta do norte verdadeiro. Uma linha de qualquer O sol também indica a direção do norte
lugar da terra para o polo norte, sendo uma linha de verdadeiro, como está explicado no item 10.4 sobre
longitude (meridiano), serve como linha de referência orientação.
do norte verdadeiro, uma vantagem do norte
verdadeiro é que pode geralmente ser localizado 10.2.2 O Norte da Quadrícula (NQ)
aproximadamente no campo sem a utilização de
nenhum instrumento especial. Pode-se determinar sua As cartas topográficas têm uma rede de
direção com a utilização de objectos simples quadrículas do sistema UTM (ver item 4.4.2). As
encontrados naturalmente no campo, exactamente linhas verticais dessas grades apontam para o norte e
como faziam alguns povos primitivos. Um bom o sul da quadrícula. Diferente do norte verdadeiro, ele
exemplo disso é a utilização das estrelas e do sol para não se refere a nenhum lugar geográfico. É um
determinar o norte verdadeiro. sistema de direção artificial, estabelecido
cientificamente em cada um dos 60 fusos de UTM. A
Provavelmente o norte foi escolhido como o rede de quadrículas é sobreposta no mapa para dar
ponto zero nos mapas porque existem muitos sinais coordenadas e também facilitar o uso do compasso
celestes que ajudam a encontrá-lo. Um dos mais com a finalidade de medir a distância e direção.
velhos e mais práticos indicadores é a estrela do Norte Porém, o norte de quadrícula não é necessariamente o
ou Poláris. Ela está situada no universo directamente mesmo que o norte verdadeiro. Como foi visto no
acima do polo norte. A diferença entre a linha à item 4.42, as linhas do norte da quadrícula correm
Poláris e o eixo da rotação da terra é de apenas 11/2°, paralelas de cima abaixo do mapa, enquanto as linhas
um desvio desprezível menos nos estudos de do norte verdadeiro (só meridianos) convergem em
geodesia. Portanto, para encontrar o norte verdadeiro direção aos pólos norte e sul (Figura 10.3). Em cada
somente é necessário localizar Poláris, o que é muito fuso da UTM, o meridiano central coincide
fácil. Ela é uma das maiores estrelas visíveis do exactamente com da linha da quadrícula de valor
hemisfério norte e por causa da rotação da terra em 500.000 metros ao leste da linha zero.
redor de seu eixo, todas as outras estrelas dão a
impressão de estarem se movimentando em rotas Para qualquer lugar ao longo dessa
concêntricas em volta de Poláris (Figura 10.2). linha(como pontos D e E na Figura 10.3), o norte
verdadeiro e norte da quadrícula estão exactamente na
mesma direção.

Quanto mais linhas da quadrícula se afastam


do meridiano no centro do fuso (como pontos, F, G e
H em relação ao ponto E) mais será o desvio entre
estes dois. O desvio também aumenta quanto se
aproxima do polo (compare pontos A, B, C).

Se somente uma área pequena for mapeada o


desvio será quase o mes mo em todo o mapa. Porém se
a região mapeada for extensa, as linhas da quadrícula
das duas margens laterais do mapa terão desvios bem
diferentes em relação aos respectivos meridianos.

O norte da quadrícula é uma excelente ajuda


para o estudo de cartas topográficas no laboratório e
no campo porque as linhas são impressas sobre toda a
carta enquanto os meridianos são somente nas
margens da área mapeada. É justamente onde uma
linha de quadrícula cruza um meridiano (margem
lateral) ou um paralelo (margem superior ou inferior)
Figura 10.2 – Fotografia do céu à noite em lapso de que é possível medir com um transferidor a
tempo) no hemisfério Norte declinação entre o norte geográfico e o norte da
quadrícula.

2
qualquer e segue na direção do norte verdadeiro e
outra que sai também do mesmo pont o e vai na
direção do norte magnético(polo magnético). Estes
ângulo pode ser de 0° até 180° leste e de 0° oeste,
como se vê no ponto G na Figura 10.5.

Figura 10.4 – O polo norte magnético está localizado


aproximadamente a 1500km ao sul do polo norte
ver dadeiro

Figura 10.3 – Diferença entre o Norte de Quadrícula


e o Norte Verdadeiro

10.2.3 O Norte Magnético (NM)

Esse terceiro norte é muito conveniente ao


usuário de um mapa quando se encontre no campo
com uma bússola. A direção do norte magnético (em
teoria) é apontado pela agulha da bússola.

Foi visto no anterior que o norte da


quadrícula pode diferencia significativamente do
norte verdadeiro. O mesmo problema ocorre com o
norte magnético, mas por outras razões. O polo norte
magnético está localizado ao norte do Canadá,
aproximadamente 1500 Km ao sul do polo norte Figura 10.5 – A linha agônica e a declinação
verdadeiro (Figura 10.4). magnética de diferentes pontos.

A diferença em ângulos entre o norte


verdadeiro e o norte magnético é conhecido como
declinação magnética. Em outras palavras, a
declinação magnética nada mais é do que o ângulo
formado entre uma linha que sai de um ponto

3
Figura 10.6a – Mapa isogônico com a declinação sendo indicada a intervalos de dez graus. Aqui nós podemos
observar bem os desvios sofridos pelas linhas isogônicas.
Essas diferenças entre a posição desses dois
pólos significa que as linhas de referência do norte
verdadeiro e do norte magnético somente coincidem
ao longo de duas linhas as quais fazem juntas, quase
uma volta ao mundo (Figura 10.6). são as chamadas
linhas agônicas (linhas sem ângulos de declinação
magnética); não são exactamente rectas devido as
outras forças gravitacionais e magnéticas da terra.

Os mapas que mostram estas declinações são


chamados mapas isogônicos.

As cartas topográficas sempre indicam a


declinação magnética. Algumas tem um desenho de
três setas, uma para cada norte. São treze as
combinações possíveis deste indicador dos norte (ver
Figura 10.7)

Os desenhos nas cartas são apenas


aproximações, portanto, devem ser usados os valores
exactos, os quais são escritos no indicador ou no
rodapé de cada carta (ver Figura 6.3b. onde se
encontram as palavras "declinação magnética".
(observação: Há uma pequena falha nesta figura e na
carta topográfica porque não especifica que a
declinação é a oeste).

A declinação dada é especificamente para o


Figura 10.6b centro da folha (ou uma margem) porque o valor é

4
diferente nos outros sectores do mapa, especialmente anos mais tarde, a declinação magnética poderá ter
quando a área é grande como em cartas com escala mudado consideravelmente, dependendo do lugar no
1:250.000. Por exemplo, na folha tinham declinação planeta.
no ano de 1970 de 15°55'w e 15°39'w
respectivamente. A variação da declinação magnética é
indicada em cada carta topográfica (como se vê na
Isto não deve ser confundido com a figura 10.3.b., para Brasília o ângulo aumenta 9'w
"variação anual", o próximo tópico. anualmente). Com essa indicação e através de um
simples cálculo pode-se achar que a correção
Para complicar um pouco as medidas de necessária para uma medida bem aproximada da
precisão, a declinação magnética para um dado local direção do norte verdadeiro. Por exemplo, supor que a
está sempre mudado. Os pólos magnéticos estão declinação magnética de um dado local foi 19°43'Eem
sempre vagando, porém com que podem ser 1975, com uma diminuição anual de 10'. A declinação
determinadas. Por essa razão se inclui geralmente a em 1980 seria: 19°33'E menos (10' por ano vezes 5
data dos dados de qualquer declinação magnética. Se anos) = 19°33'E - 50' = 18°43'E.
os dados de uma carta topográfica, forem usados em

Figura 10.7 – Indicadores de direção dos 3 nortes nas suas treze combinações possíveis (sem especificar os ângulos
de declinação)

5
Teoricamente a bússola aponta o polo imaginário como uma linha de referência ao norte
magnético, porém na prática isso nem sempre ocorre. com valor zero, de onde se começa a medir.
As vezes a agulha da bússola sofre pequenos desvios
do norte magnético e alguns desses desvios são
causados por forças não magnéticas, como variações
regionais na densidade da terra. Em outros casos os
desvios são provocados por magnetismo local, como
são causados em áreas com jazidas de metal
magnetizados. Felizmente esses distúrbios regionais
foram localizados e mapeados em mapas de linhas
isogônicas. Mas, ainda existem outras influências
como redes de electricidade, tempestades com raios, e
objectos de ferro (canos, carros, relógios, etc.) que
podem interferir no uso da bússola.

10.3 AZIMUTE E RUMO

Expressar uma direção com um certo grau de


precisão exige mais do que uma simples afirmação
como: "Rio de Janeiro está localizado a sudeste de
Brasília" somente usar os quatro pontos cardeais (N,
E, S, W) e as quatro direções intermediárias (NE, SE,
SW, NW) deixa a orientação um pouco vaga. Portanto
para trabalhar com direções precisas é necessário
conhecer os conceitos de azimute e rumo.

Em sua forma mais simples, a direção é


determinada e agocentricamente, isto é, com a pessoa Figura 10.8a – A direção é dada pelo ângulo formado
(você) no centro. Por exemplo, imagine um relógio entre a linha de referência e a linha de direção
gigante no horizontal com você localizado de pé
exactamente no centro e a sua frente está no n° 12
(Figura 10.8a). O número 12 passa a ser seu ponto de
referência. Sua linha de referência é a linha que sai do
centro do mostrador(lugar em que você está).

Se quer achar a direção de um objecto que é


visto do outro lado, por exemplo, o número dois no
mostrador do relógio na Figura 10.8a, a linha que
parte do centro (onde você está) em direção a esse
objecto é chamado "linha de direção". A direção desse
objecto é dada pelo ângulo formado entre a linha de
referência e a linha de direção. Este sistema de
direção aproximada e usada por pilotos de aviões de
guerra (e por alguns motoristas) para comunicação
aos passageiros no avião as posições de outros aviões
e objectos. Sempre, a direção do voo coincide com as
12.00 horas (no relógio).

Assim, "um caça inimigo as três horas


"identifica um inimigo chegando do lado direito, e
algo "as sete horas" é um objecto atrás e um pouco a
Figura 10.8b – Nesse caso também a direção é dada
esquerda. Este sistema "egocêntrico" para aquela
pelo ângulo formado entre a linha de referência e a
avião ou carro não depende de uma definição nem linha de direção nesse círculo acima
identificação do norte ou pontos geográficos.
Define-se como azimute a média de um
Pensando geograficamente em termos dos ângulo que varia de 0° a 360°, sempre no sentido
pontos cardeais (N, S, E, W) a direção é o resultado horário, a partir de um observador centro, com 0°
no ângulo formado entre a linha de direção referência
orientado na direção norte. O azimute nunca se refere
que se dirige para norte. (Figura 10.8b), o observador a outras direções; sempre é medido a partir de um dos
(ou o ponto de origem) está no centro de um círculo três nortes (ver a Figura 10.9).

6
exemplo, "N20°W (lido "norte 20°oeste ") significa
20° ao oeste da linha norte, e o ponto desejado estiver
no semi - círculo sul, o procedimento será o mesmo,
só que desta vez a referência "zero" será a linha ao sul
(Figura10.10b).

Figura10.9a – O azimute pode ser medido em relação


a qualquer um dsos três nortes

Figura 10.10a – a medição de rumo no semicírculo


norte

Figura 10.9b – Caso mais complexo quando a


direção está enrte os três nortes

A definição de rumo é um pouco mais


complexa: porque usa os quatro quadrantes (NE, SE,
SW, NW). rumo é também uma medida feita em
graus e com o observador no centro. Porém, pode ser Figura 10.10b – a medição de rumo no semicírculo
feita no sentido horário ou anti - horário dependendo norte
do quadrante em que será feita a medida. O rumo tem
duas linhas de referência: uma a norte e uma ao sul; É interessante notar que tanto o norte como o
cada uma dominando uma metade do círculo(isto é, sul tem um alcance de 180° (90° para leste e 90° para
existe um semicírculo norte e um semi - círculo sul). oeste). Porém, nenhuma medida de rumo poderá ser
As direções são medidas ao leste (E) ou ao oeste (W) maior do que 90°, pois a partir daí deverá mudar para
destas linhas de referência. (Figura 10.10) Isto o outro semicírculo. Por exemplo, nunca se indica o
significa que se a medida for feita na parte norte do rumo N 100° E, pois isto significa na verdade s 80º E
diagrama, seu ponto de referência será o próprio norte (ou az imute 100º). Da mesma forma, S 120º W não é
com 0°; daí segue-se ou para leste ou para oeste correcto e sim N 60º W (azimute 300º).
(sentido horário ou anta- horário, respectivamente) até
as linha de direção desejada, indicado-se quantos As conversões de rumo para azimute e vice
graus foram percorridos e em que direção. Por versa são apenas somas e subtrações e é melhor fazê-

7
las por raciocínio e pequenos esboços dos quadrantes referência do norte magnético. M atematicamente
do que tentar memorizar as oito fórmulas necessárias falando seria simplesmente a som de 60º+ 15º = 75º.
para os vários casos. Todas essas noções se tornam Existe ainda o norte de quadrícula (de um suposto
fáceis; quando se possui um pouco de prática, mapa desta área). Se o norte de grade estiver a 5º leste
raciocínio e calma para evitar erros. de diferença do norte verdadeiro, o azimute de grade
daquele ponto é de 55º. Os azimutes no ponto B são:
10.4 AS COMBINAÇÕES DE AZIMUTE E Az. Geo = 70º; Az. Mag = 98º; Az = 55º.
RUMO COM OS TRÊS NORTES
Para determinação do rumo, o procedimento
Os cálculos se complicam um pouco quando é o mesmo; o caso do ponto "A" é fácil sendo no
são levados em conta a existência dos três Nortes. quadrante NE para todos os Nortes. Mas, o caso do
Está claro que a determinação de azimutes e rumos ponto "C" na Figura 10.12 precisa uma atenção
depende inteiramente da localização dos Nortes, especial, pois a declinação faz com que a direção
obrigando-se a especificação do sistema usado, ultrapasse para um outro quadrante. Neste caso "C"
originando-se assim uma classificação de azimutes está no quadrante SE magnético.
verdadeiros, azimutes de quadrícula, e azimutes
magnéticos; o mesmo é válido para os rumos. Lembre-se, para um mesma direção, existem
seis possibilidades diferentes de identificação. A
O esquema na Figura 10.11 mostra como um Figura 10.13 mostra os seis tipos numa tabela ideal
diagrama ajuda no cálculo das somas e subtrações. para testar seu entendimento de conversões quando
Observe que cada um dos azimutes tem o seu norte são fornecidas apenas as declinações e uma das seis
correspondente como ponto de partida para a medida. direções para vários pontos B,D, etc.).
Por exemplo, o azimute verdadeiro da linha A é 60º e
ele é medido a partir do norte verdadeiro e alinha zero Até agora, medidas foram feitas a partir de
do transferidor tem que sobrepor-se à linha de um ponto do observado (centro) em relação a um
referência do norte verdadeiro. A declinação out ro ponto ou a linha da qual se quer conhecer o
magnética, nesse caso é de referência de 150º W; isso azimute ou rumo. Porém qualquer linha num mapa,
significa que o norte magnético está a 15º a oeste do como uma estrada, pode não ter ponto do observador
norte verdadeiro. O azimute magnético será medido a (origem) especificado. Assim, se descreve sua direção
partir do norte magnético e agora a linha do como NW-SE, ou de azimute como 140º-320º.
transferidor tem que ser sobreposta a linha de

Figura 10.11 – Exemplo da medição de azimutes á partir dos três nortes

8
Figura 10.12 – Exemplo da medição de azimutes á partir dos três nortes

Pontos A e B
ver a Figura
10.11

Pontos C e D
ver a Figura
10.12

Figura 10.13 – Guia por Figuras 10.11 e 10.12

9
Capítulo 11
NOÇÕES DE TOPOGRAFIA, GEODÉSIA, E cotadas, os detalhes requeridos de uma parte limitada
FOTOINTERPRETAÇÃO da suprefície da terra, de forma que eles guardem no
desenho posições altimétricas e planimétricas
11.1 INTRODUÇÃO relactivas às existentes no terreno.A projeção
horizontal se chama "planta"; a relação existene entre
O exposto nos dois capítulos anteriores a planta e o terreno, é a "escala".
foram aspectos um pouco teóricos sobre os métodos
de representar altitudes e relevo. Porém, é necessário Pode-se considerar a Topografia como uma
saber os métodos para chega r a tais símbolos como parte restrita da Geodesia, já que esta tem por
representar um terreno específico e verdadeiro. Isto é objective o estudo da forma e dimensões de amplas
o trabalho de topografia, geodesia e fotogrametria. áreas da superfície terrestre. Enquanto os trabalhos
geodésicos se desenvolvem através dae uma extensa
Os trabalhos topográficos e de campo, são de rede de triângulos, formados a apartir de bases
extrema importância no processo cartográfico, porque precisamente medidas, e levando em consideração a
propiciam o contacto direct o do homem com o terreno esfericidade da terra, os trabalhos topograficos
estudado. Este contacto "in loco" é necessário, pois a (levantamentos ou medições), considera plana a
área representada numa carta topográfica, deve superfície do planeta, assim, são executados dentro
corresponder em todos os aspectos físicos à realidade das malhas dessa triangulação geodésica em áreas
do terreno. relactivamente pequenas que de acordo com a
precisão desejada,estas áeras não devem exceder a
A geodésia é essêncialmente um refinamento círculos com 10 a 20km de raio.
da topografia, tomando em conta a curvatura da
superfície do planeta. Este trabalho é altamente De um modo amplo a Topografia divide-se em:
especializado, matemático e indespensável; é
realizado principalmente pelos engenheiros 1. Topologia
cartográficos, em serviço para todos os usuários de 2. Topometria
cartas topográficas. 3. Desenho topográfico

Como foi dito no capítulo anterior, o relevo A Topologia é o estudo das formas de relevo
em terceira dimensão pode ser sentido através da do terreno e das leis que regem o seu modelado. Ela
visão estereoscópica. Portanto a cartografia se aplica na representação topográfica da superfície
topográfica foi acelerada pelo desenvolvimento da terrestre pelas "curvas de nível".
aviação, da câmara aérea e da fotogrametria e
fotointerpretação. Fotogrametria é a disciplina da A Topometria preocupa-se com as medidas
medição de distâncias planimétrias através de lineares e angulares, horizontais e verticais, a serem
fotografias (principalmente aéreas). A tomadas no campo, para efeito dos cálculos
fotointerpretação é a técnica metodologica utilizada requeridos e da confeção da planta. Estas medidas
pelas várias ciências para levantamentos e pesquisas, podem ser horizontais ou verticais, assim a topometria
aproveitando a ampla visão da região nas fotografias. pode ser dividida em "planimetria" e "altimetria".

