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UFJF - DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

Pré-Cálculo

Wilhelm Passarella Freire


1. Conjuntos

Conjunto
Um conjunto é um agrupamento bem definido de objetos de qualquer natureza.

Elemento
Os objetos que formam um conjunto são denominados elementos deste conjunto.

Diagrama de Venn
São figuras utilizadas para representação de conjuntos, seus elementos e operações entre con-

juntos.

Exemplo 1.1

A = {1, 2, a, b, α}

5 1 α
2 c
3 a b

Relação de Pertinência
Se um objeto x pertence a um conjunto A escreve-se x ∈ A.

Se x não pertence a A, escreve-se x ∈


/ A.

Exemplo 1.2

No Exemplo 1.1, 1 ∈ A, α ∈ A, 3 ∈
/ A, c ∈
/ A.

2
Inclusão
Diz-se que B é subconjunto de A ou que B está contido em A quando todo elemento de B é

também elemento de A.

B ⊂ A ⇐⇒ x ∈ B =⇒ x ∈ A.

Pode-se dizer também que A contém B e escreve-se A ⊃ B.

B⊂A
Propriedades

A (1) A ⊂ A

B (2) A ⊂ B e B ⊂ C =⇒ A ⊂ C

Se existe pelo menos um elemento de B que não pertence ao conjunto A, então B não está

contido em A e escrevemos B 6⊂ A. Podemos também dizer que A não contém B e escrevemos

A 6⊃ B.

B 6⊂ A
A
B x ∈ B mas x ∈
/A
x

3
Conjunto Vazio
É o conjunto que não possui elementos. É denotado por ∅ ou {}.

A = {meses do ano com 40 dias} = ∅

Propriedade

∅ ⊂ A qualquer que seja o conjunto A.

Conjunto Unitário
É o conjunto que possui um único elemento.

A = {meses do ano com menos de 30 dias} = {fevereiro}.

Conjunto Universo
É o conjunto, geralmente indicado pela letra U, que contém todos os demais conjuntos envol-

vidos no contexto.

U B
Propriedade
A
A ⊂ U qualquer que seja o conjunto A

Exemplo 1.3

Se A é o conjunto dos paı́ses da América do Sul cujos nomes se iniciam com a letra b, então o

conjunto universo é o conjunto dos paı́ses da América do Sul.

4
Determinação de um Conjunto
Um conjunto está bem definido quando, dado um objeto qualquer, é possı́vel determinar se o

objeto pertence ou não ao conjunto. As maneiras usuais de se definir um conjunto são :

1. Propriedade Caracterı́stica : é fornecida uma propriedade que define se um objeto

pertence ou não ao conjunto.

2. Listagem dos elementos : os elementos do conjunto são exibidos.

Exemplo 1.4

A={vogais do alfabeto} = {a,e,i,o,u}.

B={meses do ano cujos nomes se iniciam com a letra J} = {janeiro, junho julho}.

Igualdade de Conjuntos
Dois conjuntos são iguais quando possuem os mesmos elementos.

Assim, todo elemento de A pertence a B e todo elemento de B pertence a A.

Em sı́mbolos

A=B ⇐⇒ A ⊂ B e B ⊂ A

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Operações entre Conjuntos

Interseção

Dados os conjuntos A,B ⊂ U, a interseção de A e B é o conjunto dos elementos que pertencem

simultaneamente a A e B.

A ∩ B = {x ∈ U | x ∈ A e x ∈ B}

A B

Se A ∩ B = ∅ então A e B são disjuntos.

União

Dados os conjuntos A,B ⊂ U, a união de A e B é o conjunto dos elementos que pertencem a A

ou a B.

A ∪ B = {x ∈ U | x ∈ A ou x ∈ B}

A B

6
Complementar

Dado um conjunto A ⊂ U, o complementar de A é o conjunto dos elementos que não pertencem

a A.

Ā = Ac = U − A = {x ∈ U | x ∈
/ A}

A B

Diferença

Dados os conjuntos A,B ⊂ U, a diferença A menos B é o conjunto dos elementos de A que não

pertencem a B.

A − B = A\B = {x ∈ U | x ∈ A e x ∈
/ B}

A B

Exemplo 1.6

Sejam A={1, 2, 3, a, b, α, β, ♦} e B={1, 5, a, b, c, d, β, θ}.

Então

A ∩ B = {1, a, b, β}

A ∪ B = {1, 2, 3, 5, a, b, c, d, α, β, θ, ♦}

A − B = {2, 3, α, ♦}

7
Propriedades

Sejam A,B,C ⊂ U. São válidas

(1) A ∩ B ⊂ A , A ∩ B ⊂ B , A ⊂ A ∪ B , B ⊂ A ∪ B

(2) A ∩ ∅ = ∅ , A ∪ ∅ = A

(3) A ∩ U = A , A ∪ U = U

(4) A ∩ A = A , A ∪ A = A

(5) A ∩ B = B ∩ A , A ∪ B = B ∪ A

(6) (A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C) , (A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C)

(7) A ∩ (A ∪ B)=A , A ∪ (A ∩ B) = A

(8) A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) , A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C)

(9) ∅c = U , Uc = ∅

(10) (Ac )c = A

(11) A ⊂ B =⇒ Bc ⊂ Ac

(12) A ∪ Ac = U , A ∩ Ac = ∅

(13) (A ∩ B)c = Ac ∪ Bc , (A ∪ B)c = Ac ∩ Bc

(14) A − B = A − (A ∩ B).

Diagramas de Venn podem ser empregados para ilustrar essas propriedades hachurando-se os

conjuntos envolvidos.

8
Exemplo 1.7

Diagramas de Venn que ilustram a propriedade A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) em (8)

B∪C A ∩ (B ∪ C)
A B A B

C C

A∩B A∩C (A ∩ B) ∪ (A ∩ C)
A B A B A B

C C C

9
Exemplo 1.8

Uma pesquisa aplicada a 1400 famı́lias sobre programas de tv mostrou que 800 famı́lias assis-

tem ao programa A, 250 famı́lias assistem ao programa B, 420 assistem ao programa C, 120

assistem aos programas A e B, 40 assistem aos programas B e C, 18 aos programas A e C e 8

assistem a todos eles.

Determine

a) quantas famı́lias não assistem a nenhum desses programas

b) quantas famı́lias assistem a pelo menos um deles

c) quantas assistem a somente um deles

d) quantas assistem a pelo menos dois.

e) quantas assistem a somente dois deles.

O diagrama de Venn fornece


A B x + y + z + u + w + v + r + s = 1400

y x + y + u + w = 800

x z y + z + v + w = 250
w
u + w + v + r = 420
u v
s y + w = 120

r v + w = 40

u + w = 18
C
w=8

que permite calcular

u = 10 , v = 32 , y = 112 , r = 370 , z = 98 , x = 670 e s = 100.

10
Portanto

a) s = 100

b) 1400 − s = 1300

c) x + z + r = 1138

d) y + u + v + w = 162

e) y + u + v = 154.

Exemplo 1.9

Em um banco de sangue há 80 pessoas, das quais 60 tem sangue com Rh positivo, 36 tem

sangue tipo O e 28 tem sangue O com Rh positivo. Quantas pessoas não tem sangue O mas

tem Rh negativo ?

Rh+ Rh−
x + y + z + t = 80
O x + y = 60
y + z = 36
x y z t y = 28

Portanto

t = 12

11
Conjunto das Partes de um Conjunto
Dado um conjunto A, o conjunto P(A), chamado conjunto das partes de A, é formado por todos

os subconjuntos X ⊂ A.

P(A) = {X | X ⊂ A}

Os elementos de P(A) são conjuntos e vale X ∈ P(A) ⇐⇒ X ⊂ A.

Exemplo 1.5

Se A={a, b, c} então, P(A)={∅, {a}, {b}, {c}, {a, b}, {a, c}, {b, c}, A}

Produto Cartesiano
Dados dois conjuntos A e B, o produto cartesiano A × B de A por B é o conjunto dos pares

(a,b) tais que a ∈ A e b ∈ B.

A × B = {(a,b) | a ∈ A e b ∈ B}

Exemplo 1.10

Sejam A={a, b, c} e B={, ♦}.

A × B = {(a, ), (a, ♦), (b, ), (b, ♦), (c, ), (c, ♦)}

12
Exercı́cios

1] Assinale V ou F :

a) 2 ∈ {0, 1, 2, 3} b) 5 ∈ {−1, 0, 1} c) 0 ∈ ∅

d) 5 ∈ {5} e) {2, 3} ∈ {2, 3, 4} f) {2, 3} ⊂ {1, 2, 3, 4}

g) {1, 2} ⊂ {1, 2} h) ∅ ⊂ ∅ i) {1, 3, 5} = {5, 1, 3}

j) ∅ ⊂ {1, 2, 3} k) ∅ ∈ {0, 1, 2} l) ∅ ⊂ {0}

2] Assinale V ou F :

a) x ∈ A e x ∈ B =⇒ x ∈ A ∪ B

b) x ∈ A e x ∈ B =⇒ x ∈ A ∩ B

c) x ∈ A e A ⊂ B =⇒ x ∈
/B

d) x ∈ A e x ∈ B ⇐⇒ x ∈ A ∪ B

e) x ∈ A e x ∈ B ⇐⇒ x ∈ A ∩ B

f) A ∩ B ⊂ A ∪ B

g) A ∩ B ⊂ A

h) x ∈ A ou x ∈ B =⇒ x ∈ A ∩ B

i) x ∈ A e x ∈
/B =⇒ x ∈ B − A

j) A ∩ B = ∅ =⇒ A = B

k) x ∈ (A ∩ B)c =⇒ x ∈ Ac e x ∈ B c

l) (A − B) ∩ (B − A) = ∅

m) A ∩ (A − B) = B − A

n) A − (A ∩ B) = A − B

o) A ∪ (A − B) = A

p) A ∩ B c = A − B

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q) A ⊂ B =⇒ B − A = A

r) A ⊂ B e B ⊂ C =⇒ A ∪ B ⊂ C

s) A ⊂ B e B ⊂ C =⇒ A ∪ B ∪ C = C

t) A ⊂ B e B ⊂ C =⇒ A ∩ B ∩ C = A

u) A − (A − B) = A ∩ B

v) A ∩ B = ∅ =⇒ A ⊂ A ∪ B

w) A ⊂ B =⇒ A − B = ∅

x) Ac = B c =⇒ A = B

y) Ac = B =⇒ A ∩ B = ∅

z) Ac = B =⇒ A ∪ B = U

3] Dados U = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9} , A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {0, 2, 3, 4, 6, 8} determine :

A ∪ B , A ∩ B , Ac ∩ B c , (A ∪ B)c , Ac ∪ B c , (A ∩ B)c , A ∩ B c e A − B.

4] Em uma escola com 250 alunos, 60 estudam Matemática, 70 estudam Fı́sica, 80 estudam

Quı́mica, 15 estudam Matemática e Fı́sica, 25 estudam Fı́sica e Quı́mica, 30 estudam Ma-

temática e Quı́mica e 10 estudam as 3 disciplinas. Quantos alunos não estudam pelo menos

uma das 3 disciplinas ?

5] Após n dias de férias, um estudante observou que choveu 7 vezes, de manhã ou à tarde;

quando chove de manhã, não chove à tarde; houve 5 tardes sem chuva e 6 manhãs sem chuva.

Quanto vale n ?

14
6] Seja X = {∅, 1, 2, {1}}. Assinale V ou F :

a) ∅ ⊂ X b) {∅} ∈ X c) ∅ ∈ X d) {∅, {∅}} ⊂ X

e) {∅, {1}} ⊂ X f) {1, 2} ∈ X g) {1, 2} ⊂ X h) {1} ∈ X

Agora encontre P (X).

7] Dados A = {a, b} e B = {x, y, z}, determine A × A , A × B , B × A e B × B.

Respostas

1] V : a, d, f, g, h, i, j, l

2] V : a, b, e, f, g, l, n, o, p, r, s, t, u, v, w, x, y, z

3] A ∪ B = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8} , A ∩ B = {0, 2, 3, 4} , Ac ∩ B c = {7, 9} , (A ∪ B)c = {7, 9}

Ac ∪ B c = {1, 5, 6, 7, 8, 9} , (A ∩ B)c = {1, 5, 6, 7, 8, 9} , A ∩ B c = {1, 5}

A − B = {1, 5}.

4] 100 5] n = 9

6] V : a, c, e, g, h

P (X) = {∅, {∅}, {1}, {2}, {{1}}, {∅, 1}, {∅, 2}, {∅, {1}}, {1, 2}, {1, {1}}, {2, {1}},

{∅, 1, 2}, {∅, 1, {1}}, {∅, 2, {1}}, {1, 2, {1}}, X}

15
7] A × A = {(a, a), (a, b), (b, a), (b, b)}

A × B = {(a, x), (a, y), (a, z), (b, x), (b, y), (b, z)}

B × A = {(x, a), (x, b), (y, a), (y, b), (z, a), (z, b)}

B × B = {(x, x), (x, y), (x, z), (y, x), (y, y), (y, z), (z, x), (z, y), (z, z)}

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2. Conjuntos Numéricos

2.1 Números Naturais

É o conjunto N = {1, 2, 3, 4, ..., n, ...} que surge pela necessidade de contagem, isto é, pela

necessidade de distinguir quantidades diferentes de objetos.

1 2 3 4 5

• Desigualdades aparecem imediatamente :

Se o número natural m representar uma quantidade maior de objetos do que o número natural

n escrevemos m > n e dizemos que m é maior que n. Podemos também dizer que n é menor

que m e, neste caso, escrevemos n < m. Por exemplo, 5 > 3 ou 3 < 5.

Propriedade

m > n e n > p =⇒ m > p

• Igualdade : se m e n representam quantidades iguais escrevemos m = n.

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Adição
Imagine que você tinha 3 bolas e ganhou outras 2. A quantidade de bolas que você tem agora

é representada pelo número 5. Essa situação é descrita por uma operação entre os números

naturais denominada soma ou adição.

Dados m, n ∈ N, a soma ou adição de m e n produz outro número natural m + n que representa

a quantidade resultante.

Podemos ilustrar assim

+ =

Matematicamente : 3 + 2 = 5.

Multiplicação
A operação de multiplicação nada mais é do que uma forma compacta de escrever uma soma

com muitos fatores iguais. Por exemplo, consideremos a soma S = 2+2+2+2+2+2+2+2. Po-

demos escrevê-la assim : S = 8 × 2.

Dados m, n ∈ N, m × n significará somar n com ele mesmo m vezes.

m×n=n
|
+n+
{z
... + n}
m fatores

18
Propriedades da Adição e Multiplicação
Dados m, n, p ∈ N, valem

• Comutatividade

– m+n=n+m

– m×n=n×m

• Associatividade

– (m + n) + p = m + (n + p)

– (m × n) × p = m × (n × p)

• Distributividade

– m × (n + p) = m × n + m × p

• Elemento Neutro da Multiplicação

– 1×n=n×1=n

Exemplo 2.1

A propriedade comutativa da adição pode ser ilustrada assim

+ =

+ =

Matematicamente : 3 + 2 = 2 + 3 = 5.

19
Por que a multiplicação precede a adição ?
Dois bons motivos são :

• a multiplicação é uma soma : 3 + 2 × 4 = 3 + 4 + 4 = 11

• a multiplicação é comutativa. Se somarmos primeiro ...

20 = 3 + 2 × 4 = 3 + 4 × 2 = 14 ???

Quer somar primeiro ? Use parenteses

(3 + 2) × 4 = 5 × 4 = 20

Subtração
Imagine agora que você tenha 5 bolas. Se você der 2 bolas para seu amigo, quantas bolas te

restarão ? Visualmente, ilustramos assim

Antes

Depois

Escrevemos 5 − 2 = 3.

Agora, que tal, 5 − 5 ? E, 5 − 7 ? Fazem sentido ?

20
2.2 Números Inteiros

Imaginemos um mercadinho de bairro onde o comerciante registra semanalmente as compras de

seus clientes em uma caderneta. Suponhamos que um determinado cliente tenha feito compras

conforme a tabela à esquerda abaixo

Semana Valor Semana Valor

1 10 1 −10

2 20 2 −20

3 30 3 −30

4 20 4 −20

Total 80 Total −80

Pagamento 80/100/50 Pagamento 80/100/50

Saldo ? / 20 / 30 Saldo 0 / 20 / − 30

No final do mês, o cliente vai ao mercado pagar suas compras. Vamos supor que três si-

tuações ocorram :

(1) o cliente dispõe no momento de exatamente R$ 80,00.

(2) o cliente entrega uma cédula de R$ 100,00. O comerciante, por falta de troco, lhe dá um

crédito de R$ 20,00.

(3) o cliente só tem R$ 50,00 e pede para acertar a diferença no pagamento do próximo mês.

Quais números o comerciante anotará na caderneta para registrar as três situações ?

21
No primeiro caso, não há número natural para representar a situação. Nos segundo e terceiro

casos, os números 20 e 30 resolvem. Porém, como o comerciante saberá no mês seguinte qual

valor corresponde ao crédito e qual corresponde ao débito ? Convencionando-se que números

com o sinal − na frente representam débitos, o problema desaparece. Além disso, introduzindo-

se o número 0, a primeira situação também se resolve. A tabela à esquerda agora pode ser

refeita de modo a refletir todas as situações possı́veis, como mostra a tabela à direita. Com a

introdução dos números com sinal − na frente, chamados negativos, fica criado o conjunto dos

números inteiros

Z = {..., −5, −4, −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, ...}.

sendo o conjunto dos números inteiros positivos

Z+ = N = {1, 2, 3, 4, 5, ...}

e o conjunto dos números inteiros negativos

Z− = {−1, −2, −3, −4, −5, ...}

de modo que, o conjunto dos números inteiros é formado pela união do 0 com os inteiros posi-

tivos e os inteiros negativos.

Z = Z+ ∪ Z− ∪ {0}

Em particular

Z∗ = Z+ ∪ Z− = Z − {0}

22
As propriedades comutativa, associativa, distributiva e elemento neutro da multiplicação, ob-

servadas para os naturais, também são válidas para os inteiros. Além disso, com a introdução

do 0 e dos negativos, os inteiros ganham duas novas propriedades :

Elemento Neutro da Adição


O conjunto dos números inteiros possui elemento neutro da adição. Com efeito, o número 0

tem a propriedade

0 + n = n + 0 = n , qualquer que seja n ∈ Z

Inverso Aditivo
Todo número inteiro n possui um único inverso aditivo, representado por −n tal que

n + (−n) = (−n) + n = 0

Evidentemente, o inverso aditivo de −n é n, isto é, −(−n) = n. De fato,

−(−n) + (−n) = 0 =⇒ −(−n) + (−n) + n = 0 + n =⇒ −(−n) = n

A operação de subtração assume o seguinte significado :

m − n = m + (−n)

. Agora, 5 − 5 = 5 + (−5) = 0 e 5 − 7 = 5 + (−7) = −2, fazem sentido.

23
Os Pares e os Ímpares
Dois subconjuntos de Z muito importantes são o conjunto dos pares ou múltiplos de 2

P = {n ∈ Z | n = 2k , k ∈ Z} = {0, 2, −2, 4, −4, 6, −6, ...}

e os ı́mpares

I = {n ∈ Z | n = 2k + 1 , k ∈ Z} = {1, −1, 3, −3, 5, −5, ...}

Note que P ∪ I = Z e P ∩ I = ∅.

Exemplo 2.2

A soma e o produto de dois números pares são também números pares.

Sejam m, n ∈ P . Então m = 2k1 e n = 2k2 com k1 , k2 ∈ Z e, consequentemente

m + n = 2k1 + 2k2 = 2(k1 + k2 ) = 2k3 sendo k3 = k1 + k2 ∈ Z.

m × n = 2k1 × 2k2 = 2(2k1 k2 ) = 2k3 onde k3 = 2k1 k2 ∈ Z

Números Primos
Um inteiro maior que 1 é chamado primo se for divisı́vel somente por ele próprio e por 1.

Alguns primos : 2,3,5,7,11,13,...

Teorema Fundamental da Aritmética

Todo inteiro maior que 1 pode ser escrito de maneira única como um produto de números

primos.

Por exemplo : 60 = 22 × 3 × 5

24
2.3 Números Racionais
Os números racionais ou fracionários são aqueles que podem ser escritos como a razão entre

dois inteiros, isto é, sob a forma de fração. Fração é algo que é parte do todo. Suponha que

você tenha uma pizza e deseja dividi-la igualmente com 2 amigos. Cortando a pizza em três

partes iguais, você ficará com uma parte da pizza e caberá aos seus amigos duas partes da
1
pizza. Essa situação pode ser representada numericamente dizendo que você terá da pizza e
3
2
seus amigos juntos ficarão com dela.
3
a
Mais precisamente, os números racionais são aqueles que podem ser escritos sob a forma
b
a
onde a e b são números inteiros com b 6= 0. O número a é chamado numerador da fração e o
b
número b é o denominador.

Através de sua propriedade caracterı́stica, o conjunto dos racionais é descrito como segue

a
 
Q= | a, b ∈ Z , b 6= 0
b

. Podemos também listar os elementos de Q. Sejam

1 2 3 4 5 n 1 2 3 4 5 n
   
Q1 = , , , , ,··· , ,··· e Q−1 = − , − , − , − , − , · · · , − , · · ·
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

1 2 3 4 5 n 1 2 3 4 5 n
   
Q2 = , , , , ,··· , ,··· e Q−2 = − , − , − , − , − , · · · , − , · · ·
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

1 2 3 4 5 n 1 2 3 4 5 n
   
Q3 = , , , , ,··· , ,··· e Q−3 = − ,− ,− ,− ,− ,··· ,− ,···
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
..
.

25
1 2 3 4 5 n 1 2 3 4 5 n
   
Qn = , , , , ,··· , ,··· e Q−n = − , − , − , − , − , · · · , − , · · ·
n n n n n n n n n n n n

Temos então que

Q = {0} ∪ Q1 ∪ Q−1 ∪ Q2 ∪ Q−2 ∪ · · · ∪ Qn ∪ Q−n ∪ · · ·

Adição de Racionais
3
É fácil ver que a adição de racionais é comutativa. Com efeito, comer de uma pizza e depois
8
1 1 3 4 1
mais dela é o mesmo que comer primeiro e depois . Ao final, a pessoa terá comido = ,
8 8 8 8 2
ou seja, metade da pizza.

3
3 8 1
8 2
1 1
8 8

+ = + =

26
Podemos intuir como somar racionais cujos denominadores são iguais. Se n ∈ Z∗ , então

a b a+b
+ =
n n n

Inverso Multiplicativo e a Operação de Divisão de Inteiros


1
Todo racional r 6= 0 possui um inverso multiplicativo tal que
r

1
r× =1
r

Os inversos multiplicativos permitem a definição da operação de divisão entre os inteiros. O


1
número por exemplo pode ser interpretado como a divisão de 1 pizza para 3 pessoas. A
3
3
fração pode ser vista como a divisão de 3 laranjas para 3 pessoas. Naturalmente, cada pessoa
3
obtém 1 laranja.
a
Mais formalmente, sejam a ∈ N e b ∈ Z∗ . A divisão de a por b, escrita , é equivalente a
b
1
multiplicação de a pelo inverso multiplicativo de b.
b
De fato
a vezes

1 1 1 1 1 + 1 + ··· + 1
z }| {
a
a × = + + ··· + = =
b |b b {z b} b b
a vezes

Em particular
1 r
r× = =1
r r

27
Representação Decimal
a
A representação decimal de um número racional é obtida aplicando-se o algoritmo da divisão.
b
1 19 349
Por exemplo, = 0, 25 , = 1, 1875 , = 31, 72 = 31, 727272...
4 16 11
Em certos casos, o processo de divisão é finito, produzindo uma quantidade finita de casas

decimais, como nos dois primeiros exemplos acima. Em outros casos, o processo de divisão

é infinito, produzindo infinitas casas decimais que, todavia, seguem um padrão periódico de

repetição, como observado no último exemplo. Nestes casos obtém-se o que chamamos de

dı́zima periódica.
a
Todo racional produz dı́zima finita ou periódica. Reciprocamente, toda dı́zima, seja ela finita
b
a
ou periódica, pode ser escrita como uma fração .
b
Dada uma dı́zima periódica, para encontramos a fração que a originou, devemos multiplicá-la

por 10n , onde n é o número de algarismos que se repetem na parte decimal. Depois, subtraı́mos

deste resultado a dı́zima original obtendo por conseguinte um número inteiro. Por exemplo, se

x = 31, 72 = 31, 727272... (?)

então

100x = 3172, 727272... = 3172, 72 (??)

Note que, na parte decimal de x, o grupo 72 que se repete é constituı́do de 2 algarismos. Por

isso, x foi multiplicado por 100 = 102 .

De (??) e (?) obtemos

3141 349
100x − x = 3172, 72 − 31, 72 =⇒ 99x = 3141 =⇒ x = =
99 11

28
2.4 Números Reais
Consideremos um triângulo retângulo de catetos iguais a 1. Pelo Teorema de Pitágoras, a

hipotenusa h deste triângulo satisfaz

h2 = 12 + 12 = 2


O número h que multiplicado por si próprio resulta em 2 e que será denotado por 2 não é
a
racional, isto é, não pode ser escrito na forma .
b

Exemplo 2.3
√ a
Suponha que 2 = com a, b ∈ Z, b 6= 0. Então a2 = 2b2
b
Pelo Teorema Fundamental da Aritmética, existem primos p1 , p2 , ..., pk e n ∈ {0, 1, 2, 3, ...} tais

que

a = 2n × p1 × p2 × ... × pk =⇒ a2 = 22n × p21 × p22 × ..., ×p2k

Portanto, o número de fatores iguais a 2 na decomposição de a2 é par.

Analogamente, o número de fatores iguais a 2 na decomposição de b2 é par e, consequentemente,

o números de fatores iguais a 2 na decomposição de 2b2 é ı́mpar. Contradição.

Os números que não são racionais são chamados irracionais. Existem infinitos irracionais como
√ √
por exemplo 3, 5, π, o número de Euler e. A reunião dos racionais com os irracionais forma

o conjunto R dos números reais.

Pelo que vimos até aqui

N⊂Z⊂Q⊂R

29
É interessante que as operações de adição e multiplicação dos racionais e suas propriedades

sejam estendidas para os irracionais. Desta forma, será possı́vel estabelecermos as regras que

permitem operar com os números reais.

Adição e Multiplicação de Números Reais


Dados x, y ∈ R, a adição de x e y, denotada por x + y e a multiplicação, denotada por x × y

ou x.y ou simplesmente xy, são também números reais. As operações de adição e multiplicação

de números reais possuem as seguintes propriedades :

• Comutatividade

∀x, y ∈ R tem-se x + y = y + x e x.y = y.x

• Associatividade

∀x, y, z ∈ R tem-se (x + y) + z = x + (y + z) e (x.y).z = x.(y.z)

• Distributividade

∀x, y, z ∈ R tem-se x.(y + z) = x.y + x.z

• Elementos Neutros

Existem dois elementos distintos 0 ∈ R e 1 ∈ R tais que x + 0 = x e x.1 = x , ∀x ∈ R.

0 é o elemento neutro da adição e 1 o elemento neutro da multiplicação.

• Inversos

Todo x ∈ R possui um inverso aditivo −x ∈ R tal que x + (−x) = 0 e, se x 6= 0, um


1 1
inverso multiplicativo ∈ R tal que x. = 1.
x x

30
Consequências das Propriedades da Adição e Multiplicação

(C1) Operações de Subtração e Divisão

A existência dos inversos aditivo e multiplicativo induz as operações de subtração e divisão de


x
números reais. Dados x, y ∈ R, a subtração x − y significa x + (−y) e, se y 6= 0, a divisão de
y
1
x por y significa x × .
y

(C2) Multiplicação por Zero

Seja x ∈ R. Podemos escrever

x.0 + x = x.0 + x.1 = x.(0 + 1) = x.1 = x.

Daı́

x.0 + x + (−x) = x + (−x) =⇒ x.0 = 0 , ∀x ∈ R.

(C3) Divisão por Zero

Sejam p, m, n ∈ R∗ tais que p = m × n. Então

p p
= m ⇐⇒ × n = m × n ⇐⇒ p = m × n
n n

6
Como exemplo, sabemos que = 3 porque 6 = 3 × 2.
2
0
Agora, suponhamos que exista α ∈ R tal que = α. Isto implicaria em 0 = α × 0. Mas, não
0
é possı́vel determinar α pois, por (C1), a última igualdade é sempre verdadeira independente-
0
mente de α. Dizemos então que é indeterminado.
0
5
Por outro lado, suponhamos que exista β tal que, digamos, = β. Daı́, 5 = β × 0, o que é
0
impossı́vel pois, novamente por (C1), β × 0 = 0, independentemente de β.

31
(C4) Produto resultando em Zero

Se x.y = 0 então x = 0 ou y = 0.
1 1
Vejamos a explicação. Suponhamos x 6= 0. Então, existe ∈ R tal que .x = 1.
x x
1
Multiplicando a igualdade x.y = 0 por obtemos
x

1 1
.x.y = .0 =⇒ 1.y = 0 =⇒ y = 0
x x

Este resultado pode ser generalizado para um produto de n fatores resultando em 0. Pelo menos

um dos fatores é zero.

? Cuidado

Não é verdade que, por exemplo, se x.y = 2 então x = 2 ou y = 2. Pode ser que, por exemplo,
1 1
x = 4 e y = ou x = 10 e y = .
2 5

(C5) Divisão de Frações

Temos que
a
 
a 1 c 1
   
b = × e × c = 1
c c
 
b d
d d d
1
Multiplicando a última igualdade por vem
c

1 c 1 1 1 1 1 1 1 1 d 1 d
× ×  c  = × 1 =⇒ × c = =⇒ d × ×  c  = d × = =⇒  c  =
c d c d c d c c c
d d d d

Portanto
a
 
a d
b = × .
c b c
d

32
(C6) Regra dos Sinais

(1) Seja a ∈ R. O inverso aditivo de a é −a. Queremos determinar o inverso aditivo de −a,

isto é, −(−a). Da definição de inverso aditivo, temos que

−(−a) + (−a) = 0

Daı́, somando a

−(−a) + (−a) + a = 0 + a =⇒ −(−a) = a (?)

(2) Sejam x, y ∈ R. Pela distributividade, temos

(−x).y + x.y = (−x + x).y = 0.y = 0

Subtraindo o produto x.y obtemos

(−x).y + x.y − (x.y) = 0 − (x.y)

Daı́

(−x).y = −(x.y) (??)

Analogamente

x.(−y) = −(x.y) (? ? ?)

(3) Finalmente, por (?), (??) e (? ? ?)

(−x)(−y) = −[x.(−y)] = −[−(x.y)] = x.y

33
Desigualdades
R possui um subconjunto R∗+ = {x ∈ R | x > 0} chamado conjunto dos números reais positi-

vos e um subconjunto R∗− = {x ∈ R | x > 0} chamado conjunto dos reais negativos tais que

R = R+ ∪ R− ∪ {0}. Além disso, x, y ∈ R∗+ =⇒ x + y ∈ R∗+ e xy ∈ R∗+ .

Se y − x ∈ R∗+ ou, equivalentemente y − x > 0, diremos que y é maior que x e escreveremos

y > x. Pode-se também escrever x < y ou x − y < 0. Neste caso, x − y ∈ R∗− e x é dito menor

que y.

Propriedades das Desigualdades

(D1) se x < y e y < z então x < z.

(D2) dados x, y ∈ R então x = y ou x < y ou x > y.

(D3) se x < y então x + z < y + z para todo z ∈ R.

(D4) se x < y e a > 0 então ax < ay. Se a < 0 então ax > ay.
1 1
(D5) se x > 0 então > 0 e se x < 0 então < 0.
x x
1 1
(D6) se 0 < x < y então > .
x y
(D7) se x 6= 0 então x.x = x > 0.
2

x
(D8) se x.y > 0 ou > 0 então x > 0 e y > 0 ou x < 0 e y < 0.
y

x
(D9) se x.y < 0 ou < 0 então um desses números é negativo e o outro positivo.
y

As propriedades (D8) e (D9) estabelecem as bases para a resolução de inequações produto

ou quociente.

34
Exponenciação
A multiplicação pode ser vista como uma maneira compacta de se escrever somas com muitos
√ √ √ √ √ √
fatores iguais. Por exemplo, 3 × 3 × 3 × 3 × 3 pode ser escrita como ( 3)5 , indicando

que o número 3 deve ser multiplicado por ele mesmo 5 vezes. Esta representação define uma

operação chamada exponenciação que é indicada por ab , sendo a a base e b o expoente.

Expoentes Naturais

Seja n ∈ N. Por definição

an = |a × a × a{z× ... × a}
n vezes

Propriedades Imediatas

Sejam a, b ∈ R e m, n ∈ N.

(E1) am × an = am+n

De fato

am = a
|
× a × a{z× ... × a} e an = a
|
× a × a{z× ... × a}
m n

Logo

am × an = (a
|
× a × a{z× ... × a}) × (a
|
× a × a{z× ... × a}) = |a × a × a{z× ... × a} = am+n
m n m+n

35
(E2) (am )n = amn

Com efeito

(am )n = |am × am {z
× ... × am} = am+m+...+m = amn
n

(E3) (ab)n = an bn

Usando as propriedades associativa e comutativa da multiplicação

(ab)n = (ab) × (ab) × ... × (ab) = (a × a × ... × a) × (b × b × ... × b) = an bn


| {z } | {z } | {z }
n n n

As propriedades (E1), (E2) e (E3) são facilmente verificadas quando os expoentes são naturais.

Se admitirmos que elas são também válidas para expoentes reais, poderemos definir potências
1
do tipo 20 , π 2 ou 4−3 . Além disso,

(E4) Seja x ∈ R. Se a 6= 0 então ax 6= 0. Se a > 0 então ax > 0.

Em primeiro lugar, suponhamos que exista algum x ∈ R tal que ax = 0.

Escrevendo x = x + (x − x) temos

ax = ax+(x−x) = ax × ax−x = 0 × ax−x = 0

significando que se existe algum x para o qual ax = 0 então ax = 0 para todo x ∈ R. Absurdo.

Agora, sendo a > 0, por (D7) e (E2)

x
ax = [a 2 ]2 > 0

36
Expoente 0

Sejam a, r ∈ R com a 6= 0.

Usando (E1)

ar = ar+0 = ar × a0 (?)

1
Por (E4), ar 6= 0. Multiplicando (?) por vem
ar

1 1
r
× ar = r × ar × a0 =⇒ a0 = 1
a a

Expoentes Negativos

Seja a ∈ R∗ . Vamos primeiramente definir a−1 . Usando (E1)

a × a−1 = a1−1 = a0 = 1

1
Multiplicando por
a
1 1 1
× a × a−1 = × 1 =⇒ a−1 =
a a a

Agora, usando (E2) obtemos

1 1
 n
(E5) = (a−1 )n = a−n = (an )−1 =
a an

Usando (E3) e (E5) obtemos

1 an
 n
a
(E6) = (a × b−1 )n = an × b−n = an × = .
b bn bn

37
Usando (E1) e (E5) obtemos

am
(E7) n
= am × a−n = am−n
a

Expoentes Racionais / Radiciação

Consideremos o problema : dado a ∈ R queremos encontrar x ∈ R tal que x2 = a.

Por exemplo, se x2 = 4 temos duas respostas : x = 2 ou x = −2 pois 22 = (−2)2 = 4.



Dado um número real a > 0, chamaremos de raiz quadrada de a ao número positivo a que
√ √
elevado ao quadrado resulta em a. O inverso aditivo − a de a é o número negativo que
√ √
elevado ao quadrado resulta em a. De acordo com o exemplo, 4 = 2 e − 4 = −2. Ambos,
√ √
4 e − 4, quando elevados ao quadrado resultam em 4.

No ambiente dos números reais, não é adequado dizer que 4 = ±2. A equação x2 = 4 possui
√ √ √
duas soluções que são ± 4 = ±2. Ou seja, 4 = 2 é a solução positiva da equação e − 4 = −2

é a solução negativa.
1
Agora, sejam a > 0 e x = a 2 . Então

1 1 1 1
x2 = x × x = a 2 × a 2 = a 2 + 2 = a1 = a.

De acordo com o convencionado acima

√ √
x= a > 0 ou x = − a < 0

1
Por (E4), x = a 2 > 0.

Portanto
1 √
a2 = a

38
De maneira geral, sendo m, n ∈ N

1 √ m 1 √
an = n
a e a n = (am ) n = n
am

? cuidado

Se n for par então
n
a só estará definida se a ≥ 0.

De fato, suponhamos a < 0 e que n a possa ser calculada. Sendo n = 2p, p ∈ N, segue que

n √
a = a n = [( n a)p ]2 ≥ 0

Contradição.

Se n for ı́mpar, n
a pode ser calculada para qualquer a.

Propriedades dos Radicais



Sejam m, n ∈ N. Lembrando que para n par, n
a só está definida se a ≥ 0, valem as seguintes

propriedades :
√ √ √
(R1) n ab = n a n b

a n
a
r
(R2) n = √ n
qb√ b

(R3) m n
a = mn a

(R4) ( n a)n = a
√ √
(R5) n am = ( n a)m


a se a ≥ 0 e n for par








(R6) n
an = −a se a < 0 e n for par




a se n for ı́mpar


39
Expoentes Irracionais

Tendo sido estabelecidas as regras operacionais para expoentes racionais, nos casos em que

aparecem expoentes irracionais, caso seja necessário que as contas sejam efetuadas, pode-se

tomar números racionais como aproximações para os irracionais envolvidos.



Por exemplo, π ≈ 3, 1415 = 31.415
10.000
e 5 ≈ 2, 2361 = 22.361
10.000
.

Logo s
 22.361
31.415 31.415
√   22.361
10.000
=
5 10.000
π ≈
10.000 10.000

Algumas Consequências da Exponenciação

• O caso 00
0n 0
Escrevendo 00 = 0n−n = = concluı́mos que 00 é indeterminado.
0n 0

• Soma e Multiplicação de Frações


1 1 1 1
Sendo a−1 = temos que × = a−1 × b−1 = (ab)−1 = .
a a b ab
Daı́
a c 1 1 1 1 1 ac
× = a × × c × = a × c × × = ac × =
b d b d b d bd bd

Como consequência imediata temos que

ac a c a
= × =
bc b c b

Finalmente, podemos estabelecer a soma de frações com denominadores diferentes

a c ad bc ad + bc
+ = + =
b d bd bd bd

40
Exemplo 2.3

36 12.3 12
1) = =
15 5.3 5

2 3 2.4 3.5 2.4 + 3.5 23


2) + = + = =
5 4 5.4 4.5 20 20
√ √ √ √
2 3 2.π 5.3 π 2 + 15
3) + = + =
5 π 5.π 5.π 5π

Exemplo 2.4

Vamos mostrar que a soma e o produto de números racionais são também números racionais.

Sejam a, b, c, d ∈ Z com b e d não nulos.

Então
a c ad + bc
+ = ∈ Q pois ad ∈ Z , bc ∈ Z , ad + bc ∈ Z e bd ∈ Z∗
b d bd

e
a c ac
× = ∈ Q pois ac ∈ Z e bd ∈ Z∗
b d bd

Exemplo 2.5

A soma de um racional com um irracional é irracional.

De fato, sejam r ∈ Q e i ∈ R − Q.

Se y = r + i fosse racional então, sendo −r também racional, terı́amos

y + (−r) = r + i + (−r) = i ∈ Q

Contradição.

41
Exemplo 2.6

Será que existem números irracionais a e b tais que ab ∈ Q ?


√ √ √
Sejam a = ( 2) 2 e b = 2.

Se a ∈ Q então não há mais nada

a fazer pois 2 ∈ R − Q.
√ √  2 √ 2
2  
Se a 6∈ Q então ab = 2 = 2 = 2 ∈ Q.

Representação Gráfica dos Números Reais


O conjunto R dos números reais pode ser representado graficamente por uma linha reta onde

cada ponto da reta corresponde a um número real. Um ponto arbitrário chamado origem é

escolhido para ser o número 0 e o número a será escrito à esquerda do número b se a < b.

√ 1
− 2 2 e π
−3 −2 −1 0 1 2 3 4 R

Não é necessário localizar a posição precisa dos números reais na reta. Por exemplo, é impossı́vel

posicionar exatamente o número π = 3, 14159... devido à sua natureza mas sabemos que π está

mais próximo de 3 do que do 4. Na verdade, é suficiente observarmos a posição relativa entre

os números representados.

Devido a essa possibilidade de representação dos números reais, frequentemente o conjunto dos

números reais é denominado de reta. A representação gráfica dos números reais é útil quando

é preciso operar com certos subconjuntos da reta como os intervalos, por exemplo.

42
2.5 Intervalos
Intervalos são subconjuntos de R definidos com uma notação própria e cuja representação

gráfica é bastante sugestiva. São eles :

[a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b}
a b R

(a, b) = {x ∈ R | a < x < b}


a b R

[a, b) = {x ∈ R | a ≤ x < b}
a b R

(a, b] = {x ∈ R | a < x ≤ b}
a b R

[a, ∞) = {x ∈ R | x≥a }
a R

(a, ∞) = {x ∈ R | x>a }
a R

(−∞, b] = {x ∈ R | x ≤ b }
b R

(−∞, b) = {x ∈ R | x < b }
b R

(−∞, ∞) = R
R

43
Operações com Intervalos

As operações definidas no capı́tulo 1 podem ser aplicadas aos intervalos. Devido à particulari-

dade desses conjuntos, uma boa forma de operacionalizar com eles é graficamente. Primeiro,

representamos graficamente cada intervalo para, em seguida, determinarmos o resultado da

operação.

Exemplo 2.7

Dados A = [1, 4), B = [2, 5] e C = (3, ∞) determine A ∪ B , A ∩ C e B − C.

1 2 3 4 5

A R

B R

C R

A∪B R

A∩C R

B−C
R

A ∪ B = [1, 5] A ∩ C = [3, 4) B − C = [2, 3).

44
Exemplo 2.8

Representação gráfica do produto cartesiano de intervalos.

Sejam A = [2, 5] e B = [1, 4)

4 A × B = {(x, y) | x ∈ [2, 5] e y ∈ [1, 4)}

O lado superior do produto A × B está tracejado


B A×B
porque 4 ∈
/ B. Os pares (x, 4) ∈
/ A×B

2 A 5 x

Exemplo 2.9

O produto cartesiano R × R = R2 é o conjunto formado por todos os pares ordenados (x, y)

tais que x, y ∈ R. O número x é a abcissa e y é a ordenada do par (x, y).

R2 = {(x, y) | x, y ∈ R} R2 é dividido em 4 quadrantes

10 Q : {(x, y) ∈ R2 | x, y ≥ 0}
R
20 Q (x, y) 10 Q 20 Q : {(x, y) ∈ R2 | x ≤ 0 , y ≥ 0}
y
30 Q : {(x, y) ∈ R2 | x, y ≤ 0}
(4, 1)
1 40 Q : {(x, y) ∈ R2 | x ≥ 0 , y ≤ 0}

x 4 R

30 Q 40 Q

45
O R2 , também denominado plano cartesiano, é um sistema de coordenadas retangulares ou

cartesianas extremamente útil para a representação gráfica de conjuntos que descrevem regiões

no plano. Cada ponto da região, representado por um par ordenado, é plotado no sistema e a

união de todos os pontos é a representação gráfica da região.

2.6 Módulo ou Valor Absoluto


O módulo ou valor absoluto do número real x, denotado por |x|, é o maior dos números x e

−x.

|x| = max{x, −x}

Por exemplo

|3| = max{3, −3} = 3

| − 5| = max{−5, −(−5)} = max{−5, 5} = 5.

O módulo de x é o próprio x se x for positivo. Caso x seja negativo, |x| é x sem o sinal

negativo. O módulo de x é também definido por


x , x≥0



|x| =
−x , x < 0


46
O módulo de x representa a distância entre a posição que o número x ocupa na reta real e a

origem.

−5 0 4 R

d(−5, 0) = | − 5| = 5 d(4, 0) = |4| = 4

Propriedades

(M1) |x| ≥ 0 , ∀x ∈ R

(M2) |x + y| ≤ |x| + |y|

(M3) |xy| = |x|.|y|

(M4) |x| < a ⇐⇒ −a < x < a

(M5) |x| > a ⇐⇒ x < −a ou x > a

(M6) |x| = a ⇐⇒ x = −a ou x = a

Interpretação geométrica de (M4) e (M5)

y −a u x a z R
0

|x| < a , |u| < a , |y| > a e |z| > a

47
Generalizando o Módulo

Seja E(x) uma expressão que depende de x como, por exemplo, E(x) = 3x + 5 ou E(x) =

x2 − 5x + 6 ou E(x) = tgx. O módulo de E(x) é


E(x) se E(x) ≥ 0



|E(x)| =
−E(x) se E(x) < 0


Exemplo 2.10


3x + 5 se 3x + 5 ≥ 0



1) |3x + 5| =
−(3x + 5) = −3x − 5 se 3x + 5 < 0



tgx se tgx ≥ 0



2) |tgx| =
−tgx se tgx < 0



x2 − 5x + 6 se x2 − 5x + 6 ≥ 0



3) |x2 − 5x + 6| = 

 −x2 + 5x − 6 se x2 − 5x + 6 < 0

Resta saber agora para quais valores de x se tem 3x + 5 ≥ 0 ou tgx ≥ 0 ou x2 − 5x + 6 ≥ 0.

Estas são desigualdades chamadas inequações, que serão estudadas em capı́tulos próximos.

48
Exemplo 2.11

Represente o conjunto A = {(x, y) ∈ R2 | |x| ≥ 1 e |y| ≥ 2} no plano cartesiano.

A2 A1 A1 = {(x, y) ∈ R2 | x ≥ 1 e y ≥ 2}

2 A2 = {(x, y) ∈ R2 | x ≤ −1 e y ≥ 2}

A3 = {(x, y) ∈ R2 | x ≤ −1 e y ≤ −2}

A4 = {(x, y) ∈ R2 | x ≥ 1 e y ≤ −2}
−1 1 x

A = A1 ∪ A2 ∪ A3 ∪ A4
−2

A3 A4

Exemplo 2.12

Com a definição de módulo, a propriedade (R6) dos radicais pode ser reescrita como


√ |a| , n par



n
an =
a , n ı́mpar


Assim, por exemplo


q √ q √ q √
(−3)2 = 9 = 3 = | − 3| , 4
(−2)4 = 4
16 = 2 = | − 2| , 3
(−2)3 = 3
−8 = −2.

49
Exercı́cios

1] Exemplifique a propriedade comutativa da multiplicação, a associatividade e a distributi-

vidade.

2] Calcule
4
 
1 7−2 1− 2
(35 .43 )2 (32 .4−6 )−1
a) x = b) x = 3 c) x =
3 1 64 .(16−2 )−2
2+ 1 1+
4+ 4
5 s 2

r q
5
31 + 10 − 83 − 4
6

10 + 10 + 10 + · · · + 10
10 20 30 100
d) x = e) x =
1
q√
1020 + 1030 + 1040 + · · · + 10110
4
27
3 6
×  q √ 4
27
6 3

√ √ 2 √ √ 2 1
q q
f) x = 2+ 3+ 2− 3 g) x = 2+ 3 + √
5+2 6

2 5 2 −3 √
    rq
4
h) x = − i) x = 10012 3] Encontre
3
× −
3 3
a fração que originou as dı́zimas periódicas

a) 0, 12 b) 7, 36 c) 2, 345.

√ √ √ √ √
4] Simplifique a−2 × a × 3 a × 5 a × 6 a × a4 .
5

1 √ 1 √ √ √
5] Sejam a, b, c, d, p, q ∈ R tais que (abc)− 3 = 0, 25 , (abcd) 2 = 2 10 , 3 p = 32 e q = 243.
d
Calcule x = 1
(pq) 5

a a a
6] Mostre com um exemplo que 6= + .
b+c b c

50
7] Seja β = 1 + x. Escreva, em função de β
2x + 8
 x
1 b x+2
a) (1 + x) x b) (1 + ax) x c) (x − 5) x−6 d)
2x + 5
Sugestão :

a) x = β − 1 b) y = ax e depois use (a) c) x − 5 = x − 6 + 1 , t = x − 6


3
d) 2x + 8 = 2x + 5 + 3 , t =
2x + 5

8] Assinale V ou F

a) {x ∈ N | − 3 ≤ x ≤ 3} = {−3, −2, −1, 0, 1, 2, 3}

b) {x ∈ N | − 2 < x < 2} = {1}

c) {x ∈ Z | − 1 ≤ x ≤ 1} = [−1, 1]

d) {x ∈ Q | 0 < x < 1} = { 21 , 31 , 14 , 15 , ..., n1 , ...}

e) {x ∈ R | x ≥ 5} = [5, ∞)

9] Encontre A ∪ B , A ∩ B , A − B , B − A , Ac , B c se

a) A = [1, 5] e B = [0, 3]

b) A = [0, 5] e B = [2, ∞]

c) A = (0, 3) e B = [−1, 2]

10] Dados A = (−5, 1) , B = (0, 4) e C = [3, 7] encontre A ∪ B ∪ C , A ∩ B ∩ C e (A ∪ B) ∩ C.

11] Represente graficamente A × B se

a) A = [1, 2] e B = [3, 4]

a) A = [1, 2] e B = (−2, 2)

a) A = (1, ∞) e B = [0, 1)

51
12] Assinale V ou F
√ q √ √
a) 4 = ±2 b) (−2)2 = −2 c) −22 = 2 d) x2 − 4 = x − 2
q
e) (x − 2)2 = x − 2

13] Sejam x, y ∈ R. Assinale V ou F



a) |x + y| = |x| + |y| b) |x − y| ≥ |x| − |y| c) x2 = x d) |x2 | = |x|2 = x2

e) |x3 | = |x|3 = x3 f) |x| = |y| ⇐⇒ x = y ou x = −y

g) |x| = |y| ⇐⇒ x2 = y 2

x 1
h) =√
x x

14] Sejam x, y, z ∈ R∗ . Determine os possı́veis valores assumidos pela expressão

x y z xyz
E= + + +
|x| |y| |z| |xyz|

15] Imite o Exemplo 2.2 e mostre que a soma de ı́mpares é par e o produto é ı́mpar.

16] Mostre que se n for par então n2 é par e se n for ı́mpar então n2 é ı́mpar.

17] O que se pode afirmar sobre a soma de um número par com um número ı́mpar ? E

sobre o produto ?

18] Mostre que P ∩ I = ∅.

19] Imite o Exemplo 2.5 e mostre que o produto de um irracional com um racional não nulo é

irracional.

52
20] O que se pode afirmar sobre a soma de dois irracionais ? E sobre o produto ?

21] Sejam x, y ∈ R tais que 0 < x < y < 1. Então pode-se afirmar que

a) xy < 0 b) 0 < xy < x c) x < xy < y d) y < xy < 1 e) xy > 1

22] Sejam x, y, r, s ∈ R tais que 0 < x < y e 0 < r < s. Mostre que

a) x2 < xy < y 2 b) xr < ys

a x b
23] Sejam 0 < a ≤ x ≤ b e 0 < c ≤ y ≤ d. Mostre que ≤ ≤ . 24] Um estudante
d y c
desatento, copiando o raciocı́nio feito na demonstração da propriedade (E4), concluiu

x
(−2)x = [(−2) 2 ]2 ≥ 0

Mas, por exemplo, se x = 3, temos que (−2)3 = −8 < 0.

Identifique o erro do estudante.

25] Qual a diferença entre as propriedades (R4) e (R6) ?

