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Sensação Térmica.

Por: Paulo Sérgio Cavalcante

A vida me leva a fazer certas considerações, e principalmente do meio politico que tanto tem
influencia na minha rotina diária. Fico a pensar nas diversas formas de organização que nós seres
"civilizados", quando ponho aspas é por que não vejo civismo na degradação do meio ambiente, ou
nos mais diversos meios culturais de povos indígenas ou quilombolas como o que está preste a
ocorrer em Belo Monte, com o aval do IBAMA e aos olhos fechados da FUNAÍ, ou ainda a anistia
feita aos ruralistas e desmatadores da floresta dos parlamentares, porque nossa não é, pois se nossa
fosse ouviriam nossas vozes, através de uma previa consulta e não a venderiam, através do novo
código (anti)florestal. Fico pensando nessa falsa sensação que gestores querem passar, que tudo vai
bem em Sião.
Forjam, secretarias com o objetivo de fazer de conta que há uma preocupação com as diferenças
sociais e no fundo nada fazem. Cria-se cargos, enche a maquina, dá um ar de: "algo está sendo
feito", coloca os líderes de movimentos sociais debaixo dos braços e constrói uma mascará de boa
gestão, sem ninguém para incomodar. Os políticos já têm seus curraizinhos para lotar os seus
eleitores nas portaria, recepções ou zeladorias dos equipamentos públicos, com isso os mais
próximos já garantem sua vaga nas escassas creches da administração, prioridade no atendimento
público, tudo ali nos bastidores. E ouse a queixar-se, pois eles consideram desacato a funcionários
públicos, é mole?
Tomemos por exemplo a Coordenação de Promoção da Igualdade Racial de Fortaleza, a
COOPIR/Fortaleza (PT), oficialmente tomou posse no mandato atual da prefeita da capital
cearense, porém, nos bastidores já foram dois coordenadores, inicialmente o primeiro vice-prefeito
do município, e, no último ano da primeira gestão, o da reeleição, tomou posse o atual coordenador.
Nesse tempo todo de gestão, nem uma politica afirmativa de promoção da igualdade racial foi
implementada na cidade, não passaram de alguns poucos seminários, uma pesquisa fadada ao
fracasso, pesquisa corrida (as pressas), mau feita que, ao que me parece, nem foi divulgado o
resultado. A gestão passa o tempo todo se justificando que não há dados numéricos e quando manda
fazer uma pesquisa é fada ao fracasso, em supermercado, posto de saúde, locais em que as pessoas
até passam por lá, mas, com outras intenções e com outras demandas, geralmente apressadas, longe
de uma qualificação científica.
Para ser sincero nem a discussão sobre a obrigatoriedade de pintar o rosto no maracatu, ou a
institucionalização da cultura no carnaval, conseguiram travar, de forma que temos uma
manifestação cultural engessada.
A Lei 10.639/03, não passam de ações pontuais de alguns/mas professores/as mais sensíveis a
causa. Cotas em concurso publico nem tocam nesse ponto, embora afirmam serem favoráveis a
mesma, mas, é aquela grande questão: é necessária, sim, mas, em outra instancia (federal ou
estadual), e não nessa. É bom, mas no quintal alheio.
O Orçamento Participativo aprovou um orçamento para construção de um Centro Temático do
Negro, ainda no mandato anterior, onde foi parar esse dinheiro? Porque o Centro não foi
consolidado? O S.O.S Racismo da mesma forma não passou de um seminário, lógico que todas as
promessas no ano eleitoral, ninguém é besta. A manifestação cultural negra, se é que posso chamar
assim, mais evidente no Estado, é o maracatu, manifestação que tem muito para contribuir com a
Lei 10639/03, e apoiar a educação de forma dinâmica e criativa, mas, nenhum incentivo é tomado
rumo a uma melhor educação, em que pretos, pardos e índios possam se encontrar de forma
positiva, de forma tal que as crianças sintam-se pertencentes, sintam-se parte dessa construção.
Mas, nada foi feito para esse fim, alinhar cultura e educação. Os editais de carnaval, o único
incentivo do governo aos maracatus, afoxés e escolas de samba, são exclusivamente no período de
carnaval, e quando eu digo período, digo uma semana antes do mesmo, forçando as agremiações
cometer crime federal, elaborando notas frias, já que o edital é referente para o evento daquele ano,
as indumentárias tem que estar pronta para o carnaval, seria natural que o dinheiro saísse pelo