Cada um dos assuntos deste capítulo, Diz-se que o levantamento topográfico é


necessita de uma apresentação maior do que a exposta planimétrico quando as projeções das linhas e pontos
nesta unidade. Algumas universidades oferecem medidos são representados sobre o plano topográfico
disciplinas específicas sobre topografia, geodesia e (carta, mapa, planta, esboço, etc) sem preocupação de
fotogrametria, porque estas são de grande importância se considerar-se as diferenças de altura entre eles, mas
nas ciência como a Geografia, Geologia, Engenharia somente as distâncias horizontais projectadas.
civil, agronómica, e florestal. Caso o leitor se
interesse em aprofundar seus conhecimentos, deverá O levantamento é altimétrico quando são
consultar as obras citadas neste capítulo e na medidas as alturas daqueles pontos em relação a um
bibliografia. plano de referência de nível (RN) que pode ser o nível
médio dos mares ou um plano hipotético (datum), de
11.2 NOÇÕES DE TOPOGRAFICA cota zero. Hoje na maioria dos casos, as áreas
levantadas topograficamente dão origem a plantas ou
11.2.1 Definições mapas plani-altimétricos apartir de medidas não só
por processo convecionais, utilizando teodolítos,
A Topografia é uma ciência aplicada, com níveis e diastímetros, mas também por processos mais
fundamentos na Geografia e na Trigonometria, que rápidos e eficientes em que são utilizados os
tem por fim representar graficamente, num plano taqueômetros estadimétricos ou auto-redutores, os
topográfico, em projeções horizontais ortogonais distanciômetros electrónicos e outros instrumentos e
aparelhos cada vez mais precisos que a tecnologia apêndice da Topografia e da Geodésia, encontra-se
periódicamente coloca a disposição do topógrafo. hoje num plano de importância, se não superior pelo
menos nivelado ao destas ciências, complementando-
Um exemplo na Figura 11.1, o sistema GPS se todas umas às outras. Pode-se dizer que a Geodésia
por comunicação com satélite, pode localizar um e a Topografia, em maior e menor grandeza,
segundo ponto com a precisão de 1 metro, mesmo que constroem o esqueleto - o canevas- dos respectivos
seja a uma distância de 1000 km. levantamentos, encar regando-se a fotogrametria,
mais precisamente a aerofotogrametria, de cobrir o
A fotogrametria, tanto terrestre, como aérea, esqueleto com riqueza de detalhes que só ela é capaz.
que foi considerada durante muito tempo como

Figura 11.1 o GPS comunica por satélite, localizando qualquer ponto na Terra

Figura 11.1 – O Sistema Global do Posicionamento (GPS) Exemplos de tipos da GPS: a mão, na esquerda, e
profissional, à direita. (photos cortesia de www.trimble.com)

O desenho topográfico é parte objecto da dependendo do detalhamento, da precisão dos


Topografia, em que se representa no papel, em escala instrumentos empregados da escala e da área
reduzida, atrvés de sinais convecionais, chamados abrangida, o desenho pode ser simplesmente um
convenções Topográficas, a forma e dimensões dos croquí, um esboço, uma planta ou um mapa
acidentes naturais e artificiais da área levantada, topográfico. Já no âmbitoda Geodésia e da Geografia,
ter-se-ia uma carta Geodésica, Geográfica ou
Cartográfica. b) Levantamento da figura geométrica (área
poligonal, intra e extra poligonal).
Os desenhos devem ser acompanhados pelas Determinação de ângulos e distâncias,
cadernetas de campo, planilhas de cálculo e memória horizontais e verticais, pelos processos
descritiva do trabalho realizado com informações adequados ao tipo de medição. É a parte
acessórias e detalhadas da área levantada matemática juntamente com as duas que se
seguem.
11.2.2 Levantamentos Topográficos:
c) Levantamento de detalhes. É constituido
A plani-altimetria tem em vista obter pelas medidas apropriadas para o
levantamentos ou medições que venham permitir ou posicionamentos dos diversos acidentes
facilitar a execução de numerosos emprendimentos naturais e artificiais existentes na área
desejados, imaginados, ou projectados pelo homem, levantada, tais como cursos de água, pontos
no sentido de satisfazer as suas necessidades. Pode se elevados, casas, pontes, cercas, etc.
citar: o traçado de estradas, de ferrovias, redes
hidráulicas, electricas, de esgotos, a alocação de d) Cálculos. São as operações matemáticas
pontes, prédios, curvas, estudos geológicos, trabalhos destinadas a determinção dos azimutes e
de irrigação e drenagem, a determinação da forma e rumos, projeções, coordenadas dos vértices e
área de cidades, fazendas, plantações, etc. de outros pontos topográficos, áreas, alturas,
entre pontos, cotas internas, etc.
Levantamento ou medição é o procedimento
necessário para a obtenção de dados que vão permitir e) Desenho da planta. É a finalização do
alcançar -se os objectivos da Topografia, que são de trabalho topográfico. Através dele tem-se
três tipos: conhecimento da forma, dimensões,
contornos e áreas do terreno levantado. É
a) Expeditos - de pequena precisão que vão graças a ele, também, e aos dados que ele
originar os esboços ou croquís. São cotém, que o homem se atreve , com
empregados instrumentos símples. segurança, a executar desde a mais simples
das construções e instalações, até as
b) Comuns ou Regulares - são usados na grandiosas obras de engenharia moderna.
maioria dos trabalhos topográficos. Utilizan-
se já instrumentos de precisão, mas a área 11.2.3 Métodos De Levantamentos Planimétricos
levantada é de pequenas extensão. Os
desenhos obtidos são as plantas topográficas. Os levantamentos não devem ser executados
em áreas muito grandes, (como já se viu antes).
c) De Precisão - Usam-se instrumentos e Levantamentos mais extensosdevem se basear na
medidas de grande precisão, abrangindo implantação de uma triangulação prévia, feita com
grandes extensões de terra. Levan-se em instrumentos e métodos adequados (geodesia) e
consideração a curvatura terrestre e a constituem um levantamento trigonométrico.
refração atmosférica, além de outros fatores
de erros. Esses levantamentos dão origem às A seguir 5 métodos usuais de levantamentos
cartas ou mapas geodésicos. topográficos planimétrico:

Os levantamentos topográficos se 1) Coordenadas. Traça-se um alinhamento


desenvolvem através de uma sucessão de fases ou geralmente entre os vértices mais
etapas, algumas das quais podem ou não ser distânciados do polígono (linhas das
suprimidas, de acordo com o tipo de levantamentos. abcissas) e sobre ele levantam-se ordenadas a
As três primeiras fases do levantamento são todos os outros vértices (Figura 11.2). A área
executadas no campo, as duas últimas no gabinete. é calculada pela solução dos trapézios e
triângulos formados.
a) Reconhecimento do Terreno: o topógrafo
utiliza conhecimentos de Topologia e, à
visita do terreno, planeja a execussão do
levantamento, estabelecendo de ante-mão os
pontos de estacionamento dos instrumentos
com o estaqueamento necessário,
desenhando sempre que possível, um esboço
da área a levantar, cosiderando o relevo do
Figura 11.2 – Poligonal baseada na linha das
solo co duas vertentes e drenagens. É a fase
abcissas
interpretativa do levantamento.
2) Decomposição em triângulos. Figura 11.5 – Poligonal decomposta em
triangulos por interseções
a. Medida dos lados - decompõe-se o polígono
em vários triângulos, medindo-se todos os 3) Caminhamento. Este método é o mais
lados preciso e geralmente usado em áreas maiores
com grande número de vértices. Consiste na
medição de todos os ângulos e comprimentos
dos lados do poligono. Com adeterminação
de um rumo inicial pode se organizar uma
planilha de cálculo analítico, em que são
obtidas as coordenadas dos vértices da
figura, em relação a um sistema de eixos
rectângulares (linhas N-S e E-W) e a área
dupla do polígono, pela aplicação das
formulas de Gauss (Figura 11.6).
Figura 11.3 – Poligaonal decomposta em triangulaos
com lados medidos

b. Radiações ou coordenadas polares- a partir


de um vértice ou de um ponto adequado
dentro da área a levantar, medem-se ângulos
e distâncias conforme mostra a Figura 11.4.

Figura 11.4 – Poligonal decomposto em triangulao


por radiaaos

c. Interseções ou coordenadas bipolares- toma-


se uma linha base no interior do polígono ou
mesmo um dos seus lados, (lado AB na
Figura 11.5) cujo o comprimento é
determinado e apartir dos pontos extremos
dessa linha, medem-se todos os ângulos Figura 11.6 – Poligonal desenha por caminhamento
formados entre ela e os vértices da figura
geométrica a levantar. Os vértices ficam Os sinais de x e y devem ser considerados de
determinados pela interseção de duas rectas. acordo com o quadrante dos rumos, isto é, N e E (+) e
A linha base deve ser tal que as interseções S e W (-). Quando as coordenadas da estação incial
não se façam em ângulos muito agudos ou não são conhecidas, pode-se admiti-la como situada
obtusos. na origen dos eixos, com abcissa e ordenada de valor
zero.
Figura 11.7 – Teodolito (Marca D.F. Vasconcelos, São Paulo)

11.2.4 Métodos De Levantamentos Altimétricos


(Nivelamento) São quatro os método altimétricos:

Para se representar o relevo do solo, deve-se 1. Físico ou barométrico.


determinar as alturas, distâncias verticais ou 2. Geométrico, directo ou por alturas.
diferenças de de nível que o definem, calculando suas 3. Taqueométrico ou estadimétrico
altitudes ou cotas. Estas últimas são obtidas em 4. Trigonométrico, indirecto ou por declíves.
relação a um plano de referência, arbitrário chamado
"datum", de cota zero, enquanto "altitudes " são em No nivelamento fisico ou barométrico, são
relação ao nível médio dos mares. obtidas directamente as alturas dos pontos, pelo uso
dos barómetros e aneróides. Por depender da pressão S = diferença entre o valor das leituras feitas nos fios
atmosférica, 'e um método rápido, porém rústico com estadim'etricos sobre a mira;
baixa precisão. α = ângulo vertical formado entre o ponto visdaona
mira e o plano haorizontal;
Nos métodos geométricos e taqueométricos i = altura do centro óptico do instrumento ao terreno,
obtém-se as cotas co emprego de níveis, taqueométros na estação;
e miras, através de cálculos aritimétricos e l = altura lida na mira no cruzamento dos fios
geométricos simples. No método trigonométrico as reticulares
cotas são determinadas por processos de cálculos
trigonométricos usando-se taqueométros de grande Nivelamento trigonométrico pode ser de
precisão. pequeno ou grande alcance. No primeiro caso usan-se
os clinômetros, os clisímetros ou teodolítos de menor
Existem dois tipos de nivelamentos precisão; No segundo emprega-se os taqueômetros de
geométricos: precisão (ver Figura 11.7)

1) Simples, (quando todos os pontos são 1° caso - O método na Figura 11.8 baseia-se
nivelados sem necessidade de mudança de na resolução de um triângulo rectângulo em que se
instrumento), geralmente o nível de luneta. conhece um dos catetos (a distância D) e procura-se o
outro cateto (a diferença de nível N), determinando-se
2) Composto, (quando pela extensão da área a o ângulo α, a clinometro ou a declividade, em
nivelar, torna-se obrigatória uma ou mais porcetangem, a clisímetro. Conforme se deduz na
mudanças do instrumento). Figura 11.8 a formula a empregar é; N =± tg α.

Geralmente o instrumento é o nível de


luneta. Sua função principal é obter um plano
horizontal que contenha o eixo de colimaçao e o
centro óptico da luneta, paralela ao plano "datum" de
cota zero. A distância entre os dois planos citados é
chamado de " altura do instrumento" e é obtida
colocando-se uma mira (normalmente graduada em
centímetros e com tamanho extensívo até quatro
metros) sobre um ponto de cota conhecida ou
Figura 11.8 – Nivelamento triganométrico simples
arbitrária. A leitura feita na mira, estimando-se os
milímetros, mais o valor da cota, estabelecem a altura
A visada sobre a régua (mira) deve ter valor
do instrumento e chama-se "visada de ré". As leituras
igual à que se encontra o clinômetro ou clisímetro
feitas na mira sobre os demais pontos a nivelar
sobre o terreno.
previamente determinadas no terreno, chamada "
visada de vante", subtraída da altura do instrumento,
fornece-nos as cotas dos referidos pontos. 2° caso – (Esemplo) Seja P (na Figura 11.9)
o ponto cuja cota se quer determinar com auxílio de
Nivelamento taqueométrico ou uma base A-B, de comprimento 1 precisamente
estadimeétrico, é o método especial em que as medido. Com um teodolito uo taqueômetro de
diferenças de nível entre os pontos topográficos são precisão medem-se os angulos horizontais α e β e os
determinados pelos taque'ometros, isto é, teodolíto verticais V¹ e V². Pela plant a verifica-se que as
dotados de "fios estadimétricos". Segundo o princípio distâncias projetadas D¹ e D² podem ser obtidas pelas
estabelecido por Green, físico inglês, em 1778. relações:

Para a determinação das distâncias verticais e


mesmo das horizontais com o auxilio dos fio
estadimétricos, faz-se necessária, também a mira
utilizada nos nivelamentos geométricos.

