Importância dos sistemas eleitorais O sistema eleitoral adoptado num país pode exercer
— e em verdade exerce — considerável influxo sobre a forma de governo, a
organização partidária e a estrutura parlamentar, reflectindo até certo ponto a índole das instituições e a orientação política do regime. A sociologia tem investigado com zelo o efeito das técnicas eleitorais e deduzido a esse respeito importante conclusões, conforme se trate do emprego da representação maioritária ou da representação proporcional. Vejamos essas duas modalidades básicas de sistemas eleitorais e a peculiaridade das consequências que sua utilização tem produzido nas formas democráticas.
O sistema maioritário de representação É o mais antigo. Tecnicamente consiste na
repartição do território eleitoral em tantas circunscrições eleitorais quantos são os lugares ou mandatos a preencher. Oferece os sistemas duas variantes principais. Pela primeira — aquela adoptada na Inglaterra — a eleição maioritária se faz mediante escrutínio de um só turno, sendo eleito na circunscrição o candidato que obtiver maior número de votos. Aqui a maioria simples ou relativa é suficiente para alguém eleger-se
Pela segunda, temos o escrutínio de dois turnos. Caso nenhum
candidato tenha obtido maioria absoluta (mais da metade dos
sufrágios expressos) apela-se para um segundo turno ou eleição
decisiva — a ballotage dos franceses ou Stichwahl dos alemães — e aí
dentre os candidatos concorrentes eleger-se-á aquele que obtiver
maior número de votos (maioria simples ou relativa). Foi o sistema
praticado no Império Alemão até 1918, ainda hoje vigente na França.
O sistema maioritário de maioria simples (típico da Inglaterra e dos
Estados Unidos) conduz em geral ao bipartidarismo e à formação fácil
de um governo, em virtude da maioria básica alcançada pela legenda
vitoriosa. “Ao vencedor, as batatas” pode ser dito desse sistema onde
as minorias têm remotíssimo ou quase nenhum ensejo de
representação.
7.1.3. As vantagens do sistema maioritário
As vantagens proporcionadas pelo escrutínio maioritário puro e
simples se resumem nos seguintes pontos:
Produz governos estáveis.
Evita a pulverização partidária.
Cria entre os dois grandes partidos um eleitorado flutuante,
que serve de “fiel de balança” para a vitória eleitoral necessária
à formação da maioria parlamentar.
Favorece a função democrática, quando faz com nitidez
emergir das eleições um partido vitorioso apto a governar pela maioria parlamentar de que dispõe.
Permite determinar facilmente, graças à simplicidade do
sistema, o número de candidatos eleitos.
Aproxima o eleitor do candidato. O primeiro vota mais na pessoa deste, em suas
qualidades políticas (a personalidade ou a capacidade de bem representar o eleitorado) do que no partido ou na ideologia. Coloca o representante numa dependência maior do eleitor do que do partido. Afasta do Parlamento os grupos de interesses, que não têm oportunidade de organizar-se ou institucionalizar-se sob a forma partidária e acabam integrados no seio das duas principais agremiações. Utiliza as eleições esporádicas, para substituição de representantes, como instrumento eficaz de sondagem das tendências do eleitorado. Empresta enfim à luta eleitoral carácter competitivo e do mesmo passo educacional. O eleitor não vota numa ideia ou num partido, em termos abstractos, mas em pessoas com respostas ou