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CONJUNTOS

Entendemos um conjunto como sendo uma coleção de objetos, chamados de elementos.


Pode-se definir um conjunto listando-se os seus elementos, escrevendo-os entre chaves e se-
parados por vı́rgulas. Pode-se também definir um conjunto através de uma propriedade que
caracteriza os seus elementos. Usa-se normalmente letras maiúsculas para representar conjuntos
e letras minúsculas para representar elementos.

Exemplo 1 Considere o conjunto A = {1, 3, 5, 7}. O conjunto A também pode ser definido da
seguinte forma:
A = {x ∈ N | x é ı́mpar, x < 8}.

Definimos o conjunto vazio como sendo aquele que não possui nenhum elemento.É normal-
mente denotado por ∅ ou { }. Um conjunto é dito unitário quando possui um único elemento.

Relação de Pertinência: Se A é um conjunto e x é um elemento de A, dizemos que x pertence


a A e denotamos por x ∈ A. Se x não é um elemento de A, dizemos que x não pertence a A e
denotamos por x ∈ / A.

Relação de Igualdade: Dizemos que dois conjuntos A e B são iguais (notação: A = B) se A e


B têm exatamente os mesmos elementos. Assim, A e B são iguais quando vale a equivalência:

x ∈ A ⇐⇒ x ∈ B.

Relação de Inclusão: Sejam A e B dois conjuntos. Dizemos que A está contido em B ou que A
é subconjunto de B, e dentamos por A ⊆ B, se todo elemento de A é também elemento de B.
Observe que isso equivale a dizer que a seguinte implicação é válida:

x ∈ A =⇒ x ∈ B.

Sendo B um conjunto, dizemos que X é um subconjunto próprio de B se X ⊆ B e X ̸= B


(Notações: X ⊂ B, X ( B).

Observação 2 1) Observe que a equivalência x ∈ A ⇐⇒ x ∈ B é válida se, e somente se, as


implicações x ∈ A =⇒ x ∈ B e x ∈ B =⇒ x ∈ A são válidas. Assim, A = B se, e somente
se, A ⊆ B e B ⊆ A.
2) Dizer A ⊆ B significa dizer: ∀x ∈ A, tem-se x ∈ B. Assim, A não está contido em B se, e
somente se, existe x ∈ A tal que x ∈
/ B. Usamos a notação A * B para dizer que A não está
contido em B.
3) Quando A ⊆ B dizemos também que B contém A e denotamos isso por B ⊇ A. Se A ( B
também usamos a notação B ) A.

1
Proposição 3 Se A é um conjunto qualquer, então ∅ ⊆ A.

Demonstração. Suponhamos ∅ * A. Então existe x ∈ ∅A tal que x ∈ / A. Mas, esta sentença


é falsa, uma vez que o conjunto ∅ não possui nenhum elemento. Logo, temos uma contradição
e assim devemos ter ∅ ⊆ A. 

Definição 4 Dado A um conjunto qualquer, definimos o conjunto das partes (ou conjunto dos
subconjunto) de A, denotado por P(A), como sendo o conjunto cujos elementos são exatamente
os subconjuntos de A, isto é,
P(A) = {X | X ⊆ A}.

Observe que, seja qual for o conjunto A, o conjunto P(A) não é vazio, pois ∅, A ∈ P(A).

Exemplo 5 P(∅) = {∅}.

Exemplo 6 Sendo A = {1, 2, 3}, temos

P(A) = {∅, {1}, {2}, {3}, {1, 2}, {1, 3}, {2, 3}, A}.

Exemplo 7 Sendo A um conjunto, temos que P(A) é finito se, e somente se, A é finito.

Vamos agora definir as principais operações entre conjuntos. Sejam A e B conjuntos quais-
quer.

União: Definimos a união de A e B como sendo o conjunto

A ∪ B = {x | x ∈ A ou x ∈ B}.

Interseção: Definimos a interseção de A e B como sendo o conjunto

A ∩ B = {x | x ∈ A e x ∈ B}.

Se A ∩ B, dizemos que A e B são conjuntos disjuntos.

Diferença: Definimos a diferença de A e B como sendo o conjunto

A − B = {x ∈ A | x ∈
/ B} = {x | x ∈ A e x ∈
/ B}.

Quando B ⊆ A, a diferença A − B é também chamada de complementar de B em relação


a A, e denotada por CA (B).

Diferença simétrica: Definimos a diferença simétrica de A e B como sendo o conjunto

A △ B = (A − B) ∪ (B − A).

2
Propriedades 8 Sendo A, B e C conjuntos quaisquer, valem:
a) Se A ⊆ B e B ⊆ C, então A ⊆ C.
b) A ⊆ B, então A ∩ C ⊆ B ∩ C e A ∪ C ⊆ B ∪ C.
c) Se A ⊆ C e B ⊆ C, então A ∪ B ⊆ C.
d) A ⊆ A ∪ B e B ⊆ A ∪ B.
e) A ∩ B ⊆ A e A ∩ B ⊆ B.
f ) A ∩ A = A ∪ A = A ∪ ∅ = A.
g) A ∩ ∅ = ∅ e A − A = ∅.
h) A ∪ B = B ∪ A e A ∩ B = B ∩ A.
i) (A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C) e (A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C).
j) A ∪ B = B ⇐⇒ A ⊆ B.
k) A ∩ B = B ⇐⇒ B ⊆ A.
l) A ∪ (A ∩ B) = A.
m) A ∩ (A ∪ B) = A.
n) Se A, B ⊆ D, então A − B = A ∩ CD (B) e CD (CD (A)) = A.

Definição 9 Sejam A e B conjuntos. Definimos o produto cartesiano de A por B, denotado


por A × B, como sendo o conjunto de todos os pares ordenados (a, b), com a ∈ A e b ∈ B, ou
seja,
A × B = {(a, b) | a ∈ A, b ∈ B}.

Dados os pares ordenados (a, b), (c, d) ∈ A × B, dizemos que (a, b) é igual a (c, d) (notação:
(a, b) = (c, d)) se a = c e b = d.
Sendo A um conjunto, costumamos denotar o produto cartesiano A × A por A2 .

Observação 10 1) Sendo A um conjunto qualquer, tem-se A × ∅ = ∅ × A = ∅.


2) Se A e B são conjuntos distintos e não vazios, então A × B ̸= B × A.

Exemplo 11 Sendo A = {a, b} e B = {1, 2, 3}, temos

A × B = {(a, 1), (a, 2), (a, 3), (b, 1), (b, 2), (b, 3)} e

B × A = {(1, a), (1, b), (2, a), (2, b), (3, a), (3, b)}.

Exemplo 12 IR2 = IR × IR = {(x, y) | x, y ∈ IR}.

Propriedades 13 Sendo A, B, C e D conjuntos quaisquer, valem:


a) Se A ⊆ C e B ⊆ D, então A × B ⊆ C × D.
b) (A ∪ B) × C = (A × C) ∪ (B × C).
c) (A ∩ B) × C = (A × C) ∩ (B × C).
d) (A − B) × C = (A × C) − (B × C).
e) (A × B) ∩ (B × A) = (A ∩ B) × (A ∩ B) = (A × A) ∩ (B × B).

3
Sejam A1 , A2 , . . . , An conjuntos. Definimos o produto cartesiano A1 × A2 × . . . × An como
sendo o conjunto de todas as n-uplas ordenadas (a1 , a2 , . . . , an ), com a1 ∈ A1 , a2 ∈ A2 , . . . ,
an ∈ An . Assim,

A1 × A2 × . . . × An = {(a1 , a2 , . . . , an ) | ai ∈ Ai , 1 ≤ i ≤ n}.

Dizemos que (a1 , a2 , . . . , an ) e (b1 , b2 , . . . , bn ) pertencentes a A1 × A2 × . . . × An são iguais


(em sı́mbolos, (a1 , a2 , . . . , an ) = (b1 , b2 , . . . , bn )) se a = b1 , a2 = b2 , . . . , an = bn .
Sendo A um conjunto, costumamos denotar o produto cartesiano |A × A × {z. . . × A} por A .
n

n f atores

Observação 14 O produto cartesiano de n conjuntos é vazio se, e somente se, algum dos n
conjuntos é vazio.

Exemplo 15 Sejam A = {a, b}, B = {1, 2, 3} e C = {x, y}, temos

A × B × C = {(a, 1, x), (a, 1, y), (a, 2, x), (a, 2, y), (a, 3, x), (a, 3, y),

(b, 1, x), (b, 1, y), (b, 2, x), (b, 2, y), (b, 3, x), (b, 3, y)}.
Fica como exercı́cio para o leitor determinar B × A × C, A × C × C e (A × B) × C.

Exemplo 16 IR3 = IR × IR × IR = {(x, y, z) | x, y, z ∈ IR}. Mais geralmente, sendo n ∈ N,


temos IRn = {(x1 , x2 , . . . , xn ) | xi ∈ IR, 1 ≤ i ≤ n}.

Sendo A um conjunto finito, vamos denotar por |A| a quantidade de elementos de A. Sendo
A infinito, dizemos que a quantidade de elementos de A é infinita e denotamos |A| = ∞.

Proposição 17 Se A e B são conjuntos finitos e disjuntos, então A ∪ B é finito e |A ∪ B| =


|A| + |B|.

Corolário 18 Se A e B são conjuntos finitos e B ⊆ A, então |A − B| = |A| − |B|.

Demonstração. Como A é finito, temos que A − B e B são finitos, pois são subconjuntos de A.
Ademais, como A − B e B são disjuntos A = B ∪ (A − B), segue da proposição anterior que

|A| = |B ∪ (A − B)| = |A| + |A − B|.

Daı́ segue o resultado. 