Nos taqueómetros mais modernos, com


lunetas analíticas, as diferenças de nível são
calculadas pela fórmula:

N = C/2 S sen 2α + i - l, em que;


N = diferença de nível procurada;
C = constante estadimétrica ou de multiplicação,
geralmente=100;
Figura 11.9
D¹ = 1 sen β / sen (α + β) observações gravimétricas. Também não se podera
e estabelecer um sistema de referência geodésico
D² = 1sen α / sen (α + β) (DATUM) somente por essa maneira. A existência de
uma figura de referência universal faz supor que os
Assim, as diferenças de nível entre o ponto P e os cientistas estão satisfeitos com a forma e as dimensões
pontos A e B, serão: de determinados esteróides. Mas não é assim. É
geralmente aceite que o elípsóide internacional de
a= 1 1 1
N D tg V + i Hayford, baseado somente nos cálculos de
e triângulação dos Estados Unidos da América do Norte
Nb = D2 tg V2 + i 2 com a vantagem de redução isostáticas nas estações
astronómicas, esta sujeito a um erro de 1:40.000 a
Quando P se situa a distâncias superiores a 1:50.000.
200 metros, seve-se somar à diferença de nível
encontra para A e B a correção da curvatura da terra e Já foi demostrado na Europa e nos Estados
da refração atmosférica, a qual é dada pela fórmula: Unidos, pelo menos, que oe extensos arcos de
triangulação de primeira ordem são concertaza
Ccr (em metros) = 0,068 D2 (em quilômetros) exactos de 1:100.000 a 1:200.000. Portanto não
podemos ainda concluir que Hayford teve a sorte
O exemplo se aplica em casos de determinar os parâmetros finais do esferoide que
levantamentos geodésicos para a determinação plani- malhor se adapta à forma da terra.
altimétrica de vértices de uma triangulação de 2a e 3a
ordem. Como no caso de qualquer objecto material,
verificam-se as dimensões da terra tomando medidas
Observação: Para maiores explicações, directamente à sua superfície. A melhor maneira de
consulte os seguintes livros: proceder essa medição é pela triângulação da primeira
sobre a terra, que permite calcular os verdadeiros
Espartel, Lelis e Luderitz, João – Caderneta de Campo comprimentos de arcos de latitude e longetude. A
– Ed. Globo, Porto Alegre, 3a Edição, 1974. primeira triângulação autêntica, foi executada na
Dinamarca em 1573, 30 anos antes da invensão do
Silveira, Alvaro Astolfo da – Topografia – Ed. Comp. telescópio. O astónomo Dinamarquês Tycho Brahe,
Melhoramentos de São Paulo, SP, 3a Edição. estabeleceu uma estação astronómica perto de
Copenhague e em seguida mediu uma base e os
11.3 NOÇÕES DE GEODÉSIA ângulos de uma triângulação que se estendia para o
norte até uma segunda base medida sobre o gelo do
A Geodésia, é uma das mais antigas ciências, estreito de Skagerrak. É de notar que este sistema de
estuda essêncialmente a forma da terra e a variação da triângulação não é diferente do que se emprega hoje,
gravidade terrestre. Sua origem praticamente remota mais de quatrocentos anos depois, a não ser pela
de a 2500 anos, no tempo em que Pitágoras e rigidez das figuras e pelos intrumentos utilizados.
Aristoteles declararam ser a terra uma esfera, e de
Erastótenes, uns dois ou três séculos antes de cristo, o O desenvolvimento da triângulação no
qual chegou a determinar a circunferência da terra. mundo teve forte impulso no decorrer dos últimos
Erastótenes fez cálculos baseiando-se em observações duzentos anos de forma que os geodesístas poderam
astronómicas e medidas na superfície terrestre, que dispôr, aí por 1954, de um primeiro conjunto de arcos
levaram a um valor aproximado de 3000 a 5000 km contínuos de triângulação. Estes arcos estenden-se do
relactivamente à verdadeira circunferência da terra. ártico à África do sul, do artico ao cabo Horn, e das
De há muitos séculos o estudo da forma da terra tem ilhas britânicas à Indochina, com numerosos outros
despertado a curiosidade dos geodesístas, aumentando arcos e áreas triânguladas na Am'erica do norte,
constantemente o conhecimento da geofísica do globo América do Sul África, Europa e Ásia. São programas
em que vive. Resta muito que fazer aos futuros correntes a ligações intercontinentais pelos eclípses
geodesístas em vertude dos complexos problemas que solares e oculação de estrelas e a trilateração por meio
se verificam na configuração extremamente irregular de radar. Desta maneira, o globo é circundado por
do geóide. Mas o facto de serem constantes, através arcos geodésicos obtidos por triângulação e ligações
dos séculos, para todos os fins práticos, a forma e as intercontinentais, reforçados por observações
dimensões do geóide e a variação da gravidade, dá ao astronómicas e gravimétricas, que permitiram aos
geodesísta a grata certeza de que as suas investigações geodesistas efectuar novas e mais precisas
se orientam para um objectivo definido, determinações das dimensões e da forma de uma
evidentemente atingível segundo um rítmo de figura média geométrica quemais aproximadamente
progresso proporcional aos seus esforços. se adapte ao geóide. Em virtude da qualidade actual
de medições básicas muito maior que a utilizada por
A forma, e não as dimensões do geóide, pode Hayford 80 anos atrás, é claro que os geodesístas
ser satisfatóriamente determinada por prolongadas estão agora em condições de não só verificar e
melhorar as suas conclusões como também Projeção Universal transversal de Mercantor (UTM),
determinar, por medições directas, exactas ondulações o que esta apresentada nos itens 4.4.2
do geóide, anteriormente aceites por hipóteses, pela
isostática. 11.4 CARACTERÍSTICAS DE FOTOGRAFIAS
AÉREAS VERTICAIS
A Geodésia científica foi estimulada nestes
últimos tempos pela crescente pressão das exigências 11.4.1 Fotografia Aérea Como Mapa Pré-Mapa
militares resultante dos acontecimentos modernos.
Apartir da Segunda Guerra Mundial, deram-se A fotografia aérea ertical tomada e um avião
grandes passos no sentido de reduzir no mínimo os voando, é a mais comum e importante. Ela muitas
datums geodésico da triângulação do mundo, com o semelhanças com uma carta ou mapa. Em
anterior ojectivo de ter um DATUM comun para todo cosequência disso, pode ser utilizada como um pré-
mundo. Em consequência dessa redução de datums mapa. Tomando por exemplo a foto da Figura 11.10, é
geodésicos, o levantamento de mapas militares do possível para o leitor observar diversas feições
mundo, grandemente acelerado nos últimos tempos, terrestres, tais como estradas, rios lagos, etc, que são
em grande ou média escala, exige um sistema de perfeitamente visíveis. Numa fotografia aérea estas
projeção e quadriculagem comuns para cada área informações são mais minuciosas do que em uma
continental, a fim de se evitar cartas mal ajustadas nas carta, na qual não é possível a representação de
fronteiras. Além disso, operações militares num pequenos detalhes, devido a escala e a simbolização.
convenio de segurança de vasta amplitude requerem Uma carta por demais sobrecarregada de símbolos se
um sistema único de coordenadas. O resultado foi a nela fossem representados todos os detalhes do
terreno.

Figura 11.10 – Uma fotografía aérea vertical da cidade de Brasília.


Figura 11.11 – Vantagems e Desvantagems de Fotos e Cartas

Fotos e cartas são diferentes. E servem para de nível e de outros símbolos, resultando nas
finalidades diferentes. Algumas vantagens existentes ortofotocartas (picto-mapas) (Figura 11.13).
na fotografia são desvantagens na carta e vice-versa
(ver a Figura 11.11). Estas variações cartográficas baseadas em
fotografias aéreas verticais são de grande interesse,
As fotografias aéreas podem ser consideradas porém a ênfase deste capítulo, está na fotografia
uma espécie de pré-mapas, quando são colocadas básica, na qual é essencial conhecer algumaas das
juntas (lado a lado). A isto denomina-se mosáico suas características e também indentificar pontos por
(Figura 11.12). Se o mosáico é impresso com a um sistema de coordenadas.
topomímia, a escala aproximada as coordenadas
geográficas e se eles possuem uma razoável precisão 11.4.2 Caracteisticas Básicas e Coordenadas em
planimétrica, são designadas foto-cartas. Fotografias Aéreas Verticais

Actualmente, com as avançadas técnicas Um só capítulo é insuficiente para expor


fotograficas e aerofotogramétricas, é possível a asinúmeras características das fotografias aéreas,
correção da planimetria e da variação de escala das porque estas vão depender de aspectos científicos dos
fotografias dos mosáicos, produzindo-se mais variados como: a câmara, o material fotográfico
ortofotografias. Elas podem ser acrescidas de curvas e a geometria tomada das fotos.
Figura 11.12 – Uma parte de um Fotoíndice Fotográfico, da área de Brasília (uma espécie de mosaico ou fotocarta)
Figura 11.13 - Ortofotoplanta
A fotografia aérea típica é uma imagen escolhido na fotografia, mede-se apartir da linha recta
vertical que mede de 23 por 23 cm, possui marcas da margem esquerda, no sentido da direita, um certo
fiduciais nas margens, para identificar "o ponto número de milimetros, depois mede-se apartir da
principal (centro) da foto. Numa margem são margem inferior, no sentido para cima, também um
fornecidas a data, hora, distância focal "f", nome da certo número de milimetros. Se esta medida é inferior
empresa, e altitude aproximada do vôo. a 100 mm inclui-se um zero à esquerda em frente ao
escrevê-lo, por exemplo: uma medida de 64mm seria
Algumas fotos também tem o número da escrita 064. Assim compõe um número de seis
faixa de vôo ou do rolo do filme, estes números são algarísmos: os três primeiros algarismos são para a
constantes para fotos de uma determinada faixa. O medida para a direita, e os últimos três para cima.
número individual de cada fotografia é usado para Com este sistema CMM de coordenadas, pode-se
conhecer a sequência de cada fotografia. É colocado identificar qualquer ponto na fotografia aérea. Ver a
depois da revelação do negativo e antes da confeção Figura 11.14, alguns exemplos numa foto normal que
das cópias em papel. mede 23 por 23cm: medindo 115mm para a direita e
115 para cima, alcança-se o (ponto principal) no
Estes números ainda tem outra centro da fotografia aérea; pode-se encontrar o canto
utilidade,desde que a foto possui um número que está superior direito com as coordenadas 230230, e marca
marcada em um só canto, é possível coloca-los em fiducial na margem direita com as coordenadas
quaisquer destas seguintes posições: canto superior 230115. Não é necessário colocar uma vírgula entre
direito (S-D), superior esquerdo (S-E), inferior direito esses dois grupos de três algarismos, porque a
(I-D), inferior esquerdo (I-E), dependendo da primeira metade indica a medição para a direita e a
orientação que deseja para a fotografia aérea segunda metade indica a medição para cima (alguns
(normalmente co as sombras caindo na direção do preferem deixair um espaço entre as metades, mas não
fotointérprete). Colocando esse número numa posição é necessário números).
(por exemplo no canto I-D (inferior direito) para o
número 258 na Figura 11.10, pode-se construir um Desta maneira, um número de coordenadas
sistema de coordenadas para a localização de qualquer deve sempre ter uma quantidade par de algarismos,
ponto ou objecto dentro da imagem fotográfica. inclusive esta é a razão da necessidade de se colocar
um zero em frente de medida menores que 100mm
Um desses sistemas é o de cordenadas (por exemplo, a medida 85mm a direita deve ser
milimétricas (CMM). Nele para se indicar um ponto escrita com 085).

Figura 11.14 – Exemplo do sistema de coordenadas milimétrica CMM. Com o número da fotografia 7532 no canto
inferior-esquerdo (I-E), a árvore do círculo tem coordenadas CMM 107 048. (Fotografia do Brasilia, cortesia da
CODEPLAN)
Estas margens referidas acima são os limites arranjar a fotografia de modo que as sombras das
entre a imagem fotográfica no terreno, e a margem árvores, montanhas prédios, etc., "caiam"na direção
negra ou branca no papel; tão pouco existem do observador.
influências da margem negra sobre as marcas
fiduciais. Este sistema funciona também sobre 11.5 IMAGENS FOTOGRÁFICAS EM
estereogramas, e não depende da localização do ponto TERCEIRA DIMENSÃO
principal, como acontece em outros sistemas.
11.5.1 Introdução À Visão Estereoscópica (Visão
Binocular Artificial )
O sistema CMM, que usa medidas para a
direita e para cima de duas linhas de referência (as Todas as pessoas que possuem visão normal
margens das fotos), é similar em função ao sistema de têm visão binocular (em três dimensões) durante o
coordenadas UTM, (ver iten 4.4.2), impresso nos tempo em que estão com os olhos abertos. A visão
mapas e cartas topográficas do Brasil. Embora binocular dá o registo de profundidade e serve para
possuam três diferenças fundamentais: medição das estimar distancias de profundidade entre os objectos a
distâncias, orientações de direções cardeais , e o ponto nossa frente. Ela é baseada em duas imagens de um só
de origem (000000). objecto visto por dois olhos separadamente, isto é,
com posições de observação diferentes. No caso da
O sistema de coordenadas CMM para as visão normal, uma imagem está em cada olho. Em
fotografias aéreas não pode ser usada em relação às seguida, o cérebro faz um processo mental, o que se
distâncias terrestres: isto porque a escala da fotografia chama "fusão estereoscópica", que é o que
aérea não é necessariamente conhecida, nem está em proporciona ver em três dimensões.
números redondos convenientes do sistema métrico, e
não é obrigatoriamente constante em todas as partes Para enxergar fotografias aéreas em três
da fotografia. Ao contrário as coordenadas UTM dimensões, é aplicado o mesmo processo da fusão
usadas em mapas topográficos são perfeitamente estereoscópica mental. Portanto é necessária uma
relacionadas às distâncias terrestres, as quais não imagem em cada olho, que é o comum para a visão
variam em mapas de escalas diferentes. normal, sóque, na visão binocular, vê-se directamente
um objecto ou uma paisagem real com os dois olhos.
A segunda diferença é que o ponto de origem Contudo, na visão estereoscópica de fotografias
das coordenadas numa foto está no cruzamento aéreas, em vez do objecto, observa-se uma fotografia
inferior esquerdo das linhas das margens em cada da paisagem com um dos olhos e uma outra fotografia
fotografia ou estereograma, e esta posição no terreno da mesma área, mas não tomada da mesma posição,
não está determinada até a tomada da foto. com o outro olho.

No sistema UTM as origens zero-zero de Essas duas fotos são tiradas verticalmente
cada faixa são pré-determinadas geograficamente para por uma câmara num avião em movimento acima de
o mundo inteiro, e numca aparece nas cartas uma determinada área.
topográficas.
Quando se tem duas fotos alinhadas
A terceira diferença é que nem sempre a correctamente, cada olho vai ver um objecto na
margem superior de uma foto indica a direção Norte o imagem fotográfica juntos, os olhos são capazes de
inportante é saber que as medidas no sistema CMM formar um modelo estereoscópico. Em outras
sào feitas apartir de uma margem esquerda que tanto palavras, os olhos tomam as posições das câmaras
pode indicar o norte, quanto o sul, o oeste, o leste ou aéreas, os cristalinos dos olhos são equivalentes as
qualquer azimute. Ao contrário, o sistema UTM está lentes da câmara, enquanto as duas ret inas
baseado no norte identificado. Também qualquer uma correspondem aos dois negativos. A fotografia aérea
das quatro margens da foto poderia estar na esquerda observada representa a situação no terreno, só que em
do observados, de acordo com qual canto o escala reduzida.
posicionado o número da foto. Este posicionamento,
por sua vez, depende da hora da tomada da foto (por Nota: para cada olho individual, a imagem é
causa da sombra) e da direccão do vôo. plana.

