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Um conjunto pode ser vagamente definido como uma coleção de elementos. Geralmente,
esses elementos têm algo em comum, alguma propriedade que os identifica. Podemos repre-
sentar um conjunto de três modos: por enumeração de seus elementos, diagrama de Venn e
por descrição. Esse último é o mais importante para essa disciplina.
Enumeração Descrição
{0, 2, 4, 6, 8, 10} {x ∈ N : x ≤ 10 e x é par}
É comum representarmos um conjunto qualquer por uma letra maiúscula, por exemplo,
A, B ou C. Já elementos de um conjunto são identificados por letras minusculas. É impre-
scindível o domínio da notação matemática. Ela é importante para se comunicar efetivamente
nessa ciência tão rica. Por isso, relembre as notações abaixo:
Notação Lê-se
x∈A x pertence a A ou x é um elemento de A
A⊆B A é subconjunto de B ou B é superconjunto de A
A⊇B A é superconjunto de B ou B é subconjunto de A
A∪B A união B
A∩B A interseção B ou A inter B
A−B A menos B
A complemento de A
Observe que as linhas 1, 2 e 3 são relações enquanto que as demais são operações entre
conjuntos. Quando usamos uma barra cortando o símbolo de uma relação queremos dizer
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que essa relação não existe. Por exemplo, x ∈
/ A, significa que x não é elemento de A. Do
mesmo modo, A ⊈ B, significa que A não é subconjunto de B.
A relação de pertinência é bastante intuitiva, de maneira que ela é a base para toda
a Teoria de Conjuntos. Por exemplo, é fácil entender que se A é subconjunto de B, então
TODOS os elementos de A estão também em B. Em outras palavras, se x ∈ A, então x ∈ B.
Portanto, podemos definir a relação de inclusão da seguinte forma:
∀x.(x ∈ A → x ∈ B)1
Existem alguns conjuntos particulares que são importantes mencionar. O conjunto vazio
(notação ∅) é o conjunto que não contém elementos. O oposto do conjunto vazio é o conjunto
universo (notação U ) que denota o conjunto que contém todos os elementos do discurso.
A ∪ B := {x : x ∈ A ou x ∈ B}
A B
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A ∩ B := {x : x ∈ A e x ∈ B}
A B
Note que a interseção dos conjuntos no Exemplo 1 é vazia, não há elementos em comum.
Nesse caso, dizemos que os conjuntos A e B são disjuntos. Portanto A∩B = ∅, no Exemplo 1.
A − B := {x : x ∈ A e x ∈
/ B}
A B
Usamos a notação A para denotar o conjunto U − A. Tal conjunto é formado por todos
os elementos que não estão em A.
Neste momento que estamos familiarizados com as noções básicas, vamos estudar as
relações algébricas entre conjuntos. Essas relações são bem básicas de serem verificadas
usando o diagrama de Venn. Por exemplo, A ∪ B = B ∪ A, a união entre conjuntos é
comutativa, isto é, não importa a ordem. Note que, de maneira geral, isso não ocorre com a
diferença.
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Propriedade Nomenclatura
A∪A=A A∩A=A Idempotência
A∪∅=A A∩U =A Elemento Neutro
A∪A=U A∩A=∅ Limite
A∪B =B∪A A∩B =B∩A Comutatividade
A ∪ (B ∪ C) = (A ∪ B) ∪ C A ∩ (B ∩ C) = (A ∩ B) ∩ C Associatividade
A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C) A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) Distributividade
A ∪ (A ∩ B) = A A ∩ (A ∪ B) = A Absorção
A∪B =A∩B A∩B =A∪B De Morgan
De posse desses resultados básicos, podemos demonstrar outras igualdades entre conjun-
tos.
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1. (A − B) ∩ (A − C) Definição alternativa da diferença
2. (A ∩ B) ∩ (A ∩ C) Comutatividade e associatividade
3. (A ∩ A) ∩ (B ∩ C) Idempotência
4. A ∩ (B ∩ C) De Morgan
5. A ∩ B ∪ C Definição alternativa da diferença
6. A − (B ∪ C)
1. A ∩ B ∩ (A ∪ B) De Morgan
2. (A ∪ B) ∩ (A ∪ B) Involutividade
3. (A ∪ B) ∩ (A ∪ B) Distributividade
4. A ∪ (B ∩ B) Comutatividade e limite
5. A ∪ ∅ Elemento neutro
6. A
Outras propriedades entre conjuntos dizem respeito a relação de inclusão. Por exemplo,
o conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto (∅ ⊆ A). Outras características simples
de averiguar são:
⊆∪ : A ⊆ A ∪ B e B ⊆ A ∪ B
⊆∩ : A ∩ B ⊆ A e A ∩ B ⊆ B
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Talvez você esteja se perguntado por qual razão podemos finalizar a prova com A∩B ⊆ A
se a propriedade diz que A ∩ B ⊆ A. Lembre-se que as propriedades são gerais, ou seja, para
quaisquer A e B. Nesse caso particular, significa que a interseção entre dois conjuntos está
contida em qualquer um desses conjuntos. Por esse motivo, podemos também concluir que
A − B ⊆ B.
Propriedade Nomenclatura
A⊆A Reflexividade
A ⊆ B e B ⊆ A, então A = B Antissimetria
A ⊆ B e B ⊆ C, então A ⊆ C Transitividade
Observe que a propriedade de antissimetria pode ser usada para demonstrar a igualdade
entre conjuntos. No caso do Exemplo 4, teríamos de demonstrar tal resultado em dois passos.
Primeiro, mostrar que A − (A ∩ B) ⊆ A − B. Em seguida, mostrar que A − B ⊆ A − (A ∩ B).
Realizando os mesmos passos do exemplo em questão, podemos concluir esses dois casos.
Teremos, portanto, uma redundância.
(x ∈ A → x ∈ B) → A ⊆ B
(x ∈ B → x ∈ A) → B ⊆ A
∴A=B
Posteriormente, iremos abordar esse tipo de prova. No momento, vamos nos concentrar
reescrevendo as expressões para estabelecer os resultados.
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No Exemplo 6, diferentemente dos demais, aplicamos uma “regra” no último passo para
a conclusão da prova. Na verdade, há um aplicação implícita de um “regra” nos exemplos
anteriores, a reflexividade da igualdade (A = A). Como esse é um conceito já enraizado,
aplicamos ele automaticamente.
Essas demonstrações são bastante úteis. Um aluno desatento pode raciocinar assim: “Se
unimos A com B e depois retiramos B, teremos A novamente”, ou seja, (A ∪ B) − B = A.
No entanto, isso só é verdade se os conjuntos são disjuntos.