Corolário 19 Se A e B são conjuntos finitos, então A∪B é finito e |A∪B| = |A|+|B|−|A∩B|.

4
Demonstração. Temos A ∪ B = B ∪ (A − B). Como A − B e B são finitos e disjuntos, segue
da proposição anterior que A ∪ B é finito e |A ∪ B| = |B| + |A − B|. Obervando agora que
A−B = A−(A∩B) e que A∩B ⊆ A, concluı́mos do corolário anterior que |A−B| = |A|−|A∩B|,
o que conclui a demonstração. 
O próximo resultado fornece o número de elementos de um produto cartesiano.

Proposição 20 Sejam A1 , A2 , . . . , An conjuntos não vazios. Se pelo menos um deles é


infinito, então o produto cartesiano A1 × A2 × . . . × An é infinito. Se todos são finitos, então
A1 × A2 × . . . × An é finito e

|A1 × A2 × . . . × An | = |A1 ||A2 | . . . |An |.

Teorema 21 Se A é um conjunto finito com exatamente n elementos, então P(A) possui


exatamente 2n elementos. Em outras palavras, |P(A)| = 2|A| .

Demonstração. Pelo Teorema Binomial temos


∑n ( )
n n n
2 = (1 + 1) = .
k=0
k

Como o número de elementos de A é n, temos que um subconjunto qualquer de A pode ter


no máximo n elementos. Para cada k ∈ {0, 1, . . . , n}, temos que o número de subconjuntos de
( )
A com exatamente k elementos é nk . Logo, o número de subconjuntos de A (ou seja, o número
de elementos de P(A)) é
( ) ( ) ( ) ∑ n ( )
n n n n
+ + ... + = = 2n .
0 1 n k=0
k

5
FUNÇÕES

Definição 22 Sejam A e B dois conjuntos não vazios. Uma função (ou aplicação) f de A em
B é uma lei que a CADA elemento de A associa um ÚNICO elemento de B.

Sendo f uma função de A em B, o conjunto A é chamado de domı́nio de f , denotado por


D(f ), e o conjunto B é chamado de contradomı́nio de f , denotado por CD(f ). Para x ∈ A, o
elemento de B que a função f associa a x é chamado de imagem de x por f e é denotado por f (x).

f : A −→ B
Notações: f : A −→ B, .
x 7−→ f (x)

Definição 23 Sejam A e B dois conjuntos não vazios e f : A −→ B. Definimos a imagem de


f , denotada por Im f , como sendo o conjunto

Im f = {y ∈ B | y = f (x) para algum x ∈ A} = {f (x) | x ∈ A}.

Observe então que a imagem de f é o conjunto dos elementos de B que são imagem de
algum elemento de A por f . Logo, Im f ⊆ B.

Definição 24 Sejam A e B conjuntos não vazios. Dizemos que duas funções f , g : A −→ B


são iguais, e denotamos por f = g, se f (x) = g(x) para todo x ∈ A.

Sendo A e B conjuntos não vazios, denotaremos por F(A; B) o conjunto de todas as funções
de A em B. No caso particular A = B, podemos denotar F(A; B) por F(A).

Exemplo 25 Sejam A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {a, b, c}. Considere a função f : A −→ B,


definida por f (1) = f (2) = a e f (3) = f (4) = f (5) = c. Temos que o domı́nio de f é o conjunto
A, o contradomı́nio de f é o conjunto B e a imagem de f é o conjunto {a, c}.

Exemplo 26 Considere a função

g : Z −→ Z
.
n 7−→ g(n) = 2n

Temos D(g) = CD(g) = Z e Im g = {m ∈ Z | m é par}.

Exemplo 27 Considere a função π : IR × IR −→ IR, definida por π(x, y) = x. Temos D(π) =


IR × IR e CD(π) = Im π = IR.

6
Exemplo 28 Considerando a função

h : IR −→ IR
.
x 7−→ h(x) = x + 1

Temos D(h) = CD(h) = Im h = IR.

Exemplo 29 Seja A um conjunto não vazio qualquer. Definimos a função identidade de A


como sendo a função
IdA : A −→ A
.
a 7−→ IdA (a) = a
Temos D(IdA ) = CD(IdA ) = Im IdA = A.

Exemplo 30 Sejam A e B conjuntos não vazios quaisquer. Dizemos que uma função
f : A −→ B é constante se existe b0 ∈ B tal que f (x) = b0 para todo x ∈ A. Neste caso,
dizemos que f é a função constante igual a b0 , e denotamos por f ≡ b0 . Observe que D(f ) = A,
CD(f ) = B e Im f = {b0 }. Observe também que um função é constante se, e somente se, sua
imagem é um conjunto unitário.

Exemplo 31 Considere a função f : N −→ Z, definida por




 n−1

 2 , se n é ı́mpar
f (n) =



 −
n
, se n é par
2
Temos D(f ) = N e CD(f ) = Im f = Z.

Exemplo 32 Considere os subconjuntos

P = {n ∈ N | n é par} e I = {n ∈ N | n é ı́mpar}

de N, e o conjunto A = {P, I}. Considere também a função F : A −→ Z, definida por F (X) =


resto da divisão por 2 de algum elemento de X (para cada X ∈ A). Temos que F é uma função
bem definida, com D(F ) = A, CD(f ) = Z e Im f = {0, 1}.

Definição 33 Seja f : A −→ B uma função. Definimos o gráfico de f , denotado por Gr(f ),


como sendo o conjunto

Gr(f ) = {(x, y) ∈ A × B | y = f (x)} = {(x, f (x)) | x ∈ A}.

Observe que Gr(f ) ⊆ A × B.

7
Exemplo 34 Se A é um conjunto não vazio qualquer e IdA é a função identidade de A (veja
o Exemplo 29), então Gr(IdA ) = {(a, a) | a ∈ A}.

Exemplo 35 Sendo A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {a, b, c}, considere a função f : A −→ B, definida


por f (1) = f (2) = a e f (3) = f (4) = f (5) = c. Temos Gr(f ) = {(1, a), (2, a), (3, c), (4, c), (5, c)}.

Exemplo 36 Considerando a função

h : IR −→ IR
,
x 7−→ h(x) = x + 1

temos Gr(h) = {(x, x + 1) | x ∈ IR}.

Definição 37 Seja f : A −→ B uma função. Dizemos que f é:


a) Sobrejetora (ou sobrejetiva) se Im f = B.
b) Injetora (ou injetiva) se para quaisquer x, y ∈ A, com x ̸= y, tem-se f (x) ̸= f (y).
c) Bijetora (ou bijetiva) se é injetora e sobrejetora.

Observação 38 Seja f : A −→ B uma função.


1) Dizer que f é sobrejetora significa dizer que para cada y ∈ B existe pelo menos um x ∈ A
ta que f (x) = y, ou seja, cada y ∈ B é imagem de algum elemento de A por f .
2) Dizer que f é injetora significa dizer que elementos distintos de A têm imagens distintas por
f . Equivalentemente, siginifica dizer que para quaisquer x, y ∈ A vale a implicação:

f (x) = f (y) =⇒ x = y.

Exemplo 39 A função f do Exemplo 25 anterior não é injetora nem sobrejetora.

Exemplo 40 A função
g : Z −→ Z
n 7−→ g(n) = 2n
é injetora, mas não é sobrejetora.

Exemplo 41 A função
π : IR × IR −→ IR
(x, y) 7−→ π(x, y) = x
é sobrejetora, mas não é injetora.

Exemplo 42 A função
h : IR −→ IR
x 7−→ h(x) = x + 1
é injetora e sobrejetora, sendo portanto bijetora.

8
Exemplo 43 A função f : N −→ Z, definida por


 n−1

 , se n é ı́mpar
2
f (n) =



 −
n
, se n é par
2
é bijetora.

Definição 44 Sejam f : A −→ B uma função, X ⊆ A e Y ⊆ B. Definimos:


a) a imagem direta de X por f , denotada por f (X), como sendo o conjunto

f (X) = {y ∈ B | y = f (x) para algum x ∈ X} = {f (x) | x ∈ X}.

b) a imagem inversa de Y por f , denotada por f −1 (Y ), como sendo o conjunto

f −1 (Y ) = {x ∈ A | f (x) ∈ Y }.

Observação 45 Sendo f : A −→ B uma função, X ⊆ A e Y ⊆ B, observa-se que f (X) ⊆ B,


f −1 (Y ) ⊆ A, f −1 (∅) = ∅ e vale a implicação:

f −1 (Y ) ̸= ∅ ⇐⇒ Y ∩ Im f ̸= ∅.
Convenciona-se que f (∅) = ∅.

Exemplo 46 Sendo f : A −→ B uma função, temos f (A) = Im f e f −1 (B) = f −1 (Im f ) = A.

Exemplo 47 Considere a função

f : IR −→ IR
.
x 7−→ f (x) = x2 + 1

Dados X1 = {1, 0, −1, 3}, X2 = [−4, 1], Y1 = {0, 2, 5} e Y2 = [−3, 1/2]. Temos f (X1 ) =
{f (1), f (0), f (−1), f (3)} = {2, 1, 10}, f (X2 ) = [1, 17], f −1 (Y1 ) = {1, −1, 2, −1} e f −1 (Y2 ) = ∅.

Exemplo 48 Considere a função f : N −→ Z, definida por




 n−1

 2 , se n é ı́mpar
f (n) =



 −
n
, se n é par
2
Sendo I = {m ∈ N | m é ı́mpar} e A = {n ∈ N | n ≤ 10}, temos f (I) = Z+ e
f (A) = {n ∈ Z | −5 ≤ n ≤ 4}. Sendo P = {m ∈ N | m é par}, temos f −1 (P ) =
{4k | k ∈ N} ∪ {4k + 1 | k ∈ Z+ }.