26] Assinale V ou F
√ √
a) −x < 0 , ∀x ∈ R b) x3 > x2 , ∀x ∈ R∗ c) 3
x < x , ∀x ∈ R∗+

d) x > 1 =⇒ x < x2 < x3 < · · · < xn < xn+1 < · · ·

e) 0 < x < 1 =⇒ x > x2 > x3 > · · · > xn > xn+1 > · · ·

f) existe x ∈ R tal que −x > x2

53
Respostas

1) Por exemplo

2×3=3+3=6=2+2+2=3×2

2 × (3 + 4) = (3 + 4) + (3 + 4) = 7 + 7 = 14 = 6 + 8 = 2 × 3 + 2 × 4.

2a) 21/57 2b) 20/3 2c) 1296 2d) 10−10 2e) 4 2f) 6 2g) 10

2h) 4/9 2i) 10

3a) 12/99 3b) 729/99 3c) 2343/999

4) 1

5) 5/72

6 6 6 6
6) 1, 2 = = 6= + = 3 + 2 = 5
5 2+3 2 3

1 ab β+7 4−β
7a) β β−1 7b) β β−1 7c) β β−1 7d) β 2β−2

8) V : b , e

9a) A ∪ B = [0, 5] , A ∩ B = [1, 3] , A − B = [3, 5] , B − A = [0, 1)

Ac = (−∞, 1) ∪ (5, ∞) , B c = (−∞, 0) ∪ (3, ∞)

9b) A ∪ B = [0, ∞) , A ∩ B = [2, 5] , A − B = [0, 2) , B − A = [5, ∞)

Ac = (−∞, 0) ∪ (5, ∞) , B c = (−∞, 2)

54
9c) A ∪ B = [−1, 3) , A ∩ B = (0, 2) , A − B = (2, 3) , B − A = [−1, 0]

Ac = (−∞, 0] ∪ [3, ∞) , B c = (−∞, −1) ∪ (2, ∞)

10) A ∪ B ∪ C = (−5, 7] , A ∩ B ∩ C = ∅ , (A ∪ B) ∩ C = [3, 4].

11a) 11b) 11c)

A×B
y 2 y
A×B
4
3 x A×B
1 2
1
-2
x
1 2 1 x

12) Todas falsas

13) V : b , d , f , g , h

xyz x y z a
14) = e = ±1.
|xyz| |x| |y| |z| |a|

x y z xyz
Assim, por exemplo, se = = = 1 então =1eE=4
|x| |y| |z| |xyz|

Analisando todas as possibilidades, conclui-se que E é igual a 0, 4 ou -4

55
15) m = 2k1 + 1 , n = 2k2 + 1

m + n = 2k1 + 2k2 + 2 = 2(k1 + k2 ) = 2k3 com k3 = (k1 + k2 ) ∈ Z.

m.n = 4k1 k2 + 2k1 + 2k2 + 1 = 2k3 + 1 com k3 = (2k1 k2 + k1 + k2 ) ∈ Z.

16) n = 2k1 =⇒ n2 = 4k12 = 2(2k12 ) = 2k2 com k2 = 2k12 ∈ Z.

n = 2k1 + 1 =⇒ n2 = 4k12 + 2k1 + 1 = 2k2 + 1 com k2 = (2k12 + k1 ) ∈ Z.

17) A soma é ı́mpar e o produto é par.

18) n ∈ P ∩ I =⇒ n = 2k1 e n = 2k2 + 1 com k1 , k2 ∈ Z. Daı́


1
2k1 = 2k2 + 1 =⇒ 2(k1 − k2 ) = 1 =⇒ k1 − k2 = . Absurdo.
2

1
19) Sejam i ∈ R − Q e r ∈ Q∗ . Temos que ∈ Q.
r
1
i × r ∈ Q =⇒ (i × r) × = i ∈ Q. Absurdo.
r

20) Não se pode afirmar nada sobre a soma nem sobre o produto de irracionais.
√ √
Por exemplo, 2 e − 2 são irracionais e sua soma 0 é racional.

21) Multiplicando 0 < x < y < 1 por x e y encontramos, respectivamente

0 < x2 < xy < x < 1 (?) e 0 < xy < y 2 < y < 1 (??)

Observando (?) e (??), concluimos que b é a alternativa correta.

22a) 0 < x < y =⇒ 0 < x2 < xy e 0 < xy < y 2

56
22b) 0 < x < y e r > 0 =⇒ 0 < xr < yr

0<r<s e y > 0 =⇒ 0 < yr < ys

1 1 x x a x
23) y ≤ d =⇒ ≥ =⇒ ≥ e a ≤ x =⇒ ≤
y d y d d d

x a
Portanto, ≥
y d

1 1 x x x b
c ≤ y =⇒ ≥ =⇒ ≥ e x ≤ b =⇒ ≤
c y c y c c

b x
Portanto, ≥
c y

Lembre que a, b, c, d, x, y > 0

x
q
24) (−2) 2 = (−2)x . A raiz quadrada de (−2)x não está definida se x for ı́mpar.


25) Em (R4), n
a é calculada primeiro. Em seguida, eleva-se o resultado a n.

Em (R6), primeiro calcula-se an para, em seguida, extrair-se a raı́z.

Portanto, se n for par, o número a não pode ser negativo para que (R4) seja válida.
√ √ √
Exemplos : ( 4)2 = 4 , ( 3 −8)3 = (−2)3 = −8 , ( −3)2 = ?
√ √ q √ q √
32 = 9 = 3 , (−3)2 = 9 = 3 = −(−3) , 3 (−2)3 = 3 −8 = −2

26a) −(−3) > 0. F

57
1 1 1 1
 3  2
26b) = < = . F
8 2 2 4
s s
1 1 1 1
26c) = 3
> = . F
4 64 64 8

26d) Multiplicando a desigualdade 1 < x sucessivamente por x obtemos o resultado. V

26e) Multiplicando a desigualdade x < 1 sucessivamente por x obtemos o resultado. V

1 1 1 1
   2
26f) =− − > − = . V
2 2 2 4

58
3. Produtos Notáveis. Fatoração. Racionalização

Produtos Notáveis

Os Produtos Notáveis (a ± b)2 e (x + a)(x − a)

Sejam a, b ∈ R. Aplicando o conceito de exponenciação e as propriedades comutativa e distri-

butiva dos números reais, obtemos

(a + b)2 = (a + b)(a + b) = a(a + b) + b(a + b) = a.a + a.b + b.a + b.b = a2 + 2ab + b2

(x − a)(x + a) = x(x + a) − a(x + a) = x2 + xa − ax − a2 = x2 − a2

Trocando b por −b em (a + b)2 , vem

(a − b)2 = (a + (−b))2 = a2 + 2a(−b) + (−b)2 = a2 − 2ab + b2

Generalizando para (a + b)n e (a − b)n

Aplicando sucessivamente o conceito de exponenciação e as propriedades dos números reais,

obtemos

(a + b)3 = (a + b)(a + b)2 = a3 + 3a2 b + 3ab2 + b3

(a + b)4 = (a + b)(a + b)3 = a4 + 4a3 b + 6a2 b2 + 4ab3 + b4

(a + b)5 = (a + b)(a + b)4 = a5 + 5a4 b + 10a3 b2 + 10a2 b3 + 5ab4 + b5

59
Generalizando

n
(a + b) = a +
n n
Cn1 an−1 b + Cn2 an−2 b2 + Cn3 an−3 b3 + ... + Cnn−1 abn−1 +b =
n
Cnj an−j bj
X

j=0

onde

n!
Cnj = , k! = k × (k − 1) × (k − 2) × · · · × 3 × 2 × 1 e 0! = 1
j!(n − j)!

O desenvolvimento de (a − b)n é obtido trocando-se b por −b em (a + b)n .

Triângulo de Pascal

Os coeficientes Cnj que aparecem no desenvolvimento de (a + b)n podem ser obtidos através da

seguinte construção chamada Triângulo de Pascal

1 1 • todas as linhas começam e terminam com 1.

1 2 1 • os demais números das linhas são obtidos somando-se

1 3 3 1 o número imediatamente acima com seu antecessor.

1 4 6 4 1 • as linhas fornecem os coeficientes de (a + b)n .

1 5 10 10 5 1 • a soma dos expoentes de a e b em (a + b)n é sempre igual a i.

60
Exemplo 3.1

A sexta linha do Triângulo de Pascal é

1 6 15 20 15 6 1

Daı́

(a + b)6 = a6 + 6a5 b + 15a4 b2 + 20a3 b3 + 15a2 b4 + 6ab5 + b6

Exemplo 3.2

a) 9x2 + 6x + 1 = (3x)2 + 2.3x.1 + 11 = (3x + 1)2

b) 4x2 − 12xy + 9y 2 = (2x)2 − 2.2x.3y + (3y)2 = (2x − 3y)2 .

Fatoração

Fatoração é o processo que permite escrever expressões algébricas como um produto de fato-

res irredutı́veis através do emprego dos produtos notáveis e das propriedades dos números reais.

Exemplo 3.3

a) x2 − 5x + 6 = (x − 2)(x − 3).

b) 2x2 + x − 15 = 2x2 + 6x − 5x − 15 = 2x(x + 3) − 5(x + 3) = (2x − 5)(x + 3).

c) x4 y +x3 y 2 −x2 y −xy 2 = xy(x3 +x2 y −x−y) = xy[x2 (x+y)−(x+y)] = xy[(x2 −1)(x+y)] =

= xy(x + 1)(x − 1)(x + y).

61
Exemplo 3.4

Fatorar 3x2 − 7xy + 2y 2 .

Vamos determinar a, b, c, d ∈ Z tais que

3x2 − 7xy + 2y 2 = (ax + by)(cx + dy) = acx2 + (ad + bc)xy + bdy 2 .

Igualando os coeficientes 
ac = 3







 ad + bc = −7



bd = 2


O sistema pode ser resolvido por tentativas. Por exemplo, escolhendo a = 1, c = 3, b = −1 e

d = −2, a primeira e terceira equações são satisfeitas mas ad + bc = 1 × (−2) + (−1) × 3 6= −7.

Escolhendo a = 1, c = 3, b = −2 e d = −1 temos ad + bc = 1 × (−1) + (−2) × 3 = −7.

Portanto

3x2 − 7xy + 2y 2 = (x − 2y)(3x − y).

Fatorando xn − an
Efetuando as multiplicações, obtemos

(x − a)(x2 + ax + a2 ) = x3 − a3

(x − a)(x3 + ax2 + a2 x + a3 ) = x4 − a4

(x − a)(x4 + ax3 + a2 x2 + a3 x + a4 ) = x5 − a5

De modo geral

xn − an = (x − a)(xn−1 + axn−2 + a2 xn−3 + · · · + an−3 x2 + an−2 x + an−1 ) (?)

62
√ √
Reescrevendo n
x− n
a
√ √
Pondo xn = t, x = n
t, an = b e a = n
b em (?) obtemos

√ √  √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ 
t−b= tn−1 + b tn−2 + b2 tn−3 + · · · + bn−3 t2 + bn−2 t + bn−1 .
n n n n n n n n n n n n
t− b

Usando x e a no lugar de t e b

√ √  √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ 
x−a = xn−1 + n a xn−2 + a2 xn−3 + · · · + an−3 x2 + an−2 n x + an−1
n n n n n n n n
n
x− n
a

ou

√ √ x−a
n
x− na= √ √ √ √ √ √ √ √ √ √
+ a x + a x + · · · + an−3 x2 + an−2 n x + an−1
n n n n n n n n
xn−1 n n−2 2 n−3

Exemplo 3.5

a) x3 − 8 = x3 − 23 = (x − 2)(x2 + 2x + 4).
√ √ √
b) ( 3 x − 1)( x2 + 3 x + 1) = x − 1
3

√ √ √ √
c) ( 4 x − 1)( x3 + x2 + 4 x + 1) = x − 1.
4 4

Exemplo 3.6

4
x−1
Reescreva √ como um quociente de duas somas.
3
x−1
Dos itens b e c do Exemplo 3.5, podemos escrever

√ x−1 √ x−1
3
x−1= √ √ e 4
x−1= √ √ √
x2 + 3 x + 1 x3 + x2 + 4 x + 1
3 4 4

Portanto
√ √ √
x−1 x2 + 3 x + 1
4 3

√ = √ √ √
3
x−1 4
x3 + x2 + 4 x + 1
4

63
3.3 Racionalização

É o processo que busca eliminar radicais que aparecem nos denominadores de expressões fra-

cionárias.

Exemplo 3.7

√ √
1 1 2 2
a) √ =√ ×√ =
2 2 2 2
√ √
1 1 3−2 3−2 √
b) √ =√ ×√ = =2− 3
3+2 3+2 3−2 3−4

√ √
1 1 x x
c) √ =√ ×√ =
x x x x
√ √
1 1
3 3
x2 x2
d) √ = √ × √
3
=
3
x 3
x x2 x
√ √ √ √ √ √
1 1 x3 + x2 + 4 x + 1 x3 + x2 + 4 x + 1
4 4 4 4

e) √ = √ ×√ √ √ =
4
x−1 4
x−1 4
x3 + x2 + 4 x + 1
4
x−1
√ √ √ √ √ √
1 1 1 x2 + 3 8 3 x + 82 x2 + 2 3 x + 4
3 3 3

f) √ = √ √ = √ √ ×√ √ √ √ =
3
x−2 3
x− 38 3
x− 38 3
x2 + 3 8 3 x + 82
3
x−8

64
Exemplo 3.8

Calcule

1 1 1 1 1
S= √ + √ √ + √ √ + √ √ + ··· + √ √ .
2+ 2 3 2+2 3 4 3+3 4 5 4+4 5 100 99 + 99 100

A soma S pode ser escrita como

100
1
S=
X
√ √
n=2 n n − 1 + (n − 1) n

O termo geral pode ser reescrito como

√ √ √ √
1 1 n n − 1 − (n − 1) n n n − 1 − (n − 1) n
√ √ = √ √ × √ √ = 2 =
n n − 1 + (n − 1) n n n − 1 + (n − 1) n n n − 1 − (n − 1) n n (n − 1) − n(n − 1)2
√ √ √ √
n n − 1 − (n − 1) n n−1 n
= = −
n(n − 1) n−1 n

Daı́

√ √ ! √ √ √ √ √ √ √ √ √
100
n−1 n 2 2 3 3 4 4 5 99 100
S= = 1− + + + +···+
X
− − − − −
n=2 n−1 n 2 2 3 3 4 4 5 99 100

Portanto

100 1 9
S=1− =1− =
100 10 10

65
Exemplo 3.9
 √  √ 
Sabendo que x + 1 + x2 y + 1 + y 2 = 1 calcule (x + y)2 .


Seja u = x + 1 + x2 . Então

√ √
1 1 1 x − 1 + x2 x − 1 + x2 √
= √ = √ × √ = √ = −x + 1 + x2
u x + 1 + x2 x + 1 + x2 x − 1 + x2 x2 − ( 1 + x2 )2

Por outro lado


q
u × (y + 1 + y2) = 1

o que implica
q 1
1 + y2 = −y
u

ou
1 1 2y
 2
1 + y2 = −y = 2
− + y2
u u u

Daı́

1 2y 1 1 1h √ √
  i
1= 2 − =⇒ y = −u =⇒ y = −x + 1 + x2 − (x + 1 + x2 )
u u 2 u 2

Portanto

y = −x

(x + y)2 = 0.

66
Exercı́cios

210 − 36
1] Calcule x = .
25 + 33

0, 12 × 4, 125 1 2
2] Calcule xy sendo x = 11 e y= √ + − 4.
7, 36 × 2+ 2 2
324
m! − (m − 1)!
3] Simplifique
(m − 1)! + (m − 2)!

4] Fatore as expressões

a) 5x3 − 20x2 b) y 2 − 49 c) 81 − 16t2 d) (x + 1)2 − 4 e) r2 + 8r + 16

f) x3 − 4x2 + 5x − 20

g) w6 − 3w4 + w2 − 3

h) 3s3 + s2 − 6s − 2

i) 2x2 + 13x + 20 (sugestão : escreva 13x = 8x + 5x)

5] Desenvolva

a) (x + a)(x − a)

b) (x + a)(x2 − ax + a2 )

c) (x + a)(x3 − ax2 + a2 x − a3 )

d) (x + a)(x4 − ax3 + a2 x2 − a3 x + a4 )

6] Calcule
√ √ √ √ √ √ 
a) x− 32 x2 + 3 2 3 x + 22
3 3 3

√ √ √ √ √ √ √ √ √ √ 
b) x− 53 x4 + 5 3 x3 + 32 x2 + 33 5 x + 34
5 5 5 5 5 5 5

67
√ √ √
5
x− 52 3 15 256
7] Seja E(x) = √ √ para x 6= 2 e E(2) = . Como foi definido E(2) ?
3
x− 32 5

8] Fatore x4 y 2 + x3 y 2 + x4 y + x3 y − x2 y 4 − xy 4 − x2 y 3 − xy 3 .

x3 − x2 y + xy 2 − y 3
9] Simplifique
x4 − y 4

10] Racionalize os denominadores


2 3 1
a) √ b) √ c) √
3 3
2 2−5

3+ 6
11] Calcule A se A = √
2 √ √ √
75 − 48 − 32 + 50

12] Calcule 10.0002 − 9.9992


13] Calcule 682 − 322

 s 2
b a
r
14] Simplifique a +b
a b

5x+2 + 5x+1
15] Calcule
5x−1

68
Respostas

(m − 1)2
1) 5 2) −6 3)
m

4a) 5x2 (x − 4)

4b) (y + 7)(y − 7)

4c) (9 − 4t)(9 + 4t)


h ih i
4d) (x + 1) − 2 (x + 1) + 2 = (x − 1)(x + 3)

4e) (r + 4)2

4f) (x − 4)(x2 + 5)
√ √
4g) (w − 3)(w + 3)(w4 + 1)
√ √
4h) (3s − 1)(s − 2)(s + 2)

4i) (2x + 5)(x + 4)

5a) x2 − a2 5b) x3 + a3 5c) x4 − a4 5d) x5 + a5

6a) x − 2 6b) x − 3

7) Imite o Exemplo 3.6 8) (x − y)(x + y)(xy + x)(xy + y)

1
9)
x+y
√ √ √
2 3 334 2+5
10a) 10b) 10c)
3 2 23

11) 3 12) 19.999 13) 60 14) 4ab 15) 150

69
4. Logaritmos
Neste capı́tulo apresentaremos um tipo especial de número real, chamado logaritmo.

Dado x > 0, o logaritmo de x na base a , a > 0 , a 6= 1 , é o expoente y ao qual deve-se elevar

a para obter-se x. Assim

y = loga x ⇐⇒ x = ay

Exemplo 4.1

a) log10 100 = 2 pois 102 = 100

b) log2 16 = 4 pois 24 = 16

• se a base a = 10 escrevemos log10 x = log x

• se a base a = e onde e é o número de Euler escrevemos loge x = ln x.

Propriedades dos logaritmos


Os logaritmos tem algumas propriedades que são consequência da sua própria definição e das

propriedades das potências.

(L1) loga 1 = 0 e loga a = 1

(L2) loga (bc) = loga b + loga c

Fazendo loga (bc) = x , loga b = y e loga c = z obtemos

ax = bc , ay = b e az = c =⇒ ax = ay .az = ay+z =⇒ x = y + z

70
(L3) loga bc = c. loga b

Pondo loga bc = x e loga b = y segue que

ax = bc e ay = b =⇒ ax = (ay )c = acy =⇒ x = cy

!
b
(L4) loga = loga b − loga c
c

Aplicando (L2) e (L3)

!
b
loga = loga (bc−1 ) = loga b + loga c−1 = loga b + (−1) loga c
c

(L5) aloga b = b

Se λ = loga b então aλ = b

logc b
(L6) Mudança de Base : loga b =
logc a

Pondo loga b = x , logc b = y e logc a = z obtemos

ax = b , c y = b e c z = a

Daı́
y
ax = cy =⇒ (ax )z = (cy )z = (cz )y = ay =⇒ xz = y ou x =
z

71
Exercı́cios

1] Calcule
1
 
a) log3 9 b) log5 125 c) log3 81 d) log 1
3 9
1 √ √
 
e) log 1 3 f) log2 g) log7 7 h) log 3 9 3

3 2

i) log2√2 32 5 4

1
2] Use a fórmula de mudança de base para concluir que loga b = .
logb a

3] Calcule

a) 16log4 5 b) 3log5 10. log3 5 c) 41+log4 6

1 1 1
4] Calcule S = + +
2 log2 2016 5 log3 2016 10 log7 2016

5] Calcule x se log3 x + log9 x = 1

y
 
6] Sendo log5 x = 2 e log y = 4, calcule log20
x

x
7] Sendo 10x = 20y e log 2 = A, calcule
y

8] Calcule x = loga b. logb c. logc a

72
9] Assinale V ou F

a) O logaritmo de um número positivo é positivo.

b) O logaritmo de um número negativo é negativo.

c) (loga x)2 = 2 loga x.

d) loga (x + y) = loga x + loga y.

10] Calcule x sendo log3 3x = 3.

11] Usando log 2 = 0, 3 calcule log 3200.

12] Sabendo que loga b = 3 e logab c = 4 calcule loga c × logb c.

b
13] Sabendo que loga bc = 5 e loga = 3 e loga bc = 12 calcule a + b + c.
c

73
Respostas

1a) 2 1b) 3 1c) 4 1d) 2 1e) −1 1f) −1 1g) 1/2 1h) 5

1i) 18/5

3a) 25 3b) 10 3c) 24

1 √
4) 5) 3
9 6) 2 7) A + 1
10

8) x = 1

9) Todas falsas.

256
10) x = 9 11) 3,5 12) 13) 87
3

74
5. Números Complexos

Conjunto dos Números Complexos

Consideremos a equação

x2 + 1 = 0

Essa equação não possui solução pois não existe número real x tal que x2 = −1.

Entretanto, se definirmos −1 = i obtemos


x2 = ± −1 = ±i

e a equação terá duas soluções que são x1 = i e x2 = −i.

O número i é chamado unidade imaginária e possibilita a criação de um novo conjunto de

números chamado conjunto dos números complexos, definido por


C = {z = x + yi | x, y ∈ R e i = −1}

onde o número real x é chamado parte real de z e o número real y é chamado parte imaginária

de z.

O Plano Complexo

Identificando o número complexo z = x + yi com o par ordenado (x, y) ∈ R2 , os números

da forma (x, 0) = x + 0i = x coincidem com os números reais e o eixo-x será chamado eixo

real. Os números da forma (0, y) = 0 + yi = yi são chamados imaginários puros e o eixo-y será

o eixo imaginário.

75
C Im

y z = (x, y) = x + yi

x R

Figura 5.1

Operações com Complexos

(1) Igualdade

x + yi = a + bi ⇐⇒ x = a e y = b.

(2) Adição

(x + yi) + (a + bi) = (x + a) + (y + b)i.

(3) Multiplicação

(x + yi).(a + bi) = ax + bxi + ayi + byi2 = (ax − by) + (bx + ay)i.

76
(4) Módulo

O módulo |x| de um número real x é a distância de sua posição na reta real à origem. O

módulo |z| de um número complexo z = x + yi é a distância do ponto (x, y) à origem dos eixos

coordenados. Observando a Figura 5.1 e aplicando o Teorema de Pitágoras, obtemos

q
|z| = x2 + y 2

(5) Conjugado

Dado z = x + yi o conjugado de z é o complexo z = x − yi.

Propriedades do conjugado

• z1 + z2 = z1 + z2 e z1 − z2 = z1 − z2

z1 z1
 
• z1 .z2 = z1 .z2 , z.z = |z|
2
e = , z2 6= 0
z2 z2

• z ∈ R se e somente se z = z

• z=z

• (z)n = z n , n∈N

(6) Divisão

Observe que o produto (a + bi)(a − bi) = a2 + b2 é um número real.

A divisão de complexos é feita multiplicando-se o numerador e o denominador da fração original

pelo conjugado do denominador produzindo uma divisão de um complexo por um real :

x + yi (x + yi)(a − bi) (ax + by) + (ay − bx)i ax + by


! !
ay − bx
= = = + i
a + bi (a + bi)(a − bi) a2 + b 2 a2 + b 2 a2 + b 2

77
Exercı́cios

1] Calcule

a) i2 b) i3 c) i4 d) i5 e) i6 f) i7 g) i8 h) i9

2] Observe o exercı́cio 1. Note que o resultado das potências de i se repete periodicamente.

Obtenha uma expressão que descreva este padrão de repetição.

3] Calcule

a) i25 b) i72 c) i1287

4] Calcule

a) (1 + i)2 b) (1 + i)12

5] Dados z1 = 1 + 2i e z2 = 4 − 3i calcule
z1
a) z1 + z2 b) z2 − z1 c) z1 .z2 d) z2 e) f) |z1 | + |z2 |
z2

6] Dados z1 = 1 + i e z2 = 1 + 2i calcule

a) z1 .z2 b) z1 .z2

7] Sejam z1 = 2 + 3i e z2 = 3 − 4i. Calcule

a) |z1 .z2 | b) |z1 |.|z2 |

78
8] Calcule

a) 1 + i + i2 + i3

b) 1 + i + i2 + i3 + i4 + i5 + i6 + i7

c) 1 + i + i2 + i3 + i4 + i5 + i6 + i7 + i8

d) 1 + i + i2 + i3 + i4 + i5 + i6 + i7 + i8 + · · · + i2137

9] Determine a relação entre a e b para que o produto dos complexos a + 2i e 3 + bi seja

a) um número real

b) um imaginário puro

10] Demonstre as propriedades do conjugado.

79
Respostas

1a) −1 b) −i c) 1 d) i e) −1 f) −i g) 1 h) i

2) i4n+r = ir , n∈N

3a) i b) 1 c) −i

4a) 2i 4b) −64

2 11
5a) 5 − i 5b) 3 − 5i 5c) 10 + 5i 5d) 4 + 3i 5e) − + i f) 30
25 25

6a) −1 − 3i 6b) −1 − 3i

√ √
7a) 5 13 7b) 5 13

8a) 0 8b) 0 8c) 1 8d) 1 + i

9a) −6 9b) 3a = 2b

80
6. A Reta e a Equação do Primeiro Grau

A Reta
Sejam a, b ∈ R. O subconjunto

r = {(x, y) ∈ R2 | y = ax + b} ⊂ R2

cujos elementos são os pontos (x, y) ∈ R2 que satisfazem y = ax + b é denominado reta de

coeficiente angular a e coeficiente linear b.

A relação y = ax + b, também chamada binômio do 10 grau ou binômio linear, descreve a

propriedade caracterı́stica do conjunto r e é denominada equação cartesiana da reta.

De maneira mais simples, escrevemos r : y = ax + b.

y y
r

b a<0
a>0

b
− ab
x x
− ab

Sabemos da Geometria Plana que por dois pontos do plano passa uma única reta. Assim,
!
b
os pontos (0, b) onde a reta intercepta o eixo-y e, se a 6= 0, − , 0 onde a reta intercepta o
a
eixo-x determinam de forma unı́voca a reta r.

81
Casos Particulares

• Se a = 0 então r = {(x, y) ∈ R2 | y = b} é uma reta horizontal.

• O conjunto r = {(x, y) ∈ R2 | x = c} é uma reta vertical

y
y
r
r
b

x c x

Exercı́cio 1

Verifique se os pontos A = (1, 5), B = (−1, −1) e C = (2, 9) pertencem à reta r : y = 2x + 3.

Exercı́cio 2

Encontre os coeficientes angular e linear das retas:

a) y = 3x + 5

b) 4x + 2y − 12 = 0

c) y = 15

82
Equação do Primeiro Grau
Sejam a, b ∈ R com a 6= 0. Uma equação do primeiro grau pode ser escrita sob a forma

ax + b = 0.

Para resolvê-la, primeiramente somamos −b a ambos os membros da equação (esta operação é

comumente conhecida como ”passar para o outro lado com sinal trocado”)

ax + b + (−b) = 0 + (−b) =⇒ ax = −b

Agora, multiplicando ambos os membros da última igualdade por a−1 (operação conhecida

como ”passar para o outro lado dividindo”) obtemos

b
a−1 ax = a−1 (−b) ou x = −a−1 b = −
a

Portanto, o conjunto solução da equação ax + b = 0 é

( )
b
S= − .
a

b
A solução − é também chamada raiz da equação.
a

83
Exercı́cios complementares

3] Encontre os pontos de interseção com os eixos coordenados e esboce a reta r

a) r : y = 3x − 2 b) r : y = 4 − 2x c) r : x = −3 d) r : y = 4

4] Resolva

a) 6x − 12 = 0 b) 4 + 5x = 0 c) 3(2x − 3) + 2(3x − 2) = 9x − 4
5x − 2 x
d) =2+
8 4

5] Duas retas r e s são ditas concorrentes quando elas se interceptam em um único ponto.

O ponto de interseção satisfaz simultaneamente às equações de r e s.

Encontre o ponto de interseção das retas :

a) y = 3x + 2 e y = −5x + 10

b) y = 7x − 4 e x = 5

c) y = 6x + 1 e y = 13

d) y = 8 e x = 3

6] Duas retas r e s são paralelas quando elas não se interceptam e são coincidentes quando

suas equações são idênticas. Dadas as retas não verticais r : y = ax + b e s : y = cx + d,

encontre as condições que a, b, c e d devem satisfazer para que r e s sejam

a) paralelas

b) coincidentes

7] Resolva o exercı́cio 4 para o caso em que r e s são verticais.

84
8] Uma reta r : y = ax + b divide o plano cartesiano em três regiões :

• R = {(x, y) ∈ R2 | y > ax + b} : constituı́da dos pontos que estão acima de r

• r = {(x, y) ∈ R2 | y = ax + b} : constituı́da dos pontos que estão sobre r

• R = {(x, y) ∈ R2 | y < ax + b} : constituı́da dos pontos que estão abaixo de r

y r
Esboce as regiões do plano tais que
R
a) 2 − x ≤ y ≤ x + 1
R
b) x + 2 < y < 5

9] Defina as regiões do plano determinadas pela reta r de equação x = a e esboce a região

limitada por y ≤ x , y ≥ 2 e x ≤ 4.

10] Calcule α para que a reta (α + 1)x + (α + 2)y − 1 = 0 seja

a) paralela ao eixo-x b) paralela ao eixo-y c) paralela à reta y = 3x + 5

11] Dizemos que a reta r : y = ax + b é crescente se x2 > x1 =⇒ ax2 + b = y2 > y1 = ax1 + b

e decrescente se x2 > x1 =⇒ ax2 + b = y2 < y1 = ax1 + b. Mostre que se a > 0 então r é

crescente e se a < 0 então r é decrescente.

85
Respostas

1) A ∈ r , B∈r , C∈
/ r.

2a) a = 3 , b = 5 2b) a = −2 , b = 6 2c) a = 0 , b = 15.

3)

y y
a) b)
4

2 x 2 x
3
−2

c) y d) y

−3 x x

86
4a) S = {2} 4b) S = {− 45 } 4c) S = {3} 4d) S = {6}

5a) (1,5) 5b) (5,31) 5c) (2,13) 5d) (3,8)

6a) Se a 6= 0 ou c 6= 0 então a condição é a = c e b 6= d pois, se a 6= c, as retas se


!
d − b ad − bc
interceptariam no ponto , .
a−c a−c
Se a = c = 0 então a condição é b 6= d.

6b) a = c e d = b.

7) x = a e x = b serão paralelas se a 6= b e coincidentes se a = b.

8b)
8a)
y
y

2
2
1

−1 2 x −2 x

87
9) Re = {(x, y) ∈ R2 | x < a} : constituı́da dos pontos à esquerda de r

r = {(x, y) ∈ R2 | x = a} : constituı́da dos pontos que estão sobre r

Rd = {(x, y) ∈ R2 | x > a} : constituı́da dos pontos à direita de r

y=x

4 x

7
10a) α = −1 10b) α = −2 10c) α = −
4

11) se x2 > x1 e a > 0 então ax2 > ax1 . Daı́, ax2 + b > ax1 + b.

se a < 0 então ax2 < ax1 e daı́ ax2 + b < ax1 + b

88
7. A Parábola e a Equação do Segundo Grau

A Parábola
Sejam a, b, c ∈ R , a 6= 0. O subconjunto

P = {(x, y) ∈ R2 | y = ax2 + bx + c} ⊂ R2

constituı́do dos pontos (x, y) ∈ R2 que satisfazem y = ax2 + bx + c é denominado parábola.

A relação y = ax2 + bx + c, também chamada trinômio do 20 grau, que descreve a propriedade

caracterı́stica do conjunto P é a equação cartesiana da parábola.

Elementos da Parábola

• raı́zes : são as abscissas dos pontos onde a parábola intercepta o eixo-x.

• discriminante : é o número ∆ = b2 − 4ac.


!
b
• vértice : é o ponto V = − , − .
2a 4a
b
• eixo de simetria : é a reta vertical de equação x = − que passa pelo vértice.
2a
x1 + x2
Se ∆ ≥ 0, a equação do eixo de simetria fica determinada por x =
2
sendo x1 e x2 as raı́zes.

• concavidade : voltada para cima se a > 0 e para baixo se a < 0

• (0, c) é o ponto onde a parábola intercepta o eixo-y

89
Representação Geométrica de P

Há 6 representações geométricas para P, conforme os valores de a e ∆.

a>0

y y y P
∆>0 ∆=0 ∆<0
P
e e e
P

V
x1 x2 x V x x

a<0

∆>0
y y ∆=0 y ∆<0

V
x1 x2 x x V x

e P

P
e e P

Exercı́cio 1

Determine o vértice, o eixo e esboce a parábola cujas raı́zes são dadas

a) y = x2 − 6x + 9 , x1 = x2 = 3 b) y = 2x2 + 4x , x1 = −2 , x2 = 0

c) y = −x2 − 6x − 11 , não possui raı́zes d) y = −x2 + 5x − 4 , x1 = 1 , x2 = 4

90
Equação do Segundo Grau e a Fórmula de Bháskara
Sejam a, b, c ∈ R com a 6= 0. Uma equação do segundo grau pode ser colocada sob a forma

ax2 + bx + c = 0

Os valores de x ∈ R que satisfazem a equação são as soluções ou raı́zes da equação.

Fórmula de Bháskara

A fórmula de Bháskara fornece as soluções da equação do segundo grau e, consequentemente,

as raı́zes da parábola, em função dos coeficientes a, b e c.

Usando a distributividade, podemos escrever

!
b
ax + bx + c = a x + x + c = 0
2 2
(1)
a

Temos que
!2
b b b2
x+ = x2 + x + 2 (2)
2a a 4a

b2
Somando e subtraindo dentro do parêntesis em (1) obtemos
4a2
!
b b2 b2
a x + x+ 2 − 2
2
+c=0 (3)
a 4a 4a

Usando a distributividade novamente obtemos

!
b b2 b2
a x + x+ 2
2
− +c=0
a 4a 4a

Usando (2)
!2
b b2 b2 − 4ac
a x+ = −c=
2a 4a 4a

91
Dividindo por a
!2
b b2 − 4ac
x+ =
2a 4a2

Daı́

b b2 − 4ac
x+ =± .
2a 2a

A Fórmula de Bháskara fica então

√ √ √
b b2 − 4ac −b ± b2 − 4ac −b ± ∆
x=− ± = = .
2a 2a 2a 2a

Três situações podem ocorrer :

(1) ∆ > 0 : a equação terá duas soluções reais e distintas, x1 e x2 , dadas por

√ √
−b − ∆ −b + ∆
x1 = e x2 =
2a 2a

(2) ∆ = 0 : a equação terá duas soluções reais e iguais, x1 = x2 , dadas por

b
x1 = x2 = −
2a

(3) ∆ < 0 : a equação não tem soluções reais.

92
Casos Particulares

(1) a > 0, b = 0 e c ≤ 0 ou a < 0, b = 0 e c ≥ 0.

A equação se reduz a

v v
u |c| u |c|
u u
ax2 + c = 0 =⇒ x1 = t e x2 = −t
|a| |a|

(2) b 6= 0 e c = 0.

A equação fica
b
ax2 + bx = x(ax + b) = 0 =⇒ x1 = 0 e x2 = −
a

(3) b = c = 0.

A equação fica

ax2 = 0 =⇒ x1 = x2 = 0

Exercı́cio 2

Encontre, se existirem, as soluções das seguintes equações :

a) x2 − 5x + 6 = 0

b) −2x2 + 1 = 0

c) x2 − 25 = 0

d) 3x2 + 2 = 0

e) x2 + 9x + 20 = 0

f) x2 + 3x + 7 = 0

93
Decomposição em Fatores Lineares

Suponhamos que y = ax2 + bx + c tenha discriminante ∆ ≥ 0 e sejam

√ √
−b − ∆ −b + ∆
x1 = e x2 =
2a 2a

suas raı́zes.

Então, y pode ser escrito como produto de binômios lineares da seguinte forma

y = a(x − x1 )(x − x2 ).

De fato

√ !# " √ !# √ √ !
−b + ∆ −b − ∆ ∆ + ∆ b2 − ∆
" " #
−b − −b
a x− x− =a x −
2
+ x+ =
2a 2a 2a 2a 4a2

b2 − b2 + 4ac
" # " #
b b c
= a x2 + x + = a x2 + x + = ax2 + bx + c
a 4a 2 a a

Exercı́cio 3

Escreva, se possı́vel, os seguintes trinômios como produto de binômios lineares.

a) y = 3x2 − 3 b) y = x2 + x − 6

c) y = x2 − 4x d) y = 2x2 − 8x + 7

e) y = 4x2 − 2x + 10 f) y = 5x2 − 10x + 5

94
Relação entre Coeficientes e Raı́zes
A fórmula de Bháskara deixa claro que as raı́zes de um trinômio ficam completamente deter-

minadas pelos seus coeficientes e dependem somente desses.

Veremos agora outras relações entre os coeficientes de um trinômio e suas raı́zes.

Sejam x1 e x2 as raı́zes de y = ax2 + bx + c. Então

 
y = a(x − x1 )(x − x2 ) = a x2 − (x1 + x2 )x + x1 x2 (1)

Por outro lado

!
b c
y = ax + bx + c = a x + x +
2 2
(2)
a a

Comparando as expressões (1) e (2) obtemos

b
x1 + x2 = − soma das raı́zes
a

c
x1 x2 = produto das raı́zes
a

As relações entre os coeficientes de um trinômio e suas raı́zes às vezes permitem o cálculo

das raı́zes por inspeção. Por exemplo, dado y = x2 − 5x + 6, vemos que a soma das raı́zes é 5

e seu produto é 6. Portanto, com um pouquinho de esforço, concluı́mos que suas raı́zes são 2 e 3.

Exercı́cio 4

Para cada trinômio, identifique a soma e o produto das raı́zes e tente encontrá-las sem fazer

uso da fórmula de Bháskara.


3
a) y = x2 − 6x + 5 b) y = 2x2 − 2x + c) y = x2 + x − 2
2

95
Completando Quadrados
Quadrados perfeitos são expressões que podem ser escritas como

(ax + b)2 ou (ax − b)2

As expressões quadráticas

y1 = 4x2 + 12x + 9 e y2 = x2 − 4x + 4

são quadrados perfeitos pois podem ser escritas como

y1 = (2x + 3)2 e y2 = (x − 2)2

Nem sempre a expressão quadrática y = ax2 ± bx + c é um quadrado perfeito. Porém, pode-se

reescrever y de forma que apareça um quadrado perfeito. De fato

!  !2 !2   !2 
b c b b b c b b c b2
y = a x2 ± x + = a x2 ± x + − +  = a x2 ± x + + − 2
a a a 2a 2a a a 2a a 4a

b
esses termos são iguais à metade do coeficiente de x
a

 !2  ! !2 !
b b c b2 b b2
y = a x2 ± x + +a − 2 =a x± + c−
a 2a a 4a 2a 4a

b2
se c = ou b2 = 4ac então y é quadrado perfeito
4a

96
!2
b c b
Na prática, dado y = x ± x + , basta somar e subtrair
2
, correspondente à metade do
a a 2a
coeficiente de x no trinômio para aparecer um quadrado perfeito.

Exemplo 7.1
9 3 3 9 3
   2  2 !  2 !
y = 4x +12x+9 = 4 x + 3x +
2
= 4 x2 + 3x +
2
− + = 4 x + 3x +
2
=
4 2 2 4 2
3 3
 2   2
=4 x+ = 2 x+ = (2x + 3)2
2 2

Exemplo 7.2

y = x2 + 10x + 25 = x2 + 10x + 52 − 52 + 25 = x2 + 10x + 52 = (x + 5)2 .

Exemplo 7.3  √ !2  √ !2
√ √ 3 √ 6  6
 
y = −2x2 + 2 6x − 3 = −2 x2 − 6x + = −2 x2 − 6x + = −2 x −
2 2 2

Exemplo 7.4
5 5 5 3
 2  2  2
y = x + 5x + 7 = x + 5x +
2 2
− +7= x+ + .
2 2 2 4

Exemplo 7.5
5 1 1 5 1 6
   2 !  
y = 4x + 4x − 5 = 4 x + x −
2
= 4 x2 + x +
2
− − = 4 x2 + x + − =
4 2 4 4 4 4

1 6 1 1
" 2 #  2   2
=4 x+ − =4 x+ −6= 2 x+ − 6 = (2x + 1)2 − 6 .
2 4 2 2

97
Exemplo 7.6
8x 2 8x 4 16 2 8x 16 10
  "  2 #  
y = 3x −8x+2 = 3 x −
2
+ = 3 x2 −
2
+ − + = 3 x2 − + − =
3 3 3 3 9 3 3 9 9

4 10 4 10
" 2 #  2
=3 x− − =3 x− −
3 9 3 3

Exercı́cio 5

Reescreva os trinômios seguintes de maneira que contenham um quadrado perfeito.

a) y = x2 − 6x + 9

b) y = 2x2 + 4x

c) y = −x2 − 6x − 11

d) y = −x2 + 5x − 4

98
Exercı́cios Complementares

6] Sobre os conjuntos X = {x ∈ R | x2 − 5x + 6 = 0} e Y = {(x, y) ∈ R2 | y = x2 − 5x + 6}

pode-se afirmar

a) Ambos são infinitos b) X ⊂ Y c) X ⊂ R e Y ⊂ R2

d) X, Y ⊂ R e) X, Y ⊂ R2

7] Encontre os pontos de interseção dos gráficos de

a) y = x2 − 5x + 6 e y = 6 − x b) y = 1 − x2 e y = x2 − 1

c) y = 2x2 + 3x + 5 e y = x2 + x + 8

8] Esboce as regiões limitadas pelas curvas do exercı́cio 7.

9] No mesmo sistema de eixos, esboce os gráficos de

a) y = x2 , y = x2 + 1 e y = x2 + 3

b) y = x2 , y = (x + 2)2 e y = (x − 2)2
x2
c) y = x2 , y = e y = 5x2 .
5

10] Dados y = p(x) = x2 − 4x + 13 , z = 2 + 3i e z = 2 − 3i, calcule p(z) e p(z).

11] Sejam y = p(x) = ax2 + bx + c com a, b, c ∈ R e z ∈ C. Use as propriedades do con-

jugado de um complexo para concluir que se p(z) = 0 então p(z) = 0.

99
Respostas

y y
1a) 1b)

x x
3 −2 0

V = (3, 0) V = (−1, −2)


e: x=3 e : x = −1

y
1c) y
1d)

x
x
1 4

V = ( 52 , 49 )
V = (−3, −2)
e : x = −3 e: x= 5
2

100

2 2
2a) 2 e 3 2b) ± 2c) ±2 2d) − e 0 2e) −5 e −4
2 3
2f) não possui raı́zes reais

3a) y = 3(x − 1)(x + 1) 3b) y = (x − 2)(x + 3)


√ !! √ !!
2 2
3c) y = x(x−4) 3d) y = 2 x − 2 − x− 2+
2 2
3e) ∆ < 0. Não é possı́vel 3f) y = 5(x − 1)2

4a) S = 6 , P = 5 , x1 = 1 , x2 = 5

4b) S = 2 , P = 3/4 , x1 = 1/2 , x2 = 3/2

4c) S = 1 , P = −2 , x1 = −1 , x2 = 2

5a) y = (x − 3)2 5b) y = 2(x + 1)2 − 2


5 2 9
 
5c) y = −(x + 3)2 − 2 5d) y = − x − +
2 4

6) c

7a) (0,4) e (4,0)

7b) (1,0) e (−1, 0)

7c) (1,10) e (−3, 14)

101
8a)
8b)

y
y
4

−1 1

x
4 x

8c)
y
(−3, 14)

(1,10)

102
9a) y 9b) y
x2 + 3

x2 + 1
(x + 2)2 x2 (x − 2)2

3 x2

0 x −2 0 2 x

9c) y

5x2
x2

x2
5

−2 0 2 x

10) p(z) = p(z) = 0

11) p(z) = a(z)2 + bz + c = a(z 2 ) + bz + c = az 2 + bz + c = az 2 + bz + c = p(z) = 0 = 0

103
8. As Inequações do Primeiro e Segundo Graus

Uma inequação em x é qualquer expressão que pode ser escrita como

q(x) ≤ 0 ou q(x) ≥ 0 ou q(x) < 0 ou ainda q(x) > 0

Resolver uma inequação significa encontrar todos os valores de x ∈ R que tornam a expressão

q(x) negativa, positiva ou nula.

Inequação do Primeiro Grau


Neste caso

q(x) = ax + b com a 6= 0.

A resolução de qualquer uma das quatro inequações segue os passos usados na resolução da

equação do primeiro grau observado-se o sinal de a.

Como exemplo, supondo a > 0, vamos resolver a inequação

ax + b ≤ 0.

Passando b com sinal trocado para o segundo membro obtemos

ax ≤ −b

Agora, dividindo por a


b
x≤−
a

Note que o sentido da desigualdade foi mantido pois a > 0.

104
O conjunto solução é
( ) #
b b
S= x∈R | x≤− = −∞, −
a a

Se a < 0, o sentido da desigualdade deve ser invertido ao se dividir por a. Neste caso

( ) " !
b b
S= x∈R | x≥− = − ,∞
a a

O estudo do sinal de q(x) = ax + b pode ser resumido da seguinte forma

a>0
a<0
q

+
+

x
− ab x − ab


q

x < − ab x = − ab x > − ab

a>0 q(x) < 0 q(x) = 0 q(x) > 0

a<0 q(x) > 0 q(x) = 0 q(x) < 0

105
Inequação do Segundo Grau
Agora

q(x) = ax2 + bx + c com a 6= 0.

Sejam x1 e x2 as raı́zes da equação q(x) = 0. Como já visto no capı́tulo 8, podemos reescrever

q(x) da seguinte forma

q(x) = a(x − x1 )(x − x2 ).

Obviamente

q(x1 ) = q(x2 ) = 0.

Resta determinarmos quais valores de x fazem com que q(x) < 0 e os valores de x que tornam

q(x) > 0.

Vamos separar a análise em três casos :

(1) x1 < x2

• x < x1 =⇒ x − x1 < 0 e x − x2 < 0 =⇒ (x − x1 )(x − x2 ) > 0

• x1 < x < x 2 =⇒ x − x1 > 0 e x − x2 < 0 =⇒ (x − x1 )(x − x2 ) < 0

• x > x2 =⇒ x − x1 > 0 e x − x2 > 0 =⇒ (x − x1 )(x − x2 ) > 0

o sinal de q(x) vai depender também do sinal de a :

• se a > 0 então

q(x) > 0 se x < x1 ou x > x2

q(x) < 0 se x1 < x < x2

106
• se a < 0 então

q(x) < 0 se x < x1 ou x > x2

q(x) > 0 se x1 < x < x2

(2) x1 = x2 = x =⇒ q(x) = a(x − x)2 e q(x) = 0

• a > 0 =⇒ q(x) > 0 , ∀x ∈ R − {x}.

• a < 0 =⇒ q(x) < 0 , ∀x ∈ R − {x}

(3) x1 , x2 ∈ C

Neste caso
b2 − 4ac
b2 − 4ac < 0 =⇒ <0
4a2

Por outro lado

 !2   !2 
b2 − 4ac 
" #
b c b c b2 b
q(x) = a x2 + x + = a x + + − 2 = a x + −
a a 2a a 4a 2a 4a2

A expressão dentro dos colchetes é sempre positiva. Portanto

a > 0 =⇒ q(x) > 0 , ∀x ∈ R

a < 0 =⇒ q(x) < 0 , ∀x ∈ R

107
As próximas figuras resumem a discussão :

• a>0

∆>0 ∆=0 ∆<0

+ + + + +
+ +
x1 − x2 x
x x x

• a<0

x x

x
+ − − −
x1 x2 − −
x
∆=0
− − ∆<0
∆>0

108
∆<0 ∆=0 ∆>0

q(x) > 0 , x < x1 ou x > x2


a>0 q(x) > 0 , ∀x ∈ R q(x) > 0 , x 6= x
q(x) < 0 , x1 < x < x2

q(x) < 0 , x < x1 ou x > x2


a<0 q(x) < 0 , ∀x ∈ R q(x) < 0 , x 6= x
q(x) > 0 , x1 < x < x2

Exercı́cios

1] Resolva as inequações
5x 9
a) 3x − 2 > 0 b) 4x + 8 ≤ 0 c) −6x + 7 ≥ 1 d) − > −7x + 1
2 4

2] Resolva e interprete geometricamente as desigualdades x − 4 ≤ −x + 6 ≤ 2x + 1.

3] Uma fábrica de canetas tem custo fixo de R$ 9.600,00 mensais. Cada caneta produzida

custa R$ 15,00 e pode ser vendida por R$ 23,00. Qual o número mı́nimo de canetas a serem

produzidas para que a fábrica não tenha prejuı́zo ?

4] Minha idade hoje é o dobro do que meu irmão terá daqui a 5 anos mas é menor que 3

vezes a idade dele. Pode-se afirmar que :

a) tenho menos de 20 anos b) tenho mais de 30 anos

c) sou mais velho que meu irmão d) sou mais novo que meu irmão

e) meu irmão tem 5 anos

109
5] Certa loja permite que o cliente leve o segundo item por metade do preço do primeiro.

Se um cliente dispõe de R$ 240,00, qual deve ser o preço máximo do primeiro item para que o

segundo possa ser levado ?

6] (ENEM 2020 - adaptado). Na última eleição para a presidência de um clube, concorre-

ram duas chapas. Os votos de sócios proprietários valem 60% e de sócios contribuintes, 40%.

A chapa 1 recebeu 550 votos de sócios proprietários e 900 votos de sócios contribuintes. A

chapa 2 recebeu 850 votos de sócios proprietários e 750 de sócios contribuintes. Qual o total

de votos de cada chapa ? Supondo que os sócios proprietários não mudam de voto, quantos

sócios contribuintes precisariam ter trocado seu voto para que o resultado da eleição fosse outro ?

7] Resolva

a) x2 − 5x + 6 > 0 b) 2x2 − 4x − 6 ≤ 0 c) (x − 2)2 ≥ 2x − 1

8] Calcule m para que mx2 − 3x + m > 0 , ∀x ∈ R.

9] Supondo a > 0, qual a relação entre a, b e c para que a parábola y = ax2 + bx + c es-

teja sempre acima da reta y = ax + b ?

10] Considere um quadrado de lado L. Pergunta-se :

a) Para que valores de L a área do quadrado será maior que seu perı́metro ?

b) Para que valores de L a área será menor que o perı́metro ?

110
Respostas

2 2
   
1a) S = x ∈ R | x > = ,∞ 1b) S = {x ∈ R | x ≤ −2} = (−∞, −2)
3 3
13 13
   
1c) S = {x ∈ R | x ≤ 1} = (−∞, 1) 1d) S = x ∈ R | x ≥ = ,∞
38 38

2)
y = 2x + 1
y = −x + 6
5 5
   
S = x ∈ R| ≤ x ≤ 5 = ,5
3 3

y =x−4

5 5 x
3

5
 
No intervalo , 5 , a reta y = −x + 6 está abaixo da reta y = 2x + 1 e acima da reta y = x − 4.
3

3) 1.200 4) Letra b 5) R$ 160,00

6) Chapa 1 = 690 votos , Chapa 2 = 810 votos. No mı́nimo, 151.