Estes dois critérios do posicionamento da A figura mostra em representação


fotografia (isto é sombra e vôo) estão ligadas às diagramática de um gigante olhando o terreno de tal
maneiras como se procede o alinhamento das fotos forma a proporcionar-lhe a visão estereoscópica.
para a visão estereoscópica. Para isto, é indispensável
que a linha de vôo efectiva entre as fotos, passe Observa-se nesse desenho que as duas fotos
horizontalmente na frente do observados. (Entretanto, aéreas formam um plano que passa horizontalmente
somente usando uma fotografia aérea não é possivel diante do rosto do gigante observador. Seus olhos
identificar alinha de vôo). O outro critério consiste em representam as estações aéreas do aviào quando as
fot os foram tomadas em momentos diferentes durante geralmente a distância a uma distância de mais ou
o vôo. Nós não somos gigantes com uma distância menos 25cm a 35cm (ver Figura 11.16). A uma
interpupilar tão grande, mas numa escala reduzida distância menor de 15 cm, tem-se problemas pela
podemos reproduzir exactamente o que o gigante está convergencia excessiva dos olhos, que causa tensão e
a ver. consequêntemente, com a insistência na posição,
danos aos olhos. Quando uma pessoa observa objectos
11.5.2 Distância Interpupilar diferentes, os raios luminosos respectivos estão
progressivamente menos convergentes e até mesmo
Existem vários elementos importantes para a paralelos. Por exemp lo, a uma distância de 100m ou
visão estereoscópica com fotografias aéreas. Um dos mais, uma árvore ou outro objecto tem uma largura da
elementos é a distância interpupilar, que no caso do imagem maior que 7cm do que a distância
gigante é a distância entre as posições de tomadas da interpelicular do observador. A essa distância os
foto aéreas. No caso do homen normal adulto, a objectos grandes parecem pequenos e a visão é
distância interpupilar é relacionada ao tamanho da paralela.
cabeça, poprém é análogo em tamanho reduzido com
a distância entre as posições do avião quando as A visão divergente é possível, porém é
fotografias aéreas são foram tomadas. É importante anormal; pode-se obtê-la somente com esforço
medir e saber a distância interpupilar normal de cada excessívo dos olhos e deve ser evitado. Portanto ,
pessoa. A distância interpupilar normal dos adultos é deve-se ver imagens fotográficas com linhas de visão
entre 58mm a 65mm, mas existem pessoas com paralelas ou pouco convergentes; jamais divergentes
distância interpupilar menores ou maiores, chegando ou convergentes em demasia..
até mais de 70mm.
Pelas razões acimas mencionadas é
A importância dessa distância está importanta conhecer a distância interpupilar do
relacionada à maneira como os olhos estão observador. Uma maneira para medi-la é como faz o
acostumados a ver em linhas convergent es ou oculísta quando está determinando o tamanho e o
paralelas. As pessoas sentem-se a vontade vendo ajuste dos óculos.
convergentemente, tal como para ler um livro,

Figura 11.15 –
Uma distancia
interpupilar
gigantesca
Figura 11.16 – Variações da visão paralela e da convergente

11.5.3 Alinhamento De Fotografias Aéreas Para


Observação Estereoscópica

Após a literatura dos parágrafos anteriores , o


leitor sabe que para ter visão estereoscópica é preciso
reconstruir diante dos olhos do observador as posições
das câmaras aéreas (a posição do gigante da Figura
11.15). Isto chama-se alinhamento ou orientação das
fotos para a visão estereoscópica, da qual estão
presentes agora os três casos. O mais simples é aquele
em que se tem um par de fotos (ou imagens
homólogas) pré-fixadas ou já montadas em posições
correctas sobre o qual somente é preciso colocar o
estereoscópio à frente dos olhos para a observação
(Figura 11.17). Os testes da visão estereoscópica e ou
qualquer tipo de estereograma são exemplos deste 1º
caso.

Um estereograma (como o estereotríple) na Figura


11.18), é um composto de imagens homólogas
montadas de forma correcta para visão estereoscópica,
com uma separação entre elas aproximadamente igual
a distância interpupilar do observador. Em geral, para
ser utilizado por um maior número de leitores, o
estereograma é montado com uma separação de
aproximadamente 60mm entre os pontos homólogos.
Figura 11.17 – Uso de um estereoscópio de bolso Para a colocação de um estereoscópio de bolso sobre
para ver um esteroegrama em terceira dimensão um estereograma (ver a Figura 11.17), é necessário
(fonte: MacMahan, 1972) que o intrumento esteja ajuste no estereoscópio
(rotação) seja necessário, para que a imagem vista por
um olho não fique fora do alinhamento no sentido do afins podem consultar o livro Fundamentos Para A
eixo Y (perpendicular ao eixo hrizontal "X") do que a Fotointerpretação, por Paul Simon Anderson, editado
imagem do outro olho, algumas vezes a mudança em 1982.
precisa ser na posição da cabeça do observador, pois
girando-a um pouco ele notará que as imagens se O fenómeno de fusão estereoscópica permite
deslocam no sentido do eixo Y. Todo esse processo é de várias formas a visão do relevo em terceira
o alinhamento dos olhos e das lentes do estereoscópio dimensão, como foi verificado na Figura 11.18 da
acima e paralelamente ao eixo dos X do estereograma. barragem do Paranoa de Brasília. Outro exemplo 'e o
Isto é indispensável e sempre se repete para obten,cão da Figura 11.19 em que se pode ver dois desenhos de
da visão estereoscópica em fotografias aéreas. curvas de n'ivel com linhas homólogas observadas de
duas posições diferentes (idênticas às posições de uma
Com a orientação referente ao eixo dos X câmara aérea na tomada de duas fotografias aéreas).
correcta, cada olho vê uma imagem ligeiramente Nesta figura pode-se observar, com auxiliu de um
diferente; quando o obaservador piscas os olhos um estereoscópio, quais são as curvas de nível que se
cada vez, ele vê o mesmo objecto com cada olho (por encontram mais elevadas, o que não pode ser
exemplo, um prédio no estereograma ou uma letra no observada facilmente com visão simples. Apesar disso
teste de visão esteroscópica). Deseja-se que essas até hoje a técnica estereoscópica aplicada a
imagens uma em cada olho, coinscidam, ou seja cartografia, ainda não foi devidamente aproveitada
fiquem sobrepostas. para o ensino de leituras geomorfológicas em cartas.

Quando o leitor estiver estudando um Há também a visão tridimencional através de


estereograma poderá avistar aparentemente três anaglifos que utilizam cores complemntares (ou com
imagens: a esquerda e a da direita , vistas vistas com luz polarizada), que chegam aos olhos depois de
oslhos correspondent es, mais a imagem mental que filtradas em óculos especiais. Os anaglifos foram
está no meio. Neste caso deverá concentrar-se na utilizados nos antigos filmes cinematográficos em
imagem do meio, não olhando as laterais. Quando os terceira dimensão.
objectos dessa imagemcentral se unirem, colocando-
se uma em cima da outra, se conseguirá a imagem 11.6 NOÇÕES DE PRECISÃO
emterceira dimensão.para muitas pessoas esse FOTOGRAMÉTRICA EM CARTAS
processo é fácil. Se o leitor tiver dificuldades em obter TOPOGRÁFICAS
a imagem estereoscópica deverá procurar um
professor para auxilia-lo. Ele poderá utilizar vários O objectivo do item é somente destacar as
métodos, como por exemplo a colocação de um dado vantagens e as limitações da fotogrametria para os
em cima de cada imagem homóloga. É com o usuários de crtas topográficas.
observador vendo através do estereoscópio, fazer
esrtes dois dedos coincidirem. Com uma pequena A fotogrametria é um assunto tão vasto que é
separação dos dedos, lentamente a sua visào se classificada como uma disciplina académica
tornará paralela, o que é necessário para ver o completa, com teoria e tecnologia avançada. Pode-se
estereograma em terceira dimensão. Você mesmo definir a fotogrametria como a ciência e técnica de
poderá praticar esse processo, começando com os seus realizar medidas das fotografias (normalmente
dedos um pouco mais proximos uns dos outros do que aéreas), que tem por finalidade a diminuição do
a distância de separação dos pontos homólogos, e ir trabalho de campo necessário a confeção de cartas.
lentamente afastando-os até fazê-los coinscidirem
com as iamgens homólogas no estereograma. Um Sendo assim, a fotogrametria está
pouco de paciéncia e dedicação para fazer esta tarefa, intimamente ligada ao trabalho de campo e a
ajudará aos que têm problemas em conseguir a fusão geodesia, para que o produto final -MAPA ou
mental para a imagem estereoscópica. Outra sugestão CARTA - seja fidedigno.
é de descansar seus olhos, olhando com visão
paralela, um objecto a 50 metros de distância ou mais, Utilizando fotografias aéreas tomads a
e em seguida procurar ver o estereograma. Uma outra centenas ou milhares de metros acima do nível do
ajuda é erguer a cabeça um pouco acima do terreno, a fotogrametria não poderá atingir a precisão
estereoscópio. Estas são as orientações mais básicas das medidas topográficas obtidas no campo. Por
para ver fotografias aéreas em terceira dimensão. outrolado, o topógrafo não tem condições de realizar
tantas medições , rápidas e de pouco custo, como são
OBS: o alinhamento de pares de fotografias as medições obtidas através dos grandes aparelhos
aéreas soltas, não será necessário para o objectivo restituidores fotogramétricos (Figura 11.20 [não
deste livro. Os interessados nestes e outros tópicos disponível]) que custam milhões de cruz eiros.
Figura 11.18 – Um estereograma da Barragem do Lago do Paranoá, Brasília (com os pontos principais marcados)
Figura 11.19 – Estereograma com curvas de nível

Figura 11.21 – Padrões de precisão


Estes aparelhos melhoram os resultados Figura 11.21 [não disponível]. Mesmo que as linhas
cartogáficos, porque enquanto o topógrafo geralmente não coicidam, especialmente nas áreas mais planas,
estabelece uma malha de pontos medidos e faz uma são poucos os lugares com possíveis erros de mais de
interpolação para desenhar as curvas de nível, etc., o 20 metro de altura (20m=metade da equidistância).
aperador do restituidor faz medidas contínuas no
percurso de cada curva de nível. Assim há uma Levando-se que um avião voando a centenas,
redução muito grande do tempo gasto que implica um e até milhares de metros de altitude, tira centenas de
dispêndio menor de dinheiro, apenas com uma fotos em curto spaço de tempo, o custo deste
pequena perda de precisão. Em compensação a empriendimento é relactivamente baixo. Comparando
altimetria fotogramétrica está submetida a um padrão com um trabalho realizado no campo, pode-se
de precisão segundo a escala da carta e directrizes considerar-se esse facto como uma grande realização
ditadas pelos regulamento cartográficos. Para evitar o tecnológica.
mau uso da crtografia topográfica é muito importante
para o usuário lembrar das normas dos padrões de Sendo o erro máximo de apenas 0,5m de
precisão e não pensar que as curvas de nível t6em altura para a escala de 1:2000, pode parecer um erro
medidas exactas e perfeitas. de mínima importâcia. Porém acarreta um problema
sério à cartografia. Infelizmente muitos engenheiros
De acordo com as normas internacionais para civis, arquitectos,planejadores urbanos, etc.,
a precisão altimétrica utilizando restituição esquecem (ou não têm conhecimento) das diferenças
fotogramétrica, " 90% das curvas de nível e dos de precisão entre os trabalhos fotogramétricos e os
pontos interpolados deve ter um erro inferior à metade topográficos.
do valor das equidistâncias entre as mesmas". Estas
regras são adoptadas no Brasil para cartas de escala Isto ocasiona erros grosseiros, que por sua
1:25000 e menores.também são sugeridas com base vez trazem enormes prejuízos financeiros.
de precisão altimétrica para ecalas maiores de
1:25000. Os valore da equidistância e da precisão Consideremos, por exemplo, uma área de 1
altimétrica para as escalas grandes e médias estão hectare (100*100m) com uma superfície
expressos na tabela 11.21. uniformemente inclinada na direção leste-oeste. A
direção e a percentagen do declive são irrelevantes,
Observa-se que a precisão da restituição porém na Figura 11.23 está representada uma
fotogramétrica é menos exigente do que o trabalho de superfície com 10% de inclinação, com um exagero
campo com, medições a escala real de 1:1. Existem vertical no perfil cinco vezes maior do que a da escala
também padrões para as medidas planimétricas. horizontal de 1:2000. Um mapa ou planta desta área,
se estivesse de acordo comas formas das Figuras b, c,
Em todas cartas concluidas, os pontos são e d, ainda estaria dentro das normas de precisão, com
testados e re-testados em busca do posicionamento 100% dos pontos com um erro menor que ametade da
correcto de cada um deles. Em mapas de escala maior equidistância entre as curvas de nível. Mas a diferença
que 1:20 000 um ponto 'e considerado preciso se está entre as Figuras b e c é quase 10 000 metros cúbicos
até 0,85mm da sua posição correcta no mapa. Para da terra para escavar ou aterrar. Infelizmente são
estar de acordo com os modelos de precião, um mapa regiistrados casos nos quais bons profissionais
não deve ter mais de 10% de seus símbolos utilizaram cartas fotogramétricas (e até c'opias
considerados for a das normas. Em mapas de menor ampliadas por panógrafos) para planejar e construir
escala a precisão exigida é de 0,5mm. Porém, o grau projectos oucupando muitos hectares sem auxiliu de
de generalização e simbolização usadas nas escalas trabalho topográfico, que deve ser feito por cada obra
1:100000 e outras menores provocam um de engenharia civil. Os projectos de milhões de
deslocamento ou um aumento exgerado em seu cruzeiros foram até mil vezes maiores que o custo do
tamanho, às vezes mais que a precisão exigida de levantamento topográfico que foi poupado ou
0,5mm. esquecido.

A melhor contribuição que a fotogrametria Este comentário, não é uma crítica de cartas
nos oferece, é a precisão altimétrica nas escalas fotogramétricas, que tem suas utilidades e tem seus
médias e grandes. Uma demonstração da tolerância na limites de precisao publicados. Mas é um pedido (ou
precisão altimétrica e planimétrica está em advertência) para que os componentes da cartografia
comparação do mapeamento fotogramétrico feito da (fotogrametri, topografia, etc) sejam utilizados nas
mesma área duas vezes. O relevo não tem mudado situações apropriadas, pelos seus usuários.
muito entre as datas das fotos e cartas da área na
Figura 11.23 – Representações da mesma área por curva de nível dentro das normas de precisão

11.7 NOÇÕES DE FOTOINTERPRETAÇÃO aproveita muito da fotogrametria e das várias


disciplinas as que se serve.
A fotointerpretação preocupa-se
principalmente com a idêntificação de objectos e Na realidade a fotointerpretação envolve bem
feições por meio de fotografias aéreas. Portanto, mais que a "identificação". Um pesquisador
fotointerprete Holandês, A.P.A.Vink, identificou seis treinado na metodologia e técnicas de
estágios na fotointerpretação: fotointerpretação, um bom agrônomo geógrafo,
engenheiro florestal, etc, consegue que alguém que
1. Deteção do objecto na fotografia; sabe ao máximo as fotografias aéreas.

2. Reconhecimento ou identificação do objecto; 11.8 CONCLUSÃO

3. Delineação (análise) para separar o objecto, Neste capítulo foram introduzidos os


ou o conjunto de objectos, dos outros processos cartográficos de topografia e geodesi
fenómenos na fotografia; fotogrametria (com visão estereoscópica, e
fotointerpretação. São tão grandes e inportântes para a
4. Dedução para entendimento além do obviu cartografia topográfica que cada um é uma disciplina,
nas imagens fotográficas; sendo muito interrelacionadas. Têm uma base forte na
matemática e formam uma grande parte do
5. Classificação para organizar treinamento de engenheiros cartográficos, os
sistematicamente os fenómenos encarregados com a produção de cartas topográficas.
fotointerpretados; Mesmo que os usuários comuns e os profissionais de
outras disciplinas talvés numca precisem fazer um
6. Idealização para facilitar a transmissão dos mapa base (porque tantas cartas já existem) eles terão
conhecimentos a outras pessoas. (para a um maior aprecio e aproveitamento das cartas
explicação mais detalhada desse e outros topográficas básicas quando lembratrem destes
tópicos a seguir, consulte o livro processos tão essênciais na carta topográfica.
Fundamentos Para A Fotointerpretação,
editado por P.S. Anderson, 1982)

Vários desses estágios ocorrem quase


automaticamente e simultâneamente para as várias
pessoas treinadas. Elas também sabem aproveitar os
dez tipos de elementos de reconhecimento:

1. Tonalidade,
2. Forma,
3. Padrão,
4. Densidade,
5. Declividade,
6. Textura,
7. Tamanho,
8. Sombra,
9. Posição,
10. Adjacências.

Na fotografia cartografica, a
fotointerpretação acompanha todo o proceso com
excessão da gravação e de impressão gráfica final. As
fotografias são úteis para localizar no campo os
trabalhos da geodesia; o operador do restituidor
fotogramétrico faz interpretação para identificar áreas
urbanas, a drenagem e outras feições que ele precisa
traçar; as equipes de reambulação fotointerpretam as
áreas quando estão determinando os sómbolos e
nomes das feições na região por trabalho de campo.
Há ainda mais , a fotointerpretação é algo
indispensável na fotogrametria, metodologia
fotointerpretativa, disciplina de especialização
(geologia, pedologia, etc), bom senso e prática que
destingue um fotointérprete profissional de um leigo.
Para chegar a nível alto 'e preciso passar por níveis
básicos, técnicos e profissional avançado. Apenas
olhar as fotografias aéreas belas e idêntificar o óbvio é
igual a uasar apenas o martelo apesar de ter uma
oficina completa à sua disposição. Sendo bem
Capítulo 12

EDUCAÇÃO CARTOGRÁFICA directamente afins a cartografia existem três cursos. A


universidade do estado do rio de janeiro oferece um
12.1 INTRODUÇÃO mestrado.