9
Propriedades 49 Sejam A e B conjuntos não vazios e f : A −→ B uma função. Para X,
Y ⊆ A e Z, W ⊆ B, tem-se:
a) f (X ∪ Y ) = f (X) ∪ f (Y ).
b) f (X ∩ Y ) ⊆ f (X) ∩ f (Y ).
c) Se X ⊆ Y , então f (X) ⊆ f (Y ).
d) f (X) − f (Y ) ⊆ f (X − Y ).
e) f −1 (W ∪ Z) = f −1 (W ) ∪ f −1 (Z).
f ) f −1 (W ∩ Z) = f −1 (W ) ∩ f −1 (Z).
g) Se W ⊆ Z, então f −1 (W ) ⊆ f −1 (Z).
h) f −1 (W − Z) = f −1 (W ) − f −1 (Z).
i) X ⊆ f −1 (f (X)).
j) f (f −1 (W )) ⊆ W .

Teorema 50 Seja f : A −→ B uma função. Então são equivalentes:


i) f é sobrejetora.
ii) Para todo Y ⊆ B, vale f (f −1 (Y )) = Y .
iii) Para todo Y ⊆ B, existe X ⊆ A tal que f (X) = Y .
iv) Se Y ⊆ B e Y ̸= ∅, então f −1 (Y ) ̸= ∅.

Demonstração. i) =⇒ ii) Suponhamos f sobrejetora e tomemos Y ⊆ B. Sabemos que


f (f −1 (Y )) ⊆ Y . Tomando y ∈ Y , temos que existe x ∈ A tal que y = f (x) e assim x ∈ f −1 (Y ).
Logo, y = f (x) ∈ f (f −1 (Y )). Concluı́mos então que Y ⊆ f (f −1 (Y )).
ii) =⇒ iii) Supondo (ii), considere Y um subconjunto qualquer de B. Tomando X = f −1 (Y ),
tem-se X ⊆ A e, por hipótese, f (X) = Y .
iii) =⇒ iv) Suponhamos (iii) e tomemos Y ⊆ B, com Y não vazio. Por hipótese, existe X ⊆ A
tal que f (X) = Y e assim devemos ter X não vazio. Tomando x ∈ X, temos f (x) ∈ f (X) = Y
e daı́ x ∈ f −1 (Y ). Logo, f −1 (Y ) é não vazio.
iv) =⇒ i) Suponhamos (iv). Dado y ∈ B, consideremos o subconjunto {y} de B. Por hipótese,
f −1 ({y}) é não vazio. Tomando x ∈ f −1 ({y}), temos f (x) = y, donde concluı́mos que f é
sobrejetora. 

Teorema 51 Seja f : A −→ B uma função. Então são equivalentes:


i) f é injetora.
ii) Para todo X ⊆ A, vale f −1 (f (X)) = X.
iii) Se X1 , X2 ⊆ A são tais que f (X1 ) = f (X2 ), então X1 = X2 .
iv) Para cada b ∈ B tem-se f −1 ({b}) vazio ou unitário.

Demonstração. i) =⇒ ii) Suponhamos f injetora. Sabemos que X ⊆ f −1 (f (X)). Tomando


agora a ∈ f −1 (f (X)), temos f (a) ∈ f (X). Assim, existe x ∈ X tal que f (x) = f (a) e daı́

10
segue, por hipóteses, que a = x. Logo, a ∈ X e assim temos f −1 (f (X)) ⊆ X.
ii) =⇒ iii) Suponhamos (ii). Se X1 , X2 ⊆ A satisfazem f (X1 ) = f (X2 ), devemos ter
f −1 (f (X1 )) = f −1 (f (X2 )). Assim, por hipótese, temos X1 = X2 .
iii) =⇒ iv) Mostremos a contrapositiva desta implicação. Suponhamos então que (iv) não vale
e tomemos b ∈ B tal que f −1 ({b}) não é vazio nem unitário. Assim, devem existir x1 e x2
elementos distintos de f −1 ({b}). Logo, f (x1 ) = b = f (x2 ), ou seja, f ({x1 }) = {b} = f ({x2 }),
com {x1 } ̸= {x2 }. Temos então a negativa de (iii).
iv) =⇒ i) Suponhamos (iv) e tomemos x1 , x2 ∈ A tais que f (x1 ) = f (x2 ). Façamos f (x1 ) = b.
Assim, b ∈ B e f −1 ({b}), não sendo vazio, deve ser unitário, por hipótese. Mas, {x1 , x2 } ⊆
f −1 ({b}). Logo, devemos ter x1 = x2 , donde concluı́mos que f é injetora. 

Definição 52 Sejam A, B e C conjuntos não vazios e f : A −→ B e g : B −→ C funções.


Definimos a função composta de g com f , denotada por g ◦ f , como sendo

g ◦ f : A −→ C
.
x 7−→ (g ◦ f )(x) = g(f (x))

Exemplo 53 Considere os conjuntos A = {1, 2, 3, 4, 5}, B = {a, b, c} e C = {0, 8}, e as


funções f : A −→ B e g : B −→ C, definidas por f (1) = f (2) = a, f (3) = f (4) = f (5) = c,
g(a) = g(b) = 0 e g(c) = 8. Temos que a composição g ◦ f : A −→ C é dada por:
- (g ◦ f )(1) = g(f (1)) = g(a) = 0;
- (g ◦ f )(2) = g(f (2)) = g(a) = 0;
- (g ◦ f )(3) = g(f (3)) = g(c) = 8;
- (g ◦ f )(4) = g(f (4)) = g(c) = 8;
- (g ◦ f )(5) = g(f (5)) = g(c) = 8.

Exemplo 54 Considere as funções h : N −→ Z e f : N −→ N, definidas por




 n−1

 2 , se n é ı́mpar
h(n) = e f (x) = 2x.



 −
n
, se n é par
2
Temos então que h ◦ f : N −→ Z é dada por (h ◦ f )(x) = h(f (x)) = h(2x) = −(2x)/2 = −x,
uma vez que 2x é um inteiro par.

Exemplo 55 Considere as funções

F IR2 −→ IR G : IR −→ IR2
e .
(x, y) 7−→ F (x, y) = x + y x 7−→ G(x) = (x, x2 )

11
Temos F ◦ G : IR −→ IR e G ◦ F : IR2 −→ IR2 são dadas por

(F ◦ G)(x) = F (G(x)) = F (x, x2 ) = x + x2 e

(G ◦ F )(x, y) = G(F (x, y)) = G(x + y) = (x + y, (x + y)2 ).

Exemplo 56 Fixado A um conjunto infinito qualquer, considere a função FA : P(A) −→ Z+ ,


definida por {
|X| , se X é finito
FA (X) =
0 , se X é infinito
Sendo g : Z+ −→ Z+ definida por g(x) = 3x, temos g ◦ FA : P(A) −→ Z+ dada por
{
3|X| , se X é finito
(g ◦ FA )(X) =
0 , se X é infinito

Exemplo 57 Sejam f , g : IR −→ IR, definidas por


{ {
x + 1 , se x ≥ 0 2x − 1 , se x ≤ 3
f (x) = e g(x) = .
x 2
, se x < 0 x − 3 , se x > 3

Temos (g ◦ f )(x) = g(f (x)). Se x ≥ 0, então


{
2(x + 1) − 1 , se x + 1 ≤ 3
(g ◦ f )(x) = g(x + 1) = .
(x + 1) − 3 , se x + 1 > 3

Se x < 0, então {
2x2 − 1 , se x2 ≤ 3
(g ◦ f )(x) = g(x2 ) = .
x2 − 3 , se x2 > 3
Assim, 

 x−2 , se x>2

 2x + 1 , se 0≤x≤2
(g ◦ f )(x) = √ .

 2x2 − 1 , se − 3≤x<0

 2 √
x −3 , se x<− 3
É deixado como exercı́cio para o leitor o cálculo de (f ◦ g)(x), (f ◦ f )(x) e (g ◦ g)(x).

Propriedades 58 Sejam A, B e C conjuntos não vazios e f : A −→ B e g : B −→ C funções.


Então:
a) Se X ⊆ A, então (g ◦ f )(X) = g(f (X)).
b) Se W ⊆ C, então (g ◦ f )−1 (W ) = f −1 (g −1 (W )).
c) f ◦ IdA = f e IdB ◦ f = f .
d) Se D é um conjunto não vazio e h : C −→ D é uma função, então (h ◦ g) ◦ f = h ◦ (g ◦ f ).

12
e) Se f e g são injetoras, então g ◦ f também é.
f ) Se f e g são sobrejetoras, então g ◦ f também é.
g) Se f e g são bijetoras, então g ◦ f também é.
h) Se g ◦ f é injetora, então f é injetora.
i) Se g ◦ f é sobrejetora, então g é sobrejetora.

dem a) Temos f (X) = {f (x) | x ∈ X} e daı́

g(f (X)) = {g(y) | y ∈ f (X)} = {g(f (x)) | x ∈ X} = {(g ◦ f )(x) | x ∈ X} = (g ◦ f )(X).

b) Se x ∈ (g ◦ f )−1 (W ), então g(f (x)) ∈ W e assim f (x) ∈ g −1 (W ). Logo, x ∈ f −1 (g −1 (W )),


donde (g ◦ f )−1 (W ) ⊆ f −1 (g −1 (W )).
Por outro lado, se x ∈ f −1 (g −1 (W )), então f (x) ∈ g −1 (W ) e daı́ g(f (x)) ∈ W . Logo,
x ∈ (g ◦ f )−1 (W ). Temos então (g ◦ f )−1 (W ) = f −1 (g −1 (W )).
c) Se a ∈ A, então (f ◦ IdA )(a) = f (IdA (a)) = f (a) e (IdB ◦ f )(a) = IdB (f (a)) = f (a).
d) Se x ∈ A, então [(h ◦ g) ◦ f ](x) = (h ◦ g)(f (x)) = h(g(f (x))) = h((g ◦ f )(x)) = [h ◦ (g ◦ f )](x).
Logo, (h ◦ g) ◦ f = h ◦ (g ◦ f ).
e), f), g) e h) Exercı́cios para o leitor. 

