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Álgebra Linear Aplicada

Marta de Fátima Severiano de Oliveira


April 2022

1 Matrizes: primeiras definições


Definição 1.1 Uma matriz m × n é um conjunto A de mn números aij , onde
i = 1, . . . , m e 1, . . . , n. Nesse caso, os números aij são chamados de entradas
ou elementos da matriz A e dizemos que A tem m linhas (filas) e n colunas,
ou que ela é uma matriz m × n.

Denotaremos por Mm×n (F ) o conjunto das matrizes m × n com entradas


em F (podendo F ser o corpo dos números R ou C). Quando n = 1, dizemos
que Mm×1 (F ) é o conjunto das matrizes coluna e, quando m = 1, dizemos
que M1×n é o conjunto das matrizes linha. Quando m = n, denotaremos-
a por Mn (F ), e chamaremos-a de conjunto de matrizes quadradas n × n.
Dizemos que uma matriz quadrada (aij) é a matriz identidade quando todos
os elementos aij = 0 para i ̸= j e aii = 1.
Uma matriz m × n é chamada de matriz nula se todos os seus elementos
forem nulos. Denotaremos-a por Om×n . Uma matriz não-nula n × n quadrada
aij é chamada matriz diagonal quando todos os seus elementos aij = 0 para
i ̸= j. Os elementos aii são chamados de elementos diagonais. Por exemplo,
a matriz identidade é diagonal.

2 Operações com matrizes


Definição 2.1 Seja B = (bij ) ∈ Mm×n (F ). Para qualquer escalar α ∈ F
definiremos a multiplicação por escalar αB = α(aij ) como uma matriz de
Mm×n (F ) cujas entradas são o resultado da multiplicação de α por todos os
elementos de B. Então αB := (αbij ). Observe que Bα também está definida e
que αB = Bα.

Definição 2.2 Sejam A = (aij ) e B = (bij ) duas matrizes no conjunto Mm×n (F ).


Nesse caso podemos somar (adicionar) essas matrizes e o resultado da soma é
a matriz C = (cij ), cujas entradas são obtidas da seguinte forma: cij = aij +bij .
Assim, escrevemos A = B + C.

Definição 2.3 Sejam A = (aij ) e B = (bij ) duas matrizes no conjunto Mm×n (F ).


Nesse caso podemos subtrair A−B (ou B −A). Para determinar A−B podemos

1
escrever A − B = A + (−1)B, onde (−1)B é a multiplicação por escalar −1 e
B.

Definição 2.4 Sejam A ∈ Mm×n (F ) e B ∈ Mkℓ (F ). Para conseguirmos mul-


tiplicar A com B e determinar o produto AB é necessário que n = k. Nesse
caso AB está definida e ela é uma matriz de Mmℓ (F ). Denotaremos por [AB]ij
a (i, j)-ésima entrada de AB, ela é dada pela seguinte fórmula:
n
X
[AB]ij = ait btj .
t=1

Exemplo 2.5 A soma e o produto de matrizes diagonais são matrizes diago-


nais. Consideremos a matriz A = (aij ) ∈ Mn (F ), tal que aij = 0 para i ̸= j e
B = (bij ) ∈ Mn (F ),bij = 0 para i ̸= j.
É notável que em A + B = (aij + bij ), aij + bij = 0 quando i ̸= j.
Se i ̸= j, temos [AB]ij = ai1 bj1 + . . . + ain bjn = 0 + . . . + 0 = 0, logo, por
definição, AB será diagonal.

Proposição 2.6 Sejam A, B ∈ Mm×n (F ). Então:


(1) O + A = A + O = A.
(2) A + B = B + A (lei comutativa).
(3) Se O = Ok×m , então OA = O, e se On×ℓ , então AO = O.
(4) Seja I = Im , então IA = A, e se I = In , então AI = A. Em particular, se
A é quadrada, temos:

AI = IA = A.

Proposição 2.7 Sejam A, B, C três matrizes com entradas de F . Então valem


as seguintes propriedades da multiplicação, uma vez que as operações dos lados
esquerdos podem ser definidos:
(1) A(B + C) = AB + AC ( lei da distributiva da esquerda).
(2) (A + B)C = AC + BC (lei distributiva da direita).
(3) (AB)C = A(BC) (lei associativa do produto).
(4) α(AB) = (αA)B = A(αB), onde α é escalar.

Exemplo 2.8 Iremos encontrar fórmulas para (A + B)2 , (A − B)2 , A2 − B 2 .


Note que:
(a) (A + B)(A + B) = (A + B)A + (A + B)B = A2 + BA + AB + B 2
(distributivas à esquerda e à direita, respectivamente);
(b) (A − B)2 = (A + (−B))2 = A2 + (−B)A + A(−B) + (−B)2 = A2 − BA −
AB + B 2 ;
(c) Considere
(A + B)(A − B) = A(A − B) + B(A − B) = A2 − AB + BA − B 2 (distributivas
à direita e a esquerda); assim
A − B 2 = (A + B)(B − A) + AB − BA.

2
A transporta de uma matriz A = (aij ∈ Mm×n (F ) é a matriz At = (aji )
obtida mediante a troca da i-ésima linha de A pela i-ésima coluna de A. O
resultado é uma matriz At n × m, chamado de matriz transposta de A.

Proposição 2.9 (1) Ot = O.


(2) I t = I.
(3) (A + B)t = At + B t .
(4) (αA)t = αAt , para todo α ∈ F .
(5) Seja A ∈ Mm×n (F ) e B ∈ Mnk ∈ (F ). Então (AB)t = B t At .

3 Matrizes quadradas
Definição 3.1 Se A é uma matriz quadrada, a k-ésima potência de A é a
matriz Ak obtida pela multiplicação de A consigo mesma k vezes.

Definição 3.2 Uma matriz quadrada é dita invertı́vel ou não singular, se


existir uma matriz B tal que AB = BA = I, onde A é a matriz identidade.
Denotamos B = A−1 .

Definição 3.3 Uma matriz real é ortogonal se At = A−1 , ou seja, AAt =


At A = I. Assim, necessariamente, toda matriz ortogonal é quadrada e in-
vertı́vel.

Exemplo 3.4 Vamos uma matriz ortogonal 2 × 2 que não seja a matriz iden-
tidade. Tomemos
 
a11 a12
A= ,
a21 a22
 
t a11 a21
A = .
a12 a22
Devemos ter

a211 + a212
   
a11 a21 + a12 a22 1 0
= .
a21 a11 + a2 2a12 a221 + a222 0 1
Logo a211 + a212 = a221 + a222 = 1 e a21 a11 + a2 2a12 = a221 + a222 , o que é válido,
por exemplo, para a11 = −1, a22 = 1 e a12 = a21 = 0.

4 Bibliografia
[1] Introdução à Álgebra Linear. Salahoddin Shokranian.
[2] Álgebra Linear Coleção Schaum. Seymour Lispchutz. Marc Lipson.

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