A educação cartográfica conscide com os No instituo de pesquisas especiais (INPE) em


vários níveis gerais de ensino. Nos primeiros e São José dos campos, SP, há um curso de mestrado
segundos graus, os estudos são bem gerais, sendo que em sensoriamento remoto que tem muita ligação com
no curso técnico de segundo grau prepara-se jovens a cartografia temática. Além destes, existem vários
para auxiliar nos processos de mapeamento. cursos de mestrado em outras áreas, por exemplo,
geografia e engenharia florestal, que destacam a parte
O ensino universitário cartográfico visa a cartográfica, porém os seus formando normalmente
preparação de três grupos: não se considerarem como cartógrafos, e sim como
engenheiros florestais, geógrafos etc. com
Os profissionais não cartográficos que capacidades e interesses cartográficos
precisam conhecer os princípios de cartografia; os
engenheiros cartográficos e os cientistas cartográficos 12.3 ENGENHEIRO CARTOGRÁFICO

Estes últimos grupos as vezes não são bem (Este item é extraído principalmente do
distintos e dependem de cada indivíduo. Alguns parecer 1057/79 do processo 7428 do conselho do
sabem os níveis quase como auto-didacticas, enquanto Brasil).
outros recebem títulos por passar mal num curso
mínimo. Idade e experiência prática também podem O engenheiro cartógrafo, pela sua formação,
contribuir muito à formação do "cartógrafo" de deverá estar capacitado a planejar, organizar,
qualquer nível. Portanto, os comentários a seguir são especificar, projectar, orientar, dirigir e fiscalizar a:
generalizados e todos devem saber que há variações e
sobreposições entre eles. I) Coleta de dados de:

12.2 CIENTISTA CARTOGRÁFICO: a) redes geodésicas e de seus


adensamentos;
Para "cientistas cartógrafos" (uma
classificação da associação internacional de b) astronomia de posição;
cartografia, que não implica que os outros não sejam
científicos) não existe no Brasil, um curso académico c) apoio topográfico e colecta de
ao nível de graduação. As poucas pessoas nesta topónimos necessários a elaboração de
categoria chegaram até lá através de treinamento cartas de qualquer espécie;
exterior, ou por pós-graduação ou através dos seus
próprios estudos e experiências durante a vide d) redes gravimétricas e de seus
dedicada a cartografia. Por exemplo encontra-se adensamentos, visando o estudo e a
cientistas cartógrafo entre os engenheiros cartógrafos determinação da forma e dimensões da
que assumiram cargos didácticos, leccionando e terra e do seu campo de gravidade;
pesquisando a cartografia no nível mais alto. Muitos
deles em qualquer parte do mundo possuem títulos de e) aquisição directa , indirecta ou
pós-graduação. subsidiária de todos os dados e
informações a serem usados, na
Uma das distinções entre os cientistas e os preparação de cartas de qualquer espécie
engenheiros cartógrafos é que o 1º tem treinamento e incluindo o levantamento fotogramétrico
ação mais ampla em cartografia, enquanto o segundo e o sensoriamento remoto.
se especializa nas áreas mais aplicadas, a engenharia
civil. Por exemplo, o aluno universitário num curso de II) Processamento E Interpretação de Dados de:
cartografia (não de engenharia cartográfica, e portanto
no exterior) estuda muito mais as ciências a) Dados referentes ao cálculo e
informáticas, estatística, computação e cartografia ajustamento de triangulações,
especial, percepção, geografia espaciais (análise de poligonações, nivelamentos,
posição relativa entre lugares) e estuda ainda as determinações gravimétricas,
matérias cartográficas da engenharia, incluindo triangulações fotogramétricas e todos
topografia, fotogrametria, reprodução, etc. Porém, não aqueles procedimentos necessários à
estuda tanto as matérias de engenharia civil. transformação digital ou analógica dos
dados colectados bem como a sua
Como em outros países, os estudos de pós- compactibilização para emprego na
graduação tendem a especializar-se. Nas áreas

1
elaboração de cartas de qualquer satélites artificiais cartográficos activos
espécie; ou passivos e o rastreamento.

b) Interpretação de imagens em formação O novo currículo mínimo de engenharia


fotográfica ou codificada por outros cartográfica, efectivo a partir de 1980, especifica o
processos, empregando procedimentos seguinte:
visuais ou digitais, necessária à
elaboração de cartas de qualquer - A engenharia cartográfica á uma habilitação
espécie. específica, que tem sua origem na área civil
do curso de engenharia.
III) Visualização e reprodução das informações
do preparo para a impressão e a reprodução - As matérias de formação básica matemática,
de originais cartográficos de qualquer física, mecânica e processamento de dados ,
espécie, incluindo os dados marginais e as matérias de formação geral da
esclarecedores do conteúdo da documentação humanidade e ciências sociais, e ciências do
cartográfica, e o sistema de projeção , a ambiente deverão destacar os tópicos
escala, os símbolos e convenções, os títulos e indicados no parecer n°1057/79.
legendas, assim como elementos relativos ao
acabamento e a apresentação final, tais como - As matérias de formação profissional geral
molduras, cores, formato, corte, material, deverão incluir:
tiragem, dobragem, embalagem e
distribuição. - Topografia
- Geologia e Geofísica
IV) Outras Tarefas Do Engenheiro Cartógrafo - Hidrologia aplicada
(embora sem exclusividade) - Materiais cartográficos
- Transportes
a) elaboração de orçamentos e apropriar - Saneamento básico
custos de todos os trabalhos
relacionados com cartografia; - As matérias de formação profissional
específica deverão incluir:
b) assessorar os usuários na utilização de
documentação cartográfica de qualquer - Geodesia
natureza) - Astronomia
- Fotogrametria
c) dirigir organizações ou instituições - Interpretação de imagens
executoras de cartas; - Sensoriamento remoto
- Representação cartográfica
d) assessorar as organizações técnico-
científicas do país na solução dos Quatro universidades do Brasil oferecem o
problemas nacionais, promovendo e curso de engenharia cartográfica
dirigindo estudos e pesquisas
relacionadas com a sua habilitação Fora o curso no IME (para militares e civis)
profissional; o ensino de engenheiros cartógrafos no Brasil é
relativamente recente. Desde o final de 1968 a
e) proceder aos trabalhos de elaboração e primeira turma colou grau, se formaram ( # ) turmas
preparação de cartas relativas à com ( # ) engenheiros novos até o final de 1981, ainda
especialidade, tendo em vista as ( # ) alunos matriculados. Mesmo que os números não
peculiaridades de deu uso e aplicação parecem grandes, o mercado de trabalho está
em sectores tais como rodovias, essencialmente saturado e há tentativas de abrir novos
ferrovias, linhas de transmissão de campos de trabalho.
energia eléctricas e microondas, usinas
hidroeléctricas, sistemas de drenagem e 12.4 OUTROS PROFISSIONAIS ESTUDANDO A
irrigação, planos urbanísticos, etc; CARTOGRAFIA

f) executar perícias, vistorias, exames, Pela importância da cartografia, esta


inspeções, arbitragem e avaliações disciplina consta como uma matéria obrigatória ou
relacionados com a sua especialização; opcional para vários cursos, incluindo Geologia,
engenharia civil, arquitectura, ciências ligadas a terra
g) empreender estudos astrofísicos, (agronomia, ecologia, etc.) e especialmente a
relacionados com a sua especialidade, geografia. A ligação entre a geografia e cartografia é
incluindo o cálculo de trajectórias de forte e desde o inicio das ciências (mesmo antes da
época dos Gregos) e durante os séculos de exploração

2
e descobrimentos. A Geografia sendo a ciência mãe
dos estudos da terra, utilizou e apoiou o A adequação do ensino médio às
desenvolvimento da cartografia. Cartas e mapas são o necessidades do Brasil vem sendo abordada com uma
meio mais efectivos de representar as relações preocupação contínua das autoridades educacionais.
especiais absolutas e relativas entre lugares da terra.
Em tempos modernos, os cursos de engenharia O ensino técnico se processa, na escola
geográfica continham o núcleo da presente engenharia Brasileira, na faixa intermédia entre o ginásio e a
cartográfica. Ainda mais, onde não há um curso ou universidade. Tem portanto atrás de si, oito anos pelo
departamento de cartografia, tais matérias básicas e menos de escolaridade (4 primário e 4 do ginásio), o
importantes para os diversos cursos são que corresponde (na nova nomenclatura que ora se
tradicionalmente e quase sempre leccionadas nos pretende implantar) ao ensino fundamental.
departamentos de Geografia.
Mas não coincide plenamente com o
Os profissionais de tais cursos não conceito de "curso colegial" de 3 ou 4 anos, dos quais
cartográficos normalmente estudam apenas os os últimos (no caso de 4 anos) necessariamente se
princípios de cartografia e as suas aplicações às passa fora da escola, em empresas, com assistência e
profissões. Portanto eles não se classificam como orientação do órgão educador responsável sendo que
cartógrafos. Contudo, quando um ou outro deles se os três primeiros não dispensam a "oficina". É uma
dedica aos aspectos cartográficos das suas áreas, escolaridade em grande parte realizada em conjugação
começam a actuar como cartógrafos (normalmente em com as próprias actividades ocupacionais, ansiando o
forma geral, não como engenheiros nem como os aperfeiçoamento pela sequência de estudos e
cientistas do mais alto gabarito, porém alguns chegam promovendo a integração do ensino com a realidade
a estes níveis também). Por exemplo, alguns socio-económica do país.
geógrafos, geólogos, agrónomos, etc, se especializam
no mapeamento através de fotografias aéreas ou Ao término do curso completo, o concluindo
imagens de radar e satélites. Se eles são denominados recebe um diploma que poderá ser registrado. Este
"cartógrafos" ou outro nome é mais uma questão de registo qualifica para o exercício da profissão como
contacto ou preferência pessoal do que uma indicação técnico médio desta actividade específica.
do seu trabalho diário. Isto é o caso específico de
geógrafos professores de cartografia. Para a obtenção do diploma o aluno percorre
um currículo de disciplinas de cultura geral e
A cartografia do geógrafo (e outros) é mais formação técnica. São disciplinas de cultura geral:
afim `a abrangência do "cientista cartógrafo" do que português, matemática, história, ciências físicas e
ao senso estrito do engenheiro, dedicado a confeção biológicas. As de formação técnica variam com a
de cartas. O geógrafo também mais ligado ao uso especialidade de cada grupo.
literatura e interpretação de cartas, algo pouco
enfatizado para o engenheiro cartográfico. Onze escolas e instituições oferecem curso
Infelizmente para o ensino, não são muitos os de nível médio em cartografia e topografia. Para um
geógrafos que aprendem com profundidade a país do tamanho e população, são poucas e resultam
cartografia; e são poucos os engenheiros cartógrafos numa falta de pessoas para realizar trabalhos.
que se entusiasmam com os princípios, uso e o ensino
da cartografia a um nível mais geral. Por exemplo, os Segundo os dados de uma pesquisa
geógrafos professores de cartografia precisam internacional sobre a mão-de-obra treinada em
aprender mais sobre a confeção e precisão de cartas, cartografia e em mapeamento, o Brasil conta com
enquanto os engenheiros cartógrafos que querem ser aproximadamente 10000 pessoas capacitadas e
professores de cartografia (geral) precisam aprender trabalhando nestas tarefas.
mais sobre a geografia, a interpretação de cartas, etc.
seu treinamento em medições astronómicas, alta Há também uma escola interamericana que
matemática, etc, tem pouco lugar nas matérias actua no treinamento técnico e profissional de
leccionadas para os alunos de profissões não cartografia.-Escola cartográfica do serviço geodésico
cartográficas. interamericano (IAGS), localizada no Panamá.

Também há curso completos sobre ramos Desde 1952 oferece às agências cartográfica
específicos da cartografia, principalmente a latino americanas, treinamento técnico altamente
topografia, fotogrametria, e agrimensura. moderno em Geodesia, fotogrametria cartografia e
outros temas afins das ciências terrestres. Os cursos
12.5 FORMAÇÃO DE TÉCNICOS EM são de vários tipos: alguns de curta duração para
CARTOGRAFIA técnicos e supervisores.

Texto adaptado e actualizado da Revista Até 1981, mais de 6 000 estudantes,


Brasileira de Cartografia, n°4, ano ed.2, Setembro incluindo 500 oriundos do Brasil, assistiram aos
de1971, pagina 8 (sem autor especificado). cursos incluindo digitalização, imagens electrónicas,

3
sistemas de doppler de satélite, administração de Assim ele chega a sua vida adulta ou no inicio dos
órgãos cartográficos e até manutenção de cartas. seus estudos universitários.
Portanto a escola cartográfica, mantida pela agência
cartográfica de defesa dos Estados Unidos, actua nos Esse problema é quase universal. O aluno
níveis técnicos, profissionais e actualização em pós- norte-americano estuda pouca geografia; os alunos
graduação. (Staples:1981). dos países e desenvolvimento sofrem pela falta de
recursos físicos e humanos. Em contraste, muitos
12.6 ENSINO CARTOGRÁFICO ESCOLAR alunos da tradição britânica, que escolhem estudar a
geografia no segundo grau conhecem bem as cartas
Nos primeiros e segundo graus, as crianças e como fonte de informação geográfica. Porém, não é
jovens aprendem a usar diagramas estatísticos e obrigatório, e quando começam a estudar a geografia
mapas. Uma parte obrigatória do currículo escolar e nas universidades, o ensino é principalmente
geografia inclui a cartografia. Mapas e cartas de direccionado à maioria dos alunos que não conhecem
pequenas escalas estão nos livros e às vezes as cartas. A solução desta situação é de incorporar-se
pendurados nas paredes. Contudo, a quantidade do no currículo escolar o ensino de "graficação"
ensino das bases cartográficas é muito pequena e a (capacidade de usar gráficos) como foi mencionado
qualidade de ensino é muito variável, dependendo dos no capítulo (item 3 no volume 1). Isto é, o aluno
recursos da escola e o interesse e habilidade dos comum precisa aprender a conviver com a
professores. Infelizmente, é possível para um aluno se comunicação gráfica (desenhos, gráficos e mapas)
formar no segundo gr au sem ver e talvez nem saber da como ele aprendeu a conviver com o uso do alfabeto e
existência das cartas topográficas, mesmo que seja os números.
provável que a própria área em que ele reside já foi
mapeada à escala 1:100.000 ou 1:50.000. E se ele Assim seria um benefício duplo: o inicio
sabe que existe, ainda é provável que ele seja um firme e forte para todos os níveis técnicos e
analfabeto ou semi-analfabeto na leitura de cartas. profissionais; e um melhor apreço, valorização e
utilização do trabalho cartográfico actual e futuro.