Observação 59 Em geral tem-se f ◦ g ̸= g ◦ f . Tomando as funções f , g : IR −→ IR, definidas


por f (x) = x2 e g(x) = 2x, temos (f ◦ g)(x) = 4x2 e (g ◦ f )(x) = 2x2 .

Definição 60 Seja f : A −→ B uma função. Dizemos que f é inversı́vel se existe g : B −→ A


tal que f ◦ g = IdB e g ◦ f = IdA .

Mostremos primeiramente que se tal função G : B −→ A existe, então ela é única. De fato,
suponhamos g1 : B −→ A satisfazendo f ◦ g1 = IdB e g1 ◦ f = IdA . Temos então f ◦ g1 = f ◦ g
e daı́ g1 ◦ (f ◦ g1 ) = g1 ◦ (f ◦ g). Portanto, (g1 ◦ f ) ◦ g1 = (g1 ◦ f ) ◦ g e, como g1 ◦ f = IdA , temos
IdA ◦ g1 = IdA ◦ g, ou seja, g1 = g.
Sendo f : A −→ B inversı́vel, a única função g : B −→ A que satisfaz f ◦ g = IdB e
g ◦ f = IdA é chamada de função inversa de f e é denotada por f −1 . Assim,

f ◦ f −1 = IdB e f −1 ◦ f = IdA .

Exemplo 61 Sejam A = {a, b, c, d} e B = {1, 2, 3, 4}. Sendo f : A −→ B, definida por


f (a) = 2, f (d) = 1, f (b) = 4 e f (c) = 3, tomemos g : B −→ A, definida por g(2) = a, g(1) = d,
g(4) = b e g(3) = c, satisfaz g ◦ f = IdA e f ◦ g = IdB . Logo, f é inversı́vel e f −1 = g.

Exemplo 62 Sendo h : IR −→ IR definida por h(x) = x + 1, temos que a função d : IR −→ IR,


definida por d(x) = x − 1 satisfaz h ◦ d = d ◦ h = IdIR . Logo, h é inversı́vel e h−1 = d.

13
Sendo f : A −→ B uma função inversı́vel, temos f −1 : B −→ A. Se x ∈ A, y ∈ B e
y = f (x), temos
x = IdA (x) = (f −1 ◦ f )(x) = f −1 (f (x)) = f −1 (y).
Por outro lado, se x = f −1 (y), então

y = IdB (y) = (f ◦ f −1 )(y) = f (f −1 (y)) = f (x).

Resumindo, temos
y = f (x) ⇐⇒ x = f −1 (y).

Teorema 63 Seja f : A −→ B uma função. Então, f é inversı́vel se, e somente se, f bijetora.

Demonstração. Suponhamos que f é inversı́vel. Então existe f −1 : B −→ A tal que f ◦ f −1 =


IdB e f −1 ◦ f = IdA . Dado y ∈ b, temos y = (f ◦ f −1 )(y) = f (f −1 (y)). Tomando a = f −1 (y),
temos a ∈ A e f (a) = y. Logo, f é sobrejetora.
Supondo agora x1 , x2 ∈ A tais que f (x1 ) = f (x2 ), devemos ter f −1 (f (x1 )) = f −1 (f (x2 )).
Como f −1 ◦ f = IdA , temos x1 = x2 e daı́ concluı́mos que f é injetora.
Reciprocamente, suponhamos f bijetora. Por hipótese, cada elemento de B é imagem por
f de um único elemento de A. Assim, tomemos g : B −→ A definida da seguinte forma: para
cada b ∈ B, g(b) é o elemento de A cuja imagem por f é igual a b. Assim, f (g(b)) = b, donde
f ◦ g = IdB .
Fixado x ∈ A, arbitrário, seja y = f (x). Daı́, y ∈ B e g(y) = x (por definição de g), donde
(g ◦ f )(x) = g(f (x)) = g(y) = x. Portanto, g ◦ f = IdA .

Exemplo 64 Sendo A um conjunto não vazio qualquer, vemos facilmente que IdA é bijetora
e Id−1
A = IdA .

Exemplo 65 Considere as funções f , g : Z −→ Z definidas por


{
n − 1 , se n é par
f (n) = −n e g(n) = .
n + 1 , se n é ı́mpar

Observa-se facilmente que são ambas bijetoras e, portanto, inversı́veis. Ademais, f −1 = f e


g −1 = g.

Exemplo 66 A função
h IR −→ IR
x 7−→ h(x) = x + 2
é bijetora. Temos h−1 : IR −→ IR e, para cada x ∈ IR, x = (h ◦ h−1 )(x) = h(h−1 (x)) =
h−1 (x) + 2, donde h−1 (x) = x − 2.

14
Exemplo 67 Considere os conjuntos A = {a, b}, B = {a, x, y} e I = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. A função
g : A × B −→ I, definida por g(a, a) = 1, g(a, x) = 4, g(a, y) = 5, g(b, a) = 3, g(b, x) = 2 e
g(b, y) = 6, é bijetora. Sua inversa g −1 : I −→ A×B é dada por g −1 (1) = (a, a), g −1 (2) = (b, x),
g −1 (3) = (b, a), g −1 (4) = (a, x), g −1 (5) = (a, y) e g −1 (6) = (b, y).

Exemplo 68 A função

F IR2 −→ IR2
(x, y) 7−→ F (x, y) = (2y, x − y)

é bijetora. Dado (x, y) ∈ IR2 e (a, b) = F −1 (x, y), temos

(x, y) = (F ◦ F −1 )(x, y) = F (F −1 (x, y)) = F (a, b) = (2a, a − b)

e assim 2b = x e a − b = y. Logo, F −1 (x, y) = (a, b) = (y + (x/2), x/2).

Exemplo 69 A função g : IR −→ IR, definida por


{ 2
x + 1 , se x ≥ 0
g(x) = x
+ 1 , se x < 0
3
é bijetora. Para obter a inversa de g, observemos primriramente que g([0, ∞) = [1, ∞) e
g((−∞, 0)) = (−∞, 1). Assim, para x ∈ IR, com x ≥ 1, temos g −1 (x) ≥ 0 e daı́ x =

g(g −1 (x)) = (g −1 (x))2 + 1, donde segue que g −1 (x) = x − 1. Para x ∈ IR, com x < 1, temos
g −1 (x) < 0 e daı́ x = g(g −1 (x)) = (g −1 (x)/3) + 1, donde segue que g −1 (x) = 3x − 3. Temos
então { √
x − 1 , se x ≥ 1
g −1 (x) = .
3x − 3 , se x < 1

Exemplo 70 Considerando a função h : N −→ Z definida por




 n−1

 2 , se n é ı́mpar
h(n) =



 −
n
, se n é par
2
{
2n + 1 , se n ≥ 0
temos que h é bijetora e h−1 : Z −→ N é dada por h−1 (n) = .
−2n , se n < 0

Observação 71 Sendo f : A −→ B uma função bijetora, observamos que:


a) Se Y ⊆ B, então f −1 (Y ) = {f −1 (y) | y ∈ Y }.
b) Gr(f −1 ) = {(y, x) ∈ B × A | (x, y) ∈ Gr(f )}.

15
Definição 72 Seja f : A −→ B uma função. Dizemos que uma função g : B −→ A é:
a) Uma inversa à direita de f se f ◦ g = IdB .
b) Uma inversa à esquerda de f se g ◦ f = IdA .

Exemplo 73 Se f é bijetora, então f −1 é tanto inversa à direita quanto inversa à esquerda de


f.

Exemplo 74 A função
f : N −→ Z
n 7−→ f (n) = 2n
possui inversa à esquerda. De fato, observe que g : Z −→ N, definida por
 x


 2 , se x é par
f (x) =


 3 , se x é ı́mpar

satisfaz g ◦ f = IdN .

Exemplo 75 Considere C = {−1, 0, 1} e a função h : IR −→ C, definida por




 −1 , se x < 0
h(x) = 0 , se x = 0


1 , se x > 0

possui inversa à direita. Observe que a função h1 : C −→ IR definida por h(−1) = −5, h(0) = 0
e h(1) = 2, satisfaz h ◦ h1 = IdC .

Observação 76 Nos dois últimos exemplos, observe que f possui outras inversas à esquerda
e que h possui outras inversas à direita.

Teorema 77 Seja f : A −→ B uma função. Então:


a) f possui inversa à direita ⇐⇒ f é sobrejetora.
b) f possui inversa à esquerda ⇐⇒ f é injetora.
c) Se g, h : B −→ A são funções tais que g ◦ f = IdA e f ◦ g = IdB , então g = h = f −1 .

Demonstração. a) Suponhamos que f possui inversa à direita, isto é, h : B −→ A tal que
f ◦ h = IdB . Dado y ∈ b, temos que y = (f ◦ h)(y) = f (h(y)). Como h(y) ∈ A e f (h(y)) = y,
concluı́mos que f é sobrejetora.
Suponhamos agora que f é sobrejetora. Então, dado b ∈ B, temos que f −1 ({b}) é não
vazio. Assim, definamos h : B −→ A de modo que h(b) ∈ f −1 ({b}). Temos então (f ◦ h)(b) =
f (h(b)) = b para todo b ∈ B, donde f ◦ h = IdB .