7a) (−∞, 2) ∪ (3, ∞) 7b) [−1, 3] 7c) (−∞, 1] ∪ [5, ∞)

3
8) m > 9) 4ac > (a + b)2
2

10a) L > 4 10b) 0 < L < 4

111
9. Inequações que envolvem produto/quociente de Binômios
Lineares e/ou Trinômios Quadráticos

A resolução de inequações que envolvem produtos ou quocientes cujos fatores são lineares e/ou

quadráticos se baseia na resolução das inequações de primeiro e segundo graus e faz uso das

propriedades (D8) e (D9) das desigualdades entre números reais vistas no capı́tulo 2.

Inequação Produto
Seja p(x) = p1 (x)p2 (x)

B p(x) > 0 ⇐⇒ p1 (x) > 0 e p2 (x) > 0 ou p1 (x) < 0 e p2 (x) < 0.

B p(x) < 0 ⇐⇒ p1 (x) e p2 (x) tem sinais opostos.

Inequação Quociente
q1 (x)
Seja q(x) =
q2 (x)
B q(x) > 0 ⇐⇒ q1 (x) > 0 e q2 (x) > 0 ou q1 (x) < 0 e q2 (x) < 0.

B q(x) < 0 ⇐⇒ q1 (x) e q2 (x) tem sinais opostos.

Casos mais gerais em que p(x) ou q1 (x) ou q2 (x) são produtos de vários fatores reduzem-se

aos casos anteriores. Na prática, construı́mos uma tabela que contém todos os fatores que

aparecem na inequação, analisamos o sinal de cada um deles e aplicamos as propriedades (D8)

e (D9) sucessivas vezes.

112
Exemplo 9.1

p(x) = a(x − x1 )(x − x2 ) , a > 0 , x1 < x2 .

x < x1 x1 x1 < x < x 2 x2 x > x2


x − x1 − 0 + +
x − x2 − − 0 +
p(x) + 0 − 0 +

p(x) ≥ 0 para x ∈ (−∞, x1 ] ∪ [x2 , ∞)

p(x) < 0 para x ∈ (x1 , x2 ).

Exemplo 9.2

p(x) = (x − 1)(2x − 4)(x − 5)

x<1 1 1<x<2 2 2<x<5 5 x>5


x−1 − 0 + + +
2x − 4 − − 0 + +
x−5 − − − 0 +
p(x) − 0 + 0 − 0 +

p(x) ≥ 0 para x ∈ [1, 2] ∪ [5, ∞)

p(x) < 0 para x ∈ (−∞, 1) ∪ (2, 5).

113
Exemplo 9.3
(2x − 1)(x − 2)
q(x) =
(x + 1)(x − 14 )

x < −1 −1 −1 < x < 1/4 1/4 1/4 < x < 1/2 1/2 1/2 < x < 2 2 x>2
2x − 1 − − − 0 + +
x−2 − − − − 0 +
q1 (x) + + + 0 − 0 +
x+1 − 0 + + + +
x − 1/4 − − 0 + + +
q2 (x) + 0 − 0 + + +
q(x) + @ − @ + 0 − 0 +

 i
q(x) ≥ 0 em (−∞, −1) ∪ 1 1
,
4 2
∪ [2, ∞)
  h i
q(x) < 0 em −1, 41 ∪ 1
2
,2 .

Exemplo 9.4

p(x) = (3x2 − x + 4)(2 − x)(x + 3)

x < −3 −3 −3 < x < 2 2 x > 2


3x − x + 4
2
+ + +
2−x + + 0 −
x+3 − 0 + +
p(x) − 0 + 0 −

p(x) ≥ 0 em [−3, 2]

p(x) < 0 em (−∞, −3) ∪ (2, ∞)

114
Exemplo 9.5

Resolva a inequação
(−x2 + 2x − 8)(x2 − 2x + 1)
q(x) = >0
x2 − 1
Observando que :

(i) x2 − 2x + 1 = (x − 1)2 > 0 , ∀x ∈ R − {1}

(ii) −x2 + 2x − 8 não possui raı́zes reais e tem concavidade voltada para baixo

concluı́mos que o sinal de q(x) é contrário ao sinal de x2 − 1. Portanto

q(x) > 0 para x ∈ (−1, 1).

Exercı́cios

1] Resolva as inequações

a) 3x − 15 ≥ 0 b) 2x − 9 > x + 5

2] Resolva as inequações

a) x2 − 8x − 12 ≤ 0 b) 7 − x2 ≥ 0 c) −5x2 + 3x − 4 < 0

3] Resolva a inequação x(x − 1)(x − 3)(x − 5) ≥ 0.

(x2 − 3x + 2)(−x2 + 5x − 6)
4] Resolva a inequação ≤0
(2x2 − 14x + 24)(x2 − 11x + 30)

115
Respostas

1a) [5, ∞) 1b) (14, ∞)

√ √
2a) [−2, 6] 2b) (−∞, − 7) ∪ [ 7, ∞) 2c) R

3) (−∞, 0] ∪ [1, 3] ∪ [5, ∞)

4) (−∞, 1] ∪ (4, 5) ∪ (6, ∞)

116
10. Polinômios. Equações / Inequações Polinomiais.

Polinômio
Um polinômio de grau n ∈ N é uma expressão da forma

p(x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0

onde an , an−1 , ..., a2 , a1 , a0 são os coeficientes do polinômio e an 6= 0.

O grau de p(x) será denotado por gr(p).

Raiz

Um número a é raiz do polinômio p(x) se p(a) = 0.

Exemplo 10.1

Sejam p1 (x) = 3x2 − 4x + 1 , p2 (x) = −x5 + x3 + x − 22 e p3 (x) = x2 + 1.

Temos que gr(p1 ) = gr(p3 ) = 2 e gr(p2 ) = 5.

Além disso, 1 é raiz de p(x) pois p(1) = 0 e −2 é raiz de q(x) pois q(−2) = 0.

Por outro lado, p3 (x) não possui raı́zes reais. Suas raı́zes são ±i ∈ C.
2 √
Outro exemplo de polinômio é p4 (x) = x534 + 99x48 + π.
5

67
Algumas expressões que não constituem polinômios são, por exemplo :
2 √ √
f (x) = x4 + 2 + x + 3 , g(x) = 5x3 + x 2 + 7 e h(x) = x2 + x.
x

117
Operações com Polinômios

• Igualdade

Dois polinômios de mesmo grau

p1 (x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0

p2 (x) = bn xn + bn−1 xn−1 + · · · + b2 x2 + b1 x + b0

são iguais se tem os mesmos coeficientes, isto é, se ai = bi , ∀i = 0, 1, 2, ..., n.

• Soma

A soma de dois ou mais polinômios é obtida somando-se os coeficientes dos termos de mesmo

grau.

Exemplo 10.2

Sejam p1 (x) = 3x2 + 5x − 7, p2 (x) = x4 + x3 − x2 + 8 e p3 (x) = x3 + x. Então

p(x) = p1 (x) + p2 (x) + p3 (x) = x4 + 2x3 + 2x2 + 6x + 1.

• Produto

O produto de dois ou mais polinômios é obtido empregando-se a propriedade distributiva dos

números reais.

Exemplo 10.3

a) (2x + 3)(x − 1) = 2x(x − 1) + 3(x − 1) = 2x2 − 2x + 3x − 3 = 2x2 + x − 3

b) (x3 + x2 + x − 1)(x2 − x + 1) = x5 − x4 + x3 + x4 − x3 + x2 + x3 − x2 + x − x2 + x − 1 =

= x5 + +x3 − x2 + 2x − 1.

118
• Divisão

Sejam p(x) e d(x) polinômios tais gr(d) < gr(p). Dividir p(x) por d(x) significa encontrar q(x)

e r(x) tais que

p(x) = q(x)d(x) + r(x)

onde

gr(r) < gr(d) e gr(q) = gr(p) − gr(d)

O polinômio p(x) é chamado dividendo, d(x) é o divisor, q(x) é o quociente e r(x) é o resto.

Se o resto r(x) for identicamente nulo, isto é, se r(x) = 0 , ∀x ∈ R , então p(x) é divisı́vel por

d(x).

O processo de divisão de p(x) por d(x) consiste em reduzir o grau do dividendo até que este

tenha grau menor que gr(d). O dividendo cujo grau for menor que gr(d) será o resto r(x) da

divisão.

•• Método da Chave

Vamos dividir

p(x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0

por

d(x) = bm xm + bm−1 xm−1 + · · · + b2 x2 + b1 x + b0

onde m ≤ n.

Para encontrarmos o quociente q(x) pelo Método da Chave, sejam

termo de mais alto grau de p(x) an x n


q1 (x) = = e r1 (x) = p(x) − q1 (x)d(x)
termo de mais alto grau de d(x) bm x m

termo de mais alto grau de r1 (x)


q2 (x) = e r2 (x) = r1 (x) − q2 (x)d(x)
bm x m

119
termo de mais alto grau de rk−1 (x)
qk (x) = e rk (x) = rk−1 (x) − qk (x)d(x)
b m xm

Se gr(rk ) < m = gr(d) então r(x) = rk (x) e o processo termina.

Agora, escrevendo

p(x) = q1 (x)d(x) + r1 (x) (1)

r1 (x) = q2 (x)d(x) + r2 (x) (2)

r2 (x) = q3 (x)d(x) + r3 (x) (3)

.. ..
. .

rk−1 (x) = qk (x)d(x) + rk (x) (k)

e, substituindo (2) , (3) , ... , (k) em (1), obtemos

p(x) = q1 (x)d(x) + q2 (x)d(x) + q3 (x)d(x) + · · · + qk (x)d(x) + rk (x)

ou
h i
p(x) = q1 (x) + q2 (x) + · · · + qk (x) d(x) + r(x) = q(x)d(x) + r(x)

Portanto

q(x) = q1 (x) + q2 (x) + ... + qk (x)

120
Exemplo 10.4

Vamos dividir p(x) = 4x3 + 6x2 + x − 1 por d(x) = 2x2 + 1.

Temos

4x3
q1 (x) = = 2x e r1 (x) = p(x) − q1 (x)d(x) = 4x3 + 6x2 + x − 1 − 2x(2x2 + 1) = 6x2 − x − 1.
2x2

6x2
q2 (x) = = 3 e r2 (x) = 6x2 − x − 1 − 3(2x2 + 1) = −x − 4.
2x2

Como gr(r2 ) = 1 < 2 = gr(d) segue que

q(x) = q1 (x) + q2 (x) = 2x + 3 e r(x) = r2 (x) = −x − 4

O Método da Chave pode ser sistematizado através de um dispositivo similar ao usado para

divisão de números inteiros. Aproveitando o exemplo 10.4 :

p(x) 4x3 + 6x2 + x − 1 2x2 + 1 d(x)

−q1 (x)d(x) −4x3 −2x 2x + 3

r1 (x) 6x2 − x − 1 q1 (x) q2 (x)

−q2 (x)d(x) −6x2 −3

−x − 4 r2 (x) = r(x)

121
Exemplo 10.5

Vamos dividir p(x) = x6 + 2x5 + x3 − x + 3 por d(x) = x2 + 2x − 1.

x6 + 2x5 + 0x4 + 0x2 + x3 − x + 3 x2 + 2x − 1

−x6 − 2x5 + x4 x4 + x2 − x + 3

x4 + x3 + 0x2 − x + 3

−x4 − 2x3 + x2

−x3 + x2 − x + 3

x3 + 2x2 − x

3x2 − 2x + 3

−3x2 − 6x + 3

−8x + 6

Portanto

q(x) = x4 + x2 − x − 3 e r(x) = −8x + 6

•• Dispositivo Prático de Briot-Ruffini

É usado quando o divisor d(x) é um binômio linear da forma x − a.

Neste caso

B p(x) = q(x)(x − a) + r

B gr(q) = gr(p) − 1

B r = p(a)

B se r ≡ 0 então a é raiz de p(x) = q(x)(x − a).

122
Para mostrarmos como o dispositivo funciona, consideremos p(x) = a3 x3 + a2 x2 + a1 x + a0 ,

d(x) = x − a , q(x) = b2 x2 + b1 x + b0 e r o resto.

Então

a3 x3 + a2 x2 + a1 x + a0 = (b2 x2 + b1 x + b0 )(x − a) + r

ou

a3 x3 + a2 x2 + a1 x + a0 = b2 x3 + (b1 − ab2 )x2 + (b0 − ab1 )x + (r − ab0 )

Dois polinômios são iguais quando possuem os mesmos coeficientes. Portanto,

b2 = a3 , b1 = a2 + ab2 , b0 = a1 + ab1 e r = a0 + ab0

O dispositivo prático de Briot-Ruffini permite calcular os coeficientes bi de q(x) de forma bem

mais rápida.

a3 a2 a1 a0

a b 2 = a3 b1 = a2 + ab2 b0 = a1 + ab1 r = a0 + ab0

É fácil ver que os coeficientes de q(x) e o resto são encontrados na segunda linha do dispositivo.

No caso geral,

bn−1 = an , bn−2 = an−1 + abn−1 , bn−3 = an−2 + bn−2 , ... , b0 = a1 + ab1 e r = a0 + ab0

an an−1 an−2 ··· a2 a1 a0

a bn−1 bn−2 bn−3 ··· b1 b0 r

123
Exemplo 10.6

Dividir p(x) = x6 + 2x5 + x3 − x + 3 por d(x) = x − 1.

Temos

B a6 = 1 , a5 = 2 , a4 = 0 , a3 = 1 , a2 = 0 , a1 = −1 e a0 = 3.

B gr(p) = 6 e gr(q) = 5.

Queremos encontrar os coeficientes b5 , b4 , b3 , b2 , b1 , b0 de q(x).

O dispositivo de Briot-Ruffini fica

1 2 0 1 0 −1 3

1 1 3 3 4 4 3 6

A segunda linha do dispositivo fornece

b5 = 1 , b 4 = 3 , b 3 = 3 , b 2 = 4 , b 1 = 4 e b0 = 3

Portanto

q(x) = x5 + 3x4 + 3x3 + 4x2 + 4x + 3

r=6

Daı́

p(x) = (x5 + 3x4 + 3x3 + 4x2 + 4x + 3)(x − 1) + 6

124
Decomposição de um Polinômio
Vamos considerar polinômios cujos coeficientes são números reais. O processo de decomposição

de um polinômio p(x) consiste em escrever p(x) como um produto de binômios lineares e/ou

trinômios do segundo grau irredutı́veis.

É importante lembrar que se a é raiz de p(x) então

p(x) = q(x)(x − a).

Se b for outra raiz de p(x) então, necessariamente, q(b) = 0 e, daı́

q(x) = s(x)(x − b) e p(x) = s(x)(x − a)(x − b).

Pode ser que a seja também raiz de q(x). Neste caso, a é uma raiz dupla de p(x) e

p(x) = s(x)(x − a)(x − a) = s(x)(x − a)2 .

Se

p(x) = q(x)(x − a)n

dizemos que a é raiz de p(x) de multiplicidade n.

Teorema Fundamental da Álgebra

Todo polinômio de grau n tem exatamente n raı́zes se consideradas as raı́zes complexas.

125
Proposição 10.1

Sejam p(x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0 com a0 , a1 , ..., an ∈ R e z ∈ C tal que

p(z) = 0. Então p(z) = 0.

Proposição 10.2

Se z = a + bi ∈ C então o produto (x − z)(x − z) possui coeficientes reais.

De fato

(x − z)(x − z) = x2 − zx − zx + zz = x2 − (z + z)x + zz = x2 − 2ax + (a2 + b2 )

onde

z + z = a + bi + a − bi = 2a ∈ R

zz = (a + bi)(a − bi) = a2 + b2 ∈ R

Juntando as proposições 10.1 e 10.2, obtemos

Proposição 10.3

Todo polinômio p(x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0 pode ser escrito como um

produto de fatores lineares e/ou quadráticos irredutı́veis, como segue :

B se r1 , r2 , ..., rn ∈ R são as raı́zes de p(x), então

p(x) = an (x − r1 )(x − r2 )...(x − rn )

126
B se a1 + b1 i , a1 − b1 i , a2 + b2 i , a2 − b2 i , ... , ap + bp i e ap − bp i são as raı́zes complexas de

p(x) e r1 , r2 , ..., rq as raı́zes reais, então

p(x) = an (x−r1 )(x−r2 )...(x−rq )(x2 −2a1 x+(a21 +b21 ))(x2 −2a2 x+(a22 +b22 ))...(x2 −2ap x+(a2p +b2p ))

Observe que gr(p) = n = q + 2p.

As expressões acima para p(x) são chamadas decomposição de p(x).

Proposição 10.4

Seja p(x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0 onde an , an−1 , ..., a2 , a1 , a0 ∈ Z e an 6= 0.


α
Se ∈ Q é uma raı́z de p(x) então α é divisor de a0 e β é divisor de an .
β

Se o polinômio p(x) possui coeficientes inteiros, a Proposição 10.4 aponta os números raci-

onais que são candidatos a raı́zes de p(x).

Podemos usar o dispositivo de Briot-Ruffini para testar os candidatos um a um. A cada raiz

encontrada, utilizamos a linha correspondente do dispositivo para testar o candidato novamente

para verificarmos se é o caso de raiz dupla, tripla, etc ou novo candidato. Se um candidato não

for raiz, a linha correspondente é ignorada.

127
Exemplo 10.7

Encontre as raı́zes e decomponha o polinômio p(x) = 3x4 − 11x3 + 42x2 − 54x + 20.

Temos gr(p) = 4, a4 = 3 e a0 = 20.

Divisores de a0 : ±1, ±2, ±4, ±5, ±10, ±20.

Divisores de a4 : ±1, ±3.


1 2 4 5 10 20
Candidatos a raı́zes racionais : ±1, ± , ±2, ± , ±4, ± , ±5, ± , ±10, ± , ±20, ± .
3 3 3 3 3 3

3 − 11 42 − 54 20

1 3 −8 34 − 20 0 raiz

1/3 3 −7 95
3
− 85
9

2 3 −2 30 40

2/3 3 −6 30 0 raiz

A segunda linha do dispositivo indica que

q1 (x) = 3x3 − 8x2 + 34x − 20 e p(x) = q1 (x)(x − 1)

As terceira e quarta linha podem ser ignoradas.

A última linha indica

2
 
q2 (x) = 3x − 6x + 30 e q1 (x) = q2 (x) x −
2
3

Portanto

2 2 2
     
p(x) = q2 (x)(x−1) x − = (x−1) x − (3x2 −6x+30) = 3(x−1) x − (x2 −2x+10).
3 3 3

128
Exemplo 10.8

Decomponha o polinômio p(x) = x6 − 6x5 + 12x4 − 6x3 − 9x2 + 12x − 4.

Temos gr(p) = 6, a6 = 1 e a0 = −4.

Divisores de a0 : ±1, ±2, ±4.

Divisores de a4 : ±1.

Candidatos a raı́zes racionais : ±1, ±2, ±4.

1 −6 12 −6 −9 12 −4

−1 1 −7 19 − 25 16 −4 0 raiz

1 1 −6 13 − 12 4 0 raiz

1 1 −5 8 −4 0 raiz

1 1 −4 4 0 raiz

Do dispositivo concluı́mos que −1 e 1 são raı́zes sendo 1 raiz tripla. Assim

p(x) = (x + 1)(x − 1)3 (x2 − 4x + 4) = (x + 1)(x − 1)3 (x − 2)2 .

Equação Polinomial
Seja p(x) um polinômio de grau n. Resolver a equação p(x) = 0 equivale a encontrar as n raı́zes

de p(x) ou, ainda, decompor p(x).

129
Exemplo 10.9

Resolva a equação 3x4 − 11x3 + 42x2 − 54x + 20 = 0.

Do Exemplo 10.7 temos que

2
 
3x − 11x + 42x − 54x + 20 = 3(x − 1) x −
4 3 2
(x2 − 2x + 10).
3

2
 
Como x2 − 2x + 10 não possui raı́zes, segue que o conjunto solução da equação é S = ,1 .
3

Inequação Polinomial
Aplicando a Proposição 10.3, pode-se reduzir uma inequação polinomial a uma inequação pro-

duto após a decomposição do polinômio envolvido em um produto de fatores lineares e/ou

quadráticos.

Exemplo 10.10

Resolva a inequação 3x4 − 11x3 + 42x2 − 54x + 20 < 0.

Novamente, do Exemplo 10.7

2
 
3x − 11x + 42x − 54x + 20 = 3(x − 1) x −
4 3 2
(x2 − 2x + 10)
3

x < 2/3 2/3 2/3 < x < 1 1 x > 1


x−1 − − 0 +
x − 2/3 − 0 + +
x − 2x + 10
2
+ + +
p(x) + 0 − 0 +

Portanto
2
 
p(x) < 0 para x ∈ ,1
3

130
Exercı́cios

1] Identifique as expressões que são polinômios e o respectivo grau :

a) p(x) = 5x5 + 4x4 + x2 − x b) p(x) = x + x(x + 1)


√ √
c) p(x) = 3x3 + 2x−2 + x − 10 d) p(x) = 3x2 + 2x3 + π

e) p(x) = x4 + 3 x3 + 2

2] Verifique se o número a dado é raiz de p(x).

a) p(x) = 3x3 − 2x2 + x − 2 a=1

b) p(x) = (x + 3)(x + 2)(x + 1)(x − 1)(x − 2)(x − 3) a=2

c) p(x) = x2 + 5x + 3 a=0

3] Dado p(x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0 calcule p(1). O que se pode afir-

mar sobre os coeficientes de p(x) se 1 for raiz ?

4] Seja p(x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0 . Mostre que se a0 6= 0 então 0

não é raiz de p(x).

5] Dados p1 (x) = x+3 , p2 (x) = 2x−4 , p3 (x) = 2x3 −3x2 +x−1 e p4 (x) = −2x3 +x2 +2x encon-

tre os polinômios S1 (x) = p1 (x)+p2 (x)+p3 (x) , S2 (x) = p3 (x)+p4 (x) e P (x) = p1 (x)p2 (x)p3 (x).

6] Sejam p(x) e q(x) polinômios tais que gr(p) = m e gr(q) = n. Verdadeiro ou falso :

a) gr(p + q) = max{m, n}.

b) gr(pq) = m + n.

131
7] Usando o Método da Chave, divida p(x) por d(x) onde

a) p(x) = x3 − 2x2 + x − 1 e d(x) = x2 − 1.

b) p(x) = 4x5 + x4 + 3x3 + x2 + x − 1 e d(x) = 2x3 + 2x2 − 3.

c) p(x) = x4 − 16 e d(x) = x − 2.

d) p(x) = x5 − a5 e d(x) = x − a.

8] Observe os exercı́cios 7c e 7d e tente obter o quociente da divisão de xn − an por x − a.

Existe algo notável na expressão deste quociente ?

9] Usando Briot-Ruffini, divida p(x) por d(x) onde

a) p(x) = 4x5 + x4 + 3x3 + x2 + x − 1 e d(x) = x + 1.


1
b) p(x) = x2 − 5x + 6 e d(x) = x + .
2
c) p(x) = x − 16 e d(x) = x − 2.
4

d) p(x) = x5 − a5 e d(x) = x − a.

10] Compare os exercı́cios 7c com 9c e 7d com 9d. Qual a relação entre o Método da Chave e

o dispositivo de Briot-Ruffini ?

11] Os restos da divisão de um polinômio p(x) por x − 1 e por x − 2 são −1 e 1. Encon-

tre o resto da divisão de p(x) por (x − 1)(x − 2).

12] Resolva as inequações

a) x3 + x2 − x − 1 > 0

b) x4 − 2x3 + x2 + 12x − 12 ≤ 0

c) 30x3 − 97x2 + 59x − 10 ≥ 0

132
13] A Proposição 10.4 aponta as possı́veis raı́zes racionais de um polinômio de coeficientes

inteiros. Porém, a Proposição pode ser aplicada a um polinômio de coeficientes fracionários

an n an−1 n−1 a2 a1 a0
p(x) = x + x + · · · + x2 + x + , ai , bi ∈ Z , bi 6= 0
bn bn−1 b2 b1 b0

reescrevendo-se p(x) de forma a aparecer um polinômio de coeficientes inteiros. Isto pode ser

feito definindo-se
1
α=
bn bn−1 ...b2 b1 b0

e pondo-se α em evidência.

a) Use α como definido acima e reescreva p(x).


1
De maneira mais eficiente, α pode ser definido por α = .
mmc{bn , bn−1 , ..., b2 , b1 , b0 }
b) Decomponha os polinômios
1 5 13 1 1 1 4
b1) p(x) = x2 + x − b2) p(x) = x3 − x2 + x − .
2 3 6 5 2 3 15

14] Método da Bisseção

Geralmente, quando os coeficientes e/ou raı́zes de um polinômio são números irracionais,

métodos numéricos são necessários. O Método da Bisseção é particularmente interessante para

cálculo de raı́zes de polinômios pelo fato desses apresentarem uma propriedade muito impor-

tante que é a continuidade. Essa propriedade garante que se p(a).p(b) < 0, isto é, se p(a) e p(b)

tem sinais contrários, então o polinômio tem uma raiz no intervalo [a, b]. O Método inicia com

um intervalo [a1 , b1 ] tal que p(a1 ).p(b1 ) < 0. Na etapa k, tendo o intervalo [ak , bk ] que satisfaz
ak + b k
p(ak ).p(bk ) < 0, o ponto médio mk = é calculado. Se p(ak )p(mk ) < 0 então ak+1 = ak e
2
bk+1 = mk . Caso, contrário, se p(mk )p(bk ) < 0, então ak+1 = mk e bk+1 = bk . O Método realiza

este procedimento até que f (mk ) fique suficientemente próximo de zero.

133
√ √
Como exemplo, vamos determinar a raiz de p(x) = 3x − 3 que, obviamente, é 3 ≈ 1, 7321.

Comecemos com o intervalo [0, 2]. A tabela abaixo resume os cálculos :

Etapa ak bk p(ak ) p(bk ) mk p(mk )


1 0,0000 2,0000 -3,0000 0,4642 1,0000 -1,2679
2 1,0000 2,0000 -1,2679 0,4642 1,5000 -0,4019
3 1,5000 2,0000 -0,4019 0,4642 1,7500 0,0312
4 1,5000 1,7500 -0,4019 0,0312 1,6250 -0,1853
5 1,6250 1,7500 -0,1853 0,0312 1,6875 -0,0771
6 1,6875 1,7500 -0,0771 0,0312 1,7188 -0,0230
7 1,7188 1,7500 -0,0229 0,0312 1,7344 0,0042
8 1,7188 1,7344 -0,0229 0,0042 1,7266 -0,0094
9 1,7266 1,7344 -0,0094 0,0042 1,7305 -0,0026
10 1,7305 1,7344 -0,0026 0,0042 1,7325 0,0008
11 1,7305 1,7325 -0,0026 0,0009 1,7315 -0,0009
12 1,7315 1,7325 -0,0009 0,0009 1,7320 0,0000


Após 12 etapas encontramos m12 = 1, 7320 que é uma aproximação razoável para 3.

Em geral, o Método da Bisseção requer muitas etapas para encontrar uma boa aproximação

para a raiz. Existem outros métodos mais eficientes como o Método de Newton, por exemplo.

Agora, tomando o intervalo inicial [0, 2], decomponha o polinômio p(x) = x4 − x3 + 2x − 4.

15] Relações entre coeficientes e raı́zes

Vimos no capı́tulo 7, através da Fórmula de Bháskara, que as raı́zes de um trinômio do segundo

grau dependem exclusivamente dos coeficientes do trinômio. É de se esperar que as raı́zes de

um polinômio dependam exclusivamente de seus coeficientes. Lembremos que se a e b são as


a1
raı́zes do trinômio p2 (x) = a2 x2 + a1 x + a0 então a soma S das raı́zes é S = a + b = − e o
a2
a0
produto P delas é P = ab = .
a2

134
a) Sejam p3 (x) = a3 x3 + a2 x2 + a1 x + a0 , a3 6= 0, e a, b e c as raı́zes de p3 (x). Então

p3 (x) = a3 (x − a)(x − b)(x − c). Sendo S1 = a + b + c a soma das raı́zes, S2 = ab + ac + bc a soma

dos produtos das raı́zes duas a duas e S3 = abc o produto das raı́zes, efetue as multiplicações
a2 a1 a0
na última expressão para p3 (x) e conclua que S1 = − , S2 = e S3 = − .
a3 a3 a3
b) Repita o item a para p4 (x).

c) Generalize os resultados dos itens a e b para pn (x).

Respostas

1a) gr(p) = 5 b) gr(p) = 2 c) não é polinômio

1d) gr(p) = 3 e) não é polinômio

2a) p(1) = 0 2b) p(2) = 0 2c) p(0) = 3

3) p(1) = an + an−1 + · · · + a2 + a1 + a0 .

Se 1 for raiz, a soma dos coeficientes do polinômio é zero.

4) p(0) = a0 . Se a0 6= 0 então p(0) 6= 0 e 0 não é raiz.

5) S1 (x) = 2x3 − 3x2 + 4x − 2 , S2 (x) = −2x2 + 3x − 1

P (x) = 4x5 − 2x4 − 28x3 + 36x2 − 14x + 12.

6a) Falso 6b) Verdadeiro.

7a) p(x) = (x − 2)d(x) + 2x − 3.

135
7b) p(x) = (2x2 − 32 x + 3)d(x) + x2 − 72 x + 8.

7c) p(x) = (x3 + 2x2 + 4x + 8)d(x).

7d) p(x) = (x4 + ax3 + a2 x2 + a3 x + a4 )d(x).

8) q(x) = xn−1 + axn−2 + a2 xn−3 + a3 xn−4 + · · · + an−2 x + an−1 .

A soma dos expoentes dos fatores é sempre constante e igual a n − 1.

9a) p(x) = (4x4 − 3x3 + 6x2 − 5x + 6)d(x) − 7.

9b) p(x) = (x + 21 )(x − 11


2
) + 35
4
.

9c) p(x) = (x3 + 2x2 + 4x + 8)d(x).

10) Compare os números que aparecem na segunda linha do dispositivo de Briot-Ruffini com

os coeficientes de q(x) que aparece no Método da Chave.

11) 2x − 3

1 2 5
   
12a) (1, ∞) 12b) [−2, 1] 12c) , ∪ ,∞ .
3 5 2

1 h
13a) p(x) = an (bn−1 bn−2 ...b2 b1 b0 )xn + an−1 (bn bn−2 ...b2 b1 b0 )xn−1 + · · ·
bn bn−1 ...b2 b1 b0

i
· · · + a2 (bn bn−1 ...b1 b0 )x2 + a1 (bn bn−1 ...b2 b0 )x + a0 (bn bn−1 ...b2 b1 )

Note que o polinômio entre colchetes tem coeficientes inteiros.

1h i 1h i
13b1) p(x) = (x − 1)(3x + 13) . 13b2) p(x) = (x − 2)(6x2 − 3x + 4)
6 30

136
√ √
14) p(x) = (x − 2)(x + 2)(x2 − x + 2).

15a) Após efetuarmos as multiplicações em p3 (x) = a3 (x − a)(x − b)(x − c), encontramos


h i
p3 (x) = a3 x3 − (a + b + c)x2 + (ab + ac + bc)x − abc .

Comparando com a expressão p3 (x) = a3 x3 + a2 x2 + a1 x + a0 , conclui-se o desejado.

15b) Sejam p4 (x) = a4 x4 + a3 x3 + a2 x2 + a1 x + a0 , a4 6= 0, e a, b, c, e d as raı́zes de p4 (x). Então

p4 (x) = a4 (x − a)(x − b)(x − c)(x − d) =


h i
= a4 x4 −(a+b+c+d)x3 +(ab+ac+ad+bc+bd+cd)x2 −(abc+abd+acd+bcd)x+abcd .

Sejam S1 = a + b + c + d a soma das raı́zes.

S2 = ab + ac + ad + bc + bd + cd a soma dos produtos das raı́zes duas a duas.

S3 = abc + abd + acd + bcd a soma dos produtos das raı́zes três a três.

S4 = abcd o produto das raı́zes.

Comparando as duas expressões de p4 (x) conclui-se que


a3 a2 a1 a0
S1 = − , S2 = , S3 = − e S4 = .
a4 a4 a4 a4

15c) Sejam

S1 = soma das raı́zes.

S2 = soma dos produtos das raı́zes duas a duas.

S3 = soma dos produtos das raı́zes três a três.


..
.

Sk = soma dos produtos das raı́zes k a k.


..
.

Sn = produto das raı́zes.

137
Então
an−1 an−2 an−3
S1 = − , S2 = , S3 = − , ···
an an an

an−k a0
Sk = (−1)k , ··· , Sn = (−1)n .
an an

138
11. Trigonometria

Igualdade entre dois Triângulos


Os casos de igualdade entre triângulos se resumem a :

LAL - dois lados são iguais bem como os ângulos formados por eles.

B E
AB=DE
AC=DF

α α
A C D F

LLL - os três lados são iguais.

B E
AB=DE
AC=DF
BC=EF

A C D F

ALA - dois ângulos são iguais bem como o lado comum a eles.

B E
β AB=DE β

α α
A C D F

139
Semelhança de Triângulos
Dois triângulos são semelhantes quando seus ângulos são iguais e seus lados são proporcionais.

A semelhança entre dois triângulos fica estabelecida se :

AAA - seus ângulos forem iguais

B β

α γ α γ
A C D F

LLL - seus lados forem proporcionais

B AB AC BC
= =
DE DF EF

A C D F

140
LAL - dois lados forem proporcionais e os ângulos formados por esses lados forem iguais.

B AB AC
=
DE DF

α α
A C D F

Triângulo Retângulo e o Teorema de Pitágoras

Triângulo Retângulo

É um triângulo que possui um ângulo de 900 chamado ângulo reto.

.
A C

O ângulo BAC
[ = 900 .

Os lados AB e AC que formam o ângulo reto BAC


[ são os catetos.

O lado BC oposto ao ângulo reto é a hipotenusa.

141
Teorema de Pitágoras

Em todo triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos

catetos.

Na figura abaixo, os lados do quadrado ABCD valem b + c, os quatro triângulos retângulos

ARS, RDQ, QCP e PBS são iguais e o quadrilátero PQRS é, por construção, um quadrado

cujos lados valem a.

B c P b C
α + θ + β = 1800
β
c α + β = 900
a
b Q Portanto
a
θ = 900

α
a b
θ
S
a
β

α
A b c D
R

A área SABCD , do quadrado ABCD, pode ser calculada de duas formas :

(1) SABCD = (b + c)2 = b2 + 2bc + c2

(2) Pela soma das áreas dos 4 triângulos com a área do quadrado PQRS

bc
SABCD = 4 × + a2 = 2bc + a2
2

Por (1) e (2)

b2 + 2bc + c2 = 2bc + a2 =⇒ a2 = b2 + c2

142
Exercı́cio 1

a) Os 8 triângulos retângulos da figura são iguais. Justifique

S B R

T P
α α

α α
C A
α α

α α
U Q

V D W

b) Os triângulos retângulos OPR, OTA e OBC são semelhantes. Justifique.

B C
α

P T

α
O R A

143
Razões Trigonométricas e Relações Fundamentais no Triângulo Retângulo
O Teorema de Pitágoras fornece uma relação entre os lados de um triângulo retângulo.

As relações entre os lados e os ângulos de um triângulo retângulo são definidas pelas razões

trigonométricas.

Consideremos o triângulo ABC na figura abaixo

a
c

α .
C A
b

As razões trigonométricas, denominadas seno, cosseno, tangente, cotangente, secante e cosse-

cante, são definidas por

cateto oposto c cateto adjacente b


senα = = cosα = =
hipotenusa a hipotenusa a

cateto oposto c cateto adjacente b


tgα = = cotgα = =
cateto adjacente b cateto oposto c

hipotenusa a hipotenusa a
secα = = cscα = =
cateto adjacente b cateto oposto c

Quatro relações fundamentais podem ser imediatamente deduzidas

c c/a senα 1 1 1
tgα = = = , cotgα = , secα = , cscα =
b b/a cosα tgα cosα senα

144
Outras três relações fundamentais são obtidas do Teorema de Pitágoras que, como já visto, diz

que

a2 = b 2 + c 2 (?)

Dividindo (?) por a2 obtemos

!2  2
b c
1= + =⇒ sen2 α + cos2 α = 1
a a

Dividindo (?) por b2 obtemos

 2  2
a c
=1+ =⇒ sec2 α = 1 + tg2 α
b b

Dividindo (?) por c2 obtemos

 2 !2
a b
= + 1 =⇒ csc2 α = 1 + cotg2 α
c c

Exercı́cio 2
5
Sendo a um dos ângulos de um triângulo retângulo e sabendo que sen a = , encontre cos a,
13
tg a, cotg a, sec a e csca.

Exercı́cio 3

Simplifique

secx + senx 2 − sen2 x


a) y = b) z = − tg2 x
cscx + cosx cos2 x

145
Medida de Arcos e Ângulos / Graus e Radianos
As unidades mais usadas para medição de ângulos e arcos são o Grau (0 ) e o Radiano (rd).

Se dividirmos uma circunferência em 360 partes iguais, o ângulo definido por uma dessas partes

valerá 10 . A circunferência completa encerra 3600 , metade dela 1800 e um quarto 900 .

Dada uma circunferência de raio R, se enrolarmos sobre essa circunferência um segmento de

comprimento R, o ângulo do setor circular obtido valerá 1 rd.

Suponha que enrolemos sobre essa circunferência de raio R um segmento PQ de comprimento

C de tal forma que o ponto Q venha a coincidir com o ponto P. Diremos que o comprimento

da circunferência é C.
C C
Seja D = 2R o diâmetro da circunferência. A razão = é sempre constante, inde-
D 2R
pendentemente da circunferência. Esta razão será denotada por π, é um número irracional e

frequentemente é aproximado por 3,1416.

Portanto, o comprimento C de uma circunferência de raio R é C = 2πR.

3
2
R R
1
1rd
10
0
R

146
R R
C = PQ = 2πR

P Q

Se R = 1 então a circunferência terá comprimento C = 2π, metade dela terá comprimento


π
π e um quarto terá comprimento . Dado que uma volta completa define uma ângulo de 3600 ,
2
se a circunferência tem raio 1, obtemos a correspondência entre ângulos em graus e arcos em

radianos. Desta forma, o ângulo de 3600 corresponde ao arco de 2π rd. Esta correspondência

permitirá a mudança de um sistema para o outro.

Exercı́cio 4

Encontre, em rd, os arcos correspondentes aos ângulos de 150 , 180 , 300 , 450 e 600 .

Exercı́cio 5
π 5π π 2π 3π 5π
Encontre, em graus, os ângulos correspondentes a rd, rd, rd, rd, rd, rd e
5 12 2 3 4 6

rd.
2

147
Cı́rculo Trigonométrico
Se α, β e θ são os ângulo internos de um triângulo, então α + β + θ = 1800 . Se o triângulo for

retângulo, digamos, se θ = 900 , então α + β = 900 . Sendo α, β > 0 segue que α, β < 900 . Por-

tanto, triângulos retângulos só permitem a definição das razões trigonométricas para ângulos

menores que 900 .

O cı́rculo trigonométrico permite a ampliação das razões trigonométrica, isto é, as definições

de seno, cosseno, tangente, cotangente, secante e cossecante, para ângulos maiores que 900 ou

até mesmo negativos.

sen tg

C cotg
B

P T
S

α
O R A cos

148
O cı́rculo trigonométrico é composto de um cı́rculo e 4 eixos, sendo 2 horizontais e 2 verticais.

No eixo horizontal que passa pelo centro do cı́rculo mede-se o cosseno, no vertical que passa

pelo centro mede-se o seno. O eixo vertical que tangencia o cı́rculo no ponto A é o eixo

das tangentes e o eixo horizontal, tangente ao cı́rculo no ponto B, é o eixo das cotangentes.

Os ângulos (ou arcos) podem ser marcados em dois sentidos : o sentido trigonométrico ou

anti-horário e o sentido anti-trigonométrico ou horário. Convenciona-se que ângulos marcados

no sentido trigonométrico são positivos e ângulos marcados no sentido anti-trigonométrico são

negativos. Quanto ao raio, é desejavel que senα seja determinado diretamente pelo comprimento

do segmento OS e cosα seja determinado diretamente pelo comprimento do segmento OR.

Considerando o triângulo retângulo OPR temos

PR OS OR
senα = = e cosα =
OP OP OP

Se adotarmos o raio do cı́rculo trigonométrico igual a 1 teremos

senα = PR = OS e cosα = OR

Para definirmos as demais funções trigonométricas, observamos que ponto T é definido pela

interseção do prolongamento do segmento OP com o eixo das tangentes e o ponto C é deter-

minado pela interseção do prolongamento de OP com o eixo das cotangentes.

A próxima figura foi extraı́da do cı́rculo trigonométrico. Identificamos nela três triângulos

OPR, OTA e OBC :

149
B C
α
Triângulo OTA :
P T
AT = AT = AT
tgα = OA 1

α
O R A

Os triângulos OPR , OTA e OBC são semelhantes. Daı́

OP OT 1 OT
= =⇒ = ∴ secα = OT
OR OA cosα 1

BC OR BC cosα
= =⇒ = ∴ cotgα = BC
OB PR 1 senα
OC OB OC 1
= =⇒ = ∴ cscα = OC
OP PR 1 senα

O cı́rculo trigonométrico é dividido em 4 quadrantes pelos eixos do seno e do cosseno. Dado

um ângulo α qualquer, suas razões trigonométricas podem ser lidas diretamente no cı́rculo tri-

gonométrico cujo sinal dependerá do quadrante ao qual o ângulo pertence.

sen

20 10
cos
30 40

150
As próximas figuras mostram a utilização do cı́rculo trigonométrico para arcos nos 4 quadrantes.

sen tg

B C cotg

P T
S senα = OS
cosα = OR
α
tgα = AT
O R A cos
cotgα = BC
secα = OT
cscα = OC

sen tg

C B cotg

P
S senα = OS
α
cosα = − OR
tgα = − AT
R O A cos
cotgα = − BC
secα = − OT
T
cscα = OC

151
sen tg

B C cotg

T
senα = − OS
α
cosα = − OR
R
tgα = AT
O A cos
cotgα = BC

S secα = − OT
P cscα = − OC

sen tg

C B cotg

senα = − OS
cosα = OR
O R
tgα = − AT
A cos
α cotgα = − BC

S secα = OT
P T
cscα = − OC

152
Exercı́cio 6

As figuras resumem os sinais das razões trigonométricas para arcos nos 4 quadrantes. Alguns

já foram colocados. Coloque os demais.

seno / cossecante cosseno / secante tangente / cotangente

+ −

Exercı́cio 7

A qual quadrante pertence o arco :


11π 7π
a) α = 850 b) α = c) α = 2250 d) α = e) α = 4050
12 4
f) α tal que cos α < 0 e tgα > 0.

g) α tal que cotgα = −1.

Exercı́cio 8
cotg 3150 . sec 1320
Determine o sinal de y = .
tg 980 . csc 2540

Exercı́cio 9

Utilizando o cı́rculo trigonométrico, preencha a tabela

x sen x cos x tg x cotg sec x csc x


00
900
1800
2700
3600

153
Exercı́cio 10

Através do cı́rculo trigonométrico é possı́vel descrever o crescimento/decrescimento das razões

trigonométricas do arco x à medida que x percorre o cı́rculo. Por exemplo, o comportamento

de sen x está resumido na primeira linha da tabela abaixo onde % significa crescimento e &

significa decrescimento. Complete a tabela, descrevendo o comportamento das demais razões

trigonométricas.

10 Q 20 Q 30 Q 40 Q
sen x % & & %
cos x
tg x
cotg x
sec x
csc x

Exercı́cio 11

O cı́rculo trigonométrico também ajuda na compreensão do comportamento das razões trigo-

nométricas quando o arco x se aproxima de um arco especı́fico α. Descreva o comportamento

da tg x quando
π π π π
a) 0 < x < e x se aproxima de b) < x < π e x se aproxima de
2 2 2 2

Exercı́cio 12

Lembrando que o raio do cı́rculo trigonométrico vale 1, encontre os intervalos aos quais pode

pertencer sen x , cos x , tg x , cotg x , sec x e csc x.

154
Arcos Côngruos
Dois arcos α e β são ditos côngruos quando diferem de um número inteiro de voltas, isto é, se

a diferença entre eles resultar em um número múltiplo de 2π/3600 . Assim

β − α = 2kπ ou β − α = 3600 k , k ∈ Z.

Exemplo 1

π 37π 37π π
a) e são côngruos pois − = 6π = 3 × 2π
6 6 6 6

b) 450 e 7650 são côngruos pois 7650 − 450 = 7200 = 2 × 3600

π 5π 5π π
c) e− são côngruos pois − − = −2π = (−1) × 2π
3 3 3 3

d) −2250 e −16650 são côngruos pois −16650 − (−2250 ) = −14400 = −4 × 3600

As razões trigonométricas de mesmo nome de arcos côngruos são iguais pois esses arcos di-

ferem apenas por um número inteiro de voltas no cı́rculo trigonométrico.

Exercı́cio 13
π
Escreva uma expressão geral para todos os arcos côngruos de .
4

155
Relação entre as Funções Circulares de certos Arcos
π
Dado um ângulo 0 < α < queremos determinar as relações entre o seno e o cosseno de α e o
2
π 3π
seno e o cosseno dos arcos −α, ± α, π ± α e ± α.
2 2
As demais funções circulares são obtidas com o emprego das relações fundamentais.

Na figura seguinte, o cı́rculo tem centro no ponto O e os oito triângulo retângulos são iguais.

sen

π/2
S R
B

T P
α α

π C α α A 0 ≡ 2π
α α cos

α α
U Q

D
V W
3π/2

156
A igualdade dos 8 triângulos implica em

AP=AQ=BR=BS=CT=CU=DV=DW e OA=OB=OC=OD

Essas igualdades conduzem às relações procuradas :

(1) 0 + α

4 OAP

sen(0 + α) = senα = AP

cos(0 + α) = cosα = OA

(2) 0 − α

4 OAQ

sen(0 − α) = sen(−α) = −AQ = −AP = −senα

cos(0 − α) = cos(−α) = OA = cosα

π
(3) −α
2
4 OBR
π
 
sen − α = OB = OA = cosα
2
π
 
cos − α = BR = AP = senα
2
π
(4) +α
2
4 OBS
π
 
sen + α = OB = OA = cosα
2
π
 
cos + α = −BS = −AP = −senα
2

157
(5) π − α

4 OCT

sen(π − α) = CT = AP = senα

cos(π − α) = −OC = −OA = −cosα

(6) π + α

4 OCU

sen (π + α) = −CU = −AP = −senα

cos(π + α) = −OC = −OA = −cosα


(7) −α
2
4 ODV

 
sen − α = −OD = −OA = −cosα
2

 
cos − α = −DV = −AP = −senα
2

(8) +α
2
4 ODW

 
sen + α = −OD = −OA = −cosα
2

 
cos + α = DW = AP = senα
2

A tabela abaixo resume o seno, o cosseno e a tangente dos oito ângulos estudados em função

de senα , cosα e tgα.

158
ângulo seno cosseno tangente

α senα cosα tgα

−α −senα cosα −tgα

π
−α cosα senα cotgα
2

π
+α cosα −senα −cotgα
2

π−α senα −cosα −tgα

π+α −senα −cosα tgα


−α −cosα −senα cotgα
2


+α −cosα senα −cotgα
2

A tabela não precisa ser memorizada. Dado um ângulo α no primeiro quadrante, para en-

contramos as razões trigonométricas dos outros sete, basta observamos o quadrante ao qual o

ângulo pertence e desenharmos no cı́rculo trigonométrico os triângulos correspondentes.

159
Exemplo 2

Supondo sen 300 = a e cos 300 = b encontre o seno e o cosseno de 1200 e 2100 .

O ângulo de 1200 = 900 + 300 pertence ao segundo quadrante e 2100 = 1800 + 300 pertence ao

terceiro quadrante. Os triângulos correspondentes estão desenhados na figura

sen
Os triângulos retângulos OAP , OBS e OCU são iguais.
Então
π/2
S AP=BS=UC=a
B OA=OB=OC=b
300 P Portanto
1200 sen 1200 = OB = b
π C 210
0
30
0
A 0 ≡ 2π
cos 1200 = −BS = −a
30
0 O cos
sen 2100 = −UC = −a
U cos 2100 = −OC = −b

3π/2

Exercı́cio 14

Supondo sen 600 = a e cos 600 = b encontre o seno e o cosseno de 3300 .

Exercı́cio 15

Supondo sen 2550 = a e cos 2550 = b encontre o seno e o cosseno de 150 , 750 e 1650 .

160
Ângulos Notáveis
Vamos ampliar a tabela do exercı́cio 9 determinando o seno e o cosseno de 300 , 450 e 600 .

B 300 e 600

Consideremos o triângulo equilátero de lados a e altura h da figura

Teorema de Pitágoras

a 3
 2
a
a2 = h2 + =⇒ h =
300 2 2
a h a Daı́
√ √
h a 3/2 3
sen 600 = = = = cos 300
a a 2

600 a/2 1
. cos 600 = = = sen 300
a 2
a/2 a/2

B 450

Vimos que

sen 450 = sen (900 − 450 ) = cos 450

Substituindo na relação

sen2 450 + cos2 450 = 1

obtemos

1 2
2 sen2 450 = 1 =⇒ sen2 450 = =⇒ sen450 = = cos450
2 2

161
ângulo/arco seno cosseno tangente

0 0 1 0

√ √
π 1 3 3
300
/
6 2 2 3

√ √
45
π 2 2
0
/ 1
4 2 2


π 3 1 √
60 0
/ 3
3 2 2

π
900 / 1 0 @
2

1800 / π 0 −1 0


2700 / −1 0 @
2

3600 / 2π 0 1 0

162
Soma e Diferença de Arcos Quaisquer
Sabemos calcular as razões trigonométricas da soma ou diferença de dois arcos quando um deles

é α ∈ [0, π/2] e o outro 0, π/2, π ou 3π/2.

Vamos agora aprender a calcular sen(a ± b) e cos(a ± b) com a e b quaisquer.

Consideremos a porção do cı́rculo trigonométrico no primeiro quadrante e os triângulos ABC,

ADE, AEF, ADG e EDH destacados na figura abaixo

sen

1
E

a
C
.
H
D

b
a
A F G B 1 cos

Os ângulos BAC
[ e FED
[ são iguais pois os lados que os formam são perpendiculares.

4 ABC

sen a = BC

cos a = AB

4 ADE

sen b = DE

cos b = AD

163
4 AEF

sen (a + b) = EF = EH + HF = EH + DG (1)

cos (a + b) = AF = AG - GF = AG - DH (2)

Os triângulos ADG e ABC são semelhantes. Daı́

DG AG AD
= = = AD
BC AB AC

Portanto

DG=BC.AD = sen a.cos b (3)

AG=AB.AD = cos a.cos b (4)

Os triângulos EHD e ABC são semelhantes. Daı́

EH DH DE
= = = DE
AB BC AC

Portanto

EH=DE.AB = sen b.cos a (5)

DH=BC.DE = sen a.sen b (6)

Substituindo (3) e (5) em (1) obtemos

sen(a + b) = sen a.cos b + sen b.cos a

Substituindo (4) e (5) em (2) obtemos

cos(a + b) = cos a.cos b − sen a.sen b

164
A tangente da soma é facilmente obtida através da relação

sen(a + b) sen a.cos b + sen b.cos a


tg(a + b) = =
cos(a + b) cos a.cos b − sen a.sen b

Dividindo numerador e denominador por cos a.cos b obtemos

tg a + tg b
tg(a + b) =
1 − tg a.tg b

que expressa a tangente da soma de dois arcos em função das tangentes dos arcos.