menos um mês antes, já que o calendário é sabido com décadas de antecedências, ou você não está
ciente de quando será o carnaval de 2015?
Além de um fracassado evento, plágio do que é realizado pelo Movimento Negro Unificado –
MNU, em Pernambuco, e diga-se de passagem lá é bem feita com bastante exito, a Terça Negra e os
eventos da Semana da Consciência Negra, quais são as outras ações dessa coordenação? O que têm
Promovido?
A gestão, chega ao desfrute de não utilizar dinheiro aprovado para construção de clinicas para
recuperação de usuários de drogas e entorpecentes, mais ou menos R$ 2.000.000,00 (Dois Milhões
de Reais), o dinheiro em caixa. Sabe o que é isso descaso com a saúde pública, extermínio da
joventude.
Como estão as comunidades com uma maior densidade populacional negra, como as periferias da
cidade? Qual é o hospital de referencia de doenças que atingem com mais eminencia essa camada
populacional? Qual o órgão de referência de denúncia e combate ao racismo na cidade de Fortaleza
e/ou no Estado do Ceará? Onde estão os núcleos de formação e aprimoramento dos professores no
intuito de capacitar professores da rede municipal referente a História da África e dos Afro-
descendentes? Porque o IMPARH não cumpre essa função de forma continuada? Por outro lado por
que as instituições de Nível Superior, não torna obrigatório na formação inicial nas licenciaturas.
Assistimos um efeito que costumo chamar, por enquanto, de sensação térmica, no qual nós,
população, sentimos uma coisa, vemos e o governo nos diz outra. Já percebeu? Por exemplo, nossa
condução, coletivo público, veja o que passamos e o que o governo diz. Dizemos, ou sentimos que
os ônibus estão lotados, atrasados e desrespeitosos com os passageiros, o que a ETUFOR diz: -
Nossa frota é boa e suficiente! - Os buracos nas ruas a culpa é de todos menos da prefeitura, “as
ruas nem são patrimônio da cidade”, segundo nossa senhora da cana. O mau atendimento nos postos
de saúde é impressão sua, na verdade todos os funcionários são bem capacitados e formados para
estarem ali, nenhum chega com o cartãozinho do seu politico.
O sistema de coleta de lixo ineficaz, e sem a menor preocupação ambiental, você que como eu
separa os lixos vai entregar a quem, nós separamos e a coleta mistura, os catadores apanham só o
que lhes dá um retorno, pífio, financeiro. O funcionalismos setorizado, ou melhor, distribuído entre
os cabos eleitorais da gestão e dos parlamentares da base de apoio com a estabilidade de enquanto
durar o mandato e por isso, ele, o terceirizado, e a família vão votar no "poste de luz". Mas, tudo
isso é só sensação térmica, ou seja, parece mais não é, são coisas da minha vã imaginação, é intriga
da oposição.
Temos um código de defesa do consumidor que teoricamente nos garante direitos quanto
consumidores, usuários de serviços prestados. A carteira de estudantes um direito conquistado nas
lutas estudantis a muito se tornou uma mercadoria, mercadoria essa que quando dá problemas os
estudantes são os únicos penalizados, se um get dá problema no leitor de ônibus ou topic, o
estudante é obrigado a pagar inteira ou descer e esperar outra condução, o empresário sempre tem
razão é bom não incomodá-lo.
O governo do Estado pela primeira vez, dentro desse engodo politico que o Ceará e o Brasil se
tornaram, formou a Coordenação Estadual de Promoção da Igualdade Racial. De início, ele já
começou melhor do que a gestão municipal, pois, ele e não ela, procurou alguém que tem
propriedade de causa na questão racial para estar a frente de uma pasta, a qual, visa encontrar
soluções à problemas estruturais e históricos de nossa sociedade, tais problemas que ficam
escondidas por trás de ideologias partidárias que preferiram crer na farsa, implantada
ideologicamente no Brasil, a da democracia racial.
Agora se espera do Sr. Governador Cid Gomes, que faça diferente da gestora local, possível
candidata a sua sucessão. Que reacenda a luz da "Terra da Luz", que fora acesa em 1884 e
imediatamente desligada, com receio da conta. Embora seja esperar demais, ou seja, muito
otimismo da minha parte. Mas, dizem que a última a morrer, é a Dnª Esperança. Se a socialista não
faz, quem sabe o sem ideologia o faça, com seus projetos pessoais e familiar.

Paulo Sergio Cavalcante


Coord. Municipal do MNU/For
Ciências Sociais UFC

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