16
b) Suponhamos que f possui inversa à esquerda, isto é, g : B −→ A tal que g ◦ f = IdA .
Dados x1 , x2 ∈ A tais que f (x1 ) = f (x2 ), devemos ter g(f (x1 )) = g(f (x2 )), donde segue que
x1 = (g ◦ f )(x1 ) = (g ◦ f )(x2 ) = x2 .Logo, f é injetora.
Suponhamos agora f injetora. Fixado a0 ∈ A, consideremos a função g : B −→ A definida
da seguinte forma:
- Sendo b ∈ Im f , g(b) é igual ao único elemento pertencente a f −1 ({b});
- Sendo b ∈ B − (Im f ), g(b) = a0 . Nestas condições, para todo a ∈ A temos (g ◦ f )(a) =
g(f (a)) = a e assim g ◦ f = IdA .
c) Como g ◦ f = IdA , temos (g ◦ f ) ◦ h = IdA ◦ h = h. Mas, (g ◦ f ) ◦ h = g ◦ (f ◦ h) e f ◦ h = IdB .
Logo,
h = (g ◦ f ) ◦ h = g ◦ (f ◦ h) = g ◦ IdB = g.
Daı́, g ◦ f = IdA e f ◦ g = f ◦ h = IdB , e portanto concluı́mos que f é inversı́vel e g = f −1 . 

17
OPERAÇÕES BINÁRIAS

Definição 78 Seja A um conjunto não vazio. Uma operação (binária) em A é uma aplicação

∗ : A × A −→ A
.
(a, b) 7−→ a ∗ b

Lemos “a ∗ b” como a operado com b ou a estrela b.

Exemplo 79 As operações usuais de adição e multiplicação no conjunto N dos números natu-


rais:
+ N × N −→ N · : N × N −→ N
e .
(n, m) 7−→ n + m (n, m) 7−→ nm
Também temos as operações de adição e multiplicação usuais nos conjuntos Z (dos números
inteiros), Q (dos números racionais), IR (dos números reais) e C (dos números complexos).

Exemplo 80 Fixado n ∈ N, considere o conjunto Mn (IR) de todas as matrizes n × n com


entradas reais. Neste conjunto temos as operações de adição e multiplicação usuais de matrizes:

+ Mn (IR) × Mn (IR) −→ Mn (IR) · : Mn (IR) × Mn (IR) −→ Mn (IR)


e .
(A, B) 7−→ A + B (A, B) 7−→ AB

Exemplo 81 Sendo A um conjunto não vazio, considere o conjunto F(A) de todas as funções
de A em A. Neste conjunto, temos a operação de composição de funções:

◦ : F(A) × F (A) −→ F (A)


.
(f, g) 7−→ f ◦ g

Exemplo 82 Considere o conjunto Z+ = {n ∈ Z | n ≥ 0}. A aplicação

∗ : Z+ × Z+ −→ Z+
(x, y) 7−→ x ∗ y = |x − y|

é uma operação no conjunto Z+ .

Exemplo 83 Seja A um conjunto e fixemos um elemento c ∈ A. Definimos a operação cons-


tante igual a c da seguinte forma:

∗ : A × A −→ A
(x, y) 7−→ x ∗ y = c

18
Exemplo 84 No conjunto A = {a} há apenas uma operação possı́vel: ∗ : A × A −→ A,
definida por a ∗ a = a.
Considerando agora o conjunto B = {x, y}, temos que em B podemos definir exatamente
16 operações distintas (fica como exercı́cio para o leitor encontrar todas essas operações).

Exemplo 85 Sendo X um conjunto, considere o conjunto P(X) das partes de X (isto é, o
conjunto de todos os subconjuntos de X). Temos que a união e a interseção de conjuntos:

∪ : P(X) × P(X) −→ P(X) ∩ : P(X) × P(X) −→ P(X)


e
(A, B) 7−→ A ∪ B (A, B) 7−→ A ∩ B

são exemplos de operações em P(X).

Exemplo 86 Sendo P um conjunto totalmente ordenado, podemos definir em P as operações


de máximo e mı́nimo:

∨ : P × P −→ P ∧ : P × P −→ P
e .
(x, y) 7−→ x ∨ y = max{x, y} (x, y) 7−→ x ∧ y = min{x, y}

Exemplo 87 Seja n ∈ Z, com n ≥ 1, e considere o conjunto Zn = {0, 1, . . . , n − 1}. Dado


a ∈ Z, tomando rn (a) como sendo o resto da divisão de a por n, temos que rn (a) ∈ Zn .
Definimos em Zn as operações de adição e multiplicação módulo n, denotadas respectivamente
por “ ⊕ ” e “ ⊙ ”:

⊕ : Zn × Zn −→ Zn ⊙ : Zn × Zn −→ Zn
e .
(a, b) 7−→ a ⊕ b = rn (a + b) (a, b) 7−→ a ⊙ b = rn (ab)

Definição 88 Seja “ ∗ ” uma operação num conjunto A. Definimos:


a) a1 ∗ a2 ∗ a3 := (a1 ∗ a2 ) ∗ a3 ,
a1 ∗ a2 ∗ a3 ∗ a4 := (a1 ∗ a2 ∗ a3 ) ∗ a4 = ((a1 ∗ a2 ) ∗ a3 ) ∗ a4 ,
e indutivamente, a1 ∗ a2 ∗ . . . an−1 ∗ an := (a1 ∗ a2 ∗ . . . ∗ an−1 ) ∗ an
para n ≥ 3 e a1 , a2 , . . . , an ∈ A.
| ∗ .{z
b) an := a . . ∗ a} , para n ∈ N e a ∈ A.
n vezes

É importante observar que quando denotamos a operação por “+” (notação aditiva), usamos
a notação na ao invés de an .

Tábua de uma operação


Sejam A = {a1 , . . . , an } um conjunto finito e “ ∗ ” uma operação em A. Definimos a tábua
da operação “ ∗ ” como sendo a tabela:

19
∗ a1 ... aj ... an
a1 a1 ∗ a1 ... a1 ∗ aj ... a1 ∗ an
.. .. .. ..
. . . .
ai ai ∗ a1 ... ai ∗ aj ... ai ∗ an
.. .. .. ..
. . . .
an an ∗ a1 ... an ∗ aj ... an ∗ an

Exemplo 89 Sendo A = {a, b}, temos P(A) = {∅, {a}, {b}, A}. Tábua da operação de in-
terseção em P(A):

∩ ∅ {a} {b} A
∅ ∅ ∅ ∅ ∅
{a} ∅ {a} ∅ {a}
{b} ∅ ∅ {b} {b}
A ∅ {a} {b} A

Exemplo 90 Tábua da operação “ ⊕ ” em Z5 = {0, 1, 2, 3, 4}:

⊕ 0 1 2 3 4
0 0 1 2 3 4
1 1 2 3 4 0
2 2 3 4 0 1
3 3 4 0 1 2
4 4 0 1 2 3

Associatividade e Comutatividade

Definição 91 Sejam A um conjunto e “ ∗ ” uma operação em A. Dizemos que:


a) “ ∗ ” é associativa se (a ∗ b) ∗ c = a ∗ (b ∗ c) para quaisquer a, b, c ∈ A.
b) “ ∗ ” é comutativa se a ∗ b = b ∗ a para quaisquer a, b ∈ A.

Exemplo 92 As operações usuais de adição e multiplicação nos conjuntos Z, Q, IR e C são


associativas e comutativas.

Exemplo 93 Seja M2 (IR) o conjunto de todas as matrizes 2 × 2 com entradas reais. Temos
que a multiplicação usual de matrizes
( em
) M2 (IR) (
é associativa.
) Observe que esta operação não
1 0 1 0
é comutativa, pois sendo A = e B= , temos AB ̸= BA.
0 0 1 1

20
Exemplo 94 Considere no conjunto Z+ = {n ∈ Z | n ≥ 0} a operação

∗ : Z+ × Z+ −→ Z+
.
(x, y) 7−→ x ∗ y = |x − y|

Observando que
(2 ∗ 3) ∗ 4 = 1 ∗ 4 = 3 ̸= 1 = 2 ∗ 1 = 2 ∗ (3 ∗ 4)
concluı́mos que “ ∗ ” não é associativa. Quanto à comutatividade, sendo a, b ∈ Z+ , temos que
|a − b| = |b − a|, ou seja, a ∗ b = b ∗ a, e portanto “ ∗ ” é comutativa.

Exemplo 95 Considere no conjunto Q∗ = Q − {0} a operação de divisão:

/ : Q∗ × Q∗ −→ Q∗
.
(a, b) 7−→ a/b

Esta operação não é associativa nem comutativa. De fato, não é comutativa, pois 1/2 ̸= 2/1; e
não é associativa, pois (2/3)/6 = 1/9 ̸= 4 = 2/(3/6).

Exemplo 96 Seja n ∈ Z, com n ≥ 1, e considere o conjunto Zn = {0, 1, . . . , n − 1} e as


operações “ ⊕ ” e “ ⊙ ”, definidas no Exemplo 87. Dados a, b ∈ Zn , sabemos que a + b = b + a
e ab = ba, e assim

a ⊕ b = rn (a + b) = rn (b + a) = b ⊕ a e a ⊙ b = rn (ab) = rn (ba) = b ⊙ a.

Logo, essas operações são comutativas.


Quanto à associatividade, observemos primeiramente que rn (x) ≡ x (mod n) para todo
x ∈ Z. Assim, dados a, b, c ∈ Zn , temos a ⊕ b ≡ a + b (mod n) e assim

(a ⊕ b) ⊕ c ≡ (a ⊕ b) + c ≡ (a + b) + c (mod n).