Utilizando a relação

cos(a + b) cos a.cos b − sen a.sen b


cotg(a + b) = =
sen(a + b) sen a.cos b + sen b.cos a

e dividindo por sen a.sen b obtemos

cotg a.cotg b − 1
cotg(a + b) =
cotg a + cotg b

Substituindo b por −b nas fórmulas do seno e cosseno da soma, obtemos

sen(a − b) = sen a.cos(−b) + sen(−b).cos a = sen a.cos b − sen b.cos a

cos(a − b) = cos a.cos(−b) − sen a.sen(−b) = cos a.cos b + sen a.sen b

165
Exemplo 3

√ √ √ √
2 3 1 2 2 √
sen 750 = sen(450 + 300 ) = sen 450 .cos 300 + sen 300 .cos 450 = . + . = ( 3 + 1)
2 2 2 2 4
√ √ √ √
2 3 2 1 2 √
cos 75 = cos(45 + 30 ) = cos 45 .cos 30 − sen 45 .sen 30 =
0 0 0 0 0 0 0
. − . = ( 3 − 1)
2 2 2 2 4

Exercı́cio 16

Obtenha fórmulas para cos 2a , sen 2a e tg 2a.

Exercı́cio 17

Calcule tg 2x sabendo que tg x − cotg x = 1.

Exercı́cio 18

Calcule o valor de tg 210 + tg 210 tg 240 + tg 240 .

Exercı́cio 19

Obtenha fórmulas para tg(a − b) e cotg(a − b).

Exercı́cio 20
sec2 x
Mostre que = sec 2x.
2 − sec2 x

166
Transformação de Soma / Diferença em Produto
Há situações em que pode ser interessante escrever uma soma ou diferença de senos ou cossenos

como produto dessas razões trigonométricas. Sejam a e b arcos quaisquer.

É fácil ver que

a+b a−b
a= +
2 2

e
a+b a−b
b= −
2 2

Soma / Diferença de Senos

a+b a−b a+b a+b


! ! ! ! !
a−b a−b
sena = sen + = sen cos + sen cos (1)
2 2 2 2 2 2

a+b a−b a+b a+b


! ! ! ! !
a−b a−b
senb = sen − = sen cos − sen cos (2)
2 2 2 2 2 2

Somando (1)+(2)

a+b
! !
a−b
sena + senb = 2 sen cos
2 2

Subtraindo (1)−(2)

a+b
! !
a−b
sena − senb = 2 sen cos
2 2

167
Soma / Diferença de Cossenos

a+b a−b a+b a+b


! ! ! ! !
a−b a−b
cosa = cos + = cos cos − sen sen (3)
2 2 2 2 2 2

a+b a−b a+b a+b


! ! ! ! !
a−b a−b
cosb = cos − = cos cos + sen sen (4)
2 2 2 2 2 2

Somando (3)+(4)

a+b
! !
a−b
cosa + cosb = 2 cos cos
2 2

Subtraindo (3)−(4)

a+b
! !
a−b
cosa − cosb = −2 sen sen
2 2

Exercı́cio 21

Transforme sen a + cos b e sen a − cos b em produto.

Exercı́cio 22

Transforme tg a ± tg b em produto.

168
Redução ao Primeiro Quadrante
O processo de redução ao primeiro quadrante consiste em, dado um arco qualquer β ∈
/ [0, π/2],

encontrar um arco α ∈ [0, π/2] cujas razões trigonométrica sejam, em valor absoluto, iguais às

respectivas razões trigonométricas de β. Vamos aprender como, dado β, calcular o tal α do

primeiro quadrante cujas razões trigonométricas coincidem com as de β, a menos do sinal. É

claro que se β pertence ao primeiro quadrante então α = β.

Os demais casos se reduzem a cinco :

π
(1) <β<π
2

sen
4 OBQ = 4 OAP

senβ = BQ = AP = senα

cosβ = −OB = −OA = −cosα


Q P
β Portanto
α α
B O A cos α=π−β

169

(2) π < β <
2

sen
4 OBQ = 4 OAP

senβ = −BQ = −AP = −senα

cosβ = −OB = −OA = −cosα


P
β Portanto
B α
α O A cos α=β−π

Exemplo 4

2π 2π π
a) β = pertence ao 20 quadrante. Portanto, α = π − = . Consequentemente
3 3 3

 2π  π   2π  π 
sen = sen e cos = −cos
3 3 3 3

b) β = 2100 pertence ao 30 quadrante. Portanto, α = 2100 − 1800 = 300 . Daı́

sen 2100 = −sen 300 e cos 2100 = −cos 300

170

(3) < β < 2π.
2
sen
4 OBQ = 4 OAP

senβ = −AQ = −AP = −senα

cosβ = OA = cosα
P
β Portanto
α A
O α cos α = 2π − β

Exemplo 5

β = 3450 pertence ao 40 quadrante. Daı́, α = 3600 − 3450 = 150 . Portanto

sen 3450 = −sen 150 e cos 3450 = cos 150

171
(4) β > 2π.

Encontra-se primeiramente γ ∈ [0, 2π] tal que β = 2kπ + γ, k ∈ Z, ou seja, encontra-se um

arco γ côngruo de β. Se γ ∈ [0, π/2] então α = γ. Senão, isto é, se γ ∈ (π/2, 2π), recai-se em

um dos casos anteriores.

Exemplo 6

β = 20160 = 5 × 3600 + 2160 . Portanto, γ = 2160 e α = 2160 − 1800 = 360 . Daı́

sen 20160 = sen 2160 = −sen 360 e cos 20160 = cos 2160 = −cos 360

(5) β < 0.

Considera-se o arco −β > 0, recaindo-se em um dos casos anteriores.

Exemplo 7

a) β = −7500

Trabalhamos com −β = 7500 = 2 × 3600 + 300 . Portanto, α = 300 . Daı́

sen(−7500 ) = −sen 7500 = −sen 300 e cos(−7500 ) = cos 7500 = cos 300

53π
b) β = −
4
53π 48π 5π 5π 5π π
Temos −β = = + = 12π + . Daı́, α = − π = . Portanto
4 4 4 4 4 4

 53π   53π   5π  h  π i π 
sen − = −sen = −sen = − − sen = sen
4 4 4 4 4

 53π   53π   5π  π 
cos − = cos = cos = −cos
4 4 4 4

172
Exercı́cio 23

Calcule o seno e o cosseno de


17π
a) −25650 b) 48900 c)
3

Exercı́cios Complementares

24
24] Sendo cotg a = , encontre as demais razões trigonométricas de a.
7

25] Mostre que tgx + cotgx = tgx csc2 x.

26] Simplifique

sen2 x − cos2 x sen3 x − cos3 x


a) u = b) v = .
senx − cosx senx − cosx

27] Se x = cos a sec b , y = cos a tg b e z = sen a, calcule x2 − y 2 + z 2 .

28] Determine k para que as raı́zes da equação 4x2 − 2(k − 2)x + k 2 = 0 sejam a tangente

e a cotangente de um mesmo arco.

29] Mostre que (sen x + csc x)(cos x + sec x)(tg x + cotg x) ≥ 0 , ∀x ∈ R.

30] Sendo 3 sen a + 4 cos a = 5, calcule sen a e cos a.

2
31] Seja 450 < a < 900 tal que sen a cos a = . Calcule tg a.
5

173
π
32] Mostre que se 0 < x < então sen x + cos x > 1.
2

33] Mostre que se α e β são côngruos e β e γ são também côngruos então α e γ são côngruos.

34] Transformação de Produto em Soma


1h i
a) Mostre que sen a cos b = sen(a + b) + sen(a − b) .
2
b) Obtenha expressões para cos a sen b , cos a cos b e sen a sen b.

35] Usando a identidade sen2 x + cos2 x = 1, mostre que −1 ≤ sen x ≤ 1 e −1 ≤ cos x ≤ 1.

Conclua que 1 é uma boa escolha para o valor do raio do cı́rculo trigonométrico.

36] Dado um arco α, o cálculo das razões trigonométricas de α é chamado problema direto. Cha-

maremos de problema inverso a determinação de um arco tal que alguma razão trigonométrica

deste arco é dada. Por exemplo, a determinação do arco x cujo seno vale 1. Abreviadamente,

escrevemos x = arcsen 1. O problema direto tem resposta única enquanto que o problema

inverso pode possuir mais de uma resposta, até mesmo infinitas, dependendo do intervalo onde
π π
 
procuramos. Por exemplo, em − , existe somente um arco cujo cosseno vale 1. Este é o
2 2
0. Entretanto, em [0, 4π], existem três respostas. O 0, o 2π e o 4π.

Encontre

1 π 3
 
a) x = arcsen em 0, b) y = arcsen em [0, 2π]
2 2 2

2 π π
 
c) z = arccos em − , d) α = arctg 1 em [0, 4π]
2 2 2

e) β = arcsen 1 em R.

174
37] Mostre que
π
a) se < β < π então π − β pertence ao 10 quadrante.
2

b) se π < β < então β − π pertence ao 10 quadrante.
2

c) < β < 2π então 2π − β pertence ao 10 quadrante.
2

38] Considerando somente a primeira volta, encontre a relação entre os arcos x e y para que

a) sen x = sen y b) cos x = cos y c) tg x = tg y.

175
Respostas

1a) Seja O o ponto de interseção dos segmentos CA e BD. Os triângulos OAP e OAQ são

iguais pois possuem três ângulos iguais e o lado OA é comum. Os demais triângulos podem ser

obtidos pela rotação de 900 , 1800 e 2700 da figura que contém os triângulos OAP e OAQ.

1b) Os três triângulos possuem os três ângulos iguais.

12 5 12 13 13
2) cos a = , tg a = , cotg a = , sec a = e csc a = .
13 12 5 12 5

3a) y = tgx 3b) z = 2

π π π π π
4) , , , ,
12 10 6 4 3

5) 360 , 750 , 900 , 1200 , 1350 , 1500 , 2700

6)

seno / cossecante cosseno / secante tangente / cotangente

+ + − + − +

− − − + + −

176
7a) 10 7b) 20 7c) 30 7d) 40 7e) 10 7f) 20 7g) 20 ou 40

8) positivo

9)

x sen x cos x tg x cotg sec x csc x


00 0 1 0 6∃ 1 6∃
900 1 0 6∃ 0 6∃ 1
1800 0 −1 0 6∃ −1 6∃
2700 −1 0 6∃ 0 6∃ −1
3600 0 1 0 6∃ 1 6∃

10)

10 Q 20 Q 30 Q 40 Q
sen x % & & %
cos x & & % %
tg x % % % %
cotg x & & & &
sec x % % & &
csc x & % % &

11a) tg x cresce indefinidamente (tg x → ∞).

11b) tg x decresce indefinidamente (tg x → −∞).

12) [−1, 1] , [−1, 1] , (−∞, ∞) , (−∞, ∞) , (−∞, −1] ∪ [1, ∞) , (−∞, −1] ∪ [1, ∞).

π
13) 2kπ + , k ∈ Z.
4

177
14) sen 3300 = −b , cos 3300 = a.

15) sen 150 = −b , cos 150 = −a

sen 750 = −a , cos 750 = −b

sen 1650 = −b , cos 1650 = −a

16) cos 2a = cos2 a − sen2 a

sen 2a = 2 sen a cos a


2 tg a
tg 2a =
1 − tg2 a

17) −2 18) 1

tg a − tg b cotg a cotg b + 1
19) tg(a − b) = cotg(a − b) =
1 + tg a tg b cotg b − cotg a

a+b π
! !
π a−b π
 
21) sen a + cos b = sen a + sen − b = 2 sen + cos −
2 2 4! 2 4!
π a+b π a−b π
 
sen a − cos b = sen a − sen − b = 2 sen − cos +
2 2 4 2 4

sen a sen b sen a cos b ± sen b cos a sen(a ± b)


22) tg a ± tg b = ± = = .
cos a cos b cos a cos b cos a cos b
√ √
2 2
23a) sen(−25650 ) = − , cos(−25650 ) =
2 2

1 3
23b) sen 48900 = − , cos 48900 = −
2 2

17π 3 17π 1
23c) sen =− , cos =
3 2 3 2

178
7 24 7 25 25
24) sen a = ± , cos a = ± , tg a = , sec a = ± e csc a = ± .
25 25 24 24 7

26a) u = senx + cosx 26b) v = 1 + senxcosx

27) 1 28) k = −2

3 4
30) sen a = , cos a =
5 5

4 9 3 5
31) (sen a + cos a) = 1 + =
2
=⇒ sen a + cos a = .
5 5 √ 5 √ √
3 5 2 2 5 5
Portanto, sen a e cos a são raı́zes da equação x −
2
x + = 0, que são e .
√ √ 5 5 5 5
2 5 5
Daı́, sen a = e cos a = =⇒ tg a = 2
5 5

32) (sen x + cos x)2 = sen2 x + 2 sen x cos x + cos2 x = 1 + 2 sen x cos x > 1 pois sen x > 0

e cos x > 0. Portanto, sen x + cos x > 1.

33) β − α = 2k1 π e γ − β = 2k2 π =⇒ γ − α = 2(k1 + k2 )π.

1h i
34) cos a sen b = sen(a + b) − sen(a − b)
2

1h i
cos a cos b = cos(a + b) + cos(a − b)
2

1h i
sen a sen b = cos(a − b) − cos(a + b)
2

179
35) sen2 x + cos2 x = 1 =⇒ cos2 x = 1 − sen2 x ≥ 0 =⇒ −1 ≤ sen x ≤ 1.

Suponha que R seja o raio do cı́rculo trigonométrico. Então, do cı́rculo trigonométrico, terı́amos

−R ≤ sen x ≤ R. Logo, R = 1.

π π 2π π π
36a) 36b) e 36c) e−
6 3 3 4 4

π 5π 9π 13π π
36d) , , e 36e) 2kπ + , k ∈ Z.
4 4 4 4 2

3π 3π π
37b) π < β < =⇒ 0 < β − π < −π =
2 2 2

38a) y = x ou y = π − x

38b) y = x ou y = −x

38c) y = x ou y = π + x.

180
12. Funções

Funções surgem a partir da necessidade de se construir modelos que representem matema-

ticamente fenômenos observados na natureza ou situações que aparecem em atividades desen-

volvidas pelos seres humanos. Por exemplo, a queda livre de um objeto, o crescimento de

uma colônia de bactérias, o montante gerado por um capital aplicado a uma determinada taxa

de juros. Através de funções, é possı́vel determinar qual a altura do objeto, a quantidade de

bactérias ou o montante acumulado após certo tempo. Outro exemplo são os gastos mensais

de uma famı́lia que obviamente dependem (são função) da renda da famı́lia. Uma função é

um objeto matemático que permite escrever uma grandeza chamada variável dependente em

função de outra chamada variável independente.

Exemplo 12.1

Uma loja de computadores paga o salário de seus vendedores em duas parcelas. Uma fixa no

valor de R$ 1.100,00 e a outra, que depende da venda total de cada funcionário, é dada por

10% do valor vendido. Supondo que n seja o número total de computadores vendidos por um

funcionário e que o preço do computador seja R$ 2.000,00, a fórmula que fornece o salário deste

funcionário é

S = f (n) = 1.100 + 0, 1 × 2.000 × n = 1.100 + 200n

Assim, se um funcionário vender 10 computadores em um certo mês, ele receberá

S = f (10) = 1.100 + 200 × 10 = 3.100 reais neste mês.

181
Exemplo 12.2

Seja s = f (t) = 10 + 2t + t2 a expressão que fornece a posição em metros de um objeto após

t segundos. Suponhamos que o fenômeno tenha sido observado por 20 segundos. Escolhendo

t ∈ [0, 20], encontramos a posição do objeto substituindo-se t na expressão pelo valor escolhido.

Assim

t=0 =⇒ s = 10 + 2 × 0 + 02 = 10 m : posição inicial do objeto.

t = 10 =⇒ s = 10 + 2 × 10 + 102 = 130 m : posição do objeto após 10 s.

t = 20 =⇒ s = 10 + 2 × 20 + 202 = 250 m : posição final do objeto.

Observe que, embora seja possı́vel calcular, digamos, f (−3), não há interesse neste valor pois

foi atribuı́do t = 0 para o inı́cio da observação. Analogamente, pode-se calcular f (30), mas, no-

vamente, não há interesse aqui pois o movimento foi observado por apenas 20 segundos somente.

Exemplo 12.3

Seja q = f (t) = 10 × 2t a expressão que fornece a quantidade de bactérias existentes em uma

colônia após t horas. Então

A quantidade inicial é q = f (0) = 10 × 20 = 10 bactérias.

Após 10 horas, a quantidade será q = f (10) = 10 × 210 = 10.240 bactérias.

Após 24 horas, haverá q = f (24) = 10 × 224 = 167.772.160 bactérias.

Uma função não fica definida apenas por uma expressão ou regra que permite calcular uma

variável em função de outra. Vimos no exemplo 12.2 que precisamos de algo além dessa regra

que associa a grandeza a ser determinada (variável dependente) à variável independente. No

exemplo 12.2, não há interesse em escolher a variável independente t fora do intervalo [0,20].

O conjunto de onde a variável independente vem é chamado domı́nio da função. Além disso,

escolhida a variável independente no domı́nio, a expressão não pode produzir mais de uma

182
resposta para a variável dependente. Imagine que ao solicitar transporte por um aplicativo, lhe

seja informado 2 valores distintos. Isto não faz sentido. Portanto, o aplicativo ao calcular o

valor do transporte solicitado em função da distância entre a origem e o destino, deve fornecer

um único valor. Há ainda um terceiro elemento que é importante na definição de uma função

que é o conjunto que define a natureza da variável dependente, chamado contradomı́nio.

12.1 Função
Uma função f : A −→ B é definida através de três elementos :

• um conjunto A chamado domı́nio, também denotado por D(f ).

• um conjunto B chamado contradomı́nio (frequentemente adotado como R).

• uma regra (lei) que, a cada elemento x ∈ A, associa um único elemento y = f (x) ∈ B,

chamado imagem de x.

Uma função pode ser interpretada como uma máquina que, segundo a regra (lei), transforma

cada elemento x do domı́nio A em um único elemento y do contradomı́nio B.

•z A
x

f : A −→ B
x 7−→ y = f (x)

f
A máquina f transforma x em um único y
O elemento z 6∈ A
z não pode entrar na máquina

•y B

183
Exercı́cio 1

a) Seja f : {1, 2, a, b, α, β, ?, 4} −→ {1, 2, a, b, α, β, ?, 4} , definida por f (x) = x. Encontre

f (1) , f (b) , f (α) e f (4).


1
 
b) Dada f : [0, 1] −→ R, definida por f (x) = x , calcule f
2
e encontre x no domı́nio de f
2
1
tal que f (x) = .
64

Exercı́cio 2

Sejam T o conjunto dos triângulos do plano e R∗+ = {x ∈ R | x > 0}. É possı́vel definir uma

função f : R∗+ −→ T que associa a cada número real x > 0 um triângulo em T cuja área é x ?

Domı́nio / Contradomı́nio

O domı́nio de uma função é o conjunto dos objetos que são permitidos entrar na máquina, como

o elemento x que pertence ao domı́nio A de f . O objeto z não poderá entrar na máquina pois

/ A. O contradomı́nio pode ser qualquer conjunto que contenha todas as imagens y.


z∈

Não se deve confundir f com f (x) pois f é a função e f (x) é o elemento do contradomı́nio de

f associado ao elemento x do domı́nio.

Exemplo 12.4

O domı́nio da função do exemplo 12.2 é o intervalo [0,20] e da função do exemplo 12.3 é [0, ∞).

Escolhendo R para contradomı́nio, as funções ficam

exemplo 12.2 : f : [0, 20] −→ R , f (t) = 10 + 2t + t2 .

exemplo 12.3 : f : [0, ∞) −→ R , f (t) = 10 × 2t .

Supondo que N seja o número de computadores disponı́veis para venda, a função do exemplo

12.1 fica f : {0, 1, 2, 3, ..., N } −→ R , f (n) = 1.100 + 200n .

184
Exemplo 12.5

Seja f a função que associa a um dado número natural n o polı́gono regular de n lados. Então

o domı́nio de f é o conjunto {3, 4, 5, ...} e o contradomı́nio pode ser o conjunto P de todos os

polı́gonos do plano.

Desta forma, f : {3, 4, 5, ...} −→ P é tal que f (3) é o triângulo equilátero, f (4) é o quadrado,

f (5) é o pentágono regular, f (325) é o polı́gono regular de 325 lados e assim por diante.

Há situações em que o domı́nio não é especificado. Nestes casos, o domı́nio é considerado o

maior conjunto para cujos elementos é possı́vel efetuar as operações que definem a lei da função.

Exemplo 12.6

Dada f : A −→ R definida por f (x) = x − 3 , encontre A.

Como só é possı́vel calcular raı́zes quadradas de números não negativos, devemos ter

x − 3 ≥ 0 ou x ≥ 3

Logo, A = [3, ∞)

Exercı́cio 3

Dada f : A −→ R, encontre A se
√ √ 1
a) f (x) = x2 − 1 b) f (x) = 3 x2 − 1 c) f (x) =
x
1
d) f (x) = √ 2 e) f (x) = 7x f) f (x) = log(2x − 5)
x −1

185
Conjunto Imagem

Dada uma função, f : A −→ B, o conjunto imagem de f é constituı́do de todos os elementos

y = f (x) ∈ B onde x ∈ A. Em sı́mbolos

I(f ) = Im (f ) = f (A) = {f (x) ∈ B | x ∈ A}

Nem sempre I(f ) = B mas, pela própria definição, certamente I(f ) ⊂ B.

Imagem Direta

Seja X ⊂ A. A imagem direta do conjunto X pela função f : A −→ B é

f (X) = {f (x) ∈ B | x ∈ X}

Obviamente, se X = A então f (X) = I(f ).

Exemplo 12.7

Seja f : R −→ R dada por f (x) = x + 5. Então

• 4 ∈ I(f ) pois f (−1) = 4.

• I(f ) = R pois, dado y no contradomı́nio de f , escolhendo x = y − 5 no domı́nio, obtém-se

y = f (x). De fato, f (x) = f (y − 5) = (y − 5) + 5 = y.

• se X = {2, 3} então f (X) = {7, 8}.

• se X = [0, 4] então f (X) = [5, 9].

186
Exercı́cio 4

a) Seja f : R −→ R , definida por f (x) = x2 . 1 ∈ I(f ) ? −1 ∈ I(f ) ? 0 ∈ I(f ) ?



b) Seja g : R+ −→ R , definida por g(x) = x. 1 ∈ I(g) ? −1 ∈ I(g) ? 0 ∈ I(g) ?

c) Seja h : R −→ R , definida por h(x) = 3 x. 1 ∈ I(h) ? −1 ∈ I(h) ? 0 ∈ I(h) ? Encontre

h({8, 27}).

Imagem Inversa

Dada f : A −→ B e Y ⊂ B, a imagem inversa de Y por f é o subconjunto f −1 (Y ) ⊂ A

constituı́do pelos elementos x ∈ A tais que f (x) ∈ Y . Em sı́mbolos

f −1 (Y ) = {x ∈ A | f (x) ∈ Y }

A imagem inversa de um subconjunto Y do contradomı́nio é o subconjunto do domı́nio formado

pelos elementos cujas imagens pertencem a Y .

Exemplo 12.8

Seja f : Z −→ R , f (x) = x2 . Então

• f −1 (25) = {x ∈ Z | f (x) = x2 = 25} = {−5, 5}.

• f −1 ({1, 4, 9}) = {x ∈ Z | f (x) = x2 ∈ {1, 4, 9}} = {±1, ±2, ±3}

9 9
   
• f −1 = x ∈ Z | f (x) = x2 = =∅
16 16

• f −1 (R+ ) = {x ∈ Z | f (x) ∈ R+ } = {x ∈ Z | x2 ≥ 0} = Z

• f −1 (R∗− ) = {x ∈ Z | f (x) ∈ R∗+ } = {x ∈ Z | x2 < 0} = ∅

187
Exercı́cio 5
9
 
a) Dada f : R −→ R , definida por f (x) = x , determine f
2 −1
, f −1 ({36, 100}) e f −1 (R+ ).
16
b) Dada g : R −→ R , definida por g(x) = x , determine g (3), g −1 (−10) e g −1 (Q).
−1

c) Dada h : R+ −→ R , definida por h(x) = 2x + 1 , determine h−1 (5), h−1 (1) e h−1 (0).

Gráfico

Seja f : A −→ B. O gráfico de f é o conjunto

G(f ) = {(a, b) ∈ A × B | a ∈ A e b = f (a)}

• •
b = f (a)
I(f ) f
a = f −1 (b)
(a, b)
b • •

• • •
A a x

• •

• Um ponto (a, b) ∈ G(f ) se e somente se b = f (a)

• A projeção do gráfico de f sobre o eixo-x fornece o domı́nio de f

• A projeção do gráfico de f sobre o eixo-y fornece a imagem de f

188
Exemplo 12.9

O gráfico de f : {1, 2, 3, 4} −→ R dada por f (x) = 2x + 1 é o conjunto

G(f ) = {(1, 3), (2, 5), (3, 7), (4, 9)}

9 •
Imagem
7 •
I(f ) = {3, 5, 7, 9}
5 •

3 •

1 2 3 4 x

Quando o domı́nio de uma função f é um intervalo I ⊂ R, seu gráfico G(f ), é um conjunto

infinito e, portanto, não pode ser descrito pela listagem de seus elementos. Neste caso, a re-

presentação gráfica de G(f ) pode ser feita de forma aproximada através da plotagem de alguns

elementos de G(f ). Quanto maior o número de pontos plotados, melhor será a representação

gráfica de G(f ).

Exemplo 12.10

Seja f : [−2, 2] −→ R definida por f (x) = x2 .

O gráfico de f é o conjunto

G(f ) = {(x, y) ∈ R2 | x ∈ [−2, 2] e y = f (x) = x2 }

189
Abaixo, a representação gráfica de G(f ) com 5, 9 e 100 pontos

5 pontos 9 pontos 100 pontos


y y y
• • • •

• •

• • • •
• •••
x x x

Exercı́cio 6

Esboce o gráfico e determine o conjunto imagem das funções

a) f : {−2, −1, 0, 1, 2} −→ R , f (x) = x3 .

b) g : [−2, 2] −→ R , g(x) = x3 .

12.2 As Funções Elementares e seus Gráficos


Nesta seção estudaremos as funções mais comuns da Matemática. As funções elementares são

usadas para modelar diversos fenômenos que surgem nas mais variadas aplicações. Os domı́nios

serão considerados os mais amplos possı́vel e os contradomı́nios serão sempre o conjunto R dos

números reais.

190
Função Constante

f : R −→ R , f (x) = c , c ∈ R

y y
c>0 c<0

c f
x
x c f

Função do Primeiro Grau ou Função Afim

f : R −→ R , f (x) = ax + b , a, b ∈ R , a 6= 0.

y
a>0 y a<0
f

x x
b b
− −
a a

b
f

!
b
O gráfico da função afim é a reta que passa pelos pontos − , 0 e (0, b).
a

191
Função do Segundo Grau ou Função Quadrática

f : R −→ R , f (x) = ax2 + bx + c , a, b, c ∈ R , a 6= 0.

y y
f
y f

f ∆<0
∆>0 ∆=0
a>0
a>0 a>0

x x x
x1 x2 x1 = x2

y y y

x1 x2 x1 = x2
x x x

∆>0 ∆=0
∆<0
f
a<0 a<0
a<0
f
f

B ∆ = b2 − 4ac

√ √
−b − ∆ −b + ∆
B x1 = , x2 =
2a 2a

192
Exercı́cio 7

Esboce o gráfico e determine o conjunto imagem das funções

a) f : R −→ R , f (x) = π.

b) g : R −→ R , g(x) = −3x + 6.

c) h : R −→ R , h(x) = x2 − 5x + 6.

Exercı́cio 8

Sejam f : R −→ R definida por f (x) = mx + n com m 6= 0 e A = (a, f (a)) e B = (b, f (b))

pontos genéricos do gráfico de f . Calcule


n f (b) − f (a)
 
a) f (0) b) f − c)
m b−a

Função Modular

f : R −→ R, f (x) = |x|.
y
f

I(f ) = [0, ∞)

193
Função Potência

f : R −→ R, f (x) = xn , n ∈ N.
n ı́mpar

y
x5
x3
n par
x

y x6 x4 x2

−1 0 1 x

I(f ) = [0, ∞) I(f ) = R

Exemplo 12.11

Os pontos onde os gráficos de duas funções potência, digamos y = x2 e y = x4 se interceptam são

encontrados igualando-se as ordenadas e resolvendo-se a equação obtida para a determinação

das abcissas. Assim, x2 = x4 =⇒ x4 − x2 = x2 (x2 − 1) = 0 =⇒ x = 0 ou x = ±1.

Em seguida, substitui-se as abscissas em qualquer uma das funções para a determinação das

ordenadas. Desta forma, x = 0 =⇒ y = 0 e x = ±1 =⇒ y = 1.

Os pontos de interseção são (0, 0) , (−1, 1) e (1, 1).

194
De maneira geral, dadas as funções f e g, para encontrar as abcissas dos pontos de interseção

de seus gráficos, resolve-se a equação f (x) = g(x) em R. Em seguida, substitui-se as soluções

encontradas na lei da f ou da g para a determinação das ordenadas.

x4 x2
y

x3
x5

Exercı́cio 9

Encontre os pontos de interseção dos gráficos de y = x7 e x3 e de y = x5 e x2 .

195
Exemplo 12.12

Analisando os gráficos das funções potência, conclui-se que, no intervalo (0,1)

p < q =⇒ xp > xq .

Isto se comprova considerando-se as desigualdades 0 < x < 1 e multiplicando-as sucessivamente

por x, de modo que

0 < x < 1 =⇒ 0 < x2 < x < 1 =⇒ 0 < x3 < x2 < x < 1 =⇒

=⇒ 0 < · · · < xq < · · · < xp < · · · < x3 < x2 < x < 1

Por outro lado, no intervalo (1, ∞), o comportamento se inverte, isto é

p < q =⇒ xp < xq .

De fato

x > 1 =⇒ x2 > x > 1 =⇒ x3 > x2 > x > 1 =⇒

=⇒ xq > · · · > xp > · · · > x3 > x2 > x > 1

Exercı́cio 10

Analise os gráficos e descreva o comportamento das funções potência nos intervalos (−∞, −1)

e (−1, 0).

196
Função Raı́z

√ √
f : R+ −→ R, f (x) = n
x, n ∈ N, n par f : R −→ R, f (x) = n
x, n ∈ N, n ı́mpar

y y

3
x
√ √
x 5
x

−1

4
x
1 x

1 x

I(f ) = [0, ∞) I(f ) = R

Exercı́cio 11

Assinale V ou F

a) O conjunto dos pontos de interseção dos gráficos das funções

f : R −→ R , f (x) = 4 e g : R −→ R , g(x) = x2 possui dois elementos.

b) O conjunto dos pontos de interseção dos gráficos das funções

f : [−1, 1] −→ R , f (x) = 4 e g : R −→ R , g(x) = x2 , é vazio.

c) O conjunto dos pontos de interseção dos gráficos das funções

f : R −→ R, f (x) = 4 e g : [0, ∞) −→ R , g(x) = x2 , é unitário.

d) Os gráficos de xp e xq se interceptam em 3 pontos independentemente de p e q.

197
Função Polinomial de Grau n

É a função p : R −→ R definida por

p(x) = an xn + an−1 xn−1 + . . . + a2 x2 + a1 x + a0

onde os coeficientes ai ∈ R , i ∈ {0, 1, 2, ..., n} e an 6= 0.

Exemplo 12.13

p : R −→ R dada por p(x) = x3 − 3x2 + 2x

y
p

0 1 2 x

Exercı́cio 12

Usando uma calculadora, avalie o comportamento da função p do exemplo 12.12 quando x

assume valores cada vez maiores (x → ∞) e cada vez menores (x → −∞).


3 2
 
Sugestão : p(x) = x 1 − + 2
3
x x

198
Função Racional

Dados os polinômios

p(x) = an xn + an−1 xn−1 + . . . + a2 x2 + a1 x + a0 , ai ∈ R , an 6= 0

q(x) = bm xm + bm−1 xm−1 + . . . + b2 x2 + b1 x + b0 , bj ∈ R , bm 6= 0

A função racional é

p(x)
f : R − {x ∈ R | q(x) = 0} −→ R dfinida por f (x) =
q(x)

Exemplo 12.14
x2 + 2x
f : R − {−1, 1} −→ R , f (x) =
x2 − 1

−1
−2 0 1 x

Exercı́cio 13

É possı́vel a existência de uma função racional cujo domı́nio seja R ? Justifique.

199
Função Exponencial

f : R −→ R definida por f (x) = ax onde a ∈ R, a > 0 e a 6= 1.

y y

ax ax

a>1 0<a<1

1
1

0 x 0 x

• a é chamada base

• x é o expoente

• ax > 0 , ∀x ∈ R

• I(f ) = (0, ∞)

Exercı́cio 14

Usando uma calculadora, avalie o comportamento das funções exponenciais dadas por 2x e
1
 x
quando x assume valores cada vez maiores (x → ∞) e cada vez menores (x → −∞).
2

Funções exponenciais são extremamente importantes na Matemática e também para as ciências

aplicadas. Elas modelam diversas situações que aparecem nas mais variadas aplicações.

200
Exemplo 12.15

A função exponencial aparece em Matemática Financeira nos cálculos que envolvem juros com-

postos. Neste regime, os juros são sempre aplicados ao saldo existente no inı́cio de cada perı́odo

da operação. Assim, suponhamos que um capital C0 seja investido no inı́cio de um certo mês

a uma taxa mensal i de juros compostos. Ao fim deste primeiro mês, o montante C1 será

C1 = C0 + i × C0 = C0 (1 + i).

Ao fim do segundo mês, teremos

C2 = C1 + i × C1 = C0 (1 + i) + i × C0 (1 + i) = C0 (1 + i)[1 + i] = C0 (1 + i)2 .

Ao fim do terceiro mês

C3 = C2 + i × C2 = C0 (1 + i)2 + i × C0 (1 + i)2 = C0 (1 + i)2 [1 + i] = C0 (1 + i)3 .

Continuando desta forma, ao fim de n meses

Cn = C0 (1 + i)n .

Exercı́cio 15

Quais das seguintes expressões pode representar a lei de uma função exponencial ?

a) y = x5 b) y = 10x c) y = (1, 01)x d) y = 43 e) y = (−5)x


2x 1
f) y = x g) y = x 3 h) y = ex i) y = xx j) y = 1x
3

201
Funções Trigonométricas

Os gráficos das funções trigonométricas podem ser construı́dos percorrendo-se o cı́rculo trigo-

nométrico em ambos os sentidos e marcando-se os pontos em um sistema de eixos coordenados.

sen y

π
2

− π2
π
0 − 3π
4
− π4 5π 3π 7π
4 2 4
4 x
π − π4 2π cos −π π
4
π 3π
2 4 π 2π


2

Para se construir o gráfico da função seno, por exemplo, para cada arco de x radianos do

cı́rculo, plota-se o ponto (x, senx) no sistema de eixos coordenados. Ângulos positivos serão

marcados no semi-eixo-x positivo e os negativos no semi-eixo-x negativo. Começando em 0 e

percorrendo o cı́rculo no sentido trigonométrico, os valores do senx vão aumentando até atingir
π
o valor máximo 1 em . No segundo quadrante, senx, ainda positivo, decresce até 0 em π. O
2

senx continua decrescendo no terceiro quadrante até atingir o valor mı́nimo −1 em . No
2
quarto quadrante, ainda negativo, senx volta a crescer atingido 0 em 2π. Continuando no sen-

tido trigonométrico, este comportamento se repete a cada número inteiro de voltas. A análise

é semelhante quando o cı́rculo é percorrido no sentido anti-trigonométrico.

202
Função Seno

f : R −→ R , f (x) = senx
senx

− π2 3π
−2π 2

− 3π −π 0 π π 2π 5π 3π x
2 2 2

−1

Imagem : [−1, 1]

Função Cosseno

f : R −→ R , f (x) = cosx

cosx

−π − π2 π 3π
π
−2π − 3π
2 0 2

2 2π 5π
2 x

−1

Imagem : [−1, 1]

203
Função Tangente

f : R − {kπ + π2 , k ∈ Z} −→ R , f (x) = tgx

tgx

−2π −π

− 3π − π2 0 π π 3π 2π 5π x
2 2 2 2 2

Imagem : (−∞, ∞)

Exercı́cio 17

a) Descreva o comportamento das funções seno e cosseno quando x → ∞ e x → −∞.


π
b) Descreva o comportamento da tangente quando x se aproxima de com valores menores
2
π−
! !
π π π π+
que x→ e quando x se aproxima de com valores maiores que x→ .
2 2 2 2 2

204
Função Secante

f : R − {kπ + π2 , k ∈ Z} −→ R , f (x) = secx

secx

1
−π π
5π −2π − 3π − π2 0 π 3π 2π 5π x
2 2 2 2 2

−1

Imagem : (−∞, −1] ∪ [1, ∞)

205
Função Cotangente

f : R − {kπ, k ∈ Z} −→ R , f (x) = cotgx

cotgx

−2π −π
− 3π − π2 0 π π 3π 2π x
2 2 2

Imagem : (−∞, ∞)

206
Função Cossecante

f : R − {kπ, k ∈ Z} −→ R , f (x) = cscx

cscx

1
− 5π − π2 3π
2 −π 2
−2π − 3π 0 π π 2π 5π x
2 2 2
−1

Imagem : (−∞, −1] ∪ [1, ∞)

207
Funções Hiperbólicas

Consideremos um cabo flexı́vel preso em suas extremidades e sujeito à ação de seu próprio

peso. A curva descrita pelo cabo chama-se catenária.

A equação da catenária é dada por

x x
e a + e− a
y =a×
2

onde a é uma constante.


ex e−x
A equação da catenária envolve a soma das funções exponenciais de base e , e , que
2 2
originam as chamadas funções hiperbólicas.

As funções hiperbólicas recebem este nome por estarem relacionadas com a hipérbole, assim

como as funções trigonométricas se relacionam com a circunferência.

208
Seno Hiperbólico

sh : R −→ R

ex − e−x
x shx =
e 2
2
I(sh) = R
x
e−x

2

Cosseno Hiperbólico

ch : R −→ R
1
ex + e−x
x chx =
e e−x 2

2 2
I(ch) = [1, ∞)
x

209
Tangente Hiperbólica

y th : R −→ R

shx ex − e−x
thx = = x
chx e + e−x

I(th) = (−1, 1)
−1

Cotangente Hiperbólica

cotgh : R∗ −→ R

chx ex + e−x
cotghx = = x
shx e − e−x

I(cotgh) = (−∞, −1) ∪ (1, ∞)


−1

210
Secante Hiperbólica

y sech : R −→ R

1 2
sechx = = x
chx e + e−x

I(sech) = [0, 1)

Cossecante Hiperbólica

cossech : R∗ −→ R

1 2
cossechx = = x
shx e − e−x
x

I(cossech) = R∗

211
12.3 Algumas Propriedades Especiais das Funções

Funções Periódicas

Uma função f : A −→ R é periódica de perı́odo p > 0 se f (x + p) = f (x), ∀x, x + p ∈ A.

Exemplo 12.16

1] As funções seno e cosseno são periódicas de perı́odo 2π.

2] As funções tangente e cotangente são periódicas de perı́odo π.

3] As funções secante e cossecante são periódicas de perı́odo 2π.

Exercı́cio 18

Seja f : R −→ R uma função periódica de perı́odo p. Assinale V ou F

a) 2p também é perı́odo de f .

b) Se (x, f (x)) ∈ G(f ) então (x + p, f (x)) ∈ G(f ).

c) f (x) = f (x − p) , ∀x ∈ R.

Exercı́cio 19

A função constante é periódica ? Se sim, qual o perı́odo ?

212
Funções Crescentes / Decrescentes

Seja f : X ⊂ R −→ R.

(1) f é crescente em X se x1 , x2 ∈ X com x2 > x1 =⇒ f (x2 ) > f (x1 ).

(2) f é decrescente em X se x1 , x2 ∈ X com x2 > x1 =⇒ f (x2 ) < f (x1 ).

y y

f
f

f (x1 )
f (x2 )

f (x1 )
f (x2 )

x1 x2 x x1 x2 x

x2 > x1 =⇒ f (x2 ) > f (x1 ) x2 > x1 =⇒ f (x2 ) < f (x1 )

f é crescente f é decrescente

Exemplo 12.17

A função afim f : R −→ R , f (x) = ax + b , é crescente se a > 0 e decrescente se a < 0.

Com efeito

(1) Sendo a > 0 e x2 > x1 então ax2 > ax1 =⇒ ax2 + b > ax1 + b ou f (x2 ) > f (x1 ).

(2) Sendo a < 0 e x2 > x1 então ax2 < ax1 =⇒ ax2 + b < ax1 + b ou f (x2 ) < f (x1 ).

213
Exemplo 12.18
π 3π π 3π
     
A função seno é crescente em 0, ∪ , 2π e decrescente em , .
2 2 2 2
Sendo periódica, este comportamento se repete a cada número inteiro de voltas.

Exemplo 12.19

A função exponencial de base a é crescente se a > 1 e decrescente se 0 < a < 1.

Exemplo 12.20

A função raiz é crescente em seu domı́nio.

Exemplo 12.21

A função racional do exemplo 12.3 é decrescente em todo o seu domı́nio.

Exemplo 12.22

Vamos analisar o crescimento / decrescimento da função f : R −→ R dada por f (x) = x2 .

(1) Se x1 , x2 > 0 então x1 < x2 =⇒ f (x1 ) = x21 < x1 x2 < x22 = f (x2 ).

Portanto, f é crescente em [0, ∞).

(2) Se x1 , x2 < 0 então x1 < x2 =⇒ f (x1 ) = x21 > x1 x2 > x22 = f (x2 ).

Portanto, f é decrescente em (−∞, 0].

214
Funções Pares / Impares

Seja A um conjunto tal que se x ∈ A então −x ∈ A. Uma função f : A −→ R é dita

• Par se f (−x) = f (x) qualquer que seja x ∈ A.

• Ímpar se f (−x) = −f (x) qualquer que seja x ∈ A.

y
f
Par

f (−x) = f (x)
f (x)

−x x x

y
f
Impar

f (−x) = −f (x)
f (x)

−x
x x

f (−x)

215
Exemplo 12.23

1] A função f : R −→ R , f (x) = x2 , é par.

2] A função f : R −→ R , f (x) = x3 , é ı́mpar.

3] A função seno é ı́mpar.

4] A função cosseno é par.

Exemplo 12.24

A função f : R −→ R , f (x) = x2 − 5x + 6 não é par nem ı́mpar.

De fato, por exemplo, f (1) = 2 e f (−1) = 12. Daı́

f (−1) 6= f (1) =⇒ f não é par.

f (−1) 6= −f (1) =⇒ f não é ı́mpar.

Exercı́cio 20

Assinale V ou F

a) Se f é par então G(f ) é simétrico em relação ao eixo-y.

b) Se f é ı́mpar então G(f ) é simétrico em relação ao eixo-x.

c) Se f é par então f (0) = 0.

d) Se f é ı́mpar então f (0) = 0.

e) Não existe função simultaneamente par e ı́mpar.

216
Funções Injetoras / Sobrejetoras / Bijetoras

Uma função f : A −→ B é dita

• Injetora, se

x1 , x2 ∈ A , x1 6= x2 =⇒ f (x1 ) 6= f (x2 )

ou, equivalentemente, se

x1 , x2 ∈ A , f (x1 ) = f (x2 ) =⇒ x1 = x2

B Retas paralelas ao eixo-x cortam os gráficos de funções injetoras em apenas um ponto.

y
f

y f

x1
x2 x

x1 x2 x

x1 6= x2 =⇒ f (x1 ) 6= f (x2 ) x1 6= x2 mas f (x1 ) = f (x2 )

f é injetora f não é injetora

• Sobrejetora se I(f ) = B.

• Bijetora se for injetora e sobrejetora.

217
Exemplo 12.25

A função f : R −→ R , f (x) = x2 , não é injetora nem sobrejetora.

De fato, f (−2) = f (2) = 4. Logo, f não é injetora.

Por outro lado, I(f ) = [0, ∞) ⊂ R. Logo, f não é sobrejetora.

Exemplo 12.26

A função f : R −→ R , f (x) = x3 , é injetora.

Exemplo 12.27

• Toda função crescente ou decrescente é naturalmente injetora.

• Seja f : X −→ f (X). A função f é naturalmente sobrejetora.

12.4 Operações com Funções

Igualdade

Duas funções f : A −→ B e g : C −→ D são iguais se e somente se A = C, B = D e

f (x) = g(x), ∀x ∈ A.

Exemplo 12.28

As funções f : R −→ R dada por f (x) = x + 1 e g : N −→ R dada por g(x) = x + 1 são

diferentes pois possuem domı́nios diferentes. Note que I(f ) = R e I(g) = {2, 3, 4, 5, ...}.

218
Soma

Dadas f, g : A −→ R, sua soma é a função

(f + g) : A −→ R , (f + g)(x) = f (x) + g(x)

Diferença

Dadas f, g : A −→ R, sua diferença é a função

(f − g) : A −→ R , (f − g)(x) = f (x) − g(x)

Produto

Dadas f, g : A −→ R, seu produto é a função

(f.g) : A −→ R , (f.g)(x) = f (x).g(x)

Quociente

Dadas f, g : A −→ R, seu quociente é a função

f (x)
! !
f f
: A − {x | g(x) = 0} −→ R , (x) =
g g g(x)

Exemplo 12.29

• polinômios são formados pela soma (ou diferença) e produto de funções potência e funções

constantes.

• funções racionais são formadas pelo quociente de polinômios.

219
Translação Horizontal

Sejam f : X ⊂ R −→ R e a ∈ R.

Sejam Y = X +{a} = {y ∈ R | y = x+a, x ∈ X} e Z = X +{−a} = {z ∈ R | z = x−a, x ∈ X}.

Translação horizontal para direita

É a função g : Y −→ R definida por g(x) = f (x − a).

Dado x ∈ X, se y = f (x) então g(x + a) = f (x + a − a) = f (x) = y.

Logo, (x, y) ∈ G(f ) ⇐⇒ (x + a, y) ∈ G(g).

y
f g

y = f (x) = g(x + a)

x x+a x

O gráfico de g é o gráfico de f transladado a unidades para a direita.

Translação horizontal para esquerda

É a função h : Z −→ R definida por h(x) = f (x + a).

Dado x ∈ X, se y = f (x) então h(x − a) = f (x − a + a) = f (x) = y.

Portanto, (x, y) ∈ G(f ) ⇐⇒ (x − a, y) ∈ G(h).

220
y

h f

y = f (x) = h(x − a)

x−a x x

O gráfico de h é o gráfico de f transladado a unidades para a esquerda

Exemplo 12.30

Suponhamos que as curvas seguintes relacionem a quantidade vendida de um bem A com seu

preço. Tais curvas são chamadas curvas de demanda.

preço

h f g

h(q0 − a) = f (q0 ) = g(q0 + a) = P

q0 − a q0 q0 + a quantidade

221
Se A for um bem denominado normal, isto é, um bem cuja demanda aumenta com o aumento

da renda do consumidor (filé mignon, carro de luxo) então a curva original f se deslocará para

a direita implicando em aumento de consumo do bem com o aumento na renda do consumidor.

Por outro lado, se A for um bem dito inferior, isto é, aquele cuja demanda diminui com o

aumento da renda do consumidor (pé de frango, roupa usada) então a curva f se deslocará

para esquerda implicando em decréscimo no consumo do bem caso a renda do consumidor caia.

Exercı́cio 21

Você poderia dar um exemplo de um bem para o qual a curva de demanda não se movimentaria,

independentemente de aumento ou decréscimo da renda do consumidor ?

Exercı́cio 22

Explique o caráter decrescente das curvas de demanda.

Exercı́cio 23

Tente imaginar como seriam as chamadas curvas de oferta que relacionam a quantidade ofertada

de um bem com seu preço.

222
Translação Vertical

Sejam f : X ⊂ R −→ R e k ∈ R.

A função g : X −→ R definida por g(x) = f (x) + k é a translação vertical de f .

O gráfico de g é gráfico de f transladado k unidades para cima se k > 0 e k unidades para

baixo se k < 0.

y
g1 (x) = f (x) + k1
g1
g1 (x)
g2 (x) = f (x) − k2
k1
f
f (x)
x x

g2
g2 (x)

k2

Exemplo 12.31

y y y (x − 3)2 + 1
x2 (x − 3)2

x 3 x x

223
Reflexão em torno dos eixos

Seja f : X ⊂ R −→ R e Y = −X = {y ∈ R | y = −x, x ∈ X}

(1) A função g : X −→ R definida por g(x) = −f (x) é a reflexão de f em torno do eixo-x.

(2) A função h : Y −→ R definida por h(x) = f (−x) é a reflexão de f em torno do eixo-y.

y f y

f (x) h f
h(x) f (−x)

x x x −x x

g(x)

g(x) = −f (x) h(x) = f (−x)

Exemplo 12.32

√ √
−x y x

f : [0, ∞) −→ R , f (x) = x

g : [0, ∞) −→ R , g(x) = − x
x √
h : (−∞, 0] −→ R , h(x) = −x

√ √ r : (−∞, 0] −→ R , r(x) = − −x
− −x − x

224
Expansão e Compressão

Sejam f : X ⊂ R −→ R e k > 1.

Sejam Y = {y ∈ R | y = kx, x ∈ X} e Z = {z ∈ R | z = x/k, x ∈ X}.

(1) fev : X −→ R , fev (x) = kf (x) , é a expansão de vertical de f .


f (x)
(2) fcv : X −→ R , fcv (x) = , é a compressão vertical de f .
k
(3) fch : Z −→ R , fch (x) = f (kx) , é a compressão horizontal de f .
x
 
(4) feh : Y −→ R , feh (x) = f , é a expansão horizontal de f .
k

Exemplo 12.33

Sejam f : [0, 2] −→ R dada por f (x) = 2x − x2 e k = 2.


• fev : [0, 2] −→ R é dada por fev = 2f (x) = 2 2x − x2

f (x) 1√
• fcv : [0, 2] −→ R é dada por fcv = = 2x − x2
2 2
s   s
x2
 2
x x
• feh : [0, 4] −→ R é dada por feh (x) = f (x/2) = 2 − = x−
2 2 4
q √
• fch : [0, 1] −→ R é dada por fch (x) = f (2x) = 2(2x) − (2x)2 = 4x − 4x2

y
2 y
fev

1 f 1
1
2
fch f feh
fcv

0 1 2 x 0 1
2 1 2 4 x

225
Exemplo 12.34

Sejam f : [0, 2π] −→ R dada por f (x) = senx e k = 2.

• fev : [0, 2π] −→ R é dada por fev = 2f (x) = 2senx

f (x) 1
• fcv : [0, 2π] −→ R é dada por fcv = = senx
2 2
x x
   
• feh : [0, 4π] −→ R é dada por feh (x) = f = sen
2 2

• fch : [0, π] −→ R é dada por fch (x) = f (2x) = sen2x

2
fev

f
1
1
2
fcv π 3π
2
π
0 2 2π x
− 12

−1

−2

226
y

π 3π
2 4π

π π
0 4 2
x

fch f feh

−1

• As expansão e compressão verticais são facilmente percebidas escrevendo-se


f (x) y
y = f (x) , z = kf (x) e u = . Daı́, z = ky e u = .
k k
y
 
Logo, se (x, y) ∈ G(f ) então (x, ky) ∈ G(fev ) e x, ∈ G(fcv ).
k

• As expansão e compressão horizontais podem ser interpretadas como a rapidez com que

uma imagem y0 é produzida pelas funções f , fch e feh .


x0
 
Se (x0 , y0 ) ∈ G(f ) então , y0 ∈ G(fch ) e (kx0 , y0 ) ∈ G(feh ).
k
π π x
     
Por exemplo, , 1 ∈ G(senx) , , 1 ∈ G(sen2x) e (π, 1) ∈ G sen .
2 4 2

227
Composição de Funções

Sejam f : A −→ B e g : C −→ D.