4
Capítulo 13
INTERPRETACÃO DE CARTAS
TOPOGRÁFICAS Como se vê na Figura 13.1 do "mapa
voador", muitos detalhes no terreno não tem
13.1 INTRODUÇÃO simbolização na carta como o uso da terra (cultivos,
pastagens), a arquitetura dos edifícios, e fenómenos
Os capítulos iniciais explicaram que o mais recentes que o mapa (como a mina nova na
objetivo principal dos mapas é a comunicação, ou figura). Assim, a capacidade de ler (ou conhecer) os
seja, a transmissão e entendimento das informações símbolos num mapa não garantem uma interpretação
em cartas e mapas. Portanto, os mapas são feitos para correta. Por exemplo, todos os desenhos na Figura
pessoas que saibam lê-los e interpretá-los, pois ao 13.2 são fidedignos ao mapa na figura anterior.
contrário, seria o mesmo que escrever um livro para Qualquer uma pode ser o terreno real porém somente
um analfabeto, isto é não haveria comunicação sabendo com certeza se está na China, nos EUA ou no
alguma. A leitura compreensiva das cartas é de NE do Brasil o viajante do mapa voador poderá
importância fundamental para todos os usuários de distinguir todas as caraterísticas ou detalhes de cada
mapas, sejam eles estudantes, geógrafos, cartógrafos, país ou região considerada.
economistas, qualquer outro profissional, ou leigos.
O observador tem um mapa mental na cabeça do que
A interpretação de cartas tem muito a ver imagina ser o que ele está vendo no mapa. Assim
com a percepção e os filtros que atuam em cada quando ele vê um pequeno quadrado representando
pessoa, sendo você, nossos colegas, eu e pessoas uma casa ele imagina essa casa como sendo a casa
individuais. Portanto este capítulo foi escrito com que ele está acostumado. A interpretação só será
informalmente, como uma conversa entre nós. O correta e completa somente quando o mapa mental
objetivo é ajudar-nos na apreciação e aproveitamento coincidir com o terreno real.
daquela grande parte (a interpretação) do circuito de
comunicação cartográfica (ver as Figuras 3.1 e 3.2). A distinção entre a leitura de um mapa e sua
interpretação é analógica à diferença entre a leitura de
Você pratica fotointerpretação todos os dias. um livro pela sua óbvia estória e a interpretação do
Quando você nota que as pessoas parecem formar um simbolísmo do livro para descobrir o que é que o
padrão, você se pergunta, "porquê?". Se você entra na autor estava tentando mostrar. Com o livro ou com o
sala de aulas e encontra todos agrupados num canto, mapa, é necessário aprender "ler entre as linhas".
você fica surpreso com a distribuição anormal dos
alunos. Você pode descrever o agrupamento deles Intuição é a parte importante da interpretação
como uma distribuição aglomerada, mas esta não de mapas, exatamente como o é na interpretação de
explicará porque estão agrupados lá. Estariam eles um livro, um poema, ou um quadro pintado. Portanto,
olhando algo fascinante ou tentando esconder-se de a validade da sua inferência depende de sua
algo terrível ? Terá havido acidente ou grande habilidade de permitir o mapa servir como um
descoberta? Sua mente irá disparar em conjunturas, e substituto para o ambiente. A medida que seu mapa
sua curiosidade ficará mais aguçada para encontrar mental melhora, assim também melhorará sua
resposta. habilidade de interpretação.

Quando você interpreta um mapa, você faz o Podemos abordar a interpretação de mapas
mesmo. você nota padrões não comuns ou de duas maneiras. Você pode olhar para um mapa e
interessantes e procura explicação para eles. A buscar explicações para o padrão que vê nele. Ou
diferença é que na interpretação de mapas existe um você pode comparar diversos mapas de períodos
pára-choque entre você e seu ambiente. Feições e distintos e especular sobre qual foi o processo que
distribuições são simbolizados, simplificados e poderá ter produzido as mudanças que ocorreram
generalizados. Portanto, a resposta a sua pergunta não durante certo período.
serão imediatamente óbvias. O mapa pode incluir
somente o número suficiente de informações para Mesmo que você apenas use um mapa, você
fornecer-lhe pontos de partida para descoberta. É um está olhando tanto no tempo como no espaço. Pôr
trampolim para a imaginação, que faz seu cérebro exemplo, muitos traços mudam nas suas bordas
rodar com perguntas e o inspira a procurar respostas. enquanto permanecem mais ou menos o mesmo no
seu centro. Assim, você pode olhar no centro de uma
Como vimos frequentemente nos capítulos cidade para ver como era a situação, e nas suas
anteriores, a relação entre a realidade e a sua margens para ver o que está se passando agora. O
repres entação mapeada não pode ser 100%. É tempo nunca deve ser ignorado como um fator na
necessário um esforço criativo para mudar do mapa interpretação de mapas. Quando um padrão difere de
simplificado e estático para a vibração e detalhes do um lugar para o outro, pode ser que seja por causa de
ambiente. variação das condições em áreas diferentes ao mesmo

1
tempo, ou pode ser devido ao fato de que o padrão foi como o princípio de equifinalidade. Pode haver a falta
desenvolvido sob as mesmas condições mas em de árvores numa área, por exemplo, porque o clima e
tempos diferentes. o solo não favorecem a vegetação, ou porque houve
incêndio florestal, ou porque as árvores foram
Outro problema de interpretação surge por cortadas. O intérprete do mapa deve decidir qual
causa de uma variedade de processos diferentes que destes três motivos ou outras explicações possíveis se
podem levar ao mesmo resultado. Isto é reconhecido explica num caso em particular.

Figura 13.1 – Como um tapete voador, um mapa fornece uma vista especial do terreno

Figura 13.2 – Variações de terreno real (ou mapa mental) fidedignos ao mapa na Figura 13.1

2
O oposto também é verdadeiro. Um único A interpretação é sem fim; nunca é completa.
processo pode terminar em muitos resultados Cada nova experiência que você tem, em cada aspeto
diferentes. O processo de construção de uma cidade, da vida, lhe dará nova visão. Se você já releu um livro
por exemplo, pode ocasionar uma grande variedade de anos depois, deve ter percebido que encontrou coisas
padrões. diferentes das da primeira vez que o leu, isto é porque
você cresceu. Assim também é com um mapa. Quanto
A interpretação de mapas, então, é um ato mais você aplica nele, mais benefícios ele lhe trará.
criativo muito complexo. Tudo que você tem
aprendido sobre a leitura e análise de mapas até aqui De todos os aspetos do uso de mapas, a
será posto em uso. Em realidade, tudo o que você interpretação requer muito mais do usuário. Você
aprendeu na sua vida será útil. A interpretação sugere deve dar tudo de sí. Todas as disciplinas que estudou,
um entendimento além de mapas. Você deve ter toda a experiência que já teve, contribui para a sua
também alguns conhecimento sobre algumas feições interpretação mapa. A interpretação é o que exige
no mapa. Para interpretar com sucesso a vegetação mais do que todos os empreendimentos no uso de
representada numa carta, você deve conhecer algo de mapas.
vegetação. Para explicar o padrão do solo no mapa,
você deve saber uma série de coisas sobre a área, tais Ela é também mais empolgante. Você pode
como o clima, a geologia das rochas mães, e se foi ou gastar horas perdido num mapa interessante, da
não coberto por glaciares. mesma maneira que o faz com um bom livro. Dizem
que todo mundo adora um mistério, e um mapa é tão
Obviamente é impossível incluir todas estas cativante como qualquer outra novela policial.
coisas potencialmente importantes num só mapa. O
resultado seria representação amontoada e complexa Escondida dentro daquele padrão de
além da compreensão humana. Consequentemente, símbolos no papel, está a própria essência da vida. O
interpretação completa requererá a busca de desafio do intérprete de mapas é procurar aqueles
informações adicionais em outros lugares, incluindo significados enterrados e juntar os fragmentos das
fotografias aéreas e trabalhos de campo. Uma das informações mapeadas e formar um quadro vibrante
melhores fontes de tais informações é geralmente de uma realidade com constantes mudanças. Uma vez
outros mapas. Muitos padrões tornar-se-ão mais que você venceu este desafio e descobriu a divisão na
claros quando um mapa é comparado a outro e se fará interpretação, você olhará todos os mapas nesta nova
um estudo de padrões de fenómenos relacionados. maneira, encontrando padrões intrigantes e se
Lembre-se que cada mapa contém os resultados de perguntando "porque?"
muitas horas de trabalho por profissionais nas várias
especializações. 13.2 O AMBIENTE INTERPRETADO DE UMA
CARTA TOPOGRÁFICA
A medida que se ganha proficiência na
interpretação de mapas, você ficará surpreso com 13.2.1 Uma base sistemática.
habilidade de generalizar de uma situação a outra. A
explicacão de alguns pequenos detalhes do ambiente, Não há lugar no mapa que haja escapado à
geralmente dará a base para o entendimento de muitos influência da nossa espécie. Até mesmos os campos
outros traços na área em redor também. Similarmente de gelo na Antártida contém radiação, resultantes dos
as informações que você usa para explicar os testes de bombas atómicas, um testemunho mudo da
fenómenos na sua área local podem ajudá-lo as coisas marca na superfície terrestre. Apesar da grande
em outras partes do mundo e talvés mesmo em outros extensão da influência humana, nós provavelmente
planetas. Ao estudar mapas, você descobrirá que não chegamos de perto de influenciar o meio
certos traços e padrões são repetidos várias vezes. ambiente tanto quanto ambiente natural nos
Portanto, você pode esperar que a sua habilidade na influencia. Com isto em mente, começaremos nossa
interpretação de mapas cresça continuamente com as discussão de interpretação de mapas com o cenário
suas experiências. cultural.

A interpretação de mapas é uma competência Porém, nos defrontamos com uma série de
que é adquirida com a prática, e que não pode ser dificuldades. O ambiente natural é por demais
ensinada num livro. Tudo o que podemos fazer aqui é complexo para que o examinemos de uma só vez
dar exemplos de interpretação e descrever alguns como um todo integrado. Cientistas do meio ambiente
procedimentos gerais que podem ser usados. Por geralmente tiram vantagens desse impasse aparente,
conveniência, trataremos primeiro com a interpretação decompondo-o em seu sistema de componentes para
de traços físicos e depois com fenómenos culturais. então estudar cada um separadamente. Isto serve
Na interpretação prática de mapas, estes dois campos como uma estratégia úttil na interpretação de mapas
se fundem em um só. também. Como primeiro passo, podemos ver o meio
ambiente não como uma unidade, mas como um
mosaico de quatro grandes esferas: a atmosfera; a

3
litosfera (superfície e crosta da terra); a hidrosfera que esta é uma carta topográfica confeccionada pelo
(superfície e fundo de águas); e a biosfera. Estes DSG do Brasil segundo as normas estudadas nos
estados naturais não independentes um do outro; tão capítulos anteriores. A escala é de 1 : 100 000 (ou seja
pouco nenhum é simples dependente dos demais. 1cm no mapa equivale a 1km no terreno). O nome
Portanto, eventualmente teremos que sobrepujar esta desta carta é canela.
divisão convenientemente e artificialmente, para ver o
meio ambiente como uma só entidade completamente 13.2.2 O meio ambiente atmosférico
entrelaçada. Porém, no momento faremos uma
interpretação dividida nas quatro esferas. Por definição, uma carta topográfica mostra a
superfície do terreno, e não inclui nada da atmosfera.
O desafio para interpretar o meio ambiente Portanto precisamos aproveitar nosso conhecimento
não é fácil de vencer. Somos afortunados, porém, em básico ou recorrer a outras fontes cartográficas de
ter o benefício dos séculos de observação e pesquisa informações (neste exercício as interpretações foram
para encarar o problema. Teorias aceitáveis têm sido baseadas somente no mapa de canela e não foi
apresentadas para explicar todas as quatro esferas, utilizado nenhuma bibliografia extra, porém lembre-se
apresentando tais conceitos como ciclo erosional, de na sua vida profissional sempre aproveitar a
evolução biológica e períodos climáticos. bibliografia de suporte existente).

Quando estas teorias são aplicadas Os fatores atmosféricos são bem variados
devidamente, são de grande importância e ajuda na (pressão atmosférica, insolação, ventos etc.). Porém a
interpretação efetiva de mapas. temperatura e a pluviosidade são do nosso maior
interesse. Elas não variam muito numa área pequena
Como veremos no exemplo a seguir, uma (apenas 50 por 50 km aproximadamente numa carta
interpretação efetiva de mapa requer que usemos de escala 1:100 000 do território brasileiro). Também,
muito do nosso conhecimento e experiência. Isto pode elas dependem muito da situação geográfica geral do
não ser fácil, porque a complexidade e detalhes do local.
ambiente natural e interminável. Ainda algumas
relações possam parecer óbvias, ou pelo menos A carta fornece várias informações para
susceptível à lógica e a razão, outros precisam olho localizar canela: "região sul"; tem um pequeno mapa
treinado para decifrar, ou até mesmo para perceber. para a situação da folha no estado do rio grande do
Poucos de nós temos um conhecimento visual sul; coordenadas geográficas: latitude -29° 30' (sul) e
suficiente dos estados naturais para chegar muito longitude 51° 00′ (Oeste ; folha SH 22-x-c-1); O
longe baseados em experiências diárias apenas. código MI 2954 não está impresso nesta carta porque
Consequêntemnte, uma educação formal nas ciências foi imprimida em 1972 antes do início do sistema).
do meio ambiente é básico na interpretação de mapas Utilizando uma informação, localizamos canela numa
do meio ambiente. Cada disciplina estudada permite carta milionésima nas Figuras 6.8 e 6.9. está a 80km
você juntar mais informação de uma fotografia aérea ao norte de porto Alegre, 90 km da costa atlântica, e
ou mapa topográfico. Utilizaremos um conhecimento com altitude aproximada de 830 metros acima do
não cartográfico qunado-nos mostrarmos quanto nível do mar.
entendimento pode ser obtido de apenas uma carta
topográfica junto com a aprendizagem dos assuntos Segundo meus conhecimentos de
encontrados neste livro-texto (Volume 1 e 2) que climatologia, e também por ouvir as notícias na
também inclui a cartas ao milionésimo da mesma televisão, eu sei que no inverno (Junho a Agosto no
área. Devido aos limites de tamanho desta publicação, hemisfério sul) na latitude 30° sul com 800 metros de
não é possível incluir uma carta topográfica completa. altura tem geadas fortes, e mesmo neve as vezes.
Portanto, e também por razões didáticas, precisamos Porém é uma zona subtropical; no verão deve ser
seleccionar: quente, mas não tanto como no porto Alegre, ao nível
do mar.
(1) Apenas uma parte de carta com variedade
suficiente, Vários fatores indicam que uma zona com
chuva normalmente moderada:
(2) Um lugar acessível às pessoas que querem
um dia fazer um "trabalhos de campo" e Primeiro: No mapa vemos varias açudes,
lagos, uma drenagem com vários rios e córregos
(3) Uma zona conhecida suficientemente. permanentes em todos os lugares, com córregos
intermitentes apenas nas cabeceiras de cada bacia.
A área do local escolhido está na Figura 13.3
imediatamente, e antes de mais nada, confirmamos

4
Figura 13.3 – Mapa de Canela

5
Segundo: No curso de geografia física cartas topográficas são óptimas para estudar a
aprendi que a circulação atmosférica gira no sentido geomorfologia, porém não fornecem diretamente
anti-horário acima dos oceanos nas latitudes baixas e dados geológicos e pedológicos. Esses dados são
médias no hemisfério sul (pode-nos nos confirmar isto fornecidos em outros tipos de cartas, as chamadas
em qualquer atlas escolar), movimentando as cartas temáticas e sistemáticas.
correntes oceânicas no mesmo sentido. Portanto, na
costa atlântica sul do Brasil, a corrente da água vem Quando alguém descrever a geomorfologia
do norte para sul, sendo uma corrente morna capaz de de uma região, normalmente começa com os macro-
provocar evaporações e aquecer o ar, promovendo elementos, fazendo subdivisões até alcançar os
chuvas numa larga faixa costeira do Brasil. Também mínimos detalhes. No caso, os macro-elementos são
existem as massas de ar frias chegando da Argentina, melhores vistos na carta ao milionésimo (Figura 6.8).
causando uma meteorologia bem diversificada na área Vemos que Canela está quase no extremo sul de uma
de Canela. extensa zona "relativamente" plana entre as costas de
500 e 1000 metros SNM.
Terceiro: A zona seca mais próxima ao Rio
Grande do sul está longe, no Chaco ao lado de Este platô é mais alto no lado leste, sendo
Paraguai e da Argentina. inclinado ligeiramente ao oeste. Sua margem leste é a
serra geral que forma uma costa quase reta. A margem
Quarto: A zona tem floresta matas e bosques sul tem muitas “ indentações” devido aos vales dos
extensos, e não estão limitadas apenas as várzeas e rios que estão errodindo o platô. Um destes vales é o
vales dos rios. rio Paranhas (AR 2246), que chega bem perto de
Canela. O rio cai e está escavando um outro vale mais
Pela combinação destas observações e estreito ao norte de Canela (AR 2261). Assim,
conhecimentos, conseguimos uma ideia bastante clara podemos desenhar um mapa esboço (13.4) com as
da situação atmosférica/climatológica de canela. De duas regiões fisiográficas principais. (este desenho foi
Outubro a Abril deve ter um clima maravilhoso. feito à mão livre pela redução por quadrículas
semelhantes às UTM desenhadas na escala 1 :
13.2.3 A litosfera 500.000.

A litosfera se refere a crosta do planeta, A superfície do platô, não é plana; tem


principalmente às rochas (geologia), `a superfície muitas ondulações com declives de 10% (60) até,
terrestre (geomorfologia) e aos solos pedologia. As algumas vezes 35% (190) em determinados locais.