De modo análogo se mostra que a ⊕ (b ⊕ c) ≡ a + (b + c) (mod n). Como (a + b) + c = a + (b + c),


temos (a ⊕ b) ⊕ c ≡ a ⊕ (b ⊕ c) (mod n) e daı́ segue que (a ⊕ b) ⊕ c = a ⊕ (b ⊕ c), uma vez
que (a ⊕ b) ⊕ c, a ⊕ (b ⊕ c) ∈ Zn . Logo, “ ⊕ ” é associativa, e de modo inteiramente análogo se
mostra que “ ⊙ ” é associativa.

Exemplo 97 Considere a seguinte operação no conjunto IR2 :

∗ : IR2 × IR2 −→ IR2


.
((a, b), (c, d)) 7−→ (a, b) ∗ (c, d) = (ac, ad)

Temos que esta operação é associativa. De fato, dados (a, b), (c, d), (e, f ) ∈ IR2 , temos

((a, b) ∗ (c, d)) ∗ (e, f ) = (ac, ad) ∗ (e, f ) = (ace, acf ) = (a, b) ∗ (ce, cf ) = (a, b) ∗ ((c, d) ∗ (e, f )).

21
Observemos agora que “ ∗ ” não é comutativa. De fato, para (a, b), (c, d) ∈ IR2 , temos

(a, b) ∗ (c, d) = (ac, ad) e (c, d) ∗ (a, b) = (ca, db).

Tomando então a, b, c, d ∈ IR tais que d ̸= 0 e a ̸= b, temos claramente que (a, b) ∗ (c, d) ̸=


(c, d) ∗ (a, b).

Proposição 98 Sejam “∗” uma operação associativa num conjunto A e a, a1 , a2 , . . . , an ∈ A,


com n ≥ 3. Então:
a) a1 ∗ . . . ∗ an = (a1 ∗ . . . ∗ ar ) ∗ (ar+1 ∗ . . . ∗ an ) para todo r = 1, 2, . . . , n − 1.
b) an ∗ am = an+m para quaisquer n, m ∈ N.

Demonstração. a) Para n = 3 o resultado é imediato da definição de associatividade. Supo-


nhamos que o resultado vale para algum n ≥ 3, ou seja, que

a1 ∗ . . . ∗ an = (a1 ∗ . . . ∗ ar ) ∗ (ar+1 ∗ . . . ∗ an )

para todo r = 1, 2, . . . , n − 1. Tomemos então a1 , . . . , an , an+1 ∈ A e consideremos r ∈


{1, . . . , n}. Para r = n, observamos que (a1 ∗ . . . ∗ an ) ∗ an+1 = a1 ∗ . . . ∗ an+1 vale por definição.
Se r < n, temos

(a1 ∗ . . . ∗ ar ) ∗ (ar+1 ∗ . . . ∗ an ∗ an+1 ) = (a1 ∗ . . . ∗ ar ) ∗ [(ar+1 ∗ . . . ∗ an ) ∗ an+1 ] =

[(a1 ∗ . . . ∗ ar ) ∗ (ar+1 ∗ . . . ∗ an )] ∗ an+1 = [a1 ∗ . . . ∗ an ] ∗ an+1 = a1 ∗ . . . ∗ an ∗ an+1


sendo a penúltima igualdade decorrente da hipótese de indução e a última válida por definição.

b) Pelo item (a), dados n, m ∈ N, temos

| ∗ .{z
an+m = a . . ∗ a} = a
| ∗ .{z
. . ∗ a} ∗ a
| ∗ .{z
. . ∗ a} = an ∗ am .
n+m n m

Elemento Neutro

Definição 99 Sejam A um conjunto e “ ∗ ” uma operação em A. Dizemos que um elemento


e ∈ A é:
a) um elemento neutro à direita para “ ∗ ” se x ∗ e = x para todo x ∈ A.
b) um elemento neutro à esquerda para “ ∗ ” se e ∗ x = x para todo x ∈ A.
c) um elemento neutro de “ ∗ ” se é elemento neutro à direita e à esquerda para “ ∗ ”, isto é, se
x ∗ e = e ∗ x = x para todo x ∈ A.

22
Exemplo 100 O número 0 é elemento neutro para a adição usual nos conjuntos numéricos Z,
Q, IR e C. O número 1 é elemento neutro para a multiplicação usual nos conjuntos numéricos
Z, Q, IR e C.

Exemplo 101 O produto usual de matrizes, definido em Mn (IR), possui elemento neutro, o
qual é a matriz identidade n × n.

Exemplo 102 Sejam A um conjunto não vazio e F(A) o conjunto de todas as funções de A em
A. A operação de composição de funções possui elemento neutro em F(A), o qual é a função
identidade.

Exemplo 103 Sendo X um conjunto, considere no conjunto P(X) as operações de união e


interseção de conjuntos (veja o Exemplo 85). Temos que essas operações possuem elemento
neutro em P(X), sendo ∅ o elemento neutro da união e X o elemento neutro da interseção.

Exemplo 104 Considere a operação de produto vetorial em IR3 :

× : IR3 × IR3 −→ IR3


.
(u, v) 7−→ u × v
Esta operação não possui elemento neutro, nem à direita e nem à esquerda. De fato, supondo
que e ∈ IR3 é um elemento neutro à direita do produto vetorial, temos u × e = u para todo
u ∈ IR3 . Segue daı́ que u ⊥ u para todo u ∈ IR3 , o que é um absurdo. Analogamente, se mostra
que não há elemento neutro à esquerda para “ × ”.

Exemplo 105 Seja A um conjunto não vazio e defina em A as seguintes operações:

∗ : A × A −→ A △: A × A −→ A
e .
(x, y) 7−→ x ∗ y = y (x, y) 7−→ x △ y = x
Observe que todo elemento do conjunto A é elemento neutro à esquerda para a operação
“ ∗ ”. Também se observa que todo elemento do conjunto A é elemento neutro à direita para
a operação “ △ ”. Por outro lado, a menos que A seja unitário, nem “ ∗ ” tem elemento neutro
à direita, nem “ △ ” tem elemento neutro à esquerda.

Exemplo 106 Considere a operação “ ∗ ” no conjunto IR2 , definida no Exemplo 97 (a saber,


(a, b) ∗ (c, d) = (ac, ad)). Temos que todos os elementos da forma (1, y), com y ∈ IR, são
elementos neutros à esquerda para “ ∗ ”. De fato, dado (a, b) ∈ IR2 , temos (1, y) ∗ (a, b) =
(1a, 1b) = (a, b).
Por outro lado, esta operação não possui elemento neutro à direita. De fato, supondo
(e1 , e2 ) ∈ IR2 um elemento neutro à direita, terı́amos (a, b) = (a, b) ∗ (e1 , e2 ) = (ae1 , ae2 ) para
todo (a, b) ∈ IR2 . Assim, deverı́amos ter e1 = 1 e b = ae2 . Mas, b = ae2 nos daria um absurdo,
pois a e b são números reais arbitrários e e2 é fixo.

23
Proposição 107 Sejam A um conjunto e “ ∗ ” uma operação em A. Valem:
a) Se “ ∗ ” possui algum elemento neutro à direita e algum elemento neutro à esquerda, estes
devem ser iguais.
b) Se “ ∗ ” possui elemento neutro, este deve ser único.
c) Se “∗” é comutativa, então um elemento neutro à esquerda deve ser também elemento neutro
à direita, e vice-versa.

Demonstração. a) Sejam e1 , e2 ∈ A elementos neutros à direita e à esquerda para “ ∗ ”,


respectivamente. Por um lado temos que e2 ∗ e1 = e2 , pois e1 é elemento neutro à direita para
“ ∗ ”, e por outro temos que e2 ∗ e1 = e2 , uma vez que e2 é elemento neutro à esquerda de “ ∗ ”.
Logo, e1 = e2 .
b) É imediato do ı́tem anterior.
c) Imediato. 

Elementos Simetrizáveis

Definição 108 Sejam A um conjunto e “ ∗ ” uma operação com elemento neutro em A (deno-
temos por “e” o elemento neutro). Dizemos que um elemento x ∈ A é:
a) simetrizável à direita em relação a “∗” se existe y ∈ A tal que x∗y = e. Neste caso, dizemos
que y é um simétrico à direita de x em relação a “ ∗ ”.
b) simetrizável à esquerda em relação a “ ∗ ” se existe z ∈ A tal que z ∗ x = e. Neste caso,
dizemos que z é um simétrico à esquerda de x em relação a “ ∗ ”.
c) simetrizável em relação a “ ∗ ” se existe x′ ∈ A tal que x ∗ x′ = x′ ∗ x = e. Neste caso,
dizemos que x′ é um simétrico de x em relação a “ ∗ ”.

Sendo “ ∗ ” uma operação com elemento neutro num conjunto A, denotaremos por U (A, ∗)
o conjunto dos elementos simetrizáveis de A em relação a “ ∗ ”. Observe que sendo e o elemento
neutro desta operação, tem-se que e ∈ U (A, ∗).

Exemplo 109 Sejam A um conjunto e “ ∗ ” uma operação com elemento neutro em A. Temos
que se x ∈ U (A, ∗) e x′ ∈ A é um simétrico de x em relação a “ ∗ ”, então x′ ∈ U (A, ∗) e x é
um simétrico de x′ em relação a “ ∗ ”.