Seja E o subconjunto de A formado pelos elementos x ∈ A tais que a imagem f (x) de x pela

função f pertence a C, ou seja

E = {x ∈ A | f (x) ∈ C}

Podemos então calcular g(f (x)) pois o elemento f (x) está no domı́nio C da função g.

Fica então definida a função composta g ◦ f : E −→ D dada por (g ◦ f )(x) = g(f (x)).

f (E)

• f (x)
A
f C

E

x

D
g◦f

• g(f (x))

228
A regra (g ◦ f )(x) = g(f (x)) diz que, primeiro calcula-se f (x) para x ∈ E e depois calcula-se

g(y) onde y = f (x) ∈ C.

Pode acontecer E = A. Neste caso, a imagem f (A) de f está contida no domı́nio C de g.

Exemplo 12.35

Sejam f : N −→ R dada por f (x) = x + 1 e g : R+ −→ R dada por g(x) = x.

Temos f (N) = {2, 3, 4, ...} ⊂ R+ , ou seja, a imagem de f está contida no domı́nio de g.

A função composta g ◦ f fica então


(g ◦ f ) : N −→ R , (g ◦ f )(x) = g(f (x)) = g(x + 1) = x+1

Tomando E = D(f ◦ g) = {x ∈ D(g) | g(x) ∈ N} = {11 , 22 , 32 , 42 , 52 , 62 , ...} obtemos


f ◦ g : {1, 4, 9, 16, 25, 36, ...} −→ R , (f ◦ g)(x) = f (g(x)) = g(x) + 1 = x+1

Exemplo 12.36

Se o domı́nio da função f do exemplo 12.35 fosse, digamos, R, seria possı́vel definir f ◦ g.

Neste caso, g(R+ ) ⊂ R e f ◦ g : R+ −→ R seria dada por



(f ◦ g)(x) = f (g(x)) = g(x) + 1 = x + 1

Porém, agora, para que g ◦ f possa ser definida, devemos tomar

D(g ◦ f ) = {x ∈ D(f ) | f (x) ∈ R+ } = [−1, ∞)

Assim
q √
g ◦ f : [−1, ∞) −→ R , (g ◦ f )(x) = g(f (x)) = f (x) = x+1

229
Exemplo 12.37

Sejam f : R −→ [1, ∞) dada por f (x) = x2 + 1 e g : R+ −→ R dada por g(x) = x.

Temos que f (x) > 0 , ∀x ∈ R e g(x) ≥ 0 , ∀x ∈ R+ . Portanto, I(f ) ⊂ D(g) e I(g) ⊂ D(f ). Daı́

(f ◦ g) : R+ −→ [1, ∞), (f ◦ g)(x) = f (g(x)) = (g(x))2 + 1 = ( x)2 + 1 = x + 1
q √
(g ◦ f ) : R −→ R, (g ◦ f )(x) = g(f (x)) = f (x) = x2 + 1.

Exemplo 12.38
1
Seja f : A −→ R definida por f (x) = . Vamos determinar A para que f ◦ f possa ser
1−x
definida.

É claro que 1 6∈ A. Além disso, para definirmos f ◦ f precisamos que f (A) ⊂ A. Logo, 1 não

pode pertencer a f (A).

Mas
1
= 1 ⇐⇒ x = 0.
1−x

Portanto, 0 não pode pertencer a A pois f (0) = 1. Logo, A = R − {0, 1}.

Finalmente
1 1 x−1
(f ◦ f )(x) = f [f (x)] = = 1 = .
1 − f (x) 1− x
1−x
Portanto, a composta f ◦ f é

x−1
f ◦ f : R − {0, 1} −→ R , (f ◦ f )(x) =
x

230
Inversão

Seja f : A −→ B uma função bijetora, isto é, injetora e sobrejetora. Então

• dados x1 , x2 ∈ A com x1 6= x2 tem-se f (x1 ) 6= f (x2 ).

• f (A) = B

A todo elemento x ∈ A está associado um único elemento y ∈ B através da regra y = f (x).

Agora, dado um elemento y ∈ B, queremos definir uma função, chamada inversa de f , que

determina o elemento x ∈ A tal que y = f (x).

A inversa de f , denotada por f −1 , é a função f −1 : B −→ A definida pela regra

x = f −1 (y) ⇐⇒ f (x) = y

Vamos explicar agora a razão da exigência de f ser bijetora para que f −1 exista.

• Se f não for injetora, existirão x1 , x2 ∈ A tais que x1 6= x2 com f (x1 ) = f (x2 ) = y. Se

existisse f −1 terı́amos f −1 (y) = x1 e f −1 (y) = x2 com x1 6= x2 . Absurdo.

• Se f não for sobrejetora, a imagem f (A) será um subconjunto próprio de B, isto é, existirá

pelo menos um elemento y ∈ B que não está associado a elemento algum em A, não sendo

possı́vel determinar f −1 (y).

231
Exemplo 12.33

A função f : {1, 2, 3} −→ {?, 4, ◦} tal que f (1) = ?, f (2) = 4 e f (3) = ◦ é bijetora. Sua

inversa f −1 : {?, 4, ◦} −→ {1, 2, 3} é dada por f −1 (?) = 1, f −1 (4) = 2 e f −1 (◦) = 3.

Exemplo 12.34

Seja f : R −→ R dada por f (x) = 2x + 1. A inversa de f é f −1 : R −→ R definida por


x−1
f −1 (x) = .
2
A regra que define f −1 foi encontrada assim

y−1
x = f −1 (y) ⇐⇒ f (x) = 2x + 1 = y =⇒ x = .
2

x−1
É usual trocar y por x para escrever f −1 como função de x. Daı́, f −1 (x) = .
2

Exemplo 12.35

A função f : R −→ [0, ∞), f (x) = x2 , não é injetora. De fato, f (−2) = f (2) = 4. Portanto

não possui inversa.

Exemplo 12.36

A função f : [0, ∞) −→ R, f (x) = x2 , não é sobrejetora pois se a < 0 então a ∈


/ I(f ). Logo, f

não possui inversa.

Exemplo 12.37

A função f : [0, ∞) −→ [0, ∞), f (x) = x2 , é bijetora. Sua inversa f −1 : [0, ∞) −→ [0, ∞) é

dada por f −1 (x) = x.

232
Relação entre os Gráficos

Os gráficos de f e f −1 são simétricos em relação a reta de equação y = x.

Consideremos o quadrado de lados iguais a y − x da figura

y f

y=x
P
f −1
y Q
y=x
P = (x, y)
y
x

x Q = (y, x)

x y x

Os pontos (x, y) e (y, x) são extremos de uma das diagonais do quadrado e, portanto, são

simétricos em relação à reta y = x.

Agora, se P = (x, y) com y = f (x) é um ponto do gráfico de uma função bijetora f e Q = (y, x)

com x = f −1 (y) pertence ao gráfico de f −1 , então a regra que define a função inversa

P = (x, y) ∈ G(f ) ⇐⇒ Q = (y, x) ∈ G(f −1 )

permite concluir que os gráficos de f e f −1 são simétricos em relação à reta y = x.

233
Função Logaritmica
Dado a ∈ R, a > 0 e a 6= 1, o logaritmo de x na base a é definido como o expoente y ao qual

devemos elevar a para obtermos x. Desta forma

y = loga x ⇐⇒ x = ay

Sendo ay > 0 , ∀y ∈ R , segue que logaritmos só podem ser calculados para os reais positivos.

A função logarı́tmica é definida como

f : R∗+ −→ R , y = f (x) = loga x ⇐⇒ x = ay , a > 0 , a 6= 1

A função logarı́tmica pode então ser interpretada como a inversa da exponencial.

y ax y
ax

a>1

1 loga x
1

0 1 x 0 1 x

loga x

0<a<1

A função logarı́tmica é crescente se a > 1 e decrescente se 0 < a < 1.

234
Observação

Se a base for 10, escreve-se simplesmente logx e se for o número e de Euler, escreve-se ln x.

Exercı́cio 24

Usando uma calculadora, avalie o comportamento de log x , log 1 x e ln x quando x → ∞ e


2

x→0 . +

Funções Trigonométricas Inversas

Dado um número real x, uma função trigonométrica retorna o valor da respectiva função cir-
π π
 
cular do arco x. Por exemplo, se x = , a função tangente retorna 1 pois tg = 1.
4 4
O processo inverso consiste em, dado y, determinar x tal que, por exemplo, tgx = y. Usando o

exemplo anterior, tomando y = 1, desejamos descobrir qual é o x tal que tgx = 1. O problema

é que existem infinitos x que resolvem a equação tgx = 1.

Este processo inverso requer a definição das funções trigonométricas inversas. Porém, as funções

trigonométricas não são bijetoras e, consequentemente, não possuem inversas. Entretanto,

pode-se torná-las sobrejetoras fazendo seus contradomı́nios coincidirem com suas imagens e

injetoras restringindo seus domı́nios.


π π
 
Por exemplo, tomando o intervalo − , para domı́nio da função seno, segue que, dado qual-
2 2
π π
 
quer y ∈ [−1, 1], haverá um e somente um x ∈ − , tal que senx = y.
2 2

235
Função Arco Seno

A função f : [− π2 , π2 ] −→ [−1, 1] definida por f (x) = senx é bijetora.

senx senx

1
1

− π2 3π − π2
2 2π
−2π − 3π 0 π π x π
x
2 2 2

−1
−1

Sua inversa, arcsen : [−1, 1] −→ [− π2 , π2 ] é definida por y = arcsenx ⇐⇒ seny = x

arcsenx × senx arcsenx


π
2

senx

−1
x 1 x

− π2
arcsenx

Exemplo 12.38
1
 
Determinar y = arcsen .
2 
1 1
Temos que y = arcsen ⇐⇒ seny =
 2 2
π π 1 π

Devemos procurar y ∈ − , tal que seny = =⇒ y = .
2 2 2 6

236
Função Arco Cosseno

A função f : [0, π] −→ [−1, 1] definida por f (x) = cosx é bijetora.

cosx cosx

1 1

−π π π
−2π − π2 0
π
2

2 2π x 0
π
2 x

−1
−1

Sua inversa, arccos : [−1, 1] −→ [0, π] é definida por y = arccosx ⇐⇒ cosy = x

arccosx
arccosx arccosx × cosx
π

π
2

x −1 1 x
cosx

Exemplo 12.39
1 1 1
   
Determinar y = arccos − . Temos que y = arccos − ⇐⇒ cosy = − .
2 2 2
1 2π
Vamos procurar y ∈ [0, π] tal que cosy = − =⇒ y = .
2 3

237
Função Arco Tangente

A função f : (− π2 , π2 ) −→ R definida por f (x) = tgx é bijetora.

Sua inversa, arctg : R −→ (− π2 , π2 ) é definida por y = arctgx ⇐⇒ tgy = x.

tgx arctgx × tgx

tgx

π
2

arctgx

− π2 0 π
2
x − π2 0 π
2
x

− π2

arctgx

π
2

− π2

238
Exemplo 12.15

y = arctg1 ⇐⇒ tgy = 1
π π π
 
y∈ − , com tgy = 1 =⇒ y =
2 2 4

Função Arco Secante

A função f : [0, π2 ) ∪ ( π2 , π] −→ (−∞, −1] ∪ [1, ∞) definida por f (x) = secx é bijetora.

Sua inversa, arcsec : (−∞, −1] ∪ [1, ∞) −→ [0, π2 ) ∪ ( π2 , π] é definida por

y = arcsecx ⇐⇒ secy = x

arcsecx × secx
secx
π

π
2

1 arcsecx

−1 1 x
−1

239
Função Arco Cossecante

A função f : [− π2 , 0) ∪ (0, π2 ] −→ (−∞, −1] ∪ [1, ∞) definida por f (x) = cscx é bijetora.

Sua inversa, arccsc : (−∞, −1] ∪ [1, ∞) −→ [− π2 , 0) ∪ (0, π2 ] é definida por

y = arccscx ⇐⇒ cscy = x

arccscx × cscx
cscx

π
2

arccscx

− π2

240
Função Arco Cotangente

A função f : (0, π) −→ R definida por f (x) = cotgx é bijetora.

Sua inversa, arccotg : R −→ (0, π) é definida por

y = arccotgx ⇐⇒ cotgy = x

arccotgx × cotgx

arccotgx
π
2

π
π x
2

cotgx

Exemplo 12.40

1 1
 
y = arcsecx ⇐⇒ secy = x ⇐⇒ cosy = ⇐⇒ y = arccos
x x

Ou seja
1
 
arcsecx = arccos
x

241
Analogamente
1 1
   
arccscx = arcsen e arccotgx = arctg
x x

Exemplo 12.41
√ !
2 3
Encontre y = arcsec .
3 √ !
π π 3
   
Vamos procurar y em 0, ∪ , π tal que y = arccos .
2 2 2
π
Portanto, y = .
6

Exercı́cio 25
√ !
√ 3
Encontre arccsc 2 e arccotg − .
3

Exemplo 12.42
π
Vamos mostrar que arctgx + arccotgx = .
2

π
α+β =
2
β b
a tgα = =x ∴ α = arctgx
c
b
b
cotgβ = = x ∴ β = arccotgx
c
α π
∴ arctgx + arccotgx =
2
c

Observação

• A escolha dos intervalos tomados para domı́nio das funções trigonométricas de forma a torná-

las injetoras foi totalmente arbitrária. Outros intervalos podem ser escolhidos para restringir os

domı́nios das funções trigonométricas. O importante é escolher um intervalo no qual a função

resultante seja injetora.

• Quanto à sobrejeção, basta fazer os contradomı́nios iguais às imagens.

242
Funções Hiperbólicas Inversas

A função seno hiperbólico é bijetora e, portanto, possui inversa. Assim como foi feito para as

funções trigonométricas, pode-se tornar as demais funções hiperbólicas bijetoras restringindo-se

os domı́nios e adotando-se o conjunto imagem como contradomı́nio. Além disso, uma vez que

as funções hiperbólicas são definidas através de funções exponenciais, é possı́vel obter fórmulas

explicitas para elas.

Função Inversa do Seno Hiperbólico

É a função sh−1 : R −→ R tal que

y = sh−1 x ⇐⇒ x = shy

Da última relação, obtemos

ey − e−y
x= ou ey − 2x − e−y = 0
2

Multiplicando por ey

e2y − 2xey − 1 = 0 ou (ey )2 − 2x(ey ) − 1 = 0

Aplicando a fórmula de Bháskara


2x ± 4x2 + 4 √
e =
y
= x ± x2 + 1
2

√ √
Sendo ey > 0 e x < x2 + 1 , segue que ey = x + x2 + 1

243
Aplicando logaritmos naturais encontramos


y = sh−1 x = ln(x + x2 + 1)

O gráfico de sh−1 é construı́do refletindo-se o gráfico de sh em relação à reta y = x.

y
shx

sh−1 x
sh−1 : R −→ R


sh−1 x = ln(x + x2 + 1)

244
Função Inversa do Cosseno Hiperbólico

Redefinindo ch : [0, ∞) −→ [1, ∞) obtém-se uma função bijetora. Sua inversa

ch−1 : [1, ∞) −→ [0, ∞) é tal que

y = ch−1 x ⇐⇒ x = chy

Da última relação, obtemos



y = ch−1 x = ln(x + x2 − 1)

y
chx
ch−1 x
ch−1 : [1, ∞) −→ [0, ∞)


ch−1 x = ln(x + x2 − 1)
1

1 x

245
Demais Funções Hiperbólicas Inversas

tgh−1 : (−1, 1) −→ R

1 1+x
 
tgh−1 x = ln
2 1−x

−1 1 x

cotgh−1 : (−∞, −1) ∪ (1, ∞) −→ R∗

1 x+1
 
cotgh−1 x = ln
2 x−1

−1 1 x

246
y

sech−1 : (0, 1] −→ [0, ∞)


1+ 1 − x2
!
sech x = ln
−1
x

1 x

cossech−1 : R∗ −→ R∗

1+ 1 + x2
 !
ln , x>0



x






cossech−1 x =

 √
1− 1 + x2

 !
ln , x<0




x x

247
Função com Várias Propriedades

São as funções que se caracterizam por terem seus domı́nios divididos em subdomı́nios e

possuı́rem leis diferentes em cada um desses subdomı́nios.

Seja A = A1 ∪ A2 ∪ ... ∪ An . Então f : A −→ R tal que


f1 (x) , x ∈ A1







f2 (x) , x ∈ A2




f (x) =
..
.








fn (x) , x ∈ An


é uma função com várias propriedades.

Exemplo 12.43 
−1 , −10 ≤ x ≤ −5







x
f : [−10, 10] −→ R , f (x) =  , −5 ≤ x ≤ 5



5
1 , 5 ≤ x ≤ 10


−10 −5
5 10 x

−1

248
Exemplo 12.44 
3x + 10 , x ≤ −2







f : R −→ R , f (x) = x2 , −2 ≤ x ≤ 2




−3 , x>2


−2 2 x

−3

Exercı́cio 26

Esboce o gráfico da função f : R −→ R , f (x) = |x − 2| + |x| + |x + 2|

Sugestão

  
2−x , x<2 −x , x < 0 −x − 2 , x < −2

 
 

  
|x − 2| = , |x| = , |x + 2| =
x−2 , x≥2 x , x≥0 x + 2 , x ≥ −2

 
 

  

Portanto


−3x , x < −2







−x + 4 , −2 ≤ x < 0




f (x) = 



 x+4 , 0≤x<2



3x , x≥2


249
12.5 Funções Contı́nuas

O conceito de continuidade é extremamente importante na Matemática. Funções contı́nuas

dão previsibilidade aos modelos usados para descrever fenômenos. A grosso modo, se uma

função f é contı́nua no ponto a de seu domı́nio então, se x está próximo de a consequentemente

f (x) estará próximo de f (a). Em outras palavras, uma pequena variação ∆x a partir de a,

produzirá uma pequena variação ∆y = f (a + ∆x) − f (a).

Imaginemos que o custo mensal de produção de uma determinada fábrica seja dado por uma

função f que depende da quantidade produzida x. A intuição nos diz que é razoável supor que

se a fábrica produzir x + 1 ou x − 1 produtos em um determinado mês, o custo naquele mês

variará muito pouco. Uma função contı́nua tem esta caracterı́stica. Pequenas variações em x

produzem pequenas variações em f (x).

Exemplo 12.45

Suponhamos que a mesada de um estudante seja calculada em função de sua nota n em ma-

temática, que pode variar de 0 a 10. Seja tal função f : [0, 10] −→ R dada por

1000

0 , 0≤n<7



f (n) =
100n , 7 ≤ n ≤ 10



700

x
7 10

250
A mesada será zero para qualquer nota n < 7. Se n = 7, a mesada será R$ 700,00. A

função f não é contı́nua em 7 pois, por exemplo, f (6, 99) = 0 e f (7) = 700. Embora 6,99 seja

muito próximo de 7, a diferença entre suas imagens é grande. Por outro lado, f é contı́nua

em, digamos, 8. A diferença entre f (7, 99) = 799, f (8) = 800 e f (8, 01) = 801 é razoavelmente

pequena.

Exemplo 12.46
1

, x 6= 0



f : [−1, 1] −→ R dada por f (x) = x
 0 , x=0

y
f é descontı́nua em x = 0

f (0) = 0

f (0.000001) = 1.000.000

f (−0.000001) = −1.000.000
x
0

Caracterizar uma função contı́nua através de pequenas variações em x e f (x) é aceitável do

ponto de vista intuitivo mas é muito impreciso pois pequenas variações pode ser muito relativo

dependendo da situação. Ao projetar uma estrada de 1.000 km, se o engenheiro errar em 1 m

nada de grave ocorrerá. Entretanto, ao projetar a estrutura de um prédio, um erro de 1 m na

posição de uma coluna pode causar um transtorno enorme.

251
Exemplo 12.47 
x + 0.00001 , x > 0







Seja f : R −→ R dada por f (x) = 0 , x=0




x − 0.00001 , x < 0


f (0) = 0

f (0.00001) = 0.00002

0.00001 f (−0.00001) = −0.00002


x
−0.00001
f é descontı́nua em x = 0

Neste exemplo observa-se que, em torno de x = 0, a variação de f (x) é bem pequena. Entre-

tanto, afirma-se que f é descontı́nua em 0. Concluı́mos então que precisamos de uma definição

mais precisa para a continuidade.

Exemplo 12.48

Suponhamos que a função P : [500, ∞) −→ R definida por P (q) = 20 + 0.04q forneça o peso P

em kg de uma pessoa adulta em função da quantidade q de calorias diárias ingeridas.

Se uma pessoa deseja manter um peso próximo de 80 kg, digamos no intervalo (79, 81) como

deverá ser sua ingestão diária de calorias ?

252
P

P (1500 − δ) = 80 − 0.04δ = 80 − ε

P (1500 + δ) = 80 + 0.04δ = 80 + ε
80 + ε
ε
80 ∴ δ=
0.04
80 − ε

40

q
q
5 1500 + δ

1500
1500 − δ

Estabelecendo um intervalo (80 − ε, 80 + ε) encontramos um intervalo (1500 − δ, 1500 + δ)

tal que

q ∈ (1500 − δ, 1500 + δ) =⇒ P (q) ∈ (80 − ε, 80 + ε)

Fixando ε = 1 encontramos δ = 25 de modo que

q ∈ (1475, 1525) =⇒ P (q) ∈ (79, 81)

Assim, a pessoa deverá ingerir entre 1475 e 1525 calorias por dia de modo a manter seu peso

entre 79 e 81 kg.

253
O exemplo 12.48 mostra que se a pessoa variar pouco a quantidade de calorias ingerida seu

peso variará pouco também. Mas, a essência do conceito de continuidade reside no fato de que

a pessoa pode fazer com que seu peso fique tão próximo de 80 kg quanto ela queira escolhendo

ε cada vez menor e consequentemente ingerindo a quantidade de calorias definida por δ sufici-

entemente próxima de 1500. Assim, admitindo uma variação de 1 kg em seu peso (ε = 1), a

pessoa deve ingerir 25 calorias (δ = 25) a mais ou a menos, conforme o caso. Para cada ε > 0

escolhido haverá um δ > 0 que indicará o intervalo que determinará o quão próximo de 80 kg

será o peso da pessoa. Quanto menor for ε, mais próximo de 80 kg a pessoa pesará.

Por outro lado, analisando o exemplo 12.47, vemos que não é possı́vel fazer com que f (x)

fique tão próximo de f (0) = 0 quanto se queira mesmo que x seja escolhido cada vez mais

próximo de 0. De fato, se x > 0 então f (x) = x + 0.00001 > 0.00001 e se x < 0 então

f (x) = x − 0.00001 < −0.00001. Logo, se x 6= 0 então f (x) ∈ (−∞, −0.00001) ∪ (0.00001, ∞)

independentemente de quão próximo de 0 esteja x.

Definição Formal de Função Contı́nua

Sejam f : A ⊂ R −→ R e a ∈ A. Dizemos que f é contı́nua em a se para todo ε > 0 dado

existe δ > 0 tal que

x ∈ (a − δ, a + δ) =⇒ f (x) ∈ (f (a) − ε, f (a) + ε)

Ou, utilizando valor absoluto

|x − a| < δ =⇒ |f (x) − f (a)| < ε

254
Exemplo 12.49

A função constante f : R −→ R , f (x) = c , é contı́nua em R.

Seja a ∈ R. Dado ε > 0 tome qualquer δ > 0 pois

|x − a| < δ =⇒ |f (x) − f (a)| = |c − c| = 0 < ε

Exemplo 12.50

A função f : R −→ R , f (x) = x , é contı́nua em R.

Seja a ∈ R. Dado ε > 0 tome δ = ε. Daı́

|x − a| < δ =⇒ |f (x) − f (a)| = |x − a| < ε

Exemplo 12.51

A função afim f : R −→ R , f (x) = mx + n , é contı́nua em R.

Seja a ∈ R. Devemos mostrar que para todo ε > 0 dado existe δ > 0 tal que

|x − a| < δ =⇒ |mx + n − (ma + n)| < ε

Temos que

ε
|mx + n − (ma + n)| = |mx − ma| = |m(x − a)| = |m||x − a| < ε =⇒ |x − a| <
|m|

ε
Tomando δ = segue que
|m|

ε
|x−a| < δ =⇒ |x−a| < =⇒ |m||x−a| = |mx−ma+n−n| = |mx+n−(ma+n)| < ε.
|m|

ε
Portanto, dado ε, basta tomar δ = .
|m|

255
Exemplo 12.52

Seja f contı́nua no ponto a de seu domı́nio. Se f (a) > 0 então, para x suficientemente próximo

de a, f (x) > 0.
f (a)
Escolhendo ε = encontramos δ > 0 tal que
2

f (a) f (a) f (a) 3f (a)


! !
x ∈ (a − δ, a + δ) =⇒ f (x) ∈ f (a) − , f (a) + = ,
2 2 2 2

f (a)
Portanto , f (x) > >0
2

Observações

• Uma função contı́nua em todos os pontos de seu domı́nio é, de forma simples, dita

contı́nua.

• O emprego da definição para a verificação da continuidade de uma função só é viável

em casos simples. No caso de funções mais complexas é bastante difı́cil a manipulação

ε-δ. Entretanto, a definição formal permite a dedução de propriedades que são usadas no

estudo de funções contı́nuas dispensando o emprego da definição.

Propriedades

(FC1) As funções elementares são todas contı́nuas em seus domı́nios.

(FC2) Se f e g são contı́nuas em a então são também contı́nuas em a

f
f ±g , f ×g , desde que g(a) 6= 0
g

(FC3) Se f for contı́nua em a e g for contı́nua em f (a) então a função composta g ◦ f é

contı́nua em a.

256
Teorema do Valor Intermediário (TVI)

Sejam f : [a, b] −→ R contı́nua e d ∈ R tais que f (a) < d < f (b). Existe c ∈ (a, b) tal que

f (c) = d.

f (b) f (c) = d

a
c b x

f (a)

f (b) f não é contı́nua em [a, b]

d não existe c ∈ [a, b] tq f (c) = d

f (a)

a b x

257
12.6 Máximos e Mı́nimos

Definição

Seja f : X ⊂ R −→ R. Um ponto a ∈ X é

(1) um mı́nimo global de f se f (a) ≤ f (x) , ∀x ∈ X.

(2) um máximo global de f se f (a) ≥ f (x) , ∀x ∈ X.

(3) um mı́nimo local de f se existe r > 0 tal que f (a) ≤ f (x) , ∀x ∈ (a − r, a + r) ∩ X.

(4) um máximo local de f se existe r > 0 tal que f (a) ≥ f (x) , ∀x ∈ (a − r, a + r) ∩ X.

y
a1 é máximo local

a2 é mı́nimo local

a3 é máximo global
f

a4 é mı́nimo global

x
a1 a2 a3 a4

Se a é um ponto de mı́nimo/máximo (local/global) de f então f (a) é dito valor mı́nimo/máximo

(local/global) de f . Pontos de mı́nimo ou máximo são ditos pontos extremos.

258
Exemplo 12.53

A função quadrática f : R −→ R , f (x) = ax2 + bx + c , tem um mı́nimo global se a > 0 e

um máximo global se a < 0. Independentemente do caso, o ponto correspondente do gráfico é



!
b
o vértice da parábola V = − , − .
2a 4a

Exemplo 12.54

As funções seno e cosseno tem infinitos mı́nimos e infinitos máximos globais. Entretanto, o

valor mı́nimo global é −1 e o valor máximo global é 1.

Exemplo 12.55

A função polinomial p : R −→ R dada por p(x) = 3x4 − 16x3 + 18x2 possui um máximo local

em (1, 5), um mı́nimo local em (0,0) e um mı́nimo global em (3, −27). A função não possui

máximos globais.

3
x
0 1

259
Teorema de Weierstrass

Seja f : [a, b] −→ R contı́nua.

Existem α, β ∈ [a, b] tais que f (α) ≤ f (x) ≤ f (β) , ∀x ∈ [a, b].

O Teorema de Weierstrass garante que uma função contı́nua definida em um intervalo fechado

possui pelo menos um mı́nimo global e pelo menos um máximo global. Aqui, vemos mais uma

vez a importância do conceito de continuidade. Imagine uma função definida em um intervalo

fechado que represente o lucro de uma empresa. Uma pergunta importante é qual o ponto que

produz o lucro máximo ? Se f for contı́nua, temos a garantia de existência de resposta para a

pergunta.

Exemplo 12.56

A função f do exemplo 12.44 é definida em um intervalo fechado mas não é contı́nua. A função

não possui nem máximo nem mı́nimo global.

Exemplo 12.57
1 1
Sejam f : (0, 1) −→ R , f (x) = x , xn = e yn = 1 − . Temos que xn , yn ∈ (0, 1) , ∀n ∈ N ,
n n
f (xn+1 ) < f (xn ) e f (yn+1 ) > f (yn ). A função f é contı́nua em (0,1) que não é fechado.

Exemplo 12.58

A função f : (0, 2) −→ R dada por f (x) = 1 se 0 < x < 1 e f (x) = −1 se 1 < x < 2 não é

contı́nua e (0,2) não é fechado. Entretanto, f possui máximo e mı́nimo global.

260
Exercı́cio 27

Encontre os extremos globais da função do exemplo 12.58. Há alguma contradição com o Teo-

rema de Weierstrass ?

Exercı́cio 28

Assinale V ou F

a) Uma função pode ter vários pontos de mı́nimo/máximo global.

b) Uma função pode ter vários valores mı́nimos/máximos globais.

c) Uma função pode ter vários valores mı́nimos/máximos locais.

d) Todo mı́nimo/máximo global é também local.

e) Uma função crescente não possui máximo global.

f) Uma função decrescente não possui mı́nimo global.

g) Se f é crescente no intervalo (a, c) e decrescente no intervalo (c, b) então c é um ponto de

máximo local.

h) Se f é decrescente no intervalo (a, c) e crescente no intervalo (c, b) então c é um ponto de

mı́nimo local.

i) Seja f contı́nua em (a, b). Se f é crescente no intervalo (a, c) e decrescente no intervalo (c, b)

então c é um ponto de máximo local.

j) Seja f contı́nua em (a, b). Se f é decrescente no intervalo (a, c) e crescente no intervalo (c, b)

então c é um ponto de mı́nimo local.

261
12.7 Funções Limitadas

Definição

Uma função f : X ⊂ R −→ R é dita

(1) Limitada superiormente se existe M ∈ R tal que f (x) ≤ M , ∀x ∈ X.

(2) Limitada inferiormente se existe N ∈ R tal que f (x) ≥ N , ∀x ∈ X.

(3) Limitada se for limitada inferiormente e superiormente.

Exemplo 12.59

Se f : [a, b] −→ R é contı́nua então, pelo teorema de Weierstrass, existem α, β ∈ [a, b] tais que

N = f (α) ≤ f (x) ≤ f (β) = M . Logo f é limitada.

Exemplo 12.60

A função quadrática f : R −→ R , f (x) = ax2 + bx + c , é limitada inferiormente se a > 0 e

superiormente se a < 0.

Exemplo 12.61
x2
A função f : R −→ R dada por f (x) = é limitada. De fato
1 + x2
x2
(1) ≥0
1 + x2

x2
(2) x2 ≤ 1 + x2 =⇒ ≤ 1.
1 + x2

262
Exercı́cio 29

Assinale V ou F

(a) f é limitada se e somente se I(f ) está contida em um intervalo fechado.

(b) f é limitada se e somente se existe R > 0 tal que |f (x)| ≤ R.

(c) Se f e g são limitadas então f + g também é limitada.

(d) Se f é limitada e g é ilimitada então f × g é ilimitada.

(e) Se f : [a, b] −→ R é contı́nua então f é limitada.

Exercı́cios Complementares

30] Seja f uma função tal que f (3x) = 3f (x) , ∀x ∈ R. Se f (3) = 15, calcule f (1).

31] Seja f : Z −→ R tal que f (m + n) = f (m)f (n) e f (2) = 2. Calcule f (−2).

32] Determine A se f : A −→ R é dada por



x+1 x+1
s
x
 
a) f (x) = √ b) f (x) = c) f (x) = arcsen log
x−3 x−3 10

33] Determine o conjunto imagem das funções

a) f : [−1, 10] −→ R , f (x) = 2x − 5.

b) f : [0, 3] −→ R , f (x) = x2 − 5x + 6.

34] Dada f : N −→ Z definida por f (x) = 0 se x for ı́mpar e f (x) = 1 se x for par, en-
1
 
contre f ({1, 2, 3}) , f −1 (0) e f −1 .
2

263

35] Quanto à função f : (−∞, 0] −→ R definida por f (x) = − −x pode-se afirmar :

a) A função f não está bem definida pois não existe raiz quadrada de número negativo.

b) O gráfico de f está abaixo do eixo-x. c) O gráfico de f está à direita do eixo-y.

d) f (x) → ∞ quando x → −∞. e) f é decrescente.

36] Dadas as funções f e g, identifique a sequência de operações que originaram g a partir

de f . Esboce os gráficos de f e g.

a) f : R −→ R , f (x) = x e g : R −→ R , g(x) = 2x.

b) f : R −→ R , f (x) = x2 e g : R −→ R , g(x) = x2 − 2x + 1.

c) f : R −→ R , f (x) = x2 e g : R −→ R , g(x) = x2 − 2x.


√ √
d) f : [0, ∞) −→ R , f (x) = x e g : (−∞, 0] −→ R , g(x) = −x.
√ √
e) f : [0, ∞) −→ R , f (x) = x e g : (−∞, 0] −→ R , g(x) = − −x.

2x − 1
37] Sejam f e g funções tais que I(f ) ⊂ D(g) , f (x) = 2x − 3 e g(f (x)) = .
2x + 1
Encontre g(x).

2x − 1
38] Sejam f e g funções tais que I(f ) ⊂ D(g) , g(x) = 2x − 3 e g(f (x)) = .
2x + 1
Encontre f (x).

π π
 
39] Sejam f : [−1, 1] −→ − , , f (x) = arcsenx e g : [0, π] −→ [−1, 1] , g(x) = cosx.
2 2
Encontre f ◦ g.

264
40] Seja f uma função tal que f (0) = 3 e f (3) = 0. Calcule x tal que f (f (x + 2)) = 3.

41] Sejam f e g funções tais que I(g) ⊂ D(f ) , f (g(x)) = x2 + 1 e f (x − 2) = x + 2.

Calcule g(2).


42] Sejam f : A −→ R dada por f (x) = x + 1 e g : [5, ∞) −→ R dada por g(x) = x − 5.

Determine A de modo que a função composta g ◦ f possa ser definida.

√ √
43] Dadas f : R+ −→ R , f (x) = x e g : (−∞, 2] −→ R , g(x) = 2 − x encontre f ◦ g , g ◦ f

, f ◦ f e g ◦ g.

x+1
44] Dada f : R − {1} −→ R definida por f (x) =
x−1
a) mostre que 1 ∈
/ I(f ).

b) mostre que se y 6= 1 então y ∈ I(f ).

x+1
45] Mostre que f : R − {1} −→ R − {1} definida por f (x) = é bijetora e encontre
x−1
sua inversa.

x+1
46] Encontre f ◦ f sendo f : R − {1} −→ R − {1} definida por f (x) = .
x−1

47] Seja f : X −→ Y uma função bijetora. Sua inversa f −1 : Y −→ X é também bijetora.

Encontre f ◦ f −1 e f −1 ◦ f .

265
48] Esboce o gráfico das funções

a) f : R −→ R , f (x) = |3x − 6|

b) f : R −→ R , f (x) = |x2 − 1|

c) f : [−2π, 2π] −→ R , f (x) = |senx|

d) f : [−2π, 2π] −→ R , f (x) = sen|x|

e) f : (2, ∞) −→ R , f (x) = | log(x − 2)|

49] Seja f uma função contı́nua em um intervalo I ⊂ R. Sejam a, b ∈ I tais que a < b,

f (a) < 0 e f (b) > 0. Use o Teorema do Valor Intermediário para justificar a afirmação : f tem

uma raiz no intervalo [a, b].

50] Mostre que se f é simultaneamente par e ı́mpar então f (x) = 0 , ∀x ∈ R.

π
51] Mostre que arcsenx + arccosx = .
2

52] Mostre que arcsen(−x) = −arcsenx.

!
x
53] Mostre que arctg √ = arcsenx.
1 − x2

54] Sejam f e g funções injetoras tais que f ◦ g possa ser definida. Mostre que f ◦ g é também

injetora.

55] Seja f : I −→ R uma função contı́nua e crescente no intervalo I. Encontre os extre-

mos globais de f se

a) I = [a, b] b) I = (a, b).

266
Respostas

1a) f (1) = 1 f (b) = b f (α) = α f (4) = 4.


1 1 1
 
1b) f =
2 4 8

2) Não, pois dado um número positivo x qualquer, existe mais de um triângulo cuja área é

x (na verdade, existem infinitos triângulos com a mesma área x)

3a) A = (−∞, −1] ∪ [1, ∞) 3b) A = R 3c) A = R∗ 3d) A = (−∞, −1) ∪ (1, ∞)
5
 
3e) A = R 3f) A = ,∞
2

4a) Sim Não Sim

4b) Sim Não Sim

4c) Sim Sim Sim {2, 3}

3
 
5a) {±6, ±10} R
4
5b) {3} {−10} Q

5c) {2} {0} ∅

267
6a) 6b)
y y

8 •

−2 −1 1 •
• x x
• −1 1 2

• −8

I(f ) = {−8, −1, 0, 1, 8} I(f ) = [−8, 8]

y
y
7a) y 7c)
7b)
6
5
π x 2
x
2 2 3
x − 14

1
 

I(f ) = {π} I(f ) = R I(f ) = − , ∞


4

268
n
 
8a) f (0) = n 8b) f − =0 8c) m
m

9) (0,0) , (1,1) , (−1, −1) no primeiro caso e (0,0) e (1,1) no segundo.

10) Consideremos p < q. Vamos separar em três casos :

• se p e q forem pares então xp < xq em (−∞, −1) e xp > xq em (−1, 0)

• se p e q forem ı́mpares então xp > xq em (−∞, −1) e xp < xq em (−1, 0)

• se p for par e q for ı́mpar então obviamente xp > xq em (−∞, ∞).

11a) V 11b) V 11c) V 11d) F

12) p(x) → ∞ se x → ∞ e p(x) → −∞ se x → −∞.

x+2
13) Sim. Por exemplo f : R −→ R , f (x) =
x2 + 1

14) 2x → ∞ quando x → ∞ e 2x → 0 quando x → −∞


1 1
 x  x
→ 0 quando x → ∞ e → ∞ quando x → −∞.
2 2

15) b , c , f , h

17a) O comportamento é caótico. O senx e cosx assumem quaisquer valores entre −1 e 1.


π− π+
17b) tgx → ∞ quando x → e tgx → −∞ quando x → .
2 2

18) Todas verdadeiras.

269
19) Sim. Qualquer número real p > 0 pode ser perı́odo.

20a) V 20b) F 20c) F 20d) V

20e) A função f : R −→ R , f (x) = 0 , ∀x ∈ R , é par e ı́mpar.

21) Sal, fósforo, fio dental.

22) Em geral, quanto maior o preço, menor a quantidade vendida.

23) Em geral, são curvas crescentes pois o aumento da procura pelo bem força o aumento dos

preços.

24) log x → ∞ , ln x → ∞ e log 1 x → −∞ quando x → ∞.


2

log x → −∞ , ln x → −∞ e log 1 x → ∞ quando x → 0+ .


2

π 5π
25) e
4 6

270
y

26)

y =x+4 y = −x + 4

y = 3x y = −3x

27) Qualquer ponto no intervalo (0,1) é um ponto de máximo e qualquer ponto no intervalo

(1,2) é um ponto de mı́nimo. Não há contradição. O Teorema afirma que sendo f contı́nua

definida em um intervalo fechado, então f tem pontos extremos. Caso contrário, o Teorema

não afirma coisa alguma, isto é, se f não for contı́nua ou o intervalo não for fechado então tudo

pode acontecer.

28) a) V b) F c) V d) V e) F f) F g) F h) F i) V j) V

29a) f limitada ⇐⇒ N ≤ f (x) ≤ M ⇐⇒ f (x) ∈ [N, M ].

29b) Tomando R = max{|N |, |M |} segue que |M | ≤ R e |N | ≤ R.

Daı́, −R ≤ M, N ≤ R =⇒ −R ≤ f (x) ≤ R =⇒ |f (x)| ≤ R.

271
29c) |(f + g)(x)| = |f (x) + g(x)| ≤ |f (x)| + |g(x)|.
1
29d) f (x) = 0 é limitada, g(x) = é ilimitada mas a função produto f × g é limitada.
x
29e) Pelo Teorema de Weierstrass, existem α, β ∈ [a, b] tais que f (α) ≤ f (x) ≤ f (β),

∀x ∈ [a, b]. Logo, f é limitada.

30) 5. 31) 1/2.

32) a) (3, ∞) b) (−∞, −1] ∪ (3, ∞) c) [1, 100]

1
 
33) a) [−7, 15] b) , 6
4

34) {0, 1} , {2, 4, 6, 8, ...} , ∅.

35) b.

272
36)

g
a) y b) y c) y

f f g f

g
x x x

y y
d) e)

g f f

x x

a) g(x) = 2f (x) : expansão vertical.

b) g(x) = (x − 1)2 = f (x − 1) : translação horizontal para direita.

c) g(x) = (x + 1)2 − 1 = f (x + 1) − 1 : translação horizontal para esquerda + translação vertical

para baixo.

d) g(x) = f (−x) : reflexão em torno do eixo-y.

e) g(x) = −f (−x) : reflexão em torno do eixo-y + reflexão em torno do eixo-x.

273
x+2 4x + 1
37) g(x) = 38) f (x) =
x+4 2x + 1

π π π
 
39) f ◦ g : [0, π] −→ − , , (f ◦ g)(x) = − x.
2 2 2

40) 1 41) 1

42) A = [4, ∞)


43) f ◦ g : (−∞, 2] −→ R , (f ◦ g)(x) = 4
2−x
q √
g ◦ f : [0, 4] −→ R , (g ◦ f )(x) = 2 − x

f ◦ f : R+ −→ R , (f ◦ f )(x) = 4 x
q √
g ◦ g : [−2, 2] −→ R , (g ◦ g)(x) = 2 − 2 − x

x+1
44a) Se 1 ∈ I(f ) então existiria x ∈ D(f ) tal que f (x) = = 1 resultando em 1 = −1.
x−1
Absurdo.
y+1
44b) Seja y ∈ I(f ). Tomando x = ∈ D(f ) segue que f (x) = y.
y−1

x+1 y+1
45) f é injetora pois f (x) = f (y) =⇒ = =⇒ x = y.
x−1 y−1
Pelo exercı́cio 43, f é sobrejetora.
x+1
A inversa de f é f −1 : R − {1} −→ R − {1} definida por f −1 (x) = .
x−1

46) f ◦ f : R − {1} −→ R − {1} é definida por (f ◦ f )(x) = x.

47) f ◦ f −1 : Y −→ Y , (f ◦ f −1 )(y) = y

f −1 ◦ f : X −→ X , (f −1 ◦ f )(x) = x.

274
48)

y
y
a) b)

x
x

c) d)

y y

x x

e)
y

275
49) Como f (a) < 0 < f (b), pelo TVI, existe α ∈ [a, b] tal que f (α) = 0.

50) f (−x) = f (x) e f (−x) = −f (x). Logo, f (x) = −f (x) =⇒ f (x) = 0.

b
51) Do triângulo do exemplo 12.42, temos senα = cosβ = = x.
a
Daı́, α = arcsenx e β = arccosx.

52) Sabemos que sen(−α) = −senα.

Se x = senα então α = arcsenx.

Por outro lado, sen(−α) = −x =⇒ −α = arcsen(−x).

π π √ x
53) Seja α = arcsenx. Então − ≤ α ≤ , senα = x , cosα = 1 − x2 e tgα = √ e
! 2 2 1 − x2
x
α = arctg √ .
1 − x2

54) x1 6= x2 =⇒ g(x1 ) 6= g(x2 ) =⇒ f (g(x1 )) 6= f (g(x2 )).

55a) a é mı́nimo global e b é máximo global.

55b) f não possui extremos.

276
13. Equações / Inequações Exponenciais e Logarı́tmicas

13.1 Equações Exponenciais


São equações em que a incógnita aparece como expoente.

São resolvidas com o uso da propriedade injetiva das funções exponenciais

ax = ay ⇐⇒ x = y

Equações exponenciais em que aparecem potências de bases distintas, devem ser primeiramente

transformadas em equações com potências de mesma base para que se possa aplicar a proprie-

dade injetiva.

Exemplo 13.1

2x = 8 =⇒ 2x = 23 =⇒ x = 3.

Exemplo 13.2

23x − 64 = 0 =⇒ 23x = 64 = 26 =⇒ 3x = 6 =⇒ x = 2.

Exemplo 13.3
√ √ √
4 x
= 256 =⇒ 4 x
= 44 =⇒ x = 4 =⇒ x = 16.

Exemplo 13.4

2x+3 + 4x = 128 =⇒ 2x .23 + 22x = 128 =⇒ (2x )2 + 8.2x − 128 = 0

Pondo 2x = y obtemos a equação do 20 grau y 2 + 8y − 128 = 0 cujas raı́zes são y = 8 e y = −16.

Sendo 2x > 0 temos 2x = 8 =⇒ x = 3.

277
Exemplo 13.5

Resolver 3x + 3x−1 + 3x−2 + 3x−3 + 3x−4 = 363.

Colocando 3x−4 em evidência, obtemos

3x−4 (34 + 33 + 32 + 3 + 1) = 363.

Daı́

121 × 3x−4 = 363 =⇒ 3x−4 = 3 =⇒ x − 4 = 1 =⇒ x = 5.

Exemplo 13.6
√ 22x+1/2 2 + 2x
Resolver 8 × 2x − = √ .
2
√ 2
Multiplicando a equação por 2 2 vem

√ √ √
2 2 × 8 × 2x − 2 × 22x+1/2 = 2(2 + 2x ) =⇒ 8 × 2x − 2 × 22x = 4 + 2 × 2x .

Dividindo por 2

4 × 2x − 22x = 2 + 2x =⇒ 22x − 3 × 2x + 2 = 0.

Pondo y = 2x obtemos y 2 − 3y + 2 = 0 =⇒ y = 1 ou y = 2 =⇒ x = 0 ou x = 1.

Exemplo 13.7

63x+1 = 4 × 36x
23x+1 36x
(2 × 3)3x+1 = 22 × 36x =⇒ 23x+1 × 33x+1 = 22 × 36x =⇒ = =⇒ 23x−1 = 33x−1
2 2 33x+1

Daı́
2 1
 3x−1
= 1 =⇒ 3x − 1 = 0 =⇒ x = .
3 3

278
13.2 Inequações Exponenciais
São inequações em que a incógnita aparece como expoente.

São resolvidas considerando-se o caráter crescente / decrescente das funções exponenciais, de

acordo com a base

a>1 y y 0<a<1

ay ay

ax ax

x y x y x x

ay > ax =⇒ y > x ay > ax =⇒ y < x

Exemplo 13.8

5x+12 < 25 =⇒ 5x+12 < 52 =⇒ x + 12 < 2 =⇒ x < −10.

Exemplo 13.9
1 1
 x+3  8
≤ =⇒ x + 3 ≥ 8 =⇒ x ≥ 5.
8 8

Exemplo 13.10

2x < 8 < 22x .

(1) 2x < 8 = 23 =⇒ x < 3


2
(2) 8 < 22x =⇒ 2x > 3 =⇒ x >
3
2
Portanto, < x < 3.
3

279
13.3 Equações Logarı́tmicas

São equações nas quais a incógnita aparece no logaritmando e/ou na base de um logaritmo.

São resolvidas utilizando-se a definição

loga x = y ⇐⇒ ay = x

a propriedade injetiva

loga y = loga x ⇐⇒ y = x

e as demais propriedades dos logaritmos.

É importante lembrar que a condição de existência dos logaritmos deve ser respeitada ao resol-

vermos equações logarı́tmicas.

Exemplo 13.11

Resolver log6 (x + 5) = 2.

(1) Condição de Existência : x + 5 > 0 =⇒ x > −5.

(2) log6 (x + 5) = 2 =⇒ x + 5 = 62 = 36 =⇒ x = 31 > −5.

Logo, x = 31.

280
Exemplo 13.12

Resolver log5 (2x + 7) = log5 (x − 6)

(1) Condição de Existência

7
• 2x + 7 > 0 =⇒ x > −
2

• x−6>0 =⇒ x > 6

Portanto, para que os logaritmos existam, x > 6

(2) log5 (2x + 7) = log5 (x − 6) =⇒ 2x + 7 = x − 6 =⇒ x = −13 < 6

A equação não tem solução.

Exemplo 13.13

Resolver log3 x + log3 (x − 2) = 0

(1) Condição de Existência : x > 0 e x − 2 > 0.

Logo, x > 2.

(2) log3 x + log3 (x − 2) = 0 =⇒ log3 x(x − 2) = 0 =⇒ x2 − 2x = 30 = 1

ou
√ √
x2 − 2x − 1 = 0 =⇒ x = 1 + 2 > 2 ou x = 1 − 2 < 2.

Portanto, x = 1 + 2.

281
Exemplo 13.14

Resolver logx (5x − 6) = 2

(1) Condição de Existência

• base : x > 0 e x 6= 1

6
• logaritmando : 5x − 6 > 0 =⇒ x >
5
6
Portanto, x > .
5
(2) logx (5x − 6) = 2 =⇒ x2 = 5x − 6 =⇒ x2 − 5x + 6 = 0 =⇒ x=2 ou x = 3.

Ambas as soluções satisfazem a condição de existência.

Exemplo 13.15

Resolver logx 100 + logx 1000 = 5.

(1) Condição de existência : x > 0 e x 6= 1.

(2) Usando as propriedades

loga (b.c) = loga b + loga c e loga bc = c. loga b

obtemos

logx (100 × 1000) = logx 105 = 5. logx 10 = 5 =⇒ logx 10 = 1 =⇒ x = 10.

282
13.4 Inequações Logarı́tmicas

São inequações nas quais a incógnita aparece no logaritmando e/ou na base de um logaritmo.

Podem ser resolvidas com o emprego das propriedades e o caráter crescente ou decrescente dos

logaritmos, dependendo da base

• se a>1 então loga y > loga x =⇒ y > x.

• se 0<a<1 então loga y > loga x =⇒ y < x.

É importante lembrar da condição de existência.

Exemplo 13.16

Resolver log(x2 + 2) > log(2x − 1).


1
(1) Condição de existência : 2x − 1 > 0 =⇒ x > .
2
(2) Sendo a base a = 10 > 1 segue que x + 2 > 2x − 1 =⇒ x2 − 2x + 3 > 0
2

1
A última desigualdade se verifica ∀x ∈ R. Portanto, x > .
2

Exemplo 13.17

Resolver log5 (x2 + 6) > log5 5x.

(1) Condição de existência : x > 0

(2) A base a = 5 > 1. Daı́, x2 + 6 > 5x =⇒ x2 − 5x + 6 > 0 =⇒ x < 2 ou x > 3.