Figura 13.4 – Regiões fisiográficas arredor de Canela, RS

Nas encostas do platô, os declives são bem dois perfis. Aquele na Figura (13.5) que vai de Canela
variados. Nos fundos dos vales existem declives de até ao segundo córrego atrás do morro da Canastra
40% (AR 1743), enquanto tem penhascos (como nas (isto é o perfil vai de GR 180515 até GR 306437).
coordenadas GR 165497) com 80% (400) ou mais. Nitidamente são visíveis as zonas de platô, penhasco,
Também há locais quase planos ou ligeiramente plataforma, e os lados baixos do vale até ao leito do
inclinados, como nas GR 015480, AR 1141, AR 1644, rio. O “pico” do morro da canastra realmente é um
Gr 103607 e GR 320430; parecem como plataformas. pico que tem conecção com o platô ao leste. Podemos
Para visualizar melhor os tipos tão distintos, eu fiz concluir que este morro e, também, o morro agudo

6
(AR 1241) são residuos do platô. Aparentemente, há (1) É possível que todos eles sejam causados por
uma capa ou camada de rocha dura protegendo o nível uma camada de rocha mais dura que as dos
superior do platô. penhascos e fundo de vales?

O outro perfil (Figura 10.5b) que cruza o (2) Talvez as plataformas sejam do mesmo tipo
vale do rio, Caí, também mostra nitidamente as de rocha que está na capa de platô? A reposta
mesmas zonas de penhascos e plataforma. Porém as as duas perguntas é provavelmente “sim”.
declividades dos lados do fundo do vale são de quase
80%, até ao extremo oeste da carta aonde o vale fica O tipo de rocha não está indicado na carta. A
mais aberto. (rapidamente confirmei que esta abertura primeira impressão é que são rochas sedimentares em
continua a oeste da carta adjacente, a qual é de camadas horizontais, e então provavelmente são
Caixias do sul) minha conclusão é que o rio Caí na arenitos, que normalmente são rochas duras. Mas esta
carta de Canela ainda não chegou (pela erosão) a fazer impressão é totalmente errada!! Dos nossos estudos
o vale típico visto ao sul de canela. Em termos gerais sobre geografia física do Brasil, sabemos que
geomorfológicos, o rio Caí é mais jovem que o rio na verdade, Canela está no extremo sul, do maior
Paranhas. São tão distintas as três subdivisões das derrame efusivo basáltico do mundo, do qual o outro
encostas que podemos mapeá-las na escala 1 : 100 extremo está no estado de São Paulo. Estas rochas
000 segundo as mudanças de declive. Ver a Figura ígneas tem caraterísticas completamente diferente das
10.6, que foi feita originalmente em papel vegetal sedimentares. Em consequência, não se encontra
(semi-transparente) em cima da carta topográfica. nenhum tipo de mineração na Figura 13.3. também os
solos resultantes de rochas ígneas são distintos dos de
Os perfis e a carta mostram que estas rochas sedimentares. Este é um fator muito importante
plataformas são quase nas altitudes (ou cotas) de 550 para a vegetação natural e uso da terra pelo homem.
a 650 metros. De repente surgem duas perguntas: (Isto é discutido no item 13.3, depois de terminar a
análise do meio ambiente natural).

Figura 13.5 – Perfil ao Sudeste de Canela – Escala Horizontal = 1:100.000


Escala Vertical = 1:40.000
Exagero Vertical = 2 1/2

13.2.4 A Hidrosfera
É notável que no platôs rios correm com uma
Alguns aspetos hídricos foram mencionados tendência para oeste, mas isto pode ser apenas um
antes com relação a atmosfera e litosfera. Em resumo, acontecimento local (ver Figura 6.8) mais notável é
há chuvas moderadas e suficientes na área de Canela que no limite entre o platô e as encostas ao sul, os
para sustentar muitos rios e provocar uma forte erosão córregos da encosta tem pouca extensão no alto do
(podemos localizar essa erosão no mapa). É quase platô, ver como a chuva cai na AR 2053 tem
certo que há mais córregos intermitentes, eles podem drenagem pelo arroio caracol e o rio Caí. Portanto, o
ser vistos em fotografias aéreas, mas não são córrego na AR 2052 recebe pouca água para errodir as
desenhados em cartas para não sobrecarregá-la. rochas duras.

As formas dos córregos e rios aparentemente O mesmo fenómeno é visto ao redor da


são fortemente influenciadas pela geologia, cidade de são Francisco de Paula (AR 4042). Um
caraterística constituída de rochas basálticas. Portanto, resultado disso é que não há cascatas ou cataratas
na carta de Canela não se encontram nítidos exemplos notáveis nesta parte do limite do platô, Existem
dos típicos padrões de drenagem que estudamos na apenas três marcas na carta onde as águas do platô
matéria de geomorfologia. entram no vale fundo do rio Caí (AR 1457; AR 2561;

7
AR 2562). Elas provavelmente estão onde o rio sai
das copas duras e entram nos vales das rochas mais Apesar do contraste marcante entre o
ténues. Também, vemos na carta lagos grandes e ambiente cultural e natural, os traços culturais são
pequenos, porém eles serão discutidos mais tarde, por com frequência associados intimamente com o
serem artificiais. cenário natural. O trabalho de você como intérprete de
cartas, é o de descobrir o quanto um está adaptado ao
13.2.5 A Biosfera outro e de que maneira. Para este propósito, você
achará que alguns mapas são melhores que outros. As
As cartas topográficas transmitem pouca cartas topográficas, que fornecem informações tão
informação direta sobre a flora e a fauna. Segundo a úteis ao interpretarmos o ambiente nat ural
legenda, as cartas identificam as zonas que têm isoladamente, são muito deficientes no que diz
pântanos, plantações, pomares, vinhedo, respeito a assuntos culturais. Fotomapas são
reflorestamentos, mangais, cerrados e agrestes geralmente espelhos mais úteis do campo cultural,
denotados. Nenhum destes tipos de vegetação foram mas possuem a desvantagem de que as feições são
identificados na carta de canela. As manchas verdes difíceis de identificar. O ideal seria possuir ambos os
são chamadas na legenda de 2 floresta, mata e tipos de mapa disponíveis e tirar vantagem da força de
bosque”. Elas são localizadas geralmente perto das cada um.
margens do platô, ao redor de canela, e no vale do rio
caí. Por mais graficamente que seja a
Devido as chuvas suficientes e do que ouvi interpretação de mapas, algumas palavras de
sobre as flores tas de santa catarina e no norte do rio precaução são sempre oportunas. Você deve tentar
grande do sul, eu imagino que são bosques altos com tirar conclusões somente quando as feições são
pelo menos alguns “pinheiros” araucárias e a fauna repetidas suficientemente para que tenha um padrão
silvestre “típica”. sobre a área substancial. Desta maneira você poderá
descobrir as relações geográficas interessantes, ao
Sobre estas vegetações (gramíneas, arbustos, mesmo tempo em que estará evitando erros que
etc) e a fauna, a carta não fornece nenhum dado ocorrem por ser feitas suposições apressadas.
direto: Os dados indiretos serão discutidos nos itens
sobre as influências humanas evidentes na carta. Esteja alerta também com determinismo
imaturos, proximidade espacial e associação nem
13.3 INTERPRETANDO O AMBIENTE sempre significam que existe uma relação de causa e
CULTURAL efeito. Decida com cuidado como os fenómenos se
adaptam um ao outro. Uma feição pode limitar,
13.3.1 Uma base sistemática auxiliar, influenciar, ou proibir, mas raramente
compelir outra.
Na interpretação de mapas, obviamente nós
não estamos apenas interessados no ambiente natural. Também mesmo que seja uma interpretação
Ainda mais importante é o fato de que a situação correta, às vezes não é fácil comprovar aquela
natural nos dá um lugar diversificado para as verdade, como no exemplo na Figura 13.7.
atividades humanas. Os povos têm modificado e
adoptado este meio ambiente em várias maneiras Também, muitas das interrupções de mapas
distintas. Para muitas pessoas que vivem em áreas são baseadas em informações de um tipo negativo. Às
urbanas, a evidência da engenharia do homem domina vezes o que não está no mapa é tão significante
seu redor em vez das feições naturais. Portanto, quanto o que está. A interpretação de um mapa é
precisamos também aprender a interpretar o ambiente como montar um quebra cabeças onde faltam algumas
humanizado. Isto nos conduz nesta parte do capítulo a partes. Nós devemos suprir estas pequenas partes que
uma explanação sobre as maneiras de interpretar o faltam dos nossos próprios conhecimentos,
ambiente cultural. experiências passadas ou alguma outra fonte.

Muito da paisagem terrestre já observada, ou A melhor interpretação do ambiente cultural


tem sido alterada substancialmente por pessoas ou é fazê-la de maneira sistemática. Um caminho é
tem sido construída por eles em sua totalidade. procurar respostas às três seguintes perguntas.
Mesmo as fotografias tiradas a centenas de
quilómetros mostram a marca da habitação humana na (1) Como é que as forças humanas têm alterado
terra. Terraplanagem, drenagem, irrigação, cultivo, o ambiente natural?
pastagens, mineração, remoção de vegetação, cidades,
e transportes são evidências de nosso poder de (2) Como é que os fatores ambientais a forma de
transformar a aparência da superfície terrestre. A habitação humana?
maioria das nossas construções são geométricas na
sua forma, contrastando fundamentalmente com a (3) Que impato teve o controle social e ético nos
irregularidade da paisagem natural. padrões dos traços culturais?

8
navegáveis e não havendo aeroportos no mapa. O
Uma outra abordagem sistemática está transporte terrestre se divide em rodoviário,
relacionada com a avaliação de um por um de alguns ferroviário, e por caminhos e trilhas. Todos são
temas culturais como os seguintes: políticos, altamente influenciados pelo relevo local. Trilhas e
transporte, povoamento e instituições, atividades caminhos sempre existiram desde as habitações
económicas. Em todos eles aparecem fortes indígenas, porém às vezes mudam o percurso e
influências geográficas e históricas. aumentam em número com o crescimento da
população. Tanto para caminhos e trilhas quanto para
Como na interpretação do ambiente físico rodovias, há uma maior densidade de vias ao sudoeste
usaremos, somente uma carta topográfica e nossos da carta que no noroeste em cima do platô. Falaremos
conhecimentos comuns. Porém, lembramos que para mais sobre isto no item sobre a população.
um estudo detalhado da área seria essencial consultar
outros mapas, a bibliografia existente e fazer a Até a confecção da carta por restituição em
verificação de campo. 1970, não havia nenhuma estrada pavimentada na
área. Porém, já há, pelo menos um acesso asfaltado a
gramado e Canela, como é indicado na carta ao
milionésimo. Esta é a rodovia estatal RS 23. As outras
rodovias estatais (RS2 e RS 20) são de revestimento
solto ou superficial, de duas vias. Todas as outras
rodovias são de somente uma via, típico de transporte
rural. As rodovias Leste-Oeste não precisam subir e
descer os abruptos penhascos nas encostas do platô,
portanto não tem as dobras como se encontram nos
locais AR 1345, AR 2045, AR 3440 e AR 2461.

Existia transporte ferroviário no passado,


porém, o trecho principal de Sander (AR 2037) até
Gramado foi desmantelado antes de 1970. Era simples
de bitola estreita. Hoje a rodovia RS 20 aproveita o
velho leito da estrada de ferro. O seguimento de
Gramado até ao balão de retorno em Canela
provavelmente não está em uso, porque não tem
ligação a nenhum outro lugar. A carta indica bitola
larga, porém, isto é duvidoso, porque a conecção era
com bitola estreita. A carga levada por estas estradas
de ferro pode ter sido madeira das florestas ou a
produção agro-pecuária da região que acumulava em
Canela, de fácil acesso para a parte plana do platô.
Porém, somente um trabalho bibliográfico ou trabalho
de campo pode resolver estas dúvidas.

13.3.4 Povoamento e Instituições


Figura 13.7 – “Nao em importa o que indica seu
maldito mapa. Mais uma perfuração seca e está
despedido.” Todos os alunos Brasileiros sabem que o rio
grande do sul recebe uma grande imigração de
13.3.2 Aspetos Políticos - Administrativos Italianos, Alemãs e outros Europeus. É possível que a
zona de Canela tenha recebido alguns deles, porém a
carta não indica nada a respeito, nem tem nomes
Na carta de Canela há poucas indicações de
aspetos político- administrativos: a área está estrangeiros nos morros ou vilas.
localizada no Brasil no Estado do Rio Grande do Sul.
O que a carta são as habitações rurais, as
Nada consta sobre os seus limites municipais, mas
aparece aluguns nomes (em preto e em letra gótica e áreas urbanas, e as instituições (escolas, igrejas,
maiúsculas) que devem se referir a distritos ou zonas. cemitérios e hospitais). São quatros as áreas
Muitos começam com a palavra "linha", como na urbanizadas: Canela, Gramado, São Francisco de
"Linha Avila" na área ao redor da AR 0852. Paula e a pequena vila de Sander; (talvez um nome
alemão?); em total suas áreas somam
2
13.3.3 Transporte aproximadamente 8km e provavelmente as
residências são de um andar e quintal, resultando
Um dos aspetos culturais mais evidentes nas numa baixa densidade da população urbana. Quase
cartas topográficas é o transporte. Na área da carta de todas as ruas são retas, típico de cidades pequenas
Canela é totalmente terrestre, sendo os rios não planejadas antes da década de 1950. Uma das ruas,

9
em cada cidade terá o comércio e provavelmente uma
praça, etc. Pela análise dos itens sobre os aspetos físicos
do meio ambiente, sabemos que a região de Canela
Devido ao clima, no verão as árvores e tem entre outras, as seguintes caraterísticas:
grama devem ser bem verdes e limpas pela chuva.
Podemos imaginar que algumas das casas e Ampla pluviosidade no platô elevado, acima
construções teriam arquitetura distinta, alemã, porém de 800 metros, com vales fundos e lagos íngremes,
este conhecimento não vem da carta topográfica. O descendo mais de 600 metros verticais em apenas 2
povoamento rural está distinto nas duas grandes áreas km horizontais, a somente 100km de uma cidade
do mapa. No platô propriamente dito (como na AR 36 grande e industrial. Portanto, há demanda e condições
48 e AR 3460) são pouquíssimas as habitações, e as para produzir energia hidroelétrica. Os únicos
que existem normalmente levam o nome de fazenda. problemas são a falta de uma reserva de água e a
Os vales e as plataformas da encosta são bem canalização da água a uma só queda.
povoadas, com uma média de três habitações por km2
(eu contei as casas em algumas quadrículas de UTM). O primeiro problema foi resolvido com a
Quase sempre estão ao lado de uma estrada, caminho construção de três barragens (do saldo na AR 3157,
ou trilha. As outras casas devem ter acesso por trilhas do Blang na AR 3757, e da Divisa AR 4258). Elas são
tão pequenas que não aparecem nas fotografias aéreas. pequenas com comprimento de apenas 200 a 500
Por exemplo, é altamente provável que há uma ou metros e com baixas alturas de 20 a 30 metros. A água
mais trillhas ou até caminhos para carretas que unem de todos eles passavam para o rio Cai pelo afluente rio
as vinte casas na plataforma entre AR 6009 e AR Santa cruz.Mas eles estão longe das cataratas do rio
6211. Caí, onde a queda é apenas de 100 a 150 metros. Mas
construir uma barragem no vale fundo do rio Caí teria
Os moradores destas casas são sido muito caro para relativamente pouca água.
provavelmente os famosos "colonos" do sul;
chegaram a zona subindo os vales que estão apenas a A solução foi de desviar a água das
… quilómetros próximo do Porto Alegre. São barragens em direcção ao rio paranhas. Este desvio
agricultores de pequenas "colónias". O nome fazenda não aparece na carta, portanto suponho que é
não aparece nesta carta. A distribuição das instituições subterrânea mesmo assim, os cartógrafos poderiam ter
também se divide segundo o platô e a encosta. No colocado um símbolo para o túnel, aquedutos com
platô nesta carta, as escolas e igrejas se encontram nas bombas ou cifão. Segundo o relevo, o aqueduto
cidades e não na área rural, menos na GR298718, GR provavelmente passa pelo ponto baixo entre os morros
364815, GR191748, ou seja, uma distância de quinze na GR 302561.de lá a água passa ao aqueduto a partir
a trinta quilómetros umas das outras. Isto é devido a do ponto GR 300551, descendo até a primeira usina
baixa densidade populacional rural e da relativa hidroelétrica.
facilidade de cruzar as planícies e ondulações do
platô. Por razões contrárias, há escolas e igrejas a A água fica na pequena barragem do Bugre
cada três a seis quilómetro nos povoados e (altitude 490m) que é o reservatório para manter cheia
acidentadas zonas das encostas. Podemos contar as o segundo aqueduto que vai ao largo da plataforma
casa perto de cada escola e calcular ou estimar o até a chaminé na GR 252 487, e com quota 440m.
número de alunos por escola. O resultado indicará naquela chaminé, a água sobe quase até seu nível na
pequenas escolas com apenas um ou dois professores. barragem do Bugre, porque o aqueduto é um cano
A proximidade das escolas e igrejas indica a fechado que liga os dois lugares. Assim a queda de
tradicional importância dos grupos religiosos para o água da chaminé até a usina central Canastra que
ensino; muitas vezes os sacerdotes ou pastores varia de 490 a 200 metros (isto é … metros a mais do
trabalhavam como professores durante a semana. que a queda da barragem de Itaipú, mas Itaipú, terá
mais água). A eletricidade gerada é levada pelas
Os cemitérios, que também são muitos, linhas de alta tensão até porto Alegre, Canela e
provavelmente são pequenos e de poucas famílias. Gramado. As outras duas usinas (Ar 2560 e AR 2362)
Um hospital está em Santa Maria de Herval (AR são bem menores, porque a maioria das águas foi
0137), mas os outros e os postos médicos (como as tirada em cima e não existem linhas de alta tensão.
cidades devem ter) não são identificados na carta. Há poucas dúvidas para esclarecer no campo
ou na empresa hidroelétrica (segundo o nome da
13.3.5 Atividade Económica colónia de férias C.B.E.E na Ar 2954, o nome da
empresa provavelmente será semelhante `a companhia
Junto ao pequeno comércio urbano já Brasileira de energia elétrica). As obras de engenharia
mencionado, encontram-se três atividades económicas do homem seguem diretrizes bem definidas, portanto
importantes na região de Canela: geração de estas interpretações são bem seguras. Porém, há
eletricidade, uso de terra e turismo. sempre possibilidade de erros, omissões e mudanças.
No exemplo a seguir do uso de terra, as interpretações
13.3.5.1 Geração de Eletricidade