Exemplo 110 Considere o conjunto F(Z) de todas as funções de Z em Z e a operação de


composição de funções em F(Z). Considere também f ∈ F(Z), definida por f (n) = 2n.
Tomando agora g, h ∈ F (Z) definidas por
 n  n

 , se n é par 

 2  2 , se n é par
g(n) = e h(n) =

 

 0 , se n é ı́mpar  n , se n é ı́mpar

24
observemos que g ◦ f = h ◦ f = IdZ , ou seja, g e h são simétricos à esquerda de f em relação a
“ ◦ ” (lembrando que a aplicação identidade, IdA , é o elemento neutro de “ ◦ ”). Como f não é
sobrejetora, temos que f não possui simétrico à direita em relação a “ ◦ ”.

Exemplo 111 Fixado n ∈ N, considere o produto usual de matrizes no conjunto Mn (IR).


Temos que U (Mn (IR), ·) = {X ∈ Mn (IR) | det X ̸= 0}.
Por outro lado, observa-se que se X ∈ Mn (IR) é tal que det X = 0, então X não possui
simétrico nem à direita e nem à esquerda em relação ao produto usual de matrizes.

Exemplo 112 Considere o conjunto A = {e, a, b, c, d} e a operação “ ∗ ” definida por:

∗ e a b c d
e e a b c d
a a d e e d
b b e b d d
c c e b b d
d d a d b c
Observe que e é o elemento neutro de “ ∗ ”. Temos que b e c são simétricos de a em relação a
“ ∗ ”.

Proposição 113 Seja “ ∗ ” uma operação associativa com elemento neutro num conjunto A
(denotemos por “e” o elemento neutro). Então:
a) Se a ∈ A é simetrizável em relação a “ ∗ ”, então a possui um único simétrico em relação a
“ ∗ ”.
b) Sendo a ∈ A, temos que a é simetrizável em relação a “ ∗ ” se, e somente se, a é simetrizável
à direita e à esquerda em relação a “ ∗ ”.
c) Se a, b ∈ U (A, ∗), então a ∗ b ∈ U (A, ∗).

Demonstração. a) Suponhamos a′ , a1 ∈ A simétricos de a em relação a “ ∗ ”. Então,

a ∗ a′ = a′ ∗ a = e e a ∗ a1 = a1 ∗ a = e.

Logo, temos a ∗ a′ = a ∗ a1 e

a ∗ a′ = a ∗ a1 =⇒ a′ ∗ (a ∗ a′ ) = a′ ∗ (a ∗ a1 ) =⇒

(a′ ∗ a) ∗ a′ = (a′ ∗ a) ∗ a1 =⇒ e ∗ a′ = e ∗ a1 =⇒ a′ = a1 .
b) Supondo que a é simetrizável à direita e à esquerda em relação a “ ∗ ”, temos a1 , a2 ∈ A tais
que a ∗ a1 = e e a2 ∗ a = e. Então,

a2 = a2 ∗ e = a2 ∗ (a ∗ a1 ) = (a2 ∗ a) ∗ a1 = e ∗ a1 = a1 .

25
A recı́proca é imediata (e observe que não depende da hipótese de associatividade).
c) Sendo a, b ∈ U (A, ∗), denotemos por a−1 e b−1 os simétricos de a e b, respectivamente, em
relação à operação “ ∗ ”. Tomando c = b−1 ∗ a−1 , temos

(a ∗ b) ∗ c = (a ∗ b) ∗ (b−1 ∗ a−1 ) = a ∗ (b ∗ b−1 ) ∗ a−1 = a ∗ e ∗ a−1 = a ∗ a−1 = e

e também

c ∗ (a ∗ b) = (b−1 ∗ a−1 ) ∗ (a ∗ b) = b−1 ∗ (a−1 ∗ a) ∗ b = b−1 ∗ e ∗ b = b−1 ∗ b = e.

Logo, a ∗ b ∈ U (A, ∗), sendo b−1 ∗ a−1 o simétrico de a ∗ b em relação a “ ∗ ”. 

Elementos Regulares

Definição 114 Sejam A um conjunto, “ ∗ ” uma operação em A e a ∈ A. Dizemos que a é:


a) regular à direita em relação a “ ∗ ” se para x, y ∈ A vale a implicação:

x ∗ a = y ∗ a =⇒ x = y.

b) regular à esquerda em relação a “ ∗ ” se para x, y ∈ A vale a implicação:

a ∗ x = a ∗ y =⇒ x = y.

c) regular em relação a “ ∗ ” se é regular à direita e à esquerda em relação a “ ∗ ”.

Denotamos por R(A, ∗) o conjunto de todos os elementos de A que são regulares em relação
à operação “ ∗ ”.

Exemplo 115 Todo número inteiro é regular em relação à adição usual. Em relação à multi-
plicação usual de números inteiros, apenas o número 0 não é regular.

Exemplo 116 Considere a operação

∗ : Z+ × Z+ −→ Z+
.
(x, y) 7−→ x ∗ y = |x − y|
Em relação a esta operação, apenas o elemento 0 é regular.

Exemplo 117 Seja “ ∗ ” uma operação num conjunto A. Se “ ∗ ” possui elemento neutro à
esquerda (resp. à direita), então este elemento è regular à esquerda (resp. à direira) em relação
a “ ∗ ”.

Exemplo 118 Fixado n ∈ N, considere o produto usual de matrizes no conjunto Mn (IR).


Temos que R(Mn (IR), ·) = {X ∈ Mn (IR) | det X ̸= 0}.
Por outro lado, observa-se que se X ∈ Mn (IR) é tal que det X = 0, então X não é regular
nem à direita e nem à esquerda em relação ao produto usual de matrizes.

26
Proposição 119 Seja “ ∗ ” uma operação associativa num conjunto A. Então:
a) Se “ ∗ ” possui elemento neutro, então U (A, ∗) ⊆ R(A, ∗).
b) Se a, b ∈ R(A, ∗), então a ∗ b ∈ R(A, ∗).

x = y Demonstração. a) Seja e o elemento neutro. Sendo a ∈ U (A, ∗), considere a−1 ∈ A como
sendo o simétrico de a me relação a “ ∗ ”. Para x, y ∈ A, temos:

x ∗ a = y ∗ a =⇒ (x ∗ a) ∗ a−1 = (y ∗ a) ∗ a−1 =⇒

x ∗ (a ∗ a−1 ) = y ∗ (a ∗ a−1 ) =⇒ x ∗ e = y ∗ e =⇒ x = y
e também
a ∗ x = a ∗ y =⇒ a−1 ∗ (a ∗ x) = a−1 ∗ (a ∗ y) =⇒
(a−1 ∗ a) ∗ x = (a−1 ∗ a) ∗ y =⇒ e ∗ x = e ∗ y =⇒ x = y.
Logo, a é um elemento regular em relação a “ ∗ ”.
b) Para x, y ∈ A, temos

x ∗ (a ∗ b) = y ∗ (a ∗ b) =⇒ (x ∗ a) ∗ b = (y ∗ a) ∗ b =⇒ x ∗ a = y ∗ a =⇒ x = y

e assim temos que a ∗ b é regular à direita em relação a “ ∗ ”. De modo análogo se mostra que
para x, y ∈ A vale a implicação: a ∗ x = a ∗ y =⇒ x = y. Logo, a ∗ b também é regular à
esquerda em relação a “ ∗ ” e assim a ∗ b ∈ R(A, ∗). 

Distributividade

Definição 120 Sejam “ ∗ ” e “ · ” operações num mesmo conjunto A. Dizemos que:


a) “ · ” é distributiva à direita de “ ∗ ” se (a ∗ b) · c = (a · c) ∗ (b · c) para quaisquer a, b, c ∈ A.
b) “ · ” é distributiva à esquerda de “ ∗ ” se a · (b ∗ c) = (a · b) ∗ (a · c) para quaisquer a, b, c ∈ A.
c) “ · ” é distributiva em relação a “ ∗ ” se “ · ” é distributiva à direita e à esquerda de “ ∗ ”.

Sendo “ ∗ ” e “ · ” operações num mesmo conjunto A, sendo “ · ” comutativa, observa-se


facilmente que “ · ” é distributiva à direita de “ ∗ ” se, e somente se, é distributiva à esquerda
de “ ∗ ”.

Exemplo 121 No conjunto IR, a multiplicação usual é distributiva em relação adição usual.
No entanto, observa-se que a adição não é distributiva em relação à multiplicação.

Exemplo 122 Sendo n ∈ N, a multiplicação usual do conjunto Mn (IR) é distributiva em


relação à adição usual deste conjunto.

27
Exemplo 123 Considere o conjunto F(IR) de todas as funções de IR em IR, e as operações de
adição (definida por (f + g)(x) = f (x) + g(x)) e composição de funções. Dadas f , g, h ∈ F (IR),
temos

[(f +g)◦h](x) = (f +g)(h(x)) = f (h(x))+g(h(x)) = (f ◦h)(x)+(g ◦h)(x) = ((f ◦h)+(g ◦h))(x)

para todo x ∈ IR, ou seja, (f + g) ◦ h = (f ◦ h) + (g ◦ h). Logo, a composição é distributiva à


direita da adição.
Por outro lado, sendo c1 ∈ F(IR) a função constante igual a 1 temos que

[c1 ◦ (f + g)](x) = 1 ̸= 1 + 1 = (c1 ◦ f )(x) + (c1 ◦ g)(x)

para x ∈ IR e f , g ∈ F(IR). Logo, a composição não é distributiva à esquerda da adição em


F(IR).

Exemplo 124 Toda operação constante é distributiva em relação a si própria.

Exemplo 125 Seja A um conjunto não vazio e defina em A a seguinte operação:

△: A × A −→ A
.
(x, y) 7−→ x △ y = x

Temos que toda operação em A é distributiva em relação a “ △ ”.