Portanto

0 < x < 2 ou x > 3.

283
Exemplo 13.18

Resolver log 1 (2x + 5) − log 1 (3x − 1) < −1.


2 2
1
(1) Condição de existência : 2x + 5 > 0 e 3x − 1 > 0 =⇒ x > .
3
(2) A inequação original pode ser reescrita como

2x + 5
log 1 < log 1 2
2 3x − 1 2

1
Sendo a base a = < 1 segue que
2

2x + 5 7
> 2 =⇒ x <
3x − 1 4

Portanto
1 7
<x<
3 4

Exemplo 13.19

Resolver log x > 2.

(1) Condição de existência : x > 0

(2) log x > 2 ⇐⇒ log x > log 102 =⇒ x > 100.

284
Exercı́cios

1] Resolva as equações
1
 x
a) 3 = 81
x
b) 25 = 625
x
c) = 729
27
d) (0, 01)x = 1000

2] Resolva

a) 25x − 6.5x = −5 b) 2x+2 + 2x−1 = 36

3] Resolva as inequações
1 1
 x
a) 3 > 9
x
b) >
2 8

4] Resolva 9x − 6.3x + 8 < 0

1
5] Encontre o ponto de interseção dos gráficos de f : R −→ R dada por f (x) = e
2x−1
g : R −→ R dada por g(x) = 4x−1 .

6] Resolva as equações

a) log x = log0,1 x b) log x + log(x − 1) − log(x + 1) = 0

c) logx 4 = 2 d) 2(log x)2 + log x = 1

7] Resolva as inequações

a) log3 x ≥ 4 b) log 1 (x − 1) < 2 c) log 1 x + log 1 (10 − x) ≤ −2


4 3 3
h i
d) log2 log 1 (x − 1) > −1
2

285
Respostas

3
1a) x = 4 1b) x = 2 1c) x = −2 1d) x = −
2

2a) x = 0 ou x = 1 2b) x = 3

3a) x > 2 3b) x < 3

4) 1 < x < 2

5) (1, 1)

√ 1 √
6a) x = 1 6b) x = 1 + 2 6c) x = 2 6d) x = ou x = 10
10

17 2+2
7a) x ≥ 81 7b) x > 7c) 1 ≤ x ≤ 9 7d) 1 < x <
16 2

286
14. Equações / Inequações Trigonométricas

14.1 Equações Trigonométricas Elementares

• senx = m , −1 ≤ m ≤ 1

Seja a um arco tal que sena = m. Então


x−a x+a
   
senx = sena =⇒ senx − sena = 2sen cos = 0.
2 2
Daı́
x−a x−a
 
sen = 0 =⇒ = kπ =⇒ x = 2kπ + a , k ∈ Z.
2 2
ou
x+a x+a π
 
cos = 0 =⇒ = kπ + =⇒ x = (2k + 1)π − a , k ∈ Z.
2 2 2

Reunindo as duas soluções : x = kπ + (−1)k a , k ∈ Z

sen
Os arcos α que tem extremidade em A são

α = 2kπ + a
B m A
Os arcos β que tem extremidade em B são
π−a
a β = (2k + 1)π − a
cos

Os arcos x que tem extremidade em A ou B são

x = kπ + (−1)k a

287
• cosx = m , −1 ≤ m ≤ 1

Seja a um arco tal que cosa = m. Então


x+a x−a
   
cosx = cosa =⇒ cosx − cosa = −2sen sen = 0.
2 2
Daı́
x+a x+a
 
sen = 0 =⇒ = kπ =⇒ x = 2kπ − a , k ∈ Z.
2 2
ou
x−a x−a
 
sen = 0 =⇒ = kπ =⇒ x = 2kπ + a , k ∈ Z.
2 2

Reunindo as duas soluções : x = 2kπ ± a , k ∈ Z

sen
Os arcos α que tem extremidade em A são

α = 2kπ + a
A
Os arcos β que tem extremidade em B são

a m β = 2kπ − a
−a cos

Os arcos x que tem extremidade em A ou B são


B
x = 2kπ ± a

288
• tgx = m , m ∈ R

Seja a um arco tal que tga = m. Então


senx sena senxcosa − senacosx sen(x − a)
tgx = tga =⇒ tgx − tga = − = = =0
cosx cosa cosxcosa cosxcosa
Daı́

sen(x − a) = 0 =⇒ x − a = kπ =⇒ x = kπ + a , k ∈ Z.

sen tg
Os arcos α que tem extremidade em A são

α = 2kπ + a
A m
Os arcos β que tem extremidade em B são
π+a
a β = (2k + 1)π + a
cos

Os arcos x que tem extremidade em A ou B são


B
x = kπ + a

• As equações trigonométricas elementares que envolvem cotangente, secante e cossecante se

reduzem aos casos anteriores.

289
Exemplo 14.1

3
Resolver a equação senx = .
√ 2
π 3
 
Sabemos que sen = .
3 2
Portanto
π
x = kπ + (−1)k , k∈Z
3

Exemplo 14.2

Resolver a equação secx = 2.


1
A equação é equivalente a cosx =
2
π 1
 
Sabemos que cos =
3 2
Portanto
π
x = 2kπ ± , k∈Z
3

Exemplo 14.3

2 3
Resolver a equação cotgx = .
3 √
3
A equação é equivalente a tgx = .
√ 2
π 3
 
Sabemos que tg = .
6 2
Portanto
π
x = kπ + , k∈Z
6

290
14.2 Equações Trigonométricas mais Gerais
A estratégia para a resolução de equações trigonométricas mais gerais consiste em reduzi-las

aos casos elementares.

Exemplo 14.4

2tgx + 1 2tgx − 1 10
+ =
2tgx − 1 2tgx + 1 3

2tgx + 1
Pondo y = obtemos a equação
2tgx − 1

1 10
y+ = ou 3y 2 − 10y + 3 = 0 cujas raı́zes são 3 e 1/3.
y 3

2tgx + 1 π
(1) = 3 =⇒ tgx = 1 =⇒ x = kπ + , k ∈ Z.
2tgx − 1 4

2tgx + 1 1 π
(2) = =⇒ tgx = −1 =⇒ x = kπ − , k ∈ Z.
2tgx − 1 3 4

Portanto, as soluções da equação original são

π
x = kπ ± , k∈Z
4

291
Exemplo 14.5

2sen3 x + sen2 x − 2senx − 1 = 0

y = senx =⇒ 2y 3 + y 2 − 2y − 1 = 0 cujas raı́zes são 1,−1 e −1/2.


π
(1) senx = 1 =⇒ x = 2kπ + , k ∈ Z.
2
π
(2) senx = −1 =⇒ x = 2kπ − , k ∈ Z.
2
1 π
(3) senx = − =⇒ x = kπ + (−1)k+1 . , k ∈ Z.
2 6

Exemplo 14.6

senx + tgx = 1 + cosx


senx
senx + = 1 + cosx =⇒ senxcosx + senx = (1 + cosx)cosx
cosx
senx(1 + cosx) = (1 + cosx)cosx

(senx − cosx)(1 + cosx) = 0


π
(1) senx = cosx =⇒ tgx = 1 =⇒ x = kπ + , k ∈ Z.
4
(2) cosx = −1 =⇒ x = (2k + 1)π , k ∈ Z.

Exemplo 14.7
√ √
3senx + cosx = 1 ou cosx = 1 − 3senx.

Daı́
√ √ √
sen2 x + (1 − 3senx)2 = 1 =⇒ 4sen2 x − 2 3senx = 0 =⇒ senx(4senx − 2 3) = 0.

(1) senx = 0 e cosx = 1 =⇒ x = 2kπ , k ∈ Z.



3 π
(2) senx = e cosx = −1/2 =⇒ x = (2k + 1)π − , k ∈ Z.
2 3

292
Exemplo 14.8

5sen2 x − 3senxcosx + 4cos2 x = 3

Multiplicando o segundo membro da equação por sen2 x + cos2 x obtemos

5sen2 x − 3senxcosx + 4cos2 x = 3(sen2 x + cos2 x)

ou 2sen2 x − 3senxcosx + cos2 x = 0

Dividindo por cos2 x, a equação fica 2tg2 x − 3tgx + 1 = 0


1
y = tgx =⇒ 2y 2 − 3y + 1 = 0 , cujas raı́zes são 1 e .
2
π
(1) tgx = 1 =⇒ x = kπ + , k ∈ Z.
4
1 1
 
(2) tgx = =⇒ x = kπ + arctg , k ∈ Z.
2 2

14.3 Inequações Trigonométricas Elementares


Podem ser resolvidas com o auxilio do cı́rculo trigonométrico.

Consideraremos soluções em [−2π, 2π]. As soluções gerais são obtidas incorporando-se os arcos

côngruos.

Exemplo 14.9


sen 2
senx >
2

π 2
 
sen =
4 2

3π 2
2 Arcos com extremidade na região verde
4 π √
4 2
tem seno maior que
cos 2

π 3π
∴ <x<
4 4

293
Exemplo 14.10


2
senx <
2
sen √
π 2
 
sen =
4 2

Arcos com extremidade na região verde




2 2
tem seno menor que

4
2
π
2
4

cos
π 3π
∴ 0<x< ou < x < 2π
4 4

5π π
ou − <x<
4 4

Exemplo 14.11

sen 1
cosx >
2

π 1
 
cos =
3 2

Arcos com extremidade na região verde


π
1
3
tem cosseno maior que
− π3 1
2 cos 2

π π
∴ − <x<
3 3

294
Exemplo 14.12


sen tg 3
tgx >
2

π 3
 
√ tg =
3 6 2
2

Arcos com extremidade na região verde


7π π √
6 6 3
tem tangente maior que
cos 2

π π 7π 3π
∴ <x< ou <x<
6 2 6 2

Exemplo 14.13

Resolver em [0, 2π] a equação cossecx < 2.


1
Temos cossecx < 2 ⇐⇒ < 2.
senx
Vamos separar em dois casos :

(1) 0 < x < π =⇒ senx > 0


1 1 π 5π
Neste caso , < 2 ⇐⇒ senx > =⇒ <x<
senx 2 6 6
(2) π < x < 2π =⇒ senx < 0 =⇒ cossecx < 0 < 2

Portanto
π 5π
<x< ou π < x < 2π
6 6

295
Exercı́cios

1] Encontre a solução geral das equações


1
a) senx = 0 b) senx = 1 c) senx = −
2

2] As soluções da equação senx = −1 são dadas por



a) 2kπ + ,k∈Z
2
π
b) (2k + 1)π + , k ∈ Z
2
π
c) 2kπ − , k ∈ Z
2
d) qualquer uma das anteriores

e) nenhuma das anteriores

3] Encontre a solução geral das equações

a) cosx = 0 b) cosx = 1 c) cosx = −1

4] Encontre a solução geral das equações

a) tgx = 0 b) tgx = 1 c) tgx = −1

5] Encontre a solução geral das equações



√ 3
a) secx = 2 b) cscx = 2 c) cotgx = −
3

296
6] Resolva as equações
1 1 4
a) cosx − senx = 0 b) − = c) senx + cosx = secx
1 − cosx 1 + cosx 3
d) secx + cscx = tgx − cotgx

7] Resolva as inequações no intervalo [−2π, 2π]


1
a) cosx > − b) tgx < 1
2

8] Resolva a inequação 2cos2 x + cos2x > 2 no intervalo [−2π, 2π].

297
Respostas

1a) x = kπ , k ∈ Z
π
1b) x = 2kπ + , k ∈ Z
2
π
1c) x = kπ + (−1)k+1 , k ∈ Z
6

2) d

π
3a) x = kπ + ,k∈Z
2
3b) x = 2kπ , k ∈ Z

3c) x = (2k + 1)π , k ∈ Z

4a) x = kπ , k ∈ Z
π
4b) x = kπ + , k ∈ Z
4
π
4c) x = kπ − , k ∈ Z
4

π
5a) x = 2kπ ± ,k∈Z
4
π
5b) x = kπ + (−1)k , k ∈ Z
6
π
5c) x = kπ − , k ∈ Z
3

π
6a) x = kπ + ,k∈Z
4
π
6b) x = 2kπ ± , k ∈ Z
3
π
6c) x = kπ ou x = kπ + , k ∈ Z
4
π π
6d) x = kπ − ou x = 2kπ + ou x = (2k + 1)π , k ∈ Z
4 2

298
5π 5π
7a) − <x<
6 6

π π 5π 3π
7b) 0 ≤ x < ou <x< ou < x ≤ 2π
4 2 4 2

π π 5π 7π
8) − <x< ou <x<
6 6 6 6

299
15. Equações / Inequações Modulares

A melhor maneira de resolvermos uma equação ou inequação que contem módulo é elimi-

narmos o módulo. Isto é feito substituindo-se o módulo pela sua definição.

Seja E(x) uma expressão qualquer. Então


E(x) se E(x) ≥ 0



|E(x)| =
−E(x) se E(x) < 0


O problema original será substituı́do por vários subproblemas que dependerão da quantidade

e da natureza das expressões envolvidas.

Exemplo 15.1

Para resolvermos a equação

|x − 1| + |2x − 4| + |x − 5| = 12

vamos analisar as expressões que envolvem módulo. Temos


x − 1 se x − 1 ≥ 0 ou x ≥ 1



|x − 1| =
1 − x se x − 1 < 0 ou x < 1




2x − 4 se 2x − 4 ≥ 0 ou x ≥ 2



|2x − 4| =
4 − 2x se 2x − 4 < 0 ou x < 2




x − 5 se x − 5 ≥ 0 ou x ≥ 5



|x − 5| =
5 − x se x − 5 < 0 ou x < 5


300
A tabela abaixo indica a expressão que substituirá o módulo, de acordo com os intervalos

definidos pelas expressões dentro dos módulos

x<1 1≤x<2 2≤x<5 x≥5


|x − 1| 1 − x x−1 x−1 x−1
|2x − 4| 4 − 2x 4 − 2x 2x − 4 2x − 4
|x − 5| 5 − x 5−x 5−x x−5

A equação original dará origem a quatro equações que não contém módulos e estas serão resol-

vidas no respectivo intervalo.

• x<1
1
1 − x + 4 − 2x + 5 − x = 12 =⇒ −4x = 2 =⇒ x = − < 1
2
1
 
S1 = −
2

• 1≤x<2
4
x − 1 + 4 − 2x + 5 − x = 12 =⇒ −3x = 4 =⇒ x = − ∈/ [1, 2)
3
S2 = ∅

• 2≤x<5

x − 1 + 2x − 4 + 5 − x = 12 =⇒ 2x = 12 =⇒ x = 6 ∈
/ [2, 5)

S3 = ∅

• x≥5
22
x − 1 + 2x − 4 + x − 5 = 12 =⇒ 4x = 22 =⇒ x = >5
4
22
 
S4 =
4

1 22
 
S = S1 ∪ S2 ∪ S3 ∪ S4 = − ,
2 4

301
Exemplo 15.2

|x + 4| ≤ |2x − 6|


2x − 6 se 2x − 6 ≥ 0 ou x ≥ 3



|2x − 6| =
6 − 2x se 2x − 6 < 0 ou x < 3




x + 4 se x + 4 ≥ 0 ou x ≥ −4



|x + 4| =
−x − 4 se x + 4 < 0 ou x < −4


x < −4 −4 ≤ x < 3 x ≥ 3
|x + 4| −x − 4 x+4 x+4
|2x − 6| 6 − 2x 6 − 2x 2x − 6

• x < −4

−x − 4 ≤ 6 − 2x =⇒ x ≤ 10

S1 = (−∞, −4)

• −4 ≤ x < 3
2
x + 4 ≤ 6 − 2x =⇒ x ≤
3
2
 
S2 = −4,
3

• x≥3

x + 4 ≤ 2x − 6 =⇒ x ≥ 10

S3 = [10, ∞)

2
 
S = S1 ∪ S2 ∪ S3 = −∞, ∪ [10, ∞)
3

302
Exemplo 15.3

Resolver |senx| − cosx = 0 em [0, 2π]

• 0≤x≤π
π 5π
senx − cosx = 0 ou tgx = 1 =⇒ x = ou x =
4 4

Precisamos verificar se as soluções encontradas satisfazem a equação original.


5π 5π 5π √
   
Apesar de ser solução da equação tgx = 1 temos sen − cos = 2 6= 0.
4 4 4

π
 
Logo, S1 =
4

• π < x < 2π
3π 7π
−senx − cosx = 0 ou tgx = −1 =⇒ x = ou x =
4 4

3π 7π
 
Como não satisfaz a equação original, segue que S2 = .
4 4

Portanto

π 7π
 
S= ,
4 4

303
Exemplo 15.4

| ln(x − 1)| = | ln x|

Condição de existência : x − 1 > 0 e x > 0 =⇒ x > 1


ln(x − 1) se x − 1 ≥ 1 ou x ≥ 2



| ln(x − 1)| =
− ln(x − 1) se 0 < x − 1 < 1 ou 1 < x < 2




ln x se x ≥ 1



| ln x| =
− ln x se 0 < x < 1


Levando-se em consideração a condição de existência, a análise ficará reduzida a somente dois

intervalos :

• 1<x<2

− ln(x − 1) = ln x =⇒ ln x(x − 1) = 0 =⇒ x(x − 1) = 1 =⇒ x2 − x − 1 = 0


√ √
1− 5 1+ 5
As raı́zes da última equação são : x1 = < 0 e x2 = ∈ (1, 2]
2 2

• x≥2
(x − 1) x−1
ln(x − 1) = ln x =⇒ ln = 0 =⇒ =1
x x
A última equação não possui solução.

Portanto

√ )
1+ 5
(
S=
2

304
Exercı́cios

1] Resolver
10 − |x| 1
a) |x − 1| = |x + 1| b) =
10 + |x| 10
c) |x + 1| + |x + 2| + |x + 3| = 8
x−2
d) =5 e) x2 − 5|x| + 6 = 0
x−3

2] Resolva em [0, 2π]

a) |senx| = 1 b) |senx| − |cosx| = 0

3] Resolva as inequações

a) |x + 1| < |3 − x| b) |x2 − 5x + 6| ≥ |x − 1|

c) | log2 x| ≥ 3

4] Encontre em [0, 2π] as soluções da inequação |senx| ≥ |cosx|.

305
Respostas

90 2 17 13
     
1a) {0} 1b) ± 1c) 1d) ,
11 3 6 4
1e) {±2, ±3}

π 3π π 3π 5π 7π
   
2a) , 2b) , , ,
2 2 4 4 4 4

√ √ 1
3a) x < 1 3b) x ≤ 3 − 2 ou x ≥ 3 + 2 3c) 0 < x ≤ ou x ≥ 8
8

π 3π 5π 7π
4) ≤x≤ ou ≤x≤
4 4 4 4

306
16. Vetores no R2

Existem situações em que números fornecem de forma precisa a informação que necessita-

mos. Por exemplo, uma pessoa que registra uma temperatura de 400 C certamente está com

febre. Uma casa de 1.000 m2 é bastante grande. Uma garrafa de refrigerante de 2 litros deve

ser suficiente para acompanhar o jantar de 2 pessoas. As grandezas temperatura, área, volume

são chamadas grandezas escalares.

Existem outras grandezas chamadas grandezas vetoriais que requerem mais informações. Não

basta conhecermos a magnitude de uma grandeza vetorial. Precisamos também conhecer a sua

direção e sentido. Um bom exemplo é a força exercida sobre um bloco :

1 2 3

Uma força de mesma magnitude quando aplicada no bloco pode ocasionar movimentos diferen-

tes conforme sua direção e sentido. O bloco 1 se moverá horizontalmente para direita, o bloco 2

horizontalmente para esquerda e o bloco 3 se moverá verticalmente para cima quando sujeitos

a uma força de mesma magnitude.

O objeto matemático utilizado para designar grandezas vetoriais é chamado vetor que, geo-

metricamente, é representado por uma seta que define sua direção e seu sentido.

307

→ − → − →
As forças exercidas nos blocos 1,2 e 3 podem ser representadas pelos vetores F1 , F2 e F3 da

seguinte forma :



F3


→ −

F1 F2
1 2 3

−→
No plano cartesiano, um vetor →

v = AB é representado geometricamente por um segmento

orientado com ponto inicial no ponto A e ponto final no ponto B.

y
B


− −→
v = AB

α
A

A magnitude ou módulo de →

v é o comprimento do segmento AB. Se A = (a1 , a2 ) e B = (b1 , b2 )

então, pelo Teorema de Pitágoras,

||→

q
v || = (b1 − a1 )2 + (b2 − a2 )2

A direção de →

v é definida pelo ângulo α que o segmento AB faz com o sentido positivo do

eixo-x e o sentido de →

v é de A para B.

308
Vetores com mesmo módulo, direção e sentido representam a mesma grandeza, independen-

temente da posição que ocupam no R2 ou seja, independentemente de seus pontos inicial e

final. Assim, vetores podem ser posicionados livremente em R2 .

Sejam A, B e P pontos de R2 tais que d(A, B) = d(O, P ) e os segmentos AB e OP sejam


−→ − −→
paralelos. Então, os vetores →

u = OP e →
v = AB são iguais.

y


u =→

v
B


v
P



u
A

O x

No plano cartesiano, há uma identificação entre vetores e pontos. Podemos deslocar um vetor


v fazendo seu ponto inicial coincidir com a origem dos eixos e seu ponto final coincidir com o

ponto P = (x, y). Escrevemos então →


−v = (x, y). O números reais x e y são as coordenadas de

− −→
v . No que segue, escreveremos v ao invés de →

v . Entretanto, manteremos AB para distinguir
−→
o vetor AB do segmento AB.

Os vetores u = (a, b) e v = (x, y) são iguais se e somente se a = x e b = y.

309
16.1 Soma de Vetores
Dados u = (u1 , u2 ) e v = (v1 , v2 ), a soma de u e v é o vetor

u + v = (u1 + v1 , u2 + v2 )

Geometricamente, fazemos o ponto inicial de v coincidir com o ponto final de u de modo que

o ponto inicial de u + v coincide com o ponto inicial de u e o ponto final de u + v coincide com

o ponto final de v.

u
v
+
u

Propriedades da Soma

Sejam u, v, w ∈ R2 . Valem

(SV1) u + v = v + u

(SV2) (u + v) + w = u + (v + w)

(SV3) vetor nulo : existe um vetor 0 = (0, 0) tal que u + 0 = u , ∀u ∈ R2

(SV4) simétrico : para todo u ∈ R2 existe −u ∈ R2 tal que −u + u = 0

310
16.2 Multiplicação por Escalar
A multiplicação de um vetor u = (u1 , u2 ) por um escalar α ∈ R é o vetor

αu = (αu1 , αu2 )

αv v αw
0<α<1 −1 < α < 0

αr
αu α < −1
α>1

Propriedades da Multiplicação por Escalar

Sejam u, v ∈ R2 e α, β ∈ R. Valem

(ME1) α(βu) = (αβ)u

(ME2) α(u + v) = αu + βv

(ME3) (α + β)u = αu + βu

(ME4) −1.u = −u , ∀u ∈ R2

311
16.3 Subtração de Vetores
Dados u = (u1 , u2 ) e v = (v1 , v2 ), a diferença u − v é

u − v = u + (−1)v = (u1 , u2 ) + (−v1 , −v2 ) = (u1 − v1 , u2 − v2 )

−→
Dados, então, dois pontos A = (a1 , a2 ) e B = (b1 , b2 ) em R2 , o vetor AB tem suas coordenadas

definidas pelas diferenças entre as coordenadas do ponto final B e do ponto inicial A.

De fato

−→ −→ −−→ −→ −−→ −→
OA + AB = OB =⇒ AB = OB − OA = (b1 , b2 ) − (a1 , a2 ) = (b1 − a1 , b2 − a2 )

Escreve-se
−→
AB = B − A

B
A

B−A

O x

312
16.4 Produto Escalar
Um conceito fı́sico que carrega uma noção bastante intuitiva é o trabalho realizado por uma

força ao deslocar um objeto entre dois pontos A e B.

Intuitivamente, quanto mais pesado o objeto, maior será a força necessária para deslocá-lo e,

portanto, maior o trabalho. Por outro lado, quanto maior a distância entre A e B, maior será

o trabalho.

Portanto, é natural que fiquemos tentados a definir o trabalho TAB de uma força F no deslo-
−→
camento AB por TAB = ||F || × ||AB||.

Entretanto, nem sempre esta definição funciona pois se a força F for perpendicular ao segmento
−→
AB não haverá deslocamento na direção de AB e o trabalho TAB será nulo.

−→
F não produz deslocamento da direção de AB

A B

−→
Vemos que há uma relação entre a direção da força e a direção do vetor AB que define o des-

locamento. Seja α o ângulo que a força F faz com o segmento horizontal AB.

313
F

F senα

F cosα

A B

A força F é dada pela soma da componente horizontal F cosα com a componente vertical F senα,

isto é

F = F cosα + F senα

A força F produzirá deslocamento horizontal e vertical. A componente horizontal produzirá o

deslocamento horizontal e a componente vertical será responsável pelo deslocamento vertical.

O trabalho da força F no deslocamento AB será exercido por sua componente horizontal e será

dado por
−→ −→
TAB = (||F ||cosα) × ||AB|| = ||F || × ||AB|| × cosα

−→ −→
A expressão ||F || × ||AB|| × cosα é chamada produto escalar de F por AB.

De maneira geral, dados dois vetores u, v ∈ R2 , o produto escalar de u e v é

u · v = ||u|| × ||v|| × cosα

onde 0 ≤ α ≤ π é o ângulo formado por u e v.

314
O inconveniente da fórmula é que se faz necessário encontrar o ângulo formado pelos veto-

res u e v. É possı́vel calcular o produto escalar de dois vetores em função das coordenadas

desses vetores.

Sejam u = (u1 , u2 ), v = (v1 , v2 ) e α o ângulo entre eles.

v v−u v v−u

α α

u u

Aplicando a lei dos cossenos ao triângulo formado pelos vetores u, v e v − u obtemos

||v − u||2 = ||u||2 + ||v||2 − 2||u|| × ||v|| × cosα = ||u||2 + ||v||2 − 2(u · v)

Daı́

1  1n 2 o
u·v = ||u||2 + ||v||2 − ||v − u||2 = u1 + u22 + v12 + v22 − [(v1 − u1 )2 + (v2 − u2 )2 ]
2 2

Portanto

u · v = u1 v1 + u2 v2

Há certas situações em que é conveniente escrever um vetor-linha v = (v1 , v2 ) na forma de

vetor-coluna  
v1 
vT = 


 
v2

Dado um vetor-linha v, o vetor-coluna v T é chamado transposto de v. Se v está na forma de

coluna então v T , o transposto de v, estará na forma de linha.

315
O produto escalar u · v de u = (u1 , u2 ) e v = (v1 , v2 ) pode ser denotado por

 
v1 
uv T = (u1 u2 )  = u1 v1 + u2 v2 .


 
v2

Propriedades do Produto Escalar

Sejam u, v, w ∈ R2 e α ∈ R. Valem

(PE1) u · v = v · u

(PE2) u · (v + w) = u · v + u · w

(PE3) α(u · v) = (αu) · v = u · (αv)

(PE4) u · u = ||u||2 ≥ 0

(PE5) u · u = 0 ⇐⇒ u = (0, 0)

16.5 Vetores Paralelos / Ortogonais

• Os vetores não nulos u e v são ditos paralelos quando tem a mesma direção, isto é, quando

o ângulo formado por eles vale 0. Isto significa que existe α 6= 0 tal que u = αv.

π
• Os vetores não nulos u e v são ditos ortogonais quando o ângulo entre eles vale .
2
Isto significa que u · v = 0.

316
16.6 Projeção Ortogonal

Dados u, v ∈ R2 , a projeção ortogonal de u sobre v é o vetor denotado por projv u, tal que

u − projv u é ortogonal a v.

projv u = αv
u − projv u
u
(u − projv u) · v = (u − αv) · v = 0

u · v − α(v · v) = 0

u·v
α=
v v·v
projv u

Portanto
u·v
 
projv u = v
v·v

317
Exemplo 16.1

Fórmula do Ponto Médio de um Segmento

Sejam A = (xA , yA ) e B = (xB , yB ) pontos extremos do segmento AB e M = (xM , yM ) o ponto

médio.

y
−−→ −→ −−→
OM = OA + AM

−−→ −−→ −−→


B OB = OM + M B
M
A −−→ −−→
AM = M B

O x

Das três equações vetoriais acima, obtemos

−−→ −−→ −→
2 × OM = OB + OA

Substituindo as coordenadas

2(xM , yM ) = (xA , yA ) + (xB , yB )

Portanto
xA + x B y A + y B
 
(xM , yM ) = ,
2 2

318
Exercı́cios

1] Calcule ||u|| sendo u = (3, 4).

−→ −→
2] Dados A = (1, 0) e B = (4, 5) encontre o ponto C tal que AC = 2AB.

3] Determine x para que os vetores u = (x, 3) e v = (3, 1) sejam ortogonais.

4] Determine y para que os vetores u = (4, y) e v = (2, 5) sejam paralelos.

5] Determine o ângulo α formado pelos vetores u = (1, 2) e v = (3, 4).

6] Assinale V ou F

a) αu = αv =⇒ u = v.

b) αu = βu =⇒ α = β.

7] Seja α ∈ R∗ . Mostre que se αu = αv então u = v.

8] Dado um triângulo ABC, sejam M e N os pontos médios dos lados AC e BC, respecti-

vamente. Mostre que o segmento M N é paralelo ao lado AB e seu comprimento vale metade

do comprimento de AB.

319
9] Sejam u e v vetores não nulos de R2 . Dizemos que o vetor u é multiplo do vetor v se existe

α ∈ R∗ tal que u = αv. Verifique se u é multiplo de v, sendo


1 1
 
a) u = (−1, 3) e v = (2, −6) b) u = (4, 5) e v = ,
20 16
1 1 1
   
c) u = , ev= ,5 d) u = (1, 5) e v = (1, 2)
100 2 10

10] Sejam u e v não nulos tais que u é multiplo de v. Mostre que v é multiplo de u.

11] Sejam e1 = (1, 0) e e2 = (0, 1). Mostre que todo vetor (x, y) ∈ R2 pode ser obtido de

e1 e e2 através das operações de soma e multiplicação por escalar.

12] Encontre, se existirem, escalares α, β ∈ R tais que u = αv + βw, sendo

a) u = (1, 1) , v = e1 = (1, 0) e w = e2 = (0, 1).

b) u = (−5, 8) , v = e1 = (1, 0) e w = e2 = (0, 1).

c) u = (1, 2) , v = (1, 1) e w = (2, 3).

d) u = (2, 5) , v = (6, 2) e w = (3, 1).

d) u = (9, 3) , v = (6, 2) e w = (3, 1).

13] Suponha que a soma de vetores em R2 seja redefinida de tal forma que

(a, b) ⊕ (x, y) = (ax, by).

a) quem é o vetor nulo de R2 agora ?

b) dado u = (x, y), encontre −u.

c) todo vetor u de R2 possui inverso aditivo agora ?

320
14] Encontre a projeção do vetor u sobre o vetor v sendo

a) u = (3, 4) e v = (10, 15)

b) u = (3, 4) e v = e1 = (1, 0)

b) u = (3, 4) e v = e2 = (0, 1)

15] Dado u não nulo, encontre proju u.

16] Um vetor não nulo u é paralelo ao eixo-x quando o ângulo entre u e e1 = (1, 0) é igual a

zero. Qual a condição que um vetor u = (x, y) deve satisfazer para ser paralelo ao eixo-x ?

17] Um vetor não nulo u é paralelo ao eixo-y quando o ângulo entre u e e2 = (0, 1) é igual

a zero. Qual a condição que um vetor u = (x, y) deve satisfazer para ser paralelo ao eixo-y ?

321
Respostas

1) 5

2) C = (7, −10)

3) x = −1

4) y = 10

√ !
11 5
5) α = arccos
125

6a) F 6b) F

1 1
7) Sendo α 6= 0 existe . Agora, multiplique a igualdade αu = αv por .
α α

8)
C −−→ −−→ −−→
M N = M C + CN

−−→ 1 −→
M N M C = × AC
2

−−→ 1 −−→
CN = × CB
2

A B −−→ 1 −→ −−→ 1 −→
M N = × (AC + CB) = × AB
2 2

322
1
9a) u = −2v 9b) u = 80v 9c) u = v 9d) não existe α tal que u = αv
10

1
 
10) Existe α 6= 0 tal que u = αv. Logo, v = u.
α

11) (x, y) = (x, 0) + (0, y) = x(1, 0) + y(0, 1) = xe1 + ye2 .

12a) α = β = 1 12b) α = −5 , β = 8 12c) α = −1 , β = 1

12d) não existem tais α e β.

12e) quaisquer α e β que satisfaçam 2α + β = 3.

13a) (1, 1)
1 1
!
13b) −u = , , se (x, y) 6= (0, 0)
x y
13c) (0, 0) não possui inverso aditivo.

36 54
 
14a) , 14b) (3, 0) 14c) (0, 4)
13 13

15) u

16) x 6= 0 e y = 0

17) x = 0 e y 6= 0

323
17. A Reta e as Diferentes Formas de sua Equação

Sejam A = (a1 , a2 ), B = (b1 , b2 ) e C = (c1 , c2 ) pontos distintos de uma reta não vertical

r = {(x, y) ∈ R2 | y = ax + b}

Então

a2 = aa1 + b , b2 = ab1 + b , c2 = ac1 + b

Daı́
b 2 − a2 a(b1 − a1 ) c 2 − b2 a(c1 − b1 )
= =a e = =a
b 1 − a1 b1 − c 1 c 1 − b1 c 1 − b1

y
r

C
c 2 − b2
B α
A α S b 2 − a2
R

α
a1 b 1 c1 x

Seja 0 ≤ α ≤ π o ângulo que a reta r faz com o sentido positivo do eixo-x. Dos triângulos ARB

e BSC, obtemos
b 2 − a2 c 2 − b2
tgα = = =a
b 1 − a1 c 1 − b1

324
O ângulo α e, consequentemente, o coeficiente angular a definem a inclinação da reta r.

Dados dois pontos quaisquer P e Q, de uma reta r, o coeficiente angular de r é determinado

pela razão entre as diferenças das ordenadas e das abcissas de P e Q.

Uma reta em R2 pode então ser definida como o conjunto dos pontos do plano cuja razão entre

a diferença das ordenadas e a diferença das abcissas de quaisquer dois desses pontos é constante.

Equação Cartesiana e a Forma Reduzida

Sejam P = (x, y) o ponto genérico de uma reta e P1 = (x1 , y1 ) um ponto qualquer dessa reta.

Seja a o coeficiente angular.

Então
y − y1
a= =⇒ y − y1 = a(x − x1 )
x − x1

ou

y = y1 + a(x − x1 )

que é a equação cartesiana da reta.

A equação cartesiana pode ser reescrita como

y = ax + (y1 − ax1 )

Pondo b = y1 − ax1 , obtemos a Forma Reduzida da equação da reta

y = ax + b

325
Equação Vetorial

Seja v = (v1 , v2 ) um vetor paralelo à reta r. Dizemos que v é um vetor diretor de r.

v
y r

tv
P

−−→
P1 P = tv
P1

Se P1 = (x1 , y1 ) é um ponto conhecido de r, podemos obter o ponto genérico P = (x, y) de r

pela soma vetorial

P = P1 + tv , t ∈ R

que é a equação vetorial da reta.

326
Equações Paramétricas

Substituindo as coordenadas de P , P1 e v na equação vetorial, obtemos

(x, y) = (x1 , y1 ) + t(v1 , v2 ) = (x1 + tv1 , x2 + tv2 )

Da igualdade de vetores obtemos as equações paramétricas


x = x1 + tv1


y = y1 + tv2 , t ∈ R


Forma Simétrica

Supondo v1 e v2 não nulos e isolando t nas equações paramétricas, obtemos

x − x1 y − y1 x − x1 y − y1
=t e = t =⇒ =
v1 v2 v1 v2

que é a forma simétrica da equação da reta.

Podemos reescrever a última equação da seguinte forma

v2
(x − x1 ) = y − y1
v1

v2
Pondo = a obtemos
v1
a(x − x1 ) = y − y1

ou

y = y1 + a(x − x1 )

que é exatamente a equação cartesiana da reta.

327
Exemplo 17.1

Vamos encontrar as diferentes formas da equação da reta que passa pelos pontos A = (1, 5) e

B = (3, 11).

Sejam a o coeficiente angular e P = (x, y) o ponto genérico da reta. Então

y−5 y − 11 11 − 5
a= = = =3
x−1 x−3 3−1

As equações cartesiana e reduzida são, respectivamente

y = 5 + 3(x − 1) e y = 3x + 2

A equação vetorial pode ser escrita utilizando-se o vetor diretor

−→
v = AB = B − A = (3 − 1, 11 − 5) = (2, 6)

e, por exemplo, o ponto B. A equação então fica

P = B + tv = (3, 11) + t(2, 6) , t ∈ R

Da equação vetorial obtemos a equação na forma paramétrica

(x, y) = (3 + 2t, 11 + 6t) , t ∈ R

328
ou 
x = 3 + 2t


y = 11 + 6t , t ∈ R


Isolando t, obtemos

x−3 y − 11 x−3 y − 11
=t e = t =⇒ =
2 6 2 6

que é a forma simétrica.

Exemplo 17.2

Relação entre os coeficientes angulares de duas retas paralelas.

y
r : y = ax + b
s

s : y = mx + n

C
B

329
Sejam A = (a1 , aa1 + b) e B = (b1 , ab1 + b) pontos de r e C = (c1 , mc1 + n) e D = (d1 , md1 + n)

pontos de s.

Então

−→ −−→
AB = B − A = (b1 − a1 , a(b1 − a1 )) e CD = D − C = (d1 − c1 , m(d1 − c1 ))

são vetores diretores de r e s respectivamente.


−→ −−→
Sendo r e s paralelas, existe α ∈ R tal que AB = αCD. Daı́

(b1 − a1 , a(b1 − a1 )) = α(d1 − c1 , m(d1 − c1 ))

Consequentemente 
b1 − a1 = α(d1 − c1 ) (1)


a(b1 − a1 ) = αm(d1 − c1 ) (2)




De (1)
b 1 − a1
α=
d 1 − c1

Substituindo em (2), concluı́mos que

a=m

330
Exemplo 17.3

Relação entre os coeficientes angulares de duas retas perpendiculares.

D r : y = ax + b

s : y = mx + n
C
r

s
B

Sejam A = (a1 , aa1 + b) e B = (b1 , ab1 + b) pontos de r e C = (c1 , mc1 + n) e D = (d1 , md1 + n)

pontos de s.

Então

−→ −−→
AB = B − A = (b1 − a1 , a(b1 − a1 )) e CD = D − C = (d1 − c1 , m(d1 − c1 ))

são vetores diretores de r e s respectivamente.

331
−→ −−→
Sendo r e s perpendiculares segue que AB · CD = 0. Daı́

(b1 − a1 )(d1 − c1 ) + a(b1 − a1 )m(d1 − c1 ) = 0

ou

(1 + am)(b1 − a1 )(d1 − c1 ) = 0 =⇒ 1 + am = 0

ou

am = −1

Exemplo 17.4

Distância entre ponto e reta.

P
Seja P um ponto fora de r

Sejam A e B pontos de r
d

B Seja d = d(P, r) a distância de P a r

Pelo Teorema de Pitágoras

−→ −→ −→ −→
projr AP = proj−→ AP
AB d2 = ||AP ||2 − ||projr AP ||2

332
Exercı́cios

1] Encontre a equação cartesiana da reta que passa pelos pontos (0, 2) e (2, 8).

2] Encontre as equações vetorial, paramétrica e simétrica da reta que passa pelo ponto (3, 4) e

tem v = (5, 6) como vetor diretor.

3] Encontre a equação cartesiana da reta cuja equação vetorial é (x, y) = (2, 3) + t(2, 5) , t ∈ R.

4] Encontre as equações vetorial, cartesiana e simétrica da reta paralela à reta y = 2x − 3

e que passa pelo ponto (5, 3).

5] Determine a equação cartesiana da reta perpendicular à reta y = 4x − 1 que passa pelo

ponto (8, 5).

6] Determine a distância do ponto P = (10, 12) às retas :

a) y = 2x − 8 b) y = 6 c) x = −3 d) y = x + 3.

7] Encontre a distância entre as retas y = −x + 1 e y = −x + 4.

8] Calcule o ângulo formado pelas retas y = 5x + 2 e y = x + 2.

333
9] Sejam r e s duas retas do plano. Assinale V ou F.

a) se r ∩ s = ∅ então r e s são paralelas.

b) se r ∩ s 6= ∅ então r e s tem infinitos pontos em comum.

c) se r ∩ s 6= ∅ então r e s se encontram em um único ponto.

d) se r ∩ s é unitário então r e s são perpendiculares.

e) r ∩ s é um conjunto finito.

Respostas

1) y = 3x + 2


x = 3 + 5t x−3 y−4



2) P = (3, 4) + t(5, 6) , t ∈ R =
5 6
y = 4 + 6t , t ∈ R


5
3) y = 3 + (x − 2)
2

y−3
4) (x, y) = (5, 3) + t(2, 4) , t ∈ R y = 2x − 2 x−5=
2

1
5) y = − x + 7
4

2
6a) 0 b) 4 c) 13 d)
2
√ √ !
3 2 3 13
7) 8) arccos
2 13

9a) V b) F c) F d) F e) F

334
18. Circunferência

Uma circunferência C é o conjunto dos pontos do plano cuja distância a um ponto fixo C

chamado centro é constante. Se P é um ponto de C então a distancia d(P, C) é o raio de C.

C
r = raio
P
d(P, C) = r
r

C C = {P ∈ R2 | d(P, C) = r}

Equação Cartesiana

Sejam C = (a, b) o centro e P = (x, y) um ponto arbitrário de uma circunferência C de raio r.

P = (x, y)

C
b

a x

335
Pelo Teorema de Pitágoras

q
d(P, C) = (x − a)2 + (y − b)2 = r

Elevando ambos os membros ao quadrado obtemos a equação da circunferência de centro em

(a, b) e raio r

(x − a)2 + (y − b)2 = r2 (19.1)

Exemplo 18.1

Encontre a equação cartesiana da circunferência de centro em C = (−1, 1) e raio r = 3.

Substituindo diretamente na equação (19.1) obtemos

(x + 1)2 + (y − 1)2 = 32 = 9

Exemplo 18.2

Encontre o centro e o raio da circunferência C : x2 − 4x + 4 + y 2 + 6y + 9 = 16.

Sabemos que x2 − 4x + 4 = (x − 2)2 e y 2 + 6y + 9 = (y + 3)2

A equação de C pode então ser reescrita como (x − 2)2 + (y + 3)2 = 16.

Comparando com a equação (19.1) concluı́mos que C = (2, −3) e r = 4.

336
Exemplo 18.3
3
Encontre o centro e o raio da circunferência C : x2 + y 2 + x − 3y =
2
Podemos reescrever a equação de C como

1 9 3 1 9
x2 + x + + y 2 − 3y + = + + = 4
4 4 2 4 4

Daı́, obtemos
1 3
 2  2
x+ + y− =4
2 2
1 3
 
Portanto, C = − , e r = 2.
2 2

Exemplo 18.4

Encontre os pontos de interseção da reta y = x + 1 com a circunferência x2 + y 2 = 1.

Basta resolver o sistema 


x2 + y 2 = 1 (1)


y =x+1 (2)


Substituindo (2) em (1)

x2 +(x+1)2 = 1 =⇒ 2x2 +2x = 0 =⇒ 2x(x+1) = 0 =⇒ x = 0 e y = 1 ou x = −1 e y = 0

Os pontos de interseção são

(0, 1) e (−1, 0)
x

337
Exemplo 18.5

Posições relativas de duas circunferências.

C1 C2

r1 r2 Secantes

d(C1 , C2 ) < r1 + r2
C1 C2

C1
C2

Tangentes Externas
r1 r2
d(C1 , C2 ) = r1 + r2
C1 C2

C1

C2
Tangentes Internas
C2 r2
d(C1 , C2 ) = r1 − r2
C1
r1

338
C1 C2

Externas
r1 r2
d(C1 , C2 ) > r1 + r2
C1 C2

C1

C2
Internas
r2
d(C1 , C2 ) < r1 − r2
C1 C2

r1

C1

C2 Concêntricas
r2 r1
d(C1 , C2 ) = 0
C1 ≡ C2

339
Exercı́cios

1] Determine a equação da circunferência de centro C = (−3, −1) e raio 5.

2] Determine a equação da circunferência de centro C = (2, −5) que passa pelo ponto (5, −2).

3] Determine a equação da circunferência de centro no primeiro quadrante, tangente aos ei-

xos coordenados e raio 2.

4] Encontre o centro e o raio das circunferências

a) x2 + y 2 + 2x − 6y + 7 = 0 b) x2 + y 2 − 4x + 10y + 13 = 0 c) x2 + y 2 + 6y + 2 = 0

d) x2 +y 2 +x = 0 e) 16x2 +16y 2 +8x+32y+1 = 0 f) 2x2 +2y 2 −x+y−1 = 0

5] Qual a posição relativa entre as circunferências

a) x2 + y 2 − 4 = 0 e x2 + y 2 + 2x + 12 = 0

b) x2 + y 2 − 6x + 8 = 0 e x2 + y 2 − 6x − 4y + 4 = 0.

6] Qual a relação entre a, b e c para que a equação x2 + y 2 + ax + by + c = 0 represente

uma circunferência ? Qual o centro e o raio da circunferência neste caso ?

340
Respostas

1) (x + 3)2 + (y + 1)2 = 25 2) (x − 2)2 + (y + 5)2 = 18

3) (x − 2)2 + (y − 2)2 = 4


4a) C = (−1, 3) , r = 3 4b) C = (2, −5) , r = 4

√ 1 1
 
4c) C = (−3, 0) , r = 7 4d) C = − , 0 , r=
2 2
√ √
1 19 1 1 10
   
4e) C = − , −1 , r= 4f) C = ,− , r=
4 4 4 4 4

5a) Tangentes 5b) Secantes


a2 + b2 − 4ac
!
a b
6) a + b > 4ac
2 2
C = − ,− r=
2 2 2

341
19. Elipse. Hipérbole. Parábola

19.1 Elipse
Uma elipse E é o conjunto dos pontos P do plano cuja soma das distâncias de P a dois pontos

fixos F1 e F2 chamados focos é constante.

d(P, F1 ) + d(P, F2 ) = k
B2
P A1 , A2 , B1 , B2 : vértices
E
1
O = F1 F2 : centro
2
A1 A2 A1 A2 : eixo maior
F1 O F2
B1 B2 : eixo menor

A1 A2 ⊥ B1 B2
B1

A constante k

A1 , A2 ∈ E. Logo

d(A1 , F1 ) + d(A1 , F2 ) = k e d(A2 , F1 ) + d(A2 , F2 ) = k (1)

Daı́

d(A1 , F1 ) + d(A1 , F2 ) = d(A2 , F1 ) + d(A2 , F2 ) (2)

342
Por outro lado

d(A1 , F2 ) = d(A1 , F1 ) + d(F1 , F2 ) (3)

d(A2 , F1 ) = d(A2 , F2 ) + d(F1 , F2 ) (4)

Substituindo (3) e (4) em (2) obtemos

d(A1 , F1 ) = d(A2 , F2 )

Substituindo esta relação na primeira igualdade em (1) obtemos

2d(A1 , F1 ) + d(F1 , F2 ) = k

Por outro lado

d(A1 , A2 ) = d(A1 , F1 ) + d(F1 , F2 ) + d(A2 , F2 ) = 2d(A1 , F1 ) + d(F1 , F2 ) = k

Portanto

k = d(A1 , A2 )

343
Relação entre vértices e focos

O semi-eixo maior ao quadrado é igual à soma do quadrado do semi-eixo menor com o quadrado

da distância entre o centro e um foco.

Tomemos o vértice B2

B2
P
E

A1 A2
F1 O F2

B1

Os triângulos OB2 F1 e OB2 F2 são iguais. Logo

d(B2 , F1 ) = d(B2 , F2 )

Como B2 ∈ E temos

d(B2 , F1 ) + d(B2 , F2 ) = d(A1 , A2 )

Daı́
d(A1 , A2 )
d(B2 , F2 ) = = d(O, A2 )
2

Do triângulo OB2 F2

d(B2 , F2 )2 = d(O, B2 )2 + d(O, F2 )2

Portanto

d(O, A2 )2 = d(O, B2 )2 + d(O, F2 )2

344
Equação cartesiana da elipse com centro na origem e focos sobre os eixos coorde-

nados

• Elipse Ex de focos sobre o eixo-x.

B2
P = (x, y) ≡ ponto genérico
Ex

A1 F1 O F2 A2 x

B1

Sejam A1 = (−a, 0) , A2 = (a, 0) , B1 = (0, −b) e B2 = (0, b) os vértices de Ex .

Sejam F1 = (−c, 0) e F2 = (c, 0) os focos de Ex .

Então

d(P, F1 ) + d(P, F2 ) = d(A1 , A2 ) = 2a

Além disso, observando a relação entre vértices e focos, temos que

a2 = b2 + c2

Por outro lado

q q
d(P, F1 ) = (x + c)2 + y 2 e d(P, F2 ) = (x − c)2 + y 2

345
Daı́
q q
(x + c)2 + y2 + (x − c)2 + y 2 = 2a

Levando a segunda raiz para o segundo membro da igualdade e elevando ao quadrado, obtemos

q
x2 + 2cx + c2 + y 2 = 4a2 − 4a (x − c)2 + y 2 + x2 − 2cx + c2 + y 2

Reescrevendo a igualdade após algumas simplificações, obtemos

q
a (x − c)2 + y 2 = a2 − cx

Elevando ao quadrado novamente

a2 (x2 − 2cx + c2 + y 2 ) = a4 − 2a2 cx + c2 x2

Simplificando e rearranjando

(a2 − c2 )x2 + a2 y 2 = a2 (a2 − c2 ) ou b 2 x 2 + a2 y 2 = a2 b 2

Dividindo por a2 b2 encontramos a equação da elipse com focos sobre o eixo-x

x2 y 2
+ 2 =1
a2 b

Aqui

B a>b

B o eixo maior de Ex está sobre o eixo-x

B o eixo menor de Ex está sobre o eixo-y

346
• Elipse Ey de focos sobre o eixo-y.

B2

Ey F1
P = (x, y) ≡ ponto genérico

A1 A2 : eixo menor
A1 O A2 x
B1 B2 : eixo maior

F2 A1 A2 ⊥ B1 B2

B1

Sejam A1 = (−a, 0) , A2 = (a, 0) , B1 = (0, −b) e B2 = (0, b) os vértices de Ey .

Sejam F1 = (0, c) e F2 = (0, −c) os focos de Ey .

Agora

B a < b e, portanto, b2 = a2 + c2 .

B o eixo maior de Ey está sobre o eixo-y.

B o eixo menor de Ey está sobre o eixo-x.

e a equação de Ey fica então


x2 y 2
+ 2 =1
a2 b

347
Exemplo 19.1

Escreva a equação da elipse com dois vértices em (±5, 0) e focos em (±3, 0).

Temos a = 5 e c = 3 =⇒ b = 4.

Daı́
x2 y 2
+ =1
25 16

Exemplo 19.2

Escreva a equação da elipse com dois vértices em (±4, 0) e focos em (0, ±3).

Temos a = 4 e c = 3 =⇒ b = 5.

Daı́
x2 y 2
+ =1
16 25

Exemplo 19.3

Determine os focos da elipse de equação 4x2 + y 2 = 9.