10
são bem menos seguras e exigem outros estudos
bibliográficos, fotointerpretativos e de campo. 2- As áreas das encostas sofrem, erosão. As
rochas são basálticas de origen ígnea, e tem
13.3.5.2 Uso de Terra com isso a capacidade química de originar
terras férteis.
Provavelmente você como todo mundo, ficou
na dúvida do porquê a população está nas encostas e 3- Há várias áreas verdes da carta nas zonas de
plataformas e não nas planícies do platô. Podemos encosta na carta; parece que a zona foi
propor várias hipóteses para explicar o problema de coberta por florestas. Se isto realmente
moradias rurais na região de Canela; aconteceu então nesta área havia floresta de
valor considerável e um solo rico em húmus.
Hipótese 1- Obstáculos: Evidentemente as florestas foram
importantes, porque no mapa (6.11 são
Os imigrantes saíram de Porto-Alegre em identificadas florestas nacionais de Canela e
direcção ao norte, com uma penetração seguindo os São Francisco de Paula. Estas florestas
vales dos rios, porém encontraram as vertentes nacionais são conservadas. O mapa mostra
íngremes, daí então pararam a penetração e por aí que hoje acontecem principalmente na beira
ficaram. dos platôs. O meio do platô tem poucas
florestas; possivelmente as áreas brancas
Hipótese 2 - Preferências: foram desmatadas também, porém a hipótese
dos solos pobres no platô sugere que nunca
Os colonos tinham preferências por vertentes existiram florestas extensas na área plana dos
e plataformas devido a semelhança com as regiões de platôs (a área da cidade de Canela realmente
onde vieram. não é uma zona de pleno platô). Se for o
caso, a atividade rural do platô é pecuária de
Hipótese 3 - Disponibilidade de terra: pas tagens. Porém, estas hipóteses só serão
comprovadas com trabalho de campo ou
Talvez as fazendas já existissem no platô estudos bibliográficos da região. A carta não
antes da vinda dos imigrantes, portanto não restou dá uma solução definitiva.
lugar para eles ficarem.
13.3.5.3 Turismo
Hipótese 4 - Qualidade dos solos:
Por sua beleza natural e tão variada, a região
Existe também uma possibilidade de que as áreas de Canela e Gramado ganhou fama para o turismo.
das encostas foram escolhidas pelos próprios Seja para campismo ou um simples passeio de carro, a
colonizadores devido à fertilidade nesta área. Está região da nossa carta atrai milhares de turistas
hipótese exige uma explicação mostrando porque as anualmente. Quem não ouviu falar das lindas
áreas planas do platô são menos férteis e menos paisagens, das hortênsias por todo lugar, da comida
adequadas para os seus fins agrícolas: caseira, do chocolate de Gramado, das cascatas do
caracol, da hospitalidade dos colonos Gaúchos, etc? a
1- O pouco uso hoje das áreas nos platô (ex. na carta não mostra esta beleza e tradição, mas com o
região AR 4454) indicam que elas são de mapa na mão se pode entender melhor e um dia
baixa fertilidade. Os solos nesta área aproveitarem esta área excepcional.
provavelmente sejam mais rochosos, isto é,
com uma camada de solo menos expressa. 13.4 OUTROS RECURSOS PARA
Tendo pouca espessura também dificulta ou INTERPRETAR NA REGIÃO DE CANELA
veda o crescimento de grandes florestas. A
razão de solos rochosos é que a camada Resta agora usar outras fontes de informações
superior de lavas basálticas é mais dura e para corrigir e enriquecer as interpretações feitas. Nas
mais resistente à decomposição para a figuras a seguir está um pouco do material gráfico de
formação de bons solos para serem apoio disponível em forma gráfica. Estas figuras não
cultivados. A evidência é verificada no foram usadas na interpretação nos itens anteriores. De
próprio limite entre o platô e a área das propósito, aqueles itens não foram corrigidos depois
encostas. Lá existe uma vertente íngreme e de se obter as novas fontes de informação. Algumas
abrupta, evidenciando que a camada superior anotações são necessárias atualizar e corrigir alguns
é dura, protegendo as rochas mais tenras que aspetos das interpretações anteriores.
se situam mais abaixo. As orchas moles são
as que originaram os solos férteis. As
próprias plataformas também têm uma capa
de rocha dura, porém elas recebem os solos
bons erodidos dos níveis superiores.

11
13.5 CONCLUSÃO

Um mapa é como uma bola de cristal. Se o


interpretarmos com cuidado, poderemos olhar o
passado, entender o presente e fazer previsões para o
futuro. Cada mapa possui histórias completas para
contar. É bom lembrar que o objetivo da carta é
representar e comunicar-nos algo da realidade.
Portanto, é a realidade e não a carta que nos importa
ao final. Obviamente, as cartas topográficas bem
feitas, como as brasileiras, tem grande sucesso em
colocar muito da realidade no papel. Elas obedecem
as normas cartográficas e são cheias de informação.
Sem dúvida a primeira metade do processo de
comunicação, isto é, a confecção está bem feita pelos
cartógrafos e mapeadores. A segunda metade, ou seja
leitura, interpretação e entendimento das cartas,
depende de cada usuário. Portanto esperamos que a
informação e os exemplos nesse capítulo tenham
mostrado para você o caminho do entendimento. O
caminho é aprender o funcionamento da cartografia e
de aplicar seus entendimentos na interpretação de
cartas topográficas. Portanto procure as cartas de sua
área local ou de onde você visitará. Como foi dito
antes, a leitura de cartas é melhor que uma novela ou
um livro de mistério, porque você está envolvido com
a realidade que sempre tem novidades a nos ensinar.

12
Capítulo 14
14.1 CONCLUSÃO DO VOLUME DOIS

Este volume dois é intermediário. Sem o 1º


volume sobre as bases da cartografia (escala,
simbolização, etc) estes volume sobre cartografia
topográfica seria deficiente e incompleto. Não
podemos falar de cartas topográficas sem entender a
projecção UTM, o processo de produção de cartas, os
órgãos como a diretoria do serviço geográfico e a
fundação IBGE, e a natureza histórica e moderna da
cartografia.

É somente em cima destas bases que é


possível examinar os tópicos deste segundo volume:
direcção, representação de relevo e altitude,
topografia e fotogrametria, o ensino de cartografia e
interpretação de cartas.

Mas é intermediário também em relação ao


volume que segue, sobre a cartografia temática. É
impossível supervalorizar a importância das cartas
topográficas (e seus tópicos auxiliares apresentados,
como a fotointerpretação) nas tarefas temáticas.
Quando não existem cartas topográficas em escalas
adequadas, o estudo temático de uma região se torna
bem mais difícil e prolongado.

Portanto, para concluir este volume, resta


destacar que, por enquanto, o conteúdo dos Princípios
de Cartografia Topográfica é uma continuação das
bases e uma ligação aos aspetos temáticos.

13
APENDICE

14
15
16
17
BIBLIOGRAFÍA

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Tricart, Jean. (1968) Initiation aux Travaux Pratiques de Géographie Commentaires de


Cartes. Par Jean Tricart, M. Roche fort et S. Rimbault. 4ª ed. Paris.
Societé d’Editons d’ Enseignement Supérieur.
-528.9 T 823 i.
AGRADECIMENTOS

Como Editor-Coordenador da presente obra, tive a imensa satisfação de trabalhar


com um conjunto bem diverso de colaboradores. Três deles são renomes internacionais
da Cartografia:

1. Dr. Mark S. Monmonier, professor de Geografia e Cartografia da Universidade de


Syracuse, N.Y., U.S.A., autor do livro Maps, Distortion, and Meaning, publicado
pela Association of American Geographers, AAG em 1967, completamente
incluído neste obra.
2. Dr. Phillip Muehrcke, professor da University of Wisconsin Madison, WI, E.U.A.
autor do livro Map Use, pulicado pela JP Publications em 1979 e de Thematic
Cartography, publicado pela Association of American Geographers – AAG em
1972.
3. A outra parte colaborada foi o Inter-American Geodetic Survey – IAGS, orgão de
treinamento e apoio do Governo dos Estados Unidos com representação em
inúmeros países latino-americanos.

Agradeço a eles a ás suas editoras a permissão de traduzir seus textos e adaptá-los


ao contexto brasileiro.

Outro grupo também muito colaborou para que esta obra fosse concluida.
Várious ítens dos diversos capítulos foram elaborados por principiantes de Cartografia,
meus alunos do Departamento de Geografia e Cartografia da Universidade de Brasília –
UnB, que com muito esforço e dedicação organizaram vários tópicos de apostilas e
palestras por mim realizadas. Desejo agradecer em especial o Mário César Tompes,
Pauolo Frederico Hald Madsen e a Alcyone Vasconcelos Rebouças Saliba. Também
recebi críticas constructivas e pequenas revisões de outros alunos de boa vontade. Entre
estes dois gruupos anteriores de colaboradores estão o angenheiro agrimensor Oscar de
Aguiar Rosa, professor de Topografia da Universidade de Brasília, e o engenheiro
cartógrafo Antonio Jorge Ribeiro, possuído de muitos anos de experiências no ensino de
Cartografia e fotointerpretação no âmbito do Exército Brasileiro. Suas contribuições
escritas, seus comentários e revisões valorizaram notavelmente esta obra.

Um agradecimento especial vai para a Diretoria de Serviço Geográfico do


Exército – DSG – bem como para a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – FIBGE, pela permissão e apoio na publicação de varias cartas e figures do
texto. Como líderes da Cartografia Topográfica do Brasil, estas duas organizações têm
suas atividades destacadas no Capítulo 2.

A minha esposa Noeli Vettori Anderson, que “e brasileira, e que trabalhou


arduamente nas várias traduções indispesáveis, a ela devo um agradecimento sem fim,
porque sempre me encorajou a apoiou desde a fase preliminary até a publicação desde
obra.
Finalmente agredeço a todos que contribuíram no meu treinamento cartográfico.
Entre eles estão os autores Arthur Robinson e Erwin Raizz, ao IAGS, e ao centro
Interamericano de Fotointerpretação (CIAF) em Bogotá, Colômbia. Em especial
agradeço ao Dr. Edward Hamming, meu primeiro professor universitário de geografía e
cartografia, em 1963 no Augustana College, Rock Island, Illinois, E.U.A., qeu através de
sua personalidade vibrante e explorações trasmite o valor e o amor às cartas e mapas aos
seus discípulos. Este livro é dedicado a ele e aos outros professors dinámicos de
Cartografía.

A lista a seguir especifica, em ordem de quantidade de colaboradores, os autores


principais de cada capítulo, não contando as revisões editoriais que foram feitas em todos
os textos para manter um padrão linguagem. Alem deles, as DSG e A Fundação IBGE
contribuíram com material cartográfico em quase todos os capítulos.

Capítulo – Autores-Colaboradores:

1. Anderson, Ribeiro e Mónmonier


2. Ribeiro, Anderson, DSG e FIBGE
3. Mónmonier
4. Anderson, Ribeiro, Mónmonier e Carvalho
5. Anderson, Saliba, Ribeiro e Mónmonier
6. Anderson, Mónmonier e Muercke
7. Anderson

Mesmo que todos contrubuíram tanto para este livro texto e merecem enórme
crédito, eu pessoalmente asusmo a responsibilidade pelas deficiencies e erros que
enfelizmente acontecam, especialmente numa primeiro edição. Todos nós esperamos a
melhoria e o crescimento deste texto em futuros volumes complimentares e revisados.
Para tais fins, cada leitor está convidada a expressar sua opinião, sugerir modificação
pequenas e grandes, e/ou ser um dos colaboradores nas futures edições ou nos Guias de
Estudos e Práticas.

Brasília, 05 de Maio de 1981


Paul S. Anderson
a/c Departamento de Geografia e História
Universidade de Brasília
70910 Brasília, DF
HOMENAGEM EM MEMORIUM

Edward Hamming (1915-1982)

Poucas dias antes de sua morte, o Dr. Hamming ficou ciente de que este livro
seria dedicado a ele. Com a humilidade que caracteriza as melhores pessoas, ele
escreveu: “Eu acho que há outros que mreecem essa honra mais que eu.” Porém, quem
teve a oportunidade de ser seu aluno sabe que não houve helhor que ele.

Nascido ha Holanda e imigrado aos Estados Unidos por causa da Segunda Geurra
Mundial, Edward Hamming se dedicou ao ensino da Geografia. Se Formou como
professor (licenciado) em Geograifa e História em 1947 na St. Cloud State Teachers
College em Minnesota, E.U.A. Dois anos depois fez mestrado (Master of Science) em
Geografia na Universidade de Chicago, e continuou lá para obter seu doutorado (Ph.D.)
em 1952. Sua tese foi sobre “O Porto de Milwaukee”, um tópico da Geografia e
Transportação.

Em 19, o Dr. Hamming foi contratado pela Augustana Colloge, Rock Island,
Illinois, uam instituição de nível superior dedicado a excelência no ensino. As aulas do
Dr. Hamming sempre foram entre as mais populares. Apesar de ser exigente na
quantidade e qualidade dos estudos, ele teve o jeito de explicar bem claro cada assunto.
Ele transmitiu o conhecimento e entusiasmo ao mesmo tempo, com voz forte e gestos
abundantes. Sendo magro e em altura de dois metros, o Professor Hamming dava suas
aulas num anfiteatro armado com mapas nas paredes e uma régua de um metro na mão.
Muitas vezes nas explicações comparando algo em dois mapas, ele apontava a um, e
depois do outro, brandindo o metro como se fosse uma espada. Todo mundo sempre
ficava em alerta.

Em reconhecimento, o Dr. Hamming foi eleito o “Professor do Ano” pelos alunos


no primeiro ano que foi dada esta honra na Augustana College. Também, ele foi o
primeiro a ser eleito a esta honra uma Segunda vez.

Além das suas qualidades como professor, o Dr. Hamming foi conhecido também
por seu carater impecável, seu sentimento religioso, seu amor pro seu família, e sua
amizade perpétua.

Com ele, a Cartografia e a Geografia viviam para seus alunos. Agora esperamos
que a dedicação deste livro a ele faça com que a memória dele viva com a Cartografia.

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