Exemplo 126 Considere no conjunto Z dos inteiros uma operação “∗” distributiva em relação
à adição usual. Dado x ∈ Z, temos

x ∗ 0 = x ∗ (0 + 0) = (x ∗ 0) + (x ∗ 0) e 0 ∗ x = (0 + 0) ∗ x = (0 ∗ x) + (0 ∗ x).

Segue daı́ que x ∗ 0 = 0 ∗ x = 0.


Ademais, dados x, y ∈ Z, temos

((−x) ∗ y) + (x ∗ y) = ((−x) + x) ∗ y = 0 ∗ y = 0

e daı́ concluı́mos que (−x) ∗ y = −(x ∗ y). Analogamente se mostra que x ∗ (−y) = −(x ∗ y).

Proposição 127 Seja “ · ” uma operação distributiva em relação a uma operação “ ∗ ” no


conjunto A. Então, valem

a · (x1 ∗ . . . ∗ xn ) = (a · x1 ) ∗ . . . ∗ (a · xn ) e (x1 ∗ . . . ∗ xn ) · a = (x1 · a) ∗ . . . ∗ (xn · a)

para quaisquer i = 1, . . . , n e a, x1 , . . . , xn ∈ A.

28
Demonstração. Basta usar a definição de distributividade e indução em n. 

Subconjunto Fechado

Definição 128 Sejam A um conjunto e “∗” uma operação em A. Dizemos que um subconjunto
não vazio B de A é fechado em relação à operação “ ∗ ” se para quaisquer b1 , b2 ∈ B tem-se
b1 ∗ b2 ∈ B.

Exemplo 129 Seja P = {n ∈ Z | n é par}. Temos que P é fechado em relação à adição e è


multiplicação usuais do conjunto Z. Existe operação em Z em relação à qual P não é fechado,
como por exemplo toda operação constante igual a um número ı́mpar.
Sendo I = {n ∈ Z | n é ı́mpar}, temos que I é fechado em relação à multiplicação, mas não
em relação à adição, usual do conjunto Z.

Exemplo 130 Se V é um espaço vetorial e W é um subespaço de V , então W é fechado em


relação à adição de V .

Exemplo 131 Considere as operações “ + ” e “ · ” (adição e multiplicação usuais) no conjunto


IR dos números reais. Tomando IR∗ = {x ∈ IR | x ̸= 0}, temos que IR∗ é fechado em relação à
multiplicação, mas não em relação à adição.

Exemplo 132 Se “ ∗ ” uma operação associativa num conjunto A, então R(A, ∗) é fechado em
relação a “ ∗ ”. Ademais, se “ ∗ ” possui elemento neutro, então U (A, ∗) é também fechado em
relação a “ ∗ ”.

Exemplo 133 Sejam A um conjunto não vazio e F(A) o conjunto de todas as funções de A
em A. Temos que os subconjuntos

I = {f ∈ F (A) | f é injetora} e S = {f ∈ F (A) | f é sobrejetora}

de F(A) são fechados em relação à composição de funções.


Supondo agora A um conjunto não unitário, fixemos a, b ∈ A, com a ̸= b. Temos que o
subconjunto A = {f ∈ F(A) | f (a) = b} de F(A) não é fechado em relação à composição de
funções.

Exemplo 134 Seja “ ∗ ” uma operação num conjunto A. Temos que o próprio conjunto A é
fechado em relação a “ ∗ ”. Fixado a ∈ A, tem-se que o subconjunto {a} de A é fechado em
relação a “ ∗ ” se, e somente se, a ∗ a = a. Particularmente, se “ ∗ ” possui elemento neutro
(denote-o por e), temos que {e} é um subconjunto de A fechado em relação a “ ∗ ”.

Proposição 135 Seja “ ∗ ” uma operação num conjunto A. Se B, C ⊆ A são fechados em


relação a “ ∗ ” e B ∩ C ̸= ∅, então B ∩ C é fechado em relação a “ ∗ ”.

29
Demonstração. Dados x, y ∈ B ∩ C, temos que x, y ∈ B e x, y ∈ C. Como B e C são fechados,
temos que x ∗ y ∈ B e x ∗ y ∈ C, ou seja, x ∗ y ∈ B ∩ C. Logo, temos o resultado. 

Sejam “ ∗ ” uma operação num conjunto A e S um subconjunto não vazio de A fechado em


relação a “ ∗ ”. Definimos a restrição da operação “ ∗ ” ao conjunto S (também denotada por
“ ∗ ”), como sendo a operação

∗ : S × S −→ S
.
(s1 , s2 ) 7−→ s1 ∗ s2

Não é difı́cil ver que se “ ∗ ” uma operação associativa (resp. comutativa) num conjunto A
e S um subconjunto não vazio de A fechado em relação a “ ∗ ”, então a restrição da operação
“ ∗ ” ao conjunto S também é associativa (resp. comutativa).
Supondo que “ ∗ ” possui elemento neutro (denotemos por e) e supondo que e ∈ S, não é
difı́cil ver que e também é elemento neutro para a restrição da operação “ ∗ ” ao conjunto S.

Monóides

Definição 136 Sejam M um conjunto não vazio e “ ∗ ” uma operação em M . Dizemos que o
par (M, ∗) é um monóide se “ ∗ ” é associativa e possui elemento neutro.

Sendo (M, ∗) um monóide, definimos o seu elemento neutro como sendo o elemento neutro
da operação “ ∗ ”. Observe então que um monóide possui apenas um elemento neutro.
Dizemos que um monóide (M, ∗) é comutativo se a operação “ ∗ ” é comutativa.

Exemplo 137 (Z, +), (Q, +), (IR, +) e (C, +) são monóides comutativos. Temos também que
(Z, ·), (Q, ·), (IR, ·) e (C, ·) são monóides comutativos.

Exemplo 138 Considere o conjunto Z+ = {n ∈ Z | n ≥ 0} e a operação

∗ : Z+ × Z+ −→ Z+
.
(x, y) 7−→ x ∗ y = |x − y|

Temos que (M, ∗) não é um monóide, uma vez que a operação em questão não é associativa.

Exemplo 139 Sendo A um conjunto não vazio e F(A) o conjunto de todas as funções de A em
A, temos que (F(A), ◦) é um monóide. Observe que este monóide é comutativo se, e somente
se, A é um conjunto unitário.

Exemplo 140 Seja A = {x ∈ Z | x ≥ 1}. Temos que a adição usual é bem definida em A.
Observe que (A, +) não é um monóide, pois “ + ” não possui elemento neutro no conjunto A.

30
Exemplo 141 Considerando a operação “ ∗ ” no conjunto IR2 definida por (a, b) ∗ (c, d) =
(ac, ad + b), temos que (IR2 , ∗) é um monóide. De fato, a operação “ ∗ ” é associativa e possui
elemento neutro, o qual é o elemento (1, 0) (as demonstrações dessas afirmações são deixadas
como exercı́cio para o leitor).
Observando agora que (−1, 1) ∗ (0, 1) = (0, 0) e (0, 1) ∗ (−1, 1) = (0, 1), concluı́mos que o
monóide em questão não é comutativo.

Definição 142 Seja (M, ∗) um monóide se “∗” (denote por e o seu elemento neutro). Dizemos
que um subconjunto não vazio N de M é um submonóide de (M, ∗) se e ∈ N e se N é fechado
em relação à operação “ ∗ ”.

Sendo (M, ∗) um monóide e N um submonóide de (M, ∗), consideremos a restrição da


operação “ ∗ ” ao subconjunto N . Temos que (N, ∗) é um monóide. Assim, podemos dizer que
um submonóide é, por si, um monóide, cuja operação é a mesma e cujo elemento neutro é o
mesmo do monóide.

Exemplo 143 Considere os monóides (Z, +) e (Z, ·). Temos que o subconjunto N = {0, 1, −1}
de Z é um submonóide de (Z, ·), mas não é um submonóide de (Z, +). Por outro lado, P =
{n ∈ Z | n é par} é um submonóide de (Z, +), mas não de (Z, ·).

Exemplo 144 Sendo (M, ∗) um monóide, temos que U (M, ∗) e R(M, ∗) são submonóides de
(M, ∗).

Exemplo 145 Considere o monóide (F(IR), ◦), onde F(IR) é o conjunto de todas as funções
de IR em IR, e a operação é a composição de funções. Temos que B = {f ∈ F(IR) | f (0) = 0}
é um submonóide deste monóide.

Exemplo 146 Considere o monóide (M2 (IR), ·) (a operação é o produto usual de matrizes).
Temos que o subconjunto {( ) }
x 0
A= x ∈ IR
0 0
de M2 (IR) é fechado em relação a “ · ”, mas não é um submonóide de (M2 (IR), ·), uma vez que
o elemento neutro deste monóide (a matriz( identidade)
) não pertence a A.
1 0
No entanto, observe que a matriz é o elemento neutro da restrição da operação
0 0
“ · ” ao conjunto A. Daı́ temos que (A, ·) é um monóide.

Exemplo 147 Seja (M, ∗) um monóide. O conjunto

Z(M, ∗) = {a ∈ M | a ∗ x = x ∗ a, ∀ x ∈ M }

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chamado de centro de (M, ∗), é um submonóide de (M, ∗). De fato, sendo e o elemento neutro
de (M, ∗), temos que e ∗ x = x ∗ e = x para todo x ∈ M , e assim e ∈ Z(M, ∗). Ademais, dados
a, b ∈ Z(M, ∗) e x ∈ M , temos a ∗ x = x ∗ a e b ∗ x = x ∗ b, e assim

(a ∗ b) ∗ x = a ∗ (b ∗ x) = a ∗ (x ∗ b) = (a ∗ x) ∗ b = (x ∗ a) ∗ b = x ∗ (a ∗ b).

Como x é arbitrário em M , temos que a ∗ b ∈ Z(M, ∗).

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