Reescrevendo a equação, obtemos

4x2 y 2 x2 y2
+ =1 ou + =1
9 9 4
9
9

Daı́

3 3 3
a= , b=3 e c=
2 2

Sendo b > a segue que os focos estão sobre o eixo-y. Portanto

√ ! √ !
3 3 3 3
F1 = 0, e F1 = 0, −
2 2

348
19.2 Hipérbole
Uma hipérbole H é o conjunto dos pontos P do plano tais que o valor absoluto da diferença

das distâncias de P a dois pontos fixos F1 e F2 chamados focos é constante.

P |d(P, F1 ) − d(P, F2 )| = k

V1 , V2 : vértices
1 1
e O = V1 V2 = F1 F2 : centro
F1 V1 O V2 F2 2 2
e : eixo

O valor absoluto aparece na definição da hipérbole para que sua equação seja única, indepen-

dentemente do ramo onde se encontra o ponto P .

Cálculo de k

V1 , V2 ∈ H. Daı́

d(V1 , F1 ) − d(V1 , F2 ) = −k e d(V2 , F1 ) − d(V2 , F2 ) = k (5)

Mas

d(V1 , F2 ) = d(V1 , V2 ) + d(V2 , F2 ) e d(V2 , F1 ) = d(V1 , V2 ) + d(V1 , F1 ) (6)

349
Substituindo as relações em (6) nas relações em (5) e somando vem

d(V1 , F1 ) = d(V2 , F2 )

Substituindo

d(V2 , F1 ) = d(V1 , V2 ) + d(V1 , F1 )

na segunda igualdade em (5) obtemos

d(V1 , V2 ) + d(V1 , F1 ) − d(V2 , F2 ) = k

Portanto

k = d(V1 , V2 )

Equação cartesiana da hipérbole com centro na origem e focos sobre os eixos coor-

denados

• Hipérbole Hx de focos F1 = (−c, 0) e F2 = (c, 0)

y
Hx

P |d(P, F1 ) − d(P, F2 )| = d(V1 , V2 )

x
F1 V1 V2 F2

350
Seja P = (x, y) o ponto genérico de Hx .

Sejam V1 = (−a, 0) e V2 = (a, 0) com a < c, os vértices de Hx .

Então
q q
(x + c)2 + y 2 − (x − c)2 + y 2 = 2a

Elevando ambos os membros ao quadrado

q q 2
(x + c)2 + y2 − (x − c)2 + y2 = 4a2

ou
q q
(x + c)2 + y 2 + (x − c)2 + y 2 − 4a2 = 2 (x + c)2 + y 2 (x − c)2 + y 2

Elevando ao quadrado novamente e simplificando

x2 (c2 − a2 ) − y 2 a2 = a2 (c2 − a2 )

Pondo b2 = c2 − a2 obtemos

x 2 b 2 − y 2 a2 = a2 b 2

Dividindo por a2 b2
x2 y 2
− 2 =1
a2 b

Note que

B Se y = 0 então x2 = a2 =⇒ x = ±a que são as abcissas dos vértices.

B Se x = 0 então y 2 = −b2 que não tem solução.

351
• Hipérbole Hy de focos F1 = (0, −c) e F2 = (0, c)

Hy

F2
|d(P, F1 ) − d(P, F2 )| = d(V1 , V2 )
P

V2
x
V1

F1

Seja P = (x, y) o ponto genérico de Hy .

Sejam V1 = (0, −b) e V2 = (0, b), b < c, os vértices de Hy .

A equação de Hy fica
y 2 x2
− 2 =1
b2 a

onde a2 + b2 = c2 .

Agora

B Se x = 0 então y 2 = b2 =⇒ y = ±b que são as ordenadas dos vértices.

B Se y = 0 então x2 = −a2 que não tem solução.

352
Assı́ntotas

As assı́ntotas de uma hipérbole são retas tais que os ramos da hipérbole ficam cada vez mais

próximos dessas retas à medida que x cresce (x → ∞) ou decresce (x → −∞).

Isolando y na equação
x2 y 2
− 2 =1
a2 b

de Hx obtemos
v v
b√ 2
! !
bu a2 a2
u
b u
u
y=± x − a2 = ± tx2 1 − 2 = ± |x|t 1 − 2
a a x a x

Analisando a fração
a2
x2

que aparece dentro da última raiz, vemos que seu numerador a2 é fixo.

Se x cresce indefinidamente (x → ∞) ou decresce indefinidamente (x → −∞) temos que

a2
x2 → ∞ =⇒ →0
x2

Consequentemente v !
a2
u
1− 2 →1
u
t
x

Portanto, a hipérbole se aproxima do par de retas

b
y=± x
a

353
y

b y b
y=− x y= x
a a
b b
y=− x y= x
a a

x
x

Por outro lado, isolando y na equação

y 2 x2
− 2 =1
b2 a

de Hy encontramos o par de assı́ntotas

b
y=± x
a

354
Exemplo 19.4

Determine os focos, os vértices e as assı́ntotas da hipérbole de equação 9x2 − 4y 2 = 36.

Reescrevendo a equação, obtemos


x2 y 2
− =1
4 9

Logo, a = 2 , b = 3 e c = 22 + 32 = 13.
√ 3
Vértices : (±2, 0) Focos : (± 13, 0) Assı́ntotas : y = ± x.
2

Exemplo 19.5

Encontre a equação, os focos e as assı́ntotas da hipérbole de vértices (0, ±3) que passa pelo

ponto (2,5).

Temos
y 2 x2
− 2 =1
9 a

25 4 3
Como (2,5) pertence à hipérbole, segue que − 2 = 1 =⇒ a =
√ 4 a 2
45
Daı́, c =
2
Portanto,

√ !
45
Focos : 0, ±
2

3
Assı́ntotas : y = ± x = ±2x.
3/2

355
19.3 Parábola
Dado um ponto F chamado foco e uma reta d chamada diretriz, a parábola é o conjunto P dos

pontos P do plano cuja distância de P a F é igual à distância de P a d.

P
F
V
d
Q

P ∈P =⇒ d(P, F ) = d(P, Q) = d(P, d).

B A reta e, perpendicular à diretriz d e que passa pelo foco, é o eixo da parábola.

B O ponto V na interseção da parábola com seu eixo é o vértice.

B O vértice é o ponto da parábola mais próximo da diretriz.

356
Equação cartesiana da parábola com diretriz paralela ao eixo-x

• P1 : parábola com foco em F = (0, p) e diretriz y = −p

P1
p + (−p)
!
V = 0, = (0, 0)
2
F P
y
x
V
p

d
−p

Seja P = (x, y) o ponto genérico de P1 . Então

q
d(P, F ) = x2 + (y − p)2 = y + p = d(P, d)

Elevando ao quadrado, obtemos

1 2
x2 + y 2 − 2py + p2 = y 2 + 2py + p2 =⇒ 4py = x2 ou y = x
4p

Pondo
1
a=
4p

a equação de P1 fica

y = ax2 (7)

357
Exemplo 19.6

Encontrar o foco, o vértice e a diretriz da parábola de equação y = x2 .

Comparando a equação y = x2 com a equação (7) obtemos

1 1
a= = 1 =⇒ p =
4p 4

Portanto

1
 
Foco : F = 0,
4

Vértice : V = (0, 0)

1
Diretriz : y = −
4

Exemplo 19.7
1 1
 
Encontre a equação da parábola de foco F = 0, − e diretriz y = .
4 4
Temos que
1
p=− =⇒ a = −1
4

Portanto, a equação procurada é

y = −x2

358
• P2 : parábola com foco em F = (m, p) e diretriz y = −p.

y
P2

P
p + (−p)
!

F V = m, = (m, 0)
p 2

x
m

d
−p

Se P = (x, y) é o ponto genérico de P2 , então

q
d(P, F ) = (x − m)2 + (y − p)2 = y + p = d(P, d)

Elevando ao quadrado

1
(x − m)2 + y 2 − 2py + p2 = y 2 + 2py + p2 =⇒ 4py = (x − m)2 ou y = (x − m)2
4p

1
Pondo a = , a equação se escreve
4p

y = a(x − m)2 (8)

P2 pode ser obtida de P1 por uma translação horizontal de m unidades para direita se m > 0

ou m unidades para esquerda se m < 0.

359
Exemplo 19.8

Encontre o foco, o vértice e a diretriz da parábola y = 2x2 − 8x + 8.

Temos

y = 2x2 − 8x + 8 = 2(x2 − 4x + 4) = 2(x − 2)2

Comparando com a equação (8) obtemos

1 1
m=2 e a= = 2 =⇒ p =
4p 8

Portanto
1 1
 
F = 2, , V = (2, 0) e y = − é a diretriz
8 8

• P3 : parábola com foco em F = (m, p + k) e diretriz y = −p + k.

y
P3

F
p+k
p + k + (−p + k)
!
V = m, = (m, k)
2

V
−p + k
d
x
m

360
Seja P = (x, y) o ponto genérico de P3 . Então

q
d(P, F ) = (x − m)2 + (y − (p + k))2 = y − (−p + k) = d(P, d)

Elevando ao quadrado

(x − m)2 + (y − (p + k))2 = (y − (−p + k))2

ou

(x − m)2 + y 2 − 2y(p + k) + (p + k)2 = y 2 − 2y(−p + k) + (−p + k)2

ou ainda

(x − m)2 − 2py − 2ky + p2 + 2pk + k 2 = 2py − 2ky + p2 − 2pk + k 2

Daı́
1
(x − m)2 = 4py − 4pk = 4p(y − k) =⇒ y − k = (x − m)2
4p

ou
1
y= (x − m)2 + k
4p
1
Mais uma vez, pondo a =
4p

y = a(x − m)2 + k (9)

P3 pode ser obtida de P2 por uma translação vertical de k unidades para cima se k > 0 ou para

baixo se k < 0.

361
Exemplo 19.9

Encontre o foco, o vértice e a diretriz das parábolas

a) y = x2 − 5x + 6.

Temos
25 25 5 1
 2
y = x − 5x + 6 = x − 5x +
2 2
− +6= x− −
4 4 2 4

Comparando com a equação (9) encontramos

5 1 1
m= , k=− , p=
2 4 4

Portanto

5 5 1 1
   
F = ,0 , V = ,− , y=− −→ diretriz
2 2 4 2
y
y

9
8
F d
x
− 14 F
V
d x
− 12

b) y = −2x2 + 12x − 17

Reescrevendo a equação, encontramos

y = −2(x2 − 6x + 9 − 9) − 17 = −2(x2 − 6x + 9) + 18 − 17 = −2(x − 3)2 + 1

362
Comparando com (9)
1
m=3 , k=1 , p=−
8

Portanto
7 9
 
F = 3, , V = (3, 1) , y = −→ diretriz
8 8

Exemplo 19.10

De maneira geral, dada a parábola y = ax2 + bx + c, podemos escrever

! !
b b b2 b2
y = ax + bx + c = a x + x + c = a x2 + x + 2 − 2
2 2
+c=
a a 4a 4a
!
b b2 b2
=a x + x+ 2
2
− +c=
a 4a 4a
!2
b2 − 4ac
!
b
=a x+ −
2a 4a

Lembrando que ∆ = b2 − 4ac, segue que

!2
b ∆
y =a x+ −
2a 4a

Comparando com a equação (9) concluı́mos que

b ∆ 1 1
m=− , k=− , = a =⇒ p =
2a 4a 4p 4a

Portanto

b 1 ∆ ∆ 1 ∆
! !
b
Foco : F = − , − Vértice : V = − , − Diretriz : y = − −
2a 4a 4a 2a 4a 4a 4a

363
Exercı́cios

1] Determine os vértices e os focos das elipses

a) 4x2 + 9y 2 = 36 b) 4x2 + y 2 = 1

2] Escreva a equação da elipse que possui

a) eixo maior = 6 , eixo menor = 4 , focos sobre o eixo-y

b) eixo maior = 14 , eixo menor = 10 , focos sobre o eixo-x

c) eixo maior = 10 , focos em (±2, 0)

d) eixo menor = 4 , focos em (0, ±3).

3] Determine os focos, os vértices e as assı́ntotas das hipérboles

a) x2 − y 2 = 1 b) 4y 2 − 2x2 = 4

4] Escreva a equação da hipérbole que satisfaz

a) focos : (0, ±4) vértices : (0, ±1)

b) focos : (±5, 0) vértices : (±3, 0)

c) vértices em (±4, 0) e passa por (8,2)

d) vértices em (±3, 0) e assı́ntotas y = ±2x.

5] Esboce e determine o foco, o vértice e a diretriz das parábolas


x2 2x 2
a) y = 4x2 b) y = − + − c) y = −16x2 + 96x − 142.
6 3 3

364
6] Escreva a equação da parábola que satisfaz

a) vértice : (0, 0) foco : (0,3)

b) vértice : (0, 0) diretriz : y = 4


1 1
 
c) foco : 2, diretriz : y = −
4 4
d) vértice : (−5, 6) foco : (−5, 3)

Respostas


1a) vértices : (±3, 0) e (0, ±2) focos : (± 5, 0)

√ !
1 3
 
1b) vértices : ± , 0 e (0, ±1) focos : 0, ±
2 2

x2 y 2 x2 y 2 x2 y 2 x2 y 2
2a) + =1 2b) + =1 2c) + =1 2d) + =1
4 9 49 25 25 21 16 25


3a) focos : (± 2, 0) vértices : (±1, 0) assı́ntotas : y = ±x


√ 2
3b) focos : (0, ± 3) vértices : (0, ±1) assı́ntotas : y = ± x
2

y 2 x2 x2 y 2 x2 y2 x2 y 2
4a) − =1 4b) − =1 4c) − =1 4d) − =1
16 3 9 16 16 4/3 9 36

365
y 1
 
5a) F = 0,
16
V = (0, 0)
1
x diretriz : y = −
16

y 3
 
5b) F = 2, −
2
V = (2, 0)
2 3
x diretriz : y =
2
2
3 1
y = − (x − 2)2
6

y V 127
 
5c) F = 3,
64
V = (3, 2)
129
x diretriz : y =
64

y = 2 − 16(x − 3)2

x2 x2 (x + 5)2
6a) y = 6b) y = − 6c) y = (x−2) 2
6d) y = − +6
12 16 12

366
20 Sistemas Lineares. Matrizes. Determinantes.

20.1 Sistemas Lineares

20.1.1 Sistemas com duas equações e duas incógnitas


Uma equação linear a 2 incógnitas x e y pode ser escrita sob a forma

ax + by = c

onde os coeficientes a e b e o termo independente c são números reais quaisquer.

Um sistema linear com 2 equações e 2 incógnitas tem a forma


a11 x + a12 y = b1


a21 x + a22 y = b2 , aij , bi ∈ R , i, j = 1, 2.




Resolução de sistemas com duas equações e duas incógnitas

• Método da Substituição

Consiste em escolher uma equação, isolar uma incógnita nesta equação, substituir a expressão

obtida na outra equação, resolvê-la para a outra incógnita e, por fim, calcular a incógnita

isolada.

367
Exemplo 20.1

Resolver o sistema


2x + 3y = 9 (1)


x + 2y = 5 (2)


Isolando x em (2) obtemos

x = 5 − 2y (3)

Substituindo (3) em (1)

10 − 4y + 3y = 9 =⇒ y = 1

Substituindo y por 1 em qualquer uma das equações encontramos x = 3.

• Método da Eliminação

Consiste em multiplicar as equações do sistema por escalares apropriados de modo que uma das

incógnitas tenha coeficientes com sinais opostos. Depois, soma-se as equações eliminando-se tal

incógnita.

Exemplo 20.2

Resolver o sistema


2x + 3y = 1 (1)


3x − 5y = 11 (2)


Multiplicando (1) por 3 e (2) por −2 obtemos

368

6x + 9y = 3 (3)


−6x + 10y = −22 (4)




Somando (3) e (4)

19y = −19 =⇒ y = −1

Substituindo y por −1 em qualquer uma das quatro equações encontramos x = 2.

20.1.2 Sistemas com m equações e n incógnitas


Uma equação linear a n incógnitas x1 , x2 , ... , xn pode ser escrita na forma

a1 x1 + a2 x2 + · · · + an xn = b (?)

onde os coeficientes a1 , a2 , ... , an e o termo independente b são números reais quaisquer.

Um vetor (u1 , u2 , ..., un ) é solução da equação (?) se, ao substituirmos xi por ui , a equação se

verifica, isto é

a1 u1 + a2 u2 + · · · + an un = b.

Um sistema linear com m equações e n incógnitas tem a forma


a11 x1 + a12 x2 + · · · + a1n xn = b1







a21 x1 + a22 x2 + · · · + a2n xn = b2




(SL)
..
.








am1 x1 + am2 x2 + · · · + amn xn = bm


onde aij , bi ∈ R , i = 1, ..., m , j = 1, ..., n.

Um vetor (u1 , u2 , ..., un ) é solução do sistema (SL) quando todas as equações do sistema são

verificadas ao trocarmos xi por ui .

369
Combinação Linear das Equações de um Sistema

Suponhamos que a i-ésima equação de (SL) seja multiplicada por um escalar ci e, em seguida,

que as equações do novo sistema sejam somadas. A equação resultante, chamada combinação

linear das equações de (SL), é

(c1 a11 + c2 a21 + · · · + cm am1 )x1 + (c1 a12 + c2 a22 + cm am2 )x2 + · · ·

· · · + (c1 a1n + c2 a2n + · · · + cm amn )xn = c1 b1 + c2 b2 + · · · + cm bm

Proposição 20.1

Toda solução do sistema (SL) é também solução de qualquer combinação linear de suas equações.

Exemplo 20.3

O vetor (1,2,3) é solução dos sistema


2x + y + z = 7







 x + 2y + z = 8



x + y + 2z = 9


Multiplicando a primeira equação do sistema por 3, a segunda por −1, a terceira por 2 e

somando, obtemos a equação

7x + 3y + 6z = 31

Evidentemente

7.1 + 3.2 + 6.3 = 31

370
Propriedades 20.2

As soluções de um sistema linear não se alteram se

• duas ou mais equações forem trocadas de posição.

• uma equação for multiplicada por um escalar não nulo.

• uma equação for substituı́da por uma combinação linear qualquer das equações do sistema.

As duas primeiras propriedades são óbvias e a terceira fica assegurada pela Proposição 20.1.

Classificação de um sistema linear

Um sistema linear é

• possı́vel e determinado se possui solução única.

• possı́vel e indeterminado se possui infinitas soluções.

• impossı́vel se não possui soluções.

Exemplo 20.4

Os sistemas dos exemplos 20.2 e 20.3 são possı́veis e determinados.

Exemplo 20.5

O sistema


x+y =1


2x + 2y = 2


é possı́vel e indeterminado

A segunda equação é igual a primeira multiplicada por 2 e, portanto, não acrescenta informação

371
extra, podendo ser eliminada do sistema que se reduz à equação

x+y =1

Arbitrando valores para y, por exemplo, encontramos o valor correspondente de x. O sistema

possui infinitas soluções.

Exemplo 20.6

O sistema


x+y+z =1


x+y+z =2


é, obviamente, impossı́vel.

Não existe (x, y, z) ∈ R3 que satisfaça simultaneamente as equações do sistema.

Resolução de sistemas com m equações e n incógnitas

Diremos que um sistema linear está na forma escalonada quando o primeiro coeficiente não

nulo em cada equação aparecer à direita do primeiro coeficiente não nulo da equação anterior.

Exemplo 20.7

Os sistemas 
x + 2y + 3z = 7

 

x1 + x3 + x4 = 1

 

 

4y + 5z = 8
+ x4 = 0
 




 x2
6z = 9


estão na forma escalonada.

372
Os sistemas  
y + z = 10 x + y + 2z = 9

 


 


 

 
 x − 3z = −10  2x + 2y − z = 3

 

 
x + 2y = 15 3x + 3y + z = 12

 

 

não estão na forma escalonada.

• Escalonamento

Um sistema linear pode ser reescrito na forma escalonada através de três operações aplicadas

em suas equações :

(1) troca de posição de duas equações.

(2) multiplicação de uma equação por um escalar não nulo.

(3) substituição de uma equação por uma combinação linear das equações do sistema.

De acordo com as propriedades 20.2, o sistemado resultante possui as mesmas soluções do

sistema original.

Usaremos a seguinte notação para explicitarmos as operações sobre as equações de um sis-

tema ao aplicarmos o escalonamento :

(1) LN
i = Lj e Lj = Li para indicar que as equações i e j foram trocadas.
A N A

(2) LN
i = cLi para indicar que a i-ésima equação foi multiplicada por c.
A

(3) LN
i = c1 L1 + c2 L2 + · · · + cm Lm para indicar que a i-ésima equação do novo sistema foi
e e e

substituı́da por uma combinação linear das equações do antigo sistema se e = A ou do novo

sistema se e = N .

373
Exemplo 20.8

Vamos escalonar os dois últimos sistemas do Exemplo 21.7.


y + z = 10







1) x − 3z = −10




x + 2y = 15




LN
1 = L3
A 

 x + 2y = 15




LN
2 = L1
A
 y + z = 10



x − 3z = −10

LN
3 = L2
A 


x + 2y = 15







LN
3 = L3 − L1
A A
 y + z = 10



−2y − 3z = −25



x + 2y = 15







LN
3 = −1 × L3
A
 y + z = 10



2y + 3z = 25



x + 2y = 15







3 = L3 − 2 × L2
LN A A
 y + z = 10



z=5


O último sistema está na forma escalonada. A solução x = y = z = 5 pode ser facilmente

encontrada substituindo-se na segunda equação o valor de z, encontrado na terceira equação,

374
para calcular y. Em seguida, substitui-se os valores de y e z na primeira equação para calcular x.


x + y + 2z = 9







2)  2x + 2y − z = 3


3x + 3y + z = 12




LN
1 = L1
A 

 x + y + 2z = 9




LN
2 = L2 − 2 × L1
A A
 −5z = −15



−5z = −15

LN
3 = L3 − 3 × L1
A A 


1 x + y + 2z = 9


2 = − × L2
LN

A 

5


z=3
LN
3 = L3 − L2
A A 



0=0


A terceira equação pode ser interpretada como

0x + 0y + 0z = 0

que, obviamente, não acrescenta informação alguma podendo, portanto, ser eliminada do sis-

tema. O sistema possui infinitas soluções dadas por

x=3−y , z =3 , y ∈R

375
Exemplo 20.9

Resolver


2x + 5y − z = 8







 x+y+z =3



4x + 7y + z = 5




LN
1 = L2
A 

 x+y+z =3




LN
2 = L1 − 2 × L1
A N
 3y − 3z = 2



3y − 3z = −7

LN
3 = L3 − 4 × L1
A N 


x+y+z =3







LN
3 = L3 − L2
A A
 3y − 3z = 2



0 = −9


A terceira equação pode ser interpretada como

0x + 0y + 0z = −9

que, obviamente, é impossı́vel de ser satisfeita. O sistema não tem solução.

376
20.2 Matrizes

Sistemas lineares podem ser escritos de maneira bem mais conveniente. Na prática, quando

resolvemos um sistema, precisamos operar apenas com seus coeficientes aij e os termos inde-

pendentes bi .

Consideremos o sistema linear com 3 equações e 3 incógnitas


a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 = b1







 a21 x1 + a22 x2 + a23 x3 = b2



a31 x1 + a32 x2 + a33 x3 = b3


Pondo    
 x1   b1 
   
ai = (ai1 ai2 ai3 ) x= b=
   
, 
 x2 
 ,  b 
 2 
   
   
x3 b3

as equações do sistema podem ser escritas como

 
 x1 
 
ai x = (ai1 ai2 ai3 )   = ai1 x1 + ai2 x2 + ai3 x3 = bi , i = 1, 2, 3
 
 x2 
 
 
x3

e o sistema pode ser rescrito como

    
 a11 a12 a13   x1   b1 
    
=
    

 a21 a22 a23   x2   b2 
   

    
    
a31 a32 a33 x3 b3

377
A tabela com 3 linhas e 3 colunas contendo os 9 coeficientes do sistema é chamada matriz dos

coeficientes do sistema.

De maneira geral, um SL pode ser escrito

Ax = b

onde

 
 a11 a12 · · · a1n 
 
 
 a21 a22 · · · a2n 
A= é a matriz dos coeficientes,
 
.. .. ..
 
 

 . . . 

 
 
am1 am2 · · · amn
   
 x1   b1 
   
   
 x2   b 
 2 
x= é o vetor de incógnitas e b = é o vetor de termos independentes.
 
..   . 
   
 . 


 . 
  . 
   
   
xn bm

Matrizes são particularmente úteis na resolução de sistemas lineares, especialmente quando

se faz uso de computadores.

Matriz

Uma matriz de ordem m × n é uma tabela com m × n números dispostos em m linhas e n

colunas. Quando m = n dizemos que a matriz é quadrada de ordem m (ou n).

378
Matriz ampliada do sistema

É a matriz obtida da matriz dos coeficientes acrescentando-se a esta mais uma coluna cons-

tituı́da do vetor dos termos independentes

 
 a11 a12 · · · a1n b1 
 
 

 a21 a22 · · · a2n b2 

.. .. .. ..
 
 

 . . . . 

 
 
am1 am2 · · · amn bm

Exemplo 20.10

A matriz ampliada do sistema

  
2x + 3y − z = 1 2 3 −1 1 



 

  

x + 4y + 2z = 2 é 1 4 2 2
 
 
  

  
  
−x − y + 7z = 6 −1 −1 7 6


Note que a matriz ampliada de um sistema reflete o sistema sem a necessidade de explici-

tar as incógnitas. Pode-se então resolver um sistema escalonando-se sua matriz ampliada.

Matriz na forma escalonada

Diremos que uma matriz está na forma escalonada quando o primeiro elemento não nulo de

cada linha aparece à direita do primeiro elemento não nulo da linha anterior.

379
Exemplo 20.11

As matrizes ampliadas dos dois primeiros sistemas do exemplo 21.7

 
1 2 3 7   
1 0 1 1 1 

 
0 4 5 8  e
  
  
 
0 1 0 1 0
 
 
 
0 0 6 9

estão na forma escalonada.

Exemplo 20.12

Vamos resolver o sistema do Exemplo 20.10 escalonando sua matriz ampliada. Fazendo

LN
1 = L2 , L2 = L3 + L1 , L3 = L1 − 2 × L1
A N A N N A N

obtemos  
 1 4 2 2 
 
0 3 9 8
 
 
 
 
 
0 −5 −5 −3

5
Agora, LN
3 = L3 +
A
× LA produz
3 2

 
 1 4 2 2 
 
0 3 9 8 
 

 
 
 
0 0 10 31
3

A terceira linha significa


31 31
10z = =⇒ z =
3 30

380
31
Substituindo z por na equação descrita pela segunda linha obtemos
30

31 13
3y + 9 × = 8 =⇒ y = −
30 30

Substituindo os valores de y e z calculados na equação descrita pela primeira linha encontramos

13 31 5
x−4× +2× = 2 =⇒ x =
30 30 3

20.3 Determinantes

Consideremos o sistema com 1 equação e 1 incógnita

{ax = b

Supondo a 6= 0, a solução
b
x=
a

tem o denominador associado ao coeficiente a da única incógnita x do sistema.

Consideremos agora o sistema com 2 equações e 2 incógnitas


a11 x + a12 y = b1


a21 x + a22 y = b2


Admitindo que as operações sejam possı́veis, as soluções do sistema são

b1 a22 − b2 a12 b2 a11 − b1 a21


x= e y=
a11 a22 − a12 a21 a11 a22 − a12 a21

381
Novamente, observa-se que os números que aparecem nos denominadores das soluções, além de

serem iguais, estão relacionados com a matriz

 
 a11 a12 
 
 
a21 a22

dos coeficientes do sistema.

Nos denominadores das soluções de um sistema com 3 equações e 3 incógnitas, encontramos o

mesmo número real

a11 a22 a33 − a11 a23 a32 − a12 a21 a33 + a12 a23 a31 + a13 a21 a32 − a13 a22 a31

relacionado com a matriz dos coeficientes.

Esses números associados à matriz dos coeficientes de um sistema linear com n equações e

n incógnitas e que aparecem nos denominadores das soluções do sistema são denominados de-

terminante da matriz dos coeficientes do sistema.

Determinante de uma matriz quadrada

Sejam Mn o conjunto das matrizes quadradas de ordem n e A ∈ Mn . O determinante é uma

função det : Mn −→ R que a cada matriz quadrada A associa o número real detA chamado

determinante de A.

382
Cálculo prático de determinantes

Dada A ∈ Mn , queremos encontrar o valor funcional detA ∈ R.

• A ∈ M1

Neste caso, A é uma matriz quadrada de ordem 1, ou seja, A = (a11 ) e detA = a11 .

• A ∈ M2  
a11 a12 
A= e detA = a11 a22 − a12 a21 .


 
a21 a22

• A ∈ Mn

O cálculo de determinantes de matrizes quadradas de ordem n pode ser feito pelo desenvolvi-

mento de Laplace, que consiste na escolha de uma linha ou coluna qualquer da matriz original

e da substituição do cálculo do determinante original pelo cálculo de n determinantes de sub-

matrizes de ordem n − 1.

Sejam

B Aij a submatriz de A obtida eliminando-se a i-ésima linha e a j-ésima coluna de A.

B ∆ij = (−1)i+j detAij .

O desenvolvimento de Laplace segundo a linha i fornece

detA = ai1 ∆i1 + ai2 ∆i2 + · · · + ain ∆in .

O desenvolvimento de Laplace segundo a coluna j fornece

detA = a1j ∆1j + a2j ∆2j + · · · + anj ∆nj .

383
Exemplo 20.13

Dada  
 1 −2 3 
 
A= 2 1 −1 
 

 
 
 
−2 −1 2

a) calcule detA segundo a linha 1.

Temos

detA = a11 ∆11 + a12 ∆12 + a13 ∆13 = 1 × ∆11 + (−2) × ∆12 + 3 × ∆13

onde

∆11 = (−1)1+1 detA11

∆12 = (−1)1+2 detA12

∆13 = (−1)1+3 detA13


 
1 −1 
A11 =  =⇒ detA11 = 1 × 2 − (−1) × (−1) = 1


2
 
−1
 
2 −1 
A12 =  =⇒ detA12 = 2 × 2 − (−1) × (−2) = 2


2
 
−2
 
2 1 
A13 =  =⇒ detA13 = 2 × (−1) − (−2) × 1 = 0


 
−2 −1

Portanto

detA = 1 × 1 × 1 + (−2) × (−1) × 2 + 3 × 1 × 0 = 5

384
b) segundo a coluna 2.

detA = a12 ∆12 + a22 ∆22 + a32 ∆32 = (−2) × ∆12 + 1 × ∆22 + (−1) × ∆32 .
 
2 −1 
∆12 = (−1)1+2 det  = −2


2
 
−2
 
1 3 
∆22 = (−1)2+2 det  =8


−2 2
 

 
1 3 
∆32 = (−1)3+2 det  =7


2 −2
 

Portanto

detA = (−2).(−2) + 1.8 + (−1).7 = 5

O cálculo de determinantes é bastante trabalhoso quando a ordem da matriz é grande. Porém,

pode-se reduzir bastante o trabalho, escolhendo-se a linha ou coluna que contem o maior número

de elementos nulos. Entretanto, como visto no Exemplo 20.13, pode ocorrer da matriz não

possuir elementos nulos. Neste caso, conforme a propriedade que veremos a seguir, podemos

escalonar a matriz antes de calcularmos o determinante.

Propriedade 20.3

O determinante de uma matriz não se altera se a uma linha for somada outra linha multiplicada

por uma constante.

385
Exemplo 20.14

Vamos escalonar a matriz do exemplo 20.13 e depois calcular seu determinante.

 
1 −2 3 
LN
2 = L2 − 2 × L1

A A  
=⇒ A0 = 0 5 −7 
 

 
LN
3 = L3 + 2 × L1
A A 



0 −5 8
 
 1 −2 3 
 
LN = LA +1× LA =⇒ A00 = 0 5 −7
 
 
3 3 2  
 
 
0 0 1

Aplicando a Propriedade 20.3 e desenvolvendo segundo a primeira coluna, encontramos

detA = detA00 = 1 × (−1)1+1 detA11 + 0 × (−1)2+1 detA21 + 0 × (−1)3+1 detA31

onde      
5 −7  −2 3  −2 3 
A11 =  , A21 =  , A31 = 
  
  
0 1 0 1 5 −7
     

Portanto, detA = 5.

Não coincidentemente, detA é igual ao produto a0011 × a0022 × a0033 = 1 × 5 × 1 = 5.

Este é um fato geral que simplifica o cálculo do determinante de uma matriz escalonada,

reduzindo-o ao produto dos elementos aij tais que i = j.

386
Exemplo 20.15

Calcule detA sendo  


 a11 a12 a13 a14 
 
0 a22 a23
 
 a24 
A=
 
 
 

 0 0 a33 a34 

 
 
0 0 0 a44

Aplicando sucessivamente o desenvolvimento de Laplace segundo a primeira coluna, vem

 
 a22 a23 a24 
 
det A = (−1) a11 det 
1+1
=
0 a33 a34 
 

 
 
0 0 a44

 
a33 a34 
= a11 (−1)2+2 a22 det  =


0 a44
 

= a11 a22 (−1)3+3 det(a44 ) =

= a11 a22 a33 a44 .

387
Exercı́cios

1] Escalone as matrizes

     
 1 2 −3 5   2 1 3 8   1 2 −3 5 
     
a) 2 1 1 8  b) 2 1 1 2  c) 2 1 1 8 
     
  
     
     
     
1 4 −2 12 2 1 2 5 3 3 −2 6
 
  1 2 8 
 1 2 8 

   
5 −2 4 1 −4 12 9 42 
 
   
d) 5 −2 4 e) f) 
    
    
   
3 1 9 2 −7 26 21 95
 
   
   
10 −4 3 



4 −5 −7
 
 1 2 3 1 8 
 
g) 2 1 1 2 10
 
 
 
 
 
5 4 5 5 15

2] Resolva os sistemas

  
x + 2y − 3z = 5 2x + y + 3z = 8 x + 2y − 3z = 5

 
 


 
 


 
 

  
a) 2x + y + z = 8 b) 2x + y + z = 2 c) 2x + y + z = 8

 
 


 
 

x + 4y − 2z = 12 2x + y + 2z = 5 3x + 3y − 2z = 6

 
 

  

x + 2y = 8
 


x + 2y = 8
 


 

5x − 2y = 4

 


 

d) e)
 5x − 2y = 4
3x + y = 9
 


 

10x − 4y = 3

 

 

4x − 5y = −7


388

x1 + 2x2 + 3x3 + x4 = 8
 


x1 − 4x2 + 12x3 + 9x4 = 42
 


 

f) g) 2x1 + x2 + x3 + 2x4 = 10
2x1 − 7x2 + 26x3 + 21x4 = 95

 

 

5x1 + 4x2 + 5x3 + 5x4 = 15


3] Encontre os valores de a e b para que o sistema


x − 2y + 5z = 5







 2x + ay + z = 1



5x − 10y + 7z = b


seja

a) possı́vel e determinado. b) indeterminado. c) impossı́vel.

4] Calcule det A sendo

 
 −1 2 3 −4 
 
4 2 0 0
 
 
A=
 
 
 

 −1 2 −3 0 

 
 
2 5 3 1

389
Respostas

     
 1 0 0 2   1 1
2
0 − 21   1 0 5
3
11
3 
     
1a) 0 1 0 3 b) 0 0 1 3 c) 0 1 − 73
     
     2 









 3 

     
0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 7
 
  1 0 2 
 1 2 8 

   
0 1 3 1 0 20 4 46 
 
   
d) 
 0 1 3  e) f) 
    
  
  
0 0 0 0 1 2 3 11
 
   
   
0 0 −5 



0 0 0
 
 1 0 − 31 1 4 
 
g) 0 1 0 2 
 
 5

 3 

 
0 0 0 0 11

2a) x = 2 , y = 3 , z = 1 2b) sistema indeterminado.

2c) sistema impossı́vel. 2d) sistema impossı́vel.

2e) x = 2 , y = 3 2f) sistema indeterminado.

2g) sistema impossı́vel.

3a) a 6= −4 , qualquer b.

3b) a = −4 , b = 7.

3c) a = −4 , b 6= 7.

4] det A = 372.

390
21 Limites

21.1 A ideia de Limite


Há inúmeras situações em que deseja-se determinar o comportamento das imagens f (x) de

uma função f : I ⊂ R −→ R, definida em um intervalo I, quando a variável independente x

assume valores cada vez mais próximos porém diferentes de um número real a. A análise prévia

pode ser feita sem muito formalismo construindo-se tabelas que descrevem o comportamento

da função f conforme x se aproxima de a (x → a).

Exemplo 21.1

Vamos estudar o comportamento da função f : R −→ R , f (x) = 3x + 1 , quando x se aproxima

de 2.

x 1 1.5 1.75 1.8 1.9 1.95 1.99 1.999 1.9999 1.99999

f (x) 4 5.5 6.25 6.4 6.7 6.85 6.99 6.999 6.9999 6.99999

x 3 2.5 2.25 2.1 2.05 2.025 2.01 2.001 2.0001 2.00001

f (x) 10 8.5 7.75 7.3 7.15 7.075 7.03 7.003 7.0003 7.00003

Na primeira tabela a variável x se aproxima de 2 por valores menores que 2 (x → 2− ).

A tabela sugere que f (x) se aproxima de 7 por valores menores que 7 (f (x) → 7− ).

Na segunda tabela a variável x se aproxima de 2 por valores maiores que 2 (x → 2+ ).

A tabela sugere que f (x) se aproxima de 7 por valores maiores que 7 (f (x) → 7+ ).

391
f (x)

x
2

A construção de tabelas fornece uma primeira ideia sobre comportamento de uma função mas

é necessário algo mais preciso.

Sejam f : X ⊂ R −→ R e a ∈ R tal que existam pontos do domı́nio X de f diferentes de a

porém tão próximos de a quanto quisermos.

De maneira concisa, escreveremos

lim f (x) = L
x→a

para significar que podemos fazer com que f (x) fique tão próximo do número L ∈ R quanto

quisermos desde que tomemos x suficientemente próximo de a.

Assim, no Exemplo 21.1, bastaria escrever

lim (3x + 1) = 7
x→2

para dizer que f (x) fica cada vez mais próximo de 7 à medida que tomamos x cada vez mais

próximo de 2.

392
É importante destacar que a sentença matemática

lim f (x) = L
x→a

é apenas uma forma resumida de dizer que as imagens f (x) da função f ficam cada vez mais

próximas do número L à medida que x fica cada vez mais próximo de a ou, melhor ainda,

pode-se fazer f (x) tão próximo de L quanto se desejar, bastando para isso escolher x sufi-

cientemente próximo de a, porém sempre diferente de a. Portanto, não é difı́cil compreender

o que é um limite. Em linhas gerais, um limite apenas resume o comportamento de uma função.

21.2 Limites Laterais


Quando x se aproxima de a por valores maiores que a, escreveremos x → a+ , diremos que x

tende para a pela direita e o limite será denominado limite lateral à direita. Caso x se aproxime

de a por valores menores que a, escreveremos x → a− , diremos que x tende para a pela esquerda

e o limite será chamado limite lateral à esquerda.

No exemplo 21.1, primeiramente tomamos x cada vez mais próximo de 2 porém menor que

2. Dizemos que x se aproximou de 2 ou tendeu a 2 pela esquerda e escrevemos x → 2− . Em se-

guida, tomamos x cada vez mais próximo de 2 porém maior que 2. Dizemos que x se aproximou

de 2 ou tendeu a 2 pela direita e escrevemos x → 2+

393
Exemplo 21.2

g : [0, ∞) −→ R , g(x) = x , x → 0+ .

x 4 2 1 0.5 0.25 0.1 0.01 0.001 0.0001 0.00001

g(x) 2 1.4142 1 0.7071 0.5 0.3162 0.1 0.0316 0.01 0.0031

Neste caso x só pode se aproximar de 0 por valores maiores que 0 pois valores menores que 0

não estão no domı́nio de g. A tabela sugere que g(x) se aproxima de 0.

Resumidamente

lim+ x=0
x→0

Exemplo 21.3

h : [0, 1) −→ R , h(x) = x + 2 , x → 1− .

x 0 0.125 0.25 0.5 0.75 0.9 0.99 0.999 0.9999 0.99999

h(x) 2 2.125 2.25 2.5 2.75 2.9 2.99 2.999 2.9999 2.99999

Agora x só pode se aproximar de 1 por valores menores que 1 pois valores maiores que 1

não pertencem ao domı́nio de h. A tabela sugere que h(x) se aproxima de 3.

Escrevemos

lim (x + 2) = 3
x→1−

394
Exemplo 21.4 
x−1 , x≤2



f : R −→ R , f (x) =
x+1 , x>2


y
f
se x → 2− então f (x) → 1
se x → 2+ então f (x) → 3
3

1
x
2

Neste exemplo, x pode se aproximar de 2 tanto pela esquerda quanto pela direita, produzindo

limites laterais distintos. Temos

lim f (x) = 1 e lim f (x) = 3


x→2− x→2+

O próximo teorema diz que o limite de f existe se e somente se os limites laterais existem e

todos eles são iguais.

Teorema 21.1

lim f (x) = L ⇐⇒
x→a
lim f (x) = lim− f (x) = L
x→a+ x→a

395
21.3 A Definição Formal de Limite
Diremos que x→a
lim f (x) = L quando para todo número ε > 0 dado, for possı́vel determinar um

número δ > 0 tal que

0 < |x − a| < δ =⇒ |f (x) − L| < ε

ou, usando intervalos

x ∈ (a − δ, a + δ) − {a} =⇒ f (x) ∈ (L − ε, L + ε)

Geometricamente, dado qualquer intervalo J = (L − ε, L + ε) com centro em L, é possı́vel

encontrar um intervalo I = (a − δ, a + δ) com centro em a tal que, escolhendo x ∈ I com x 6= a

teremos f (x) ∈ J.

L+ε
f (x)
L

L−ε

x
a−δ a x a+δ

Do ponto de vista prático, a definição formal de limite não é útil para o cálculo do limite L

pois, para usar a definição, L precisa ser previamente conhecido. Entretanto, a definição for-

mal permite a demonstração de vários teoremas que serão muito importantes para o cálculo de

limites.

396
21.4 Limite e Continuidade
Sob certas condições, a definição de função contı́nua dada no capı́tulo 12 pode ser reformulada

usando-se limites. Sejam I ⊂ R um intervalo e a ∈ I. Uma função f : I −→ R é continua em

a quando

lim f (x) = f (a)


x→a

Portanto, para que f seja contı́nua em a, é preciso que

(1) exista f (a) (2) exista x→a


lim f (x) (3) lim f (x) = f (a)
x→a

Nos exemplos abaixo, L = lim f (x).


x→a

y y

f f
L = f (a) L

x x
a a

f é contı́nua em a f é descontı́nua em a : f (a) não existe

y y

f (a) f
L f (a)
f

x x
a a

f é descontı́nua em a : L 6= f (a) f é descontı́nua em a : L não existe

397
21.5 Cálculo de Limites
Nesta seção, vamos focar no cálculo de limites sem a utilização de tabelas. Vamos estabelecer

resultados importantes que possibilitarão o cálculo de limites que podem ser determinados di-

retamente. Na seção 21.8, estudaremos as formas indeterminadas que constituem os casos de

maior interesse.

Teorema 21.2

Se f (x) = c ∈ R , ∀x ∈ R , então

lim f (x) = lim c = c


x→a x→a

Teorema 21.3

Seja f : R −→ R dada por f (x) = x. Então

lim f (x) = x→a


x→a
lim x = a

Teorema 21.4

Sejam x→a
lim f (x) = L , x→a
lim g(x) = M e c ∈ R. Então

(1) lim [f (x) ± g(x)] = L ± M


x→a
(2) lim [f (x).g(x)] = L.M
x→a

f (x) L
(3) lim = , desde que M 6= 0 (4) lim c.f (x) = c. lim f (x)
x→a g(x) M x→a x→a

398
Combinando os teoremas 21.2, 21.3 e 21.4, obtemos

Corolário 21.1

(1) lim x2 = a2 , lim x3 = a3 , ... , lim xn = an


x→a x→a x→a

(2) Seja p(x) = αn xn + αn−1 xn−1 + · · · + α2 x2 + α1 x + α0 . Então

lim p(x) = αn an + αn−1 an−1 + · · · + α2 a2 + α1 a + α0 = p(a)


x→a

(2) Sejam p(x) e q(x) polinômios e a ∈ R tais que q(a) 6= 0. Então

p(x) p(a)
lim =
x→a q(x) q(a)

Teorema 21.5

(1) lim bx = ba , b > 0 e b 6= 1. Em particular, lim ex = ea


x→a x→a

(2) lim logb x = logb a , b > 0 e b 6= 1. Em particular, lim ln x = ln a


x→a x→a

(3) lim senx = sena


x→a
(4) x→a
lim cosx = cosa

Teorema 21.6 / Limite da Função Composta

Sejam f e g tais que a função composta g ◦ f possa ser definida.

Se lim f (x) = L e g é contı́nua em L então


x→a

lim (g ◦ f )(x) = x→a


x→a
lim g(f (x)) = g(lim
x→a
f (x)) = g(L)

399
Exemplo 21.5

• Se lim f (x) = L então lim |f (x)| = |L|


x→a x→a

• A existência do x→a
lim |f (x)| não implica na existência do x→a
lim f (x).
x
Seja f : R∗ −→ R dada por f (x) = .
|x|
x |x| x x
Então, lim = lim = 1 mas lim+ = 1 e lim− = −1
x→0 |x| x→0 |x| x→0 |x| x→0 |x|

Exemplo 21.6

lim 5 = 5 lim x = 8 lim x2 = 52 = 25


x→2 x→8 x→5

2x3 54 27
lim 2x = 2.3 = 54
3 3
lim (x − 1) = 8
2
lim = =
x→3 x→3 x→3 x2 − 1 8 4

1 1 √
lim 2x = 2−1 = lim1 8x = 8 3 = 8=2 lim ex = eπ
3

x→−1 2 x→ 3 x→π

lim (5x3 − 6x2 + 4) = (−2)3 − 6(−2)2 + 4 = −60


x→−2

lim log3 x = log3 9 = 2 lim log x = log 1000 = 3 lim ln x = ln e = 1


x→e
x→9 x→1000


π π 2
lim senx = sen0 = 0 limπ senx = sen = 1 limπ senx = sen =
x→0 x→ 2 2 x→ 4 4 2

3π π 2
lim cosx = cos0 = 1 lim3π cosx = cos =0 limπ cosx = cos =
x→0 x→ 2 2 x→ 4 4 2

senx sen( π4 ) 2/2
limπ tgx = limπ = π =
√ =1
x→ 4 x→ 4 cosx cos( 4 ) 2/2

400
√ √ √ √ √ √
lim = lim x2 − 1 = 35 lim x2 − 12 = 3 −8 = −2
3

x→a
x a
x→6 x→−2

lim+ (x − 5) = 0+ lim− (x − 5) = 0−
x→5 x→5

lim (x + 2) = 0+ lim (x + 2) = 0−
x→−2+ x→−2−

lim (x2 − 4) = 0− lim (x2 − 4) = 0+


x→−2+ x→−2−

lim ln(cos(x2 )) = ln(cos0) = ln 1 = 0


x→0

Exemplo 21.7

Determine a e b para que a função f : R −→ R definida por


x2 − a , x < −1







f (x) = b , x = −1




1 − x , x > −1


seja contı́nua e esboce o gráfico de f .

Para x < −1 ou x > −1, f é polinomial e, portanto, contı́nua.

Para que f seja contı́nua em R é preciso que

lim f (x) = f (−1) = b


x→−1

Temos que

lim f (x) = lim + (1 − x) = 2


x→−1+ x→−1

401
Dai

lim − f (x) = lim − (x2 − a) = 1 − a = 2 =⇒ a = −1


x→−1 x→−1

Finalmente

b = lim f (x) = 2
x→−1

x2 + 1

x
−1
1−x

402
21.6 Limites no infinito
Outra questão que pode ser de grande interesse é saber como se comporta f (x) quando x cresce

ou decresce indefinidamente, situações em que dizemos que x tende ao infinito ou a menos

infinito e anotamos x → ∞ ou x → −∞, respectivamente. O teorema 21.4 continua válido nos

casos em que x → ∞ ou x → −∞.

Exemplo 21.8
1 1
Sejam f, g : R − {0} −→ R definidas por f (x) =
e g(x) = 2 .
x x
Tanto f quanto g tem o numerador constante. Portanto, se x aumentar, a fração diminuirá

se aproximando cada vez mais de zero. Entretanto, se x for negativo, a imagem f (x) será

negativa. Assim
1 1 1
lim = 0+ , lim = 0− , lim =0
x→∞ x x→−∞ x x→±∞ x2

Exemplo 21.9

Os limites lim senx e lim cosx não existem.


x→±∞ x→±∞

Aqui, x → ∞ significa dar voltas no cı́rculo trigonométrico no sentido trigonométrico (sentido

anti-horário), tomando arcos cada vez maiores e x → −∞ significa dar voltas no sentido anti-

trigonométrico (sentido horário), tomando arcos cada vez menores. Em ambos os casos, tanto

senx quanto cosx vão assumindo valores que variam no intervalo [−1, 1] e, portanto, não se

aproximam de nenhum número real fixo.

403
Exemplo 21.10

Sejam c ∈ R e n ∈ N. Então

c
(1) lim =0
x→±∞ xn

(2) lim (an xx + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0 ) =


x→±∞

an−1 a2 a1 a0
 
= lim xn an + + · · · + n−2 + n−1 + n = lim an xn
x→±∞ x x x x x→±∞

an xx + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0
(3) lim =
x→±∞ bp xp + bp−1 xp−1 + · · · + b2 x2 + b1 x + b0

an−1 a2 a1 a0
 
x an +
n
+ · · · + n−2 + n−1 + n n
= lim x x x x ! = lim an x
x→±∞ bp−1 b2 b1 b0 x→±∞ bp xp
x p bp + + · · · + p−2 + p−1 + p
x x x x

Os itens (2) e (3) dizem que quando um limite no infinito (x → ±∞) envolve um polinômio ou

uma função racional, basta analisar o(s) termo(s) de mais alto grau. No infinito, o termo de

mais alto grau dita o comportamento do polinômio, não sendo necessário considerar os demais.

404
21.7 Limites Infinitos
Em todas as situações vistas até aqui, f (x) se aproxima de um número L, isto é, f (x) → L,

quando x → a ou x → ±∞. Vamos ver agora a situação em que f (x) cresce indefinidamente

(f (x) → ∞) ou decresce indefinidamente (f (x) → −∞).

Um exemplo imediato é f : R −→ R dada por xn , n ∈ N. É claro que se x → ∞ então

f (x) → ∞. Por outro lado, se x → −∞ então f (x) → ∞ se n for par e f (x) → −∞ se n for

ı́mpar. Escreveremos

lim f (x) = ±∞
x→±∞

conforme o caso.

Pode ocorrer f (x) → ±∞ quando x → a. Escreveremos

lim f (x) = ±∞
x→a

conforme o caso.

Exemplo 21.11

1 1 1
lim+ =∞ lim− = −∞ lim =∞
x→0 x x→0 x x→0 x2

lim (5x4 − 3x3 + x2 − 4x + 10) = x→∞


x→∞
lim 5x4 = ∞

lim (−3x3 + x2 − x + 2) = lim (−3x3 ) = ∞


x→−∞ x→−∞

lim (x3 + x2 − x) = lim x3 = −∞


x→−∞ x→−∞

405
5x4 − 3x3 + x2 − 4x + 10 5x4 5x
 
lim = lim = lim − = −∞
x→∞ −3x + x − x + 2
3 2 x→∞ −3x 3 x→∞ 3

5x4 − 3x3 + x2 − 4x + 10 5x4


lim = lim = lim 5x2 = ∞
x→−∞ x2 + 2 x→−∞ x2 x→−∞

7x2 − 8x + 9 7x2 7
lim = lim = lim =0
x→±∞ 5x6 + 2x3 x→±∞ 5x6 x→±∞ 5x4

7x2 − 8x + 9 7x2 7 7
lim = lim = lim =
x→±∞ 5x + 2x
2 x→±∞ 5x 2 x→±∞ 5 5

−∞ , b > 1



lim+ logb x =
x→0
∞ , 0<b<1




∞ , b>1



lim logb x =
x→∞
−∞ , 0 < b < 1




∞ , a>1



lim ax = 
x→∞   0 , 0<a<1

 0 , a>1


lim ax =
x→−∞
∞ , 0<a<1


lim tgx = ∞
x→( π2 )−

lim tgx = −∞
x→( π2 )+

406
Operações na Forma Simbólica

Suponhamos que f e g sejam funções que cresçam quando, digamos, x → a. Então, não é difı́cil

deduzir que a soma f + g também crescerá. Para descrever uma situação como esta, escrevemos

lim [f (x) + g(x)] = ∞ + ∞ = ∞


x→a

Do ponto de vista algébrico, a operação ∞ + ∞ = ∞ não faz sentido pois, caso contrário,

concluirı́amos ∞ = 0 ou 2 = 1. A operação ∞ + ∞ = ∞ apenas descreve o comportamento

da soma de duas funções que crescem. A seguir, apresentamos algumas operações na forma

simbólica, onde L ∈ R deve ser entendido como um limite.

∞+∞=∞ ∞×∞=∞

∞+L=∞ 
∞ , L>0



−∞ + L = −∞ ∞×L=

 −∞ , L < 0
−∞ − ∞ = −∞

 
∞ , L>1 ∞ , L>0

 

 
L∞ =

=

0 , 0<L<1 L
−∞ , L < 0

 

L L(6= 0)
∞r = ∞ , r > 0 =0 = ±∞
±∞ 0±
(−∞)n = ∞ , n par ∞
= ±∞

(−∞)n = −∞ , n ı́mpar

407
Exemplo 21.12

2x + 3 7 2x + 3 7
(1) lim+ = + =∞ lim− = − = −∞
x→2 x−2 0 x→2 x−2 0

x −∞ −∞ −∞
(2) lim = = = = −∞
x→−∞ 3 + 2 x 3 + 1/2∞ 3 + 1/∞ 3+0

3 1 3
 x  ∞
(3) lim + = +0 =0
x→∞ 5 x 5

(4) lim (x3 + 3x + 3) = ∞ + ∞ + 3 = ∞


x→∞

−4 + (9/10)x −4 + 0
(5) lim x
= =0
x→∞ e ∞

√ √
(6) lim x3 + 3 x + 3 = 5 ∞ = ∞
5

x→∞

(7) lim (x3 + 3x + 3)3 = (−∞ + 0 + 3)3 = −∞


x→−∞

6 1
 
(8) lim 2 + 4 =2+∞=∞
x→0 x + 3 x

408
21.8 Formas Indeterminadas
São sete as formas indeterminadas

0 ±∞
, , 0 × ∞ , 1∞ , ∞0 , 00 , ∞ − ∞
0 ±∞

Essas formas são ditas indeterminados porque ao calcularmos um limite, se uma dessas ex-

pressões surgir, nada poderá ser afirmado pois o limite poderá assumir qualquer valor real,

poderá ser ±∞ ou mesmo nem existir dependendo das funções envolvidas.

Exemplo 21.13

(1) Seja c um número real qualquer. Sejam f (x) = cx e g(x) = x.


f (x) 0
Então lim f (x) = 0 , lim g(x) = 0 e lim =
x→0 x→0 x→0 g(x) 0
Por outro lado, simplificando as expressões antes de calcularmos o limite obtemos

f (x) cx
lim = lim = lim c = c
x→0 g(x) x→0 x x→0

(2) Sejam f (x) = x2 e g(x) = x.


f (x) 0
Então lim f (x) = 0 , lim g(x) = 0 e lim =
x→0 x→0 x→0 g(x) 0
Por outro lado
f (x) x2
lim = lim = lim x = 0
x→0 g(x) x→0 x x→0

(3) Sejam f (x) = x2 e g(x) = x4 .


f (x) 0
Então lim f (x) = 0 , lim g(x) = 0 e lim =
x→0 x→0 x→0 g(x) 0
Por outro lado
f (x) x2 1
lim = lim 4 = lim 2 = ∞
x→0 g(x) x→0 x x→0 x

409
Exemplo 21.14
1
(1) Sejam f (x) = 2 x e g(x) = x2 .

Então x→∞
lim f (x) = 1 , x→∞
lim g(x) = ∞ e x→∞
lim [f (x)]g(x) = 1∞

Simplificando antes de calcularmos o limite obtemos

1 2
lim [f (x)]g(x) = lim [2 x ]x = lim 2x = ∞
x→∞ x→∞ x→∞

1
(2) Sejam f (x) = 2 x e g(x) = x2 .

Então lim f (x) = 1 , lim g(x) = ∞ e lim [f (x)]g(x) = 1∞


x→−∞ x→−∞ x→−∞

Por outro lado, simplificando antes de calcularmos o limite obtemos

1 2
lim [f (x)]g(x) = lim [2 x ]x = lim 2x = 0
x→−∞ x→−∞ x→−∞

1
(3) Sejam f (x) = 2 x e g(x) = x.

Então lim f (x) = 1 , lim g(x) = ∞ e lim [f (x)]g(x) = 1∞


x→∞ x→∞ x→∞

Por outro lado


1
lim [f (x)]g(x) = lim [2 x ]x = lim 2 = 2
x→∞ x→∞ x→∞

senx
(4) Sejam f (x) = 2 x e g(x) = x.

Então x→∞
lim f (x) = 1 , x→∞
lim g(x) = ∞ e x→∞
lim [f (x)]g(x) = 1∞

Por outro lado


senx
lim [f (x)]g(x) = lim [2 x ]x = lim 2senx
x→∞ x→∞ x→∞

Este último limite não existe.

410
Exemplo 21.15

Sejam p(x) = x2 − 3x + 2 e q(x) = x2 + x − 6. Temos que p(2) = q(2) = 0.

Então
p(x) p(2) 0
lim = lim =
x→2 q(x) x→2 q(2) 0

Fatorando p(x) e q(x) obtemos

p(x) = (x − 2)(x − 1) e q(x) = (x − 2)(x + 3)

Daı́
p(x) x2 − 3x + 2 (x − 2)(x − 1) x−1 1
lim = lim 2 = lim = lim =
x→2 q(x) x→2 x + x − 6 x→2 (x − 2)(x + 3) x→2 x + 3 5

Exemplo 21.16

Temos que
x−3 0
L = lim √ √ =
x→3 x− 3 0

√ √
x+ 3
Multiplicando o limite por √ √ = 1 obtemos
x+ 3

√ √ √ √
x−3 x+ 3 (x − 3)( x + 3) √ √ √
L = lim √ √ ×√ √ = lim = lim ( x + 3) = 2 3
x→3 x− 3 x + 3 x→3 x−3 x→3

411
Exemplo 21.17

Temos que
sen2 x 0
L = lim =
x→0 1 − cosx 0

Mas, sen2 x = 1 − cos2 x. Daı́

1 − cos2 x (1 − cosx)(1 + cosx)


L = lim = lim = lim (1 + cosx) = 2
x→0 1 − cosx x→0 1 − cosx x→0

Exemplo 21.18

Temos

L = x→∞
lim ( x2 − 5x + 6 − x) = ∞ − ∞

ou


√ x2 − 5x + 6 + x x2 − 5x + 6 − x2
L = lim ( x2 − 5x + 6 − x) × √ 2 = lim √ 2 =
x→∞ x − 5x + 6 + x x→∞ x − 5x + 6 + x

6 − 5x −∞
= x→∞
lim √ =
x2 − 5x + 6 + x +∞

Dividindo o numerador e denominador da fração no último limite por x

6 6 6
−5 −5 −5 5
L = lim √ 2 x = lim s x = lim s x =−
x→∞ x − 5x + 6 x→∞
x − 5x + 6
2 x→∞ 5 6 2
+1 + 1 1 − + + 1
x x2 x x 2

412
Exemplo 21.19

Temos

3
x−1 0
L = lim √ =
x→1 4 x − 1 0

Pondo x = t12 segue que x → 1 =⇒ t → 1. Daı́


t −1 t4 − 1 (t − 1)(t3 + t2 + t + 1) 4
3 12

L = lim √ = lim = lim =


t − 1 t→1 t − 1 t→1 (t − 1)(t + t + 1)
3 2 3
4 12
t→1

Limite Trigonométrico Fundamental

É o limite

senx sen(f (x))


lim =1 ou lim =1 se lim f (x) = 0
x→0 x x→a f (x) x→a

Exemplo 21.21

sen(x − 5) 0
L = lim =
x→5 x−5 0

Pondo t = x − 5 segue que x → 5 =⇒ t → 0.

Daı́
sent
L = lim = 1.
t→0 t

413
Exemplo 21.22

Sejam a, b ∈ R∗ . Então

sen(ax) 1 sen(ax) a sen(ax) a sen(ax) a


lim = lim × = lim × = × lim =
x→0 bx x→0 b x x→0 b ax b x→0 ax b

Exemplo 21.23

Vamos mostrar que a função seno é contı́nua em R.

senx
  
(1) lim senx = lim x =0×1=0
x→0 x→0 x


(2) lim cosx = lim 1 − sen2 x = 1
x→0 x→0

(3) lim senx = lim sen(t + a) = lim(sentcosa + senacost) = sena.


x→a t→0 t→0

Limite Exponencial Fundamental

É o limite

1
 x
1
lim 1+ = lim (1 + x) x = e
x→±∞ x x→0

414
Exemplo 21.24

3
 2x
L = x→∞
lim 1+ = 1∞ .
x

3 3
Pondo = t ou x = segue que x → ∞ =⇒ t → 0 .
x t

Daı́
3 1
L = lim(1 + t)2( t ) = lim[(1 + t) t ]6 = e6
t→0 t→0

Exemplo 21.25

b
L = lim (1 + ax) x = 1∞ .
x→0

t
Pondo ax = t ou x = segue que x → 0 =⇒ t → 0 .
a

Daı́
b ab 1
L = lim(1 + t) t/a = lim[(1 + t) t ] = lim[(1 + t) t ]ab = eab
t→0 t→0 t→0

415
Exemplo 21.26

ax − 1 0
(1) L = lim =
x→0 x 0

Pondo y = ax − 1 temos que x = loga (y + 1) e y → 0 quando x → 0 .

Daı́

y 1 1 1
L = lim = lim = lim = =
y→0 loga (y + 1) y→0 log a (y + 1) y→0 loga (y + 1) 1/y
loga lim (y + 1)1/y
y→0
y
1
= = ln a.
loga e

101/x − 1 10t − 1
(2) M = x→∞
lim = lim = ln 10.
1/x t→0 t

Exemplo 21.27

x+2
L = lim (x − 5) x−6 = 1∞ .
x→6

x+2
O limite L pode ser reescrito como L = lim (x − 6 + 1) x−6 .
x→6

Agora, pondo t = x − 6 segue que x = t + 6 ou x + 2 = t + 8 .

Daı́
t+8 t 1
L = lim(t + 1) t = lim(1 + t)1+ 8 = lim(1 + t)[(1 + t) t ]8 = e8
t→0 t→0 t→0

416
21.9 Teoremas Adicionais

Teorema 21.7 - Teorema do Sanduı́che

Sejam f , g e h funções tais que lim f (x) = lim h(x) = L e f (x) ≤ g(x) ≤ h(x).
x→a x→a

Então

lim g(x) = L.
x→a

Exemplo 21.28
1 1
   
Sendo −1 ≤ sen ≤ 1 segue que x > 0 =⇒ −x ≤ x.sen ≤ x.
x x
Daı́
1
 
lim+ x.sen =0
x→0 x

Teorema 21.8

Se lim f (x) = 0 e g é uma função limitada então


x→a

lim f (x).g(x) = 0
x→a

Exemplo 21.29

A função seno é limitada e lim x = 0.


x→0

Logo
1
 
lim x.sen =0
x→0 x

417
21.10 Assı́ntotas

Assı́ntota é uma reta da qual o gráfico de uma função f se aproxima quando x → a+ ou

x → a− ou x → ±∞.

Assı́ntota Horizontal

A reta y = b é uma assı́ntota horizontal do gráfico de f se

lim f (x) = b
x→∞
ou lim f (x) = b
x→−∞

Assı́ntota Vertical

A reta x = a é uma assı́ntota vertical do gráfico de f se

lim f (x) = ±∞ ou lim f (x) = ±∞


x→a+ x→a−

Exemplo 21.30
2x2
Seja f : R − {±1} −→ R dada por .
x2 − 1

Temos

2x2 2x2
lim f (x) = lim = lim =2
x→±∞ x→±∞ x2 − 1 x→±∞ x2

2x2 2 2x2 2
lim+ f (x) = lim+ = + = +∞ lim− f (x) = lim− = − = −∞
x→1 x→1 x −1
2 0 x→1 x→1 x −1
2 0

2x2 2 2x2 2
lim f (x) = lim + 2 = − = −∞ lim f (x) = lim − 2 = + = +∞
x→−1+ x→−1 x − 1 0 x→−1− x→−1 x − 1 0

418
Portanto, a reta y = 2 é assı́ntota horizontal do gráfico de f e as retas x = 1 e x = −1 são

assı́ntotas verticais do gráfico de f .

Usando f (0) = 0 e as assı́ntotas, é possı́vel se ter uma ideia do gráfico.

x
−1 1

419
Exercı́cios

1] Calcule os limites

a) lim (x + 5) b) lim (2x − 1)


x→1 x→5

c) lim (x2 + x + 1) d) lim (x3 − x2 + x + 1)


x→−1 x→1

x2 − 9 x+1
e) lim f) lim
x→3 x + 3 x→−1 x−1

|x|
2] Seja f : R∗ −→ R dada por f (x) = . Determine lim f (x).
x x→0

3] Calcule os limites

(1000)1000 1
a) lim b) lim √
x→∞ x x→−∞ x2 + 1
s
x2 − 1 (10)10
c) lim d) lim
x2 + 1
q
x→∞ x→∞
x − (10)10

4] Calcule os limites

a) lim (x3 + 4x2 + 5x + 1) b) lim (2x4 + x2 − 1000)


x→∞ x→−∞


c) lim (5x3 + 2x + 1) d) lim x5 + x4 + 3x
3

x→−∞ x→−∞

420
2x + 1 4x + 3
e) lim f) lim
x→∞ 3x + 1 x→−∞ 5x − 1

5x4 − 7x + 1 3x5 + x4 − 8x3 + 2


g) lim h) lim
x→∞ 15x4 + 8x2 + 5 x→−∞ 4x4 − x3 − x2 + x − 1

8x2 + 4x + 5 (x + 1)(2x + 1)(3x + 1)


i) lim j) lim
x→∞ 2x3 + 8x + 3 x→∞ (x − 1)(2x − 1)(3x − 1)
√ √
4x2 + 3x + 1 3x + x2 + 1
k) lim √ 2 l) lim √
x→∞ 9x + 5x + 4 x→∞ 2x + 4x2 + 1

5] Determine os limites

1 1
a) lim+ b) lim−
x→0 x3 x→0 x3

(−5) (−5)
c) lim− d) lim+
x→0 x x→0 x

10 10
e) lim+ f) lim−
x→1 x−1 x→1 x−1

1 1
g) lim+ h) lim−
x→2 x2 −4 x→2 x2 −4

1 1
i) lim + j) lim −
x→−2 x2 −4 x→−2 x2 −4

x x
k) lim + l) lim −
x→−2 x2 −4 x→−2 x2 −4

421
6] Calcule

2 2
a) lim 2x
x→∞
b) lim 2x c) x→∞
lim 2x d) lim 2x
x→−∞ x→−∞

2 2 3 3
 x  x  x  x
e) lim f) lim g) lim h) lim
x→∞ 3 x→−∞ 3 x→∞ 2 x→−∞ 2

√ 1
i) lim 5 j) lim− 5 x
x

x→∞ x→0

7] Calcule


a) lim+ log2 x b) lim+ log 1 x c) lim log 7
x d) lim ln x
x→0 x→0 2 x→∞ x→∞

1 1
e) lim log 1 f) lim
√ log 1
x→0 5 x2 x→ 5 5 x2

8] Calcule

1 1
1 1
 
x x 1 1
a) lim+ b) lim− c) lim+ (x2 − 4) x−2 d) lim− (x2 − 4) x−2
x→0 x2 x→0 x2 x→2 x→2

9] Calcule

s
x3 + 2x2 + 3x + 2 2x2 − x x2 − 1
a) lim b) lim
√ c) lim
x→−2 x2 + 4x + 3 x→ 2 3x x→1 x − 1


x+1−2 6x2 + 11x + 6 x−2
d) lim e) lim3 f) lim √
x→3 x−3 x→− 2 2x2 − 5x − 12 x→2 3
3x − 5 − 1

422

x−8 2x + 5 |x − 4|
g) lim √ h) lim √ 2 i) lim−
x→64 3
x−4 x→∞ 2x − 5 x→4 x−4

4x − 3 + |x − 1|
j) lim
x→−∞ x+2

(3 + h)2 − 9 x2 + 3x
k) lim l) lim+
h→0 h x→2 x2 − 4

10] Calcule os limites

q √ √ (5x10 + 32)3
a) lim x( x + 3 − x − 2) b) lim
x→∞ x→∞ (1 − 2x6 )5

√ q
√ q √ 
c) lim
x→∞
( x2 + x − x) d) lim
x→∞
x+ x− x− x

11] Calcule

x x−π
 
a) limπ sen − cosx + tgx b) lim
x→ 3 2 x→π tgx

sen2 x cosx − 1
c) lim d) lim
x→0 x x→0 x

cosx − 1 sen3x
e) lim f) lim
x→0 x2 x→0 sen4x

sen2x senx
g) lim h) lim
x→0 senx x→∞ x

423
12] Calcule

1 3 2
 2x  x  3x
a) lim 1+ b) lim 1+ c) lim 1−
x→∞ x x→−∞ x x→−∞ x
!x2
x−3 x2 + 1 23x − 1
 x
d) lim e) lim f) lim
x→−∞ x+2 x→−∞ x2 − 3 x→0 x

32x − 1 ex − e2 ln(1 + 2x)


g) lim h) lim i) lim
x→0 25x − 1 x→2 x − 2 x→0 x

ln(1 + 3x)
j) lim
x→0 4x

f (x) f (x2 − 1)
13] Seja f : R −→ R tal que lim = 0. Calcule L = lim
x→0 x x→1 x−1

1
  
x cos
2
, x 6= 0



14] Calcule k para que f : R −→ R definida por f (x) =  x
k , x=0


seja contı́nua em R.

15] Explique por que a função


 é descontı́nua no número a dado.
 3x + 2 , x < −2


a) f : R −→ R , f (x) = 
 x2 + 3x − 1 , x ≥ −2

a = −2

2x + 1 , x < 1 ou x > 1



b) f : R −→ R , f (x) =
1 , x=1 a=1


1
c) f : R − {2} −→ R , f (x) = a=2
x−2

424
16] Determine as assı́ntotas das funções definidas por

2 |x − 1|
a) f (x) = b) f (x) =
x−5 |x| − 1

x2 − 4 x+9
c) f (x) = d) f (x) =
x−3 x2 − 81

425
Respostas

1a) 6 1b) 9 1c) 1 1d) 2 1e) 0 1f) 0


1 , x>0



2) f (x) =
−1 , x < 0


Daı́, lim f (x) = 1 e lim f (x) = −1. Portanto, não existe lim f (x).
x→0+ x→0− x→0

3a) 0 3b) 0 3c) 1 3d) 0

4a) ∞ 4b) ∞ 4c) −∞ 4d) −∞ 4e) 3/2 4f) 4/5

4g) 1/3 4h) −∞ 4i) 0 4j) 1 4k) 2/3 4l) 1

5a) ∞ 5b) −∞ 5c) ∞ 5d) −∞ 5e) ∞ 5f) −∞

5g) ∞ 5h) −∞ 5i) −∞ 5j) ∞ 5k) ∞ 5l) −∞

6a) ∞ 6b) 0 6c) ∞ 6d) ∞ 6e) 0 6f) ∞

6g) ∞ 6h) 0 6i) 1 6j) 0

7a) −∞ 7b) ∞ 7c) ∞ 7d) ∞ 7f) −∞ 7g) 1

8a) ∞ 8b) 0 8c) 0 8d) ∞


2 2−1
9a) 2 9b) 9c) 2 9d) 1/4 9e) 7/11 9f) 1
3

9g) 3 9h) 2 9i) −1 9j) 3 9k) 6 9l) ∞

426
125 1
10a) ∞ 10b) − 10c) 10d) 1
32 2


11a) 3 11b) 1 11c) 0 11d) 0
1 3
11e) − 11f) 11g) 2 11h) 0
2 4

12a) e2 12b) e3 12c) e−6 12d) e−5


2 ln 3
12e) e4 12f) ln 8 12g) 12h) e2
5 ln 2
3
12i) 2 12j)
4

13) L = 0 14) k = 0

15a) lim f (x) = lim − (3x + 2) = −4 6= −3 = lim + f (x) = lim + (x2 + 3x − 1)


x→−2− x→−2 x→−2 x→−2

15b) lim f (x) = 3 6= 1 = f (1)


x→1

15c) Não existe f (2) e não existe lim f (x)


x→2

16a) Assı́ntota vertical : x = 5. Assı́ntota horizontal : y = 0

16b) Assı́ntota vertical : x = −1. Assı́ntota horizontal : y = 1

16c) Assı́ntota vertical : x = 3

16d) Assı́ntota vertical : x = 9. Assı́ntota horizontal : y = 0

427
22 Introdução ao Estudo das Derivadas

22.1 Definição de Derivada


Dada uma função f : (a, b) −→ R, a derivada de f em um ponto c ∈ (a, b), denotada por f 0 (c),

é o limite
f (c + h) − f (c)
f 0 (c) = lim
h→0 h

que, pondo x = c + h, pode ser reescrito como

f (x) − f (c)
f 0 (c) = x→c
lim
x−c

uma vez que x − c = h e x → c quando h → 0.

Três perguntas surgem neste momento :

(1) o que representa a derivada f 0 (c) ?

(2) porque f 0 (c) é um limite ?


f (c + h) − f (c)
(3) qual a explicação para expressão dentro do limite ? Porque não é, por
h
exemplo, [f (x + c) + f (c)]h ?

Para respondermos a essas perguntas, consideremos um carro em movimento retilı́neo que

parte da cidade A às 13 hs e chega à cidade B, distante 180 km de A, às 16 hs. A velocidade

média deste carro é


180
vm = = 60 km/h
3

que é a velocidade que, se mantida constante por 3 horas, permitiria o carro completar o trajeto

entre as cidades A e B.

Agora, suponhamos que desejássemos saber a velocidade do carro exatamente às 14 hs, cha-

428
mada velocidade instantânea. A velocidade média, única informação disponı́vel até este ponto,

não fornece ideia alguma sobre a velocidade do carro exatamente às 14 hs. O carro poderia

até mesmo estar parado às 14 hs. Porém, se conhecêssemos a posição do carro em momentos

próximos das 14 hs, poderı́amos ter uma estimativa melhor da velocidade neste instante. Di-

gamos que às 14:05 o carro estivesse a 6 km da cidade A. A velocidade média neste intervalo

seria
6
vm = = 72 km/h
1/12

que ainda diz pouco sobre a velocidade às 14 hs. Suponhamos então que às 14:01 o carro

estivesse a 500 m da cidade A. Terı́amos

1/2
vm = = 30 km/h
1/60

que fornece uma aproximação razoável para a velocidade às 14 hs. O processo consiste então em

tomarmos intervalos de tempo cada vez menores, calcularmos a velocidade média nestes inter-

valos e aproximarmos a velocidade instantânea por essas velocidades médias. Intuitivamente,

percebemos que quanto menor o intervalo de tempo considerado mais próxima da realidade

estará a velocidade média calculada.

Suponhamos agora que a posição de um carro no instante t seja dada pela função s : [0, T ] −→ R

onde T é o momento em que o movimento deixa de ser observado. O espaço percorrido pelo

carro entre os instantes t1 e t2 é

∆s = s(t2 ) − s(t1 )

e o intervalo de tempo decorrido é ∆t = t2 − t1 .

A velocidade média do carro entre t1 e t2 é

∆s s(t2 ) − s(t1 )
vm = =
∆t t2 − t1

429
Aproximaremos então a velocidade instantânea no instante t, que denotaremos por v, pela

velocidade média entre os instantes t e t + ∆t

s(t + ∆t) − s(t)


v ≈ vm =
∆t

Quanto menor for ∆t melhor será a aproximação que obteremos para v. A velocidade exata v

é dada por
s(t + ∆t) − s(t)
v = s0 (t) = lim
∆t→0 ∆t

que é exatamente o limite que aparece na definição de derivada.

As perguntas (2) e (3) ficam automaticamente respondidas. Quanto à pergunta (1), a derivada

de uma função em um ponto depende do que a função representa. No caso que acabamos de

analisar, a função s = s(t) representa a posição de um objeto no instante t e a derivada s0 (t)

representa a velocidade instantânea do objeto em t. Por outro lado, se v = v(t) fornece a

velocidade do objeto em t então v 0 (t) representará a aceleração deste objeto em t.

Exemplo 22.1

A posição de um objeto é dada por s = s(t) = s0 + v0 t + 12 αt2 onde s0 , v0 e α são constantes

conhecidas. A velocidade v(t) deste objeto no instante t é dada por

s(t + ∆t) − s(t) s0 + v0 (t + ∆t) + 21 α(t + ∆t)2 − (s0 + v0 t + 21 αt2 )


v(t) = s (t) = lim
0
= lim =
∆t→0 ∆t ∆t→0 ∆t

v0 ∆t + αt∆t + 12 α(∆t)2 1
= lim = lim (v0 + αt + α∆t) = v0 + αt
∆t→0 ∆t ∆t→0 2

430
e a aceleração a(t) é

v(t + ∆t) − v(t) v0 + α(t + ∆t) − (v0 + αt) α∆t


a(t) = v 0 (t) = s00 (t) = lim = lim = lim =α
∆t→0 ∆t ∆t→0 ∆t ∆t→0 ∆t

onde v 0 é a derivada de s0 , denotada por s00 e denominada derivada segunda de s.

22.2 A Derivada como Taxa de Variação


A derivada pode também ser interpretada como taxa de variação. Por exemplo, se a velocidade

instantânea de um objeto é, digamos, 80 km/h, isto significa que a posição do objeto variará

em 80 km a cada hora. De modo geral, se y = f (x) então, quando x varia de a até a + ∆x, a

variação de y é ∆y = f (a + ∆x) − f (a) e a taxa média de variação de y por unidade de variação

de x é
∆y f (a + ∆x) − f (a)
=
∆x ∆x

A taxa instantânea de variação de y em x = a é

f (a + ∆x) − f (a)
f 0 (a) = lim
∆x→0 ∆x

Exemplo 22.2
100
A corrente I, medida em amperes, num circuito elétrico é dada por I = I(R) = onde R é
R
a resistência, medida em ohms. Qual a taxa de variação de I em relação a R quando R = 20

ohms ?

A taxa de variação de I em relação a R é

100 100
I(R + h) − I(R) − 100 100
!
I (R) = lim
0
= lim R+h R
= lim − =−
h→0 h h→0 h h→0 R(R + h) R2

431
Portanto, quando R = 20, a corrente I decresce à taxa de 0.25 amperes por ohm.

22.3 Interpretação Geométrica


Sejam P = (a, f (a)) e Q = (a + h, f (a + h)) pontos do gráfico de uma função f .

y T
S0
S
Q
f (a + h) f
Q0

P α
f (a)

x
a a+h

O coeficiente angular da reta secante S que passa por P e Q é

f (a + h) − f (a)
mS = tgα =
h

Fazendo h → 0 segue que a + h → a, f (a + h) → f (a), o ponto Q → P e a secante S se

aproxima da reta tangente T ao gráfico de f no ponto P .

O coeficiente angular da tangente T é dado por

f (a + h) − f (a)
mT = lim mS = lim = f 0 (a)
h→0 h→0 h

432
Portanto, a derivada f 0 (a) pode ser interpretada como o coeficiente angular da reta tangente

T ao gráfico de f no ponto (a, f (a)).

Se (x, y) ∈ T então
y − f (a)
mT = f 0 (a) =
x−a

A equação de T fica

y = f (a) + f 0 (a)(x − a)

Exemplo 22.3

Encontre a equação da reta tangente ao gráfico de f : R −→ R, f (x) = x2 , no ponto (1,1).

y (1 + h)2 − 12
mT = lim = lim (2 + h) = 2
h→0 h h→0

Equação de T

y = 1 + 2(x − 1) = 2x − 1
x

22.4 Regras de Derivação


Regras de derivação podem ser obtidas através do cálculo do limite que define a derivada. Uma

vez estabelecidas, o cálculo de derivadas se resume à aplicação dessas regras sem a necessidade

de recorrer à definição de derivada e, consequentemente, ao cálculo de limites.

433
f (x) f 0 (x) f (x) f 0 (x)

c.g(x) c.g 0 (x) g(x) + h(x) g 0 (x) + h0 (x)

g(x) g 0 (x)h(x) − g(x)h0 (x)


g(x)h(x) g 0 (x)h(x) + g(x)h0 (x)
h(x) [h(x)]2

c 0 x 1

√ 1
x √ xr rxr−1
2 x

ax ax ln a ex ex

1 1
loga x ln x
x ln a x

1
senx cosx arcsenx √
1 − x2

−1
cosx −senx arccosx √
1 − x2

1
tgx sec2 x arctgx
1 + x2

Exemplo 22.4

Sejam f , g e h funções tais que f (x) = g(x) + h(x). Supondo conhecidas g 0 (x) e h0 (x), encontre

f 0 (x).

f (x + ∆x) − f (x) g(x + ∆x) + h(x + ∆x) − (g(x) + h(x))


f 0 (x) = lim = lim =
∆x→0 ∆x ∆x→0 ∆x

g(x + ∆x) − g(x) h(x + ∆x) − h(x)


" #
= lim + = g 0 (x) + h0 (x)
∆x→0 ∆x ∆x

434
Exemplo 22.5

Vamos calcular a derivada de f (x) = xn onde n ∈ N.

Sabemos do capı́tulo 3 que

n
(a + b)n = Cni an−i bi = an + nan−1 b + Cn2 an−2 b2 + · · · + nabn−1 + bn
X

i=0

Daı́

(x + h)n = xn + nxn−1 h + Cn2 xn−2 h2 + · · · + nxhn−1 + hn

Consequentemente

(x + h)n − xn
= nxn−1 + Cn2 xn−2 h + · · · + nxhn−2 + hn−1
h

Portanto
f (x + h) − f (x) (x + h)n − xn
f 0 (x) = lim = lim = nxn−1
h→0 h h→0 h

Derivada de um polinômio

Seja p(x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0 .

Então

p0 (x) = nan xn−1 + (n − 1)an−1 xn−2 + · · · + 2a2 x + a1

435
Exemplo 22.6

f (x) = 5x7 − 7x3 + 4x + 88 =⇒ f 0 (u) = 35x6 − 21x2 + 4.

1
g(x) = ln x + 2senx + 5x =⇒ g 0 (x) = + 2cosx + 5x ln 5.
x

√ 1 1 1 1 1
h(x) = x = x2 =⇒ h0 (x) = 21 x 2 −1 = 12 x− 2 = = √ .
2x 2 x
1
2

F (x) = (2x + 3)(ex + 5x) =⇒ F 0 (x) = (2x + 3)0 (ex + 5x) + (2x + 3)(ex + 5x)0 =

= 2(ex + 5x) + (2x + 3)(ex + 5).

Exemplo 22.7
senx
A derivada da tgx = pode ser obtida aplicando-se a Regra do Quociente.
cosx
De fato

senx (senx)0 cosx − senx(cosx)0 cos2 x + sen2 x 1


 0
(tgx) =
0
= = = = sec2 x
cosx cos x
2 cos x
2 cos x
2

436
22.5 Regra da Cadeia
Sejam f e g tais que a função composta h = g ◦ f esteja definida.

Então

h(x) = (g ◦ f )(x) = g(f (x)) e h0 (x) = (g ◦ f )0 (x) = g 0 (f (x))f 0 (x)

Exemplo 22.8

Sejam g(u) = u2 , f (x) = x2 + 1 e h(x) = g(f (x)) = (f (x))2 = (x2 + 1)2 .

A derivada de g é g 0 (u) = 2u e a derivada de f é f 0 (x) = 2x.

Aplicando a Regra da Cadeia encontramos

h0 (x) = g 0 (f (x))f 0 (x) = 2f (x)2x = 2(x2 + 1)2x = 4x(x2 + 1)

Derivando h diretamente obtemos

h0 (x) = 2(x2 + 1)(x2 + 1)0 = 2(x2 + 1)2x = 4x(x2 + 1)

Exemplo 22.9

A Regra da Cadeia deve ser sucessivamente aplicada no caso de várias funções compostas.

Seja

f (x) = [tg(5x)]3

Então

f 0 (x) = 3[tg(5x)]2 × [tg(5x)]0 = 3tg2 (5x) × sec2 (5x) × (5x)0 =

= 3tg2 (5x) × sec2 (5x) × 5 = 15tg2 (5x)sec2 (5x)

437
Exemplo 22.10

2x + 1 2x + 1 2x + 1
 4  3  0
f (x) = =⇒ f (x) = 4
0
=
3x − 1 3x − 1 3x − 1

2x + 1 2(3x − 1) − 3(2x + 1)
 3
=4 ×
3x − 1 (3x − 1)2 =

20(2x + 1)3
=−
(3x − 1)5

√ 2 cosx
g(x) = 3
senx =⇒ g 0 (x) = 13 (senx)− 3 × cosx = q
3 (senx)2
3

h(x) = 7tg(3x) =⇒ h0 (x) = 7tg(3x) × ln 7 × sec2 (3x) × 3

3x2 + 6x + 2
u(x) = ln(x3 + 3x2 + 2x) =⇒ u0 (x) =
x3 + 3x2 + 2x

Exemplo 22.11

Seja r ∈ R. Então
r
xr = eln x = er ln x

Pela Regra da Cadeia

1
(xr )0 = (er ln x )0 = er ln x × (r ln x)0 = xr × r × = rxr−1
x

438
22.6 Derivada da Função Inversa
Seja f uma função bijetora. Então

(f ◦ f −1 )(x) = f (f −1 (x)) = x

Pela Regra da Cadeia

(f ◦ f −1 )0 (x) = f 0 (f −1 (x)).(f −1 )0 (x) = 1

Portanto
1
(f −1 )0 (x) = desde que f 0 (f −1 (x)) 6= 0
f 0 (f −1 (x))

Exemplo 22.12

Sejam f : R+ −→ R+ dada por f (x) = x2 e sua inversa f −1 : R+ −→ R+ dada por f −1 (x) = x.

Temos que

f 0 (x) = 2x e f 0 (f −1 (x)) = 2f −1 (x) = 2 x

Dai
1 1
(f −1 )0 (x) = = √
f 0 (f −1 (x)) 2 x

Ou, aplicando diretamente a derivada da potência

√ 1 1 1 1
f −1 (x) = x = x2 =⇒ (f −1 )0 (x) = x− 2 = √
2 2 x

439
22.7 Derivada da Função Implı́cita
A equação y = x2 + 1 define y explicitamente em função de x pois y = f (x) = x2 + 1.

Há equações que definem y implicitamente em função de x. Por exemplo, a equação x2 + y 2 = 1


√ √
define y como duas funções de x que são y = 1 − x2 ou y = − 1 − x2 .

Nem sempre é possı́vel isolar y para explicitar a função f tal que y = f (x). Não é evidente que

uma equação tal qual y 4 + 3y − 4x3 − 5x + 1 = 0 determine uma função implı́cita f tal que

y = f (x).

Entretanto, se uma dada equação F (x, y) = 0 determina uma função derivável f tal que

y = f (x), podemos encontrar f 0 (x) aplicando a Regra da Cadeia.

Exemplo 22.13

Supondo que a equação y 4 + 3y − 4x3 − 5x + 1 = 0 defina uma função derivável f tal que

y = f (x) calcule y 0 = f 0 (x).

Aplicando a Regra da Cadeia

4y 3 .y 0 + 3y 0 − 12x2 − 5 = 0 =⇒ y 0 (4y 3 + 3) = 12x2 + 5

Portanto
12x2 + 5
y 0 = f 0 (x) =
4y 3 + 3

440
Exemplo 22.14

A derivada de f (x) = arcsenx pode ser obtida por derivação implı́cita. De fato

y = arcsenx ⇐⇒ seny = x

Derivando a última igualdade implicitamente, obtemos

1
(cosy).y 0 = 1 =⇒ y 0 =
cosy

Mas, cos2 y = 1 − sen2 y = 1 − x2 .



π π
 √
Sendo y ∈ − , segue que cosy > 0 =⇒ cosy = 1 − x2 .
2 2
Portanto
1
y0 = √ , −1 < x < 1
1 − x2

22.8 Derivadas Laterais


Sendo a derivada um limite, faz sentido avaliarmos para os limites laterais

f (c + h) − f (c) f (x) − f (c)


f+0 (c) = lim+ = lim+
h→0 h x→c x−c

e
f (c + h) − f (c) f (x) − f (c)
f−0 (c) = lim− = lim−
h→0 h x→c x−c

O primeiro limite é derivada lateral à direita de f em c e o segundo é a derivada lateral à

esquerda de f em c.

De acordo com o Teorema 21.1 de limites, a derivada de uma função em um ponto c existe se

e somente se existem as derivadas laterais em c e todas são iguais.

441
Exemplo 22.15 
x2 , x ≤ 1



Determine os pontos em que f : R −→ R definida por f (x) =
1 , x>1



é derivável.

(1) Se x < 1 então f (x) = x2 e f 0 (x) = 2x.

(2) Se x > 1 então f (x) = 1 e f 0 (x) = 0.

(3) Se x = 1 é preciso calcular as derivadas laterais pois f muda de propriedade. Daı́

f (x) − f (1) x2 − 1
f−0 (1) = lim− = lim− = lim− (x + 1) = 2
x→1 x−1 x→1 + x − 1 x→1

e
f (x) − f (1) 1−1
f+0 (1) = lim+ = lim+ =0
x→1 x−1 x→1 x − 1

Sendo f+0 (1) 6= f−0 (1) segue que f não é derivável em x = 1.

Portanto, f é derivável em R − {1}.

Exemplo 22.16

A função módulo não possui derivada em x = 0. De fato

|0 + h| − |0| |h| h
f+0 (0) = lim+ = lim+ = lim+ = 1
h→0 h h→0 h h→0 h

e
|0 + h| − |0| |h| −h
f−0 (0) = lim− = lim− = lim− = −1
h→0 h h→0 h h→0 h

442
22.9 Funções Deriváveis e Continuidade
Seja f uma função tal que f 0 (c) existe.

Então
f (x) − f (c)
f (x) − f (c) = .(x − c) =⇒ lim[f (x) − f (c)] = f 0 (c).0 = 0
x−c x→c

Daı́

lim f (x) = x→c


x→c
lim[f (x) − f (c) + f (c)] = x→c
lim[f (x) − f (c)] + x→c
lim f (c) = 0 + f (c) = f (c)

Portanto, f é contı́nua em c.

Assim, se uma função é derivável em um ponto c então ela é contı́nua neste ponto.

A recı́proca não é verdadeira, como mostra o próximo exemplo.

Exemplo 22.17

A função módulo é contı́nua em x = 0 pois

(1) f (0) = 0

(2) lim+ |x| = lim+ x = 0 e lim |x| = lim− (−x) = 0 =⇒ lim |x| = 0
x→0 x→0 x→0− x→0 x→0+

(3) lim+ |x| = f (0)


x→0

Entretanto, como já visto no exemplo 12.16, a função módulo não é derivável em x = 0.

443
22.10 Derivadas de Ordem Superior
Se a derivada f 0 de uma função f também for derivável, sua derivada (f 0 )0 = f 00 é chamada

derivada segunda de f . Se f 00 for derivável, então f 000 = (f 00 )0 é a derivada terceira de f .

Para a derivada de quarta ordem em diante, usa-se a notação f (4) , f (5) , etc. De modo geral,

f (n) = (f (n−1) )0 é a derivada de ordem n ou a n-ésima derivada de f .

22.11 Formas Indeterminadas e a Regra de L’Hopital


Vamos ver nesta seção como a derivada pode ser aplicada ao cálculo de limites indeterminados.

Regra de L’Hopital

Sejam f e g funções deriváveis em um intervalo I exceto possivelmente em a ∈ I. Se g 0 (x) 6= 0,

para todo x ∈ I − {a} e

f (x) 0 f (x) ±∞
lim = ou lim =
x→a g(x) 0 x→a g(x) ±∞

então
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0
x→a g(x) x→a g (x)

0 ±∞
• A Regra de L’Hopital só pode ser aplicada nos casos ou
0 ±∞

• A Regra de L’Hopital pode ser aplicada se x → a± ou x → ±∞

f 0 (x) 0 ±∞
• Se também assume a forma indeterminada ou , a Regra de L’Hopital pode
g 0 (x) 0 ±∞
ser aplicada novamente e assim sucessivamente.

444
Exemplo 22.18

cosx + 2x − 1 0
L = lim =
x→0 3x 0

Aplicando a Regra de L’Hopital

−senx + 2 2
L = lim = .
x→0 3 3

Exemplo 22.19

ex + e−x − 2 0
L = lim =
x→0 1 − cos2x 0

Aplicando a Regra de L’Hopital

ex − e−x 0
L = lim = .
x→0 2sen2x 0

Aplicando a regra novamente

ex + e−x 1
L = lim = .
x→0 4cos2x 2

445
Exemplo 22.20

ln x ∞
L = x→∞
lim √ =
x ∞

Aplicando L’Hopital


1/x 2 x 2
L = lim √ = lim = lim √ = 0.
x→∞ 1/2 x x→∞ x x→∞ x

Não é possı́vel aplicarmos diretamente a Regra de L’Hopital aos demais limites indeterminados.

Devemos primeiramente modificar a expressão de maneira a transformar o limite em 0/0 ou

±∞/ ± ∞ para, então, aplicarmos L’Hopital.

O caso 0.∞
f (x)
Se f (x)g(x) assume a forma indeterminada 0.∞ então, escrevendo f (x)g(x) = obtemos
1/g(x)
g(x)
0/0. Por outro lado, escrevendo, f (x)g(x) = , obtemos ∞/∞.
1/f (x)

Exemplo 22.21

L = lim+ x2 ln x = 0.(−∞)
x→0

ln x −∞
Reescrevendo o limite, temos que L = lim+ =
x→0 1/x 2 ∞

Agora, aplicando L’Hopital

1/x x2
L = lim+ = lim = 0.
x→0 −2/x3 x→0+ −2

446
Exemplo 22.22

1
 
L = x→∞
lim x.sen = ∞.0
x

sen(1/x)
Escrevendo L = lim e , pondo y = 1/x , obtemos
x→∞ 1/x

seny
L = lim = lim cosy = 1.
y→0 y y→0

As Formas 1∞ , 00 e ∞0

Nestes casos, a expressão f (x)g(x) que está provocando a indeterminação deve ser escrita na

forma eln f (x) = eg(x) ln f (x) .


g(x)

Exemplo 22.23

L = lim (1 + 3x)1/2x = 1∞
x→0

Escrevendo (1 + 3x)1/2x = eln(1+3x) = e(1/2x) ln(1+3x) obtemos


1/2x

ln(1 + 3x) 0
L = lim e(1/2x) ln(1+3x) = eλ onde λ = lim =
x→0 x→0 2x 0

Aplicando L’Hopital

3 3
λ = lim = =⇒ L = e3/2
x→0 2(1 + 3x) 2

447
A Forma ∞ − ∞

Deve-se manipular o limite de forma a obter-se uma das formas anteriores.

Exemplo 22.24

x2 + 4
!
x2
L = lim − =∞−∞
x→∞ x−1 x+1

Entretanto

(x2 + 4)(x + 1) − x2 (x − 1) x3 + x2 + 4x + 4 − x3 + x2
L = x→∞
lim = x→∞
lim
(x − 1)(x + 1) x2 − 1

Portanto
2x2 + 4x + 4 ∞
L = lim =
x→∞ x −1
2 ∞

Agora, aplicando L’Hopital


4x + 4
L = x→∞
lim =2
2x

448
Exercı́cios

1] Encontre y 0 se

1.1) y = x + 1 1.2) y = 3x2 1.3) y = −5x3 1.4) y = −5x3 + 3x2 + x + 1

x2 + 1 1 x2 + 1
1.5) y = (x + 1)100 1.6) y = 1.7) y = 1.8) y =
3 x5 x3

√ √
x+1 2
3
√ x5
1.9) y = 1.10) y = 3
x 1.11) y = √ 1.12) y = 5

2 5
x3 x3

1−x
s
x √
1.13) y = 2 1.14) y = x(x3 + x2 + x + 1) 1.15) y =
x +1 1+x

√ √ 3
x−1
1.16) y = x+1 x−1
3
1.17) y = √
x+1

x3 + x2 + 1 x
1.18) y = √ 1.19) y =
x x3 + x2 + 1

√ √ √
1.20) y = e2x 1.21) y = e 1.22) y = 2 1.23) y = 3
x x 3 x


1.24) y = 2x × 3x 1.25) y = 5x 1.26) y = 2 × 2x 1.27) y = 3cos x
5 x 2

1.28) y = xx 1.29) y = xx 1.30) y = (senx)x 1.31) y = xcos x


x

ln x x−1
 
1.32) y = log2 x2 1.33) y = 1.34) y = ln 1.35) y = ln(ln x)
x2 + 1 x+1

449
1.36) y = sen(2x) 1.37) y = 2senxcosx 1.38) y = ln(senx) 1.39) y = tg(x2 + 1)

senx − 1
3 !
x3

1.40) y = cos(ln x2 ) 1.41) y = 1.42) y = arcsen
senx + 1 2

1.43) y = (senx)cos x 1.44) y = arctg[(senx)cos x ]

2] Encontre a equação da reta tangente à curva y = x3 no ponto (1,1).


3] Encontre o ponto de tangência da reta de equação 6x + 3y − 12 = 0 à curva y = x − 3.

eh − 1
4] Mostre que lim = 1 e use este resultado para mostrar que (ex )0 = ex .
h→0 h

5] Sabendo que ax = eln a = ex ln a , use a Regra da Cadeia para mostrar que (ax )0 = ax . ln a.
x

1
6] Sabendo que eln x = x, use a derivada da função inversa para deduzir (ln x)0 = .
x

ln x
7] Use a fórmula de mudança de base loga x = e o exercı́cio 1.49 para deduzir a fórmula
ln a

1
(loga x)0 = .
x. ln a

senx 1 − cosx
8] Use lim = 1 , lim = 0 e sen(a + b) = senacosb + cosasenb para
x→0 x x→0 x

deduzir a fórmula (senx)0 = cosx.

450
π
 
9] Sabendo que cosx = sen − x , deduza (cosx)0 = −senx
2

10] Use a derivada da função implı́cita para deduzir a fórmula da derivada do arccosx.

11] Use a derivada da função implı́cita e a relação sec2 y = 1 + tg2 y para deduzir a fórmula

da derivada do arctgx.


3x − 1 , x < 2



12] Calcule as derivadas laterais em x = 2 de f : R −→ R , f (x) = 

 7−x , x≥2

sen2 x , x ≤ 0







13] Determine a, b e c para que f : R −→ R , f (x) = ax2 + b , 0 < x ≥ c




ln x , c < x


seja derivável em R.

14] Sabendo que g(−1) = −1 e g 0 (−1) = 4 calcule f 0 (−1) se f (x) = arctg(g(g(x))).

15] Calcule os limites

x3 − 3x + 2 ln senx ex
15.1) lim 15.2) lim+ 15.3) lim
x→1 x2 − 2x − 1 x→0 ln sen2x x→∞ x3

ex 3x − 3
15.4) lim ,n>0 15.5) lim 15.6) lim e−x . ln x
x→∞ xn x→∞ 5x − 5 x→∞

1 senx 1 1
  !
 
15.7) lim x2 e1/x − 1 15.8) lim 2 1 − 15.9) lim −√
x→∞ x→0 x x x→0+ x x

 x1
1 + ex 1 x − tgx
 
15.10) lim+ 15.11) lim ex + x2 x
15.12) lim
x→0 2 x→∞ x→0 senx

451
Respostas

1.1) y 0 = 1 1.2) y 0 = 6x 1.3) y 0 = −15x2

2x
1.4) y 0 = −15x2 + 6x + 1 1.5) y 0 = 100(x + 1)99 1.6) y 0 =
3

5 1 3 1
1.7) y 0 = − 1.8) y 0 = − − 4 1.9) y 0 = √
x6 x 2 x 4 x


1 6 16 15 x
1.10) y = √0
1.11) y = − √ 0
1.12) y =0
3 x2
3
5 x8
5
15
√ √ √
1 − x2 7 x 5 5 x3 3 x 1
1.13) y 0 = 2 1.14) y =
0
+ + + √
(x + 1)2 2 2 2 2 x

−1 5x − 1
1.15) y 0 = √ q 1.16) y 0 = √ q
1 − x (1 + x)3 6 x + 1 3 (x − 1)2

2x2 + x + 5
1.17) y 0 = q q
6 3 (x − 1)2 (x + 1)3
√ √
5 x 3 3 x 1
1.18) y 0 = + − √
2 2 2 x3
√ √ 1
−5 x 5 − 3 x3 + x − 2
1.19) y =
0
2(x3 + x2 + 1)2
√ √
e x 2 x
. ln 2
1.20) y = 2e
0 2x
1.21) y = √ 0
1.22) y =0 √
2 x 2 x

3 . ln 3
3x
1.23) y = 1.24) y 0 = 6x . ln x 1.25) y 0 = (5x4 ).5x . ln 5
0 5

3 x2
3

1
!

1.26) y 0 = 2 (x2 + x)
. ln 2. 2x + √
2 x

452
1.27) y 0 = −3cos x . ln 3.senx 1.28) y 0 = xx (ln x + 1)

1.29) y 0 = xx [ln x(ln x + 1) + xx−1 ] 1.30) y 0 = (senx)x (ln x.senx + x.cotgx)


x

cosx 2
 
1.31) y = x
0 cos x
− senx. ln x 1.32) y 0 =
x x. ln 2

x2 (1 − 2 ln x) + 1 2
1.33) y 0 = 1.34) y 0 =
x(x2 + 1)2 x2 − 1

1
1.35) y 0 = 1.36) y 0 = 2cos2x
x. ln x

1.37) y 0 = 2cos2x 1.38) y 0 = cotgx 1.39) y 0 = 2x.sec2 (x2 + 1)

2sen(ln x2 ) 6(senx − 1)2 cosx


1.40) y 0 = − 1.41) y 0 =
x (senx + 1)4

6x2
1.42) y = 0
1.43) y 0 = (senx)cos x [cotgx − senx. ln(senx)]
4 + x6

(senx)cos x [cotgx − senx. ln(senx)]


1.44) y 0 =
1 + (senx)2 cos x

2) y = 3x − 2 3) (4,1) 12) f−0 (2) = 3 , f+0 (2) = −1

1 √
13) a = , b=0 , c= e 14) 8
2e

15.1) 3 15.2) 1 15.3) ∞ 15.4) ∞ 15.5) 0

453

15.6) 0 15.7) ∞ 15.8) 1/6 15.9) ∞ 15.10) e

15.11) e 15.12) 0

454

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